ano 129 • nº 2.195 • fevereiro 2012

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R$ 7,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

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Page 1: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

R$ 7,00

ISSN 1

413

- 1

749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 129 • Nº 2.195 • Feverei ro 2012D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 130 / Fevereiro, 2012 / N o 2.195

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO

BEZERRA, GERALDO CAMPETTI SOBRINHO E

MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: SARAÍ AYRES TORRES

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

SumárioExpediente

Editorial

A felicidade

Entrevista: Divaldo Pereira Franco

O Evangelho é o guia de todos os momentos

Esflorando o Evangelho

Nos diversos caminhos – Emmanuel

Evangelização Espírita Infantojuvenil

35 anos da Campanha Permanente

A FEB e o Esperanto

125 anos do Esperanto – Affonso Soares

Seara Espírita

Em busca da felicidade – (Capa) – Christiano Torchi

Convite à beneficência – Clara Lila Gonzalez de Araújo

O grande passo – Richard Simonetti

Gratidão – Um novo olhar sobre a vida –

Geraldo Campetti Sobrinho

Jesus: terapeuta dos enfermos da alma –

Adilton Pugliese

Bezerra de Menezes – Protetor do ensino público e

da moral – João Marcos Weguelin

A filosofia de Jesus – Humberto Schubert Coelho

Em dia com o Espiritismo – Uma nova sociedade?

– Marta Antunes Moura

A origem do conhecimento humano –

Licurgo Soares de Lacerda Filho

Aos Colaboradores

Não vaciles! – Ivone Molinaro Ghiggino

Deus conta contigo – Maria Dolores

Ciência, cientistas e Ciência Espírita – Mário Frigéri

Os bons espíritas – Allan Kardec

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PARA O BRASILAssinatura anual R$ 552,00Assinatura digital anual R$ 224,00Número avulso R$ 77,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 550,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274www.feblivraria.com.brassinaturas.reformador@febrasil.org.br

Page 4: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

Editorial

A felicidadebusca da felicidade sempre foi e continua sendo um procedimento constantedo ser humano.

Na questão 920 de O Livro dos Espíritos,1 Allan Kardec pergunta:

O homem pode gozar de completa felicidade na Terra?

E os Espíritos superiores respondem:

“Não, porque a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Mas depende dele amenizar

os seus males e ser tão feliz quanto possível na Terra.”

Na questão 921, o Codificador comenta e indaga:

Concebe-se que o homem será feliz na Terra quando a Humanidade estiver transforma-

da. Mas, enquanto isso não acontece, poderá conseguir uma felicidade relativa?

“O homem é quase sempre o artífice da sua própria infelicidade. Praticando a Lei de

Deus, ele pode poupar-se de muitos males e alcançar felicidade tão grande quanto o

comporte a sua existência grosseira.”

Na questão seguinte, a 922, continua explorando o assunto:

A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de

um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, algum critério de felicidade para

todos os homens?

“Para a vida material, é a posse do necessário; para a vida moral, a consciência tran-

quila e a fé no futuro.”

Como se observa das informações dos Espíritos superiores, é fundamental, àconstrução da felicidade que todos buscamos, a fé no futuro, para a qual a DoutrinaEspírita contribui trazendo a convicção da nossa própria condição de Espíritosimortais em constante processo de evolução.

A Doutrina Espírita esclarece-nos, ainda, que a Lei de Deus está inscrita em nossaprópria consciência, e, para que tenhamos uma consciência tranquila, é necessárioque coloquemos em prática a Lei de Deus. Basta isso para conseguirmos oferecer atodos os seres humanos, dentro do princípio da solidariedade social, a posse donecessário, que é a condição básica para a felicidade na vida material.

Como se constata, a conquista da nossa felicidade, relativa ou permanente,depende apenas de nós.

A

4 Reformador • Fevere i ro 20124422

1 Op. cit. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011.

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5Fevere i ro 2012 • Reformador 4433

o opúsculo Fugindo daPrisão, o escritor espírita Richard Simonetti narra a

comovente história dos cabosMiller e Moore, que teria ocorridodurante a Segunda Guerra Mun-dial. Em 1942, quando Cingapuracaiu em poder dos japoneses, osreferidos militares foram captu-rados pelos inimigos e mantidos,por aproximadamente três anos, emregime de trabalhos forçados,em um acampamento, no interiorda Tailândia, às margens do rioKwai, juntamente com cerca de trêsmil prisioneiros escoceses. Tão se-veras eram as condições do local,que esse ficou conhecido como“Os Campos do Inferno”.

Graças à atitude cristã, Miller eMoore foram os responsáveis pe-la manutenção da dignidade e dasobrevivência da maioria doscompanheiros de infortúnio, quesofriam todo tipo de torturas, atémesmo fome, frio, calor e doenças.A eles incumbia fomentar no grupoo perdão aos algozes e implantar umarede de assistência mútua, em queos mais fortes deveriam socorrer osmais debilitados, ao embalo de umpoema, recitado durante as preces:

Procurei a minha alma e não a

encontrei... Procurei o Senhor

meu Deus e não o vi... Procurei

o meu irmão e encontrei os três.1

Terminada a guerra, a maiorfelicidade dos prisioneiros nãoera a liberdade conquistada, masa sensação de haver encontradoum sentido para as suas vidas, oque lhes marcou indelevelmenteos Espíritos.

A vida humana é uma constan-te busca da felicidade. Mas onde e como encontrá-la? Geralmente acolocamos nas coisas materiais, quetocam os sentidos, no bem-estarfísico, isto é, no ter e não no ser.Mesmo quando aspiramos a coi-sas intangíveis que dizem respei-to aos sentimentos, aos relacio-namentos pessoais, nossos dese-jos egoísticos constituem obstá-culos à busca da felicidade. Équando o predomínio da nossanatureza corpórea ou animal tol-da-nos a visão, impedindo-nos deenxergar que a felicidade está maispróxima do que supomos.

A Humanidade não pode, ain-da, gozar de felicidade plena, en-quanto estiver no estágio de pro-vas e expiações. Isso, porém, nãolhe impossibilita amenizar os pró-prios males e ser tão feliz quantopossível. Não sem razão os ben-feitores espirituais alertam que“a felicidade não é deste mun-do”,2 ressalvando, porém, que a Ter-ra não está destinada a ser, parasempre, uma “penitenciária”,2 ha-ja vista a lei do progresso, quenos permite a superação das eta-pas de desenvolvimento intelec-to-moral, que se processam deforma lenta, gradual, mas irrever-sível, prenunciando a era da so-nhada regeneração, em que o or-be se transformará em moradadefinitiva do bem e de Espíritosbons:

O progresso intelectual realiza-

do até ao presente, nas mais lar-

gas proporções, constitui um

grande passo e marca uma

NCH R I S T I A N O TO RC H I

Em buscada felicidade

1Op. cit. 3. ed. Bauru (SP): CEAC, 2004.p. 83.

2KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra.1. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB,2010. Cap. 5, it. 20.

Capa

Page 6: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

primeira fase no avanço geral

da Humanidade; impotente,

porém, ele é para regenerá-la.

Enquanto o orgulho e o egoís-

mo o dominarem, o homem se

servirá da sua inteligência e dos

seus conhecimentos para satis-

fazer às suas paixões e aos seus

interesses pessoais, razão por que

os aplica em aperfeiçoar os meios

de prejudicar os seus semelhan-

tes e de os destruir.

Somente o progresso moral

pode assegurar aos homens a

felicidade na Terra, refreando

as paixões más; somente esse

progresso pode fazer que entre

os homens reinem a concórdia,

a paz, a fraternidade. [...]3

Indagados por Kardec se have-ria uma medida comum de feli-cidade para todos os homens,os benfeitores deram esta repostamagistral:

Para a vida material, é a posse

do necessário; para a vida mo-

ral, a consciência tranquila e a

fé no futuro.4

Mas, por que ainda assim acriatura humana alimenta a frus-tração por não possuir esses e ou-tros bens, aumentando os desejos“na proporção daqueles que são

satisfeitos”?5 É que o homem,conduzindo-se pelos vícios, des-respeita os limites que a Naturezalhe traçou, surgindo daí necessi-dades que não são reais.

Quantas criaturas estão, nestemomento, sentindo fome e frio,muitas sem um abrigo onde pos-sam repousar o corpo dolorido ecansado depois de um dia esta-fante! Quantas outras experimen-tam o sofrimento do abandono eda doença num leito de hospital,ou ainda a dor da separação deum ente querido, seja pela mortefísica, seja pelo desfazimento doslaços conjugais, entre tantas ou-tras tragédias morais que se aba-tem sobre todos os lares, desde achoupana até o palácio!

Diante desse quadro, nunca édemais ouvir o conselho dos Es-píritos amigos:

O homem vive incessantemente

em busca da felicidade, que lhe

escapa a todo instante, porque a

felicidade sem mescla não existe

na Terra. Entretanto, apesar das

vicissitudes que formam o cor-

tejo inevitável da vida terrena,

poderia ele, pelo menos, gozar

de relativa felicidade, se não a

procurasse nas coisas perecíveis

e sujeitas às mesmas vicissitu-

des, isto é, nos gozos materiais,

em vez de procurá-la nos praze-

res da alma, que são um gozo

antecipado das alegrias celestes,

imperecíveis; em vez de procurar

a paz do coração, única felicida-

de real neste mundo, ele se mos-

tra ávido de tudo que o possa

agitar e perturbar e, coisa curio-

sa! o homem parece criar para

si, propositadamente, tormentos

que está nas suas mãos evitar.6

Toda vez que experimentarmosa agrura da infelicidade, olhemospara a criatura menos afortunada,que necessita de nossa compreen-são e de nosso amparo. Tomemoscomo exemplo de conduta o nos-so irmão menos feliz que sofre re-signado, embora não conforma-do, porque busca solução para oseu problema, encontrando con-solação na própria consciência,que lhe fornece uma visão dife-rente da vida, cônscio de que, pa-ra superar-se e superar os reveses,é necessário agir no bem.

Os Espíritos superiores ensi-nam que a influência dos mausgeralmente sobrepuja a dos bonspor fraqueza destes: “Os maussão intrigantes e audaciosos; osbons são tímidos. Quando estes o quiserem, haverão de prepon-derar”.7 A coragem e a audácia deque falam os Espíritos não é ada rebeldia e da violência, mas a dafortaleza moral de que o Cristo

6 Reformador • Fevere i ro 20124444

3KARDEC, Allan. A gênese. Trad. GuillonRibeiro. 52. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2010. Cap. 18, it. 18 e 19.

4Idem. O livro dos espíritos. Trad. EvandroNoleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2011. Q. 922.

5Idem. Ditados espontâneos. Felicidade.Pelo Espírito Stäel. Médium: Srta. Eugénie.In: Revista espírita: jornal de estudos psi-cológicos, ano 3, p. 153, mar. 1860. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2004.

6Idem. O evangelho segundo o espiritismo.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.(atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010.Cap. 5, it. 23, p. 135.

7Idem. O livro dos espíritos. Trad. EvandroNoleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2011. Q. 932.

Capa

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nos deu exemplo em sua missãoterrena.

O homem é, quase sempre, oartífice de seus sofrimentos ma-teriais e morais, sobretudo des-tes últimos, pois todas as pai-xões, tais como o orgulho ferido,a ambição frustrada, a ansieda-de da avareza, a inveja, o ciúme,constituem torturas da alma, su-plícios voluntários que cria parasi mesmo.

Resumindo, geralmente a infe-licidade do homem resulta da im-portância exagerada que ele dá àscoisas deste mundo:

[...] Se ele se colocar acima do

círculo acanhado da vida ma-

terial, se elevar seus pensamen-

tos para o infinito, que é seu

destino, as vicissitudes da Hu-

manidade lhe parecerão mes-

quinhas e pueris, como a tris-

teza da criança que se aflige

pela perda de um brinquedo,

que constituía a sua felicidade

suprema. [...]8

Contudo, ao lado do sofrimen-to, Deus colocou a consolação ea esperança. O Espiritismo estánesse rol, porque, demonstrandoa imortalidade e a lei do progres-so, dá ao homem a certeza de umfuturo melhor e do verdadeiro sen-tido da existência.

Portanto, a felicidade dos Espí-ritos é proporcional à sua eleva-ção intelecto-moral. É um estadod’alma que resulta da compreen-são das leis divinas e do autoco-nhecimento. O homem passa a vi-da procurando a felicidade, semsaber que ela mora dentro de si.Esse panorama somente mudaráquando o ser humano se descobrir

como o dono de seu próprio desti-no e agir no sentido de administrara sua vida, procurando libertar-seda influência da matéria e das pai-xões que o retêm nas faixas do ins-tinto, em que se prioriza a satisfa-ção fugaz de todos os seus desejos.

Enfim, a felicidade é uma con-dição interna do indivíduo. Mes-mo se insistirmos em procurá-lafora de nós, como se ela depen-desse de outros, procedamos paracom esses irmãos como desejaría-mos que eles procedessem paraconosco: eis o caminho da felici-dade, pois toda vez que buscar-mos o bem de nosso próximo, en-contraremos o nosso próprio, co-mo no poema da história dos pri-sioneiros, que poderíamos adap-tar a estas reflexões deste mo-do: “Procurei a felicidade e nãoa senti... Procurei um sentido pa-ra a vida e não o achei... Procureio meu semelhante e encontrei ostrês”.

7Fevere i ro 2012 • Reformador 4455

8KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2011. Comentário deKardec à q. 933.

Capa

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Reformador: Quais as consequên-cias da atitude de dirigentes espíri-tas que, preocupados em obter re-cursos financeiros para a Casa Es-pírita, vendem todo tipo de livro

espírita, não espírita, sem critériode seleção, e realizam vários tiposde atividades para captação derecursos?Divaldo: Os espíritas, temos aobrigação de manter as institui-ções que criamos. Necessitamostirar o escorpião do bolso e colo-car a mão lá dentro. Não é lícitoque peçamos àqueles que não sãoespíritas para que sustentem asnossas atividades espíritas. Pode-mos fazer a divulgação do nossotrabalho e solicitar a pessoas ge-nerosas, que gostam de realizar obem, que nos ajudem no enobre-cimento. Mas, não criarmos ins-tituições para que outros se en-carreguem de mantê-las. Há um

velho ditado que informa “quenão devemos pôr o cha-

péu onde o braço nãochega”. Porque, mo-mento virá, em que

não alcançando olocal, o chapéu cai.

Estamos acostu-mados a arran-jar mecanismosde sustentação

do Centro Espírita, de ampliá-loindefinidamente, esquecendo-nosdas bases doutrinárias. Não sãocompatíveis, esses movimentos –bingos, rifas, bailes – na Casa Es-pírita. A pretexto de fazermos obem, não nos é lícito utilizar-nosde meios que não correspondam àqualidade de nossos ideais, por-que, desse modo, seria mais lucra-tivo realizar atividades conside-radas ilícitas. Nesse raciocínio deque os meios vão levar-nos a umobjetivo elevado, tese, aliás, mar-xista, de que os meios justificamos fins, estamos cometendo umadeslealdade para com o Espiritis-mo. Que as nossas casas realizemo que seja possível com os recur-sos disponíveis na ocasião.

Reformador: O que pensar do Cen-tro Espírita que quer ministrar cursoe promover encontro de trabalha-dores de vários centros, querendo,enfim, fazer o trabalho que compe-te à Federativa Estadual?Divaldo: Não são poucos aquelesque assim procedem. Viajandomuito, temos encontrado em

8 Reformador • Fevere i ro 20124466

DI VA L D O PE R E I R A FR A N C OEntrevista

O Evangelho é o guiade todos os momentosDivaldo Pereira Franco responde a questões sobre o Movimento Espírita e destaca

o papel de O Evangelho segundo o Espiritismo

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vários Estados do nosso país essaforma de divisionismo. Determi-nado Centro é muito frequenta-do. As pessoas aderem, por cau-sa deste ou daquele motivo. E,logo, os dirigentes acreditam-secom poder federativo. Começama competir. Cabe à Federação es-tadual explicar a esses compa-nheiros, que a tarefa de divulga-ção coletiva pertence ao órgãofederativo. Que o órgão federa-tivo é a sua representação. Sóexiste o órgão federativo por-que existe o Centro Espírita, nãohavendo motivo para competi-ção, mas sim para cooperação.

Reformador: Segundo Léon Denisem O Espiritismo na Arte: “[...]dotarão a humanidade de tesourosde arte, de poesia, cujas riquezas edimensão não poderíamos medirno momento e que se tornarão paraela fonte inesgotável de júbilo, deverdade e beleza”. Já estamos viven-do este futuro, este momento?Divaldo: Estamos nos preparan-do para ele. Porque também vi-rão os Espíritos artistas. Eles jáestão reencarnando. Vemos em to-do o mundo crianças regendoorquestras, falando idiomas di-versos que não estudaram, e des-lumbrando... Aí estão espetá-culos extraordinários de reencar-nação, quais os de cegos de nas-cença pintando obras de alto qui-late artístico. Então, também aarte espírita vai ter os seus mis-sionários, que nos encantarão comesse material extraordinário, quevem do mundo espiritual. A pelí-cula cinematográfica Nosso Lar

está sendo exibida agora nosEstados Unidos. Recebemos ainformação de que já está tra-duzida ao inglês, portanto, al-cançando outros países como oJapão...

Quando lograríamos isso, senão fosse através do cinema, atra-vés das artes cênicas? A Federa-ção Espírita Brasileira, desde 1945até o começo do ano passado,vendeu quase dois milhões deexemplares do livro Nosso Lar. Ofilme, em um mês, foi assistidopor mais de dois milhões de pes-soas. As obras espíritas, especial-mente as de Allan Kardec e deAndré Luiz, passaram a ser maisvendidas, encontram-se gravadasem DVDs, em leituras virtuais,na Internet... Então, a Arte é umcaminho extraordinário para adivulgação. A preocupação nossadeverá ser a de manter a qualida-de doutrinária em todas as for-mas de apresentação.

Reformador: Como devem agir asEntidades Federativas e os espíritasjunto à sociedade, nos fóruns e nasatividades da sociedade?Divaldo: O Codificador, falando so-bre os vários períodos por que pas-saria a Humanidade, disse queo último seria o da transformaçãosocial. Então, o Espiritismo temrecursos para contribuir grande-mente em favor da construção dasociedade melhor. Não podemosomitir-nos, quando convidados aopinar. Não podemos, em nome dafalsa humildade, estar ausentes dosmovimentos sociais, daqueles queobjetivam atender à comunidade.

Causou um grande impacto, afotografia do presidente da FEBentregando o livro Brasil, Cora-ção do Mundo, Pátria do Evan-gelho à presidente Sra. DilmaRousseff. Além de ter ficado umafoto bonita, foi oportuna, pois ocaro Nestor, ao ser informado deque a presidente passaria por ali,decidiu presenteá-la com o exce-lente livro e aguardou-a pacien-temente, conseguindo um finalfeliz. Ela ficou muito feliz ao re-cebê-lo, e tenho certeza de quefoi lê-lo, ou olhá-lo pelo menospor curiosidade. Então, a omis-são é um “pecado” tão grave, quan-to o é a perturbação.

Convidados para servir na so-ciedade, na elaboração de leis, nosmovimentos como aqueles con-trários ao aborto, à eutanásia, aosuicídio, cabe-nos estar presentes,o que, aliás, tem ocorrido, sendoimportante a participação dosespíritas, porque não podemosestar marginalizados da socieda-de. Graças a esse comportamen-to, temos retardado que essa leicriminosa em favor do aborto setorne realidade. O Movimento,por exemplo, para acabar com apobreza, não nos pode encontrarde braços cruzados. Vamos parti-cipar dessas atividades dignifica-doras da sociedade, mas que is-so não seja a nossa prioridade,mas uma consequência dos nos-sos trabalhos doutrinários, den-tro do ângulo da caridade reco-mendada pelo Codificador.

Reformador: Estamos próximos doSesquicentenário de O Evangelho

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Page 10: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

segundo o Espiritismo. O que re-presenta este livro para o momentoem que estamos vivendo?Divaldo: É a obra que coroa aCodificação. O Livro dos Espíri-tos é a filosofia que responde atodos as questões afligentes quea criatura humana traz no seubojo, desde os primórdios. O Livro dos Médiuns oferece--nos o campo investigativo daciência para comprovar a so-brevivência e a comunicabi-lidade dos Espíritos. O Evan-gelho é Jesus de volta. É a par-te dúlcida do Espiritismo,em que o Mestre retornacom toda a sua exuberância,na condição de Paracleto, deConsolador, de Iluminadorde consciências.

Não que os outros livros,O Céu e o Inferno e A Gênesenão tenham, também, ex-traordinários valores. Mas oEvangelho é o apoio moral. Éa estrutura básica. É o retor-no dos dias encantadoresem que Jesus esteve conosco.Muitas vezes, reflexionando, co-meço a pensar como seriam aque-les dias, fazendo paralelo com osnossos dias. Ante a dureza dostempos modernos, eu me per-gunto: – Meu Deus! Onde estãoaqueles pobres, a que O Evange-lho segundo o Espiritismo se refe-re? Onde estão as ações caridosasdaquela dama, tão bem relata-das, que saía pelos bairros po-bres de Paris distribuindo recur-sos aos mais infelizes, e que leva-va a filha? Os pobres de hoje sãotão revoltados, anatematizados

por várias aflições! E os generososestão estressados. Dizem-se can-sados, aturdidos. O Evangelho é aágua lustral para nos propiciara verdadeira harmonia interior.Para mim tem sido o guia de to-dos os momentos. Leio-o todosos dias. Em cada instante procuroreflexionar e repito aquilo que um

grupo de americanos realizounos anos trinta, do qual nasceuo livro Em seus passos, que fariaJesus?

Toda vez, quando sou defronta-do por um desafio, e tenho difi-culdade de discernir para acertarno menos prejudicial, eu me per-gunto: – O que Jesus faria nestasituação? Abro, então, o Evangelhopor acaso, esse acaso telementali-zado, e a resposta, às vezes, é tãosevera que eu tremo, parecendoque é o próprio Mestre quem meresponde.

Como tivemos um grande en-cantamento pelo Sesquicente-nário de O Livro dos Espíritos,como celebramos com menosbrilhantismo o de O Livro dos Mé-diuns, porque um grande núme-ro de espiritistas e de médiunsnunca o estudaram, nem o leramem profundidade, que, pelo me-

nos, no Sesquicentenário deO Evangelho segundo o Espi-ritismo, possamos fazer queele chegue ao maior númeropossível de criaturas huma-nas, que cada um de nós se-ja-lhe multiplicador das men-sagens libertadoras. Que asnossas Federativas possamimprimir muitos exemplaresatravés da FEB ou por contaprópria, para o divulgarmosao máximo, porque o mun-do chora, o mundo sofre etem necessidade de confortomoral. As dores são crescen-tes. O desespero toma contada sociedade em todos os seg-mentos. E o Evangelho é o len-ço que enxuga as lágrimas,

que retira o suor, mas é, tam-bém, a estrela polar, que está àfrente apontando os rumos pa-ra que sigamos na direção deJesus, que é a Estrela de Primei-ra Grandeza, existente com todoo fulgor.

N. da R.: As respostas completas a to-

das as questões da Entrevista com Di-

valdo Pereira Franco, realizada na Reu-

nião do Conselho Federativo Nacional

da FEB, no dia 12/11/2011, serão incluí-

das oportunamente em livro a ser edita-

do pela FEB.

10 Reformador • Fevere i ro 20124488

Page 11: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

qualidade da valiosa liçãotransmitida por Jesus, re-gistrada pelo evangelista

Lucas, é enaltecer a generosidade,exemplificar o desapego às possesefêmeras e cultivar o sentido ver-dadeiro da solidariedade entre to-dos. O Mestre nos exorta a mani-festar sentimentos fraternos, com-padecendo-nos dos sofrimentosalheios, sem esperar nenhumacompensação pela boa ação quefizermos para amenizá-los juntoàs criaturas. Allan Kardec, ao ana-lisar essa passagem, comenta so-bre a sua significação:

[...] Quer dizer que não se deve

fazer o bem tendo em vista uma

retribuição, mas tão só pelo

prazer de o praticar. [...] Por

festins deveis entender, não os

repastos propriamente ditos,

mas a participação na abun-

dância de que desfrutais.1

E conclui, mais a frente, a res-peito da mesma explicação:

[...] Outros, ao contrário, en-

contram satisfação em receber

os parentes e amigos menos feli-

zes. Ora, quem não os conta en-

tre os seus? Dessa forma, gran-

de serviço, às vezes, se lhes pres-

ta, sem que o pareça. Aqueles,

sem irem recrutar os cegos e os

estropiados, praticam a máxima

de Jesus, se o fazem por benevo-

lência, sem ostentação, e sabem

dissimular o benefício, por meio

de uma sincera cordialidade.1

A caridade, em todas as situa-ções, qualquer que seja a formapor que se expresse, deve ter comoobjetivo a demonstração de afei-ção sincera entre os corações quese ajudam. Aquele que ampara, nãobusca recompensas, mas, apenas, agratificação de ter cumprido umdever. Ao fazermos o bem, somosconvidados a exemplificar a legíti-ma beneficência, com modéstia esimplicidade, sensíveis à situaçãodaqueles que precisam de prote-ção, sem agravar mais a amargura

desses irmãos necessitados, a quemdevemos tratar com paridade semnos considerarmos superiores aeles.“[...] socorrê-los publicamen-te, expondo-os a humilhações, éprofanar a caridade, tornando-aapenas uma agência de publici-dade a serviço de nosso persona-lismo egoísta e mercenário.”2

Precisamos aumentar o poten-cial de bondade existente em nós!O amor não tem limites, sobre-põe-se ao mal. Ao ser transmitidopara conforto dos que choram, dáe recebe mutuamente as suas divi-nas consolações. Esse sentimento,porém, deve ser compreendidopelos seres humanos para melhormanifestá-lo, afastando os obstá-culos que porventura perturbema sua demonstração. Kardec, emA Gênese, ao desenvolver estudosrelativos ao cultivo do bem, aler-ta-nos para um problema:

Pode-se dizer que o mal é a

ausência do bem, como o frio

é a ausência do calor. Assim

11Fevere i ro 2012 • Reformador 4499

ACL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

Convite àbeneficência

“Quando derdes um festim, convidai para ele os pobres, os estropiados, os coxose os cegos. – E sereis ditosos por não terem eles meio de vo-lo retribuir; pois

isso será retribuído na ressurreição dos justos.” (Lucas, 14:13-14.)

Page 12: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

como o frio não é um fluido espe-

cial, também o mal não é atributo

distinto; um é o negativo do outro.

Onde não existe o bem, forço-

samente existe o mal. Não pra-

ticar o mal, já é um princípio do

bem. Deus somente quer o bem;

só do homem procede o mal. [...]3

Enquanto trabalharmos nasboas obras apenas para satisfazerdesejos pessoais, com vistas a inci-tar a nossa vaidade, sem atender deforma espontânea e amiga às pes-soas desprotegidas que nos pro-curam, não aplicaremos o bem eagiremos mal por estarmos em de-sacordo com um dos ensinamen-tos preconizados pelo Cristo, queé o de sermos iguais perante Deus:

Todos os homens estão subme-

tidos às mesmas leis da Nature-

za. Todos nascem igualmente fra-

cos, acham-se sujeitos às mes-

mas dores e o corpo do rico se

destrói como o do pobre. Deus

a nenhum homem concedeu

superioridade natural, nem pelo

nascimento, nem pela morte: to-

dos, aos seus olhos, são iguais.4

O sentimento de igualdade en-tre os seres humanos é essencialpara podermos compreender ospadecimentos alheios. A desigual-dade das condições sociais não éobra de Deus, mas dos homens. OsEspíritos reveladores asseguram:

[...] Dia virá em que os mem-

bros da grande família dos fi-

lhos de Deus deixarão de consi-

derar-se como de sangue mais

ou menos puro. Só o Espírito é

mais ou menos puro e isso não

depende da posição social.5

Ao respeitarmos os direitos denossos semelhantes, ao querermospara os outros o que quereríamospara nós, tornamo-nos compas-síveis à realidade das pessoas quevivem no abandono, na indigên-cia e na orfandade. Ter piedadedaqueles que, sobretudo, vivem sós,distantes da família, que carecemde saúde e que não possuem con-dições mínimas de bem-estar ur-bano, desperta em nós a compaixãoe a abnegação para com os nossosirmãos, oferecendo cabedais paraprestação de serviços individuaise coletivos, de assistência e alívio.Tendo como fundamentação a leide justiça, de amor e de caridade,Allan Kardec faz o seguinte co-mentário sobre a questão:

[...] Não sendo natural que haja

quem deseje o mal para si, des-

de que cada um tome por mo-

delo o seu desejo pessoal, é evi-

dente que nunca ninguém de-

sejará para o seu semelhante se-

não o bem. [...] A sublimidade

da religião cristã está em que ela

tomou o direito pessoal por base

do direito do próximo.6

Os homens devem se unir paracriação de obras beneficentes econsolidar as permanentes, pro-curando praticar o autêntico sen-timento de caridade, sem sepreocupar com os diferentes cre-dos que as pessoas exerçam, aoacolhê-las nas instituições.“A cari-

dade é caridade, e nada mais quecaridade [...], sem distinção ne-nhuma, porque todos são filhos deDeus, objetos de seu amor ines-gotável. [...]”7. Ao prover a vidado mais fraco, é preciso ter cuidadopara não humilhá-lo; aquele quevive da mendicância, à mercê daboa vontade de alguns, na maio-ria das vezes, não pode trabalhar edeve receber certas obrigações pa-ra a sua sobrevivência, sem queesse benefício o degrade física emoralmente. São Vicente de Paulo(1581-1660), padre francês, funda-dor de ordens religiosas, em suaperegrinação para levar alento aossemelhantes, após uma existênciade dedicação e sacrifícios na mis-são que desempenhou junto aospobres e desafortunados, adqui-riu singular experiência para le-gar-nos lições profundas de amorao próximo, em consonância aospreceitos do Cristo. Como Espíri-to superior, ao lado de outros Es-píritos que reencarnaram em épo-cas diversas na Terra, “cuja eleva-ção é atestada pela pureza de seusensinamentos”,8 concorreu na pre-paração das obras da Codificação,conforme orientação transmitidaa Allan Kardec, responsável pelamissão de organizá-las e publicá--las, para propagação do Espiritis-mo. Diz ele, em uma de suas belasmensagens espirituais:

[...] o que merece reprovação

não é a esmola, mas a maneira

por que habitualmente é dada

[...].

A verdadeira caridade é sempre

bondosa e benévola; está tanto

12 Reformador • Fevere i ro 20125500

Page 13: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

no ato, como na maneira por

que é praticado. Duplo valor tem

um serviço prestado com delica-

deza. Se o for com altivez, pode

ser que a necessidade obrigue

quem o recebe a aceitá-lo, mas o

seu coração pouco se comoverá.

[...]

Deve-se distinguir a esmola, pro-

priamente dita, da beneficência.

Nem sempre o mais necessitado

é o que pede. O temor da humi-

lhação detém o verdadeiro po-

bre, que muita vez sofre sem se

queixar. A esse é que o homem

verdadeiramente humano sabe

ir procurar, sem ostentação.

[...]

[...] Sede indulgentes com os

defeitos dos vossos semelhantes.

Em vez de votardes desprezo à

ignorância e ao vício, instruí os

ignorantes e moralizai os vicia-

dos. Sede brandos e benevolen-

tes [...].9

De indulgência precisamos nósmesmos, pois ainda somos po-bres de virtudes e conquistas mo-rais que não amealhamos! Quan-to mais deplorável for a situaçãodaqueles que procuram amparo,tanto maior cuidado devemos terpara com eles; dependendo de co-mo os tratarmos poderemos avi-var a situação de desventura emque se encontram, humilhando-oscom a nossa altivez. Aprendamos,assim, a agir com caridade, sem es-quecer a recomendação de Jesus:

Nisto, agora, conhecerão todos

que sois meus discípulos: em vos

amardes uns aos outros como

eu vos amei. (João, 13:35.)

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro.

130. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2011. Cap. 13, it. 8.2CALLIGARIS, Rodolfo. O sermão da mon-

tanha. 18. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. Não façais vossas boas obras

diante dos homens, p. 83.3KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon

Ribeiro. 52. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. Cap. 3, it. 8, “Origem do bem

e do mal”, p. 86.4______. O livro dos espíritos. Trad. Guillon

Ribeiro. 92. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2011. Comentário de Kardec à q. 803.5______. ______. Q. 806.6______. ______. Comentário de Kardec

à q. 876.7AGUAROD, Angel. Grandes e pequenos

problemas. 7. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Cap. 7, it. 2, p. 246.8KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.

Guillon Ribeiro. 92. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2011. Prolegômenos, p. 61.9______. ______. Q. 888a, resposta de

São Vicente de Paulo.

13Fevere i ro 2012 • Reformador 5511

Page 14: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

s grandes princípios mo-rais têm características deuniversalidade e eternida-

de, isto é, servem para todos osquadrantes do Universo, em todosos tempos.

O exercício do Bem comocaminho para a felicidade é umexemplo marcante, sempre evoca-do em todas as culturas e religiões:

Budismo:O caminho do meio entre os con-

flitos e a dor está no exercício corre-to da compreensão, do pensamento,da palavra, da ação, da vida, do tra-balho, da atenção e da meditação.

Confucionismo:Não se importe com o fato de o

povo não conhecê-lo, porém esfor-ce-se de modo que possa ser dignode ser conhecido.

Judaísmo:Não faça ao próximo o que não

deseja para si.

Islamismo:A verdadeira riqueza de um ho-

mem é o bem que ele faz nestemundo.

Cristianismo:Faça ao semelhante todo bem

que deseja receber.

Espiritismo:Fora da caridade não há sal-

vação.

Há uma dificuldade na vivên-cia desses princípios, caro leitor.

Pedem divina base altruística:A vocação para cuidar dos

outros.Contraria a humana base

egoística:A vocação para cuidar de si

mesmo.Todo o mal do mundo susten-

ta-se na tendência humana de ca-da qual resolver-se.

Quanto aos outros, que sedanem!

Corrupção, adultério, furtos,assaltos, estupros, assassinatos,guerras, massacres, conflitos e to-dos os demais males que afligem aHumanidade inspiram-se nessamaneira de ser.

E mais, leitor amigo: o egoísmoindividual projeta-se no compor-tamento das nações, que elegempor modus operandi tirar todo pro-veito possível nas relações inter-nacionais, partindo, não raro, pa-ra a agressão, exercitando domí-nio sobre outras nações.

A História é um suceder deguerras entre países, desde as tri-bos primitivas que disputavamespaço e domínio com o tacape,aos países que o fazem com sofis-ticados engenhos de guerra quedizimam populações e espalhamo terror.

Isso, supostamente, em nomede melhores condições de vida,em regimes totalitários, ou emnome da liberdade, em países quese dizem democráticos.

14 Reformador • Fevere i ro 2012 5522

ORI C H A R D SI M O N E T T I

passoO grande

Page 15: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

Diz Mahatma Gandhi:

Que diferença faz para os mor-

tos, para os órfãos e para os

despossuídos se aquela louca

destruição se deu em nome do

totalitarismo ou do santo nome

da liberdade?

O grande líder indiano sabiabem do que falava, contemplandoo panorama desolador de umaÍndia às voltas com conflitos reli-giosos e políticos, que acabarampor dividir o país, dando origemao Paquistão.

Isso, longe de acalmar os âni-mos e ambições, como previraGandhi, apenas os acirrou, sus-tentando intermináveis pendên-cias entre as duas nações, sempreà beira de um conflito armado,hoje de perspectivas horripilan-tes, já que ambas possuem umarsenal de bombas atômicas.

Tudo isso porque, tanto lá quan-to em quaisquer países envolvi-dos em pendências, o egoísmoestá presente nas mesas de nego-ciações, recusando acordos quenão privilegiem basicamente osinteresses e ambições dos par-ticipantes.

Quando esse desvio for cor-rigido, invertida essa tendência,isto é, quando aprendermos a

pensar nos outros e que se danemos interesses pessoais, estaremosconstruindo na Terra o Reino deDeus.

Essa a regra de ouro do Cris-tianismo, esse é o empenho aque somos convocados perma-nentemente, onde estivermos,junto à família, na vida social,na profissão, na atividade reli-giosa, fazendo pelo próximo to-do o bem que gostaríamos nosfosse feito.

Na medida em que se dissemi-ne, esse altruísmo individual aca-bará se projetando na consciên-cia das nações, favorecendo ofim dos conflitos, das loucuras daguerra.

Então a paz reinará, finalmente,soberana no mundo.

Certamente, amigo leitor, issonão vai acontecer do dia para anoite. Muita água vai rolar no riodo tempo, até que o altruísmo es-teja na consciência dos povos.

Mas, enquanto isso não aconte-ce em nível coletivo, podemos fa-zê-lo tranquilamente em nível in-dividual, sob inspiração da Dou-trina Espírita, que nos oferece umavisão muito clara dos tormentosa que estão destinados, no mundoespiritual, os egoístas.

Conscientes de nossas respon-sabilidades, sejamos, amigo leitor,os vanguardeiros dessa transiçãodo egoísmo para o altruísmo, cul-tivando o esforço do Bem.

Assim, antes que o Reino deDeus se instale na Terra, havere-mos de edificá-lo em nosso pró-prio coração.

Antes que a paz se estenda aoshomens, teremos pacificado a nósmesmos.

15Fevere i ro 2012 • Reformador 5533

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16 Reformador • Fevere i ro 2012 5544

ida, Natureza, família, se-melhante, trabalho, chefe,prova, expiação, dor, sofri-

mento, enfermidade, saúde, ami-go, inimigo, alegria, tristeza, situa-ção financeira são alguns exem-plos dos motivos de gratidão oureclamação de nossa parte.

Qualquer coisa pode ser razãopara agradecer ou reclamar, a de-pender do ponto de vista.

Costumamos reclamar de tu-do. Quando chove, reclamamosdo mau tempo; quando faz sol,reclamamos porque está quente;quando é noite, gostaríamos quefosse dia; quando é dia, nos inco-modamos pelo desejo de que anoite chegue logo; se o tempopassa depressa, reclamamos suge-rindo a ampliação do dia para 36horas; se o tempo é vagaroso, la-mentamos pela lerdeza do deusCronos. Tudo, sem exceção, pare-ce ser motivo para reclamar. Po-deríamos continuar escrevendouma página ou um livro inteiroelencando motivos de reclama-ção ou exemplos práticos de suaocorrência.

Vamos fazer o contrário? Agra-deçamos por tudo. Até pela dor

que nos atinge profundamente.“Bendita a dor, ela é a grande sin-fonia que acorda os corações hu-manos para a Vida Eterna”, já di-zia meu pai e continua dizendoaté hoje nos seus 80 anos, comoinformação colhida de fonte oral.Segundo Emmanuel, Guia Espiri-tual do cândido Chico Xavier, “ador é um constante convite da vi-da, a fim de que aceitemos umaentrevista com Deus”.1

Quando tudo está bem, tende-mos a nos esquecer do agradeci-mento. Mas, a misericórdia divi-na, reconhecendo nossas necessi-dades, oferece-nos a dor-expia-ção, a dor-evolução, a dor-auxí-lio2 para que, humildemente, noscoloquemos diante do Senhor daVida e, em definitivo, consiga-mos nos libertar de nosso passa-do infeliz, acordando o homemrenovado para o novo mundo deregeneração.

Joanna de Ângelis, a psicólogaespiritual e guia do médium Di-valdo Pereira Franco, alerta que a“reclamação é perda de tempo”.3

Realmente, quem reclama está per-dendo a oportunidade de agrade-cer, de fazer algo útil na existên-

cia. Aquele momento de reclama-ção não nos leva a resultado efeti-vo, então, poderia ser absoluta-mente dispensado sem que fizessefalta alguma. Não estamos aquicogitando da avaliação serena enecessária para determinadassituações, ocorrências e circuns-tâncias que vivenciamos, fruto danossa iniciativa ou decorrenteda ação de terceiros. É importan-te, sim, avaliarmos para melhoraro que for indispensável à cami-nhada evolutiva.

A reclamação, pelo contrário,não tem propósito útil. Apenas oda lamentação, que deixa transpa-recer nosso azedume. Seria melhorque nos silenciássemos, pois o si-lêncio na maioria das vezes se tra-duz na melhor das respostas. Écomo aquela expressão do ditadopopular que nos exorta, quandonão fomos felizes em alguma afir-mação: “Você perdeu uma boaoportunidade de ficar calado”.

Vamos exercitar o silêncio quan-do a vontade de reclamar visitaros escaninhos da mente, provo-cando-nos para ações menos re-comendáveis. Reclamar é feio, de-nota falta de educação, e, depen-

VGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

GratidãoUm novo olhar sobre a vida

Page 17: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

dendo de como a atitude é mani-festada, ausência de respeito paracom o semelhante e, sobretudo,ingratidão para com Deus.

Gostaria de fazer um trato eassinar tacitamente um contratocom o prezado leitor. No dia, te-mos três períodos claramente de-limitados: manhã, tarde e noite.Vamos assumir o compromissode agradecer pelo menos uma vezem cada período do dia. Agrade-ceremos: pela manhã ao acordar –cada dia é como se fosse uma no-va encarnação; à tarde, quandoalmoçarmos ou olharmos o cre-púsculo ou, ainda, estivermos notrânsito que nos oferece o ense-jo de desenvolver várias virtudes,tais como a paciência, a tolerânciae a indulgência; e agradeçamos aofinal da noite por mais um dia,repleto de oportunidades e desa-fios para o aprendizado constan-te. Amanhã, depois de amanhã,e depois... A atitude deverá sermantida ao longo de todo o mês.Quando este findar, na noite doderradeiro dia, o número de agra-decimentos chegará a pelo menos90 vezes!

Acredito que, após esse período,já teremos adquirido o hábito doagradecimento. A partir daí, o com-portamento será espontâneo, asse-gurando que começamos a exerci-tar um novo olhar sobre a vida.

A reclamação reflete postura deorgulho, ao passo que a gratidão éresultado de atitude humilde.

A reclamação nos fecha para asintonia com o auxílio superior;a gratidão facilita a sinergia comaqueles que aspiram à harmonia eao equilíbrio dela decorrente.

A gratidão é um ato que trans-parece a divindade existente emcada um de nós. Já a reclamaçãoé de nossa responsabilidade, so-bre a qual deveremos prestar asdevidas contas no momento emque a lei de causa e efeito nosrequisitar para uma entrevistacom Deus.

Se analisarmos detidamente,chegaremos à conclusão de que avida nos oferece muito mais mo-tivos para agradecer do que parareclamar.

Agradecer faz bem à saúdeintegral do indivíduo, que se sen-te mais aberto à sintonia com oPlano Superior da Vida, emcontato com os amigos es-pirituais que podem ter otrabalho de inspiração fa-cilitado pelas vias da nossaintuição a ser colocada,gradativamente, à disposiçãodo serviço no bem.

Agradecer nos torna felizes,pois aprendemos a enxergar no-vos horizontes. Os nossos olhosbrilham mais, identificando-secom o belo, o bom, oútil.

Agradeçamos pelo bem e pe-la oportunidade de melhoria, pelaprova e pela expiação, pela bênçãodo trabalho e da libertação.

Na vida, é recomendável apren-dermos a agradecer mais e a recla-mar menos.

Referências:1XAVIER, Francisco C. Material de constru-

ção. Pelo Espírito Emmanuel. São Paulo:

Ideal, 1982.2______. Ação e reação. Pelo Espírito An-

dré Luiz. 28. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2011. Cap. 19, p. 329.3FRANCO, Divaldo P. Desperte e seja feliz.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6. ed.

Salvador: LEAL, 2000.

17Fevere i ro 2012 • Reformador 5555

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18 Reformador • Fevere i ro 2012 5566

m 1978, uma psicóloga cha-mada Hanna Wolff (1910--2001), nascida na cidade de

Essen, Alemanha, e que estudouCiências Jurídicas e Sociais em Mu-nique, Heidelberg e Berlim, Teologiaem Tubingen, Psicologia Profundaem Zurique, na Suíça, tendo vivi-do mais de 20 anos na Índia, pu-blicou um livro intitulado Jesus Psi-coterapeuta. Antes, ela havia publi-cado, em 1955, o livro Jesus Univer-sal – A imagem de Jesus no contex-to da cultura hindu e,em 1975,a obraJesus na Perspectiva da PsicologiaProfunda. Neste último, destaca serJesus um Homem Inconfundível.

No livro Jesus Psicoterapeuta, eladeclara que durante o atendimentode seus clientes no consultório cita-va, involuntariamente, textos evan-gélicos, os quais eles registravame refletiam sobre o seu conteú-do, sobre sua proposta ética trans-formadora e então… melhoravam.Ao ouvir dos pacientes que eles“haviam se apegado às palavras queela lhes dissera e de ter recebidototal ajuda das mesmas”, a Dra.Hanna Wolff concluiu que os atosda vida e os ensinos de Jesus eramterapêuticos e o considerou o maiorterapeuta que jamais conhecera.1

As palavras, os atos e a vida deJesus têm um significado terapêu-tico. “É a terapia de sua própriapessoa”. É a palavra, aliada à ação(sua e do paciente). Ele sempre in-dagava: “Queres ficar curado?”.Era a palavra terapêutica. E o pa-ciente respondia: “Quero!”. Era aação da vontade do paciente, des-de que livre de motivos cármicos.João (7:37-38) relata que durantea festa dos tabernáculos, em Jeru-salém, Jesus falava no Templo:

Se alguém tem sede, que venha

a mim e beba. Porque quem crê

em mim, do seu interior fluirão

rios de água viva.

Dentro desse contexto, podemoscitar, também, o livro Jesus, o maiorPsicólogo que já Existiu, um best-sellerda chamada autoajuda, de auto-ria do terapeuta e psicólogo ame-ricano Mark W. Baker, que temuma clínica na Califórnia. “Combase em sua experiência como te-rapeuta e no seu conhecimentoda Bíblia, Baker demonstra por-que a mensagem de Jesus é perfei-tamente compatível com os prin-cípios da Psicologia: ela contéma chave da saúde emocional, do

bem-estar e do crescimento pes-soal”.2 O livro apresenta dezenas delições de “como a sabedoria de Je-sus pode ajudar a repensar atitu-des e a praticar o perdão, a solida-riedade e a lealdade, valorizandonossas vidas e nossos relacionamen-tos com mais amizade e amor”.2

Qual a técnica que Jesus utiliza-va? A técnica baseada na lei decausa e efeito:

Não precisava que alguém o in-

formasse a respeito dos homens,

pois sabia muito bem o que ha-

via no coração de cada um.3

Era, portanto, o terapeuta da leide causa e efeito. Essa qualifica-ção de Jesus encontraremos nasanotações feitas por Mateus(16:27): “Pois o Filho do Homemvirá [...] e, então, recompensará acada um segundo as suas obras”.Ser terapeuta, portanto, com basena lei de causa e efeito é mergu-lhar nas regiões e paisagens abis-sais do ser humano, para identi-ficar origens e significados de suascarências e dos seus distúrbiosemocionais, como o fazia Jesus.

Pode-se observar o mecanismoda lei de causa e efeito na terceira

EAD I LTO N PU G L I E S E

Jesus: terapeuta dosenfermos da alma

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lei de Isaac Newton (1642-1727),na Mecânica:“Toda força impulsio-nada numa dada direção originaoutra força de igual intensidade,mas de sentido contrário”. O Espí-rito Manoel Philomeno de Miran-da usa uma metáfora para simbo-lizar a lei de causa e efeito: o “efeitobumerangue”,4 ou choque de retorno.Essa Lei do Universo, tambémchamada ação e reação, é o me-canismo das Leis de Deus atuandona dinâmica dos destinos huma-nos, em suas trajetórias evolutivas,segundo o Espiritismo. Doutrinasorientais chamam-na carma que,em sânscrito, significa o conjuntodas ações dos homens e suas conse-quências.

Discorrer acerca da lei de causae efeito leva-nos a examinar o pos-tulado espírita que afirma ser “operispírito agente da justiça divi-na”;5 e que as qualidades ou distúr-bios registrados nesse corpo espi-ritual “reaparecem no corpo físico,o qual é uma cópia daquele; e que

as faltas, os abusos, as desvirtudes,os vícios e os crimes de existênciaspassadas, gravados no perispírito,determinam enfermidades, molés-tias, idiotismo, organismos incom-pletos e corpos disformes e sofre-dores, ante a reencarnação; que oEspírito ilumina-se a cada pensa-mento altruísta, a cada impulso desolidariedade e de amor puro”.5

Carlos Toledo Rizzini (1921--1992), em sua obra Evolução parao Terceiro Milênio, sintetiza que “osofrimento é resultante de viola-ções, erros e abusos no curso dosquais a Lei Divina é desrespeitadae os deveres negligenciados”,6 eque “a prática do mal, a repetiçãode abusos, a acumulação de erros,os vícios, enfraquecem os centrosde força do perispírito e geramlesões nele, que é sensível ao esta-do moral do Espírito”,6 citando oEspírito André Luiz, que declara,no livro No Mundo Maior: “O es-pírito delinquente pode receber osmais variados gêneros de colabo-

ração, mas será imperiosamente omédico de si mesmo. [...]”.7

Quando falamos em cura vêm--nos à mente duas conexões comessa palavra: doença e saúde. Curaseria mudança de estado. Sair doestado de doença para o estado desaúde. O que é que cura as doen-ças? Quais são os agentes curado-res das doenças? Medicamentos,cirurgia, terapias, dietas, exercícios,exames para formulação de diag-nósticos etc. Isso tudo através daMedicina alopática, da Homeopatiae da chamada Medicina alternativa.

O Dr. Bernie S. Siegel, médico--cirurgião em New Haven, Con-necticut, EUA, relata em sua obraAmor, Medicina e Milagres8 que osfranceses Louis Pasteur (1822--1895) e Claude Bernard (1813--1878), dois gigantes da Biologia doséculo XIX, um dia polemizaram arespeito do fator mais importantena causa das doenças. Seria o ter-reno (ou seja, o organismo huma-no) ou seria o germe, um micro-

19Fevere i ro 2012 • Reformador 5577

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-organismo, um micróbio (vírus,bactérias, fungos)? Em seus últi-mos momentos de vida, Pasteurteria admitido que Bernard tinharazão ao declarar que era o terre-no! Esse terreno, na visão espírita,ao invés do corpo físico, seria ocorpo espiritual, o perispírito!

Entretanto, muitos observado-res holísticos e espiritualistas des-tacam que a Medicina ortodoxaainda se concentra na doença, enve-redando por uma orientação falsa,segundo o Dr. Siegel, e que muitosprofissionais da saúde “continuamprocedendo como se fosse a doen-ça que ataca as pessoas, em vez decompreenderem que as pessoas éque contraem as doenças, por setornarem suscetíveis à sua causa,à qual todos nós sempre estamosexpostos”.8 Podemos dizer que ha-veria em cada um de nós uma causadispositiva interna, que atrairia ener-geticamente os elementos causa-dores das enfermidades.

Um médico canadense, tam-bém historiador da Medicina, SirWilliam Osler (1849-1919), diziaque a contração da tuberculose serelaciona mais com o que se passana mente do enfermo do que aquiloque ocorre com os seus pulmões.Ele repetia Hipócrates (460-377a.C.), cognominado Pai da Medi-cina, que considerava mais fácil sa-ber que gênero (tipo, modo de ser,estilo e espécie) de pessoa que temdeterminada doença do que des-cobrir que gênero de doença temdeterminada pessoa.8

Jesus, por exemplo, sabia o gê-nero de cada pessoa e se concentra-va na alma da pessoa, porque a sua

visão do ser humano era transpes-soal. O Espírito Joanna de Ângelisdeclara no livro Jesus e o Evangelhoà Luz da Psicologia Profunda que

Jesus reconhecia no processo das

múltiplas existências a causalida-

de dos acontecimentos na esfera

física e no comportamento social.9

O Dr. Siegel acredita que exis-tem dentro de nós mecanismos bio-lógicos de vida e de morte. Pesqui-sas por ele realizadas convenceram--no de que existe em todos nós umestado de espírito, e que esse esta-do de espírito altera o estado físi-co. Segundo ele, a paz de espírito(o equilíbrio) envia ao corpo umamensagem de “viva!”. Ao passo quea depressão, o medo, a culpa, o con-flito, transmitem uma mensagemde “morra!”. Então, quando esta-mos doentes, o médico examina oestado corporal, quando deveria exa-minar também o estado de espírito.10

Quais as medidas profiláticasespíritas? Sobretudo aquelas reco-mendadas por Jesus, quando decla-rava: “Não peques mais, para quete não suceda alguma coisa pior”.11

Ou seja, não voltar a lesar o peris-pírito. Podemos afirmar que Jesusfoi o primeiro terapeuta do peris-pírito da história da medicina es-piritual com base na lei de causae efeito. Ele era, portanto, um cien-tista transpessoal, porquanto, notratamento que prescrevia utiliza-va a maior ciência do mundo: aciência de amar, recomendando trêsvertentes: Amar a si mesmo. Amarao próximo. Amar a Deus. Hoje,centenas de livros são escritos

dentro dessa dimensão, dessa pro-posta de apresentar Jesus como edu-cador comportamental e como terapeuta dos enfermos da alma.

Allan Kardec, em O Evangelhosegundo o Espiritismo – capítulo VI,“O Cristo Consolador” –, enfatizaque a assistência de Jesus e a feli-cidade que promete aos aflitos de-pendem da observância da lei porEle ensinada e que essa “lei é sua-ve, pois que apenas impõe, comodever, o amor e a caridade”.12

Referências:1WOLFF, Hanna. Jesus psicoterapeuta.

Editora Paulinas, 1988. p. 11.2BAKER, Mark. Jesus, o maior psicólogo que

já existiu. 9. ed. Rio de Janeiro: Sextante.3JOÃO, 2:25.4FRANCO, Divaldo P. Trilhas da liberta-

ção. Pelo Espírito Manoel Philomeno de

Miranda. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2011.

O calvário de Adelaide, p. 234.5ANDRADE, Geziel. Doenças, cura e saúde à

luz do espiritismo. 12. ed. Ed. EME, 2008. p. 10.6RIZZINI, Carlos Toledo. Evolução para o

terceiro milênio. 8. ed. (ampliada). EDI-

CEL. p. 148-149.7XAVIER, Francisco C. No mundo maior.

Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. 4. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 12, p. 212.8SIEGEL, Bernie S. Amor, medicina e mila-

gres. 12. ed. Editora Best Seller. p. 11.9FRANCO, Divaldo. Jesus e o evangelho à

luz da psicologia profunda. Pelo Espírito

Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL. p. 201.10SIEGEL, Bernie S. Amor, medicina e mila-

gres. 12. ed. Editora Best Seller. p. 12.11JOÃO, 5:14.12KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo.Trad. Evandro Noleto Bezerra.

1. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. 6, it. 2.

20 Reformador • Fevere i ro 20125588

Page 21: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

21Fevere i ro 2012 • Reformador 5599

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos.”– PAULO. (II CORÍNTIOS, 13:5.)

Nos diversoscaminhos

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. ed. esp. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 99.

iversas atitudes caracterizam os estudantes da Revelação Nova.

Os que permanecem na periferia dos ensinamentos exigem novas

demonstrações fenomenológicas, sem qualquer propósito de renovação

interior.

Aqueles que se demoram na região da letra estimam as longas discussões sem

proveito real.

Quantos preferem a zona do sectarismo, lançam-se às lutas de separatividade,

lamentáveis e cruéis.

Todos os que se cristalizam no “eu” dormitam nos petitórios infindáveis, a

reclamarem proteção indébita, adiando a solução dos seus problemas espirituais.

Os que se retardam nos desvarios passionais rogam alimento para as emoções,

mantendo-se distantes do legítimo entendimento.

Os que se atiram às correntes da tristeza negativa gastam o tempo em lamentações

estéreis.

Aqueles que se consagram ao culto da dúvida perdem a oportunidade da edificação

divina em si mesmos, convertendo-se em críticos gratuitos, ferindo companheiros e

estraçalhando reputações.

Quantos se prendem à curiosidade crônica, borboleteiam aqui e ali, longe do

trabalho sério e necessário.

Aqueles que se regozijam na presunção, passam o dia zurzindo o próximo, quais

se fossem inquisidores permanentes do mundo.

Os que vivem na fé, contudo, acompanham o Cristo, examinam a si próprios

e experimentam a si mesmos, convertendo-se em refletores da Vontade Divina,

cumprindo-a, fielmente, no caminho da redenção.

D

Page 22: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

impressionante como o quese diz ou se escreve muitasvezes se mantém atual, passa-

das as décadas, os séculos até. Bomexemplo disso é um discurso do Dr.Bezerra de Menezes localizado noInstituto Histórico e Geográfico Bra-sileiro, o qual foi proferido em 23de novembro de 1882, no Liceu deArtes e Ofícios, situado no Riode Janeiro. O Liceu iniciou suasatividades em 1858, foi criado porFrancisco Joaquim Bethencourt daSilva, e desde a sua fundação dedi-cou-se a atender uma populaçãodesfavorecida economicamente.O Liceu tinha no seu corpo do-cente pessoas eminentes da épocaque não recebiam qualquer remu-neração pelo trabalho que realiza-vam. Foi ainda precursor do ensinoprofissionalizante no Brasil. Bezerrade Menezes estava, portanto, numaInstituição que prestava os maisimportantes serviços à Nação eque se ocupava de educar os maisnecessitados, bem como prepará--los para a vida profissional.

Naquela data, outras figuras ilus-tres discursaram ao seu lado, um de-les foi o Dr.Vicente Ferreira de Souza– importante intelectual negro doséculo XIX –, um dos pioneirosdo movimento abolicionista, entre osquais o Sr. Ruy Barbosa, o grandejurista, político e diplomata que, à

época, era jornalista, deputado daAssembleia da Bahia, e no ano an-terior havia promovido a ReformaGeral do Ensino.Bezerra de Menezesestava cercado naquele dia por figu-ras eminentes da Corte, que erampolíticos e abolicionistas como ele.

Cabe aqui situar Bezerra de Me-nezes e o Movimento Espíritadentro do contexto histórico emque seu discurso foi proferido, isto é,no ano de 1882. Bezerra de Menezeshavia tomado conhecimento daDoutrina Espírita em 1875, quandoJoaquim Carlos Travassos ofertou--lhe um exemplar de O Livro dosEspíritos. Foi vereador de 1873 a1881, período em que por diversasvezes ocupou as funções de presi-dente interino da Câmara Munici-pal da Corte. Bezerra foi presidenteda Câmara e deputado geral pelaProvíncia do Rio de Janeiro, em1880. Em fins de 1882, quando pro-feriu seu discurso no Liceu, Bezer-ra era um quase espírita. Seis mesesdepois, em final de maio de 1883,escreveria para o irmão comuni-cando que havia aderido ao Espiri-tismo. Sua adesão pública ao Es-piritismo ocorreu em 16 de agos-to de 1886, quase quatro anos de-pois do discurso no Liceu.

No campo do Espiritismo, osanos de 1881 e 1882 foram marca-dos pela perseguição à Doutrina,

pelo Primeiro Congresso Espíritado Brasil, pela criação do Centroda União Espírita do Brasil e pelaPrimeira Exposição Espírita doBrasil. Em 28 de agosto de 1882 foilançado o jornal O Renovador, pelomajor Salustiano José Monteiro deBarros e Afonso Angeli Torteroli.

E menos de dois meses após odiscurso, Augusto Elias da Silvalançou o Reformador.

Transcrevemos, a seguir, o memo-rável discurso de Adolfo Bezerrade Menezes, acima referido:

“Meus senhores: O homem devetodas as suas qualidades e aptidõesprimeiro à sua constituição nativa edepois à influência dos meios e dosagentes externos que atuam com tan-ta maior eficácia, quanto agem sobrea mais tenra idade. Quer isso dizer:que Deus nos deu as faculdades quepossuímos, mas deu-no-las em em-brião; e que a nós, e só a nós, é quecabe desenvolvê-las, principalmentena infância. Essa missão, de todas asque nos incumbe, a mais elevada,além de ser da maior conveniênciasocial, é,por igualdade de circunstân-cias, de suma necessidade pessoal.

A sociedade humana é um orga-nismo vivo, tem vida própria comoa tem o indivíduo; e, pois, precisa,para o complemento de suas fun-ções, e para a manutenção de suavitalidade, desenvolver os aparelhos

ÉJO Ã O MA RC O S WE G U E L I N

Bezerra de MenezesProtetor do ensino público e da moral

22 Reformador • Fevere i ro 20126600

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de que se serve, elaborar o sangueque a vivifica. Os aparelhos são – o cidadão – que é sua célula geradora.O sangue que lhe excita as fontes davida é a suma das eminentes qua-lidades daquele elemento essenciala toda a associação humana.

Compreende-se que do alto ní-vel moral e intelectual do cidadãodepende a grandeza e o progressoreal da sociedade edificada sobreessa pedra. Não é, pois, indiferen-te à Humanidade, que é a Socie-dade humana por excelência, queo homem seja ignorante ou ins-truído, moralizado ou corrompi-do. A necessidade pessoal deriva danatureza do nosso destino.

Dentre os seres criados, é o ho-mem o único que goza de inestimá-vel privilégio – da perfectibilidade.E não poderá ele desempenhar-sedessa nobilíssima prerrogativa, que oafasta tanto mais do resto da criaçãoquanto mais o aproxima do Criador,senão pelo cultivo das forças nativasque recebe educando e instruindoseu espírito. A Educação aplica-seespecialmente às faculdades afetivase prepara o homem moral.A instru-ção aplica-se às faculdades intelec-tuais e prepara o homem esclarecido.

A Educação e a instrução são asduas colunas em que se assenta o edifício da perfeição humana,donde podemos devassar os vas-tos e infinitos horizontes, cerra-dos com sete selos aos que deixamficar inertes, em estéril gérmen, aspotências de sua alma. É, pois, de-ver do homem e dever da Socie-dade humana preparar o meninopara a sua missão providenciale para a sua missão social. O meio

é o ensino público, é a escola. Masa escola, só por si, como a entende oséculo, só nos dá o homem inte-lectual; e nós já vimos: que isso é,apenas, metade de seu destino e a metade menos valiosa, porqueninguém sustentará que mais valeo sábio sem moralidade do que oignorante adornado de virtudes.Há, pois, indeclinável necessidadede alterar os fundamentos da es-cola atual; de alargar-lhe a base,de modo que compreenda o de-senvolvimento simultâneo dasforças afetivas da criança.

E isso não se obtém criandoum educador ao lado do profes-sor, mas sim construindo profes-sores que sejam, também, educa-dores. Na escolha dos livros, napreferência dos métodos empre-gados para o ensino, pode o pro-fessor facilmente fazer com que, aum tempo, se ilumine a inteligên-cia do discípulo e se plantem emseu jovem espírito os sãos princí-pios da moral.

É por isso que é fácil multipli-carem-se as escolas, mas dificíli-mo é provê-las convenientementede professores. Do critério doprofessor, e só dele, depende, por-tanto, o bom êxito do ensino pú-blico. E, pois, quem tem a seu car-go esse importantíssimo serviço, aum tempo social e humanitário,deve pôr o maior cuidado na es-colha dos que têm de preparar oespírito da criança para a vida so-cial e para a vida infinita, para asociedade dos homens e para a so-ciedade de Deus.

O Liceu de Artes e Ofícios,digo-o sem suspeição, realiza

nobremente o preclaro tipo daverdadeira escola; daquela que en-sina moralizando e moraliza ensi-nando. Aí, o menino aprende a serhomem segundo a lei do Criadore a ser cidadão segundo a lei hu-mana. Dali, sai ele instruído peloestudo e moralizado pelo traba-lho. O espírito diretor dessa esco-la sublime bem compreende a di-visa da Humanidade. E, se nãopode levar seus discípulos ao últi-mo grau da perfeição, que não édado alcançar na Terra, e em tãocurta existência, faz, ao menos,que aproveitem vantajosamente avida que Deus lhes deu, desenvol-vendo suas faculdades e elevandoseu espírito, duplo meio por ondehão de ascender um dia à verda-deira terra da promissão, à felici-dade da família, à felicidade dapátria. Que seja, portanto, acla-mado Bethencourt da Silva – omestre dos educadores brasilei-ros, e reconhecido o Liceu de Ar-tes e Ofícios – o modelo das esco-las patrióticas, a única verdadeira-mente popular de nossa terra. –Dr. Bezerra de Menezes.”

Referências:BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo básico.

5. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

MENEZES, Bezerra de. Discursos pronun-

ciados no Sarau Artístico Literário que a

diretoria e professores do Liceu de Artes

e Ofícios dedicaram ao Exmo. Sr. Conse-

lheiro Rodolfo Epifânio de Souza Dantas,

em 23 de novembro de 1882. Typ. Hilde-

brandt. 1882.

WEGUELIN, João Marcos. Memória espíri-

ta – papéis velhos e histórias de luz. Edi-

ções Léon Denis, 2005.

23Fevere i ro 2012 • Reformador 6611

Page 24: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

24 Reformador • Fevere i ro 20126622

Espiritismo tem na pes-soa de Jesus o ideal eexemplo de desenvolvi-

mento máximo do Espírito. As de-mais denominações cristãs o têmcomo Deus-Filho, pessoa da Trin-dade Divina. Os estudiosos dedi-cados a uma análise histórico-crí-tica do Novo Testamento, nemsempre movidos por compromis-sos de fé, tomam-no por seu papelsocial, não ignorando, porém, osseus dotes e capacidades singula-res. Islâmicos consideram-no umdos mais importantes profetas; bu-distas e hinduístas diversos já sepronunciaram sobre Ele comoum grande iluminado, guru e mes-mo um ser divino. Qualquer queseja a perspectiva adotada, seriapreciso desconsiderar completa-mente o relato dos Evangelhos pa-ra desprezar ou mesmo reduzir aoplano de pensador comum a figu-ra de Jesus. Faz sentido, portanto,supor que um ser tão universal-mente admirado e respeitado peloseu ensino, a ponto de influenciarsobremaneira a cultura ocidental,com reflexos sobre outras, tenhauma filosofia própria.

Tratar da filosofia de Jesus, noentanto, continua a ser um traba-lho extremamente ingrato, porqueparadoxalmente este complexo einesgotável pensador é tido pela

maior parte da tradição filosóficacomo revelador religioso apenas,ao qual não se aplicariam as cate-gorias do discurso filosófico. Ain-da que esta conclusão absurda te-nha sido contestada por inúmerosnomes ilustres, a concepção vul-gar, incluindo a cultura acadêmi-ca, repete os papéis estereotipadosatribuídos pelos teólogos mais or-todoxos, sejam os católicos ou pro-testantes, de Cristo e dos apósto-los em seus papéis dogmáticos.

Estranhamente, o pensador queorienta toda a ética, metafísica epsicologia do Ocidente, especial-mente querido pelos racionalistasde todos os tempos, teve a sua pro-fundidade filosófica pervertida pe-las disputas clericais iniciadas pou-co após a sua morte. E com issonão quero me referir aos pontosem que evidentemente Jesus pos-sui ascendência absoluta sobre opensamento humano, tais comoa questão da imortalidade, da ética,da dignidade humana, da Teolo-gia, do autoconhecimento etc.Prefiro levantar um dos proble-mas mais graves da Metafísica eda Ontologia, em que suas ideiastão frutíferas continuam a ofere-cer ilimitados contributos, semque sejam ainda reconhecidas.

Um daqueles pontos nos quaisa razão parece estar em conflito

consigo mesma, para reproduzir afeliz expressão de Kant, é o confli-to entre livre-arbítrio e determi-nismo. Questão que deve a sua for-matação moderna, senão a sua es-sência, aos problemas e soluçõeslevantados pelo pensamento deJesus. Em nenhum outro pensa-dor os dois elementos se achavamtão presentes, tão harmoniosa-mente unificados, de modo que sequalquer outra influência tivessesido determinante nesta questão,a filosofia deveria ter pendido pa-ra um dos dois. Se estoicos ou epi-curistas tivessem prevalecido naorientação da tradição europeia,tenderíamos para o determinismo.Se o platonismo ou o aristotelis-mo tivessem prevalecido, seríamosexcessivamente confiantes no nos-so poder. A síntese de Jesus equili-brou de tal modo esta questão queo conflito passou a ser insolúvelou marcado pela igualdade com-plementar das duas forças, corres-pondendo esta última variante aoque se produziu de mais elevadona Filosofia e Teologia humanas.

A defesa que Jesus faz do livre--arbítrio transcende todas as cate-gorias segundo as quais se haviajulgado o poder do homem, ele-vando-o às alturas da divindade,fazendo dele até então visto comoanimal ou, na melhor das hipóte-

OHU M B E RTO SC H U B E RT CO E L H O

A filosofia de Jesus

Page 25: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

ses, cidadão, o herdeiro do Deusúnico e absoluto. É tão grandea liberdade, na concepção de Jesus,que a fé do homem pode trans-portar montanhas, e todas as for-ças de sua alma estão sob o seucontrole.

A fé, aliás, é exaltada sem qual-quer restrição, pois “tudo o quefor pedido com fé, será obtido”,1 eo rabi galileu atribuía as curas e mi-lagres à fé dos requerentes, lem-brando-lhes que “fora feito segun-do a sua fé”.2 Em nenhum momentoJesus diz aos discípulos que elessão incapazes de repetir os seusfeitos por ausência de talento ouhabilidade, mas garante-lhes, aocontrário, que nada lhes é impos-sível e os repreende sempre por

não terem a fé suficiente para talensejo.3

Quanto ao patrimônio íntimo,Jesus inovava colocando todos ossentimentos e pensamentos sob atutela da consciência. Enquantoa ética lidava até então com atos,Jesus ressalta a liberdade de cons-ciência, estendendo a nossa res-ponsabilidade aos “pecados co-metidos em pensamento”.4 Reco-mendando a vigilância, estava Eleafirmando a necessidade de regraras emoções e ideias. Transforman-do o amor em mandamento, con-trariou completamente a ideia de

um amor passional ou fruto deinclinação, gosto, tendência, e lan-çou as bases ainda incompreendi-das da reforma emocional. Ao en-sinar o amor a Deus e ao próxi-mo, como mandamento maior,assegura-nos de que qualquer pes-soa tem o governo de seus senti-mentos, sendo responsável pelaamargura, aridez ou floração inte-rior. Pregou a verdade que libertae afirmou que os homens anda-vam até então como escravos deseus pecados,5 estando libertos apartir daquele momento pela re-velação de que o Espírito é senhorde seu destino, a par de todos oshábitos, costumes, instintos, ata-vismos e compromissos sociais.

Ao mesmo tempo e sem dimi-nuir em nada esta prerrogativa deliberdade, Jesus apresentou uma

25Fevere i ro 2012 • Reformador 6633

1MATEUS, 21:22; MARCOS, 11:24.

2MARCOS, 5:34; LUCAS, 7:50, 8:48;MATEUS, 9:22.

3Como no episódio em que Pedro cami-nha sobre as águas, bem como na exor-tação de João (10:34): “Vós sois deuses, etudo o que eu faço também podeis fazer,e ainda mais”. E em Marcos (9:23): “Tudo épossível para aquele que crê”.

4MATEUS, 9:4. 5JOÃO, 8:33-34.

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26 Reformador • Fevere i ro 20126644

visão da Providência tão absoluta,onipotente e imanente a todos osfenômenos da Criação que mes-mo os judeus se espantavam coma sua convicção de que todas ascoisas são determinadas por Deus.Recomendou a resignação incon-dicional às agruras da vida e àsprovações enviadas pela divinda-de. Apontou Deus como o Pai eSenhor da vida, em cujas mãos de-vemos nos depositar com desas-sombro, sem preocuparmo-noscom o dia de amanhã.6 Reuniu nosublime Sermão da Montanha ascondições da iluminação com des-taque para a entrega, abnegação econfiança na direção que Deusoferece ao mundo, dando a enten-der que o futuro está em suasmãos. Orou sempre a Deus paraque tudo transcorresse conformea sua vontade.7 Baseou a própriagrandeza na destruição da vonta-de pessoal e na submissão à von-tade do Pai, apresentando-se as-sim como revelação máxima deDeus, na exata medida em que nãoreconhecia ser nada fora dele.8

Essa doutrina de implicaçõesoceânicas gera, há dois mil anos,um estarrecimento da razão. Osque a aceitaram de modo humil-de encontraram nela a serenidadee a consolação do determinis-mo divino e a responsabilidade egrandeza da liberdade individual.

Os muitos que tentaram enten-dê-la reduziram-na às própriaslimitações e enfatizaram os po-los correspondentes às suas pre-ferências.

Santo Agostinho concentrou-sena ideia de Deus, depositando ne-le, causa de tudo, a decisão sobre asalvação humana, e deixando aolivre-arbítrio apenas a decisão en-tre aceitar ou não a eleição. Pelá-gio, enfocando a divindade e res-ponsabilidade do indivíduo, colo-cou nas mãos do homem a sal-vação ou queda, confrontando aideia de Agostinho sobre a eleiçãopela graça de Deus e estabelecen-do a necessidade de obras para aelevação do Espírito. Graças aopoder político do bispo de Hipo-na, Pelágio foi fortemente perse-guido e julgado como herege,pesando sobre os ombros do san-to africano a responsabilidade pe-lo desequilíbrio filosófico e dou-trinário do Cristianismo.

Lutero e Erasmo, o reformistaprotestante e o católico, respecti-vamente, repetiram a mesma dis-puta mais de mil anos depois,dando sinais de que a Humani-dade pouco evoluiu na interpre-tação da filosofia de Jesus. En-quanto Lutero condenou o livre--arbítrio em seu livro De servoarbitrio (Sobre o arbítrio escravo),Erasmo o exaltou em seu livro--resposta De libero arbitrio (Sobreo livre-arbítrio). Lutero acredita-va que a única coisa em poder dohomem é a sua entrega à fé. Se ofizesse, o homem converter-se-iapor força do poder de Cristo, ea fé revelada o transformaria. As

boas obras seriam mera conse-quência dessa conversão. Erasmo,racionalista e liberal, rebatia quehavia muitas interpretações con-flitantes sobre as Escrituras, e queera impossível distinguir com cer-teza a fé correta da equivocada, aaparente da sincera, e que porisso a razão deveria fiscalizar a fé,e o homem deveria manter o seulivre-arbítrio e juízo crítico, em-bora aceitando a orientação dasEscrituras. Erasmo também enxer-gava passagens em que Jesus su-gere o livre-arbítrio, e por issoconcluía que, na dúvida, o ho-mem deveria agir como se a sal-vação dependesse de suas obras,esforçando-se por si mesmo co-mo se não estivesse salvo, ao in-vés de entregar-se à ideia dogmá-tica de estar garantido pela fé.

Ainda outras vezes a históriada Teologia e da Filosofia polari-zou-se numa dicotomia do pen-samento de Jesus, em detrimentoda completude magnífica que asua síntese harmônica oferecia.Mas conquanto essas diástolesdo pensamento tenham provocadocontendas, foi também impor-tante para o exercício do racio-cínio que essas divisões didáticase simplificadoras da dialética cris-tã ocorressem. Se ao menos con-seguirmos aprender com este pro-cesso de evolução histórica, po-deremos evitar a continuidadedessa cisão, e reconstituir a meta-física de Jesus em sua potênciaintegradora original, onde livre--arbítrio e Providência implicam--se mutuamente, ao invés de secontradizerem.

6MATEUS, 6:28

7Não só na oração Pai Nosso como tam-bém em Mateus (7:21; 12:46-50); João(4:34), e em muitas outras passagens maisindiretamente.

8JOÃO, 5:19-38, 14:8-10.

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arco Túlio Cícero (106--43 a.C), memorável fi-lósofo e escritor latino

da Antiguidade, definiu Sociedadecomo “o campo de relações inter-subjetivas, ou seja, das relaçõeshumanas de comunicação”,1 con-dição que abrangeria: “a) a totali-dade dos indivíduos entre os quaisocorrem essas relações [...]; b) umgrupo de indivíduos entre os quaisessas relações ocorrem em algumaforma condicionada ou determi-nada”.1 Este conceito foi conside-rado muito adiantado para a épo-ca, principalmente porque separaos aspectos estatal e social, até en-tão mantidos unidos pelos escri-tores gregos clássicos.1 Ao demons-trar que a sociedade é indepen-dente do Estado, da sua orga-nização política, Cícero concluiem sua obra De finibus honorumet malorum, IV, 2, 4: “Nascemospara a agregação dos homens e pa-ra a Sociedade e a comunidadedo gênero humano”.2 Originadaí o conceito universalmenteaceito de Sociedade como o “agru-pamento de seres que convivemem estado gregário e em colabo-ração mútua”.3

Para o Espiritismo, “Deus fez ohomem para viver em sociedade.Não lhe deu inutilmente a palavrae todas as outras faculdades ne-cessárias à vida de relação”.4 Con-siderada lei natural, a vida em so-ciedade é imprescindível ao pro-gresso intelectual e moral:

O homem deve progredir. Sozi-

nho, isto não lhe é possível, por

não dispor de todas as facul-

dades; falta-lhe o contato com

os outros homens. No isolamen-

to ele se embrutece e definha.5

Allan Kardec considera tambémque nenhum “homem dispõe defaculdades completas. Mediante aunião social eles se completam mu-tuamente, para assegurarem o seubem-estar e progredirem. É por is-so que, precisando uns dos ou-tros, os homens foram feitos paraviver em sociedade e não isolados”.6

É consenso científico que a so-ciedade humana evolui de formagradual, tendo como ponto de par-tida o momento em que os primi-tivos habitantes do Planeta for-maram os primeiros agrupamen-tos nas cavernas. Com o passar

das eras, o contato social condu-ziu à organização de tribos ou clãsque, ao se entrelaçarem, formaramcidades e nações, viabilizadas peloprocesso civilizatório. Assim orga-nizada, a sociedade adquiriu o tí-tulo de civilização e os seus mem-bros o status de povo civilizado. Se-gundo a Filosofia e a Ciência, acivilização resulta da aquisição doconhecimento, isto é,“ato ou efeitoda capacidade humana de apreen-der intelectualmente ou por efeitoda experiência”.7

Com a Doutrina Espírita, en-tendemos que o conhecimento éacumulado pelo Espírito nas su-cessivas reencarnações e nos está-gios no plano espiritual. Governa-do pela Lei do Progresso, sai doprimitivo estado de ignorância oude natureza, desenvolve marchaascensional até alcançar os pín-caros da evolução em cada mun-do por onde transita. O estado denatureza é definido como

[...] a infância da Humanidade

e o ponto de partida do seu de-

senvolvimento intelectual e mo-

ral. Sendo o homem perfectí-

vel e trazendo em si o gérmen

27Fevere i ro 2012 • Reformador 6655

M

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Uma nova sociedade?

Page 28: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

28 Reformador • Fevere i ro 20126666

do seu aperfeiçoamento, não

foi destinado a viver perpetua-

mente no estado de natureza,

como não foi destinado a viver

eternamente na infância. O es-

tado de natureza é transitório e

o homem dele sai em razão do

progresso da civilização. [...]8

A história da civilização huma-na assinala marcos evolutivos, di-daticamente denominados:9 Pré--História – surgimento do homemna Terra até 4000 a.C., cujas ca-racterísticas dominantes são inten-so nomadismo, atividades de caçae pesca, início da agricultura e dapecuária, surgimento da escrita naMesopotâmia e delineamento dasprimeiras cidades. Idade Antiga ouAntiguidade – de 4000 a.C. a 476d.C., com a queda do Império Ro-mano no Ocidente. É a época doflorescimento das grandes civili-zações (egípcia, palestina, meso-potâmica, iraniana, fenícia e as clás-sicas greco-romanas). Idade Mé-dia – de 476 a 1453, com a toma-da de Constantinopla pelos turcose ascensão do Império Otomano.O feudalismo (organização sociale política fundamentada na rela-ção contratual servo-senhor) de-fine o período, assim como a agri-cultura de subsistência, o trabalhoservil, a ausência de moeda e docomércio com predomínio do sis-tema de trocas (escambo). No finalda Idade Média e início da Mo-derna surge um período especial,muito fértil no campo do conhe-cimento humano, denominado Re-nascimento. Idade Moderna – 1453a 1789, ano da Revolução Francesa.

A invenção da imprensa, os des-cobrimentos marítimos e o surgi-mento do capitalismo são os acon-tecimentos relevantes. Idade Con-temporânea – de 1789 aos diasatuais. Configurada por aceleradodesenvolvimento científico e tec-nológico, conflitos armados degrandes proporções e globalizaçãoda economia e do poder.

Ainda que em todos os tempos e

lugares sempre tenham ocorrido

mudanças, as chamadas socieda-

des tradicionais fixaram hábitos

mais duradouros que ordena-

vam a vida de forma padroni-

zada, com estilos de vida mais

resistentes a alterações, sempre

introduzidas de maneira grada-

tiva. No entanto, no final do

segundo milênio podemos falar

em mudança de paradigma, por-

que os parâmetros que vinham

orientando nossa forma de pen-

sar, valorar e agir desde o Renas-

cimento e Idade Moderna entra-

ram em crise, e muito rapida-

mente. Estamos vivendo a era da

sociedade de informação, ges-

tada pelas grandes descobertas

tecnológicas no campo da auto-

mação, robótica e microeletrô-

nica, que transformaram de ma-

neira radical todos os setores de

nossas vidas: a influência da mí-

dia e da informática acelerou o

processo de globalização, a par-

tir de uma rede de comunicação

que nos coloca em contato com

qualquer lugar do mundo.10

Em razão do significativo pro-gresso intelectual, não restam dúvi-

das de que uma nova sociedade sedesenha no cenário evolutivo daHumanidade, ainda que esta se re-vele crônica e moralmente enfer-ma. Esta é a principal razão de sur-girem, por toda parte, os mais di-ferentes tipos de conflitos existen-ciais. Kardec afirma, então:

A época atual é de transição;

os elementos das duas gera-

ções se confundem. Colocados

no ponto intermediário, assis-

timos à partida de uma e à

chegada de outra, já se assina-

lando cada uma, no mundo,

pelas características que lhes

são peculiares.11

O período de transição, e o queimediatamente se lhe segue, de-nominado período de regeneração,não são desconhecidos do estu-dioso espírita, pois foram anun-ciados por Jesus, no seu Evange-lho, sob o título Sermão Proféticoou Discurso Escatológico, descri-to por Mateus (24:1-28); Marcos(13:1-23) e Lucas (21:5-24).

Segundo historiadores e cientis-tas sociais, a transição ficou niti-damente definida a partir dos “anos1960 e meados da década de 1970,na coincidência histórica de trêsprocessos independentes: revolu-ção da tecnologia da informação,crise econômica do capitalismo edo estatismo e a consequente rees-truturação de ambos; e o apogeude movimentos sociais culturais,tais como libertarismo, direitos hu-manos, feminismo e ambientalis-mo. A interação entre esses pro-cessos e as reações por eles desen-

Page 29: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

cadeadas fizeram surgir uma novaestrutura social dominante, a so-ciedade em rede”.12

No meio espírita, especula-seque a transição teria iniciado como advento do Consolador Prome-tido por Jesus, coincidente com apublicação de O Livro dos Espíri-tos. Todavia, independentementede quando a transição iniciou, me-rece destacar que os conflitos pre-sentes na era da transição afetam,de frente, a organização familiar ea educação dos filhos, exigindo-sedos genitores e dos educadores cui-dados mais intensos, no lar e naescola, a fim de que as provaçõese desafios não desestruturem afamília e, por tabela, a sociedade.É prioritário, pois, investir na edu-cação moral das novas geraçõescom o mesmo empenho que já sedá à sua instrução.

Até aqui, a Humanidade tem

realizado incontestáveis pro-

gressos. Os homens, com a sua

inteligência, chegaram a resul-

tados que jamais haviam alcan-

çado, sob o ponto de vista das

ciências, das artes e do bem-estar

material. Resta-lhes, ainda, um

imenso progresso a realizar: fa-

zerem que reinem entre si a cari-

dade, a fraternidade e a solida-

riedade, que lhes assegurem o

bem-estar moral. Não poderiam

consegui-lo nem com as suas

crenças, nem com as suas insti-

tuições antiquadas, resquícios

de outra idade, boas para certa

época, suficientes para um esta-

do transitório, mas que, havendo

dado tudo que comportavam,

hoje seriam um entrave. O ho-

mem já não necessita somen-

te de desenvolver a inteligência,

mas de elevar o sentimento; pa-

ra isso, faz-se preciso destruir

tudo o que superexcite nele o

egoísmo e o orgulho. [...]13

Referências:1ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castillo

Benedetti. 4. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 2003. p. 912.2______. ______. p. 913.3HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de

Salles. Dicionário Houaiss da língua por-

tuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

p. 176.

4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 766.5______. ______. Q. 768.6______. ______. Comentário de Kardec à

q. 768.7ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castillo

Benedetti. 4. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 2003. p. 624-630.8KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Comen-

tário de Kardec à q. 776.9PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA. Disponível

em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Periodi

zacao_da_Historia>.10ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MAR-

TINS, Maria Helena Pires. Filosofando –

introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo:

Moderna, 2003. Cap. 1, p. 26.11KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2011. Cap. 18, it. 28, p. 545.12ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MAR-

TINS, Maria Helena Pires. Filosofando –

introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo:

Moderna, 2003. Cap. 1, p. 27.13KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2011. Cap. 18, it. 5, p. 516.

29Fevere i ro 2012 • Reformador 6677

Page 30: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

Prezado leitor,

om alegria o Movimento Espírita comemo-ra, em 2012, os 35 anos daCampanha Permanente de

Evangelização Espírita Infantojuve-nil. A tarefa, que visa levar a Dou-trina Espírita e a mensagem deJesus aos corações das crianças edos jovens, expande-se e solidifi-ca-se pela ação amorosa de abne-gados lidadores da EvangelizaçãoEspírita que buscam, mesmo ano-nimamente, a crescente qualida-de do trabalho e o alcance plenodos objetivos evangelizadores.

Resultados dessa bela semeadu-ra já podem ser vistos em todos osrincões brasileiros e internacionais.Crianças de ontem assumem-sehoje como tarefeiros da seara espírita, nos múlti-plos campos de sua atuação, buscando contribuir naconstrução do mundo novo.

Mediante essa significativa ação, serão comparti-lhadas, mensalmente, mensagens e reflexões quepossam auxiliar evangelizadores, dirigentes de casas

espíritas e familiares na dinamização da Campanha eno desenvolvimento da tarefa de Evangelização.

Além de artigos, informações, estudos e experiên-cias, este espaço contará com a co-luna “Opinião dos Espíritos sobre aEvangelização”, destinada à apresen-tação de mensagens de benfeitoresespirituais como Emmanuel, Bezerrade Menezes, Guillon Ribeiro, Joan-na de Ângelis, Francisco Thiesen,Vianna de Carvalho, dentre outrosirmãos que acompanham a tarefada Evangelização e que trabalham,há muito,para que suas ações logremêxito junto ao público infantojuvenil.

Como parte da comemoração evisando à crescente organização dotrabalho, será realizado no mês dejulho deste ano o VI Encontro Na-cional de Dirigentes de DIJ das En-

tidades Federativas Estaduais, momento em que se-rão aprofundados assuntos relacionados à ação evan-gelizadora junto à infância, à juventude e à família,bem como elaborado o “Plano de Trabalho para aÁrea de Infância e Juventude”, em articulação com o “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasi-leiro (2007-2012)” da Federação Espírita Brasileira.

Prossigamos, assim, juntos, para o alvo!2

30 Reformador • Fevere i ro 20126688

Evangelização Espírita Infantojuvenil

1Evangelização: desafio de urgência (Mensagem). In: FRANCO,Divaldo. Terapêutica de emergência. Salvador: LEAL, 1983. p. 21--25. Apud. Apostila “Evangelização Espírita Infantojuvenil: O queé?”, FEB Editora.

2Inspirado em Paulo, Filipenses, 3:14 – “Prossigo para o alvo”.

“Evangelização Espírita é Sol nas almas, clareando o mundo inteiro sob as constelações das estrelas dos Céus, que são os Bem-aventurados do Senhorempenhados em seu nome, pela transformação urgente da Terra, em ‘mundo

de regeneração’ e paz.” – Amélia Rodrigues1

35 anos daCampanha Permanente

C

Page 31: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

31Fevere i ro 2012 • Reformador 6699

Pergunta a Bezerra de Menezes (Em comemoraçãodo 5o ano de lançamento da Campanha Permanente deEvangelização Espírita Infantojuvenil – 1982).

1. Qual a importância da Evangelização EspíritaInfantojuvenil na formação da Sociedade do TerceiroMilênio?

Reconhecendo-se no Espiritismo evangélico apresença do Consolador, do Paracleto, consoante aspromessas de Jesus, disseminando por toda a Ter-ra as luzes cristalinas da Verdade e despertando aconsciência humana para a era porvindoura deuma autêntica compreensão espiritual da Vida, nãoé difícil entender-lhe a abençoada missão evangeli-zadora do mundo com vistas ao futuro onde asmais sublimes esperanças de felicidade na Terra seconcretizarão.

Considerando-se, naturalmente, a criança como oporvir acenando-nos agora, e o jovem como o adulto deamanhã, não podemos, sem graves comprometimentosespirituais, sonegar-lhes a educação, as luzes do Evan-gelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, fazendo brilhar emseus corações as excelências das lições do excelso Mestrecom vistas à transformação das sociedades terrestrespara uma nova Humanidade. (Grifo nosso.)

O momento que atravessamos no mundo é difícile sombrio, enquanto as sociedades terrestres neces-sitam, mais e mais, dos tocheiros do Evangelho, a fimde que não se percam nos meandros do mal ou

resvalem nos penhascos do crime os corações menosexperientes e as almas desavisadas. O sublime minis-tério da Evangelização Espírita Infantojuvenil nos pedeprosseguir e avançar. (Grifo nosso.)

Nestes anos de transição que nos separam de novomilênio terrestre, é imprescindível abracemos, comempenho e afinco, a tarefa da evangelização junto àsalmas infantojuvenis, tão carentes de amor e sabe-doria, porém, receptivas e propícias aos novosensinamentos. E isto, com a mesma ansiedade epresteza com que o agricultor cedo acorda para o ar-roteamento do solo, preparando a sementeira de suasesperanças para as abundantes messes da colheitapretendida.

Assim, faz-se inadiável buscarmos os serviços quenos competem junto à evangelização da criança e dojovem para que as comunidades terrestres, edificadasem Jesus, adentrem o Terceiro Milênio como alicer-ces ótimos de uma nova civilização que espelhe, nomundo, o Reino de Deus.

Bezerra de Menezes

(Mensagem recebida pelo médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro, em

sessão pública no dia 2/8/1982, na Casa Espírita Cristã, em Vila

Velha, Espírito Santo.)

Fonte: Reformador, ano 100, n. 1.843, p. 26(310)-28(312),

out. 1982.

Opinião dos Espíritos sobre a Evangelização

Page 32: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

32 Reformador • Fevere i ro 20127700

ssim que os homens pre-tenderam entender a sipróprios e ao mundo que

os cercava, rompendo com o pen-samento mítico, surgiu, na GréciaClássica, a Filosofia. Desde então,conhecer e conhecer-se passarama ser temas dominantes, instigan-do os filósofos. Como consequên-cia, deu-se uma questão cabal: de

onde provém o conhecimentoque demonstram ter alguns indi-víduos que, não tendo sido pre-viamente instruídos ou orientados,sabem como agir sobre o mundoà sua volta?

Dentre as primeiras escolasfilosóficas – entre elas, a de Pitá-goras – admitia-se que esse co-nhecimento teria sido adquiridoem existências prévias. Na con-dição de continuadores do pen-samento pitagórico, Sócrates ePlatão permaneceram defenden-do a ideia da preconcepção doconhecimento. Segundo eles, em-bora não nos lembremos das vi-vências passadas, os conceitos e

ideias lá adquiridos permanecemconosco, constituindo um patri-mônio inalienável, do qual a al-ma fará uso quando necessário ouconveniente.

O tempo passou para os ho-mens e, também, para os filóso-fos. Séculos depois, no início dachamada Idade Moderna, o filó-sofo francês René Descartes, ten-tando explicar o motivo de as in-dividualidades possuírem algumconhecimento íntimo, antecipada-mente existente, asseverou que aracionalidade é um dom naturaldo homem, ou seja, existe antes deseu nascimento.

A origem doconhecimento humano

ALI C U RG O SOA R E S D E LAC E R DA FI L H O

Page 33: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

Contrapondo-se ao Raciona-lismo de Descartes, surgiu o filó-sofo inglês John Locke. Em suasobservações sobre o mundo, Lo-cke teorizou que o conhecer seorigina tão somente na experiên-cia sensorial e reflexiva e que,antes da experimentação, o espí-rito humano seria como uma“folha em branco”, uma tábularasa. Com tal hipótese, o presti-giado filósofo pretendeu derro-gar a teoria das “ideias inatas”,concluindo que todo o conheci-mento resultaria de percepçõessensíveis, experimentadas na pró-pria existência. Surgia aí o Em-pirismo.

Admiráveis em suas reflexões ena busca insaciável pela origem doconhecimento, os filósofos per-quirem, reflexionam, extrapolamo imaginável, divagam e ousam iralém. Enquanto isso, à margem dassuposições, o conhecimento dámostras patentes de sua preexis-tência, particularmente, quandose revela por meio da ação dascrianças. Pois, afinal, quantas sãoas que causam admiração, emtenra idade, por falar em línguas“mortas”, discursar sobre a com-plexidade das ciências médicas,“brincar” com a Matemática, sur-preender-nos na execução de in-trincadas peças musicais, para asquais seriam necessárias dezenasde anos de aperfeiçoamento? Nãoseria adequado dizer que elas es-tão apenas dando vazão ao queaprenderam em existências ante-riores?

Aparentemente, essas são ques-tões que continuarão afligindo

os filósofos durante muito tempo,pois, afinal, eles são como nós,isto é, Espíritos trilhando a cami-nhada evolutiva, repletos de dúvi-das e incertezas.

Todavia, muito antes de surgi-rem as teorias racionais e empiris-tas, Jesus, sabedor das inseguran-ças do espírito humano, antecipa-ria nossa compreensão acerca dapossibilidade de adquirirmos co-nhecimento em vidas pretéritas,ao posicionar-se diante dos ques-tionamentos de um fariseu de ele-vada estirpe, afirmando:

Mas, se não me credes, quan-

do vos falo das coisas da Terra,

como me crereis, quando vos

fale das coisas do céu? (João,

3:1-12.)

Hoje, graças ao Espiritismo,mesmo não estando investidos das

capacidades desenvolvidas pelosfilósofos, sabemos que o conheci-mento provém das inúmeras ex-periências vividas, durante as se-guidas encarnações, e que ao co-nhecimento do indivíduo se somao de seus pares, e é esta soma quenos permite prosseguir na contí-nua construção do futuro. Afinal,juntamente com o desenvolvimen-to moral, o conhecimento – sejaindividual ou coletivo –, consti-tui-se no legítimo patrimônio doEspírito.

Referências:KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap.

4, it. 5.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à histó-

ria da filosofia, dos pré-socráticos a

Wittgenstein. 10. ed. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar Editora, 2006.

33Fevere i ro 2012 • Reformador 7711

Aos nossos prezados colaboradores solicitamos o obséquiode enviarem seus artigos, desde que sejam inéditos, para o e-mail<[email protected]>, digitados, de preferência, noprograma Word, fonte Times New Roman, tamanho de fonte 12,régua 15, justificado. O texto, para ser devidamente ilustrado, deveconter: até 30 linhas (1 página), até 80 linhas (2 páginas) e até 110linhas (3 páginas).

Nas citações, mencionar as respectivas fontes (autor, título daobra, edição, local, editora, capítulo e página), em nota de rodapéou referência bibliográfica.

Em face da grande quantidade de artigos recebidos, a Redaçãonão se compromete com a publicação de todos, arquivando os nãopublicados, independentemente de comunicação aos seus autores.

Agradecemos o apoio e a compreensão de todos, e que pos-samos continuar unidos na tarefa de divulgação da DoutrinaEspírita.

Aos Colaboradores

Page 34: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

or iniciativa da Universala Esperanto-Asocio –UEA (Associação Universal de Esperanto), omovimento esperantista mundial está sendo

convocado a uma participação intensa e fecunda nacomemoração dos 125 anos de existência da LínguaInternacional Neutra, criada pelo médico polonêsLázaro Luís Zamenhof e lançada ao mundo em 26 dejulho de 1887.

Um grupo especialmente formado para a condu-ção das atividades, sob a coordenação do nosso esti-mado amigo Renato Corsetti, ex-presidente da UEAe bem conhecido dos espíritas brasileiros, já propõeduas linhas de ação:

• que as associações esperantistas nacionais instituam

cursos na web, em suas respectivas línguas, sem

prejuízo dos cursos presenciais existentes. Como

auxílio valioso, o presidente da Internacia Ligo

de Esperantistaj Instruistoj – ILEI (Liga Internacional

dos Professores Esperantistas), Stefan

MacGill, prepara novo texto para

um curso do idioma na rede, o

Kurso 125;

• que as mencionadas associações

criem um setor de informações aos

veículos de comunicação de mas-

sa, cujo responsável possa colabo-

rar com a UEA, nesse contexto re-

presentada por Brian Barker, tradu-

zindo, adaptando e divulgando em

seus respectivos países os textos para esse fim,

produzidos por Brian.

Dentre o material já elaborado pelo grupo daUEA, transcrevemos um texto com sucintas infor-mações sobre o esperanto e o movimento que odivulga, em tradução do francês:

O esperanto, criado em 1887 pelo médico polonês

Lázaro Luís Zamenhof, é a língua mais jovem do

mundo e completará

agora seus 125

anos de exis-

tência. É uma

língua inter-

nacional, de

aprendiza-

do relativa-

mente fácil,

125 anos doEsperanto

P

34 Reformador • Fevere i ro 20127722

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Page 35: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

já reconhecida e utilizada oficialmente em vasta

escala mundial.

Com uso considerável na Internet e no turismo,

possui rica literatura original e traduzida, sendo

também utilizada no teatro, no cinema e na música.

Estações de rádio do Brasil, China, Cuba e Vaticano

transmitem regularmente em esperanto, bem como

a televisão chinesa que disponibiliza muitos progra-

mas através da Internet.

Apesar de existir há apenas 125 anos, o esperanto

figura atualmente entre as 100 línguas mais utiliza-

das dentre as 6.800 existentes no mundo inteiro,

ocupando o 27o lugar na Wikipédia, ao mesmo tem-

po em que se constitui como língua de opção no

Google, Skype e Facebook.

É usado na vida cotidiana em nível mundial, com

crescimento bastante acentuado de usuários na Ásia

e na África. A Associação Universal de Esperanto

(UEA) mantém relações de cooperação com a Orga-

nização das Nações Unidas (ONU) e com o Con-

selho Europeu.

A utilização crescente do esperanto é constatada

pelas transmissões da televisão chinesa e nos anún-

cios publicitários de uma empresa britânica, a

British Telecom. O governo britânico tem recrutado

tradutores esperantófonos.

Entre os esperantófonos de nascimento (isto é,

pessoas que usam a língua desde que nasceram)

encontram-se: a tetracampeã mundial de xadrez

feminino, Susan Pólgar, o novo embaixador da

Alemanha na Rússia, Ulrich Brandenburg, o prê-

mio Nobel de Medicina, Daniel Bovet, e o finan-

cista George Soros, os quais aprenderam o espe-

ranto na infância. O esperanto, portanto, se expan-

de cada vez mais.

Novas páginas da web com cursos e manuais de

estudo <http://www.lernu.net/> recebem 125.000

visitantes por dia, enquanto a página Esperanto

Wikipédia registra 400.000 acessos/dia.

A Federação Espírita Brasileira (FEB), que apoia oesperanto desde 1909, de alguma forma já realiza o que é sugerido nas supracitadas linhas de ação pro-postas pelo grupo da UEA, pois mantém cursos gra-tuitos, presenciais, de esperanto, desde 1912, ativida-de que se faz centenária no corrente ano. Quanto acursos na web, ela por enquanto se limitará a divul-gar, na Seção de Esperanto de seu Portal, os links deacesso aos diversos cursos existentes bem como aosque venham a ser instituídos.

No que diz respeito à informação, a FEB a realizapor meio das páginas do seu órgão oficial, a revistaReformador, atingindo considerável universo de lei-tores, em sua imensa maioria amigos, simpatizantesda Língua Internacional Neutra e de seus ideais, alémde usar o idioma na divulgação da Doutrina Espírita,assim contribuindo para o enriquecimento da litera-tura através de traduções de alto nível.

35Fevere i ro 2012 • Reformador 7733

Page 36: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

humanidade terrestre jáperpassou vários séculos deexistência em sua caminha-

da ascendente rumo à evolução.Paulatinamente cursou o oceano

do tempo, trabalhando na aquisi-ção de seu aprendizado intelectuale na assimilação das virtudes in-dispensáveis ao melhoramento deseu patamar moral.

São as “duas asas” tão faladaspela Doutrina Espírita, a “asa” doconhecimento e a “asa” das boasqualidades, condutoras à metamaior do amor.

Entretanto, não raro o ser hu-mano trafega pela estrada da vidacomo viajante descuidado, desper-diçando benditas oportunidades detrabalho no bem, buscando insen-satamente isentar-se das responsa-

bilidades que sua razão e suacondição de Espírito encarnado lheimpõem.

Ele segue indiferente, sem ver“com olhos de ver”, os irmãos queandam a seu lado, muitas e muitasvezes tão necessitados de seuauxílio... ou, envolto no manto daacomodação, crendo ser seu cor-po físico algo que só a ele perten-ce, dedica-se a desfrutar da exis-tência neste planeta como se elafosse indestrutível...

Um engano, que já lhe trouxemuitas desilusões e dores...

Retiremos as escamas do orgu-lho e do egoísmo que ainda nossombreiam o olhar e atentemosàs mensagens repetidas dos queri-dos benfeitores do Plano Maior,

enviados de Jesus que, seguidamen-te, nos conclamam ao entendi-mento e à ação adequada efetiva.

Portanto, devemos meditar so-bre os esclarecimentos que já pos-suímos, estabelecendo uma con-versa com nós mesmos.

Homem, Espírito imortal quevagueias nas plagas da veste física,abre teus olhos e vê:

– a bênção que é, para ti, o vasode carne que envolve a flor do teuEspírito, desabrochando para aperfeição!

– a misericórdia do Pai, que tepermite essa nova romagem terre-na, a fim de que repares erros co-metidos no pretérito!

– a responsabilidade que é tua,diante das dificuldades da vida nes-te orbe, muitas delas, aliás, esco-

A

“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulose conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” – Jesus. (João, 8:31-32.)

IVO N E MO L I NA RO GH I G G I N O

Não vaciles!

36 Reformador • Fevere i ro 20127744

Page 37: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

lhidas por ti mesmo antes daimersão na veste somática!

– os deveres que te cabem naevolução e desenvolvimento damagnífica obra do Criador!

– a lição de amor que o doceRabi da Galileia trouxe a seus ir-mãos, esclarecendo e exemplifican-do como chegar até o Pai!

– a realidade da vida após asuposta “morte”!

Vê, enfim, que és bendito entreos benditos, pois já te sabes filhodo Deus amantíssimo e miseri-cordioso!

Os doces embaixadores do Mes-tre seguem nos alertando, nestaépoca de transição do planeta,consequente da transformaçãoíntima dos Espíritos que o habi-tam:

Não vaciles!Não te retardes na tarefa a

cumprir!Não te conserves na retaguarda

da estrada a seguir!Não duvides do amparo constan-

te dos Trabalhadores do Cristo!...Irmãos, não podemos mais

alegar ignorância, nem deixar-nosentregar ao acomodamento e àindiferença criminosos.

Caminhemos decididos, por-tando em nossas mentes, em nos-sos corações e em nossas mãos osublime estandarte do amor, o qual,se vivenciado, conduzir-nos-á aosbraços do Pai, Doador da Vida detodo o Universo.

Sigamos em paz, com a consciên-cia tranquila pelo esforço dispendi-do nesse “bom combate” rumo àperfeição e à plena felicidade!

Este é o nosso bendito destino!

37Fevere i ro 2012 • Reformador 377755

Deus conta contigoOuço-te, às vezes, coração amigo,

Em torno ao bem, numa questão qualquer:

“Farei... Conseguirei... Conta comigo...

Se Deus quiser, se Deus quiser...”

Mas não te alteres, a pretexto disso,

De segundo a segundo, estrada a estrada,

A vontade de Deus é revelada

Em bondade e serviço.

Fita os quadros da gleba, campo afora;

Tudo o que existe, vibra, luta e sente,

Serve constantemente,

Dia a dia, hora a hora!...

De alvorada a alvorada, o Sol fecundo,

Sem aguardar requerimento,

Garante sem cessar o equilíbrio do mundo

De seu carro de luz no firmamento.

A fonte, a deslizar singela e boa,

Passa fazendo o bem,

Dessedenta, consola, alivia, abençoa

Sem perguntar a quem...

Sem recorrer a humanos estatutos,

Nem a filosofias enganosas,

A laranjeira estende os próprios frutos,

A roseira dá rosas...

O lírio não se ofende nem reclama:

Sobre a terra onde alguém lhe deitou a raiz,

Seja em vaso de estufa ou num trato de lama,

Desabrocha feliz.

Assim no mundo, coração amigo,

Faze o bem onde for, seja a quem for;

Em toda parte, Deus conta contigo

Na tarefa do amor.

Maria Dolores

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia da espiritualidade. 6. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2011. Cap. 2.

Page 38: Ano 129 • Nº 2.195 • Fevereiro 2012

empre degustei com espe-cial prazer a declaração emepígrafe de Sir Isaac New-

ton e me senti gratificado por ve-rificar que há muitos cientistascomo ele que não se constrangempor tornar público tão alto nívelde humildade. Vários falaram deforma similar, ao longo do tempo,sobre assuntos da mais alta inda-gação para a Humanidade.

Apresento a opinião de cincodeles e, em paralelo, as explana-ções correspondentes de AllanKardec, que pesquisei na Doutri-na Espírita. O propósito é tríplice:enriquecer o cabedal doutrináriodos que se debruçam sobre essesmagnos temas; demonstrar que ocerne duro da Ciência está sen-do amolgado paulatinamente porseus próprios luminares; e consta-tar com satisfação, mais uma vez,quanto o Codificador esteve aci-ma e além de seu tempo.

A Doutrina é incrivelmenteatemporal e o que a torna imbatí-vel é a sua porosidade nuclear, ou

seja, a sua capacidade ativa oupropriedade intrínseca de absor-ver progressivamente, através daseras, a Verdade científica ou re-velada, tal como estabelecido porseu sistematizador.

I – Causa Primeira

Se um universo pudesse criar-sepor si mesmo, encarnaria os pode-res de um criador, e seríamos força-dos a concluir que o Universo éDeus. (George Davis, físico.)1

“Julga-se o poder de uma inte-ligência pelas suas obras. Não po-dendo nenhum ser humano criaro que a Natureza produz, a causaprimeira é, portanto, uma inteli-gência superior à Humanidade.

Quaisquer que sejam os prodí-gios realizados pela inteligência hu-mana, ela própria tem uma causa e,quanto maior for o que realize, tantomaior há de ser a causa primeira.Essa inteligência superior é que éa causa primeira de todas as coisas,

seja qual for o nome pelo qual ohomem a designe.” (Allan Kardec.)2

II – Origem da Vida

A probabilidade de ter a vida seoriginado por acaso é comparável àprobabilidade de um dicionáriocompleto resultar de uma explosãonuma tipografia. (Edwin Conklin,biologista.)1

“A harmonia que regula as forçasdo Universo revela combinações epropósitos determinados e, por is-so mesmo, denota um poder inteli-gente. Atribuir a formação primeiraao acaso seria um contrassenso,pois o acaso é cego e não pode pro-duzir os efeitos que a inteligênciaproduz. Um acaso inteligente jánão seria acaso.” (Allan Kardec.)3

III – Sentido da Vida

O homem que considera sua vidae a de seus semelhantes destituí-da de sentido não é apenas infeliz;

38 Reformador • Fevere i ro 20127766

S

“A mim mesmo pareço ser apenas um menino que brinca à beira da praia, de vez em quando achando uma pedra mais polida ou uma concha mais bonita,

enquanto o grande oceano da verdade se estende ignoto diante de mim.” (Sir Isaac Newton, matemático.)1

MÁ R I O FR I G É R I

Ciência, cientistas eCiência Espírita

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é quase desqualificado para a vida.(Albert Einstein, físico teórico.)1

“Quem quer que haja meditadosobre o Espiritismo e suas conse-quências e não o circunscreva àprodução de alguns fenômenosterá compreendido que ele abre à Humanidade uma estrada nova elhe desvenda os horizontes do in-finito. Iniciando-a nos mistérios domundo invisível, mostra-lhe o seuverdadeiro papel na criação, papelperpetuamente ativo, tanto no esta-do espiritual, como no estado cor-poral. O homem já não caminha àscegas: sabe donde vem, para ondevai e por que está na Terra. O futu-ro se lhe revela em sua realidade,despojado dos prejuízos da igno-rância e da superstição. Já não setrata de uma vaga esperança, masde uma verdade palpável, tão certacomo a sucessão do dia e da noite.Ele sabe que o seu ser não se achalimitado a alguns instantes de umaexistência transitória; que a vidaespiritual não se interrompe porefeito da morte; que já viveu e tor-nará a viver e que nada se perde doque haja ganho em perfeição; emsuas existências anteriores deparacom a razão do que é hoje e reco-nhece que: do que ele é hoje, qual sefez a si mesmo, poderá deduzir o quevirá a ser um dia.” (Allan Kardec.)4

IV – Ciência e Religião

Não pode haver conflito entreCiência e religião. A Ciência é ummétodo idôneo de descobrir a ver-dade. A Ciência está em desenvol-vimento; mas um mundo que tem

Ciência precisa mais do que nuncada inspiração que a religião oferece.(Arthur H. Compton, físico.)1

“Assim como a Ciência propria-mente dita tem por objeto o estu-do das leis do princípio material,o objeto especial do Espiritismo é oconhecimento das leis do princí-pio espiritual. Ora, como este últi-mo princípio é uma das forças daNatureza, a reagir incessantementesobre o princípio material e reci-procamente, segue-se que o co-nhecimento de um não pode estarcompleto sem o conhecimento dooutro. O Espiritismo e a Ciência secompletam reciprocamente; a Ciên-cia, sem o Espiritismo, se acha naimpossibilidade de explicar certosfenômenos só pelas leis da maté-ria; ao Espiritismo, sem a Ciência,faltariam apoio e comprovação. Oestudo das leis da matéria tinhaque preceder o da espiritualidade,porque a matéria é que primeirofere os sentidos. Se o Espiritismotivesse vindo antes das descober-tas científicas, teria abortado, co-mo tudo quanto surge antes dotempo.” (Allan Kardec.)5

V – Observador do Cosmos

Entrego-me ao meu deslumbra-mento. Tremo. Deus esperou 6.000anos por um observador de suaobra. Sua sabedoria é infinita; oque ignoramos está contido nele,como também o pouco que sabemos.(Johannes Kepler, astrônomo.)1

“Senhor! pois que te dignastelançar os olhos sobre mim para

cumprimento dos teus desígnios,faça-se a tua vontade! Está nastuas mãos a minha vida; dispõedo teu servo. Reconheço a minhafraqueza diante de tão grande ta-refa; a minha boa vontade nãodesfalecerá, as forças, porém, tal-vez me traiam. Supre à minha de-ficiência; dá-me as forças físicas emorais que me forem necessárias.Ampara-me nos momentos difí-ceis e, com o teu auxílio e dos teuscelestes mensageiros, tudo envi-darei para corresponder aos teusdesígnios.” (Allan Kardec.)6

A Nova Ciência

Da criação do Universo à ori-gem da vida, da comprovação daimortalidade da alma ao propósi-to da existência humana, da con-vivência entre Ciência e Religião àcontemplação da obra de Deus,Allan Kardec vai irradiando o lu-me de seu Evangelho, haurido naplêiade que lhe coroa a missão ejorra em sua alma as luzes domundo espiritual. É o cumprimen-to da profecia: “E serão todos en-sinados por Deus”.

Desse intercâmbio sagrado sur-giu para o mundo a Ciência Es-pírita, pendant imprescindível daoutra, da qual se distingue exclu-sivamente pelo objeto. Enquantoa Ciência, nascida da experimen-tação humana, atua sobre o fenô-meno, a Ciência sorvida da dis-pensação divina atua sobre o nô-meno – a causa cáusica do fenô-meno –, de que se originam todasas coisas em todos os planos deexistência.

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E assim, convocado ao serviçodo Alto, o laborioso operário nãopestaneja um segundo sequer. Ora.Medita. Vigia. Trabalha. E levanta,de sua pequenina janela galácticaem Paris, para os céus pluridi-mensionais do Universo, os olhosfaiscantes de estrelas. Observa nãoapenas seis mil anos de evolução,mas aproximadamente cinco bi-lhões de anos, desde o vagido pri-mal do nosso Sistema Solar até oadvento (ainda futuro) da NovaJerusalém Celestial, coroamento econsumação da tumultuosa Histó-ria da Humanidade. E realiza, emmenos de 15 anos, o que os ho-mens mais eminentes do planetanão lograram realizar em 15 séculos.

Kardec é o homem que deusentido à vida, colocando o eixoespiritual do mundo nos mancais.E tudo isso porque esse afiadoobservador da obra de Deus nãoestacou na observação; pelo con-trário, ao perceber a sublimidadedo material que os invisíveis colo-cavam em suas mãos, mergulhou

de imediato no trabalho, fazendoa transubstanciação do pão do Céuem pão dos homens.

Com exceção de Jesus, nin-guém teve no mundo tão amplacosmovisão das coisas transcen-dentais. E o grande iniciador daNova Era teve o mérito de regis-trar em obras imortais, com lavo-res diamantinos, tudo o que viu,ouviu e experimentou, em benefí-cio da Humanidade. Como eleconseguiu esse prodígio? Talvezuma analogia com nosso epigra-fado possa iluminar a questão.

Certa feita, uma dama pergun-tou a Sir Isaac Newton, duranteum jantar:

– Como foi que o senhor desco-briu a lei da gravidade, Sir Isaac?

– Pensando constantemente ne-la, minha senhora – foi a resposta.

Kardec fez o mesmo com o Es-piritismo, mas com uma notáveldiferença: enquanto a maçã des-pencou aos pés de Newton, reve-lando-lhe a lei da gravidade, o fru-to da Árvore da Vida desceu sua-

vemente sobre as mãos de Kardec,revelando-lhe as leis do Infinito. Ahistória não diz se Newton comeuo famigerado fruto, mas Kardecsaboreou o seu e se iluminou, dis-ponibilizando em seguida o dou-rado pomo a quem dele quiserfazer uso.

Referências:1SELEÇÕES DO READER'S DIGEST, mar.

1963. Nove cientistas falam de religião,

p. 73.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Comen-

tário de Kardec à q. 9.3______. ______. Comentário de Kardec à

q. 8.4______. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro.

52. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. 18, it. 15.5______. ______. Cap. 1, it. 16.6______. ______. Obras póstumas. Trad.

Guillon Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. P. 2, A minha primeira

iniciação no Espiritismo, Minha missão,

p. 314-315.

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em compreendido, massobretudo bem sentido,o Espiritismo conduz for-

çosamente aos resultados acimaexpostos, que caracterizam o ver-dadeiro espírita como o verdadeirocristão, pois que ambos são a mes-ma coisa. O Espiritismo não crianenhuma moral nova; apenas faci-lita aos homens a compreensão ea prática da moral do Cristo, facul-tando uma fé inabalável e esclare-cida aos que duvidam ou vacilam.

Muitos, entretanto, dos queacreditam nos fatos das manifes-tações não compreendem as suasconsequências, nem o seu alcancemoral, ou, se os compreendem, nãoos aplicam a si mesmos. A que sedeve isso? A alguma falta de clarezada Doutrina? Não, visto que ela nãocontém alegorias nem figuras quepossam dar lugar a falsas interpre-tações. A clareza é da sua própriaessência e é isso que constitui a suaforça, porque vai direto à inteligên-cia. Nada tem de misteriosa e seusiniciados não se acham de posse denenhum segredo oculto ao vulgo.

Será então preciso, para com-preendê-la, uma inteligência forado comum? Não, porque se veemhomens de notória capacidade quenão a compreendem, ao passoque inteligências vulgares, moçosmesmo, mal saídos da adolescên-cia, lhe apreendem, com admirá-vel precisão, os mais delicados ma-tizes. Isso resulta de que a parte

por assim dizer material da ciênciarequer somente olhos que obser-vem, enquanto a parte essencialexige um certo grau de sensibilida-de, a que se pode chamar de matu-ridade do senso moral, maturidadeque independe da idade e do graude instrução, porque é inerente aodesenvolvimento, em sentidoespecial, do Espírito encarnado.

Em algumas pessoas, os laçosda matéria são ainda bastante te-nazes para permitirem que o Es-pírito se desprenda das coisas daTerra; o nevoeiro que os envolvetira-lhes toda a visão do infinito,razão pela qual eles não rompemfacilmente com os seus gostos, nemcom seus hábitos, não compreen-dendo que haja qualquer coisa me-lhor do que aquilo de que são dota-dos. Para eles, a crença nos Espíritosé um simples fato, mas que poucoou nada lhes modifica as tendên-cias instintivas. Numa palavra, nãopercebem mais que um raio deluz, insuficiente para guiá-los e lhesfacultar uma vigorosa aspiração,capaz de vencer as suas inclinações.Prendem-se mais aos fenômenosdo que à moral, que lhes parecebanal e monótona. Pedem inces-santemente aos Espíritos que os ini-ciem em novos mistérios, sem pro-curar saber se já se tornaram dignosde penetrar os segredos do Criador.São os espíritas imperfeitos, algunsdos quais ficam a meio caminhoou se afastam de seus irmãos em

crença, porque recuam diante daobrigação de se reformarem, ouentão guardam as suas simpatiaspara os que compartilham de suasfraquezas ou de suas prevenções.Entretanto, a aceitação do princí-pio da Doutrina é um primeiropasso que lhes tornará mais fácil osegundo, em outra existência.

Aquele que pode ser, com ra-zão, qualificado de espírita verda-deiro e sincero, se acha em grausuperior de adiantamento moral.O Espírito, que nele domina a ma-téria de modo mais completo, dá--lhe uma percepção mais clara dofuturo; os princípios da Doutrinalhe fazem vibrar as fibras que nosoutros se conservam inertes. Numapalavra: é tocado no coração, daípor que é inabalável a sua fé. Umé como o músico, a quem bastamalguns acordes para comover, aopasso que o outro apenas ouvesons. Reconhece-se o verdadeiroespírita pela sua transformaçãomoral e pelos esforços que empregapara domar suas inclinações más.Enquanto um se contenta com oseu horizonte limitado, outro, queapreende alguma coisa de melhor,se esforça por desligar-se dele esempre o consegue, desde quetenha firme a vontade.

Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho se-

gundo o espiritismo. Trad. Evandro No-

leto Bezerra. 1. reimp. (atualizada). Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Cap. 17, it. 4.

BOs bons espíritas

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Seara Espírita

FEB: Diversidade Religiosa e DireitosHumanos

No dia 30 de novembro, em Brasília, a Ministra Chefede Estado da Secretaria de Direitos Humanos daPresidência da República, Maria do Rosário Nunes,instalou o Comitê de Diversidade Religiosa no Brasil,com abertura do seminário “Democracia, Paz, Reli-gião”. O Comitê, que tem como objetivo reconheceras diferenças, superar a intolerância e promover adiversidade entre os diferentes segmentos religiososque atuam no território nacional, contou com a pre-sença, no Encontro, de representantes dos diferentessegmentos religiosos. A FEB foi representada pela di-retora Marta Antunes de Moura. Informações: <www.direitoshumanos.gov.br>; <[email protected]>.

Mato Grosso: Mediunidade, Caminho paraRedenção

Com apoio da Federação Espírita do Estado de MatoGrosso, ocorreu nos dias 10 e 11 de dezembro, noCentro de Eventos do Pantanal, o seminário “Mediu-nidade: Caminho para Redenção”. Realizado em Cuia-bá, contou com a presença de Suely Caldas Schubert.Informações: <www.feemt.org.br>.

Paraná: Perdão e AutoperdãoA Federação Espírita do Estado do Paraná realizouno dia 11 de dezembro, no ExpoUnimed, um semi-nário com o tema “Perdão e Autoperdão”. Ocorridoem Curitiba, contou com a coordenação de SandraDella Pola. Informações sobre o seminário: <www.feparana.com.br>.

Rio de Janeiro: Encontro Espírita-EsperantistaCom o tema “O Esperanto e a Lei de Liberdade”,ocorreu no dia 4 de dezembro, na Sociedade EspíritaJorge, o 18o Encontro Espírita-Esperantista do Esta-do do Rio de Janeiro. Com a participação da pales-trante Alcione Koritzky, foi realizado em Vila Isabel eorganizado pelo Serviço de Esperanto da Área deDivulgação do Conselho Espírita do Estado do Riode Janeiro. Informações: <www.ceerj.org.br>.

Rio Grande do Sul: Estudos da AssociaçãoJurídico-Espírita

No dia 10 de dezembro, ocorreu no Estado do RioGrande do Sul, com apoio da Federação Espírita doEstado do Rio Grande do Sul, o Grupo de Estudosda Associação Jurídico-Espírita do Estado. O eventoocorreu na própria sede da Federação e contou como apoio da Federação Jurídico-Espírita do Rio Grandedo Sul. Informações: <www.fergs.org.br>.

São Paulo: Estudo da obra Direito e EspiritismoNo dia 3 de dezembro foi realizado, no Grupo Espí-rita Luz e Amor, o seminário “Estudo da obra Direitoe Espiritismo”. Promovido pela Associação Jurídico--Espírita do Estado de São Paulo (AJE-SP) e com apoioda União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo, ocorreu na cidade de Franca, aberto a todos.O evento foi transmitido ao vivo pela Internet. Infor-mações: <www.ajesaopaulo.mktnaweb.com>.

Candelária (RN): Semana EspíritaOcorreu de 29 de novembro a 3 de dezembro de2011 a 13a Semana Espírita do Candelária. Comapoio da Federação Espírita do Rio Grande do Nortefoi realizada pela Associação Espírita do Candeláriacom o tema “Médiuns e Mediunidade”. A semana fazparte das comemorações efetuadas durante o ano de2011 dos “150 anos de O Livro dos Médiuns”. Infor-mações: <www.fern.org.br>.

Paraíba: Seminário e PalestraDurante reunião do Conselho Federativo Estadualda Federação Espírita Paraibana, no dia 14 de janei-ro, houve apresentação sobre o tema “Centro Es-pírita: Visão Geral” (síntese do Curso de Gestão adistância oferecido pela FEB), com atuação de Ro-berto Fuina Versiani, da equipe da Secretaria-Geraldo CFN da FEB. No mesmo dia, à noite, ocorreu oinício do seminário “Transição Planetária”, com Di-valdo Pereira Franco fazendo parte das comemora-ções dos 96 anos da FEPb. Informações: <[email protected]>; <[email protected]>.

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