análise geoecológica da bacia hidrográfica do rio
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VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física
II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física
Universidade de Coimbra, Maio de 2010
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Análise Geoecológica da Bacia Hidrográfica do Rio Trairussu,
Aquiraz/Ceará - Brasil
Francisco Otávio Landim Neto
Universidade Federal do Ceará
Francisco Davy Braz Rabelo
Universidade Federal do Ceará
Edson Vicente da Silva
Universidade Federal do Ceará
Introdução
O litoral cearense, com seus 575 quilômetros de extensão linear possui uma
variedade de paisagens que são peculiares por sua beleza cênica e importância
ecológica caracterizada por está numa zona de interface entre o meio continental,
marinho e atmosférico podendo ser considerado com uma sub região. Um geossistema
sujeito a constantes intercâmbios de fluxo de matérias e energia. Tal fato leva a
ocorrência de níveis de estabilidade natural bastante frágil, onde o manejo adequado
de suas feições naturais é necessário para a conservação dos seus recursos, bem como
do conjunto do espaço geográfico litorâneo.
Entre os ambientes de maior importância ecológica e econômica do litoral,
destacam-se as planícies fluviais e áreas estuarinas que são ocupadas por manguezais,
sendo um dos responsáveis pela produtividade pesqueira e pela estabilidade da linha
de costa. A conservação está diretamente ligada a harmonização paisagística (atrativo
turístico) e a produção biológica (pesca e aqüicultura), sendo, portanto justificáveis
que pesquisas sejam realizadas visando uma maior compreensão de suas estruturas e
processos atuantes, bem como analisar os seus atuais estágios de ocupação.
Nas últimas décadas, tem ocorrido uma intensificação nas formas de uso e
ocupação do litoral cearense, com conseqüente perda da qualidade ambiental e de
vida das comunidades pesqueiras. Vasconcelos (2005) afirma que: A população
litorânea disputa um mesmo espaço geográfico para as mais diversas atividades e
Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
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finalidades, entre elas, a habitação, a indústria, o comércio, a agricultura, a pesca, o
lazer e o turismo. Torna-se natural que um espaço restrito pelo adensamento
populacional, grupos distintos disputem uma mesma área para atividades diferentes,
mas muito conflitantes e até mesmo antagônicas. A ocupação desse espaço concorrido
está entre as principais causas de riscos ambientais na zona costeira (VASCONCELOS,
2005 p.31).
Devido à interdependência existente entre os elementos que compõem a planície
litorânea, intervenções sociais não planejadas, irão certamente afetar todo o conjunto
de unidades e modificar os fluxos de matéria e energia. Desta forma, a definição e
delimitação do potencial de suporte, áreas de risco e vulnerabilidades das unidades
ambientais, tratam-se de importantes ferramentas de gestão e planejamento. Silva
(1993) reforça que: As medidas de planejamento do espaço geográfico não devem se
basear exclusivamente nos aspectos sócio-econômicos, mas também sobre as
condições ecológicas, buscando a racionalização das mesmas, por meio da
interdisciplinaridade é possível a elaboração de propostas de planejamento que
adequem-se ao uso dos recursos naturais e a transformação do meio ambiente (Silva,
1993 p.25).
Cabe ainda destacar que o planejamento ambiental possui grande importância na
compreensão e analise da realidade das comunidades litorâneas, com isso o ato de
planejar deve ser construído e reconstruído com a população que habita as
comunidades das áreas litorâneas, sendo que os diversos problemas visualizados
devem ser sanados com a participação conjunta dos sujeitos planejadores.
Caracterização da Área de Estudo
As bacias hidrográficas da Região Metropolitana de Fortaleza representam um
conjunto de bacias das mais diversas formas e tamanho, cobrindo uma área total de
15.085 km², corresponde a 10,18% do território cearense. Compreendendo um
agrupamento de 16 microbacias, abriga o mais importante centro consumidor de água
do Estado do Ceará que corresponde a Região Metropolitana de Fortaleza, onde a
disponibilidade hídrica tem sido insuficiente para o atendimento da população como
também para o suprimento das diferentes atividades econômicas desenvolvidas. No
momento está sendo necessário importar água de outras bacias hidrográficas,
principalmente através de transposição hídrica por meio do Canal do Trabalhador e do
eixo Castanhão/ R.M.F, que tem suas águas distribuídas por 31 municípios cearenses
localizados, na sub região nordeste do estado do Ceará. As sub-bacias da sub região
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estão posicionadas no sentido oeste-leste, estando representadas pelos rios: São
Gonçalo, Gereraú, Cauipe, Juá, Ceará, Maranguape, Cocó, Coaçu, Pacoti, Catu,
Caponga Funda, Caponga Roseira, Malcozinhado, Uruau, Pirangi e Choro.
A área de estudo em questão se configura em um setor geográfico da Bacia
Hidrográfica do rio Catú localizada no município de Aquiraz conforme a classificação da
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará. O rio Trairussu possui uma área
de drenagem com aproximadamente 20 Km² trata-se de um corpo hídrico de caráter
perene, com escoamento ocorrendo tanto durante o período seco como chuvoso. A
figura 01 indica a área de localização da sub bacia do rio Trairussu.
Fonte: Landim, 2010
Unidades Geoecológicas da Bacia Hidrográfica
Na área da bacia, efetivou-se a delimitação de diferentes unidades/ feições da
paisagem que foram delimitadas de acordo com os procedimentos metodológicos que
seguem os referenciais contidos em estudos integrados concernentes a sociedade e
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natureza. Para o estabelecimento das unidades geoecológicas da paisagem foi utilizada
a geomorfologia como a variável de importância fundamental, pois os limites do relevo
e as feições morfológicas são mais facilmente identificadas e delimitadas. A partir da
delimitação fez-se uma caracterização geoecológica das unidades encontradas na área
de estudo, sendo definidas as seguintes unidades de paisagens.
1. Faixa Praial
A faixa de praia é constituída por sedimentos holocênicos que formam um depósito
continuo alongado pela extensão da costa, desde a linha de maré baixa até a base das
dunas móveis. Tais sedimentos são formados por areias quartzosas sujeitas á ação
abrasiva das marés que lhe fornece uma dinâmica resultando em continuas mudanças
nas formas.
Está unidade geoecológica possui um importante potencial paisagístico para as
atividades de lazer e turismo. Porém torna-se necessário destacar que as
características geográficas deste ambiente lhes confere um alto grau de instabilidade
estando dessa forma sujeitas a mudanças constantes. Os pescadores utilizam a praia
como ancoradouro das jangadas usadas na pesca realizada no mar garantindo a
sobrevivência familiar através da atividade pesqueira.
2. Campo de Dunas Móveis
As dunas de geração mais recente com seus sedimentos arenosos de granulometría
fina, não apresenta uma evolução pedogenética eficiente. Essas dunas compõem
cordões paralelos a faixa praial, tendo sua gênese morfológica condicionada á ação
eólica que transporta as areias finas depositadas na praia até o interior.
O caráter de ambiente recém constituído, restringe o desenvolvimento de uma
cobertura vegetal evoluída, sendo que ou está desprovida de espécies vegetais ou
colonizada de forma incipiente por uma vegetação pioneira Psamófila, de fisionomia
herbácea e gramínea, ausência de uma cobertura vegetal significativa forma o
ambiente bastante instável geomorfologicamente, uma vez que os ventos mobilizam
seus sedimentos arenosos, fazendo as dunas moveis migrarem sobre outras unidades
geoecológicas, com as planícies lacustres e fluviais.
3. Campo de Dunas Fixas
Constituído por dunas bioestabilizadas pela vegetação, e organizadas em cordões
arenosos mais afastados da linha de costa, essa unidade geoecológica é bastante
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diferenciada das dunas moveis. Apresenta um horizonte superficial desenvolvido a
partir da ação biológica favorável a uma evolução pedológica mais eficiente.
A vegetação Subperenifólia de dunas contribui efetivamente na estabilização do
relevo e na formação de um microclima com temperaturas mais amenas e com
maiores teores de umidade edáfica e atmosférica. As dunas fixas atuam como uma
barreira ecológica reduzindo o avanço do relevo de dunas móveis sobre outras
unidades geoecológicas.
Além de propiciar habitats para diferentes espécies animais, vegetais, os campos de
dunas móveis e fixas, apresentam um grande reservatório de água subsuperficiais que
alimentam por percolação os ambientes de planícies lacustres, fluviais e fluvio-
marinhas. Destaca-se que são áreas protegidas ambientalmente e constituem um dos
mais importantes potenciais paisagísticos naturais.
4. Planície Fluvio Marinha.
O rio Trairussu desemboca no riacho Barro Preto que possui depósitos Fluvio
marinhos acumulados pela ação conjunta de processos continentais e marinhos,
caracterizados pela deposição de sedimentos finos, siltosos e argilosos, sendo ricos em
matéria orgânica.
A mistura da água doce dos rios com a água salgada do mar que penetra por meio
das marés no continente favorece a formação e desenvolvimento da vegetação de
mangue, representada por espécies arbóreas como o mangue-vermelho (Rhizophora
mangle), o mangue-preto (Avicennia Schaucriana e Avicennia germinans), o mangue
branco (Laguncularia racemosa), e o mangue ratinho (Conocarpus erectus). Essas áreas
apresentam solos lamacentos e muito escuros em virtude da grande quantidade de
matéria orgânica, os solos são salinos e ácidos, não tendo capacidade edáfica para
cultivos agrícolas.
Devido a contínua disponibilidade de nutrientes este ecossistema possui um
elevado número de espécies da fauna que utiliza os manguezais para alimentação,
reprodução e abrigo. Com a alta capacidade de reprodução, a maioria dos peixes,
crustáceos e moluscos possuem um poder de recuperação populacional bastante
acentuado, desde que não seja interrompido o ciclo reprodutivo dessas espécies, nem
haja excessiva exploração de determinadas espécies ou ainda marcantes alterações
ambientais (Silva, 1987).
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5. Tabuleiros Pré- Litorâneos
Trata-se de uma superfície plana com um caimento suave em direção a linha da
costa, exerce e recebe grande influência em relação a planície litorânea uma vez que
há um permanente intercambio de sedimentos com suas unidades geoecológicas. Seus
solos dominantes são as Areias Quartzosas Distróficas, de baixa fertilidade estando
associadas aos Podzolicos Vermelho-Amarelos Distróficos, encontra-se recobertos por
uma vegetação secundaria, a vegetação subcaducifolia de Tabuleiro.
Devido a um uso e exploração continua e intensa, a cobertura vegetal original foi
significativamente degradada onde tem-se a predominância das seguintes espécies
vegetais: coqueiros; cajueiros; cultivo de mandioca, milho e feijão. Atualmente há o
predomínio da atividade agrícola e pecuária, sendo que a vegetação natural, foi
substituída por cultivos permanentes de frutíferas (cajueiros, coqueiros e mangueiras)
e cultivos de subsistência.
6. Planícies Fluviais
As planícies fluviais é uma feição típica de acumulação que são formadas pelas
ações e deposições dos rios, com sedimentos formados por areias grossas, silte e
argila. As áreas de acumulação fluvial são constituídas pelas margens e terraços do rio
Trairussu com seus afluentes, são nessas áreas onde se apresentam as melhores
condições de solo aluviais com presença de matéria orgânica de boa fertilidade
natural. Nessas áreas aluviais se desenvolve a Vegetação Ribeirinha que é composta
por arvores de grande porte, sendo também adequados para as culturas agrícolas,
sobressaindo-se o feijão, milho, cana-de-açúcar e a mandioca.
Há terrenos mais próximos ao curso d água que possuem um maior acumulo hídrico
superficial, favorecendo seu uso agrícola durante quase todo ano. As áreas mais
afastadas dependem das águas das chuvas e das cheias fluviais para poderem produzir
agricolamente.
7. Planície Lacustre
A lagoa da Encantada, que representa o maior corpo hídrico superficial da área de
estudo, possui amplas superfícies de inundação em ambas as margens. Essas planícies
lacustres possuem características ambientais similares aos das planícies fluviais, apesar
de serem territorialmente mais largas.
O histórico de uso e ocupação levou a destruição da vegetação ribeirinha
anteriormente presente nas margens da lagoa, atualmente as mesmas são ocupadas
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por cultivos de caráter temporário, característicos da agricultura de subsistência local
como batata-doce, macaxeira, mandioca, feijão e milho. Algumas hortaliças são
produzidas nos terrenos mais altos, sendo irrigados com água da lagoa. A Figura 02
indica a delimitação cartográfica das unidades geoecológicas da Bacia Hidrográfica.
Fonte: Landim, 2010
A Construção Metodológica de Um Estudo Integrado
Procurou-se realizar uma pesquisa de caráter interdisciplinar, decidindo-se optar
por uma abordagem metodológica sistêmica, onde a analise socioambiental está
voltada para uma visão de síntese do conjunto do espaço geográfico estudada.
A concepção sistêmica consiste em uma abordagem de qualquer diversidade da
realidade estudada (objetos, propriedades, fenômenos, relações, problemas,
situações) regulada em um outro grau que se manifesta mediante algumas categorias
sistêmicas, tais como: estrutura, elemento, meio, relação e intensidade. (RODRIGUES,
VICENTE & CAVALCANTI, 2007, pg. 41)
Dessa forma, o sistema do espaço geográfico pode ser definido como um conjunto
de elementos que possuem relação entre si, formando uma unidade e integridade, ou
seja, um complexo único, organizado formado pela organização dos objetos ou partes.
O planejamento ambiental pode e deve se basear na analise da paisagem que
consiste na caracterização das diversas funções do meio ambiente, a distribuição das
atividades econômicas e as diferentes atividades da população, com vista a garantir a
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utilização racional dos recursos naturais, humanos e econômicos acarretando na
melhor organização do espaço geográfico
Incitado pela política de reconhecimento e valorização de terras virgens na URSS,
em 1962, Sotchava utilizou os princípios sistêmicos e a noção de paisagem e
apresentou algumas conceituações. Para o autor Geossistema é a expressão dos
fenômenos naturais, ou seja, o potencial ecológico de determinado espaço no qual há
uma exploração biológica, podendo incluir fatores sociais e econômicos na estrutura e
expressão espacial, porém, sem haver necessariamente, face aos processos dinâmicos,
uma homogeneidade interna.
Conforme Bertrand (1978) a paisagem é uma determinada porção do espaço, o
resultado da combinação dinâmica, portanto, instável, de elementos físicos, biológicos
e humanos reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem parte da paisagem um
conjunto único e indissociável.
Tricart (1977) considera o ecossistema como um todo no qual os seres vivos são
dependentes entre si e do meio que vivem o que permite agrupar áreas homogêneas
quanto às relações mútuas entre os fatores de potencial ecológico e exploração
biológica. Ao trabalhar a ecodinâmica – dinâmica dos ecossistemas – o autor apresenta
uma preocupação com a degradação ambiental, sua metodologia objetiva ajudar no
planejamento e utilização do meio natural a fim de não permitir sua devastação. Cabe
destacar que Jean Tricart estabeleceu dentro da Ecodinâmica uma classificação dos
meios: meios estáveis, os meios intermediários e os meios fortemente instáveis.
Chistofoletti (1979) observa que a abordagem e valorização do quadro natural; os
movimentos relacionados com a crise ambiental; a difusão das perspectivas sistêmicas
e das técnicas de analise multivariada e a preocupação em fornecer bases necessárias
para o planejamento sócio-econômico contribuem para a caracterização, estrutura e
dinâmica das paisagens naturais.
Para Rodrigues, Silva e Cavalcanti (2004), a paisagem é vista como um sistema de
conteúdos, atrelados pela interação em três níveis de sistemas ambientais: a paisagem
natural (ecossistema) formada pela interação de elementos e componentes naturais e
antropo-culturais; a paisagem social. È vista como a área onde vive a sociedade
humana; a paisagem cultural, resultado da ação da cultura ao longo do tempo,
modelando-se por um grupo social a partir de uma paisagem natural. Inclui a paisagem
visual, o percebido e o valorizado.
A partir destas concepções teórico-metodológicas, é que a pesquisa se desenvolveu,
analisando não apenas a paisagem propriamente dita, mas as inter-relações que se
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estabelecem com o meio, os fatores sociais, econômicos e ambientais, percebendo as
influências que determinam a dinâmica da área em estudo.
Utilização e Conservação dos Recursos Naturais
Torna-se necessário destacar algumas características de utilização e conservação
dos recursos naturais que são utilizados pela comunidade do rio Trairussu que está
localizada no entorno do referido rio. A mesma é constituída por 47 famílias ocupando
uma área de planícies fluviais e tabuleiro litorâneo. A área está localizada no município
de Aquiraz, distante a cerca de 60 Km do centro da cidade de Fortaleza. Atualmente a
comunidade conta com 270 moradores, onde nota-se que as atividades econômicas
estão relacionadas com a agricultura de subsistência pesca e o extrativismo vegetal.
Na área de estudo em questão a comunidade do rio Trairussu observa-se um
acentuado processo de adensamento provocados por construções residenciais que
resultam em impactos relativos á contaminação de águas superficiais como o despejo
de efluentes sem tratamento, contaminação do aqüífero subterrâneos pela falta de
serviços de esgotamento sanitário, deposição de resíduos sólidos em áreas
inapropriadas, tendo em vista que inexiste a coleta seletiva do lixo pelo poder publico.
Percebe-se também a existência de desmatamentos, queimadas que são causadas
pela prática da agricultura de subsistência como também pela extração de madeira
utilizada como combustível.
O desmatamento provoca desequilíbrios como a erosão lacustre de encostas e o
conseqüente assoreamento acelerado dos cursos de água (localizados nas margens ao
rio), aumento da evaporação da umidade do solo e das águas superficiais, acarretando
no rebaixamento do lençol freático. Os impactos ambientais presentes na planície
fluvial decorrem das formas de uso e ocupação, principalmente relacionado ao
extrativismo vegetal e agricultura de subsistência.
Porém cabe destacar que a planície fluvial se constitui em uma das principais fontes
de alimentos, pois a comunidade recorre a mesma para a fim de tirar o seu sustento
diário, com peixes e aves que fazem parte da dieta alimentar. Torna-se necessário
destacar que a utilização destas planícies relaciona-se especialmente pelo
umedecimento das áreas próximas, com a formação de várzeas, facilitando o plantio e
desenvolvimento de policulturas temporárias de subsistência, tendo em vista que são
encontrados solos de maior fertilidade.
Nas planícies fluvio-marinhas a dinâmica natural atua de forma significativa, em
função do recobrimento vegetal propiciado pelo manguezal e pela deposição de
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sedimentos ao longo dos cursos de água e nas margens tem-se um gradativo aumento
das atividades humanas relacionadas ao extratisvimo vegetal, pesca, caça, pecuária
extensiva. O quadro 01 estabelece os principais problemas sócio ambientais da área de
estudo.
Diagnóstico dos Principais Problemas Sócio-Ambientais
PROBLEMA CAUSA GRAVIDADE UNIDADES. GEOECOLOGICAS
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Desmatamento Retirada da vegetação primaria; Utilização de madeira como combustível
Media Campo de dunas fixas; Planície Fluvio Marinha e Tabuleiro Litorâneo.
2 Desemprego Falta de estruturas cooperativas e baixo nível educacional local
Grande Planícies Fluviais e Lacustres, Tabuleiros Litorâneos
3 Alcoolismo Falta de Ocupação e Desemprego
Grande Planícies Fluviais e Lacustres; Tabuleiro Litorâneo
4 Poluição Hídrica Inexistência de Saneamento Básico
Grande Planícies Fluviais; Lacustres, e Fluviomarinhas
5 Queimadas Preparação da terra para a prática agrícola denominada de Coivara
Grande Campo de dunas fixas, Campo de dunas móveis, Planície Fluvial e Tabuleiro Litorâneo
6 Acumulo de Lixo Queima, Deposição em espaços públicos
Grande Planícies Fluviais e Lacustres; Tabuleiro Litorâneo
Fonte: Landim, 2010
Diante destes problemas sócio ambientais pertencentes à área de estudo faz-se
necessário propor ações ambientais conjuntas que possuem caráter de minimizar ou
até mesmo extinguir os problemas sócio ambientais existentes na comunidade.
Resultados e Discussões
As condições ambientais da área pesquisada apresentam-se diferentes níveis de
ocupação e degradação com feições diferenciadas de paisagens: faixa de praia; as
dunas moveis e semi fixas; os tabuleiros pré-litorâneos; a planície fluvio marinha e as
planícies fluviais e lacustres.
Nestas diferentes unidades geoecológicas, com exceção das dunas e planícies
fluviomarinhas os recursos são utilizados de forma expressiva, especialmente com a
prática da agricultura de subsistência, extrativismo e a pesca que são as principais
atividades econômicas desenvolvidas na comunidade do rio Trairussu. O quadro 02
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apresenta as potencialidades, limitações e uso compatível das unidades geombientais
presentes na área de estudo.
Fonte: Landim, 2010
Algumas propostas foram sugeridas e discutidas em conjunto com a comunidade
local com o intuito da implantação das mesmas, lista-se algumas das principais
propostas discutidas:
I – Incentivar a adubação orgânica, enterrando a própria vegetação por ocasião do
preparo do plantio possibilitando dessa forma o aumento da fertilidade do solo e
melhoria na produtividade agrícola;
Potencialidade/ Limitação Uso Compatível
Faixa Praial
- Importante potencial paisagístico para atividades de lazer e Turismo.
- Restrições para qualquer tipo de construção dada a influência direta das marés e instabilidade ecodinâmica.
- Atividades de lazer para a população
-Práticas de (Trilhas ecológicas), ecoturismo e balneabilidade
Dunas Móveis e Fixas
- Elevado potencial para atividades de lazer, porém de forma
racional. - Excelente potencial de águas subterrâneas - Ambientes limitados para atividades agrícolas e
construções dada a constante remobilização de sedimentos - Áreas de Preservação Permanente, devem ser protegidas
para turismo ecológico.
- Ambientes que dever ser
conservados, podendo-se ser utilizado para fins de lazer desde que de forma racional.
-Turismo ecológico e trilhas.
Planície Fluvio Marinha
-Ambientes apresentam alta biodiversidade e capacidade
produtiva do ponto de vista da flora e fauna. - Potencial hidrológico de superfície e subsuperficie - Proteção da linha de costa e possibilidade de pesca e
mariscagem controlada, respeitando o período do defeso.
- Ecossistemas sujeitos a preservação,
porem podem ser utilizados de forma racional para pesca e moluscos, crustáceos e peixes.
- Aquicultura racional, e turismo ecológico e cientifico.
Tabuleiros Pré- Litorâneo
- Apresentam limitações quanto a fertilidade dos solos - Bom potencial de recursos hídricos superficiais dada a
presença de lagoas e córregos durante o período chuvoso e limitado no período seco.
- Ausência total ou parcial de cobertura vegetal natural, limitado a utilização de frutos silvestres e da caça para fins alimentares.
- Áreas apropriadas para a cultura do caju, murici e agricultura de subsistência.
-Áreas favoráveis a instalção de infra-
estruturas e expansão de ocupações residenciais
Planícies Fluviais e Lacustres
- Presença de solos aluviais com elevada fertilidade natural - Bom potencial de águas superficiais e subterrâneas - As lagoas constituem em importantes locais de lazer e
pesca -Presença de sedimentos argilosos utilizados em cerâmicas - Algumas áreas sujeitas a inundações periódicas
- Pesca artesanal nas lagoas -Áreas favoráveis ao
desenvolvimento agrícola - Não indicadas para construções
devido as inundações periódicas e por terem patês de sua superfície como APP.
Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
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II – Eliminar as queimadas para permitir que a matéria orgânica se decomponha
naturalmente, introduzindo nutrientes orgânicos nos solos, caso contrario a
produtividade agrícola diminuirá gradativamente com o passar dos anos;
III – A pesca deve respeitar o ciclo reprodutivos de peixes e crustáceos, com
estabelecimento do período de defeso;
IV – A criação de pequenos animais domésticos (galinhas, patos, marrecos), para o
fornecimento de carne e ovos para a alimentação, obtendo um excedente para ser
comercializado;
V – Instalação de pequenas hortas, para a produção de legumes e verduras,
podem complementar a alimentação das famílias que vivem na comunidade do rio
Trairussu. Cabe destacar que algumas hortas já existem em algumas residências e
podem ser estimuladas a produção por famílias que ainda não possuem.
VI – Melhorias no saneamento básico devem ser implementadas, haja vista que as
instalações sanitárias que se encontram próximas aos poços de captação de água.
VII – Analises de amostras de água se fazem necessárias para o desenvolvimento
de um monitoramento da qualidade da água consumida pela comunidade com a
finalidade de se verificar níveis de contaminação.
VIII – Oficinas sobre educação ambiental em áreas de manguezal e reciclagem do
lixo devem serem elaboradas e ministradas junto a comunidade.
Essas propostas são sugeridas para a melhoria das situações ambientais e
socioeconômicas da comunidade, algumas delas já estão sendo implementadas.
Espera-se que os resultados obtidos com esse diagnóstico, possam contribuir para
melhorar a qualidade de vida da comunidade como também os incentive ainda mais a
lutar pela conservação do meio ambiente em que vivem, garantindo dessa forma uma
sobrevivência digna para a comunidade litorânea do rio Trairussu.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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