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Metodologias de Investigação em Educação Professor Doutor J. António Moreira Mestrado em Comunicação Educacional Multimédia, Universidade Aberta Ano letivo 2012/2013 ANÁLISE e INTERPRETAÇÃO da

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Metodologias de Investigação em Educação

Professor Doutor J. António Moreira

Mestrado em Comunicação Educacional Multimédia, Universidade Aberta

Ano letivo 2012/2013

ANÁLISE e

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Índice

1. Introdução ...................................................................................................................... 3

2. A Entrevista Semiestruturada e a Análise de Conteúdo ................................................... 4

2.1. Preparação e Realização da Entrevista ..................................................................... 4

2.2. A Análise de Conteúdo da Entrevista ........................................................................ 6

3. Síntese da entrevista realizada ........................................................................................... 9

4. Interpretação do conteúdo da entrevista ......................................................................... 12

5. Considerações Finais ........................................................................................................ 16

6. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 18

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1. Introdução

A entrevista em análise é semiestruturada e inserida num estudo de caso sobre as

representações de professores do ensino básico e secundário. As entrevistas

semiestruturadas possibilitam definir à priori um conjunto de perguntas orientadoras,

contudo não obrigam a que se siga a ordem do guião realizado ou se realizem todas as

questões pensadas, permitindo, ainda, que se coloquem outras questões que surjam no

decorrer da entrevista. Nesta perspetiva, este tipo de entrevista é vantajosa, pois (...) sem

coartar a possibilidade de imprimir alguma diretividade ao processo, garantem uma

confortável margem de liberdade aos inquiridos e permitem abordar assuntos do seu

interesse, sem deixar de respeitar os seus quadros de referência (Morgado, 2012).

Pretende-se conhecer a opinião dos professores do ensino básico e secundário sobre as

redes sociais; perceber como os professores participam ou poderiam participar nas redes

sociais; conhecer as expetativas dos professores relativamente ao uso das redes sociais no

ensino.

A professora entrevistada tem 57 anos e leciona na Escola Básica 2,3 nº 2 de Elvas, ao 2º

ciclo do ensino básico e pertence ao quadro da escola. O grupo de recrutamento da docente

é o 240 - EVT, pelo que leciona Educação Visual e Educação Tecnológica ao 5º e 6º ano de

escolaridade.

A seleção da amostra não foi aleatória, em primeiro lugar escolheu-se a escola referida

porque um dos elementos do grupo de trabalho lecionou durante dois anos letivos nessa

escola, pelo que a professora entrevistada foi sua colega de trabalho. Este método de

seleção de amostra, parece, à partida, por conveniência e não deixa de o ser, não obstante,

Lodico, Spaulding & Voegtle (2006) defendem que a escolha dos entrevistados é de suma

importância e que pode ser feita através da observação dos possíveis entrevistados (baseada

em critérios), facilitando assim a condução da entrevista. Ora, ao conhecer grande parte dos

professores da escola em questão, a escolha recaiu sobre pessoas que estariam disponíveis

para colaborar.

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Pelo exposto, a entrevista foi preparada através de diversas fases a fim de responder aos

objetivos definidos.

2. A Entrevista Semiestruturada e a Análise de Conteúdo

Neste ponto, serão abordados dois pontos essenciais que conduziram o trabalho: a

preparação e realização da entrevista semiestruturada; e a análise de conteúdo resultante

da entrevista realizada.

2.1. Preparação e Realização da Entrevista

Para a realização desta entrevista, foi necessária alguma preparação, nomeadamente a

elaboração de objetivos definidos e de um guião, de modo a obter uma certa ordem de

ideias e sequência lógica. As categorias, assim como as sub-categorias seguiram

determinados objetivos relacionados com a temática do trabalho.

Pode dizer-se que a entrevista é um meio de observação indireta, uma vez que o

investigador recolhe os dados que necessita para a sua investigação por intermédio doutro

indivíduo (o entrevistado) e não diretamente no terreno.

Os aspetos relacionais entre entrevistador e entrevistado condicionam o resultado da

entrevista e, por esta razão, torna-se necessário, antes de se efetuar a entrevista, que haja

um contacto prévio entre os dois sujeitos. Neste contacto prévio, o entrevistador deve

fornecer informações básicas que permitam a total confiança por parte do entrevistado.

Dentro destas informações, é de realçar a identificação do investigador, a identificação do

projeto e das suas finalidades, a identificação do tipo de informações que se pretende

recolher e, por fim, a garantia de confidencialidade das informações prestadas.

Para esta entrevista contactou-se o conselho executivo da escola em questão a fim de pedir

autorização para a realização da mesma nas instalações da escola. Uma vez autorizada a

entrevista, realizou-se o contacto prévio e direto com a Professora nas próprias instalações

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da Escola. Procurou-se definir o local onde seria realizada a entrevista, dentro da Escola,

para evitar interrupções, ruídos indesejados, etc. O local de uma entrevista deverá ser

agradável, cómodo e com claridade, de modo a proporcionar um bom ambiente. Se o local

não conter determinadas características pode condicionar a recolha de informações

pretendidas pelo entrevistador, pois o local é uma das condições essenciais para que se

estabeleça um grau de confiança necessário entre o entrevistador e o entrevistado. O local

escolhido para esta entrevista foi uma sala de reuniões de professores que estaria vazia na

hora estipulada para a entrevista.

Como já foi referido, a entrevista realizada foi do tipo semiestruturada (ou semi-diretiva) e é

um tipo de entrevista na qual o entrevistador expõe as perguntas ao entrevistado de modo a

que este possa refletir sobre elas, durante o período de tempo que achar necessário.

Quando o entrevistado responde a determinada questão, o entrevistador explora o

pensamento do entrevistado sem o deixar sair do tema, não o interrompe pois pretende

conhecer a pessoa alvo da entrevista.

O entrevistador deve ter a capacidade de captar a atenção do entrevistado estabelecendo

uma relação de empatia e cooperação. Para se estabelecer tal relação, é necessário que o

entrevistador mostre ao entrevistado que o sabe ouvir, ou seja, este acto de ouvir e de

compreensão pode e deve ser demonstrado durante a entrevista de diversas formas. De

acordo com Kvale (1996) o entrevistador deverá ter presente as seguintes características:

Conhecedor – Estar devidamente identificado com o focus da entrevista, poderão ser usadas

entrevistas piloto com a mesma tipologia na fase de preparação;

Estruturado – Clarificar a intenção da entrevista, questionar ao entrevistado se tem

perguntas para colocar;

Claro – As perguntas devem ser breves, de forma clara e simples;

Gentil – Permitir ao entrevistado a conclusão da resposta, tolerar pausas e permitir tempo

para pensar antes de efetuar a resposta;

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Sensível – Deve ouvir com atenção o que é referido, deve ser empático com os

entrevistados;

Aberto – responder ao que é relevante para o entrevistado, mostrando-se flexível;

“Manipulador” – Ter bem presente o que quer descobrir (esta característica poderá

encerrar alguma interpretação pejorativa, mas o que se pretende dizer é que o entrevistador

sinta segurança na exposição e respetivo controlo a conduzir a entrevista);

Crítico – Poder questionar o que foi referido para compreender inconsistências ou

incongruências por parte dos entrevistados;

Capacidade de recordar – Possibilidade de poder relacionar com o que foi dito

anteriormente;

Interpretativo – Tentar compreender os significados das declarações sem atribuir

importância às características pessoais do entrevistado.

No final da entrevista, o entrevistador deve agradecer o tempo dispensado, as informações

prestadas pelo entrevistado e, ainda reforçar a ideia de confidencialidade e a ideia do

quanto a sua colaboração será útil para a pesquisa.

2.2. A Análise de Conteúdo da Entrevista

Segundo o Professor Albano Estrela (1994), a expressão “análise de conteúdo” tem sido

utilizada num sentido restrito, ou seja, refere-se apenas às técnicas usualmente utilizadas

pelas Ciências Sociais para a exploração de documentos, excluindo, contudo, uma análise no

sentido linguístico e literário. Para além deste autor, muitos outros têm-se debruçado e

refletido sobre este tema, tendo, por conseguinte, surgido várias definições.

Partindo da definição de Berelson (1954), a análise de conteúdo é “uma técnica de

investigação que visa a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto

da comunicação.” Albano completa, afirmando que as etapas que se seguem na análise

correspondem a determinadas regras: a leitura inicial dos documentos para uma apreensão

global das suas características e avaliação das possibilidades de análise; a determinação dos

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objetivos da análise de acordo com as hipóteses emitidas; e finalmente, a determinação das

regras de codificação que nos leva a ver a redação como unidade de enumeração ou de

contagem.

Laurence Bardin (1970) propõe outra definição para o conceito de análise de conteúdo,

dizendo que é um conjunto de técnicas de análises das comunicações. Estas técnicas utilizam

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Segundo

este mesmo autor, a análise de conteúdo não possui um carácter quantitativo, mas

qualitativo.

Na opinião de Bardin, o importante não é a descrição dos conteúdos das mensagens, mas

sim as ideias que elas nos podem transmitir e ensinar, isto é, tentar obter o significado mais

puro das mensagens. Deste modo, o investigador, ao realizar os seus trabalhos, tem como

objetivo desvendar o verdadeiro significado das mensagens. Para isso ele parte das suas

hipóteses e determina as técnicas a utilizar e o sentido da análise.

Outro aspeto que Bardin salienta, tem a ver com o grau de importância dos contextos em

que ocorrem as relações. Por esta razão, torna-se essencial ter consciência destes mesmos

contextos, para que se torne mais fácil compreender o significado, as causas e os efeitos das

mensagens e assim, poderem realizar-se interferências mais ricas.

De acordo com esta autora (Bardin, 1970), a análise de conteúdo divide-se em três fases de

estudo: pré-análise, exploração e inferências.

A primeira fase, a pré-análise, constitui a fase de organização, através do levantamento de

hipóteses e/ou definições de objetivos. Este levantamento não é obrigatório, podendo por

isso, surgir no decorrer da análise. É ainda nesta fase que se escolhe o material que vai ser

objeto de análise.

Segue-se o segundo momento de análise, que pode ser longo e fastidioso, a exploração.

Nesta fase, o investigador toma decisões quanto à codificação e quanto à categorizarão em

função das regras elaboradas, ou seja, a é nessa fase que ocorre a transformação dos dados

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brutos do texto. A nível da codificação há a considerar o tipo de unidade de registo (palavras

frases, parágrafos) e a unidade de contexto.

Segundo Morgado (2012), para categorizar, primeiro temos que analisar a pertinência dos

elementos para que sejam isolados e devidamente classificados e reduzidos.

Posteriormente, os dados serão reagrupados por analogias a fim de servirem os interesses

da investigação.

Por fim, a terceira fase do processo de análise resume-se às inferências, podendo estas

serem de duas naturezas distintas:

- As inferências específicas, que se resumem aos casos estudados;

- As inferências gerais, que correspondem às generalizações e formulação de leis.

Deste modo, para se compreender as mensagens que se pretendem transmitir da entrevista

que é realizada, constrói-se uma grelha constituída por: categorias, onde se inserem os

temas que rodearam a entrevista e que, geralmente, seguem o mesmo padrão do guião de

entrevista, tendo até os mesmos termos que o guião; as sub-categorias, que especificam e

diluem os temas que são explicitados nas categorias, e que tornam a análise da entrevista

um pouco mais fácil de perceber; e, os indicadores juntamente com as unidades de registo,

dão a conhecer as ideias apresentadas pela entrevistada em mais pormenor, de modo a que

o leitor possa perceber em inteiro o que foi dito na entrevista, sem ter que a ler na íntegra.

Para a análise desta entrevista, foram seguidas as etapas estabelecidas por Bardin (1970).

Num primeiro momento, foi feita uma leitura flutuante da transcrição da entrevista que

permitiu posteriormente categorizar os dados brutos em unidades de registo. Optou-se por

efetuar uma codificação recorrendo a letras e números, em que as letras permitem separar

as respostas da entrevistada (exemplo: letra A refere-se à primeira resposta dada, e assim

sucessivamente), e os números são as várias unidades de registo dentro de cada resposta.

Permitiu assim separar as várias ideias considerando o discurso da entrevistada.

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Posteriormente, foi construída uma Grelha de Análise de Conteúdo (embora feita

individualmente) para sistematizar todas as unidades de registos em categorias específicas.

Estas categorias e sub-categorias foram definidas com base nas presentes no Guião da

Entrevista elaborado em grupo.

Esta grelha é um instrumento bastante importante porque permitiu fazer uma leitura mais

sistemática e objetiva de toda a entrevista, onde estão expressas todas as ideias e opiniões

da entrevistada. Nesta entrevista, considerou-se que todos os elementos fornecidos pela

entrevistada foram bastante pertinentes para os objetivos do estudo.

Foi a partir desta leitura da grelha que se pôde realizar, em primeiro lugar, uma síntese dos

resultados obtidos (ver ponto 3 deste trabalho), e posteriormente fazer uma análise e

interpretação desses mesmos resultados (ver ponto 4).

Pode-se concluir que a Análise de Conteúdo é um instrumento qualitativo, que possui um

carácter científico, derivado da sua objetividade e sistematicidade, e da sua capacidade de

gerar e testar hipóteses. No entanto, e segundo Clapier-Valladon (1980) “para um

investigador, a análise nunca está acabada, suficientemente completa. As zonas de sombra

inquietam-no tanto quanto o sentido escondido e o mais fundamentado das suas deduções,

mas a marcha da análise é limitada pelas possibilidades práticas”.

3. Síntese da entrevista realizada

No que concerne às redes sociais, a professora entrevistada, apenas conhece as mais em

voga, nomeadamente o Facebook, Linkedin e Hi5, sendo que conhece melhor o Facebook

que utiliza com frequência. Tem dúvidas relativamente à existência do Hi5, pois não ouve

falar nele há algum tempo.

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No seu entender a adesão às redes sociais prende-se com a necessidade de comunicação e

isolamento presente, geralmente, na vida das pessoas. Não obstante, acredita que numa

faixa etária mais jovem também existe necessidade de afirmação, integração e carinho.

Relativamente às vantagens e desvantagens das redes sociais, a professora refere-se apenas

ao que conhece e observa da sua utilização da rede Facebook. Assim, aponta como

vantagem as possibilidades de partilha e comunicação permitidas pela rede e como

desvantagem refere o perigo de uma utilização errada da rede, nomeadamente perigos de

exposição excessiva. Neste sentido, acredita que muitos utilizadores partilham aspectos

muito pessoais e não concorda com este tipo de utilização que em seu entender acarreta

falta de bom senso e pode ser perigoso.

No que respeita ao papel desempenhado pelas redes sociais nas relações pessoais, a

professora pensa que não acrescentam grande coisa às relações. Acredita que as relações

pessoais são cada vez mais escassas e que o Facebook serve, muitas vezes, “como palco

expositivo de si mesmos”, no fundo interpretando um papel daquilo que gostariam que

fosse a sua vida, mostrando não gostar desta postura.

Além de procurarmos compreender a opinião da professora sobre esta nova realidade das

Redes Sociais e sobre o seu papel nas relações pessoais, tornou-se importante saber se esta

aderiu a alguma Rede Social e, em caso afirmativo, conhecer de que forma as utiliza.

A professora encontra-se inscrita em apenas uma rede social: o Facebook. Aquilo que

motivou a sua adesão foi a curiosidade pela própria Rede Social bem como a vontade de se

manter atualizada. Relativamente à utilização que faz da própria rede social, informa-nos

que usa para questões mais pessoais, contactando com os seus amigos. Também participa

em alguns grupos muito específicos – como o de artesanato – onde partilham experiências.

Os seus alunos também fazem parte da sua rede de contactos, através de um grupo

especificamente criado para manterem contacto, geralmente de forma mais informal,

embora alguns dos alunos aproveitem para colocar algumas dúvidas. A professora é da

opinião que é importante perceber a utilização feita pelos seus alunos, nomeadamente

sobre o que os alunos falam, o que lhes interessa e ter consciência das suas vivências.

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Relativamente às expetativas sobre o uso das RS em contexto educativo a professora revela

algum desconhecimento relativamente à matéria, assumindo ser um tema ainda pouco

abordado. Ainda assim considera que podem ter potencial desde que sejam utilizados

materiais com interesse, como por exemplo, vídeos, refere ainda que pode ter algum

interesse se as RS forem utilizadas como um espaço complementar à sala de aula.

Quanto às vantagens e desvantagens da respetiva utilização, assume mais uma vez ser um

assunto novo, no entanto considera que poderá ser vantajoso no sentido da comunicação

ser realizada de forma rápida, permitindo ainda a partilha de informação sem limitações de

tempo e de espaço.

Considera que as RS (Facebook) poderão influenciar a prática pedagógica dos professores,

sem no entanto demonstrar grande convicção.

A exemplo de outras mudanças sociais e culturais, pensa que as RS podem influenciar as

atuais metodologias de ensino. Podem constituir-se como uma forma de envolver o aluno,

de o motivar usando a linguagem (Facebook) que o mesmo conhece e utiliza

frequentemente, no entanto faz a referência sem se sentir muito certa de poder acontecer.

A interação entre os alunos com alunos e alunos com os professores dependem do grau de

maturidade dos intervenientes, entre os alunos podem ser as mais variadas, positivas e

negativas, o relacionamento entre alunos e professores dependem da confiança que se

definir, no seu caso concreto admite colocar muitas reservas e interagir apenas no plano

profissional.

Por outro lado considera positivo o facto desta interação poder contribuir para o

desenvolvimento da capacidade da expressão escrita/oral pelo simples facto de escreverem,

apesar dos erros ortográficos.

Na última questão, reitera o papel positivo das RS (Facebook) como “linguagem” que os

alunos usam frequentemente, revelando-se como um fator de interesse e curiosidade para

os envolver e motivar.

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Não existindo necessidade de acrescentar mais comentários, a entrevista encerra com os

respetivos agradecimentos.

4. Interpretação do conteúdo da entrevista

Após leitura atenta e reflexão sobre o conteúdo da entrevista conseguiu-se retirar algumas

ilações interessantes, muito embora se tenha consciência que, por se tratar apenas de uma

entrevista, não poderão ser aferidos resultados generalistas.

No que se refere aos possíveis motivos de adesão às redes sociais a entrevistada revela três

ideias principais:

- necessidade de comunicação;

- isolamento (solidão);

- necessidade de afirmação, integração e carinho (no que respeita aos jovens).

Nesta perspetiva, existem alguns estudos que confirmam uma certa tendência de afirmação

por parte dos jovens na forma como utilizam este tipo de redes, que acontece porque os

jovens estão numa fase de construção da sua identidade.

Segundo Livingstone (2008), os jovens sempre deram muita importância à apresentação e às

relações com os pares. A mesma autora acredita que os adolescentes mais jovens parecem

evidenciar nos seus perfis uma certa necessidade de auto-atenção.

Numa fase posterior, essa necessidade é gradualmente substituída pela construção mútua

com os colegas de uma noção de identidade – através, por exemplo, da indicação de links

para os perfis de outros elementos e disponibilizando fotos do grupo. Tal afirmação,

corresponde à opinião da entrevistada no que concerne à sua visão acerca da utilização das

redes sociais pelos jovens, pois a docente leciona no 2º ciclo do ensino básico, adolescentes

mais jovens, inseridos assim no grupo que demonstra necessidade de auto-atenção.

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Livingstone (2008), refere ainda que os adolescentes procuram nas Redes Sociais uma

oportunidade para a auto-realização, (re) definindo a sua identidade e estabelecendo

relações sociais e íntimas, sendo que esta observação relativamente às relações que são

estabelecidas em rede é contrária à opinião partilhada pela professora.

Relativamente a vantagens e desvantagens das redes sociais, a docente refere como

vantagem: partilha e comunicação que as RS permitem; como desvantagem: o perigo da má

utilização das redes sociais (pela exposição excessiva). Neste sentido, crê-se que a ideia de

partilha e comunicação como vantagem é óbvia, quanto ao perigo relativo à forma como se

usam as redes sociais, Livingstone (2008), apresenta algumas ilações sobre as oportunidades

e riscos associados à utilização das Redes Sociais pelos adolescentes, tendo focado três

aspetos: a intimidade, a privacidade e a expressão pessoal.

A professora pensa, ainda, que a influência das RS nas relações pessoais não é relevante.

Aparentemente, não confere muita importância ao resultado do convívio virtual, parece ter

a ideia que os laços de amizade não ficam nem mais nem menos estreitos por interagirem

via Facebook. Neste contexto, refere que os utilizadores das redes sociais, no geral,

interpretam uma personagem diferente daquela que são na verdade. Zhao, S.; Grasmuck, S.;

Martin, J. (2008), escrevem, acerca do Facebook, que o comportamento apresentado nos

perfis nem sempre corresponde ao utilizador mas sim ao que a sociedade pretende.

Explicam que em ambiente online certos utilizadores podem perder a sua timidez e revelar a

sua verdadeira personalidade, não obstante, outros utilizadores querem ser "conhecidos"

nas redes sociais e na internet e modificam totalmente as suas atitudes.

A entrevistada está inscrita no Facebook, sendo a única rede social que utiliza. Inscreveu-se

por curiosidade e para se manter atualizada, aparentemente, a curiosidade surgiu pelo

aspeto mediático da rede nos últimos anos. Maioritariamente, utiliza a rede para questões

pessoais (contacto com amigos e participação em grupos de interesse particular), no

entanto, criou um grupo para manter contacto com os seus alunos. Este tipo de contactos é,

normalmente, mais informal, mas alguns colocam-lhe dúvidas neste grupo.

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Segundo Tânia Queiroz (2011), os professores que aproveitam o potencial dos jovens em se

comunicar e estabelecer relações na Internet estão propondo o seu uso com fins

pedagógicos, e conseguindo provocar mudanças nas relações estabelecidas com os alunos. A

partir da criação de comunidades específicas, por exemplo, como os fóruns e chats sobre

temas específicos, mediados por professores ou estudantes, as informações e os conteúdos

passam a ser construídos fora da escola. O compartilhamento de informações acontece de

forma igualitária.

Nesta perspetiva, embora a professora entrevistada não tenha consciência disso, utiliza o

Facebook como ferramenta pedagógica. Fá-lo de forma inconsciente, não se dando conta

que a relação mais ou menos informal que estabelece com os seus alunos tem, algumas

vezes, fins pedagógicos e influencia a forma como se relaciona com os seus alunos, ainda

que, essa influência possa ser apenas por uma questão de maior disponibilidade de diálogo

com os alunos.

Ainda nesta ordem de ideias, Teodoro citado por Mercado (1999, p. 17) refere que não

significa, apenas, substituir o quadro-negro ou o livro pelas novas tecnologias. A sua

introdução pode estar associada, “à mudança do modo como se aprende, mudanças das

formas de interação entre quem aprende e quem ensina, à mudança do modo como se

reflete sobre a natureza do conhecimento. Entende-se que é precisamente uma nova forma

de aprender e uma nova forma de interagir que a docente, sem ter noção que o faz, acaba

por fazer quando cria um grupo de alunos para interagir em exclusivo com eles,

disponibilizando-se inclusivamente para lhe esclarecer dúvidas.

A professora defende que é importante compreender a forma de agir e conhecer os

interesses e vivências dos seus alunos. Boyd, defende que devemos procurar conhecer e

aprender este novo tipo de sociedade online para que se consiga ajudar na difícil tarefa de

construção da identidade e socialização dos jovens. À partida, a professora partilha desta

ideia, ditando-lhe o bom-senso e experiência profissional que é de extrema importância

conhecer os alunos e o seu habitat natural como ponto de partida para realizar o seu

trabalho de forma correta, crê-se que se pode comparar a uma avaliação diagnóstica que

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ajuda a perceber as necessidades de aprendizagem especificas daquele aluno ou grupo em

concreto.

Sobre a utilização das RS, mais concretamente o Facebook, em contexto educativo, a

docente, revela desconhecimento esclarecendo que é um tema que aborda pouco. Não

obstante, considera que poderão ter potencialidades. Sobre estas potencialidades, revela,

mais no fim da entrevista, acreditar que o Facebook poderá contribuir para o

desenvolvimento da capacidade de expressão escrita, pois é o meio de expressão utilizado

nesta rede social. Por fim, relativamente às possibilidades de aprendizagem que a rede social

apresenta, reitera que o uso pedagógico do Facebook pode despertar a curiosidade dos

alunos, envolvendo-os e motivando-os no processo de ensino-aprendizagem.

Segundo o estudo de caso - Facebook: rede social educativa? 1citado por Fernandes, L. no

ensaio Redes Sociais Online e Educação: Contributo do Facebook no Contexto das

Comunidades Virtuais de Aprendentes – o Facebook pode ser utilizado como um

recurso/instrumento pedagógico importante para promover uma maior participação,

interacção e colaboração no processo educativo, para além de impulsionar a construção

partilhada, crítica e reflexiva de informação e conhecimento distribuídos em prol da

inteligência coletiva. Na verdade, embora não tenha sido criado com o intuito de ser

utilizado como recurso ou ferramenta educativa, o Facebook, apresenta diversas

possibilidades de utilização nos processos de ensino-aprendizagem.

Interpelada quanto às vantagens e desvantagens da utilização deste tipo de redes, a

docente, refere que, apesar de não ter uma opinião formada, considera que podem haver

vantagens pela rapidez na comunicação e partilha de informações. Não demonstra grande

convicção quando refere que as RS têm capacidade de influenciar as práticas pedagógicas,

talvez, porque como a própria admite, trata-se de um assunto pouco abordado pela

docente, pelo que existe algum desconhecimento e falta de reflexão mais profunda sobre o

tema. Ainda assim, após um pequeno momento de reflexão menciona que só o facto de se

1 Estudo de caso realizado com 59 alunos do 1.º ano da licenciatura em Educação Básica do Instituto Politécnico de Bragança, por: Patrício, Maria Raquel; Gonçalves, Vítor (2010) - Facebook: rede social educativa? In I Encontro Internacional TIC e Educação. Lisboa: Universidade de Lisboa, Instituto de Educação. p. 593-598.

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utilizar a linguagem a que os alunos estão habituados (Facebook), pode constituir uma nova

prática de envolvimento e motivação dos alunos.

Na opinião de Recuero (2009 in Queiroz, T. 2011) “não existe uma fórmula pronta para se

trabalhar o conceito de redes sociais em sala de aula. [...] não há fórmula pronta. A rede é

um espaço social e, como todo o espaço social, é também um espaço de educação e

aprendizado”. Para essa autora, os professores devem conhecer como os alunos utilizam as

ferramentas da WEB 2.0, para depois explorar as potencialidades das redes com criatividade.

Nesse caso, “a rede social é um meio, nunca um fim”.

No que toca às relações alunos/alunos e alunos/professor, a opinião da entrevistada é que

as mesmas dependem da maturidade dos intervenientes e, no caso de alunos/professor, da

confiança que se estabelece. No seu caso, coloca reservas tentando interagir apenas num

nível mais profissional.

Analisando a entrevista, entende-se que a docente compreende que as redes sociais têm

potencialidades que permitem auxiliar e interferir no processo de ensino-aprendizagem, no

entanto, o conhecimento que possui sobre o assunto advém de mero senso-comum, ainda

que a sua opinião é em muitos pontos concordante com diversos estudos realizados. O

Facebook é realmente a rede social com maior divulgação mundial e tem sido alvo de vários

debates e estudos sobre as suas possibilidades educativas. Esta rede social possibilita, tal

como a docente refere, grande interação e partilha de formas muito distintas.

5. Considerações Finais

A realização deste trabalho permitiu compreender a técnica de entrevista, desde a sua

preparação à análise de resultados. Para uma boa utilização da entrevista enquanto método

de recolha de dados numa investigação, é necessário ter alguns cuidados para que esta seja

válida e tenha pertinência para os objetivos da investigação.

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Procurou-se, neste trabalho, cumprir com todos os cuidados necessários para que se

tornasse um exercício importante para a compreensão da aplicação da técnica. Conclui-se

que muitos desses cuidados a ter estão intimamente ligados a questões de bom senso e

cordialidade. No fundo, o essencial é deixar o entrevistado à-vontade para partilhar as suas

opiniões com o entrevistador. Como entrevistador, é necessário garantir e orientar a

entrevista de acordo com um guião previamente definido ainda que o guião possa ser

alterado no momento da entrevista caso o momento ou o entrevistado assim o exija. Pode-

se ter entrevistados pouco cooperantes ou muito divergentes e, nesses casos, o

entrevistador deve ir reformulando as suas questões reorientado o entrevistado para o tema

da entrevista.

Como Morgado (2012) refere, o entrevistador deve ter como (...) principal preocupação criar

condições para que o entrevistado fale abertamente, o que não o impede de ir

reencaminhando a entrevista para os objetivos que pretende alcançar sempre que isso se

torne necessário, mas de uma forma tão natural quanto possível.

Quanto à análise de conteúdo das entrevistas, compreende-se agora a complexidade e os

cuidados que são necessários ter para que essa análise seja muito objetiva. Deve de facto

fazer-se uma organização em categorias, para que se possa mais facilmente fazer inferências

sobre os resultados obtidos. É certo que se sentiu algumas dificuldades no início da

construção da grelha, tentou-se compreender como seriam criadas e organizadas as

categorias bem como o “encaixe” de cada ideia/unidade de registo em cada categoria.

Contudo, considera-se que as grelhas (feitas individualmente por cada membro do grupo)

espelham muito bem a visão da entrevistada sobre as Redes Sociais e a sua posição

relativamente à sua utilização em contextos educativos, neste caso a Escola, sem que haja

qualquer necessidade do leitor ler a transcrição da entrevista na íntegra. Além disso, com a

síntese aqui apresentada o leitor fica plenamente informado de como correu a entrevista e

que tipo de ilações se retiraram.

Finalmente, e porque o tema da entrevista realizada são as Redes Sociais e a sua aplicação

em contextos educativos, considera-se pertinente abordar um pouco dos resultados nestas

considerações finais. É verdade que para realizar um estudo fundamentado, pertinente e

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válido é necessário, em primeiro lugar, ter uma amostra significativa. Ainda assim, esta

entrevista despertou algumas questões que podem ser interessantes aprofundar, seja neste

contexto de Ensino Básico e Secundário ou noutros, como num contexto de Ensino Superior

ou outros contextos educativos que não a Escola Formal.

Em suma, as Redes Sociais mudaram as nossas vidas, e ao que parece, vieram para ficar.

Percebeu-se pela entrevista que estas Redes Sociais são utilizadas com diversos objetivos

pelos professores, tanto pessoais como até ligados à sua atividade escolar. A professora

utiliza as Redes Sociais para conhecer pessoas, trocar ideias, ampliar o conhecimento e

manter-se informada sobre o mundo e até sobre as atividades dos seus alunos. Admite, de

fato, que existe uma potencialidade na utilização das Redes Sociais nas práticas pedagógicas,

justificando que elas já fazem parte da vida dos alunos possibilitando uma outra abordagem

e aproximação, mas sempre numa perspetiva complementar e não como recurso primordial.

6. Referências Bibliográficas

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Estrela, A. (1994). Teoria e prática de observação de classes, uma estratégia de formação de

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Lodico, M.G, Spaulding, D.T & Voegtle, K.H (2006). Methods in Educational Research: From Theory to

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Mercado, L. P. L (Org.) Formação continuada de professores e novas tecnologias. Maceió: EDUFAL,

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Morgado, J. (2012). O Estudo de Caso na Investigação em Educação. Defacto: Santo Tirso – Portugal.

Queiroz, T. (2011). Redes Sociais: A Concepção dos Professores sobre as Possibilidades de Uso na

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