anÁlise e avaliaÇÃo do monitoramento do acordo de

79
GRAZIELA FERREIRA MENEZES GUIMARÃES ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE RESULTADOS DE SEGUNDA ETAPA: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DA SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Belo Horizonte Fundação João Pinheiro 2010

Upload: others

Post on 15-Oct-2021

9 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

GRAZIELA FERREIRA MENEZES GUIMARÃES

ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE RESULTADOS DE

SEGUNDA ETAPA: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DA SECRETARIA DE ESTADO DE

AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.

Belo Horizonte

Fundação João Pinheiro

2010

Page 2: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

GRAZIELA FERREIRA MENEZES GUIMARÃES

ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE RESULTADOS DE

SEGUNDA ETAPA: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DA SECRETARIA DE ESTADO DE

AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.

Monografia apresentada ao Curso Superior de

Administração Pública da Escola de Governo Professor

Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro,

como requisito para a obtenção do título de bacharel em

Administração Pública, sob orientação do Prof. Dr.

Ricardo Carneiro.

Belo Horizonte

Fundação João Pinheiro

2010

Page 3: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

GRAZIELA FERREIRA MENEZES GUIMARÃES

ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE RESULTADOS DE

SEGUNDA ETAPA: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DA SECRETARIA DE ESTADO DE

AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.

Monografia apresentada ao Curso Superior de Administração Pública da Escola de Governo Professor

Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro, como requisito para a obtenção do título de

bacharel em Administração Pública, sob orientação do Prof. Dr. Ricardo Carneiro.

Aprovado na Banca Examinadora

__________________________________________________________

Prof. Dr. Bruno Lazzarotti Diniz Costa, Fundação João Pinheiro, Avaliador.

__________________________________________________________

Prof. Mestre Eduardo Teixeira Leite, Fundação João Pinheiro, Avaliador.

__________________________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Carneiro, Fundação João Pinheiro, Orientador.

Belo Horizonte, 18 de Outubro de 2010

Page 4: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que estiveram comigo e me ajudaram de alguma forma durante todos os

anos de estudo, meus amigos, colegas de sala e de trabalho e principalmente à minha família.

Agradeço especialmente ao Dr. Ricardo Carneiro pela orientação e valiosa contribuição que

tornaram esse trabalho possível.

À minha mãe Maria do Rosário, ao meu pai Antonio, ao meu irmão Gabriel, à Joyce.

Page 5: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

RESUMO

O Acordo de Resultados foi implantado no Estado como um instrumento de alinhamento

estratégico voltado para resultados. Para isso, metas e indicadores que representam o

resultado esperado são pactuados e perseguidos pelos órgãos da Administração Pública

Estadual. Nesse processo, o monitoramento se torna parte essencial para garantia de

cumprimento dos mesmos. Este trabalho busca analisar o funcionamento do processo de

monitoramento de metas do Acordo de Resultados de segunda etapa realizado na Secretaria

de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para tal, utilizou-se de pesquisa

documental, observação direta e revisão bibliográfica. Como resultado da pesquisa, concluiu-

se que o processo necessita de melhorias, principalmente nas ações realizadas pela Equipe de

Apoio de Gestão Estratégica, no sentido de redução da assimetria de informações.

Palavras-chave: Acordo de Resultados, Monitoramento de metas, Neoinstitucionalismo

sociológico, Contratualização de Resultados, Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e

Abastecimento.

Page 6: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

ABSTRACT

The Accord of Results was implemented in the State as an instrument of strategic alignment,

results-oriented. To do this, goals and indicators that represent the expected outcome is agreed

upon and pursued by the bodies of the State Public Administration. In the process, monitoring

becomes an essential part of ensuring compliance with them. This work seeks to examine the

functioning of the monitoring process of the Accord of Results of second stage performed at

the SEAPA. To this end, were used documentary research, direct observation and literature

review. As results, the conclusion was that the process needs improvement, primarily in the

actions undertaken by the EAGE in order to reduce information asymmetry.

Keywords: Accord of Results, Goal Monitoring, Sociological Neoinstitutionalism,

Contracting of Results, SEAPA.

Page 7: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Esquema lógico do AR ................................................................................................. 30

FIGURA 2 – Organograma Institucional da SEAPA ...................................................................... 36

Page 8: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Questões-chave e principais diretrizes para monitoramento ................................. 23

QUADRO 2 – Número de indicadores e produtos por equipe, por ano ......................................... 37

QUADRO 3 – Notas das Equipes no ano de 2008 ............................................................................ 38

QUADRO 4 – Notas das Equipes no ano de 2009 ............................................................................ 39

Page 9: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

LISTA DE SIGLAS

AR – Acordo de Resultados

ASJUR – Assessoria Jurídica

AUDI – Auditoria Setorial

ASCOM – Assessoria de Comunicação

BSC – Balanced Scorecard

CAA – Comissão de Acompanhamento e Avaliação

DPMI – Diretoria de Planejamento e Modernização Institucional

EAGE – Equipe de Apoio a Gestão Estratégica

EPPGG – Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental

PMDI – Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado

PPAG – Plano Plurianual de Ação Governamental

SEAPA – Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SEPLAG – Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão

SDRS – Superintendência de Desenvolvimento Rural Sustentável

SPEA – Superintendência de Política e Economia Agrícola

SPGF – Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças

SUSAF – Superintendência de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura Familiar

Page 10: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11

2 EMBASAMENTO TEÓRICO ............................................................................................ 13

2.1 Contratualização de resultados ........................................................................................ 13

2.1.1 Modelo agente x principal ............................................................................................ 13

2.1.2 Características da Contratualização ............................................................................... 15

2.1.3 A definição de indicadores e metas: balanço crítico ......................................................... 18

2.1.4 O papel do monitoramento de metas e sua implementação ............................................... 21

2.2 Neo-institucionalismo sociológico: isomorfismo coercitivo e confiança e boa fé ................... 24

3 ACORDO DE RESULTADOS EM MINAS GERAIS .......................................................... 27

3.1 Contextualização ........................................................................................................... 27

3.2 O instrumento ............................................................................................................... 28

3.3 Monitoramento do AR ................................................................................................... 31

4 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE RESULTADOS DE

SEGUNDA ETAPA DA SEAPA ............................................................................................ 33

4.1 A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento: breve contextualização ..... 33

4.2 Acordo de Resultados de segunda etapa ........................................................................... 37

4.3 A Sistemática de monitoramento do Acordo de Resultados ................................................. 40

4.3.1 Sistemática de Acompanhamento do AR da SEAPA pela EAGE ....................................... 41

4.3.2 Análise dos relatórios finais de avaliação de 2008 e 2009 da CAA ..................................... 50

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 57

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 61

Page 11: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

ANEXOS .............................................................................................................................. 63

ANEXO A – ORGANOGRAMA INSTITUCIONAL .......................................................... 64

ANEXO B – MAPA ESTRATÉGICO DA SEAPA ............................................................. 65

ANEXO C – INDICADORES DA SEAPA DE 2008 – 2010 ................................................. 66

ANEXO D – PLANO DE AÇÃO ........................................................................................ 75

ANEXO E – RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DESVIOS ................................................... 76

ANEXO F – GRÁFICO DO CUMPRIMENTO DE META ................................................. 77

Page 12: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE
Page 13: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

11

1 INTRODUÇÃO

A administração pública gerencial foi adotada na década de 1970 como alternativa ao modelo

burocrático de Max Weber que era caracterizado por valores como a impessoalidade, a

racionalização e divisão do trabalho, a formalidade da comunicação, hierarquia de autoridade,

a padronização de rotinas e procedimentos, a meritocracia, o caráter legal das normas e

fundamentos, a previsibilidade do funcionamento.

Nesse sentido, as características do modelo burocrático deixaram de ser vistas com a

eficiência a qual pregava, sendo assim, o novo paradigma da gestão pública foi a solução

encontrada para buscar a modernização do aparelho do Estado, de forma a realocar os

recursos públicos no intuito de melhorar os serviços públicos.

No Brasil, esse movimento tomou forma em 1995, com o Plano Diretor da Reforma do

Aparelho do Estado, proposto por Luiz Carlos Bresser Pereira, então Ministro da

Administração Federal e Reforma do Estado, em que se propunha, entre outras coisas, a

tentativa de aproximar a ação governamental ao cidadão, de reduzir o aparelho estatal com o

intuito de limitá-lo aos setores nos quais sua participação seja essencial e restringindo sua

participação no mercado, além da privatização de empresas públicas e a regulação de alguns

setores de produção.

Em Minas Gerais, esse processo de reforma da Administração Pública se deu no governo de

Aécio Neves, já no início do seu mandato, em 2003. Dentre as prioridades do governo,

encontram-se os projetos estruturadores, dentre eles o de modernização do aparelho do

Estado, denominado “Choque de Gestão”. Um dos destaques das estratégias implantadas por

ele é a adoção da formalização de contratualização de resultados, os chamados Acordos de

Resultados.

Esse trabalho tem como objetivo analisar o funcionamento desse instrumento, a partir da

perspectiva da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), com

enfoque no processo de monitoramento das metas do AR de segunda etapa. Busca-se, a partir

da análise realizada, traçar os alcances e limites encontrados no processo de monitoramento

de metas da forma que é realizado atualmente e propor melhorias que possam ser

implementadas.

Page 14: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

12

Para alcançar esse objetivo, o trabalho foi dividido em cinco partes ou seções. A primeira

parte refere-se a presente introdução, que busca traçar uma breve contextualização do

surgimento da contratualização de resultados. A segunda seção trata da apresentação das

teorias que servirão de base para a análise da pesquisa realizada, envolvendo os

conhecimentos acerca da contratualização de resultados, focando no processo de

monitoramento e definição de metas e no modelo principal x agente, bem como nas

contribuições do neoinstitucionalismo sociológico, evidenciando o isomorfismo coercitivo e o

dispositivo de “confiança e boa fé”. Para isso, foi realizada a revisão e exploração

bibliográfica a respeito do tema.

A terceira seção tem, como finalidade, contextualizar o Acordo de Resultados de Minas

Gerais e examinar sua estrutura atual, focando principalmente da segunda etapa e o

monitoramento de metas da segunda etapa. Isto foi realizado a partir da revisão bibliográfica e

pesquisa documental.

A quarta seção terá o foco na pesquisa realizada na SEAPA acerca do monitoramento de

metas do AR de segunda etapa, analisando sua estrutura formal e seu funcionamento,

destacando os problemas encontrados, com objetivo de sugerir soluções que possam ser

implementadas. Nessa seção, a metodologia utilizada foi a pesquisa documental e a

observação participante, além da revisão bibliográfica realizada nas seções anteriores.

Finalmente, a quinta e última seção refere-se às considerações finais realizadas a partir da

análise da pesquisa.

Page 15: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

13

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

Para os fins do trabalho, serão utilizadas duas teorias que servirão de base para a pesquisa e

análise. Uma delas é a teoria da contratualização, mais especificamente, a linha de

interpretação do modelo agente x principal. A segunda teoria utilizada tem como base as

contribuições do neoinstitucionalismo sociológico.

2.1 Contratualização de resultados

O conceito de contratualização é definido na língua portuguesa como ato ou efeito de

contratualizar; estabelecer as regras de; pôr em contrato. Nesse trabalho, este termo será

entendido no sentido de “ação de contratualizar”, ou seja, o ato de transformar um acordo em

contrato. O foco será dado nos contratos realizados entre os governos e as instituições, mais

especificamente, a própria administração direta, com intuito de alcançar resultados com

enfoque no cidadão, através de fixação de metas de desempenho.

Para melhor entendimento do instrumento utilizado pelo governo, aborda-se inicialmente a

contribuição teórica referente à relação agente x principal. Depois de uma breve explicação

deste modelo, passa-se para uma sucinta caracterização da contratualização de resultados,

focada na Administração Pública. Depois da caracterização, será dado enfoque nos problemas

e críticas que envolvem a contratualização de resultados, especialmente relacionados às metas

e indicadores. Por fim, discute-se o monitoramento.

2.1.1 Modelo agente x principal

Conforme MELO (1996, apud RAMOS, 1997, p.86), “pode-se discernir entre a

multiplicidade de propostas de reorganização burocrática duas variantes de prescrições, cada

uma identificada com uma dada tradição disciplinar”. Uma delas é a tradição advinda da

administração pública, que destaca aspectos pautados à identidade, socialização, sistema de

crenças e capacitação da burocracia pública. A segunda remete à tradição disciplinar da

economia, que é pautada em aspectos ligados à estrutura de incentivos com que se deparam os

Page 16: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

14

atores em uma organização burocrática, analisados a partir de uma perspectiva de indivíduos

racionais maximizadores de seus interesses e utilidades.

Interessa-nos examinar a segunda tradição disciplinar, que pode ser explicada a partir das

contribuições do neo-institucionalismo econômico, à medida que ela adota o paradigma

contratualista na análise das relações entre indivíduos, as relações entre indivíduos ou grupos

e as instituições, e as próprias instituições, convergente com a temática mais geral abordada

neste trabalho. Segundo esse paradigma, as transações são tidas como situações que envolvem

dois atores, sendo um chamado agente e o outro principal, que representam, respectivamente,

o contratado e o contratante da relação contratual. Essa é a situação típica de quando existe

separação entre controle e propriedade, ou seja, quando há uma delegação de autoridade; por

exemplo, o caso em que o agente é um empregado contratado por um empregador (o

principal), para cumprir uma tarefa pré-determinada. (RAMOS, 1997)

O modelo analítico do agente x principal coloca em relevo a existência de informação

assimétrica entre as duas partes, uma vez que o custo do controle total para o principal é tal

que não valeria a pena contratar o agente. Por outro lado, para o agente, que detém todas as

informações sobre seu próprio desempenho, existe a possibilidade de utilizá-la de forma

oportunista. A atitude oportunista do agente se faz presente quando ele não concentra todo o

esforço que poderia despender para satisfazer as necessidades do principal, uma vez que esse

esforço gera uma desutilidade para o agente. Essa situação representa, portanto, um conflito

de interesses, ou seja, um trade-off entre as funções objetivo do agente e do principal.

Para solucionar tal problema entre agente e principal, a literatura propõe o desenvolvimento

de uma estrutura de incentivos que admita uma harmonização maior entre os objetivos das

duas partes, permitindo que as funções objetivo de cada um reforcem-se mutuamente. Dessa

forma, o principal estabelece um sistema de compensação (contrato) que motive o agente a ter

o comportamento condizente com os interesses do primeiro.

O primeiro problema aponta para a dificuldade de se monitorar os esforços das partes

envolvidas na transação. Surge então uma dificuldade de se elaborar os contratos. Daí a

inclusão de esquemas de incentivos baseados na performance observada, em que os atores

enfrentam o trade-off entre incentivos ótimos e repartição de riscos ótima.

Page 17: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

15

Dada a presença de incertezas quanto ao comportamento das partes no tocante ao

cumprimento de suas responsabilidades ou obrigações, as transações são processos de

natureza complexa, e que envolvem custos, denominados como custos de transação, tendo em

vista, dentre outros aspectos, a impossibilidade de prever, no contrato, todas as possíveis

contingências futuras e de criar procedimentos de adaptação aos compromissos contratuais

diante de situações imprevisíveis. Daí também a complexidade da elaboração dos contratos,

que em resumo, “tem origem na necessidade de defesa contra os riscos inerentes à incerteza e

ao oportunismo de terceiros em situações caracterizadas pela assimetria de informações”

(LUDOVICI, 1992: p.165). Isso exige então uma configuração favorável, ou seja, a existência

de agentes disponíveis que possam se ocupar na elaboração dos contratos, criando

competências específicas para isso.

A partir deste modelo, é possível analisar as relações intragovernamentais. Segundo

Przeworski (2005),

A “economia” é uma rede de relações diferenciadas e multifacetadas entre classes de

agents e principals: gerentes e empregados, proprietários e administradores,

investidores e empresários, mas também de cidadãos e políticos, políticos e

burocratas o desempenho de governo, de empresas e da economia como um todo

depende do desenho das instituições que regulam essas relações.

Ou seja, entre as classes de agentes e principais existentes encontram-se as relações entre

políticos e cidadãos e políticos e burocratas. Para ele, os políticos terão incentivos para

promover o bem-estar público se os burocratas tem incentivos para implementar as metas

estabelecidas pelos políticos. Nessa relação entre políticos e burocratas, para se atingir

resultados desejados no Estado, é preciso que haja delegação de autoridade para a burocracia

pública. No entanto, essa delegação de autoridade envolverá problemas de agente-principal,

uma vez que a burocracia tem total conhecimento de seus incentivos para cumprir com os

objetivos do governo e dos custos e benefícios a serem considerados, além de que, podem

praticar atos sem o conhecimento dos políticos, que só irão ser deduzidos através dos

resultados.

2.1.2 Características da Contratualização

O contrato de gestão foi concebido originalmente no direito francês como forma de controle

administrativo ou tutela do governo sobre suas empresas estatais. Atualmente, existem

Page 18: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

16

contratos de gestão celebrados entre distintos órgãos governamentais, incluindo a denominada

Administração Direta. (TROSA, 2001)

Segundo Trosa (2001), o contrato surgiu como resultado de vários fatores e desafios que o

Estado passou a ter de enfrentar a partir da década de 1970, como a globalização, a

concorrência de grupos de pressão e da sociedade civil, a necessidade cada vez maior de

prestação de contas e transparência. Além desses desafios, a autora ainda afirma que os

mecanismos hierárquicos de administração burocrática e sua contraface, a delegação,

tornaram-se objetos de ampla discussão.

Dessa forma, a gestão tem passado por três estágios, sendo o primeiro o do comando

hierárquico, o segundo o da delegação sem contrapartida e, o terceiro, do contrato. O último

estágio, da contratualização de resultados, surge do desequilíbrio dos dois outros. Portanto,

não se trata aqui de impor (estágio hierárquico) nem de conceder liberdade total sem

contrapartida (delegação), mas de se buscar um equilíbrio entre ambos, tendo em vista o

incremento de eficiência sem comprometimento do controle. Reconhece-se então que o

modelo hierárquico encontra-se ultrapassado e a norma passa a ser negociada. Marca também

o fim do modelo de delegação, pois sabe-se que a verdade não encontra-se apenas de um lado,

criando obrigações e direitos para ambas as partes.

Contratualizar resultados pode representar também uma forma de responder às demandas de

accountability, tanto políticas como societais. Accountability vem se constituindo como ideia

fundamental para as reformas em andamento, percebida no sentido de ser obrigação constante

do governante prestar contas sobre o uso de recursos públicos, os resultados alcançados e os

critérios de decisão utilizados. (PACHECO, 2004)

No Brasil, o contrato constitui um instrumento importante utilizado para a modernização da

administração pública no âmbito do movimento da Reforma do Estado, em substituição ao

modelo burocrático. Sua importância radica possibilidade de se instituir práticas de

planejamento, avaliação e monitoramento das atividades dos órgãos do governo (acordado)

por parte da alta direção (contratante). (ALCOFORADO, 2005)

No processo de contratualização de resultados existem três fases importantes que são

imprescindíveis ao bom resultado da prática e não podem deixar de existir, são eles:

Page 19: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

17

Negociação: esta fase inicia com a intenção de contratar os serviços por um órgão estatal e

a elaboração do rol de atividades a serem contratadas. A partir daí, identifica-se o outro

órgão ou entidade a ser contratada e se inicia o processo de negociação, que vai da

identificação dos indicadores de desempenho, estipulação das metas e a respectiva

orçamentação, que é a parte financeira do Contrato de Resultados e contém as despesas e

receitas da organização contratada, refletindo as obrigações de parte a parte.

Construção do Instrumento: esta fase consiste na formalização de tudo o que foi negociado,

aperfeiçoando-se e aferindo-se todos os pontos acordados. Um passo importante para a

construção do instrumento é estabelecer as sanções e métodos de fiscalização e prestação

de contas dos resultados do instrumento contratual.

Gerenciamento: esta fase é permanente, após a assinatura do instrumento contratual,

compreendendo todas as atividades de supervisão da entidade, monitoramento dos

indicadores de desempenho pactuados e avaliação dos resultados alcançados pela parte

contratada. Essa fase é realizada diretamente pelo órgão público contratante.

(ALCOFORADO, 2005)

O contrato de gestão tem, como objetivos, promover maior flexibilidade, melhor desempenho,

aumento da qualidade, produtividade, eficiência e efetividade na prestação de serviços, além

de maior transparência de custos. Para isso, as partes definem metas que são pré-acordadas

para serem alcançadas pela entidade, e como contrapartida, ela recebe algum grau maior de

flexibilidade ou pelo menos maior previsibilidade na execução orçamentária. (PACHECHO,

2004)

Dessa forma, utilizam-se os indicadores de desempenho, que são quantificáveis, para se

mensurar o alcance dos resultados pactuados, assim como o desempenho da própria

organização. Os indicadores de desempenho são específicos de um determinado serviço ou

atividade, e por isso, não podem ser gerais para todas as organizações. Existem vários

métodos para se construir indicadores de desempenho nas organizações, mas o mais prático é

quando parte-se da identificação dos macro-processos da organização e se constrói uma

cadeia de valor a partir deles até se chegar às formas de identificação do cumprimento das

atividades que lhe são relacionadas. (SIQUEIRA, 2005 apud ALCOFORADO, 2005)

Page 20: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

18

Após a identificação dos indicadores da organização, é necessário quantificá-los. Isso é

possível através da estipulação das metas. As metas variam de acordo com a vontade das

partes contratantes e estarão fortemente relacionadas à etapa de negociação do instrumento

contratual.

Na contratualização, o cumprimento do contrato é observado a partir da avaliação do alcance

dos resultados pactuados, através da verificação quanto ao atingimento das metas previstas

para os indicadores de desempenho. A prestação de contas financeira e o adequado uso dos

recursos são uma obrigação da organização contratada, no entanto não é condição para se

avaliar desempenho.

2.1.3 A definição de indicadores e metas: balanço crítico

Dentre os problemas que são citados mais frequentemente pela literatura em relação aos

contratos de gestão, Pacheco (2004) destaca os seguintes: metas pouco ambiciosas; falhas na

supervisão do cumprimento de metas; não inclusão no contrato de atividades importantes da

agência; objetivos vagos; não existência de sanções para metas não cumpridas; maior

influência das agências do que de seus órgãos supervisores na elaboração dos contratos de

resultados (ou a persistência da assimetria de informações, entre a entidade prestadora de

serviços e o órgão responsável pela política pública perante a sociedade).

Segundo Ramos (1997), os órgãos estatais tendem a subavaliar suas potencialidades, com

objetivo de tornar as metas mais fáceis de serem cumpridas. Nesse caso, definir a estrutura de

incentivos é uma questão fundamental para evitar problemas. Faz-se necessário delinear o

sistema de incentivos mais apropriado à tarefa de obter o alinhamento entre os interesses do

agente e os do principal. Os esquemas de incentivo utilizados no setor privado geralmente

definem a gratificação de desempenho sobre algum indicador, tal como produtividade,

volume de produção, lucros e valorização das ações em bolsa, dentre outros. No setor público,

a definição do indicador ou indicadores revela-se muito mais complexa, à medida que a

rentabilidade ou o retorno econômico da atividade não constitui uma referência adequada.

Page 21: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

19

É necessário ressaltar que meta e objetivo são coisas diferentes. Meta é o parâmetro de

desempenho utilizado para medir ou comparar o avanço de um programa ou projeto. Sendo

assim, a meta deve possuir uma magnitude (valor), referir-se a uma área geográfica e/ou

população-alvo e a um período de tempo. Os valores das metas podem ser também definidos

tendo como base normas, padrões ou critérios.

Já o indicador é a variável que permite aferir o estado ou progresso dos objetivos, metas ou

critérios. Segundo Januzzi (2004, p.2), “indicador social é uma medida em geral quantitativa

dotada de significado social substantivo e usado para substituir, quantificar ou operacionalizar

um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático

(para formulação de políticas)".

Os indicadores devem possibilitar a tradução dos objetivos em medidas apreensíveis, ou seja,

os objetivos são traduzidos em indicadores de resultado. No caso de monitoramento, são

denominados indicadores de desempenho, pois é por meio deles que se torna viável verificar

os impactos, os efeitos, os resultados ou produtos, os processos e recursos de um programa ou

projeto para monitorar e/ou avaliar se os objetivos e metas estabelecidos estão ou não sendo

alcançados.

A definição dos indicadores torna possível a identificação das fontes de dados e fluxos de

informação requeridos para efetuar as verificações/mensurações necessárias. (Buvinich, 1999)

Os indicadores podem ser classificados da seguinte maneira:

Indicadores de insumos ou de recursos: Mensuram a quantidade e qualidade dos recursos

fornecidos para um programa ou projeto

Indicadores de processo ou de atividades: Mensuram as atividades implementadas no dia-

a-dia do projeto/programa para a implementação dos recursos e outros processos na

tomada de decisão.

Indicadores de produtos ou resultados: Mensuram a quantidade e qualidade dos bens e

serviços criados ou fornecidos através do uso dos insumos. Ou seja, permitem verificar os

resultados imediatos.

Page 22: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

20

Indicadores de efeito e impacto: Mensuram a qualidade e quantidade dos resultados

alcançados através do fornecimento e uso dos bens e serviços.

Um indicador de qualidade precisa possuir as seguintes propriedades:

Relevância social: refere-se à pertinência de sua produção para “indicar” uma questão

social de relevância contemporânea;

Validade: refere-se ao grau de proximidade entre o conceito e a medida, isto é, à sua

capacidade de representar o conceito abstrato, o objetivo, o resultado, a que o indicador se

propõe a “substituir” ou “operacionalizar”;

Sensibilidade: refere-se à capacidade do indicador de refletir as mudanças da dimensão

social de interesse;

Especificidade: refere-se à sua capacidade de refletir alterações estritamente decorrentes

das políticas públicas empreendidas;

Cobertura e desagregação: refere-se à capacidade de medir a dimensão social de interesse

em diversos estratos e “recortes” úteis ao planejamento das políticas públicas – recortes

espaciais, sócio-demográficos, sócio-econômicos, etc.;

Confiabilidade: relaciona-se à qualidade dos dados, primários ou não, usados no cômputo

do indicador, como significância estatística de planos amostrais, precisão de registros

administrativos, imparcialidade dos questionários aplicados em surveys, etc.;

Periodicidade e tempestividade: referindo-se à regularidade e à tempestividade com que os

dados componentes podem ser obtidos para o cálculo do indicador, são de suma

importância para viabilizar eventuais correções de rotas nas políticas públicas na

periodicidade desejada e em tempo hábil;

Historicidade e comparabilidade: disponibilidade de séries históricas extensas e

comparáveis, de modo a permitir o cotejamento do valor presente com situações do

passado, inferir tendências e avaliar efeitos de eventuais políticas públicas implementadas;

Inteligibilidade, comunicabilidade e reprodutibilidade: refere-se à transparência da

metodologia de construção do indicador, de forma a viabilizar sua compreensão e eventual

reprodução;

Factibilidade dos custos de obtenção: é imperativo que o indicador seja produzido a custos

razoáveis e compensadores.

Page 23: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

21

Segundo Gomes (2009; p. 73):

A apresentação dessas propriedades revela a dimensão do desafio que o modelo de

gestão por resultados enfrenta. Por exemplo, tendo em vista o ciclo lógico do

modelo – definição de metas, avaliação do efeito e ação corretiva / planejamento – é

vital garantir a especificidade do indicador ou a medição dos efeitos “líquidos”

daquela política pública específica, tendo em vista as diversas “interferências” e

influências do mundo social e das outras políticas públicas. Normalmente, esse tipo

de propriedade é satisfeita somente por meio de avaliações de efeito específicas e

contratadas no âmbito da própria política pública. Dificilmente, a especificidade

pode ser assegurada a partir de estatísticas oficiais mais gerais.

Ainda segundo Gomes (2009), é importante reforçar que deve sempre haver a formulação

clara de objetivos e sua tradução em resultados em todos os momentos em que se toma

decisão, inclusive na definição dos projetos e das formas como sua implantação será avaliada.

No segundo momento, ou seja, na implementação das políticas públicas, implica a supremacia

ou predominância de mecanismos de coordenação por resultados sobre outros mecanismos,

como supervisão direta, padronização de processos e de habilidades.

2.1.4 O papel do monitoramento de metas e sua implementação

A partir da definição de indicadores e metas, traça-se o plano de ação para conferir-lhes

materialidade. No plano de ação, todas as ações que são necessárias para o alcance das metas

devem ser especificadas. O monitoramento é realizado de forma a acompanhar a execução

dessas ações, tendo em vista garantir o atingimento das metas ou sugerir correções de rota no

monitoramento das ações.

Para isso, o monitoramento envolve várias etapas, que, segundo Buvinich (1999), são as

seguintes:

Estabelecimento da hierarquia de objetivos e metas;

Seleção e definição dos indicadores para os diferentes níveis de objetivos, resultados,

atividades e recursos;

Identificação das fontes, formas de coleta, fluxos de informação, periodicidade e

responsabilidades institucionais;

Formas de análise e interpretação;

Reporting para os diferentes níveis de tomada de decisão e comunicação/ divulgação.

Page 24: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

22

A coleta de informação envolve insumos, produtos, atividades e circunstâncias que são

críticas e relevantes para a efetiva implementação do programa de ação proposto ou acordado.

A partir dessas informações, o monitoramento analisa e verifica, num processo contínuo, se os

recursos e as atividades estão sendo implementadas segundo o programado e se as metas

referentes aos resultados estão sendo alcançadas ou não, indicando, ao mesmo tempo, as

razões de sucesso e insucesso.

Dessa forma, pode-se dizer que o monitoramento fornece as informações e as sugestões

necessárias para que a gerência do programa ou contrato verifique o progresso da

implementação, a fim de tomar as decisões cabíveis, no sentido de que as metas programadas

sejam alcançadas e/ou ajustadas. A coleta de informação, principalmente os registros e

relatórios de progresso, deve ser realizada regularmente, de forma a detectar e corrigir desvios

na programação.

Uma das maiores dificuldades para a operacionalização do monitoramento é a sistematização

simples e rápida dos dados coletados. De preferência, essa sistematização deve ser feita

através de um sistema computadorizado que organize os dados oriundos de diferentes

instrumentos e fontes, dentro de determinadas categorias conceituais para que o

processamento, a geração de relatórios e a análise das equipes e dos responsáveis pelo

monitoramento sejam facilitados.

A partir da coleta de dados, é feita então a análise. Nesta fase, o monitoramento tem, como

função, identificar as razões e circunstâncias que estão dificultando, ou até mesmo impedindo,

o alcance das metas e afetando a qualidade das ações executadas. O tipo de processamento vai

estar diretamente relacionado com o da análise que precisa ser efetuada.

Buvinich (1999) levanta algumas questões-chaves e diretrizes para orientar o

desenvolvimento de um sistema de monitoramento, sistematizadas no quadro 1, a seguir:

Page 25: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

23

Quem precisa da

informação?

Identificar os usuários potenciais,

especialmente os tomadores de decisão da

informação gerada pelo monitoramento.

Devem ser incluídos os beneficiários

Que informação? Identique que informação eles precisam e

selecione os indicadores. Os melhores

indicadores são aqueles que limitam e

focalizam a coleta de dados.

Por que? Averigue o propósito da monitoria na

tomada de decisão.

Como a

informação deve

ser coletada?

Observações, entrevistas, relatórios e

registros regulares, sítios sentinelas são os

métodos para coleta de informação. Use

quanto possível os dados existentes nos

sistemas regulares.

Quem deve

conduzir a coleta

de informação?

A equipe do projeto ou do programa nos

diferentes níveis.

Quando? Diferente informação pode ser requerida em

momentos diferentes.

De que forma? A informação do monitoramento pode ser

apresentada num relatório escrito ou numa

tabela-resumo de indicadores. Vai depender

de como a informação vai ser usada e por

quem.

Quadro 1:Questões-chave e principais diretrizes para monitoramento

Fonte: Caderno de Políticas Sociais. Número 10, 1999.

Estas questões-chave e diretrizes serão consideradas, mais à frente, como base para a análise

da pesquisa realizada acerca do funcionamento do monitoramento do AR de segunda etapa na

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O monitoramento e a avaliação são atividades fortemente relacionadas, no entanto, elas são

diferentes. A principal ligação entre as duas é a utilização extensiva pela avaliação dos dados

gerados pelo sistema de monitoramento. Apesar disso, a avaliação utiliza, além das

informações geradas pelo monitoramento, diversas fontes de dados, com o objetivo de

estabelecer a causalidade dos efeitos induzidos pelo projeto. Sem um bom monitoramento ou

registro das informações sobre recursos, atividades, produtos e ocorrências na implementação

é muito dificil efetuar uma boa avaliação.

Page 26: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

24

2.2 Neo-institucionalismo sociológico: isomorfismo coercitivo e confiança e boa fé

O neoinstitucionalismo sociológico teve origem no campo da teoria das organizações, em

meados dos anos setenta, com o objetivo de buscar explicações acerca dos motivos pelos

quais as organizações assumem um conjunto específico de arranjos institucionais,

procedimentos e símbolos.

Segundo Fonseca (2003), Selznick (1957) é considerado o precursor do neoinstitucionalismo,

ao rejeitar a concepção racionalista e analisar as instituições como variável independente,

vislumbrando a organização como expressão de valores sociais, e destacando sua relação com

o ambiente. Selznick (1996) “identifica ainda a consideração da legitimidade como

„imperativo‟ organizacional, a preocupação com mitos e símbolos e o reconhecimento da

estrutura formal como produto institucionalizado e, portanto, fortemente adaptativo às

influências ambientais pelos adeptos do neoinstitucionalismo”. (FONSECA, 2003; p. 49)

Perrow (1986, apud FONSECA, 2003) afirma que a ênfase na influência do ambiente,

colocando a legitimidade e o isomorfismo como fatores vitais para a sobrevivência das

organizações, foi a principal contribuição da abordagem neoinstitucional para a teoria

organizacional. Outras escolas tentaram explicar satisfatoriamente essa relação; no entanto,

falharam, pois visualizavam o ambiente apenas na categoria residual formada por dimensões

objetivas.

O neoinstitucionalismo pode ser dividido em três pilares em torno dos quais se encontram as

temáticas desenvolvidas pelos neoinstitucionalistas, a partir da relação entre instituições e

organizações, são eles: o regulador, o normativo e o cognitivo. Sob a perspectiva do primeiro,

a legitimação da organização está pautada na sua conformidade às exigências legais. A

perspectiva do pilar normativo concentra-se na análise dos valores e das normas, que

introduzem uma dimensão prescritiva, avaliativa, de obrigatoriedade no contexto social e

organizacional. Já a perspectiva do pilar cognitivo se baseia nos aspectos simbólicos das

ações, como resultado de interpretações e representações feitas pelo indivíduo em relação ao

ambiente. Essa perspectiva considera que as organizações estão inseridas em um ambiente

constituído por regras, crenças, valores e redes relacionais, que foram criados e consolidados

por meio de interação social, que implicam na conformação a fatores normativos de apoio e

Page 27: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

25

legitimidade como condições para a sobrevivência das organizações, além da adaptação ao

ambiente técnico e financeiro. (SCOTT, 1995 apud FONSECA, 2003)

O universo símbolo-cultural construído pode ser explicado a partir da perspectiva de que o

homem apreende a realidade, em processo dialético entre ideias e padrões sociais ao legitimar

e dar consistência a um conjunto de significados integrados em um universo simbólico,

expresso em regras e sistemas de crenças. Esse processo, no ambiente institucional, leva ao

surgimento dos denominados “mitos racionais”, tendo em vista que as crenças são racionais

no sentido em que, a partir da identificação dos propósitos sociais específicos, descrevem,

através de regras, as atividades que podem ser efetivadas. Ao mesmo tempo, estas crenças são

mitos, pois dependem, para sua eficácia e veracidade, de que sejam amplamente

compartilhadas. (FONSECA, 2003)

Segundo a abordagem institucional, as organizações incorporam orientações previamente

definidas e racionalizadas na sociedade, o que contribui para sua sobrevivência e para que

suas atividades sejam legitimadas. Dessa forma, tecnologias e programas são adotados pelas

organizações por motivo de pressões contextuais, que refletem regras e significados

construídos e institucionalizados pela sociedade.

A abordagem neoinstitucionalista é constituída de duas perspectivas principais. Uma delas

enfatiza a forma como as organizações incorporam as práticas e procedimentos informados

pelo ambiente institucional, referente ao isomorfismo. O isomorfismo institucional refere-se à

luta pela legitimidade e decorre de três mecanismos básicos separados, que podem operar

simultaneamente, são eles: coercitivo, mimético e normativo. O foco deste trabalho recai

sobre a discussão do isomorfismo coercitivo, que é derivado da influência política e do

problema da legitimação, podendo ser caracterizado pela adoção de estratégias similares pelas

organizações, como resultado de pressões formais e informais exercidas nas organizações por

outras das quais elas dependem, ou das expectativas culturais institucionalizadas no ambiente

que as mesmas atuam. (POWELL E DIMAGGIO, 1991, apud ZILBOVICIUS, 1999)

A interferência do isomorfismo na determinação da estratégia organizacional pode acontecer

sem provocar qualquer aumento de eficiência. A vantagem deste mecanismo para as

organizações está no aumento da facilidade nas transações intergovernamentais, provocada

Page 28: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

26

pela similaridade, favorecendo o funcionalismo interno através da incorporação de regras

socialmente aceitas. A organização, ao demonstrar que atua de acordo com as normas

coletivamente compartilhadas, ganha reconhecimento externo e assegura o seu próprio

desenvolvimento, aumentando suas oportunidades de expansão, através da maximização da

sua capacidade de obtenção de recursos. (FONSECA, 2003)

A outra perspectiva da abordagem institucional é a linha de interpretação de Meyer e Rowan

(1991), que remete ao mito e cerimônia. Segundo esta perspectiva, as estruturas formais de

organizações refletem dramaticamente os mitos de seu ambiente institucional, ao invés de

demandas ou necessidades de suas atividades produtivas. Dessa forma, as organizações são

direcionadas no sentido da incorporação de práticas e procedimentos estabelecidos pelas

concepções racionalizadas de funcionamento organizacional, institucionalizados na sociedade,

a fim de obter legitimidade e perspectiva de sobrevivência.

No entanto, mitos e cerimônias podem gerar dois tipos de problemas para a organização. O

primeiro remete à inconsistência em relação às atividades técnicas e à eficiência, devido à

falta de adequação das regras cerimoniais à produção. O segundo é a inconsistência gerada

pelos diversos mitos originários de partes diferentes do ambiente, gerando conflitos entre eles.

Meyer e Rowan (1991) apontam diversas soluções consideradas parciais para estes conflitos

que vão desde o abandono total das regras institucionalizadas até a total conformidade das

organizações com elas. Apenas dois dispositivos são apresentados no sentido de resolver

esses conflitos: a desconexão (decoupling) e a lógica da confiança e boa fé. Este primeiro

dispositivo refere-se à liberação para que os membros da organização possam resolver as

interdependências técnicas de maneira informal. Dessa forma, a estrutura formal das

organizações pode ser igual, mas informalmente apresentar diferenças.

No entanto, apesar da falta de controle e coordenação decorrente do dispositivo anterior, as

organizações legitimam-se através de outro dispositivo, a confiança e boa fé, que mantém a

ordenação das atividades do cotidiano, através da coordenação informal realizada pelos

participantes internos e externos da organização.

Page 29: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

27

3 ACORDO DE RESULTADOS EM MINAS GERAIS

Essa seção pretende descrever como se deu a contratualização de resultados no âmbito do

Executivo Estadual de Minas Gerais. Para isso, é necessária uma breve descrição do contexto

da inserção desse instrumento no governo mineiro. Em seguida, apresenta-se o instrumento da

forma como é operacionalizado atualmente. O foco será dado à implementação da

denominada segunda etapa dos Acordos de Resultados correspondentes ao segundo Governo

Aécio Neves (2007/2010), uma vez que esta será objeto de estudo mais à frente, quando se

pretende analisar e avaliar o monitoramento da mesma.

3.1 Contextualização

O Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) descreve a estratégia de longo prazo

do governo do estado. Nele estão definidas a visão do futuro, os objetivos estratégicos e as

diretrizes para a administração estadual, bem como os resultados finalísticos que devem ser

alcançados para que tudo isso seja concretizado. A estratégia de médio prazo está descrita no

Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), que é composto por programas e ações, as

quais representam o meio pelo qual se consolidam as estratégias traçadas pelo PMDI, onde se

define a atuação do governo através de políticas públicas por áreas de resultado. Esses dois

planos servem como base para o alinhamento entre o planejamento e a execução.

O Acordo de Resultados referente ao segundo Governo Aécio Neves foi criado no intuito de

alinhar e viabilizar as estratégias de longo e médio prazo com órgãos e entidades da

Administração Pública Estadual, agregados em Sistemas Operacionais, e as suas equipes de

servidores, passando a ser assim, o instrumento estratégico de curto prazo do governo

estadual.

Esse propósito está em sintonia com a definição proposta por Neves e Melo, transcrita a

seguir:

Instrumento de gestão (que) tem como objetivos precípuos viabilizar a estratégia de

governo por meio da disseminação da contratualização de resultados e sua respectiva

avaliação, alinhar o planejamento e as ações do acordado com o planejamento

estratégico do Governo, com as políticas públicas instituídas e os demais programas

Page 30: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

28

governamentais e melhorar a qualidade e eficiência dos serviços prestados à

sociedade. (NEVES E MELO, 2007; p.4)

O Acordo de Resultados foi implantado no estado de Minas Gerais em 2003, como uma das

principais medidas do denominado Choque de Gestão1, tinha então como principal objetivo

contribuir para o de alcance de maior eficiência na execução de políticas públicas do

executivo estadual, quando este se encontrava em situação financeira crítica.

As lei 14.964, de julho de 2003, e os decretos 43.674 e 43.675, também do mesmo ano,

institucionalizaram o Acordo, que foi reestruturado cinco anos depois por meio da lei 17.600

e do decreto 44.873.

3.2 O instrumento

O AR referente ao segundo Governo Aécio Neves pode ser assinado entre o governador de

Minas Gerais e as Secretarias de Estado, Advocacia Geral do Estado, a Polícia Militar, a

Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros Militar, a Auditoria Geral do Estado e o Gabinete Militar

do Governador ou os órgãos da Administração Pública Direta e as Entidades a elas vinculadas

com uma periodicidade anual ou no máximo de 04 anos.

O principal objetivo desse instrumento de gestão é a definição de prioridades representadas

por indicadores e metas visando os resultados esperados sejam o foco de atuação dos órgãos e

dos servidores públicos mineiros. Em contrapartida, é oferecido aos órgãos e entidades um

conjunto de autonomias gerenciais e financeiras e, em caso de desempenho satisfatório,

pagamento de prêmio por produtividade aos servidores, como incentivo. Esse prêmio pode

equivaler a um 14º salário, dependendo do nível de desempenho alcançado, o qual é

discriminado até o nível de equipe.

Dentre as autonomias passíveis de serem conferidas, podem ser citados a ampliação dos

limites de dispensa de licitação, o livre remanejamento de cargos em comissão e funções de

confiança sem implicação em aumento de despesa ou a concessão de valores diferenciados de

vale refeição ou vale alimentação. Por outro lado, os compromissos são analisados a partir de

1 Política do Governo Aécio Neves, implantada no seu primeiro mandato, 2003, com o objetivo de reverter o quadro de déficit orçamentário, além da modernização do aparato estatal.

Page 31: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

29

critérios decididos no processo de negociação e pactuação entre a SEPLAG (Secretaria de

Estado de Planejamento e Gestão), representante do Governador, e as demais secretarias.

O AR, em sua primeira etapa, é composto pelos seguintes compromissos:

Atingimento dos resultados, ou seja, das metas dos indicadores finalísticos constantes do

PMDI;

Execução dos projetos estruturadores (PE´s);

Execução da agenda setorial e;

Racionalização do gasto.

Os resultados finalísticos são negociados e pactuados, atribuindo-se pesos variados a cada

indicador. Nos casos em que há projetos estruturadores e nos casos em que há indicadores e

metas afetadas potencialmente pela ação de duas ou mais secretarias, o compromisso de

execução e de alcance destas metas deve constar nos acordos de ambas as secretarias.

Os projetos estruturadores são projetos governamentais considerados prioritários tendo em

vista sua maior capacidade transformadora e maior possibilidade de promover a sinergia entre

os resultados finalísticos que se pretende alcançar e os produtos que o projeto oferece para tal.

Esses projetos foram concebidos de forma a viabilizar uma intervenção sistêmica nas diversas

áreas de resultados2. Dessa forma, cada área de resultados conta com a intervenção de, pelo

menos, um projeto estruturador.

A taxa de execução dos projetos estruturadores é pactuada de acordo com o plano de projeto,

que é elaborado/revisto anualmente. A taxa de execução é calculada ao final do período, a

cada ano, a partir de avaliações quanto a:

Relação entre a meta alcançada e a meta prevista, metas que normalmente se configuram

como produtos finais das ações;

Cumprimento do prazo estipulado para o cumprimento dos marcos, que são produtos

intermediários, como elaboração de editais, contratação de consultoria;

Relação entre a despesa empenhada e o crédito inicial.

2 Foram definidas 11 áreas de resultados onde serão concentrados os melhores esforços e recursos do executivo estadual, organizando os programas que geram resultados efetivos para a sociedade.

Page 32: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

30

A agenda setorial é composta de iniciativas diversas, principalmente de itens destinados à

padronização de atividades transversais associadas a áreas meio.

Por último, o quarto componente de pactuação, “racionalização do gasto”, refere-se,

principalmente, às metas de redução de custeio e de racionalização de processos. Além da

chamada pactuação de primeira etapa, na qual os secretários pactuam os acordos com o

Governador, a partir de 2008, os acordos passaram a ser desdobrados até o nível de equipe,

constituindo o que é chamado de Acordo de Resultados de segunda etapa.

Trata-se do desdobramento do acordo assinado com o governador até o nível de equipe dos

órgãos e entidades componentes dos chamados “sistemas operacionais”, o que pode ser

visualizado na Figura 1, a seguir:

Figura 1: Esquema lógico do AR

Fonte: sítio da SEPLAG

Esse processo de pactuação foi realizado a partir da metodologia do Balanced Scorecard

(BSC), que embasou a discussão dos objetivos definidos no PMDI e seus desdobramentos em

indicadores para cada equipe de trabalho. O passo seguinte constitui na identificação das

possíveis contribuições de cada equipe para os objetivos, consubstanciados num plano de

ações e produtos e na definição de indicadores e metas para monitoramento dessas

Page 33: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

31

contribuições. As metas são agrupadas em produtos, quando se determina um objeto a ser

entregue em um prazo instituído, e em indicadores, quando se busca alcançar um resultado

mensurado através da mudança de uma realidade pelo impacto produzido. Essas metas foram

definidas pelo próprio acordado e aprovadas pela SEPLAG.

Por fim, o AR é avaliado anualmente quanto ao alcance de seus itens pela Comissão de

Acompanhamento e Avaliação (CAA). Essa avaliação é feita em dois momentos: a avaliação

do desempenho institucional, referente ao acordo de primeira etapa, e a avaliação de

produtividade por equipe, referente ao acordo de segunda etapa. A avaliação por equipe só

ocorre se alcançado determinado nível de desempenho na primeira etapa.

3.3 Monitoramento do AR

Para monitoramento e avaliação do AR, a lei 17600, anteriormente mencionada, determina

que seja instituída a Comissão de Acompanhamento e Avaliação composta por um

representante dos acordados, dos servidores acordados, do acordante, de cada órgão

interveniente e da SEPLAG. Essa mesma lei estabelece ainda, em seu artigo 11, as

competências da CAA, sendo elas:

I - acompanhar e avaliar os resultados alcançados pelo acordado, considerando as

metas e indicadores de desempenho previstos no Acordo de Resultados;

II - recomendar, com a devida justificativa, alterações no Acordo de Resultados,

principalmente quando se tratar de necessidade de alinhamento de indicadores,

metas e resultados;

III - recomendar, com a devida justificativa, a revisão, a renovação ou a rescisão do

Acordo de Resultados; e

IV - proceder, ao final de cada período avaliatório, à Avaliação de Desempenho

Institucional, na qual concluirá acerca do desempenho do acordado.

§ 1º As avaliações realizadas pela Comissão de Acompanhamento e Avaliação

incluirão, sem prejuízo de outras informações, os fatores e circunstâncias que

tenham dado causa ao descumprimento, pelo acordado, das metas estabelecidas,

bem como as medidas que este tenha adotado para corrigir as falhas detectadas.

§ 2º A Comissão de Acompanhamento e Avaliação encaminhará aos signatários do

Acordo de Resultados, dentro dos prazos definidos em decreto, a avaliação a que se

refere o inciso IV.

A Resolução nº 035, da SEPLAG, de abril de 2009, determina ainda que seja instituída outra

comissão para gestão do AR, para servir de apoio à CAA, de forma a atuar em parceria com

esta, denominada Equipe de Apoio à Gestão Estratégica (EAGE). Os membros da EAGE são

Page 34: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

32

indicados pelos gerentes máximos de seus respectivos órgãos/entidades. O artigo 2º, no

parágrafo 1º desta resolução, define as atribuições desta comissão, da seguinte forma:

§1º A EAGE atuará como suporte interno de cada equipe e da Alta Administração

nas seguintes práticas de gestão estratégica, dentre outras:

I - acompanhar a elaboração, execução e avaliação do Acordo de Resultados;

II - contribuir para a análise de identificação das causas de desvios das metas e

assegurar a proposição de soluções;

III - reportar ao nível de direção do órgão todos os desvios, distorções que por

ventura aconteçam;

IV - difundir os conhecimentos relativos à metodologia, técnicas e ferramentas de

gestão estratégica; e

V - avaliar, junto com as equipes, a adequação dos indicadores e metas e propor

alterações.

O decreto 44873 de agosto de 2008 determina, em seu artigo 19, que a sistemática de

acompanhamento e avaliação de cada etapa do Acordo de Resultados seja definida no

instrumento de pactuação.

Page 35: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

33

4 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

RESULTADOS DE SEGUNDA ETAPA DA SEAPA

Esta seção passa, primeiro, por uma descrição das atribuições e da estrutura da Secretaria de

Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, seguida de uma explicação da segunda

etapa do Acordo de Resultados celebrado. Em seguida, o foco é direcionado para a análise da

sistemática de monitoramento do referido Acordo de Resultados de segunda etapa da SEAPA.

Para tanto, dois métodos foram utilizados, a pesquisa documental e a observação direta3. Os

documentos usados foram o Acordo de Resultados de 2008 e, os relatórios de execução e de

avaliação do AR de 2ª etapa a partir de 2008, bem como os documentos utilizados pela

Equipe de Apoio à Gestão Estratégica (EAGE) para realizar o monitoramento, sendo eles o

painel de metas por equipe, os gráficos, planos de ação e relatório de análise de desvios.

Os documentos utilizados, o organograma institucional, o mapa estratégico da Secretaria e o

quadro de metas dos anos de 2008, 2009 e de 2010 podem ser encontrados nos anexos.

4.1 A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento: breve contextualização

A SEAPA foi criada pela lei nº 06 de 16 de outubro de 1891, com o nome de Secretaria da

Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Somente em 1987, quando a lei 9511 de 29 de

dezembro extinguiu a Secretaria de Estado de Abastecimento e criou a Superintendência de

Abastecimento dentro da então Secretaria de Agricultura e Pecuária, a SEAPA recebeu seu

nome atual. Após várias mudanças na estrutura da Secretaria, o decreto nº 44802 de 08 de

maio de 2008 estabeleceu a estrutura orgânica da SEAPA da forma como esta se encontra

hoje.

3 Observação direta, conforme Marconi e Lakatos (1990), devido ao envolvimento direto do autor para com o

objeto analisado. A observação foi realizada no período de Março a Setembro de 2010, através de estágio

obrigatório, na DPMI.

Page 36: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

34

A SEAPA faz parte da administração direta do Estado, integrando o Sistema Operacional de

Agricultura, Pecuária e Abastecimento e tem como missão promover o desenvolvimento

sustentável do agronegócio e do meio rural mineiro, por meio de políticas de apoio à

agricultura familiar e as atividades agrossilvopastoris, o aproveitamento dos recursos naturais

renováveis, a gestão de qualidade, transporte, armazenamento, comercialização e distribuição

de produtos.

Estão subordinados à SEAPA o Conselho Estadual de Política Agrícola, o Conselho Estadual

de Desenvolvimento Rural Sustentável e o Conselho Diretor das Ações de Manejo de Solo e

Água. Além desses, integram a área de competência da Secretaria, por vinculação, o Instituto

Mineiro de Agropecuária – IMA, a Fundação Rural Mineira - RURALMINAS; a Empresa de

Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais - EMATER-MG; e a

Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG.

O Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA, criado em 7 de janeiro de 1992 é uma autarquia

vinculada à SEAPA, e possui um corpo técnico composto por agrônomos, veterinários e

técnicos em agropecuária. Suas atribuições incluem a responsabilidade por ações de controle

de doenças animais, defesa sanitária vegetal. Oferece, no âmbito do estado, uma rede de

laboratórios apta a atender diversas áreas no campo da agropecuária.

A Fundação Rural Mineira – Ruralminas é uma entidade pública que possui estrutura voltada

a oferecer tecnologia e serviços de colonização, engenharia motomecanização e

gerenciamento de programas de desenvolvimento rural. No entanto, passou por uma

reestruturação em 1993 e a partir de 2000 a empresa passou a concentrar o foco do seu

trabalho na implantação de programas integrados de desenvolvimento rural nas regiões mais

carentes de Minas.

A EMATER-MG foi criada a partir da Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR),

criada em 1948. A ACAR foi transformada em EMATER em 1975, com a lei nº 6704. Ela

atua como um dos principais instrumentos do Governo de Minas Gerais para a ação

operacional e de planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente para desenvolver

ações de extensão rural junto aos produtores de agricultura familiar.

Page 37: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

35

A EPAMIG foi constituída, como empresa pública, pela Lei nº 6.310, de 8 de maio de 1974

(MINAS GERAIS, 1999). Constituiu-se na principal instituição de execução de pesquisa

agropecuária de Minas Gerais e tem a função de apresentar soluções para o complexo

agrícola, gerando e adaptando alternativas tecnológicas, oferecendo serviços especializados,

capacitação técnica, insumos qualificados compatíveis com as necessidades dos clientes e

em benefício da qualidade de vida da sociedade.

A estrutura orgânica da SEAPA é composta por três superintendências finalísticas, sendo elas:

Superintendência de Política e Economia Agrícola, Superintendência de Desenvolvimento

Rural Sustentável e Superintendência de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura Familiar,

a área meio corresponde à Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças (SPGF), a

Auditoria Setorial, a Assessoria de Comunicação, a Assessoria Jurídica e a Assessoria de

Apoio Administrativo, como pode ser observado na figura 2, a seguir:

Page 38: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

36

Figura 2: Organograma institucional da SEAPA

A Secretaria é acordada do AR desde 2005. Na primeira etapa do AR da Secretaria, são

intervenientes do acordo tanto a Secretaria de Estado da Fazenda (SEF) quanto a SEPLAG.

Tal acordo é pactuado para todo o Sistema Operacional de Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, que conta com o IMA, a RURALMINAS, a EMATER-MG e a EPAMIG,

unidades vinculadas à Secretaria acima citadas.

Page 39: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

37

Já na segunda etapa do AR, somente a SEPLAG é interveniente e a pactuação das equipes

ocorre por órgão ou unidade administrativa.

4.2 Acordo de Resultados de segunda etapa

O AR de segunda etapa foi iniciado no Estado apenas em 2008. Antes disso, a Secretaria

passou apenas por avaliações institucionais. Na SEAPA, o acordo de resultados foi assinado

no ano de 2005, e é pactuado anualmente desde então. No ano de 2008, assinou-se, pela

primeira vez, o acordo de segunda etapa como parte integrante, subsidiária e acessória do

acordo de primeira etapa, realizado em 1º de janeiro do ano de 2007.

Para o desdobramento do acordo até o nível de equipes, foi elaborado o BSC em 2008, onde

se procurou alinhar o trabalho de cada equipe com os objetivos estabelecidos no PMDI. O

mapa estratégico da secretaria possui 21 objetivos estratégicos. Antes disso, foram

estabelecidas as equipes acordadas da área meio e das superintendências finalísticas. Cada

uma possui diferentes quantitativos de metas, podendo ser indicadores ou produtos,

estabelecidos de acordo com a realidade de cada equipe. Em 2008, foram pactuadas 45 metas,

entre indicadores e produtos. Em 2009 foram pactuadas 40. Para 2010, o número de metas

pactuadas foi de 55, como pode ser observado no Quadro 2, a seguir:

2008 2009 2010

GABINETE 2 1 10

ASCOM 5 2 3

ASJUR 1 3 5

AUDI 1 2 2

SPGF 19 14 17

SPEA 5 5 8

SUSAF 4 7 6

SDRS 8 6 4

TOTAL 45 40 55

Quadro 2: Número de indicadores e produtos por equipe, por ano

Fonte: Elaboração própria

Foram acordadas 8 equipes, representando quase que a totalidade da estrutura orgânica da

Secretaria, são elas:

Gabinete

Page 40: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

38

Auditoria Setorial

Assessoria de Comunicação

Assessoria Jurídica

Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças

Superintendência de Política e Economia Agrícola

Superintendência de Desenvolvimento Rural Sustentável

Superintendência de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura Familiar

Além de definir os indicadores e metas de cada equipe acordada, o documento inclui as

responsabilidades e obrigações das partes do acordo, estabelece as condições para execução

do que foi acordado e especifica os critérios para fiscalização, acompanhamento e avaliação

do desempenho das equipes, com base em indicadores de eficiência, eficácia e efetividade.

Em 2008, a CAA atribuiu nota média de 9,78 para as equipes, sendo que, dentre as oito

equipes, seis alcançaram a nota máxima “10”, enquanto as outras duas equipes tiveram notas

equivalentes à 8,31 e 9,95. Dessa forma, pode-se dizer que o desempenho foi bastante

satisfatório das equipes para esse ano, como pode ser observado no quadro 3, a seguir:

Equipe Nota atribuída pela

CAA

Nota final

(após ponderação)

Gabinete 10,00 8,32

ASCOM 10,00 8,32

ASJUR 10,00 8,32

AUDI 10,00 8,32

SPGF 10,00 8,32

SPEA 10,00 8,32

SDRS 8,31 6,91

SUSAF 9,95 8,28

Quadro 3: Notas das equipes no ano de 2008

Fonte: Relatório de Avaliação da CAA de 2008

Page 41: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

39

Em 2009, a nota média atribuída pela CAA foi de 9,48. Nesse ano, apenas duas equipes

conseguiram nota máxima, sendo que a menor nota obtida foi de 8,84, como pode ser

observado no quadro 4, a seguir:

Equipe Nota atribuída pela

CAA

Gabinete 9,23

ASJUR 9,85

AUDI 9,81

ASCOM 10,00

SPGF 9,00

SPEA 10,00

SDRS 8,84

SUSAF 9,09

Quadro 4: Notas das equipes no ano de 2009

Fonte: Relatório de Avaliação da CAA de 2009

No relatório de avaliação de 2009 não consta a nota do AR de primeira etapa,

consequentemente também não informa o fator de ponderação, nem a nota final de cada

equipe após a ponderação.

A ponderação ocorre para efeito do pagamento de prêmio produtividade, a partir da redução

proporcional das notas das equipes, de acordo com a nota institucional de primeira etapa do

Sistema Operacional de Agricultura. Isso é realizado porque a média das notas das equipes

não pode ser maior do que a nota da primeira etapa.

Page 42: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

40

4.3 A Sistemática de monitoramento do Acordo de Resultados

O acompanhamento do AR de segunda etapa se dá através da verificação do cumprimento das

metas estipuladas para cada indicador e produto. Tais metas do AR de segunda etapa são

repactuadas anualmente, após a avaliação da CAA, depois de encerrado o período avaliatório

e atribuídas as notas de cada equipe. Para tanto, após a pactuação das metas, ocorre o

monitoramento por parte da EAGE durante todo o período de avaliação. Por último, a CAA

avalia o cumprimento das metas acordadas. O processo abrange um ciclo anual, conforme

segue:

Pactuação → Monitoramento → Avaliação

O processo de pactuação das metas é realizado entre o titular da Secretaria e os chefes de

equipe, em reunião que conta com a presença de um representante da SEPLAG. Em outras

palavras, as metas são negociadas entre a alta direção e os responsáveis pelo alcance dos

resultados acordados.

A avaliação das equipes é realizada na reunião anual da CAA, que se baseia nas informações

relativas ao cumprimento das metas prestadas pelos chefes de equipe no relatório de execução

e recebidas pela CAA, presumindo-se confiabilidade e boa-fé. Após análise dessas

informações recebidas, cabe à CAA atribuir as notas de cada equipe.

Como visto anteriormente, a sistemática de acompanhamento e avaliação do Acordo de

Resultados, segundo decreto 44873, deve ser definida no instrumento pactuado. Sendo assim,

o AR de segunda etapa de 2008, em seu anexo IV, determina que o período avaliatório se

inicie no primeiro dia após o encerramento do período anterior e terá duração de seis meses.

Além disso, determina também que avaliação do AR será realizada por meio de:

Relatórios gerenciais de execução elaborados pelo acordado e encaminhados para todos

os membros da Comissão de Avaliação e Acompanhamento, semestralmente, no prazo de

até 45 dias corridos após o fechamento do período avaliatório.

Reuniões da Comissão de Acompanhamento e Avaliação, que ocorrerão em datas

definidas pela SEPLAG, respeitando um prazo mínimo de 5 dias úteis entre o

recebimento do Relatório de Execução e a data da reunião.

Page 43: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

41

Relatórios gerenciais de avaliação, elaborados pela Comissão de Acompanhamento e

Avaliação, no prazo de até 30 dias corridos após a última reunião da Comissão que for

agendada pela SEPLAG.

Os relatórios gerenciais de execução são documentos que tem por objetivo fornecer

informações sobre o desempenho das equipes de trabalho que compõem a SEAPA no alcance

das metas e resultados pactuados na segunda etapa do AR. Neles, consta o quadro de

indicadores e produtos de cada equipe, com a meta e o resultado alcançado no período de

avaliação, realizado por semestre. Abaixo desse quadro, encontram-se quadros individuais

para cada indicador ou produto com a função de obter maiores informações a respeito da

execução dos mesmos. Esses relatórios são enviados para a CAA após o preenchimento.

As reuniões da CAA tem, como objetivo, proceder à avaliação da execução das metas

traçadas no AR, o que é informado pelos relatórios gerenciais de execução recebidos pela

EAGE, após preenchimento por cada chefe de equipe.

As reuniões da CAA geram o relatório de avaliação que tem, como objetivo formal,

proporcionar ao controle estratégico informações que subsidiem tomada de decisões,

possibilitem o aperfeiçoamento do processo de contratualização, indiquem a necessidade de

correção de rumos e orientem a busca de ações mais apropriadas para o alcance dos resultados

pretendidos. Esse relatório contém recomendações de melhorias da CAA para as futuras

pactuações do AR e os resultados da avaliação do AR referente a determinado período. É

gerado um relatório após cada período avaliatório.

4.3.1 Sistemática de Acompanhamento do AR da SEAPA pela EAGE

A EAGE (Equipe de Gestão Estratégica), além de adotar as determinações constantes no

anexo IV do AR, desenhou uma estratégia de acompanhamento interno da Secretaria de forma

a monitorar melhor o desempenho das equipes e apoiar a CAA. Esse monitoramento realizado

pela EAGE será analisado nessa seção à luz das idéias de Buvinich (1999) acerca das

questões-chave e principais diretrizes para o sistema de monitoramento.

Em 2008, a EAGE contava com um especialista em políticas públicas e gestão governamental

(EPPGG), um profissional com conhecimento técnico na área de agricultura e pecuária, a

diretora da Diretoria de Planejamento e Modernização Institucional (DPMI) e o diretor da

Page 44: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

42

Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças (SPGF). No entanto, devido à saída do

EPPGG e do profissional com conhecimentos técnicos na área de agricultura e pecuária,

atualmente a EAGE é composta pelo Diretor da SPGF, a Diretora da DPMI e outro EPPGG,

todos indicados pelo dirigente máximo, o Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e

Abastecimento.

Essa equipe tem como principais funções dentro da Secretaria, as seguintes:

Dar continuidade aos trabalhos iniciados com o apoio de consultoria ou dos técnicos da

SEPLAG no acompanhamento do Acordo de Resultados;

Atuar junto às Equipes contribuindo para que o Órgão/ Entidade atinja os seus resultados,

alinhados com a sua missão e visão e com os objetivos estratégicos do Governo;

Acompanhar e dar o retorno à alta direção do andamento do trabalho de alinhamento

estratégico e desdobramento de metas e demais frentes estratégicas;

Ser facilitador entre as diversas instâncias internas e externas do órgão.

Compreendendo o sentido e a importância do acompanhamento, a EAGE tem como objetivos:

garantir bom desempenho e corrigir rumos; evitar surpresas ao final do período avaliatório;

garantir transparência, com divulgação periódica dos resultados; avaliar permanentemente o

desempenho das equipes; definir e acompanhar ações preventivas e corretivas, a fim de atingir

as metas propostas; envolver os servidores e fortalecer o espírito de equipe dentro da

instituição.

Nesse sentido, a EAGE firma um compromisso junto à Secretaria, sendo parcialmente

responsável pelo sucesso no alcance das metas pactuadas, uma vez que ela faz parte do

processo, ao dar suporte às equipes, sendo ela a interface entre a direção da Secretaria e os

chefes de cada equipe. É responsável também por verificar a qualidade e atualização dos

dados a serem apresentados nas reuniões e também acompanhar a evolução e o cumprimento

das metas e produtos pactuados.

Os chefes de equipe são a outra parte desse compromisso. A eles cabe a responsabilidade de

assegurar que toda a equipe conheça seus indicadores e metas, de prover os meios necessários

para o alcance dos resultados pactuados e, por último, de acompanhar de maneira sistemática

e periódica os resultados que estão sendo alcançados

Page 45: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

43

A EAGE, a fim de cumprir com suas responsabilidades, elaborou uma sistemática de

acompanhamento para o Acordo de Resultados da SEAPA, bem como algumas ferramentas

que facilitam e organizam a coleta de informações, são elas:

Painel de Metas por Equipe

Gráficos

Plano de Ação

Relatório de Análise de Desvios

Gestão à Vista

Segundo Buvinich (1999), a informação do monitoramento pode ser apresentada num

relatório escrito ou num quadro resumo de indicadores. No caso do monitoramento realizado

na SEAPA, a apresentação é feita por uma espécie de quadro resumo de indicadores,

denominado “painel de metas por equipe”. Essa ferramenta é atualizada bimestralmente,

depois de realizadas as reuniões com os chefes de equipe, para que sejam apresentados os

resultados nas reuniões gerenciais, com presença do Secretário.

Esse painel dá uma noção geral do desempenho de cada equipe até o momento. Existem 5

representações para possíveis status para os resultados obtidos: os faróis verdes, os amarelos,

os vermelhos, os brancos e os azuis. Os faróis verdes representam as metas que estão sendo

alcançadas dentro do prazo previsto, sem riscos de cumprimento; os amarelos são aqueles que

possuem risco no cumprimento, necessitando de intervenção para a sua execução; os faróis

vermelhos significam que a meta possui execução problemática, estando a mesma na

iminência do não cumprimento; o farol branco é utilizado para indicar que faltam informações

para a execução da meta; finalmente, o azul indica que a meta já foi concluída.

Os gráficos são a representação das metas e aquilo que já se executou delas, e são usados para

que se consiga visualizar como está o desempenho de cada indicador das equipes, com melhor

noção do quanto de esforço é necessário para que se consiga alcançar o resultado desejado.

Eles são atualizados mensalmente.

Os planos de ação são documentos elaborados para cada indicador de cada equipe, onde são

descritas as ações que foram determinadas para que se conseguisse chegar à meta pactuada.

Consta nesse documento: o indicador do qual se trata; a meta pactuada para este; o

Page 46: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

44

responsável pelo resultado (geralmente o chefe de equipe), a data da última atualização; a

ação; quem é responsável por executar a ação; quando ela será realizada; como; o status

(executada/parcialmente executada/não executada/depende da ação anterior) e observações.

Este documento também é atualizado nas reuniões mensais com os chefes de equipe.

O relatório de análise de desvios é outro documento elaborado para cada indicador de cada

equipe, onde são descritas as ações planejadas, aquilo que foi realizado das ações, os pontos

problemáticos encontrados pelos responsáveis, as proposições para que se consiga alcançar o

resultado através de uma outra ação, a data e o responsável pela ação.

A gestão à vista é uma ferramenta de comunicação organizacional, usada quando se quer dar

visibilidade sobre algo a qualquer pessoa que trabalhe em uma instituição, ou mesmo que

esteja só de passagem, ou qualquer pessoa que possa visualizá-la. Deve ser de fácil

entendimento, com linguagem acessível para todos. Essa ferramenta procura mudar a cultura

organizacional do local de trabalho, compartilhando as informações de todos os setores.

É possível verificar, por meio dessas ferramentas, que as informações tratadas pelo

monitoramento são as metas acordadas com as equipes. Segundo Buvinich (1999), o

monitoramento teria o trabalho de selecionar as informações pertinentes para

acompanhamento. No entanto, como a equipe de monitoramento não participa do processo

por completo, ficando de fora da fase de pactuação, as informações que precisam ser tratadas

já são dadas para a EAGE, ou seja, as informações a serem tratadas são os indicadores e

produtos pactuados.

A sistemática de acompanhamento consiste na realização dos seguintes esforços:

Reuniões mensais com os chefes de equipe;

Reuniões Gerenciais bimestrais com participação do Secretário, Secretário Adjunto,

chefes de equipe;

Divulgação dos resultados por meio da Gestão à Vista.

Mensalmente, cada chefe de equipe se reúne com um responsável da EAGE para apresentar

os resultados alcançados até o momento da reunião. Essa reunião é conduzida pelo membro

da EAGE e é realizada com o auxílio das ferramentas que serão atualizadas e são projetadas

para que todos os presentes estejam em condições de acompanhar a discussão.

Page 47: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

45

Nessas reuniões realizadas mensalmente com os chefes de equipe, ocorre a atualização dos

resultados alcançados para os indicadores e produtos correspondentes a cada equipe desde o

último período analisado. Essa atualização é realizada pelo membro representante da EAGE

que solicita que os chefes de equipe atualizem os gráficos com aquilo que foi realizado pela

equipe e os planos de ação com a execução da ação de cada indicador ou produto até o

momento.

Essas reuniões são geralmente numa sala pequena, onde se projeta, através do data show, as

ferramentas que possuem esses dados (painel de metas, gráficos, plano de ação, relatório de

análise de desvios). O representante da EAGE conduz a reunião, fazendo perguntas

pertinentes à execução das metas, a fim de preencher as ferramentas com as informações que

são fornecidas pelos chefes de equipe.

No gráfico de acompanhamento das metas, as informações dadas pelos chefes de equipe são

acrescentadas e podem indicar que a meta está sendo executada, ultrapassada ou não

executada. Esse gráfico permite uma visualização numérica da meta, possibilitando, dessa

forma, a noção do quanto foi cumprido e o quanto ainda falta cumprir. O plano de ação indica

o status de cada ação, o que permite verificar que processo pode estar prejudicando a

execução de alguma meta, quem é responsável por ela e se a mesma se encontra dentro do

prazo, atrasada ou adiantada.

O intuito destas reuniões é acompanhar o trabalho realizado pelos chefes de equipe,

verificando possíveis problemas e corrigindo rumos que possam estar desalinhados com o

objetivo estratégico da Secretaria, entendido como as metas traçadas no AR. Nesse caso, a

EAGE teria a função de agir como auxiliadora, orientando os chefes de equipe e propondo

possíveis soluções.

No entanto, vale ressaltar que os membros da EAGE não têm conhecimento profundo a

respeito de nenhum indicador ou produto, principalmente aqueles ligados à área fim da

Secretaria. Os chefes de equipe são os únicos detentores da informação completa a respeito da

execução das metas e da capacidade do órgão de executá-las.

Dessa forma, a EAGE cumpre com seu dever de orientar, mesmo que com conhecimento

limitado, os chefes de equipe a respeito do que pode ser realizado para que a meta seja

cumprida de acordo com a estratégia da Secretaria. Algumas vezes a orientação se limita à

Page 48: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

46

percepção do problema e à sugestão de que mudanças sejam realizadas para que a meta seja

melhor executada.

Além disso, o procedimento realizado nas reuniões conduzidas pela EAGE raramente, ou

quase nunca, exige comprovação da declaração dada pelos chefes de equipe referente ao

cumprimento da meta. Geralmente, o que ocorre é a solicitação para que os chefes de equipe

compareçam à reunião bimestral com as comprovações de execução das metas para

apresentação das mesmas ao Secretário para, caso sejam indagados por ele em relação a

qualquer dúvida que possa surgir, haver a possibilidade de comprovação dos dados

apresentados.

Essa situação remete-se claramente ao problema discutido na seção 2 deste trabalho, o modelo

agente x principal, uma vez que existe assimetria de informação entre as duas partes

envolvidas. Nesse caso específico, pode-se considerar o chefe de equipe como o agente, pois é

o único detentor da totalidade das informações referentes à execução do seu trabalho. Por

outro lado, o representante da EAGE pode ser visto aqui como o principal, uma vez que ele é

dependente do chefe de equipe em relação às informações da execução das metas que ele

acompanha.

O representante da EAGE, após recolhimento e análise das informações fornecidas, baseando-

se exclusivamente na presunção de confiabilidade e boa fé do chefe de equipe, faz uma

avaliação do resultado obtido. A avaliação realizada é focada unicamente na execução das

metas, a partir da atualização dos dados recebidos dos chefes de equipe. Ou seja, após

recolher as informações passadas pelos chefes de equipe, a EAGE simplesmente verifica o

cumprimento de cada indicador ou produto.

Sendo assim, caso a EAGE verifique que a meta está sendo cumprida, a única providência

tomada é de informar ao chefe de equipe que leve os documentos que comprovem o

atingimento da meta à reunião com o Secretário. Por outro lado, caso a EAGE verifique que a

meta não está sendo cumprida no prazo estipulado, a providência tomada pela EAGE é a

indagação ao chefe de equipe se aquela meta será executada até a avaliação final da CAA, que

acontece no final do ano. Em caso de resposta afirmativa do chefe de equipe, a EAGE solicita

que o responsável pelo cumprimento da meta apresente justificativa na reunião bimestral, caso

esta questão seja abordada pelo Secretário. Em caso de resposta negativa, a EAGE avalia a

possibilidade de revisão da meta junto à SEPLAG.

Page 49: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

47

Novamente, a questão da assimetria informacional se torna bastante visível, uma vez que os

documentos comprobatórios de cumprimento da meta não são exigidos para todos os

indicadores e produtos nesta fase do monitoramento. Torna-se aparente também a

transformação da meta num fim em si mesma, na medida em que todos os esforços se

direcionam para a adequação de tudo aquilo que é executado à meta, e quando isto não é

possível, parte-se para a tentativa da adequação da meta com aquilo que foi executado, por

meio de revisão da mesma junto à SEPLAG.

Segundo Buvinich (1999), a coleta de informações deveria ocorrer regularmente, servindo

como base para a verificação do andamento do contrato, com a finalidade de tomar decisões

cabíveis para que as metas traçadas sejam alcançadas, além de detectar e corrigir os desvios

de programação. No entanto, essas reuniões mensais servem, na realidade, para simples

recolhimento e organização de informação, uma vez que a EAGE não possui conhecimento

técnico suficiente para corrigir os possíveis desvios encontrados, ou até mesmo de detectá-los,

conforme o caso.

A cada duas reuniões mensais a EAGE prepara as reuniões bimestrais. Para as reuniões

gerenciais bimestrais, a EAGE organiza o material produzido e atualizado pelas últimas

reuniões mensais realizadas com os chefes de equipe. Essas reuniões têm, como objetivo,

apresentar ao Secretário o andamento da execução das metas. Dessa forma, a EAGE cumpre

seu papel de servir como a interface da alta administração (Secretário e Secretário Adjunto)

com os responsáveis por executar as metas (chefes de equipe).

Como a reunião gerencial tem como principal função informar o cumprimento das metas

àqueles que nelas se interessam, segundo o modelo de Buvinich (1999), além da alta direção e

dos chefes de equipe, seria apropriado que também fizessem parte, dessa reunião,

representantes dos beneficiários dos programas e projetos que contém as metas que serão

analisadas, o que não acontece.

Depois de realizadas as reuniões mensais com cada chefe de equipe, a EAGE elabora uma

apresentação didática da execução das metas a ser apresentada por um representante da equipe

na reunião gerencial bimestral, com a presença de todos os chefes de equipe, o Secretário e o

Secretário Adjunto.

A intenção desta reunião é de, depois de acompanhar o trabalho das equipes, dar retorno à alta

direção do andamento do trabalho de alinhamento estratégico e desdobramento de metas e

Page 50: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

48

demais frentes estratégicas, de forma a informar ao Secretário e ao Secretário Adjunto a

respeito do desempenho das equipes no cumprimento das metas do acordo de resultados.

Nessa apresentação, os indicadores de cada equipe são apresentados pelo painel de metas, já

anteriormente descrito, onde primeiramente se explica cada status possível (os faróis verde,

vermelho, amarelo, branco e azul). Logo depois, apresenta-se o status geral de cada equipe

acordada. Esse status dá uma noção geral de como vai o desempenho de cada equipe

separadamente.

Depois disso, começa a apresentação de cada equipe, com o status de cada indicador

especificamente. Nesse momento, passa-se pelas metas de forma bastante breve, caso as

mesmas apresentem farol verde ou azul. Apenas no caso da meta aparentada possuir algum

problema, com faróis amarelos, vermelhos ou mesmo brancos, o Secretário interrompe a

apresentação para indagar sobre causas do problema e o que está sendo feito para solucioná-

lo.

Nesse último caso, a EAGE apresenta o indicador de forma mais completa, com uma

apresentação dos gráficos que representam o desempenho da equipe e os resultados obtidos

para que o Secretário tenha uma noção melhor da execução da meta específica. Nesse

momento, o chefe de equipe é convidado a justificar as ações da equipe e explicar os motivos

do não cumprimento ou cumprimento apenas parcial. O Secretário ouve as justificativas e

propõe melhorias e resoluções para o problema apresentado, sempre cobrando melhorias no

painel de metas. Chegado a um acordo entre o Secretário e o chefe de equipe que apresentou

problemas, a reunião segue com a apresentação das outras metas, seguindo sempre o mesmo

procedimento.

Verificam-se, novamente, as metas como fins em si mesmas, uma vez que o foco da reunião

se dá exclusivamente na execução destas. Nota-se também que a única medida tomada em

relação às metas que não estão sendo cumpridas adequadamente pelo chefe de equipe é o

constrangimento moral do chefe de equipe a partir da repreensão do Secretário em frente aos

outros presentes na reunião.

Essa reunião bimestral, assim como a mensal, é pautada exclusivamente no cumprimento das

metas.

Page 51: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

49

No meio do semestre e ao final do ano, depois de realizadas as reuniões mensais e bimestrais,

quando se aproxima o fim da duração de cada período avaliatório, a SEPLAG solicita à

EAGE que preencha o relatório de execução das metas, com informações sobre cada equipe

de trabalho.

Como descrito anteriormente, o relatório contém o resultado obtido pelas equipes em

comparação com as metas acordadas e as justificativas dos chefes de equipe para os casos em

que o resultado seja muito superior à meta acordada, ou no caso da meta não ter sido atingida.

A SEPLAG envia para a EAGE, através de email, o modelo do relatório a ser preenchido e

enviado novamente para que a CAA possa avaliar.

Como a avaliação realizada pela CAA se baseará no relatório de execução das metas, a função

da EAGE aqui fica bem clara como de apoio à CAA no acompanhamento do acordo de

resultados para que a CAA consiga fazer uma avaliação pertinente no final do período

avaliatório.

Após receber o modelo do relatório, a EAGE o encaminha para cada chefe de equipe para que

os mesmos o preencham com as informações necessárias. Cada chefe de equipe preenche

todos os dados com as últimas informações passadas para a EAGE durante reunião e justifica

a execução das metas de cada indicador. A função da EAGE é de apenas solicitar que o

preenchimento do relatório seja feito por todos e enviá-lo completo à CAA no prazo

determinado pela SEPLAG.

Depois de receber o relatório de execução das metas, a SEPLAG determina o dia da reunião

para avaliação do Acordo de Resultados com a presença da CAA. Nessa reunião, a CAA

avalia a execução das metas com base no relatório de execução das metas recebido pela

EAGE, preenchido por cada equipe acordada, juntamente com os documentos comprobatórios

do cumprimento das metas. As informações fornecidas pelos chefes de equipe serão

conferidas (quando existir fontes de referência consultáveis), assim como as justificativas

relacionadas à execução das metas, e os comprovantes de que elas foram executadas. A CAA

pondera e questiona essas informações recebidas e avalia cada equipe. Sendo assim, ela pode

desconsiderar qualquer informação, caso determinada equipe não tenha comprovação

adequada da execução de determinada meta.

Após a reunião, a CAA preenche o relatório gerencial de avaliação, onde a mesma emite uma

conclusão definitiva a respeito do desempenho dos acordados em relação às metas

Page 52: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

50

estabelecidas no AR do período avaliado e faz recomendações para serem encaminhadas aos

acordantes.

Dessa forma, é encaminhado o documento para a EAGE, com o desempenho de todas as

equipes, para que a mesma repasse para os chefes de equipe, a fim de que estes possam

transmitir as informações para suas equipes, já com a nota atribuída a elas, devidamente

justificadas.

A divulgação dos resultados realizada por meio da Gestão à Vista é outra tarefa da EAGE,

tendo como objetivo garantir transparência. A divulgação desses resultados é realizada após

as reuniões com os chefes de equipe, através do painel de metas por equipe.

A função da EAGE, após a avaliação, é orientar os chefes de equipe, para que, na pactuação

das metas do período seguinte, não sejam cometidos os mesmos erros que foram apontados

pela CAA no período anterior. Dessa forma, espera-se que ocorra um aprimoramento na

repactuação das metas, tendo em vista as recomendações da CAA no relatório gerencial de

avaliação. No entanto, é possível observar, através da evolução dos indicadores e da execução

das metas, algumas dificuldades em relação ao desempenho da EAGE em aprimorar o

instrumento. Essa análise será feita detalhadamente no próximo tópico.

4.3.2 Análise dos relatórios finais de avaliação de 2008 e 2009 da CAA

O relatório gerencial de avaliação tem como objetivos atribuir nota ao desempenho das

equipes acordadas, bem como orientar essas equipes para a pactuação das metas do período

seguinte do Acordo de Resultados, buscando aprimorar cada vez mais esse contrato

estabelecido entre o governo do Estado e a Secretaria.

Nesse sentido, apesar de ser possível a observação de algumas mudanças que acompanham as

recomendações da CAA através dos anos, a Secretaria ainda encontra problemas relacionados

ao AR. Alguns desses problemas serão analisados a seguir.

Em 2008, na segunda etapa do acordo de resultados, 45 metas foram acordadas para

indicadores e produtos para todas as equipes da SEAPA, sendo distribuídas da seguinte

forma: 2 para a equipe Gabinete; 5 para a equipe Assessoria de Comunicação (3 indicadores e

2 produtos); 1 para a Assessoria Jurídica; 1 para a Auditoria Setorial; 19 para a

Page 53: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

51

Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças (15 indicadores e 4 produtos); 5 para a

equipe Superintendência de Economia e Política Agrícola (2 indicadores e 3 produtos); 8 para

a equipe Superintendência de Desenvolvimento Rural Sustentável (4 indicadores e 4

produtos) e 4 para a equipe Superintendência de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura

Familiar.

Como esse era o ano de implementação da segunda etapa do AR, seria de se esperar que a

CAA, ao avaliar as metas acordadas e o desempenho das equipes na execução delas,

procurasse recomendar mudanças básicas no instrumento, uma vez que as equipes não

estavam habituadas a esse processo. Pode-se citar, a título de exemplo, a recomendação da

CAA para que a equipe Assessoria Jurídica pactuasse mais indicadores que pudessem

sinalizar os aspectos da sua ação.

Outra recomendação que aponta para essa percepção é reavaliação de metas. Como não havia

comparação com metas anteriores, algumas metas pactuadas nesse primeiro ano não

condiziam com as condições das equipes em executá-las. Assim, muitas metas foram

alcançadas e até superadas com certa facilidade, como são os casos das equipes SPGF,

ASJUR e SPEA.

Outra recomendação da CAA que se pode analisar a partir dessa perspectiva é a de elaboração

de um projeto de divulgação do Acordo de Resultados, direcionada à equipe ASCOM.

Considerando a segunda etapa do AR como uma novidade na cultura organizacional da

Secretaria, e tendo em vista o envolvimento de todos os servidores na execução das metas

acordadas, a CAA considerou ser necessária a ampla divulgação do instrumento e do seu

funcionamento.

Outro desvio apurado pela CAA nesse primeiro ano foi o de pactuação de metas para

indicadores que não sinalizavam os resultados que se pretendia obter através deles. Esse é o

caso das equipes SPEA, SDRS e SUSAF.

Pode-se perceber que, nesse aspecto, todas as equipes relacionadas à área fim da Secretaria

tiveram problemas. Isso pode ser explicado pela dificuldade de se construir indicadores que

meçam o desempenho das equipes ao mesmo tempo em que representem o resultado que se

busca obter, de forma a estabelecer desafios para as equipes, mas de maneira que as mesmas

consigam executar as metas acordadas.

Page 54: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

52

Por outro lado, como a área meio das Secretarias do Estado são muito similares, a pactuação

das metas se deu de forma padronizada, sendo as metas iguais para aquelas equipes que

exercem trabalhos semelhantes.

Ao examinar o relatório gerencial de avaliação do ano de 2008, nota-se que as equipes

relacionadas à área meio da Secretaria parecem não ter encontrado maiores problemas para

executar as metas acordadas. Isso pode ser percebido pelas notas atribuídas a essas equipes,

todas elas receberam nota 10 pela execução de todos os indicadores e produtos.

Já as equipes da área fim encontraram uma dificuldade maior na execução de suas metas. Das

17 metas avaliadas, 14 obtiveram nota 10, e outras 3 receberam nota 6; 4 e 9,8.

Apesar de a equipe SPEA ter conseguido alcançar nota 10 para todas as suas metas, a CAA

teceu recomendações para quatro das suas cinco metas. Entre elas, duas para que se estudasse

o resultado pretendido com os indicadores acordados, uma recomendação para que não se

pactuasse mais uma dessas metas, e a outra para que se adequasse a meta às condições da

equipe em executá-la, tendo em vista os resultados alcançados no período.

A equipe SDRS foi a equipe com maiores problemas, com duas metas não alcançadas. Além

da recomendação para que não se pactuassem dois indicadores novamente no próximo

período, a CAA também recomendou uma maior atenção por parte do chefe dessa equipe aos

documentos comprobatórios de realização das metas, em relação à qualidade e precisão das

informações contidas nesses documentos, uma vez que eles são considerados no momento de

avaliação, sendo imprescindíveis para que a CAA considere a declaração de cumprimento das

metas pelos chefes de equipe como verdadeiras.

Essa última recomendação se deve ao fato de que a CAA verificou um descompasso entre os

documentos apresentados pelo chefe de equipe e os números declarados pelo mesmo para o

indicador “Unidades demonstrativas de ILPF instaladas”. Dessa forma, a equipe foi

penalizada com a atribuição de nota 4 para esse indicador.

A CAA atribuiu nota 10 a 3 das 4 metas acordadas pela equipe SUSAF, sendo que a quarta

meta recebeu nota 9,8. A única recomendação a essa equipe foi de não pactuação do indicador

“Número de parcerias firmadas”, e em vez disso pactuar indicadores que sinalizem os

resultados que se deve alcançar com essas parcerias.

Page 55: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

53

No final do relatório gerencial de avaliação, a CAA tece comentários gerais relevantes para o

AR. Foi lembrada a importância do papel preponderante dos chefes de equipe na coordenação

da pactuação, divulgação e execução das metas e a mobilização das equipes.

Quanto às recomendações gerais relevantes ao AR, a CAA enfatizou a reavaliação dos

indicadores e das metas por equipe, no sentido de orientar o Acordo de Resultados para os

resultados desejados pela Secretaria, uma vez que foi observado que o foco se encontrava nos

processos. Dessa forma, recomenda-se que as equipes pactuem indicadores mais desafiadores

e voltados para resultados.

Além disso, foi sugerida também a inserção de metas que não estavam contempladas pelo

AR, mas que são prioritárias para a SEAPA, como os programas existentes na Secretaria, caso

do Minas Leite e Minas Carne, por exemplo.

Em 2009, a segunda etapa do acordo de resultados teve 40 metas acordadas para indicadores e

produtos para todas as equipes da SEAPA, sendo distribuídas da seguinte forma: 1 para a

equipe Gabinete; 2 para a equipe Assessoria de Comunicação; 3 para a Assessoria Jurídica; 2

para a Auditoria Setorial; 14 para a Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças (11

indicadores e 3 produtos); 5 para a equipe Superintendência de Economia e Política Agrícola

(2 indicadores e 3 produtos); 6 para a equipe Superintendência de Desenvolvimento Rural

Sustentável e 7 para a equipe Superintendência de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura

Familiar (3 indicadores e 4 produtos).

Como esse já era o segundo ano de pactuação das metas e as equipes já haviam passado pela

avaliação da CAA, contando inclusive com as recomendações feitas por esta, esperava-se uma

melhora na qualidade dos indicadores e metas mais desafiadoras.

De fato, foi possível observar alguns aprimoramentos do instrumento, como o aumento do

número de indicadores para a equipe ASJUR de um pra três, e metas mais desafiadoras para a

equipe SPGF e SPEA.

No entanto, também foi possível verificar que algumas recomendações da CAA foram

desconsideradas e/ou ignoradas. Esse é o caso, por exemplo, da equipe ASJUR que depois de

superar a meta acordada para o único indicador pactuado no ano anterior, foi recomendado

que a mesma readequasse essa meta, tornando-a desafiadora. Porém, no ano de 2009, essa

Page 56: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

54

mesma meta continuou muito aquém do que a equipe demonstra conseguir executar, sendo,

portanto, novamente superada com folga.

Outro caso de desatenção às recomendações da CAA veio da equipe da SPEA. No relatório

gerencial de avaliação do período anterior, a CAA havia recomendado que dois indicadores

fossem repensados, no sentido de estudar os resultados que são pretendidos pelos mesmos e

sinalizá-los com outros indicadores mais direcionados. No entanto, observa-se que, no ano de

2009, os mesmos indicadores foram repactuados, de forma que continuou estabelecido o foco

no processo e não no resultado, como recomendado. Esse mesmo problema ocorreu com a

equipe SUSAF, que repactuou, em 2009, o indicador “Número de novas parcerias firmadas”,

mesmo com recomendação da CAA, no relatório gerencial de avaliação de 2008, para que

isso não acontecesse.

Além disso, a equipe SDRS foi penalizada novamente em 2009 pela mesma razão que no

período anterior, quando faltaram documentos comprobatórios para a execução da meta do

indicador “Unidades demonstrativas de ILPF instaladas”. Nesse ano, o problema foi com a

meta do indicador “Número de hectares plantados com florestas com transferência de

tecnologia para o pólo moveleiro de Ubá”. A equipe havia declarado no relatório de execução

que havia atingido a meta de 1300 ha. No entanto, a CAA considerou que apenas 1112,89

foram comprovados e, portanto, considerados para fins de avaliação, atribuindo nota 7 para

essa meta.

No relatório gerencial de avaliação referente ao ano de 2009, outro problema foi identificado

pela CAA, onde três equipes que não conseguiram alcançar determinada meta tentaram

justificar o não cumprimento, na intenção de conseguir que a CAA a reavaliasse. O problema

dessas equipes é que as justificativas fornecidas não foram consideradas legítimas pela CAA,

no sentido de que não justificavam realmente o mau desempenho dessas equipes na execução

das metas não alcançadas.

Como exemplo, pode-se analisar o caso da equipe SPGF, em relação ao indicador “Índice de

compras eletrônicas – Pregão e COTEP”, no qual a CAA observou problemas na sua

execução e não aceitou a justificativa dada pelo chefe de equipe, atribuindo a esta nota zero.

Nesse caso, a justificativa não foi aceita, uma vez que a CAA verificou um descompasso entre

os procedimentos do órgão com as determinações da política de governo.

Page 57: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

55

Mais um exemplo desse caso é o da equipe SDRS, que justificou o mau desempenho para o

indicador “Número de novas propriedades com plantio de floresta – Fomento florestal” o

Decreto nº 45.023/2009 que determinava a redução orçamentária. No entanto, a CAA não

considerou a justificativa, uma vez que o decreto previa a possibilidade de solicitação de

reprogramação orçamentária para desenvolvimento de projetos imprescindíveis à política

pública pela SEAPA, sendo esse o caso do projeto que tem o referido indicador como

representante.

Também se pode citar com esse mesmo problema a equipe SUSAF, que solicitou nota

máxima ao indicador “Número de produtores de Queijo Minas Artesanal cadastrados no

IMA” com a justificativa de que a equipe realizou esforços no cumprimento do indicador. A

CAA desconsiderou a justificativa e manteve a nota 6,09.

Para o ano de 2010, a segunda etapa do AR teve 55 metas acordadas para indicadores e

produtos para todas as equipes da SEAPA, sendo distribuídas da seguinte forma: 10 para a

equipe Gabinete (8 indicadores e 2 produtos); 3 para a equipe Assessoria de Comunicação; 5

para a Assessoria Jurídica; 2 para a Auditoria Setorial; 17 para a Superintendência de

Planejamento, Gestão e Finanças (14 indicadores e 3 produtos); 8 para a equipe

Superintendência de Economia e Política Agrícola (5 indicadores e 3 produtos); 4 para a

equipe Superintendência de Desenvolvimento Rural Sustentável e 6 para a equipe

Superintendência de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura Familiar (5 indicadores e 1

produto).

A reunião de avaliação da segunda etapa do AR do ano de 2010 somente será realizada no

final desse ano, e, portanto, não possui ainda um relatório com recomendações da CAA. No

entanto, pode-se analisar alguns aspectos que foram modificados para esse ano.

Nota-se que a recomendação feita em 2008 pela CAA foi atendida em 2010, com a inclusão

de indicadores para programas prioritários da SEAPA, como MinasLeite, MinasCarne,

Comtrigo e Projeto Jaíba. Outra evolução observada foi a inclusão de mais dois indicadores

para a ASJUR, três indicadores para a SPEA e dois indicadores para a equipe SUSAF. A

inclusão de indicadores é considerada aqui como evolução uma vez que possibilita mensurar o

desempenho de mais ações realizadas pelas equipes acordadas.

No entanto, ainda continuam problemas como metas que não foram readequadas aos

resultados obtidos no período anterior, podendo ser exemplificado pelo indicador “Taxa de

Page 58: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

56

execução do plano anual de auditoria”, da AUDI, que manteve a mesma meta para este ano.

Ou ainda a manutenção do foco nos processos em detrimento dos resultados, como o caso do

indicador “Agentes capacitados” pactuado pela equipe SDRS.

Porém, essa análise ainda será realizada pela CAA no final do ano. Cabe a ela sugerir

modificações e cabe aos chefes de equipe adotá-las, sendo estes orientados pela EAGE.

Page 59: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

57

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O monitoramento de metas é realizado com objetivo de coletar, sistematizar e organizar as

informações de um programa ou contrato, a fim de acompanhar o andamento de suas ações,

verificando o cumprimento das metas e corrigindo rumos. Conforme Buvinich (1999), além

da coleta de informações, o monitoramento de metas também envolve outras etapas, como o

estabelecimento da hierarquia de objetivos e metas e a seleção e definição de indicadores,

além de servir como apoio para os tomadores de decisão.

A partir da pesquisa realizada, é possível notar problemas na atuação do monitoramento do

AR de segunda etapa da SEAPA em duas das etapas descritas pelo autor. O primeiro deles

refere-se à coleta de informações realizada pela EAGE, que conta exclusivamente com os

dados repassados pelos chefes de equipe, responsáveis pela execução das metas, baseando-se

na confiança e boa fé dos mesmos. Essa questão tem como conseqüência a assimetria

informacional que, segundo o modelo agente x principal, pode levar ao comportamento

oportunista do chefe de equipe (agente) que é o único a obter todas as informações em relação

à execução das metas, enquanto a EAGE (principal) é dependente dele para obter tais

informações.

O comportamento oportunista do chefe de equipe na coleta de informações pode dificultar

todo o processo de acompanhamento, uma vez que a monitoria baseia-se exclusivamente na

verificação da execução das metas traçadas. Como Buvinich (1999) afirma, monitoramento e

avaliação são atividades fortemente relacionadas, dessa forma, um mau monitoramento pode

ocasionar problemas para a avaliação. Dado o pobre trabalho realizado na coleta das

informações da EAGE, a CAA pode encontrar dificuldades na avaliação das mesmas, uma

vez que a avaliação é realizada tendo como base as informações repassadas pela EAGE.

Contudo, como a CAA é mais criteriosa em relação às informações recebidas, uma vez que

ela exige a apresentação de documentos comprobatórios, é mais provável, e a partir da análise

da pesquisa foi possível observar, que a CAA realiza parte do trabalho de monitoramento. Ao

formular recomendações no relatório de avaliação, a CAA tem, por objetivo, corrigir rumos

desalinhados com a estratégia da Secretaria, a partir de uma análise mais aprofundada da

execução das metas das equipes. Essas recomendações deveriam ser estudadas e discutidas na

repactuação das metas, no período seguinte.

Page 60: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

58

No entanto, a partir da análise da pesquisa, é possível concluir que essas recomendações são

muitas vezes ignoradas, o que nos leva ao segundo problema encontrado no monitoramento

realizado pela EAGE, que se refere à sua ausência no processo de estabelecimento da

hierarquia de objetivos e metas e a seleção e definição de indicadores. Em outras palavras, a

EAGE encontra-se fora do processo de pactuação das metas do AR de segunda etapa; como

conseqüência disso, muitos dos erros e desvios apontados pela CAA são repetidos todos os

anos, uma vez que esse é o momento para se decidir a respeito dos rumos que podem ser

tomados, que indicadores representam os resultados buscados e quais metas são adequadas.

Apesar de ser responsável por várias atribuições, a EAGE age apenas na coleta de

informações (nem sempre confiáveis) a respeito da execução das metas, repassando-as para a

CAA, através de relatórios de execução, e para a alta direção, através de reuniões bimestrais,

funcionando como elo entre estes e os chefes de equipe. A única tentativa de correção de

rumos parte da CAA, sendo ignorada ou descartada no momento de repactuação de metas.

Dessa forma, conclui-se que a EAGE não realiza o monitoramento de forma adequada,

configurando-se apenas como uma parte do arranjo institucional formado pelo AR, sem

oferecer maiores contribuições à SEAPA.

Para explicar melhor a existência da EAGE, parte-se de uma análise à luz do

neoinstitucionalismo sociológico. É possível afirmar que a adoção do AR caracteriza-se como

isomorfismo coercitivo, uma vez que o titular da Secretaria sofre pressões internas e externas

para que a mesma assine este contrato. As pressões internas surgem dos próprios funcionários

da Secretaria, tendo em vista que a assinatura do AR pode significar para eles o pagamento do

prêmio produtividade, correspondente a um salário adicional por ano. Já as pressões externas

à Secretaria são representadas pelo executivo estadual, ao tentar impor suas políticas de

governo. Dessa forma, o Secretário de Estado, a fim de garantir legitimidade ao seu trabalho e

ao da Secretaria, encontra-se sem alternativas, tendo que ceder a essas pressões e adotar o

instrumento.

Ao assinar o AR, a Secretaria concorda em aceitar as prescrições inerentes a ele. Nesse

sentido, a Secretaria passa a adotar várias regras que anteriormente não existiam, provocando

mudanças no modo em que a mesma opera. Essas mudanças, muitas vezes, podem gerar

conflitos internos à Secretaria. Alguns funcionários podem não aceitar a nova forma de

trabalhar, voltada para metas e resultados. Para lidar com esses conflitos, a Secretaria adota o

Page 61: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

59

dispositivo da confiança e boa fé, como forma de manter a ordenação das atividades do

cotidiano.

Uma das regras do AR é a criação da EAGE como responsável pelo monitoramento de

segunda etapa. A EAGE, portanto, existe não por decisão própria da SEAPA, mas por

imposição. As atividades realizadas por ela, ou seja, o monitoramento das metas, e, como

conseqüência, das atividades exercidas pelos funcionários da SEAPA, pode gerar um conflito,

ou um mal estar, entre os membros da EAGE e aqueles que estão sendo monitorados e

cobrados pelos resultados que devem buscar. Nesse sentido, para solucionar este conflito, a

EAGE adotou o dispositivo da confiança e boa fé ao coletar as informações necessárias para o

acompanhamento que precisa ser realizado. Dessa forma, a EAGE não interfere de maneira

significativa no trabalho das equipes, uma vez que as informações que ela coleta são prestadas

pelos próprios chefes de equipe, sem cobrança de comprovação.

Sendo assim, a SEAPA cumpre com as regras institucionalizadas impostas a partir da adoção

do AR, garantindo sua legitimidade, sem criar conflitos com aqueles que possam discordar

das mudanças geradas por ele.

Tendo em vista o mau funcionamento do monitoramento, tornam-se pertinentes algumas

propostas de melhoria. Em todo o processo, a EAGE encontra dificuldades de assimetria de

informação na relação com os chefes de equipe. Dessa forma, seria razoável que se

reformulasse o processo de coleta de informações. Nesse sentido, o membro da EAGE

poderia passar a cobrar documentos comprobatórios da execução da meta já nas reuniões

mensais. Outra forma de diminuir a assimetria informacional seria adicionar um membro à

EAGE que entendesse de agricultura e pecuária, para que o mesmo pudesse acompanhar de

forma mais adequada o andamento dos indicadores finalísticos.

Outra mudança muito importante que poderia ser realizada seria a participação da EAGE no

processo de pactuação das metas, de forma a colaborar para a correção de rumos, através de

sugestões de mudanças nas metas e até mesmo indicadores, e sugerindo também que as

recomendações elaboradas pela CAA fossem acatadas.

Com essas melhorias, acredita-se que o monitoramento se tornaria em um processo

importante do AR, que pudesse colaborar para o cumprimento do mesmo, à medida que,

através delas, a EAGE se encontraria em condições melhores de realizar um trabalho mais

Page 62: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

60

consistente, que contribuísse para o desenvolvimento da Secretaria e até mesmo do Estado, ao

alinhar as atividades realizadas à estratégia do governo.

Page 63: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

61

REFERÊNCIAS

ALCOFORADO, Flávio Carneiro Guedes. Contratualização e Eficiência no setor Público:

as organizações socias. In: X Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado

y de la Administración Pública, Santiago Del Chile. Out, 2005.

ANASTASIA, Antônio Augusto. Antecedentes e origem do Choque de Gestão. In:

VILHENA et al, O Choque de Gestão em Minas Gerais: políticas de gestão pública para o

desenvolvimento. Belo Horizonte: UFMG, 2006.

BUVINICH, Manuel Rojas. Ferramentas para o monitoramento e avaliação de

programas e projetos sociais. In: Cadernos de Políticas Sociais. Série Documentos para

discussão. Número 10. Out, 1999.

Da FONSECA, Valéria Silva. A abordagem institucional nos estudos organizacionais:

bases conceituais e desenvolvimentos contemporâneos. In: VIEIRA, Marcelo Milano Falcão;

CARVALHO, Cristina Amélia. (Orgs.). Organizações, Instituições e Poder no Brasil.

Fundação Getúlio Vargas, 2003.

GOMES, Eduardo Granha Magalhães. Gestão por Resultados e eficiência na

Administração Pública: uma análise à luz da experiência de Minas Gerais. São Paulo.

Fundação Getúlio Vargas, 2009.

JANUZZI, Paulo de Martino. Indicadores sociais na formulação e avaliação de políticas

públicas. 2004. Disponível em: <

http://www.nescon.medicina.ufmg.br/ceabsf/ambiente/modules/biblio_virtual/bead/imagem/2

012.pdf > Acesso em: 28 ago 2010.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do Trabalho Científico. 6 ed. São

Paulo: Ed. Atlas, 2001.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 2 ed. São Paulo: Ed. Atlas,

1990.

MEYER, J. W.; ROWAN, B. Institutionalized organizations: formal structure as myth

and ceremony, In: POWELL W.; DIMAGGIO P. (Eds.). The New Institutionalism in

Organizational Analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 1991.

MINAS GERAIS. Decreto n. 44.873, de 14 de julho de 2008. Regulamenta a Lei n. 17.600,

de 01 de Julho de 2008, que disciplina o Acordo de Resultados e o prêmio por

produtividade no âmbito do poder executivo e dá outras providências. Diário do

Executivo, Belo Horizonte, 15 ago. 2008.

_____________. Lei n. 14.649, de 30 de agosto de 2003. Disciplina a avaliação de

desempenho institucional, o Acordo de Resultados, a autonomia gerencial, orçamentária

e financeira, a aplicação de recursos orçamentários provenientes de economias com

despesas correntes, no âmbito do poder executivo e dá outras providências. Diário do

Executivo, Belo Horizonte, 31 ago. 2003. P. 19.

Page 64: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

62

_____________. Lei n. 17.600, de 01 de julho de 2008. Disciplina o Acordo de Resultados e

o Prêmio por Produtividade no âmbito do poder Executivo, e dá outras providências.

[Belo Horizonte, 2008]. Disponível em <http://www.almg.gov.br> Acesso em: 10 set. 2009.

NEVES, Fernanda de Siqueira; MELO, Frederico César da Silva. O Estado para Resultados

em Minas Gerais: inovações no modelo de gestão. Disponível em: <

www.consad.org.br/sites/1500/1504/00000793.doc>. Acesso em: 07 Jun 2010.

PACHECO, Regina Silva. Contratualizacao de resultados no setor publico: a experiência

brasileira e o debate internacional. In: Congresso Internacional Del Clad sobre La Reforma

Del Estado y de La Administracion Publica, Madrid. Nov, 2004.

PRZEWORSKI, Adam. Sobre o desenho do Estado: uma perspectiva agent x principal.

In: PEREIRA, Luiz Carlos Bresser; SPINK, Peter. (Orgs.) Reformas do Estado e

Administração Publica Gerencial. 5. Edição, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2003.

P. 39-74.

RAMOS, Marcelo de Matos. Contratos de gestão: instrumentos de ligação entre os setores

do aparelho do Estado. In: PETRUCCI, Vera; SCHWARZ, Leticia. (Orgs.) Administracao

Publica Gerencial: a reforma de 1995. Brasilia: Editora Universidade de Brasilia, 1999.

TROSA, Sylvie. Gestão pública por resultados. Quando o Estado se compromete. Rio de

Janeiro. ENAP. 2001.

ZILBOVICIUS, Mauro. Modelos para a produção, produção de modelos: gênese, lógica e

difusão do modelo japonês da organização da produção. São Paulo. Annablume. 1999.

Page 65: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

63

ANEXOS

Page 66: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

64

ANEXO A – ORGANOGRAMA INSTITUCIONAL

Page 67: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

65

ANEXO B – MAPA ESTRATÉGICO DA SEAPA

Page 68: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

66

ANEXO C – INDICADORES DA SEAPA DE 2008 – 2010

SPGF

2008 2009 2010

Índice de pagamentos no prazo Índice de pagamentos no prazo Índice de pagamentos no prazo

Número de dias de inscrição no CAUC Número de dias de inscrição no CAUC Número de dias de inscrição no CAUC

Tempo médio para taxação Tempo médio para taxação de benefícios Tempo médio para taxação de benefícios

% de redução das inconsistências e de dados não

alimentados no SISAP

Percentual de inconsistências e necessidades

de complementação de dados no SISAP

sanados em 30 dias

Percentual de inconsistências e necessidades de

complementação de dados no SISAP sanados em

30 dias

Taxa de aquisição de papel A4 reciclado Taxa de aquisição de papel A4 reciclado Taxa de aquisição de papel A4 reciclado

Índice de contratos (de atividade meio) renovados

no prazo

Índice de contratos (de atividade meio)

renovados no prazo

Índice de contratos (de atividade meio) renovados

no prazo

Taxa de aquisição dos itens das famílias de

Equipamentos de Informática, Material de

Escritório e Passagens Aéreas

Taxa de adesão ao novo modelo de Gestão

Estratégica de Suprimentos – GES

desenvolvido para a família de Passagens

Aéreas

Taxa de adesão ao modelo de Gestão Estratégica

de Suprimentos – GES desenvolvido para a família

de Passagens Aéreas

Índice de distorção do material permanente Índice de Compras Eletrônicas – Pregão e

COTEP Índice de Compras Eletrônicas – Pregão e COTEP

Índice de Execução de recursos de contrapartida

Taxa de aquisição dos itens da família de

Passagens Aéreas, de acordo com o novo

modelo de Gestão Estratégica de Suprimentos

– GES, em caráter emergencial

Índice de implantação do Programa Ambientação

Page 69: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

67

2008 2009 2010

Índice de distorção do material de consumo

Taxa de adesão ao novo modelo de Gestão

Estratégica de Suprimentos – GES

desenvolvido para as famílias de

Equipamentos de Informática e de Material de

Escritório

Efetividade do Gerenciamento de Vagas do Pades

Único e Cursos da FJP

Índice de cotação eletrônica – ICEL-q

Renovação de contratos de unidades atendidas

em média tensão respeitando o prazo máximo

de dois anos

% de servidores com PGDI elaborado no prazo

Índice de cotação eletrônica – ICEL-v Tempo médio para publicação de benefícios Tempo médio para publicação de benefícios

Índice de pregão eletrônico – IPEL-q Tempo de encaminhamento dos processos de

aposentadoria à DCCTA/SCAP

Taxa de aquisição dos itens das famílias de Material

de Escritório, Equipamentos de Informática, Frota

de Veículos, de acordo o modelo de Gestão

Estratégica de Suprimentos – GES pelos

órgãos/entidades

Índice de pregão eletrônico – IPEL-v

Índice de Aplicação do Plano de Classificação

de Documentos no acervo produzido em 2009

(IAPC)

Tempo médio gasto pela DLM/SEAPA para análise

e emissão de parecer técnico sobre o

credenciamento de sociedades seguradoras no

Programa Minas + Seguro

Redução do prazo de tramitação dos processos

de aposentadoria em atendimento à Instrução

Normativa Nº 04/2007 do TCEMG

Renovação de contratos de unidades atendidas

em média tensão respeitando o prazo máximo

de dois anos

Page 70: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

68

GABINETE

2008 2009 2010

Média das notas das equipes, excluindo-se

Assessorias

Média das notas das equipes, excluindo-se

Assessorias

Média das notas das equipes, excluindo-se a própria

assessoria/procuradoria jurídica e auditoria no caso

de auditoria setorial, excluindo-se a própria auditoria

setorial ou seccional e assessoria/procuradoria

jurídica)

Índice de gerentes capacitados pelo Programa

de Desenvolvimento Gerencial

Índice de gerentes capacitados pelo Programa

de Desenvolvimento Gerencial

Tempo médio de resposta às consultas técnicas e

administrativas recebidas - MinasCarne

Número de feiras de reprodutores bovinos-pró-

genética – MinasCarne

Percentual de municípios abastecidos com carne

bovina total/parcial inspecionados - MinasCarne

Número de propriedades assistidas – MinasLeite

Expansão da área mineira de plantio de trigo -

COMTRIGO

Área agrícola irrigada – Projeto Jaíba

Tempo médio de resposta as demandas das

Ouvidorias especializadas/OGE

Page 71: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

69

ASSESSORIA COMUNICAÇÃO

2008 2009 2010

Índice de Atendimento ao cidadão (IAC) i-gov I-Gov

Média do Índice de Desenvolvimento dos

Sítios mantidos pelo órgão/entidade (ISI) Índice de Interatividade dos serviços - IIS Índice de Interatividade dos serviços – IIS

Taxa de execução do Plano de Trabalho

aprovado pela Superintendência de Imprensa

(SUPIM)

Média das notas das equipes, excluindo-se a própria

assessoria/procuradoria jurídica e auditoria no caso

de auditoria setorial, excluindo-se a própria

auditoria setorial ou seccional e

assessoria/procuradoria jurídica)

Page 72: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

70

ASSESSORIA JURÍDICA

2008 2009 2010

Tempo médio para emissão de pareceres e

notas jurídicas sobre licitações, contratos,

convênios, editais e processos do CAP

Tempo médio para emissão de pareceres e

notas jurídicas sobre licitações, contratos,

convênios e editais

Tempo médio para emissão de pareceres e notas

jurídicas sobre licitações, contratos, convênios e

editais

Percentual de proveito nos mandados de

segurança Percentual de Proveito nos mandados de segurança

Média das notas das equipes, excluindo-se a

própria assessoria/procuradoria jurídica e

auditoria

Média das notas das equipes, excluindo-se a própria

assessoria/procuradoria jurídica e auditoria no caso

de auditoria setorial, excluindo-se a própria auditoria

setorial ou seccional e assessoria/procuradoria

jurídica)

Tempo médio para emissão de parecer sobre projeto

de lei, anteprojeto de lei, proposição de lei e decreto

Tempo médio para elaboração e publicação de

resolução

Page 73: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

71

AUDITORIA SETORIAL

2008 2009 2010

Taxa de execução do plano anual de auditoria Taxa de execução do plano anual de auditoria Índice médio de execução do Plano Anual de

Auditoria (PAA)

Média das notas das equipes, excluindo-se a

própria assessoria/procuradoria jurídica e

auditoria

Média das notas das equipes, excluindo-se a própria

assessoria/procuradoria jurídica e auditoria no caso

de auditoria setorial, excluindo-se a própria

auditoria setorial ou seccional e

assessoria/procuradoria jurídica)

Page 74: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

72

SUPERINTENDÊNCIA DE ECONOMIA E POLÍTICA AGRÍCOLA

2008 2009 2010

Número de acessos aos portais do CAEE. Número de acessos aos portais do CAEE e sítio

da SEAPA.

Número de acessos aos portais do CAEE e e-mails

cadastrados para divulgação

Número de Informativos Conjunturais. Percentual de municípios mineiros que

recebem o Informativo Conjuntural

Número de publicações mensais disponibilizadas no

site SEAPA e através do mailing list

Número de publicações do Perfil do Agronegócio

Mundial disponibilizadas no site SEAPA e através

do mailing list

Eficácia na divulgação de informações sobre o

Crédito Rural aplicado no Estado de Minas Gerais

Aplicação do recurso financeiro para concessão da

subvenção do seguro rural

Page 75: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

73

SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

2008 2009 2010

Número de hectares de florestas plantados com

transferência de tecnologia em propriedades

selecionadas

Número de hectares plantados com florestas

com transferência de tecnologia para o pólo

moveleiro de Ubá

Número de novas propriedades com plantio de

floresta – Fomento Florestal

Tempestividade de elaboração de relatório de

acompanhamento de convênio

Número de Agricultores participantes de

eventos de transferência de tecnologia

Número de Projetos protocolados no Fundo Pró -

floresta

Agentes capacitados Número de novas propriedades com plantio de

floresta – Fomento Florestal Agentes capacitados

Unidades Demonstrativas de ILPF instaladas Número de Projetos protocolados no Fundo

Pro-floresta Unidades Demonstrativas de ILPF instaladas

Agentes capacitados

Unidades Demonstrativas de ILPF instaladas

Page 76: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

74

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E APOIO À AGRICULTURA FAMILIAR

2008 2009 2010

Número de novas parcerias firmadas Número de novas parcerias celebradas Número de produtores rurais capacitados em

associativismo/ cooperativismo

Número de produtores de Queijo Minas

Artesanal cadastrados no IMA

Número de produtores de Queijo Minas

Artesanal cadastrados no IMA

Índice de execução do plano de acompanhamento da

operação dos MLP's 2010

Proporção do volume do recurso

disponibilizado para modernização nos MLP‟s

- CEASA efetivamente aplicado

Proporção do volume do recurso

disponibilizado para modernização nos MLP‟s

- CEASA efetivamente aplicado

Proporção do volume do recurso disponibilizado

para modernização nos MLP‟s/ CEASA

efetivamente aplicado

Número de participação do Programa Minas

Artesanal em Feiras

Número de Agricultores Familiares participantes e

representados na SuperAgro

Eficácia na divulgação de informações sobre o

Crédito Rural aplicado no Estado de Minas Gerais

Page 77: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

75

ANEXO D – PLANO DE AÇÃO

SEPLAG - MG

PLANO DE AÇÃO

1. Página

Superintendência Central de

Modernização Institucional 2. Período

Órgão: Secretaria de Estado de Planejamento e

Gestão Unidade Administrativa: Data de Atualização:

Meta/Estratégia: Nome do Responsável:

ITEM Ação Responsável

QUANDO

Quanto Custa STATUS Previsto Realizado

Início Término Início Término

1

2

3

Data: Carimbo/Assinatura do responsável:

Page 78: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

76

ANEXO E – RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DESVIOS

RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DESVIOS 1.Período

2.Órgão/Entidade 3.Unidade Administrativa 4.Responsável

5.Meta:

6. Item 7. Planejado 8. Realizado / Resultados 9. Pontos Problemáticos 10. Proposições 11. Data 12. Responsável

13.Data

Page 79: ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO ACORDO DE

77

ANEXO F – GRÁFICO DO CUMPRIMENTO DE META

Indicador: Data:

Meta: Resonsável:

Mês jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03

Meta 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 47,0% 53,0% 62,0% 71,0% 78,0% 83,0% 92,0% 100,0%

Realizado 12,0% 18,0% 25,0% 42,0% 52,0% 60,0%