anÁlise da viabilidade econÔmico-financeira: projeto de
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DANIELA DA SILVA GUMIEIRO
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA:
Projeto de Ampliação da Cogeração em uma Planta
Sucroenergética no Estado do Paraná
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso MBA em Gerenciamento de Projetos, de Pós-Graduação lato sensu, Nível de Especialização, da FGV/IDE como pré-requisito para a obtenção do título de Especialista.
Orientador: Professor Arnaldo Lyrio Barreto
MARINGÁ – PR
2018
ii
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
PROGRAMA FGV MANAGEMENT
MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS
O Trabalho de Conclusão de Curso
Análise da Viabilidade Econômico-Financeira: Projeto de Ampliação da
Cogeração em uma Planta Sucroenergética no Estado do Paraná.
elaborado por Daniela da Silva Gumieiro
e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gerenciamento de
Projetos, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de
pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV Management.
Maringá, 15 de setembro de 2018.
André Barcaui
Coordenador Acadêmico Executivo
Professor Arnaldo Lyrio Barreto
Orientador
iii
TERMO DE COMPROMISSO
A aluna Daniela da Silva Gumieiro, abaixo assinado, do curso de MBA em
Gerenciamento de Projetos, Turma VII do Programa FGV Management, realizado
nas dependências da FGV Maringá, no período de 28/10/2016 a 15/09/2018, declara
que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado Análise da Viabilidade
Econômico-Financeira: Projeto de Ampliação da Cogeração em uma Planta
Sucroenergética no Estado do Paraná é autêntico, original e de sua autoria
exclusiva.
Maringá, 15 de setembro de 2018.
Daniela da Silva Gumieiro
iv
Dedico este trabalho aos meus pais
Aparecido Gumieiro e Wanda F. da Silva.
v
AGRADECIMENTOS
Todo desprendimento de esforços nunca é realizado por uma só pessoa, até porque,
sós, nunca estamos: Deus se faz onipotente e nos direciona para as escolhas certas
tomadas. Dessa forma, primeiramente, eu agradeço ao Senhor por estar a todo o
momento em minha vida, guiando, protegendo e me amando. Em segundo lugar,
tenho a total consideração por Eduardo Ignácio Baptista, o qual sempre esteve
presente no meu desenvolvimento profissional, sugerindo temas e trabalhos
desafiadores em minha carreira, além de servir de inspiração e exemplo para a
busca do conhecimento. Aos familiares e amigos, pela compreensão, paciência e
suporte na felicidade e dificuldades. Não posso deixar de estimar a Trecsson
Business- Maringá e ao corpo docente deste local, onde a capacitação ocorre da
melhor forma possível e, em especial, ao meu orientador Arnaldo Lyrio Barreto, cuja
motivação para conclusão do trabalho foi de suma importância.
vi
RESUMO
Trata-se um projeto de ampliação para cogeração de uma planta sucroenergética, localizada no noroeste do Paraná. Os estudos analisam o cenário da cogeração sob a ótica de alguns pesquisadores e explana a representatividade e o potencial da biomassa perante a esse nicho de mercado. Após as pesquisas de caráter bibliográfico, a análise de campo foi executada com a situação atual, na qual a geração de energia se dá em 25,67 MWh e se aborda uma nova proposta de geração, de 52,87 MWh. Todos os equipamentos e acessórios para a indústria e agrícola foram levantados e, com isso, estipulado o investimento necessário. Portanto, foi possível a aplicação de indicadores financeiros, os quais demonstraram que o projeto é viável. Sendo o pay back de 6 anos, 4 meses e 29,76 dias, a TIR fica em 19,87 % maior que a TMA, de 10%, e o VPL positivo, com valor de R$ 115,71 milhões. Conclui-se que o aumento de exportação de energia, além de gerar rentabilidade junto aos principais produtos da unidade produtora, açúcar e etanol, fornece uma energia ecologicamente correta, contribuindo com a sustentabilidade do país e atendimento de demandas futuras na matriz energética.
Palavras-Chave: Cogeração, Viabilidade ecônomico-financeira; Sucroenergético.
vii
ABSTRACT
This is an expansion project for cogeneration of a sucroenergetic plant, located in the
northwest of Paraná. The studies analyze the scenario of cogeneration from the
perspective of some researchers and explain the representativeness and potential of
biomass in this market niche. After the bibliographic research, the field analysis was
performed with the current situation, in which the power generation occurs at 25.67
MWh and a new generation proposal of 52.87 MWh is addressed. All the equipment
and accessories for the industry and agriculture were raised and, with this, stipulated
the necessary investment. Therefore, it was possible to apply financial indicators,
which demonstrated that the project is viable. With the pay back of 6 years, 4 months
and 29,76 days, the TIR is 19,87% higher than the 10% TMA and the positive VPL,
with a value of R$ 115,71 million. It is concluded that the increase in energy exports,
besides generating profitability with the main products of the Plant, sugar and
ethanol, provides an ecologically correct energy, contributing to the sustainability of
the country and meeting future demands in the energy matrix.
Keywords: Cogeneration; Economic-financial Viability; Sucroenergetic.
viii
LISTA DE ABREVIATURAS
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
ACL – Ambiente de Contratação Livre
ACR – Ambiente de Contratação Regulada
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CBN – Central Brasileira de Notícias
CCEAR – Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
COPEL – Companhia Paranaense de Energia
CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
GW – Gigawatt
GWh - Gigawatt – hora
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MME – Ministério de Minas e Energia
MVA – Megavolt-ampère
MW – Megawatt
MWh – Megawatt-hora
ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico
PAR – Plano de Ampliações e Reforços
PIB – Produto Interno Bruto
SAC – Sistema de Amortização Constante
SIN – Sistema Interligado Nacional
TIR – Taxa interna de retorno
TLP – Taxa de longo prazo
TMA – Taxa mínima de atividade
TWh – Terawatt-hora
UHEs – Usinas Hidrelétricas
UNICA – União da Indústria de Cana-de-açúcar
ix
UNICOP – Unidade Copersucar de Produção
VPL – Valor presente líquido
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fluxo da cogeração .................................................................................... 21
Figura 2. Mapa de distribuição elétrica ...................................................................... 27
Figura 3. Fluxo do PAR. ............................................................................................ 30
Figura 4. Processo da ACR ....................................................................................... 33
Figura 5. Relacionamentos do ONS .......................................................................... 34
Figura 6. Fluxograma resumido da planta industrial. ................................................. 40
Figura 7. Balanços de vapor e energia consumidos e gerados pela planta na
situação atual ............................................................................................................ 44
Figura 8. Balanços de vapor e energia consumidos e gerado pela planta na situação
proposta .................................................................................................................... 49
GRÁFICOS
Gráfico 1. Taxas médias de crescimento anual por período ..................................... 26
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Bioeletricidade em geral para a rede por tipo de combustível, 2017 (GWh) ......... 18
Tabela 2. Consumo de energia e geração para a rede pela biomassa, SIN (GWh) ............. 19
Tabela 3. Processamento de cana de açúcar na região centro sul (toneladas).................... 20
Tabela 4. Consumidores Industriais - Consumo total por Subsistema em GWh................... 24
Tabela 5. Consumidores Industrias - Autoprodução por Subsistema em GWh .................... 24
Tabela 6. Consumo de eletricidade na rede total por Subsistema em GWh ......................... 25
Tabela 7. Participação das Concessionárias ....................................................................... 31
Tabela 8. Premissas para cálculos do balanço atual ........................................................... 42
Tabela 9. Consumos específicos das turbinas do preparo e moenda .................................. 42
Tabela 10. Premissas para cálculos do balanço proposto ................................................... 47
Tabela 11. Consumos das Turbinas de Moenda .................................................................. 47
Tabela 12. Diferenças Situação Atual x Situação Proposta: Indústria + Agrícola ................. 50
Tabela 13. Custos de Instalação Industrial .......................................................................... 50
Tabela 14. Equipamentos e Acessórios - Indústria .............................................................. 50
Tabela 15. Equipamentos e estrutura- Agrícola ................................................................... 53
Tabela 16. Investimentos totais ........................................................................................... 54
Tabela 17. Base de cálculo para Fluxo de Caixa ................................................................. 56
Tabela 18. Premissas Industriais e Agrícolas....................................................................... 56
Tabela 19. Receitas e custos ............................................................................................... 58
Tabela 20. Sistema de Amortização Constante - Taxa operações diretas ........................... 59
Tabela 21. Sistema de Amortização Constante – Prorenova- Ano 01 .................................. 60
Tabela 22. Sistema de Amortização Constante – Prorenova- Ano 02 .................................. 60
Tabela 23. Fluxo de caixa em milhões de Reais .................................................................. 63
Tabela 24. Cálculo Pay Back - em milhões de Reais ........................................................... 64
Tabela 25. Análise dos indicadores do Projeto .................................................................... 64
xii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 16
2.1 Aspectos relevantes da cogeração e fontes de energia .................................. 16
2.2 Evolução do consumo e demanda da matriz energética ................................. 21
2.3 Processos envolvidos em um Projeto de Cogeração ...................................... 28
2.4 Indicadores financeiros para viabilidade em projetos ...................................... 34
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 38
4. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 39
4.1 Análise da capacidade instalada ..................................................................... 39
4.2 Projeção da capacidade de ampliação ............................................................ 46
4.3 Aplicação de indicadores financeiros ............................................................... 54
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 68
13
1. INTRODUÇÃO
O marco da revolução industrial na Inglaterra no século XVIII, no qual muitos
processos manuais foram substituídos por máquinas, apresenta vestígios dessas
transformações até os dias de hoje, em escala mundial. A tecnologia está em
ascensão, conceitos de melhoria contínua estão cada vez mais sendo difundidos.
Produtividade, custos baixos, qualidade: aliados a sustentabilidade, fazem parte do
vocabulário de quem quer sobreviver no mercado e todas essas questões se fazem
presentes no ramo empresarial, não podendo se esquecer das famílias que também
estão buscando comodidade, agilidade e conforto dentro e fora dos seus lares.
Em meio a essas situações, para alcançá-las, observa-se um aumento na
demanda da energia elétrica existente. De acordo com a Empresa de Pesquisa
Energética (2017), a população brasileira, de 2016 até 2026, aumentará em 13
milhões. Os domicílios sairão de 66.435.000 para 77.799.000, ou seja, um aumento
de 17,10%. A capacidade instalada dos principais seguimentos consumidores de
energia elétrica – alumínio, alumina, bauxita, siderurgia (aço bruto), pelotização,
ferroligas, cobre, soda-cloro, petroquímica (eteno), celulose, pasta mecânica, papel
e cimento – aumentará e demandará 3,2 % a mais da energia elétrica consumida.
Com o advento da cogeração e a possibilidade de exportação de energia
elétrica, além da competitividade no mercado, as empresas passaram a se
preocupar com a eficiência das suas máquinas térmicas para atender a demanda
térmica e eletromecânica (FIOMARI, 2004).
No dicionário, o prefixo “co” expressa a ideia de companhia ou simultaneidade
e, quando se associa a geração, o termo ganha mais importância, ainda mais nos
tempos de hoje, em que produtividade é a palavra para a obtenção de resultados. A
cogeração é uma das alternativas mais adequadas para as plantas de usinas de
açúcar e álcool, papel e celulose, entre outras, para aumentar sua produção, sem
causar danos ao meio ambiente (FIOMARI, 2004).
A Copel identificou um aumento de 3,4% no consumo de energia elétrica
dentro do mercado atendido pela empresa. Uma das causas é que as indústrias do
Paraná voltaram a crescer, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
14
(IBGE) (CBN, 2018). Dessa forma, a Companhia Paranaense de Energia (COPEL)
apresentou, em seu planejamento estratégico, o interesse na produção de energia
voltada para a biomassa, considerada um futuro na matriz energética (JORNAL DO
PARANÁ, 2017).
De acordo com Ortigara (2017 apud JORNAL DO PARANÁ, 2017), da
Diretoria de Desenvolvimento de Negócios da COPEL, a ideia é sair das
dependências da energia hidrelétrica, cuja participação se dá na ordem de 95%, e
aumentar o potencial da energia de biomassa, através de uma energia
ecologicamente correta.
Segundo Jõao Batista Meneguetti e Júlio Batista Meneguetti, a viabilidade de
expansão da cogeração para o setor em estudo está diretamente ligada à
capacidade que a COPEL terá de dispor de linhas de transmissão suficientes para
tal investimento (JORNAL DO PARANÁ, 2017).
Quando se fala em otimização de todas as atividades existentes dentro de
uma organização, o cenário sucroenergético se caracteriza como um bom exemplo.
A partir da matéria prima cana de açúcar, e seu processo de produção de etanol e
açúcar, são gerados vários subprodutos reaproveitáveis e de lucratividade. Cita-se,
segundo Gumieiro (2014): bagaço (geração de energia térmica, elétrica, etanol de
segunda geração, entre outras), vinhaça (fertirrigação nas lavouras e produção de
biogás), torta de filtro (aplicada na lavoura), levedura (secagem para nutrição
animal), óleo fúsel (indústrias químicas e de cosméticos) e o gás carbônico (CO2).
O subproduto utilizado para a cogeração é o bagaço, o qual, devido ao seu
alto poder calorífico, se torna um combustível para a geração de energia renovável
ou, ainda, considerada energia limpa, sendo considerada muito importante dentro da
matriz energética do país, tanto no aspecto de atendimento à demanda de consumo,
bem como em aspectos ambientais.
No intuito de aumentar o porcentual de lucratividade gerado por este
subproduto na receita de uma empresa, localizada no noroeste do Paraná, perante
seus principais produtos, açúcar e etanol, o presente trabalho tem, por objetivo,
analisar a viabilidade econômica e financeira para um projeto de ampliação da
cogeração, através de indicadores financeiros, visto o interesse da expansão e apoio
da COPEL no ramo sucroenergético.
15
A Unidade Produtiva, em questão, pertence a um grupo com mix açucareiro,
ranqueado como uma das maiores empresas no seguimento de açúcar e álcool do
Brasil. A Unidade Industrial já conta com a venda do excedente de energia, porém,
para a ampliação, se faz necessário todo um redimensionamento da planta existente
(equipamentos e processos) para identificar a capacidade máxima de geração e
exportação. Isso se deve ao fato de que a energia gerada deve atender
primeiramente a operação e apenas seu excedente ser destinado à venda.
“A cogeração diversifica e amplia os produtos de comercialização de uma usina
de açúcar, amortizando as oscilações de preço dos seus principais produtos”
(BAPTISTA, 2002, p. 9). Portanto os objetivos específicos para o estudo, que devem
ser atendidos, são:
Uma abordagem teórica sobre o tema exposto, averiguando o que
outros pesquisadores pontuam;
Explanação da comercialização da energia elétrica através da
biomassa;
Análise do potencial energético;
Identificação da situação e capacidade (equipamentos/processos) da
planta industrial para um projeto de expansão, assim como todas as
necessidades de aquisições ou melhorias para atender a nova
demanda;
Aplicação de indicadores financeiros para a tomada de decisão em
relação à viabilidade econômico financeira.
16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Aspectos relevantes da cogeração e fontes de energia
No final da década de 80, a produção combinada de energia térmica e
potência voltou a ser priorizada no contexto de políticas energéticas, visando à
minimização dos impactos ambientais provocados por outras fontes de energia.
Assim, a cogeração adquiriu importância, pois foram decisivas as tendências de
desregulamentação da indústria elétrica em alguns países, além da adoção de
política de racionalização de energia com objetivos de mais longo prazo (FIOMARI,
2004).
A cogeração é a geração simultânea de energia mecânica e térmica, a partir
de uma fonte primária de energia. Do ponto de vista empresarial, significa a
possibilidade de uma redução de custos, com a diminuição de dependência
energética (BAPTISTA, 2002).
Coelho et al. (2002 apud FIOMARI, 2004) apontam as vantagens da
cogeração:
Estratégicas: gerações descentralizadas. Na região Sudeste e Centro Oeste a
geração ocorre no período seco, podendo completar a geração da
hidrelétrica;
Econômicas: uso de combustível e equipamentos nacionais;
Sociais: Utilização da mão de obra rural;
Ambientais: combustível limpo e renovável.
A União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA, 2018) aponta a
bioeletricidade como uma geração distribuída, renovável e sustentável, que possui
os seguintes benefícios:
Benefício da complementariedade com hidroelétrica: estima-se que, em 2017,
se tenha poupado o equivalente a 17% da água nos reservatórios do
submercado Sudeste/Centro-Oeste, no período seco do ano, que é
coincidente com a safra sucroenergética.
17
Redução das perdas de transporte da energia e economia de investimentos
em transmissão, pelo fato da geração de bioeletricidade ocorrer próxima aos
grandes centros consumidores e de forma distribuída.
Cadeia produtiva nacional consolidada e associada, principalmente, ao
desenvolvimento da produção de etanol, a qual é representada por centros de
excelência em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.
Geração de investimento e emprego de qualidade: o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve um total de R$ 7,4
bilhões de desembolso com a geração de energia elétrica no setor
sucroenergético, de 2008 até 2017. Estima-se que apenas a bioeletricidade
sucroenergética tenha proporcionado um total de quase 200 mil empregos
diretos à economia brasileira;
Evita a emissão de Gases de Efeito Estufa: estima-se que, em 2017, a rede
tenha evitado a emissão de aproximadamente 7,5 milhões de CO₂ na
atmosfera, equivalente ao cultivo de 53 milhões de árvores nativas ao longo
de 20 anos.
Traz confiabilidade ao sistema: sua maior previsibilidade e confiabilidade são
consideradas por ser uma fonte sazonal, mas não é intermitente como são as
fontes eólica e fotovoltaica. Isso significa que contribui na mitigação dos
efeitos da expansão das fontes intermitentes na matriz elétrica brasileira.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2017) aponta que 80,6 %
das fontes de energia são renováveis, enquanto 19,4 % não são renováveis. Sendo
que a primeira possui 119 GW de potência instalada (fiscalizada), com 2.194 usinas
em operação. E a segunda, com 28,8 GW de potência instalada (fiscalizada) e 2.400
usinas em operação. A estratificação das fontes renováveis se dá: hídrica (64,57%),
biomassa (9,45%), eólica (6,51%) e solar (0,02%). Enquanto as não renováveis
representam: fóssil (18,11%) e nuclear (1,34%).
“Entre as termelétricas, o Brasil conta com 531 usinas que utilizam a
biomassa como fonte renovável de energia. Com 14 GW de potência instalada,
representa 9,4% do total (ANELL, 2017, on-line)”.
18
“... a previsão da ANEEL é que a expansão da geração no país, em termos de capacidade instalada, seja liderada pelas usinas hidrelétricas de grande porte (UHEs), com 3.097 MW (52% do total de 5.966 MW), sendo seguida pela fonte eólica com previsão de entrada de 1.599 MW em 2018 (27% do total) e pela fotovoltaica com 828 MW (14% do total). As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) devem acrescer 175 MW em 2018 (3% do total) e as fontes fósseis e biomassa participarão com 136 MW e 131 MW, respectivamente, respondendo por 2% cada fonte do total de acréscimo de capacidade instalada previsto para este ano” (UNICA, 2018, p. 04).
De acordo com Tomaz (2015), no sistema convencional, 65% da energia do
combustível fóssil é transformada em calor e perdida no meio ambiente e 35% é
utilizada na geração de energia elétrica. No sistema de cogeração, 35 % também é
utilizada, porém, apenas 15 % são perdidos, o restante pode ser utilizado como
fonte de energia térmica. A Tabela 1 estratifica a bioeletricidade por tipo de
combustível:
Tabela 1. Bioeletricidade em geral para a rede por tipo de combustível, 2017 (GWh)
Origem Geração para a rede (GWh) %
Bagaço de cana de açúcar 21.444 84,15
Biogás-Resíduos sólidos urbanos 706 2,77
Biogás-Agroindustriais 14 0,05
Capim elefante 127 0,50
Carvão vegetal 41 0,16
Casca de arroz 60 0,24
Gás de alto forno-Biomassa 182 0,71
Licor Negro 2.506 9,83
Resíduos florestais 402 1,58
Biogás- resíduos animais 0 0,00
Total 25.482 100,00 Fonte: UNICA (2018), dados básicos da CCEE (2018), informação de geração no centro de gravidade
A Tabela 2 aborda o comportamento do porcentual de biomassa pelo
consumo de energia, de janeiro até abril de 2018. O último mês é o início oficial da
safra sucroenergética (UNICA, 2018).
19
Tabela 2. Consumo de energia e geração para a rede pela biomassa, SIN (GWh)
Meses Consumo de Energia
SIN Geração pela
biomassa %
Biomassa/Consumo
jan/18 48.349 602 1,2
fev/18 43.513 577 1,3
mar/18 48.322 952 2,0
abr/18 44.456 2.192 4,9
Total 2018 184.640 4.323 2,3 Fonte: UNICA (2018), dados básicos da CCEE (2018)
Ortigara (2017 apud JORNAL DO PARANÁ, 2017) menciona que, de todos os
setores, o mais estruturado é o da cana, das 26 unidades industriais em
funcionamento, no qual apenas sete cogeram e exportam seus excedentes. Há um
potencial de 1.000 MW no Paraná.
“O fato da plantação de cana-de-açúcar estar localizada principalmente no submercado SE-CO, faz com que as centrais de geração a biomassa localizem-se próximas aos centros consumidores, reduzindo a necessidade de construção de grandes linhas de transmissão e as respectivas perdas de transmissão” (SUCRE, 2018 p. 11).
Souza (2000 apud BAPTISTA, 2002) traz a Usina de São Francisco, em
Sertãozinho, como a primeira a comercializar a energia de cogeração com a
Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL em 1987. As vantagens competitivas
foram: proximidade ao mercado consumidor, ganhos em produtividade, produção em
períodos críticos para o sistema (seca), confiabilidade no fornecimento, possibilidade
de associação com outras fontes, sinergia com demais produtos da indústria, auxílio
ao meio ambiente e rápido desenvolvimento tecnológico.
“Além do açúcar e do álcool, principais produtos de uma usina, nos dias
atuais, o bagaço também passou a ser um produto valorizado, principalmente com o
advento da cogeração para a venda de energia” (FIOMARI, 2004, p. 13). Tauper
(1998 apud BAPTISTA, 2002) apontam as frações físicas deste subproduto:
Fibra: 45%;
Sólidos Insolúveis: 2,5 %;
Sólidos Solúveis: 2,5 %
20
Água 50 %
Carli (1995 apud BAPTISTA, 2002, p. 13) cita que “uma tonelada de cana
moída gera cerca de 250 kg de bagaço, que nestes valores médios apresenta um
poder calorífico (quantidade de caloria liberadas na combustão completa de um Kg
do combustível) entre 1.775 e 2. 250 Kcal/kg”.
Em caldeiras de 21,5 kgf/cm², o consumo específico de bagaço é de 500 kg/t
de vapor e de 15 a 23 kWh/tonelada de cana processada, enquanto uma caldeira de
61 kgf/cm² tem chegado a mais de 100 kWh/tonelada de cana moída (BAPTISTA,
2002).
A UNICA (2018), em seu relatório de final de safra 2017/2018, aponta os
Estados de maior processamento de cana de açúcar na região centro sul, sendo
estes em ordem crescente, na Tabela 3:
Tabela 3. Processamento de cana de açúcar na região centro sul (toneladas)
Estados Moagem %
São Paulo 357.142.342 59,89
Goiás 70.621.968 11,84
Minas Gerais 64.956.358 10,89
Mato Grosso do Sul 46.940.207 7,87
Paraná 37.047.410 6,21
Mato Grosso 16.134.127 2,71
Espírito Santo 2.380.657 0,40
Rio de Janeiro 1.061.788 0,18
Rio Grande do Sul 44.822 0,01
Total 596.329.679 100 Fonte: UNICA (2018) - Adaptado pelo autor
21
Filho (2009) demonstra o processo padrão da cogeração, através da Figura 1:
Figura 1: Fluxo da cogeração.
Fonte: PESSINE (2008) apud FILHO (2009)
2.2 Evolução do consumo e demanda da matriz energética
Para a Empresa de Pesquisa Energética, em 2017, tendo como ano base
2016, do Balanço Energético Nacional, os consumidores de energia no Brasil foram:
Indústrias: 33%;
Transportes: 32,4%;
Residências: 9,7%;
Setor Energético: 10,3%;
Agropecuária: 4%;
Serviços: 4,9 %;
Uso não energético: 5,8 %.
As projeções de consumo, de acordo com a empresa de Pesquisa Energética,
2017, são para os anos:
2016: 517 TWh;
2021: 613 TWh;
22
2026: 744 TWh;
Sendo que a variação porcentual anual de 2016 para 2021 se dá em 3,5%, de
2021 para 2026 se caracteriza em 3,9 % ao ano e, quando comparado de 2016
até 2026, a ordem é de 3,7 % ao ano de consumo de energia.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (2018) conceitua no atlas de
energia elétrica alguns termos utilizados, são eles:
Sistema Interligado Nacional (SIN): Conjunto de instalações para geração e
transmissão de energia elétrica. Abrange a maior parte do território nacional
– as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte do Norte. A
coordenação da operação das usinas é feita pelo Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS);
Empresa de Pesquisa Energética (EPE): Empresa pública federal, vinculada
ao Ministério de Minas e Energia (MME). Sua finalidade é prestar serviços na
área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor
energético;
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): Entidade de direito privado,
sem fins lucrativos, criada em 26 de agosto de 1998, cuja responsabilidade é
a coordenação e controle da operação das instalações de geração e
transmissão de energia elétrica no SIN, sob a fiscalização e regulação da
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL);
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): Está vinculada ao Ministério
de Minas e Energia (MME, criado pela Lei 9.427, de 26 de dezembro de
1996). Tem como atribuições a regularização e fiscalização da geração, da
transmissão, da distribuição e da comercialização da energia elétrica,
atendendo reclamações de agentes e consumidores com equilíbrio entre as
partes e em beneficio da sociedade; mediar os conflitos de interesses entre os
agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores; conceder, permitir
e autorizar instalações e serviços de energia; garantir tarifas justas; zelar pela
qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a competição entre os
operadores e assegurar a universalização dos serviços;
23
Ministério de Minas e Energia (MME): no ano de 2003, a Lei n° 10.683/2003
definiu como competências do MME as áreas de geologia, recursos minerais
e energéticos, aproveitamento da energia hidráulica, mineração, metalurgia,
petróleo, combustível e energia elétrica, incluindo a nuclear. Em 2004, as
secretarias de Planejamento e Desenvolvimento Energético; de Energia
Elétrica; de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, Geologia,
Mineração e Transformação Mineral;
Sistemas Isolados: Conjunto de instalações para geração e transmissão de
energia elétrica não conectados ao SIN. Localizam-se na região da Amazônia.
Concessionária: Agente de concessão federal para prestar o serviço público
de distribuição ou transmissão ou geração de energia elétrica;
Ambiente de Contratação Livre (ACL): Segmento no qual se realizam as
operações de compra e venda de energia elétrica, objeto de contratos
bilaterais livremente negociados, conforme regras e procedimentos;
Ambiente de Contratação Regulada (ACR): Segmento no qual se realizam as
operações de compra e venda de energia elétrica entre agentes vendedores e
agentes de distribuição, precedidas de licitação, ressalvados os casos
previstos em lei, conforme regras e procedimentos;
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE): Concessionária ou
permissionária de serviços e instalações de energia elétrica e consumidores
livres, integrantes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
e sujeitos às obrigações e direitos previstos na convenção, nas regras e nos
procedimentos de Comercialização.
Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR):
também denominado de Contrato Bilateral, é um instrumento que define as
regras e condições para a comercialização de energia elétrica proveniente de
empreendimentos de geração existentes ou futuros;
Contrato Bilateral: Instrumento jurídico que formaliza a compra e venda de
energia elétrica entre Agentes da CCEE. Estabelece preços, prazos e
montantes de suprimento em intervalos temporais determinados.
Poder concedente: “A União ou entidade por ela designada”.
24
A Empresa de Pesquisa Energética (2017) demostra, por subsistema na
Tabela 4, o consumo por região no Brasil, em que é possível notar um aumento de
3,2 % ao ano, de 2016 até 2026, para os consumidores industriais.
Tabela 4. Consumidores Industriais - Consumo total por Subsistema em GWh
Subsistema 2016 2021 2026 2016-2026 %
ao ano
Norte 14.323 18.093 22.751 4,7
Nordeste 13.133 15.223 19.674 4,1
Sudeste/Centro-Oeste 43.281 50.406 56.558 2,7
Sul 12.536 13.311 14.952 1,8
SIN 83.273 97.033 113.935 3,2
Sistemas Isolados 94 98 111 1,6
Brasil 83.366 97.131 114.046 3,2 Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (2017)
A Empresa de Pesquisa Energética (2017) também frisa a importância de
explanar sobre autoprodução, que permite entender a geração de eletricidade do
consumidor com instalações próprias de geração de energia elétrica, localizadas
junto às unidades de consumo, que não utilizam, para o autossuprimento de
eletricidade, a rede elétrica das concessionárias de transmissão/distribuição. A
Tabela 5 retrata por subsistema.
Tabela 5. Consumidores Industrias - Autoprodução por Subsistema em GWh
Subsistema 2016 2021 2026 2016-2026 %
ao ano
Norte 991 1.121 1.137 1,4
Nordeste 4.370 5.317 7.502 5,6
Sudeste/Centro-Oeste 14.538 18.042 19.618 3,0
Sul 4.279 4.927 6.319 4,0
Brasil 24.178 29.407 34.576 3,6 Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (2017)
A Tabela 6 demonstra, de forma resumida, o consumo de eletricidade
demandado da rede elétrica pelo conjunto dos segmentos industriais:
25
Tabela 6. Consumo de eletricidade na rede total por Subsistema em GWh
Subsistema 2016 2021 2026 2016-2026 %
ao ano
Norte 13.332 16.972 21.614 5,0
Nordeste 8.763 9.906 12.172 3,3
Sudeste/Centro-Oeste 28.743 32.364 36.940 2,5
Sul 8.257 8.384 8.633 0,4
SIN 59.095 67.626 79.359 3,0
Sistemas Isolados 94 98 111 1,6
Brasil 59.189 67.724 79.470 3,0 Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (2017)
Ressalta-se que o consumo de energia elétrica possui relação com a
elasticidade da renda, já que esta é caracterizada pela razão da variação porcentual
da demanda de energia elétrica pela variação percentual do PIB. Assim, menores
variações de PIB no cenário econômico resultam em uma maior elasticidade da
renda. O Gráfico 1 (incluindo a autoprodução), mostra as taxas médias por
crescimento anual, do período de 1970 até uma projeção para 2026,
correlacionando PIB e consumo de eletricidade com a elasticidade da renda. O
resultado da projeção da elasticidade de 2016 até 2026 (10 anos) é 1,51%. Dessa
forma, a intensidade elétrica da economia aumenta ao longo do horizonte decenal
(EPE, 2017).
26
Gráfico 1. Taxas médias de crescimento anual por período.
Fonte: EPE (2017)
27
O ONS (2018) apresenta o mapa de distribuição de energia elétrica, na Figura
2.
Figura 2. Mapa de distribuição elétrica.
Fonte: ONS (2018)
A Companhia Paranaense de Energia (COPEL) atua nas áreas de geração,
transmissão, distribuição e comercialização de energia e, também, no segmento de
telecomunicações. É considerada uma das maiores do Brasil, representando 6%, e,
na região Sul, se caracteriza com 34%. Já no Paraná se apresenta em 94,9%
(COPEL, 2011).
28
Na geração, opera com 29 usinas próprias, sendo 16 hidrelétricas, 1
termelétrica e 2 eólicas, com capacidade total de 4.838,1 MW. A transmissão é
formada por 2.521,2 KM de linhas e 35 subestações, que somam 13.003 MVA de
potência de transformação. Sua transmissão é responsável pela distribuição de
energia a cerca de 4,5 milhões de clientes de 394 municípios do Paraná (392
integralmente atendidos e 2 parcialmente). A empresa administra 190 mil km de
redes de distribuição, possui 2,8 milhões de postes e 361 subestações, com
potência instalada de 10,5 mil megavolt-ampère (MVA). Ela comercializa energia no
mercado livre e atua como varejista (COPEL, 2011).
A COPEL, juntamente a equipes de profissionais, se reuniu com diretores e
técnicos de usinas, com o objetivo de apresentar seu planejamento estratégico, no
qual inclui a biomassa. Os planos é incluir seis grupos de produtores de diversas
fontes, visando seu aproveitamento para viabilizar projetos de geração de energia no
Paraná (JORNAL DO PARANÁ, 2017).
A Agência de Notícias do Paraná (2018) informa que:
“A Copel apurou um aumento de 3,4% no consumo do mercado atendido por sua distribuidora em 2017, na comparação com o ano anterior. A alta foi influenciada pela maior demanda nas atividades das indústrias nos ramos de produtos alimentícios (variação de 6,7%), celulose, papel e produtos de papel (5,7%), além da fabricação de produtos de madeira (3,7%)” (AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO PARANÁ, 2018)
2.3 Processos envolvidos em um Projeto de Cogeração
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elabora anualmente o PAR -
Plano de Ampliações e Reforços, o qual conta com a participação dos agentes de
transmissão, geração, distribuição e consumidores livres. Os estudos elétricos levam
em conta: os estudos elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as
propostas de novos reforços, as solicitações de acesso, as previsões de carga, os
atrasos na implantação de instalações de geração e transmissão, assim como as
informações oriundas da programação da operação elétrica, energética e da
operação em tempo real (ONS, 2017).
29
O ONS, 2017 define:
Ampliação: implantação de novo elemento funcional, linha de transmissão,
subestação ou novo pátio de subestação, detentora de uma nova concessão
de transmissão;
Reforço: instalação, substituição ou reforma de equipamentos em instalações
de transmissão existentes ou a adequação, visando o aumento da capacidade
de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN);
As etapas do PAR são dadas, de acordo com o ONS (2017), na Figura 3:
30
Figura 3. Fluxo do PAR.
Fonte: ONS, 2018
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) menciona como os
agentes de mercado são divididos em categorias, sendo estas de geração,
comercialização e distribuição.
31
Na geração, todos os agentes podem vender energia, tanto no Ambiente de
Contratação Regulada – ACR, como no Ambiente de Contratação Livre - ACL. Pode
se apresentar dentro da classe de concessionário de serviço público de geração,
que possui concessão para exploração de ativo de geração a título de serviço
público, ou, ainda, na classe de produtor independente de energia elétrica, no qual
recebe concessão, permissão ou autorização do Poder Concedente para produzir
energia destinada à comercialização por sua conta e risco. E também a classe de
autoprodutor, que possui concessão, permissão ou autorização para produzir
energia destinada a seu uso exclusivo, podendo comercializar eventual excedente
de energia, desde que autorizado pela ANEEL (CCEE, s.d.).
De acordo com o MME (2012), a representação das concessionárias
geradoras se caracteriza na Tabela 7.
Tabela 7. Participação das Concessionárias
Concessionárias Potência (MW) Participação (%)
Grupo Eletrobrás 15022 67,26
Estaduais 6842 30,62
Privadas 468 2,09
Municipais 9 0,03 Fonte: Ministério de Minas e Energia (2012)
Na comercialização, apresentam-se como os agentes os
importadores, exportadores e comercializadores de energia elétrica, além
dos consumidores livres e dos consumidores especiais. O primeiro detém
autorização do poder concedente para realizar importação de energia elétrica para
abastecimento do mercado nacional, enquanto o segundo detém autorização do
poder concedente para realizar exportação de energia elétrica para abastecimento
de países vizinhos. O terceiro é o agente que compra energia por meio de contratos
bilaterais celebrados no ACL, podendo vender energia a outros comercializadores, a
geradores e aos consumidores livres e especiais, no próprio ACL, ou aos
distribuidores, por meio dos leilões de ajuste no ACR. O quarto representa o
consumidor que pode escolher ser o gerador e/ou comercializador através de
negociações. E o último é o consumidor com demanda entre 500 kW e 3MW, com o
32
direito de adquirir energia de qualquer fornecedor, desde que a energia adquirida
seja oriunda de fontes incentivadas especiais (eólica, pequenas centrais hidrelétricas
- PCHs, biomassa ou solar) (CCEE, s.d.).
Quanto a distribuição, são as empresas concessionárias distribuidoras de
energia elétrica que realizam o atendimento da demanda de energia aos
consumidores com tarifas e condições de fornecimento reguladas pela ANEEL.
Todos os distribuidores têm participação obrigatória no ACR, celebrando contratos
de energia com preços resultantes de leilões (SUCRE et al., 2018).
Os contratos de compra e venda de energia elétrica no ambiente regulado
(CCEAR) podem ser firmados de 1 a 15 anos para a energia existente, enquanto
que para novos empreendimentos de energia nova a partir da biomassa, os
contratos costumam ser formados de 20 a 25 anos (SUCRE et al., 2018).
“O ACR apresenta duas modalidades de contratação de energia em função do estágio de desenvolvimento de projetos: leilões de energia elétrica proveniente de empreendimentos de geração existente – leilões de energia velha – e os leilões de energia elétrica proveniente de novos empreendimentos de geração – leilões de energia nova” (SUCRE et al., 2018)
“Para o Leilão “A-6”/2018, a fonte biomassa cadastrou 25 projetos,
respondendo por 2% da oferta total cadastrada para o certame” (UNICA, 2018,
p.11).
Em 2017, o consumo de energia elétrica no país ocorreu no âmbito do ACR
representando 71%, enquanto que no ACL se deu em 29%. No SIN, a
bioeletricidade, no mesmo período, representou no consumo nacional 69%
destinados ao ACL e 31% destinados para o ACR. De acordo com dados da EPE
(2018), em 2017, das 209 usinas sucroenergéticas que exportam energia para o
SIN, parte atua, exclusivamente, no ACL (53%) ou no ACR (9%) e o restante (38%)
vende em ambos os ambientes de contratação (ÚNICA, 2018).
Abaixo, a Figura 4 traz o processo regulatório de participação em leilões do
ACR, de forma resumida:
33
Figura 4. Processo da ACR.
Fonte: Sucre et al. (2018). Adaptado pelo autor, de forma resumida.
34
No mercado livre (ACL), podem participar consumidores com demanda
superior ou igual a 3.000 KW e, os especiais, com carga entre 500 KW e 3.000KW,
desde que adquiram energia por meio de fontes renováveis, com geração a
biomassa de potência injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição menor
ou igual a 50 MW (SUCRE et al., 2018).
A Figura 5 representa todos os relacionamentos da ONS.
Figura 5. Relacionamentos do ONS.
Fonte: ONS (2018)
2.4 Indicadores financeiros para viabilidade em projetos
Souza (2003 apud FILHO, 2009) analisa:
“...as possibilidades do setor sucroalcoleiro diante da expansão do parque gerador de energia elétrica, como nova fonte de negócios, pois a maioria das usinas e destilarias, implantadas a mais de 20 anos pelo Proálcool, tem sua vida útil destinada ao fim. Recomenda como opção, manter a tecnologia atual e operar em longo prazo com baixa eficiência, ou instalar
35
sistemas mais eficientes e expandir para um novo ramo de negócio: a venda de eletricidade” (SOUZA 2003 apud FILHO, 2009, p. 54)
A Ecoflex (2018) informa que a Raízen passou a investir na comercialização
de energia elétrica e a ideia é que essas atividades representem metade do negócio
do seu braço Raízen Energia. A empresa, nos nove primeiros meses do ano fiscal
de 2018, somava receita líquida de R$ 5 bilhões e lucro líquido de R$ 372 milhões.
No mesmo período, ao Grupo como um todo, somou-se receita de 63,4 bilhões, com
lucro líquido de R$ 1,6 bilhões.
“O preço teto para a fonte de biomassa tem grande variação a cada leilão, sendo o menor de R$ 148,00/MWh no Leilão A-5/2012, onde não houve nenhum vencedor, e o maior de R$ 316/MWH no Leilão A-5/2015, com somente 37 MWh contratados, apesar do preço mais atrativo. O preço-teto de um leilão não deveria oscilar muito. No entanto, têm ocorrido variações de até 30% de um leilão para outro, como aconteceu nos leilões de 2015, quando os preços-tetos apresentaram as seguintes variações: R$ 215 >>281>> 218 MWh. Esta falta de previsibilidade afugenta investidores para o desenvolvimento de preços para os leilões” (SUCRE et al., 2018, p.14)
De 2008 a 2017, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) teve um total de R$ 7,4 bilhões de desembolso com a geração de energia
elétrica no setor sucroenergético. Em 2008 a representatividade do setor foi em
29%, já em 2017, apenas 1%. Essa trajetória tem sido declinante e pode ser
explicada pela retração nos investimentos no setor e também pela perda de
competitividade nos leilões regulados promovidos pelo Governo Federal, a partir de
2009 (UNICA, 2018).
De acordo com a UNICA (2018), para o aproveitamento do potencial da
bioeletricidade, a política setorial deve envolver os esforços em conjunto com
agentes públicos e privados, dentre eles:
Manter uma contratação regular e crescente para a bioeletricidade e biogás,
com preços adequados nos leilões regulados;
36
Estimular o aproveitamento do potencial regional da bioeletricidade, por meio
da contratação em leilões regionais e pelas distribuidoras na modalidade
Geração Distribuída;
Fortalecer o mercado livre como ambiente de comercialização, criando
mecanismos no mercado livre capazes de viabilizar projetos, incluindo
instrumentos de financiamento e uma formação de preços consistente;
Criação de condições mais atrativas para a aquisição e financiamento de
máquinas e equipamentos;
Mitigação do problema da conexão às redes elétricas, ou seja, estabelecer
soluções estruturadas de médio e longo prazo que efetivamente mitiguem a
dificuldade de conexão de projetos às redes de distribuição;
Estabelecer, nos instrumentos de planejamento setorial, uma visão
estruturante e integrada para os produtos da cana na matriz de energia do
país.
A principal dificuldade na avaliação de projetos está na compreensão da
tradicional relação risco versus retorno, inerentes aos investimentos de capital, pois
todos estão sujeitos às incertezas quanto às projeções futuras (DAMODARAN,
1997). “O primeiro passo para a realização da análise é a determinação dos fluxos
de caixa do projeto/investimento que pretendemos realizar” (OZÓRIO, 2017 p. 38).
A utilização de indicadores financeiros, assim como os apontados por Baptista
(2002 apud GUMIEIRO, 2014), são de extrema importância nas tomadas de
decisões:
Taxa mínima de atratividade (TMA): entende-se como aquela remuneração
média que está sendo paga na economia para cada unidade monetária, nela
aplicada, acrescendo-se um ganho adicional que deve acompanhar a
capacidade e o risco empresarial;
Taxa interna de retorno (TIR): representa a eficiência marginal do capital e
corresponde, em última análise, à taxa de lucratividade esperada dos projetos
de investimento. É dado por:
37
TIR =
0)1(0
t
nni
doFluxolíqui
(1)
Em que:
i = taxa mínima de atratividade;
n = período.
Valor Presente Líquido (VPL): estima o valor de hoje, de um fluxo de caixa. É
compreendido como a quantia equivalente, na data zero, descontando-se a
taxa de juros determinada pelo mercado. Assim, deve-se trazer os valores
(custos e receitas) de cada período de tempo para o valor de hoje e somar-se
ao investimento inicial do projeto, através dos modelos que se segue:
VPL =
t
nni
CnRn
0
0)1( (2)
No qual:
i = taxa mínima de atratividade;
n = período;
Rn = receitas;
Cn = custos operacionais.
Ozório (2017), ainda conceitua:
Pay Back: expressa o prazo necessário para que a empresa/indivíduo
recupere o investimento inicial.
E orienta que no processo decisório os indicadores devem se comportar:
TIR > TMA
VPL> R$ 00,00
Pay back < padrão estabelecido
38
3. METODOLOGIA
A metodologia científica visa delimitar o tipo e a estrutura do projeto, ou seja,
como o estudo será fundamentado e organizado.
A pesquisa possui caráter bibliográfico, no qual Gil (2008, p. 50) diz que “[...] a
pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos”. Dessa forma foram abordadas
informações norteando conceitos, práticas e o cenário mercadológico dos temas
ligados a cogeração. Pontua-se que também foram definidos e delimitados os
indicadores financeiros para as tomadas de decisões, sendo estes: taxa de retorno
(TIR), valor presente líquido (VPL) e pay back simples.
O ambiente analisado foi a pesquisa de campo. Esse critério permite
conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual
procuramos uma resposta. Consiste na observação de fatos e fenômenos, tal como
ocorrem espontaneamente na coleta de dados (PRODANOV, 2013, p. 60). O fato é
observado devido os dados serem reais e coletados, através de históricos e
condições atuais da planta industrial. Dessa forma, será possível expor o balanço e
condição atual do processo de cogeração e propor uma situação futura de
ampliação para tal processo. Segundo o mesmo autor, a pesquisa pode ser
considerada aplicada, uma vez que os dados serão conduzidos a práticas reais e
também exploratórias, ou seja, maior familiaridade com o assunto abordado (GIL,
2008). Assim, a subjetividade ganhará números expressos para a conclusão do
objetivo geral proposto.
39
4. ESTUDO DE CASO
4.1 Análise da capacidade instalada
A Usina em estudo possui capacidade máxima instalada de moagem de
2.875.000 T a ser processada (575 TCH) em 5000 horas efetivas, vinculada ao
planejamento agrícola da unidade produtiva, sendo o mix de açúcar e etanol, 80% e
20%, respectivamente. Em 2018, devido às situações de mercado, no qual se
justifica, por conta da rentabilidade, produzir mais etanol do que açúcar esses
valores para a unidade em questão, assumem 70% e 30%. Para a finalidade de
estudos e cálculos, utilizou-se a safra de 2017 (mix 80% açúcar e 20% etanol), com
dados consolidados. Pontua-se que diversos fatores influenciam a projeção do
planejamento de uma safra. Cita-se:
Preço de mercado;
Produtividade agrícola;
Qualidade da matéria prima;
Quantidade, qualidade, eficiência e eficácia de equipamentos agrícolas e
industriais disponíveis;
Processos agrícolas e industriais otimizados para extração de resultados;
Quantidade e qualificação da mão de obra agrícola e industrial;
Orçamento disponível.
Os principais produtos da planta, açúcar e etanol, passam pelas seguintes
etapas resumidas, na Figura 6:
40
Figura 6. Fluxograma resumido da planta industrial
Fonte: Unidade Produtora em estudo - adaptado pelo autor
Descreve-se:
Recepção, preparo e moagem: a cana é descarregada em mesas
alimentadoras, as quais destinam a matéria prima para ser picada e
desfibrada em sua preparação. Através de rolos compressores, é moída e o
41
bagaço é enviado para as caldeiras, o qual é utilizado como combustível para
geração de energia térmica, mecânica e elétrica;
Tratamento do caldo: o caldo passa por tratamento físico, térmico e químico
para retirada de impurezas e contaminações que possam inverter a sacarose
e ocasionar perdas no processo;
Evaporação: retirada da água do caldo e concentração do mesmo, cuja
denominação é o xarope. É a primeira etapa de recuperação do açúcar;
Cristalização e cozimento: o xarope é enviado para os vácuos nos quais
completam a evaporação e se realiza a granulação, formando os cristais com
o mel mãe;
Centrifugação: ocorre a separação dos cristais de sacarose do mel mãe que
os envolve, o açúcar é destinado ao secador. Ressalta-se que há, também, a
separação dos méis – rico A, rico B, pobre A, pobre B e do mel final, os quais
seguem um fluxo produtivo. Este último é composto por açúcares
cristalizáveis (sacarose) e também açúcares não cristalizáveis (glicose e
frutose), mas são passíveis de um processo de fermentação.
Secador: o açúcar que sai das centrífugas passa por secadores e entra em
contato com ar quente, temperatura de aproximadamente 38ºC. A umidade
possui bastante influência na conservação do produto;
Armazenagem: através de esteiras o açúcar é transportado para o armazém
para aguardar sua expedição;
Fermentação: na fermentação, todo o mel final incorporado com a água e
mais caldo (após tratamento) irá formar o mosto. Os açucares contidos no
mosto sofrem uma reação química provocada por microrganismos
(leveduras). Há a conversão dos açúcares em etanol e gás carbônico;
Destilação: processo de separação por diferentes pontos de ebulição. O
etanol é separado de demais compostos com concentração em 92,6 a 93,3 %
(m/m). Neste processo, se forma o subproduto vinhaça, destinada para
fertirrigação nas lavouras;
Tanques de armazenamento: o etanol produzido é encaminhado para tanques
expedidores.
42
A Tabela 8 e Tabela 9 contêm dados coletados e fornecidos pela Usina, os
quais são de fundamental importância para os balanços atuais da cogeração.
Tabela 8. Premissas para cálculos do balanço atual
Itens Premissas Unidade
Vazão Caldeira 01 e 02 160,00 T vapor/h
Vazão Caldeira 03 160,00 T vapor/h
Consumo específico Caldeira 01 e 02 2,20 Kg vapor/ Kg bagaço
Consumo específico Caldeira 03 2,10 Kg vapor/ Kg bagaço
Rebaixadora de 21 para1,5 kgf/cm²-Dessuper 01 0,00 T vapor/h
Rebaixadora de 21 para1,5 kgf/cm²-Dessuper 02 0,00 T vapor/h
Rebaixadora de 65 para 1,5 kgf/cm²-Dessuper 03 0,00 T vapor/h
Rebaixadora de 65 para 22 kgf/cm²-Dessuper 04 0,00 T vapor/h
Extração turbina de contrapressão 0,00 T vapor/h
Perdas de vapor no processo (Caldeiras de 21 kgf/cm²) 2,00 T vapor/h
Consumo específico turbina de condensação 5,00 Kg vapor/kW
Consumo específico turbina de contrapressão 6,00 Kg vapor/kW
Consumo da planta industrial 9,00 MWh
Tonelada de cana processada por hora 575,00 TCH
Moagem diária 13.800,00 T
Consumo específico do processo 483,48 Kg vapor/t cana
Horas Efetivas 5.000,00 H
Moagem safra 2.875.000,00 T
Fibra%cana 13,31 %
Fibra%bagaço 47,35 %
Bagaço%fibra 28,11 %
Bagaço produzido 161,63 TBH
Bagaço consumido 148,92 TBH
Bagaço sobra 12,71 TBH
Fonte: Unidade Produtora, adaptado pelo autor
Tabela 9. Consumos específicos das turbinas do preparo e moenda
Turbinas Vapor (T/h)
Picador (COP 8) -Turbina TGM - 2160kW - ME* 24,00
Desfibrador (COP 5) -Turbina TGM - 2618kW - ME* 22,00
Acionamento nº1 moenda-Turbina TGM - 1500kW -ME* 13,00
Acionamento nº2 moenda- Turbina TGM - 1309kW - ME* 13,00
Acionamento nº3 moenda-Turbina TGM - 1309kW - ME* 13,00
Acionamento nº4 moenda-Turbina TGM - 1309kW - ME* 11,00
43
Acionamento nº5 moenda-Turbina TGM - 1309kW - ME* 11,00
Acionamento nº6 moenda-Turbina TGM - 1309kW - ME* 11,00
Total Geral 118,00
Fonte: Unidade Produtora, adaptado pelo autor (Múltiplo Estágio (ME*)
O processo se apresenta na Figura 7, com os balanços atuais de vapor e
energia, consumidos e gerados pela planta em condições de pontos ótimos de
controle. Nota-se que a exportação de energia se dá em 25,67 MWh, totalizando em
uma safra 128.350 MW.
44
Figura 7. Balanços de vapor e energia consumidos e gerados pela planta na situação atual
Fonte: Unidade Produtora, adaptado pelo autor
45
O processo de Cogeração da planta, atualmente, opera:
A Caldeira 01 e 02: gera para o processo 160 t/h de vapor vivo (21 kgf/cm²)
para as turbinas do preparo e os rolos de moenda. Se necessário, para as
turbobombas de alimentação com água das caldeiras;
O vapor gerado pelas turbinas do preparo e dos rolos de moenda passa a ser
denominado vapor de escape (1,5 kgf/cm²), que será absorvido pelo
processo;
Parte do vapor vivo vai para um gerador de condensação, no qual as
turbobombas alocadas no desaerador envia a água para a alimentação das
caldeiras. O excedente libera energia para a venda;
Todo o vapor vivo, 160 t/h (65 kgf/cm²), vai para uma turbina de
contrapressão, e a maior parte da energia é destinada para a venda. Pontua-
se que este equipamento também é de extração, sendo responsável,
também, quando necessário, por completar o balanço de vapor de escape
das turbinas do preparo e rolos de moenda;
Para equilíbrio das operações, há válvulas rebaixadoras de 65 kgf/cm² para
21 kgf/cm² e 1,5 kgf/cm². Possui, também, duas válvulas de 21 kgf/cm² para
1,5 kgf/cm².
A energia elétrica destinada à exportação faz parte do ACR. Frisa-se que o
ramo sucroenérgico possui sazonalidade em sua produção, em que a safra,
geralmente, ocorre de abril a dezembro e nos demais períodos são realizadas as
manutenções na planta.
A capacidade de geração de uma safra justifica a garantia física de
comercialização do ano seguinte. Essa medida determina, através de critérios, a
oferta para tal finalidade de operação.
Para a Usina em estudo, há valores mensais estipulados no contrato, caso
esse documento seja cumprido e ainda há margem devido à garantia física, o
excedente pode ser comercializado no mercado Spot (mercado livre). Vale ressaltar
que o contrário ocorre também: se por alguma eventualidade a empresa não obtiver
46
geração para o cumprimento dos contratos, a mesma busca no mercado livre para
sanar a pendência e cumprir o acordado.
A CCEE (2018), melhor retrata a Lei nº 10.848/04, regulamentada pelo art. 2º
do Decreto nº 5.163/04, o qual estabelece que a garantia física é a quantidade
máxima de energia elétrica associada ao empreendimento, incluindo importação,
que poderá ser utilizada para comprovação de atendimento de carga ou
comercialização por meio de contratos. A responsabilidade de definições dos
cálculos é do MME, sendo a execução realizada pela EPE, e o seu valor é
estabelecido no contrato de concessão ou ato de autorização.
4.2 Projeção da capacidade de ampliação
O princípio para mensuração do novo layout é uma capacidade de
processamento de 650 TCH, devido ao aumento do vapor disponível com a
aquisição de uma nova caldeira com capacidade de geração em vapor de 250 t/h.
As premissas e o novo balanço da planta se caracterizam na Tabela 10 e Tabela 11.
47
Tabela 10. Premissas para cálculos do balanço proposto
Itens Premissas Unidade
Vazão Caldeira 03 160,00 T vapor/h
Vazão Caldeira 04 250,00 T vapor/h
Consumo específico Caldeira 03 2,10 Kg vapor/ Kg bagaço Consumo específico Caldeira 04- (ciclo regenerativo)
2,50 Kg vapor/ Kg bagaço
Rebaixadora de 65 para 1,5 kgf/cm²-Dessuper 01 0,00 T vapor/h
Rebaixadora de 67 para 1,5 kgf/cm²-Dessuper 02 0,00 T vapor/h
Extração turbinas de contrapressão 0,00 T vapor/h Perdas de vapor no processo (Caldeira de 67 kgf/cm²)
2,00 T vapor/h
Consumo específico turbina de contrapressão 6,00 Kg vapor/kW
Consumo específico turbina de condensação 4,00 Kg vapor/kW
Consumo da planta industrial 20,13 MWh
Tonelada de cana processada por hora 650,00 TCH
Moagem diária 15.600,00 T
Consumo específico do processo 532,31 Kg vapor/t cana
Horas efetivas safra 5.000,00 H
Moagem safra 3.250.000,00 T
Fibra%cana 13,31 %
Fibra%bagaço 47,35 %
Bagaço%fibra 28,11 %
Bagaço produzido 182,71 TBH
Bagaço consumido 176,19 TBH
Bagaço sobra 6,52 TBH
Fonte: Unidade Produtora, adaptado pelo autor
Tabela 11. Consumos das Turbinas de Moenda
Turbinas Potência Consumida (HP)
Potência Consumida (MWH)
Picador (COP 8) -Turbina TGM - 2160kW - ME* 1.830,00 1,36
Desfibrador (COP 5) -Turbina TGM - 2618kW - ME* 3.200,00 2,39
Acionamento nº1 moenda-Turbina TGM - 1500kW - ME* 1.650,00 1,23
Acionamento nº2 moenda- Turbina TGM - 1309kW - ME* 1.650,00 1,23
Acionamento nº3 moenda-Turbina TGM - 1309kW - ME* 1.650,00 1,23
Acionamento nº4 moenda-Turbina TGM - 1309kW - ME* 1.650,00 1,23
Acionamento nº5 moenda-Turbina TGM - 1309kW - ME* 1.650,00 1,23
Acionamento nº6 moenda-Turbina TGM - 1309kW - ME* 1.650,00 1,23
Total Geral 14.930,00 11,13
Fonte: Unidade Produtora, adaptado pelo autor (Múltiplo Estágio (ME*)
48
Dessa forma, a nova configuração da planta fica dimensionada de acordo
com o exposto na Figura 8. Observa-se que mudanças significativas foram
necessárias, assim como a retirada das caldeiras 01 e 02, as quais somavam-se 160
t vapor/h, e a inclusão de uma caldeira 04, com capacidade de 250 t vapor/h. A
eletrificação das turbinas de preparo e moenda também se faz necessária para
economizar o consumo de vapor e destiná-lo para a geração de energia elétrica.
Observa-se que com o mesmo turbo gerador de condensação, acrescenta-se 7
MWh no novo modelo de balanço, ou seja, amplia-se de 8 MWh para 15 MWh,
devido a quantidade de vapor disponível e principalmente pelo aumento da pressão
do vapor de admissão da turbina de 21 Kgf/cm² para 65 Kgf/cm.
49
Figura 8. Balanços de vapor e energia consumidos e gerado pela planta na situação proposta
Fonte: Unidade Produtora, adaptado pelo autor
50
Ao elevar a capacidade atual, ou seja, aumentar a capacidade de produção e
geração de energia elétrica do parque industrial, mudanças são acarretadas em toda
a cadeia interna. Pontua-se que parâmetros agrícolas devem atender a nova
demanda para atingir o objetivo. A Tabela 12 demonstra essas comparações:
apenas a produtividade agrícola se mantém constante em 70 T/ha.
Tabela 12. Diferenças Situação Atual x Situação Proposta: Indústria + Agrícola
Parâmetros Situação atual Situação Proposta Diferença
Moagem (Tcana) 2.875.000,00 3.250.000,00 375.000,00
Tcana /hectare 70,00 70,00 0,00
Área de colheita necessária (ha) 41.071,43 46.428,57 5.357,14
Fonte: Unidade Produtora (2017)
Abaixo, Tabela 13 e Tabela 14 estratificam todos os equipamentos,
acessórios e manutenções necessárias da área industrial.
Tabela 13. Custos de Instalação Industrial
Áreas Custos
Manutenção Elétrica R$ 5.009.000,00
Automação R$ 3.785.000,00
Manutenção Civil R$ 5.722.000,00
Montagem R$ 4.870.000,00
Total Geral R$ 19.386.000,00
Fonte: Unidade Produtora (2018), adaptado pelo autor.
Tabela 14. Equipamentos e Acessórios - Indústria
Equipamentos Quantidade Investimento Investimento
Total Setor
Tomador Amostra Oblíquo
1,00 R$ 600.000,00 R$ 600.000,00 Recepção de cana
Hillo CAP 50 T 1,00 R$ 450.000,00 R$ 450.000,00 Recepção de cana
Peneira Rotativa Caldo Misto
1,00 R$ 600.000,00 R$ 600.000,00 Preparo de Extração
Motor acionamento do picador- 6P- 5000 HP-13,8 KV e anéis
1,00 R$
1.458.752,00 R$ 1.458.752,00
Preparo de Extração
Motor acionamento do desfibrador - 6P - 6.500 Hp - 13.8 kV e anéis
1,00 R$
1.693.760,00 R$ 1.693.760,00
Preparo de Extração
51
Motores para os planetários dos rolos superiores das moendas 2.500 CV - 4.16; kV - 6P (Gaiola: 543.492,00)
6,00 R$ 543.492,00 R$ 3.260.952,00 Preparo de Extração
Motores para os pés rolos 200 cv - 380 V - 6P (101.715,32)
6,00 R$ 101.715,32 R$ 610.291,92 Preparo de Extração
Trafo defasador 1500 kVA - 13.8 kV/380 V/220 à seco c/ cubículo de entrada e QDBT
1,00 R$ 69.022,00 R$ 69.022,00 Preparo de Extração
Aplicação: Moenda 2500cv/6p/4160V 01 x Conjunto (Inversor em painel MT/4160V - MVW3000 A0340 V041 -24 Pulsos + Trafo defasador 24 Pulsos + Cubículo Alimentador 1250A / MTW03) Aplicação: Moenda 2500cv/6p/4160V 01 x Conjunto (Inversor em painel MT/4160V - MVW3000 A0340 V041 -24 Pulsos + Trafo defasador 24 Pulsos + Cubículo Alimentador 1250A / MTW03)
6,00 R$ 825.444,00 R$ 4.952.664,00 Preparo de Extração
Aplicação: Moenda (Pré rolos) 200cv/6p/380V- 01 x inversor em painel AF W11 370A/380-06 pulsos
6,00 R$ 95.000,00 R$ 570.000,00 Preparo de Extração
Aplicação: Alimentador de Transformador 1500kVA - Moenda (Pré rolos) - 01 x Cubículo (Stand Alone) MTW03 - 31,5 kA - 1250A - (Alimentador de Transformador 1500 kVA)
1,00 R$ 150.000,00 R$ 150.000,00 Preparo de Extração
Aplicação: Partidas MT/13,8 kV do PREPARO (Picador 5000cv / Desfibrador 6500cv) - QDMT (03 x colunas MTW03- 31,5- 31,5 kA- 1250 A) -
1,00 R$ 309.429,94 R$ 465.000,00 Preparo de Extração
52
(Entrada geral com disjuntor + PDMT/ picador + PDMT/ desfibrador
Caldeira de 65 Kgf/cm² (com clico regenerativo)
1,00 R$
57.000.000,00 R$
57.000.000,00 Utilidades
Sistema de movimentação de bagaço
1,00 R$
1.400.000,00 R$ 1.400.000,00 Utilidades
Sistema VLC (Filtro clarificador para fuligem)
1,00 R$
2.540.000,00 R$ 2.540.000,00 Utilidades
Gerador 37.500 KVA / 30MW
1,00 R$
4.500.000,00 R$ 4.500.000,00
Geração de Energia
Quadro distribuição manobra-Gerador
1,00 R$ 760.000,00 R$ 760.000,00 Geração de Energia
Turbina de contrapressão TM 25.000 A (30 MWh) (redutor e acessórios)
1,00 R$
6.000.000,00 R$ 6.000.000,00
Geração de Energia
Trafo TOSHIBA 30 MW / 37,5 MVA
1,00 R$
1.620.000,00 R$ 1.620.000,00
Geração de Energia
Sistema de Ar Adiabático
1,00 R$ 330.000,00 R$ 330.000,00 Geração de Energia
Torres resfriamento para Mancais da Cogeração
1,00 R$ 500.000,00 R$ 500.000,00 Geração de Energia
Condensador Barométrico
1,00 R$ 400.000,00 R$ 400.000,00 Tratamento do caldo
Separadores de Arraste Externo
4,00 R$ 50.000,00 R$ 200.000,00 Fábrica de açúcar
Elevador de Canecas 1,00 R$ 80.000,00 R$ 80.000,00 Fábrica de açúcar
Dornas de Fermentação 600 m³
1,00 R$ 575.000,00 R$ 575.000,00 Fermentação
HPLC 1,00 R$ 350.000,00 R$ 350.000,00 Laboratório
Automação completa - R$
1.500.000,00 R$ 1.500.000,00 Instrumentação
Painéis, cubículos, Transformadores, CCMs, sobressalentes
- R$
1.000.000,00 R$ 1.000.000,00 Elétrica
Subestações - R$
1.690.000,00 R$ 1.690.000,00 Elétrica
Pipe Rack (100 T) - R$ 400.000,00 R$ 400.000,00 Setores Gerais
Lote de 50 T de aços diversos
- R$ 200.000,00 R$ 200.000,00 Setores Gerais
Interligações Tubulações Utilidades e Processos (150 T)
- R$ 600.000,00 R$ 600.000,00 Setores Gerais
Sistema de Combate à Incêndio (ampliação)
- R$ 370.000,00 R$ 370.000,00 Setores Gerais
Ampliação de rede de telefone e rede de fibra
- R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 Setores Gerais
53
óptica
Pinturas Gerais - R$
1.500.000,00 R$ 1.500.000,00 Setores Gerais
Isolamentos térmicos gerais
- R$ 500.000,00 R$ 500.000,00 Setores Gerais
Fretes Gerais - R$ 500.000,00 R$ 500.000,00 Setores Gerais
Projetos Gerais - R$
1.500.000,00 R$ 1.500.000,00 Setores Gerais
Iluminação Geral
R$ 250.000,00 R$ 250.000,00 Setores Gerais
Máquinas operatrizes e ferramental
- R$ 150.000,00 R$ 150.000,00 Setores Gerais
Fresadora (Máquinas operatrizes e ferramental)
1,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 Setores Gerais
Serra de fita - DPT 180/300A Diplomat (Máquinas operatrizes e ferramental)
1,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 Setores Gerais
Furadeira Radial (Máquinas operatrizes e ferramental)
1,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 Setores Gerais
Retificadoras para solda elétrica 425/430 A - 380 V
10,00 R$ 5.500,00 R$ 55.000,00 Setores Gerais
Consumíveis - R$ 500.000,00 R$ 500.000,00 Setores Gerais
Total Geral - - R$
101.975.441,92
Fonte: Unidade Produtora (2018), adaptado pelo autor
Para a área agrícola as estruturas e equipamentos se apresentam conforme
Tabela 15.
Tabela 15. Equipamentos e estrutura- Agrícola
Equipamentos Quantidade Unidade Investimento Investimento
Total
Colhedora de cana 10,00 un R$ 1.095.000,00 R$ 10.950.000,00
Carretas transbordos
40,00 un R$ 100.000,00 R$ 4.000.000,00
Tratores transbordos
20,00 un R$ 200.000,00 R$ 4.000.000,00
Carretas Frete de Vivência
2,00 un R$ 80.000,00 R$ 160.000,00
Caminhão oficina 2,00 un R$ 320.000,00 R$ 640.000,00
Caminhão Pipa 2,00 un R$ 425.000,00 R$ 850.000,00
Caminhão Comboio
1,00 un R$ 450.000,00 R$ 450.000,00
Prancha 1,00 un R$ 600.000,00 R$ 600.000,00
54
Caminhão Rodo -trem (reboque + semi-reboque)
6,00 un R$ 600.000,00 R$ 3.600.000,00
Plantadora automatizada
1,00 un R$ 340.000,00 R$ 340.000,00
Trator John Deere 6225 ou Valtra CVT 250 com piloto
1,00 un R$ 450.000,00 R$ 450.000,00
Plantio de cana (investimento total em 2 anos)
5.357,14 ha 7.000.000,00 R$ 37.500.000,00
Total Geral R$ 63.540.000,00
Fonte: Unidade Produtora (2018), adaptado pelo autor
A Tabela 16 mostra o resumo dos investimentos de cada área, assim como
estima uma reserva de contingência em 5%, fazendo com que haja uma margem de
segurança para conter possíveis riscos do projeto.
Tabela 16. Investimentos totais
Equipamentos Investimento Total
Indústria R$ 121.361.441,92
Agrícola R$ 63.540.000,00
Total R$ 184.901.441,92
Reserva de contingência (5%) do investimento R$ 9.245.072,10
Total Geral R$ 194.146.514,02
Fonte: Unidade Produtora (2018), adaptado pelo autor
4.3 Aplicação de indicadores financeiros
As condições de capital financiável, taxa de financiamento, carência e
amortização foram estimadas, segundo informações disponíveis ao público pelo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, 2018). Pontua-se
que a Taxa de Juros foi composta de Custo Financeiro + Remuneração Básica do
BNDES + Taxa de Risco de Crédito. O Custo financeiro é composto pela Taxa de
Longo Prazo (TLP), que em 2018 está em 6,86% a.a. A remuneração básica do
BNDES é 1,3% a.a, enquanto a Taxa de Risco de Crédito é estimada em 4,84% a.a.
55
Somando-se a Taxa de Juros, o total é de 13%, semelhante a Baptista (2002). Essa
operação direta foi aplicada sob um investimento de R$ 124.817.211, 21, enquanto
que R$ 37.500.000,00 foram submetidos segundo o financiamento do Prorenova, R$
20.000.000,00 no primeiro ano, R$ 10.500,00 no segundo ano e para completar o
investimento em plantio investiu-se R$ 7.000.000,00 de capital próprio. A taxa de
juros do programa é composta pelo Custo financeiro (TLP) + Remuneração BNDS
(1,5%) + Remuneração do agente financeiro (limitada a 2,2% a.a), totalizando
10,56%. A participação máxima do BNDES não pode ultrapassar de 60% dos itens
financiáveis, tendo para cada operação o limite de R$ 20.000.000,00 (SUP/AOI Nº
16/2018 - BNDES, 2018).
O Programa remete ao apoio à renovação e implantação de novos canaviais.
A Circular SUP/AOI Nº 16/2018 - BNDES pontua o objetivo como:
“Aumentar a produtividade agrícola de cana-de-açúcar no país, por meio do financiamento à renovação e implantação de novos canaviais com a utilização de variedades protegidas, ou de clones potenciais de cana-de-açúcar (cana planta), destinado aos produtores rurais de cana-de-açúcar e aos produtores de açúcar ou etanol.” (SUP/AOI Nº 16/2018 - BNDES, 2018)
Do restante do investimento, R$ 31.829.302,80 são provenientes de recursos
próprios.
A carência se dá da assinatura do contrato até o pagamento da primeira
parcela e a amortização inicia-se após a vigência da carência até encerramento do
contrato do financiamento. A vida econômica do projeto é o tempo de duração
considerado para análise, estipulado pela empresa em 18 anos. A TMA e
depreciação basearam-se em Baptista (2002), enquanto que o Imposto sobre a
renda (IR), em Brasil (1996 apud LOPES 2012, p. 78). Ressalta-se que o valor de
10% de capital de giro, foi estipulado de acordo com médias de projetos anteriores
internos. Este recurso está relacionado com todas as contas financeiras que giram e
movimentam a empresa, assim como para manter estoques, pagamentos de
fornecedores, impostos, salários e demais despesas operacionais.
O Sistema de Amortização Constante (SAC) caracteriza o comportamento
desse sistema ao longo dos 42 meses. Isso significa que o saldo devedor será
56
reembolsado em valores iguais de amortização, as prestações são decrescentes e
os juros vão diminuindo a cada prestação.
Para os cálculos financeiros, segue o primeiro passo dos levantamentos das
premissas adotadas na Tabela 17.
Tabela 17. Base de cálculo para Fluxo de Caixa
Parâmetros Unidades Condições
64,29 % Financiável - Operações diretas
15,71 % Financiável - Prorenova
20,00 % Capital Próprio
13 % a.a Taxa Fixa de financiamento - Operações diretas
10,56 % a.a Taxa Fixa de financiamento - Prorenova
6 Meses Carência
42 Meses Amortização
25 % Valor Residual do Projeto
18 Anos Análise da viabilidade
10,00% % TMA
10 % Capital de Giro (Δ CDG)
34 % Impostos sobre a renda
10 Anos Depreciação
Fonte: Unidade Produtora (2018) e BNDS (2018), adaptado pelo autor
O segundo passo foram às premissas (Tabela 18) para as mensurações de
custos e receitas, dados estes realizados e fornecidos pela empresa.
Tabela 18. Premissas Industriais e Agrícolas
Parâmetros Valores
Unicop (1 saco de açúcar de 50 Kg-R$/saco) 55
T cana/Unicop 2,75
Área plantio (%sobre a área de colheita) 20
Área Tratos Culturais (%sobre a área de colheita) 92
Custo plantio (R$/ha) 7000
Custo Tratos Culturais (R$/ ha) 1000
Custo CCT (R$ 30/T Ano 0) - a partir ano 01 27
Custo Industrial (R$ / Unicop) 5
Custo Administrativo (R$/ Unicop) 1,5
57
Custo Cogeração (R$ / MWh exportado) 40
Valor de venda da Energia (R$) 280
Fonte: Unidade Produtora (2017/2018)
Faz-se necessária a definição de Unicop (Unidade Copersucar de Produção),
a qual corresponde à somatória do etanol hidratado (1 m³ = 31,72 Unicops) + etanol
anidro ( 1 m³ = 29,37 Unicops), convertidos em quanto correspondem a um total de
açúcar + a quantidade de açúcar produzida ( 1 saco de 50 kg= 1 Unicop). Assim, é
possível somar produtos diferenciados em mesma base e determinar os custos
totais em R$ por Unicop.
Com isso, foi possível desenvolver os cálculos, sempre se baseando no ano 0
de referência. A Tabela 19 representa os valores que serão utilizados para
determinação do fluxo de caixa.
58
Tabela 19. Receitas e custos
Variáveis 0 1 2 3 4 5 6 até18
Moagem (T) 2.875.000,00 2.875.000,00 2.950.000,00 3.025.000,00 3.100.000,00 3.175.000,00 3.250.000,00
Unicop Produzido 7.906.250,00 7.906.250,00 8.112.500,00 8.318.750,00 8.525.000,00 8.731.250,00 8.937.500,00
Receita Total Produção 434.843.750,00 434.843.750,00 446.187.500,00 457.531.250,00 468.875.000,00 480.218.750,00 491.562.500,00
RECEITA PRODUÇÃO: RELAÇÃO ANO 0
- 0,00 11.343.750,00 22.687.500,00 34.031.250,00 45.375.000,00 56.718.750,00
Horas Efetivas (H) 5.000,00 4.423,08 4.538,46 4.653,85 4.769,23 4.884,62 5.000,00
Energia Elétrica Exportada Safra (MW) 128.333,33 233.833,48 239.933,48 246.033,48 252.133,49 258.233,49 264.333,50
Receita Total Energia 35.933.333,33 65.473.373,38 67.181.374,42 68.889.375,47 70.597.376,51 72.305.377,56 74.013.378,60
RECEITA ENERGIA: RELAÇÃO ANO 0 - 29.540.040,04 31.248.041,09 32.956.042,13 34.664.043,18 36.372.044,22 38.080.045,27
RECEITA TOTAL: RELAÇÃO ANO 0 - 29.540.040,04 42.591.791,09 55.643.542,13 68.695.293,18 81.747.044,22 94.798.795,27
Área de Colheita (ha) 41.071,43 41.071,43 42.142,86 43.214,29 44.285,71 45.357,14 46.428,57
Área de Plantio (ha) 20%- REFORMA 8.214,29 8.214,29 8.428,57 8.642,86 8.857,14 9.071,43 9.285,71
Área de Plantio (ha) EXPANSÃO 0,00 1.071,43 1.071,43 1.071,43 1.071,43 1.071,43 0,00
Área de Plantio (ha)- TOTAL 8.214,29 9.285,71 9.500,00 9.714,29 9.928,57 10.142,86 9.285,71
Área de Plantio (ha)- INVESTIMENTO 0,00 2.678,57 2.678,57 0,00 0,00 0,00 0,00
Área de Plantio (ha)- EMPRESA 8.214,29 6.607,14 6.821,43 9.714,29 9.928,57 10.142,86 9.285,71
Área de Tratos Culturais (ha)- 92% COLHEITA
37.785,71 37.785,71 38.771,43 39.757,14 40.742,86 41.728,57 42.714,29
Custo Plantio (R$) 57.500.000,00 46.250.000,00 47.750.000,00 68.000.000,00 69.500.000,00 71.000.000,00 65.000.000,00
Custo Tratos Culturais (R$) 37.785.714,29 37.785.714,29 38.771.428,57 39.757.142,86 40.742.857,14 41.728.571,43 42.714.285,71
Custo CCT (R$) 86.250.000,00 77.625.000,00 79.650.000,00 81.675.000,00 83.700.000,00 85.725.000,00 87.750.000,00
Custo Industrial (R$) 39.531.250,00 39.531.250,00 40.562.500,00 41.593.750,00 42.625.000,00 43.656.250,00 44.687.500,00
Custo Administrativo (R$) 11.859.375,00 11.859.375,00 12.168.750,00 12.478.125,00 12.787.500,00 13.096.875,00 13.406.250,00
Custo Cogeração (R$) 5.133.333,33 9.353.339,05 9.597.339,20 9.841.339,35 10.085.339,50 10.329.339,65 10.573.339,80
Custo total 238.059.672,62 222.404.678,34 228.500.017,77 253.345.357,21 259.440.696,64 265.536.036,08 264.131.375,51
CUSTO TOTAL: RELAÇÃO ANO 0 - -15.654.994,28 -9.559.654,84 15.285.684,59 21.381.024,03 27.476.363,46 26.071.702,90
Fonte: Unidade Produtora (2018), cálculos de autoria do autor
59
Pontua-se que foi desconsiderado, no ano 01 e ano 02, 2.857,06 ha, com
finalidade de cálculos de redução de custos, uma vez que para o plantio de cana
serão realizados investimentos via Prorenova. E, na determinação do fluxo de caixa,
esse valor já aparece no Capex. Assim, reduzem-se os custos operacionais neste
período.
O terceiro passo foi à aplicação do sistema de amortização SAC e, assim,
utilizar os juros que irão ser parte para a determinação do fluxo de caixa. A Tabela
20, Tabela 21 e Tabela 22 compõem os valores totais, incluindo as prestações a
serem pagas mensalmente, e estão divididas conforme as taxas correspondentes ao
financiamento.
Tabela 20. Sistema de Amortização Constante - Taxa operações diretas
N º de Parcelas Amortização (R$) Juros (R$) Prestação (R$) Saldo Devedor (R$)
0 124.817.211,21
1
1.352.186,45
124.817.211,21
2
1.352.186,45
124.817.211,21
3
1.352.186,45
124.817.211,21
4
1.352.186,45
124.817.211,21
5
1.352.186,45
124.817.211,21
6
1.352.186,45
124.817.211,21
7 2.971.838,36 1.352.186,45 12.437.143,55 121.845.372,85
8 2.971.838,36 1.319.991,54 4.291.829,90 118.873.534,49
9 2.971.838,36 1.287.796,62 4.259.634,99 115.901.696,13
10 2.971.838,36 1.255.601,71 4.227.440,07 112.929.857,76
11 2.971.838,36 1.223.406,79 4.195.245,15 109.958.019,40
12 2.971.838,36 1.191.211,88 4.163.050,24 106.986.181,04
13 2.971.838,36 1.159.016,96 4.130.855,32 104.014.342,68
14 2.971.838,36 1.126.822,05 4.098.660,41 101.042.504,32
15 2.971.838,36 1.094.627,13 4.066.465,49 98.070.665,95
16 2.971.838,36 1.062.432,21 4.034.270,58 95.098.827,59
17 2.971.838,36 1.030.237,30 4.002.075,66 92.126.989,23
18 2.971.838,36 998.042,38 3.969.880,75 89.155.150,87
19 2.971.838,36 965.847,47 3.937.685,83 86.183.312,50
20 2.971.838,36 933.652,55 3.905.490,91 83.211.474,14
21 2.971.838,36 901.457,64 3.873.296,00 80.239.635,78
22 2.971.838,36 869.262,72 3.841.101,08 77.267.797,42
23 2.971.838,36 837.067,81 3.808.906,17 74.295.959,06
24 2.971.838,36 804.872,89 3.776.711,25 71.324.120,69
25 2.971.838,36 772.677,97 3.744.516,34 68.352.282,33
26 2.971.838,36 740.483,06 3.712.321,42 65.380.443,97
27 2.971.838,36 708.288,14 3.680.126,51 62.408.605,61
28 2.971.838,36 676.093,23 3.647.931,59 59.436.767,24
29 2.971.838,36 643.898,31 3.615.736,67 56.464.928,88
60
30 2.971.838,36 611.703,40 3.583.541,76 53.493.090,52
31 2.971.838,36 579.508,48 3.551.346,84 50.521.252,16
32 2.971.838,36 547.313,57 3.519.151,93 47.549.413,80
33 2.971.838,36 515.118,65 3.486.957,01 44.577.575,43
34 2.971.838,36 482.923,73 3.454.762,10 41.605.737,07
35 2.971.838,36 450.728,82 3.422.567,18 38.633.898,71
36 2.971.838,36 418.533,90 3.390.372,26 35.662.060,35
37 2.971.838,36 386.338,99 3.358.177,35 32.690.221,98
38 2.971.838,36 354.144,07 3.325.982,43 29.718.383,62
39 2.971.838,36 321.949,16 3.293.787,52 26.746.545,26
40 2.971.838,36 289.754,24 3.261.592,60 23.774.706,90
41 2.971.838,36 257.559,32 3.229.397,69 20.802.868,54
42 2.971.838,36 225.364,41 3.197.202,77 17.831.030,17
43 2.971.838,36 193.169,49 3.165.007,86 14.859.191,81
44 2.971.838,36 160.974,58 3.132.812,94 11.887.353,45
45 2.971.838,36 128.779,66 3.100.618,02 8.915.515,09
46 2.971.838,36 96.584,75 3.068.423,11 5.943.676,72
47 2.971.838,36 64.389,83 3.036.228,19 2.971.838,36
48 2.971.838,36 32.194,92 3.004.033,28 0,00
Fonte: dados elaborados pelo autor
Tabela 21. Sistema de Amortização Constante – Prorenova- Ano 01
N º de Parcelas Amortização (R$) Juros (R$) Prestação (R$) Saldo Devedor (R$)
0 20.000.000,00
1
176.000,00
20.000.000,00
2
176.000,00
20.000.000,00
3
176.000,00
20.000.000,00
4
176.000,00
20.000.000,00
5
176.000,00
20.000.000,00
6
176.000,00
20.000.000,00
7 476.190,48 176.000,00 1.708.190,48 19.523.809,52
8 476.190,48 171.809,52 648.000,00 19.047.619,05
9 476.190,48 167.619,05 643.809,52 18.571.428,57
10 476.190,48 163.428,57 639.619,05 18.095.238,10
11 476.190,48 159.238,10 635.428,57 17.619.047,62
12 476.190,48 155.047,62 631.238,10 17.142.857,14
13 476.190,48 150.857,14 627.047,62 16.666.666,67
14 476.190,48 146.666,67 622.857,14 16.190.476,19
15 476.190,48 142.476,19 618.666,67 15.714.285,71
16 476.190,48 138.285,71 614.476,19 15.238.095,24
17 476.190,48 134.095,24 610.285,71 14.761.904,76
18 476.190,48 129.904,76 606.095,24 14.285.714,29
19 476.190,48 125.714,29 601.904,76 13.809.523,81
20 476.190,48 121.523,81 597.714,29 13.333.333,33
21 476.190,48 117.333,33 593.523,81 12.857.142,86
22 476.190,48 113.142,86 589.333,33 12.380.952,38
23 476.190,48 108.952,38 585.142,86 11.904.761,90
24 476.190,48 104.761,90 580.952,38 11.428.571,43
25 476.190,48 100.571,43 576.761,90 10.952.380,95
61
26 476.190,48 96.380,95 572.571,43 10.476.190,48
27 476.190,48 92.190,48 568.380,95 10.000.000,00
28 476.190,48 88.000,00 564.190,48 9.523.809,52
29 476.190,48 83.809,52 560.000,00 9.047.619,05
30 476.190,48 79.619,05 555.809,52 8.571.428,57
31 476.190,48 75.428,57 551.619,05 8.095.238,10
32 476.190,48 71.238,10 547.428,57 7.619.047,62
33 476.190,48 67.047,62 543.238,10 7.142.857,14
34 476.190,48 62.857,14 539.047,62 6.666.666,67
35 476.190,48 58.666,67 534.857,14 6.190.476,19
36 476.190,48 54.476,19 530.666,67 5.714.285,71
37 476.190,48 50.285,71 526.476,19 5.238.095,24
38 476.190,48 46.095,24 522.285,71 4.761.904,76
39 476.190,48 41.904,76 518.095,24 4.285.714,29
40 476.190,48 37.714,29 513.904,76 3.809.523,81
41 476.190,48 33.523,81 509.714,29 3.333.333,33
42 476.190,48 29.333,33 505.523,81 2.857.142,86
43 476.190,48 25.142,86 501.333,33 2.380.952,38
44 476.190,48 20.952,38 497.142,86 1.904.761,90
45 476.190,48 16.761,90 492.952,38 1.428.571,43
46 476.190,48 12.571,43 488.761,90 952.380,95
47 476.190,48 8.380,95 484.571,43 476.190,48
48 476.190,48 4.190,48 480.380,95 0,00
Fonte: dados elaborados pelo autor
Tabela 22. Sistema de Amortização Constante – Prorenova- Ano 02
N º de Parcelas Amortização (R$) Juros (R$) Prestação (R$) Saldo Devedor (R$)
0 10.500.000,00
1
92.400,00
10.500.000,00
2
92.400,00
10.500.000,00
3
92.400,00
10.500.000,00
4
92.400,00
10.500.000,00
5
92.400,00
10.500.000,00
6
92.400,00
10.500.000,00
7 250.000,00 92.400,00 896.800,00 10.250.000,00
8 250.000,00 90.200,00 340.200,00 10.000.000,00
9 250.000,00 88.000,00 338.000,00 9.750.000,00
10 250.000,00 85.800,00 335.800,00 9.500.000,00
11 250.000,00 83.600,00 333.600,00 9.250.000,00
12 250.000,00 81.400,00 331.400,00 9.000.000,00
13 250.000,00 79.200,00 329.200,00 8.750.000,00
14 250.000,00 77.000,00 327.000,00 8.500.000,00
15 250.000,00 74.800,00 324.800,00 8.250.000,00
16 250.000,00 72.600,00 322.600,00 8.000.000,00
17 250.000,00 70.400,00 320.400,00 7.750.000,00
18 250.000,00 68.200,00 318.200,00 7.500.000,00
19 250.000,00 66.000,00 316.000,00 7.250.000,00
62
20 250.000,00 63.800,00 313.800,00 7.000.000,00
21 250.000,00 61.600,00 311.600,00 6.750.000,00
22 250.000,00 59.400,00 309.400,00 6.500.000,00
23 250.000,00 57.200,00 307.200,00 6.250.000,00
24 250.000,00 55.000,00 305.000,00 6.000.000,00
25 250.000,00 52.800,00 302.800,00 5.750.000,00
26 250.000,00 50.600,00 300.600,00 5.500.000,00
27 250.000,00 48.400,00 298.400,00 5.250.000,00
28 250.000,00 46.200,00 296.200,00 5.000.000,00
29 250.000,00 44.000,00 294.000,00 4.750.000,00
30 250.000,00 41.800,00 291.800,00 4.500.000,00
31 250.000,00 39.600,00 289.600,00 4.250.000,00
32 250.000,00 37.400,00 287.400,00 4.000.000,00
33 250.000,00 35.200,00 285.200,00 3.750.000,00
34 250.000,00 33.000,00 283.000,00 3.500.000,00
35 250.000,00 30.800,00 280.800,00 3.250.000,00
36 250.000,00 28.600,00 278.600,00 3.000.000,00
37 250.000,00 26.400,00 276.400,00 2.750.000,00
38 250.000,00 24.200,00 274.200,00 2.500.000,00
39 250.000,00 22.000,00 272.000,00 2.250.000,00
40 250.000,00 19.800,00 269.800,00 2.000.000,00
41 250.000,00 17.600,00 267.600,00 1.750.000,00
42 250.000,00 15.400,00 265.400,00 1.500.000,00
43 250.000,00 13.200,00 263.200,00 1.250.000,00
44 250.000,00 11.000,00 261.000,00 1.000.000,00
45 250.000,00 8.800,00 258.800,00 750.000,00
46 250.000,00 6.600,00 256.600,00 500.000,00
47 250.000,00 4.400,00 254.400,00 250.000,00
48 250.000,00 2.200,00 252.200,00 0,00
Fonte: dados elaborados pelo autor
A construção do fluxo de caixa está representada na Tabela 23. Percebe-se o
grande volume de dados para essa finalidade. Considera-se uma tarefa árdua e de
difícil elaboração, sendo parte fundamental para a análise financeira.
63
Tabela 23. Fluxo de caixa em milhões de Reais
Fluxo de Caixa (R$)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Receita total
29,54 42,59 55,64 68,70 81,75 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80 94,80
( - ) Custos Fixos
-15,65 -9,56 15,29 21,38 27,48 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 26,07 ( - ) Custos Variáveis
( - ) Depreciação
17,66 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 1,75 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
( = ) EBIT
27,53 32,74 20,94 27,90 34,86 49,31 49,31 49,31 49,31 49,31 66,98 68,73 68,73 68,73 68,73 68,73 68,73 68,73
( - ) Juros
17,79 14,39 8,88 3,33 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
( =) LAIR
9,74 18,34 12,06 24,57 34,68 49,31 49,31 49,31 49,31 49,31 66,98 68,73 68,73 68,73 68,73 68,73 68,73 68,73
( - ) IR
3,31 6,24 4,10 8,35 11,79 16,77 16,77 16,77 16,77 16,77 22,77 23,37 23,37 23,37 23,37 23,37 23,37 23,37
( =) Lucro Líquido
13,05 12,11 7,96 16,22 22,89 32,55 32,55 32,55 32,55 32,55 44,20 45,36 45,36 45,36 45,36 45,36 45,36 45,36
( +) Depreciação
17,66 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 19,41 1,75 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
( - ) Capex 156,65 20,00 17,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
( - ) Δ CDG
2,95 1,31 1,31 1,31 1,31 1,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
( +) Valor Residual
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 48,54
Fluxo de Caixa -156,65 7,76 12,72 26,07 34,33 41,00 50,66 51,96 51,96 51,96 51,96 45,95 45,36 45,36 45,36 45,36 45,36 45,36 93,90
Fonte: análise de dados elaborados pelo autor
64
Reforça-se que o investimento inicial (ano 0) foi atribuído em R$156,65
milhões, sendo R$124,82 milhões financiados pelo BNDS e R$31,83 recursos
próprios. No ano 01 foram R$ 20,00 milhões pelo programa Prorenova e no ano 02
também há o reinvestimento de R$ 10,5 milhões pelo programa e mais 7 milhões de
capital próprio. Salienta-se que, no ano 01 e 02, os valores de custos assumem
sinal negativo, uma vez que irão se somar a receita pelo fato das novas medidas
adotadas serem positivas, havendo oportunidades de ganho. Observa-se na Tabela
19 a diminuição dos custos de corte, carregamento e transporte (CCT) com o
advento de aumentar a mecanização (aquisição de mais equipamentos), outro ponto
de redução foram os custos com o plantio, os quais estarão sendo financiados no
ano 01 e ano 02. Não se pode deixar de mencionar que o valor residual foi aplicado
sobre o valor total do investimento (194,15 milhões).
Com os fluxos de caixa consolidados, foi possível ir à etapa final com a
aplicação dos indicadores financeiros. Na Tabela 24, nota-se que o saldo devedor
fica positivo no ano 7, indicando que se torna viável antes do período em questão.
Assim, a Tabela 25 demonstra o valor de pay back, VPL e TIR para o projeto.
Tabela 24. Cálculo Pay Back - em milhões de Reais
Períodos Saldo Fluxo de Caixa Sado Devedor
1 -194,15 7,76 -186,39 2 -186,39 12,72 -173,67 3 -173,67 26,07 -147,60 4 -147,60 34,33 -113,27 5 -113,27 41,00 -72,27 6 -72,27 50,66 -21,62 7 -21,62 51,96 30,34
Fonte: Unidade Produtora (2018); BNDES (2018) - cálculos de autoria do autor
Tabela 25. Análise dos indicadores do Projeto
Indicadores Resultados Análise Decisão
Pay-back 6 anos 4 meses e 29,76 dias <18 Aceita Projeto
VPL (em milhões) R$ 115,71 > R$ 00,00 Aceita Projeto
TIR 19,87% > TMA Aceita Projeto Fonte: Unidade Produtora BNDES (2018) - cálculos de autoria do autor
65
Analisa-se que todos os indicadores se apresentaram com resultados
satisfatórios. Numericamente, fica evidente que o projeto se torna viável, uma vez
que o pay back é menor do que o período avaliado, o VPL se mostra com valor bem
representativo e vantajoso para a empresa e a TIR superior a TMA de 10%.
A atividade de geração de energia, com o novo projeto, contribui para a
rentabilidade da empresa, com retornos financeiros representativos e rápidos, além
de elevar o aumento da produção e propiciar alternativas estratégicas de mercado,
levando em consideração o mix. O ano de 2018 é marcado por um cenário
alcooleiro, assim, com a nova situação proposta, aumenta-se a flexibilidade do mix
de produção.
Frisa-se que há resultados de pesquisa de mercado indicando grande
potencial para o cenário de geração de energia, além de incentivos para a biomassa
do setor sucroenergético.
66
5. CONCLUSÃO
O presente trabalho caracteriza a evolução da matriz energética e o potencial
de geração de energia através da biomassa, uma vez que este subproduto da cana
de açúcar é uma fonte renovável. Nota-se que o projeto, além de apresentar uma
energia limpa, atende os quesitos de produção com sustentabilidade, ou seja, possui
métricas ambientais, sociais e econômicas.
Ao estudar a planta industrial atual para aumentar a capacidade de
exportação de energia, verificou-se a necessidade de estrutura agrícola. O
levantamento de todos os dados propiciou balanços energéticos indicando uma
capacidade de geração de 25,67 MWh para 52,87 MWh. Assim, foi possível aplicar
indicadores financeiros relacionando todo o investimento em uma nova situação
proposta. Portanto, conclui-se que o projeto é viável. Seu tempo de retorno fica com
pay back de 6 anos, 4 meses e 29,76 dias, a TIR fica em 19,87 % maior que a TMA
de 10%, o VPL é positivo, com valor de R$ 115,71 milhões e além disso contribui
para o aumento de produção na planta industrial. Visto que a empresa em questão
se localiza no Paraná e a Copel tem interesse em sair das dependências da energia
hidrelétrica e investir em uma energia ecologicamente correta, o projeto se torna
vantajoso para ambas as partes. Salienta-se, como ponto positivo, que evita grandes
construções de linhas de transmissão.
A diversidade de produtos e subprodutos que o setor sucroenergético
apresenta é vasta, com agregação de valor a rentabilidade da empresa. O presente
estudo apresenta o bagaço como combustível para a geração de eletricidade na
ampliação da planta. Vale pontuar e sugerir novos estudos para a Usina com a
exploração de processos utilizando a vinhaça, para mover os geradores da unidade
produtora, atendendo a demanda interna, bem como comercializar o excedente.
Com o crescimento da tecnologia outro possível combustível até mais relevante e
complementar ao projeto, é a palha da cana de açúcar, a qual se projeta como um
diferencial estratégico. Este último pode elevar o potencial de exportação de energia
elétrica economizando bagaço no decorrer da safra, e assim o utilizar nos períodos
67
de entressafra já que o processo é sazonal, aumentando o fluxo de caixa da
empresa.
68
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