angola portugal negócios 95

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ANGOLA-PORTUGAL 4 Euros · 5 USD TRIM | JULHO•AGOSTO•SETEMBRO 2013 | Nº 95 FILDA EXPORTAÇÕES COM NOVAS REGRAS Fim das inspecções pré-embarque INAPEM Entrevista a Jaime Fortunato, administrador 30 anos Especial G lfe

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Angola Portugal Negócios 95

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l4 Euros · 5 USDtrim | Julho•agosto•setembro 2013 | nº 95

FILDA

ExportaçõES com novaS rEgraSFim das inspecções pré-embarque

InapEmEntrevista a Jaime Fortunato, administrador

30 anos

Especial G

lfe

OferecemOscOnfOrtO cOm qualidade

Contactos:[email protected]/924698980www.blox.bz

1Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

A entrevista concedida recentemente pelo Presidente da República de Angola à tele-visão foi muito importante.O Presidente José Eduardo dos Santos explanou de uma forma muito clara o passado, o presente e o futuro de Angola, demonstrando um grande entusiasmo pelo seu País. É normal que assim seja, pois decorre do enorme trabalho realiza-do desde o advento da paz, há 11 anos, paz essa que permitiu que Angola já tenha conseguido alcançar realizações ampla-mente elogiadas.Foi a entrevista de um Homem tranquilo, mas com grandes convicções. Não escon-deu os problemas que ainda há por resol-ver, alguns de grande ambição e amplitu-de, nem escondeu alguns erros que, aqui e ali, foram cometidos, mas, acima de tudo, deixou bem claro a vontade de continu-ar a trilhar o caminho do fazer cada vez mais e melhor.Explicou de uma forma profunda os gran-des objectivos já alcançados na reabili-tação de infra-estruturas, a maioria das quais destruídas pela guerra.Explicou o que está a ser feito nas áreas da Saúde, da Educação, da Habitação e em muitas outras, todas imprescindíveis para melhorar a qualidade de vida e a dig-nidade aos Angolanos.Explicou o esforço de construção de uma economia diversificada, embora nesta ainda se sinta o peso das matérias-pri-mas, com predominância para o petróleo, diamantes e outros minérios.Explicou e defendeu de uma forma mui-to consistente, o papel da Educação e da Formação dos quadros angolanos, porque evidentemente é aos quadros nacionais que compete construir e desenvolver o seu país. E quanto mais preparados e qualifi-cados estiverem, mais Angola avançará. Foi também um Presidente da República que defendeu a importância das relações entre Portugal e Angola, dos investimen-tos mútuos, independentemente de algu-ma experiência menos boa.Um Presidente da República que continua a dar as boas-vindas aos empresários e quadros portugueses, pois considera que estes podem ser úteis ao desenvolvimen-

to de Angola. Acreditamos que as partes têm de fazer o que lhes diz respeito, no sentido de incrementar e melhorar as relações políticas, económicas, empresa-riais, comerciais, culturais e outras entre os dois países. Tem de ser, em cada mo-mento, realçado o que é mais importante, não deixando que pontuais atitudes, me-nos sérias, afectem o bom estado das re-lações e o clima de ampla confiança entre os angolanos e os portugueses e respecti-vas autoridades.

O Presidente Eduardo dos Santos foi claro sobre as relações entre Angola e Portugal que, para além de boas e frutuosas, só têm um caminho que é o de melhorarem e o de aumentarem cada vez mais.Uma nota final sobre os 30 anos da FILDA que este ano se comemoram. A FILDA tem sido um instrumento fundamental para o apoio e a dinamização das actividades económicas de Angola e das diversas par-cerias com outros países. O seu papel é cada vez mais fundamental.Portugal será, na continuação do seu em-penho de País mais interessado nas re-lações com Angola, aquele que terá mais expositores. O Pavilhão de Portugal está completamente cheio e há diversas em-presas portuguesas espalhadas por ou-tros pavilhões.Portugal será o líder em número mas, es-sencialmente, em qualidade e, muito im-portante, o que mais parcerias construiu e quer construir com empresários e em-presas angolanas.Os empresários e empresas dos dois paí-ses mostram o caminho.”

# Carlos Bayan Ferreira, presidente da CCIPA

RelaçõesPortugal-Angola Prese nte e Futuro

Editorial

N2 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Índice

CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA PORTUGAL-ANGOLAPortugal Edíficio Luxor, Avenida da República, 101 - 3º, Sala D, 1050-204 Lisboatel.: [+351] 213 940 133fax: [+ 351] 213 950 [email protected] Edifício Monumental, Rua Major Kanhangulo, 290 - 1º Dto, Luanda tel.: [+ 244] 924 918 149www.cciportugal-angola.pt

beCOMMAv. da República, 62F - 7º1050-197 Lisboa, Portugaltel.: [+351] 213 584 460fax: [+351] 213 584 [email protected] | www.becomm.pt

Revista ANGOLA-PORTUGAL NEGÓCIOSDirector Carlos Bayan FerreiraDirector Executivo João Luís TraçaCoordenação Editorial Cristina Casaleiro e Manuela Sousa Guerreiro Redacção Andreia Seguro Sanches, Manuela Sousa Guerreiro, Fátima Azevedo e Paula Girão Design e Paginação Filipa Andersen e Vasco CostaDirectora Comercial Maria do Carmo SantosPublicidade Cristina Lopes e Isabel do Carmo Fotografia beCOMM; Bruno Barata; JáImagens; DR Impressão IDG - Imagem Digital Gráfica Periodicidade TrimestralDistribuição Gratuita aos sócios da CCIPA, entidades oficiais e empresariais em Angola e PortugalÉ interdita a reprodução total ou parcial por quaisquer meios de textos, fotos e ilustrações sem a expressa autorização do editorRegisto 114257 > Tiragem 5000NIPC 501910590Depósito Legal 60018 ⁄ 93

Propriedade

Edição, redacção, design e produção gráfica e publicidade

Apoio institucional

em destaque

FildA 2013 Nesta 30ª edição da FILDA, que decorre de 16 a 21 de Julho, tudo será em maior dimensão: a área do certame, o número de países e de empresas presentes. Portugal volta a ser uma das presenças em destaque. P06

06

Especial G lfeEmbora a modalidade careça ainda de muitos apoios e investimentos, a começar pela criação de uma Federação desportiva, o golfe começa a ser uma realidade em Angola. Os projectos começam a consolidar-se e os praticantes a criar rotinas e hábitos. P40

Tema de Capa 06 FILDA 2013 30 anos em grande!

Conjuntura12 Entrevista Jaime Fortunato, administrador do INAPEM16 Exportações para Angola com novas regras20 Privatizações. Estado prepara novo plano23 O Triângulo estratégico

Economia26 AEO, boas perspectivas para o continente31 Offshore é decisivo para produzir 2 milhões de barris

Opinião35 Desenvolver líderes36 Angola, muito mais do que petróleo

40 Especial Golfe

Vida Empresarial 48 Multitel 53 Grupo Manuel Serra57 Grupo Elevo60 Onebiz63 Mondo Portugal 64 Breves empresariais

Sociedade68 CE-CPLP em defesa dos negócios em língua portuguesa

Cultura70 Pavilhão de Angola conquista Leão de Ouro 73 A simbiose perfeita de Waldemar Bastos

informação CCiPA 76 Novos associados, legislação, entre outros

ExPORTAçõES PARA AnGOlAO Governo angolano decretou o fim das inspecções pré-embarque obrigatórias para a entrada de produtos no país. P16

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N4 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Angola lnG primeiro carregamento foi para o Brasil O Angola LNG iniciou a produção de gás natural liquefeito (LNG) e expediu o seu primeiro carregamento, no passado dia 16 de Junho. O primeiro carregamento foi vendido à So-nangol e expedido para o Brasil (e não para os EUA, como inicialmente previsto), no navio tanque Sonangol Sambizanga, o qual faz parte de uma frota de sete navios de LNG, com 160 mil m3 cada um, fretados a longo prazo. Em comunicado, o presidente da Angola LNG Marketing Lda, Artur Pereira, afirmou a pro-pósito que “o Angola LNG entra no mercado num momento particularmente interessan-te”, uma vez que se prevê “que o mercado mundial de LNG continue limitado ao longo dos próximos anos, com reduzidas perspectivas de arranque em produção de novas unidades de LNG”, sublinhou.O Angola LNG é, por si só, um dos projectos de maior investimento, 10 biliões de USD, alguma vez feito na indústria angolana de petróleo e gás. A partir da sua unidade fabril, localizada no Soyo, irá recolher, processar, vender e entregar 5,2 milhões de toneladas de LNG por ano, além de propano, butano e condensados. O projecto deverá ter uma duração mínima de 30 anos e une, em parceria, a Sonangol (22,8%), Chevron (36,4%), BP (13,6%), ENI (13,6%) e a Total (13,6%).

A abrir

O secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros, Francisco Almeida Leite, es-teve em Luanda, onde foi recebido pelo seu homólogo angolano, Manuel Augusto, e pela secretária de Estado da Cooperação de Angola, Ângela Bragança. A visita oficial de cinco dias teve como prioridade a preparação da cimeira bilateral que terá lugar até ao final

do ano. Um encontro que, de acordo com o se-cretário de Estado das Relações Exteriores de Angola, deverá marcar “uma nova etapa nas relações entre os dois países”. Em declarações à imprensa, Francisco Almei-da Leite sublinhou que a cooperação entre os dois países deve reflectir o desenvolvimento e o crescimento que Angola conheceu os úl-timos anos, “através de uma parceria estra-tégica mais ampla”. Uma opinião partilhada por Ângela Bragança. “Tudo será analisado. As equipas técnicas vão poder explorar as inúmeras possibilidades que existem para que no quadro da cimeira que deverá ter lugar no segundo semestre se possa definir um novo rumo para a cooperação”, disse.

Há 100 anos eram descober-tos os primeiros diamantes em Angola. A estatal Em-presa Nacional de Diaman-tes de Angola (Endiama) decidiu comemorar a data com uma conferência inter-nacional, que levou a Luanda algumas das figuras mundiais do sector, como os presidentes do Conselho Mundial de Diamantes, Eli Izhakoff, da As-sociação Industrial de Diamantes, Maxim Shkadov, das Bolsas de Xangai, Qiang Lin, do Dubai, Peter Meeus, e do Banco de Dia-mantes da Antuérpia, Pierre De Bosscher. O evento constituiu uma oportunidade para promover os recursos minerais do país e para relançar a produção nacional de um dos sectores mais afectados pelo crise nos mercados internacionais. A conferência internacional, que se realizou no final de Junho, contou com a presença de mais 700 participantes, entre eles alguns convidados especiais como a ministra dos Recursos Minerais da África do Sul, Susan Shabangu, o ministro das Minas do Zimba-bwe, Obert Moses M’pofu, e do seu homólo-go da RDC, Martin Kabwelulu.À margem do encontro a ENDIAMA e a rus-sa ALROSA estabeleceram uma parceria para a prospecção de diamantes em Ango-la. O capital social da nova empresa será repartido em partes iguais.Em 2012, a produção de diamantes em An-gola foi de oito milhões de quilates, o que permitiu arrecadar uma receita na ordem dos 110 biliões de Kwanzas. Em valor, An-gola foi, nesse mesmo ano, o quarto maior produtor do mundo e o segundo em África, depois do Botswana.

Angola consolidou em 2012 o lugar de 4º maior mercado das exportações portuguesas.

ExPORTAçõES4 000 000 000

Nos últimos cinco anos, Portugal foi o 10.º maior investidor em África, participando em 137 novos projectos.

inVESTimEnTO10º

As trocas comerciais entre o Brasil e os outros países lusófonos atingiram 3,99 mil milhões de USD, em 2012, o que traduz um decréscimo de 12% face a 2011.

TROCAS COmERCiAiS-12º

Conferência assinala 100 anos de exploração diamantífera

Agenda da cimeira bilateral começou a ser discutida

5Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

IDE quadruplica na África Subsariana até 2030O Banco Mundial prevê que os fluxos de capitais com destino à África Subsariana au-mentem de 48 para 196 mil milhões de euros, entre 2013 e 2030, o que significa uma quota mundial de 8,2% do IDE, mais cerca de 3 pontos percentuais do que actualmente. Os re-cursos naturais são o principal alvo e, apesar do declínio provocado pela crise financeira mundial, no longo prazo, “os valores de IDE deverão manter níveis robustos nos próximos anos”.Nigéria, Gana, Angola, Egipto, Quénia, Etiópia e África do Sul “estarão entre os motores de crescimento da economia global” em 2040, de acordo com o African Attractiveness Survey, elaborado pela Ernst & Young. A verdade é que em menos de dez anos, os projectos de IDE em África mais do que duplicaram, passando de 339 em 2003, para 857 em 2011. E nesta dinâmica convirá não esquecer a importância do crescimento dos emergentes. China, Ín-dia e Brasil têm mantido elevados ritmos de crescimento, o que, associado, ao aumento da população e da classe média, se traduz num maior consumo de petróleo, matérias-primas e bens manufacturados provenientes de África.

A importância dos parceiros lusófonos tra-duz-se na decisão da Associação Industrial

de Angola (AIA) em criar uma zona franca de desenvolvimento da

lusofonia, cuja localização deverá ser no Lubango e que pretende acolher os inves-timentos empresariais pro-

venientes dos parceiros de língua portuguesa. A escolha

do Lubango, a sul, é intencional, dado que permite intensificar as rela-

ções intra-CPLP, mas também a integração regional com os países da África Austral.

O Banco Nacional de Angola definiu novas regras para o serviço de remessas de valores em Angola. As novas regras estipulam que os pagamentos e recebimentos passam a ser efec-tuados unicamente em moeda nacional. As remessas nacionais podem ser ordenadas por cidadãos angolanos ou estrangeiros, maiores de 18 anos. Para as remessas internacionais, no entanto, para além dos cidadãos angolanos, apenas podem ser ordenantes os cidadãos estrangeiros residentes cambiais. Quanto aos limites, as remessas internacionais não podem ultrapassar o valor mensal de 500 000 Kz, e anual de 2 milhões de Kz, por ordenante e por beneficiário. As três instituições licenciadas pelo BNA para exercerem a actividade de remessas internacio-nais são a ‘Western Union’, a ‘Money Gram’ e a ‘Real Transfer’, cujos balcões funcionam junto de diversos bancos comerciais, que passam a ser as responsáveis pela conversão da moeda nacional em estrangeira ou o inverso. O envio e o recebimento das transferências são feitos de acordo com a taxa de câmbio do dia.

“Os portugueses são bem- -vindos. Há uma grande falta de pessoal qualificado. E é de nosso interesse que todos aqueles que puderem vir contribuir e que tenham uma qualificação necessária para apoiar-nos em projectos vários de desenvolvimento, sejam sempre bem-vindos. Eles chegam

e são enquadrados seja no sector público, seja no privado. A procura é muito grande”, José Eduardo

dos Santos, Presidente

de Angola, à SiC

“Estamos com uma média de investimento anual de mil milhões de kwanzas, com o sector da construção a liderar o volume de investimentos”, maria luísa Abrantes, PCA da AniP, in Jornal de Angola

“As relações entre os dois países [Portugal e Angola] também estão voltadas para o futuro. São relações como as do Brasil, que se desenvolvem em quase todas as áreas de actividade com vantagens mútuas no domínio económico. Eu diria que um dos países que mais investe em Angola é Portugal. Como sabe, os portugueses conhecem bem Angola, e por conseguinte, Portugal está numa condição privilegiada para realizar negócios, desde o mais pequeno até ao grande negócio”(...)

Zona Franca para lusofonia

novas regras para remessas de valores

Português é a 5ª língua na internetMais de 82 milhões de pessoas utilizam a língua portuguesa todos os dias para ‘na-vegar’ na internet. Os dados do Internet World Stats revelam que o português é a 5ª língua mais utilizada em todo o mundo digital.O balanço final corresponde à evolução das dez línguas mais utilizadas na internet, ao longo de dez anos, entre 2000 e 2010. Nesse período, o português registou um cresci-mento de 990,1%. A explicação para este ritmo de crescimento está na expansão da internet no Brasil, o maior país lusófono, com cerca de 199 milhões de habitantes.

N6 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

N6 REVISTA ANGOLA-PORTUGAL NEGÓCIOS JULHO • AGOSTO • SETEmbRO 2013 • Nº 95

Tema de Capa

30 anos em grande! Nesta 30ª edição da FILDA, que decorre de 16 a 21 de Julho, tudo será em maior dimensão: a área do certame, o número de países e de empresas presentes. Portugal volta a estar em destaque, mas o país já não participa com a maior delegação estrangeira. Sinais de uma nova realidade em Angola que se reflectem também naquela que ainda é a sua principal ‘montra’ de empresas e uma das maiores feiras multissectoriais em África.

FILDA 2013

T MAnueLA SouSA GuerreIro | F Dr

Durante três décadas a FILDA foi a ‘montra’ preferida dos empresá-rios e a principal porta de entrada do investimento estrangeiro em

Angola. Hoje, com a economia real a ganhar forma, o tecido empresarial nacional a cres-cer e o país a atrair cada vez mais um maior volume de investimento estrangeiro, a FILDA continua a ocupar um lugar de des-taque na agenda dos homens e mulheres de negócios, nacionais e estrangeiros. Por isso, na edição número 30 do certame, que decorre de 16 a 21 de Julho, tudo será em maior dimensão. Desde a área do certame, ao número de países representados, pas-sando pela quantidade de empresas pre-sentes. Tudo concorre para que esta seja a maior edição de sempre. A construção de novos pavilhões começou em março e aumentou a área bruta de ex-posição, de cerca de 29 mil m2 para mais de 33 mil m2, que irão albergar 728 exposi-tores, mais 12% que o ano passado. Ainda assim, várias dezenas de empresas e insti-tuições, nacionais e estrangeiras, ficaram

em lista de espera. Trinta e quatro países marcam presença, aos quais acresce uma forte participação nacional. “Podemos afirmar que esta edição ultra-passará os indicadores de participação alguma vez alcançados, facto que se pren-de também com a participação de novos países com elevada expressão”, sublinha a direcção da FIL, SA em comunicado. Os no-vos indicadores fazem do certame a “maior bolsa de negócios multissectorial do conti-nente africano”. Nesta edição, Portugal, Turquia e China trazem as maiores delegações estrangei-ras, com cerca de uma centena de empre-sas cada e, por isso, com direito a pavilhão próprio. O ano passado, a Turquia foi o país sensação da 29ª edição, devido ao ele-vado número de empresas representadas, destronando, pela primeira vez, Portugal do primeiro lugar do ranking de maiores delegações presentes. Este ano, a Turquia ganhou o estatuto de País Convidado e vol-ta a trazer a maior delegação estrangeira, que irá ocupar um pavilhão com cinco mil

m2 (mais dois mil m2 do que os pavilhões português e chinês). O número de exposito-res presentes é representativo do interesse em investir no mercado, mas os seus resul-tados não são imediatos. Nesse sentido, o investimento realizado ao longo dos anos por Portugal, fez do país “o maior parcei-ro económico de Angola”, como relembrou matos Cardoso, presidente do Conselho de Administração da FIL SA. “A larga maioria das empresas [portuguesas] que operam em Angola, se não vieram por intermédio da FILDA, já lá estiveram, pelo menos uma vez no certame”, reconheceu o responsá-vel em declarações à Lusa. Sendo a FILDA uma ‘bolsa de negócios’, por excelência, no ‘final do dia’ o facto mais importante é a realização de negócios e “sobre esse ponto de vista, acho que Portugal continuará a manter a liderança”, sublinhou ainda ma-tos Cardoso. Para além de Portugal, outros países euro-peus vão estar fortemente representados, é o caso da Espanha, que este ano não falta à ‘chamada’, da França, Inglaterra, Polónia,

N8 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Tema de Capa

Portugueses têm uma presença efectiva no paísPara Pedro Reis, presidente do Conselho de Administração da AICEP Portugal Global a FILDA é “uma montra de excelência da oferta portuguesa”. A 19 de Julho é comemorado o Dia de Portugal.

Entrevista a Pedro Reis, presidente do Conselho de Administração da AICEP Portugal Global

A forte presença de Portugal na-quele que ainda o maior evento do género em Angola já deixou de constituir uma surpresa, mas

o número não espelha a real dimensão da presença lusa no certame, já que muitas empresas escolhem estar entre as várias centenas que se encontram espalhadas pelo recinto, lado a lado com os seus par-ceiros locais. A presença efectiva e o conhecimento do mercado dão às empresas portuguesas uma vantagem competitiva, numa altura em que o país está despertar o interesse de outros investidores. “mais do que apenas exportarem para o mercado, as empresas portuguesas pro-curam hoje ter uma presença efectiva e continuada no país”, sublinha Pedro Reis, presidente do Conselho de Administração da AICEP Portugal Global. Para os empre-sários portugueses a presença na FILDA é já tradição mas é também uma questão

estratégica. A crise no mercado interno continua a empurrar as empresas para a internacionalização e, nesse contexto, An-gola ainda é um ‘mercado seguro’, como o provam os números crescentes do comér-cio bilateral. Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros, é uma presença confirmada nesta edição da feira.

A FildA mantém o estatuto de evento im-portante para as empresas portuguesas? É um evento da maior importância, no qual Portugal tem participado ao longo de três décadas, e é uma montra de excelência da oferta portuguesa. Angola é o nosso pri-meiro mercado extracomunitário e um par-ceiro comercial incontornável, pelo que faz todo o sentido este investimento.

Portugal vai ter uma presença forte na 30º edição da FildA? Este ano vão participar cerca de 90 em-presas de praticamente todos os sectores

Holanda, Noruega, Alemanha e Itália. Sinais de uma conjuntura de crise na Europa, que parece não ter fim à vista e que obriga as empresas a olhar para ou-tros mercados. Por outro lado, os países do continente americano, em particular o brasil, Cuba, EUA e Argentina, este úl-timo mais recentemente, já se tornaram uma presença habitual na feira. O con-tinente africano terá, igualmente, uma presença de destaque, com um número alargado de países quer do norte, centro ou sul do continente, sendo inclusive es-perada a visita da ministra do Comércio da vizinha África do Sul. mas na lista de presenças confirmadas destacam-se tam-bém outras geografias asiáticas, como a Índia, o Paquistão ou Singapura.

A ATRACçãO PElO inVESTimEnTO Este ano a FILDA volta a decorrer sob o lema “Os desafios da atracção de in-vestimento: estratégia, legislação, ins-tituições, infra-estruturas e recursos humanos”, o mesmo das edições de 2011 e 2012. Tal como há dois anos o país continua a sentir necessidade de atrair investimento estruturante – indústria, tecnologia, know-how – ainda que os fluxos de investimento não tenham ces-sado nunca de chegar ao país. Nos últi-mos anos, Angola foi o sétimo principal destino do investimento directo estran-geiro em África e o terceiro na região a sul do Sahara. Não obstante, é preciso um maior esforço na diversificação da estrutura produtiva do país. Nesse sen-tido, mais do que teorizar sobre a ques-tão “investimento”, a FILDA estabeleceu uma estratégia pro-activa no que diz respeito à atracção de potenciais inves-tidores. Foram definidos mercados e sectores estratégicos, aos quais foram dirigidas acções de promoção de Angola e das suas potencialidades. Acções que foram facilitadas pela recuperação eco-nómica do país, depois de anos de cres-cimento lento devido à crise financeira global. O forte desempenho registado pelos sectores dos transportes, da ener-gia e da construção pública acelerou a recuperação em 2012 (com o país a regis-tar um crescimento do produto interno bruto de 7,9%) e influencia as boas pers-pectivas para 2013 e 2014, com a previ-são de um crescimento económico de 8,2% e 7,8%, respectivamente. #

N8

N10 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Tema de Capa

de actividade. É preciso sublinhar que o entrosamento entre as economias dos dois países é crescente, o que se reflecte num le-que variado de empresas, dos bens aos ser-viços, dos produtos mais tradicionais aos mais sofisticados. mais do que apenas ex-portarem para o mercado, as empresas por-tuguesas procuram hoje ter uma presença efectiva e continuada no país. Estamos numa fase importante de consolidação no mercado angolano, com a internacionaliza-ção de empresas a ganhar dinâmica, desig-nadamente através da realização de parce-rias locais de médio e longo prazo.

Os últimos números relativos ao comércio bilateral, bem como ao investimento direc-to, inverteram-se. Como vê esta evolução?Os números do comércio bilateral não se inverteram. As exportações portuguesas para Angola cresceram 28% em 2012 e nos primeiros quatro meses deste ano cresce-ram 11%, relativamente ao período homólo-go do ano anterior. A tendência é, por isso, de crescimento. O que aconteceu é que há um reequilíbrio dos pratos de uma balança comercial que ao longo dos anos, era alta-mente desequilibrada, e isto é um sinal po-sitivo para as nossas relações comerciais. As exportações angolanas cresceram sig-nificativamente e atingiram em 2012 cerca de 1,7 mil milhões de Euros.

Como vê a multiplicação de eventos e de in-teresses de outros países europeus em pro-curar Portugal como plataforma ou rampa de lançamento para Angola? Com naturalidade. Portugal possui no mer-cado angolano, mas também nos outros mercados de expressão portuguesa, uma vantagem comparativa, única e inigualável, que é uma língua e uma história comum de séculos. Acresce a este património o facto de nos últimos anos as empresas portugue-sas terem apostado muito intensamente nos mercados da lusofonia, crescendo de forma rápida mas sustentada em alguns destes países, nos quais se inclui obvia-mente Angola. Ou seja, as empresas por-tuguesas estão particularmente bem posi-cionadas para funcionar como plataforma para a lusofonia que, no fundo, acaba por ser um mercado “natural” de Portugal.

diPlOmACiA ECOnómiCA GAnHA FORçA A integração da AiCEP na alçada do mi-nistério dos negócios Estrangeiros trouxe alterações no modo de actuar da Agência? O apoio do Estado ainda é importante na persecução dos negócios?A integração da AICEP na esfera do mNE trouxe valor acrescentado à actividade que desenvolvemos, pois ganhou-se em coor-denação e em abrangência. A diplomacia económica ganhou ainda mais corpo e os nossos embaixadores e cônsules estão hoje ainda mais apetrechados para lida-rem com questões económicas porque têm o braço técnico da AICEP, localmente, nos mercados, a prestar-lhes apoio. Isto é algo que as empresas reconhecem e de que be-neficiam directamente. O apoio do Estado é muito importante, seja nas grandes ques-tões de política comercial internacional ou europeia, seja diariamente na resolução de problemas que afectam a actividade de pequenas, médias ou grandes empresas portuguesas.

O que mudou no modo de actuação e na abordagem da AiCEP ao mercado angolano nos últimos dois anos? Trata-se de um mercado onde cada vez mais temos de responder a solicitações muito di-ferentes, de muitos sectores e oriundas de empresas com graus de conhecimento e de experiência do mercado muito distintos. Angola já não é apenas o mercado da cons-trução e da venda de produtos alimentares e, muito menos, o mercado da “exportação de contentores”. Angola é, cada vez mais, um mercado sofisticado e exigente, no qual produtos como os farmacêuticos, as tecnologias de informação, de educação e do conhecimento, das engenharias, entre muitos outros, vão ganhando peso e impor-tância. Angola tem estado aberta ao investimento português, à transferência de know-how e à qualificação que as empresas portugue-sas podem oferecer aos parceiros angola-nos. Há um aprofundamento das nossas relações comerciais fruto de uma nova fase de relacionamento, que é também marcada pelo alargamento da presença portugue-sa às províncias angolanas, onde existem muitas oportunidades para as nossas em-presas, pois o Estado angolano tem estado apostado em dinamizar o território e em desenvolver o território de forma ainda mais equilibrada. #

À semelhança de 2012, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, estará presente nesta edição da FILDA

N12 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Que papel, e responsabilidades, assume o inAPEm no desenvolvimento do tecido em-presarial nacional?O INAPEm é responsável pela implemen-tação de estratégias e políticas de fomen-to empresarial, pela administração de fundos e dotações orçamentais que estão/ou venham a estar à sua disposição, pela promoção do desenvolvimento de todos os sectores da economia angolana e pela orientação da cooperação internacional re-lacionada com o fomento empresarial. Para além disso, auxiliamos tecnicamente o mi-nistério da Economia. O objectivo é que o INAPEm potencie as suas atribuições jun-to das micro, pequenas e médias empresas (mPmE). À luz da orgânica funcional é o ór-gão responsável pela execução das acções referente ao fomento das mPmE, enquanto o ministério da Economia é órgão formula-dor das políticas estratégicas.

Que reformas organizacionais, reforço de competências, reforço de quadros, entre

do corpo técnico. Simultaneamente, foi im-plementado um sofisticado sistema infor-mático que permite melhorar a qualidade dos serviços prestados, designadamente a consultoria na elaboração de estudos de viabilidade económica e financeira, con-cepção de planos de negócio, acompanha-mento na implementação dos projectos e

outras, foram feitas para que o inAPEm seja capaz de desempenhar a sua função? Está em curso um processo de revitaliza-ção. Há sensivelmente um ano, um novo Conselho de Administração, composto por cinco gestores, iniciou as suas funções. Desde então, foi feito um investimento na capacitação dos quadros internos e reforço

Conjuntura

“Há um excesso de aversão ao risco por parte dos bancos”

T MAnueLA SouSA GuerreIroF beCoMM, PAuLo MuLAzA/JAIMAGenS

O Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e médias Empresas é uma peça central na política pública de fomento empresarial. Jaime Fortunado, administrador do INAPEm, fala sobre os desafios do tecido empresarial angolano e sobre a importância das mPmE para o desenvolvimento da economia.

Entrevista Jaime Fortunato, Administrador INAPEM

“A ECOnOmiA inFORmAl CHEGOu ATé OndE OS SiSTEmAS COnVEnCiOnAiS E A ECOnOmiA FORmAl nãO COnSEGuiRAm iR, Ou SEJA à POPulAçãO mAiS dESPROVidA dE RECuRSOS”

13Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

capacitação dos promotores empresariais. Nesta vertente, e ao procurar incentivar e apoiar a criatividade e iniciativa dos jo-vens empresários, vamos criar incubado-ras de empresas, para apoiar as start up empresariais.

Com está a correr esse processo? O processo de criação de incubadoras de empresas está em fase avançada. Teremos, numa primeira fase, incubadoras em Lu-anda, benguela e Huíla. Serão apoiados diferentes ramos de negócio, desde os ma-teriais de construção, aos produtos tecno-lógicos e também os serviços.

“é PRECiSO COmBATER AS FAlHAS dA ECOnOmiA PARA ACABAR COm A inFORmAlidAdE”Que análise faz sobre a realidade do tecido empresarial angolano? É preciso recordar que a economia de mer-cado em Angola é relativamente recente, tendo surgido no início dos anos noventa com o processo de democratização. O sec-tor económico não esteve imune às vicissi-tudes políticas que o país passou por mais de três décadas. Hoje, o sector empresarial privado nacional tenta afirmar-se no mun-do dos negócios num contexto bastante perverso, se tivermos em linha de conta que tem de enfrentar concorrentes expe-rientes e maduros. Contudo, é importante sublinhar que este mesmo tecido empresa-rial, quer do sector real da economia (gera-dores de bens) quer do sector financeiro, tem vindo a dar passos no sentido da qua-lidade. Por esta razão, existe uma preocu-pação do Governo em conceder apoio ao desenvolvimento e dinamização do tecido empresarial. Olhando, sobretudo, para as mPmE elas são fundamentais para o crescimento eco-nómico nacional, na medida em que são empresas de trabalho-intensivo (empresas dotadas de baixo volume tecnológico e que demandam mais mão-de-obra), logo, são geradoras de emprego e de renda. Condições que permitem um crescimento económico equilibrado e uma maior di-versificação na arrecadação de receitas fiscais, o que, por sua vez, contribui para a redução da dependência das receitas fis-cais provenientes do sector petrolífero e, consequentemente, da vulnerabilidade ex-terna do país associada a choques adversos no mercado petrolífero.

Quais os maiores entraves ao crescimento e dinamização destes importantes ‘actores’ da economia? São vários os entraves que geram maiores constrangimentos e podemos enumera-los: desde logo, o baixo volume de capitais pró-prios; a fraca cultura empresarial; a fragi-lidade no domínio de práticas modernas de gestão de negócio; o elevado custo e a excessiva burocracia no acesso ao finan-ciamento; a percepção errada do negócio e/ou do mercado onde o projecto se insere; entre outros.

E também a existência de um sector infor-mal com algum peso. Que argumentos uti-

lizam para combater esta situação? Eu não diria que devemos combater a in-formalidade, até porque essa expressão pode gerar varias interpretações. Diria, isso sim, que é preciso trazer esses em-presários para a economia formal. Temos que reconhecer que, mesmo com todos os constrangimentos existentes, a economia informal chegou até onde os sistemas con-vencionais e a economia formal não conse-guiram ir, ou seja à população mais despro-vida de recursos. A economia informal prospera em função das falhas do mercado. Foi com o objec-tivo de corrigir estas falhas e de pôr em marcha a ‘formalização’ da economia que

As MPME têm ainda uma importância reduzida no tecido empresarial angolano, contribuindo apenas com 5% do imposto industrial arrecadado. A taxa de sucesso dos pequenos e médios negócios é bastante baixa. Inclusive, de acordo com números do Ministério da Economia, apenas 3,3% destas pequenas e médias empresas sobrevive para além do primeiro ano de actividade. O Governo angolano tem em curso três iniciativas de apoio aos empreendedores angolanos: os programas ‘Angola Investe’, ‘Meu negócio, minha vida’ e ‘Deslocalização de Empresas Agrícolas, Industriais e de Serviços Produtivos de Portugal, Espanha e Itália”, tema abordado na edição nr. 94 da revista Angola Portugal Negócios. Enquanto o programa ‘Meu Negócio Minha Vida’ tem por objectivo facilitar o crédito, em especial aos pequenos empresários do sector informal que queiram transitar o seu negócio para a economia formal, já as empresas de dimensão MPME, detidas em pelo menos 75% por nacionais, têm à sua disposição o ‘Angola Investe’. Este programa tem metas ambiciosas, como sejam a criação e /ou apoio de 9000 empresas e a criação de 300 mil postos de trabalho até 2015. Através do ‘Angola Investe’ os empresários têm à sua disposição uma linha de financiamento que está protocolada com 20 bancos comerciais angolanos e apoios através do Fundo de Garantia de Crédito do Estado, que cobre 70% do valor financiado pelo banco. Os juros do financiamento são bonificados e os empresários abrangidos beneficiam ainda da redução do imposto industrial e isenção do imposto de consumo sobre as matérias-primas. No entanto, cerca de 10 meses após o seu lançamento, os resultados estão aquém do esperado. Muitos são os projectos que entram em pipeline, mas poucos, cerca de 40, são aqueles que foram, até ao momento, apoiados. Os empresários atribuem a culpa aos bancos, por lhes dificultarem o acesso ao crédito. Por sua vez, os bancos falam de projectos de investimentos mal concebidos e empresários pouco preparados. Os números mostram contudo, do lado da banca, que há, a cada ano, uma maior apetência para a concessão de crédito. Só em 2012, no conjunto das instituições, esta rubrica cresceu 25%.

TRêS PROGRAmAS, um OBJECTiVO!

“FOi COm O OBJECTiVO dE CORRiGiR ESTAS FAlHAS E dE PôR Em mARCHA A ‘FORmAliZAçãO’ dA ECOnOmiA QuE O GOVERnO AnGOlAnO CRiOu O PROGRAmA dE RECOnVERSãO dA ECOnOmiA inFORmAl, PREi”

15Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

o Governo angolano criou o Programa de Reconversão da Economia Informal, PREI, que deverá regulamentar e reorientar as melhores práticas para o exercício da acti-vidade económica.

mAiS dE 6800 EmPRESAS CERTiFiCAdASQuantas empresas estão hoje inscritas na base de dados do inAPEm? A ‘certificação’ da empresa é o primeiro passo para que esta possa beneficiar dos programas em curso? Correcto, a certificação é o passo inicial para que as empresas possam concorrer e beneficiar dos apoios concedidos pelos programas públicos. Existem hoje mais de 6800 empresas certificadas. Para obterem a certificação, as empresas têm que nos fazer chegar alguns docu-mentos que demonstram que respeitam os termos da lei para a sua funcionalidade. O mesmo é válido para as empresas em fase de arranque. As províncias com maior número de empresas certifica-das são Luanda, Uíge, moxico, Cuan-do Cubango e benguela e o sector mais atractivo é o dos serviços, talvez por ser

menos complexo de gerir e com menos necessidade de recursos para as suas operações correntes.

A capacitação das mPmE é uma prioridade. Que acções têm sido desenvolvidas nesse sentido?Prestamos apoio técnico no domínio da formação sobre o uso de práticas moder-nas de gestão de negócio, elaboramos estudos de viabilidade económica, bem como planos de negócios e fazemos o acompanhamento da implementação dos projectos.

Os bancos queixam-se que se houvesse melhores projectos haveria mais emprésti-mos. é essa a vossa percepção? A questão pode ser vista por esse lado mas, por outro, há também um excesso de aver-são ao risco por parte dos bancos. É preciso que os bancos sejam mais ousados e enten-dam que o risco é inerente ao exercício da sua actividade.

Qual tem sido a adesão dos empresários/futuros empresários às iniciativas promo-

vidas pelo Governo, designadamente ao programa Angola invest?Há total aderência dos empresários já fir-mados no mercado e dos promotores em-presariais. O Angola Investe é um progra-ma que foi concebido ao mínimo detalhe. A sociedade, de uma maneira geral, encara de forma bastante ambiciosa a persecu-ção das suas metas. Estamos expectantes quanto ao sucesso do Programa, julgo que o difícil não está na implementação do pro-grama em si, mas sim na grande dificulda-de que é libertarmo-nos dos velhos hábitos que estão impregnados e que comprome-tem o sucesso dos negócios.

Quais são as funções do inAPEm no quadro do Programa Angola investe?Somos o organismo do Governo de Ango-la responsável pela implementação e/ou operacionalização do Programa Angola Investe. Isso significa que prestamos todo o apoio aos empresários, desde na fase de concepção até à implementação do projec-to/negócio. #

N16 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Editorial

O Decreto Presidencial nº63/13 de 11 de Junho, revoga os artigos 10º, 11º e 12ºdo Decreto nº 41/ 2006, de 17 de

Julho, que regulamenta as inspecções pré--embarque obrigatórias, a que até à data estavam sujeitas todas as exportações de produtos de industria alimentar, brin-quedos, veículos automóveis e motores usados, produtos vegetais, animais vivos e produtos derivados, entre outros bens, para o mercado angolano. O procedimen-to, bem conhecido dos exportadores por-

tugueses, obrigava à realização de uma inspecção física para verificação da qua-lidade, quantidade, preço (incluindo taxas cambiais e termos financeiros) e classifi-cação aduaneira dos bens a serem exporta-dos para o país. As alterações que foram agora introduzi-das colocam um fim à obrigatoriedade da IPE, tornando este processo facultativo para todas as mercadorias. A modalidade de ‘IPE facultativa’ já estava prevista na lei, sendo que à chegada ao país as merca-dorias sujeitas a uma IPE facultativa bene-

ficiavam do regime de Canal Verde, ou seja, de um desalfandegamento mais rápido. O Decreto de 11 de Junho sublinha que “os importadores ou exportadores que assim o entenderem podem voluntariamente, jun-to das entidades de inspecção, realizar a inspecção pré-embarque das mercadorias a importar ou a exportar para Angola, ser-vindo o Atestado de Verificação (ADV) emi-tido apenas para seu controlo”, tal como se pode ler no artigo 2º do novo documento. O Decreto tem efeitos imediatos, mas as operações de importação e exportação que

Exportações para Angolacom novas regrasO Governo angolano decretou o fim das inspecções pré-embarque obrigatórias para a entrada de produtos no país. Até ao final do ano deverá, também, entrar em vigor uma nova Pauta Aduaneira. mudanças que ditam o início de uma nova etapa no comércio com o país.

T MAnueLA SouSA GuerreIro | F Dr

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Conjuntura

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Editorial

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já estejam em curso à data da entrada em vigor do novo diploma ficam sujeitas ao disposto na legislação em vigor na data em que foram iniciadas as formalidades adu-aneiras.

mAiOR COnTROlO nO lOCAlSão vários os argumentos que influencia-ram a necessidade do Estado angolano de reequacionar o regime jurídico em vigor. Por um lado, há o “entendimento de que as operações comerciais internacionais de compra e venda de mercadorias, assim como a certificação das suas condições de preço, quantidade, características técni-cas, comerciais e sanitárias são matéria da competência de empresas que explo-ram este mercado em regime de cessão de exploração e não do Estado”. Por outro, a necessidade, “imperiosa”, como justifica o prêambulo da Lei, de garantir “o controlo pós-importação em especial das mercado-rias que apresentam um maior risco para a cobrança da receita fiscal e para a protec-ção da saúde pública, do meio ambiente e da indústria nacional”. Ora, a aprovação das alterações ao Regime de Inspecção Pré-Embarque surge numa altura em que já estão em curso novos pro-cedimentos de recolha de amostras para análise laboratorial dos produtos alimen-tares e bebidas, os quais são executados por uma entidade independente, a bro-mangol, empresa com quem o Serviço Na-cional das Alfândegas assinou contrato, a 20 de Junho de 2012, para inspecionar toda a mercadoria importada ou de produção nacional destinada ao consumo humano. Uma exigência que segue uma orientação da Organização mundial do Comércio e que tem por objectivo salvaguardar a saú-de pública, o meio ambiente e a indústria nacional, mas cuja implementação tem conhecido nos últimos meses alguma polé-mica. Em causa estão os custos envolvidos com as análises e que passaram a ser su-portados por exportadores/importadores, o tempo de espera pelos resultados das análises e os elevados custos com as sobre-estadias dos contentores no porto. Todo este processo está a ser revisto de modo a adequar preços, procedimentos e a diminuir os tempos de espera. No final de maio, o Governo angolano retirou o mo-nopólio à bromangol, abrindo o mercado a outros laboratórios.“Não obstante tratar-se de um processo em evolução, é uma medida que não é transi-

Ao nível do comércio externo, o segundo semestre de 2013 será marcado pela adopção da nova Pauta Aduaneira. O documento é aguardado com um misto de expectativa e receio, já que a mesma reflectirá um agravamento dos direitos aduaneiros sobre determinadas mercadorias. A nova Pauta Aduaneira foi aprovada pela Assembleia Nacional no final de Março, aguardando agora publicação, culminado que está um longo período de debate alargado entre importadores, exportadores, organismos públicos e instituições angolanas com empresários de todos os sectores da economia angolana. Entre os vários itens, prevê-se um incremento das taxas sobre os produtos que em Angola apresentam já um determinado nível de produção local ou em que é expectável que haja capacidade para um maior investimento local, mas que carecem de protecção face à concorrência e agressividade dos produtos estrangeiros. Assim, entre os produtos que verão os custos de importação agravados com a nova Pauta Aduaneira sobressaem as bebidas, os materiais de construção (com visível produção nacional) e a matéria-prima resultante de proveitos agrícolas.

PAuTA AduAnEiRA ATé AO FinAl dO AnO

tória e com a qual os exportadores devem passar a contar”, como constata a aicep Portugal Global no seu Guia de Acesso ao mercado angolano. E o novo decreto presi-dencial confirma-o, sublinhando a existên-cia no país de “capacidade técnica e huma-na para proceder a uma adequada e segura verificação e controlo das mercadorias”, sejam estas importadas ou de produção nacional, “nomeadamente, quanto à quan-tidade, qualidade, preço, características técnicas e comerciais, classificação pautal e protecção de direitos de importação”.

umA nOVA AlFândEGA Esta decisão vem também na sequência do próprio processo de modernização das alfândegas em Angola. É conhecido o cres-cimento e o desenvolvimento que o país sofreu na última década. Nesse sentido, foi implementado um Programa de Expansão e modernização das Alfândegas (PEmA), com o objectivo de melhorar o desempenho integral do Serviço Nacional das Alfânde-gas, dotando esta instituição de concei-tos, metodologias e infra-estruturas mais modernas, sustentáveis e adaptadas à ac-tual conjuntura do país. Um processo que envolveu uma parceria com a consultora internacional Crown Agents, que terminou no final de 2012. No âmbito deste processo de moderniza-ção, foram introduzidos novos sistemas, procedimentos e controlos, que contri-buíram para facilitar e desburocratizar o processo de importação e exportação, reduzir o tempo de desalfandegamento, melhorar a comunicação entre as Alfan-degas de Angola e os agentes económicos, despachantes e transportadoras. Também ao abrigo do PEmA, a ‘tolerância zero’, que obrigava à inspecção de todas as mercado-rias que entravam no país, foi substituída pelo método de selecção baseado em perfis de risco, à semelhança do que é praticado noutros países. O fim da inspecção pré-embarque obriga-tória é mais um passo num processo de modernização que continua em marcha. O Plano Estratégico das Alfândegas para o período 2013-2017 já está em curso e tem como prioridades, entre outras medidas, a adopção da nova Pauta Aduaneira e o Re-gulamento Aduaneiro, a criação e imple-mentação do Guichet Único. #

O PlAnO ESTRATéGiCO dAS AlFândEGAS PARA O PERíOdO 2013-2017 Já ESTá Em CuRSO E TEm COmO PRiORidAdES, EnTRE OuTRAS mEdidAS, A AdOPçãO dA nOVA PAuTA AduAnEiRA E O REGulAmEnTO AduAnEiRO, A CRiAçãO E imPlEmEnTAçãO dO GuiCHET ÚniCO

Conjuntura

N20 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

O arranque do novo programa de privatizações avança com a alienação de 33 empresas paralisadas ou com actividade residual. A localização dos terrenos subjacente é a principal atracção destes activos.

A estratégia de diversificação eco-nómica e de reforço do sector privado são pilares da estratégia angolana, surgindo, por isso, um

novo programa de privatizações, de acor-do com o qual o governo angolano decidiu alienar 33 das 90 empresas públicas até 2018. O processo, necessariamente gradual, visa criar 300 mil postos de trabalho. Este novo programa decorre do Plano de Desenvolvi-mento Nacional 2013-2017, em que um dos objectivos estratégicos é “transformar as empresas do Sector Empresarial Público em instrumentos efectivos para a estraté-gia de desenvolvimento e diversificação da economia”.Nessa lógica, o Programa de Redimensio-namento do Sector Empresarial Público, a par da Reestruturação das Empresas Pú-blicas Estratégicas e do Reforço da Capaci-dade Institucional do ISEP, surgem como medidas estratégicas, em que um novo pro-grama de privatizações deverá concretizar

a “liquidação de empresas públicas para-lisadas que, por razões estratégicas, não mais deverão permanecer no sector empre-sarial público” e a “fusão de empresas pú-blicas para melhoria do desempenho e per-manência no sector empresarial público”.Na primeira fase, as empresas a privatizar serão de pequena e média dimensão. Os terrenos serão o activo mais valioso da lista de privatizações em preparação, até porque grande parte dos equipamentos das empresas estará obsoleta. Aliás, da lista divulgada, 19 das 27 empresas são tidas como “paralisadas e as restantes como com “actividade residual”.A Sonangol continuará na esfera pública, até porque o elevado volume de negócios, na ordem dos 1,24 mil milhões de dólares em 2012, permite ao Estado prosseguir com a sua estratégia de investimento. Também no sector financeiro, os bancos Popular de Crédito (bPC) e de Comércio e Indústria (bCI) continuarão a ser públicos. #

Conjuntura

PrivatizaçõesT FátIMA AzeveDo

Estado prepara novo plano

EmPRESAS PÚBliCAS Em SECTORES ESTRATéGiCOS

Telecomunicações

Angola Telecom. Constituída pela Empresa Nacional de Telcomunicações, Enatel, e pela Empresa Pública de Telecomunicações, EPTEL, que trabalham no mercado nacional

Banca e Seguros

Entidade supervisora, Banco nacional de Angola, BnA Banco de Poupança e CréditoBanco de Comércio e indústria, BCiCaixa de Crédito Agro-pecuária e Pescas, CAPEmpresa de Seguros e Resseguros de Angola, EnSA

Outros Activos Estratégicos

Transportes, TAAG, linhas Aéreas de AngolaGeologia e minas, EndiamaPetróleo e gás, SonangolComunicação Social, TPA e RnAElectricidade, EdEl e EnEÁguas, EPAlpescas

grande dimensão média dimensão pequena dimensão total

comérciohotelaria e turismo

obras públicas e turismo

transportes

indústria

agricultura

geologia e minas energia

e minas

finanças

Mais de 60% das empresas públicas são industriais

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23Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Triângulo estratégicoPortugal pode ser um verdadeiro hub nos negócios trilaterais entre a Europa, África e América Latina, aproveitando a história e um posicionamento geográfico que atrai parceiros europeus, mas abre portas ao investimento asiático no espaço lusófono.

O dinamismo dos mercados emer-gentes tem tradução na evolução das trocas comerciais. Este ano, estima-se que pela “primeira vez,

o comércio multidireccional entre merca-dos emergentes (E2E) ultrapasse os fluxos entre mercados desenvolvidos (D2D)”, se-gundo a Accenture, confirmando a tendên-cia da primeira década do século XXI, em que o comércio intra-emergentes aumen-tou de 10 para 24%. O reforço das relações comerciais entre a América Latina e África, com aumento de 43%, em 2011, sinaliza o contributo importante para a consolidação de um triângulo estratégico e o papel im-pulsionador do brasil, ao exportar para o Egipto, Angola e África do Sul, e importan-do da Argélia, Líbia e NigériaNo caso da América Latina, a proximida-de geográfica torna a América do Norte o principal fornecedor, mas a verdade é que a China é o principal fornecedor do brasil, destronando os EUA. Para os analistas da Accenture, no caso africano, a contribui-

jovem e mais qualificada de África e Amé-rica Latina; e, finalmente, o pilar estratégi-co assente no potencial energético das re-giões emergentes face a uma Europa sem recursos naturais relevantes no panorama mundial, se excluirmos a Rússia.

O PESO dA luSOFOniAO português é a quinta língua mais falada do mundo, por 258 milhões de pessoas, e se associarmos o castelhano, esse número supera os 500 milhões de pessoas. Na es-fera económica, os países lusófonos contri-buem com 4,4% da riqueza mundial e 2,3% do comércio internacional, de acordo com um estudo do bES, coordenado por Fran-cisco Palma.Do conjunto lusófono, Portugal surge com um posicionamento estratégico - de inter-face - na Europa para a América e África. A oferta de portos representa um activo im-portante, pois permite cruzar o Atlântico para oeste, ligando a Europa à América do Norte, e a sul, América Latina e África. Se atentarmos no eventual alargamento do ca-nal do Panamá, por onde passarão 30% das exportações mundiais, haverá vantagens adicionais para o porto de Sines, um dos nove portos portugueses, que pode benefi-ciar amplamente do aumento esperado do fluxo de mercadorias de e para a América Latina e África.A língua, tendo, intrinsecamente, um papel unificador, influencia determinantemente as economias, quer nas trocas comerciais, quer na promoção da internacionalização das empresas, passando pelo desenvolvi-mento de relações sócio-políticas, mobili-dade de pessoas e de ideias.A intensificação das trocas comerciais no espaço lusófono é uma tendência clara e que pode potenciar novos negócios e alar-gar a rede de parceiros dos países de língua portuguesa. Associando a língua às vanta-gens em termos de posicionamento geo-gráfico, o potencial de Portugal como pla-taforma para outros parceiros acederem

europa, áfrica e América Latina

T FátIMA AzeveDo | F Dr

ção “para o nível de exportações mundial é reduzida (cerca de 3,3%), apresentando obstáculos estruturais – como o acesso limitado ao crédito, as infra-estruturas inadequadas, incluindo a inexistência de acesso ao mar em alguns países, e a corrup-ção – dificultando a integração no comér-cio mundial”. Acresce a dependência da ex-portação de commodities, que pesam cerca de 70% nas exportações da região, com en-foque para o peso do petróleo em Angola e Nigéria (90%) ou o cobre na Zâmbia (84%). A Europa continua a ser o principal forne-cedor (39%), mas a China ganhou a lideran-ça na região subsariana.A esta crescente interdependência acres-cem outros factores que diferenciam uma aposta na triangulação Europa-África e América Latina, onde os países lusófonos podem assumir um papel relevante: por um lado, a proximidade cultural, seja o legado histórico e a partilha da língua; a calibra-ção demográfica, que permite compensar uma Europa envelhecida com a população

N24 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

ao espaço económico lusófono é crucial, ao acrescentar valor ao já importante comér-cio externo. As exportações portuguesas de bens para países de língua portuguesa ronda os 4 mil milhões de euros, o que cor-responde a cerca de 10% das exportações totais, das quais 2/3 se destinam a Angola.Paulo Neves, presidente do Instituto para a Promoção e Desenvolvimento da América Latina (IPDAL), é um adepto da intensifi-cação das relações trilaterais entre Portu-gal, África e América Latina, precisamente porque “Portugal funciona como um hub”, dada a proximidade, a partir da Europa, de África e da América Latina. Por isso, o IPDAL encomendou à consultora Accentu-re a realização de um estudo sobre “A trian-gulação no Espaço Atlântico”, que conclui como as “obras públicas, energias renová-veis, combustíveis, alimentação e bebidas” são actividades nucleares no volume de ne-gócios gerados. Os parceiros europeus têm particular in-teresse na lusofonia, porque as competên-cias distintivas da Europa não são condi-ção suficiente para fazer a ponte entre o potencial africano e sul-americano e a li-quidez financeira da Ásia.A aposta nesta triangulação entre parcei-ros europeus, africanos e sul-americanos tem impactos diferenciados, de acordo com a origem das empresas. Segundo a análise da Accenture, para as multinacionais emer-gentes, significará “capitalizar as vanta-gens competitivas do seu conhecimento local, flexibilidade na adaptação, conforto com o risco e alcance de novos segmentos da procura”. Como as exigências dos consu-midores emergentes evoluem mais rapida-mente, há que investir no reconhecimento de marca e qualidade acrescida. As multi-nacionais de países desenvolvidos terão de acentuar o foco na inovação de produto e do modelo de negócio.

A EnERGiA nO CEnTRO dO TRiânGulOQuando pensamos em África e na América Latina, convirá não esquecer que mais de 25% das reservas de petróleo, mais de 50% das reservas de água potável e mais de 50% das terras aráveis por explorar estão loca-lizadas nas duas regiões, reforçando o seu papel estratégico no futuro global, carac-terizado por um crescimento demográfico e da classe média dos países emergentes que pressionam a procura de recursos na-turais. Assim, para satisfazer o aumento da procura, a produção alimentar terá de

aumentar 70% até 2050, de acordo com a OCDE. matérias-primas alimentares, me-tais, petróleo e gás são activos estratégicos de África e da América Latina, já que dos 12 países com excedente comercial de com-modities, sete encontram-se no triângulo, sublinha a Accenture.A América Latina responde por 14% do comércio mundial de commodities e, com África, abarca 28% das reservas globais de petróleo e 11% das reservas de gás natural; nos minérios, ouro, prata, diamantes, co-bre e ferro são reservas importantes, com foco no Perú, o maior exportador de prata e o quinto de ouro, botswana e Congo, os 2º e 3º maiores produtores de diamantes, e o

Conjuntura

brasil e África do Sul, como 3º e 7º produ-tores de minério de ferro.A abundância de recursos naturais conti-nua a atrair investimento estrangeiro, mas há que acautelar a capacidade de esses recursos se traduzirem em crescimento e bem-estar das populações, através da di-versificação económica que propicie a as-censão nas cadeias de valor.O crescimento acelerado do mundo emer-gente, a procura de energia tende a crescer exponencialmente, envolvendo esforços de investimento adicionais na descoberta e produção de combustíveis fósseis, ao mes-mo tempo que urge encontrar novas tecno-logias que garantam a sustentabilidade e contribuam para a satisfação do consumo mundial.brasil e Angola são dois países com peso crescente na geo-economia do petróleo e gás, com um poder atractivo elevado sobre os principais actores mundiais. A estraté-gia da portuguesa GALP tem-se centrado na inovação e no estabelecimento de par-cerias de investimento, sobretudo com a Sonangol e Petrobras, que a projectam no mercado internacional, quer na explora-ção, quer na distribuição.Atentas ao potencial brasileiro, Galp, Par-tex e Sonangol juntaram-se para concorrer aos leilões de 289 áreas de exploração de petróleo no norte e nordeste do brasil, com reservas estimadas de 9,1 mil milhões de barris. A forte concorrência – 71 empre-sas de 21 países – justifica-se pelo volume de reservas estimados e pela diversidade de blocos, “terrestres, no mar e em águas profundas” e misturando bacias maduras, como a de Potiguar (Ceará), com bacias da nova fronteira, como a da Foz do Amazonas (na Amazónia).A entrada da chinesa CTG (China Three Gorges) no capital da EDP permite, ago-ra, avançar, em conjunto para projectos no brasil e moçambique, com ênfase no país africano, dada a apetência pela hidro--electricidade, seja em Cahora bassa, seja na construção de mphanda Nkuwa, cujo consórcio inclui os brasileiros da Camargo Corrêa, num investimento que supera os 1,5 mil milhões de euros.No brasil, a eléctrica portuguesa está en-volvida na barragem do Jari, a norte, cor-respondendo a um investimento de 285 milhões de euros, e na futura construção da barragem da Cachoeira Caldeirão, cujo investimento deverá superar os 400 mi-lhões de euros. #

AméRiCA lATinA – EuROPA – áFRiCA FACTORES COmPETiViVOS

Proximidade Cultural

Forte interdependência

A maioria das exportações da América Latina para a China são produtos primários

População jovem

•Em conjunto corresponde a 30% da população activa mundial e jovem (envelhecimento na Europa e crescimento na América Latina e América

•Foco saúde, educação e urbanismo

Energia

•25% das reservas de petróleo e metade dos recursos alimentares traduzem o eixo estratégico da América Latina-África

BRASil E AnGOlA SãO dOiS PAíSES COm PESO CRESCEnTE nA GEO-ECOnOmiA dO PETRólEO E GáS COm um POdER ATRACTiVO ElEVAdO SOBRE OS PRinCiPAiS ACTORES mundiAiS

N26 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Boas perspectivas para o continente

T FátIMA AzeveDo | F bruno bArAtA/beCoMM; Dr

As perspectivas económicas para África são positivas, mas não basta crescer; urge intensificar o ritmo de transformação das economias, aproveitando o impulso gerado pela exploração dos recursos naturais para criar emprego e distribuir a riqueza de uma forma inclusiva e sustentável.

African economic outlook

A resiliência é o conceito abraça-do pelas principais organizações internacionais para restaurar a confiança no progresso global,

na medida em que se promove a capacida-de dos países em superarem dificuldades acrescidas. Por isso, nas suas perspectivas económicas para África, o banco Africano para o Desenvolvimento (bAD), a OCDE e as Nações Unidas comungam no optimismo assente numa “resiliência perante os cho-ques internos e externos” e que se traduz num crescimento global do PIb de 4,8% e de 5,3% para 2013 e 2014, respectivamente.Ao contrário das previsões para o mundo mais desenvolvido, os analistas esperam uma aceleração do crescimento africano, cuja ‘chave’ resulta do aproveitamento dos recursos agrícolas, minerais e energéticos.mas os desafios, repetidos ao longo dos vários anos e por diversas entidades, man-têm-se: crescer não é sinónimo de redução da pobreza, do desemprego ou da desigual-dade intra e inter-países. Isso mesmo subli-nhou mario Pezzini, responsável da OCDE, na apresentação do relatório. “O crescimen-to não chega”, mas o timing é precioso para impor um ritmo mais intenso na “transfor-mação económica” necessária para “que as economias africanas se tornem mais com-petitivas e consigam criar mais empregos”. Despois de um período de estabilidade das políticas económicas e de crescimento dos fluxos comerciais, a fase de transformação implica diversificar as fontes de riqueza, ou seja, as actividades económicas, de modo a que os benefícios extraídos do solo e subsolo possam resultar numa “melhor

Conjuntura

N28 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

distribuição dos rendimentos”, encorajan-do parcerias entre “investidores externos e os agentes locais”. dO SuBSOlO àS PESSOASConcretizar um crescimento inclusivo e progressista significa, para os researchers da OCDE, adoptar quatro eixos prioritá-rios: i) alicerces da transformação, como infra-estruturas, educação e dimensão e abertura de mercados; ii) optimização da exploração dos recursos naturais; iii) opti-mização da gestão e distribuição dos rendi-mentos; iv) diversificação das actividades e coesão territorial em termos de disponi-bilidade de energia e meios de transporte e comunicação. O continente africano con-tinua a apresentar uma tendência para um significativo crescimento da população, pelo que o ritmo de crescimento terá de ser acentuado e, sobretudo, inclusivo para evitar um agravamento de tensões sociais, nomeadamente entre os mais jovens.África possui a população mais jovem do mundo, com 200 milhões de jovens (entre os 15 e os 24 anos), número que deverá du-plicar até meados do século. Isto traduz-se num elevado crescimento da população activa. Se entre 2000 e 2008, a população africana activa (dos 15 aos 64 anos) aumen-tou 25%, de 443 milhões para 550 milhões, até meados do século, a população activa poderá superar a fasquia dos mil milhões de pessoas, suplantando mesmo a chinesa ou indiana.Esta tendência demográfica acentua a im-portância da educação. E a trajectória é, segundo o relatório do banco mundial, fa-vorável, esperando-se que 59% dos jovens com idades entre os 20 e os 24 anos conclu-am o ensino secundário em 2030. mas será necessário criar oportunidades de empre-go e condições de vida para absorver 150 milhões de jovens qualificados.

O CASO AnGOlAnOAngola continua a crescer acima da mé-dia do continente, mas ainda se mantém entre os países com “desenvolvimento hu-mano baixo”. Na verdade, o crescimento de 7,9% do PIb em 2012 (contra 3,9% em 2011) deveu-se “ao forte desempenho re-gistado pelos sectores dos transportes, da energia e da construção e obras públicas” e, por isso, as perspectivas para 2013 e 2014 “são muito positivas, com a previsão de um crescimento económico de 8,2% e 7,8%, respectivamente” assente num mix entre a

2000

Sem educação Ensino básico

2005 2010 2015 2020 2025 2030

Jovens africanos cada vez mais qualificados

0

100

150

200

50

250

milh

ões

Ensino secundário Ensino universitário

4

47

44

34

5

58

49

35

6

69

53

35

7

82

55

34

8

99

57

32

10

117

57

30

12

137

54

32

África

2012 (e) 2013 (p) 2014 (p)

Angola Cabo Verde Moçambique S.Tomé e Príncipe Guiné-Bissau

Angola e Moçambique crescem acima da média africana

-2

2

4

6

0

8

10

expansão do sector petrolífero e o incenti-vo à diversificação.Estas estimativas do banco mundial resul-tam do expectável aumento das exporta-ções de hidrocarbonetos, no valor de 65,7 mil milhões de dólares, em 2013, e 62,7 mil milhões em 2014, assumindo um preço mé-dio de 96 dólares por barril de crude. mas subsistem alguns riscos, associados a uma eventual queda dos preços internacionais abaixo dos 85 dólares por barril, “o que se traduziria numa estagnação das reservas cambiais de Angola”. Em 2012, a produção de 1,88 milhões de barris diários, face aos 1,66 milhões veri-ficados em 2011, foi viabilizada pela recu-peração nos blocos de petróleo da Grande Plutónio e da Pazflor e perspectiva a fas-

quia dos dois milhões de barris por dia a ser alcançada em 2015.Na indústria, o African Economic Outlook destaca a aceleração do crescimento de 5,4% em 2011 para 6,7% em 2012, mas, ain-da assim, fortemente condicionado pelas restrições em termos de acesso a “água e energia eléctrica, à falta de pessoal quali-ficado, à indisponibilidade de matérias--primas específicas no mercado local e às dificuldades de acesso ao crédito”. Nos serviços, o ritmo de expansão passou a dois dígitos (12,3% em 2012) face a 8,7% em 2011. #

AnGOlA COnTinuA A CRESCER ACimA dA médiA dO COnTinEnTE, mAS AindA SE mAnTém EnTRE OS PAíSES COm “dESEnVOlVimEnTO HumAnO BAixO”

Conjuntura

31Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

offshore é decisivo

A convergência de Angola para o grupo dos “países de rendimen-to médio” requer não apenas a acumulação de capital natural e

construído, mas também de capital huma-no, pelo que a formação de quadros, com uma meta já avançada de 2,3 milhões, é um factor crítico para o sucesso do desenvolvi-mento angolano.Para 2013, governo e organizações interna-cionais antecipam uma ligeira desacelera-ção, depois dos 7,4% de crescimento esti-mado para 2012. Ao contrário do FmI, que previa uma expansão de 8,5% do sector pe-trolífero, o governo angolano aponta para o contributo de 4,3%, enquanto a activida-de não petrolífera terá progredido 9,1%, sobretudo devido ao dinamismo da ener-gia e agricultura, que avançaram 23,9% e 13,9%, respectivamente. Para este ano, o governo aponta para um aumento de 6,6% do sector petrolífero e de 7,3% para as acti-vidades não petrolíferas, que se traduzirá

para produzir 2 milhões de barrisO petróleo representa metade do PIb e 95% das exportações angolanas. Num mercado internacional volátil, em termos de preços e de procura, com quebra relativa nos consumos da Europa e China, Angola ainda tem margem para aumentar a capacidade de produção, atendendo ao potencial da exploração das actuais e futuras concessões no offshore.

T FátIMA AzeveDo

protagonistas do optimismo em torno do continente africano.Quando, há uns meses, a Economist In-telligence Unit (EIU) estimava que Angola ultrapassaria a África do Sul em 2016 como a maior economia da África Subsaariana, muitos se surpreenderam, sobretudo pelo peso político dos sul-africanos, que já se associaram aos outros bRIC para transfor-mar a sigla em bRICS, que junta as cinco economias emergentes (brasil, Rússia, Ín-dia, China e África do Sul). mas, além do peso político, a África do Sul tem o sistema financeiro mais desenvolvido de África, beneficiando, assim, de instrumentos de

num crescimento de 7,1% do PIb, um pouco acima das expectativas do FmI. A política orçamental expansionista traduzir-se-á num aumento de 27% da despesa, sobretu-do devido ao forte impulso da componente de investimento (+58%), para os 17 mil mi-lhões de dólares, atendendo aos projectos estruturantes ambiciosos para a agricultu-ra, indústria extractiva e transformadora.

AnGOlA PROTAGOniSTA dA ‘AFRiCAmAniA’A ‘Africamania’ que tem vindo a caracteri-zar os mercados internacionais beneficia Angola, que também é um dos principais

Presença Galp no offshore angolano

Bloco 32CONSÓRCIO Galp Energia (5,0%), Total (Operador, 30,0%), China Sonangol (20,0%), Marathon Oil (10,0%), Sonangol (20,0%) e Exxon (15,0%)ÁREA 5.090 km2

TIPO Águas ultra-profundas 1.400 – 2.000 metros

Bloco 33CONSÓRCIO Galp Energia (5,33%), Total (Operador, 58,67%), Falcon Oil (16,0%), Sonangol (20,0%) ÁREA 746 km2

TIPO Águas ultra-profundas (1.800 – 2.500 metros)

Bloco 14CONSÓRCIO Galp Energia (9,0%), Chevron (Operador, 31,0%), Eni (20,0%), Total (20,0%) e Sonangol (20,0%)ÁREA 4.091 km2

TIPO Águas profundas (200 – 2.000 metros)

Bloco 14K-A-IMICONSÓRCIO Galp Energia (4,5%), Chevron Overseas Congo LTD (Operador, 15,75%), CABGOC (15,5%), Sonangol (10,0%), SNPC (7,5%), TFE (10,0%), TEPC (26,75%) e Eni (10,0%)ÁREA 700 km2

TIPO Águas profundas (500 – 1.000 metros)

Luanda

Angola

Bloco 14

Bloco 32

Bloco 33

Benguela

Namibe

Oceano Atlântico

N32 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

financiamento que outros países, como Angola, ainda não dispõem. mas, segun-do o FmI, Angola soube aproveitar uma conjuntura favorável em termos de preços das matérias-primas, nomeadamente do petróleo, para regressar a uma trajectória de crescimento, sem esquecer os esforços fundamentais para acelerar a diversifica-ção das actividades e o programa de cons-trução de infra-estruturas que agilizam a conectividade interna e internacional, e, por isso, decisivos para ganhar escala e competitividade.Se a produção de petróleo pode aumentar dos actuais 1,8 milhões de barris diários para 2,23 milhões em 2017, de acordo com as estimativas da EIU, o investimento não petrolífero tem crescido a dois dígitos nos últimos anos, muito por causa das infra--estruturas, mas a agricultura e a indústria transformadora têm um enorme potencial de expansão. Aliás, de acordo com a OCDE, Angola está entre os 20 países com maior potencial agrícola do mundo, mas cultiva apenas 3% das suas terras aráveis; da mes-ma forma, as pescas são potenciadas pela longa costa, mas a produção corresponde apenas a metade dos stocks efectivos.Na área das utilities, as necessidades do país envolvem um ritmo de investimento na casa dos dois mil milhões de dólares anuais durante a próxima década, segundo o banco mundial, conferindo um poder de atracção nos investidores internacionais. Entre os investidores internacionais, a China tem sobressaído, não apenas na di-namização dos fluxos comerciais centra-dos na importação de petróleo angolano, mas também no financiamento aos projec-tos infra-estruturais. No entanto, o risco de uma excessiva dependência da China po-derá dificultar a diversificação da própria estrutura produtiva. E, apesar de todos os esforços de diversificação, o sector do pe-tróleo e do gás continua a representar 45% do PIb, 70% das receitas fiscais e 90% das exportações.Em 2015, a China poder-se-á tornar no maior importador mundial de petróleo, destronando os EUA. No ano passado, os chineses importaram, em média, 5,4 mi-lhões de barris por dia, menos 2,01 milhões do que os EUA, mas, em Dezembro, atingi-ram os 6 milhões, mais 200 mil barris/dia do que os americanos. Angola é o maior for-necedor de crude dos chineses, com 58% do total em 2012 e, este ano, a quota do petró-leo angolano no abastecimento da China

Economia

Há cerca de 20 anos, a África do Sul era o único país da África Subsariana classificado em termos de rating; actualmente são duas dezenas.Este aumento não se traduz necessariamente numa melhoria substancial das classificações de rating que, na generalidade, se mantêm inalteradas ao longo da última década.Apenas quatro países viram os seus ratings melhorados (Lesoto, Gana, Ruanda, Seicheles e Angola) e apenas Angola e as Seicheles apresentam um outlook positivo.Numa análise aos 13 países africanos que são alvo de acompanhamento pela agência de rating Fitch, verificamos que são divididos em três categorias: os que são classificados como limitados pelo rendimento (Quénia, Ruanda, Moçambique, Zâmbia, Camarões, Lesoto e Uganda), os condicionados por questões orçamentais (Gana, Seicheles e Cabo Verde) e paí-ses produtores de petróleo (Angola, Nigéria e Gabão).De acordo com a agência americana, os maiores desafios são colocados aos países limitados pelo rendimento, na medida em que a subida do respectivo rating dependerá da capacidade de aumentar o rendimento per capita, o que exige muitos anos, mesmo num contexto de taxas de crescimento acima da média do continente. Ainda assim, Moçambique, com rating B, Zâmbia, Quénia e Ruanda são tidos como mais dinâmicos entre os países limitados pelo rendimento.Outro Palop, Cabo Verde, com rating B+, está classificado entre os países mais limitados por problemas orçamentais, devido ao elevado peso da dívida pública, mas o forte desempenho relativo em termos de rendimento per capita e as melhorias no campo orçamental são facto-res positivos para a evolução futura do rating, de acordo com a Fitch.No terceiro grupo – produtores de petróleo – Angola, cuja notação é BB-, é destacada pelo excedente orçamental e externo, reduzida dívida e significativas reservas internacionais num contexto de crescimento rápido da riqueza, sendo, por isso, considerado o país com rating mais dinâmico e com perspectivas positivas.Este optimismo assenta no forte potencial de crescimento, aumento do rendimento per ca-pita, baixas taxas de juro e um quadro sólido das finanças públicas.Mas, tal como a Nigéria, Angola terá de superar o desafio da governação, considerada fra-ca, e avançar decisivamente para a diversificação económica que, para a Fitch, é um factor crítico para uma melhoria do rating. “Angola tem o rating mais dinâmico do grupo e tem actualmente perspectivas positivas, o que reflecte o forte potencial de crescimento, um ren-dimento ‘per capita’ comparativamente elevado, finanças públicas saudáveis e baixas taxas de juro”, acrescenta a agência.

AnGOlA é O ÚniCO PROduTOR dE PETRólEO AFRiCAnO COm outlook POSiTiVO

deverá subir para os 59,4%. Em contraste, os EUA têm reduzido as importações de crude, dado um forte aumento da produção doméstica. África é um activo estratégico para a Chi-na, sedenta de energia, sobretudo desde a chegada ao poder de Hu Jingtao. No pró-ximo triénio, o gigante asiático planeia investir mais 20 mil milhões de dólares no continente africano, tornando-o na sua re-

serva estratégica de energia e no palco de internacionalização das suas empresas.mas a elevada liquidez dos chineses tem sido aplicada na aquisição de activos es-tratégicos no mundo desenvolvido, como as eléctricas portuguesas EDP e REN, mas também da petrolífera canadiana Nexen, que permite à China National Offshore Oil Corporation aceder ao petróleo do Golfo do méxico e do mar do Norte. #

Em 2015, A CHinA POdER-SE-á TORnAR nO mAiOR imPORTAdOR mundiAl dE PETRólEO, dESTROnAndO OS EuA. AnGOlA é O mAiOR FORnECEdOR dE CRudE dOS CHinESES, COm 58% dO TOTAl Em 2012 E, ESTE AnO, A QuOTA dO PETRólEO AnGOlAnO nO ABASTECimEnTO dA CHinA dEVERá SuBiR PARA OS 59,4%

35NREVISTA ANGOLA-PORTUGAL NEGÓCIOS JULHO • AGOSTO • SETEmbRO 2013 • Nº 95

Angola tem vivido transformações profundas que implicam mudan-ças rápidas no Capital Humano. A Católica Lisbon School of bu-

siness & Economics está presente em An-gola desde 1997. Ao longo destes 16 anos tem contribuído para o reforço de compe-tências de centenas de quadros angolanos e estrangeiros e tem testemunhado, por um lado, uma grande mudança nas neces-sidades de formação e, por outro, uma mu-dança do perfil dos quadros inscritos nos seus cursos, em parte coincidente com a mudança de gerações. É verdade que continua a haver um défice considerável na formação de base dos acti-vos, o que terá solução a longo prazo, com uma melhoria constante do ensino básico e secundário, numa modernização que exi-ge mais treino de comunicação, mais ra-ciocínio quantitativo e maior capacidade de resolução de problemas. Ainda assim, estas competências têm sido melhoradas e os quadros superiores que recebemos nas nossas formações revelam cada vez mais um maior domínio de competências de comunicação, mesmo em Inglês, boa capacidade de trabalho com ferramentas informáticas e, sobretudo, uma grande apetência para o conhecimento, suprindo lacunas que persistem no sistema de ensi-no superior.Os grandes desafios dos quadros angola-nos são, sem dúvida, de dois tipos: a capa-citação para lidar com uma economia de mercado muito internacionalizada e a di-

namização das suas organizações para se transformarem e acompanharem o proces-so de desenvolvimento de toda a sociedade angolana, seja a administração pública, as empresas ou outras instituições. É verdade que existe uma elite muito bem preparada, muitas vezes no exterior, mas em muito pequeno número e, portanto, ocupando posições de topo nas suas or-ganizações. A disparidade para o nível de competências do midle management é im-pressionante, o que torna muito difícil a implementação da estratégia e a sucessão dos gestores dentro da organização (pro-blema agravado pela elevada rotação de quadros). Esta discrepância é, particular-mente, relevante pelo facto de os quadros intermédios estarem mais habituados a ser chefiados do que liderados, ou seja, vê-em-se mais como executores do que como corresponsáveis pela dinâmica das organi-zações.

As organizações em Angola têm, pois, de investir muito em formação comporta-mental a todos os níveis, com reforço das capacidades de liderança dos gestores (têm de aprender a ser menos chefes e mais líderes de equipas), ou seja, têm de saber delegar, motivando e responsabilizando as suas equipas, procurando desenvolver as competências dos seus elementos. Do mesmo modo, há que colmatar as de-ficiências na formação de base dos qua-dros, promovendo o conhecimento dos principais modelos de funcionamento das economias de mercado (concorrência, re-gulação, políticas financeira, monetária, etc) e dos modelos de negócio (banca e in-

vestimentos, energia, água e saneamento, imobiliário, transportes, agro-industriais) e funções de gestão (finanças, marketing, logística, recursos humanos, gestão de projectos, sistemas de informação). O do-mínio destes conhecimentos é tanto mais importante quanto a economia angolana está cada vez mais internacionalizada, não só através das empresas estrangeiras que se encontram a trabalhar em Angola, mas também com investimento angolano no exterior.Formar muitos e bons gestores não é ta-refa fácil, sobretudo porque tem de haver estruturas capacitadas para o fazer. Desde logo, universidades que têm um papel cen-tral nesta tarefa. Foi interessante consta-tar o crescimento vertiginoso no ensino superior, sobretudo em quantidade. É gra-tificante perceber que agora se assiste a um desenvolvimento mais orientado para a exigência e a qualidade do trabalho de-

senvolvido, um aumento de competição saudável, muitas vezes com recurso a par-cerias com instituições internacionais de prestígio. É dentro desta linha que a Ca-tólica Lisbon tem desenvolvido parcerias com instituições angolanas com quem par-tilha a mesma ambição pela excelência. É o único princípio válido quando se pretende desenvolver líderes. #

“AS ORGAniZAçõES Em AnGOlA Têm, POiS, dE inVESTiR muiTO Em FORmAçãO COmPORTAmEnTAl A TOdOS OS níVEiS, COm REFORçO dAS CAPACidAdES dE lidERAnçA dOS GESTORES, Ou SEJA, Têm dE SABER dElEGAR, mOTiVAndO E RESPOnSABiliZAndO AS SuAS EQuiPAS, PROCuRAndO dESEnVOlVER AS COmPETênCiAS dOS SEuS ElEmEnTOS”

Prof. José Filipe Rafael Diretor-Geral para África da Católica Lisbon School of Business & Economics

desenvolver líderesOpinião

N36 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Opinião

Numa conjuntura em que os prin-cipais destinos das exportações portuguesas, Europa e sobretu-do Espanha, se encontram em

recessão, parece claro que as empresas portuguesas irão continuar o esforço de diversificação que têm vindo a desenvol-ver, quer em termos de exportações quer em termos de internacionalização, procu-rando novos mercados. Pelas afinidades culturais e linguísticas e pelo potencial de oportunidades que re-presenta, Angola surge como uma opção natural.A economia angolana tem apresentado, nos últimos anos, elevadas taxas de cres-cimento. Para 2013, perspetiva-se uma li-geira desaceleração face a 2012, devendo ainda assim atingir um crescimento de 6,2% segundo as estimativas do FmI. Para além do potencial de crescimento, Angola tem uma situação política e social estável e um ambiente favorável ao inves-timento estrangeiro, sobretudo nas Zonas Administrativas Especiais, onde existem incentivos relacionados com sectores como: agropecuária, indústria de trans-formação, pescas e derivados, construção civil, saúde, educação, infra-estruturas rodoviárias, portuárias e aeroportuárias, telecomunicações, energia e águas ou equipamentos de grande porte de carga e passageiros.O petróleo ainda tem um excessivo peso na economia, representando mais de 90% das receitas das exportações angolanas, com os riscos que esta dependência im-plica. No entanto, o Governo angolano tem vindo a fazer um esforço no sentido de diversificar a economia, desígnio que constitui a prioridade absoluta do Plano

muito mais do que petróleo*AngolaAngola continua a ser um destino incontornável na internacionalização das empresas portuguesas.

O Banco Millennium Angola, como outros bancos angolanos, tem contribuído para o desen-volvimento do país, ao financiar os projetos de infra-estruturas, ao reduzir a “informalida-de” da economia, apostando na eficiência, através de ATM, POS, banca por internet e desen-volvimentos tecnológicos. O BMA representa uma forte parceria entre Portugal e Angola, evidenciada pela estrutura de capital do banco. Desde a sua fundação em 2006, o BMA tem mostrado um crescimento contínuo e sustentado, quer em termos de resultados, quer em número de clientes, de financiamento à economia ou número de sucursais

PRESEnçA FORTE Em AnGOlA

de Desenvolvimento 2013-2017. As oportunidades para as empresas por-tuguesas envolvem, assim, praticamente todos os sectores, quer em termos de ex-portações quer de investimento directo, com destaque para as infra-estruturas, agricultura e indústrias relacionadas, telecomunicações, tecnologia e energias renováveis.O sucesso de qualquer projecto de inves-timento num mercado externo depen-de, em primeiro lugar, da sua qualidade

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Resultados LíquidosMUSD

Empréstimos a ClientesMUSD

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

72,9 173,6302,9

453,8606,5 644,3 686

mas também, em larga medida, da sua adequação à realidade e necessidades do país de destino e da sua relevância para o desenvolvimento nacional. Para isso, é fundamental conhecer profundamente as especificidades do país, o enquadramento legal e regulamentar, o sistema fiscal, o ambiente de negócios. Sempre que pos-sível deverá apostar numa parceria local para facilitar o conhecimento do mercado e a integração no país. #

* millennium bcp

N40 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Especial G lfe

com espaço para crescerGolfe em Angola

Embora a modalidade careça ainda de muitos apoios e investimentos, a começar pela criação de uma Federação desportiva, o golfe começa a ser uma realidade em Angola. Os projectos começam a consolidar-se e os praticantes a criar rotinas e hábitos.

T AndreiA SeGuro SAncheS | F Bruno BArAtA/Becomm

A palavra golfe provém do inglês golf que, por sua vez, vem do alemão kolb, que sig-nifica taco. Embora não exista uma tradição de prática de golfe em Angola – que é jogado maioritariamente por expatriados: portugueses, sul-coreanos, chineses, japoneses, americanos, sul-africanos, entre outros - nos últimos dois anos, a mo-

dalidade ganhou mais fãs no país. Fala-se em vários projectos de campos de golfe, sendo alguns na zona de Luanda, e os já existentes têm cada vez mais jogadores, embora o processo de popularização ainda não tenha atingido os números necessários.Actualmente, a oferta no país ainda é escassa, existindo apenas campos de golfe de pro-priedade privada. Na Europa, por exemplo, já existem campos municipais. Mais humildes em termos de exigências técnicas e de beleza natural, mas mais baratos.

Golfe em Angola

41Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Potencial turísticoPara além disso, é necessário criar uma Federação Desportiva que apoie a modali-dade para que os jogadores mais conceitu-ados não tenham de estar filiados na Fede-ração Portuguesa de Golfe, para poderem participar em competições internacionais. “Esta será uma plataforma de lançamento e divulgação da modalidade”, diz Miguel Lourenço, Director do Mangais Golf Club. É, pois, preciso criar mais clubes, criar es-truturas capazes de formar jovens, ter bons profissionais e fazer um trabalho de sensi-bilização junto da população e dos media, para que se apercebam as potencialidades desportivas, turísticas e financeiras desta modalidade. Se nos Estados Unidos da América e em In-glaterra, duas das grandes potências, esse dinheiro é gerado quase inteiramente em instalações desportivas no país, em Angola o negócio deve centrar-se no imobiliário e no turismo.Embora existam muitos expatriados a jo-gar, o número pode aumentar se houver condições para que os turistas que passam por Angola, o façam também com o intuito de jogar golfe num dos campos existentes. Se aumentar o número de jogadores, mul-tiplica-se o dinheiro investido e o dinheiro gerado pela indústria que move o golfe: ex-ploração directa de campos, investimentos em instalações, fornecedores de equipa-mentos, torneios, associações e prémios de jogo. No entanto, António Sobrinho avisa que “não podemos pensar em Angola como um destino turístico do género de Portu-gal. Os turistas europeus não irão para An-gola jogar golfe por causa do clima, é muito quente. Talvez 1%. Mas Angola pode fazer concorrência ao Dubai, à Índia ou até mes-mo aos Estados Unidos”.

o golfe não é elitistaQuanto ao mito de ser um desporto elitista, cada vez existem mais jovens e membros da classe média a jogar. Como referiu Mi-guel Lourenço, “infelizmente o golfe ainda está associado às classes sociais média/alta, mas com tendência a mudar. Cada vez mais podemos encontrar equipamentos a preços muito acessíveis e com a abertura de campos municipais a modalidade será também mais acessível. Para que a moda-lidade deixe de ser elitista, terá que ter a ajuda das Federações, dos Clubes e Asso-ciações, para a criação de programas de

incentivo aos jovens e abrindo campos de golfe a todas as classes sociais”. A mesma opinião é partilhada por António Sobrinho, “o golfe tem de entrar nas escolas. Pode ser através do mini-golfe, uma vez que hoje em dia já há tacos e bolas de plástico. Pode-se dar formação às escolas, para que as pesso-as vejam o golfe como um modo de vida. A verdade é que Angola ainda é muito carente a nível de cultura desportiva, tal como Por-tugal”.Em relação ao perfil dos jogadores que fre-quentam os campos em Angola, constata-se que é um público maioritariamente mascu-lino e diversificado, tanto na variedade de nacionalidades, como na diversidade de profissões, em que se podem encontrar “ad-ministradores de companhias, engenhei-ros, gestores, embaixadores, diplomatas, entre outros”, refere Miguel Lourenço. #

O primeiro campo de golfe em Angola foi construído em 1935, no Alto da Catumbela, em Benguela. Um ano depois foi inaugu-rado Clube de Golfe de Luanda e, poste-riormente, surgiram mais campos nas ci-dades do Huambo, Dundo e Soyo. Em 1993 iniciou-se a construção do campo pelado do Morro dos Veados, inaugurado em 1996, pelo Presidente da República, José Eduar-do dos Santos. De acordo com António So-brinho, jogador natural de Angola que foi 11 vezes campeão de Portugal na modali-dade, este campo é dos mais bonitos onde já esteve, “com paisagens magníficas e de rara beleza”. Há dois anos abriu o primeiro campo relvado, o Mangais Golf, ao pé do rio Kwanza.Contudo, para que esta modalidade despor-tiva, turística e de lazer se expanda, massi-fique e se desenvolva é necessário investir na modalidade e construir mais campos noutras províncias do país. Até porque a construção deste tipo de infra-estruturas traz inúmeros benefícios para a sociedade e o meio ambiente.

•Ogolfeéamodalidadequemaiscrescenomundo:10%aoano.

•Étambémodesportoqueapresentamenoríndicededesistênciaentreosiniciados:emcada10pessoas,8conti-nuamajogar.

•NaÁsiahá31milhõesdejogadores,dosquais20milhõessãojaponeses.

•Umcampodegolfeoficialocupacercade1milhãodemetrosquadrados.

•Cadaburacoéplaneadoparatestarahabilidadedosjogadores-háburacosconsideradosfáceiseoutrosdifíceis.

•Ogolfetambémpossibilitaqueosjoga-doresmaisemenosexperientespossamdisputarumapartidaentresi,atravésdosistemahandicap,quesãotacadasdebonificaçãodadasaojogadormenosexperienteparaseremdescontadasaofinaldojogo.

•Ohandicapvariade0a28parahomensede0a36paramulheres,e,conformeojogadorprogridenestedesporto,vai‘baixando’ohandicap,atéchegarazero,prosseguindocomoamadorouprofissional.

•Osprincipaistiposdetacossãodivi-didosnosseguintesgrupos:Putter;Ferros;Híbridos;Madeiras;Driver.

•Osprincipaiscampeonatosdegolfesão:Masters,U.S.Open,BritishOpenePGAChampionship.

•TigerWoodséconsideradoomelhorjogadordoséculoejáganhoudiversoscampeonatos.

factos Do golfe

N42 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Mangais golf club

Pestana golf resort

LocalizadonoladoesquerdodaBarradoKwanza,juntoàfozdorio,oMangaisGolfpossuiumcamporelvadode18buracos,desenhadopeloarquitectoJorgeSantanadaSilva,estandonestemomentoemfasedeconstruçãomais9buracos,quedevemestarconcluídosem18meses.Ocomplexoincluiaindaumaáreaimobiliáriacompostapor78lotesde3milm2cada,paraconstruçãodemoradiasde500m2.“OobjectivodaMangaiséserumareferênciaanívelnacional,dadoseroprimeiroresortnopaísaoferecerexcelentescondiçõesdelazerparaosvisitanteseparaosmoradores”,revelouMiguelLourenço,DirectordoMangaisGolf.Oresortédotadoaindadeoutrasinfra-estruturasdeapoio,dasquaissedestacamamarinafluvialpara30embarcações,umaeródromocomumapistaasfaltadade2km,segurançaprivadaetransportes.AáreadelazerintegracamposdeténiseumhotelcomSPA,entreoutrasofertas.Actualmente,afuncionarcom100colaboradores,oMangaisGolfresultadeuminvestimentodemuitosmilhõesdeUSD,dosquais50milhõesforamdestinadosàconstruçãodocampo.Comcaracterísticasdeumchampionship course,ocomplexoapresentaváriasopçõesdetees,oquepermiteaosjogadoresalternaroseujogo.ArelvaescolhidaéaSeashore Paspalum,arelvaque“melhorseadaptoutantoaoclima,comotambémaotipodeáguaquetemos”,explicouMiguelLourenço,quedesejareceberumaprovadoEuropean TouremAngola.#

OPestanaGolfResort,localizadojuntoàpequenavilapiscatóriadoCarvoeiroecomaSerradeMonchiquecomocenáriodefundo,éumdoslocaisideaisnoAlgarveparaapráticadegolfe.Oempreen-dimento,queseestendepor260hectares,dispõedeváriasopçõesdealojamento,desdeapartamentoscomum,doisoutrêsquartostotalmenteequipados,àsmoradiascomamplosespaçosinterioresepiscinaprivada.Oresortoferecedoiscamposdegolfecom18buracoscada:ocam-poGramachocomaassinaturadeNickPrice,com27greenseváriospontosdetee,eoValedaPintacomoestatutodeChampionship,desenhadoporRonaldFream,comfairwaysderelvaBermuda,bunkersdeareiabrancaestrategicamentecolocadosegreensemrelvaPenCrossBent.Apaisagemenvolventeabarcaplantaçõesdealfarrobeiras,figueiras,amendoeiraseoliveiraseépontilhadaporpequenoslagos.OmodernoClubhousedoPestanaValedaPinta

oferecePro-shopcommarcasdegolfeconceituadas;aluguerdetacos,tróleisebuggies;balneários;restauranteebarcomvistaparaosfairwayseBuggy bar.OPestanaGolfResortdispõeaindadeoutrasinfra-estruturascomoumaacademiadegolfe,umdriving range,várioscamposdeténis,piscinascomuns,bareserestaurantes.OGrupoPestanadáaindaapossibilidadeaosproprietárioseaoshóspedesdeutilizaremdeformagratuitamaisquatrocamposdegolfePestana:Alto,SilveseVilaSolnoAlgarveeoBeloura,pertodeLisboa.Amenosdetrêshorasdevoodedistânciadasprincipaiscapitaiseuropeias,oPestanaGolfResortéumareferênciapeloambientefamiliaredesegurançaquetransmite,sendoumespaçoidealparaapráticadegolfe.#

Especial G lfe

N42 ReViSTAANGOLA-PORTUGALNeGóCiOSJULHO • AGOSTO • SETEMBRO 2013 • Nº 95

N44 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

um campeão em PortugalAntónio Sobrinho

Angolano de nascença, foi em Portugal que viu o seu talento desabrochar. 11 vezes Campeão de Portugal, António Sobrinho é um ‘Ás’ no Golfe. Hoje, já na ‘reforma’, põe o seu conhecimento ao serviço dos outros, dando aulas em regime de exclusividade no Vale do Lobo Golf, um dos mais exclusivos da Europa.

Nasceu em Mungualdo, Angola, mas cedo (2 anos) veio viver para Portugal, com os tios e com os avós. Aos 8 anos já trabalhava no

campo de golfe da Quinta do Lago como caddie, “para ganhar uns trocos”. Nunca pensou em ser golfista, “achava que era um desporto para velhos. Mas enganei--me”. O acaso bateu-lhe à porta quando o convidaram para participar num torneio de juniores. Até então nunca tinha pegado num taco de golfe a sério. “Faltavam miú-dos para a equipa da Quinta do Lago entrar no torneio e lançaram-me o desafio. Torci o nariz. Pensava que era fácil, mas quando peguei no taco percebi que exige muita téc-nica, concentração e precisão. Passei horas a tentar acertar na bola e depois a tentar levantá-la até que, passado uma semana de muita persistência, consegui”, recorda. No entanto, o talento estava lá, era só desbra-var caminho e dedicar-se à causa. E assim aconteceu. Em 1991 tornou-se profissional, no mesmo ano em que se naturalizou por-tuguês. Desde então, ninguém o parou. Onze vezes campeão nacional de golfe em Portugal, com um jogo fortíssimo, e outros tantos títulos em torneios a juntar ao pal-marés. Um feito inédito ao alcance de pou-cos. Uma lesão no joelho atirou-o para fora das competições. Representou Portugal em competições internacionais, viveu na Áfri-ca do Sul, em Inglaterra, na Áustria e ain-da nas Filipinas durante 3 meses, “uma das melhores fases da minha vida”. O maior amargo de boca que sente é esse, não ter ficado nas Filipinas. “Iria certamente ter outras oportunidades, uma vez que o golfe estava a desenvolver-se na Ásia. Hoje todos os circuitos contam com asiáticos”, subli-nha. Mas as saudades de Portugal falaram mais alto. Em 2000 começa a ensinar e a rentabilizar os seus conhecimentos e expe-

Especial G lfe

N44

N46 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

•Birdie-Terminaroburacocomumataca-daabaixodopar(-1);

•Bogey-Terminaroburacocomumatacadaacimadopar(+1),oucategoriadejogadoresquejogacomhandicap18(umatacadaacimaparacadaburaco);

•Buggy-Ofamosocarrinhodegolfe;•Caddie-Ajudantedogolfista,carregaabolsaeostacosepodeauxiliarcompalpitesedicas;

•Course-Todoopercursode18buracos;•Drive-primeiratacadaapartirdotee;•Eagle-Terminaroburacoduastacadasabaixodopar(-2);

•Fairway-Percursoentreoteeeogreenemqueaboladevecairduranteojogo;

•Green-Áreaondeficaoburacocomarelvamuitofina,compactaeaparadarenteaosolo,quepermiteàbolacorrer;

•Green fee-Preçoquesedevepagarparajogarumapartida;

•Handicap-Éumamedidacompropósitodebalancearjogadoresdediferentesníveis,porexemplo,profissionaisjogamcomhandicap0einiciantesentre40e18,dependendodoseu‘currículo’numclubedegolfe.Asregrasparaessamedi-davariamdeclubeparaclube;

•Hole-in-Acertarnoburacoapenascomumatacada.Namaioriadosclubesdegolfe,ojogadorquerealizaessa“proeza”ganhaalgumprémio;

•Match-Play-Competiçãoemqueoven-cedoréoqueacertaomaiornúmerodeburacos;

•Par-Númerodetacadasdereferênciapré-definidasparacadaburaco.AcertaroburacocomestenúmerodetacadassignificafazerumPar;cadaburacotemoseuparecadacampotemumpartotal;

•Tee-Éopinoemqueécolocadaaboladegolfeparadara(primeira)tacada.

Vocabulário Do golfe

riência. Deu aulas na Quinta do Lago, em Vilamoura, no Campo da Estela, na Póvoa do Varzim e, actualmente, fixou-se no Vale do Lobo Golf, onde trabalha toda a época. “Adoro o Algarve. É a minha região de elei-ção e quase sempre vivi aqui. Adoro o facto de conhecer e ver pessoas diferentes todos os dias, devido aos inúmeros turistas que nos visitam durante o ano”, conta o jogador que aproveitou o dia com a Revista Angola Portugal Negócios para voltar a jogar uma partida com a campeã nacional, Susana Mendes Ribeiro. Aos 22 anos, a jovem por-tuense quer ser profissional de golfe. Um talento em ascensão, que desistiu do volei-bol para se dedicar a esta modalidade. António Sobrinho aproveitou o momento para lhe dar umas “dicas”. #

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N48 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Multitel crescimento, expansão e novos investimentos Os últimos anos têm sido de forte crescimento para a Multitel. 2013 não será excepção, perspectivando-se um aumento de 18% no volume de negócios da empresa de telecomunicações angolana. Um crescimento que será acompanhado de fortes investimentos.

T mAnuelA SouSA Guerreiro | F dr

A empresa de telecomunicações Multitel aproveitou o impulso do início do novo ano para lançar uma nova imagem, “mais moder-

na e ousada”, e um novo produto, dirigido ao segmento de micro, pequenas e médias empresas. Na prática, esta nova aposta representa a entrada da empresa de tele-comunicações angolana num novo, e actu-

almente bastante dinâmico, segmento de mercado. O desenvolvimento dos grandes projectos serviu de lançamento ao nas-cimento de pequenas e médias empresas (PME) prestadoras de serviços. Este em-preendedorismo é também fortemente en-corajado pelo Estado, que criou uma série de incentivos públicos. Na prática, significa a criação de um tecido

empresarial com necessidades específicas, às quais é preciso dar resposta. “Isto não significa que tenhamos mudado a nossa forma de estar no mercado ou os nossos valores. Temos o nosso foco no cliente, desenvolvemos soluções personalizadas adaptadas às suas necessidades e que me-lhor se adequam à evolução do seu negócio. Até aqui tínhamos concentrado os nossos

Vida Empresarial

N50 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

serviços no segmento corporate, grandes empresas, e agora passámos a olhar tam-bém com atenção este novo segmento de MPME”, explica António Geirinhas, direc-tor-geral da Multitel. Desde 2010 que esta empresa de teleco-municações participada pela Portugal Te-lecom (40%), pela Angola Telecom (30%) e pelo Banco de Comércio e Indústria (20%) tem registado um grande crescimento na sua operação. “A economia angolana puxa muito por nós”, admite António Geirinhas. “Não há crescimento económico nem de-senvolvimento sem telecomunicações, tal como não há sem energia ou sem infra-es-truturas básicas. O crescimento que regis-támos nos últimos anos foi impulsionado pela necessidade de criar condições para que outras empresas se instalassem, com qualidade e com níveis de produtividade interessantes. Por isso, a Multitel tem cres-cido mais do que a própria economia ango-lana. Em 2012 crescemos 21% e este ano perspectivamos um crescimento de 18%”, revela o director-geral da empresa.

cresciMento acoMPanha DinâMica econóMicaA forte expansão do sector bancário e segu-rador, onde a empresa tem um market sha-re de 52%, tem influenciado o crescimento da empresa de telecomunicações angolana, mas não é o único. “As empresas de cons-trução civil estão hoje presentes em todo o país e as suas operações precisam de suporte das telecomunicações. Também o próprio sector público necessita de redes de dados fortes para a sua operação e mo-dernização. Estou a lembrar-me, por exem-plo, da segurança social. Hoje as declara-ções das empresas para a Segurança Social seguem por via informática, à semelhança do que se faz na Europa. Há sectores que estão claramente à frente, inclusive a pró-pria indústria, que começa agora a despon-tar. Temos clientes na área automóvel, na distribuição alimentar, entre outros. Te-mos mais de 400 grandes clientes na nossa carteira, que depois se desdobram em mi-lhares de acessos e serviços que são presta-dos um pouco por todo o país”, contabiliza António Geirinhas. Apenas o sector petrolífero permanece por conquistar, dada a presença de um outro concorrente. “Quem pensa que o mercado das telecomunicações em Angola não é concorrencial engana-se”, sublinha Antó-nio Geirinhas. Actualmente, são cinco os

operadores licenciados pelo Executivo, a Multitel, a Angola Telecom, a Mercury MS Telecom (grupo Sonangol), a Startel e a ACS Angola Comunicações e Sistemas. Atendendo às caraterísticas do mercado e às ligações accionistas existentes entre algumas empresas, António Geirinhas admite que no futuro haja uma re-orga-nização do sector, o qual poderá implicar algumas fusões ou aquisições. “Não acre-dito na entrada de mais operadores, com excepção de um terceiro operador de rede móvel, que já é esperado. Neste segmento

o que poderemos assistir, isso sim, é a uma re-organização, seguindo a tendência que se verificou noutros mercados de fusão dos operadores”, sustenta o responsável. Pode-rá a Multitel ser abrangida por esse movi-mento? António Geirinhas não descarta essa possibilidade. “Há vários cenários que se podem desenvolver”, refere a propósito.

inVestiMento e exPansão geográfica O crescimento do volume de negócios e da actividade da empresa tem sido acompa-nhado também pela realização de investi-mentos na construção de novas platafor-mas de serviços, modernização de redes e ampliação e formação do seu corpo técni-co. Nos últimos três anos o volume de in-vestimento ultrapassou os 10 milhões de USD e, de acordo com António Geirinhas, o ritmo do investimento deverá manter-se nos próximos anos, “porque a economia as-sim o exige”, justifica. No final do ano passado, a empresa apos-tou na abertura de uma filial em Benguela, que foi acompanhada pelo investimento em infra-estruturas de suporte à distribui-ção dos serviços locais, que irá gerir o mer-cado do Huambo e Lubango, perspectivan-do-se a abertura de novas filiais noutras províncias em 2014.A empresa conta com uma rede parceiros e de agentes comerciais, sendo especializa-da no desenvolvimento de soluções chave--na-mão. António Geirinhas acredita que com a entrada no segmento das MPME será possível construir pacotes de oferta (com voz, dados e internet) que depois se-rão adaptados a cada um dos clientes. É uma nova forma de trabalhar para uma empresa habituada a responder aos desa-fios das grandes empresas. “O nosso maior trunfo são os nossos qua-dros. Somos 125 e apenas três pessoas não são angolanas”. O crescimento da activida-de obrigou ao recrutamento de novos qua-dros, um processo de expansão que ainda está em curso. “Entre 2010 e 2012 sofremos o que se pode chamar ‘as dores do cresci-mento’. Crescemos muito, o que nos levou a implementar um processo de reorganiza-ção interno, com definição de novas com-petências e formação e capacitação dos quadros para o novo know-how e tecnolo-gias. É um desafio permanente e constan-te. Vamos continuar a crescer e até ao final do ano seremos 145. Somos já uma grande família”, acrescenta António Geirinhas. #

o cresciMento que registáMos nos últiMos anos foi iMPulsionaDo Pela necessiDaDe De criar conDições Para que outras eMPresas se instalasseM, coM qualiDaDe e coM níVeis De ProDutiViDaDe interessantes. eM 2012 cresceMos 21% e este ano PersPectiVaMos uM cresciMento De 18%”, António Geirinhas, director-geral da Multitel

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53Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

O grupo Manuel Serra é um dos gru-pos portugueses mais antigos no sector do azeite. Até 2009 o grupo tinha centrada a sua atenção no

mercado nacional, com uma presença ex-terna limitada a seis mercados, sendo que só o Brasil respondia por 90% das suas ex-portações. A estratégia adoptada para o pe-ríodo 2010-2013 inverteu este quadro, rom-peu com tradições e fez do grupo um player mundial do sector. Decisivo foi o investi-mento na modernização e automatização das duas unidades industriais do grupo e a aposta na implementação de alguns dos principais normativos internacionais de segurança alimentar, como a certificação International Featured Standards (IFS). “O investimento efectuado permitiu-nos aumentar a capacidade de produção diária em 120%. Hoje temos 16 linhas de emba-lamento e capacidade para 17 mil caixas/dia. Mas tão importante como a moderni-zação das unidades foi a implementação dos vários requisitos internacionais que nos obrigaram a uma nova re-organização, à formação intensiva dos nossos quadros e à introdução de novos hábitos e métodos de trabalho. Somos mais exigentes com o nosso trabalho e com a qualidade do nosso produto”, explica Joaquim Martins, direc-tor de Exportação do grupo. Com o aumento exponencial de produção em vista, o grupo centrou a sua atenção no mercado internacional, “não foi a crise que nos obrigou a focar noutros mercados, até porque continuamos a crescer no mercado

T mAnuelA SouSA Guerreiro | F Bruno BArAtA/Becomm

português, mas sim a nossa ambição de crescer mais. Tínhamos capacidade de pro-dução, logo tínhamos que ter mercado para fazer valer o investimento que foi feito. Na altura traçámos uma estratégia e estabele-cemos como objectivo crescer de seis para 20 mercados, até 2013”, sublinha Joaquim Martins. Uma meta superada, já que pre-sentemente a empresa está em 32 países. “Teimosia e persistência”, explicam parte do sucesso. “Em alguns mercados senti-mos que entrámos tarde, face à concorrên-cia da Espanha, Itália e Grécia, os grandes produtores mundiais de azeite. Inclusive, em alguns países nem sequer sabiam que Portugal também é um produtor de azeite. Mas apostámos em feiras internacionais

e numa maior divulga-ção do nosso produto. Uma estratégia que também foi seguida, quase que simultane-amente, por outros grupos portugueses do sector.O que reforçou a imagem de Portugal como produtor de bom azeite”, sublinha Joaquim Martins. Três anos depois, o Brasil continua a ser o mercado número um do grupo, absorvendo 50% das suas exportações. Em segundo lu-gar surge a França, seguida pela Índia, pelo mercado norte-americano e o Canadá e, em quinto, pelo grupo de países africanos, An-gola, Moçambique e Cabo Verde. “Estamos presentes em vários continentes, somos muito fortes na Europa, onde exportamos para quase todos os países. Estamos na Ín-dia, um mercado que constituiu uma sur-presa, mas que tem uma classe média em grande crescimento e onde o consumo do azeite está também em forte crescimento. Estamos na Rússia, o nosso sexto mercado, com uma classe média também ela emer-gente e ávida de novas experiências”, inú-mera o director de Exportação.

Em 2010 o grupo Manuel Serra apostou forte na internacionalização. Hoje exporta para 32 mercados, produz para 51 marcas próprias, para além das sete do grupo. Angola é paragem obrigatória nesta rota de expansão.

grupo Manuel serraAzeite português em expansão

N54 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Maior ProDutor MunDial De Marcas PróPrias Em três anos o grupo tornou-se o maior pro-dutor mundial de marcas próprias, acom-panhando o ritmo de crescimento deste segmento de mercado. “Em França, 67% do azeite já é da marca do distribuidor e, por toda a Europa, esta é uma tendência que está a crescer. Hoje somos capazes de pro-duzir qualquer perfil de azeite que nos seja pedido e, actualmente, já produzimos 51 marcas próprias”, refere Joaquim Martins. Mas são as marcas do grupo que o director de Exportação gosta de destacar. “Temos as nossas sete marcas que exportamos para os 32 mercados, sobretudo a marca Serrata, para um segmento médio, Vila Flor, para um segmento gourmet, e Beirão, um produ-to mais competitivo em termos de preço”. Em Angola, o grupo entrou de forma mais consistente, há dois anos, com a marca Serrata. As perspectivas de crescimento no mercado são grandes, alicerçadas em par-cerias com os grandes grupos de distribui-ção moderna, como o grupo Kero, o Jumbo ou o sul-africano Shoprite e também na parceria com um importador/distribuidor local. “Definimos Angola como um dos nos-sos alvos de crescimento para os próximos anos. Entrámos no mercado há dois anos com uma enorme vontade de crescer e de

crescer rapidamente e fomos obrigados a desacelerar e a rever a estratégia. Foi pre-ciso deixar que o país desenvolvesse a sua infra-estrutura rodoviária e ferroviária e de distribuição. E neste ponto de vista é um país que se desenvolve muito rapida-mente. Tivemos uma primeira experiência com um parceiro local que não correu bem. Estamos em negociações com vários im-portadores/distribuidores e esperamos até

ao final do ano firmar um acordo”. Este é um factor estratégico para conseguir che-gar aos grandes mercados distribuidores. Afinal, é preciso não esquecer que apenas uma pequena parte da população do país se abastece em lojas convencionais, não obstante o grande impulso que o sector tem vindo a conhecer nos últimos anos. “Estamos, no fundo, a seguir a estratégia que adoptámos no Brasil. Aqui também en-trámos com as grandes redes de supermer-

cado. Numa segunda fase estabelecemos parcerias com grandes distribuidores/im-portadores. Em Angola é o que está a acon-tecer. Muito possivelmente, dada a dimen-são do país, iremos estabelecer mais do que uma parceria, uma para a região de Luanda e norte e outra para o mercado de Benguela e Lobito”, explica Joaquim Martins. O gru-po afasta a possibilidade de investir numa plataforma de distribuição própria, “uma estratégia que talvez há uns anos fizesse sentido mas, hoje com o desenvolvimento do mercado e com o surgimento de actores locais com capacidade e conhecimento do país, não faz sentido”, justifica o director de Exportação. Para o grupo Manuel Serra, Angola pode ser também uma plataforma de entrada noutros países. O grupo olha com atenção para a África do Sul, para a Namíbia ou para o Botswana. Para além da posição ge-ográfica estratégica, a parceria com o gru-po sul-africano Shoprite pode estender-se a outras latitudes. “Temos parcerias com os grandes grupos mundiais como o Carre-four, França, o Aldi, Alemanha, o Walmart, EUA. Gostaríamos de aprofundar e alargar a parceria também com esta rede de mo-derna distribuição sul-africana, seja com as nossas marcas seja com a criação de marcas próprias”, refere Joaquim Martins. Enquanto perspectiva sobre o futuro, o di-rector de Exportações olha também para o presente. O ano passado as exportações do grupo absorveram 50% da produção e valeram mais de 32 milhões de euros. Em 2013 as exportações vão continuar a cres-

cer, ultrapassando, pela primeira vez, o mercado nacional (no primeiro trimestre do ano 60% da produção foi para os merca-dos externos e a tendência deverá manter--se, apesar do mercado nacional também continuar a crescer). Para esta inversão da balança irão contribuir, pela primeira vez, os mercados árabes para onde o grupo começa a preparar a exportação. Mais um ponto numa rota de expansão que já dá a volta ao mundo. #

eM angola, o gruPo entrou De forMa Mais consistente, há Dois anos, coM a Marca serrata. as PersPectiVas De cresciMento no MercaDo são granDes, alicerçaDas eM Parcerias coM os granDes gruPos De Distribuição MoDerna

Vida Empresarial

57Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Sob o comando de Pedro Almeida Gonçalves, o Grupo Elevo começa a delinear a sua estratégia de actu-ação. “Internacionalização”, “cons-

trução”, e “parcerias” são os elementos--chave para perceber como aquele que é o quarto maior grupo de construção em Portugal vai actuar. A nova marca foi apre-sentada ao mercado em meados de Maio, mas o processo que irá levar à fusão das quatro construtoras começou ainda em 2011, no seio da Vallis. Em conjunto com alguns quadros com experiência no sector da construção, esta private equity decidiu arrancar no final de 2011 com um projecto que associasse a vertente de consolidação do sector da construção em Portugal, com a criação de um grupo com músculo para se tornar um player internacional, perspec-tivando, desta forma, a recuperação de al-gumas empresas que começavam a entrar numa situação económica e financeira difí-cil, devido à contracção do mercado portu-guês de construção e obras públicas. “Este é um projecto consensual que envolveu três partes: os promotores do projecto, as enti-dades financiadoras e os accionistas das empresas. O primeiro passo foi dado em Março de 2012, com o acordo de aquisição da Edifer. Em Agosto foram adquiridas a Hagen e a Monte Adriano e, finalmente, em Dezembro do ano passado foi comprada a Eusébios”, conta o presidente do Grupo Ele-vo. Para Pedro Almeida Gonçalves estes são os três milestone que permitem “virar a pá-gina e entrar em 2013 com massa crítica

grupo elevoconstrução ganha novo player com dimensãoO processo de fusão da Edifer, Hagen, Monte Adriano e Eusébios deu origem a uma nova construtora, com dimensão para avançar para o mercado internacional. As atenções do Grupo Elevo estão centradas nos dois lados do atlântico, mas é Angola que assume, por enquanto, o protagonismo.

T mAnuelA SouSA Guerreiro | F Bruno BArAtA/editAndo

mínima em termos de grupo. E o que é que isto significa? Por um lado, ter um conjun-to de competências técnicas ao nível dos recursos humanos e de equipamentos que nos permitem cobrir todas as valências da actividade de construção e engenharia com recursos próprios. Por outro, ter expressão em alguns mercados o que nos catapulta já para o processo de internacionalização”, explica. Hoje o Grupo Elevo tem uma carteira de encomendas de cerca de 900 milhões de euros, 75% a nível internacional, projecta um volume de negócios para 2013 na ordem dos 600 milhões de euros e emprega 4500 trabalhadores (3200 dos quais fora de Por-tugal).

Projecto ‘integrar’, coM fusão eM Mente O processo de fusão das quatro entidades, que na verdade representam um universo empresarial de 174 entidades (contando com as participações), não está ainda con-cluído. “Começámos por criar sinergias internas. No início deste ano unificámos, em Portugal, o centro corporativo - recur-sos humanos, jurídicos, contabilidade, financeiro, sistemas de informação, etc.. Hoje existe uma única entidade que pres-ta serviço a todas as empresas. Unimos a área de aprovisionamento e também a área de estudos e propostas técnico-comercial, passando a alinhar a estratégia comercial. Unificámos a estrutura de produção e te-mos uma hierarquia de topo que é comum

américa latina• Brasil 2,8%• Venezuela 10%

áfrica• Cabo Verde 4%• S.Tomé e Príncipe 0,2%• Angola 41%• Moçambique 10%• Marrocos 2%• Argélia

europa• Portugal 29%

Colômbia

Prospecçãocomercial

Senegal

Camarões

TimorLeste

emiradosÁrabesUnidosArábiaSaudita

N58 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

às várias empresas, apesar de cada uma delas manter os seus órgãos de decisão. As quatro entidades continuam a operar com a sua designação porque juridicamente são quem ainda detém os alvarás. Passada esta primeira fase de integração operacional, vamos avançar para a fusão propriamente dita. Mas, antes, terá que haver uma reor-ganização interna de cada uma das quatro estruturas empresariais, que representam no seu conjunto 176 empresas”, reforça Pedro Almeida Gonçalves. Assim, todas as participações e empresas que não estejam ligadas à construção, actividade onde o grupo se irá focar, como sejam as áreas de imobiliário ou as concessões rodoviárias e na área da saúde, serão alienadas.

PrioriDaDe às ParceriasO grupo Elevo elegeu como mercados prio-ritários os países situados no eixo Atlân-tico. De um lado os países da América do Sul e Central e do outro África, continente visto como um todo, mas onde Angola, Mo-çambique e Cabo Verde assumem, natural-mente, o seu protagonismo. Em particular Angola, mercado que será responsável por 41% do volume de negócios do grupo este ano e que emprega 53% da sua força de trabalho. “Em Angola vamos operar com a Edifer Angola, Tecnasol Angola, Edimetal Angola e Construções Fortaleza, onde exis-te uma parceria com o grupo GEMA. Uma parceria que se mantém e que foi reforça-da o ano passado, tendo o grupo angolano uma participação de 50% da empresa. Este grupo de empresas manter-se-á já que nos tem dado provas da sua capacidade de cres-cimento e reforço do negócio. Quanto às outras empresas, vamos arrancar com um processo de integração operacional seme-lhante ao que está em curso em Portugal, ou seja, ter uma estrutura comum de apoio e back office financeiro, mantendo, para já, as marcas que têm os seus contratos. Em Angola estamos a caminhar para ope-rar com dois grupos empresariais: Edifer/GEMA e Elevo”, avança Pedro Almeida Gon-çalves. A criação de parcerias com agentes locais será, na medida do possível, a linha estra-tégica de actuação do grupo Elevo. Já é as-sim em Angola, em Moçambique e também na Venezuela, mercado onde a construtora ganhou um “grande contrato” e tem pers-pectivas interessantes de novas adjudi-cações. “Neste país vamos avançar com a criação de uma empresa especializada em

geotecnia e fundações, em parceria 50/50 com uma empresa local”, revela o presiden-te do Grupo Elevo. Do lado de lá do Atlântico, o Brasil é outro mercado-chave para o grupo, onde está pre-sente nas actividades de geotécnia e fun-dações, estradas e pavimentação. Colôm-bia, Senegal, Camarões, Gabão, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Timor são

outros mercados em prospecção comercial. “Em termos de volume de negócio, África manter-se-á como o grande motor no hori-zonte mais próximo. Mas a América Lati-na deverá registar um forte crescimento”, perspectiva Pedro Almeida Gonçalves. Olhando para o futuro, o gestor revela que daqui a um ano “gostaria de ver o proces-so de ajustamento do grupo em Portugal terminado, com uma equipa mais pequena do que aquela que resultou da soma das quatro empresas, mais coesa, com uma estrutura vocacionada para suportar a actividade internacional. Daqui a um ano quando estivermos a olhar para perspec-tivas futuras provavelmente estaremos a olhar para a 80 a 90% da nossa actividade fora de Portugal”, arrisca. Até lá Pedro Al-meida Gonçalves espera também ter esta-bilizadas as questões críticas de natureza financeira e regularizadas as dívidas com fornecedores. Relativamente à actividade, “ter, para além de Angola, mais um ou dois mercados em produção e não apenas em desenvolvimento. Neste horizonte de curto prazo não me move um objectivo de grande crescimento, antes de consolidação e esta-bilização deste projecto”, conclui. #

Volumedenegócios

600 MeMargemeBiTDA

9% (aprox.)Resultadolíquido

break even (aprox.)Colaboradores

4491 (Março 2013)Carteiradeencomendas

> 900 MEPresençainternacional

europa, áfrica e América do Sul

inDicaDores 2013

“eM angola estaMos a caMinhar Para oPerar coM Dois gruPos eMPresariais: eDifer/geMa e eleVo”, Pedro Almeida Gonçalves, presidente do Grupo Elevo

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N60 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

A dinâmica e o empreendedorismo da iniciativa privada angolana fazem prever o crescimento trans-versal da actividade económica do

país. Para além da indústria ou da agricul-tura, também os sectores dos serviços e do comércio começam a fervilhar de novas iniciativas, já que o mercado e os consu-midores estão receptivos a novas marcas, a novos produtos e serviços. O crescimento das redes de franchising é um sinal visí-vel desta nova dinâmica. “O mercado está muito receptivo a receber marcas de qua-lidade. A abertura de centros comerciais é uma necessidade do mercado e representa uma oportunidade para o franchising”, re-

Onebiz

fere Pedro Santos, administrador do grupo Onebiz, líder em Portugal na oferta de ser-viços empresariais em franchising. Angola é já um mercado de referência para o grupo português, onde seis das suas marcas es-tão presentes. “A Esinow tem uma activida-de local há 10 anos, em parceria com a SOF Consulting. A NBB resulta de uma parceria com a consultora GDS. A Elevus está a ser implementada com parceiros portugue-ses residentes em Angola. A Morangos vai abrir a primeira creche/jardim de infância com uma empresária angolana, estando prevista a abertura de outras dez unidades nos próximos anos. Estamos ainda no mer-cado com a Acountia e com a 4Best, que estão a ser desenvolvidas também por em-presários locais”, inúmera Pedro Santos. O empresário reconhece que nos últimos anos este mercado tornou-se estratégico e de forte enfoque para o desenvolvimento do grupo. “As marcas Esinow e NBB estão no mercado há vários anos e estão devi-damente consolidadas. As outras quatro estão em fase de implementação. A nossa intenção é colocar todas as nossas marcas no mercado”, revela o administrador e fun-dador do grupo. Para Pedro Santos este modelo de negócios

em Angola vai conhecer um forte cresci-mento nos próximos anos. O empresário faz o paralelismo com a evolução do fran-chising em Portugal: “olhando para o exem-plo de Portugal, onde hoje existem mais de 500 marcas de franchising a operar, que empregam mais de 70 mil pessoas e cujo

volume de negócios representa 3% do PIB, quando nos anos 90 era ainda um mercado que se estava a iniciar. O mesmo irá ocor-rer em Angola nos próximos anos”, defen-de. Existe apetência do mercado, legislação adequada, sendo agora fundamental “a in-formação e formação dos empreendedores” para que esse crescimento se concretize. No final deste ano, a operação no mercado angolano deverá ser responsável por mais de 15% da facturação do grupo. Para os próximos anos a meta é duplicar esta per-centagem. De acordo com o administrador da Onebiz, os segmentos que têm maior potencial de crescimento são a educação (Morangos), contabilidade (Acountia), for-mação (Elevus), para além das áreas de serviços de créditos e seguros (Exchan-ge), obras e reparações (Imo24h), estética (Legs&Nails) e saúde (Sensil). #

empreendedorismo angolano faz crescer franchising Líder em Portugal na oferta de serviços empresariais em franchising, o grupo Onebiz quer expandir a actividade em Angola. Seis das suas marcas já têm parceiros locais.

T mAnuelA SouSA Guerreiro | F dr

Vida Empresarial

PedroSantos,administradordoGrupoOnebiz,comClaverFurtado,masterAcountia,ecomMariaRomulo,masterMorangos,nolançamentooficialdosmasters,quecoincidiucomarealizaçãoda1ºFeiradoempreen-dedorismo,ondeaempresaportuguesaestevepresente.

“o MercaDo está Muito recePtiVo a receber Marcas De qualiDaDe. a abertura De centros coMerciais é uMa necessiDaDe Do MercaDo e rePresenta uMa oPortuniDaDe Para o franchising”, Pedro Santos, administrador do grupo Onebiz

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63Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Angola já começou a contagem de-crescente para o arranque do 41º Campeonato do Mundo de Hó-quei em Patins. Os três palcos do

espectáculo – pavilhão Arena em Luanda, e os pavilhões no Namíbe e em Malange – estão a ser construídos em tempo recorde. Uma empresa portuguesa está envolvida neste que é o primeiro mundial de Hóquei a realizar-se no continente africano. À Mondo Portugal, filial da italiana Mon-do, líder mundial na área do fabrico de pavimentos desportivos, cabe “montar o palco”. A empresa irá fornecer e colocar os pavimentos (mais de quatro mil m2 de pavimento desportivo), os assentos (só o pavilhão Arena, em Luanda, terá uma ca-pacidade para 12 mil espectadores) e tam-bém toda a parte electrónica, que envolve sistemas de marcadores, placardes, som, entre outros. “Este é um grande desafio e uma grande responsabilidade, mas tam-bém uma prova da confiança que o Gover-no angolano depositou em nós e no nosso trabalho”, sublinha Carlos Paixão, director geral da Mondo Portugal. O empresário é a voz, a alma e o motor des-

Mondo Portugal A crescer com o desporto angolano A Mondo Portugal é a empresa responsável pela montagem dos pavimentos nos três pavilhões que serão palco do Campeonato do Mundo do Hóquei em Patins, que se realiza no próximo mês de Setembro em Angola.

T mAnuelA SouSA Guerreiro | F dr

ta pequena/média empresa portuguesa. Em sua opinião, este contrato é também o culminar de três décadas de dedicação e trabalho na área do desenvolvimento das infra-estruturas desportivas em Angola. “Fui para Angola há 30 anos, movido pelo impulso de sentir o país onde cresci e vivi até aos 18 anos. Fui também para ver como estava o desporto angolano, o que havia de infra-estruturas desportivas e, a partir daí, fui construindo relações”, explica. Ao longo destes anos, trabalho foi o que nun-ca lhe faltou, pese embora a instabilidade que o país viveu. Três décadas de trabalho em crescendo, que culminaram, há quatro anos, na criação de uma estrutura local: a Playgroup Angola, uma empresa também ela dedicada, sobretudo, à área das infra-

-estruturas desportivas. “Esta empresa passou a ser o nosso distribuidor privi-legiado no mercado. É uma empresa de direito local, com capacidade e recursos humanos para fazer a instalação dos dife-rentes tipos de equipamentos desportivos e para prestar o serviço pós-venda, que é uma área fundamental e crítica”, sublinha Carlos Paixão. O empresário justifica a aposta pelo po-tencial de crescimento do mercado na área do desporto. “Tenho para mim que Angola sabe muito bem o que quer no desporto e tem tudo para se tornar um grande player africano neste domínio”, constata Carlos Paixão. A realização do Mundial de Hóquei, a re-cente Taça das Nações Africanas, sem es-quecer as várias edições do Afrobasket, são exemplos da vocação angolana para o des-porto. “Angola neste domínio tem o que é essencial: capacidade financeira para edi-ficar as infra-estruturas e os equipamen-tos necessários, um clima extraordinário para a prática desportiva e uma população jovem muito receptiva ao desporto. Só para dar uma ideia, se abrir um clube de atletis-mo, no dia a seguir tem 500 miúdos a cor-rer”, sustenta.

De cabinDa a onDjiVa A actividade empresarial já o levou a várias províncias angolanas. Cabinda é a provín-cia que divide a atenção e o trabalho com a capital Luanda. E não é por mero acaso que é a ‘sede’ da Playgroup, já que é uma das províncias do país que hoje tem melhores infra-estruturas para a prática desportiva. “Estamos a fazer um trabalho muito inte-ressante em Cabinda. Estivemos envolvi-dos na reabilitação do Estádio do Tafe e na construção do campo de futebol do Chibo-bo. Estamos agora a trabalhar em conjunto com o governo provincial num projecto de manutenção de infra-estruturas, que en-volve a formação de recursos locais”, conta Carlos Paixão. Em Luanda são várias as obras onde Carlos Paixão e a dupla Mondo/Playgroup, estão envolvidos. Com o Mundial de Hóquei, as províncias do sul do país começam a ga-nhar algum protagonismo na carteira de obras de ambas as empresas. Para a Mondo Portugal, Angola é hoje um mercado-chave. Uma importância que se reflecte também nas contas da empresa, que tem neste país o grosso do seu volume de negócios. #

N64 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

breves empresariais

AIP distinguida na Feira ‘ambiente angola 2013’AFundaçãoAiP,atravésdaAiPFeirasCongressoseeventos,foiga-lardoadacomoprémiodemelhorparticipaçãointernacionalnaFeira‘AmbienteAngola2013’,organizadopelaFiLdeLuandaepeloMinistériodoAmbientedeAngola,quetevelu-garde31deMaioa2deJunho,nasinstalaçõesdaFilda,emLuanda.OpavilhãodePortugal,organizadopelaFunda-ção AiP, contou com a presença das empresasCoba,Decflex,Hubel,TecnilabeValcon,quepu-deramconstataras imensasoportunidadesqueo mercado angolano apresenta neste momentoparaaáreadosprojectosdeambiente.

Baptista da Costa & Associados vence concursosA consultora portuguesa Baptista da Costa & AssociadosvenceudoisconcursosdeauditoriaemAngola.Osprojectosenvolveminvestimentospúblicosnaordemdos115milhõesdeeuros,umnaáreadasaúdeeoutronaáreadaságuasesaneamento.Luís Rosa, sócio da consultora, em declarações à agênciaLusa, explicou que a auditoria destes projectos “é muitoexigenteerigorosa”,sendofinanciadospelaiDA-Agênciainternacional para o Desenvolvimento, do Banco Mundial(BM),eenvolvendouminvestimentopúblicoamédioelon-go prazo demais de 150milhões de dólares (115milhõesdeeuros).“OsdoisprojetosqueaBAvaiauditarenvolvema construção físicade infra-estruturas,oqueconstituiumdesafioaindamaiordoqueaquelequeenvolvealgunspro-jetosquetêmaverapenascomestudos”,dizoresponsáveldaempresa,queactuaemAngolatambémnasáreasdogásnaturaledopetróleo.

Kero, marca de excelência em Angola ArededehipermercadosangolanaKerofoidistinguidapelaSuper-brands comomarca de excelência emAngola, na 3ª gala realizadapelaentidade,eque todososanos identificaasmarcasangolanasquemaissedestacamnopanoramaempresarialdopaís.João Santos, director-geral do Kero, referiu que “oKeropretendequeosseusclientestenhamacessoaomaiornúmerodebenspelomenorpreço,querdar--lhesgarantiasdequalidadenosprodutosvendidosnassuaslojas,umavezqueaspessoasprecisamdesentirconfiançanaquiloquecompramparapoderemvoltar.Atodosestesfatoresaindajuntamosumapreocupa-çãoenormeemrelaçãoaoatendimentoe,paraisso,apostamosmuitonaformaçãodosnossoscolaborado-res.Atravésdetodosestesfactoresquemencionei,cons-truímos amarcaKero, umamarca angolanaquenosdeixa a todosmuitoorgulhosos.”Asmarcasforamanalisadasdeacordocomosseguintesparâmetros:familiaridade,relevância,satisfação,lealdadeecomprometimento.

sonangol emite dívidaA Sonangol, Sociedade Nacional dePetróleosdeAngola,vaiemitirdívidaacinco anos no valor de 1,9milmilhões deeuros, numa operação mediada pela financeira StandardChartered, noticiou a agência Bloomberg, citando duasfontesconhecedorasdaoperação.Deacordocomaagênciadenotíciasnorte-americana,aSonangoldeveráfinalizaronegócionofinaldeJunhoevaipagarjurostrêspontosper-centuaisacimadataxainterbancáriapraticadaemLondres.A emissãodedívidadestemês segue-se aumaoutra feitaemSetembrodoanopassado,novalorde1,1milmilhõesdeeuros,tambémmediadapelaStandardChartered.

Grupo CESO atinge novo máximoO Grupo internacional de consultoria eprestação de serviços, CeSO, com empre-sasemPortugal,AngolaeMoçambique,ecujaactividadesedesenvolve,quaseexclu-sivamente, nos mercados internacionais,atingiuem2012umnovomáximo,quesesituou nos 8,1milhões de USD. em 2012,a CeSO registou um volume de vendas naordemdos6milhõesdeUSD,oquecorres-pondeaumaumentosuperiora30%faceao ano transacto. O principalmercado daempresaem2012foioBrasil,tendoAngola

ocupadoasegundaposição.AComissãoeu-ropeiacontinuaaseroprincipalclientedaempresa,frutodecontratosplurianuaisdeassistência técnica em sectores tão diver-soscomooPlaneamento(BrasileAngola),energia (Moçambique), Actores Não-esta-tais(Guiné-Bissau),Saúde(Moçambique)eComérciointernacional(AngolaeSãoToméePríncipe).DerealçarqueaCeSOconcluiurecentementeoPlanoNacionaldeForma-çãodeQuadrosparaaCasaCivildaPresi-dênciadaRepúblicadeAngola.

angola-telecom com fibra no huamboA Angola-Telecom controla actualmentemais de 17 mil ligações telefónicas, con-traasquatromilem2011,naprovínciadoHuambo. A entrada em funcionamento dafibraóptica,ampliouacapacidadedeliga-çõesemelhorouas transmissões,umavezque até então as ligações eram feitas porviasatélite,situaçãoquecausavaconstran-gimentos,sobretudonaépocadaschuvas.

N66 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

breves empresariais

ln group a crescer ALNMoldes,quefazpartedoLNGroupjuntamentecomaLNPláseaTPS–moldes,plásticoseengenharia–,registouumcrescimentodecercade75%emtermosdevo-lumedenegóciosecercade26%nosresultadoslíquidos,distribuídospelosseguintessegmentos demercado: 65% indústria automóvel, 15% embalagem, 15% indústriaeléctricaeelectrónicaeosrestantes5%repartidospelossectoresalimentarefarma-cêutico.ALNMoldeséumaempresacertificadapelanormaiSO9001:2008eespecializadanaconcepçãoeproduçãodemoldestécnicosdealtaprecisãoparainjecçãodetermoplás-ticosdedimensõespequenasemédias,temumacapacidadedeproduçãosituadaem110moldesporanoeemprega160pessoas.em2013, a empresa prevê crescer cerca de 6%, comuma rentabilidade líquida queesperasersuperiorem10%facea2012.

agenDa feiras angola

filDaData:16a22Julho2013localinstalaçõesdaFiL,estradaCatete-Luanda30ªedição-“OsDesafiosdaAtracçãodoinvestimento:estratégia,Legislação,instituições,infra-estruturaseRecursosHumanos”

angola sport showData19a23Setembro2013localLuanda1ªediçãodaFeiradosDesportosdeAngola

Energia e Águas de AngolaData25a28Setembro2013localLuanda1ªediçãodaFeirainternacionaldeenergiaeÁguasdeAngola

fiMa - feira internacional de Minas de Angola Data3a6deOutubro2013localinstalaçõesdaFiL,estradaCatete-Luanda

Projekta by constrói angolaData24a27deOutubrode2013local FiLDA,estradaCatete-LuandaOmaioreventoorientadoparaosectordaConstruçãoeMateriaisdeConstrução.

feiras Portugal

FIA (Feira Internacional de Artesanato)Data6a14deJulhode2013local FiL(ParquedasNações)AFeirainternacionaldeArtesanatodeLisboaapresentaumaamplaofertaemprodutosartesanaisdemaisde40países.Alimentosarte,decoração,lar,moda,acessórios,gastronomia,objectosdecorativoseprodutosartesanais.

sil - salão imobiliário de LisboaData9a13deOutubrode2013localFiLFeirainternacionaldeLisboa(ParquedasNações)Feiraanualqueatraivisitantesprofissionaiseopúblicoemgeral,queprocurampropriedades,casasdeveraneioeoportunidadesdeinvestimentonosectordeimóveisdePortugal.

Mota-Engil quer aumentar obras em áfricaAconstrutoraportuguesaMota-engilprevêganharobrasnumvalorsuperiora3,8milmilhõesdeeurosemÁfrica,disseopresidenteexecutivodaempresa,GonçaloMouraMartins,àAgênciaBloomberg.“Osresultadosdoprimeirotrimestre

permitem-nosreafirmartodasasnossasprevisõesparaesteanoereforçaranossaexpectativadecumpriroplanoestratégico”da

empresa,acrescentouoresponsável.Desalientarqueaempresaregistouumresultadolíquidode5,5milhõesnoprimeirotrimestre,umaumentode22,4%faceaomesmoperíodonoanotrasacto.Nosprimeirostrêsmesesdoano,ovolumedenegóciosatingiuomontantede471milhõesdeeuros,oquerepresentouumcrescimentode2,7%faceaoregistadoemigualperíododoanoanterior,queéatribuídoaobomdesempenhoverificadonosmercadosdeÁfricaeAméricaLatina,quecresceram5,2%e55,9%,respectivamente.estesdoismercadostêmreforçadoopesonafacturaçãodogrupo,tendorepresenta-do,noprimeirotrimestrede2013,maisde55%daactividadetotal.

Fidelidade aposta no mercado angolanoAcompanhiadesegurosFidelidade,atravésdasuapar-ticipadaUniversal, lançou a sua primeira operaçãodeseguroportelefoneemAngola,o“UNiAUTO”.

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N68 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

N68 ReViSTAANGOLA-PORTUGALNeGóCiOSJULHO • AGOSTO • SETEMBRO 2013 • Nº 95

A Confederação Empresarial da Co-munidade de Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) quer criar a marca CPLP, um rótulo de ori-

gem que irá certificar os produtos lusófo-nos e facilitar a entrada destes nos vários mercados. “Não se trata de criarmos produ-tos novos mas, antes, rotular os que temos ao abrigo de um enquadramento jurídico comum aos países que integram a Comu-nidade. O projecto foi aprovado em reunião da CE-CPLP e será discutido no encontro empresarial da CPLP que se realiza em Julho, em Maputo”, revelou à revista Negó-cios José Medina Lobato, secretário-geral da Confederação. Este é um dos projectos mais recentes de-fendidos pela CE-CPLP, o braço empresa-rial da CPLP. A CE-CPLP ganhou um novo impulso no final de 2012, depois de uma mudança de estatutos. A ‘nova’ CE-CPLP

Em defesa dos negócios em língua portuguesa

está mais abrangente, quer nos agentes económicos que pretende atrair quer nos mercados-alvo a que a organização quer chegar. “A organização nasceu em Junho de 2004, então como Conselho Empresa-rial, em Dezembro de 2009 evoluiu para Confederação empresarial e em Outubro de 2012 entrou numa nova etapa. As altera-ções introduzidas nos estatutos vão no sen-tido de a tornar mas abrangente e flexível. Queremos conquistar o tecido empresarial

(empresas, associações empresariais, as-sociações industriais, etc) dos oito países membros da CPLP, mas não só. Queremos convidar também o tecido empresarial dos países observadores da CPLP (Guiné Equa-torial, Senegal, Ilhas Maurícias e a região de Macau) e queremos também aproximar a CE-CPLP das organizações regionais que integram países membros da CPLP”, expli-ca José Medina Lobato. No fundo, trata-se de abrir a CE-CPLP ao mundo, se tivermos em linha de conta que os países da CPLP estão espalhados por quatro continentes e cada um integra, se não várias, pelo me-nos uma organização regional local. “São mercados com elevadíssima capacidade de desenvolvimento e com forte necessidade de investimento, o que possibilita mais--valias para todos os empresários. São no-vos horizontes de negócio que se abrem, novos mercados onde os produtos lusófo-nos podem passar a ser apreciados”, refe-riu o secretário-geral da CE-CPLP. A par da perspectiva de incremento dos fluxos comerciais, acresce o facto de estes mer-cados beneficiarem de acordos regionais de comércio que favorecem as trocas eco-nómicas nessas regiões e que constituem factores importantes de competitividade económica para a inserção das empresas.“O nosso objectivo último é o de facilitar os negócios em língua portuguesa”, sustenta o secretário-geral da CE-CPLP. Mas antes é preciso aumentar a coopera-ção, estimular a parceria entre institui-ções lusófonas, promover a partilha de informação e de acções que concorram para a melhoria do ambiente económico e empresarial na CPLP. José Medina Lobato salienta, ainda, a importância do diálogo e da convergência política entre os Estados membros mas sublinha que as empresas e os empresários têm um importante papel a desempenhar. #

confederação empresarial

A Confederação Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) quer alargar as suas fronteiras, aumentar o número de associados e dinamizar o tecido empresarial da CPLP com novos e arrojados projectos.

T AndreiA SeGuro SAncheS/mAnuelA SouSA Guerreiro | F dr

Sociedade

“o nosso objectiVo últiMo é o De facilitar os negócios eM língua Portuguesa”, José Medina Lobato, secretário-geral da CE-CPLP

JoséMedinaLobato,secretário-geraldaConfederação,comoPresidentedaRepúblicadePortugalecomCarlosSimbine,PresidentedaCe-CPLP,duranteareuniãoordináriadaAssembleiaGeraleDirecçãodaConfederaçãoempresarial.

71Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

OLeãodeOurodaBienaldeArtedeVenezaparaamelhorrepresentaçãonacionalfoiatribuídoaoPavilhãodeAngola,quesefazrepresentaresteanopelaprimeiraveznaquelaqueécon-sideradaamaisimportantebienaldeartesplásticasdomundo.Até24deNovembrode2013,vaiserpossívelvisitarasduasexposiçõesangolanas,queestãoinstaladasnopalácioCini,umedifíciohistóricoqueacolheumacolecçãodearteemobiliáriorenascentista.NoPavilhãodeAngola,daresponsabilidadedoMinistériodaCulturaemparceriacomaeNSA,SegurosdeAngola,S.A.,ovisitanteencontraduasexposições:‘Luanda,Cidadeenciclopé-dica’,que inclui23 fotografiasdeedsonChagaseécomissariadaporPaulaNascimentoeStefanoPansera,e‘AngolaemMovimento’.Aexposiçãodepinturaeescultura‘AngolaemMovimento’-cujocuradoréoartistaJorgeGumbe-étotalmenteconstituídaporobrasdacolecçãodaeNSAeincluipinturaseesculturasdeartistascomoFranciscoVan-Dúnem,Antó-nioOle,FinezaTetaeMarcoKabenda,entreoutros.OfotógrafoedsonChagasfoiumdosseisartistasangolanosquenoiníciodoanoexpôsemLisboa,noMuseuBerardo,namostraNoFlyZone.Seiscuradoresvindosdevárioscontinentes–JessicaMorgan(ReinoUnido),SofíaHernán-dezChongCuy(México),FrancescoManacorda(itália),BisiSilva(Nigéria)eAliSubotnick(estadosUnidosdaAmérica)–compuseramo júri internacionaldesta55ªbienal,naqualparticipam88países,incluindoPortugal,queapresentouoprojectoTrafariaPraia,daartistaJoanaVasconcelos:umantigocacilheiroconvertidoempavilhãoflutuanteecujoexteriorfoirevestidoaazulejospintadosàmão.#

O institutodosPupilosdoexército (iPe)éum estabelecimento militar vocacionadoparaaeducaçãodejovens,ondesãominis-tradosoensinoBásico(2.ºe3.ºciclos)eoensino Secundário (ensino Profissional) acercade230educandos,emregimede in-ternatoeexternato.Commaisde100anosdeexperiênciaesob

olema“quererépoder”,oiPeéumarefe-rência no actual panorama educativo por-tuguês.Osalunosdesenvolvemactividadesde carácter físico, desportivo e cultural,que complementam a formação baseadano compromisso com o espírito de grupo,camaradagem,origoreahonra,continua-mentefortalecidos,aolongodeanos,pelasreferênciascomportamentaispró-sociaisdeéticaecidadania.OingressonoiPeestáaberto,semqualquertipodeexclusividade,atodososjovensemidadeescolar,provenientesdetodasasre-giõesdePortugalemesmodeoutrasnacio-nalidades, designadamente dos PALOP, oquelheconfere,emtermosrelacionais,umcarácteragregadoretransnacional.Aadmissãodealunos(as)faz-separao2.ºe3.ºCiclosdoensinoBásico(do5ºatéao9ºAno), e para o ensino Secundário porma-

trícula no 1º ano dos Cursos Profissionais(10º ano de escolaridade), funcionando afrequênciadestes cursos em regimede in-ternato(sexomasculino)eaindaemregimeaberto (tanto para o sexo feminino comomasculino).No ensino Profissional são ministradosdiversos Cursos, em que as competênciasprofissionaisdesenvolvidassãodevidamen-te certificadas, e que proporcionam umaintensa experiência com meios técnico--pedagógicos.

conDições gerais De aDMissãoTercondiçõesfísicasepsicotécnicas;terosconhecimentos literários (Português eMa-temática) necessários à frequência do anodeescolaridadeaqueoalunosecandidata,comprovadosemprovasdeadmissão. #

Pavilhão de Angola conquista Leão de Ouro

Educação sob o lema ‘Querer é poder’

Bienal de Veneza

instituto dos Pupilos do exército

MarcosKabenda,Quadro8,1995(porm.),ColecçãoeNSA

73Nrevista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Waldemar Bastos

T AndreiA SeGuro SAncheS | F dr

Com várias distinções no currículo, alguns álbuns editados, milhares de discos vendidos e centenas de concertos por todo o mundo, o cantor angolano Waldemar Bastos está a comemorar 30 anos de carreira. Em Novembro sobe ao palco do CCB.

A simbiose perfeita de

Conhece de cor a cartilha da música africana, pisou caminhos pouco conhecidos por outros artistas an-golanos, lutou por regras e abalou

o panorama musical. Com mais de três décadas de carreira, Waldemar Bastos viu recentemente, mais uma vez, o seu talento reconhecido. ‘Sofrimento’, do álbum ‘Petra-luz’ (1997) foi o tema que valeu ao músico a segunda posição na categoria World do International Songwritting Competition.

que são o meu grande motor. Dizem que a minha música cura as pessoas e que as tira da depressão. Este é o sucesso número um, mais do que as distinções”, reconheceu.O júri do International Songwritting Com-petition foi constituído por um painel de 40 músicos, entre os quais Tom Waits, Jeff Beck, Robert Smith, Anoushka Shankar, McCoy Tyner, Alejandro Sanz, Suzanne Vega e Bill Evans, e 22 personalidades da indústria discográfica.Mas o reconhecimento não se fica por aqui. O álbum ‘Classics of My Soul’, licenciado pela editora ENJA RECORDS (Matthias Wincklemann), produzido por Derek Naka-moto e gravado em Londres e Los Angeles, em 2012, foi considerado como um dos ál-buns do ano na categoria de World Music para o jornal francês Libération. O traba-lho, que foi lançado o ano passado nos Es-tados Unidos da América e na Europa, é o resultado de um sonho antigo do músico de “casar” os sons e etnografias de África, re-cuperando clássicos da música angolana, ao pendor e composição da música clássica europeia. Para isso, escolheu algumas mú-sicas mais ‘clássicas’ de Angola, algumas que também fazem parte do seu repertório, e vestiu-as com os ornamentos da música

Este é um evento anual de músicos e le-tristas cuja missão é dar a oportunidade a novos ou reconhecidos talentos de ver as suas músicas ouvidas num contexto inter-nacional, no qual concorreram este ano 20 mil músicos de todo o mundo. A competição foi ganha pela israelita Mira Awad, com o tema ‘Bahlawn – Acrobat’, e em terceiro lugar ficou o norte-americano Dachee, com ‘Boom Boom’. Waldemar Bastos agradeceu a Deus, aos amigos, aos fãs, aos amantes da música em geral e a Angola. “Esta caminhada e estes prémios são o reconhecimento de um lon-go trabalho, sempre a partir pedra. E é bom sentir que apesar das grandes tempestades em alto mar, algumas em que o casco ar-rombou completamente e que eu nem sabia se chegava a terra, cheguei a bom porto. O esforço e a dedicação valeram a pena. Tudo porque acredito que Deus me abençoou, me protegeu e me fez apreender muita coisa. Superei a inveja e a calúnia. Sinto que sou um indivíduo a quem Deus deu um dom. Sou um privilegiado por chegar a esta al-tura da minha carreira com tanta bagagem e tantos momentos especiais vividos. Sou grato a todos os que participaram na mi-nha trajectória, sobretudo aos meus fãs,

N74 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Cultura

clássica ocidental com a ajuda da Orques-tra Sinfónica de Londres, dirigida por Nick Ingman. “Mostrei que é possível trabalhar estes dois estilos musicais em conjunto, harmoniosamente e salutarmente, numa simbiose perfeita, sem nenhuma perder a sua identidade” explicou. Para que o projecto fosse avante foi neces-sário encontrar parceiros que estivessem “dentro da mesma frequência” como foi o caso de Derek Nakamoto, o artista por quem Waldemar Bastos nutre grande res-peito, carinho e admiração. “Sem dúvida o artista com quem trabalhei que mais me marcou, porque fazer um disco desta dimensão sem nenhuma discussão é real-mente nobre. Tivemos muita paciência e abordámos os temas e os momentos mais difíceis de forma muito delicada”, disse.

‘a Música é algo tão iMPortante coMo resPirar’Waldemar Bastos nasceu perto da frontei-ra com o Zaire em N’Banza Congo, uma pe-quena cidade que foi a primeira capital do antigo reino de Angola, em1954. A música entrou na sua vida desde cedo, por influ-ência do pai que era organista de música sacra. O jeito era evidente, aprendia tudo com enorme facilidade. Tocou acordeão, formou grupos e percorreu o país a cantar em bailes e a dar concertos gratuitos. To-cava vários estilos e foi influenciado pelos artistas que ouvia na rádio como Nat King Cole, Michael Jackson, Jimmi Hendrix, Be-atles, Bee Gees, entre outros. Aos 17 anos, durante a era colonial, foi pre-so pela PIDE, por causa de uns panfletos que andavam a circular. Na prisão escreveu temas como ‘Coisas da Vida, Coisas da Ter-ra, Coisas fazer Homem ‘.Em 1982, durante a guerra civil, decidiu partir para Portugal, onde não permaneceu

“sou grato a toDos os que ParticiParaM na Minha trajectória, sobretuDo aos Meus fãs, que são o Meu granDe Motor. DizeM que a Minha Música cura as Pessoas e que as tira Da DePressão. este é o sucesso núMero uM, Mais Do que as Distinções”

Daraconheceraculturaafricana,sobretudoamúsicaangolana,aomundotemsidoograndeobjectivodeWaldemarBastos.DeLuandaaNovaiorque,pas-sandoporPortugal,Brasil,França,Áus-tria,Moçambique,Mónaco,inglaterra,TurquiaCoreiadoSul,entreoutros,oar-tistapercorreomundotransformando--senumembaixadordamúsicaangolananoexterioraointegraroscircuitosdaWorldMusic.AsuamúsicaéumaponteentreossonsdeÁfricaeoOcidente.Aos59anosnãopensaemsereformar.Comumavozdetenor,continuana“estrada”,porémescolhendoadedoospalcosquepisa,frutodaexperiênciaedamaturida-dealcançadaaolongodostempos.emNovembro,Portugalvaipoderouvi-loaovivonoCentroCulturaldeBelém,nodia16,juntamentecomaOrquestradaFundaçãoCalousteGulbenkian.Walde-marpromete“umaviagematravésdossonhosparatodosaquelesquenãotêmmedodevoar”,numespectáculopromo-vidopelaFundaçãoCalousteGulbenkian.Masatélá,omúsicotemconcertosagendadosemMoçambique,França,Áustria,BrasileCoreiadoSul.

lisboa esPera Por elemuito tempo. Instalou-se na Alemanha du-rante alguns meses, tendo depois partido para o Brasil, onde se familiarizou com al-guns músicos bem conhecidos, como Chico Buarque, João do Vale, Elba Ramalho, DJA-VAN e Clara Nunes, entre muitos outros.Aí grava o seu primeiro álbum ‘Estamos Juntos’, um marco definitivo na carreira de Waldemar Bastos, que inclui o tema ‘A Ve-lha Chica`(´Xê, menino, não fala política’).Em 1985 instala-se em Lisboa, onde grava o seu segundo álbum ‘Angola Minha Namo-rada’ (1990) e ‘Pitanga Madura’, em 1992.Já 1997, a convite de David Byrne da Lu-aka Bop, Waldemar Bastos grava o álbum ‘Pretaluz’ com Arto Lindsay, em Nova Ior-que. Em 2000, foi convidado para abrir o Festival de UNESCO ‘Don’t forget Africa’ e passado dois anos lançou o disco 20 Anos de Carreira.Após essa caminhada nasce ‘Renascence’do produtor Paul ‘Groucho’ (2005), com temas populares de semba, interpretados com instrumentos tradicionais angolanos. O músico continuou com outros projectos, chegando mesmo a gravar uma canção para o álbum tributo aos U2 ‘Em nome do Amor – África celebra U2’ e colaborou no ál-bum do pianista Keiko Matsui ‘Moyo’. Em Novembro de 2009, Waldemar terminou o seu sexto álbum de estúdio “Classics of my Soul”, em Los Angeles.De olhar sereno, o cantor confessa que levar mensagens de esperança, tristeza, optimismo, saudade e felicidade para as pessoas é uma dádiva e só assim“concebo a minha música”. Com uma base de fãs fiel que o acarinha muito, Waldemar Bastos sente-se grato pelo apoio que tem tido ao longo da sua carreira. “Qualquer pessoa que trabalha comigo tem ordens para não bloquear a passagem a ninguém. A minha arte é a de

comunicar, sou amigo dos meus fãs. Sem eles também não vivia”. O mesmo senti-mento nutre pela música. “Não vivo sem ela. É algo tão importante como respirar”, afirma o músico que gosta de surpreender: “Amanhã ninguém se admire se eu gravar um disco de rock”.Waldemar considera-se um cidadão do mundo, com residência fixa nos Estados Unidos da América, mas é a Angola que vai buscar inspiração. #

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N76 revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

legislação PublicaDa eM angola eM 2013

relações internacionaismAprovaçãoparaadesãodaConvençãoparaaRepres-são de Actos ilícitos Relacionados com a Aviação Civilinternacional–Beijing2010–Resoluçãonº8/13,de10deAbril.m Aprovação para ratificação da Convenção da UniãoAfricanasobreaProtecçãoeAssistênciaàsPessoasDes-locadasinternamenteemÁfrica–ConvençãodeKampa-la–Resoluçãonº11/13,de11deAbril.

transPortesmCriaçãodoConselhoNacionaldeViaçãoeOrdenamen-todoTrânsito,comoobjectivodeproporaparticipaçãodasdiferentesinstituiçõesnaconcepçãodosprogramasedapolíticadeviaçãoetrânsitobemcomodeacompa-nharedivulgarasmedidasdepolíticadeviaçãoetrânsi-toaprovadaspeloexecutivoepromoverarealizaçãodeacçõesdenaturezapreventivadecombateàsinistralida-derodoviária;aprovaçãodoseuregulamento–DecretoPresidencialnº18/13,de15deAbril.mCriaçãodeumGrupodeTrabalhoPermanentecomafinalidadeespecíficadeacompanharo trabalhodaCo-missãoexecutivadoConselhoNacionaldeViaçãoeOr-denamentodoTrânsito,coordenadopeloAssessorparaos Assuntos Jurídicos do Vice-Presidente da República–Despachonº27/13,de15deMaio.

goVerno e aDMinistração PúblicamDeAutorizaçãoLegislativaqueconcedeaoPresidenteda República e titular do Poder executivo autorizaçãoparalegislarsobreasregrasdecriação,estruturaçãoefuncionamentodosinstitutosPúblicos–Leinº4/13,de17deAbril.mexoneraçãodosMinistrosdasFinançasedaConstru-ção, dos Governadores das Províncias do Namibe e deBenguelaedoPresidentedoConselhodeAdministraçãodoFundoPetrolífero(ArmandoManuel)enomeaçãodeArmandoManuelparaocargodeMinistrodasFinanças;WaldemarPiresAlexandreparao cargodeMinistrodaConstrução;de isaac FranciscoMariadosAnjosparaocargodeGovernadordaProvínciadeBenguela;deRuiLuísFalcãoPintodeAndradeparaocargodeGovernadordaProvínciadoNamibe–DecretosPresidenciaisnº27anº30enº32anº35/13,de8deMaio,enº40/13,de9deMaio.

geologia e MinasmDeterminaçãodequeoacessoaosdireitosmineirosparaaexploraçãodemineraisdestinadosàconstruçãociviledaságuasminero-medicinaisdeveobedeceraosrequisitosdoart.º332ºdoCódigoMineiro–Despachonº1393/13,de5deJunho.

orDenaMento aDMinistratiVomCriaçãodoGabineteTécnicodeCoordenaçãodaRe-qualificação e Reconversão Urbana do Perímetro Cos-teirodemarcadodaCidadedeLuanda,abreviadamentedesignadoporG.T.R.,edelimitadonostermosdapoli-gonal e das coordenadas geográficas locais – DecretoPresidencialnº22/13,de25deAbril.m Revogação do Despacho Presidencial nº 30/08, de12 deNovembro, que cria o Grupo de Trabalho para apromoção do projecto de Requalificação do MunicípiodoCazenga–DespachoPresidencialnº46/13,de7deMaio.

eMPresasmDealteraçãoàLeidaContrataçãoPública(nº20/10,de7deSetembro):alteraçãodonº2doart.º41ºsobreacompetênciaparanomeaçãodospresidentesdascomis-sõesdeavaliaçãoeaditamentodeumnovoartigo–Leinº3/13,de17deAbril.mAprovaçãodoestatutoOrgânicodoBalcãoÚnicodoempreendedor (BUe) – Decreto executivo Conjunto nº116/13,de23deAbril.mSubdelegaçãodeplenospoderesnoSecretárioGeraldo Ministério das Finanças, Américo Miguel da Costa,pararepresentaroMinistérionanegociaçãoeassinaturadotermodeProrrogaçãodosContratosdePrestaçãodeServiçosespecializadosdeTecnologiade informaçãoeComunicaçãocomaJÚPiTeRDevelopmentSystemsCor-poration–Despachonº1116/13,de10deMaio.mAutorizaçãodaconstituiçãodaSociedadeSeguradoraBonwsSeguroseResseguros,S.A.,aqualdeveproces-sar-seatéaoRegistoespecialnoinstitutodeSupervisãodeSegurosparainiciarasuaactividade–Despachonº1138/13,de13deMaio.mAprovaçãodoestatutoorgânicodaCoordenaçãoNa-cionaldosBalcõesÚnicosdoempreendedor–DecretoexecutivoConjuntonº141/13,de14deMaio.mAprovaçãodocontratodeempreitadaparaareabili-tação,ampliaçãoemodernizaçãodoaeroportodoNami-beeautorizaçãoàeNANA–e.P.paracelebrarocontratocomaempresaOdebrecht,S.A.–DespachoPresidencialnº50/13,de15deMaio.mCriaçãodeumGrupodeTrabalhoparaapresentaçãodoProjectodeRegulamentodasSociedadesUnipesso-ais,NotaexplicativaeSumário,apublicaremDiáriodaRepública–Despachonº1349/13,de27deMaio.

coMérciomexoneraçãodeAntónioRebelodoAmaralGourgeldasfunçõesdeDirectordoServiçoRegionaldasAlfândegasde Luanda e nomeação de Cristina Suso Vieira para ocargodeDirectoradoServiçoRegionaldasAlfândegasdeLuanda–Despachosnº1027enº1028/13,de30deAbril.m Concessão de autorização legislativa sobre a PautaAduaneiradosDireitosde importaçãoeexportaçãoaotitulardoPoderexecutivo–Leinº5/13,de7deMaio.mextinçãodaCeNCO–e.P.–CentraldeComprasecria-çãodacomissãodeliquidação,coordenadapelaMinistradoComércio–DecretoPresidencialnº48/13,de29deMaio.m Aprovação da tabela de preços máximos das aná-lises laboratoriais, microbiológicas e físico-químicasdos produtos alimentares que constam do Anexo i doRegulamento de Análises laboratoriais de MercadoriasimportadasedeProduçãoNacional,aseremrealizadaspeloslaboratóriosdevidamentelicenciadosparaoefeito–DecretoexecutivoConjuntonº190/13,de3deJunho.

atiViDaDes econóMicas e DesenVolViMentomAprovaçãodoprojectodeinvestimentoSODiBA–So-ciedadedeDistribuiçãodeBebidasdeAngola,Limitada,novalordeUSD149,6milhões,sobRegimeContratual–DecretoPresidencialnº25/13,de7deMaio.mAprovaçãodoAjusteComplementarentreosGovernosdasRepúblicas deAngola e da Coreia, relativo ao em-préstimodoFundoparaoDesenvolvimentoeconómicoparaoprojectodoCentroindustrialdeTecnologiaAvan-çada-–DecretoPresidencialnº45/13,de15deMaio.m Aprovação dos Contratos referentes ao projectoparaaConstruçãodoSistemaAssociadoà2ªCentraldeCambambe; autorização aoMinistro das Finanças paraassinar o Acordo de Financiamento referente ao Con-

tratoeasseguraros recursos financeirosnecessáriosàimplementaçãodoprojecto–DespachoPresidencialnº49/13,de15deMaio.

sisteMa financeiro e Política econóMicamRegulaçãodasobrigaçõesdasinstituiçõesfinanceirasnoâmbitodagovernaçãocorporativanoqueserefereàestruturadecapital,estratégia,modelodeorganizaçãosocietária, transparênciadasestruturasorgânicasedecapital,políticaseprocessosdegestãoderisco,políticaderemuneraçãoeconflitodeinteresses–Avisonº1/13,de19deAbril.m Regulação da obrigação de estabelecimento de umsistema de controlo interno pelas instituições finan-ceiras supervisionadas pelo BancoNacional de Angola–Avisonº2/13,de19deAbril.m estabelecimento do âmbito da supervisão em baseconsolidada,paraefeitosprudenciais,deacordocomascompetências atribuídas aoBancoNacional de AngolapelaLeidasinstituiçõesFinanceirasesujeiçãodasinsti-tuiçõesfinanceirasautorizadasedassociedadesgesto-rasdeparticipaçõessociaisàsupervisãodoBNA–Avisonº3/13,de22deAbril.m Regulação da actividade de auditoria externa nasinstituiçõesfinanceirasautorizadaspeloBNAenasso-ciedadesgestorasdeparticipaçõessociaissujeitasasu-pervisãodoBNA–Avisonº4/13,de22deAbril.m estabelecimento de que todas as transferências in-terbancárias a crédito, passíveis de serem executadasmediante documento de crédito, passam a ser obriga-toriamenteefectuadasatravésdoSubsistemadeTrans-ferênciasaCrédito(STC)oudoSistemadePagamentosemTempoReal (SPTR)–Avisonº5/13,de22deAbril(revogaparcialmenteoRegulamentodoServiçodeCom-pensaçãodeValores-SCV-queintegraoAvisonº4/04,de20deAgosto).mRegulaçãodaprestaçãodoserviçoderemessasdeva-loresefectuadopelasinstituiçõesfinanceirassobsuper-visãodoBNA–Avisonº6/13,de22deAbril.Regulaçãodoprocessodeautorizaçãoparaaconstitui-ção, funcionamento e extinção das casas de câmbio –Avisonº7/13,de22deAbril.mestabelecimentodostermosecondiçõesqueasinsti-tuiçõesfinanceirasbancáriasdevemobservarcomvistaàsubstituiçãodoarquivofísicodosdocumentosdefini-dosnonº2dopresenteAvisoporprocessoelectrónicoconformeprevistonoart.º40ºdaLeinº5/05,de29deJulho–doSistemadePagamentosdeAngola–enoart.º150ºdaLeinº13/05,de30deSetembro–dasinstitui-çõesFinanceiras–Avisonº8/13,de22deAbril.m Autorização da emissão e colocação de Bilhetes doTesouro 2013 – Dívida Fundada; Bilhetes do Tesouro2013–DívidaFlutuante;ObrigaçõesdoTesouro2013–CapitalizaçãoBNA–Despachosnº1020anº1022/13,de29deAbril.m Determinação da emissão, colocação e resgate dasObrigaçõesdoTesouroemMoedaNacional,comtaxadejurodefinidana colocaçãoeaactualizaçãodo seuva-lornominalemconformidadecomavariaçãodataxadecâmbiodereferênciadivulgadapeloBNAparaacompradedólaresnorte-americanos–Despachonº1023/13,de29deAbril.m Determinação da emissão, colocação e resgate dasObrigaçõesdoTesouroemMoedaNacionalsemreajustedovalornominal,comtaxasde jurodecupãopredefi-nidas pormaturidade e colocadas através de leilão depreços–Despachonº1024/13,de29deAbril.mCriaçãodaComissãoinstaladoradaSociedadeGesto-radeMercadosRegulamentados,coordenadaporeduar-doLeopoldoSeverimdeMorais–DespachoPresidencial

Informação CCIPA

N76 ReViSTAANGOLA-PORTUGALNeGóCiOSJULHO • AGOSTO • SETEMBRO 2013 • Nº 95

nº43/13,de3deMaio.mAprovaçãodoestatutoorgânicodaComissãodoMer-cadodeCapitais–DecretoPresidencialnº54/13,de6deJunho(revoga,nomeadamente,oDecretonº9/05,de18deMarço,eoDecretoPresidencialnº22/12,de30deJaneiro).

Petróleo e gásm Aprovação da base de cálculo das taxas ambientaisaplicáveisaosprojectosdaindústriapetrolífera–Decre-toexecutivoConjuntonº140/13,de13deMaio.

trabalho e segurança socialm Aprovaçãodoestatuto remuneratóriodo sectorpú-blicodascarreirasdoregimeespecialdaAviaçãoCivil–DecretoPresidencialnº46/13,de21deMaio.m Criação do Fundo de Apoio Social dos Trabalhado-res do Ministério da energia e Águas – Despacho nº1394/13,de5deJunho.

trocas coMerciais Portugal - angola – janeiro/fevereiro 2012-2013(mileurose%)

Total do Comércio Extracomunitário 2012 2013 Var. 13/ 12importaçõesPortuguesas 5254175 5398508 2,75exportaçõesPortuguesas 4161799 4552229 9,38

Saldo -1092376 -846279 -22,53PaloPimportaçõesPortuguesas 584187 1151815 97,17%dototal 11,1% 21,3% 91,89exportaçõesPortuguesas 1029740 1117144 8,49%dototal 24,7% 24,5% -0,82

Saldo 445553 -34671 -107,78angolaimportaçõesPortuguesas 575902 1127404 95,76%nosPALOP 98,6% 97,9% -0,71%dototalextracomunitário 11,0% 20,9% 90,53exportaçõesPortuguesas 823179 913367 10,96%nosPALOP 79,9% 81,8% 2,27%nototalextracomunitário 19,8% 20,1% 1,44

Saldo 247277 -214037 -186,56elaboradopelaCCiPA,combaseemdadosdapáginadoiNePortugal

noVos associaDosMERCER PORTUGAL (Nº 1179)Consultoria e FormaçãoedifícioMonumental,AvenidaFontesPereiradeMelo,nº51–3ºA-e,1050–120LisboaTel.:213113700•Fax:213113771e-mail:[email protected]ão,Partner

MONDO PORTUGAL (Nº 1180)Construção Civil e ProjectosRuadosJasmins,417,ParqueindustrialdoBatel2890–189AlcocheteTel.:212348700•Fax:212348709e-mail:[email protected],Gerente

representação em angola:PLAYGROUPANGOLARuadoTimor,S/N,BairroMarienN’Gouabi,CabindaTelefone:+244–931302293

N80

Editorial

revista angola-portugal negócios Julho • Agosto • setembro 2013 • Nº 95

Informação CCIPA

Mesa da Assembleiapresidente

Portugal telecoM sgPsvice-presidente

sonangol –SOCieDADeNACiONALDeCOMBUSTÍVeiSDeANGOLAsecretário

aDP –ÁGUASDePORTUGALiNTeRNACiONAL

Direcçãopresidente

galP energia*vice–presidentes

banco bicbanco bPi* escoMsecil–COMPANHiAGeRALDeCALeCiMeNTO*

vogais

aMoriM holDing ii sgPsbes – BANCOeSPÍRiTOSANTOcgD – CAiXAGeRALDeDePóSiTOSMillenniuM bcP*MiranDa correia aMenDoeira & assoc. –SOC.ADVOGADOS*Mota-engil, engenharia e construçãorangel inVest*socieDaDe De construçõessoares Da costasPe –SOCieDADePORTUGUeSADeeMPReeNDiMeNTOS* unicer bebiDas

Conselho Fiscalpresidente

Deloitte consultores vogais

cosec –COMPANHiADeSeGUROSDeCRÉDiTOtaag –LiNHASAÉReASDeANGOLAsuplentes

aMroP PortugalWaYfielD traDing internacional

* Comissão Executiva

órgãos sociaisda cciPA 2011/2013

Loureiro,Lda.......................................................................................Benguela,LobitoAssociaçãodeJovensempresários.......................................................................Huambointercal,Lda...................................................................................................LubangoMabílioM.AlbuquerqueComercial,S.A..............................Namibe,Sumbe/Cuando-Cubango

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SeCTORDeACTiViDADe iNDÚSTRiA COMÉRCiO SeRViçOS

AGRiCULTURA PeCUÁRiA OUTROS

CeRTiDãODAeSCRiTURADeCONSTiTUiçãO:D.R.n.º_____,iiiSérie,de_____/______/______

rePresentação eM angola/Portugal

eNDeReçO

CX/CODPOSTAL TeLeFONe

FAX e-MAiL

rePresentante junto Da cciPa

NOMe

CARGO TeLeFONe

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CONDiçÕeSDeiNSCRiçãO:JóiA:E400,00(a)|QUOTAANUAL:E400,00

(a)Liquidaçãonoactodeinscrição.Nosanossubsequentes,aquotaépagaemJaneiro.Pagamentoporchequeouportrans-ferênciabancáriaparaNiB001000000189959000185,BancoBPi(Portugal)ouiBANAO06000600005259467130107,BFA(Angola).enviarcomprovativodatransferênciabancáriaporfaxouemail.ValorfixadopelaAssembleiaGeral.

AssinaturaeCarimbo

serViços cciPa

Data:____/____/____ Admissãoem____/____/____ Comunicaçãoem____/____/____

N.º de Sócio atribuído

JUNTAR:•CópiadaCertidãodaescrituradeConstituição.Relaçãodosprodutos/serviçosqueproduz/comercializa.•Outroselementosquepermitamomelhorconhecimentodaempresa,porexemplo:Sócios,Direcção,volumedevendas,n.ºdeempregados,catálogos/prospectos,entreoutros.

CâmaradeComércioeindústriaPortugal–AngolaautorizadaporDespachoMinisterialde05.11.1987(D.R.n.º267/87,iiSérie),constituídaporescriturade23.07.87,no18ºCartórioNotarialdeLisboa.instituiçãodeutilidadepúblicasemfinslucrativos,porDespachodoPrimeiroMinistrode06.06.91(D.R.n.º147/91,iiiSérie).Homologaçãodosestatutos,emAngola,porDespachodoMinistrodaJustiçade18.04.91(D.R.n.º50/91,iiiSérie).PeSSOACOLeCTiVAN.º501910590

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