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Ancestralidades

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Carmem Teresa do Nascimento Elias

ANCESTRALIDADES

Primeira Edição

São Paulo

2015

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Copyright por Carmem Teresa do Nascimento Elias

Obra registra na Biblioteca Nacional

Todos os direitos reservados

Ancestralidades

Pinturas de Carmem Teresa do Nascimento Elias

Obras em acrílico sobre tela do acervo da exposição individual:

Ancestralidades

Textos: Poesias de Carmem Teresa do Nascimento Elias

E

Contribuições de Poesias em parceria de Carmem Teresa Elias

E Romualdo Magela Julio, pelo projeto POESIAS AO ACASO:

Poesia dos livros Poesias Ao Acaso, Insano e Bigúmea.

Oganização, redação, revisão e diagramação: Carmem Teresa Elias

Contatos :

[email protected]

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Somos apenas poeira das estrelas

Consciência cósmica

Filhos da luz

Cores

Vida

Arte

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Agradecimentos:

Clube Militar do Rio de Janeiro

Rachel Olsan

Dedicatória:

Para Costa

(in memorium)

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Prefácio

Quando o artista busca transpor a abrangência de sua

expressividade, no geral, encontra-se frente a hipóteses limites. Para

romper barreiras, para expressar maior amplidão e expor sua

eloquência de significados, a poeta e artista plástica Carmem Teresa

do Nascimento Elias recorre na pintura à transcendência da palavra.

O resultado surpreende e supera: uma obra multicultural,

contemporânea e interativa entre as vertentes literária e visual das

Artes: um livro atmaísta.

Reunindo telas do acervo da exposição individual

“ANCESTRALIDADES” a poesias que elucidam a sensibilidade, o

pensamento filosófico e a reflexão, as obras de Carmem Teresa

reconstroem, passo a passo, o Ser, estabelecendo amálgamas de

significados que perpassam a própria Criação.

Conforme ressalta pesquisa de Paulo Campos, Diretor de

Intercâmbio Cultural da Sociedade Brasileira de Belas Artes, “o

Atmaísmo vem da união de duas palavras: Atman e Ismos. Para os

hindus, ‘Atman’ é a alma individual originada do deus Brahan e que

recebeu, deste, todo o poder de criação. ‘Ismus’, um sufixo de

origem grega, significa ‘capaz de captar e irradiar beleza’. Um

trabalho atmaísta é aquele em que o artista insere uma imagem em

sua poesia, ou vice-versa, em uma verdadeira criação”.

O livro ‘Ancestralidades’, portanto, emerge como uma concepção!

De um lado, uma seleção de textos elaborados em diferentes fases

do amadurecimento textual da autora; de outro, telas que ganharam

forma, cores e tessitura num nascimento plástico natural e livre, a

partir de um impulso criativo por pintar o imaginário inconsciente

profundo e sagrado. Enfim, um encontro espontâneo entre

dualidades de linguagens, interconectadas, contudo, de forma tão

coesa, como se textos e telas esperassem, ontologicamente, um ao

outro: O Yin e o Yang de sua arte, segundo a artista.

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Para a poeta-pintora Carmem Teresa Elias, ESPÍRITO e CORPO ou

ESSÊNCIA e MATÉRIA se fundem por meio do claro-escuro

impregnado das telas para transmitir o máximo de expressividade de

suas mídias. Os temas objeto dos quadros levam a propor, na

imagística, caminhos onde a imaginação explore seus possíveis

contornos e confrontos. Imagem e assunto se entrelaçam, dando

corpo a um percurso da existência do Universo e do Humano pelo

veio artístico figurativo representativo das artes pictóricas e literatas.

O livro estrutura-se por meio de uma trindade de capítulos que

decupam conceitos arquetípicos e até mitológicos a fim de elucidar

com sensibilidade o questionamento filosófico primordial: ‘Do pó

viemos, ao pó retornaremos. E, principalmente, por que estamos

aqui?

Partindo da imagística cósmica, o primeiro setor, “A LUZ E A

GESTAÇÃO DAS CORES”, abrange o confronto escuridão, luz,

sombras e cores ao descortinar a própria Criação do Universo

segundo culturas ancestrais das mais remotas. Fiat Lux pelas telas

“Poeira das Estrelas”.Reverência em “A Grande Deusa Mãe”,

imaginário associado à geração da vida e do Universo, que remete,

por exemplo, às madonas negras da pré-história, à deusa hindu

Sarasvati, à deusa celta Brígida, a deusa Nidaba da Suméria,entre

tantas outras nomeações e culturas, todas designadas, também,

como entidades criadoras da linguagem e da escrita. Desde as mais

remotas eras do imaginário humano, Criação, Arte, Palavra e

Linguagem surgem sempre interligadas. Neste setor ainda inclui-se

“Árvore da Vida”, cabalística representação do Conhecimento, ou do

Bem e do Mal. Mitos sagrados de diferentes culturas são assim

igualmente evocados, como os do Baobá, símbolo do pilar de

conectividade entre o mundo sobrenatural e o material, entre o Orun

e Aiye segundo o pensamento mágico religioso Yorubá. Carregam

essas telas, também, implicitamente em si, o florescer das Virtudes

Primevas, o Espírito e a Encarnação. Paralelamente, as poesias se

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criam ora em metalinguagem e metapoesia, em busca das raízes

prístinas da interpretação, ora com temáticas de mitos sagrados,

como as Magnólias, consideradas, por exemplo, nas tradições de

origem africana, como a primeira flor a surgir no planeta e, na cultura

chinesa, como a árvore que protege Buda, além de forte símbolo das

nobres virtudes.

O segundo setor, “ESCULTURAÇÃO DO HOMEM”, referente ao

imaginário que permeia a materialização da vida e mitos associados,

evoca os elementais mineral e vegetal, a evolução do planeta e das

espécies, a Natureza, e a ação do Tempo. Como filhos que somos

da poeira das estrelas, fomos esculpidos em areia, pedra, água e

barro. “Chronos, Kairós e Aeon” é a tela que abre o setor, evocando

a mitologia grega e, respectivamente, os três conceitos de Tempo: o

cronológico linear, o indeterminado da oportunidade, e o tempo

sagrado, circular e eterno da criatividade, que, na teologia moderna,

corresponde ao Tempo de Deus. Por que não dizer, também, “O

tempo de Um Poema?”. “Basalto e Carrara”, a seguir, evoca,

simultaneamente, o Corpo e a Alma, ao serem esculpidos juntos, em

alusão aos primórdios humanos da Idade da Pedra. “Embriões”

complementa a dualidade matéria e espírito da natureza humana,

seguido de “Homem de Barro” em clara referência bíblica. E como

não citar as “Águas Primordiais” que alimentam o mundo, as

cachoeiras, Oxum, os rios, o útero da terra, entre tantos “Perfis” que

se refletem no mar ou confluem junto a paredes das grutas na

simplicidade contemporânea da obra de Carmem Teresa Elias, que

recupera a valorização do Rupestre, do Impressionismo, do

Expressionismo, do Abstrato e, acima de tudo, do mágico efeito de

flores que se abrem e expandem na multiplicidade das cores.

Adaptando ao conceito mais hodierno que seria “Terra Prometida”,

as telas do terceiro setor trazem ritos pagãos antigos e seus

desdobramentos e manifestações na cultura popular brasileira em

sua expressividade máxima: de um Rio de Janeiro “Sob Céu

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Ancestral” de 450 milhões de anos atrás, comemorando o

aniversário da cidade, O Carnaval em “O Sangue, Suor e Lágrimas

Pela Batida de um Surdo” e a “Ginga” Carioca unificam culturas,

passado e presente, raízes e frutos, na “Incompletude” que nos

permite retornamos ao “Cálice das Cinzas”, como “Fênix” ao

reencontro iluminado com o Criador.

Se a poesia, como diria Paulo Mendes Campos, é o perfume da

vida, a poeta pintora Carmem Teresa se propõe a espargir esse

perfume seja por meio de pinturas, seja por intermédio das palavras.

Portanto, os que desejam emergir numa conceituação espírito

matéria em direção a um entendimento situacional do Homem em

toda sua essência e enlace existencial encontram na simplicidade

das telas e das poesias um campo fértil para reflexões mais

profundas do existencial.

Mario Baker Ribeiro

Jornalista

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INTERPRETAÇÃO

Entre a penumbra das palavras

E a Luz Deusa da sua Leitura

Minha Poesia revela toda uma vida...

Assim, queria ofertar-lhe um poema.

No recebimento de seus olhos

Compor-me e Ser.

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A Luz e a Gestação das Cores: As Três Rosas da Virtude

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Purpurina

Poeira

Pequeninos sóis

Purpurina de estrelas

No Universo inteiro

Somos rosa nebulosa...

Uma minúscula centelha

Um vago lume

Que da noite se fez revérbero

Do sublime amor

Ato e instante

De toda Criação!

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Virtude da Criação: Poeira das Estrelas