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ANATÁSIO – TiO2 O anatásio é um óxido relativamente comum que ocorre como mineral acessório em muitas rochas ígneas e metamórficas e facilmente passa despercebido. Anatásio é um dos cinco polimorfos de óxido de titânio encontrados na natureza. Os outros mais comuns são brookita e rutilo. Como impurezas o anatásio pode conter V, Nb, Sn e Fe. Há quatro variedades de anatásio. 1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Tetragonal, bipiramidal ditetragonal Marrom avermelhado, marrom amarelado, amarelado, azul, cinza a preto. Raramente incolor. Cristais (bi)piramidais ou tabulares, também massas criptocristalinas. Granular. [001] e [011] perfeitas Tenacidade Quebradiço Maclas Fratura Dureza Mohs Partição Raras segundo {112} Subconchoidal 5,5 - 6 não Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm 3 ) branco, fracamente amarelo. Adamantino, metálico, especular. Transparente 3,79 – 3,97 2. Geologia e depósitos: O anatásio é um mineral acessório comum em rochas magmáticas e metamórficas, ocorrendo também em pegmatitos. Pode ocorrer em fendas tectônicas do Tipo Alpino a partir de minerais titaníferos (ilmenita) das rochas encaixantes como xistos e gnaisses. Ocorre em carbonatitos, rochas alcalinas e algumas rochas metasomáticas (adinole, um tipo de albitito). Pode estar presente em veios metalíferos epitermais e nas rochas encaixantes destes. Anatásio é o mais raro dos polimorfos de TiO2. Pode substituir perovskita e muito frequentemente ocorre como massas criptocristalinas a colomorfas quando substitui ilmenita, como um dos componentes do leucoxênio (associação submicroscópica de anatásio com rutilo e outros). Como é um mineral bastante resistente, é encontrado em placers (depósitos aluviais), onde pode formar cristais euédricos em areias pesadas que contem ilmenita. Muitas vezes é secundário, formado a partir de minerais titaníferos pré-existentes. Forma-se como produto de alteração de minerais titaníferos em rochas intemperizadas. Pode ser diagenético em sedimentos. 3. Associações Minerais: Associa-se a hematita, ilmenita, magnetita-Ti, perovskita, pirocloro, titanita, brookita e rutilo. Além disso, a quartzo, plagioclásio, cloritas, K-feldspato (adularia), pirita, muscovita, fluorita e calcita.

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  • ANATÁSIO – TiO2 O anatásio é um óxido relativamente comum que ocorre como mineral acessório em muitas rochas ígneas e metamórficas e facilmente passa despercebido.

    Anatásio é um dos cinco polimorfos de óxido de titânio encontrados na natureza. Os outros mais comuns são brookita e rutilo. Como impurezas o anatásio pode conter V, Nb, Sn e Fe. Há quatro variedades de anatásio.

    1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

    Tetragonal, bipiramidal ditetragonal

    Marrom avermelhado, marrom amarelado,

    amarelado, azul, cinza a preto. Raramente

    incolor.

    Cristais (bi)piramidais ou tabulares, também

    massas criptocristalinas. Granular.

    [001] e [011] perfeitas

    Tenacidade

    Quebradiço

    Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

    Raras segundo {112}

    Subconchoidal 5,5 - 6 não

    Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

    branco, fracamente amarelo.

    Adamantino, metálico, especular.

    Transparente 3,79 – 3,97

    2. Geologia e depósitos:

    O anatásio é um mineral acessório comum em rochas magmáticas e metamórficas, ocorrendo também em pegmatitos. Pode ocorrer em fendas tectônicas do Tipo Alpino a partir de minerais titaníferos (ilmenita) das rochas encaixantes como xistos e gnaisses. Ocorre em carbonatitos, rochas alcalinas e algumas rochas metasomáticas (adinole, um tipo de albitito). Pode estar presente em veios metalíferos epitermais e nas rochas encaixantes destes.

    Anatásio é o mais raro dos polimorfos de TiO2. Pode substituir perovskita e muito frequentemente ocorre como massas criptocristalinas a colomorfas quando substitui ilmenita, como um dos componentes do leucoxênio (associação submicroscópica de anatásio com rutilo e outros).

    Como é um mineral bastante resistente, é encontrado em placers (depósitos aluviais), onde pode formar cristais euédricos em areias pesadas que contem ilmenita.

    Muitas vezes é secundário, formado a partir de minerais titaníferos pré-existentes. Forma-se como produto de alteração de minerais titaníferos em rochas intemperizadas. Pode ser diagenético em sedimentos.

    3. Associações Minerais:

    Associa-se a hematita, ilmenita, magnetita-Ti, perovskita, pirocloro, titanita, brookita e rutilo.

    Além disso, a quartzo, plagioclásio, cloritas, K-feldspato (adularia), pirita, muscovita, fluorita e calcita.

  • 4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

    Índices de refração: nω: 2,561 nε: 2,488

    ND Cor / pleocroísmo: bastante colorido, pode ser amarelo, amarelo-marrom, marrom, azul escuro, verde-pálido ou preto), com pleocroísmo fraco,. Às vezes muito difícil de perceber. O pleocroísmo fica mais forte se as cores são mais intensas. A distribuição de cores geralmente é desigual (manchas) ou zonada.

    Cristais de cores profundas podem ser confundidos com opacos em lâmina delgada se o condensador não está sendo usado. Portanto é útil conferir os “opacos” com o condensador colocado no caminho da luz para ver se um destes “opacos” não é anatásio ou outro mineral transparente de cores escuras.

    Relevo: muito alto

    Clivagem: {001} e {011} distintas, difíceis de ver quando os cristais são muito pequenos, o que é muito comum.

    Hábitos: típicamente em bipiramides muito alongadas, pontudas, o que originou seu nome. “Anatasis” em grego significa “extenso”, “alongado”. Outros hábitos possíveis são tabular fino e prismático. Em lâmina delgada normalmente é granular e muito pequeno.

    Como rutilo e anatásio podem ocorrer juntos na mesma rocha, é necessário um certo cuidado para reconhecer e distinguir os dois.

    NC Birrefringência e cores de interferência:

    birrefringência máxima de 0,073: cores fortes, intensas, de até 3ª ordem. As fortes cores próprias do mineral geralmente impedem, mascaram, a constatação destas cores de interferência.

    Extinção: tende a paralela

    Sinal de Elongação: SE(-), difícil de constatar um função das cores próprias fortes do mineral.

    Maclas: raras

    Zonação: sem informações

    LC Caráter: U(-), pode ser biaxial anômalo em cristais de cores profundas. Em cristais de cores intensas a obtenção da figura pode ser difícil a impossível.

    Ângulo 2V: muito pequeno se biaxial anômalo.

    Alterações: pode alterar a leucoxênio como os outros minerais com titânio também.

    Pode ser confundida com: zircão e titanita são uniaxiais e biaxiais positivos e possuem geralmente outros hábitos e características óticas.

    Perovskita apresenta maclas características e espinélio é isótropo.

    Esfalerita é muito semelhante, mas é isótropa, o que pode ser difícil de ver.

    Rutilo também pode ser muito semelhante, mas é U(+), uma constatação que geralmente é impossível devido ao tamanho diminuto dos cristais. Mas usando a técnica de “Luz Oblíqua” (ver seção abaixo) os minerais com titânio são fáceis de reconhecer, inclusive seu produto de alteração, o leucoxênio.

  • Anatásio em rocha alcalina a ND. À esquerda, SEM o uso do condensador, pode ser confundido com um mineral opaco. À direita, COM o condensador, é fácil perceber que se trata de um mineral transparente e as cores escuras podem ser avaliadas. As cores são muito parecidas com aquelas da esfalerita, mas usando a técnica de Luz Oblíqua o anatásio é fácil de distinguir desta.

    Anatásio com distribuição de cores em manchas irregulares a ND (esquerda) e a NC (direita). No canto inferior direito da imagem, fluorita. Percebe-se que, em função das fortes cores próprias do mineral as cores de interferência de 3ª ordem ficam mascaradas, assim como acontece com a titanita.

    Geralmente o anatásio é granular, mas às vezes, como aqui, a ND, é possível reconhecer formas que se relacionam ao seu hábito mais típico de bipirâmidades tetragonais pontudas. Imagem obtida com objetiva de 63x.

  • 5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:

    A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a identificação do anatásio. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a identificação dos minerais opacos que ocorrem associados ao anatásio.

    Preparação da amostra: o polimento do anatásio não oferece problemas, assim como o polimento do rutilo e da brookita.

    ND Cor de reflexão: Cinza azulada, um cor muito similar àquela do rutilo e da esfalerita.

    Pleocroísmo: Muito fraco, praticamente imperceptível.

    Refletividade: Ao redor de 20% Birreflectância: Não

    NC Isotropia / Anisotropia: É anisótropo, mas as reflexões internas mascaram a anisotropia.

    Reflexões internas: Brancas claras ou, mais raramente, azuladas a cinza-azuis.

    Pode ser confundida com: o anatásio é bem mais escuro que o rutilo, não tem pleocroísmo de reflexão e a cor é diferente. Muito semelhante e fácil de confundir com esfalerita, mas esta geralmente está associada a sulfetos e apresenta reflexões internas de outras cores. Seções de polimento muito bom e concentrados de areias oferecem grande dificuldade no reconhecimento do anatásio.

    Forma é em grãos pequenos ou como bipirâmides.

    Substituições de ilmenita por anatásio podem ocorrer, inclusive formando pseudomorfoses. Um produto intermediário que pode se formar durante este processo é titanita.

    Desmisturas fusiformes de ilmenita em anatásio são possíveis.

    Intercrescimentos orientados de anatásio, rutilo e brookita ocorrem.

    Transformação de anatásio em rutilo pode ocorrer.

  • 6. MICROSCOPIA DE LUZ OBLÍQUA:

    Desligando a luz do microscópio e iluminando a lâmina obliquamente por cima com uma luz LED forte, o anatásio se destaca em função de uma luminosidade amarela intensa que apresenta.

    Versão de janeiro de 2020

    Ilustração da técnica de Luz Oblíqua.

    A luz LED precisa ser forte.

    A existência de lamínula na lâmina não

    impede o uso desta técnica.

    Anatásio sob Luz Oblíqua, mostrando a típica luminosidade amarela que se destaca muito contra os outros minerais. Comparar com as imagens de Luz Transmitida, pois são os mesmo grãos. Cores semelhantes sob Luz Oblíqua mostram rutilo, titanita e leucoxênio. Para sua diferenciação é necessário considerar hábitos e outras características.