análises emg dos exercicios

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Os melhores exercícios para bíceps | Análises EMG 2 Tal como o próprio nome já implica, o bí-ceps (“duas cabeças”) braquial é composto por dois músculos, os quais se ligam a diferentes partes da articulação do ombro: A cabeça longa (caput longum) que se liga ao “tuberculum supraglenoidale scapulae ” e facilita a rotação interna e abdução do braço, e A cabeça curta (caput breve), que se liga ao “processus coacoideus ” e facilita a anteversão e adução do braço. Apesar das suas funções cinéticas individuais, ambas as cabeças do bíceps braquial funcionam de forma sinergística durante os movimentos básicos de “curl” e em movimentos mais complexos como a supinação da palma da mão. Nesse sentido, a posição individual da mão determina, qual das duas cabeças do bíceps suporta a maioria da carga do movimento.

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Page 1: Análises EMG dos Exercicios

Os melhores exercícios para bíceps | Análises EMG

2

Tal como o próprio nome já

implica, o bí-ceps (“duas cabeças”) braquial é composto por dois

músculos, os quais se ligam a diferentes partes da articulação do

ombro:

A cabeça longa (caput longum) que se liga ao “tuberculum

supraglenoidale scapulae” e facilita a rotação interna e abdução do

braço, e

A cabeça curta (caput breve), que se liga ao “processus coacoideus”

e facilita a anteversão e adução do braço.

Apesar das suas funções cinéticas individuais, ambas as cabeças do

bíceps braquial funcionam de forma sinergística durante os

movimentos básicos de “curl” e em movimentos mais complexos

como a supinação da palma da mão. Nesse sentido, a posição

individual da mão determina, qual das duas cabeças do bíceps

suporta a maioria da carga do movimento.

Devido à anatomia do bíceps, é requerido um agarre supinado

(palmas das mãos a apontar para cima) para gerar o

desenvolvimento ótima de força. À medida que o grau de

pronação (palmas das mãos a apontar para baixo) e os tendões dos

bíceps se deslocam mais e mais ao redor do rádio (osso), o potencial

Page 2: Análises EMG dos Exercicios

para o máximo desenvolvimento de força diminuiu e passam a ser o

músculo braquial e braquiorradial a suportar a carga (veja a imagem

1).

Mantenha isso em mente, ao ver os dados mais abaixo acerca dos

exercícios mais “eficientes” para os bíceps e quando for estruturar

um treino, e assegure-se de treinar os bíceps e p braquial com uma

variedade de ângulos para facilitar o progresso óptimo em termos de

força e massa muscular.

Os exercícios mais eficientes para o bíceps braquial são:

Imagem 1: Anatomia dos bíceps. note que os bíceps ligam-se

diretamente à articulação do ombro.

* A não ser que se indique o contrário, todos os exercícios devem ser

realizados com um agarre em supinação (palmas das mãos

apontadas para cima).

Curl de concentração com halteres, sentado, peso

supramáximo, negativa excêntrica*.

Curl de concentração com halteres, sentado

Curl Scoot, barra reta.

Page 3: Análises EMG dos Exercicios

Curl em polia (máquina), com uma barra reta

Curl com barra reta, em pé, agarre à largura dos ombros

Curl Scoot com halter, unilateral, suporte com 60° de

inclinação.

** Realizar uma negativa excêntrica significa que se levanta peso,

neste caso o halter (com um peso 20-30% superior ao que

normalmente usaria) e com a ajuda da sua mão que esteja livre,

aplica-se apenas a força necessária para subir o halter, e depois baixa

o peso o mais lentamente possível usando apenas o braço que estiver

a treinar.

Figura 1: Grau de activação muscular (tal como medida via EMG) em

comparação ao exercício de referência – curl com barra, dados

adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000)

Se der uma vista de olhos aos dados da figura 1, irá reparar que as

diferenças entre os exercícios clássicos para bíceps, são

relativamente pequena. Com a carga (peso) e forma adequada, a

activação geral das duas cabeças dos bíceps, cabeça longa (caput

long) e cabeça curta (caput breve), diferem em apenas 10%, desde o

curl Scoot com halter num suporte com 60° de inclinação até ao curl

de concentração com halter sentado, com a parte de trás do braço

suportada pela coxa.

Nesses casos, a técnica de alta intensidade usada aqui, as

chamadas negativas, pode fazer uma diferença significativa. A carga

20%-30% mais elevada no curl de concentração com negativa vs

Page 4: Análises EMG dos Exercicios

positiva, aumenta ainda mais a já superior activação muscular, por

uns incríveis +40%!

Nota: Também pode utilizar as negativas excêntricas noutros exercícios de bíceps. De facto, muitos culturistas profissionais fazem “batota” (usam balanço/impulso) na fase concêntrica (ao levantarem) nos curls normais com barra e halteres, e depois tentam resistir o mais possível à gravidade na descida.

Boeckh-Behrens & Buskies não testaram essa prática específica, mas seria razoável assumir que pode proporcionar efeitos similares à variedade de exercícios que foram testados de forma controlada no estudo.

Agarre em supinação, em semi-pronação (martelo), em rotação ou em pronação – O que

funciona melhor para desenvolver bíceps grandes?

A partir da introdução que demos acima da fisiologia do bíceps

braquial e dos seus músculos sinergistas, braquial e braquiorradial,

deveria ser óbvio que a variação dos tipos de agarre e distâncias de

agarre podem tem um grande impacto no grau a que cada um desses

músculos é envolvido num determinado exercício. O padrão de

activação para o bíceps braquial durante o curl de concentração, por

exemplo, depende em grande parte, do tipo de agarre utilizado.

Page 5: Análises EMG dos Exercicios

Figura 2: Grau de activação muscular (medida por EMG) durante o

curl de concentração com diferentes tipos de agarre em comparação

com o curl de concentração com agarre em supinação (dados

adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000)

Com a excepção do agarre em pronação*** o nível de activação geral,

permanece elevado (veja a figura 2), quando se muda de um agarre

em supinação para um agarre em semi-pronação/martelo (90°,

polegar a apontar para cima), ou em rotação (posição em semi-

pronação no início do movimento, agarre em supinação no final).

A elevada activação do bíceps braquial nos “curls martelo”

(curl com halteres com um agarre em semi-pronação), é algo

surpreendente, de facto, o valor médio de EMG foi até 3 pontos mais

elevado (766 pontos vs. 763 pontos) em comparação com a versão

do curl de concentração em supinação. Isto é particularmente

interessante, já que vai contra o “senso comum” dos ginásios”, que

nos diz que o curl “martelo” atinge especificamente o músculo

braquial.

*** embora aqui Boeckh-Behrens & Buskies não tenham medido o

padrão de activação do músculo braquiorradial, é razoável supor que

irá suportar a maior parte da carga dos curls de concentração em

pronação.

A largura do agarre – faz realmente alguma diferença?

Apesar da maioria dos praticantes de musculação assumirem

naturalmente um agarre com uma distância à largura dos ombros,

muitos treinadores, culturistas profissionais e competidores “body-

fitness”, sugerem que se treine com uma variedade de distâncias de

agarre, por razões “estéticas”.

E de facto, até o curso básico inicial que demos acerca da anatomia

do bíceps deve ser o suficiente para compreender que a largura do

agarre, tal como o ângulo do agarre, irá influenciar os padrões de

Page 6: Análises EMG dos Exercicios

activação das cabeças individuais do bíceps braquial (agarre mais

afastado trabalha mais a cabeça longa, agarre mais próximo trabalha

mais a cabeça curta). Por outro lado, o padrão global de activação da

soma da cabeça longa e da cabeça curta, as duas cabeças do bíceps

braquial, permanece muito estável (veja a figura três).

Figura 3. Mudanças da activação muscular (medidas por EMG)

durante o curl com barra (barra reta), com agarre afastado e com

agarre próximo, em comparação com um agarre à largura dos

ombros (dados adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000).

Enquanto o tipo de agarre mais afastado (largura dos ombros +20cm)

não modifica o padrão de activação de forma significativa (e irá

provavelmente prejudicar os seus pulsos), a realização do curl com

barra reta, usando um agarre próximo (mãos afastadas a 10cm)

reduz a activação do bíceps braquial de forma significativa e aumenta

a carga no músculo braquial.

Resumindo, todos os movimentos básicos de curl ativam os

bíceps braquial a um grau similar. Tendo isso em conta, a forma

técnica e a carga adequadas (selecionando um peso que treine o

músculo, não o seu ego), tornam-se progressivamente mais

importantes.

Não seja aquele indivíduo que faz movimentos de curl balísticos, usando pesos estupidamente pesados, que pode desenvolver grandes trapézios (devido ao

Page 7: Análises EMG dos Exercicios

impulso ao início de cada curl), mas deixa os seus bíceps subdesenvolvidos.

Em vez disso, tire proveito da variedade de exercícios eficientes para os bíceps e trabalhe-os a partir de diferentes ângulos e com diferentes distâncias de agarre, de forma a proporcionar um estímulo diferente de crescimento de cada vez que for ao ginásio.

Incorpore negativas quando sentir que atingiu um limite de

desenvolvimento; não use as negativas em todos os treinos. Porque

as negativas excêntricas causam danos significativos ao tecido

muscular, o que – se acontecer de forma demasiado frequente –

poderá eventualmente conduzir à atrofia em vez de hipertrofia.

Um programa baseado nos resultados EMG

É claro que existe uma miríade de formas de combinar os exercícios

individuais, a minha recomendação pessoal para o desenvolvimento

geral dos bíceps (baseada nas medidas EMG), seria a seguinte.

Imagem 2: O curl de concentração tem formado parte dos treinos dos

culturistas desde os tempos do Arnold Schwarzenegger, e com razão,

tal como atestam os resultados dos testes EMG.

1. Curl com barra – com barra reta, agarre em supinação à

largura dos ombros, concêntrica explosiva, movimento

excêntrico controlado, cargas elevadas, 6-8 repetições.

Page 8: Análises EMG dos Exercicios

2. Curl Scoot – com barra w, agarre próximo, em supinação,

estiramento completo no final, carga moderada, 8-10

repetições.

3. Curl de concentração – com halter – varie entre o agarre em

supinação e em martelo, carga moderada ou supramáxima

(usar de forma esporádica), 10 repetições (use a assistência do

braço livre, se necessário).

Poderá notar que neste artigo não faço recomendações de volume.

Isto deve-se ao facto de verificar que cada um tem que descobrir o

que funciona melhor para si em termos de volume e frequência de

treino ótimos. Isto também pode mudar ao longo do tempo/de acordo

fatores de estilo de vida/nutrição e suplementação.

Os melhores exercícios para dorsais | Análises EMG

5

Nesta parte da série dos

melhores exercícios para cada grupo muscular, em vez de abordar

apenas um grupo muscular, iremos abordar três*.

Aviso desde já que o artigo de dorsais é um pouco extenso devido a

se tratar na verdade de 3 grupos musculares, mas insista e leia até

ao final, porque vale bem é pena e é o leitor quem sai a ganhar.

Page 9: Análises EMG dos Exercicios

Imagem 1: Os maiores grupos musculares das costas, os

trapézios, rombóides e grande dorsal.

Os trapézios (a vermelho na imagem 1) e os rombóides (a

azul na imagem 1), do qual o anterior (os trapézios), que

cobrem os romboides que se ligam à escápula com a vértebra

da coluna espinal, é muitas vezes erradamente associados à

musculatura do pescoço; em efeito, o músculo trapézioestende-

se longitudinalmente desde o osso occipital até à espinha da

escápula e é portanto, responsável pelo que os culturistas

profissionais muitas vezes se referem como “espessura das

costas” e…

O grande dorsal (a verde na imagem 1), que é literalmente, o

músculo com maior dimensão dascostas e é portanto, o

responsável pela “largura” das costas.

Iremos analisar a “largura” e a “espessura” dos dorsais num único

artigo, por duas razões. Em primeiro lugar, se quisermos desenvolver

uma estrutura forte e visualmente impressionante, temos que treinar

todos os grupos musculares da parte superior/medial das costas.

*Nota: De facto, também temos que treinar a parte inferior das costas, em particular os eretores da espinha, mas dado que analisar todos os quatro aspetos das costas iria tornar o artigo demasiado longo. Decidi

Page 10: Análises EMG dos Exercicios

deixar a parte inferior das costas para um próximo artigo desta série.

Em segundo lugar, na verdade não é possível isolar uma parte

da outra, porque o seu corpo não foi concebido para ter uma

aparência estética apelativa (seja lá qual for a sua interpretação

individual disso), mas sim para gerar força funcional ótima e

agilidade, e assim sendo, em ultima instância, para a sobrevivência.

Consequentemente, os músculos das suas costas (assim como

também acontece com outras partes corporais) irá sempre

funcionar em combinação, quando sobe, puxa, ou simplesmente

transporta objetos pesados pela sua casa ou jardim. Mantenha isso

em mente quando estiver a ler sobre treinar para “largura” ou

“espessura” … A sinergia é o nome do jogo e de qualquer forma,

não irá desenvolver “asas” (dorsais largos) numa estrutura que seja

fina como uma panqueca -pois não?

Mas deixemo-nos disso e vamos ao que interessa, que é o treino de

dorsais baseado na investigação EMG. Aqui estão os exercícios mais

eficientes para o músculo trapézio e grande dorsal (latissimus dorsi),

tal como registado pela eletromiografia (exercícios testados em 10

voluntários com experiência em treino de musculação, com a idade

média de 22 anos e gordura corporal ao redor dos 13%; dados de

Boeckh-Behrens & Buskies. 2000.)

I. O grande dorsal – Desenvolva um par de “asas” 

Exercícios com equipamento de musculação comum para o

músculo grande dorsal:

1. Puxada de dorsal ao esterno (PS1), agarre próximo em

supinação, costas inclinadas

2. Puxada de dorsal à nuca (PN), agarre em pronação, á

largura dos ombros, costas retas.

Page 11: Análises EMG dos Exercicios

3. Remo com halter, tronco inclinado (DB1), agarre em

supinação, braços próximos do tronco, palmas das mãos a

apontar para a frente

4.  Puxada de dorsal ao esterno (PS2), agarre em pronação à

largura dos ombros, costas inclinadas

5. Remo com halter, tronco inclinado (DB2), agarre neutro,

palmas das mãos a apontar para o tronco

6. Puxada de dorsal ao esterno (PS3), agarre em pronação, à

largura dos ombros, tronco reto.

7. Remo sentado em máquina (CR), Barra-V, braços próximos

do tronco

Figura 1: Atividade EMG dos exercícios com equipamento de

musculação comum, expressa “relativamente” à puxada de dorsal à

nuca (PN), a abreviação pode ser encontrada no gráfico acima (dados

calculados e baseados a partir de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000).

A representação visual da atividade EMG relativamente ao que é

considerado desde há muito tempo o melhor exercício para as costas,

a puxada de dorsal à nuca, mostra que os exercícios clássicos,

que na verdade Joe Weider recomendava, como a puxada ao

esterno (PS1) e à nuca (PN) foram na verdade, os que

provocaram a maior ativação dos músculos dorso-laterais do

tronco, mas, ao contrário do que o canadense co-fundador da

Page 12: Análises EMG dos Exercicios

Federação Internacional de Culturismo (IFBB) pensava, Boeckh-

Behrens & Buskies não encontraram diferenças significativas na

activação da parte superior, medial e inferior do grande dorsal

durante as diferentes variações da puxada de dorsal. Por outras

palavras, não é possível treinar de forma isolada a parte

superior, medial ou inferior do músculo mais grande das

costas (grande dorsal).

Recorde-se sempre! Que o músculo grande dorsal não é excepção à regra de que não é possível isolar fibras musculares individuais de um determinado grupo muscular. O mesmo é verdade para a parte “superior e inferior” dos abdominais e a “parte superior e inferior do peitoral”, que irão sempre trabalhar em conjunto, quer faça crunch no chão, elevações de pernas na barra fixa, flexões de tronco e supino.

Neste contexto, também vale a pena mencionar que, pelo menos em certa medida, todos os movimentos de puxada ativam o bíceps braquial, o músculo da parte posterior do deltoide (parte posterior) e também a parte transversal do músculo trapézio (parte medial dos trapézios).

Imagem 2: Inclinar-se ligeiramente para trás (135° vs. 180°)

aumenta a ativação do músculo grande dorsal em 11%!

Outra conclusão interessante que podemos retirar dos dados da

figura 1 é que, ao contrário do que muitos gurus afirmam, inclinar-se

para trás, ou como alguns dizem “fazer batota” na puxada de

Page 13: Análises EMG dos Exercicios

dorsal, é na verdade benéfico no que diz respeito à ativação do

músculo grande dorsal (desde que realizado sem impulso/balanço).

Comparado com a versão de puxada de dorsal ao estilo “correcto”,

que deve ser realizada estando sentado e com o tronco 100% reto, de

forma que os seus braços e o seu torso estejam e se mantenham

perpendiculares ao chão, inclinar-se ligeiramente para trás (PS1;

135° vs. 180°, veja a imagem 1) aumenta a ativação do músculo

grande dorsal em 11%.

Num contexto semelhante, o ridicularizado remo com halter com

agarre em supinação, que é suposto transformar o remo inclinado

com halter num exercício para os bíceps, aumenta a ativação dos

dorsais em 6%, desde que seja realizado com a forma apropriada,

isto é, mantendo o braço ao lado do seu corpo (não deixe que os seus

braços se afastem, para poder levantar pesos mais pesados).

Nota: Embora o ângulo entre os seus braços e o seu torso (braços juntos vs. afastados) afete a intensidade do exercício, não é tão crucial como se poderia pensar. Por exemplo, afastar os braços num ângulo de 45° graus durante um remo em maquina com agarre V, diminui a ativação dos dorsais em menos de -1%! Por outro lado, uma abdução de 90°, diminui a atividade de EMG por -49%, e irá portanto, transformar um exercício para dorsais num exercício para a parte posterior dos deltoides.

Exercícios com peso corporal para o músculo grande dorsal:

1.

Imagem 3: A elevação de tronco à nuca, com agarre afastado

em pronação, ainda é o exercício corporal número um para o

desenvolvimento dos dorsais.

Page 14: Análises EMG dos Exercicios

Elevação de tronco à nuca, agarre afastado em pronação

2. Elevação de tronco ao esterno, agarre afastado em

supinação

3. Elevação de tronco ao esterno, agarre afastado em

pronação

4. Elevação de tronco ao esterno, agarre próximo em pronação

Como pode ver, a boa e velha, mas para alguns dolorosa elevação

de tronco à nuca (se me perguntassem, diria que não é um

movimento natural) ainda é o que proporciona a maior ativação dos

dorsais.

Figura 2: A atividade EMG das variações da elevação de tronco ao

esterno expressa, em comparação com a elevação de tronco à nuca

com agarre afastado (dados calculados com base em Boeckh-Behrens

& Buskies. 2000).

Para além disso, é interessante que as elevações de tronco usando

um agarre afastado em supinação e não as elevações com agarre em

pronação, como a maioria dos atletas provavelmente pensam, ficam

em segundo (-13% e -19% menos de atividade EMG vs elevações de

tronco à nuca. Por outro lado, um agarre próximo tira muita da

atividade dos músculos dorsais, muito provavelmente devido ao fato

de ter que se usar menos peso.

Page 15: Análises EMG dos Exercicios

Dica de treino! Se não puder fazer as “clássicas” elevações à nuca,

porque os seus ombros, pescoço ou outra coisa esteja a doer, procure

um tipo de estação de treino para elevações de tronco que

ofereça suporte, mas sem a parte da barra ao meio. Se tiver

sorte, irá conseguir realizar este movimento sem dor e até usar peso

extra. Desta forma não irá ter que inclinar a cabeça para a frente,

já que a cabeça não irá bater na barra, assegure-se no entanto, de

não inclinar demasiado para trás, já que dessa forma, estaria a fazer

na mesma uma puxada ao esterno.

II. Os trapézios e os rombóides – Adicionando espessura às suas costas

Em jeito de nota, em relação aos músculos rombóides: Todos os

exercícios que ativam os músculos trapézios, irão

inevitavelmente atingir também os músculos rombóides, que

se encontram por debaixo. Esta circunstância e a impraticabilidade de

medir a atividade muscular num músculo a que não é possível ter

acesso sem intervenção cirúrgica (recorde que os músculos

romboides estão cobertos pelos músculos trapézios) levou a que

Boeckh-Behrens & Buskies decidissem não medir a atividade EMG dos

músculos romboides individualmente.

Exercícios realizado com equipamento comum de musculação

para… *indica um exercício de referência em relação ao qual os

outros foram comparados na figura 3. ^ Indica que o valor exato de

EMG não foi medido/registado no mesmo grupo de voluntários. ° A

não ser que se refira o contrário, o dado ângulo denota o ângulo entre

o braço e o torso.

… a parte superior dos músculos trapézios:

1.

Page 16: Análises EMG dos Exercicios

Imagem 4: Esta é a máquina que os voluntários do estudo

usaram no estudo para realizarem as aberturas invertidas com

rotação interna, note o ângulo de 90° graus dos braços e torso.

Encolhimentos com halteres *

2. Encolhimentos com barra à frente, agarre próximo

3. Peso morto ^

… a parte medial dos músculos trapézios:

1. Peck Deck invertido (rotação interna, 90°)

2. Voos com halteres (90°)*

3. Remo inclinado com barra (90°)

4. Remo em máquina com barra reta

5. Face pulls

6. Remo com halter (90°)*

… a parte inferior dos músculos trapézios

1. Peck Deck invertido (rotação externa, 120°)

2. Voos com halteres (120°)*^

3. Máquina de voos (rotação externa, 90°)

4. “Shoulder pulls”, na polia alta de dorsais

5. Voos com halteres (90°)*

6. Máquina de voos (rotação interna, 90°)

Clique para aumentar a imagem abaixo…

Page 17: Análises EMG dos Exercicios

Figura 2: Atividade EMG dos vários exercícios de costas para a parte

superior, inferior e medial dos músculos trapézios, os valores são

expressos relativamente aos exercícios marcados com um asterisco

(*) para a respetiva parte de músculo (dados calculados baseados em

Boeckh-Behrens & Buskies. 2000)

Embora não tenham medido especificamente a atividade EMG do

peso morto, os autores especulam que “tendo em conta a função

anatómica do músculo e as cargas elevadas, o [peso morto] é

provavelmente, muito eficiente”. Dito isto, nenhum dos nomes,

nem nenhuma das pontuações nos exercícios do top 3 para a parte

superior dos músculos trapézios o deverão surpreender. Esses

exercícios são e têm vindo a fazer parte dos regimes de treino para

as costas, embora por vezes sejam confundidos por exercícios para o

pescoço ou ombros.

Isolando as partes individuais do músculo trapézio, com

respeito à ativação superior da parte medial do músculo

trapézio pela abertura invertida em máquina vs. o seu

equivalente com pesos livres, o voo com halteres, eu gostaria

de chamar a sua atenção para a imagem 4, que mostra uma peça de

Page 18: Análises EMG dos Exercicios

equipamento similar à que foi usada no estudo. Ao contrário da

variação com pesos livres, o Peck Deck invertido retira tanto o

“impulso/balanço” como a contribuição dos tríceps/braços” do

movimento e é portanto, o movimento de isolamento ideal.

Nota: Embora Boeckh-Behrens e Buskies não tenham analisado isso de forma individual, é muito provável que a ativação do músculo trapézio seja menor numa dessas máquinas em que se puxa com as mãos em vez de puxar os suportes com os braços.

Imagem 4: Puxada de ombros, um exercício que é muitas vezes

usado como parte de programas de reabilitação.

Uma simples mudança de ângulo entre os seus braços e o seu

torso, de 90° para 110° muda o foco de ambos os exercícios

baseados em pesos livres e em máquinas, para a parte inferior dos

trapézios. Um exercícios de isolamento ideal, que irá também ajudar

com a postura e a prevenção da temida “síndrome de irritação do

ombro” em que os tendões do músculos dos rotadores da cufa

tornam-se irritados e inflamados, pois passam ao longo do espaço

subacromial, a passagem entre o acrómio.

É a puxada de ombros (shoulder pull) numa máquina comum de

puxada de dorsais, onde, em vez de puxar com os seus dorsais (e

braços), os seus braços permanecem estendidos ao longo do

movimento e você move o peso exclusivamente com os

músculos que usaria se alguém lhe pedisse para puxar as

suas “omoplatas” para dentro e para fora (veja a imagem 4).

Page 19: Análises EMG dos Exercicios

Embora este não seja um exercício habitual nos programas de treino

de musculação, a incorporação de exercícios de reabilitação

eficientes como este, podem ajudar a prevenir a ocorrência de lesões

e- quem sabe – ajudar a dar os últimos “retoques” a umas costas já

quase perfeitas.

Exercícios corporais para a parte inferior dos músculos

trapézios:

1. Fundos

2. Puxada ao esterno. Agarre afastado em pronação

Provavelmente irá ficar surpreendido ao ver os fundos como o

principal exercício corporal para desenvolver a parte inferior dos

músculos trapézios. Se não acreditar nos dados de EMG, tente fazer

alguns fundos depois de sessão exaustiva de treino de costas com um

elevado envolvimento dos trapézios, ma tenha cuidado, poderá

aleijar-se facilmente, quando os seus trapézios já não puderem

continuar a estabilizar o seu corpo.

Dica de treino: Embora muitos atletas falhem em dar-se conta disso, as costas são provavelmente, o grupo muscular mais difícil de treinar, ou deveria dizer, de estimular da forma adequada. Assegure-se de usar um peso que seja difícil de levantar do chão e de pousar, mas assegure-se sempre de que não é demasiado pesado que não o consiga controlar na descida. Se os seus músculos não conseguem parar o peso na descida, antes que os seus tendões o façam, então o peso é demasiado pesado. Deixe o seu ego á porta, pegue num peso mais leve e trabalhe o músculo, não a cartilagem. Puxar, apertar e controlar a descida, de forma sinergística, é o caminho a seguir para um grande desenvolvimento das costas, sem lesões.

Page 20: Análises EMG dos Exercicios

Imagem 5: Para os que possam ter ficado com dúvidas, aqui estão

dois exemplos representativos de um tipo de agarre em supinação e

em pronação. Repare na posição das mãos.

Concluindo, enquanto praticamente todos os exercícios de costas irão

ativar ambos os músculos grande dorsal, os músculos trapézios e os

subjacentes rombóides a algum grau, apenas uma combinação dos

exercícios mais eficientes para as costas, que são a elevação de

tronco à nuca com agarre afastado em pronação e a elevação

de tronco com agarre afastado em supinação, com os melhores

exercícios para a parte superior, medial e inferior dos trapézios, que

são os encolhimentos pesados com halteres e voos a 90° e a

110° irão ativar todos os grupos musculares das suas costas de

forma máxima.

Um programa de treino baseado nos resultados EMG

É claro que existe uma miríade de formas de combinar os exercícios

individuais, a minha recomendação individual para um

desenvolvimento de costas impressionante (baseado nos dados EMG)

seria a seguinte:

Page 21: Análises EMG dos Exercicios

1.

Imagem 5: Existem exercícios que teriam de ter sido inventado

se não estivessem estado presente desde os primórdios da

cultura física. Os encolhimentos são sem dúvida alguma, um

desses exercícios.

Elevação de tronco à nuca – para desenvolvimento dos

dorsais + todos aqueles músculos estabilizadores escondidos

que um movimento de corpo completo como a elevação de

tronco ativa. (5-10 repetições / use peso adicional ou use o

método “rest-pause” se puder fazer mais / menos).

2. Puxada à frente com agarre próximo em supinação – (Na

posição contraída, puxe os cotovelos para trás o mais possível)

– para esgotar completamente os dorsais (8-12 repetições)

3. Encolhimentos com halteres (contraia os trapézios ao

máximo no final do movimento) – para o desenvolvimento da

parte superior dos trapézios (10-12 repetições)

4. Voos a 90° (referencialmente numa máquina semelhante à da

imagem 4) – para o desenvolvimento da parte medial dos

trapézios, (10-12 repetições).

5. Voos a 110° (use pesos leves, sinta a congestão muscular!) –

para o desenvolvimento da parte inferior dos trapézios (vá até á

falha, aumente o peso se conseguir fazer mais de 15

repetições).

Poderá notar que aqui não faço recomendações de volume. Isto deve-

se ao facto de verificar que cada um tem que descobrir o que

funciona melhor para si em termos de volume e frequência de treino

Page 22: Análises EMG dos Exercicios

ótimos. Isto também pode mudar ao longo do tempo/de acordo com

os diversos fatores de estilo de vida/nutrição e suplementação.

Os melhores exercícios para deltóides | Análises EMG

3

E chegamos então ao sexto

artigo desta série, onde nos iremos dedicar aos deltóides, um grupo

muscular que os culturistas raramente deixam de tentar aperfeiçoar.

Vamos então começar a analisar a complexa musculatura dos

ombros:

A parte anterior, lateral e posterior do músculo deltóide,

também conhecido como músculos dos “ombros”, que se liga à

clavícula, o deltóide liga-se ao acrómio e à “parte espinhal” que

está diretamente ligada à espinha escapular.

Os rotadores da cufa, que abrangem o músculo

infraespinhoso (infraespinatus), que surge a partir da fossa

infraespinhal da escápula e facilita a rotação interna, o músculo

infraespinhoso, que está situado imediatamente acima do

anterior e está envolvido na adução lateral do braço e o

músculo redondo menor, que está fixado de forma lateral ao

bordo axilar da escápula e participa na abdução do braço, o

músculo subescapular, que completa este comumente

negligenciado quarteto muscular que está fixado na parte

Page 23: Análises EMG dos Exercicios

interna da escápula e facilita a rotação interna, abdução e

adução do ombro.

Imagem 1: Anatomia dos deltóides e rotadores da cufa.

Dos dois grupos musculares, o primeiro (deltóide) é o que lhe irá dar

aquele aspeto de ombros grandes e largos que toda a gente procura,

enquanto o segundo constitui um pré-requisito necessário, mas no

entanto negligenciado para o desenvolvimento dos deltoides.

Eventualmente, os músculos dos rotadores da cufa

providenciam a estabilidade que é necessária para executar

da forma adequada o press militar à frente, elevações

laterais, voos (aberturas invertidas) e todos os exercícios

comuns para ombros redondos e musculosos!

É de uma importância vital que mantenha este sinergismo em mente

quando estiver a organizar um programa de treino – e se o risco de

lesões de ombros devido a músculos estabilizadores

subdesenvolvidos não o chocar, talvez a informação de que uma

fundação forte na forma de músculos rotadores da cufa treinados da

forma adequada, o irá ajudar a “aumentar o seu supino”, para que da

próxima vez que alguém lhe perguntar quanto levanta no supino, o

possa impressionar com um novo recorde pessoal.

Mas deixemo-nos de rodeios e vamos ao que interessa, os

exercícios mais eficientes para o treino dos ombros, tal como

registados por eletromiografia (testes realizados em 10 voluntários do

sexo masculino com experiência em treinos de musculação, com a

Page 24: Análises EMG dos Exercicios

idade média de 22 anos e 13% de gordura corporal; dados retirados

de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000).

I. Os melhores exercícios para a parte anterior, lateral e posterior dos deltóides

Imagem 2: acontece que o press militar à nuca (que predispõe a

lesões) é o exercício mais versátil para os deltóides, já que atinge

com igual intensidade ambas as partes anterior e lateral dos

deltóides.

Provavelmente nunca me irei cansar de dizer-lhe que, o isolamento

completo, é algo que nunca irá ser capaz de conseguir no

ginásio – nem mesmo sequer se usar um daqueles equipamentos

novos sofisticados, com nomes que sugerem que facilitam

precisamente isso.

No mundo real (e acredite ou não, o ginásio faz parte do mundo real),

os seus músculos trabalham de forma sinergística para mover o

peso do ponto A ao ponto B.

É no entanto, perfeitamente possível influenciar que grupos

musculares e até mesmo que músculos individuais suportam a maior

parte da carga de trabalho, através da seleção dos exercícios certos

e/ou manipulando a forma com que realiza um determinado exercício.

Recorde-se sempre disto, quando der uma vista de olhos à seguinte

lista dos “exercícios mais eficientes” (o mais correto seria dizer que

são os exercícios com atividade EMG mais elevada)

Page 25: Análises EMG dos Exercicios

Para a parte lateral…

1. Elevações laterais – com halteres, rotação interna (ver o

exercício)

2. Voos (aberturas invertidas) – em máquina, rotação externa

3. Press militar à nuca – com barra, sentado

Para a parte posterior…

1. Voos (aberturas invertidas) – em máquina, rotação interna (ver

o exercício)

2. Voos (Aberturas invertidas) – com halteres, rotação interna

Para a parte anterior…

1. Press militar – com barra, sentado

2. Press militar à nuca – com barra, sentado

3. Elevações laterais – com halteres, rotação interna

4. Supino – com barra

5. Elevações frontais – com halteres, rotação externa

Clique na figura para a ampliar:

Figura 1: Atividade EMG da parte anterior, lateral e posterior do

músculo deltóide durante exercícios selecionados, relativamente ao

press militar (parte anterior do deltóide), as elevações laterais com

Page 26: Análises EMG dos Exercicios

halteres (parte lateral do deltóide) e os voos com halteres (parte

posterior do deltóide), cálculos baseados em dados de Boeckh-

Behrens & Buskies (2000).

Os dados EMG da figura 1 confirmam o que os treinadores de todo o

mundo têm vindo a afirmar durante décadas. Um movimento de

press para o deltoide frontal (parte anterior), algumas

elevações laterais para a parte lateral e uns poucos “voos”

para o deltóide posterior, é tudo o que é necessário para

desenvolver deltoides tipo “bolas de canhão”.

Por outro lado, um outro pedaço de sabedoria popular de ginásio, que

afirma que as elevações frontais estão entre os exercícios mais

eficientes para o deltóide anterior, não sobreviveu às análises EMG.

Mesmo realizadas com os braços rodados externamente, as

elevações frontais com halteres são 41% menos eficientes do

que o exercício de referência, o press militar com barra.

Uma possível razão (e algo negativo para todos os dados EMG) para a

“inferior” ativação do deltóide frontal pelas elevações frontais com

halteres, está nas cargas significativamente mais ligeiras em

comparação com o press militar com barra.

Se por exemplo, os voluntários usaram 55 quilos no press militar, mas

apenas 12 quilos por halter nas elevações frontais, a atividade

muscular por quilo de peso para as elevações frontais teria sido de

fato, quase três vezes mais elevada – 929µV/55 quilos=16.89 (µV

significa mini-volts)para o press militar com barra vs. 548µV/12

quilos=45.66 para as elevações frontais com halteres.

Dito isto, não restem dúvidas de que, dentro de um programa de

volume, existe certamente espaço para um exercício de isolamento

como as elevações frontais com halteres, mesmo não sendo um

exercício clássico para “massa muscular” e não tendo as

características extraordinárias de carga muscular máxima.

 

Page 27: Análises EMG dos Exercicios

Imagem 3: Com um movimento naturalmente arqueado, o press militar com halteres pode ser uma alternativa viável, senão mesmo preferida, ao press

militar à nuca e press militar clássico com barra.

Dica de treino: Embora os respetivos valores de EMG para os exercícios com halteres não tenham sido medidos no estudo, é muito provável que exercícios como o press militar com halteres proporcione uma estímulo extra em comparação com o seu equivalente com barra, isso está relacionado com um arco de movimento mais natural, onde pode realmente contrair os músculos na posição final, em que os halteres se aproximam (não devem bater um no outro!) no final do movimento.

Dito isto, o press militar com halteres também é uma alternativa para o press militar à nuca, já que a posição do centro de gravidade está mais alinhado com a sua cabeça ao longo do movimento. Pode-se portanto, assumir que o estímulo muda da frente e em direção ao deltóide lateral, tal como acontece no caso do press miliar à nuca vs press militar clássico (frontal).

Em relação à forma de execução dos exercícios

Não me é possível enfatizar isso o suficiente, torna-se mais e mais

importante com pesos ligeiros, e como os ombros são

particularmente predispostos a lesões e geralmente muito mais

fracos do que as suas pernas, por exemplo,  não só é aconselhável,

Page 28: Análises EMG dos Exercicios

como também é uma questão de limitação física, que se use

pesos ligeiros.

Dito isto, o anteriormente citado o exemplo das elevaçõres frontais

com halteres, este mostra que os pesos leves não equivalem a uma

estimulação muscular inferior, já que – realizados da forma correta –

os respetivos exercícios de isolamento geram mais torque por quilo

de peso que está a levantar, do que os respetivos exercícios para

massa.

Figura 2: Redução da atividade de EMG de variantes selecionadas das

elevações laterais com halteres e os voos relativamente às elevações

laterais com rotação externa. As elevações de halteres com os braços

a um ângulo de 90 graus em relação ao torso, e máquina de

aberturas invertidas com rotação interna, calculados com base nos

dados de Boeckh-Behrens & Buskies (2000).

No entanto, não é só a forma que determina a intensidade global, a

maneira como está a realizar os seus exercícios de ombros também

tem uma influência profunda no grau a que as três partes dos

deltoides são ativadas. Por exemplo, fazer as elevações laterais

com halteres com os braços em rotação interna, reduziu a

ativação da parte lateral dos deltoides por -16%, usar um

Page 29: Análises EMG dos Exercicios

agarre neutro (tipo martelo), com os polegares a apontar para

cima, foi associado a uma redução de -12% da atividade EMG.

No caso dos voos com halteres, o uso de um ângulo de braço ao torso

de 45° em vez de 90°, reduz a carga na parte lateral dos deltoides

por -29% e agarrar as manetes da máquina de voos invertidos pelo

lado de fora – em vez do lado de dentro (rotação externa vs rotação

interna do braço) retira -20% do estímulo (veja a figura 2).

Dissecando as elevações laterais

Se fizer bom uso do que aprendeu no final do parágrafo anterior,

pode aumentar a tensão no músculo alvo, segurando pesos

leves e diminuindo o seu risco de lesão – Eu sei, os pesos

pesados são mais impressionantes, mas no final de contas, de que

serve usar os pesos mais pesados, se não está a obter progressos,

tanto em termos de força como de tamanho, devido à forma

inadequada?

Quero dizer, uma coisa é fazer batota na última ou duas últimas

repetições de uma série, de forma a espremer as últimas gotas de

combustível dos seus tanques musculares, outra coisa

completamente diferente, é comprometer a forma só para ser “o tipo

que levanta os pesos mais pesados”. Dificilmente existe outro

movimento em que isto se torna tão óbvio como nas elevações

laterais com halteres.

Se você não faz isso, certamente conhece alguém que pega em

halteres de 20 quilos, inclina o tronco para a frente e depois dá um

impulso e eleva os halteres apenas um pouco para os lados, e deixa-

os bater um no outro. Vai repetindo esta espécie de dança até voltar

a pousar os pesos, mais tarde, queixa-se de dores nos ombros.

Nota: A seguinte análise abaixo é baseada num modelo mecânico muito simples e não considera fatores como carga por área de fibra muscular na posição estirada, efeitos da contração estática ou completa, etc…

Page 30: Análises EMG dos Exercicios

A partir dos parágrafos anteriores e dos dados EMG da figura 2, já

saberá que é imperativo manter os braços rodados

externamente, por exemplo, faça de conta que está a tentar

despejar um líquido a partir dos halteres no topo do movimento, isto

se não quiser perder 16% da tensão muscular… Bem, mas e em

relação ao individuo anteriormente mencionado que nem sequer tem

a hipótese de pensar em despejar qualquer outro líquido que não seja

o da sua garrafa de batidos, quando está a realizar os seus exercícios

de forma balística? Qual dos seus erros, pensa que compromete mais

e eficiência das elevações laterais?

1. Fletir os cotovelos em demasia (na maioria das vezes mais

de 90°), reduzindo assim a alavanca, ou,

2. Não elevar os halteres à altura dos ombros, por exemplo,

mantendo o ângulo entre os braços e o torso a <<90° (muitas

das vezes <<70°)

Bem, de uma perspetiva física, que providencia sempre um ponto de

vista da realidade muito seletivo e simplificado, a resposta seria a “1.

Fletir os cotovelos em demasia”. Surpreendido?

Page 31: Análises EMG dos Exercicios

Figura 3: Efeitos do ângulo braço/torso e flexão do cotovelo no torque

durante as elevações laterais com halteres (dados calculados com

base num modelo físico muito básico).

Enquanto elevar os halteres até 75°, retira menos de 5% do torque

(veja a figura 3), fletir o cotovelo a 90°, reduz o torque da parte

lateral dos deltoides, por uns incríveis -50%! Pense nisso na

próxima vir o tipo com halteres de 20 quilos na próxima vez que for

ao ginásio.

É provável que você, com halteres de 12 quilos, seja muito mais forte

do que ele, desde que não reduza a flexão do cotovelo mais do que

esses 15% que aliviam algum do stress na articulação do cotovelo,

mas reduz o torque no músculo de forma apenas mínima.

II. Os melhores exercícios para os rotadores da cufa

Espero que, para além de tudo que aprendeu até agora acerca do

treino de deltoides, não se tenha esquecido do que mencionei no

início do artigo deste artigo da série: O treino dos rotadores da cufa,

Page 32: Análises EMG dos Exercicios

equivale a prevenção ativa de lesões. Embora a maioria dos

atletas nem sequer os sintam a trabalhar, os músculos rotadores da

cufa são cruciais para a estabilização da articulação mais flexível e

volátil de todo o corpo, o seu ombro.

É imperativo que esses músculos largamente negligenciados e muitas

vezes destreinados, mantenham os ligamentos e ossos dos seus

ombros em posição, para que os seus outros músculos como os

deltoides ou os peitorais, possam fazer o seu trabalho. Desenvolver

músculos infraespinhal (infraspinatus), supraespinhal (supraspinatus)

e redondo menor (teres minor), fortes,  é portanto, a o alicerce para o

desenvolvimento de “supino mais forte” para impressionar os seus

colegas no ginásio. Se não acreditar nisso, pode querer ouvir o

treinador Charles Poliquin, que tem o seguinte caso anedótico para

contar:

Um dos meus jogadores profissionais de hockey, Jim McKenzie,

aumentou o seu supino com agarre próximo em 23 quilos em 12

semanas, de 127 para 150 quilos, devido apenas a ter-se focado na

força dos rotadores da cufa.

E embora eu duvide da universalidade da “investigação” de Poliquin

´s, no que diz respeito aos atletas amadores de ginásio, vale a pena

notar que os seus anos de experiência a trabalhar com atletas,

levaram-no a acreditar que “a força dos rotadores da cufa deve

ser cerca de 9,8 por cento do que consegue levantar no

supino (para) um supino sem dores”.

Isto significa que, se está a levantar 90 quilos no supino, não deverá

ficar surpreendido se os seus ombros começarem a doer se não for

capaz de usar halteres de 10 quilos quando estiver a fazer rotações

externas deitado no chão…

Page 33: Análises EMG dos Exercicios

Figura 4: Atividade EMG dos principais músculos dos rotadores da

cufa durante exercícios selecionados, relativamente ás rotações

externais realizadas com o tronco deitado de lado no chão: cálculos

baseados nos dados de Boeckh-Behrens & Buskies (2000).

Os dados presentes na figura 4, mostram-nos que as rotações

externas são de longe o melhor exercício de isolamento para os

músculos rotadores da cufa. Em essência, na verdade não importa se

os quer fazer com um halter em pé, deitado no chão ou com um

cotovelo num banco, ou se os prefere fazer com uma polia (cabos de

máquina).

As diferenças são negligenciáveis, em vista das grandes

diferenças que a execução imprópria de exercício faria – por

isso é melhor fazer um exercício que gosta com pesos ligeiros e sentir

os músculos a trabalhar, do que um exercício que demonstrou em

determinado estudo ser o mais eficiente, com pesos que mal

consegue segurar e com o qual não sente os músculos alvo a

trabalhar.

Já agora, isto também se aplica à puxada estática em vão de porta,

que é basicamente um “estiramento invertido do peitoral” em que

empurra a parte de trás do seu braço (ângulo braços/torso de 90°)

para trás, contra um objeto imóvel como um vão de porta. Mais uma

Page 34: Análises EMG dos Exercicios

vez, se não sentir que este exercício estático está a funcionar para si,

escolha um exercício diferente.

Imagem 4: Elevações laterais com halteres com os braços a um ângulo de 30° na horizontal, aduzidos para

o músculo supraespinhoso.

Isolando o músculo supraespinhoso com elevações laterais: De acordo com Jobe & Moynes (1986) as elevações laterais com halteres realizadas com uma adução horizontal dos braços, isola completamente o músculo supraespinhoso se rodar os seus ombros de forma a que as suas palmas das mãos esteja a apontar para o chão (a boa e velha técnica de “esvaziar a garrafa”.

A realização de 1-2 séries de elevações laterais desta forma, é certamente uma forma eficiente em termos de tempo, de incorporar um exercício de fortalecimento para a parte superior dos rotadores da cufa, no seu programa de treino. No entanto, irá ter que usar pesos muito mais ligeiros do que nas elevações laterais comuns.

Conclusão: Três mais um equivale a força e tamanho muscular sem lesões

Um pré-requisito imperativo  para o desenvolvimento de ombros

grandes e redondos, é uma fundação estável na forma de músculos

rotadores da cufa fortes, se os negligenciar, irá ou atingir um limite –

ou pior – lesionar-se mais tarde ou mais cedo.

Dito isto, A sua parte frontal dos deltóides é atingida com

muita intensidade durante praticamente todos os movimentos

Page 35: Análises EMG dos Exercicios

de press para o peitoral e tríceps, não é realmente necessário,

nem recomendável, fazer mais um (se é que algum) exercício de

“isolamento” na forma de um movimento composto como o press

militar com barra ou halteres, um movimento que já agora, irá

também ajudar imenso a desenvolver a “parte superior do peitoral”

que muitos culturistas sentem que se encontra subdesenvolvida.

Se complementar este “exercício para massa” básico com algumas

elevações laterais e voos, o único que realmente fica por fazer no “dia

de ombros” é um exercício para os rotadores da cufa à sua escolha, e

está pronto para um descanso de recuperação altamente anabólico.

Um programa de treino baseado nos resultados EMG

Imagem 5: Poderá incluir algumas séries de Arnold Presses, se sentir

que não está a trabalhar a parte anterior dos deltoides com a

intensidade suficiente com o press militar.

Existe uma miríade de formas de combinar os vários exercícios

individuais, A minha recomendação pessoal para o desenvolvimento

geral dos ombros e da força dos rotadores da cufa (baseado nas

análises de EMG) irá ser a seguinte.

Page 36: Análises EMG dos Exercicios

1. Press militar – sentado, com barra ou halteres, 6-8 repetições

2. Elevações laterais – Com halteres, flexão dos cotovelos

<15°(!), 10-12 repetições

3. Voos (aberturas invertidas) – Em máquina ou com halteres,

rotação interna, 10-12 repetições

4. Rotações externas com halteres – deitado no chão, 12-15

repetições

Poderá notar que aqui não faço recomendações de volume. Isto deve-

se ao facto de verificar que cada um tem que descobrir o que

funciona melhor para si em termos de volume e frequência de treino

ótimos. Isto também pode mudar ao longo do tempo/de acordo

fatores de estilo de vida/nutrição e suplementação.

Os melhores exercícios para tríceps | Análises EMG

2

O tríceps braquial constitui (ou

pelo menos deveria constituir) cerca de 60 % do total da massa do

braço, mas é muito comum que as pessoas que treinam os braços

negligenciem o treino deste músculo a favor do músculo bíceps

braquial.

Tal como o seu próprio nome já indica, os tríceps são constituídos por

três cabeças

Page 37: Análises EMG dos Exercicios

a cabeça longa, que tem origem no tubérculo infraglenoidal

da escapula e se estende de forma distal anterior até ao teres

menor e posteriormente para o teres maior e…

as duas cabeças curtas, que são a cabeça medial  que se

insere na face posterior do úmero, acima do sulco do nervo

radial e a cabeça lateral que se insere na face posterior do

úmero, abaixo do sulco do nervo radial.

Sendo o antagonista do músculo bíceps braquial, a função do tríceps

é extender o braço e estabilizar a articulação do cotovelo quando o

antebraço e a mão têm de ser mantidas fixas para realizar

movimentos independentes. Para além disso, a cabeça longa, que é a

única que tem origem na escápula, também atua com a articulação

do ombro e também está envolvida na retroversão e adução do

braço.

O seu efeito na força dos tríceps, é um factor importante em muitos

desportos como o basquetebol, ginástica, ténis, etc. Mas acredito que

a maioria das vocês já sabe disso, e portanto, vamos ao que

realmente aos praticantes de musculação.

Aqui estão os exercícios mais eficientes para o músculo tríceps braquial:

Tal como registados por eletromiografia (dados baseados num estudo

realizado com 10 voluntários com experiência em treino de

musculação, com a idade média de 22 anos e gordura corporal ao

redor dos 13%; dados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000)…

I. Exercícios com equipamento comum para o músculo tríceps braquial

Tal como já tenho vindo a mencionar ao longo dos artigos desta série,

a ideia de treinar um determinado músculo de forma isolada,

ou no caso dos tríceps, de treinar cabeças individuais de um

músculo sem a ativação das outras partes, é fútil. No entanto, é

possível concentrarmo-nos numa certa parte do músculo, e esta

Page 38: Análises EMG dos Exercicios

mudança de foco vs isolar tiras musculares específicas, é a também a

forma como eu quero que compreenda o top 5 dos exercícios para a

cabeça lateral e cabeça longa do músculo tríceps braquial.

Nota: Se está a notar a falta de uma lista específica para a cabeça medial (caput mediale) dos tríceps. Sugiro que dê uma vista de olhos à anatomia dos tríceps da imagem 1.

Situado mesmo abaixo da cabeça lateral, a atividade EMG da cabeça medial, irá também ser inevitavelmente registada quando se coloca um dos eléctrodos EMG na pele mesmo abaixo da cabeça lateral.

Imagem 1: Anatomia dos tríceps, cabeça longa, cabeça lateral e

cabeça medial dos tríceps.

… Para a parte lateral (+ cabeça medial)

1. Puxada de tríceps na polia alta, barra reta ou torta

2. Extensões de tríceps com barra W, deitado no banco

3. Press guilhotina, agarre à largura dos ombros

4. Kickbacks com halteres, torso horizontal no banco

5. Extensões com halteres, a um braço, por detrás da cabeça

…  Para a cabeça longa

1. Kickbacks com halteres, banco inclinado + retroversão

2. Press militar à nuca

3. Kickbacks com halter, torso horizontal no banco

4. Extensões com halteres, a um braço, por detrás da cabeça

Page 39: Análises EMG dos Exercicios

5. Extensões de tríceps com barra W, sentado

Clique na figura para a ampliar:

Figura 1: Atividade EMG da cabeça lateral e longa do músculo tríceps

durante os exercícios de tríceps selecionados, com equipamento

comum, relativamente às extensões de tríceps deitado com barra W

(cabeça lateral) e extensões de tríceps em banco (cabeça longa) com

barra W (dados adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000).

Imagem 2: Não é realmente necessário transformar as extensões de

triceps com barra W num pollover, tal como os culturistas da velha

guarda faziam. As extensões de tríceps deitadas (ou press francês)

normais, em que a barra não passa para trás da sua cabeça, irá ser o

suficiente.

Embora não seja surpreendente que as extensões de tríceps com

barra W (tanto sentado como deitado num banco), que também

servem como exercícios de referência para as intensidades EMG

Page 40: Análises EMG dos Exercicios

registadas na figura 1, estejam entre os exercícios mais eficientes

tanto para a cabeça lateral como para a cabeça longa dos tríceps, a

especificidade do kickbacks de tríceps com uma inclinação de 60°

como exercício nº1 para a cabeça longa do músculo tríceps braquial

poderá ser uma surpresa inesperada.

Isto pode ser explicado pelo já mencionado papel exclusivo da cabeça

longa na retroversão do braço, que é particularmente desafiador

quando o ângulo entre a parte superior do seu braço e o torso é <0°

(em que 0° seria paralelo ao seu torso, tal como nos kickbacks de

tríceps em banco inclinado.

Dica de treino. Com os kickbacks com halter, a chave para a ativação ótima dos tríceps está na forma técnica perfeita. Isto é ainda mais verdade se realmente pretender “isolar” cabeça longa dos tríceps com os kickbacks com halteres com uma inclinação de 60°, onde é absolutamente imperativo estender o braço com a carga para trás, de forma máxima (isto já agora, é o que retroversão significa na prática).

Também deverá querer manter a parte superior do braço sempre paralela ao chão (!). Se a deixar descer para uma posição neutral após cada repetição, isso irá diminuir a intensidade em -20%! Faça um favor a si mesmo e comece com uma carga realmente ligeira – irá sentir que, simplesmente retroverter o seu braço com uma carga leve, de forma a formar uma linha horizontal desde o seu ombro até ao seu dedo mindinho, será o suficiente para induzir um profundo ardor muscular na cabeça longa.

Page 41: Análises EMG dos Exercicios

Imagem 3: Usar uma corda em vez de uma barra reta ou em V, torna

a puxada de tríceps um exercício de tríceps mais equilibrado.

No entanto, uma surpresa ainda maior, é provavelmente, o segundo

lugar do press militar à nuca, na pontuação dos exercícios mais

eficientes para a cabeça longa. Assim sendo, seria perfeitamente

válido se perguntasse a si mesmo: “O que raio é que um exercício de

ombros tem a ver com os meus tríceps?”

Bem, pense acerca da origem da cabeça longa dos tríceps, liga-se

diretamente à escápula e está a tentar estabilizar de forma frenética,

um movimento que eu pensaria duas vezes se é ou não assim tão

essencial ao ponto de me colocar a mim mesmo em risco de sofrer

uma tediosa lesão de ombros, apenas para obter “tríceps titânicos ou

“ombros massivos”.

Tambem vale a pena mencionar que, para além das extensões de

tríceps com barra W ou o presse guilhotina (guillotine presse), que

deve o seu nome à circunstância azarenta de que pode decapitar-se a

si mesmo (o clássico supino com braços juntos ao tronco, já é 25%

menos eficiente), quando deixa a barra descer, a puxada de tríceps

na polia alta com barra reta ou em V, atinge quase exclusivamente a

parte lateral e medial dos tríceps.

Dito isto, o seu programa de treino de tríceps não ficaria completo

sem pelo menos um movimento complementar como os kickbacks de

tríceps com uma inclinação de 60°, em que a cabeça longa é

claramente o elo mais fraco, e é portanto garantido que esta irá ser

Page 42: Análises EMG dos Exercicios

atingida de forma bastante decente, com os pesos ligeiros

adequados! Pode remediar este problema usando uma corda em

vez de uma barra reta ou V (veja a imagem 3).

Se puxar a corda para os lados de forma deliberada no final do

movimento, irá atingir a cabeça longa dos seus tríceps de forma

muito eficiente e transforma-se assim, o exercício de isolamento nº1

para a cabeça lateral, num exercício de tríceps mais equilibrado.

II. Exercícios corporais para o músculo tríceps braquial

Imagem 4: Se está a questionar-se porque motivo o Arnold aparece

em quase todos os artigos desta série, aqui está a resposta. Este tipo

simplesmente sabia o que estava a fazer.

Não é preciso ser um engenheiro aeroespacial, mas basta dar uma

simples vista de olhos aos enormes tríceps dos ginastas para

compreender que nem sequer tem que treinar com pesos de metal

para desenvolver braços impressionantes.

Não é de surpreender, portanto, que muitos culturistas profissionais

ainda jurem pela eficácia dos fundos entre bancos (veja a imagem 5),

que “surpreendentemente” é na verdade o exercício de peso corporal

mais eficiente que pode fazer para atingir a cabeça lateral dos seus

tríceps.

… Para a parte lateral (+ cabeça medial)

1. Fundos, braços atrás das costas, entre dois bancos (veja a

imagem 5)

Page 43: Análises EMG dos Exercicios

2. Fundos, barras ligeiramente mais afastadas que a largura dos

ombros, não ir para além dos 90° de flexão dos cotovelos.

3. Flexões de tronco, dedos a apontar para a frente, mãos

ligeiramente mais próximas que a largura dos ombros.

… Para a cabeça longa

1. Fundos, barras ligeiramente mais afastadas que a largura dos

ombros, não ir para além dos 90° de flexão dos cotovelos.

2. Flexões de tronco, dedos a apontar para a frente, mãos

ligeiramente mais próximas que a largura dos ombros.

Figura 2: Atividade EMG da cabeça lateral e cabeça longa do músculo

tríceps durante exercícios corporais seleccionados relativamente aos

fundos entre barras (dados adaptados a partir de Boeckh-Behrens &

Buskies. 2000).

Como pode ver, os fundos entre bancos de Arnold (imagem 4), ou

seja o que for que lhes quiser chamar, são simplesmente imbatíveis

quando se trata de ativar a cabeça lateral dos tríceps. Mesmo em

termos absolutos, esta variação de fundos é apenas 7% menos

eficiente do que as extensões de tríceps deitado com barra W, o #2

no topo 5 da pontuação dos exercícios de tríceps mais eficientes com

equipamento de musculação.

Page 44: Análises EMG dos Exercicios

Figura 3: Atividade EMG da cabeça lateral e cabeça longa do músculo

tríceps durante exercícios corporais seleccionados, relativamente aos

fundos entre barras (dados adaptados a partir de Boeckh-Behrens &

Buskies. 2000.

Tal como já mencionei anteriormente, descer até ao final nos

fundos, aumenta a carga de trabalho nos tendões e cápsulas

da articulação do ombro e não é benéfico para o

desenvolvimento dos seus tríceps (-12% de atividade EMG),

nem para a suas articulações.

Por outro lado, afastar os seus braços, tem uma influência muito

menor na ativação da cabeça longa durante os fundos em paralelas

do que poderia esperar – de fato, a redução de -3% de atividade EMG

é praticamente negligenciável.

III. Conclusão – a especialização tem o seu lugar no desenvolvimento máximo dos tríceps.

A partir de tudo o que já foi dito antes, deveria ser óbvio que,

provavelmente mais do que com qualquer outra parte corporal, o uso

de de exercícios de “especialização para as cabeças individuais dos

tríceps, faz sentido. Embora exercícios como os clássicos fundos entre

duas barras, descendo até um ângulo de cotovelos de 90°) estimulem

a cabeça lateral, bem como a cabeça longa dos tríceps de forma

Page 45: Análises EMG dos Exercicios

adequada, não existe nenhum exercício que estimule todas as

cabeças ao máximo – nem mesmo sequer as extensões de tríceps

com barra W, já que pelo menos teria que mudar de uma posição de

deitado para sentado, de forma a poder estimular de forma

adequada, ambas as cabeças medial e lateral, bem como a cabeça

longa.

Figura 4: A atividade EMG da cabeça lateral e da cabeça longa do

músculo tríceps durante três exercícios para tríceps relativamente à

ativação máxima da respetiva cabeça em qualquer exercício avaliado

durante o estudo (dados adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies.

2000)

Os dados da figura 4 elucidam acerca da inevitável escolha entre a

estimulação máxima da cabeça lateral e medial por um lado, e da

cabeça longa por outro lado, entre três exercícios clássicos de tríceps.

Tentei equacionar isto, bem como a minha observação pessoal de

que, das centenas de praticantes de musculação, talvez cinco façam

os kickbacks inclinados da maneira que é suposto serem feitos, no

seguinte exemplo de programa de treino para tríceps (se estiver

disposto a fazer os kickbacks com a forma correta e o peso adequado

em vez de simplesmente balançar o halter para cima e para baixo ao

lado do seu torso, pode alterná-los com os fundos em bancos, que

proponho como terceiro exercício no programa abaixo).

Page 46: Análises EMG dos Exercicios

Conheça os seus limites! Se treinar tríceps e bíceps com outro grupo muscular no mesmo dia e só desejar fazer um segundo exercício, sugiro que faça fundos ou a mistura de extensões de tríceps com barra W deitado e sentado, do programa otimizado por EMG, abaixo do limite absoluto de séries que realiza.

Um programa de treino otimizado por EMG

Imagem 5: Embora muitos praticantes de musculação adorem o

exercício, o supino com agarre próximo, não é particularmente

eficiente em isolar os tríceps e portanto, não entra no “programa

EMG”.

Existe um grande número de formas de combinar os exercícios

individuais, A minha recomendação pessoal para o desenvolvimento

geral do peitoral (baseado nas análises de EMG) irá ser a seguinte.

1. Extensões de tríceps com barra W*, 6-10 repetições

*alterne entre a variação deitado e sentado.

2. Puxada de tríceps na polia alta, 8-12 repetições, barra reta

ou V

3. Fundos em bancos, (veja a imagem 4), até à falha, ou fundos

em barras.

Poderá notar que aqui não faço recomendações de volume. Isto deve-

se ao facto de verificar que cada um tem que descobrir o que

funciona melhor para si em termos de volume e frequência de treino

ótimos. Isto também pode mudar ao longo do tempo/de acordo

fatores de estilo de vida/nutrição e suplementação.

Page 47: Análises EMG dos Exercicios

Os melhores exercícios para peitoral |Análises EMG

11

Quanto a si não sei, mas quase

toda a gente que conheço (incluindo eu próprio), já se questionou, em

determinado ponto da sua vida, acerca de quais são os melhores e

mais eficientes exercícios para o peitoral.

Caso nunca se tenha questionado acerca disso, este artigo não é para

si. Caso contrário, sugiro-lhe vivamente que continue a ler, de forma

a ficar a conhecer os exercícios mais eficientes, medidos por

electromiografia.

O músculo peitoral maior

Estes dados estão baseados num estudo realizado com 10 voluntários

com experiência em treino de musculação, com a idade média de 22

anos e gordura corporal ao redor dos 13%; dados de Boeckh-Behrens

& Buskies. 2000.

Exercícios com equipamento de musculação comum:

Page 48: Análises EMG dos Exercicios

1. Supino (barra)

2. Crossover*

3. Supino (halteres)

4. Peck deck

5. Aberturas / crucifixo (halteres)

6. Pullovers

* O exercício crossover deve ser realizado cruzando os braços à frente

do seu corpo.

Figura 1: Grau de activação muscular em comparação com o exercício

de referência “supino com barra”; Pontuação média (P:) dos

exercícios de todos os participantes (dados adaptados de Boeckh-

Behrens & Buskies. 2000)

Note a variação interpessoal na eficiência de exercício entre a

máquina de peck deck e o supino com halteres. Enquanto a activação

EMG foi superior no peck deck, a média, indicativa de quão benéfico é

o exercício em comparação com outros exercícios para cada

voluntário a um determinado nível, é mais baixa.

Este é um sinal claro de que a combinação perfeita da ergometria da

máquina de peck deck e o físico individual dos voluntários, bem como

a forma do exercício durante os movimentos com pesos livres, são

grandes determinantes na eficiência de um determinados exercício.

Page 49: Análises EMG dos Exercicios

Exercícios realizados com o peso corporal **

1. Fundos

2. Flexões de tronco

3. Flexionar os peitorais numa posição tipo aberturas/crucifixo

** Uma comparação de movimentos corporais com e sem peso,

usando o método de medição EMG, não seria justo, porque a

activação muscular aumenta com mais carga e a carga seria

constante e, para os atletas avançados, baixa (relativamente à sua

força) nos exercícios com apenas o peso corporal.

Diferentes partes do peitoral maior, parte clavicular (1), parte

esternocostal (2), parte abdominal (3)

Treinando as partes individuais

Parte clavicular (pars clavicularis): fibras descendentes (parte

superior)

Parte esternocostal (pars sternocostalis): fibras laterais (parte

medial)

Parte abdominal (pars abdominalis): fibras ascendentes (parte

inferior)

Embora não existam músculos peitorais “superiores” e “inferiores”, é

evidentes, em termos físico-mecânicos, que diferentes exercícios e

ângulos de trabalho irão atingir as fibras descendentes, ascendentes

e laterais em graus diferentes.

Page 50: Análises EMG dos Exercicios

Por isso, embora possa ser impossível isolar certos conjuntos de

fibras, pode muito bem ser possível orientar a maioria do trabalho de

um conjunto de fibras, para outro, selecionando os exercícios

apropriados.

Figura 2: Nível de activação EMG das diferentes áreas do músculo

grande peitoral no exercício supino, em diferentes níveis de

inclinação (dados adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000)

À primeira vista, poderá parecer estranho que o supino declinado

exiba o nível mais elevado de atividade EMG, não apenas para a parte

inferior do peito, mas também para a parte superior do peito.

Se no entanto recordarmos que a atividade EMG corresponde ao

número de neurónios motores ativados na área sobre o elétrodo,

então é bastante óbvio que a carga mais elevada que os voluntários

foram capazes de levantar no supino declinado, resultou numa maior

activação dos neurónios motores e desta forma, valores de EMG mais

elevados.

(Os neurónios motores fazem parte das unidades motoras. Uma unidade motora é definida como um neurónio motor e todas as fibras musculares que este inerva. Quando uma unidade motora dispara, o impulso expande-se ao longo do neurónio motor para o músculo)

Page 51: Análises EMG dos Exercicios

Figura 3. Activação relativa de diferentes áreas do músculo grande

peitoral em comparação com a activação média de cada variação do

supino (dados calculados a partir de Boeckh-Behrens & Buskies.

2000)

Compensei este problema calculando o aumento relativo da activação

em comparação com a activação média ao longo de todo o músculo

do peitoral para cada exercício e organizei os dados na figura 3.

Suspeito que isto parece-se muito com o que você esperava, não

parece?

Relativamente ao padrão de activação média de todo o músculo do

peitoral, o supino inclinado com um ângulo de +45 graus, proporciona

uma estimulação 69% mais elevada na “parte superior do peitoral”.

Resumindo, o supino declinado é o exercício mais eficiente para o

músculo do peitoral como um todo. O supino inclinado, por outro lado,

isola a parte superior do peitoral (fibras descendentes da parte

clavicular) de forma ideal e irá portanto “desenvolver a parte superior

do seu peitoral”.

Um programa de treino baseado nos resultados EMG

Page 52: Análises EMG dos Exercicios

Imagem 3: Ao contrário do que muitos pensam, os resultados das

análises EMG mostram que aquilo que a distância de agarre mais

influencia não é a ativação dos tríceps. Um agarre mais próximo da

largura dos ombros aumenta sim o envolvimento da parte superior do

peitoral.

Existe um vasto número de formas de combinar os exercícios

individuais, A minha recomendação pessoal para o desenvolvimento

geral do peitoral (baseado nas análises de EMG) irá ser a seguinte:

1. Supino declinado (com halteres) – Para o desenvolvimento

geral do peitoral + força (5-10 repetições)

2. Supino inclinado a +45° (halteres) – Para enfatizar a parte

superior do peitoral (8-12 repetições)

3. Crossover (assegurando-se de que cruza os cabos à frente do

seu torso) – de forma a obter um estiramento e um pico de

contração (12 – 15 repetições)

4. Fundos com o peso corporal – Para esgotar o músculo (3

séries até á falha)

Poderá notar que não fiz aqui recomendações de volume. Isto deve-se

ao facto de verificar que cada um tem que descobrir o que funciona

melhor para si em termos de volume e frequência de treino

ótimos.Isso também pode mudar ao longo do tempo/de acordo com

diferentes fatores de estilo de vida/nutrição e suplementação.

Page 53: Análises EMG dos Exercicios

Os melhores exercícios para pernas | Análises EMG

4

Na verdade, faria mais sentido

dividir este artigo em duas, senão mesmo em três análises

individuais, assim como também poderia fazer sentido dividir o seu

treino de pernas em dois, ou até mesmo em três dias.

No entanto, na prática, a maioria dos praticantes de musculação

passam pela tortura do temido “dia de pernas”, apenas uma vez por

semana, e portanto, irei imitar esta prática escrevendo um artigo

tortuosamente longo acerca dos melhores exercícios para:

Imagem 1: Os maiores grupos musculares das pernas.

Quadríceps, isquiotibiais, adutores, abdutores, glúteos,

gastrocnémios e solear.

Page 54: Análises EMG dos Exercicios

Os quadríceps (a vermelho): Poderosos extensores dos

joelhos; cruciais para andar, correr, saltar e agachar; São os

músculos mais fortes e com menos gordura do corpo humano.

Os glúteos (a amarelo): Três músculos que constituem o

“rabo”: o músculo gluteus maximus, o músculo gluteus medius,

e gluteus minimus.

Os isquiotibiais (femorais, a azul). Compreende o

semitendinoso, semimembranoso e a a cabeça curta e longa do

bíceps femoral, sendo que os primeiros extendem a anca

quando o tronco se encontra fixo, flexionam o joelho e giram a

parte inferior da perna (para o interior) quando o joelho é

dobrado, enquanto os últimos extendem a anca (por exemplo

quando começamos a andar) rodam a parte inferior da perna

(para o exterior) quando o joelho é dobrado.

Bem como os grupos musculares “menores” das suas pernas:

Os adutores (cor turquesa) e abdutores (cor magenta) na

parte interna e externa das suas coxas e

Os gastrocnémios (cor verde claro) e solear (abaixo e detrás

dos gastrocnémios), os maiores músculos dos seus gémeos.

No final, é o desenvolvimento de todos que eventualmente, acaba por

distinguir os homens dos rapazes. E já agora, jogar futebol não é

desculpa para não treinar as suas pernas!

Em vista da grande quantidade de informação que o artigo desta

série irá conter, irei, sem mais elaborações, partir diretamente para a

análise dos exercícios mais eficientes, tal como registados por

eletromiografia (dados baseados num estudo realizado com 10

voluntários com experiência em treino de musculação, com a idade

média de 22 anos e gordura corporal ao redor dos 13%; (dados de

Boeckh-Behrens & Buskies. 2000) para todos os grandes, e

Page 55: Análises EMG dos Exercicios

supostamente também pequenos grupos musculares das suas

pernas.

I. Os melhores exercícios para todas as quatro cabeças dos quadríceps.

Aqueles de vocês que já leram pelo menos um artigo parte desta

série, já estará familiarizado com a ideia do “isolamento” ser mais

uma mudança em que uma parte de um músculo suporta a maior

tensão e não tanto acerca de treinar um conjunto simples de fibras de

um músculo complexo como os quadríceps, com as suas quatro

cabeças.

Se estou a a falar acerca dos “melhores exercícios para parte interior,

exterior ou seja lá qual parte for” de um determinado músculo – e isto

é válido para todos os artigos desta série – o que quero dizer com isso

é que existe um aumento relativo da intensidade de uma

determinada parte de um músculo em relação ao resto. Mantenha

isso sempre em mente.

Imagem 2: Acontece que o agachamento hack é o exercício mais

eficiente. Nesse sentido, ir mais ao fundo, (ângulo dos joelhos a 50°)

é apenas ligeiramente mais intenso para os quadríceps do que o

comum e muito mais seguro agachamento hack a 90°.

Os exercícios mais eficiente como equipamento de

musculação comum:

1. Agachamento hack, encostado na máquina, joelhos a um

ângulo de 50°.

Page 56: Análises EMG dos Exercicios

2. Agachamento hack, encostado na máquina, joelhos a um

ângulo de 90°.

3. Agachamento, com barra, joelhos a um ângulo de 70°.

4. Prensa de pernas a 45°, joelhos a um ângulo de 90°.

5. Agachamento, com barra, joelhos a um ângulo de 90°.

6. Agachamento, com barra, joelhos a um ângulo de 40°,

Se der uma vista de olhos aos resultados em detalhe (figura 1), irá

notar que as diferenças entre o exercício mais eficiente

(Agachamento hack, encostado na máquina, joelhos a um ângulo de

50°) e o menos eficiente (extensões de pernas), estão longe de ser

assombrosas.

Clique na imagem para a ampliar:

Figura 1: Atividade EMG relativa de todas as quatro cabeças dos

quadríceps durante as variações de agachamento hack, prensa de

pernas, agachamento e extensões de pernas em comparação com o

agachamento com barra à paralela (ângulo dos joelhos a 75°); dados

adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000.

O que eu considero ser de particular importância é que em ambos os

casos de agachamento hack – bem como no caso do “comum”

agachamento com barra, é que ir para além da paralela (ângulo

dos joelhos a <70°) não compensa o aumento de risco de

lesão (veja a figura 2 abaixo).

Page 57: Análises EMG dos Exercicios

Figura 2: Forças de compressão e tensão tangencial durante o

exercício agachamento, registadas em diferentes ângulos do joelho;

expressas como percentagem da soma do peso do corpo + carga

(dados adaptados a partir de uma compilação de Escamilla. 2000).

Enquanto a atividade EMG dos quadríceps pode aumentar de forma

marginal no caso do agachamento hack (+0.38%), realizar os

agachamentos até “bater com o rabo no chão”, como algumas

pessoas gostam de lhe chamar, na verdade, reduz a atividade dos

quadríceps em -10.34%.

Imagem 3: prensa de pernas de 45° com um ângulo das ancas a 85°; o menor ângulo das ancas (comparado

com o agachamento hack) traduz-se em menos -16% de atividade dos quadríceps femorais.

Sabia que quanto menor for o ângulo das suas articulações das ancas (isto na maioria dos casos é

Page 58: Análises EMG dos Exercicios

equivalente a uma posição mais vertical em que se está a sentar ou deitar numa máquina), menor será a atividade EMG dos quadríceps femorais.

Por exemplo, durante o exercício agachamento hack, o ângulo da sua articulação da anca é ~100°, a prensa de pernas a 45° facilita um ângulo de ~85° e na prensa de pernas sentado o ângulo é de apenas ~50°. Embora isto não conduza a uma redução de 1:1 da atividade EMG, este último é, de fato, -16% e -22,5% menor para os ângulos de anca de 85° e 50° nos respectivos exercícios.

Treinar a parte interior e exterior dos quadríceps.

Agora, se você é um culturista, estará provavelmente a tentar

desenvolver as “lágrimas” (para os que não fazem ideia do que

significa esta expressão, estou a referir-me ao músculo vasto medial,

veja a imagem 3), que na verdade não se assemelha muito a uma

lágrima, embora muitas vezes custe algumas para o fazer crescer.

Com respeito ao músculo vasto medial, Boeckh-Behrens and Buskies

têm a dizer que:

[A parte interna dos quadríceps] que é activada de de forma máxima através de variantes da prensa de pernas/agachamento hack horizontal – seja de forma profunda [ângulo dos joelhos a <70°] com menos peso, ou não profunda [ângulo dos joelhos a >70°] com mais peso – as variações no peso e ângulo dos joelhos tendem a ser equivalentes.

Então no final de tudo, até as suas “lágrimas” beneficiam mais se

simplesmente continuar a realizar aqueles exercícios clássicos que

trabalham os quadríceps (as quatro cabeças) como um todo.  No

entanto, uma posição ligeiramente mais próxima, poderá ser

vantajosa, enquanto a posição dos pés, por exemplo na paralela, ou

com a ponta dos seus pés a apontar para fora a um ângulo de 30°,

parece ser mais negligenciável (+/- 0.25%).

Page 59: Análises EMG dos Exercicios

Figura 3: Atividade EMG relativa da parte exterior dos quadríceps

(músculo vasto lateral) durante o agachamento com barra e

variações de agachamento a uma perna em comparação com o

agachamento com barra com um ângulo de joelhos a 90°, dados

adaptados a partir de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000.

Imagem 4: Parte interna (vasto medial), medial (vasto intermédio e

reto femoral) e externa (vasto lateral) dos “quadríceps.

Como pode ver na figura 3, as coisas são bastantes diferentes quando

se trata da parte exterior dos quadríceps. Enquanto o

agachamento clássico com cargas elevadas proporciona o máximo

estímulo muscular do músculo vasto lateral, mesmo que não vá

abaixo da linha paralela ao chão (joelhos a um ângulo de 70°), fazer

Page 60: Análises EMG dos Exercicios

o agachamento completo a 40° com um peso adequado mais

leve, retira -18% do estímulo.

Podemos encontrar resultados similares para todos exercícios de

isolamento baseados no agachamento a uma perna, em que de

acordo com o princípio da estimulação muscular máxima, isto é mais

peso, maiores ângulos dos joelhos (não passar da paralela) – um

princípio que também o pode ajudar a manter-se livre de lesões,

desde que não distorça esse principio e começa a usar mais peso e

um ângulo de joelhos menor, caso em que provavelmente irá ocorrer

uma lesão mais cedo ou mais tarde.

Treinar a parte medial dos quadríceps

Em vista do que já foi dito antes em relação à ativação máxima do

famoso músculo em forma de “lágrima”, não é realmente

surpreendente que os suspeitos do costume, “o agachamento hack

e a prensa de pernas”, estejam entre os exercícios mais

eficiente para a parte medial dos quadríceps, e também para os

músculos vasto intermédio e reto femoral.

Figura 4: Atividade EMG relativa da parte medial dos quadríceps

(vasto interno e reto femoral) durante exercícios selecionados, em

comparação com o agachamento hack com os joelhos a um ângulo de

50°; dados adaptados a partir de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000.

Page 61: Análises EMG dos Exercicios

A figura 4 vai ao ponto de nos mostrar um “exercício especial” para

os jogadores de futebol, relativamente desconhecido para os atletas

de ginásio, trata-se do “Pontapés de perna” (Leg Kicks) como Boeckh-

Behrens and Buskies gostam de lhe chamar , que até tem melhor

desempenho do que o agachamento hack. É basicamente o leg kick

que pode ver as mulheres a fazer com aqueles cintos com peso

presos aos seus tornozelos de forma a desenvolver os glúteos, mas

neste caso faz-se ao contrário, ou, como os autores sugerem “pense

em chutar uma bola”.

A atividade EMG +19% mais elevada em comparação com o

agachamento hack (foram encontrados resultados similares para as

extensões de pernas vs agachamento por cientistas da Universidade

Marquette em Milwaukee, Wisconsin; Ebben, 2009), faz com que um

exercício que provavelmente pensava ser para “meninas”, pareça

uma adição valiosa ao seu regime… bem, pelo menos, no caso de

você ser uma dessas raras excepcões que têm o músculo reto

femoral subdesenvolvido.

Falando de exercícios para meninas… Embora agachar 200 quilos seja certamente coisa de machos, não é aconselhável que o faça numa base diária. Até os homens mais fortes do mundo encaram as suas sessões de treino como um meio para obter um fim. Recorde-se que os egos do tamanho de um rei raramente desenvolvem quadríceps do tamanho de um gigante.

II. Os melhores exercícios para o glúteo máximo

Page 62: Análises EMG dos Exercicios

Imagem 5: Interpretação da “Atlantic Fitness” acerca do que Boeckh-

Behrens & Buskies chamam de “pêndulo para a anca”.

Se já deu uma vista de olhos aos dados da figura 5, estará

provavelmente a questionar-se acerca desta estranha variação do

curl de pernasque é suposto ativar os glúteos de forma ~2.3x mais

eficiente do que o peso morto. Aqueles de vocês que leram a parte

desta série referente aos abdominais e lombares, e em particular a

informação acerca dos melhores exercícios para os eretores da

espinha, irão estar familiarizados com o seu nome.

Na sua essência, este é curl de pernas clássico, mas em vez de

empurrar os calcanhares em direção aos seus glúteos, você tentar

levantar os calcanhares para cima, como que a fazer curl com as suas

ancas, e contrair os músculos da parte inferior das costas, os seus

glúteos máximus e os seus femorais, com toda a força. Se é

demasiado complicado para si, ou não se sente bem a fazê-lo,

também pode procurar o que Boeckh-Behrens & Buskies chamam de

pêndulo para a anca (imagem 5) e usar isso como alternativa.

Dos exercícios sem peso adicional, apenas as variações de “leg kick”,

particularmente se forem realizadas com contrações de pico ou cintos

com pesos, proporcionam estímulo muscular apreciável, a

intensidade dos quais é praticamente idêntica aos “leg kicks no

pêndulo de anca” (ver a imagem 4.)

Page 63: Análises EMG dos Exercicios

Figura 5: Atividade EMG relativa do músculo glúteo máximo durante

exercícios selecionados em comparação com o peso morto, usando

um peso equivalente ao seu próprio peso corporal; dados adaptados

de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000.

III. Os melhores exercícios para os femorais

Os bons e velhos curls de pernas, são para os femorais o que os curls

de braços são para os bíceps. E, de fato, os resultados das medidas

EMG de Boeckh-Behrens & Buskies confirmam que gerações de

atletas não podem estar enganados. De forma semelhante aos curls

de concentração no caso dos bíceps, apenas o uso de técnicas de alta

intensidade, por exemplo, repetições parciais na posição de

estiramento ou contrações de pico elevam os já de si

fenomenais valores EMG da variação clássica do curl de pernas

deitado para 134% e 112% de atividade registada no exercício de

referência (ver a figura 5).

Page 64: Análises EMG dos Exercicios

Figura 6: Atividade EMG relativa dos músculos isquiotibiais (femorais)

durante exercícios selecionados, em comparação ao curl de pernas

deitado comum, dados adaptados a partir de Boeckh-Behrens &

Buskies. 2000.

Realizado da forma correta, isto é, com as pernas a um ângulo de

100°, o levantamento de perna (leg lift ou hip lift) é o único exercício

corporal que pode competir. Por outro lado, as hiperextensões com

<50% de atividade dos curls de pernas deitado, irão fazer pouco pelo

seu desenvolvimento de femorais.

Sabia que fazer contrações parciais e de pico são exercícios excêntricos particularmente eficientes? Por outro lado, nos exercícios concêntricos como o agachamento, eles aumentam a sua probabilidade de se lesionar e contribuem pouco para a eficácia do seu treino.

IV. Os melhores exercícios para os adutores e abdutores

Page 65: Análises EMG dos Exercicios

Imagem 6: Uma máquina de adutores.

Como provavelmente já esperava, as máquinas de adutores e

abdutores que são sobretudo utilizadas pelos membros femininos do

ginásio, são os exercícios de referência para treinar os músculos na

parte interna e externa das suas coxas.

Infelizmente a forma de construção dessas máquinas varia de

fabricante para fabricante, por isso será difícil ter a certeza se a sua

máquina de adutores irá produzir a mesma ativação muscular que as

usadas no estudo. O mesmo se aplica à estranha máquina de pêndulo

de ancas, de qualquer forma, o uso de uma máquina de adutores ou

abdutores pode ser bastante complexa.

Figura 7: Atividade EMG relativa dos adutores e abdutores durante

exercícios selecionados em comparação das respetivas máquinas

(dado que o valor exato da máquina abdutora não foi fornecido pelos

autores, o último é uma estimativa baseada na pontuação do

exercício); dados adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000.

Page 66: Análises EMG dos Exercicios

As alternativas viáveis para esses exercícios baseados em máquinas

são a abdução com cabos (movendo a perna antes da perna

estabilizadora, na polia baixa) e, provavelmente para surpresa de

muitos que se abstêm completamente de fazer exercícios corporais, a

ponte lateral com abdução da anca. Por outro lado, quando está a

agachar, só os adutores são envolvidos de forma significativa

na estabilização do movimento. Para aumentar mais a sua

atividade, pode fazer agachamentos hack com os pés mais afastados

e a ponta dos pés a apontar ligeiramente para fora (30°), o que irá

aumentar ligeiramente a carga nos seus adutores e intensificar o

exercício por +3%.

V. Os melhores exercícios para os gémeos

Embora as pernas de galinha não sejam excepção, especialmente em

muitos dos ginásios orientados para o fitness, os gémeos tipo

palitos estão a tornar-se cada vez mais a regra,

especialmente entre os atletas que adoram fazer as suas

intermináveis sessões de cardio na máquina elíptica. Ao

mesmo tempo, poucas pessoas querem despender a o tempo

adequado para treinar os seus gémeos. No caso deste grupo

muscular, é portanto ainda mais importante saber quais são os

exercícios eficientes e quais os que não são.

Page 67: Análises EMG dos Exercicios

Figura 8: Atividade EMG relativa dos músculos dos gémeos durante

exercícios selecionados em comparação com as elevações de gémeos

em pé; dados adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000.

Como pode ver, não pode evitar realizar uma variedade de exercícios

de elevações de gémeos a menos que esteja satisfeito com uma

redução de >65% da atividade muscular dos gémeos quando estiver

a fazer os curls de pernas deitado para femorais. Dito isto, existem

algumas pequenas modificações que tornam os exercícios ainda mais

eficientes.

A primeira coisa que pode sempre incorporar, são as contrações de

pico, e as contrações forçadas na posição estirada. Para além disso, é

imperativo que não dobre os joelhos de forma ativa durante

as elevações de gémeos sentado (nada de

balanços/impulsos!), se não quiser reduzir a atividade do

músculo por -11%. E numa linha semelhante, também não deve

querer modificar a posição dos pés, porque (surpreendentemente?) a

posição paralela dos pés é aquela que ativa de forma máxima a parte

interna, bem como as partes externas do músculo gastrocnémio.

(veja a figura 8)!

Page 68: Análises EMG dos Exercicios

Figura 9: Atividade EMG relativa do músculo gastrocnémio com

diferentes posições dos pés, dados adaptados de Boeckh-Behrens &

Buskies. 2000

Nesse sentido, vale a pena mencionar que a ativação geral dos

gémeos é maximizada durante as elevações de gémeos em pé e

elevações de gémeos inclinado (tipo burro), enquanto a atividade do

músculo solear é mais elevada quando faz elevações de gémeos

sentado.

Uma regra importante no que diz respeito à ativação do músculo gastrocnémio vs solear é “maximizar o ângulo do joelho (tal como nas elevações de gémeos em pé ou inclinado) para maximizar os gastrocnemios, minimizar o ângulo do joelho (tal como nas elevações de gemeos sentado) para maximizar a atividade do solear”.

Nota: No entanto é imperativo não forçar o “fecho” da articulação do joelho, (especialmente se estiver a usar cargas elevadas) de forma a prevenir lesões.

Imagem 7: Os homens a sério não têm medo de fazer elevações de

gémeos tipo “burro” como Arnold e Dave Draper costumavam fazer.

Por ultimo, quero deixar uma nota curta acerca do mito do “número

alto de repetições para os gémeos”. Embora eu não questione

que muitos atletas simplesmente não sentem os seus gémeos a

trabalhar se não fizerem mais de 50 repetições por série, isto não

acontece devido á anatomia, o tipo de fibra ou qualquer outra

Page 69: Análises EMG dos Exercicios

anomalia louca do músculo dos gémeos, mas simplesmente devido a

execução errónea dos respetivos exercícios.

Balançar, não utilizar a extensão completa do movimento e tempo

sob tensão insuficiente (1 segundo para cima, 1-2 segundos no topo

do movimento, 3 segundos para baixo, seria o “tempo” mais

adequado”), o erro mais comum que vejo nos ginásios é de

longe, transformar o seu exercício de gémeos, num exercício

de pés, ao não empurrar da palma dos pés, mas sim da ponta dos

dedos.

Agora adivinhe, demora algum tempo até os seus dedos ficarem

finalmente fatigados e os seus gémeos começarem realmente a

trabalhar alguma coisa… o que diria, talvez 20-30 repetições? Hmm…

Isso quer dizer que das suas 50 repetições de elevações de gémeos,

30 são elevações de pés e as 20 últimas 20 são realmente para

treinar os seus gémeos – isso não parece particularmente eficiente,

pois não?

VI. Conclusão: Demasiado trabalho em apenas um dia!

Agora que chegou ao final desta concisa e no entanto super longa

escrita acerca do treino de pernas, poderá questionar-se a si mesmo

como e porque razão tem que juntar tudo isto num único treino. Bem,

parece-me a mim, depois de tudo, que esta é uma questão muito

razoável. No entanto, os competidores de fitness e os culturistas

têm vindo a demonstrar uma e outra vez, que apenas um “dia

de pernas” por semana, pode ser o suficiente para

desenvolver pernas espetaculares. Trata-se apenas de genética

ou esses homens (e claro, mulheres) passam o dia de pernas todo no

ginásio?

Sabia que Arnold Schwarzenegger, quando era adolescente, levava uma barra e pesos para a floresta, onde ele e os seus amigos faziam agachamento até não se conseguirem manter de pé? Isso não quer dizer que

Page 70: Análises EMG dos Exercicios

isso seja o ideal para todos – muito menos para os guerreiros de fim de semana naturais, que apenas se querem manter em forma, mas seja ou não dia de pernas, sempre que for treinar as suas pernas, deverá dar uma vista de olhos aos seus palitos e perguntar-se a si mesmo “Quantas séries fiz para o peitoral, bíceps e tríceps esta semana?” Se fez mais para qualquer um desses do que para as suas pernas, é melhor adicionar mais umas séries de agachamento.

Bem, pode ser que alguns “profissionais” realmente passem o dia

inteiro no ginásio, mas dedicação à parte, a maioria deles faz uso de

“equipamento especial” para tornarem esses treinos superprodutivos.

Por outro lado, a minha experiência pessoal diz-me que as pernas

podem suportar muito mais volume do que a maioria dos

atletas dizem a si mesmos (leia o quadro acima).

No entanto, embora eu pense que é possível fazer pelo menos uma

única série de trabalho de todos os exercícios “ótimos”, o “programa

de treino optimizado por EMG” que lhe irei sugerir mais abaixo,

desvia o foco desses exercícios de isolamento “ótimos” para as

variações “ótimas” dos movimentos compostos que desenvolveram

pernas incríveis ao estilo das de Tom Platz e de alguns culturistas da

velha escola.

Sabia que se verificou que os exercícios compostos como o

agachamento e o peso morto aumentam a resposta hormonal

ao treino de musculação? Bem, suponho que já deve ter ouvido

falar disso. No entanto, o que pode ser novidade para si é que esses

aumentos temporários dificilmente irão exibir efeitos semelhantes

aos “anabolizantes” que alguns atletas parecem esperar. Isto não

quer dizer que esses exercícios não sejam produtivos (antes pelo

contrário!), mas sim que o aumento da hormona de crescimento ou

de testosterona após uma sessão de agachamento intenso é

secundário e não a causa da eficácia desses exercícios.

Page 71: Análises EMG dos Exercicios

A razão para isso é bastante simples: Embora uma série de

agachamento com barra possa não ativar os seus glúteos como o

estranho “pêndulo de anca”, os seus quadríceps como os “leg kicks”

e os seus adutores como a “feminina” máquina de adutores, irá no

entanto, desenvolver força e massa de forma adequada em todos

esses três músculos, fortalecer o seu abdómem, zona lombar, os seus

gémeos, a parte superior das costas e até melhorar o seu

acondicionamento físico bem como auxiliar na perda de gordura.

Por outras palavras, por mais mais difíceis que possam parecer em

comparação com alguns exercícios de isolamento em máquinas, os

exercícios compostos ainda irão proporcionar-lhe a melhor

relação custo-benefício (o tempo e a energia que investe no

ginásio), neste caso, ganhos de força e de massa muscular.

Um programa de treino baseado nos resultados EMG

Imagem 8: desde que não se encontre lesionado, não existe razão

nenhuma para evitar o agachamento. Se não pode fazer o

agachamento, use a prensa de pernas como alternativa. Se for um

principiante, assegure-se de pedir a alguém qualificado para lhe

ensinar o agachamento.

É claro que existe uma miríade de forma de combinar os vários

exercícios individuais, a minha recomendação pessoal para o

desenvolvimento geral das pernas (baseado nas medições EMG) irão

ser as seguintes:

1. Agachamento – à paralela (70°), 6-10 repetições

Page 72: Análises EMG dos Exercicios

2. Agachamento hack – a 90°, 8-12 repetições

3. Curl de femorais – contrações de pico, ou parciais, 10-12

repetições

4. Supersérie de: Elevações de gémeos em pé ou estilo

“burro” – contração de pico, 10-12 repetições, com:

5. Elevações de gémeos sentado – contrações de pico, 12

repetições (Opcional)

6. Máquina adutora – 12-15 repetições

7. Máquina abdutora – 12 15 repetições

Poderá notar que aqui não faço recomendações de volume. Isto deve-

se ao facto de verificar que cada um tem que descobrir o que

funciona melhor para si em termos de volume e frequência de

treino ótimos. Isto também pode mudar ao longo do tempo/de acordo

fatores de estilo de vida/nutrição e suplementação.

Os melhores exercícios para a zona abdominal e lombar |

Análises EMG 4

E encerramos esta série de

artigos com os melhores exercícios para a zona lombar e abdominal,

ou seja, para o músculos reto abdominal, oblíquos, eretores da

espinha e uma série de outros conjuntos de fibras musculares que

funcionam no sentido de estabilizar a toda a zona média e inferior do

tronco.

Page 73: Análises EMG dos Exercicios

“6 semanas para ter abdominais visíveis” – Apesar de todos

sabermos que isto é inatingível para a maioria dos leitores casuais da

revista “Men´s Health” com barriga de cerveja, títulos como este

ainda fazem subir as vendas das revistas das revistas de fitness e

musculação. Mas sabe que mais? Nem mesmo os melhores

exercícios em existência o irão ajudar enquanto o seu glorioso

“reto abdominal” se encontrar coberto por uma inestética

camada de tecido adiposo.

A chave para ter abdominais esculpidos está na dieta! No que diz

respeito ao treino do conjunto dos músculos que suportam o tronco

(abdominais, oblíquos e lombares), é imperativo compreender como

desenvolver um suporte abdominal e lombar forte, que é um também

um grande pré-requisito para uma mobilidade física duradoura. Não

se trata apenas de treino de abdominais. Trata-se de treinar todas

aquelas fibras musculares exteriores e interiores que o mantém

ereto.

Imagem 1: Anatomia dos músculos estabilizadores do tronco; o

reto abdominal (a vermelho), os oblíquos externos (a azul) e os

eretores da espinha (a roxo).

O músculo reto abdominal (a vermelho na imagem 1), que

consiste em dois conjuntos de músculos paralelos que correm

de forma vertical em cada lado da parede anterior do abdómen

humano e são muitas vezes simplesmente chamados de “

abdominais”.

Page 74: Análises EMG dos Exercicios

Os músculos oblíquos externos e internos (a azul na

imagem 1), que puxam o peito para baixo e comprimem a

cavidade abdominal (external), também têm uma acção

limitada na flexão e na rotação da coluna vertebral, e cobrem

os músculos “abdominis transverse”, que estão localizados

detrás dos oblíquos e ajudam a comprimir as costelas e as

vísceras, providenciando assim estabilidade torácica e pélvica.

Os músculos eretores da espinha (erector spinae, a violeta

na imagem 1), que são de extrema importância para a sua vida,

porque ajudam a estabilizar e a proteger a sua espinha.

Sem mais demoras, apresentamos os exercícios mais eficientes para

os seus abdominais, oblíquos e músculos estabilizadores… baseados

em exames de eletromiografia (testes realizados em 10 voluntários

do sexo masculino com experiência em treinos de musculação, com a

idade média de 22 anos e 13% de gordura corporal; dados retirados

de Boeckh-Behrens & Buskies. 2000)

I.  Treinando o reto abdominal e os músculos oblíquos

Quero começar com uma palavra de precaução, embora os

“abdominais” sejam de fato compostos por duas tiras musculares, as

duas tiras têm uma orientação vertical e encontram-se paralelas à

sua espinha dorsal. A “teoria” de que existem “abdominais

superiores” e “abdominais inferiores”, não é suportável, de um ponto

de vista anatómico.

Se realizar exercícios para os abdominais, e ainda mais se fizer

movimentos corporais completos como agachamentos, peso morto ou

presses militares, as tiras musculares do seu reto abdominal

(bem como os seus músculos oblíquos e eretores da espinha)

irão ser sempre recrutados como um todo.

Isso também acontece com o grande dorsal, outro dos grandes

grupos musculares do seu corpo. No entanto, é possível colocar uma

Page 75: Análises EMG dos Exercicios

ênfase especial na parte superior ou inferior dos seus abdominais.

Recorde-se disso quando ler acerca dos melhores exercícios para a

parte “superior” e “inferior” do músculo reto abdominal na seguinte

revisão.

Os dados EMG de Boeckh-Behrens & Buskies também nos mostram

que, mesmo no caso do músculo reto abdominal e dos músculos

externos e internos, é impossível conseguir o verdadeiro isolamento.

Sempre que realizar algum tipo de exercício para os abdominais, ou

para os estabilizadores ou, por outras palavras, os abdominais e os

oblíquos irão trabalhar sempre em conjunto, em determinado grau.

Clique na figura abaixo para a ampliar:

Figura 1. Atividade EMG da parte superior e inferior do músculo reto

abdominal e dos músculos oblíquos durante vinte exercícios para

“abdominais”, em comparação com exercícios de referência

marcados com um *(dados adaptados de Boeckh-Behrens & Buskies.

2000).

Page 76: Análises EMG dos Exercicios

A ilustração gráfica da atividade relativa de EMG dos vinte exercícios

selecionados, confirma a ideia de que qualquer exercício para os

“abdominais”, irá inevitavelmente envolver um certo grau de

atividade dos oblíquos. No entanto, também é obvio que é possível

enfatizar um determinado grupo muscular (ou parte)

selecionando os exercícios adequados do seguinte top 12:

Tabela 1: O topo 12 dos exercícios para abdominais e oblíquos,

pontuação de acordo com Boeckh-Behrens & Buskies, 2000

É bastante óbvio que com um conjunto de 3-6 exercícios (marquei os

melhores exercícios a verde), é possível treinar toda a parte anterior

do seu abdómen e ainda assim manter variedade suficiente para

evitar a monotonia – e, também para “manter o seu corpo a

adivinhar”. Também é óbvio que, muito mais do que acontece com os

exercícios para outras partes corporais, existe uma grande

Page 77: Análises EMG dos Exercicios

variedade interpessoal em termos de quais exercícios

abdominais funcionam melhor para cada pessoa.

Tendo isso em conta, decidi dar-lhe alguns dados das pontuações

médias dos exercícios específicos. Algo que omiti nos artigos

anteriores, simplesmente porque, de qualquer forma (com excepção

do peitoral, em que o mencionei no texto), os topos de pontuação

média e a atividade de EMG média, teriam sido idênticos.

Page 78: Análises EMG dos Exercicios

Utilize este conjunto de imagens para o orientar no sentido de

compreender a maioria dos exercícios de abdominais presentes na

tabela 1.

A forma perfeita conta, especialmente nos movimentos avançados

Imagem 2: Os atletas têm tendência a (ab-)usar o psoas ilíaco, o que

reduz a ativação dos músculos dos “abdominais” quando fazem “sit-

ups” e flexão do quadril suspenso em barra fixa.

Um exemplo perfeito em que a forma imprópria compromete a

eficácia do exercício, é a elevação de pernas em barra fixa, em que,

no caso da parte superior do reto abdominal, pode ver que o exercício

produziu uma atividade extraordinariamente elevada de EMG em

alguns, e uma atividade muscular medíocre noutros voluntários. Caso

contrário, a pontuação de atividade média de EMG para todos os

voluntários (pontuação 2) e pontuação média do exercício para o

indivíduo (pontuação 3) teria sido idêntica.

Aqueles de vocês que sabem como realizar os exercícios da forma

adequada, sabem que mesmo com supervisão profissional, muitos

atletas falham em contrair os seus abdominais e dessa forma,

treinam o psoas ilíaco (músculos psoas major e psoas menor, veja a

imagem 2) em vez dos seus abdominais, quando se penduram como

Page 79: Análises EMG dos Exercicios

um saco flácido na barra e balançam as pernas para cima e para

baixo.

Ocorre uma mudança similar do musculo reto abdominal para o psoas

em todos os exercícios de abdominais em que as pernas se

encontram presas numa posição fixa, sendo o exemplo mais comum,

o clássico e infeliz exercício “sit-up”, devido ao qual gerações de

atletas desenvolveram costas deformadas (hiperlordose); uma

patologia que pode não só originar dores na parte inferior das costas,

como também fazer com que os seus abdominais fiquem

destreinados e sobressaiam para fora no sentido literal.

Não me compreenda mal, geralmente não sou contra a

realização dos sit-ups, nem contra as flexões do quadril . Apenas

quero que se assegure de que os está a fazer da forma correta, para

que você…

1. Não se lesione.

2. Não desenvolva desequilíbrios musculares, em que apesar de

ou devido ao treino de abdominais impróprio, o seu reto

abdominal torna-se o elo mais fraco

3. Não se coloque a si mesmo em perigo de desenvolver a

dolorosa hiperlordose e um par de abdominais em baixo de

forma num abdómen protuberante.

Assim sendo, aconselharia os principiantes a seguirem dica de

exercício #1 para aumentarem a força dos seus abdominais e

aprenderem a fazer as elevações de pernas da forma adequada,

antes de provocarem problemas na parte inferior das suas costas.

Dica de exercício nº1 – o caminho para as elevações de pernas corretas:

Realizadas da forma adequada, as elevações de pernas são o rei de todos os exercícios de abdominais, mas requerem prática e uma zona abdominal que já seja bastante forte. Assim sendo, sugiro que os principiantes

Page 80: Análises EMG dos Exercicios

comecem as elevações de pernas deitado, com as suas mãos ou um tipo de esponja debaixo da parte inferior das costas, como suporte lombar. Ao tentarem pressionar as suas mão/esponja no chão ao longo do movimento, eles irão desenvolver a força abdominal que é necessária para progredir.

1. Da flexão do quadril com suporte para flexão do quadril sem suporte.

2. Da flexão do quadril no chão para flexão do quadril  num banco declinado.

3. Da flexão do quadril em banco declinado para flexão do quadril em barra fixa.

Nota: Não é necessário nem aconselhável estender completamente as suas pernas durante nenhum desses exercícios. A realização de qualquer desses movimentos com as pernas completamente estendidas, tende a desviar a carga de trabalho relativa dos seus abdominais para o psoas ilíaco, e aumenta a carga total na parte inferior das costas – o mesmo também se aplica aos famosos sit-ups com pernas fixas.

Suponho que alguns de vocês podem estar desapontados porque

exercícios como o abdominais na polia alta (cable crunch) ou o seu

exercício favorito de abdominais não tenha entrado na lista. Embora

eu pense que muitas das máquinas de abdominais partilham a

mesma atividade problemática do psoas ilíaco que os sit-ups, os

crunches e as flexões do quadril executadas de forma inadequada.

Incluo o abdominais na polia alta entre os exercícios de

abdominais mais eficientes que alguém pode realizar.

Dito isto, os dados EMG, independentemente do quanto objetivo

possa ser em termos científicos, nunca o deverá fazer desistir do que

funciona para si. O treino de abdominais, tal como tudo o

restante que faz no ginásio, não se trata de apenas fazer, mas

sim de sentir o movimento.

Page 81: Análises EMG dos Exercicios

Ou por outras palavras, se a consequência de estender os seus

braços atrás da sua cabeça é que para de sentir a parte superior do

músculo reto abdominal a contrair, é possível que o exercício 2#

proposto para a parte superior do músculo reto abdominal, não seja o

mais indicado para si.

São várias as possíveis razões para isso acontecer, com as duas

razões mais prováveis a serem que simplesmente não esteja a fazer o

exercício da forma correta (recorde-se: fazer crunches não é levantar

a cabeça do chão) e/ou a intensidade do exercício não seja a

apropriada para o seu nível de treino.

O último fator é muitas vezes negligenciado, e bloqueia tanto o

progresso de atletas principiantes como o de mais avançados. Falei

acerca disso na dica de exercício 1#, os principiantes têm de

desenvolver uma base antes de começaram a fazer exercícios

avançados como as elevações de pernas em barra fixa – você não

diria a um bebe que começou recentemente a andar para ir competir

nas corridas de 200 metros da olimpíadas, pois não?

Na mesma linha de pensamento, irá provavelmente, desenvolver

problemas no pescoço e lombares se começar a fazer 100 ou 1000

repetições de sit-ups balísticos, em que está virtualmente a tentar

levantar a parte superior do seu corpo do chão puxando a partir das

suas orelhas e da parte de trás da sua cabeça.

Acredite em mim, muitos dos guerreiros de fim-de-semana com

barriga de cerveja que vejo a realizar este tipo de “treino abdominal”

estariam melhor a fazer uma única série de 6-12 repetições de

crunchs bem realizados com contrações de pico. Infelizmente, muitos

deles não conseguem fazer nem uma, porque os seus músculos

abdominais estão simplesmente demasiado fracos para levantar a

sua massiva parte superior do corpo do chão.

De forma semelhante, vejo alguns atletas avançados que ainda

realizam treinos de crunchs com uma hora de duração, assegurando-

se de forma cuidadosa, de que realizam pelo menos 50 repetições

Page 82: Análises EMG dos Exercicios

deste ou daquele movimento estranho que viram numa daquelas

revistas de fitness – Vamos lá pessoal (de forma interessante, apenas

poucas raparigas parecem ser suficientemente estupidas para o

fazerem). Sei que não tem obtido progressos durante anos… mas

recorde-se sempre de que a chave para o progresso, ou melhor, o

progresso muscular (não lombar) está no aumento

progressivo da carga em tudo o que faz no ginásio.

Dica de treino nº2 – Intensidade de exercício e o mito de um número alto de repetições para os abdominais: 

Neste sentido, é importante aceitar que embora possa não haver limite ao número de discos de meio quilo que quer tentar adicionar à barra a cada semana, certamente existe um limite ao número de repetições que se deve adicionar às séries de crunches, elevações de pernas ou side-bends que realiza.

No caso do crunch por exemplo, deve primeiro praticar a fazer o crunch da forma correta, para sentir os abdominais a trabalhar, para ser capaz de parar a meio da subida ou descida e contrair os seus músculos de forma deliberada e fazer uma “contração de pico” do seu reto abdominal até doer. Por outro lado, o atleta avançado, deverá abster-se de aumentar o número de repetições para além de um máximo de 20 repetições. Em vez disso, deve concentrar-se em aumentar o torque…

Variando a posição dos braços – principiante: mãos suportam os lombares; intermediário; mãos no peito / aos lados da cabeça; avançado: braços estendidos atrás da cabeça.

Adicionando pesos ligeiros – por exemplo, segurando um halter leve nas mãos quando fizer o crunch com os braços estendidos atrás

Page 83: Análises EMG dos Exercicios

da cabeça, nas elevações de pernas pode usar agarradeiras com pesos nos pés, etc.

Mudando para exercícios mais avançados – por exemplo, elevações de pernas em barra fixa executados da forma correta, ativam a parte superior dos abdominais de forma tão eficiente como os crunchs; são o exercício número 1 para a parte inferior dos abdominais e o número 3 para os oblíquos; são difíceis de realizar e requerem uma zona abdominal já fortalecida (veja a dica de treino 1).

Quer seja principiante quer veterano, o treino de abdominais não é essencialmente diferente de treinar qualquer outro grupo muscular – é sobre sentir a contração, não sobre levantar o peso (o seu corpo), e muito menos realizar um número impressionante de repetições sem o descanso adequado, por exemplo, se fizer o próximo treino até 48 antes do treino anterior, o musculo reto abdominal irá mesmo atrofiar em vez de brilhar em toda a sua glória.

Se está a realizar os exercícios certos e a aumentar o número de

repetições e depois o peso, a incorporar exercícios avançados e ainda

assim não obtém progressos. Posso dizer-lhe, mesmo sem sequer

saber o que comeu ao pequeno-almoço, que a sua dieta arruinou os

seus esforços no ginásio. Ter bons abdominais é 75% dieta, 20%

treino do corpo completo e 5% de treino dos abdominais, lembre-se

disso sempre que tiver a ideia de que fazer 100 sit ups ou treinar os

seus abdominais todos os dias (no máximo dia sim, dia não) irá

derreter a gordura por magia… é melhor reservar algum tempo

para fazer treinos sérios com agachamento, peso morto ou

treino intervalado de alta intensidade, isto se pretender ver os

seus abdominais a brilhar em toda a sua glória.

II.  Treinando os músculos eretores da espinha (foco na parte lombar)

Page 84: Análises EMG dos Exercicios

Ao contrário de ter “bons abdominais”, que é provavelmente o desejo

número um da lista dos frequentadores de ginásio por todo o mundo,

os músculos eretores da espinha parecem ser geralmente menos

populares num mundo em que a divisão entre os obesos mórbidos

alérgicos ao exercício e os fanáticos do fitness está a tornar-se cada

vez mais evidente.

E enquanto os primeiros simplesmente ignoram que uma zona lombar

forte os irá ajudar a evitar uma série de pequenos problemas que irão

sofrer para além dos problemas cardíacos, diabetes e Alzeimer´s num

futuro próximo, os segundos, na maioria das vezes, continuam a

procurar apenas abdominais definidos e simplesmente consideram

isso o epitomo de um corpo saudável e em forma.

Isso por vezes pode ser o caso, no entanto, esses são os mesmos

homens e mulheres que não fazem agachamento nem peso morto,

porque eles assumem erradamente que isso os tornaria mais cheios.

Os dados EMG de Boeckh-Behrens & Buskies mostram-nos na

verdade que, devido a essas crenças erróneas, muitos atletas perdem

os benefícios de dois dos exercícios mais eficientes para os

abdominais.

Imagem 3: As variações do peso morto (neste caso o peso morto

romeno) ainda são os movimentos mais básicos para trabalhar a zona

lombar.

Os melhores exercícios com equipamento comum:

1. Elevações de pernas deitado na máquina flexora de pernas

2. Agachamento clássico

Page 85: Análises EMG dos Exercicios

3. Agachamento hack em máquina

4. Peso morto (com 100% do peso corporal)

5. Peso morto romeno (com 50% do peso corporal)

6. Peso morto parcial (50% do peso corporal)

* * As elevações de pernas deitado na máquina flexora de pernas são

realizadas com os seus femorais fletidos, afastando os quadríceps do

suporte com os músculos dos lombares – o movimento é bastante

complicado e pessoalmente, sugiro que se abstenha de o fazer, e

desde que não tenha problemas de saúde que de isso o impeçam,

dedique-se aos agachamentos e peso morto.

Figura 3: A atividade EMG dos eretores da espinha (parte lombar)

durante seis exercícios selecionados para os lombares e abdominais

com equipamento comum, relativamente ao “rei de todos os

exercícios”, o agachamento (dados adaptados de Boeckh-Behrens &

Buskies. 2000).

Considero que vale a pena notar que a diminuição do peso no peso

morto (para diminuir a probabilidade de lesão) diminuiu, obviamente,

os valores de EMG que Boeckh-Behrens & Buskies foram capazes de

medir. É portanto, bastante provável que:

Page 86: Análises EMG dos Exercicios

1. O peso morto seja o exercício mais exigente e ao mesmo

tempo o mais estimulante para os músculos eretores da

espinha e

2. O peso morto romeno parcial (pernas retas) é

provavelmente ainda mais exigente e portanto mais

estimulante do que o peso morto “clássico” (os dados EMG

parecem confirmar isto, já que os voluntários levantaram 2

vezes a quantidade de peso do peso morto clássico, e no

entanto, a ativação muscular aumentou por apenas 76%).

Dito isto, pelo menos um dos dois exercícios fundamentais

para a musculação, peso morto ou agachamento, devem fazer

parte dos programas de treino de toda a gente – nenhum outro

exercício irá fortalecer os seus abdominais, lombares e restante corpo

de uma forma semelhante a estes dois. Adicione um, no máximo dois

dos seguintes exercícios com peso corporal, e os seus lombares irão

ficar no topo de forma.

Imagem 4: O flutter kick com contrações finais e o levantamento

pélvico, que é similar às extensões de anca deitado com a excepção

que eleva a perna livre (100°) foram mais eficientes do que as

clássicas hiperextensões.

Os melhores exercícios de peso corporal:

1. Flutter kicks, em pronação, com contrações de pico

2. Levantamento pélvico, joelho a um ângulo de 100°

3. Hiperextensões

4. Bird (posição de prancha, sem atividade dos braços)

5. Sentado de forma reta (braços esticados como uma águia)

Page 87: Análises EMG dos Exercicios

Pareceu-me bastante interessante que simplesmente sentar-se 100%

reto num banco com os seus braços na posição de águia (90° entre os

braços e o torso, braços ligeiramente curvados, de forma a que as

palmas das mãos estejam apontadas para cima) ainda produz 25% da

ativação que as clássicas hiperextensões produzem. Isto demonstra

bem que os lombares são bastante solicitados no dia-a-dia.

Figura 4: Atividade EMG dos eretores da espinha (parte lombar)

durante cinco exercícios corporais selecionados, relativamente às

bem conhecidas hiperextensões (dados adaptados de Boeckh-

Behrens & Buskies. 2000).

III. Conclusão: 3 movimentos básicos para abdominais e lombares fortes

Suponho que não há muitas mais grandes surpresas neste artigo da

série, ou pelo menos eu espero que não… não iria acreditar em todas

as contorções exóticas que certas revistas de fitness inventam a cada

primavera para convencer os novos leitores de que vale a pena fazê-

los. Faça um tipo de crunch, algumas elevações de pernas e

um exercício central como o peso morto ou o agachamento,

no máximo 2-3 vezes por semana, é tudo o que precisa para

fortalecer a parte central do seu corpo. Se pretende adicionar

algum bónus para uns abdominais em forma, faça pelo menos tantos

Page 88: Análises EMG dos Exercicios

agachamentos e pesos mortos como faz crunchs, adicione algum

treino intervalado de alta intensidade e siga uma dieta correta.

Imagem 5. Como não podia deixar de ser, aqui está alguma informação acerca daquele que é

provavelmente um dos exercícios de abdominais mais eficientes. O abdominal na roda (ab rollout).

Alguns leitores poderão questionar-se em relação ao exercício abdominal na roda que não foi analisado pelos investigadores Boeckh-Behrens & Buskies. 2000. Mas investiguei um pouco e encontrei um estudo que comparou 8 exercícios em bola suíça (Abdominal na roda, pike, knee-up, skier, hip extension right, hip extension left, decline push-up, e sitting march right) e 2 exercícios tradicionais de abdominais (crunch e bent-knee sit-up) e verificaram que os sinais de EMG para a parte superior e inferior do músculo reto abdominal, bem como para os oblíquos foram “mais elevados em comparação com a maioria dos outros exercícios”.

Assim sendo tem que ser dito que os movimentos foram realizados apenas com 5 repetições e que até mesmo os autores afirmaram que um número de repetições mais elevado/diversificado, poderia ter influenciado os resultados gerais. Eles sumarizaram as suas conclusões da seguinte forma: “O abdominal na roda e o pike foram os exercícios mais eficientes [neste estudo! Uma comparação direta destes dados com os do estudo Boeckh-Behrens Buskies seria é claro, inválida] em ativar os músculos reto abdominal superior e inferior, oblíquos externos e interno e grande dorsal”.

Page 89: Análises EMG dos Exercicios

Concluindo, continue a fazer os seus abdominais na roda, se gostar deles.

Um programa de treino baseado nos resultados EMG

Imagem 6: O abdominal em polia alta com joelhos dobrados é o meu

exercício favorito para o músculo reto abdominal. Apesar dos autores

não terem medido a atividade EMG, Boeckh-Behrens & Buskies

mencionam de forma explícita, que este exercício de abdominais é

particularmente eficiente para atletas avançados.

É claro que existe uma miríade de formas de combinar os exercícios

individuais, a minha recomendação pessoal para o desenvolvimento

geral dos abdominais e lombares (baseada nos dados EMG) seria a

seguinte*:

1. Crunches <20 repetições: Varie a posição dos braços/mãos

ou adicione peso + contração de pico, para aumentar a

intensidade sem realizar mais de 25 repetições.

2. Flexão do quadril <15 repetições; varie de acordo com a

dica de treino nº1; realize pelo menos uma das suas séries com

as suas pernas/torso a rodar para os lados, alterne entre a

esquerda e a direita.

3. Variação de peso morto: 10-12 repetições controladas;

selecione a variação de peso morto que sente que isola melhor

os seus lombares.

Page 90: Análises EMG dos Exercicios

* “<” indica que não deve ser capaz de realizar outra repetição com

forma perfeita. Deve alternar com:

1. Abdominal em polia alta com joelhos dobrados <15

repetições; adicione peso sempre que possível

2. Flexões laterais <15 repetições; adicione peso se

necessário, tenha cuidado para não se inclinar em demasia ou

entrar em hiperlordose

3. Hiperextensões ** <12 repetições com a forma adequada +

contração de pico; adicione peso se necessário.

** Eu prefiro as hiperextensões em detrimento dos outros dois

movimentos, porque pode-se facilmente adicionar discos e segurá-los

contra o seu peito.

Poderá notar que aqui não faço recomendações de volume. Isto deve-

se ao facto de verificar que cada um tem que descobrir o que

funciona melhor para si em termos de volume e frequência de treino

ótimos. Isto também pode mudar ao longo do tempo/de acordo

fatores de estilo de vida/nutrição e suplementação.