análise reflexiva sobre a psicanálise no · pdf filesubconsciente e afeta o...

13
Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 1 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO HUMANO COELHO, Lindaura Gabriel1 RESUMO Este artigo retrata os conceitos da Psicanálise, que é o estudo dos comportamentos e sentimentos humanos que são regidos por desejos inconscientes. Neste estudo, nota-se a presença do médico neurologista e criador da Psicanálise Sigmund Schlomo Freud, que descobriu diversos aspectos do intelecto humano, como os níveis de consciência, a formação da inconsciência e até mesmo do desenvolvimento psicossexual, tornando mais compreensível cada etapa da formação do ser humano. Finaliza abordando a existência da psicologia da educação como uma área de conhecimento. Palavras-chave: Consciência. Desenvolvimento. Educação. Pensamento. Sexualidade. 1. Professora da rede estadual de ensino do Estado Federativo do Espírito Santo. Contato profissional Secretaria Estadual de Ensino (SEDU) do Estado do Espírito Santo. Unidade escolar: EEEFM “Geraldo Vargas Nogueira”. Av. Brasil, s/n - Lacê, Colatina - ES. Contato: (27) 3722-5975. E-mail: [email protected]

Upload: ngonhi

Post on 05-Feb-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 1

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO DESENVOLVIMENTO

COGNITIVO HUMANO

COELHO, Lindaura Gabriel1

RESUMO

Este artigo retrata os conceitos da Psicanálise, que é o estudo dos comportamentos e sentimentos

humanos que são regidos por desejos inconscientes. Neste estudo, nota-se a presença do médico

neurologista e criador da Psicanálise Sigmund Schlomo Freud, que descobriu diversos aspectos do

intelecto humano, como os níveis de consciência, a formação da inconsciência e até mesmo do

desenvolvimento psicossexual, tornando mais compreensível cada etapa da formação do ser humano.

Finaliza abordando a existência da psicologia da educação como uma área de conhecimento.

Palavras-chave: Consciência. Desenvolvimento. Educação. Pensamento. Sexualidade.

1. Professora da rede estadual de ensino do Estado Federativo do Espírito Santo.Contato profissionalSecretaria Estadual de Ensino (SEDU) do Estado do Espírito Santo. Unidade escolar: EEEFM “Geraldo Vargas

Nogueira”. Av. Brasil, s/n - Lacê, Colatina - ES. Contato: (27) 3722-5975. E-mail: [email protected]

Page 2: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------03

1. CONCEITO DE PSICANÁLISE ---------------------------------------------------------------------04

2. NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA ------------------------------------------------------------------------- 04

2.1. CONSCIENTE -----------------------------------------------------------------------------------------05

2.2. PRÉ-CONSCIENTE ------------------------------------------------------------------------------------ 05

2.3. INCONSCIENTE --------------------------------------------------------------------------------------- 05

3. FORMAÇÃO DO INCONSCIENTE ---------------------------------------------------------------- 05

3.1. ID -----------------------------------------------------------------------------------------------------------05

3.2. EGO--------------------------------------------------------------------------------------------------------06

3.3. SUPEREGO -----------------------------------------------------------------------------------------06

4. DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL--------------------------------------------------------- 07

4.1. FASE ORAL ---------------------------------------------------------------------------------------------- 07

4.2. FASE ANAL ---------------------------------------------------------------------------------------------07

4.3. FASE FÁLICA -------------------------------------------------------------------------------------------08

4.4. FASE DE LATÊNCIA -----------------------------------------------------------------------------------08

4.5. FASE GENITAL -----------------------------------------------------------------------------------------08

5. REFLEXÃO SOBRE A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO --------------------------------------09

5.1. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMO ENGENHARIA PSICOLÓGICA APLICADA --------10

5.2. A NOÇÃO DE INDIVIDUALIDADE NA PSICOLOGIA ESCOLAR ------------------------ 12

CONCLUSÃO -----------------------------------------------------------------------------------------------13

REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------------------14

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 2

Page 3: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

INTRODUÇÃO

A teoria da psicanálise envolve os princípios de compreensão do comportamento e sentimento dos

seres humanos, registrados por desejos inconscientes. Desenvolvida pelo médico neurologista

Sigmund Freud (1856 a 1939), dedica-se à investigação e ao tratamento de doenças mentais. Esse ramo

é baseado na análise dos conflitos sexuais inconscientes que são originadas durante a infância dos seres

humanos e na defesa de que os impulsos instintivos são reprimidos pela consciência, permanecendo no

subconsciente e afeta o indivíduo.

Deve-se ter em conta que o inconsciente não é observável pelo paciente: compete ao profissional tornar

acessíveis tais conflitos existentes no inconsciente através da interpretação de sonhos, de atos falhos e

da associação livre.

A psicanálise, através do diálogo, pode tratar doenças mentais a partir da interpretação desses

fenômenos, auxiliando na identificação da origem da problemática no paciente, podendo ser o primeiro

passo para uma possível cura. Um dos fenômenos que ocorrem durante a psicanálise é a transferência

dos sentimentos, como o amor e ódio contido no paciente para o profissional, objetivado pela análise do

inconsciente por meio da associação livre.

Para Freud, existem níveis da psique no ser humano, consistindo no consciente, no pré-consciente e no

inconsciente. Pode ser conhecido como a hipótese topográfica freudiana. De acordo com os

psicanalistas freudianos, é importante reconhecer que é no inconsciente que se molda o

comportamento humano.

Ao estudar os fenômenos da psicanálise, nota-se a presença de forças que atuam na psique e envolvem

o id, que são os desejos; o ego, que é a racionalidade, e o superego, que envolve a consciência.

Conforme a teoria estrutural da mente, essas forças atuam em níveis diferentes de consciência.

1. CONCEITO DE PSICANÁLISE

A psicanálise é uma teoria que envolve a compreensão de que os sentimentos e o comportamento

humano são controlados por desejos inconscientes. Ao analisar a inconsciência, deve-se “acessar” os

instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada ação. Objetivada pelos estudos do

inconsciente, a maneira de realizar a análise é feito por meio da associação livre.

Trata-se de uma ciência que valoriza o diálogo e, por meio dele, faz o tratamento de doenças mentais a

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 3

Page 4: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

partir da interpretação de fenômenos, levando o paciente a identificar a origem da problemática,

podendo ser o primeiro passo para curar uma determinada doença. Um dos fenômenos que ocorrem

durante a terapia é a transferência dos sentimentos, como o amor e o ódio do paciente para o

psicanalista.

O médico psiquiatra Sigmund Freud (1856 a 1939) foi o fundador da teoria da psicanálise. Para ele, o

inconsciente era a fonte das energias, desejos reprimidos e depósito de lembranças antigas. Freud

realizou diversas descobertas através de sua teoria da autoanálise, além de analisar rigorosamente seus

sonhos e dos seus pacientes.

2. NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA

Segundo Freud, há três níveis distintos para a psique humana, que envolve o consciente, o pré-

consciente e o inconsciente e, esses níveis também são conhecidos como a hipótese topográfica

freudiana.

Ao fazer uma analogia da hipótese topográfica freudiana e um iceberg, a parte superior à linha da água é

como o consciente, a parte inferior à linha da água seria o pré-consciente e a parte mais volumosa que se

estende até as profundezas e a parte mais baixa do iceberg, seria o inconsciente – é nessa área que se

compõe grande parte da psique humana. De acordo com os psicanalistas freudianos, nesse ramo é

interessante e importante notar que é no inconsciente que se molda o comportamento humano.

2.1. CONSCIENTE

Neste estado é uma parte fundamental do funcionamento mental humano, a parte em que se tem

consciência do que se pensa, o que se sente, do que é dito e feito; é constituído por ideias, e quem as tem

está ciente no exato momento.

2.2. PRÉ-CONSCIENTE

O presente estado é constituído por ideias inconscientes que podem se tornar novamente conscientes se

for direcionada a atenção para elas, podendo ser percebidas através dos sonhos ou em atos falhos.

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 4

Page 5: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

2.3. INCONSCIENTE

O presente estado compõe uma extensa área do intelecto humano, ainda que o mesmo não possua

consciência disso. É onde estão contidos os desejos reprimidos, os conteúdos censurados e as pulsões

inacessíveis à consciência; o estado de inconsciência pode influenciar no cotidiano como no

comportamento e na ação sem ser notados.

3. FORMAÇÃO DO INCONSCIENTE

Freud sugeriu a existência de três forças que atuam na psique, que são o id, o ego e o superego.

Conforme a teoria estrutural da mente, o id, o ego e o superego atuam em níveis diferentes de

consciência, havendo um constante movimento de lembranças e impulsos conforme cada nível.

3.1. ID

O id contém tudo o que é herdado, presente desde o nascimento até a constituição do intelecto. Essa

estrutura básica da personalidade fica exposta a outras exigências somáticas do corpo como aos efeitos

do ego e do superego. Apesar de outras áreas da estrutura se desenvolverem originadas do id, ele

próprio é amorfo, confuso e desordenado.

Impulsos contraditórios existentes paralelamente não se anulam e nem reduzem o outro. O id funciona

como um reservatório dos impulsos, da energia de toda a personalidade. As memórias no id estão quase

todas inconscientes, assim como o material considerável inaceitável pela consciência.

Um pensamento ou uma lembrança, excluído da consciência e localizado nas sombras do id, é mesmo

assim capaz de influenciar a vida mental de uma pessoa. Conduzido pelo princípio do prazer, o id exige

satisfação imediata desses impulsos, não tendo em conta a possibilidade de consequências negativas.

3.2. EGO

Esta área da psique está em contato com a realidade externa. O ego atua principalmente em nível

consciente e pré-consciente, apesar de que também contenha elementos inconscientes, pois foi

evoluído através do id. Conduzido pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do id, tão logo

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 5

Page 6: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos. Possui o

dever de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade humana.

Originalmente criado pelo id na tentativa de enfrentar a necessidade de reduzir a tensão e aumentar o

prazer, por sua vez, deve controlar ou regular os impulsos do id a fim de que o indivíduo busque

soluções a longo prazo e mais realistas. O id é sensível à necessidade, enquanto que o ego responde às

oportunidades.

3.3. SUPEREGO

O superego foi desenvolvido a partir do ego, atuando como um juiz ou censor sobre as atividades e

pensamentos do ego. Guarda e fornece códigos morais, modelos de conduta e dos constructos que

constituem as inibições da personalidade. Para Freud, o superego possui três funções, as quais são: a

consciência, a auto-observação e a formação de ideias.

As restrições inconscientes são indiretas, surgindo como compulsões ou proibições. Apenas

parcialmente consciente, o superego serve como um censor das funções do ego, sendo a fonte dos

sentimentos de culpa e medo de punição.

4. DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

A sexualidade do ser humano varia em vários aspectos, desde a infância até a fase adulta. Grande parte

da excitação não necessariamente precisa estar localizada nos genitais. Freud fez descobertas sobre a

sexualidade infantil, provocando grande espanto na sexualidade conservadora no final do séc. XIX,

tendo a criança como símbolo de pureza nesse período, como se fosse um ser assexuado.

Ao longo dos anos, a sociedade passou a se familiarizar com o entendimento de diferentes formas de

expressão da sexualidade infantil, sendo que esta, segundo Freud, evolui em etapas distintas, sendo

denominadas: fases oral, anal, fálica, latência e genital. Apesar de que as características dessas fases

estejam amplamente difundidas na mídia, de tal forma que os pais possam reconhecer tais

manifestações dessa sexualidade nos filhos, persisti ainda um equívoco na forma como eles lidam com

essa questão.

A sexualidade é reconhecida como um instinto com o qual os indivíduos nascem e que se expressa de

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 6

Page 7: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

formas diferentes de acordo com a fase do desenvolvimento psicossexual. Segundo Freud, as fases

psicossexuais são:

4.1. FASE ORAL

Consiste no primeiro ano de vida, no qual a criança satisfaz suas necessidades sexuais por meio da

boca, obtendo o prazer através da sucção. Uma fixação nessa fase pode tornar a pessoa um fumante

irrecuperável ou em uma pessoa tagarela.

4.2. FASE ANAL

Nesta fase ocorre durante o segundo e terceiro ano de vida da criança, satisfazendo-se através da

expulsão das fezes ou em retê-las. Uma fixação nesta fase pode explicar obsessividade com limpeza e

arrumação, avareza e outros.

4.3. FASE FÁLICA

Esta fase ocorre entre o terceiro e quarto ano de vida da criança, em que ela descobre seu sexo e

experimenta o prazer ao manusear os órgãos genitais. Nesse estágio, Freud evidencia o Complexo de

Édipo, no qual a criança passa a amar o genitor do sexo oposto e sente ciúmes do mesmo sexo; a criança

se identifica com o genitor do mesmo sexo através da incorporação dos valores sociais de papel

masculino ou feminino. Quando o conflito edipiano não é resolvido, pode causar neurose de ansiedade.

4.4. FASE DE LATÊNCIA

Esta fase está presente desde o quinto ao décimo segundo ano de vida, geralmente desenvolvido nos

anos escolares, quando há uma supressão dos impulsos sexuais que são reprimidos, e há evolução da

construção do pensamento lógico e do controle da vida psíquica pelo princípio da realidade.

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 7

Page 8: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

4.5. FASE GENITAL

Do décimo segundo ano em diante, o adolescente deixa de ser para si mesmo o objeto de interesse e se

volta para outras coisas e pessoas, iniciam-se as ligações heterossexuais, o interesse pelas atividades

humanas adultas e seu papel no mundo social.

Segundo Freud, as práticas perversas presentes ao longo da constituição da sexualidade, como o

exibicionismo, a manipulação dos órgãos sexuais, o prazer de sucção, o prazer ligado à defecação entre

outras, tendem a submeter à repressão, sucumbindo-se ao domínio das práticas genitais com vistas à

procura de outro corpo e à procriação.

Essas manifestações são consideradas normais na sexualidade adulta, desde que não se assuma um

caráter prioritário e não se constituam em única forma possível para obter prazer.

O homossexualismo e o voyeurismo decorrem de uma fixação do prazer. A essas perversões, segundo

Freud, são pulsões parciais. Assim, a sexualidade infantil funciona como se composta por impulsos

parciais, agindo como se fossem diversas estações que vão surgindo e assumindo lideranças e

predominâncias. Apenas no indivíduo adulto alcançará níveis totais e integrativos desses impulsos,

agindo como se fosse uma massa de excitações cuja origem se encontrasse em qualquer parte do corpo.

No entanto, o indivíduo adulto apenas consegue determinar o ponto de origem de uma excitação e o

tempo decorrido até atingir o clímax e posterior a sua satisfação, enquanto a criança não consegue

distinguir a excitação e a satisfação. No decorrer da evolução da fase infantil à fase adulta, as zonas

genitais vão adquirindo maior importância sobre as demais, passando a ser capazes de concentrar toda

a excitação que anteriormente se encontrava espalhada e repartida em outras zonas.

Os pais e outros profissionais que atuam com crianças, necessitam entender que essas possuem fases

que reconhecem que elas obtêm prazer. É difícil para os pais lidarem com esta situação, no entanto é

necessário aprender para não serem severos. A criança não faz nenhuma relação com o sexo, ela apenas

sente prazer. Mais tarde poderá sentir-se culpada pela desaprovação dos pais ou profissionais que

atuam com elas e essa culpa poderá ser levada para sua própria experiência sexual.

Muitos pais não sabem dialogar e uma das perguntas mais difíceis para os pais responderem é como o

bebê entrou na barriga da mamãe. Existem diversos conteúdos que abordam a sexualidade infantil que

ajudam os pais e até filmes, podendo ajudar a tirar as dúvidas das crianças, mas sempre se deve utilizar

o caso real.

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 8

Page 9: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

5. REFLEXÃO SOBRE A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

A existência da psicologia da educação como uma área de conhecimento e de saberes teóricos e

práticos claramente identificáveis, segundo Coll (2004), tem sua origem na crença de que a educação e

o ensino podem melhorar sensivelmente com a utilização adequada dos conhecimentos psicológicos.

Tal convicção, que tem suas raízes nos grandes sistemas de pensamento e nas teorias filosóficas

anteriores ao surgimento da “psicologia científica”, foi objeto de múltiplas interpretações. Existem

profundas discrepâncias quanto aos princípios que devem ser aplicados, em que aspecto ou aspectos da

educação devem ser usados e, de maneira muito particular, o que significa exatamente aplicar de

maneira correta à educação os princípios da psicologia.

Situa-se o surgimento da Psicologia da Educação por volta de 1903, quando foi lançado o livro de

Thorndike, o qual nomeou, pela primeira vez, essa área de estudos e lhe deu corpo doutrinário. Na

edição de 1913 e 1914, Thorndike concluiu que todo conhecimento da psicologia que tivesse a

possibilidade de ser quantificado podia ser aplicado à educação. (Goulart, 2000)

Thorndike em 1906 dizia que a eficiência de qualquer profissão depende amplamente do grau em que

se torne científica. A profissão do ensino melhorará à medida que o trabalho de seus membros seja

presidido por espírito e métodos científicos.

Desde as primeiras décadas do século XX, o discurso de reformismo social perde relevância e a

psicologia da educação adota uma orientação fundamentalmente acadêmica, segundo Coll (2004),

dirigindo seus esforços ao estabelecimento dos “parâmetros fundamentais da aprendizagem”, “ao

refinamento de suas elaborações teóricas”, e à sua promoção como “disciplina de engenharia aplicada”

(aplied engineering discipline).

5.1. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMO ENGENHARIA PSICOLÓGICA APLICADA

Essa visão da psicologia da educação como engenharia psicológica aplicada à educação é

preponderante durante a primeira metade do século XX. Até finais de 1950, e com base em uma fé na

“nova psicologia científica”, a psicologia da educação aparece como a disciplina com maior peso na

pesquisa educacional, como disciplina “mestra”, a “rainha das ciências da educação”. (Coll, 2004)

Tal protagonismo, porém, começa a atenuar-se a partir dos anos de 1960, explicado por várias

razões, como o seu próprio êxito e expansão incontrolada que levam a psicologia da educação a

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 9

Page 10: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

ocupar-se de praticamente qualquer tema ou aspecto relacionado à educação e a procurar resolver

qualquer problemática educacional.

A partir de 1960 começa a se manifestar uma “rachadura” da fé na capacidade da psicologia para

fundamentar cientificamente a educação e o ensino, o que leva a questionar a visão da psicologia da

educação como engenharia psicológica aplicada – isto é, como disciplina encarregada de transferir

os conhecimentos psicológicos à educação e ao ensino, a fim de proporcionar-lhes fundamentação e

caráter científico.

Essa mudança, segundo Coll (2004), terá enormes repercussões para o desenvolvimento posterior

da psicologia da educação. Por um lado significará, a longo prazo, a perda definitiva de um

protagonismo absoluto no campo da educação. Por outro lado, obriga-a a questionar seus

pressupostos básicos, seus princípios fundamentais, forma de abordagem, seu alcance e limitação.

Para Goulart (2000) a psicologia da educação trata-se de uma ciência aplicada à educação, cujo

objetivo é, numa relação permeável com as demais ciências pedagógicas, oferecer subsídios para

que o ato educativo alcance, plenamente, seu objetivo. Para a autora, a delimitação do campo da

psicologia da educação segundo o critério de definir o que é educação e o que é psicologia é

imprópria. “A educação é um empreendimento social, por isso é um macrofenômeno, cuja

caracterização é multidisciplinar”. (Goulart, 2000, pág. 14)

Ainda mencionando Goulart (2000), o especialista em psicologia educacional está preocupado com

o universo que tangencia a educação. Segundo a autora, jamais será possível atingir o objetivo de

melhorar a educação se, em nome de uma abordagem multidisciplinar, se descaracterizar cada uma

das disciplinas relacionadas à educação.

A utilidade da psicologia educacional, segundo Libâneo (2001), depende do grau em que dá conta

de explicar problemas enfrentados pelos professores na sala de aula, problemas esses, no entanto,

que somente podem ser compreendidos como resultantes de fatores estruturais mais amplos.

5.2. A NOÇÃO DE INDIVIDUALIDADE NA PSICOLOGIA ESCOLAR

A psicologia moderna se desenvolve no mesmo período em que ganha força o movimento da

Escola Nova. A crença na educação como equalizadora de oportunidades é abalada pela

incapacidade da escola de cumprir sua função de universalidade, conforme era proclamado pela

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 10

Page 11: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

ideologia liberal. O movimento escolanovista vem restaurar a credibilidade na escola, afirmando

que o fracasso de seus alunos se deve a diferenças individuais. (Miranda, 2001)

A psicologia que se desenvolve na segunda metade do século XIX vem acentuar a ideia de natureza

humana individual. É quando começa a vender sua força de trabalho que o homem se define como

livre e como indivíduo. O isolamento individual aparece como fazendo parte da condição humana,

como comportamento natural. A ideia de uma essência humana pré-social concebe a personalidade

humana individual como um caso particular da personalidade humana básica, o que pressupõe,

segundo Libâneo (2001), que cada indivíduo possui características que são universais e

independem da influência do meio social, cabendo à psicologia conhecer esses traços universais.

Chega-se assim à ideia corrente de ajustamento social aplicada à psicologia e à educação. Existem

padrões de comportamento a serem ensinados ou modificados, que se tornam universais e

compulsórios.

Para Libâneo (2001) a ênfase nas necessidades e interesses espontâneos do educando resultou na

“psicologização” das situações escolares, ao ponto de os professores passarem a explicar o

comportamento dos alunos por meio de termos como inibição, bloqueios, imaturidade,

agressividade, entre outros. O individualismo em pedagogia acentuou-se significativamente com o

desenvolvimento da psicologia humanista, que divulgou a educação como processo de adequação

pessoal frente às influências ambientais.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a Psicanálise foi criada com o objetivo de tratar desequilíbrios psíquicos.

Desenvolvida por Sigmund Freud, responsável pela descoberta do inconsciente, passou a abordar

esse território desconhecido, na tentativa de mapeá-lo e de compreender seus mecanismos,

originalmente conferindo-lhe uma realidade no plano psíquico.

Freud interessou-se desde o início por distúrbios emocionais e empenhou-se para, através da

Psicanálise, encontrar a cura para esses desajustes mentais.

Desde então ele passou a utilizar a arte da cura pela fala, descobrindo, assim, o reino onde os

desejos e as fantasias sexuais se perdem na mente humana, reprimidos, esquecidos, até emergirem

na consciência sob a forma de sintomas indesejáveis, por uma razão qualquer – o Inconsciente.

Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é inconsciente. Ali estão os principais

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 11

Page 12: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, as pulsões e os instintos.

Segundo Freud, as práticas perversas presentes ao longo da constituição da sexualidade, como o

exibicionismo, a manipulação dos órgãos sexuais, o prazer de sucção, o prazer ligado à defecação,

entre outras, tendem a sucumbir à repressão, submetendo-se ao domínio das práticas genitais com

vistas à procura de outro corpo e à procriação.

Em relação à criança, a mesma não faz nenhuma relação com o sexo em si, ela apenas sente prazer.

Mais tarde poderá sentir-se culpada pela desaprovação dos pais ou pessoas que trabalham com elas

e essa culpa poderá ser levada para sua própria experiência sexual. Freud coloca os pais como

pessoas incompetentes para a tarefa da educação sexual preferindo que estes não se ocupem dessa

tarefa. Com base nisso, os pais devem procurar a orientação de especialistas para lidar com esse

tema, afim de compreender melhor o desenvolvimento do filho.

REFERÊNCIAS

AUTOR DESCONHECIDO. O que é a Psicanálise?. Disponível em:

<http://www.tautonomia.com/2015/01/o-que-e-psicanalise.html>. Acessado em 25 de agosto de

2015.

AUTOR DESCONHECIDO. Psicanálise para leigos - entendendo os principais conceitos da

área. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/51504/psicanalise-

para-leigos-entendendo-os-principais-conceitos-da-area>. Acessado em 25 de agosto de 2015.

BALLONE, Geraldo. Freud: Consciente, Pré-consciente e Inconsciente. Disponível em:

<http://www.libertas.com.br/libertas/freud-consciente-pre-consciente-e-inconsciente/>. Acessado

em 26 de agosto de 2015.

BRENNER, Charles. Noções básicas de Psicanálise. Editora Imago. 5ª Ed.

FILHO, Henrique Vieira. Consciente, Inconsciente e Sistemas de Defesa. Disponível em:

<http://www.psicanalista.com.br/component/content/article/29-terapia-holistica/72-consciente-

inconsciente>. Acessado em 26 de agosto de 2015.

MARCAL, Eliane Subtil. Desenvolvimento Psicossexual. Disponível em:

<https://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/39697/desenvolvimento-psicossexual>.

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 12

Page 13: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO · PDF filesubconsciente e afeta o indivíduo. ... deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

Acessado em 26 de agosto de 2015.

Goulart, Íris Barbosa. Psicologia da Educação: fundamentos teóricos e aplicações à prática

pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2000.

Coll, César. Concepções e Tendências Atuais em Psicologia da Educação.

Coll, César; Marchesi, Álvaro; Palácios, Jesús. Desenvolvimento Psicológico e Educação.

Psicologia da Educação Escolar. Volume II. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

Miranda, Marília Gouvea. O Processo de Socialização na Escola: a evolução da condição social da

criança. In: Lane, S. T. M. e Codo, W. Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo:

Brasiliense, 2001.

Libâneo, José Carlos. Psicologia Educacional: uma avaliação crítica. In: Lane, S. T. M. e Codo, W.

Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 2001.

Castelo Branco Científi ca - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 13