analíse política comparada apontamentos (1)
TRANSCRIPT
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Anlise Poltica Comparada
Aula de Apresentao
Apresentao programa, bibliografia e mtodos de avaliao
Aula 1
Bibliografia aula 1
Bsica
Giovanni Sartori, Compare Why and How. Comparing, Miscomparing and the Comparative
Method, em M. Dogan e A. Kazancigil, eds., Comparing Nations. Concepts, Strategies, Substance , Oxford, Blackwell, 1994, pp. 14-34. [dossier; Bib FCSH CS 11102 ]
Complementar
Ken Newton e Jan Van Deth, Introduction in Newton e Van Deth, Foundations of Comparative Politics, 2010, pp. 1-10. [pdf]
Richard Rose, Comparing Forms of Comparative Analysis, Political Studies, 1991, pp. 446-462 [pdf]
A. Porqu comparar?
- Fugir ao etnocentrismo
- Falso particularismo
- Falso universalismo
Conhecer melhor mostra relao genrico/particular: compreenso caso isolado liga-se
compreenso de muitos casos. O particular melhor percebido luz do geral. Por exemplo:
transio democracia no Egito.
Por outro lado, familiar escapa percepo. George Orwell escreveu nuesaiode9ueTo see hat is i fot of oes ose eeds a ostat stuggle.O estudante de Erasmus que vive um ano em Paris poder no ficar a perceber muito de Paris ou Frana, mas torna-se mais lcido pelo
contnuo exerccio comparativo em relao ao pas de origem.
Comparar prossegue o projeto das Luzes [capacidade do ser humano definir bases de legitimidade
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para o seu conhecimento e discurso sobre a realidade, diferentes da verdade recebida na escritura
e na transio. Qual o novo processo? A cincia. O conhecimento passa de ser sagrado e passa a
assentar na discusso], obrigando-nos a reconsiderar a validade de interpretaes no discutidas e
recebidas, e alargando o campo visual, uma vez que todos os investigadores pertencem a uma
dada cultura que torna certas coisas bvias ou assumidas, logo invisveis.
Comparar ensina que a bitola do espao cultural do investigador no pode servir de venda nos
olhos[oidetaisaizesgadesosbiombos japoneses].
Comparamos para escapar ao falso particularismo e ao falso universalismo.
Falso particularismo: ePotugal.Uosevadoueestudausasopodeosideasingular algo que no resiste comparao geral. (ex: ePotugaluehtatosfuioiosplios.).
Falso universalismo: Tomar como universal a ideia ocidental de progresso, levando a classificar
cada sistema poltico numa escala imaginria que conduz inexoravelmente ao desenvolvimento ou
deoaia.Poleaagavadoooeodoevoluioiso:fatode que cada desenvolvimento que parea aproximar-se do Estado Final seja considerado positivo e cada
desenvolvimento que parea afastar-se do Estado Final seja considerado negativo.
Existe ainda um aspecto poltico importante, referido com perspiccia por Mattei Dogan:
taslated i tems of political demands, the perception of difference is one of the most important levers i histo, as poeful pehaps as soial oflits ithi atios. (p.7). Ex: Gerao de 1870 e 1850 Filhos da madrugada e seus pais?
-> Diferena de comparar na diacronia (em relao ao passado) e na sintonia
(contemporaneamente, com outros pases).
(Ex. pode-se comparar o estado do pas relativamente a um sculo atrs, ou ento de forma
contempornea, relativamente aos demais pases da Europa).
Dinmica geracional gera estas divergncias.
Apenas a comparao demonstra conhecimentos racionais, lcidos.
B. A comparao procura regras sociolgicas e tenta chegar s causas gerais dos fenmenos
sociais (dispositivo heurstico pretende descobrir relaes empricas verdadeiras; e nomolgico).
1. Os fenmenos polticos no podem ser objeto de uma cincia experimental
Investigador do mtodo experimental pode provocar num ambiente fechado o fenmeno que
quer estudar, assegurando que nenhuma perturbao ambiental interfira; ao manter constantes
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variveis que no quer estudar, pode exclu-las do campo de anlise. Este tipo de manipulao controlo impossvel nas cincias sociais e humanas, onde s se podem estudar fenmenos no provocados (espontneos). Dispositivo heurstico e nomolgico.
2. A comparao ajuda a separar o acidental do inevitvel;
A comparao permite a introduo de leis e a elaborao de generalizaes. O prprio esprito da
comparao envolve a procura de universais, com pontes provisrias entre universos
aparentemente irreconciliveis.
Existe acumulao de conhecimento no movimento que vai do particular para o geral e regressa
ao particular com novas hipteses e conceitos cada vez mais refinados.
S a anlise de mltiplos casos permite localizar, ordenar e construir uma hierarquia. S a
comparao permite ordenar a realidade de acordo com eixos conceptuais que talvez se
transformem em explicaes.
B. Anlise Poltica Comparada
A poltica comparada distingue-se por um mtodo, ou, nas palavras de Lijphart, a APC um campo
da cincia poltica que se define por um tulo etodolgio e ez de sustatio.... Defie-se pelo todo e ez de sustatio. Comparao refere-se ento a um mtodo de estudo e no a um corpo substantivo de conhecimento.
As investigaes podem ser implicitamente comparativas? Sim. Ainda que se estude apenas um
pas ele pode estar enquadrado num contexto comparativo e os conceitos que usa, as suas
feaetasaaltias,seeopaveis.CooidiaRosep.9peseaouausiadeconceitos aplicveis a uma multiplicidade de pases o teste para saber se um estudo pode ser
osideadoopaativo.
(Nota: Manuel Germano gnero humano. So dois polos opostos: Manuel Germano osiste e dize tudo soe ua oisa. E oposio, geo huao eside e o dize uase ada soe tudo. preciso encontrar um meio-termo de forma a aperfeioar a anlise).
O objetivo da comparao ilustrar mas tambm explicar, compreender. Diz Ragin (1987:6), o
conhecimento comparativo ofeee a hae paa opeede, eplia e itepeta. Certo, mas todo o conhecimento visa estes objetivos. Qual a razo especfica para o exerccio comparativo?
- Sartori responde: opaa otola: testar se determinada generalizao ou hiptese casual se mantm (vlida) a todos os casos a que se aplica mantendo algumas variveis constantes
e observando a ao de outras (Variveis operativas). Se se generalizar , nesse sentido,
cientificamente verdadeira.
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Outasfoasdeotolosoaepeietaoeaaliseestatstia,asotodocientfico (experincia) tem uma aplicabilidade limitada nas cincias sociais e o estatstico requer
muitos casos. Estamos muitas vezes, como refere Lijphart, face ao problema de ter muitas
variveis e poucos casos (many variables, small N).
Poeeplo,sevoluessoausadaspopivaoelativaouossisteaspesideiaistendem a gerar governos eficazes, enquanto os sistemas parlamentares resultam em governos
faosouapoezaeadeoaiaestoivesaeteelaioadas.Verdadeiro? Falso? Como saber? Sabemos comparando.
O que comparvel? A questo crucial da comparabilidade
Duas entidades dizem-seiopaveisuadoopossueehuaaatestiaecomum (como pedras e macacos a comparao no tem interesse, porque acaba onde comea). Para poder comparar necessrio que as entidades a ser comparadas possuam pelo menos uma
caracterstica em comum. Peras e mas so diferentes, mas so comparveis em relao a
algumas das suas propriedades, as propriedades que partilham, e no comparveis com respeito
s propriedades que no partilham. Peras e mas so comparveis enquanto fruto, coisas que se
podem comer, coisas que crescem em rvores, mas incomparveis no que respeita sua forma.
Comparar assemelhar e dissemelhar at um certo ponto. Se duas entidades so iguais em tudo
(todas as caractersticas) ento elas so a mesma unidade.
Se duas entidades forem diferentes em todos os aspectos, a comparao no tem sentido, exceto
esse mesmo.
fundamental classificar: ordenar um dado universo em classes mutuamente exclusivas e
ojutaeteeaustivas.slassifiaesestaeleeoueigualedifeete.Osojetosque recaem na mesma classe so assemelhveis segundo o critrio escolhido para classificar, e so
mais parecidos entre si e dentro da mesma classe do que com os objetos que recaem noutras
classes. Quanto mais pequeno o nmero de classes de uma classificao, mais elevada a variao
intra-classe (e vice-versa).
D. Conceitos
Classificar pressupe a existncia de classificadores, ou conceitos, que por sua vez decorrem
teorias. No h empiria sem teoria, e teoria sem empiria ftil.
Aplicado APC, quer dizer que: sem abstrao e construo intelectual no existem
denominadores comuns entre diversos objetos submetidos comparao. Porque o conceito
esta mesma abstrao, no possvel a comparao sem conceitos. O conceito representa todos
os objetos de um dado gnero, uma ideia abstrata, na medida em que considera apenas algumas
caractersticas dos objetos, uma ideia genrica, na medida em que se estende as caractersticas
consideradas a todos os objetos da mesma classe. Primeiro a abstrao, depois a generalizao.
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A APC usa conceitos como participao, legitimidade, autoridade, anomia, integrao, excluso,
alienao, populismo, etc. Estas categorias lgicas so teis ao representarem inteligivelmente os
fenmenos estudados. Os conceitos no so julgados pela sua verdade ou falsidade, mas pela sua
utilidade terica necessariamente relacional e heurstica.
E. Teoria
Os conceitos so indispensveis, mas no suficientes, que tem que analisar e dissecar a realidade,
mas tambm estruturar os dados de forma coerente. na criao de quadros tericos que o
comparatista pode tornar o conhecimento cumulativo.
Vemos, atravs dos indicadores das variveis que decorrem dos conceitos, aquilo que a teoria nos
aponta como pertinente, que a teoria, atravs dos conceitos, seleciona como pertinente.
LaPalombara chamou a ateno, em 1968, para o abismo que se abria entre, por um lado, teorias
demasiado genricas para alguma vez serem testadas e, por outro, pesquisas empricas sem
direo. Argumentou que a APC precisa de teorias de mdio alcance [ideia de Merton: teorias
mais adequadas ao trabalho emprico, no pretendem abarcar o conjunto da sociedade, mas sim
aplicar-se a conjuntos limitados de dados, transcendem a simples descrio do fenmeno social e
preenchem o vazio entre o puro empirismo e as grandes teorias abstratas), a um nvel mdio de
abstrao, que permitiram a...
Se o esquema conceptual no susceptvel de verificao, como pode ser falsificado, quer dizer,
testado empiricamente, validado ou no, e portanto refinado e modelado?
No ser demasiado cmodo e estril, que a distncia entre a teoria e a realidade seja demasiado
grande para ser transposta?
A ordem intelectual (problemas de ordem so sempre problemas de conhecimento), e impe-se
de forma mais necessria medida que aumenta o volume de informao acumulada.
A teoria quem mais ordena, mas a teoria tambm guia. Alis, dar ordem, ordenar,
implicitamente selecionar isto e no aquilo. A teoria pode ser uma fonte de percepes biased e
deitepetaeseeas.opeigodasgadesteoias,edeoeitosoofalsasconscincias,paaepliaporque que camponeses no se revoltam ou os desenvolvimentistas uedefediaegaaiadoulodlaespaaiavedadeiosdeoatasasiosospor seguir o modelo americano de cidadania.
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Aula 2
As Fundaes Clssicas da abordagem comparativa (i): Mill, Durkheim e Weber
Bibliografia aulas 2 e 3
Bsica
DURKHEIM, mile, Regras relativas administrao da prova in As Regras do Mtodo Sociolgico, Lisboa, Presena, 1995, pp.137-150.[FCSH Bib CS 7482/A]
MILL , JohnStuart, Of the four methods of experimental inquiry, in A system of logic, ratiocinative and inductive..., Londres, pp. 222-237. [dossier]
WEBER, Max, The types of legitimate domination in Economy and Society, vol. 1, pp. 212-244. [Tipos de dominao in Manuel Braga da Cruz, org., Teorias Sociolgicas I. Os Fundadores e os Clssicos, 1988, pp. 681-724] [dossier; gabinete]
Neil J. SMELSER,leisdeTouevilleasCopaativealstiI.Vallie,ed., Comparative Methods in Sociology, Berkeley, U.C.P., 1971, pp. 19-47. [dossier; gabinete]
Complementar
Alexis de Tocqueville, O Antigo Regime e a Revoluo [FCSH CS 10661/C] e Da Democracia na Amrica[FCSH CS 642/C]
mile Durkheim, O Suicdio [FCSH CS 734/A]
Max WEBER, A tica protestante e o esprito do capitalismo [FCSH CS 5842/D]
William Sewell, "March Bloch and the Logic of Comparative History", History and Theory, Vol. 6, No. 2 (1967), pp. 208-218 (pdf)
A. O mtodo comparativo
Os fenmenos histricos no podem ser objeto de uma cincia experimental.
Os autores clssicos das cincias sociais e polticas (Tocqueville, Weber, Durkheim, Marc
Bloch) compreenderam que podiam ultrapassar essa limitao pelo uso de comparaes. Para
esses autores, o mtodo comparativo era o melhor substituto para o mtodo experimental
nas cincias sociais.
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[votadedasiiassoiaisdeoseeoles,seetoduasooasiiasduas=>aspetooolgio[leis]=>oseguiissoatavsdeopaa]. Blohafia:opaaesolhe, em um ou mais meios sociais diferentes, dois ou mais fenmenos que parecem, ao primeiro olhar, apresentar entre eles algumas analogias,
descrever as curvas das suas evolues, constatar as semelhanas e as diferenas e, na medida
do possvel, explicar uns e outros. Logo, duas condies so necessrias para que exista,
historicamente falando, comparao: uma certa semelhana entre os factos observados o que parece evidente- e uma certa dissemelhana entre os eioseuesepoduze.(Bloch, 1963, p.17)
Na sua forma mais ambiciosa, a comparao serve para falsificar hipteses de forma
controlada, ou seja, para testar a validade de determinada generalizao ou hiptese causal
mantendo certas variveis constantes e observando a aco de outras (as operativas:
independentes e dependentes).
B. As fundaes clssicas de anlise comparativa.
1. John Stuart Mill
Ostodosdaivestigaoepeietaleotaeteasiustiasueprecedem ou sucedem a um fenmeno, aquelas com as quais est realmente ligado
atravs de umaleiivaivel,isto,elaesestveisdeausalidade,ouseja,leis. MTODO DA CONCORDNCIA
Compara diferentes casos em que o fenmeno ocorre, de forma a verificar aquilo em que
ooda.edoisouaisasosistiaseueofeeoooe tm apenas um fator iustiaeouateedete,etoessefatoioeuetodososasosconcordam a causa do fenmeno.
Primeiro, identificam-se todas as instncias do fenmeno, depois, procura-se determinar que fator
invariavelmente precede o seu surgimento.
Case 1 Case 2 Case 3
a d g
b e h
c f i
X X X
Y Y Y
Crtica
No claro em que sentido corre a causalidade.
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Exemplo: (Ragin, Comparative Method): investigamos a causa de revoltas camponesas. Entre as
causas possveis, identificadas pela literatura, esto a falta de terra, comercializao rpida da
agricultura, uma classe mdia camponesa forte e tradicionalismo campons. Neste mtodo, o
investigador considera todos os casos de revolta camponesa de forma a eliminar qualquer uma
das quatro variveis explicativas, encontrando casos em que uma revolta camponesa no foi
precedida de, por exemplo, existncia de uma classe media camponesa forte. A causa restante, ou
combinao de causas, considerada decisiva. Se todos os casos concordassem nas quatro causas,
ento todas seriam condies causais importantes.
Este mtodo procura padres de invarincia e assenta na ideia de que tudo aquilo que pode ser
eliminado no est relacionado com o fenmeno por qualquer lei.
[Eliminam-se condies que no sejam partilhadas por todos os casos porque, se h uma situao
(ex. de revolues) em que X no est presente, ento X no pode ser a causa do fenmeno Y. Se
eu posso eliminar uma coisa ento essa coisa no est ligada ao fenmeno.
A isto se responde: se encontrarmos um caso negativo que partilha o fator que supostamente ser
causal, a tese invalida-se.
Ex: seguindo este mtodo, descobrimos num primeiro momento que a causa de Revolues a
escassez de terras. // Encontra-se um pas com escassez de terras e sem revoluo => tese
invlida.]
MTODO DA DIFERENA
Compara casos em que o fenmeno ocorre com casos em que o fenmeno no ocorre, mas que
so em todo o resto iguais. Se um caso em que o fenmeno ocorre e um caso em que no ocorre
tm todos os fatores em comum excepto um, e esse ocorre no primeiro caso, ento o fator nico
em que os dois casos diferem a causa, ou uma parte independente da causa, do fenmeno.
Positive case (s) Negative case (s)
a a
b b
c c
X NOT X
Y NOT Y
Este mtodo assenta na ideia de que tudo o que no pode ser eliminado est relacionado com o
fenmeno atravs de uma lei.
Crtica: Nunca podemos estar completamente certos que analismos todas as variveis.
MTODO INDIRECTO DA DIFERENA
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Se dois ou mais casos em que o fenmeno ocorre tm apenas um fator em comum, e se dois ou
mais casos em que ele no ocorre nada tm em comum exceto a ausncia desse fator: o fator
nico em que os dois conjuntos de casos diferem, a causa do fenmeno.
Teste hiptese: revoltas camponesas so provocadas por rpida comercializao da agricultura, 1,
verificamos os casos de revoltas camponesas para ver se eles concordam no fator rpida
comercializao, 2, procuramos casos de ausncia de revolta camponeses (em sociedades
agrrias) para ver se concordam na ausncia do fator rpida comercializao da agricultura.
MTODOS DOS RESDUOS
Se um conjunto de fatores causa um conjunto de fenmenos, e se j atribumos todos os fatores
exceto um, a todos os fenmenos, exceto um, ento o fenmeno remanescente pode ser
atribudo ao fator remanescente.
MTODO DAS VARIAES CONCOMITANTES
Qualuefeeouevaiedeuafoaualuesepeueuualueoutofeeovarie de uma forma particular, a causa ou efeito desse fenmeno, ou est ligado com ele atravs
deuualuefatodeausalidade.Mill
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2. mile Durkheim em As Regras do Mtodo Sociolgico:
2.1 iafoadeostaueufeeoaausadooutoopaaosasosem que esto simultaneamente presentes ou ausentes, e procurar saber se as
variaes por eles apresentadas nessas diferentes combinaes de circunstncias
testemunham que um depededoouto. Quadopodesepoduzidosatifiialete,otodooepeietal.Quado,pelocontrrio, s podemos confront-los tais como se produziram espontaneamente, o mtodo
utilizadoodaepeietaoidietaoutodoopaativo. Se a explicao sociolgica consiste em estabelecer relaes de causalidade e se os fenmenos
soiolgiosesapaaodosoilogo,otodoopaativooioueovsoiologia:soiologiaopaadaouaopatiuladasoiologia; a prpria soiologia,uavezueeladeiadesepuaetedesitivaeaiioaepliaosfatos.
2.2 Se todos os processos do mtodo comparativo so aplicveis, nem todos tm a
mesma fora demonstrativa.
difcil usar os mtodos da concordncia e da diferena porque supem que os casos comparados
concordam ou diferem num nico ponto. Nunca se pode estar completamente certo de no ter
deixado escapar algum antecedente. Nunca se pode ter a certeza que dois casos concordam em
tudo menos um.
Certo de no ter deixado escapar alguma antecedente o carcter nico de uma concordncia ou de uma diferena difcil estabelecer de forma irrefutvel. Nunca se pode ter a certeza que dois
casos concordam ou diferem em todos os aspectos menos um.
O mtodo das variaes concomitantes no assim: para que seja demonstrativo no preciso
que todas as variaes diferentes daquelas que se comparam tenham sido rigorosamente
excludas. O simples paralelismo nos valores de dois fenmenos, desde que tenha sido verificado
um nmero de casos suficiente e suficientemente variado, a prova de que existe uma relao
entre eles.
Essa relao no tem necessariamente de ser de causalidade, concomitncia pode no significar
um fenmeno ser causa do outro, mas serem ambos efeitos de uma mesma causa ou de existir
entre eles um fenmeno intercalado e despercebido que efeito de um e causa do outro.
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Os resultados deste mtodo precisam de ser interpretados, como de todos os mtodos, incluindo
o experimental.
Os outros mtodos s podem ser utilizados pela sociologia utilmente se a quantidade dos factos
comparados for muito grande. preciso comparar, no variaes isoladas (no se trata de ilustrar
hipteses, at porque ilustrar uma ideia no demonstr-la), mas sries de variaes, constitudas
regularmente, cujos termos se liguem entre si atravs de uma gradao to contnua quanto
possvel e que, alm disso, tenham uma amplitude suficiente.
2.3 Exemplo: O Suicdio (1897)
Eteosdeausalidade,auesoefeitooespodesepeuaesaausa.ssi,se parece que o suicdio depende de mais do que uma causa, porque h vrios tipos de suicdio.
Tiposdesuidio: egosta, altrusta e anmico. Suicdio egosta: excesso de individualismo. Suicdio explicado pelo fraco compromisso do indivduo com o coletivo. O suicdio varia inversamente com o grau de integrao religiosa,
familiar e na sociedade poltica.
Durkheim descobriu que protestantes comentem mais suicdio do que catlicos, a varivel que
usou para explicar esteesultadofoiitegaosoialdifeeialdosguposeligiosos:variao concomitante inversa:> integrao
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Durkheim virou-se para as diferenas intra-militares nas taxas de suicdio (ou seja, manteve
constante o estatuto de militar) e, concluiu: Durao de servio (integrao militar): durao do
sevio;taasuidioPateteatiguidadeaistituio:ofiiais;taasuidioaio Escolha livre da vida militar: voluntrios e re-alistados;taasuidio Conclui que quanto mais inclinados e comprometidos com a vida militar, mais inclinados para o
suicdio.
Casado/solteiro = integrao social
Ou seja, ao demonstrar a replicao ao nvel intra-unitrio da relao, Durkheim tornou mais
plausvel a relao ao nvel inter-unitrio. frutuoso replicar comparaes entre unidades sociais
atravs de comparaes dentro de unidades sociais.
Aula - Conferncia
(Ver Globalisation as a challenge to democracy) Aula 3
Bibliografia: em conjunto com aula 2 (Heurstico: descobrir coisas novas empiricamente verdadeiras)
C. Max Weber
1. O uso dos tipos ideais
O tipo ideal uma construo que destaca analiticamente certos aspectos de um fenmeno
concreto de forma a entender a sua natureza especfica e de forma a mostrar a sua produo por
causas especficas. (leitura em Braga da Cruz Pg. 685)
A anlise ao mesmo tempo abstrai da realidade e ajuda-nos a perceb-la, na medida em que
mostra em que medida um fenmeno histrico concreto num aspecto feudal, noutro
patrimonial, noutro burocrtico, e ainda noutro carismtico.
Para dar significados precisos a estes termos necessrio formular tipos ideias puros que
envolvem o grau mais elevado possvel de integrao lgica em virtude da sua completa
adequao ao nvel do significado, por isso improvvel ou raro que num fenmeno real
corresponda exatamente a qualquer um destes tipos puros. (pg. 683, tipos de dominao, ler)
Todos os tiposideais,poeeploaessiadaistadade,teessariamente apenas uma validade muito relativa e problemtica quando se pretende que sejam o relato histrico dos factos
(1). Por outro lado, so de elevado valor sistemtico e heurstico, quando so usados como
instrumentos conceptuais para a comparao e medio da realidade. Permitem comparar
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(semelhanas/dissemelhanas) casos concretos com o tipo, vrios casos com o tipo e casos
concretos entre si.
[perspectiva abstracta que no suposto descrever factos histricos, nem se espera que estes
correspondam aos tipos ideias comparar casos concretos de burocracia (Ex) com o tipo ideal de burocracia moderna]
A estratgia comparativa de Weber estabelece, com a ajuda de tipologias:
i) As diferenas entre as condies modernas e as antigas
ii) As causas dessas diferenas
Primeiro exemplo: (2) os tipos ideais e o estudo da mudana social
Tambm as sequncias de desenvolvimento podem ser construdas em tipo ideal (narrativo) e
possuir elevado valor heurstico (quer dizer, a ajudar a descobrir relaes empricas verdadeiras).
Se construirmos um tipo ideal de organizao econmica artesanal, podemos conceber uma
imagem ideal da mudana para uma organizao econmica capitalista. Depois, usa-se o
construdo como dispositivo heurstico para inquirir o curso de desenvolvimento emprico
histrico, de forma a comparar o tipo ideal e os factos. Se o tipo ideal foi bem construdo e os
factos no correspondem ao previsto pelo tipo ideal, a hiptese de que a sociedade medieval no
seria em certos aspectos estritamente uma sociedade artesanal seria privada, levando ainda a
uma melhor compreenso dos aspectos no artesanais da sociedade medieval. Se der origem a
este resultado, cumpre o seu propsito lgico, ainda que demonstre a sua divergncia da
realidade. Foi, neste caso, uma forma de teste uma hiptese.
Segundo exemplo: a tica protestante e o esprito do capitalismo
(oeto anti-Marx de Max Weber, porque fala do capitalismo como causado por razes socioculturais e no pela luta de classes burguesia vs. proletariado)
Uso do tipo ideal. Ao estudar a relao entre o protestantismo asctico e o esprito do capitalismo,
Weber destaca um aspecto especfico de esprito do capitalismo, nomeadamente, a devoo ao
trabalho rduo sem o gozo dos prazeres do consumo, a confiabilidade e a legalidade nas
transaes econmicas, de outros aspectos do capitalismo, como os elementos de risco e
especulativos. De igual forma, quando faladatiapotestate, destaca determinados aspectos, que liga com os outros aspectos que j havia destacado no capitalismo. Os tipos ideais no
explicam nem descrevem todos os aspectos de um fenmeno. Ao descrever o capitalismo, afirma
que precisamente a sua especifica tica do trabalho que o distingue de todos os tipos de
atividade econmica o distingue de todos os tipos de atividade econmica precedentes e que tem
efeitos duradouros sobre o desenvolvimento do capitalismo e o conjunto da sociedade (tese
central de A tica Protestante e o Esprito do Capitalismo).
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Estratgia Comparativa. Os estudos de Weber sobre religio e capitalismo burgus racional
mostram a diferena entre o mtodo comparativo positivo (lgica do mtodo da concordncia) e
negativo (lgica do mtodo da diferena). Weber verificou que as sociedades da europa ocidental
e da Amrica do norte que desenvolveram o capitalismo burgus racional partilhavam um
aspecto: o esprito do protestantismo (semelhana crucial). Identificou condies semelhantes
associadas a resultados semelhantes.
Depois,olhadopaaosasosegativos,assoiedadesueno desenvolveram a organizao econmica capitalismo burgus racional (ndia clssica, china clssica), pergunta em que aspectos
diferiam das sociedades anteriores. Ao faz-lo usou o mtodo da diferena, identificando
condies associadas a resultados diferentes. Weber manteve invariantes alguns aspectos
partilhados pelas sociedades ocidentais e orientais, como a existncia de classes mercadoras, de
forma a chegar sua causa explicativa de que diferenas no sistema de crenas religiosas so
cruciais para explicar as diferenas nas histrias econmicas das sociedades (A diferena crucial a
ausncia de tica protestante).
Alexis de Tocqueville e as causas da desigualdade social
1. Teoria geral de Tocqueville sobre a sociedade e a mudana
Centra-se na questo da igualdade social vs. desigualdade social (4). Usa a lgica do tipo ideal:
aristocracia (igualdade mnima) e a democracia (igualdade mxima).
Da Democracia na Amrica (1835 1840) descreve e explica as consequncias das condies de igualdade social nos EUA; O Antigo Regime e a Revoluo (1856), as consequncias da revoluo
Francesa, na direo da igualdade.
Frana (sculo XI) aproxima do tipo puro de sociedade aristocrtica. Os EUA (1835), do tipo puro
da democracia.
Argumento: as democracias tornam-se despticas indivduos afastam-se dos assuntos pblicos, governo cada vez mais centralizado, opinio pblica torna-se tirania da maioria. Mas e os EUA?
Mecanismo que impedem despotismo: leis (unio federal, a institucionalizao dos municpios,
sistema judicial), costumes (religio comum que encoraja a liberdade, a separao entre Estado e
igreja, elevado nvel de educao), liberdade de imprensa e associaes polticas voluntrias.
Tasiodaaistoaiapaaadeoaiadesigualdadeigualdade) favorece despotismo e instabilidade. Na Frana do XVIII certas mudanas tinham destrudo em parte a sociedade
aristocrtica e feito avanar parcialmente os princpios da igualdade.
Esta mistura instvel dos dois princpios causou insatisfao, egosmo e autopromoo, conflito,
despotismo, e destruio da moral (anomia), culminando na revoluo francesa. A Amrica
construiu uma democracia sem ter que destruir primeiro uma sociedade aristocrtica: colhe os
frutos da revoluo democrtica, sem ter que passar pela Revoluo.
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2. Como explicar as diferenas entre EUA e Frana? Mtodos e estratgias comparativos em
Tocqueville
2.1. Comparao binria de naes
Exemplo: igualdade otidaustadaaistoaiavs.Igualdadepua. Tendncias Frana XVIII enfraqueceram o princpio da aristocracia (i) centralizao e padronizao
do governo e (ii) Avano parcial da burguesia e camponeses em direo igualdade. Geram
desequilbrios, pivaoelativa:udaassoiaisetosgupos sociais perdiam nuns aspectos, ganhavam noutros. Grupos sociais, nobres, classes medias, camponeses, ficaram isolados e em
competio uns com os outros: cada um quer manter os privilgios que tinha, ganhar os que no
tinha e livrar-se dos pesos no partilhados por outros grupos. Para o governo central estas divises
eram boas pois nenhum grupo sozinho conseguia opor-se ao poder da coroa. O efeito acumulado
foi deixar a Frana num estado precrio de integrao.
Ao contrrio, Amrica: conjunto de fatores a contribuir para uma igualdade geral de condio e
para inibir o desenvolvimento da aristocracia e de centralizao. Os governos criam a partir da
tradio colonial uma constituio federal, sistemas eleitorais e de partidos, e uma imprensa livre,
contribuindo para a liberdade poltica do povo. O governo central exerce nos EUA relativamente
pouco controlo sobre a vida dos cidados, que vivem uma vida do minada por costumes uniformes
e pela importncia de opinio pblica.
Comparaes dentro de cada nao
Para acrescentar peso ao argumento, tenta mostrar que as relaes existentes entre naes
existem dentro de cada nao (= Durkheim).
Exemplo: depois de referir que os camponeses na Inglaterra e na Alemanha avanaram menos do
que em Frana no sentido da igualdade (1 comparao), virou-se para a situao alem (2
comparao), sendo que as partes ao longo do Reno em que os camponeses detinham a terra
numa situao parecida com a do pequeno proprietrio francs foi onde o zelo revolucionrio dos
franceses encontrou mais cedo adeptos, noutras partes da Alemanha que resistiram at mais
tarde a estas ideias foram as partes em que os camponeses no desfrutavam dos mesmos
privilgios. Assim, a comparao intra-Alemanha deu o mesmo resultado que a comparao
Frana-Alemanha: quanto mais os camponeses tinham avanado na direo igualitria, maior o
fervor revolucionrio.
A comparao dentro de cada nao pode ser feita entre:
1. Sub-unidades diferentes na sincronia
Ou 2. Entre a mesma (sub) unidade em momentos diferentes.
Identificao de caractersticas comuns entre naes para reforar a explicao
-
Por exemplo, argumenta que a democracia (9) torna o convvio social mais fcil e simples.
Exemplo: os americanos que viajam no estrangeiro ficam logo amigos pois vm-se a si prprios
como iguais. Os ingleses, pelo contrrio, so distanciados e quieto exceto se forem da mesma
classe social (vd. Titanic). Ou seja, diferenas no comportamento so explicadas por diferenas no
grau e forma da igualdade.
Afirmaes comparativas com referncia comparativa desconhecida. Muitas vezes, identificou
explicitamente as unidades que manifestavam as diferenas a explicar (naes, regies). Noutras,
o referente comparativo ficou implcito, como no caso do uso do temperamento francs para dar
origem a uma revoluo frentica, sbita e profunda, em que no so feitas referencias a outros
temperamentos.
Causalidade
Exemplo. Argumentos at agora: as intuies de Frana predispem a grandes revolues sociais,
as da Amrica a estabilidade social combinada com atividade individual frentica- no chegam
para explicar a ocorrncia ou no da revoluo, mas ajudam a perceber a sua probabilidade.
Tocqueville estava ciente dos diferentes nveis de generalizao dos fatores que usou para explicar
a ooiadaevoluo.EOtigoRegieeaRevoluoaalisaasircunstncias remotas no tempo e deodegealuepepaaoaihopaaaevoluo. Mas,eaiouta,evetospatiulares, mais recentes que finalmente determinaram o local de oigedaevoluo,oseusugietoeafoaueassuiu,poeeplo: aumento da privao relativa das classes nas dcadas anteriores; varias medidas repressivas, tais como a
abolio dos parlamentos medievais em 1777; refirmas apressadas e mal concebidas, muitas delas
rapidamente revertidas; variedade de prticas injustas contra os pobres.
Nasce um modelo geral de causalidade histrica: (i) causas gerais e indeterminadas, dentro do
qual so identificadas ii) causas particulares e determinadas, numa combinao de condies que
predispem e que precipitam.
PARA LER MAIS:
3. Avaliao das estratgias comparativas de Tocqueville
3.1 A natureza qualitativa e impressionista de muitos dos dados em que se baseou, inevitvel em
funo do carcter limitado do material de arquivo ento disponvel, pelo que muitas
comparaes tem uma fiabilidade limitada.
3.2. O uso de indicadores indiretos para as variveis comparativas. O problema mais srio
(alm da disponibilidade de medidas estatsticas sobre a riqueza e o fisco nas diversas naes
comparativas) respeita noo central de privao relativa, ou seja, que um sistema social semi-
destrudo mais pesado que um sistema social consistentemente organizado, ainda que este
possa ser mais opressivo (pag19).
-
Acabou aqui matria.
_______________________________________________________
Matria acrescentada dos anos anteriores:
Na maioria dos casos a evidncia emprica para a privao indireta, e refere-se a presumveis
causas. O uso de indicadores indiretos para as variveis comparativas. O problema mais srio ou
efeitos. No existia na altura informao direta sobre o estado psicolgico de grupos; medidas
indiretas so melhores que nenhumas. Mas em relao fora explicativa, parece certo que sem
medidas diretas de privao o argumento assenta em generalizaes psicolgicas no verificadas:
de que discrepncias em privilgios de status so a fonte de maior insatisfao do que privaes
absolutas no que se refere a estes privilgios; e que estas insatisfaes se manifestam em conflito
grupal e atividade revolucionria. Apenas medidas diretas da privao podiam validar estas
generalizaes, elos crticos na cadeia de argumentos de Tocqueville.
3.3 A seleo de casos comparativos. Ainda que a maior preocupao fosse explorao sistemtica
das semelhanas e diferenas entre EUA e Frana, por vezes, citou outros asos 3.4. A imputao de relaes causais a associaes comparativas. Porque Tocqueville se apoia num
quadro com mltiplas foras causais e porque lidou com to poucos casos, fica-se necessariamente
com uma sensao vaga sobre o peso preciso de certas foras causais e sobre quando elas podero
ser esmagadas ou deflectivas por outras foras.
Exemplo: diz que as naes democrticas tendem para a centralizao do governo e concentrao
do poder, avanando vrios argumentos. Mas, no seu exemplo principal de nao democrtica, a
Amrica, verificou que esta relao ao prevalecia, por um conjunto de razoes. Partindo apenas do
relato de Tocqueville no se consegue discernir o peso relativo das foras e contra-foras que se
relacionam com a centralizao. Para o fazer, era preciso um conjunto de pases definidos como
deotio e vrios gaus e etalizados e ios gaus, de foa a ue a elao ete as duas condies e a incluso de outras condies, pudesse ser estabelecida numa perspectiva
opaada _______________________________________________
-
Aula 4
Bibliografia
Bsica
A. Lijphart, The Comparable-Cases Strategy in Comparative Research, 1975, pp. 158-177 [pdf; dossier]
Complementar
C. Ragin, Captulo 1 de The Comparative Method [pdf; dossier]
D. Collier,TheCopaativeMethod,99,pp.-119 [pdf; dossier]
Os dados de partida da anlise comparativa: Se quisermos saber porque que o PIB cresce mais
nalgumas sociedades do que noutras, partida, os determinantes explicativos so muitos (i)
factores produtivos (terra, capital, trabalho e organizao) (ii) nveis de procura sobre a produo.
Por seu lado, estes determinantes dependem de um outro leque de factores sociais e culturais (ou
estruturas): sistema educativo, sistema de estratificao, estrutura poltica, etc. Ou seja, o quadro
inicial com que nos deparamos :
i) Multiplicidade de condies operativas
ii) Mistura das suas influncias sobre a varivel dependente
iii) Indeterminao respeitante ao efeito de qualquer condio ou combinao de
condies
Os problemas a resolver so, portanto:
i) Reduzir o nmero de condies operativas
ii) Isolar as condies umas das outras e
iii) Assim precisar a funo de cada condio, isolada ou em combinao
Como fazer? Comea-sepoogaizaasefeidasodiesopeativasoufatoes. Primeiro (i) distinguindo entre variveis independentes, as que influenciam a varivel depende
(Ex grau de escolaridade), e dependentes (taxa de absteno eleitoral).
Segundo (ii), dentro das condies tratadas como variveis independentes, tratar como
parmetros as condies que se assume (ou se faz) no variarem (=) e como variveis operativas
as que se permite que variem, de forma a avaliar o seu impacto sobre a varivel dependente
-
(tringulo). Ao parametrizar, tenta-se que a maior parte das condies no varie de forma a isolar
e examinar o funcionamento de uma (ou algumas) condio.
Como que cada mtodo cientfico controla, manipula, combina e recombina os parmetros e
variveis em explicaes ou narrativas causais?
1. O mtodo experimental: manipulao humana de situaes para criar parmetros e
variveis operativas. Os parmetros ou constantes so variveis cuja influncia anulada
pela manipulao de condies experimentais, de modo a que a influncia de condies
experimentalmente variadas possa ser isolada e investigada sistematicamente.
2. O mtodo estatstico: aplica tcnicas matemticas a populaes e a amostras contendo
grandes nmeros para tentar transformar condies em parmetros. A diferena para o
experimental o que o estatstico faz isso empregando manipulao conceptual (tcnicas
matemticas) em vez de manipulao experimental, que mantm constantes ou elimina
fontes de variao, ou mostra que so inoperativas.
3. O mtodo comparativo: usado quando o tipo de dados no pode ser, pura e
simplesmente, controlado experimental ou (diz Smelser) o nmero de casos demasiado
pequeno para permitir anlise estatstica. O nome da tcnica de controlo anlise
comparativa sistemtica, ou seja, o mtodo comparativo produz explicaes cientficas
pela manipulao sistemtica de parmetros e variveis. Lembre-se o exemplo do suicdio
egosta em resultado da integrao social diferencial entre catlicos e protestantes e a
foaooDukheiotoloupelaioiaou seja,desligouopossvelefeitodeestar em minoria).
Smelser (1976) sugere dois caminhos para anlise comparativa contempornea:
i) mais frutuoso comparar variaes no fenmeno que se deseja estudar em
sociedades que so muito mais parecidas em muitos outros aspectos.
Por exemplo, embora fosse possvel, em princpio, comparar polticas de penses da Dinamarca
com as dos pases africanos emergentes da descolonizao, cujas tradies culturais e estruturas
sociais so muitos diferentes, seria mais produtivo fazer essa comparao com a Noruega, Sucia,
Finlndia e Islndia, que so semelhantes mas no idnticos em tradies culturais e estruturas
sociais.
Se duas sociedades partilham condies importantes, admissvel tratar essas condies como
parmetros e presumir que o seu funcionamento igual (ou seja, agir como se a sua operatividade
fosse nula), e que portanto no explica diferenas, e passar a examinar o funcionamento de outras
variveis.
Pelo contrrio, se um investigador escolhe duas unidades sociais diferentes em quase todos os
aspectos enfrenta a dificuldade ter de considerar todasafotesdevaiaooovaivel ii) frutuoso replicar comparaes entre unidades sociais atravs de comparaes
dentro de unidades sociais.
-
Exemplo (Durkheim) do suicdio altrusta e das diferenas entre, primeiro, civis e militares e depois
dentro dos militares em funo do seu grau de integrao na cultura e condigo de honra militares.
A vantagem da replicao a diferentes nveis analticos aumentar ou diminuir a confiana do
investigador na associao entre as condies e o fenmeno a ser explicado, ou seja, na fora
explanatria.
Partindo daqui, Arend Lipjhart apresenta (1971, 1975) uma sistematizao das estratgias para
lidar com o problema, MUITAS VARIVEIS, POUCOS CASOS.
1) Aumentar o mais possvel o nmero de casos estendendo a anlise no espao,
geograficamente, e no tempo, incluindo o maior nmero possvel de casos histricos.
2) (Variveis) combinar duas ou mais variveis que expressam uma caracterstica subjacente
essencialmente semelhante numa nica varivel. (reduzindo o numero de clulas, e
aumentando o nmero de casos por clula).
Reduzir o nmero de classes em que cada varivel se divide (por exemplo, simplificando um
conjunto de categorias numa dicotomia) e assim atingir o mesmo objectivo de aumentar o nmero
mdio de casos por clula da matriz.
3) (Variveis) focar a anlise comparativa nas variveis-chave, omitindo as menos
importantes: parcimnia terica.
4) (Variveis) foaaaliseopaativaeasosopaveis,uedize,seelhatesnum nmero importante de caractersticas (variveis) que se querem tratar como
constantes (parmetros) mas dissemelhantes no que respeita s variveis que queremos
relacionar e entre as quais colocamos a hiptese de uma relao. a forma de ter uma
boa diferena no que interessa enquanto temos o resto controlado. No reduz o nmero
de variveis, mas reduz o nmero de variveis operativas, sob condies controladas.
a) Os estudos de rea comparam unidades diferentes mas semelhantes (Amrica Latina ou
Europa do Sul), de forma a controlar o mximo de variveis ao assumir que as sociedades
so bastante parecidas.
b) Ao analisar um mesmo pais na diacronia. A comparao da mesma unidade em momentos
diferentes oferece uma melhor soluo para ao problema do controlo do que os estudo de
rea. O controlo no perfeito: o mesmo pas no de facto o mesmo em momentos
diferentes. Caso da Alemanha, entre as repblicas de Weimar e
Bona, ou depois da IIGM, para estudar democracia vs. totalitarismo.
c) Excepto quando a unidade de anlise o prprio sistema poltico nacional, podem fazer-se
comparaes intra-nao em vez de inter-nao. o exemplo da industrializao na
Alemanha e na Itlia. Poderia ser mais til comparar o norte e o sul de Itlia e a Baviera
com Ruhr do que Itlia com a Alemanha, pois os pases diferem no apenas no nvel de
industrializao mas nas tradies culturais, estrutura de governo, etc.
-
Lipjhat9evisitaaestatgiadosasosopaveis:estatgiadosasos comparveis: seleccionar casos comparveis e conseguir uma parte boa de controlo com o resultado da sua
comparabilidade.
A dificuldade encontrar casos em que no apenas as variveis de fundo so iguais (assuno de
base, mas que efectivamente no controlada) mas tambm as operativas. O que se deseja
encontrar casos o mais parecidos com o mtodo da diferena de Mill embora aqui se trate de testar relaes empricas j formuladas em hipteses do que descobrir relaes empricas):
variveis de fundo controlados pela assuno de invarincia (por eeplo,pasesdoodelonrdicolietadopaaavaiaoapeasasvaiveis independentes e dependentes (operativas), para maximizar a varincia das independentes e observar resultado nas dependentes.
(texto 75)
Ragin e a lgica do mtodo comparativo:
Estas so estratgias para o problema de o mtodo comparativo lidar com um nmero pequeno
de casos para muitas variveis, impondo limitaes ao rigor cientfico. Ragin: ao invs, a natureza
combinatria das explicaesda cincia social comparativa e o carcter holstico ou global do
mtodo comparativo que dificultam esse rigor. Quando os argumentos causais so combinatrios,
no o nmero de casos mas a sua variedade limitada que impe limites ao rigor.
O investigador estuda a forma como um conjunto de condies ou causa se combina num certo
contexto para explicar um fenmeno e comparam-no com a forma como essas condies ou
causas se combinam noutro contexto, ou caso (ou com a forma como se poderiam combinar num
tipo ideal). Ou seja, analisam cada caso como uma combinao de partes, como um todo. por
isso que as explicaes da cincia comparada normalmente invocam condies causais
convergentes, que se combinam de certa forma.
Vamos a um exemplo dado por Ragin (pg. 14)
Para explicar que nos votantes ingleses a pertena de classe e a preferncia de partido esto
fortemente relacionadas (varivel dependente) devido convergncia de trs condies
i) Uma histria de lutas de classes, geradora de mobilizao de classe
ii) Que coincidiu com a maturao do sistema poltico actual (surgimento do Labour
como partido)
iii) Num pas industrializado h muito tempo
o efeito combinado que explica a persistente relao individual entre classe social e partido. Esta
configurao de causas explica a associao observada.
Para avaliar com rigor este argumento seria necessrio encontrar instncias entre os pases
democrticos, de todas as combinaes lgicas possveis das trs condies, e depois avaliar a sua
relao com a associao entre classe social e partido ao nvel do votante. Todas as combinaes
-
possveis teriam de ser examinadas, porque o argumento afirma que a combinao das trs, e se
fosse possvel que bastava uma combinao de duas, o argumento caia.
Ora, todas as instncias possveis destas combinaes (8 casos lgicos distintos) no existem na
histria. Na melhor hiptese, pode-se examinar as combinaes que existem.
Para Ragin, o investigador estuda e compara casos, compara unidades macrossociais que tm que
ser operacionalizadas. Ele esta interessado nas diferenas e semelhanas entre unidades
macrossociais, incluindo na histria dos prprios casos, e no apenas como instancias da relao
entre variveis. Isto significa que o mtodo comparativo no funciona com amostra ou populaes
(como o estatstico= mas com todos os casos relevantes do fenmeno, pelo que as explicaes no
so do tipo probabilstico (como em Durkheim). Por outro lado, insensvel frequncia relativa
de tipos de casos, porque se um fenmeno for causado por duas combinaes de condies,
ambas so consideradas validas independentemente da sua frequncia. Por isso Ragin identifica
dois caminhos: a comparao orientada para variveis (cap. 3 e 4, respectivamente).
-
Anlise Poltica Comparada
Aula 5 24 de Fevereiro de 2011
Abordagem comparativa contempornea Os dados de partida da anlise comparativa
Se quisermos saber porque que o PIB cresce mais nalgumas sociedades do que noutras,
partida, os determinantes explicativos so muitos: (i) factores produtivos (terra, capital,
trabalho e organizao), (ii) nveis de procura sobre a produo. Por seu lado, estes
determinantes dependem de um outro leque de factores sociais e culturais (ou estruturas):
sistemas educativos, sistema de estratificao, estrutura poltica, etc.
Ou seja, o quadro inicial com que nos deparamos :
1) Multiplicidade de condies operativas
2) Mistura das suas influncias sobre a varivel dependente
3) Indeterminao respeitante ao efeito de qualquer condio ou combinao de
condies
4) Os problemas a resolver so, portanto:
a) Reduzir o nmero de condies operativas;
b) Isolar as condies umas das outras e
c) Assim precisar a funo de cada condio, isolada ou em combinao.
COMO FAZER?
Comea-se por organizar as referidas condies operativas ou factores.
Primeiro, distinguindo entre variveis independentes, as que influenciam a varivel
dependente (ex. grau de escolarizao), e dependentes (taxa de absteno eleitoral).
Segundo, dentro das condies tratadas como variveis independentes, tratar como
parmetros as condies que se assume (ou se faz) no variarem (=) e como variveis
operativas as que se permite que variem, de forma a avaliar o seu impacto sobre a varivel
dependente. Ao parametrizar, tenta-se que a maior parte das condies no varie de forma a
isolar e examinar o funcionamento de uma (ou algumas) condio.
Como que cada mtodo cientfico controla, manipula, combina e recombina os parmetros e
variveis em explicaes ou narrativas causais?
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Anlise Poltica Comparada
(parmetro so variveis que poderiam diferenciar os casos independentes, mas que esto
desligadas e portanto no explicam diferenas entre os casos)
1) O mtodo experimental: manipulao humana de situaes para criar parmetros e
variveis operativas. Os parmetros ou constantes so variveis cuja influncia
anulada pela manipulao de condies experimentais, de modo a que a influncia de
condies experimentalmente variadas possa ser isolada e investigada
sistematicamente.
2) O mtodo estatstico: aplica tcnicas matemticas a populaes e a amostras
contendo grandes nmeros para tentar transformar condies em parmetros. A
diferena para o experimental que o estatstico faz isso empregando manipulao
conceptual (tcnicas matemticas) em vez de manipulao experimental, que mantm
constantes ou elimina fontes de variao, ou mostra que so inoperativas.
3) O mtodo comparativo: usado quando o tipo de dados no pode ser, pura e
simplesmente, controlado experimentalmente ou (diz Smelser) o nmero de casos
demasiado pequeno para permitir anlise estatstica. O nome da tcnica de controlo
anlise comparativa sistemtica, ou seja, o mtodo comparativo produz explicaes
cientficas pela manipulao sistemtica de parmetros e variveis.
SMELSER (1976) sugere dois caminhos para anlise comparativa contempornea.
1) mais frutuoso comparar variaes no fenmeno que se deseja estudar em
sociedades que so muito mais parecidas em muitos outros aspectos.
Por exemplo, embora fosse possvel, em princpio, comparar polticas de penses da
Dinamarca com as dos pases africanos emergentes da descolonizao, cujas tradies
culturais e estruturas sociais so muito diferentes, seria mais produtivo fazer essa comparao
com a Noruega, Sucia, Finlndia e Islndia, que so semelhantes mas no idnticos em
tradies culturais e estruturas sociais.
Se duas sociedades partilham condies importantes, admissvel tratar essas condies como
parmetros e presumir que o seu funcionamento igual (ou seja, agir como se a sua
operatividade fosse nula), e que portanto no explica diferenas, e passar a examinar o
funcionamento de outras variveis.
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Anlise Poltica Comparada
Pelo contrrio, se um investigador escolhe duas unidades sociais diferentes em quase todos os
aspectos enfrenta a dificuldade de ter de considerar todas as fontes de variao como
vaiveis opeativas poue icapaz
2) frutuoso replicar comparaes entre unidades sociais atravs de comparaes
dentro de unidades sociais.
Exemplo (Durkheim) do suicdio altrusta e das diferenas entre, primeiro, civis e militares, e
depois dentro dos militares em funo do seu grau de integrao na cultura e cdigo de honra
militares.
A vantagem da replicao a diferentes nveis analticos aumentar ou diminuir a confiana do
investigador na associao entre as condies e o fenmeno a ser explicado, ou seja, na fora
exploratria.
Partido daqui, Arend Lijphart apresenta (DOIS ARTIGOS 1971 e 1975) uma sistematizao das estratgias para lidar com o problema MUITAS VARIVEIS,
POUCOS CASOS:
1) Aumentar o mais possvel o nmero de casos estendendo a anlise no espao,
geograficamente, e no tempo, incluindo o maior nmero possvel de casos histricos
2) [variveis] combinar duas ou mais variveis que expressam uma caracterstica
subjacente essencialmente semelhante numa nica varivel (reduzindo o nmero de
clulas, e aumentando o nmero de casos por clula). Reduzir o nmero de classes em
que cada varivel se divide (por exemplo, simplificando um conjunto de categorias
numa dicotomia), e assim atingir o mesmo objectivo de aumentar o nmero mdio de
casos por clula da matriz.
3) [variveis] Focar a anlise comparativa nas variveis-chave, omitindo as menos
importantes: parcimnia terica.
4) [variveis] Focar a anlise comparativa em casos comparveis, quer dizer,
semelhantes num nmero importante de caractersticas (variveis) que se querem
tratar como constantes (parmetros) mas dissemelhantes no que respeita s variveis
que queremos relacionar e entre as quais colocamos a hiptese de uma relao. a
forma de ter uma boa diferena no que interessa enquanto temos o resto
controlado. No reduz o nmero de variveis, mas reduz o nmero de variveis
operativas, sob condies controladas.
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Anlise Poltica Comparada
a) Os estudos de rea comparam unidades diferentes mas semelhantes ( Amrica
Latina ou Europa do Sul), de forma a controlar o mximo de variveis ao
assumir que as sociedades so bastante parecidas.
b) Analisar um mesmo pas na diacronia. A comparao da mesma unidade em
momentos diferentes oferece uma melhor soluo para o problema do controlo
do que o estudo de rea. O controlo no perfeito: o mesmo pas no de facto
o mesmo em momentos diferentes. Caso da Alemanha, entre as repblicas de
Weimar e Bona, ou, depois da II GM, para estudar democracia vs. totalitarismo.
c) Excepto quando a unidade de anlise o prprio sistema poltico nacional,
podem fazer-se comparaes intra-nao em vez de inter-nao. o exemplo da
industrializao na Alemanha e na Itlia. Poderia ser mais til comparar o Norte
e Sul de Itlia e a Baviera com o Ruhr do que a Itlia com a Alemanha.
(o que se entende por N [caso] vai sofrendo transformaes consoante o contexto histrico)
Lijphart, em 1975 revisita a estratgia dos casos comparveis A estratgia dos casos comparveis: seleccionar casos comparveis e conseguir uma parte boa
de controlo como resultado da sua comparabilidade.
A dificuldade encontrar casos em que no apenas as variveis de fundo so iguais
(assumpo de base, mas que efectivamente no controlada) mas tambm as operativas. O
que se deseja encontrar casos o mais parecidos com o mtodo da diferena de Mill (embora
aqui se trate de testar relaes empricas j formuladas em hipteses do que descobrir
relaes empricas): variveis de fundo controlados pela assuno de invarincia (por exemplo,
pases do modelo nrdico).
Ragin e a lgica do modelo comparativo Tudo isto so estratgias para contrair o problema de o mtodo comparativo lidar com um
nmero pequeno de casos (se fossem muitos, era possvel atingir controlo estatstico sobre as
condies e causas da variao dos fenmenos sociais)
Ragin afirma que se o pequeno nmero de casos constitui uma limitao ao rigor, muitas vezes
a natureza combinatria das explicaes da cincia social comparativa e o carcter holstico
ou global do mtodo comparativo que dificultam esse rigor.
Quando os argumentos causais so combinatrios, no o nmero de casos mas a sua
variedade limitada (historicamente das condies) que impe limites ao rigor.
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Anlise Poltica Comparada
O investigador estuda a forma como um conjunto de condies ou causas se combina num
certo contexto para explicar um fenmeno e comparam-no com a forma como essas condies
ou causas se combinam noutro contexto, ou caso (ou com a forma como se poderiam
combinar num tipo ideal). Ou seja, analisam cada caso como uma combinao de partes, como
um todo. por isso que as explicaes da cincia comparada normalmente invocam condies
causais convergentes, que se combinam de uma certa forma.
Exemplo dado por Ragin (pgina 14):
Para explicar que nos votantes ingleses a pertena de classe e a preferncia de partido esto
fortemente relacionadas (varivel dependente) devido convergncia de trs condies:
1) Uma histria de luta de classes, geradora de mobilizao de classe
2) Que coincidiu com a maturao do sistema poltico actual (surgimento do Labour
como partido),
3) Num pas industrializado h muito tempo.
o efeito combinado que explica a persistente relao individual entre classe social e partido.
Esta configurao de causas explica a associao observada.
Para avaliar com rigor este argumento seria necessrio encontrar instncias entre os pases
democrticos, de todas as combinaes lgicas possveis das trs condies, e depois avaliar a
sua relao com a associao entre classe social e partido ao nvel do votante. Todas as
combinaes possveis teriam de ser examinadas, porque o argumento afirma que a
combinao das trs, e se fosse possvel que bastava uma combinao de duas, o argumento
caa (numa lgica de mtodo da concordncia). Ora, todas as instncias possveis destas
combinaes (8 casos lgicos distintos) no existem na histria. Na melhor hiptese, pode-se
examinar as combinaes que existem.
Ragin est interessado nas diferenas e semelhanas entre unidades macro sociais, incluindo
na histria dos prprios casos, e no apenas com instncias da relao entre variveis. Isto
significa que o mtodo comparativo no funciona com amostras ou populaes (como o
estatstico) mas com todos os casos relevantes do fenmeno, pelo que as explicaes no so
do tipo probabilstico (como em Durkheim). Por outro lado, insensvel frequncia relativa
de tipos de casos, porque um fenmeno for causado por duas combinaes de condies,
ambas so consideradas valias independentemente da sua frequncia.
Por isso, Ragin identifica dois caminhos: a comparao orientada para casos e comparao
orientada para variveis (captulos 3 e 4, respectivamente).
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Anlise Poltica Comparada
Aula 6 1 de Maro de 2011 Designing Social Inquiry Gary King / Robert O. Keohane / Sidney Verba (KKV)
1. LGICA CIENTFICA A investigao cientfica em poltica comparada pretende produzir inferncias vlidas sobre a vida social e poltica. Definio de INFERNCIA: processo que usa os factos que conheo para aprender algo sobre os factos que desconheo. Exemplo de inferncia descritiva: Observao da hora de ponta: trnsito intensifica-se em torno de um conjunto de horas: posso prever tipo de intensidade em funo da hora, etc. (DIFERENTE de inferncia causal, que pretende explicar as causas da existncia do fenmeno).
2. DOIS ESTILOS DE PESQUISA: quantitativo e qualitativo
Tese do livro KKV: as duas tradies ou estilos de pesquisa chamadas quantitativa e qualitativa
partilham uma mesma lgica de inferncia unitria. As diferenas entre as duas tradies so
sobretudo de estilo e no de substncia: para serem cientficas, ambas devem respeitar a
lgica da inferncia.
2.1) O estilo quantitativo usa nmeros e mtodos estatsticos; tende a estar baseado
em medies numricas de aspectos especficos dos fenmenos; abstrai instncias particulares
para se focar na descrio geral (como Ragin explicita no livro, a orientao quantitativa
distingue-se por testar hipteses de teorias formuladas anteriormente), ou para testar
hipteses causais; procura medies e anlise que sejam facilmente replicadas por outros
investigadores.
2.2) O estilo qualitativo cobre leques de investigaes que, por definio, no assenta
em medies numricas; tende a focar-se num nmero menor de casos, a usar entrevistas
aprofundadas ou anlise em profundidade de materiais histricos, discursiva no mtodo, e
preocupada com uma descrio e explicao circunstanciada de um qualquer evento ou
unidade. Retira-se muita informao, muitas vezes ligadas com rea studies ou estudos de
caso. Muitas vezes, o evento escolhido com um particular de um tipo genrico de evento.
Mas estas diferenas so mais de estilo. Alm do mais, toda a cincia social requer
comparao, a qual implica juzos sobre que fenmenos so mais ou menos parecidos em grau
ou em gnero. As investigaes reais combinam com os dois: [Robert Putnam em Making
Democracy Work] combinou entrevistas as oficiais das regies italianas, estudos de caso
aprofundados de cada uma das regies, inquritos massivos de opinio, etc.
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Anlise Poltica Comparada
3. Definio de investigao cientfica, independentemente dos estilos
a) O objectivo realizar inferncias descritivas ou explicativas na base de informao
emprica acerca do mundo. Descries cuidadosas so muitas das vezes
indispensveis, mas a acumulao de factos s por si no chega.
b) Na investigao cientfica os mtodos so explcitos, codificados e pblicos para
permitir a rplica e promover a falsaficabilidade, logo a confiana [Popper].
c) As concluses so, portanto, incertas.
d) O contedo o mtodo. O contedo da cincia primariamente os mtodos e as
regras, e no objectos, uma vez que se podem usar os mtodos e regras cientficas
para estudar qualquer objecto. [Marshall McLuan: the message is the media, a
mensagem o meio; a forma o contedo iluminismo]
4. INFERNCIA DESCRITIVA
Definio (bis): inferncia descritiva o processo de saber coisas, compreender, um
fenmeno no observado com base num conjunto de observaes.
EXEMPLO: identificar a existncia de um planeta no de forma directa visual, mas a partir da
influncia da sua gravidade na rbita de uma estrela ou dos desvios que a sua gravidade
provoca na deslocao da luz proveniente de corpos celestes ou pelo ponto de sombra que
provoca na emisso de luz de uma estrela que est por detrs.
Descrever vs. Explicar?
Devemos recorrer a ambos.
Descrever (coligir os factos de forma articulada) e explicar (relacionar causas e efeitos) o
mundo so dois objectivos da cincia, seja qualitativa ou quantitativa. No possvel construir
boas explicaes causais sem boa descrio. A boa descrio perde interesse quando no
ligada com algumas relaes causais.
Como descrever?
A descrio cientfica no mecnica: implica a seleco a partir do nmero infinito de factos
que podem ser registados; seleco orientada pela teoria.
4.1) Conhecimento geral e factos particulares
O mundo social constitudo por particulares.
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4.2) Temos que organizar os factos. Como Smelser refere, os factos que no conhecemos so
os objectos da investigao, das teorias e das hipteses. Os factos que conhecemos
(quantitativos ou qualitativos) formam os nossos dados ou observaes.
A melhor forma cientfica de organizar os factos como implicaes observveis de uma
qualquer teoria ou hiptese.
A simplificao implica a escolha produtiva de uma teoria ou hiptese que nos serve para
avaliar; a teoria, depois, guia-nos para a seleco daqueles factos que so implicaes da
teoria.
Teoria e observao vo a par. No temos que ter a teoria concluda, mas entramos num vai-
e-vem entre a teoria e prtica, de forma a ir afinando a teoria, e aprendendo com as
observaes.
Devemos procurar o mximo de implicaes observveis da teoria que podermos: fazer a
pergunta se a minha explicao correcta da razo para esta deciso, o que mais poderei
esperar encontrar no mundo real?.
Depois, temos que sistematizar os dados.
A categoria pode ser votantes; as unidades podem ser uma amostra de votantes em vrios
distritos eleitorais, e os atributos podem ser rendimento, identificao partidria ou qualquer
outra implicao observvel da teoria que estamos a testar.
4.3) Uso de modelos formais de investigao qualitativa
Um modelo uma simplificao de, e uma aproximao a, algum aspecto do mundo. Os
modelos nunca so literalmente verdadeiros ou falsos. Um bom modelo o que faz abstrair as
caractersticas certas ou pertinentes da realidade que representam.
(Um conjunto articulado de hipteses que pretende descrever um determinado
comportamento)
Por exemplo, um modelo escala de um avio no se confunde com um avio real, mas pode
abstrair as caractersticas relevantes do avio para efeitos de experincias aerodinmicas em
tnel de vento. A caracterstica chave abstrada a sua forma. Se quisssemos estudar o poder
dos motores, a sensao de estar dentro, a resistncia das partes, etc., necessitaramos de
outros modelos. No podemos avaliar um modelo sem saber que caractersticas do objecto
queremos avaliar.
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4.4) Fazer sumrios
Depois de recolher os dados, a primeira coisa a fazer so sumrios dos dados a ser
explicados. No faz sentido dizer tudo o que se sabe sobre um evento qualquer. Apenas
aquilo que essencial, aquilo que possa constituir uma implicao observvel da teoria
(EXEMPLO: uma mdia estatstica do rendimento das unidades observadas ou um sumrio das
caractersticas constitucionais dos estados EU 27).
No caso dos sumrios histricos, (i) deve focar os resultados que desejamos descrever ou
explicar (EXEMPLO: se o poder executivo corresponde a um governo que resulta do
parlamento ou se est concentrado num presidente eleito directamente e que no resulta do
parlamento); (ii) deve simplificar a informao (usar menos estatsticas de sumrio, como a
mdia, a mediana, etc., do que as unidades observadas).
4.5) Distinguir os aspectos sistemticos dos no sistemticos
Vamos a um exemplo de cincia poltica.
Podemos estar interessados em compreender as variaes no voto por distrito eleitoral na
eleio de 1979 nos partidos Conservador, Trabalhista e Liberal-Democrata na Gr-Bretanha. O
que observamos so 650 eleies para a Cmara dos Comuns nesse ano.
Se, por hiptese, realizssemos eleies semanalmente, podamos observar directamente a
fora dos conservadores tomando nota da sua parte do voto por distrito e da sua parte global
de lugares no parlamento. Os resultados seriam sempre ligeiramente diferentes de semana
para semana, e de distrito para distrito. Afinal, a observao numa qualquer eleio nica no
seria uma medida perfeita da fora dos Conservadores.
Podemos conceber a varincia no voto de distrito para distrito como tendo duas origens:
Factores sistemticos: como diferenas de ideologia, rendimento, organizao da campanha
Factores no sistemticos, como o tempo, etc., a repartio das observaes elimina os
factores no sistemticos, mas no os sistemticos.
Um dos objectivos da inferncia descritiva distinguir no fenmeno que observamos a
componente sistemtica da componente no sistemtica.
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4.6) Erros na inferncia, estimadores
Na medio do comportamento de variveis podemos ter estimativas no distorcidas quando
a variao de uma replicao da medio para a prxima no sistemtica, e move a
estimativa ora numa direco ora noutra. Distoro ocorre quando h um erro sistemtico
que desloca a estimativa mais numa direco do que noutra. (EXEMPLO: o taco que
Berllusconi utiliza nos sapatos, de forma a parecer mais alto erro sistemtico)
EXEMPLO: O que causa o facto de o CDS, ou do PCP, ser repetidamente sub-representado nas
sondagens por amostra (face aos resultados nas urnas)?
1. No h sub-representao: o comportamento implcito correctamente medido,
simplesmente o comportamento altera-se no dia das eleies.
2. H sub-representao que decorre de erros no sistemticos de medio (por
exemplo, incompetncia dos inquiridores), pelo que no temos esperana de corrigi-
los. NO O CASO: Torna difcil explicar que seja sempre o mesmo partido a ser sub-
representado, uma vez que os erros no sistemticos so aleatrios e portanto no se
deveriam concentrar sobre a estimativa de um partido, mas de todos; e, mais,
deveriam cancelar-se uns aos outros.
3. H sub-representao que de corre de erros sistemticos de medio, porque, por
exemplo, os votantes no CDS mentem sobre a sua real inteno de voto. Isto explica o
erro, falta perceber porqu. Por exemplo, foi estudado que em inquritos nos EUA as
respostas variavam em funo da etnia dos entrevistados, sotaque, etc.
Por outro lado, devemos distinguir distoro numa estimativa estatstica (como nas sondagens
do CDS ou PCP), de distores substantivas, por exemplo, no sistema eleitoral (horrios de
votao que tornam mais difcil o voto de trabalhadores e operrios).
Finalmente, h que ponderar a relao entre a preciso e eficcia, ou seja, a capacidade de
um estimador se aproximar do valor real do parmetro (preciso), da capacidade de o
estimador o fazer com consistncia (eficcia). De um lado, a medida em que se aproxima do
valor real; do outro, a possibilidade de uma estimativa dar sempre valores consistentes
(varincia reduzida).
possvel um estimador ser eficaz mas pouco preciso: estar consistentemente longe do valor
real do parmetro a medir. Por outro lado, um indicador pode ser capaz de uma preciso
incrvel mas ser muito pouco consistente (ter grande varincia).
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Anlise Poltica Comparada
Exemplo de estimador no distorcido mas inconsistente: um faroleiro no Bugio deve avisar
Lisboa sempre que um navio passar pelo farol durante a noite. O faroleiro reporta sem falhar,
nem equvocos. Mas por vezes est a dormir. A informao no distorcida (tem preciso),
mas inconsistente.
Exemplo de estimador distorcido mas consistente: por exemplo, X-5/N distorcido, mas
consistente medida que N se aproxima do infinito porque 5/N se aproxima do zero.
Aula 7 3 de Maro de 2011
Apresentao do TEXTO 1 (The Comparative Method, Charles Ragin)
Tipologia de casos Tipologia de causas
A causalidade muitas vezes conjuntural:
1) As caractersticas de caso so vistas em conjunto
2) Varia consoante o contexto (condies no tempo e espao)
3) Ela tambm mltipla (um determinado resultado no causado sempre pela
mesma causa, mas sim por um conjunto de variveis)
Dois tipos de orientao na investigao da cincia poltica (VER TEXTO)
A aplicao de mtodos experimentais torna-se complicada nesta rea.
EXEMPLOS DE MULTICAUSALIDADE: Causalidade mltipla e conjuntural, no captada pelo tipo
de mtodos, como a regresso, que se focam na influncia (ou contributo) de uma ou de um
conjunto de variveis independentes para o comportamento (varincia) da varivel dependente
(resultado de interesse).
1) X [nvel de desenvolvimento econmico] causa Y [democratizao] nuns casos, mas
no tem efeito noutros casos, em que Y causado por Z (classe mdia).
2) X [governo social-democrata] causa Y [despesas sociais] num momento temporal T1,
mas no no momento temporal T2 (ex: antes ou depois do retrenchment [recuo do Estado-
providncia] ou do PEC)
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Anlise Poltica Comparada
3) X [protesto social] causa Y [mudana de governo], nuns casos, e noutros causa um
resultado diferente (ex: represso)
4) Instncias em que o resultado Y [xito na coordenao salarial] depende de muitas
variveis [densidade sindical, governo social-democrtico ou regime poltico-social] cujos
valores, por seu turno, dependem conjuntamente uns dos outros.
Nestes casos no possvel utilizar a abordagem orientada para variveis (Ragin) que
assenta na alise de regrsso, ou seja, na anlise do contributo individual de cada varivel
independente para a varincia, independentemente dos valores assumidos pelas outras
variveis independentes.
As diferenas so ao nvel da forma de conceber a prpria estrutura de causalidade que
funciona no mundo social e poltico.
Aula 8 10 de Maro de 2011
Conceitos, tipologias e indicadores Bsica David Collie e Jaes Maho, Coceptual tetchig Revisited: Adaptig Categoies i Comparative Analysis, American Political Science Review, 87, 1993, TEXTO 2 [dossier]
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1. Comparao, teoria, conceitos
O problema da comparabilidade o de lidar com a diferena, como comparar instituies,
actividades, comportamentos em contextos sociais e culturais diferentes.
(i) Evitar conceitos que, por to estreitamente ligados a uma nica cultura ou grupo
de culturas, nenhuma instncia do mesmo possa ser encontrada noutras
culturas.
Exemplo: o pro de Miguel Esteves Cardoso.
(ii) Lidar com fontes de variabilidade cultural. Adoptar conceitos, metodologias e
estratgias que tornem determinadas (conhecidas) aquelas fontes de variao que
at antes se assumia serem to simples que seriam no determinantes ou to
complexas que seriam indeterminantes.
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2. A necessidade de conceitos
Conceitos: pontos de referncia comuns (categorias) para agrupar fenmenos que se
diferenciam no espao, no tempo, na cultura. Sem conceitos, pode ser recolhida informao
sobre diferentes pases mas no possvel relacion-los entre si.
Por exemplo, o conceito de Primeiro-Ministro permite relacionar o Presidente del Consiglio
dei Ministri italiano com o alemo Bundeskanzler ou com o Prime Minister. Para que seja
possvel relacionar materiais empricos atravs de fronteiras nacionais (horizontal viaja pela Euopa dos casos, ecessio ue estes se elacioe co coceitos vetical elao co as teorias dos sistemas polticos) que possam viajar atravs de fronteiras nacionais.
3. Equivalentes funcionais
A noo de equivalente funcional descende directamente da de funo. Desde o
comportamentalismo que a cincia poltica afirma que diferentes estruturas podem
desempenhar a mesma funo e que a mesma estrutura pode desempenhar funes
diferentes.
Exemplo 1:
A tarefa de recrutamento poltico pode ser desempenhada numa sociedade pela tribo e
noutra pelo partido; partido que desempenha outras tarefas, como intermediar as procuras
polticas sobre o sistema poltico, embora no sejam a nica instituio que recruta e articula
sidicatos, associao sociedade civil Exemplo 2:
O Presidente da Repblica Francesa, no seu papel de supremo magistrado, desempenha trs
funes: representao simblica do Estado, chefe do Executivo; chefe poltico da maioria no
Parlamento. Em Inglaterra, o monarca desempenha o primeiro papel, e o PM os outros dois,
Em Itlia, no passado (antes do incio dos anos 90), cada uma dessas funes era
desempenhada por uma pessoa diferente (chefe de Estado, Presidente do Conselho de
Ministros, Secretrio-Geral da DC).
4. Teoria, conceitos e casos: individualizar ou generalizar?
Explicar diferenas requer hipteses, conceitos e teorias. Os conceitos operacionalizados ligam
a observao emprica discusso da teoria, e at permitem desenvolver a teoria. As
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concluses so generalizveis na medida em que sejam capazes de ser apresentadas em
termos conceptuais. (uato ais escolaizao, ais paticipao eleitoal)
Do ponto de vista metodolgico: alternativa entre individualizar e generalizar.
Sartori sugere como forma de relacionar universais com particular uma forma ordenada, um
mtodo, que o de organizar as categorias ao longo de uma escada de abstraco cuja regra
bsica de transformao (agregao ascendente [menos atributos, mas o mesmo conceito
aplica-se a mais casos] e, inversamente, especificao descendente [mais atributos, mas o seu
grau de cobertura mais baixo]) a de que a conotao (intenso itesio e deotao (extenso) do conceito esto inversamente relacionadas.
VER QUADRO DO TEXTO FIGURE 1: THE LADDER OF GENERALITY
Assim, a forma de tornar um conceito mais geral, de aumentar a sua capacidade para viajar
(aplicar a mais casos com pertinncia), reduzir as suas caractersticas ou propriedades.
Inversamente, a forma de tornar um conceito mais especfico (contextualmente adequado)
aumentar as suas caractersticas ou propriedades. Alcanar o equilbrio entre estes dois
aspectos o dilema.
Conceptual Stretching: aumentar o nmero de casos, sem diminuir o nmero de atributos.
5. A formao de categorias qualitativas na Teoria Clssica [a de Sartori]
Antes de investigar a presena ou ausncia de um atributo uma pessoa ou numa situao
social (beleza), antes de hierarquizar objectos ou medi-los nos termos de uma varivel
(idade), temos que construir o conceito de varivel: que atributos compem o conceito de
beleza?
Temos que decidir que atributos da realidade emprica desejamos observar e medir, segundo
certas regras de procedimento:
5.1) Articulao, a classificao, a organizao do material emprico, deve proceder do geral
para o especfico, para que o material possa ser examinado seja do ponto de vista de
categorias detalhadas (muito adaptadas aos prprios dados) e agrupamentos genricos
(capazes de viajar e comparar)
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Os itens reunidos numa mesma categoria caracterizam-se por se comportar de forma mais ou
menos semelhante em relao ao problema estudado.
O aspecto decisivo conseguir reter, manter, a heterogeneidade relevante entre as
categorias e no dentro das categorias, perdendo-se a capacidade de apanhar distines
importantes. Quanto mais genricas as categorias, maior heterogeneidade interna e vice-versa
(homem/mulher).
Tem que se alcanar o justo equilbrio entre categorias to genricas que todas as distines
pertinentes esto dentro delas e no entre elas (pelo que no servem para nada) e distines
to finas que cada categoria capta apenas um elemento muito especfico e singular pelo que
cada categoria corresponde a cada elemento emprico, logo no servindo para nada. (Gnero
Humano vs. Manuel Germano).
A soluo usar uma classificao articulada em cascata, comeando com categorias
genricas e depois decompondo-as em categorias mais restritas, dentro de cada categoria
genrica.
Para certos efeitos, usamos escolaridade, para outros, temos que usar as categorias mais
finas (categorias dentro de escolaridade). Por exemplo, pode existir uma relao de
repulsa/atraco entre certas categorias de escolarizao e participao eleitoral.
Outras vezes, necessrio partir de respostas muito decompostas para categorias mais
genricas. Por exemplo, nas respostas pergunta o que fez no ltimo Domingo?, as
respostas fui praia ver o campeonato de surf e fui a Sintra comer uma queijada com a
namorada, podem ser agrupadas em passear.
5.2) Correco lgica, as categorias devem ser exaustivas e mutuamente exclusivas.
Uma classificao cumpre os requisitos lgicos se oferecer categorias exaustivas e
mutuamente exclusivas em cada nvel de classificao. (esgotar a variabilidade do fenmeno
e ser mutuamente exclusivas).
Exemplo:
1) Falta de exaustividade: pessoas que influenciam os votantes: famlia, vizinho,
amigos, deixando de fora colegas de trabalho, sindicalistas, militantes
partidrios, estranhos [claro que qualquer classificao pode preencher o
requisito com outros, mas isso derrota o prprio objectivo da classificao].
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Anlise Poltica Comparada
2) Falta de mtua exclusividade: pode ser do tipo: fontes informao: mass
media, jornais e contactos pessoais (jornais fazem parte dos mass media).
Para usar vrios tipos de categorias ao mesmo tempo, temos que criar um sistema
de classificao multi-dimensional.
5.3) Adaptao estrutura da situao, a classificao) deve basear-se num esboo
compreensivo da situao como um todo (sumrio), que contenha os principais elementos e
processos na situao que importa distinguir para efeitos de compreenso, previso e policy-
making.
Como criar as categorias mais adaptadas ao material e ao problema a ser estudado?
A organizao do material emprico em categorias tem que ser feita em relao com um
sistema mais geral de conceitos, e teoria.
Por exemplo: classificar as razes dadas como explicao para comportamento (voto
num certo candidato, mudar de emprego, etc.)
Partindo de entrevistas, por exemplo, difcil chegar formulao de categorias, pois
as explicaes aparecem sempre como especficas.
Normalmente, preciso construir primeiro um modelo da situao a que os comportamentos
se referem, e depois localizar a resposta concreta dentro do esquema estrutural. O
esquema pode ser prvio ou pode resultar da interaco entre abordagem exploratria
(respostas numa fase inicial do inqurito) a partir das respostas.
Podem usar-se esquemas ou guies estruturais narrativos:
1) O guio qualidades tcnicas-gratificao resultante para saber porque que
algum gosta de X.
Exemplo: X o New Deal: gosto do New Deal porque usa a teoria econmica
keynesiana, e isso acaba com o desemprego massivo.
2) O guio onde que est o que o mantm l de quem a culpa para estudar as
respostas dadas a problemas de escassez de qualquer coisa, X.
Exemplo: X a fruta nacional. A fruta nacional fica nas rvores porque os
agricultores preferem deixar estragar a fruta do que vend-la, para assim, ganhar o
subsdio da CEE a culpa da CEE (a Unio Europeia serve de passa culpas aos
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governos quando desejam fazer algo de impopular, como uma reforma estrutural,
defendendo os Estados nacionais).
6. A sistematizao de juzos qualitativos
Como classificar os dados empricos de forma objectiva em cada uma das categorias ou
dimenses: como saber que um lder autoritrio ou democrtico, como saber se a
dinmica de um grupo permissiva, cooperativa ou competitiva?
Possvel soluo: multiplicar os indicadores (se usar apenas um indicador, o
investigador est a falhar toda a investigao; se tiver dez, a probabilidade de errar
muito mais pequena. Tendem a anular a possvel ocorrncia de subjectividade por
parte do investigador)
Usamos indicadores para captar o conceito, segmentando o conceito em partes ou atributos e
identificando conceitos para cada segmento.
Quanto mais segmentamos o conceito, quanto mais finos so os indicadores, mais
objectivos so, quer dizer, menos sujeitos a distoro subjectiva dos investigadores. Mas
quanto mais se segmenta, mais complicado se torna voltar a combinar os indicadores de
regresso varivel ou conceito.
Aula 9 15 de Maro de 2011
Apresentao do TEXTO 2 (Conceptual Stretching, David Collier/James Mahon) Bsica David Collie, Jaes E. Maho, Coceptual tetchig Revisited: Adaptig Categoies in Comparative Analysis, American Political Science Review, 87, 1993. TEXTO 2 [pdf; dossier] Complementar Neil Smelser, Captulo 6, Comparative Methods in the Social Sciences, Englewood Cliffs, Prentice Hall, 1976 [dossier] Giovanni Sartori, "Concept Misformation in Political Science", American Political Science Review, 1970 (pdf) __________________________________________ Extensividade / Intensividade (de acordo com as origens lingusticas)
(LER TEXTO)
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Anlise Poltica Comparada
Atributos que compem um tipo:
- Atributo dicotmico: pertence ou no a um objecto (morto/vivo)
- Varivel, um atributo que permite gradaes e intensidades e que pode ser medido (altura)
(supe intervalos iguais e um ponto zero)
- Tipo comparado: os objectos apenas podem ser avaliados por comparao uns com os
outros, individual ou colectivamente. Atravs destes atributos (grau de inteligncia, atitude
perante a paz) as pessoas podem ser hierarquizadas, ordenadas, mas no medidas. So seriais,
tambm podem ser agrupados (dos 10% de escritores mais pacficos aos 10% de escritores
menos pacficos).
Exemplo de classificao multi-dimensional.
Espao de atributos para os Tipos de Suicdio de Durkheim
Existncia de Normas Contedo das Normas
Individualismo Colectivismo
Existem Egosta Altrusta
No existem/Enfraquecidas Anmico
As classificaes multi-dimensionais se podem transformar em ordens de seriais.
Por exemplo, tolerncia racial: est disponvel para aceitar negros..?
Colega Trabalho Amizade Famlia/Casamento 3 Dimenses
No No No Sim/No
Sim No No
Sim Sim No
Sim Sim Sim
Pode-se construir uma ordem de combinaes de atributos que medem a intensidade de
atitude racial: de um plo mais favorvel a um plo desfavorvel:
+++ Favorvel (Sim-Sim-Sim)
++ Favorvel (Sim-Sim-No)
+ Favorvel (Sim-No-No)
- Favorvel (No-No-No)
Converte-se num espao de atributos multi-dimensional numa ordenao multi-dimensional
que pode depois ser tratada como serial, que pode ser convertida em ndice.
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B. Uso de ndices e de Indicadores
1) Vimos que os conceitos genricos tm muitas vezes que ser decompostos em segmentos
para que possam ser sistematicamente observados. (Exemplos: lealdade, coeso,
discriminao, tamanho, forma, etc.)
Faz-lo, implica que possam ser declinados, segmentados, em critrios ou atributos mais
especficos, para os quais sero usados indicadores.
Vimos que os indicadores devem (i) facilmente e inequivocamente detectada a sua presena
ou ausncia e (ii) devem variar estreitamente com outros indicadores que apanham o mesmo
conceito. Por exemplo, um dos indicadores que mede o custo de vida, a inflao, deve variar
estreitamente com os outros no cabaz, excepto se o cabaz for constitudo por partes
parcialmente autnomas, de forma propositada (o que o caso no custo de vida).
Para alm disso, a partir do momento em que temos um conjunto de indicadores para um
conceito, surge o problema de como combin-los.
Suponhamos que, no estudo de classe social, Manuel supera Maria no indicador X
(rendimento), mas que Maria supera Manuel no indicador Y (escolariza