anÁlise dos reflexos do accrual accounting no lucro ou prejuÍzo contÁbil
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FACULDADES INTEGRADAS FAFIBE
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
RODRIGO BRITO CRISTIANO
ANÁLISE DOS REFLEXOS DO ACCRUAL ACCOUNTING NO LUCRO OU
PREJUÍZO CONTÁBIL
Bebedouro - SP
2009
RODRIGO BRITO CRISTIANO
ANÁLISE DOS REFLEXOS DO ACCRUAL ACCOUNTING NO LUCRO OU
PREJUÍZO CONTÁBIL
Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Contábeis apresentado às Faculdades Integradas Fafibe, sob a orientação do Professor Ms. Ricardo Luiz Menezes da Silva para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Bebedouro - SP
2009
CRISTIANO, Rodrigo Brito.
Analise dos reflexos do Accrual Accounting no lucro ou prejuízo contábil. / Rodrigo Brito Cristiano. Bebedouro: Fafibe, 2009.
38f.
Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Contábeis apresentado às Faculdades Integradas Fafibe, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
1. Accrual accounting. 2. Lucro ou prejuízo contábil. 3. Variação do capital circulante líquido.
RODRIGO BRITO CRISTIANO
ANÁLISE DOS REFLEXOS DO ACCRUAL ACCOUNTING NO LUCRO OU
PREJUÍZO CONTÁBIL
Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Contábeis apresentado às Faculdades Integradas Fafibe, sob a orientação do Professor Ms. Ricardo Luiz Menezes da Silva para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Banca examinadora
__________________________________________________
Orientador (a): Msc. Ricardo Luiz Menezes da Silva
__________________________________________________
Nome do examinador Titulação e Instituição a que pertence
__________________________________________________
Nome do examinador Titulação e Instituição a que pertence
Bebedouro,___de ____________ de 2009.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a toda minha família, em especial aos meus pais,
Sidnei e Maria Antonia, minha esposa Rita, e aos meus filhos Alex e Lara que
estiveram ao meu lado a todo o momento, compartilhando e incentivando a
concretização do que foi além de um objetivo, podendo-se dizer, a realização de um
sonho, sempre me incentivando a prosseguir e ultrapassar obstáculos para esta
conquista.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado no decorrer
desta jornada, aos meus pais pela oportunidade e confiança depositada, à minha
esposa Rita e aos meus filhos Alex e Lara pela paciência e pela compreensão, a
todos os professores que durante estes quatro anos se dispuseram a nos ensinar,
em especial ao meu orientador, Professor Ms. Ricardo Luiz Menezes da Silva pela
paciência e colaboração. E a todos meus companheiros de sala, pelos inúmeros
momentos de alegria.
“O degrau da escada não foi
inventado para repousar, mas
apenas para sustentar o pé o tempo
necessário para que o homem
coloque o outro pé um pouco mais
alto.”
(Aldous Huxley)
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo principal demonstrar os reflexos causados
pelo accrual accounting no lucro ou prejuízo contábil em sociedades anônimas
abertas do Brasil.
Busca-se também de uma forma indireta uma melhoria nas apresentações
das informações apresentadas nos demonstrativos contábeis, mostrando por meio
deste trabalho que o usuário final destas possui ferramentas para identificar
possíveis ajustes realizados nos demonstrativos, inibindo assim a ação de gestores
com intenção de transmitir informações que não apresentam a real posição
econômico-financeira da entidade.
Para constatar evidências empíricas a respeito disso serão utilizadas como
população-alvo empresas listada no Setor de Siderurgia e Metalurgia de acordo com
classificação do site da Bovespa. A amostra extraída da população foi do tipo
intencional e não probabilística, com sete empresas do setor de Siderurgia e
Metalurgia. Para o desenvolvimento do trabalho foram coletadas as demonstrações
contábeis do ano de 2008 junto ao site da CVM, e usado como suporte ferramental
estatístico o software SPSS 18.
Palavras-chave: accrual accounting, lucro ou prejuízo contábil, variação do
capital circulante líquido.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Diagrama sobre os conceitos de Accrual Accounting .............................. 16
FIGURA 2 Tipos de Gerenciamento de Resultado .................................................... 22
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Estatística descritiva dos componentes dos accruals accounting ........... 32
TABELA 2 Ajuste do resultado do período pelos accruals no setor de siderurgia e
metalurgia em milhares de reais. .............................................................................. 33
TABELA 3 Estatística descritiva da influência dos accruals no resultado ................. 35
TABELA 4 Coeficientes de correlação do setor de siderurgia e metalurgia por
clusters. ..................................................................................................................... 36
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Companhias abertas que compõem a amostra analisada ..................... 30
QUADRO 2 Graficos de dispersão do resultado do periodo e resultado do periodo
ajustado com as linhas de tendencias do setor de siderurgia e metalurgia .............. 31
QUADRO 3 Interpretação de r de Pearson ............................................................... 34
Sumário
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
1.1. Problema de Pesquisa ...................................................................................... 11
1.2. Objetivos ............................................................................................................ 12
1.2.1. Objetivo Geral ................................................................................................. 12
1.2.2. Objetivo Específico ......................................................................................... 12
1.3. Justificativa ....................................................................................................... 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 13
2.1. Conceitos Referentes à Accrual Accounting ................................................. 13
2.2. A Influência dos Accruals na Variação do CCL ............................................. 16
2.3. O Impacto dos Accruals no Lucro ou Prejuízo Contábil ............................... 19
3 A INFORMAÇÃO CONTÁBIL, SUA QUALIDADE E USUÁRIOS .......................... 21
3.1. A Informação Contábil ...................................................................................... 23
3.2. A Qualidade da Informação Contábil .............................................................. 24
3.2.1. Compreensibilidade ........................................................................................ 25
3.2.2. Relevância ...................................................................................................... 25
3.2.3. Confiabilidade ................................................................................................. 26
3.2.4. Comparabilidade ............................................................................................. 26
3.3. Usuários das Informações Contábeis ............................................................. 27
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 28
4.1. Caracterização da população amostral........................................................... 31
4.2. Setor de Siderurgia e Metalurgia ..................................................................... 31
5 ANÁLISE DOS IMPACTOS DOS ACCRUALS NA VARIAÇÃO DO CAPITAL
CIRCULANTE LÍQUIDO ............................................................................................ 32
6 ANÁLISE DOS COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO ENTRE O RESULTADO DO
PERIODO E A VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LIQUIDO .......................... 35
7 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 37
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 9
10
1 INTRODUÇÃO
Como sabemos o principal objetivo da Contabilidade, segundo a teoria
contábil, é prover os usuários com as informações necessárias à sua tomada de
decisão, podendo ser utilizada por um grande número de pessoas e entidades com
as mais diversas finalidades.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2009, p 30, 31) na NBC T – 1
estabelece que:
Os objetivos desta, quando aplicada a uma Entidade particularizada, são identificados com a geração de informações, a serem utilizadas por determinados usuários em decisões que buscam a realização de interesses e objetivos próprios... As informações quantitativas que a Contabilidade produz, quando aplicada a uma Entidade, devem possibilitar ao usuário avaliar a situação e as tendências desta, com o menor grau de dificuldade possível.
Uma das informações mais importantes da contabilidade para os diversos
tipos de usuários da informação contábil é o resultado do exercício, ou seja, se a
organização encerrou o período com lucro ou prejuízo, pois geralmente é com base
nessas informações que será avaliado o desempenho da empresa. Segundo
Martinez (2001: 1) “A possibilidade de os resultados serem “gerenciados” representa
problema muito sério. A interpretação dos relatórios contábeis se torna uma
combinação entre avaliar a rentabilidade econômica e identificar a natureza dos
possíveis ajustes que podem ter sido realizados”.
Para Martinez (2001, p. 13):
É crucial entender que “gerenciamento” dos resultados contábeis, não é fraude contábil. Ou seja, opera-se dentro dos limites do que prescreve a legislação contábil, entretanto nos pontos em que as normas contábeis facultam certa discricionariedade para o gerente, este realiza suas escolhas não em função do que dita à realidade concreta dos negócios, mas em função de outros incentivos, que o levam a desejar reportar um resultado distinto.
No Brasil, “Gerenciamento” dos Resultados Contábeis é uma expressão
utilizada para demonstrar um conjunto de práticas adotadas por gestores e
contadores com a intenção de obter os resultados contábeis desejados de acordo
com a necessidade do usuário destino. Tais práticas, normalmente, decorrem de
manipulações que estão dentro dos limites legais, ou seja, permitido pela teoria
11
contábil e estas mesmas podem distorcer as informações contidas nas
demonstrações contábeis, interferindo nas suas análises (Rodrigues, 2006, p.1)
Vários podem ser os fatores que afetam a decodificação das demonstrações
contábeis, ou seja, a transformação dos dados apresentados nelas em informações
úteis, mas nenhum deles é tão importante quanto o grau de conhecimento que o
usuário dessa informação tem sobre o código utilizado pela fonte. Por isso, caso o
usuário não conheça o processo contábil empregado na elaboração de suas
demonstrações, não poderá interpretá-las, independentemente dos cuidados
adotados na fase de estruturação das informações (Marques, 2002, apud
COLAUTO; BEAUREN, 2007, p. 172).
1.1. Problema de Pesquisa
No regime de competência o reconhecimento das receitas e despesas bem
como os débitos ou créditos gerados por elas, vão servir de parâmetros para análise
do desempenho da entidade. Diante disto, se for observada as regras contábeis, o
lucro líquido apurado não será igual ao fluxo de caixa líquido gerado pela mesma, ou
seja, podem estar sendo reconhecidas receitas sem as efetivas entradas de caixa
(aumento de contas de clientes ou contas a receber), ou despesas sem as efetivas
saídas de caixa (contas de provisões contingências trabalhistas no curto prazo).
Espera-se com certa freqüência que durante as operações usuais da
empresa, lançamentos de natureza dos accruals¹ sejam feitos em função do regime
de competência. A quantidade destes lançamentos no resultado do exercício
dependerá do tipo de operação da empresa e de certas estimativas e avaliações
realizadas pelos seus gestores. Porém, se considerarmos a possibilidade que
eventualmente o gestor possa de maneira alheia as operações da empresa,
aumentar ou diminuir estas acumulações chegamos então a uma questão: Qual a
influencia dos Accruals no Lucro ou Prejuízo contábil?
¹ termo accruals, pode ser entendido como a diferença entre lucro líquido e fluxo de caixa
operacional, que é a obediência ao regime de competência (accruals basics), objetiva mensurar o resultado no sentido econômico, independentemente da realização financeira.
12
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral
Este trabalho busca melhorar a qualidade da informação contábil
transmitidas aos seus usuários ao demonstrar estatisticamente as alterações que os
accruals provocam no resultado do período, e que influenciam o fluxo financeiro das
atividades operacionais em diferentes momentos.
1.2.2. Objetivo Específico
Diante do exposto e da questão levantada, este trabalho tem por objetivo
específico analisar os reflexos dos ajustes advindos do regime de competência
(accruals accounting) utilizados no sentido de provisões ou estimativas no lucro ou
prejuízo contábil em sociedades anônimas abertas no Brasil.
1.3. Justificativa
Para realizar uma análise correta de acordo com a realidade econômico-
financeira da empresa é necessário que seus usuários além de algum conhecimento
financeiro tenham também conhecimentos dos métodos aplicados na elaboração
destas demonstrações. Acontece que muitos desses usuários não têm acesso a
esse tipo de informação, e se tem acesso não consegue as decifrar, pois
desconhecem os métodos aplicados na sua elaboração.
Este trabalho demonstra estatisticamente as distorções provocadas pelos
accruals no resultado do exercício e, com isso, alertar as empresas que praticam
estes procedimentos que existem métodos e ferramentas para que os usuários das
demonstrações detectem as manipulações realizadas por elas esperando assim uma
13
maior transparência na elaboração e na apresentação dos seus demonstrativos
contábeis. O estudo ajuda a reduzir os ruídos informacionais inerentes ao processo
de decodificação da mensagem contábil.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Como o principal objetivo deste trabalho é evidenciar os impactos causados
pelos accruals no lucro ou prejuízo contábil, no capítulo 2.1 são apresentados alguns
conceitos sobre os accruals correntes, não correntes, discricionários e não
discricionários. Nos itens 2.2 e 2.3 são apresentados o que alguns autores dizem
sobre a influência dos accruals no Capital Circulante Líquido e o impacto causado no
lucro o prejuízo contábil respectivamente. Apresenta também algumas contas que
possuem accruals e provocam alterações no CCL (Capital Circulante Liquido), mas
não afetam imediatamente o caixa, e os impactos causados pelos mesmos no
resultado (lucro ou prejuízo) de uma organização.
Como um dos objetivos deste trabalho é melhorar a qualidade da informação
contábil transmitidas a seus usuários, o capitulo 3 trata de uma forma resumida a
informação contábil, as características que ela deve possuir para ser considerada
um confiável instrumento para tomada de decisões e os usuários destas
informações.
2.1. Conceitos Referentes à Accrual Accounting
Accruals accounting são usados no sentido de provisões, estimativas e
acumulações. Genericamente, representam os elementos do resultado que, embora
pelo regime de caixa já se efetivaram, ainda não foram atribuídos na apuração do
resultado do exercício de acordo com o Regime de Competência.
“Os accruals representam a diferença entre o lucro contábil de uma empresa
e o seu fluxo de caixa subjacente”. (Chan, Jegadeesh e Lakonishok 2001, apud
COLAUTO; BEAUREN, 2007, p. 2)
14
De forma ampla, classifica-se qualquer ajuste contábil, resultante da
diferença entre o lucro líquido ou prejuízo do período e os fluxos de caixa como
accruals accounting. Uma definição abrangente de accruals é contemplá-lo como a
diferença entre o lucro líquido ou prejuízo do período e o dinheiro resultante do fluxo
de caixa das atividades operacionais, de financiamentos e de investimentos
(RICHARDSON et al., 2001, apud COLAUTO; BEAUREN, 2007, p. 3).
Segundo Martinez (2001, p.15):
A expressão accruals, salvo melhor juízo pode ser traduzidas em português por “acumulação”. Accrual é derivado do verbo latino accrescere, é sinônimo de accretion (The Oxford Universal Dictionary Historical Principles; Third Edition). A eventual objeção de que accrual pode redundar em redução do lucro – o que não constituiria acumulo no sentido de aumento, cabe esclarecer que se trata de acumulo como soma algébrica que, adicionando valores positivos ou negativos pode resultar em aumento ou diminuição, conforme a preponderância de parcelas positivas ou negativas.
Os accruals são todas as acumulações provenientes das contas de
resultado que entram no cômputo do lucro contábil, mas que não implicam
necessária movimentação de disponibilidades financeiras. Segmenta essas
acumulações em correntes e não correntes. Os Accruals Correntes referem-se aos
valores atribuídos ao resultado do período com contrapartida no Ativo ou Passivo
Circulante. Os Accruals não Correntes representam os valores presentes no
resultado do exercício com reflexo (contrapartida) em contas não circulantes
(MARTINEZ, 2001, apud COLAUTO; BEAUREN, 2007, p. 173). Como exemplos de
accruals, temos as vendas a prazo, as provisões, as amortizações ou os acréscimos
de custos.
Para Martinez (2001, p.16):
Quando se fala em acumulações (accruals) podemos ter acumulações correntes e não correntes. As acumulações correntes são aquelas contas de resultado que possuem como contrapartida contas no ativo ou passivo circulante. Já as acumulações não correntes são contas de resultado com contrapartida em contas que não estão no circulante.
O exemplo mais comum é a depreciação, o método de depreciação utilizado
pode ter um impacto negativo maior ou menor sobre o lucro, por exemplo,
depreciação acelerada tem maior um impacto negativo sobre o lucro em relação à
15
utilização do método de depreciação linear ou das cotas constantes considerando o
período inicial da vida útil do ativo.
Se levarmos em consideração a possibilidade de o gestor por motivos que
fogem das operações da empresa aumentar ou diminuir as acumulações surge a
necessidade didática de subdividir os accruals em discricionários e não
discricionários (Martinez 2001, p. 17). Os accruals discricionários são aqueles em
que as leis e as normas contábeis deixam margem de liberdade de decisão diante
de um caso concreto, de tal modo que o gestor pode optar por uma dentre várias
soluções possíveis, ou seja, poderia realizá-la ou não. Por outro lado, quando a
atuação da administração é amplamente definida por uma legislação, estabelecendo
uma única solução possível, diante de determinada situação de fato, diz-se que a
função administrativa é não discricionária.
Segundo COELHO; LOPES, (2005 p. 125, 126),
Assim, a questão repousa na intenção de se efetuar a apropriação. Se ela é devida no sentido de atender aos Padrões Contábeis vigentes ou se é escolhida no sentido de reduzir a assimetria informacional entre os gestores e os demais públicos da empresa, diz-se que as apropriações são não discricionárias. Ao contrário, se a apropriação é efetuada para atender a propósitos dos gestores e/ou dos proprietários de iludir os usuários da informação contábil, se está diante de apropriações discricionárias.
Esquematicamente, se têm as seguintes relações (Martinez, 2001):
AT = LL – FCOL
AT = AND + AD
Onde:
AT = Apropriações Totais;
LL = Lucro Líquido;
FCOL = Fluxo de Caixa Operacional Líquido;
AND = Apropriações não Discricionárias;
AD = Apropriações Discricionárias.
As informações originadas do processo de utilização de accruals, mesmo
consideradas incertas quanto aos futuros benefícios e obrigações financeiras da
entidade, são consideradas relevantes para os usuários da contabilidade. Por outro
lado são tidas como menos confiáveis que as informações sobre recebimentos e
16
pagamentos de caixa. Tal incerteza reforça a adoção do Princípio da Prudência ou
Conservadorismo na contabilidade.
Abaixo segue um diagrama sobre os conceitos discutidos:
FIGURA 1
(Martinez 2001, p. 19)
2.2. A Influência dos Accruals na Variação do CCL
Todas as empresas necessitam de informações para uma tomada de
decisão mais eficaz, e para isso dependem de um bom departamento contábil, que
irá fornecer aos gestores da empresa demonstrações contábil que os auxiliará na
tomada da decisão mais correta. Uma dessas demonstrações contábeis é chamada
de Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) que tem a finalidade de gerar
informações extremamente importantes sobre os pagamentos e recebimentos, em
dinheiro, de uma empresa em determinado período (Iudícibus, Martins e Gelbcke,
2008.p. 23).
Porem a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), não era uma
demonstração contábil obrigatória, em seu lugar era exigido pela lei n° 6.404/76 a
17
apresentação da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), que
tem o objetivo de apresentar ordenadamente as informações sobre operações de
investimento e financiamentos. No trabalho utilizado como base para a realização
deste foi utilizado a DOAR, pois foi escrito antes da chegada da nova lei das S/As
(Lei n°11.638/2007). Para Iudícibus, Martins e Gelbcke (2008.p. 23) a DOAR deve
ser esquecida como demonstração obrigatória. E, já a partir de 2008, é obrigatória a
apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).
A Demonstração dos Fluxos de Caixa indica toda a origem de liquidez que
entrou no caixa e proporciona para os gestores um melhor planejamento de tudo
que saiu do caixa em determinado período, isto é, ele mostra onde a empresa pode
aplicar melhor o dinheiro que sair do caixa (MARION, 2002, p. 380).
A DFC propicia ao gerente financeiro a elaboração de melhor planejamento
financeiro, pois uma economia tipicamente inflacionária não é aconselhável excesso
de caixa. (MARION, 2002, p. 381).
Almeida, (1996, p.216) quanto às modalidades de elaboração da DFC:
Existem duas modalidades para a elaboração da DFC. O método direto e o método indireto. A principal diferença é quanto à apresentação das atividades operacionais. A metodologia direta divulga informações mais complexas e de melhor qualidade, enquanto a indireta é mais simples, e, conseqüentemente, requer menos trabalho sua elaboração.
No método Indireto da DFC, utiliza-se basicamente o modelo da
Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. Dessa forma, a demonstração
é iniciada pelas origens das operações da empresa, com o Lucro Líquido e seus
ajustes, acrescentado das variações ocorridas nas contas do Circulante exceto o
Disponível. O total das origens das operações é o Caixa gerado pelas operações.
Após esse subtotal, são demonstradas outras entradas de caixa por recursos
aplicados pelos próprios acionistas (recursos próprios),
No método Direto, parte das entradas e saídas de caixa que ocorrem pelos
recebimentos de clientes e pagamentos a fornecedores ou despesas operacionais.
Esta vem a ser a diferença entre as duas formas de apresentação do Fluxo de caixa.
Assim, os fatos que geraram movimentações no caixa são divididos em três grupos,
de: Operações, Financiamentos e Investimentos.
18
O Capital Circulante Líquido, ou Capital de Giro Líquido, ou Capital de Giro a
Curto Prazo representa a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, e
assim podemos classificá-lo:
a) CCL próprio ou positivo: ocorrerá quando o valor do Ativo Circulante for
superior ao do Passivo Circulante;
b) CCL de terceiros ou negativo: ocorrerá quando o valor do Passivo
Circulante superar o do Ativo Circulante;
c) CCL nulo: ocorrerá quando os valores do Ativo e Passivo Circulante se
igualarem.
CCL = AC – PC
Onde:
CCL= Capital Circulante Líquido
AC= Ativo Circulante.
PC= Passivo Circulante.
O capital circulante líquido reflete a folga financeira da empresa, e dentro de
um conceito mais rigoroso, Assaf Neto e Silva (1997) defendem que consubstancia
se no volume de recursos de longo prazo (exigibilidades e patrimônio líquido) que se
encontra financiando os ativos correntes (de curto prazo). Os autores explicam que,
o entendimento abrangente do capital circulante líquido processa-se através da
parcela de recursos de longo prazo que excede as aplicações de longo prazo. Nesse
aspecto, representa a diferença entre o total do Patrimônio Líquido e Exigível em
Longo Prazo (passivos não circulantes) com o total do Ativo Permanente e Ativo
Realizável em Longo Prazo (ativos não circulantes) (Assaf Neto e Silva 1997, apud
COLAUTO; BEAUREN, 2007, p. 5)
Para COLAUTO; BEAUREN (2007, p. 6) Todavia, a variação do capital
circulante líquido contempla também recursos originados de operações próprias da
empresa. Neste item, as operações da empresa representam-se por meio do lucro
ou prejuízo contábil do período. Tanto no lucro como no prejuízo existem accruals. A
seguir encontram-se alguns exemplos de accruals presentes no resultado do período
e que provocam alterações no CCL, mas não afetam imediatamente o caixa ou o
19
equivalente a caixa, são as Variações em Duplicatas a Receber, Fornecedores,
Provisões para Devedores Duvidosos, Provisões para Décimo Terceiro Salário e
Encargos Sociais, Férias e Encargos Sociais, Contingências Trabalhistas, Impostos,
Taxas e Contribuições, Provisões para Contingências e baixa do ativo entre outras.
Diz ainda:
Algumas alterações no capital circulante líquido provocam modificações imediatas no fluxo de caixa da empresa, outras, porém, provocarão alterações no maior ou menor prazo, uma vez que toda movimentação contábil em determinado momento passará pelo caixa. Assim, o que diferencia as transações que envolvem as contas do ativo e passivo circulantes daquelas que provocam acréscimos e decréscimos no fluxo de caixa da empresa é o aspecto temporal. Por essa perspectiva, acredita-se que o conceito de accruals possa ser ampliado ao utilizar a diferença entre a variação do capital circulante líquido e o lucro contábil do período, em detrimento à diferença entre o fluxo de caixa operacional e o lucro contábil.
A quantidade destes lançamentos no resultado do exercício dependerá do
tipo de operação da empresa e de certas estimativas e avaliações realizadas pelos
seus gestores. Porém se considerarmos a possibilidade de que eventualmente o
gestor possa de maneira alheia as operações da empresa aumentar ou diminuir
estas acumulações, chegamos então a uma questão: Qual a influencia dos Accruals
no Lucro ou Prejuízo contábil?
2.3. O Impacto dos Accruals no Lucro ou Prejuízo Contábil
Gordon (1964) iniciou uma linha de investigação sobre o gerenciamento de
resultados. Formulou uma teoria empírica testável para romper com a tradicional
abordagem normativa. Argumentou que a contabilidade não tinha somente o objetivo
de medir a riqueza das entidades, mas também sua maximização. Partiu do
pressuposto de que os gestores optam por políticas contábeis que permitem o
gerenciamento temporal do resultado, na tentativa de induzirem uma menor
volatilidade na rentabilidade das ações. A hipótese assume que o investidor não tem
uma capacidade de identificar possíveis manipulações no resultado divulgado e de
reajustar a informação contábil para análises prospectivas. (GORDON 1964, apud
COLAUTO; BEAUREN 2007, p. 174)
20
O mesmo Gordon assumiu, também, que o mercado é ineficiente. Ele
defende que o mercado considera somente as informações contábeis evidenciadas
aos usuários, e não os procedimentos utilizados para obtenção de informações. Por
essa razão, o gestor das organizações pode preocupar-se em selecionar
procedimentos que permitam aumentar ou reduzir o resultado do período e suas
taxas de crescimento ou decrescimento. Tais procedimentos podem influenciar na
variação do resultado do período e conduzir a maior estabilidade no mercado, uma
vez que os resultados apurados pelo processo contábil manteriam maior
uniformidade de evolução ou involução. (GORDON 1964, apud COLAUTO;
BEAUREN 2007, p. 174)
De acordo com COLAUTO; BEAUREN (2007, p. 174):
Em analogia ao direito, discricionariedade e não discricionariedade, no âmbito da contabilidade, está intrinsecamente relacionada à possibilidade de escolher um determinado procedimento contábil, quando existir uma ou mais alternativas igualmente aceitas. Por conseguinte, o poder discricionário inerente e próprio do processo contábil tem gerado discussões quanto a possíveis nichos para o gerenciamento de resultados.
Nesse contexto, discricionariedade é o poder de agir dentro de certos limites
legais. O termo discricionariedade é empregado no direito administrativo como a livre
escolha, pela administração, da oportunidade e conveniência de exercer o poder de
polícia, bem como aplicar as sanções e empregar os meios conducentes a atingir o
objetivo final, que é a proteção de alguns interesses públicos. (Meirelles 1964, p. 128
- apud COLAUTO; BEAUREN 2007, p. 174)
É importante lembrar que “gerenciamento” de resultado não é fraude, pois
opera dentro dos limites da legislação contábil, ou seja, no ponto em que as normas
contábeis facultam certa discricionariedade para os gestores, onde os mesmos
fazem suas escolhas podendo ou não apresentar a realidade econômico-financeira
da empresa. O ponto é que os accruals podem ser manipulados, usados de uma
forma oportunista, introduzindo distorções na informação contábil, em benefício de
alguns.
Considerando a flexibilidade que os gestores possuem hoje para decidir
sobre o método contábil que trará mais vantagem para a organização, os usuários
externos deveriam separar a realidade da empresa das distorções oriundas destes
21
ajustes. Porém para que isso aconteça é necessário que estes conheçam as
práticas adotadas por estes gestores para a elaboração dos demonstrativos.
3 A INFORMAÇÃO CONTÁBIL, SUA QUALIDADE E USUÁRIOS
Com os recentes escândalos financeiros envolvendo grandes empresas
internacionais como Enron, Arthur Andersen, WorldCom, Xerox, Tyco, Global
Crossing, Adelphia e Merck, e nacionais como o Banco Nacional e a Parmalat, a
qualidade das informações apresentadas pelas empresas passou a ser questionada,
pois não se sabe até que ponto estas apresentam a verdadeira realidade da
entidade, ou se foram ajustadas para atender a determinados usuários como os
citados acima. Martinez (2001, p. 38) em seu trabalho escreve sobre possíveis
incentivos que levam os “gestores” a realizarem o “gerenciamento” dos resultados
contábeis, são eles:
Motivações vinculadas ao Mercado de Capitais: o amplo uso das
informações contábeis pelo investidor e analistas na avaliação de ações
cria incentivo para que os administradores “gerenciem” os resultados
contábeis.
Motivações Contratuais: tais motivações originam-se na literatura como
Teoria Positiva da Contabilidade (PAT) que encara a contabilidade como
instrumento para monitorar e regular os contratos entre a empresa e
muitos dos seus grupos de interesse.
Compensação: boa razão para os gerentes praticarem o “gerenciamento”
de resultados pode ser encontrada no seu pacote de remuneração.
Empréstimos e suas Convenções: outras motivações também associada
à teoria positiva da contabilidade está ligada às convenções contratuais
celebradas entre uma firma e seus credores.
Motivações Regulamentares e Custo Político: a Literatura sobre
“gerenciamento” de resultados contábeis explora também, os efeitos da
regulamentação sobre as firmas e os aspectos vinculados a custos
22
políticos. A literatura comprova que as firmas gerenciam seus resultados
quando possuem lucros muito elevados, ou resultados acima da media
de outros setores como propósito de evitar desgaste ou despertar inveja
de outros setores, que poderiam alegar práticas de cartel ou monopólio.
O quadro abaixo mostra alguns tipos de “Gerenciamento” de Resultados:
FIGURA 2
(Martinez 2001, p. 43)
Martinez (2001, p.43) explica os tipos de “gerenciamento” de resultado
apresentados na Figura 2 da seguinte forma:
1) Target Earnings: “gerenciamento” dos resultados contábeis para aumentar
ou diminuir os lucros. Os resultados são “gerenciados” de modo a atingir
determinadas “metas” de referencia que podem ser acima ou abaixo do
resultado do período.
2) Income Smoothing: “gerenciamento” dos resultados contábeis para reduzir
a variabilidade. O propósito é manter os resultados em determinado
patamar e evitar sua excessiva flutuação.
3) Big Bath Accounting: “gerenciamento” dos resultados para reduzir lucros
correntes em prol de lucros futuros. As empresas gerenciam os seus
23
resultados correntes piorando-os, tendo como propósito ter melhores
resultados futuros.
3.1. A Informação Contábil
MATARAZZO (1998) define informações e dados da seguinte forma: Dados
são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provocam
nenhuma reação no leitor. Informações representam, para quem as recebe uma
comunicação que pode produzir reação ou decisão, freqüentemente acompanhada
de um efeito-surpresa.
A Contabilidade tem por fim produzir informações verídicas sobre o
patrimônio empresarial para os seus diversos tipos de usuários. Tais informações,
além de verdadeiras, devem ser íntegras e claras quanto às quantidades e
qualidades dos termos físicos e monetários da entidade.
Segundo o CPC-0 (2008, p 7):
O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2001, p 110) na NBC T – 1
estabelece que:
As informações geradas pela Contabilidade devem propiciar aos seus usuários base segura às suas decisões pela compreensão do estado em que se encontra a entidade ou a empresa, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferecem.
Segundo Iudícibus (1997:20): “A função da contabilidade permanece
praticamente inalterada através dos tempos, ou seja, quando a prover informações
úteis ao usuário para tomada de decisões econômicas”.
A produção das informações contábeis é apoiada de forma ampla pela
Estrutura Conceitual Básica aprovada pela Deliberação CVM nº 29/86 que ajuda aos
elaboradores das demonstrações contábeis, administradores, contadores, analistas,
24
investidores e auditores na aplicação e entendimento dos critérios de avaliação de
itens patrimoniais e normas e práticas contábeis. Essa estrutura conceitual básica
ajuda também os usuários na interpretação do conjunto das demonstrações
contábeis ao avaliar e inferir sobre os números e informações contidas nessas
demonstrações.
Essas informações são transmitidas através de demonstrativos contábeis.
Tem-se como demonstrações contábeis para usuários externos as consideradas
tradicionais como Balanço Patrimonial (BP), Demonstração de Resultado do
Exercício (DRE), Demonstrações de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR),
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) que passou a ser obrigatória com a Lei
nº11. 638/07, Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e
Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Para os usuários Internos além das
demonstrações destinadas aos usuários externos, podemos incluir relatórios
específicos de cada setor da organização como Produção, Financeiro, Contabilidade
etc.
Para Martinez (2001, p. 20), vários são os “agentes” que podem influenciar
os relatórios gerados pela contabilidade, dentre eles podemos citar:
Órgãos Reguladores;
Investidores;
Gestão;
Auditores;
Intermediários.
3.2. A Qualidade da Informação Contábil
Uma das formas de avaliar a qualidade da informação contábil é por meio da
analise de algumas qualidades ou características, tais como: compreensibilidade,
relevância, confiabilidade e comparabilidade.
25
3.2.1. Compreensibilidade
Segundo o CPC-0 (2008, p 10, 11):
Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas demonstrações contábeis é que elas sejam prontamente entendidas pelos usuários. Para esse fim, presume-se que os usuários tenham um conhecimento razoável dos negócios, atividades econômicas e contabilidade e a disposição de estudar as informações com razoável diligência. Todavia, informações sobre assuntos complexos que devam ser incluídas nas demonstrações contábeis por causa da sua relevância para as necessidades de tomada de decisão pelos usuários não devem ser excluídas em nenhuma hipótese, inclusive sob o pretexto de que seria difícil para certos usuários as entenderem.
Compreensibilidade revela a qualidade da informação contábil que deve ser
exposta da forma mais compreensível possível, para que o Usuário possa,
efetivamente, entendê-la e utilizá-la de forma plena nas tomadas de decisão.
(IUDÍCIBUS, 2000, p 77).
3.2.2. Relevância
Segundo o CPC-0 (2008, p 14, 15):
Para serem úteis, as informações devem ser relevantes às necessidades dos usuários na tomada de decisões. As informações são relevantes quando podem influenciar as decisões econômicas dos usuários, ajudando os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros ou confirmando ou corrigindo as suas avaliações anteriores. As funções de previsão e confirmação das informações são inter-relacionadas. Por exemplo, informações sobre o nível atual e a estrutura dos ativos têm valor para os usuários na tentativa de prever a capacidade que a entidade tenha de aproveitar oportunidades e a sua capacidade de reagir a situações adversas. As mesmas informações têm o papel de confirmar as previsões passadas sobre, por exemplo, a forma na qual a entidade seria estruturada ou o resultado de operações planejadas.
26
3.2.3. Confiabilidade
Segundo o CPC-0 (2008, p 12):
Para ser confiável, a informação deve representar adequadamente as transações e outros eventos que ela diz representar. Assim, por exemplo, o balanço patrimonial numa determinada data deve representar adequadamente as transações e outros eventos que resultam em ativos, passivos e patrimônio líquido da entidade e que atendam aos critérios de reconhecimento.
A Confiabilidade é a qualidade (atributo) que faz com que o usuário aceite a
informação contábil e a utilize como base para suas decisões, tornando-se assim um
elo fundamental entre o usuário e a própria informação (IUDÍCIBUS, 2000, p 77).
3.2.4. Comparabilidade
Segundo o CPC-0 (2008, p 14):
Os usuários devem poder comparar as demonstrações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências na sua posição patrimonial e financeira e no seu desempenho. Os usuários devem também ser capazes de comparar as demonstrações contábeis de diferentes entidades a fim de avaliar, em termos relativos, a sua posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações na posição financeira. Conseqüentemente, a mensuração e apresentação dos efeitos financeiros de transações semelhantes e outros eventos devem ser feitas de modo consistente pela entidade, ao longo dos diversos períodos, e também por entidades diferentes.
A Comparabilidade deve propiciar ao usuário o discernimento da evolução,
no tempo, da entidade observada, ou comparações entre entidades distintas, não
devendo, entretanto, constituir entrave para evolução qualitativa da informação
(IUDÍCIBUS, 2000, p 77).
27
3.3. Usuários das Informações Contábeis
Segundo o CPC 0:
Entre os usuários das demonstrações contábeis incluem-se investidores atuais e potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Eles usam as demonstrações contábeis para satisfazer algumas das suas diversas necessidades de informação.
São considerados usuários segundo o CPC 0:
Investidores: Os provedores de capital de risco e seus analistas que se
preocupam com o risco inerente ao investimento e o retorno que ele
produz. Eles necessitam de informações para ajudá-los a decidir se
devem comprar, manter ou vender investimentos. Os acionistas também
estão interessados em informações que os habilitem a avaliar se a
entidade tem capacidade de pagar dividendos.
Empregados: Os empregados e seus representantes estão interessados
em informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus
empregadores. Também se interessam por informações que lhes
permitam avaliar a capacidade que tem a entidade de prover sua
remuneração, seus benefícios de aposentadoria e suas oportunidades de
emprego.
Credores por empréstimos: Estes estão interessados em informações
que lhes permitam determinar a capacidade da entidade em pagar seus
empréstimos e os correspondentes juros no vencimento.
Fornecedores e outros credores comerciais: Os fornecedores e outros
credores estão interessados em informações que lhes permitam avaliar
se as importâncias que lhes são devidas serão pagas nos respectivos
vencimentos. Os credores comerciais provavelmente estarão
interessados em uma entidade por um período menor do que os credores
por empréstimos, a não ser que dependam da continuidade da entidade
como um cliente importante.
28
Clientes: Os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade
operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento
a longo-prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante.
Governo e suas agências: Os governos e suas agências estão
interessados na destinação de recursos e, portanto, nas atividades das
entidades. Necessitam também de informações a fim de regulamentar as
atividades das entidades, estabelecerem políticas fiscais e servir de base
para determinar a renda nacional e estatística semelhantes.
Público: As entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas
podem, por exemplo, fazer contribuição substancial à economia local de
vários modos, inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores
locais. As demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo
informações sobre a evolução do desempenho da entidade e os
desenvolvimentos recentes.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O delineamento da pesquisa configura-se em um estudo descritivo, com
abordagem lógica dedutiva. Para o desenvolvimento prático deste trabalho foi
necessário coletar os dados referentes ao ano de 2008 de sete empresas de capital
aberto. Como este trabalho é a atualização de um artigo, deu-se prioridade às
mesmas empresas utilizadas no anterior. Porém este critério não pode ser seguido,
pois algumas empresas que compunham a população anterior, não apresentaram
junto à CVM as demonstrações do período em questão, devido a isso foram elas
substituídas por outras que estavam listadas no site da Bovespa por setor de
atuação. As empresas que ficaram fora desta pesquisa foram Acesita e Tubarão
pela não apresentação das demonstrações contábeis, e a CSN por ser controlada
de outra empresa da população pesquisada. No lugar delas entraram Kepler Weber,
Vicunha e Ferbasa.
As demonstrações utilizadas foram coletadas junto as site da CVM e são
elas: Balanço Patrimonial (PL), Demonstração de Resultado do Exercício (DRE),
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e as Notas Explicativas. No Artigo que
29
serviu de base para este trabalho foi utilizado a Demonstração das Origens e
Aplicações de Recursos (DOAR), porém com a substituição da lei n° 6.404/76 pela
n°11.638/2007 a DOAR passou a não ser mais uma demonstração obrigatória
(capitulo XV, Art. 188), portanto, neste trabalho foi utilizada a Demonstração dos
Fluxos de Caixa (DFC) que passou a ser obrigatoria. A exemplo do anterior também
foi usado na análise dos reflexos do accrual accounting no lucro ou prejuízo contábil
técnicas descritivas, tendo como suporte ferramental estatístico o software SPSS 18.
No artigo base, foram realizadas as seguintes análises:
o Freqüência;
o Ajustes dos resultados (antes e depois das acumulações);
o Gráficos de dispersão do resultado do período;
o Estatística descritiva da influência dos accruals no resultado;
o Coeficientes de correlação do setor de siderurgia e metalurgia por
clusters.
o Diagramas de dispersões das correlações do setor de siderurgia e
metalurgia dos clusters 1 e 2. O critério utilizado para o
agrupamento em clusters foi o resultado do período apresentado
pelas empresas no ano de 2008.
A análise da influência do accrual accounting no lucro ou prejuízo contábil
nas sociedades anônimas abertas selecionadas é apresentada em duas etapas.
Inicialmente, são expostos os accruals localizados na pesquisa de campo no setor
de siderurgia e metalurgia, segmentando-os em componentes correntes e não
correntes. Após isso, são verificados se tais componentes interferem ou não no
resultado líquido do período. Para tanto, analisa-se estatisticamente se o lucro ou
prejuízo do período divulgado aos usuários externos é substancialmente modificado
pela reincorporação dos componentes dos accruals.
Na segunda etapa, calcula-se o coeficiente de correlação de Pearson entre o
resultado líquido do período e a variação do capital circulante líquido (VCCL) para
verificar a força da relação entre essas duas variáveis. Após, repete-se o
procedimento com o resultado do período ajustado pelos accruals correntes e não
correntes. O produto da associação da variável independente (lucro ou prejuízo do
período) e a variável dependente (variação do capital circulante líquido) denotam a
30
força de associação entre ambas quando se consideram as estimativas referentes
aos accruals correntes e não correntes previstos no modelo contábil à base do
regime de competência.
O coeficiente de correlação de Pearson é uma medida do grau de relação
linear entre duas variáveis quantitativas. Este coeficiente varia entre os valores -1 e
1. O valor 0 (zero) significa que não há relação linear, o valor 1 indica uma relação
linear perfeita e o valor -1 também indica uma relação linear perfeita mas inversa, ou
seja quando uma das variáveis aumenta a outra diminui. Quanto mais próximo
estiver de 1 ou -1, mais forte é a associação linear entre as duas variáveis.
O coeficiente de correlação de Pearson é normalmente representado pela
letra r e a sua fórmula de cálculo é:
A interpretação de r pode ser feita da seguinte forma:
Coeficiente de Correlação
Correlação
r = 1 Perfeita positiva
0,8 < r < 1 Forte positiva
0,5 < r < 0,8 Moderada positiva
0,1 < r < 0,5 Fraca positiva
0 < r < 0,1 Ínfima positiva
0 Nula
-0,1 < r < 0 Ínfima negativa
-0,5 < r < -0,1 Fraca negativa
-0,8 < r < -0,5 Moderada negativa
-1 < r < -0,8 Forte negativa
r = -1 Perfeita negativa Quadro 1 - Interpretação de r de Pearson.
31
4.1. Caracterização da população amostral
População é o objeto de estudo, podendo ser uma população biológica ou
uma área de estudo. Esses elementos são as unidades de análise sobre as quais
serão recolhidas as informações.
Para o desenvolvimento prático deste trabalho a população amostral
escolhida foi de empresas que pertencem ao setor de Siderurgia e Metalurgia. Em
muitos casos, a base para a pesquisa é definida segundo o tamanho das
companhias classificadas por revistas ou instituições especializadas. Como a base
para a realização deste já estava definida, só foram realizadas as substituições das
empresas impossibilitadas de participar desta atualização. A amostra sob estudo é
apresentada no Quadro 1.
SETOR DE SIDERURGIA E METALURGIA
Caraíba Metais S.A
Kepler Weber S.A
Cia Ferro Ligas Bahia Ferbasa
Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A
Vicunha Siderurgia S.A
Aços Viallares S.A
Gerdau S.A
Quadro 2 - Companhias abertas que compõem a amostra analisada.
4.2. Setor de Siderurgia e Metalurgia
A siderurgia brasileira é considerada hoje uma indústria competitiva em nível
mundial, apresentando um dos mais baixos custos de produção entre os principais
países produtores. Possui um parque industrial relativamente moderno e coloca no
mercado produtos com qualidade compatível com as exigências das indústrias
consumidoras, exceto para algumas linhas consumidas pelo setor automotivo.
32
5 ANÁLISE DOS IMPACTOS DOS ACCRUALS NA VARIAÇÃO DO CAPITAL
CIRCULANTE LÍQUIDO
A análise dos reflexos dos accruals no lucro contábil se fundamenta em
evidências dos componentes encontrados nas demonstrações contábeis, inerentes e
próprias do processo de apuração do lucro contábil segundo o Regime de
Competência.
A idéia subjacente consubstancia-se em entender, por meio de indicadores
estatísticos descritivos, os nexos causais significativos entre o resultado contábil da
população amostral pesquisada e os componentes dos accruals atribuídos no
exercício social
Na Tabela 1, são evidenciados os componentes dos accruals resultantes do
processo analítico das demonstrações contábeis das companhias que compõem a
amostra.
Tabela 1 – Estatística descritiva dos componentes dos accruals accounting correntes.
Componentes dos Accruals Accounting Correntes Freqüência Freqüência em %
Accruals Correntes do Ativo
Variação de Duplicatas a Receber 7 100
Variação no Estoque 7 100
Variação de Outros Créditos a Receber 7 100
Variação Despesas Exercício Seguinte 7 100
Provisão para créditos de Liquidação duvidosa 2 29
Accruals Correntes do Passivo
Variação de outras contas a pagar 7 100
Variação de Fornecedores 7 100
Variação de Impostos a Recolher 7 100
Provisão para salários e encargos sociais 7 100
Provisão para contingencia tributária 4 57
Provisão para contingencia trabalhistas 6 86
Provisões para ações cíveis 6 86
Accruals não Correntes
Depreciação, amortização e exaustão 7 100
Valor Residual de baixa de imobilizado 7 100
Resultado equivalência patrimonial 7 100
Outros 6 86
Imposto Renda e Contribuição Social Diferidos 7 100
Provisão para contingencia 6 86
33
Os componentes correntes dos accruals estão segmentados em
componentes do ativo e do passivo. A freqüência mostra o número de companhias
que utilizou cada componente no exercício social do ano de 2008, e a freqüência em
percentual evidencia o número de companhias que fizeram uso dos componentes
dos accruals no período em relação à amostra total.
Os dados apresentados na tabela 1 fornecem importantes informações
sobre a realidade das companhias abertas do setor de Siderurgia e Metalurgia que
compõem a amostra. Nela podemos verificar que apenas o componente provisão
para créditos de liquidação duvidosa, accrual corrente do ativo, não foi encontrado
em todas as empresas que fazem parte da população analisada. Essa evidencia
demonstra que os componentes que foram apresentados fazem parte das atividades
operacionais das companhias.
Os componentes dos accruals não correntes se referem aos itens utilizados
para ajustar o lucro ou prejuízo do exercício na Demonstração do Fluxo de Caixa
(DFC) e na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Eles representam os
elementos que, embora tenham afetado o resultado do período, não interferem no
Capital Circulante Líquido (CCL) das companhias no mesmo período.
Os accruals não correntes que se referem à Depreciação, amortização e
exaustão, Valor Residual de baixa de imobilizado, Resultado equivalência
patrimonial e Imposto Renda e Contribuição Social Diferidos são encontrados em
todas as empresas, enquanto Outros accruals e Provisão para contingencia são
reportados em 86% das empresas.
A fim de analisar os reflexos dos accruals no lucro ou prejuízo contábil foram
realizados os ajustes utilizando os componentes dos accrual anteriormente
encontrados. Estes componentes foram adicionados ou excluídos do lucro contábil
que, em princípio, não tem interferência imediata nos recursos financeiros das
companhias, conforme é apresentado na Tabela 2.
Tabela 2–Ajuste do resultado do período pelos accruals no setor de siderurgia e metalurgia em
milhares de reais.
EMPRESAS Resultado do Período
Accrual Corrente
Accrual não Corrente
Total de Accruals
Resultado Ajustado
Caraíba Metais S.A 12.114 337.293 26.592 363.885 375.999
Kepler Weber S.A -3.312 -33.816 19.218 -14.598 -17.910
CIA Ferro Ligas Bahia Ferbasa 336.008 -112.810 30.380 -82.430 253.578
34
Usiminas S/A 3.224.433 -2.730.742 129.592 -2.601.150 623.283
Vicunha Siderurgia S.A 1.997.006 1.986.250 2.163.752 4.150.002 6.147.008
Aços Viallares S.A 391.776 -55.770 37.932 -17.838 373.938
Gerdau S.A 2.881.243 12.850 2.522.872 2.535.722 5.416.965
Os dados coletados revelam heterogeneidade quanto aos valores dos
accruals correntes e não correntes em todos os setores que pertencem às amostras.
Não faz parte do escopo do trabalho investigar se os accruals são empregados com
a finalidade de aumentar ou reduzir os resultados do período com intenções de
gerenciar o resultado. Em algumas empresas observam-se acréscimos moderados e
acentuados nos resultados do período. Em outras reduções significativas. Estas
alterações podem ser visualizadas nos gráfico de dispersão com linha de tendência
apresentados no Quadro 2.
Quadro 3 – Graficos de dispersão do resultado do periodo e resultado do periodo ajustado com as
linhas de tendencias do setor de siderurgia e metalurgia
O gráfico demonstra oscilações nas dispersões dos lucros ou prejuízos
provocadas pelos ajustes dos accruals aos resultados nos períodos.
Na Tabela 3, são apresentadas as principais estatísticas descritivas para o
setor.
35
Tabela 3–Estatística descritiva da influência dos accruals no resultado.
SETOR / EMPRESAS Média Desvio Padrão Mediana Máximo Mínimo
Resultado do Período 1.262.753 1.401.862 391.776 3.224.433 -3.312
Accrual Corrente -85.249 1.383.364 -33.816 1.986.250 -2.730.742
Accrual não Corrente 704.334 1.125.043 37.932 2.522.872 19.218
Total de Accruals 619.085 2.155.430 -14.598 4.150.002 -2.601.150
Resultado Ajustado 1.881.837 2.679.376 375.999 6.147.008 -17.910
Os dados revelam que os desvios padrões se comportam de forma
homogênea, sempre acima da média e mediana no setor. No que diz respeito aos
ajustes do resultado do exercício pelos componentes do accruals, as empresas
apresentaram os resultados acrescidos, quando ajustados pelos respectivos
accruals. Exceção ocorre com a empresa Caraíba Metais que mostrou redução do
resultado após os ajustes. Não obstante, é nítida a interferência dos componentes
no resultado das companhias.
6 ANÁLISE DOS COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO ENTRE O RESULTADO DO
PERIODO E A VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LIQUIDO
Para verificação dos impactos dos accruals na variação do capital circulante
líquido calculou-se o coeficiente de correlação de Pearson entre o resultado líquido
do período e a variação do capital circulante líquido.
Foi adotada a análise de clusters hierárquicos como técnica de agrupamento
das variáveis sob pesquisa a fim de tornar as amostras mais parecidas. Para a
realização deste agrupamento utilizou-se o resultado do período apresentado pelas
empresas participantes da amostra do ano de 2008. Feito isso se chegou aos
seguintes grupos:
Cluster 1: Usiminas, Gerdau e Vicunha;
Cluster 2: Villares, Ferbasa e Caraíba.
36
Após o agrupamento das empresas em clusters apresenta-se, primeiro, o
coeficiente de associação entre o lucro ou prejuízo contábil e a variação do capital
circulante líquido (VCCL) aos clusters que possibilitaram a efetivação das
correlações. A seguir ajusta-se o resultado do exercício a fim de anular o efeito dos
accruals correntes e não correntes e repete-se o cálculo do coeficiente entre estas
variáveis.
Nesse sentido, para uma melhor visualização e um maior detalhamento do
impacto de cada conjunto de accruals, são apresentadas, separadamente, as
correlações entre o resultado ajustado pelos accruals correntes do ativo, do passivo
e pelos não correntes. Por último, é apresentada a correlação com da VCCL e o
resultado do exercício ajustado pelo total dos accruals (correntes e não correntes).
O resultado da associação da variável independente (lucro ou prejuízo
contábil) e a variável dependente (variação do capital circulante líquido) indicarão a
força entre ambas variáveis quando se consideram as estimativas referentes aos
accruals correntes e não correntes previstos no modelo contábil à base do regime de
competência.
Na Tabela 4 são identificados os respectivos resultados das correlações
para o setor analisado.
Para uma melhor interpretação dos números apresentados, é necessário
entender que a correlação nunca pode ser maior do que 1 ou menor do que -1. Uma
correlação próxima a zero indica que as duas variáveis não estão relacionadas. Uma
correlação positiva indica que as duas variáveis movem juntas, e a relação é forte
quanto mais a correlação se aproxima de um.
Uma correlação negativa indica que as duas variáveis movem-se em
direções opostas, e que a relação também fica mais forte quanto mais próxima de -1
a correlação ficar. Duas variáveis que estão perfeitamente correlacionadas
positivamente (r=1) movem-se essencialmente em perfeita proporção na mesma
direção, enquanto dois conjuntos que estão perfeitamente correlacionados
negativamente movem-se em perfeita proporção em direções opostas.
Tabela 4 – Coeficientes de correlação do setor de siderurgia e metalurgia por clusters.
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3
Usiminas S.A
Aços Viallares S.A
Kepler Weber S.A
Gerdau S.A
Ferbasa
37
Vicunha Siderurgia S.A
Caraíba Metais S.A
COEFICIENTES DE CORRELAÇÕES PEARSON DO CLUSTER 1 ( r )
Correlação entre VCCL e Resultado do Período
-0,448
Correlação entre VCCL e Resultado Ajustado pelos Accruals Correntes
0,042
Correlação entre VCCL e Resultado Ajustado pelos Accruals não Correntes
-0,792
Correlação entre VCCL e Resultado Ajustado pelos Total de Accruals
-0,145
COEFICIENTES DE CORRELAÇÕES PEARSON DO CLUSTER 2
Correlação entre VCCL e Resultado do Período
-0,992
Correlação entre VCCL e Resultado Ajustado pelos Accruals Correntes
0,576
Correlação entre VCCL e Resultado Ajustado pelos Accruals não Correntes
0,990
Correlação entre VCCL e Resultado Ajustado pelos Total de Accruals
0,507
De acordo com os resultados obtidos após a realização dos cálculos dos
coeficientes de correlação de Pearson e apresentados na Tabela 4 podemos
concluir que no cluster 1 com exceção da correlação entre o VCCL e Resultado
Ajustado pelos Accruals Correntes que se apresentou positivo, os demais
coeficientes foram negativos.
No cluster 2 com exceção da correlação entre VCCL e Resultado do Período
que se apresentou como forte negativa, todas as outras apresentaram correlações
positivas entre moderada e forte.
7 CONCLUSÃO
O propósito de analisar empiricamente os impactos na variação do capital
circulante líquido no setor de Siderurgia e Metalurgia pelos accruals possibilitou
comprovar que o lucro ou prejuízo do período é substancialmente modificado pela
re-incorporação dos componentes correntes e não correntes dos accruals que não
interferem simultaneamente no fluxo financeiro das empresas.
Considera- se que o usuário da informação contábil, sobretudo os
investidores potenciais e gestores, necessitam conhecer o processo utilizado na
apuração do resultado contábil, em especial, as variáveis que alteram os recursos
captados utilizados nas atividades operacionais da empresa, mas que não interferem
simultaneamente no fluxo de recursos financeiros para tomar decisões mais eficazes
e com maior segurança.
38
Ajustando-se o resultado do período pelos componentes dos accruals, foi
possível observar que, nos dois clusters, houve reflexo no lucro ou prejuízo
evidenciado aos usuários da contabilidade. Todavia, os testes realizados não
vislumbram conhecer a intencionalidade dos gestores promoverem práticas
contábeis com intenção subjacente de gerenciamento de resultados.
Quanto às limitações da pesquisa, vale ressaltar que, as conclusões ficam
restritas às amostras utilizadas. Devido às características de seleção da amostra
(todas as empresas são sociedades anônimas de capital aberto).
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Marcelo C. Contabilidade Intermediária. São Paulo: Atlas, 1996.
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