análise de contextos profissionais
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Universidade do Algarve
Escola Superior de Educação e Comunicação
Educação Social
Unidade Curricular de Análise de Contextos Profissionais
2º Ano – 1º Semestre
Análise Territorial ILHA/PRAIA DE FARO
Docentes:
Bernardete Sequeira e Vanessa Sousa
Discentes:
Ana Abreu, aluna n.º 1757; Ricardo da Palma, aluno n.º 43043; Rita
Gonçalves, aluna n.º 41807 e Telvia Costa, aluna n.º 43728.
Faro e UAlg-ESEC, Novembro de 2011
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No âmbito da Unidade Curricular de Análise de Contextos Profissionais, foi escolhido um
contexto territorial da Ilha de Faro. A ilha de Faro faz parte do Parque Natural da Ria
Formosa, que é um sistema lagunar, separado do mar por um cordão arenoso e que é
interrompido em diversos sítios possibilitando a comunicação da Ria com o mar. Os
recursos naturais da Ria conferem-lhe uma enorme importância económica, sendo
destacada pelos seus próprios recursos (fauna e flora) e condições climatéricas. A
fragilidade deste sistema costeiro e o conjunto de pressões que nele se fazem sentir
tornam necessário a implementação de uma estratégia de ordenamento e gestão (Lage,
2009). A Ria Formosa, situada na península do Ancão é a parte mais ocidental da Ria
Formosa, é um sistema ecológico constituído por cinco ilhas barreira e duas penínsulas.
A ligação desta Ilha ao continente é artificial, e faz-se através de uma ponte rodoviária,
construída em 1957 (Saraiva, com.pess.), sendo a orientação de trânsito comandada por
semáforos onde a circulação nos 2 sentidos se faz alternadamente.
Até aos anos 30 a Ilha de Faro era apenas habitada por pescadores, sendo que a partir
desta altura as pessoas que ali se deslocavam por lazer começaram também a construir
as suas casas de férias (Saraiva, com.pess.).
A Ilha de Faro pertence à freguesia do Montenegro, concelho de Faro. Segundo dados do
INE, a população em 2001 era de 381 habitantes, atualmente estão recenseados cerca
de 400 pessoas, mas vivem na ilha cerca de 700 (Junta Freguesia de Montenegro, com
pess). Segundo, Carlos Flor e Giberto Saraiva (com. pess) existem 102 casas de 1ª
habitação na Ilha de Faro, sendo no total cerca de 700 casas que alojam as cerca de
4000 pessoas nos meses de Verão.
A tipologia deste território é de carácter rural, com características urbanas. Rural dado os
seu cariz piscatório e a pesca atividade principal dos seus residentes e com
características urbanas uma vez que também é dotada de certas estruturas e
equipamentos: posto da GNR, depósito de águas, uma escola primária, um multibanco, 1
parque de campismo, um Hotel, dois mini mercados, e restaurantes, bares e cafés,
parque infantil parque de jogos, 1 cais. Em termos de associativismo, existe associações
desportivas/culturais, como o clube náutico e o clube de surf. Existem também 3
associações criadas para a defesa dos moradores e utentes. A primeira a ser criada foi a
associação APRAFA (Associação para a defesa e desenvolvimento da praia de Faro), em
1990. Posteriormente em 1995 foi criada a DUNAMAR (Associação nascente Duna Mar),
e recentemente em 2010 a Associação AUIF (Associação dos utentes da Ilha de Faro).
Devido às suas características, tem também uma forte atividade turística. Observa-se um
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aglomerado de construções destinadas a vários fins, das quais construções para a pesca,
para a habitação e para o comércio.
A ilha de Faro encontra-se intensamente urbanizada e manifesta um grave
desordenamento estrutural, devido a não obedecer a princípios estéticos e urbanísticos.
A origem do grande problema da ilha de Faro desde os últimos 40 anos advém de uma
série de erros de gestão costeira, principalmente no que diz respeito à construção de
casas onde não é aceitável num sistema litoral, assim como a construção da estrada,
estruturas desportivas, parque de campismo e de estacionamento, o que levou
consequentemente a recuar o sistema dunar.
Estas construções tinham sido consideradas pelo POOC (plano governamental
denominado Plano de Ordenamento da Orla Costeira) de destruição obrigatória parcial,
sendo o espaço atualmente ocupado submetido a uma futura renaturalização e
reestruturação territorial.
Num primeiro olhar, vários fatores colidiam com a pretensão estatal: um rico património
histórico, cultural e identitário, construído por esta comunidade mareante; e uma situação
económica e social que não podia ser esquecida pelos decisores governamentais
(Campêlo, 2000). São notórios vários problemas sociais, culturais e políticos, derivados
do atual programa POLIS LITORAL RIA FORMOSA (Sociedade para a Requalificação e
Valorização da Ria Formosa) - constituída, pelo Decreto-Lei n.º 92/2008, de 3 de Junho,
derivado da POLIS LITORAL - Resolução do Conselho de Ministros nº90/2008, que
definiram como actividades estratégicas: “a preservação do património natural e
paisagístico, através da protecção e requalificação da zona costeira visando a prevenção
de risco e da promoção da conservação da natureza e biodiversidade no âmbito de uma
gestão sustentável; a qualificação da interface ribeirinha, através da requalificação e
revitalização das frentes de ria, da valorização de núcleos piscatórios e do ordenamento
e qualificação da mobilidade; a valorização dos recursos como factor de competitividade,
através da valorização das actividades económicas ligadas aos recursos da ria suportada
no seu património ambiental e cultural e direccionados directamente para os
realojamentos em curso“.
Certos problemas derivados dos realojamentos em curso condicionaram de certa forma o
presente trabalho, dado que todas as atenções da comunidade estão concentradas nesta
problemática. Quando? Onde? Como? De Que Modo? São as questões mais comuns
nesta comunidade. Destas questões levantam-se alguns problemas a nível de
organização territorial, quer em termos da própria estrutura e organização da ilha, quer
também em termos de relações sociais de conflito que podem surgir das medidas a
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serem tomadas. Assim, para além da caracterização deste território, através dos dados
demográficos e da caracterização a nível funcional e em termos de ocupação,
pretendemos um olhar mais profundo identificando os principais atores deste espaço, que
problemas é que identificam e que necessidades e mais-valias são sentidas neste
território. É na tentativa de perceber estas relações bem como a (re)organização territorial
que pode advir das mesmas que surge o nosso trabalho e é neste sentido que o
Educador Social poderá ter um papel relevante. “O “traço” marcante do Educador Social
é, sem dúvida, a capacidade para saber encontrar e ajudar a percorrer caminhos que vão
no sentido do bem estar da pessoa e da sociedade.” (Cardoso, 2006:14).
A metodologia utilizada será a observação direta participante e não participante,
conversas e entrevistas informais assim como diários de campo e pesquisas
documentais.
O espaço da Ilha/Praia de Faro é um território carregado de forte identidade cultural, o
que, pelo seu simbolismo e representação social, possui grandes características
marcadamente patrimoniais, quer pelo seu cariz natural e relação muito próxima com o
espaço mar quer pela atividade dominante da sua comunidade: a pesca. E é essa
identidade própria que esta mesma comunidade não quer e exige não perder!
BIBLIOGRAFIA:
CARDOSO, A. (2006), Alguns desafios que se colocam à Educação Social.
Cadernos de Estudo. Porto, Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, n.º
3, pp. 7-15.
CAMPÊLO, A., Congreso Virtual 2000, disponível em [URL]:
http://www.naya.org.ar/congreso2000/ponencias/Alvaro_Campelo.htm, acedido
em 20NOV11. Administração Regional Hidrográfica do Algarve, disponível em
[URL]:http://www.arhalgarve.pt/site/parameters/arhalgarve/files/File/upload/Perfil_
Agua_Balnear/Perfis_Fichas/FAR_Faro_Mar.pdf, acedido em 22NOV11.
CEIA, F., (2009),“Vulnerabilidade das Ilhas-Barreira e Dinâmica da Ria Formosa
na Óptica da Gestão”, Revista da Gestão Costeira Integrada, n.º 9(1):57-77.
LAGE, B. (2009), “Aplicação do Método de Avaliação Contingente ao caso da
Praia de Faro”, Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade Nova de Lisboa para obtenção do Grau de Mestre em Gestão e
Políticas Ambientais.