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ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE PRESERVAÇÃO DOS CURSOS D’ÁGUA NO MÉDIO CURSO DA MICROBACIA DO RIO CALABOUÇO PB/RN Rafael Fernandes da Silva – PPGG/UFPB [email protected] Leomar da Silva Costa – DGH/UEPB [email protected] Renaly Fernandes da Silva – DGH/UEPB [email protected] Drª Luciene Vieira de Arruda – DGH/UEPB [email protected] Resumo – Este trabalho consiste no levantamento potencial dos atributos naturais e sociais que compõem no médio curso da microbacia do Rio Calabouço em seu médio curso entre Araruna – PB e Passa e Fica – RN, bem como dos impactos decorrentes das atividades desenvolvidas no ambiente da mesma. O referido trabalho discute dentro de uma perspectiva teórica as questões relacionadas a disponibilidade e acesso à água, o ciclo hidrológico e a questão sobre a gestão dos recursos hídricos no Brasil. Para a realização do mesmo se fez necessária a divisão dos procedimentos em duas etapas: os trabalhos de gabinete (levantamento bibliográfico, processamento e análise dos dados obtidos), e os trabalhos de campo (levantamento fotográfico, aplicação da ficha de caracterização ambiental adaptada de SOUZA (1999) por Arruda (2001) e Silva (2005), através do qual se obteve os dados referentes à caracterização geológica, geomorfológica, de solos e biodiversidade, clima e dos recursos hídricos. A partir da pesquisa de campo pudemos constatar os impactos causados pelas atividades econômicas tais como: assoreamento dos cursos d’água, poluição da água e do solo por agrotóxicos e herbicidas, constatando assim que a situação de preservação dos cursos d’ água na microbacia do Rio Calabouço chega a ser preocupante, neste sentido foram traçadas algumas recomendações, com base nos potenciais observados, e dentre estas recomendações está a restauração das matas ciliares, a utilização sustentável do solo, o incentivo à prática agroecológicas, mas para que sejam possíveis as modificações propostas devem obedecer a um plano de manejo e gestão que venha a contribuir com a participação da população local nas decisões em relação a gestão e uso dos recursos naturais nessa microbacia, a fim de manter a sustentabilidade ambiental. Palavras-chave: Preservação Ambiental – Recursos Hídricos – Impactos Ambientais ANALYSIS OF THE SITUATION OF PRESERVATION OF THE WATER COURSES IN THE AVERAGE COURSE OF THE MICROBASIN OF RIO CALABOUÇO PB/RN Summary - This work consists of the potential survey of the natural and social attributes that compose in the average course of the microbasin of Rio Calabouço in its average course between Araruna - PB and Passa e Fica - RN, as well as of the decurrent impacts of the activities developed in the environment of the same one. The related work inside argues of a theoretical perspective the questions related the availability and access to the water, the hydrological cycle and the question on the management of the hídricos resources in Brazil.

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ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE PRESERVAÇÃO DOS CURSOS D’ÁGUA NO MÉDIO

CURSO DA MICROBACIA DO RIO CALABOUÇO PB/RN

Rafael Fernandes da Silva – PPGG/UFPB [email protected]

Leomar da Silva Costa – DGH/UEPB

[email protected]

Renaly Fernandes da Silva – DGH/UEPB [email protected]

Drª Luciene Vieira de Arruda – DGH/UEPB

[email protected]

Resumo – Este trabalho consiste no levantamento potencial dos atributos naturais e sociais que compõem no médio curso da microbacia do Rio Calabouço em seu médio curso entre Araruna – PB e Passa e Fica – RN, bem como dos impactos decorrentes das atividades desenvolvidas no ambiente da mesma. O referido trabalho discute dentro de uma perspectiva teórica as questões relacionadas a disponibilidade e acesso à água, o ciclo hidrológico e a questão sobre a gestão dos recursos hídricos no Brasil. Para a realização do mesmo se fez necessária a divisão dos procedimentos em duas etapas: os trabalhos de gabinete (levantamento bibliográfico, processamento e análise dos dados obtidos), e os trabalhos de campo (levantamento fotográfico, aplicação da ficha de caracterização ambiental adaptada de SOUZA (1999) por Arruda (2001) e Silva (2005), através do qual se obteve os dados referentes à caracterização geológica, geomorfológica, de solos e biodiversidade, clima e dos recursos hídricos. A partir da pesquisa de campo pudemos constatar os impactos causados pelas atividades econômicas tais como: assoreamento dos cursos d’água, poluição da água e do solo por agrotóxicos e herbicidas, constatando assim que a situação de preservação dos cursos d’ água na microbacia do Rio Calabouço chega a ser preocupante, neste sentido foram traçadas algumas recomendações, com base nos potenciais observados, e dentre estas recomendações está a restauração das matas ciliares, a utilização sustentável do solo, o incentivo à prática agroecológicas, mas para que sejam possíveis as modificações propostas devem obedecer a um plano de manejo e gestão que venha a contribuir com a participação da população local nas decisões em relação a gestão e uso dos recursos naturais nessa microbacia, a fim de manter a sustentabilidade ambiental. Palavras-chave: Preservação Ambiental – Recursos Hídricos – Impactos Ambientais ANALYSIS OF THE SITUATION OF PRESERVATION OF THE WATER COURSES IN

THE AVERAGE COURSE OF THE MICROBASIN OF RIO CALABOUÇO PB/RN Summary - This work consists of the potential survey of the natural and social attributes that compose in the average course of the microbasin of Rio Calabouço in its average course between Araruna - PB and Passa e Fica - RN, as well as of the decurrent impacts of the activities developed in the environment of the same one. The related work inside argues of a theoretical perspective the questions related the availability and access to the water, the hydrological cycle and the question on the management of the hídricos resources in Brazil.

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For the accomplishment of the same the division of the procedures in two stages became necessary: the works of cabinet (bibliographical survey, processing and analysis of the gotten data), and the works of field (photographic survey, application of the fiche of adapted ambient characterization of SOUZA (1999) for Arruda (2001) and Silva (2005), through which if it got the referring data to the geologic, geomorphologic characterization, of ground and biodiversity, climate and of the hídricos resources. From the field research we could evidence the impacts caused for the economic activities such as: assoreamento of the water courses, pollution of the water and the ground for agrotoxicos and herbicides, evidencing as soon as the situation of preservation of the water courses in the microbasin of Rio Calabouço arrives to be preoccupying, in this direction had been traced some recommendations, on the basis of the observed potentials, and amongst these recommendations it is the restoration of the ciliates bushes, the sustainable use of the ground, the incentive to practical the agroecológicas, but so that they are possible the modifications proposals must obey a plan of handling and management that it comes contributing with the participation of the population place in the decisions in relation the management and use of natural resources in this microbasin, in order to keep the ambient sustainable. Word-key: Ambient preservation - Hídricos Resources - Ambient Impacts 1. Introdução A preocupação com a preservação dos recursos hídricos tem sido um dos enfoques

principais nas abordagens de estudos envolvendo preservação e gestão de recursos naturais.

Essa preocupação deve-se ao fato das ameaças de escassez ou da baixa disponibilidade de

recursos hídricos em determinadas áreas.

O presente trabalho tem como objetivo analisar a situação de preservação dos cursos

d’água na microbacia do Rio Calabouço em seu médio curso, realizando um levantamento das

potencialidades naturais da área e dos impactos ocasionados no entorno do seu ambiente.

Aborda-se dentro de uma perspectiva teórica, as questões sobre a disponibilidade e o

consumo e acesso à água, o ciclo das águas e por último um breve histórico sobre a gestão dos

recursos hídricos no Brasil.

Para realização do referido trabalho, se fez necessária à divisão por etapas: na primeira

etapa foi realizado o trabalho de gabinete onde foi feito o levantamento de toda bibliografia

compatível ao tema proposto, e o trabalho de tabulação dos dados.

Em uma segunda etapa realizou-se o trabalho de campo, o levantamento fotográfico e

a coleta dos dados a partir das entrevistas semi-estruturadas e do preenchimento da ficha de

caracterização geoambiental adaptado de SOUZA (1999) por ARRUDA (2001) e SILVA

(2005).

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A partir dessas etapas é que se estrutura todo o trabalho, no qual se realizou uma

caracterização dos aspectos físicos da microbacia do Rio Calabouço em seu médio curso, e

também um levantamento das suas potencialidades e fragilidades naturais, constatando-se

alguns impactos, os quais se encontram inseridos no tópico resultados e discussões.

Pode-se também constatar os aspectos negativos, como o não cumprimento da política

nacional de recursos hídricos, e o descumprimento da obrigatoriedade de preservação dos

recursos naturais em áreas que compõem regiões de abrangência de cursos d’água.

A partir dessas constatações é que se pode elaborar algumas medidas que se seguidas

conforme orientação de um plano de manejo sustentável, podem promover o desenvolvimento

social e econômico das comunidades locais sem desprivilegiar a necessidade de preservação

ambiental.

2. Procedimentos Metodológicos 2.1. Localização da Área de Estudo A área de estudo escolhida para realização deste trabalho, que é a porção do médio

curso da microbacia do Rio Calabouço PB/RN, encontra-se situada numa área de domínio

inter-estadual, sendo esta microbacia hidrográfica a fronteira entre os estados da Paraíba e do

Rio Grande do Norte no trecho entre os municípios de Araruna – PB e Passa e Fica – RN.

O município de Passa e Fica situa-se em zona fisiográfica de caatinga, localizado na

Mesorregião do Agreste Potiguar, está inserido na Microrregião do agreste Potiguar, entre os

paralelos 6º 26’ 09” de Latitude Sul e entre os meridianos 35º 38’ 35” de Longitude Oeste.

Passa e Fica limita-se com os seguintes municípios: Ao norte: São José do Campestre –

RN e Lagoa D’anta - RN; ao sul: Campo de Santana-PB; ao leste: os municípios de Nova

Cruz – RN e Lagoa D’Anta - RN; e ao oeste: Serra de São Bento – RN. Abrange uma área de

43 Km², equivalente a 0,08% da superfície estadual, inseridos na folha São José de Campestre

(SB,25-Y-A-I), na escala 1:100.000, editados pela SUDENE (CPRM, 2005, p. 02).

A Sede do município tem uma altitude média de 189 m, está distante 155 km de João

Pessoa - PB, 148 km de Campina Grande - PB e 105 km de Natal – RN, Capital do Estado. O

município de Araruna situa-se em zona fisiográfica de caatinga, no Planalto da Borborema, na

Mesorregião Geográfica do Agreste Paraibano, está inserido na Microrregião do Curimataú

Oriental, entre os paralelos de 6° e 7° de latitude Sul e entre os meridianos de 35° e 36° de

longitude Oeste. Possui uma área de 306,2 km². Está distante 165 km de João Pessoa, capital

do Estado da Paraíba, 110 km de Campina Grande - PB e 120 km de Natal – RN.

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Araruna limita-se ao Norte com o município de Passa e Fica no Estado do Rio Grande

do Norte, ao Sul e Oeste com o município de Cacimba de Dentro – PB, a Leste com os

municípios de Campo de Santana – PB e Riachão – PB (Rodriguez, 2001, p.18).

A presente pesquisa desenvolveu-se no médio curso da Microbacia do Rio Calabouço,

um dos principais afluentes da bacia hidrográfica do Rio Curimataú, totalizando um percurso

de 6 Km entre a Comunidade Água Fria, município de Araruna – PB, nas coordenadas UTM

0204368 de Latitude Sul e 9286110 de Latitude Oeste, com altitude média de 214 m e a

Comunidade Barra do Calabouço, no município de Passa e Fica – RN (na ponte sob o Rio

Calabouço na divisa entre os Estados da Paraíba e o Rio Grande do Norte), nas coordenadas

UTM 0208349 de Latitude Sul e 9285852 de Latitude Oeste e altitude de 199 m (Figura 4)

Figura 4: Mapa de localização da microbacia do Rio Calabouço, entre

Araruna/PB e Passa e Fica/RN

Fonte: Folha São José do Campestre (SB.25-Y-A-I), na escala 1:100.000, 1ª ed.

Recife: SUDENE, 1971 (Adaptado).

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- Materiais e Métodos

Para a realização deste trabalho adotou-se alguns procedimentos que foram de

fundamental importância para o desenvolvimento, são eles os seguintes:

- Levantamento bibliográfico e cartográfico;

- Avaliação e diagnóstico ambiental mediante descrição e análise de seus elementos naturais e

suas interações:

a) O meio físico: clima, geologia, geomorfologia, pedologia e água, com ênfase na dinâmica

e alteração natural, salientando a intervenção humana como fator de sua aceleração;

b) O meio biológico: identificação dos recursos fitogeográficos e faunísticos da área de estudo. Levantamento dos possíveis impactos ambientais adquiridos da má utilização da água;

Levantamento fotográfico da área em estudo

c) Trabalho de gabinete, para seleção e processamento dos dados;

Instrumentos Técnicos utilizados no desenvolvimento da pesquisa:

a) Folha São José do Campestre (SB.25-Y-A-I), na escala 1:100.000, 1ª ed.

editada pela SUDENE (1971);

b) Ficha de Campo para caracterização física da área em estudo, elaborada por

SOUZA (1999) e adaptada por ARRUDA (2002) e SILVA (2005);

c) Questionário de coleta secundária;

d) Equipamentos de informática (computador, scanner, impressora e vários

programas, tais como: Word, Internet Explorer, Excel e outros);

e) Máquina fotográfica – KODAK Easy Share – 4.0 Mp.

f) Aparelho GPS (Sistema de Posicionamento Global)

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4. Resultados e Discussão 4.1. Aspectos Físicos - Geologia A obtenção de dados a respeito das condições geológica-geomorfológicas do PEPB foi

realizada através da aplicação da ficha de caracterização geoambiental, adaptada de SOUZA

(1999) por Arruda (2001) e Silva (2005).

Neste tópico se teve como objetivo apresentar uma caracterização da microbacia do Rio

Calabouço em seus aspectos geológico-geomorfológicos, hidro-climatológicos, condições

edáficas, biodiversidade, fragilidades e potencialidades naturais, buscando formas

sustentáveis de desenvolvimento dessas potencialidades.

A caracterização geológica permite conhecer a microbacia a partir de sua estrutura,

constituída dos seus elementos endógenos1 que ao serem influenciados pelos elementos

exógenos2 tornam-se responsáveis pela modelação do relevo. É necessário conhecer a

geologia da área, identificando as rochas que a originaram e sua evolução para se obter

subsídios que possam contribuir na análise do relevo e na compreensão dos tipos de solos que

aí ocorrem.

A geologia da microbacia do Rio Calabouço insere-se na província geológica da

Borborema, situada na faixa oriental do Complexo Presidente Juscelino, com formações

residuais que datam do Pré-Cambriano inferior, composta de uma seqüência gnáissica do

Curimataú e migmatitos com intercalações de lentes de anfibólitos e mais raramente

mármores (RADAMBRASIL, 1981, p.37).

De acordo com os diagnósticos do município de Araruna – PB e do município de

Passa e Fica – RN, ambos realizados pela Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial do

Serviço Geológico do Brasil – CPRM (2005, p.04), geologicamente a microbacia do Rio

Calabouço esta inserida na Província da Borborema, no curso localizado em território

ararunense (figura 8), está inserida na Suíte calcialcalina de médio a alto potássio Itaporanga

(NP3y2cm), constituída por granitos e granodioritos, e pelo Complexo Santa Cruz, constituída

por augen-gnaisse granítico, leuco-ortognaisse quartzo manzonítico a granítico (PP2ysp).

No curso localizado na área territorial do município de Passa e Fica – RN, está

3 Elementos internos que influenciam na dinâmica do relevo. 4 Elementos externos que influenciam na dinâmica do relevo

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constituído por litótipos do Complexo Serrinha-Pedro Velho (PP2gsp) engloba ortognaisses

tonalíticos, migmatitos e granitos migmatizados (figura 9).

Figura 5: Mapa geológico de Araruna - PB

.

Fonte: CPRM, 2005

Figura 6: Mapa geológico de Passa e Fica - RN

Fonte: CPRM, 2005.

- Geomorfologia Segundo (Arruda, 2001, p. 52), a evolução da superfície terrestre é o resultado da

dinâmica interna (tectonismo, composição mineralógica do saprotolito, vulcões e terremotos)

e externa (fatores que dependem das condições climáticas e geomorfológicas tais como:

clima, ação física, o regime hidrológico, a declividade etc.)

Esses fatores atuam na natureza de diversas maneiras, ora destruindo ora criando.

Atualmente a evolução da dinâmica externa é fortemente marcada pela ação antrópica que,

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semelhante à natureza destrói e cria, ou seja, transforma o ambiente. Sendo assim os

elementos exógenos tendem a nivelar a superfície do planeta pelos fenômenos de erosão e

sedimentação, enquanto os elementos endógenos dão origem a novos relevos e depressões,

constituindo dessa forma uma seqüência de atividades que mantém a superfície da Terra em

um processo de constante evolução.

O relevo, na visão de Casseti (1991, p.07),

é o suporte das derivações ambientais observadas durante o processo de apropriação e transformação realizado pelo homem. Constitui-se, portanto, em um produto do antagonismo das forças endógenas (forças tecnogenéticas) e exógenas (mecanismos morfodinâmicos), registrado ao longo do tempo geológico e responsável pelo equilíbrio ecológico.

Moreira & Neto (1998, p.77) afirmam que,

O relevo da superfície da Terra é o resultado da interação entre a litosfera, a atmosfera e a hidrosfera, cuja interface se desenvolve processos de troca de matéria e energia, que ao longo do tempo e espaço condicionam a evolução de diferentes feições do relevo.

Quando a geomorfologia, as serras de Araruna e da Confusão correspondem a um

horst3 que contrasta com o graben4 da depressão do Curimataú ou vale do Rio Curimataú,

onde o Rio Calabouço passa, corresponde a uma fossa tectônica resultante de falhamentos,

apresentando altitude média de 300 metros, com desníveis de 300 metros entre a baixada e os

topos mais elevados das serras vizinhas. Segundo Carvalho (1982), muitos estudos que

analisaram o relevo nordestino, salientam que os terrenos pré-cambrianos sofreram

reativações epirogênicas entre o Paleozóico e o Terciário originando a tectônica de ruptura.

Como resultados surgiram os Grabens, tipo o vale do Curimataú (figura 7):

Figura 7: Tipos de Estrutura Falhada

Fonte: Carvalho, 1982.

3 Bloco geralmente alongado que foi levantado em relações aos blocos vizinhos (Popp, 2000, p. 201). 4 Depressão estrutural alongada, ocasionada por falhamentos (Popp, 2000, p. 201).

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As serras de Araruna é uma chapada sedimentar constituída por sedimentos antigos

que recobrem o cristalino, pertencentes à formação da Serra de Martins, de origem

estratigráfica da unidade inferior do Grupo Barreiras. Devido a sua altitude de 570 metros, é

uma ramificações mais elevadas do Planalto da Borborema (Rodriguez, 2001, p.08).

- Solos e Biodiversidade Segundo CAPUTO (1977 p.15) “os solos são materiais que resultam do intemperismo

ou meteorização das rochas por desintegração mecânica e decomposição química, que

normalmente atuam simultaneamente, tendo ou não predominância sobre o outro”. Sendo

assim o “solo” é uma função da rocha – mater e dos diferentes agentes de alteração.

Para Lepsch (2002, p. 09),

O solo pode ser definido como massa natural que compõe a superfície terrestre, suporta ou é capaz de suportar plantas, ou também a coleção de corpos naturais que contém matéria viva e é resultado da ação do clima e da biosfera sobre a rocha, cuja transformação em solo se realiza dentro de um certo tempo, influenciada pelo tipo de relevo (...). Os solos não são estáticos pelo contrário encontram-se em estado de continuas modificações, desde a aurora dos tempos. As enxurradas causadas pelas chuvas, os rios e os ventos vêm continuamente desgastando a superfície da Terra, transformando lentamente as partículas de solo.

Os elementos morfológicos descritos ao longo deste trabalho tais como, geologia e

relevo, contribuem de forma direta para a determinação do clima, que por sua vez tem uma

influência expressiva na formação dos solos.

De acordo com Rodriguez (2001, p.07) com base em dados do IBGE (2002), os solos

identificados na microbacia do Rio Calabouço, são descritos e definidos abaixo:

Litossolos: são solos pouco evoluídos, com a intensa presença de rochas e minerais na

sua constituição, ocorrem em áreas de forte declive como planalto, depressões e chapadas.

Planossolos: São solos minerais hidromórficos ou não, imperfeitamente ou mal

drenados, com alto grau de diferenciação entre os horizontes. Geralmente ocupam as partes

mais baixas das encostas íngremes, localmente favoráveis ao acúmulo de água durantes curtos

períodos do ano e lenta permeabilidade de seu perfil apresentando sinais de hidromorfismo.

Solos podzólicos Latossólicos vermelho-Amarelo, atuais Argissolos: estes solos

constituem uma classe intermediaria entre os solos podzólicos vermelho-amarelo e latossolos

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vermelho-amarelo. Difere dos podzólicos vermelho-amarelos por possuírem características

que não lhe são bem comuns: baixa relação textural e pouca nitidez nas diferenciações dos

horizontes. São solos profundos e bem drenados.

- Biodiversidade A fauna e flora são recursos naturais que juntos proporcionam ao homem inúmeros

benefícios, sendo responsáveis diretos pelo equilíbrio e manutenção dos ecossistemas,

constituindo parte importante do conjunto definido como biodiversidade.

A flora é o principal agente da cobertura vegetal do solo, auxiliando também no

processo de evolução e manutenção, além manter agradável às condições climáticas e

fornecer alimentos aos seres vivos.

A fauna por sua vez mantém com a flora uma relação de sobrevivência, retirando da

flora o seu alimento e em troca proporciona o desenvolvimento da flora e a manutenção da

mesma, ajudando a diversificar os tipos de cobertura vegetal ao longo da formação do

ambiente onde se abriga.

As espécies identificadas na área da microbacia do Rio Calabouço estão descritas

respectivamente por nomenclatura popular, nome científico e família (quadro 01):

QUADRO 1: Microbacia do Rio Calabouço: Espécies vegetais NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA

Angico Piptadenia peregirna Leguminosae Aroeira Astronium urundeuva Anacardiáceae Algaroba Prosopis juliflora Mimosaceae Catolé Syagrus comosa mart. Palmae Gameleira Ficus spp Anacardiáceae Jatobá Hymenaea courbaril Leguminosae Jenipapo Tocoyena brasliensis mart. Rubiaceae Juazeiro Ziziphus joazeiro Ramnáceae Jucá Caesalpina férrea Leguminosae Jurema Mimosa acustitipula Leguminosae Jurema preta Mimosa hostillis Leguminosae Jurema branca Pithecolobium foliolosum Leguminosae Macambira Bromélia laciniosa Bromeliáceae Mandacaru Cereus jamacaru Cactáceae Mororó Bauhinia cheilanta Leguminosae Mofumbo Combretum leprusum mart Combretaceae Mulungu Erythrina velutina Leguminosae Pitomba Talisia esculenta radlk Sapindaceae Xiq,uexique Pilosocereus gounellei cactáceae Coroa-de-frade Melocactus bahiensis Cactáceae

Fonte: RADAMBRASIL, 1981. Espécies identificadas no campo, 2008.

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Os recursos faunísticos da área da microbacia do Rio Calabouço constituem-se de

espécies bem conhecidas e de pequeno porte, como mamíferos, répteis e aves, além de

algumas espécies de invertebrados como abelhas, escorpiões, cupins, formigas, moscas,

aranhas, maribondos, grilos entre outros.

Quadro 2: Microbacia do Rio Calabouço: Espécies de Fauna NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO

Timbu D. paraguayensis Gato-do-mato Brasiliensis amaz. BA zool.

Preá Cavia aperea Morcego Lat. Murerato Raposa Dusicyon vitulus

Tatupeba Euphractus sexcinctus Mocó Kerodon rupestris

Anum branco Crotophaga ani Anum preto Guira guira

Pardal Passer domsticus Periquito verdadeiro Brotogeris sactithomae

Papa-capim Sporophilia nigricollis Galo-de-campina Brasiliensis zool. V. Cardinalis

Tejuaçu Tupinambis teguixim Cobra-coral Elapídea micrurus Lagartixa Liolaemus occipitalis

Cobra-cipó Acutimboia Fonte: RADAMBRASIL, 1981. Espécies identificadas no campo, 2008.

- Clima e Hidrografia A importância do clima na percepção das paisagens da seguinte maneira: “embora não

seja um componente materializável e visível na superfície terrestre o clima é bastante

perceptível e contribui significativamente para se sentir e perceber as paisagens”. O autor

ainda reforça que “o clima é um fator fundamental, pois constitui o fornecedor de energia,

cuja maior incidência repercute na maior quantidade disponível de calor e água”,

(Christofolleti, 1990 p. 23)

Segundo a classificação climática de Köppen, que utiliza como parâmetros principais

a precipitação e a temperatura, o clima predominante da área em estudo, o Bhs – clima semi-

árido, caracteriza-se por se quente e seco, com estação chuvosa curta (outono-inverno),

atingindo precipitações de 800 a 1100 mm/ano, considerando como período de estiagem de 5

a 6 meses, com temperaturas que variam de 25°C a 27°C (Rodriguez, 2001).

Os fenômenos responsáveis pelas instabilidades e regime de chuva na área da

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microbacia do Rio Calabouço são: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT ou CIT), a

Massa Equatorial Atlântica (MEA), a frente fria Polar Atlântica (FPA) e a Tépica Kalaariana

(TK), frente quente (Paraíba, 1999a, p. 30).

Os ventos que atingem esse maciço são os alísios de sudeste, influenciando no

processo de intemperismo das rochas e na constituição morfológica dos solos (Silva, 2005, p.

40).

- Recursos Hídricos na Microbacia do Rio Calabouço

A microbacia do Rio Calabouço por está em área de clima semi-árido é influenciada

pela irregularidade de chuvas, bem como pelo seu painel geológico-geomorfológico,

representada por rochas cristalinas, ocasionando terrenos com baixa permeabilidade hídrica.

Na estação chuvosa curta (outono-inverno), este o Rio Calabouço atinge seu limite

hídrico, ocupando as áreas das margens, aumentando sua capacidade de carregamento de

sedimentos (Cavalcante, 2006, p. 355).

Seus principais afluentes são pequenos cursos d’águas intermitentes, os principais são:

na margem direita, os riachos Salgado e do Limão, e na margem esquerda, o riacho da Cruz,

as lagoas do Gravatá, Comprida e da Carnaúba e o açude Calabouço, com capacidade para

1443.000 m³, este açude por está no curso do rio, funciona como represa de suas águas, sendo

utilizado na época de estiagem para a agricultura e pecuária local.

No que se refere as águas subterrâneas, a área está inserida no Domínio

Hidrogeológico Intersticial e Hidrogeológico Fissural. O Domínio Intersticial é composto de

rochas sedimentares dos depósitos Colúvio-eluviais e o Domínio Fissural é composto de

rochas do embasamento cristalino do Complexo Serrinha-Pedro Velho (CPRM, 2005, p.05).

FOTO 1: Vale da microbacia do Rio Calabouço, Passa e Fica/RN

FOTO 2: Aspecto da ponte sob o Rio Calabouço: divisa entre a PB/RN

Fonte: José Nilton da Silva, 2003.

Fonte: Márcio Balbino Cavalcante, 2007.

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- Potencialidades e Fragilidades Ambientais: Situação de Preservação no Médio Curso da Microbacia do Rio Calabouço PB/RN Ao se analisar as práticas que ocorrem em um determinado espaço, vão se

configurando em nossa volta alguns elementos os quais são importantes para se manter o

equilíbrio entre sociedade e natureza. É a partir da realização de um estudo sobre esses

elementos que se define os elementos, tais como as fragilidades e potencialidades naturais que

estão envolvidas nas formas de uso ou exploração dos recursos naturais, (Silva, 2005, p. 55).

Durante a realização desse trabalho foi possível constatar algumas fragilidades

ambientais no médio curso da microbacia do Rio Calabouço, mas também ao longo desse

processo constatou-se um imenso potencial que, se utilizado de forma sustentável, poderá ser

um forte aliado à preservação do meio ambiente e do desenvolvimento social local.

A área analisada consiste em um trecho o qual está inserido dentro dos domínios da

Unidade de Conservação do Parque Estadual da Pedra da Boca – Araruna – PB, e constata-se

por fragilidades ambientais os impactos causados pelas seguintes atividades:

Abastecimento Humano e Animal

A fonte mais importante de abastecimento para a comunidade é o Açude Calabouço,

com capacidade para 1.443.000 m³, este por está no curso do rio, funciona como represa de

suas águas, sendo utilizado na época de estiagem para a agricultura e pecuária local (foto 3),

sendo que a comunidade não conta com acesso aos serviços de abastecimento da Companhia

de Água e Esgotos do Estado da Paraíba – CAGEPA – PB, nem da Companhia de Águas e

Esgotos do Estado do Rio Grande do Norte – CAERN – RN, esta se utiliza dos recursos

disponibilizados pelo Açude Calabouço.

FOTO 3: Aspecto do Açude Calabouço, Passa e Fica/RN

Fonte: Márcio Balbino Cavalcante, 2005.

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- Agricultura e Pecuária

A atividade agrícola ocasiona transformações significativas mo meio ambiente,

principalmente quando se pensa nos recursos florestais, hídricos e edáficos. A agricultura

representa uma das principais fontes de renda, com atividades de policultura, com destaque

para as culturas do feijão, milho, fava e mandioca, principalmente desenvolvida em

minifúndios para subsistência e em propriedades de médio e grande porte para

comercialização.

O cultivo do capim e da palma forrageira é destinado para a manutenção do rebanho

animal. Outro problema gravíssimo é a utilização de fertilizantes e defensivos na lavoura, que

acabam de uma maneira ou de outra sendo lançados no rio, provocando a poluição das águas e

do meio ambiente local. Ao se observar a questão relativa à pecuária na área da microbacia,

torna-se conclusivo que a bovinocultura e a caprinocultura são as principais criações

exercidas. A atividade bovina é caracterizada pela de corte com manejo intensivo.

Foto 4: Prática agrícola na margem do Rio Calabouço FOTO 5: Bovinocultura presente na

área do Rio Calabouço

Fonte: Márcio Balbino Cavalcante, 2007. Fonte: Márcio Balbino Cavalcante, 2005.

- Degradação da mata ciliar

A mata ciliar presente na área da microbacia do Rio Calabouço é composta por

vegetação de caatinga, alcançando seus aspectos hipoxerófila e hiperxerófila. A caatinga, de

modo geral, comporta espécies com folhas miúdas e hastes espinhentas, adaptadas para conter

os efeitos de uma evapotranspiração muito intensa. Como estratégia de sobrevivência no

período seco as árvores e arbustos perdem as folhas a fim de armazenar a água que absorvem

na curta estação chuvosa, possibilitando a sobrevivência durante o período de estiagem, sem

as folhas, ela reduz a transpiração e conserva a água absorvida (Lacerda, 2003).

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FOTO 6: Aspecto do desmatamento da mata ciliar no Rio Calabouço FOTO 7: Desmatamento e

queimada no vale do Rio Calabouço

Fonte: Rafael Fernandes da Silva, 2008. Fonte: Rafael Fernandes da Silva, 2008 - Erosão e Assoreamento do Solo

O estado de erosão de uma determinada região pode resultar de um processo erosivo

geológico ou normal, também conhecido como natural, ou de um processo acelerado

provocado pelos distúrbios causados pela ação antrópica desordenada sobre as condições

naturais do solo (PARAIBA, 1999b).

Ao longo da microbacia do Rio Calabouço, foram detectadas várias áreas que mostram

fortes sinais de desenvolvimento de processos erosivos, alguns já em estados avançados, em

função da declividade e ausência da cobertura vegetal.

A erosão do solo vem provocando o declínio da fertilidade do solo e,

conseqüentemente a baixa produtividade agrícola; erosão hídrica (ravinamento e voçorocas);

erosão eólica com perda da camada superficial dos solos e acumulação do material

transportado pelo escoamento superficial provocando o assoreamento do rio (foto 9).

Foto 8: Solo exposto na margem direita do Rio Calabouço

Foto 9 : Assoreamento no vale do Rio Calabouço

Fonte: Rafael Fernandes da Silva, 2008.

Fonte: Rafael Fernandes da Silva, 2008

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5. Considerações Finais A partir das observações realizadas e das informações coletadas, podemos tecer

algumas considerações a respeito da situação de preservação na microbacia do Rio Calabouço

PB/RN.

Pode-se constatar entre os aspectos negativos observados, a não implementação da

política nacional de recursos hídricos nessa microbacia, a não existência de um plano de

gerenciamento dos recursos hídricos disponíveis, além de a má utilização desses recursos,

desencadeando processos como: poluição das águas, assoreamentos dos cursos d’água,

extinção de espécies de fauna e flora, etc.

Apesar de se constatar esses aspectos negativos, podemos destacar também as

potencialidades naturais, que se utilizadas obedecendo a um plano de gestão compatível,

poderão promover o desenvolvimento econômico local, garantindo a sustentabilidade

necessária sem desprivilegiar a necessidade de preservação.

Para contribuição no que se diz respeito a preservação ambiental nessa área a nossa

proposta compõe-se da seguinte maneira:

- Orientação para uma agricultura em sistema de curvas de níveis;

- Controle da utilização de agrotóxicos e herbicidas;

- Reposição e preservação das espécies de matas ciliares;

- A utilização de restos orgânicos provenientes da pecuária para fertilização natural do

solo para cultivo;

- Aproveitamento do potencial hídrico para armazenamento em reservatórios

artificiais;

- Reutilização dos recursos hídricos provenientes do consumo humano para outras

atividades.

- E por último a inserção das comunidades locais em um processo de conscientização a

respeito do uso adequado da água.

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6. Referências

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