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Análise da resposta antioxidativa em plantas de Ricinus communis submetidas ao estresse por metil jasmonato. ALEXANDRA MARTINS DOS SANTOS SOARES Dissertação apresentada à Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, para a obtenção do título de Mestre em Biociências e Biotecnologia. Área de concentração: Biologia Celular. Campos dos Goytacazes Estado do Rio de Janeiro – Brasil Abril – 2006

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Análise da resposta antioxidativa em plantas de

Ricinus communis submetidas ao estresse por metil

jasmonato.

ALEXANDRA MARTINS DOS SANTOS SOARES

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy

Ribeiro, para a obtenção do título de

Mestre em Biociências e Biotecnologia.

Área de concentração: Biologia Celular.

Campos dos Goytacazes

Estado do Rio de Janeiro – Brasil

Abril – 2006

Análise da resposta antioxidativa em plantas de

Ricinus communis submetidas ao estresse por metil

jasmonato.

ALEXANDRA MARTINS DOS SANTOS SOARES

ORIENTAÇÃO: PROFa.DRa. OLGA LIMA TAVARES MACHADO

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy

Ribeiro, para a obtenção do título de

Mestre em Biociências e Biotecnologia.

Área de concentração: Biologia Celular.

Campos dos Goytacazes

Estado do Rio de Janeiro – Brasil

Abril – 2006

OFEREÇO

A Solange Maria e José Jorge, meus pais,

pelo apoio, amor e dedicação irrestritos.

In memoriam

dedico a Alexandrina Duarte Martins.

AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela honra de viver e por ter estado em todos os

acontecimentos de minha vida. Sou inteiramente feliz na profissão que escolhi

com Vossa ajuda.

Agradeço ao meu grande pai pela sabedoria nos ensinamentos, pelo

investimento em minha educação e pelos conselhos tão valiosos. Sou

imensamente orgulhosa por sua garra.

Agradeço a minha amada mãe por nunca ter desistido de mim e sempre

ter respeitado, mesmo sem aceitar, qualquer decisão que eu tomasse. Por

estar sempre presente, mesmo nos meus piores momentos e muitas vezes me

presenteando com um silêncio necessário acompanhado de um olhar de “pode

contar comigo”. Apesar de sua aposentadoria, gostaria que soubesse que a

semente que plantou, germinou e que uma das minhas maiores aptidões é o

magistério.

Um abraço a minha irmã, futura advogada. Espero que um dia

possamos ter um convívio mais civilizado. Obrigada por me julgar mais

inteligente do que realmente sou.

Durante os seis anos que pude participar das atividades do laboratório,

observei que a minha orientadora tem um brilho e uma essência raros,

acompanhados de uma grande competência e profissionalismo. Agradeço,

então, a minha querida Dra. Olga Lima Tavares, por todos os ensinamentos

compartilhados.

Ao meu, namorado João Cláudio, pela amizade e respeito dedicados a

mim, tão necessários e nobres em dias atuais. Pelo caráter invejável, pela

conduta fiel e pelo amor demonstrado em cada pequeno ato, nesses 1570 dias

de namoro.

A todos os meus familiares, presentes ou distantes, pela simples

existência e pela acolhida em qualquer momento. Em especial, agradeço a

minha prima, Alessandra, e ao meu tio, Lenimar, pelo suporte por de trás das

câmeras desta tese e por todo apoio!

A Rachel e Carol, pela amizade ininterrupta e verdadeira.

Aos companheiros de laboratório: Thiago, Viviane, Shayanny, Hélio,

Natália, Camila, Fábio, Jucélia, Keyson e Cristiane, agradeço por fazer dos dias

de trabalho, uma grande satisfação e pelas pequenas ajudas, que final se

somam e tomam dimensões enormes. Que Deus e a ciência nos mantenham

sempre juntos.

Agradeço em especial ao Igor e ao Renato, que foram mais do que

simples bolsistas de trabalho, me ajudando diretamente nos experimentos.

Agradeço a Leandro Hespanhol pela paciência e gentileza de me

acompanhar em alguns experimentos e ao Eduardo Aragão por me ceder

reagentes e sempre estar a disposição com excelente humor.

Agradeço ao André “Pink” por sempre nos contemplar com sua simpatia

e competência. Você é um cara muito especial!

Agradeço a Willian Cabral pela presença constante e pelo apoio nos

últimos oito anos da minha vida.

Ao engenheiro agrônomo Angelo Savy Filho pela boa vontade em me

auxiliar mesmo a distância e sem me conhecer.

Agradeço a todos os professores e pós-graduandos do LQFPP pela

orientação na execução de diversos experimentos e utilização de

equipamentos.

Aos professores Ricardo, Tânia, Valdirene e Denise, por terem aceitado

fazer parte da banca de avaliadores da minha dissertação e por toda a

contribuição no decorrer do trabalho.

Por fim, agradeço ao grande amor da minha vida, Sra Alexandrina

Duarte Martins, que infelizmente não pôde ver o término deste trabalho, apesar

de estar presente na realização de cada experimento. Vozinha, como ela

sempre era chamada por netos e congêneres, sempre foi o que eu queria ser.

Sem mestrado, foi a maior mestre; sem doutorado, a maior doutora. Com a sua

partida, muita coisa perdeu o sentido e com sua presença consegui finalizar

metas que já não tinha mais coragem nem vontade de finalizar.

SUMÁRIO Lista de figuras .................................................................................................... X

Lista de tabelas .................................................................................................... XII

Lista de siglas, abreviaturas e símbolos .............................................................. XIII

Resumo ............................................................................................................... XVI

Abstract ............................................................................................................... XVII

1.0 – Introdução ................................................................................................... 01

2.0 – Revisão bibliográfica ................................................................................... 03

2.1 – Ricinus communis ....................................................................................... 03

2.2 - Defesa vegetal ............................................................................................. 05

2.2.1 - Rota octadecanóide como mecanismo de resposta de defesa ................ 07

2.2.2 - Variações das expressões protéicas em plantas e participação

hormonal .............................................................................................................. 10

2.2.3 – Rota octadecanóide e sua relação com a produção de peróxido de

hidrogênio (H2O2) ................................................................................................ 13

2.3 - Estresse oxidativo ....................................................................................... 15

2.4 – Antioxidantes enzimáticos .......................................................................... 19

2.4.1 – Superóxido dismutase (SOD) .................................................................. 19

2.4.2 – Catalase (CAT) ........................................................................................ 20

2.4.3 – Ascorbato peroxidase (APX) .................................................................... 21

2.4.4 – Guaiacol peroxidase (GPX) ..................................................................... 22

2.4.5 – Peroxiredoxina (Prx) ................................................................................ 23

2.4.6 – Polifenol oxidase (PPO) ........................................................................... 25

2.5 – Resposta às Espécies Reativas de Oxigênio (ERO) .................................. 27

3.0 – Objetivos gerais .......................................................................................... 29

3.1 – Objetivos específicos .................................................................................. 29

4.0 – Material e Métodos ...................................................................................... 30

4.1 - Equipamentos ............................................................................................. 30

4.2 – Reagentes .................................................................................................. 30

4.3 - Material vegetal e condições de crescimento .............................................. 31

4.4 - Indução de estresse .................................................................................... 31

4.5 - Obtenção de extratos protéicos ................................................................... 32

4.6 - Determinação do teor de proteínas nos extratos brutos .............................. 33

4.7 - Análise do perfil protéico em gel de poliacrilamida descontínua ................. 33

4.7.1 - Na presença de dodecil sulfato de sódio (SDS-PAGE) ............................ 33

4.7.2 - Na ausência de dodecil sulfato de sódio (NATIVE-PAGE) ....................... 33

4.7.3 – Bidimensional .......................................................................................... 34

4.8 - Determinação das atividades antioxidantes por espectofotometria ............. 34

4.8.1 - Determinação da atividade catalase (CAT) .............................................. 34

4.8.2 - Determinação da atividade ascorbato peroxidase (APX) ......................... 34

4.8.3 - Determinação da atividade guaiacol – peroxidase (GPX) ........................ 35

4.8.4 - Determinação da atividade polifenol oxidase (PPO) ................................ 35

4.9 – Determinação das atividades antioxidantes por PAGE não desnaturante .. 36

4.9.1 - Atividade da superóxido dismutase (SOD) ............................................... 36

4.9.1.2 - Determinação das isoformas da superóxido dismutase (SOD) .............. 36

4.9.2 - Atividade da catalase (CAT) ..................................................................... 37

4.9.3 - Atividade da ascorbato peroxidase (APX) ................................................ 37

4.9.4 - Atividade da guaiacol peroxidase (GPX) .................................................. 38

4.10 – Caracterização da GPX ............................................................................ 38

4.10.1 – Determinação do pH ideal da GPX ........................................................ 38

4.10.2 – SDS-PAGE da enzima homogênea ....................................................... 38

4.10.3 – Determinação do ponto isoelétrico da GPX por eletroforese

bidimensional ....................................................................................................... 39

4.11 - Detecção in vivo do peróxido de hidrogênio .............................................. 39

4.12 – Varredura de radicais livres pelo método do DPPH .................................. 40

4.13 - Analise estatística dos resultados ............................................................. 40

5.0 – Resultados .................................................................................................. 41

5.1 – Determinação do perfil protéico por SDS-PAGE ........................................ 41

5.2 – Determinação das atividades enzimáticas .................................................. 42

5.2.1 – Determinação da atividade superóxido dismutase (SOD) após

separação das proteínas por eletroforese não desnaturante .............................. 42

5.2.1.1 – Determinação das isoformas da superóxido dismutase (SOD) ............ 42

5.2.2 – Determinação da atividade catalase (CAT) no extrato bruto ................... 43

5.2.2.1 – Determinação da atividade catalase (CAT) após separação das

proteínas por eletroforese não desnaturante ....................................................... 43

5.2.3 – Determinação da atividade ascorbato peroxidase (APX) no extrato

bruto .................................................................................................................... 45

5.2.3.1 – Determinação da atividade ascorbato peroxidase (APX) após

separação das proteínas por eletroforese não desnaturante .............................. 45

5.2.4 – Determinação da atividade polifenol oxidase (PPO) no extrato bruto ...... 45

5.2.5 – Determinação da atividade guaiacol peroxidase (GPX) no extrato bruto . 47

5.2.5.1 – Determinação da atividade guaiacol peroxidase (GPX) por

eletroforese não desnaturante ............................................................................. 47

5.3 – Caracterização da enzima guaiacol peroxidase (GPX) .............................. 49

5.3.1 – Determinação do pH ideal ....................................................................... 49

5.3.2 – SDS-PAGE da enzima homegênea ......................................................... 50

5.3.3 – Determinação do ponto isoelétrico da GPX por eletroforese

bidimensional ....................................................................................................... 50

5.4 - Detecção in vivo do peróxido de hidrogênio ................................................ 52

5.5 - Varredura de radicais livres pelo método do DPPH .................................... 52

6.0 – Discussão ................................................................................................... 55

7.0 – Conclusão ................................................................................................... 64

8.0 – Referências Bibliográficas .......................................................................... 65

LISTA DE FIGURAS

Fig.1: Lavoura de mamona. Monteiro-PB ........................................................... 4

Fig.2: Estrutura química do metil jasmonato (MeJa) e do ácido jasmônico (AJ)..

Fig.3: Representação esquemática da produção de ácido jasmônico e seu

metil éster, metil jasmonato, pela via octadecanóide. .......................................... 8

Fig.4: Modelo para a regulação diferencial de genes da via de sinalização e

genes defensivos em tomateiros em resposta à injúria ........................................ 14

Fig.5: Etapas de redução univalente do O2 ......................................................... 16

Fig.6: Reação de Fenton ..................................................................................... 16

Fig.7: Sistema antioxidante de defesa composto por componentes enzimáticos

e não enzimáticos ................................................................................................ 17

Fig.8: Dismutação do superóxido catalisada pela SOD ...................................... 18

Fig.9: Degradação do peróxido de hidrogênio catalisada pela CAT .................... 19

Fig.10: Degradação do peróxido de hidrogênio catalisada pela APX ................. 21

Fig.11: Redução do H2O2 e tetramerização do guaiacol catalisada GPX ............ 22

Fig.12: Reação catalisada pela Prx .....................................................................

Fig.13: Reações catalisadas pela PPO ............................................................... 25

Fig.14: Representação esquemática do tratamento com metil jasmonato e

extração protéica em folhas de Ricinus communis .............................................. 31

Fig.15: Eletroforese em gel de poliacrilamida 12% na presença de SDS 0,1%

dos extratos protéicos de folhas de Ricinus communis, obtidos a partir das

plantas controle e tratadas com metil jasmonato.................................................. 40

Fig.16: Atividade da superóxido dismutase de plantas de Ricinus communis

submetidas ao tratamento com metil jasmonato após separação das proteínas

por eletroforese nativa 8%.................................................................................... 41

Fig.17: Isoformas da SOD determinada por eletroforese nativa em plantas de

Ricinus communis................................................................................................. 42

Fig.18: Atividade específica da catalase (µmol peróxido min-1 mg-1 de

proteína) nos extratos de plantas de Ricinus communis submetidas ao

tratamento com metil jasmonato em diferentes intervalos de tempo.................... 43

Fig.19: Atividade catalase determinada em gel após separação das proteínas

por eletroforese nativa 8% ................................................................................... 43

Fig.20: Atividade específica da ascorbato peroxidase (mM min-1 mg-1 de

proteína) nos extratos de plantas de Ricinus communis submetidas ao

tratamento com metil jasmonato em diferentes intervalos de tempo.................... 45

Fig.21: Atividade ascorbato peroxidase determinada em gel após separação

das proteínas por eletroforese nativa 8% . ........................................................... 45

Fig.22: Atividade polifenol oxidase (∆Abs mg -1 min -1) determinada em gel

após separação das proteínas por eletroforese nativa 8%................................... 46

Fig.23: Atividade específica da guaiacol peroxidase (µmol min-1 mg-1 de

proteína) nos extratos de plantas de Ricinus communis submetidas ao

tratamento com metil jasmonato em diferentes intervalos de tempo.................... 47

Fig.24: Atividade guaiacol peroxidase determinada em gel após separação das

proteínas por eletroforese nativa 8% . .................................................................. 47

Fig.25: SDS-PAGE 12% das bandas G1 e G2 obtidas após eletroforese nativa

8%, na qual as proteínas foram ensaiadas para revelação da atividade GPX ..... 50

Fig.26: Eletroforese bidimensional das bandas G1 e G2. .................................... 50

Fig.27: Visualização da formação de peróxido de hidrogênio nas folhas de

Ricinus communis tratadas com metil jasmonato em diferentes intervalos de

tempo.................................................................................................................... 52

Fig.28: Fotografias tiradas das imagens obtidas na lupa (aumento 2X) nas

folhas de Ricinus communis. ................................................................................ 53

Fig.29: Detecção de radicais livres nos extratos foliares de plantas de Ricinus

communis expostas ao tratamento com MeJa ..................................................... 53

LISTA DE TABELAS

TABELA I: Genes que respondem ao ácido jasmônico e suas expressões sob

diversas condições de estresse ........................................................................... 11

TABELA II: Listagem de reagentes e sua procedência ....................................... 29

TABELA III: Preparo das amostras e dos controles para a verificação do

conteúdo de radicais livres nas folhas de Ricinus communis ..............................39

TABELA IV: Determinação das isoformas da SOD ............................................. 42

TABELA V: Determinação da atividade guaiacol peroxidase em diferentes pHs . 48

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

13-HPOT .......................... Ácido 13-hidroperoxido-octadecatrienóico

2 – CP ..............................2-cys peroxiredoxina

1 – CP...............................1-cys peroxiredoxina

ABA .................................Ácido abscísico

AJ ....................................Ácido jasmônico

AL ....................................Ácido linolênico

AOS .................................Aleno óxido sintase

APX .................................Ascorbato peroxidase

AS ....................................Ácido salicílico

ATP ..................................Adenosina trifosfato

CAT .................................Catalase

KCN- ................................Cianeto de potássio

CuZn-SOD .......................Cobre-zinco superóxido dismutase

DAB .................................3,3 diaminobenzidina

DNA .................................Ácido Desoxirribonucléico

DPI ...................................Cloreto de difenil iodo

DPPH ...............................1,1-difenil-2-picrilhidrazil

DTT ..................................Ditiotreitol

EDTA ............................... Ácido etileno diamino tetracético

EGTA................................Ácido bis (2-aminoetil) etilenoglicol-N,N,N',N'-

tetracético

ERO .................................Espécies reativas de oxigênio

Fe-SOD ...........................Ferro superóxido dismutase

FeCl3 ................................Cloreto férrico

GPX .................................Guaiacol peroxidase

H2O2 .................................Peróxido de hidrogênio

HR ...................................Resposta de hipersensibilidade

K3 [ Fe (CN)6 ] ..................Ferricianeto de potássio

KCN .................................Cianeto de potássio

LOX ................................13-lipoxigenase

LSU ..................................Cadeia pesada de ribulose 1,5- bisfosfato-

carboxilase/ oxigenase

MDA .................................Monodehidroascorbato

MDAR ..............................Monodeidroascorbato redutase

MeJa ................................Metil jasmonato

MJRC21 ...........................Metil Jasmonato Ricinus communis 21 kDa

Mn-SOD ...........................Manganês superóxido dismutase

mRNA ..............................Ácido Ribonucléico Mensageiro

NaCl .................................Cloreto de Sódio

NADPH ............................Nicotinamida adenina di-nucleotídeo fosfato

NBT ..................................Nitro blue tetrazolio

o-metoxi fenol ..................guaiacol

O2 .....................................Oxigênio molecular

O2.- ...................................ânion superóxido

OGA .................................Ácido oligogalacturônico

OH. ...................................Radical hidroxila

OPC .................................Oxo-pentenil-ciclopentanos

OPDA ..............................ácido oxo-fitodienoico

OVA .................................Ovalbumina

PAGE ............................... Eletroforese em gel de poliacrilamida

PAL .................................. Fenilalanina amônia liase

PG ................................... Poligalacturonases

PIIF .................................. Proteinase Inhibitor Inducing Factor

PIs ...................................Inibidores de proteinases

PLA2 ................................Fosfolipase A2

PMSF ...............................Fenil Metil sulfonilfluoride

PPO .................................Polifenol oxidase

PR ....................................Proteínas relacionadas à patogênese

Prx ...................................Peroxiredoxina

PS I .................................. Fotossistema 1

PS II ................................. Fotossistema 2

PVPP ...............................Polivinilpolipirrolidona

RIPs .................................Proteínas inativadoras de ribossomos

SDS .................................Dodecil sulfato de sódio

SOD .................................Superóxido dismutase

SSU .................................Cadeia leve de ribulose 1,5- bisfosfato-carboxilase/

oxigenase

TEMED ............................N,N,N’,N’ Tetrametilenodiamina

TRX .................................Tioredoxina

UV ....................................Ultra violeta

RESUMO

As plantas frequentemente estão expostas à estresses bióticos e abióticos que

prejudicam o seu crescimento, desenvolvimento ou a sua produtividade. Estes

estresses disparam várias respostas, desde alteração na expressão gênica e

metabolismo celular até variação na taxa de crescimento e produção de biomassa. O

estresse oxidativo estimula a biossíntese de componentes antioxidantes e aumenta a

atividade de enzimas antioxidantes. Contudo, no início do estresse, uma redução

transiente de algumas atividades antioxidantes pode ser observada, contribuindo para

um aumento de espécies reativas de oxigênio. Sabe-se que a superóxido dismutase

(SOD), catalase (CAT), ascorbato peroxidase (APX), peroxidase (Prx) e polifenol

oxidase (PPO) influenciam diversas reações envolvidas na sinalização de defesa

vegetal. Suas concentrações e atividades orquestrarão muitos processos fisiológicos

envolvidos no estresse oxidativo. O objetivo do nosso trabalho foi verificar o

comportamento dessas enzimas em plantas Ricinus communis tratadas com metil

jasmonato (MeJa) após 1, 4, 6, 12, 24 e 48 horas. Para isto, duas folhas de cada

planta foram congeladas em nitrogênio líquido. As proteínas foram extraídas com

tampão fosfato e o extrato foi centrifugado. O perfil protéico foi analisado por SDS-

PAGE de acordo com a metodologia proposta por Laemmli (1970) e as atividades

antioxidantes foram verificadas utilizando-se os respectivos protocolos. O tratamento

com MeJa causou uma redução transiente nos níveis da proteína 2-cys

peroxiredoxina. A atividade da isoforma Mn-SOD da enzima superóxido dismutase

decresceu após 24 e 48h de tratamento. A atividade catalase decresceu com uma

hora de tratamento a aumentou até 12h. Após este período, a atividade retornou aos

níveis de controle. A atividade ascorbato peroxidase aumentou após 4 e 24h de

tratamento. A atividade das duas guaiacol peroxidases detectadas decresceram com

1, 4 e 6h. Com 12h retornaram aos níveis de controle e após esse período cresceram

significativamente. O pH ideal para esta enzima foi em torno de 6,0. As bandas com

atividade guaiacol peroxidase foram extraídas do gel e tiveram a massa molecular e pI

determinados. Ambas apresentaram duas bandas protéicas com massa molecular

próxima de 39 kDa e pI entre 8.5 e 8,7. A atividade PPO não mostrou alterações

significativas. O MeJa induziu o acúmulo tanto de peróxido de hidrogênio quanto de

radicais livres com 1, 4, 6 e 12h de tratamento. Após este período não se observou

peróxido de hidrogênio ou radicais livres nas folhas. Esses dados reforçam a idéia de

que o MeJa pode estar relacionado com alterações no estresse oxidativo, alterando as

atividades de algumas enzimas chave que controlam este processo, promovendo o

acúmulo de ERO nos estágios iniciais de estresse.

ABSTRACT

Plants frequently encounter biotic and abiotic stress that adversely affect growth,

development, or productivity. These stresses trigger a wide range of plant responses,

from altered gene expression and cellular metabolism to changes in growth rates and

crop yields. Oxidative stress stimulates synthesis of antioxidant metabolites and

enhances antioxidant enzyme activities that could protect plant tissues. However, in the

early stages of stress a transient reduction of some antioxidant activities were

observed contributing to an increase of oxygen reactive species. It is known that

superoxide dismutase (SOD), catalase (CAT), ascorbate peroxidase (APX), peroxidase

(Prx) and polyphenol oxidase (PPO) influence several reactions involved in plant

defence systems. Their concentrations and activities will orchestrate many

physiological processes involved in oxidative stress. The intention of our work was to

verify the behavior of the enzymes in Ricinus communis plants treated with methyl

jasmonate after 1, 4, 6, 12, 24 and 48 hours. For this, two leaves of each plant were

harvested and frozen in liquid nitrogen. The proteins were extracted with phosphate

buffer and the slurry was centrifuged. The protein pattern was analyzed by SDS-PAGE

according to Laemmli and antioxidant activities were verified by their respective

protocols. Methyl jasmonate treatment caused a transient reduction in the levels of 2-

Cys peroxiredoxin protein. The activity of Mn-SOD isoform of superoxide dismutase

decreased after 24 and 48h of treatment. Catalase activity decrease with 1h of

treatement and then increased even 12h. After this period, the activity remains to

control levels. Ascorbate peroxidase activity increased after 4 and 24h of treatment.

The activity of the two guaiacol peroxidase activities detected decreased with 1, 4 and

6h. With 12 h it returned remains to control levels and after that increased significantly.

The ideal pH for this enzyme was about 6,0. The bands with peroxidase activity were

extracted from the gel and its mass and pI were determined. Both of them presented

two proteic bands after SDS-PAGE near 39kDa and a pI near 8,5-8,7. PPO activity

does not show significant changes. Methyl jasmonate induced both hydrogen peroxide

and free radicals accumulation with 1, 4, 6 and 12h of treatment. After that, hydrogen

peroxide and free radicals were not observed in the leaves. This data supports the idea

that methyl jasmonate can be related to changes in oxidative stress, altering the

activities of some key enzymes that control this process, promoting the accumulation of

ERO at early stages of stress.

1.0 – Introdução

Nas últimas duas décadas, houve um avanço sem antecedentes em

relação ao estudo da defesa de plantas e seus mecanismos de sinalização

para prevenir ou cessar tanto o desenvolvimento de doenças como o ataque de

patógenos. Muitos são os tipos de estresses que os vegetais podem enfrentar,

como oscilações drásticas de temperatura, umidade, radiação solar, ataque de

pestes ou patógenos, dentre outros (Malick & Raí, 1999). A sobrevivência sob

estas condições de estresse depende da habilidade da planta em perceber os

estímulos, gerar e transmitir sinais e induzir alterações bioquímicas que

ajustem o metabolismo de acordo com a situação de estresse em questão

(Enyedi et al., 1992; Mehdy, 1994). Vários agentes, como por exemplo, Ca+2,

ácido jasmônico, etileno e ácido salicílico têm sido identificados como

transdutores de sinais em plantas (Enyedi et al., 1992; Klessig & Malamy,

1994).

A indução de proteínas de defesa é um processo complexo que segue

um determinado cronograma. Estudos feitos com células de tomate

(lycopersicon esculentum L.) mostram que o ferimento inicial induz à liberação

de um peptídeo altamente móvel denominado sistemina (Pearce et al., 1991) e

que essa liberação ocorre logo nos primeiros minutos (Ryan, 2000). Este

hormônio migra pelo floema até ligar-se ao seu respectivo receptor em células

vegetais em várias regiões da planta, induzindo a biossíntese de metil

jasmonato. Este, por sua vez, induz à produção de proteínas relacionadas com

defesa, tais como inibidores de proteinases (Farmer & Ryan, 1992).

As espécies reativas de oxigênio (ERO) são geralmente vistas como um

metabólito celular tóxico, por reagir avidamente com moléculas biológicas e

levar a uma morte celular programada, controlada geneticamente. Porém, em

baixas concentrações, ERO induzem genes de defesa e resposta adaptativa

(Breusegem et al., 2001). O peróxido de hidrogênio regula diretamente a

expressão de numerosos genes, alguns dos quais, envolvidos em defesa de

plantas e resposta hipersensitiva (Levine et al., 1994). Experimentos de

Nürnberger et al. (1994), indicaram a presença, tanto o superóxido, quanto o

produto de sua dismutação (H2O2), durante interações incompatíveis entre

plantas resistentes e patógenos avirulentos. O H2O2, produzido durante

situações de estresse, é um dos responsáveis pela indução de enzimas

antioxidantes envolvidas na atenuação do estresse oxidativo (Pastori & Trippi,

1992).

Orozco-Cardenas & Clarence Ryan demonstraram em 1999 que

sistemina, ácido oligogalacturônico (OGA), quitosana e metil jasmonato,

induzem o acúmulo de peróxido de hidrogênio (H2O2) em folhas de tomate.

Posteriormente, o mesmo grupo verificou que o H2O2 é gerado em feixes

vasculares de folhas de tomate em resposta à injúria e se comporta como um

sinal difusível para a expressão de genes de defesa em células do mesofilo.

Dentre as enzimas que protegem as células e compartimentos sub

celulares vegetais dos efeitos citotóxicos das ERO, pode-se citar: superóxido

dismutase, ascorbato peroxidase, glutationa redutase, peroxiredoxina, catalase

e polifenol oxidase. Além da ação enzimática, os organismos contam com a

ação de metabólitos, como a glutationa, ácido ascórbico, α-tocoferol e

carotenóides para detoxificar seus ambientes celulares (Scandalios, 1993; Inzé

& Montagu, 1995; Mittler, 2002).

Neste trabalho a atividade de algumas enzimas antioxidantes e o

conteúdo de ERO foram investigados. O estudo das alterações das atividades

de enzimas antioxidantes pode fornecer, de forma direta, evidências sobre o

estresse oxidativo. Indiretamente, pode fornecer dados importantes no

esclarecimento de rotas de sinalização de defesa em plantas. Além disso,

alterações provocadas pela indução de estresses fisiológicos podem contribuir

para uma melhor compreensão da ação específica de cada enzima envolvida

na resposta antioxidativa em plantas.

2.0 – Revisão bibliográfica 2.1 – Ricinus communis

Ricinus communis L. (mamona) é uma Euphorbiacea de origem indiana

ou africana. Apesar da dúvida sobre sua procedência, esta planta é conhecida

desde a antigüidade pelos egípcios. A mamoneira atinge até dez metros de

altura em estado silvestre e floresce ao final do verão. É também conhecida

como rícino, palma – cristo e carrapateira em nosso país. Os espanhóis a

identificam como rícino ou “figuera del diablo”; já os ingleses e norte

americanos a identificam como “castor bean” ou “castor seed” (Fornazieri-

Júnior, 1986). A mamoneira se apresenta na forma de arbusto quando

cultivada e pode crescer em diferentes condições, em vários tipos de solos e

condições ambientais, podendo assim, ser um modelo útil para análise de

mecanismos de sinalização e defesa .

A mamoneira é uma oleaginosa de grande importância econômica e

social, sendo encontrada em estado selvagem em várias regiões do Brasil.

Suas sementes, depois de industrializadas, dão origem à torta e ao óleo de

mamona o qual, entre as diversas utilidades, é empregado na indústria de

plástico, siderurgia, saboaria, perfumaria, curtume, tintas e vernizes. Além

disso, é um excelente óleo lubrificante para motores de alta rotação e

carburante de motores a diesel.

O Brasil foi, durante décadas, o maior produtor mundial de bagas de

mamona e, é ainda, o maior exportador do seu óleo. O estado da Bahia é o

responsável pelas maiores produções no Brasil, seguido pelo estado de São

Paulo. A tecnologia utilizada no cultivo desta espécie tem evoluído

sensivelmente. Pode-se definir, basicamente, dois tipos de sistema de

produção; no primeiro, o qual a cultura assume papel social de grande

relevância, a força de trabalho familiar explora pequenas áreas, geralmente em

regime de consórcio com o feijão e o milho. Neste sistema não existe

mecanização nem utilização de insumos modernos, como sementes

melhoradas, defensivos, fertilizantes, etc. No segundo sistema, o cultivo

assume um caráter mais comercial, com a utilização de tração mecânica e de

insumos modernos (Azevedo & Lima, 2001). Desde 1936, o Instituto

Agronômico de Campinas vem desenvolvendo o projeto “melhoramento da

mamoneira” que visa obter cultivares mais produtivos.

A cultura da mamona pode se tornar em curto prazo, um dos principais

componentes de um programa nacional de biodiesel (fig.1). A estimativa é de

que cerca de 40% do biodiesel produzido no Brasil nos próximos anos, sejam

obtidos a partir dessa oleaginosa (Azevedo & Lima, 2001).

Dentre os insetos que atacam a mamoneira, destacam-se: o percevejo-

verde (Nezara viridula), que provoca murcha e secamento de folhas e frutos; a

cigarrinha (Agallia spp), que produz manchas cloróticas nas folhas, que com o

tempo ficam necrosadas. Também causam danos às folhas de mamona o

ácaro rajado (Tetranychus urticae) e o ácaro vermelho (Tetranychus ludeni).

Estes deixam manchas esbranquiçadas na parte abaxial das folhas e

pontuações cloróticas na parte adaxial, levando ao secamento e queda das

folhas com o passar do tempo. Como representantes dos lepidópteros,

destacam-se duas espécies de larvas conhecidas como lagartas-das-folhas

(Spodoptera latifascia e Thaelesa citrina). Ambas as espécies provocam

ataques severos à mamoneira que podem levar ao desfolhamento completo da

planta. A cultura da mamoneira pode ainda ser afetada por diferentes

patógenos causadores de importantes doenças que podem afetar o seu

desenvolvimento e sua produção, como os fungos: Macrophomina phaseolina e

Botrytis ricini, que causam respectivamente, podridão-de-macrophomina e

mofo cinzento (Azevedo & Lima, 2001).

A mamona (fig. 1) se classifica da seguinte forma (disponível em: < http:

//www.ncbi.nih.gov/ > Acesso em: 03/04/06).

Super Reino: Eucaryota

Reino: Viridiplantae

Filo: Streptophyta

Superdivisão: Spermatophyta

Divisão: Magnoliophyta

Classe: Magnoliopside

Subclasse: Rosidae

Ordem: Malpighiales

Família: Euphorbiacea

Sub família: Acalyphoideae Fig.1: Lavoura de mamona. Monteiro-PB

Tribo: Acalypheae

Gênero: Ricinus

Espécie: Ricinus communis L.

2.2 - Defesa vegetal

Quando feridas, as plantas conseguem mudar a constituição de

compostos moleculares, como um mecanismo de resposta a esse tipo de

estresse. Muitas dessas alterações podem estar diretamente relacionadas com

defesa e proteção. Para sobreviver, durante sua evolução, elas desenvolveram

mecanismos de resposta a danos e doenças que, quando acionados,

reconhecem a agressão. Saber como os vegetais se protegem é essencial para

obter, por meio da bioengenharia, variedades agrícolas mais resistentes, o que

poderia aumentar a produção e a qualidade da planta em questão. Por isso,

diversos grupos de pesquisa buscam definir o papel de cada substância

participante dos processos bioquímicos de defesa das plantas (Shewry &

Lucas, 1997).

Uma das principais revelações das pesquisas sobre defesa vegetal é

que a resistência a pestes e patógenos é usualmente complexa e tem como

base, a ação combinada de diversos fatores e não um componente somente.

Uma distinção fundamental é geralmente feita entre defesas pré-existentes ou

constitutivas das plantas e sistemas induzidos pela agressão da peste ou

patógeno. As defesas vegetais podem ser também classificadas como

estruturais, baseadas em características anatômicas, e químicas, baseadas em

compostos biologicamente ativos de massa molecular variada (Shewry &

Lucas, 1997).

A defesa estrutural é encontrada nas mais diversas partes da planta. A

presença de pêlos, espinhos, tricomas e ceras recobrindo principalmente a

superfície de caules e frutos, são exemplos típicos dessas estruturas de defesa

(Bowles, 1990).

A importância de proteínas como forma de defesas constitutivas de

plantas é um assunto estudado há muito tempo. Como exemplo, o estudo de

Ryan & Balls (1962) constatou, pela primeira vez, a presença de inibidores de

proteinases em solanáceas. Posteriormente, inibidores de proteinases também

foram relacionados a processos de defesa induzidos por ferimento em folhas

de tomate e batata, tanto no local da agressão, quanto em locais afastados

(Green & Ryan, 1972). Os inibidores de proteinases interagem com as

proteinases do intestino de insetos e afetam negativamente a proteólise do

alimento ingerido, reduzindo a disponibilidade de aminoácidos essenciais e

retardando o crescimento e o desenvolvimento dos mesmos (Constabel &

Ryan, 1995). As proteínas protetoras têm expressão significativa e podem ser

descritas como constitutivas ou tecido específicas, sendo restrita a órgãos,

tecidos ou tipos celulares específicos. Esse tipo é particularmente distribuído

em sementes e em alguns tecidos vegetativos (Shewry & Lucas, 1997).

Dentre as substâncias relacionadas à defesa química, destacam-se

aminoácidos não protéicos, alcalóides, fenóis, saponinas, lectinas, RIPs

(proteínas inativadoras de ribossomos) quitinases, glucanases, flavonóides,

inibidores de proteases, e alérgenos (Bowles, 1990; Xavier-Filho, 1993). As

proteínas protetoras, citadas anteriormente, também podem ser induzidas em

resposta à infecção, dano ou predação. Entre elas estão as proteínas

relacionadas à patogênese (PR), que por sua vez são subdivididas em diversos

grupos (β-1,3-glucanases, quitinases, peroxidases, etc) (Shewry & Lucas,

1997).

Fatores anatômicos constitutivos e químicos, como cutículas, parede

celular e inibidores pré-formados podem ser suficientes para prevenir a

colonização de tecidos vegetais. Se a penetração ocorrer, o sistema de defesa

induzido é ativado. Este inclui a rápida geração de espécies reativas de

oxigênio, alterações em polímero da parede celular, síntese de metabólitos de

baixo peso molecular como as fitoalexinas, produção de novas classes de

proteínas relacionadas à defesa e uma resposta de hipersensibilidade seguida

por morte celular programada. Coletivamente, esses sistemas primeiro inibem

e depois impedem o potencial colonizador (Shewry & Lucas, 1997).

2.2.1 - Rota octadecanóide como mecanismo de resposta de defesa.

Por muito tempo, a questão de como ocorre o processo de sinalização

da agressão da área lesada de uma folha até outras folhas de uma planta

permaneceu indefinida. O grupo liderado pelo Dr. Clarence Ryan, pioneiro de

tais investigações, acreditava que um fator molecular móvel era responsável

por esta indução, e o definiu como PIIF – “Proteinase Inhibitor Inducing Factor”

(Walker Simmons & Ryan, 1977). Em 1990, foi descoberto que um metabólito

secundário comum em plantas, o metil jasmonato (MeJa), induzia, por via

aérea, a biossíntese de inibidores de proteinases em diferentes plantas (das

famílias fabacea e solanacea), mesmo estando estas fisicamente separadas

(Farmer & Ryan, 1990). Este grupo observou também que células de tomate

(Lycopersicon esculentum L.) respondem à injúria e a herbivoria, liberando um

peptídeo octadecamérico altamente móvel denominado sistemina, que é um

milhão de vezes mais poderoso que oligossacarídeos (que atuam apenas no

sítio de ataque) na indução da biosíntese de inibidores de proteinases serínicas

em folhas de tomate feridas (Pearce et al., 1991).

A sistemina é originalmente sintetizada como uma proteína precursora

de 200 aminoácidos chamada pró–sistemina (McGurl et al., 1994). Depois da

ativação proteolítica e liberação, o oligopeptídeo é rapidamente translocado

para tecidos não injuriados, onde se liga em um receptor de membrana que

possui 50kDa (Pearce et al., 1993; Schaller & Ryan, 1994). Subseqüente à

ativação do receptor, o caminho de sinalização se dá, hipoteticamente, via

estimulação de uma fosfolipase A2 (PLA2), resultando na liberação intracelular

do ácido linolênico (AL), o qual é convertido, em uma reação catalisada por

uma 13-lipoxigenase (LOX), a ácido 13-hidroperoxido-octadecatrienóico (13-

HPOT) nos cloroplastos. O 13-HPOT é convertido, pela catálise da aleno óxido

sintase (AOS), a uma ciclopentanona, o ácido oxo-fitodienoico (OPDA). A maior

parte do OPDA parece estar esterificada a lipídios de membrana. Estas

ciclopentanonas deixam o cloroplasto e funcionam como moléculas

sinalizadoras no citossol ou se convertem a oxo-pentenil-ciclopentanos (OPC),

que também podem agir como moléculas sinalizadoras no citossol. Os OPC

são metabolizados nos peroxissomos, nos quais ocorre a redução e a β-

oxidação com formação do ácido jasmônico (AJ). O jasmonato produzido deixa

o peroxissomo e pode ser metilado no citossol para formação de metil

jasmonato (fig. 2) e estes podem agir como moléculas sinalizadoras no citossol,

ativar a transcrição de genes relacionados a defesa no núcleo, agir em células

vizinhas ou serem inativados (fig. 3) (Farmer & Ryan, 1992; Weber, 2002).

Fig.2: Estrutura química do metil jasmonato (MeJA) e do ácido jasmônico (JA).

JA MeJA

Fig.3: Representação esquemática da produção de ácido jasmônico e seu

metil éster, metil jasmonato, pela via octadecanóide. PLA2: Fosfolipase A2; AL:

ácido linolênico; 13-HPOT: 13-hidroperoxido-octadecatrienóico; OPDA: ácido

oxo-fitodienoico; OPC: oxo-pentenil-ciclopentano; AJ: ácido jasmônico, MeJa:

metil jasmonato. Adaptado de Buchanan et al., 2000.

CLOROPLASTO

PEROXISSOMO

NÚCLEO

Quitosana

Oligogalacturonídeos SisteminaInjúriamecânica

PLA2 AL

13-HPOT

OPDA

13-lipoxigenase

aleno oxido sintase

aleno oxido ciclase

CITOSSOL

OPDA

sinalOPC

sinal OPCβ-oxidação

AJ

AJ

AJ

MeJa

sinal

Ativaçãogênica

inativação

Transduçãode sinal

fenótipo

CLOROPLASTO

PEROXISSOMO

NÚCLEO

Quitosana

Oligogalacturonídeos SisteminaInjúriamecânica

PLA2 AL

13-HPOT

OPDA

13-lipoxigenase

aleno oxido sintase

aleno oxido ciclase

CITOSSOL

OPDA

sinalOPC

sinal OPCβ-oxidação

AJ

AJ

AJ

MeJa

sinal

Ativaçãogênica

inativação

Transduçãode sinal

fenótipo

2.2.2 - Variações das expressões protéicas em plantas e participação

hormonal

Várias pesquisas constataram que estresses bióticos ou abióticos levam

a alteração no padrão de expressão de proteínas das plantas, podendo ocorrer

tanto a inibição quanto à indução da biossíntese de determinados constituintes

protéicos. Em 1972, por exemplo, Green & Ryan verificaram que há indução de

inibidores de proteinases em tomate, como um mecanismo possível de defesa

contra insetos. Cavalcante e colaboradores relataram, em 1999, que o metil

jasmonato altera os níveis da enzima rubisco e de outras proteínas. Ghosh e

colaboradores (2001) correlacionaram alterações nos teores de rubisco com

senescência em Brassica napus.

Diferentes partes da planta, que passaram por injúria, podem responder

de maneiras diferentes a uma dada lesão. Além disso, plantas de idades

diferentes podem apresentar diferentes níveis de expressão protéica em partes

vegetais semelhantes (Buchanan et al., 2000). Estudos de Alarcon & Malone

(1995) relataram que a idade da planta influencia a indução de inibidores de

proteinase em resposta a injúria em tomate. Esses dados evidenciam que a

expressão de proteínas em plantas feridas não é um processo somente

dependente da lesão, mas também do estado fisiológico do vegetal.

Um trabalho feito com plantas mutantes de tomate que apresentava

deleções em genes codificadores de enzimas da rota biossintética do MeJa,

mostrou que estas plantas, quando feridas, foram incapazes de produzir

proteínas relacionadas com defesa (Howe et al., 1996).

O MeJa é um composto de fórmula similar a das prostaglandinas,

hormônios de origem animal envolvidos com respostas inflamatórias (Farmer &

Ryan. 1992). Em plantas, foi descoberto pela primeira vez em jasmim, planta

que deu origem ao seu nome. A atividade biológica do MeJa é altamente

variável e dependente de sua concentração nos tecidos ou em meio de cultura

de células vegetais. Em concentrações maiores que 50 µM, causa senescência

em culturas celulares, induzindo à morte celular. Em concentrações que variam

de 1 a 10 µM, atua na indução da expressão de genes relacionados com

defesa, dentre outros genes, sem causar senescência (Mason & Mullet, 1990).

Vários pesquisadores têm avaliado as respostas de plantas em diversas

condições de estresse. Reinbothe e colaboradores (1994) e Reymond &

Farmer (1998) publicaram revisões sobre estes estudos e a tabela 1 apresenta

um resumo das alterações provocadas pelo ácido jasmônico em plantas.

Além do MeJa, outros hormônios já foram documentados como

fundamentais para processos relacionados com defesa, em muitas espécies

vegetais tais como o ácido abscísico (ABA), o ácido salicílico (AS) e o etileno

(Ryan & Pearce, 2001). Estes podem agir isoladamente ou associados e

ABA, açúcares, dessecação

ABA, açúcares, dessecação

Cevada

Cevada

Mamona

REPRIMIDAS

-proteínas do cloroplasto codificadas no núcleo(SSU)

-proteínas do cloroplasto codificadas peloplastídeo (LSU)

- 2-cys peroxiredoxina

Sacarose, ABA, injúria, patógenos, íons metálicosdivalentes

Ácido salicílico

UV, luz, elicitores fúngicos, imjúria

Elicitores fúngicos

Estresse hídrico, injúria

Insetos, bactérias

Patógenos, bactérias, injúria

Batata,

Tomate

Arabdopsis

Cevada

Arabdopsis

Soja,

Batata,

Tomate

Arabdopsis

Arabdopsis

INDUZIDAS

(proteínas de defesa)

-Inibidores de proteinases

-tioninas

-defensinas

-RIPs

-Quitinase classe I (PR-3)

-Quitinase classe III (PR-8)

(proteínas e peptídeos envolvidos natransdução do sianl a respostas de estressee em defesa contra o patógeno)

-Lipoxigenase

-Sistemina

-Fenilalanina amônia liase

-Chalcona sintase

Produto Gênico Espécies Outros indutores/

repressores

TABELA I: Genes que respondem ao ácido jasmônico e suas expressões sob diversas condições de estresse(ABA - ácido abscísico, SSU - cadeia leve da ribulose 1,5-bisfosfato- carboxilase/oxigenase, LSU - cadeia pesada da ribulose 1,5-bisfosfato- carboxilase/oxigenase.)

ABA, açúcares, dessecação

ABA, açúcares, dessecação

Cevada

Cevada

Mamona

REPRIMIDAS

-proteínas do cloroplasto codificadas no núcleo(SSU)

-proteínas do cloroplasto codificadas peloplastídeo (LSU)

- 2-cys peroxiredoxina

Sacarose, ABA, injúria, patógenos, íons metálicosdivalentes

Ácido salicílico

UV, luz, elicitores fúngicos, imjúria

Elicitores fúngicos

Estresse hídrico, injúria

Insetos, bactérias

Patógenos, bactérias, injúria

Batata,

Tomate

Arabdopsis

Cevada

Arabdopsis

Soja,

Batata,

Tomate

Arabdopsis

Arabdopsis

INDUZIDAS

(proteínas de defesa)

-Inibidores de proteinases

-tioninas

-defensinas

-RIPs

-Quitinase classe I (PR-3)

-Quitinase classe III (PR-8)

(proteínas e peptídeos envolvidos natransdução do sianl a respostas de estressee em defesa contra o patógeno)

-Lipoxigenase

-Sistemina

-Fenilalanina amônia liase

-Chalcona sintase

Produto Gênico Espécies Outros indutores/

repressores

TABELA I: Genes que respondem ao ácido jasmônico e suas expressões sob diversas condições de estresse(ABA - ácido abscísico, SSU - cadeia leve da ribulose 1,5-bisfosfato- carboxilase/oxigenase, LSU - cadeia pesada da ribulose 1,5-bisfosfato- carboxilase/oxigenase.)

controlar os efeitos uns dos outros (Finch-Savage et al., 1996). O etileno

também é liberado após a agressão e, junto ao MeJa, atua na expressão de

proteínas de defesa (Pieterse & Van Loon, 1999). O ácido salicílico (AS),

contudo, inibe as vias de ativação de proteínas induzidas por MeJa e etileno

(Fidantsef et al., 1999). Porém, proteínas induzidas por AS podem ser

estimuladas por MeJa e etileno. O ácido abscíssico (ABA) é um hormônio

vegetal relacionado com a proteção de plantas a estresse hídrico, podendo

atuar potencializando a indução de biossíntese protéica relacionada com MeJa

(Finch-Savage et al., 1996). O tratamento de células vegetais, tanto com MeJa

(Kauss et al., 1994), quanto com AS (Kauss & Jeblick, 1995), leva a um

aumento na produção de H2O2. Além disso, a combinação de AS e MeJa leva a

uma super indução de genes relacionados à patogênese (PR1), resultado não

observado quando se usa o MeJa isoladamente (Xu et al., 1994). Bi &

colaboradores (1995) demonstraram que células de plantas agredidas por

injúria mecânica, por patógenos ou tratadas com AS ou MeJa, têm produção de

H2O2 e de genes PR1 aumentados em resposta a H2O2 exógeno.

2.2.3 – Rota octadecanóide e sua relação com a produção de peróxido de

hidrogênio (H2O2).

Sistemina, ácido oligogalacturônico (OGA), quitosana e metil jasmonato,

induzem o acúmulo de peróxido de hidrogênio (H2O2) em folhas de tomate. O

padrão de resposta corresponde a um aumento no mRNA para

poligalacturonases (PG) injúria-induzidas e a um aumento na atividade de tal

enzima. Isto sugere que os fragmentos do OGA, produzidos por PG, levam a

uma resposta de aumento na produção de H2O2 (Orozco-Cardenas & Ryan,

1999). Uma linhagem mutante de tomate com a rota octadecanóide

comprometida não exibe atividade PG ou aumento de H2O2 em resposta à

injúria, sistemina, OGA, ou quitosana, mas responde a metil jasmonato,

indicando que a geração de H2O2 requer uma rota octadecanóide funcional

(Orozco-Cardenas & Ryan, 1999).

Orozco-Cárdenas e colaboradores propuseram um modelo em 2001 (fig.

4), em que o ácido jasmônico, produzido através da rota octadecanóide, ativa

genes sinalizadores (genes iniciais) nos feixes vasculares, que são expressos

0,5h após a injúria (Ryan, 2000), enquanto o H2O2 produzido por derivados de

oligogalacturonideos (OGA) liberados por ação da enzima poligalacturonase

(PG), é um segundo mensageiro que ativa genes defensivos (genes tardios)

que são expressos 4h após a injúria (Ryan, 2000) nas células do mesofilo. Foi

verificado, com auxílio de um inibidor da expressão de genes de defesa tardios

(DPI), que o H2O2 gerado em feixes vasculares de folhas de tomate em

resposta à injúria se comportaria como um sinal difusível para a expressão de

genes de defesa em células do mesofilo, mas não como sinalizador nas células

dos feixes vasculares.

O gene que codifica a PG está entre os genes expressos inicialmente.

Porém, a poligalacturonase libera fragmentos de OGA da parede celular

vegetal que ativa, ambos os tipos de defesa (inicial e tardia) e a produção de

H2O2 em plantas de tomate, o que levanta questionamentos acerca do seu

papel no caminho de trasdução de sinal. (Orozco-Cárdenas et al., 2001).

Herbivoria

(injúria)

Pró sistemina

Sistemina

RMP

Ácido linolênico

Rota octadecanóide

Ácidojasmônico

Feixes vasculares

“Genes Iniciais”

Genes sinalizadores

(PG)

Células do mesofilo

“Genes Tardios”

Genes de defesa

(Pis, PPO)DPI

H2O2

Herbivoria

(injúria)

Pró sistemina

Sistemina

RMP

Ácido linolênico

Rota octadecanóide

Ácidojasmônico

Feixes vasculares

“Genes Iniciais”

Genes sinalizadores

(PG)

Células do mesofilo

“Genes Tardios”

Genes de defesa

(Pis, PPO)DPI

Herbivoria

(injúria)

Pró sistemina

Sistemina

RMP RMP

Ácido linolênico

Rota octadecanóide

Ácidojasmônico

Feixes vasculares

“Genes Iniciais”

Genes sinalizadores

(PG)

Células do mesofilo

“Genes Tardios”

Genes de defesa

(Pis, PPO)DPI

H2O2

Fig.4: Modelo para a regulação diferencial de genes da via de sinalização e

genes defensivos em tomateiros em resposta à injúria. DPI, Cloreto de difenil

iodo; PG, poligalacturonase; PIs, inibidores de proteinases ; MP, membrana

plasmática; PPO, polifenol oxidase; R, receptor. Adaptado de Orozco-Cárdenas

et al. (2001).

2.3 - Estresse oxidativo

O acúmulo de oxigênio molecular (O2) na Terra tornou possível a

evolução de organismos aeróbicos que utilizam o O2 como aceptor final de

elétrons. O O2 é pouco reativo, mas tem a capacidade de originar estados

excitados reativos como radicais livres e derivados (Scandalios, 1993). Com

dois átomos de oxigênio, o O2 é completamente reduzido por quatro elétrons

transportados ao longo da cadeia respiratória, gerando duas moléculas de

água. No entanto, uma pequena parcela dos elétrons escapa da cadeia

respiratória, resultando em uma redução parcial do oxigênio molecular, levando

à produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) na forma de oxigênio

singleto (1O2), peróxido de hidrogênio (H2O2), radical hidroxila (OH.) e anion

superóxido (O2.-) (Mittler, 2002). Essas moléculas tóxicas são formadas durante

funções metabólicas normais nos peroxisomos ou induzidas por estímulos

ambientais aos quais as plantas estão constantemente expostas.

ERO são, sobretudo, subprodutos do metabolismo celular regular, mas

podem ser gerados com a destruição do sistema de transporte de elétrons

durante condições de estresse. O principal ponto de produção de ERO na

célula durante o estresse são as organelas com alta atividade de oxidação

metabólica ou com fluxo de elétrons sustentado: cloroplastos e mitocôndrias.

Nos cloroplastos, a formação de ERO está relacionada com eventos da

fotossíntese. O fenômeno de fotorrespiração nos peroxissomos é outra forma

de produção de H2O2. A produção de ERO em mitocôndrias de plantas recebeu

pouca atenção no passado, mas dados recentes sugerem que tais organelas

podem ser fontes de ERO sobre condições de estresse específicas

(Breusegem et al., 2001).

Sob condições adequadas de desenvolvimento, a produção de ERO na

célula é baixa (240 mM s-1 O2.- e um nível ''steady-state'' de 0,5 mM s-1 H2O2

nos cloroplastos), enquanto muitos estresses que alteram a homeostase

celular acentuam a sua produção (240 a 720 mM s-1 O2.- e 5 a 15 mM de H2O2)

(Mittler, 2002). Em plantas, a produção de ERO é favorecida por vários fatores

ambientais de estresse como a exposição a níveis elevados de luminosidade,

seca, metais pesados, elevada concentração de sais, extremos de

temperatura, radiação UV, poluição do ar, herbicidas, estresse físico e

mecânico e também como resposta ao estresses bióticos tais como o ataque

de patógenos (Malick & Raí, 1999).

Algumas ERO são classificadas como radicais livres por apresentarem

elétrons desemparelhados na sua estrutura, fazendo com que reajam

avidamente com moléculas biológicas, como DNA, proteínas e lipídeos,

podendo alterar suas funções. O efeito final gerado depende não só do

compartimento que está sendo afetado, mas do tipo de ERO que está reagindo

(Dröge, 2002).

As ERO são formadas em estapas de redução univalente a partir do

oxigênio molecular (fig. 5). O primeiro passo na redução de O2 produz radicais

de vida relativamente curta, os superóxidos. Esses radicais de oxigênio não

conseguem atravessar membranas biológicas, ficando confinados no

compartimento onde foram gerados. Os superóxidos formam hidroxiperóxidos

com duplas ligações (enos) ou duplas ligações alternadas (dienos), Além de

oxidar aminoácidos específicos, como metionina, histidina e triptofano. O

superóxido também pode causar peroxidação de lipídeos no ambiente celular e

nas membranas celulares (Breusegem et al., 2001). Posteriormente, a redução

do oxigênio gera peróxido de hidrogênio (H2O2), que, apesar de não ser um

radical livre, atravessa as biomembranas e se distribui a partir do local de sua

produção (Breusegem et al., 2001). A última e mais reativa espécie a ser

formada nessa reação é o radical hidroxil (OH.). Esse radical é formado pela

redução do H2O2 por íons metálicos (Fe2+ e Cu+) na reação de Fenton (fig. 6) e

tem grande afinidade por moléculas biológicas em seu sítio de produção. O OH.

Apresenta uma meia-vida muito curta, pois reage muito rapidamente com

moléculas biológicas, seqüestrando aleatoriamente um átomo de hidrogênio

(Breusegem et al., 2001; Nordberg & Arnér, 2001).

Fig.5: Etapas de redução univalente do O2.

Fig.6: Reação de Fenton.

As plantas protegem suas células e compartimentos sub celulares dos

efeitos citotóxicos das ERO com o auxilio de enzimas antioxidantes, como

superóxido dismutase, ascorbato peroxidase, glutationa redutase,

peroxiredoxina, catalase, polifenol oxidase e metabólitos, como a glutationa,

ácido ascórbico, α-tocoferol e carotenóides (Scandalios, 1993; Inzé & Montagu,

1995; Mittler, 2002) (Fig. 7).

O2 � O2.- � H2O2 � .OH + OH- � 2 H2O

e- e- e- e-

2H+ 2H+

H2O2 + Cu+ / Fe2+ � .OH + OH- + Cu2+ / Fe3+

Fig.7: Sistema antioxidante de defesa composto por componentes

enzimáticos e não enzimáticos. Em destaque amarelo, o ciclo ascorbato-

glutationa. Adaptado de Buchanan et al., 2000.

Reação de Mehler

Superóxido dismutase

Catalase

Ascorbato peroxidase

espontâneo

Radical monodehidro- ascorbato

Ascorbato

espontâneo Dehidroascorbato

monodehidroascorbato redutase

Dehidroascorbato redutase

Glutationa redutase

Reações redox tranporte de e-

Vitamina E e carotenoides

2.4 – Antioxidantes enzimáticos

2.4.1 – Superóxido dismutase (SOD)

A enzima superóxido dismutase (SOD) tem um papel importante na

proteção dos organismos contra os efeitos do estresse oxidativo. Participa de

uma via crucial na defesa antioxidativa, pois catalisa a dismutação de O2.- para

H2O2 (fig. 8) (Scandalios, 1993). Quatro diferentes classes de SOD foram

identificadas, dependendo do metal presente no sítio ativo: Manganês, ferro,

cobre e zinco ou níquel, sendo a forma CuZn-SOD, a mais abundante em

vegetais. Elas se apresentam como homodímero no citossol, núcleo,

mitocôndria (membrana interna) e peroxissomo. Nos cloroplastos, a SOD existe

como um homotetrâmero em plantas superiores e como monômero no

periplasma de algumas bactérias gram – negativas (Dupeyrat et al., 2004).

A isoforma Cu/Zn-SOD é, em geral, sensível a CN- e H2O2, e ocorre

geralmente no citoplasma e no cloroplasto; a Fe-SOD é sensível a H2O2, e

resiste a CN-, ocorrendo no cloroplasto; e a Mn-SOD é resistente a H2O2 e CN-,

e está presente nas mitocôndrias (Bowler et al., 1992; Del Rio et al., 1998).

Vários trabalhos têm relatado aumento nas concentrações de anion superóxido

e, conseqüentemente, da atividade SOD, para amenizar os efeitos destrutivos

do radical, sobre diferentes condições de estresse (Larkindale & Huang, 2004;

Vierling, 1991; Dat et al., 2000).

Fig.8: Dismutação do superóxido catalisada pela SOD.

Análises detalhadas da expressão em tabaco e tomate mostram que os

genes da SOD são regulados diferenciadamente tanto no desenvolvimento

como na resposta vegetal a diversos tipos de estresses (Tsang et al., 1991;

Perl-Treves & Galun, 1991). Em Nicotiana plumbaginifolia (tabaco), a

expressão da Cu/Zn-SOD é aumentada preferencialmente pelo choque térmico

e congelamento, enquanto que, o mRNA da isoforma Fe-SOD é induzido

2 O2.- + 2 H+ ���� H2O2 + O2

preferencialmente por congelamento (Tsang et al. 1991). O elevado aumento

de transcritos de SOD sob condições de estresse corresponde, geralmente, a

um aumento bem mais moderado da atividade da enzima (Inzé & Montagu,

1995).

2.4.2 – Catalase (CAT)

Uma das enzimas responsáveis pela degradação de H2O2 é a catalase

(Stryer, 1995 ; Maté et al., 1999). Atualmente, é bem estabelecido que existam

três genes, não relacionados, de famílias de catalase capazes de degradar o

H2O2: a manganês catalase, reconhecida apenas em procariotos (Barnynin et

al., 1986); a catalase peroxidase, que é largamente distribuída em procariotos e

encontrada em eucariotos inferiores (Fraaije et al., 1996) e a família que tem

sido chamada de catalase verdadeira, correspondendo a hemoproteínas com

quatro cadeias (de aproximadamente 60 kDa cada uma) e um grupo heme em

cada uma, encontrada ubiquamente em eucariotos e também em muitos

procariotos (Stryer, 1995). São encontradas no citoplasma, nas mitocôndrias e

nos peroxissomos de células animais, vegetais e microrganismos aeróbicos

(Scandalios, 1993).

A degradação do H2O2 pela catalase se realiza em dois passos (fig. 9). A

primeira molécula de substrato é reduzida a água, deixando a enzima como um

intermediário oxoferril, chamado componente 1 (reação 1). Um dos dois

elétrons transferidos é doado a porfirina (Chance & Herbert, 1950). A forma

resultante da enzima passa pelo segundo passo do ciclo catalítico (reação 2),

pela transferência dos dois elétrons para uma segunda molécula de H2O2

(Dolphin et al., 1971).

Fig.9: Degradação do peróxido de hidrogênio catalisada pela CAT. 1, 2: reação

1 e reação 2, respectivamente. (Maté et al., 1999).

Existem três tipos distintos de catalases identificadas em plantas: CAT-1,

CAT-2 e CAT-3 (Scandalios, 1993). A CAT-1 é responsável por 80% da

atividade total da enzima e se localiza nos peroxissomos, sendo responsável

pela degradação do H2O2 gerado na fotorrespiração. A CAT-2 é encontrada em

tecidos vasculares e a CAT-3 está localizada no mesófilo das folhas

(Scandalios, 1990).

O peróxido de hidrogênio, além de ser tóxico para as células por inativar

enzimas do ciclo de Calvin, pode gerar outros radicais livres. Nos tecidos

infectados, uma redução da atividade da catalase levaria a um aumento de

peróxido de hidrogênio, que poderia provocar a morte celular, que caracteriza a

resposta de hipersensibilidade (HR), (Margis – Pinheiro et al., 1999).

2.4.3 – Ascorbato peroxidase (APX)

Segundo Foyer et al. (1994), a catalase está ausente no cloroplasto e a

degradação do peróxido de hidrogênio nesse compartimento é feita pela APX

ligada ao tilacóide. As moléculas de O2.- e H2O2, que escapam da destruição no

tilacóide, são destruídos no estroma pela SOD ou APX. Várias isoenzimas de

APX são encontradas no citossol, peroxissomo e cloroplasto (estroma e

tilacóides) e sua função é degradar o H2O2 via oxidação do ascorbato

(Karyotou & Donaldson. 2005), (fig. 10). O primeiro produto da reação

catalisada pela APX é o radical monodehidroascorbato (MDA), que pode ser

convertido a ascorbato espontaneamente ou enzimaticamente pela

monodehidroascorbato redutase (MDAR). O MDA também pode se converter

espontaneamente a dehidroascorbato e este pode, pela dehidroascorbato

redutase, regenerar o ascorbato (fig. 10) (Foyer et al., 1994; Karyotou &

Donaldson, 2005).

APX são hemoproteínas contendo o grupo prostético protoporfinia IX,

similar a guaiacol peroxidase em plantas. As propriedades enzimáticas da APX,

contudo, são bem diferentes de outras heme – peroxidases. As isoenzimas

variam em uma faixa de massa molecular entre 27 e 40 kDa. Geralmente, a

APX está presente como um monômero, ou como um homodímero (Asada.

1992).

Fig.10: Degradação do peróxido de hidrogênio catalisada pela APX.

2.4.4 – Guaiacol peroxidase (GPX)

Peroxidases geralmente reagem com compostos contendo grupos

hidroxila ligados a anéis aromáticos e atuam na lignificação, suberização e em

outros pontos do metabolismo da parede celular vegetal. O guaiacol (o-metoxi

fenol) é comumente usado como substrato para a medição da atividade

peroxidásica (Hiraga et al., 2001).

A enzima guaiacol peroxidase (GPX) oxida uma molécula de guaiacol

para cada molécula de H2O2 que é reduzida. A reação global ocorre com a

utilização de quatro moléculas de guaiacol que se tetramerizam, levando a

redução de quatro moléculas de H2O2, com formação de água, oxigênio

molecular e um composto formado pelas 4 moléculas de guaiacol (fig. 11).

Esse composto posteriormente se dissocia em radicais fenoxi, que levam a

polimerização não enzimática de monômeros. De um modo similar o ácido

hidroxicinâmico e o álcool hidroxicinamílico e seus derivados, são convertidos a

radicais fenoxi pela peroxidase. O ácido hidroxicinâmico contém porções

alifáticas que são incorporados à suberina, enquanto que o álcool

hidroxicinamílico é polimerizado a lignina (Hiraga et al., 2001).

Nas espécies vegetais e em particular no linho (Linum usitatissimum), a

guaiacol peroxidase apresenta formas ácidas e básicas. A isoforma ácida está

envolvida numa variedade de processos relacionada com a biossíntese da

parede celular, incluindo a formação de lignina. A isoforma básica participa da

regulação da degradação do ácido indol-acético e da síntese do etileno

(Fieldes & Gerhardt, 1998).

A GPX utiliza preferencialmente o guaiacol como substrato, mas

catalisa, in vitro, a oxidação de doadores de oxigênio inespecíficos. In vivo, a

GPX pode utilizar ascorbato como substrato para suas reações. Neste caso, a

desintoxicação pode se tornar a função principal de algumas isoformas (Fieldes

& Gerhardt, 1998).

2 Ascorbato + H2O2 � 2 Monodehidroascorbato + H2O

Mika & Lüthje (2003) detectaram, em raiz de milho, a presença de três

isoformas de guaiacol peroxidases com 70, 155 e 38 kDa respectivamente. As

isoformas não possuíam atividade ascorbato peroxidase, provavelmente

perdida com a purificação.

Jung demonstrou em 2004 que a atividade GPX aumenta cerca de 100

vezes, sete dias após o tratamento de folhas de Arabidopsis thaliana com metil

jasmonato. No mesmo ano, Soares e colaboradores verificaram que até 6

horas após a indução do estresse com metil jasmonato, há uma redução da

atividade GPX em Ricinus communis. Contudo, na maioria dos organismos, as

principais funções das GPX não foram bem esclarecidas. O estudo das

alterações provocadas pela indução de estresses fisiológicos pode contribuir

para uma melhor compreensão da ação específica das isoformas da GPX

(Campa, 1991).

Fig.11: Redução do H2O2 e tetramerização do guaiacol catalisada pela GPX.

2.4.5 – Peroxiredoxina (Prx)

Peroxiredoxinas (Prx) são enzimas que catalisam a reação de redução

de peróxido de hidrogênio (H2O2) ou outros alquil hidroperóxidos em água e

álcool correspondente na presença de um doador de hidrogênio, o qual é,

então convertido à forma oxidada (fig. 12). Tal doador de hidrogênio pode ser

uma tioredoxina, uma glutaredoxina ou ambas. Pertencem à família das

peroxidases, porém não possuem grupos prostéticos, contendo um íon metal,

normalmente requerido para a reação catalítica ocorrer. A peroxiredoxina

0 0

OCH3 OCH3

OCH3

0 0

OCH3

OH

OCH3

Peroxidase

+ 4 H2O2

Guaiacol

+ 6 H2O+ O2 4

supera este problema usando uma cisteína catalítica na região N- terminal que

é convertida a ácido sulfênico e regenerada via doador de próton. Seu peso

molecular é de aproximadamente 20kDa, (Rouhier et al., 2001).

A eficiência catalítica moderada, se comparada à catalases, torna a

importância das peroxiredoxinas questionável. No entanto, a alta abundância

de Prxs em uma grande variedade de células e um dado recente de que uma

Prx de bactéria, e não a catalase, é responsável pela redução do H2O2

endógeno, demonstram a importância das Prxs na desintoxicação de células

(Wood et al., 2003).

Segundo Rouhier et al. (2001), peroxiredoxinas se classificam em três

tipos; A, B e C. Tal classificação deve-se às diferenças na organização

molecular, seqüência de aminoácidos, doador de prótons e localização

subcelular.

A elucidação do genoma de Arabidopsis indica que há muitos genes de

Prx em plantas. A expressão de alguns desses genes é regulada temporal e

espacialmente. Em plantas, foram identificadas três tipos de Prx (Rouhier et al.,

2001).

A enzima 2-cys peroxiredoxina (2-CP) se localiza em cloroplastos e

parece ser expressa na maioria dos tecidos vegetais e age na desintoxicação

de produtos do transporte de elétrons no tilacóide, o lugar de maior

metabolismo de oxigênio ativo em células vegetais. Plantas com 2-CP

suprimida compensam com a super expressão de ascorbato peroxidase,

sugerindo que existe um equilíbrio entre diversas enzimas antioxidantes em

cloroplastos (Baier & Dietz, 1997). Para esse grupo de peroxiredoxinas, o

doador de prótons é claramente a tioredoxina (Trx). As 2-cys peroxiredoxinas

exibem estrutura dimérica com duas subunidades idênticas ligadas por ponte

dissulfeto (Choi & Cheng, 1999). Soares et al. (2004) verificaram que o metil

jasmonato promove uma redução transiente nos níveis da enzima 2-CP

peroxiredoxina em folhas de Ricinus communis. A 1-cys peroxiredoxina (1-CP)

é codificada aparentemente por um único gene expresso em sementes de

dicotiledôneas e monocotiledôneas em desenvolvimento. Como função, foi

proposta a proteção desse tecido contra espécies reativas de oxigênio

produzidas durante a dessecação ou como um produto da respiração durante a

embebição das sementes (Schröder & Ponting, 1998). As Peroxiredoxinas do

tipo C foram isoladas recentemente (1999) de Brassica rapa e Arabidopsis. Das

três, é a Prx de menor seqüência de aminoácidos. Ambas as enzimas reduzem

H2O2 na presença de NADPH, Trx e Trx redutase. A organização molecular da

Prx tipo C é muito pouco conhecida. Sugere-se que tenha um enovelamento

similar ao da Trx com uma folha beta pregueada central, rodeada por alfa

hélices, (Schröder & Ponting, 1998).

Fig.12: Reação catalisada pela Prx.

2.4.6 – Polifenol oxidase (PPO)

Polifenol oxidase é uma enzima encontrada em muitas plantas e fungos.

Em plantas superiores se localiza no tilacóide dos cloroplastos ou em outros

plastídeos. Em sua forma ativa, a PPO catalisa a hidroxilação de monofenóis a

o-difenóis (cresolase) e a oxidação de o-difenóis a o-diquinonas (catecolase),

como ilustrado na figura 13. As o-quinonas, reagem então com o oxigênio do

ar, formando um composto marrom escuro chamado melanina. Com a

oxidação de compostos fenólicos, a PPO reduz as agressões em moléculas

biológicas. A enzima pode existir também, parcial ou completamente, em uma

forma latente, dependendo da espécie de planta ou de fungo. Pode ser

convertida a forma ativada com a adição de tripsina (Tolbert, 1973) ou

detergente ao tampão de ensaio. Geralmente possui massa molecular entre 59

e 68KDa (Shin et al., 1997).

2 R'-SH + ROOH � R'-SSR' + H2O + ROH

Fig.13: Reações catalisadas pela PPO.

Durante a alimentação de insetos com folhas, a enzima se mistura aos

substratos fenólicos e as quinonas resultantes alquilam aminoácidos essenciais

da dieta protéica, tornando-os nutricionalmente inviáveis aos insetos

(Constabel & Ryan. 1998).

Em adição, PPO de cloroplastos do mesofilo funcionam nas reações de

Mehler, fotorredução do oxigênio molecular pelo fotosistema Ι da fotossíntese e

regulação dos níveis de oxigênio (Thipyapong et al., 2004).

Uma outra função de PPO está em aumentar a resistência da parede

celular dos tecidos vegetais, uma vez que colabora com a biossíntese de

lignina (Aquino-Bolaños & Mercado-Silva, 2004). Todos estes atributos aqui

descritos conferem a essas proteínas uma ampla ação protetora, atuando não

somente contra pragas, mas também contra patógenos (Yuan et al., 2002).

Polifenol oxidases são as proteínas de defesa mais abundantemente

induzidas em plantas de tomate submetidas a ferimento, ou estimuladas com

MeJa, ou ainda com a sistemina (Constabel et al., 1995). Além disso, o

aumento dos níveis de PPO em plantas causado por lesão ou MeJa,

representa a indução de proteínas de defesa mais amplamente distribuída

entre as espécies vegetais, como exemplos vistos em plantas de tomate,

monofenol o-difenol

o-difenol o-diquinona

tabaco, soja, ervilha dentre outros cultivares. A intensidade de indução da PPO

varia grandemente entre diferentes famílias e espécies de plantas (Constabel &

Ryan. 1998).

2.5 – Resposta às Espécies Reativas de Oxigênio (ERO)

Respostas adequadas às mudanças ambientais são cruciais para o

crescimento e sobrevivência da planta, contudo, os mecanismos moleculares e

bioquímicos que orquestram estas respostas ainda são pouco compreendidos.

Uma função atribuída para as espécies ativas de oxigênio, durante respostas a

estresses bióticos e abióticos, é bem documentada. As ERO podem agir

causando danos ou agir como moléculas sinais que ativam múltiplas respostas

de defesa. Essa dualidade pode ser obtida apenas quando os níveis celulares

de ERO são bem controlados tanto na produção quanto no consumo,

(Breusegem et al. 2001; Neto et al. 2005).

O nível e o tipo das ERO são fatores determinantes para o tipo de

resposta. Peróxido de hidrogênio (H2O2) e superóxido (O2*-) podem induzir

genes diferentes, em conjunto ou separadamente, dando mais flexibilidade a

sinalização de ERO. Em baixas concentrações, ERO induz genes de defesa e

resposta adaptativa. Níveis subletais, contudo, podem levar plantas a

condições de estresse biótico e abiótico e reduzir seu crescimento,

provavelmente como parte de uma resposta adaptacional. Porém, respostas

genômicas substanciais e atividades enzimáticas são afetatadas por ERO e os

mecanismos moleculares de adaptação ainda são pouco conhecidos. Em altas

concentrações, as ERO levam a um programa de morte celular controlado

geneticamente. Também comunicam-se com outras moléculas sinalizadoras e

vias formando uma grande rede de resposta vegetal, (Breusegem et al. 2001).

O acúmulo de H2O2 em tecidos específicos e em quantidades

apropriadas beneficia as plantas mediando aclimatação e tolerância cruzada a

estresses bióticos e abióticos (Bowler & Fluhr, 2000). Tem sido evidenciado

que a adição de H2O2 em tecidos foliares ou sua indução endógena age como

um sinal de indução para a expressão de genes referentes a catalase

(Polidoros & Scandalios, 1999), ascorbato peroxidase (Breusegen et al., 2001),

guaiacol peroxidase e glutationa peroxidase (Janda et al., 1999).

Existem na literatura algumas evidências da participação de H2O2 em

resposta ao estresse. Como exemplo, podemos citar os experimentos de

Orozco–Cardenas & Ryan (1999). Estes autores demonstraram que sistemina,

OGA (oligogalacturonídeos), quitosan e metil jasmonato induzem o acúmulo de

peróxido de hidrogênio em plantas de tomate, como citado anteriormente. Rao

e colaboradores investigaram em 1997 como o ácido salicílico (AS) aumenta o

conteúdo de H2O2 em Arabidopsis thaliana. O tratamento com AS, aumenta a

produção de H2O2, a peroxidação lipídica e o dano oxidativo a proteínas. O

aumento dos níveis de H2O2 foi relacionado a um aumento na atividade da

isoforma Cu/Zn-SOD e foi independente de alterações nas atividades catalase

e ascorbato peroxidase. Contudo não é claro se o ácido salicílico ou os sinais

derivados do H2O2 são percebidos e propagados. Ambos AS e H2O2 parecem

ter um papel regulatório no desenvolvimento de resistência a patógenos (Wu et

al., 1995; Hammond-Kosack & Jones, 1996). Cho & Seo (2005) observaram

um aumento no conteúdo de H2O2, bem como em todas as atividades

antioxidantes testadas (SOD, CAT, APX) em Arabidopsis thaliana exposta ao

Cádmio. O H2O2 gerado em resposta ao tratamento com ABA foi detectado

com 0,5h nas nervuras principais das folhas de milho (Zea mays L.) e

maximizado em torno de 2-4h. O H2O2 foi detectado em células do mesofilo e

em feixes vasculares. O tratamento com ABA levou a aumentos significativos

nas atividades de enzimas antioxidantes presentes em diversos

compartimentos sub-celulares: SOD, APX e GR. Além disso, o estresse

oxidativo induzido por paraquate, que gera O2.- e então H2O2 nos cloroplastos,

também induziu um aumento na atividade das enzimas. Esse dado sugere que

o H2O2 produzido em um local celular específico pode coordenar a atividade de

enzimas antioxidantes em diferentes compartimentos subcelulares.

3.0 – Objetivos gerais:

O nosso estudo tem como objetivos gerais, a detecção e a análise do

comportamento das diversas enzimas relacionadas com o metabolismo de

espécies reativas de oxigênio, em folhas de Ricinus communis tratadas com

metil jasmonato, bem como, relacionar a atividade das mesmas com o

conteúdo de peróxido de hidrogênio “in vivo” nas folhas em diferentes tempos

de tratamento.

3.1 – Objetivos específicos:

− Avaliar, por SDS-PAGE, as modificações protéicas provocadas por

MeJa em Ricinus communis;

− Padronizar e determinar a atividade das enzimas: superóxido dismutase

(SOD), catalase (CAT), ascorbato peroxidase (APX), guaiacol

peroxidase (GPX) e polifenol oxidase (PPO) em extrato bruto de folhas

de Ricinus communis tratadas com metil jasmonato e após separação

das proteínas por PAGE nativo;

− Caracterizar parcialmente a enzima guaiacol peroxidase;

− Detectar o acúmulo de peróxido de hidrogênio e de radicais livres nas

folhas de Ricinus communis em diferentes tempos de tratamento com

MeJa.

4.0 – Material e Métodos

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Química e Função de

Proteínas e Peptídeos, no Centro de Biociências e Biotecnologia da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro durante dois anos.

4.1 – Equipamentos

− Centrífuga Eppendorf - Centrifuge / 5402

− Seqüenciador - SHIMADZU / PPSQ-10

− Leitor de microplacas - labsitems / Multiskan

− Sistema de eletroforese - Bio Rad

− IPG phor - GE Healthcare

− Balança semi analítica e analítica - Sartorius

− Sistema de eletrotransferência - Bio Rad

− pHmetro - Procyon / 310

− Fonte de alta de tensão - Desaga

− Agitador magnético com aquecimento - NT /103

− Espectrofotômetro - Spekol

− Sonicador - Fisher-cientific / Sonic dismembrator-60

− Lupa - Tecnival / SQF-F

− Máquina fotográfica - Sony - Cyber-shot / DSC-S60

4.2 – Reagentes

A seguir, a lista dos principais reagentes necessários à execução do

trabalho. Todos os outros reagentes eram de alto grau analítico.

TABELA II: Listagem de reagentes e sua procedência.

Reagente Sigla Fonte

Polivinilpolipirrolidona PVPP Sigma- Aldrich

Ácido etileno diamino tetracético EDTA VETEC

Ditiotreitol DTT Sigma- Aldrich

Ovalbumina OVA Sigma- Aldrich

Dodecil sulfato de sódio SDS Sigma- Aldrich

3,3 diaminobenzidina DAB Sigma- Aldrich

Cianeto de potássio KCN Merck

Nitro blue tetrazolio NBT USB

N,N,N’,N’ Tetrametilenodiamina TEMED Sigma- Aldrich

Guaiacol - Merck

Peróxido de hidrogênio - Nuclear

Triton - Calbiochem

Ácido ascórbico - Sigma- Aldrich

Cloreto férrico - Sigma- Aldrich

Ferricianeto de potássio - Sigma- Aldrich

Catecol - Sigma- Aldrich

Riboflavina - Sigma- Aldrich

4.3 - Material vegetal e condições de crescimento

As sementes de Ricinus communis, cultivar IAC 226 (Tarabay) foram

fornecidas pelo Instituto Agronômico de Campinas. Esse cultivar foi originado

de linhagem pura, obtida do cruzamento controlado entre o “Pindorama” e o

“Campinas”. Como características principais, possui ramificação com inserção

baixa, conferindo à arquitetura da planta o formato de taça, frutos indeiscentes,

porte alto (2,50 a 3,50 metros) e elevado potencial produtivo (2.681 kg/ha de

sementes e 1.233 kg/ha de óleo) (Savy Filho et al., 1990). As sementes deste

cultivar foram semeadas em potes plásticos contendo o substrato orgânico

Plantmax®, na casa de vegetação. Durante sua germinação e crescimento as

plantas foram irrigadas uma vez ao dia, até atingir o estágio trifoliar.

4.4 - Indução de estresse

Quando as plantas atingiram o estágio trifoliar, foram levadas ao

laboratório para que se efetuasse o tratamento com metil jasmonato. As folhas

foram borrifadas manualmente com uma solução de metil jasmonato (0,025%).

Após a indução de resposta, as plantas foram mantidas em câmaras de vidro

fechadas (30 x 30 x 50 cm) em diferentes intervalos de tempo (1, 4, 6, 12, 24,

48 horas).

As plantas não tratadas foram mantidas em outra câmara de vidro com

condições similares de temperatura e luminosidade. Cada câmara continha em

média seis plantas.

4.5 - Obtenção de extratos protéicos

As plantas foram utilizadas no estágio trifoliar. As duas folhas principais

foram cortadas com o auxílio de uma lâmina de barbear e pesadas, o que

equivalia, em geral, a uma massa de aproximadamente 0,15g por folha. Em

seguida foram congeladas em nitrogênio líquido, trituradas na presença de

polivinilpolipirrolidona insolúvel (PVPP) até a consistência de pó fino, numa

proporção de 10% do valor da massa foliar pesada. Posteriormente foi

acrescentado o tampão de extração (100 mM tampão fosfato de potássio pH

7,5, 1 mM EDTA e 3 mM DTT) na proporção de 1:4 (p/v) ao pó fino obtido. A

extração foi realizada durante 1 hora em gelo. O homogenato foi transferido

para tubos tipo eppendorf de 1,5mL e centrifugado a 15.000 x g por 20 minutos

a 4ºC. Logo após, o sobrenadante foi coletado, redistribuído em tubos tipo

eppendorf e congelados em -20ºC para análises posteriores. A maioria dos

passos da extração estão ilustrados na figura 14.

Fig.14: Representação esquemática do tratamento com metil jasmonato e

extração protéica em folhas de Ricinus communis.

MACERAR

EXTRAÇÃO (1: 4)

Centrifugação a 15.000 x g por 20´

SOBRENADANTESEDIMENTO

ANÁLISES POSTERIORES

Tratamento das folhas com metil jasmonato

Tampão fosfato de potássio 100mM, pH 7,5; 1mM EDTA, 3mM

DTT

MACERARMACERAR

EXTRAÇÃO (1: 4)EXTRAÇÃO (1: 4)

Centrifugação a 15.000 x g por 20´

SOBRENADANTESOBRENADANTESEDIMENTOSEDIMENTO

ANÁLISES POSTERIORESANÁLISES POSTERIORES

Tratamento das folhas com metil jasmonatoTratamento das folhas com metil jasmonato

Tampão fosfato de potássio 100mM, pH 7,5; 1mM EDTA, 3mM

DTT

4.6 - Determinação do teor de proteínas nos extratos brutos

A curva padrão foi preparada com ovalbumina (2 mg/mL) em diversas

diluições. Alíquotas de amostras foram diluídas 20 vezes, tratadas com o

reagente de Bradford e a seguir lidas a 540 nm (Bradford,1976). Todos os

ensaios foram feitos em triplicata.

Os volumes usados representam uma pequena modificação do método.

O volume máximo em cada poço da placa (de 96 poços) foi de 10 µL, tanto

para a curva quanto para as amostras. A esse valor, adicionou-se 200 µL do

reagente de Bradford e a leitura foi realizada em leitor de micro placas.

4.7 - Análise do perfil protéico em gel de poliacrilamida descontínua

4.7.1 - Na presença de dodecil sulfato de sódio (SDS-PAGE)

O perfil protéico dos extratos das plantas controle e das plantas tratadas

foram avaliados por SDS-PAGE empregando a metodologia descrita por

Laemmli (1970). Foram utilizados géis fracionadores e concentradores com,

respectivamente, 12% e 3% em acrilamida.

As amostras foram misturadas ao tampão de amostra contendo SDS e

aquecidas a 100º C por 5 minutos. Foram aplicados 100 µg de proteína em

cada canaleta em géis de 1mm de espessura e foi aplicada uma corrente

elétrica de 35 mA por gel, por aproximadamente uma hora. Para revelação das

proteínas, foi usada a solução corante (0,1% comassie blue, 40% metanol e

10% ácido acético) para revelação das bandas protéicas, após a corrida

eletroforética. A visualização das proteínas coradas foi feita com a imersão do

gel em solução descorante (40% metanol e 10% ácido acético).

4.7.2 - Na ausência de dodecil sulfato de sódio (NATIVE-PAGE)

A avaliação da maioria das atividades enzimáticas em gel de

poliacrilamida é limitada se efetuada na presença do agente desnaturante SDS.

Para realizar nossos experimentos, empregamos a mesma metodologia

descrita no item anterior, porém sem SDS e sem aquecimento (Davis, 1964).

Os géis fracionadores utilizados para este fim eram 8% e também possuíam

1mm de espessura. As amostras foram acondicionadas em banho de gelo e a

eletroforese aconteceu em ambiente refrigerado (4ºC).

4.7.3 – Eletroforese bidimensional

Uma alíquota da amostra a ser analisada foi colodada em 120µL de

tampão de rehidratação (8M de uréia; 2% chaps; 0,5% anfólitos; 0,3% DTT,

0,002% azul d bromo fenol). A solução resultante foi colocada no centro de um

“strip holder”. O “strip” de 7 cm, com faixa de pH entre 3 e 10, foi colocado

sobre a amostra no “strip holder” e coberto com um óleo mineral e, em seguida,

trasferido para a plataforma do aparelho de focalização, IPG Phor, o qual foi

programado para proceder com a focalização até a marcação de 25000 Vh.

O “strip” com as proteínas focalizadas foi colocado por 15 minutos em

um tampão de equilíbrio (0,05M tris-HCl pH8,8; 6M uréia; 30% glicerol; 2%

SDS; 0,0002% azul de bromo fenol). O “strip” foi, então, colocado no mesmo

tampão por mais 15 minutos, porém sem DTT e com 2,5% iodoacetamida

(O’Farel, 1975).

O “strip” equilibrado foi colocado sobre um gel desnaturante, como

descrito no item 4.7.1, para que fosse realizada a segunda dimensão e foi

aplicada uma corrente de 25 mA durante a corrida eletroforética.

4.8 - Determinação das atividades de enzimas antioxidantes por

espectofotometria

4.8.1 - Determinação da atividade da catalase (CAT)

A atividade catalase (EC 1.11.1.6) foi medida em uma mistura reacional

(3mL) composta de 50 mM tampão fosfato de sódio pH 7,0 na qual o peróxido

de hidrogênio foi adicionado numa concentração final de 10 mM (Barka, 2001).

A reação foi iniciada adicionando 30 µL de extrato e a atividade foi monitorada

pelo do declínio da densidade óptica a 240 nm (ε = 36 mM-1 cm-1) durante 1

min, após o início da reação, tendo, como branco, o meio de reação livre de

H2O2. A atividade da CAT foi expressa em µmol min-1 mg-1 de proteína.

4.8.2 - Determinação da atividade da ascorbato peroxidase (APX)

A atividade ascorbato peroxidase (EC 1.11.1.11) foi medida pelo

monitoramento da oxidação do ascorbato pela diminuição da absorbância a

290 nm (ε=2,8 mM-1 cm-1), em uma cubeta de quartzo de 3 mL. O meio

reacional (2 mL) continha 0,5 mM ácido ascórbico, 0,1 mM EDTA, 1 mM H2O2

em 50 mM tampão fosfato de potássio pH 7,0 , (Barka, 2001). A reação foi

iniciada com a adição de 30 µL do extrato enzimático tendo, como branco, o

meio de reação livre de H2O2 e extrato enzimático. A atividade da APX foi

expressa em mmol min-1 mg-1 de proteína.

4.8.3 - Determinação da atividade da guaiacol - peroxidase (GPX)

A determinação da atividade da GPX (EC 1.111.7) foi baseada em

estudos desenvolvidos por Cakmak & Horst (1991), com modificações. O meio

de reação continha 2,58 mM guaiacol e 10 mM água oxigenada em 25 mM

tampão fosfato de sódio, pH 6.0, preparado no escuro. A reação se iniciou com

adição de 30 µL extrato enzimático a 2 mL da solução de guaiacol. Durante

cinco minutos, a tetramerização do guaiacol foi acompanhada em

espectrofotômetro, a 470 nm (ε = 26,6 mM-1 cm-1), contra um branco contendo

o mesmo volume de reação livre do extrato enzimático. A atividade GPX foi

expressa em µmol min-1 mg-1 de proteína.

4.8.4 - Determinação da atividade da polifenol oxidase (PPO)

Para a execução da atividade PPO (EC 1.14.18.1), foi necessária uma

extração direcionada. As folhas de Ricinus communis tratadas e não tratadas

com MeJa, foram maceradas separadamente com auxílio de nitrogênio líquido

e extraídas com tampão 100 mM fosfato de sódio, pH 7,0, contendo 0,1% (v/v)

SDS em banho de gelo. O extrato foi clarificado por centrifugação, após 20

minutos de extração e o sobrenadante foi utilizado para o ensaio da PPO.

A atividade PPO foi monitorada seguindo a oxidação de uma solução

100 mM catecol, 2% SDS em tampão 100 mM fosfato de sódio, pH 6,5 a 490

nm, durante um minuto. A reação se iniciou com adição de 50 µL extrato

enzimático a 1mL da solução de ensaio, tendo como branco o meio de reação

livre de catecol segundo Constabel & Ryan (1998), com modificações. Os

resultados foram expressos como variação de absorvância min-1 mg-1 de

proteína.

4.9 - Determinação das atividades antioxidantes por PAGE não

desnaturante

Como descrito no item 4.7.2, as atividades enzimáticas foram

visualizadas em géis de eletroforese nativa 8%, após separação protéica. A

detecção de cada enzima varia com o substrato usado e com o pH no meio

reacional. Vale ressaltar que todos os extratos foram manipulados em banho

de gelo e que os ensaios foram realizados em temperatura ambiente, 18-30ºC.

A seguir, uma descrição dessas metodologias.

4.9.1 - Atividade da superóxido dismutase (SOD)

A enzima foi ensaiada após separação das proteínas do extrato em gel

não desnaturante. A atividade superóxido dismutase (EC 1.15.1.1) foi

ensaiada medindo a inibição da redução do nitro blue tetrazolio (NBT) na

presença de riboflavina a 560nm de acordo com Azevedo et al. (1998). O meio

reacional, foi preparado, no escuro, da seguinte forma: 30 mL de uma solução

0,005% (p/v) riboflavina em água e 70 mL de 50 mM tampão fosfato de

potássio pH 7,8, acrescido de 0,02 g de NBT, 0,02 g de EDTA e 300 µL de

TEMED. Ambas as soluções foram preparadas imediatamente antes do seu

uso e armazenadas em recipientes cobertos com papel alumínio.

Após a corrida eletroforética, o gel foi lavado com água destilada e

encubado com o meio reacional durante trinta minutos, sob agitação constante,

na ausência de luz. Após esse período, o gel foi levado à luz, onde ocorreu a

fotoxidação do formando uma coloração púrpura, exceto nos locais

correspondentes às bandas com atividades de SOD, que permaneceram sem

se fotoxidar, promovendo uma revelação negativa. A revelação levou em média

de 1 a 3 minutos e a fotoxidação foi interrompida mergulhando-se o gel em

uma solução 6% (v/v) ácido acético.

4.9.1.2 - Determinação das isoformas da superóxido dismutase (SOD)

A determinação das isoformas da SOD foi realizada após eletroforese

não desnaturante 8%, em que foi aplicado 400 µL de uma única amostra

controle em todas as canaletas do gel, nas condições descritas anteriormente.

Após a eletroforese, o gel foi dividido verticalmente em três partes. Uma

das partes foi mantida a 4ºC em 100 mL de tampão fosfato de potássio 100

mM, pH 7,8 (solução controle). A outra foi imersa em 100 mL do mesmo

tampão, contendo 0,0292 g de EDTA e 0,0130 g de KCN (esta solução inibe a

isoforma Cu/Zn-SOD) e a terceira parte foi imersa em 100 mL de tampão,

acrescido de 0,0292 g de EDTA e 70 µL de H2O2 (esta solução inibe as

isoformas Cu/Zn-SOD e Fe-SOD). Todos os passos descritos foram realizados

no escuro. Após 20 min de incubação nestas soluções, os géis foram

submetidos à revelação com NBT e riboflavina, como descrito anteriormente.

Ao final da revelação, foi analisada a presença ou ausência de bandas no

controle e nos tratamentos com KCN e H2O2, de modo a classificá-las, Azevedo

et al. (1998).

4.9.2 - Atividade da catalase (CAT)

O ensaio descrito para a CAT (EC1.11.1.6) foi seguido com

modificações. Após a eletroforese, o gel foi encubado em 100 mL de água

destilada contendo 20 mL de 50% H2O2 por 25 minutos em temperatura

ambiente e então, brevemente lavado com água. O gel foi encubado

subsequentemente em uma solução 2% (m/v) cloreto férrico e 2% (m/v)

ferricianeto de potássio em água. O desenvolvimento da cor amarela continuou

em média por 2 minutos e a reação foi encerrada com água (Rao et al.,1997).

4.9.3 - Atividade da ascorbato peroxidase (APX)

Subseqüente a separação eletroforética, o gel foi equilibrado com

tampão 50mM fosfato de sódio (pH:7,0) e 2 mM ácido ascórbico por 30

minutos, sendo o tampão de equilíbrio trocado a cada 10 minutos. O gel foi

então encubado com tampão 50 mM fosfato de sódio (pH 7,0) e 4 mM ácido

ascórbico e 2 mM de H2O2 por 20 minutos. O H2O2 foi adicionado à solução

imediatamente antes da encubação. O gel foi subsequentemente lavado com

tampão 50mM fosfato de sódio (pH 7,0) por 1 minuto e submergido em uma

solução de 50mM fosfato de sódio (pH 7,8), 28 mM TEMED e 2,45 mM NBT,

com agitação suave.

A atividade APX (EC 1.11.1.11) foi observada como uma banda

acromática em um fundo de cor púrpura (geralmente entre 2 e 5 minutos). A

reação foi interrompida com água destilada. Uma longa encubação com a

solução TEMED/NBT, resulta em um fundo muito escurecido, o que deixa as

bandas acromáticas de atividade nubladas e difusas (Mittler & Zilinskas, 1993).

4.9.4 - Atividade da guaiacol peroxidase (GPX)

Através de modificações no método desenvolvido por Cakmak & Horst

(1991), detectamos a atividade GPX (EC 1.11.1.7) em géis de eletroforese

após separação protéica do extrato bruto. O meio de reação, preparado no

escuro, continha 2,58 mM guaiacol e 10 mM água oxigenada em 25 mM

tampão fosfato (pH 6,0), como descrito anteriormente na avaliação da enzima

por espectofotometria.

Após eletroforese, o gel foi lavado em água destilada e encubado na luz

e sob agitação com o meio reacional. As bandas de cor marrom, referentes a

tetramerização do guaiacol, apareceram em média entre 1 e 3 minutos. Após a

revelação o gel é fotografado.

4.10 – Caracterização da GPX

A enzima guaiacol peroxidase, por sofrer alterações mais severas com o

tratamento com MeJa, passou por alguns passos de purificação.

4.10.1 – Determinação do pH ideal da GPX

A atividade da guaiacol – peroxidase foi avaliada em diferentes pHs. Os

valores de pH avaliados foram: 4,6; 5,0; 5,4; 5,8; 6,8; 7,0; 9,0. Para isso

utilizou-se tampão fosfato de sódio 100 mM.

4.10.2 – SDS-PAGE da enzima homogênea

Após a corrida eletroforética em PAGE nativo 8% (ítem 4.7.2), as bandas

com atividade GPX foram recortadas dos géis para a subseqüente extração.

Para a obtenção do material protéico necessário ao procedimento, foram

usados 10 géis.

As tiras recortadas foram lavadas com tampão 250 mM tris, 250 mM

EDTA, 1 mM PMSF, 1 mM benzamidina, pH 7,4 em um tubo falcon e lavadas 5

vezes com água destilada. A água foi removida com uma pipeta Pasteur e os

pedaços de gel foram partidos em pedaços minúsculos (2-5mm) com uma

espátula. Foi adicionado, 2mL de tampão 20mM tris, pH 7,4, contendo 0,1%v/v

SDS (a razão entre volume de tampão de e o volume de pedaços de gel foi de

aproximadamente 2:1). As amostras foram sonicadas 1 vez por 3 minutos e 6

vezes por 30 segundos em gelo. Após esse processo, as amostras foram

centrifugadas por 10000g por 20 minutos (Retamal et al., 1999). O

sobrenadante foi retirado com uma pipeta Pasteur, dialisado e seco, misturado

em tampão de amostra desnaturante e fervido por 5 minutos a 100ºC. Essa

solução (aproximadamente 30 µL) foi então aplicada no topo de um gel

desnaturante 12% (item 4.7.1). Procedeu-se a eletroforese e a massa

molecular da GPX foi estimada após revelação das bandas protéicas com o

corante comassie, se comparando com a massa dos marcadores de massa

molecular.

4.10.3 – Determinação do ponto isoelétrico da GPX por eletroforese

bidimensional

Para a realização da eletroforese bidimensional, as bandas com

atividade GPX foram recortadas de dez géis nativos e encubadas em tampão

de extração, como descrito no item 4.10.2.

Após passar por diálise e por secagem, a proteína, teoricamente

homogênea, passou pelos passos descritos no item 4.7.3. No final da corrida

eletroforética da segunda dimensão, o gel foi corado com solução comassie e

descorado para visualização da banda protéica.

4.11 - Detecção “in vivo” do peróxido de hidrogênio

O peróxido de hidrogênio (H2O2) foi visualizado e detectado nas folhas

das plantas usando o 3,3 - diaminobenzidina (DAB) como substrato, utilizando

o método descrito por (Orozco-Cardenas & Ryan, 1999), com modificações. As

plantas foram infiltradas a vácuo com uma solução de DAB 1 mg/mL, pH: 3,8 e

triton (0,1% v/v) por meia hora sob luz à 25ºC, após o tratamento com metil

jasmonato por 1, 4, 6, 12, 24 e 48 horas.

Após a infiltração, as folhas foram imersas em etanol fervente 96% por 5

minutos. Este tratamento descolorara as folhas, exceto nos locais onde o H2O2

reage com o DAB. Nesses locais, aparece um produto de polimerização

marrom. Após esfriar, as folhas foram preservadas em etanol na temperatura

ambiente e fotografadas.

4.12 – Varredura de radicais livres pelo método do DPPH.

Para avaliar o conteúdo de radicais livres nas folhas de Ricinus

communis tratadas com metil jasmonato, foi necessária uma extração alcoólica

desses componentes, na proporção 1:5 (1 parte de massa foliar para 5 partes

de etanol absoluto). Os extratos foram centrifugados a 15000g por 10 minutos

e os sobrenadantes obtidos foram utilizados na análise dos radicais livres pelo

método do DPPH. (1,1-difenil-2-picrilhidrazil) adaptado de Yepez et al. (2001).

O ensaio foi preparado como ilustrado na tabela III e as absorvâncias foram

medidas no comprimento de onda de 515 nm imediatamente após o preparo

das amostras e 30 minutos depois. Utilizou-se rutina no lugar da amostra como

controle positivo. O DPPH. foi utilizado numa concentração de 6,5 x 10-5 M.

TABELA III: Preparo das amostras e dos controles para a verificação do conteúdo de radicais livres nas folhas de Ricinus communis.

Teste Controle- Controle+ Branco

amostra 33 µL - - 33 µL

Etanol 799 µL 833 µL 799 µL 1132 µL

DPPH.

333 µL 333 µL 333 µL -

Rutina - - 33 µL -

Por fim, mediu-se o Índice Varredor da amostra em percentual (IV%)

usando a fórmula: IV% = (1 – A/A0 ) x 100. Onde A0 é a absorbância inicial, ou

seja, no tempo zero e A é a absorbância final, ao final dos 30 minutos.

4.13 - Analise estatística dos resultados

Para cada tratamento, foram realizadas três repetições individuais em

todas as avaliações. Os dados de cada avaliação foram analisados

estatisticamente e os resultados expressos como média (± erro-padrão) de três

repetições.

5.0 – Resultados 5.1 – Determinação do perfil protéico por SDS-PAGE Antes de iniciar as investigações acerca do status antioxidante em

Ricinus communis, realizamos um mapeamento das alterações protéicas,

numa faixa de massa molecular entre 14 e 66 Kda, que ocorriam quando as

plantas eram tratadas com o agente estressante, o metil jasmonato (MeJa).

Podemos observar, por eletroforese desnaturante, que o teor protéico

dos extratos de folhas de Ricinus communis é alterado quando as plantas são

tratadas com MeJa, fig.15. As modificações mais notórias referem-se à redução

drástica dos níveis das proteínas com massa molecular superior a 24kDa com

48h de tratamento e a alteração dos níveis de uma proteína de 21Kda, que

teve seus níveis reduzidos nos momentos iniciais de tratamento com MeJa (1-

6h).

A proteína de 21 kDa foi denominada MJRC21. Esta proteína, quando

submetida ao sequenciamento automático, apresentou alto grau de homologia

com 2cys-peroxiredoxinas de várias fontes, segundo Soares et al., 2004.

Fig.15: Eletroforese em gel de poliacrilamida 12% na presença de SDS 0,1%

dos extratos protéicos de folhas de Ricinus communis, obtidos a partir das

plantas controle e tratadas com metil jasmonato. Linhas: C- controle; 01, 04,

06, 12, 24 e 48h – tempo de exposição e M – marcador de peso molecular em

KDa. As setas indicam proteínas cujos níveis foram modificadas pelo metil

jasmonato. As setas indicam as principais alterações observadas.

5.2 – Determinação das atividades enzimáticas 5.2.1 – Determinação da atividade superóxido dismutase (SOD) após

separação das proteínas por eletroforese não desnaturante.

A avaliação da atividade SOD foi feita após eletroforese não

desnaturante 8%. Detectamos quatro isoformas diferentes. Ao contrário das

demais enzimas, a SOD não foi alterada nos momentos iniciais de estresse.

Contudo, uma isoforma, de atividade tênue, teve sua atividade reduzida com 24

e 48h, como indicam as setas na fig. 16.

Fig.16: Atividade da superóxido dismutase de plantas de Ricinus communis

submetidas ao tratamento com metil jasmonato após separação das proteínas

por eletroforese nativa 8%. Linhas: C - controle; 01, 04, 06, 12, 24 e 48h –

tempo de exposição ao metil jasmonato. As setas indicam as alterações

observadas.

5.2.1.1 – Determinação das isoformas da superóxido dismutase (SOD).

As isoformas da SOD foram visualizados após separação por

eletroforese não desnaturante de extratos de plantas controle, como descrito

antreriormente (fig. 17). Com o intuito de identificar as isoformas presentes no

gel, foram usados inibidores específicos para cada uma. Observando a tab IV,

obtida com base nos dados da figura 15, observamos três isoformas: Mn-SOD,

Fe-SOD e Cu/Zn-SOD sendo a isoforma Mn-SOD (mitocondrial) reduzida com

24 e 48h de tratamento.

Fig.17: Isoformas da SOD determinada por eletroforese nativa em plantas de

Ricinus communis. A - Géis pré-incubados em tampão sem inibidor; B - tampão

+ KCN (inibidor da isoforma Cu/Zn-SOD) e C - tampão + H2O2 (inibidor das

isoformas Cu/Zn-SOD e Fe-SOD). 1, 2, 3: isoformas da SOD observadas.

TABELA IV: Determinação das isoformas da SOD Banda KCN H2O2 Tipo Localização

1 resistente resistente Mn-SOD Mitocondria 2 resistente sensível Fe-SOD Cloroplasto

3 sensível sensível Cu/Zn-SOD Citosol e

Cloroplasto

5.2.2 – Determinação da atividade catalase (CAT) no extrato bruto.

O tratamento com MeJa afetou a atividade catalase até 12h de

exposição. Com 1h, ocorreu uma redução de cerca de 30% da atividade,

seguida de um aumento gradativo, no qual, em 4h a atividade era similar a do

controle e com 6h, um pouco maior. Houve um máximo de atividade em 12h. A

partir deste momento, o comportamento transiente da enzima se encerra e com

24 e 48h não há alterações significativas em sua atividade (fig. 18).

5.2.2.1 – Determinação da atividade catalase (CAT) após separação das

proteínas por eletroforese não desnaturante.

Não foram observadas alterações na atividade catalase em eletroforese

não desnaturante após o tratamento com metil jasmonato (fig. 19).

1 2 3

A B C

Atividade específica CAT

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

C-1H 1H 4H 6H 12H C-24H 24H C-48H 48H

Tempo de exposição ao metil jasmonato

umol min-1 mg-1 ptn

Fig.18: Atividade específica da catalase (µmol peróxido min-1 mg-1 de proteína)

nos extratos de plantas de Ricinus communis submetidas ao tratamento com

metil jasmonato em diferentes intervalos de tempo. Linhas: C - controle; 01, 04,

06, 12, 24 e 48h – tempo de exposição ao metil jasmonato. Os resultados

foram expressos como média (± erro-padrão) de três repetições.

Fig.19: Atividade catalase determinada em gel após separação das proteínas

por eletroforese nativa 8% . Linhas: C- controle; 01, 04, 06, 12, 24 e 48h –

tempo de exposição ao metil jasmonato

5.2.3 – Determinação da atividade ascorbato peroxidase (APX) no extrato

bruto

Em nosso estudo, o monitoramento da atividade APX foi feito através da

oxidação do substrato ascorbato, o que leva a um decréscimo da absorvância a

290nm.

Pode-se observar na figura 20 que a atividade se mantém até 1 hora de

tratamento sem alterações e que há, com 4h, um aumento de cerca de 20% da

atividade. Com 6 e 12h, a atividade parece retornar a níveis de controle e com

24h há um novo aumento, voltando a se igualar estatisticamente com o

controle em 48h.

5.2.3.1 – Determinação da atividade ascorbato peroxidase (APX) após

separação das proteínas por eletroforese não desnaturante.

A atividade APX verificada em gel de eletroforese nativo 8% foi

visualizada como uma banda acromática em um fundo de cor púrpura após 2

minutos de reação. Como podemos observar na figura 21, os dados obtidos

pela eletroforese foram condizentes com os resultados da atividade em extrato

para a APX, na qual há um aumento discreto da atividade nos períodos de 4 e

24h após o tratamento com MeJa.

5.2.4– Determinação da atividade polifenol oxidase (PPO) no extrato bruto

A atividade polifenol oxidase não variou, no período estimado, em

Ricinus communis exposta ao estresse por metil jasmonato (fig. 22).

Atividade específica APX

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

C-1H 1H 4H 6H 12H C-24H 24H C-48H 48H

Tempo de exposição ao metil jasmonato

mmol min -1 mg-1 ptn

Fig.20: Atividade específica da ascorbato peroxidase (mmol min-1 mg-1 de

proteína) nos extratos de plantas de Ricinus communis submetidas ao

tratamento com metil jasmonato em diferentes intervalos de tempo. Linhas: C -

controle; 01, 04, 06, 12, 24 e 48h – tempo de exposição ao metil jasmonato. Os

resultados foram expressos como média (± erro-padrão) de três repetições.

Fig.21: Atividade ascorbato peroxidase determinada em gel após separação

das proteínas por eletroforese nativa 8% . Linhas: C- controle; 01, 04, 06, 12,

24 e 48h – tempo de exposição ao metil jasmonato.

C 1 4 6 C 12 C 24 48

Atividade específica PPO

0,00

0,01

0,01

0,02

0,02

0,03

0,03

C-1H 1H C-6H 6H 12H C-24H 24H C-48H 48H

Tempo de exposição ao metil jasmonato

Variação Abs . mg -1 . min

-1

Fig.22: Atividade polifenol oxidase (∆Abs mg -1 min -1) em gel após separação

das proteínas por eletroforese nativa 8% . Linhas: C- controle; 01, 04, 06, 12,

24 e 48h – tempo de exposição ao metil jasmonato. Os resultados foram

expressos como média (± erro-padrão) de três repetições.

5.2.5 – Determinação da atividade guaiacol peroxidase (GPX) no extrato

bruto

Ao analisar a influência do tratamento com MeJa nas folhas de mamona

sobre a atividade GPX, pudemos observar a existência de duas isoformas com

atividade majoritária, onde houve uma redução gradual da atividade em 1, 4 e

6h, sendo o declínio mais pronunciado em 6h. Com doze horas de tratamento,

as atividades tendem a retornar aos valores verificados para o controle. Após

24 e 48h, há um aumento significativo das atividades (fig. 23).

5.2.5.1 – Determinação da atividade guaiacol peroxidase (GPX) após

separação das proteínas por eletroforese não desnaturante.

Foram observadas duas bandas majoritárias com atividade GPX (G1 e

G2) com comportamento análogo, após eletroforese nativa 8% (fig. 24). A

atividade GPX é reduzida até 6h após o tratamento com MeJa. Em 12h de

tratamento a atividade alcança valores similares aos do controle e com 24 e

48h, há um grande aumento relativo para a atividade GPX.

Atividade específica GPX

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

C-1-12H 1H 4H 6H 12H C-24H 24H C-48H 48H

Tempo de exposição ao metil jasmonato

umol min-1 mg-1 ptn

Fig.23: Atividade específica da guaiacol peroxidase (µmol min-1 mg-1 de

proteína) nos extratos de plantas de Ricinus communis submetidas ao

tratamento com metil jasmonato em diferentes intervalos de tempo. Linhas: C -

controle; 01, 04, 06, 12, 24 e 48h – tempo de exposição ao metil jasmonato. Os

resultados foram expressos como média (± erro-padrão) de três repetições.

Fig.24: Atividade guaiacol peroxidase determinada em gel após separação das

proteínas por eletroforese nativa 8% . Linhas: C- controle; 01, 04, 06, 12, 24 e

48h – tempo de exposição ao metil jasmonato. As setas indicam as bandas G1

e G2.

C 1 4 6 C 12 C 24 48

5.3 – Caracterização da enzima guaiacol peroxidase (GPX) 5.3.1 – Determinação do pH ideal

Para verificar em qual pH seria melhor visualizada a(s) atividade(s)

peroxidásica(s), foi realizado um ensaio com vários pHs, como mostra a tabela

IV. Observamos que a enzima tem mais eficiência na catálise em valores de pH

entre 5,4 e 6,8. Os experimentos foram feitos em triplicata.

Tabela V: Determinação da atividade

específica da guaiacol peroxidase

em diferentes pHs.

pH Atividade

(mmol min-1 mg-1 proteína)

4,6 0,52

5,4 5,15

5,8 5,42

6,8 5,58

7,0 4,60

9,0 3,18

5.3.2 – SDS-PAGE da enzima homegênea

Após eletroforese nativa dos extratos de plantas controle, os géis foram

revelados para a atividade GPX e o conteúdo protéico contido nas bandas foi

extraido do géis e homogeneizado em tampão de amostra desnaturante para

que se efetuasse um SDS-PAGE, como mencionado no item 4.10.2.

Com a revelação de proteínas subseqüente à corrida eletroforética,

pode-se observar que as duas bandas com atividade GPX, G1 e G2,

apresentam-se como um dímero com massa molecular entre 36 e 40kDa (fig.

25).

5.3.3 – Determinação do ponto isoelétrico da GPX por eletroforese

bidimensional

Para determinar o ponto isoelétrico das bandas G1 e G2, as mesmas

foram recortadas dos géis de eletroforese nativa e tiveram as proteínas

extraídas, como mencionado no item 4.10.2. Subsequentemente foram

processadas para eletroforese bidimensional, como citado no item 4.10.3.

G1 e G2 apresentaram a massa molecular muito próxima de 39kDa,

confirmando dados obtidos por SDS-PAGE. Em G1 observamos um “spot” não

homogêneo de massa molecular em torno de 39kDa, que talvez represente

dois spots, com um pI próximo de 8,5-8,7 (fig. 26). No gel bidimensional

referente à banda G2, foram observados 3 “spots”: Um deles, também não

uniforme com massa molecular próxima a 39kDa e pI 8,5-8,7 (banda G2); e

dois “spots” minoritários de pI em torno de 6, com massas moleculares de

60kDa e 20kDa, aproximadamente (fig:26).

Fig. 25: SDS-PAGE 12% das bandas G1 e G2 obtidas após eletroforese nativa

8% onde as proteínas foram ensaiadas para revelação da atividade GPX. M-

marcador de massa molecular; G1 e G2 – bandas com atividade peroxidase.

Fig.26: Eletroforese bidimensional de: A) banda G1, B) banda G2. A primeira

dimensão foi realizada com “strip” de 7 cm ; pH 3-10. M: marcador de peso

molecular.

A) B)

M M 10 3 10 3 130 115 99 72 66 40 36 20 18

130 115 99 72 66 40 36 20 18

5.4 - Detecção in vivo do peróxido de hidrogênio

Utilizando o substrato DAB, pudemos visualizar o peróxido de hidrogênio

(H2O2) nas folhas das plantas. Com 1h de tratamento, a formação de H2O2 é

quase imperceptível e passa a ser mais bem notada com 4h. As folhas tratadas

por 6h tiveram uma alta produção de H2O2, quando comparadas às folhas não

tratadas (fig. 27).

Com relação às plantas tratadas por 12, 24 e 48h, não podemos

observar pontos de polimerização do DAB. Contudo, essas folhas mantiveram

a nervura central mais escurecida, fig: 27.

Essas folhas foram observadas em lupa e fotografadas, (fig. 28). Vale

ressaltar que as plantas de 12, 24 e 48h foram fotografadas na região da

nervura principal, por ter sido o único diferencial causado pelo MeJa.

5.5 - Varredura de radicais livres pelo método do DPPH Para avaliar o conteúdo de radicais livres nos extratos foliares de Ricinus

communis tratadas com MeJa, foi utilizado o método do DPPH modificado de

Yepez et al., 2001. O aumento do índice de remoção do DPPH em relação ao

controle foi expresso como percentual, tendo como controle positivo a rutina.

Detectamos um aumento de 33% no índice de remoção de DPPH após

1h de tratamento e de 25% após 4, 6 e 12h. Houve um aumento de 13% e com

24 e 48h de tratamento com MeJa. (fig. 29). A rutina teve índice de remoção de

DPPH de 100%.

Fig.27: Visualização da formação de peróxido de hidrogênio nas folhas de

Ricinus communis tratadas com metil jasmonato em diferentes intervalos de

tempo. A - folha tratada por 1h infiltrada com DAB e ácido ascórbico, indicando

a especificidade do DAB na marcação do H2O2; B - folha controle sem DAB e

sem MeJa; C - folhas de plantas infiltradas com DAB sem prévio tratamento

com MeJa; D - folha de planta exposta ao MeJa por 1h; E - folha de planta

exposta ao MeJa por 4h; F - folha de planta exposta ao MeJa por 6h; G - folha

de planta exposta ao MeJa por 12h; H - folha de planta exposta ao MeJa por

24h; I - folha de planta exposta ao MeJa por 48h.

Fig.28: Fotografias tiradas das imagens obtidas na lupa (aumento 2X) nas

folhas de Ricinus communis. A - folhas infiltradas com DAB sem prévio

tratamento com MeJa; B - folha de planta exposta ao MeJa por 1h; C - folha de

planta exposta ao MeJa por 4h; D - folha de planta exposta ao MeJa por 6h; E

– nervura central de folhas infiltradas com DAB sem prévio tratamento com

MeJa; F- folha de planta exposta ao MeJa por 12h; G - folha de planta exposta

ao MeJa por 24h; H - folha de planta exposta ao MeJa por 48h.

0

10

20

30

40

1H 4H 6H 12H 24H 48H

Tempo de exposição ao metil jasmonato

Índice de aumento da remoção

do DPPH (%)

Fig.29: Detecção de radicais livres nos extratos foliares de plantas de Ricinus

communis expostas ao tratamento com MeJa. 1, 4, 6h, 12, 24, 48 – tempo de

exposição ao MeJa.

6.0 – Discussão

Espécies reativas de oxigênio (ERO), como H2O2, O2.- e OH- são

detectadas sob diversas condições de estresses (Mehdy, 1994; Kauss &

Jeblick, 1995; Breusegem et al., 2001; Hadrami et al. 2005). Há relatos que as

ERO são liberadas após a exposição ao metil jasmonato em Petrosehum

crispum L. (Kauss et al., 1994), Lycopersicon esculentum L. (Orozco-Cardenas

& Ryan, 1999) e Arabidopsis thaliana (Jung, 2004). Em altas concentrações, as

ERO são tóxicas, porém, em concentrações baixas, podem servir como

potentes sinalizadores (Breusegem et al., 2001). Podem induzir, inclusive, a

rota octadecanóide, caminho de sinalização vegetal mais conhecido, que

culmina com a produção do ácido jasmônico e do metil jasmonato e indução de

genes de defesas (Orozco-Cardenas & Ryan, 1999). Para que a célula possa

resistir aos efeitos tóxicos das ERO, um efetivo sistema antioxidante enzimático

e não enzimático pode orquestrar a concentração das ERO nos mais variados

componentes e compartimentos sub-celulares (Inzé & Montagu, 1995; Mittler,

2002). O excesso de ERO pode resultar em danos no aparelho fotossintético

(fotoinibição), causando danos celulares drásticos e clorose nas folhas

(Hancock et al., 2002).

Nosso estudo demonstrou que os níveis de uma 2-Cys peroxiredoxina

(2-CP), reduzem nos momentos iniciais, 1-6h, após a exposição com metil

jasmonato (fig. 15). As 2-CP constituem um grupo ubíquo de enzimas de

cloroplasto que reduzem alquil hidroperóxidos tóxicos. Evidências de que a 2-

CP tem um papel protetor significativo durante a fotossíntese foram

demonstradas por Baier & Dietz em 1997 e em 2002 por Konig e coloboradoes.

Baier & Dietz (1997) observaram que mutantes de Arabidopsis thaliana que

expressavam quantidades reduzidas de 2-CP, tiveram um decréscimo na

atividade fotossintética e em proteínas associadas ao fotossistema II, bem

como ATP sintase e rubisco. Nós sugerimos que a redução da 2-CP em

Ricinus communis levaria a um acúmulo de H2O2 que, por meio de

mecanismos de sinalização, induziria um decréscimo de moléculas envolvidas

na fotossíntese, como a degradação da enzima rubisco (ribulose 1,5 -

bisfosfato- carboxilase/oxigenase) verificada por Soares e colaboradores em

2004.

A enzima de defesa relacionada com as etapas iniciais de produção de

ERO nas células é a superóxido dismutase (SOD). Presente em organismos

aeróbicos e anaeróbicos facultativos, a SOD caracteriza um grupo de

metaloenzimas que catalisam a formação do peróxido de hidrogênio a partir de

radicais superóxidos (Scandalios, 1993). Existem três isoformas desta enzima

em plantas, as quais se classificam de acordo com os íons metálicos em seu

sítio ativo: cobre/zinco (Cu/Zn-SOD), manganês (Mn-SOD) e ferro (Fe-SOD)

(Bowler et al., 1992; Dupeyrat et al. 2004).

A alteração no padrão de atividade desta enzima é bastante variável e

pode depender do tipo de estresse, da espécie, tecido, fases de

desenvolvimento da planta, além das próprias particularidades das isoformas

(Azevedo et al., 1998). Em nosso estudo detectamos três isoformas da SOD

em folhas de Ricinus communis, porém apenas uma delas apresentou

alteração na atividade mediante tratamento com Meja (fig. 16). A utilização de

inibidores específicos para cada isoforma, leva a crer que a isoforma alterada

se tratava de uma Mn-SOD (fig. 17). Após a exposição das folhas ao MeJa por

24 e 48 horas, a isoforma Mn-SOD teve sua atividade reduzida (fig. 16).

Hernández e colaboradores (1993) estudaram o efeito do estresse salino

em dois cultivares de Pisum sativum L., sendo um tolerante e um sensível ao

estresse. No cultivar sensível a salinidade levou a uma redução significativa da

atividade da Mn-SOD e da Cu/Zn-SOD. Tais atividades foram aumentadas no

cultivar resistente. Os autores concluem que a toxidez sub celular do NaCl em

nível mitocondrial, nas plantas estudadas, se relaciona com um mecanismo de

estresse oxidativo que é mediado por radicais superóxido e Mn-SOD.

Esperávamos um aumento da atividade SOD nos períodos iniciais (1-6h) após

o tratamento com metil jasmonato, para a remoção do superóxido que

geralmente é produzido como resposta inicial ao estresse oxidativo, contudo a

atividade SOD pode ter sido inibida nos tempos iniciais pela concentração

exacerbada de Meja para esta enzima. Lijun & colaboradores (2005)

observaram a inibição desta enzima por altas concentrações de cádmio.

Nossos resultados são concordantes com os de Kochhar & Kochhar

(2004), que observaram redução da atividade SOD em plantas de Vigna mungo

submetidas à temperatura de 40ºC por 2h. Jung verificou, em 2004, que a

atividade total da SOD decresceu, 3 dias após o tratamento com MeJa e então

aumentou cerca de 2 vezes após sete dias de tratamento em folhas de

Arabidopsis thaliana. Um estudo desenvolvido por Jebara et al. (2005) em

nódulos de raízes de Phaseolus vulgaris sob estresse salino, revelou que, nas

raízes, há redução da atividade da SOD, enquanto que, nos nódulos a

atividade da enzima é estimulada. Como um balanço total, foi verificado um

aumento na atividade da enzima.

Catalases são hemo proteínas presentes em procariotos e nos

peroxissomos, citoplasma e mitocôndria das células eucarióticas. Como

mencionado, catalisa a decomposição do H2O2 em oxigênio e água, sem

produzir radicais livres (Fraaije et al. 1996). A atividade catalase apresentou um

comportamento transiente em nossas experimentações, quando avaliada em

extrato bruto (fig. 18). A análise da atividade após separação por eletroforese

não foi conclusiva. Observamos um arraste no gel, decorrente da baixa

mobilidade da enzima nas condições analisadas (fig. 19). Quando revelamos

as proteínas nessa região com comassie, nenhuma banda protéica foi

detectada, indicando que a enzima tem uma atividade específica elevada. A

redução da catalase em 1h pode estar relacionada a um acúmulo de H2O2 nos

peroxissomos, como uma estratégia para que o H2O2 não fosse degradado

totalmente para ser usado em outras partes da célula vegetal como um

sinalizador de defesa. Como tal, ele induziria, inclusive a própria rota

octadecanóide para auxiliar no aumento da produção do AJ e do MeJa.

Portanto, o aumento da atividade CAT, em nossos experimentos, após 12h de

exposição ao MeJa e sua estabilização em 24 e 48h pode refletir um momento

de feedback negativo, no qual a produção do AJ e do MeJa estaria se

estabilizando.

Outros trabalhos têm documentado o decréscimo da atividade catalase,

como em nódulos de raízes de Phaseolus vulgaris sob estresse salino,

enquanto que em outras partes das raízes, não se detectou a atividade CAT

(Jebara et al. 2005). Tratamentos prolongados com ácido salicílico (AS)

inativam a CAT e a APX contribuindo para sintomas fitotóxicos, sugerindo que

a inativação de enzimas metabolizadoras de H2O2 funciona como um indicador

da morte celular hipersensitiva (Rao et al., 1997). Chanomgpol &

colaboradores (1998) relataram a catalase como um mediador de resposta de

defesa uma vez que a redução de sua atividade foi relacionada ao acúmulo de

H2O2 em tabaco. Contudo, a indução do gene CAT ou o aumento da atividade

da enzima também tem sido relatado. Jung (2004) verificou que a atividade

catalase não alterou entre o 3º e o 5º dia após a exposição ao tratamento com

metil jasmonato, mas aumentou 58%, sete dias após o tratamento em

Arabidopsis thaliana. Dependendo da concentação de ácido jasmônico utilizada

na indução de resposta, a atividade das enzimas antioxidantes é alterada de

forma distinta. Foi observado em Morinda elliptica que a atividade catalase é

aumentada após 1 dia e drasticamente reduzida após 3 e 6 dias de tratamento

com 50 µM AJ. Quando se utilizou o AJ numa concentração de 100 µM, não

houve alteração significativa da enzima até o terceiro dia, havendo uma

redução da atividade apenas após 6 dias (Chong et al., 2005). A atividade

catalase reduzida foi documentada também em culturas de Catharanthus

roseus, eliciadas por fungo (Zhao et al., 2001) e por estresse hídrico em

morango (Wang, 1999).

Algumas enzimas envolvidas na atenuação do estresse oxidativo

possuem os mesmos substratos, tornando difícil o entendimento dos

mecanismos antioxidativos. A catalase a ascorbato peroxidase, por exemplo,

tem em comum o substrato H2O2. As concentrações de H2O2 ditarão se a CAT

ou a APX será responsável pela desintoxicação desta ERO. (Karyotou &

Donaldson, 2005). Além disso, como existem diferentes isoformas das enzimas

antioxidantes nos vários compartimentos subcelulares, em um dado momento,

um tipo de estresse interferirá mais pronunciadamente em uma ou outra

enzima. A ascorbato peroxidase tem como função degradar o H2O2 via

oxidação do ascorbato (Karyotou & Donaldson. 2005). Está presente no

citossol, peroxissomo e apresenta-se como a principal enzima responsável pela

degradação do peróxido de hidrogênio no cloroplasto (Foyer et al., 1994). Foi

observado, em nosso trabalho, que a atividade APX é aumentada 4 e 24h após

o tratamento com metil jasmonato e folhas de Ricinus communis. Contudo, a

enzima não sofre alterações em seu padrão de atividade num período de 1, 6,

12 e 48h subseqüente ao tratamento, como verificado nas figuras 20 e 21. O

aumento da atividade da APX pode estar relacionada com a diminuição dos

níveis da 2-CP até 6h após o tratamento com MeJa. Sabe-se que plantas com

2-CP suprimida compensam com a super expressão de ascorbato peroxidase,

sugerindo que existe um equilíbrio entre diversas enzimas antioxidantes em

cloroplastos (Baier & Dietz, 1997). Chong & colaboradores (2005) também

observaram um comportamento transiente da enzima APX em Morinda

elliptica, na qual a atividade ascorbato peroxidase não sofre alteração após 1

dia, é aumentada após 3 dias e drasticamente reduzida após 6 dias de

tratamento com 50 µM AJ. Quando se utilizou o AJ numa concentração de 100

µM, houve um aumento sutil da atividade até o terceiro dia e uma redução

maior que 50% da atividade após 6 dias de tratamento.

O guaiacol é geralmete utilizado como substrato para a medição da

atividade peroxidásica (Hiraga et al. 2001). A enzima guaiacol peroxidase, uma

classe de peroxidases também envolvida em ações protetoras em plantas,

participam da lignificação da parede celular, biossíntese de etileno,

restabelecimento após injúria e defesa contra patógenos (Gazaryan et al 1996).

Nossos experimentos elucidaram o comportamento enzimático da GPX frente

ao tratamento com MeJa. Observamos, pelas análises espectrofotométricas,

um decréscimo gradual da atividade até 6h e um restabelecimento dos valores

referentes ao controle após 12h de tratamento. Após esse período, a atividade

aumenta significativamente, tanto em 24h quanto em 48h, sendo que este

aumento chega a valores próximos a 50% com 48h (fig. 23). A determinação da

atividade GPX por eletroforese nativa, revelou um comportamento similar ao

obtido para análises espectofotométricas (fig. 24). Foi observado por Jung em

2004 que a atividade GPX aumenta cerca de 100 vezes depois de sete dias de

tratamento com metil jasmonato em Arabidopsis thaliana. O autor considera

que a maior parte da proteção contra o estresse oxidativo em plantas tratadas

com MeJa pode resultar de antioxidantes enzimáticos, especialmente GPX.

Nossos resultados indicam um aumento progressivo da atividade GPX com 24

e 48h, porém a atividade reduzida desta enzima nos momentos iniciais após o

tratamento com MeJa pode estar envolvida com a geração de algumas ERO,

que neste momento, poderiam ter um envolvimento com a sinalização de

defesa em resposta ao estresse. Provavelmente o aumento da atividade GPX

em momentos tardios está relacionado com a desintoxicação celular e uma

retomada ao metabolismo normal (fig. 23 e 24). O estudo desenvolvido por

Jebara & colaboradores (2005), citado anteriormente, revelou que há redução

da atividade de três isoformas GPX (uma isoforma ácida e duas básicas) em

raízes, enquanto nos nódulos, ocorre uma redução da atividade GPX em

Phaseolus vulgaris sob estresse salino. Isso sugere que a GPX tem um papel

importante na desintoxicação do H2O2 sob estresse salino.

Conduziu-se experimentos com o objetivo de purificar e fazer algumas

caracterizações da enzima GPX. Foram observadas, por eletroforese não

desnaturane, duas bandas majoritárias (G1 e G2) com o mesmo padrão de

atividade (fig. 24), sendo que a isoforma G1 possuía atividade mais intensa.

Essas bandas de isoformas foram extraídas separadamente dos géis nativos,

ensaiados para GPX, e verificou-se por SDS-PAGE que se tratavam de

dímeros com aproximadamente 39kDa cada (fig. 25). A massa molecular de G1

e G2 foi confirmada pela eletroforese bidimensional, na qual foi detectado um

pI de 8,5 para G1 e G2 (fig. 26). Notamos a presença de dois “spots” em torno

de 39kDa para G1, evidenciando que cada um dos dois monômeros possui pI

ligeiramente diferente, em torno de 8,5-8,7. Quando realizamos uma

eletroforese bidimensional da isoforma G2, percebemos dois “spots” com

aproximadamente 39 kDa, conforme visto por SDS-PAGE, com pI ligeiramente

diferente, também em torno de 8,5-8,7 e mais dois “spots” com massas

moleculares diferentes que podem ter sido extraídas junto com a isoforma G2

(fig. 26). Observamos que uma das duas cadeias polipeptídicas de G1 tem alta

similaridade com uma das cadeias de G2, por apresentarem a massa

molecular próxima e o mesmo pI (fig. 25 e 26). A guaiacol peroxidase de

Ricinus communis, exerce sua função de catálise mais pronunciadamente entre

os pH 5,4 e 6,8, de acordo com nossos dados (Tab. V). Peroxidases com

características similares foram detectadas em brócolis e tabaco. Uma proteína

de 44k Da e pI: 8,7 foi detectada em brócolis com atividade peroxidase e pela

espectrometria de massas foi comprovada a alta identidade da proteína com

uma peroxidase de tabaco de 40kDa (Palomares & Préstamo, 2005).

Karyotou & Donaldson (2005), purificaram uma APX de glioxissomos de

Ricinus communis com aproximadamente 34 KDa. Tal enzima também utiliza

pirogalol e guaiacol como agentes redutores. Mika & Lüthje (2003) isolaram

três GPX de membrana plasmática de milho e avaliaram algumas propriedades

das isoformas. As enzimas nativas revelaram uma massa molecular aparente

de 38, 70 e 155 KDa. Doadores de elétrons artificiais, como o ascorbato,

guaiacol, álcool coniferil, ácido coumarico e ácido ferúlico, foram usados e

observou-se que as isoformas oxidam esses substratos de forma diferenciada.

Todas utilizam o guaiacol, porém outros agentes redutores são utilizados de

forma mais ou menos eficiente pelas isoformas em suas catálises. A atividade

ascorbato peroxidase, provavelmente teria sido perdida durante os passos de

purificação.

Recentemente a pesquisa acerca da variação da atividade antioxidativa

tem se aprofundado e vários eliciadores têm sido testados. Neto et al., (2005)

verificaram que o pré tratamento com H2O2 sob condições normais, induz a

tolerância ao estresse salino em trigo. O pré tratamento com H2O2 aumentou as

atividades SOD e CAT, enquanto que a atividade APX se manteve constante.

O estresse salino aumentou a atividade de todas as enzimas antioxidativas

estudadas, em plantas aclimatadas ou não. Argarwal & colaboradores (2005)

conduziram um estudo com o objetivo de esclarecer o papel regulatório de uma

série de compostos na indução de enzimas antioxidantes em genótipos de

trigo. Os resultados revelaram que AS (1 mM), ABA (0,5 mM), Ca+2 (5 mM) e

H2O2 (0,05 mM) foram mais efetivas no aumento das atividades da SOD, APX

e CAT e no conteúdo de H2O2. EGTA, um quelante de cálcio, reduziu a

atividade de todas as enzimas antioxidantes abaixo dos valores dos controles,

bem como o conteúdo de H2O2. O grupo sugere que o sinal de estresse abiótico

é transduzido via ABA, Ca+2 e H2O2, que seriam responsáveis pela ativação de

alguns fatores de transcrição associados à SOD, APX e CAT.

Estresses bióticos e abióticos podem aumentar a atividade da enzima

fenilalanina amônia liase (PAL), que está situada em um ponto de ramificação

entre o metabolismo primário e secundário. A reação catalisada pela PAL é um

passo regulador importante na formação de muitos compostos fenólicos (Taiz

& Zeiger, 2004). Alguns destes compostos, tais como, flavonóides e

precursores de ligninas, são potentes antioxidantes (Sakihama et al., 2002).

Outra forma de oxidação de fenóis ocorre por meio da enzima polifenol oxidase

(PPO), que catalisa a oxidação de compostos fenólicos para quinonas, usando

oxigênio molecular como aceptor de elétrons.

Em nossos experimentos, avaliamos o envolvimento do metabolismo

secundário com o estresse causado pelo MeJa pela medição da atividade PPO

dos extratos das folhas de Ricinus communis. Nossos resultados indicaram que

os níveis desta enzima permaneceram praticamente constantes ao longo do

tratamento com metil jasmonato (fig. 22). Constabel & Ryan analisaram os

níveis desta enzima em diferentes espécies de cinco famílias de plantas, nas

quais foram detectados valores constitutivos e/ou induzidos muito variáveis. A

atividade, determinada como (∆ A490 min 1 g-t fr. wt x 103), em arroz (Oryza

sativa) foi de 65 e em soja (Glycine max) de 19.500. Em plantas da família

Brassicacea, a atividade enzimática pouco variou 60 minutos após injúria

mecânica, ou exposição aos vapores de MJ, no entanto, em plantas da família

solanaceae, a atividade aumentou em ambos os tratamentos. Em Lycopersicon

esculentum, a atividade aumentou 1630 vezes após a injúria, e 61800 vezes

após MeJa.

A sobrevivência das espécies vegetais varia grandemente com sua

capacidade de responder a injúria e ao MeJa com o aumento da atividade

PPO. A ausência de indução da atividade PPO não impede, contudo, uma

indução potencial em outras condições de estresse, exposições em tempos

variados de um mesmo tipo de estresse ou por diferentes tipos de tecidos

danificados (Felton et al. 1994; Stout et al. 1994; Constabel & Ryan. 1998).

A variação da atividade antioxidante dentro da célula pode alterar o

conteúdo de ERO e desencadear uma resposta de aclimatação ou de morte.

Com o objetivo de verificar se a alteração do arsenal antioxidante em Ricinus

communis se relaciona com variações na formação de ERO, realizamos

experimentos para detectar tanto o conteúdo de H2O2 quanto o de radicais

livres.

Verificamos que há um acúmulo de H2O2 progressivo entre 1 e 6h após o

tratamento com MeJa. Nesse período a marcação com DAB revelou lesões

circulares que se espalharam por toda a superfície da folha. Com 12 e 24h

após a o tratamento, a marcação com DAB foi menos intensa e se restringiu à

nervura central e com 48h, não houve formação aparente de H2O2 (fig. 27).

Esses resultados foram melhor evidenciados quando as folhas foram

fotografadas em lupa com aumento de 2X (fig. 28).

Diversos estudos relataram a produção de peróxido de hidrogênio em

resposta à estresses. Rao & colaboradores investigaram em 1997 como o

ácido salicílico (AS) aumenta o conteúdo de H2O2 em Arabidopsis thaliana. O

tratamento com AS, aumenta a produção de H2O2, a peroxidação lipídica e o

dano oxidativo a proteínas. Cho & Seo (2005) observaram um aumento no

conteúdo de H2O2 em Arabidopsis thaliana exposta a Cádmio.

Nossos dados referentes à detecção do conteúdo de radicais livres em

folhas tratadas com metil jasmonato complementam os resultados obtidos com

relação à produção de H2O2 nas folhas de Ricinus communis. Observamos que

há um aumento de 33% do conteúdo de radicais livres após 1h de tratamento

com MeJa em folhas de Ricinus communis e os valores decrescem, tendendo

aos nívies de controle, até 48h (fig. 29). Aparentemente a formação

pronunciada de ERO nos momentos iniciais de exposição ao estresse com

MeJa em Ricinus communis, está relacionada com o decréscimo dos níveis da

2-CP e das atividades da CAT, e GPX. As demais enzimas orquestram o

estresse oxidativo de forma a contornar o estado fisiológico normal da planta. A

APX, por exemplo, aumentaria em 4 e 24h para balancear os níveis de ERO

nos compartimento celulares de forma a evitar toxidez excessiva. A GPX

parece ser a principal enzima detoxificadora em Ricinus communis após 24h de

tratamento com MeJa.

7.0 – Conclusões Podemos concluir que a maioria das enzimas antioxidativas estudadas

são atenuadas nos momentos iniciais de estresse, período compreendido entre

1 e 6 horas de tratamento com MeJa. Essa redução se relaciona, de forma

inversamente proporcional, ao conteúdo das ERO, que foi contabilizado como a

soma dos teores de peróxido de hidrogênio e de radicais livres. Valores

elevados das ERO perduram até o momento em que o balanço das atividades

antioxidantes deixa de ser favorável a sua formação, ou seja, a partir de 12h de

tratamento. Nesta ocasião, a maioria das enzimas antioxidantes têm sua

atividade elevada e a guaiacol peroxidase comporta-se como principal enzima

detoxificadora em Ricinus communis submetidas ao tratamento com metil

jasmonato.

8.0 – Referências

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