análise da adição de resíduos do green supply chain management
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ANÁLISE DA ADIÇÃO DE RESÍDUOS DO
GREEN SUPPLY CHAIN MANAGEMENT
DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA EM
ARTIFÍCIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Evelyn Yasmin de Melo Maia (IFRN )
Jakeline Rayane Barros Felix (IFRN )
Jozilene Souza (IFRN )
Marcus Vinicius Dantas de Assuncao (IFRN )
A utilização de rejeitos tem se mostrado como uma boa alternativa na
redução do impacto causado pelo consumo desordenado de matéria-
prima e pela redução das áreas de disposição, em virtude do grande
volume de resíduos descartados a cada anoo em todo mundo. Logo, o
presente relatório técnico consiste em um estudo de caso, o qual tem
como objetivo destinar de forma menos impactante ao meio ambiente,
o cascalho de perfuração - resíduo proveniente da atividade petrolífera
- utilizando-o como matéria prima na fabricação de concreto. Nesta
pesquisa, avaliou-se a caracterização do sedimento, assim como, sua
aplicação como material construtivo, em substituição parcial ao
agregado miúdo e ao aglomerante em um traço convencional
(cimento:areia:brita:água) e em traços alternativos. Quanto às
análises, foram realizados ensaios de massa unitária, massa específica,
granulometria, determinação de materiais pulverulentos e
classificação quanto ao nível de periculosidade dos rejeitos, com
relação aos corpos-de-prova, realizou-se testes de resistência a
compressão simples e absorção de água. Utilizando o método ACI
(American Concrete Institute), definiu-se nove traços, sendo estes:
Traço base - Tb, concreto sem adições - quatro com níveis de
incorporação do resíduo de 15%, 30%, 45% e 60%, em substituição ao
cimento(Tc -Traço com substituição do cimento). Os mesmos teores
fizeram-se presentes em mais quatro traços, substituindo a areia (Ta-
Traço com substituição da areia) . A metodologia utilizada se deu por
análises laboratoriais e comparativas com os presentes na literatura e
normas Mercosul, visitas técnicas, entrevistas e levantamento
bibliográfico exploratório, o qual caracteriza a pesquisa como
qualitativa. Obteve-se como principais resultados o melhor
desempenho dos traços contendo o rejeito substituindo a areia, dando
destaque ao traço TA15 o qual alcançou resistência aproximada de 30
MPa. Ademais, as aplicações que obtiveram índices satisfatórios
quando substituído o cimento pelo resíduo foram os traços TC15
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(15%), TC30 (30%), TA30 (30%), TA45 (45%) e TA60 (60%) com Fck
(resistência) igual e maior que 20 MPa. Por meio destes foi possível
confirmar a possibilidade de inserção do resíduo na produção de
concreto salientando a fabricação de insumos da construção civil que
não faça uso do aço.
Palavras-chave: Concreto alternativo, cascalho, sustentabilidade,
resíduo
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1. Introdução
A indústria petrolífera ao realizar suas atividades de exploração e produção de petróleo
produz efluentes líquidos, gasosos e resíduos sólidos com potenciais nocivos ao meio
ambiente e à saúde pública. O objetivo do gerenciamento desses resíduos, esperado pelas
entidades fiscalizadoras, é a redução destes efeitos nocivos a níveis aceitáveis. Pretendendo
alcançar esse objetivo dar-se aos detritos tratamento, processamento e destinação adequada.
A nova era ambiental representa um desafio para as empresas, na qual possam ampliar
maneiras em que o desenvolvimento industrial e a proteção do meio ambiente possam
coexistir. O primeiro passo para enfrentar esse desafio é redefinir a estrutura da cadeia de
suprimentos (CS), acomodando preocupações ambientais associadas com os resíduos e
minimização na utilização dos recursos (BEAMON, 1999). De acordo com Barbieri (2007) as
preocupações com o meio-ambiente surgem a partir da influência governamental,
socioambiental e mercadológica, tendo as empresas o desafio de adaptar sua gestão às
demandas ambientais.
O Green Supply Chain Management (GSCM) insere o pensamento ambiental como fator
integrador na gestão da CS . As práticas ambientais defendidas pela gestão verde podem gerar
vantagem competitiva utilizando-se de estratégias de baixo custo. Uma vez que, uma melhor
gestão dos recursos naturais e minimização de desperdício na produção, representam uma
redução nos custos e consequentemente podem levar algumas empresas a alcançar um
diferencial frente às concorrentes (PORTER e VAN DER LINDE, 1995).
1.1 Resíduos dos poços de perfuração
Entre os resíduos gerados pela indústria petrolífera, quanto à nocividade e a necessidade de
um gerenciamento adequado têm-se o cascalho de perfuração. Além de ser gerado em grandes
quantidades, este apresenta componentes contaminantes. Ciente dos impactos ambientais
causados, e visando atender as determinações legais, a indústria petrolífera tem buscado
propostas equilibradas no que diz respeito à disposição final desse rejeito.
O cascalho estudado foi coletado na estação de tratamento de resíduos sólidos (ETRS) do
campo Canto do Amaro, Mossoró- RN. Atualmente, este é extraído em estado pastoso,
constituído de fragmentos de solo e rochas, lama de perfuração base água e petróleo.
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O estudo das características do resíduo foi feito por meio de ensaios e pesquisa bibliográfica.
Para a caracterização deste foi necessário expô-lo a ensaios físicos, sendo estes:
granulometria, módulo de finura, dimensão máxima característica, massa unitária, massa
específica real, índice de materiais pulverulentos, índice de volume de vazios, DXR e MEV.
Com a análise feita desse estudo experimental observou-se que há possibilidades de inserção
do resíduo analisado em insumos da construção civil.
O aproveitamento de resíduos é uma das ações que devem ser incluídas nas práticas comuns
de produção de edificações, visando a sua maior sustentabilidade, proporcionando economia
de recursos naturais e minimização do impacto no meio-ambiente. O potencial do
reaproveitamento e reciclagem de resíduos no âmbito da construção civil é verídico, e a
exigência da incorporação destes resíduos em determinados produtos pode vir a ser
extremamente benéfica, já que proporciona economia de matéria-prima e energia.
Deste modo, o presente estudo é direcionado a aplicação do cascalho proveniente da
perfuração de poços do campo petrolífero, Canto do Amaro, localizado na bacia potiguar,
mediante suas características e quantitativo de produção. Com tal estudo buscou-se analisar a
possibilidade de destinação final pautada no GSCM, reaproveitando este em um dos mais
importantes artifícios da construção civil, o concreto, o qual se mostra ideal na absorção de tal
resíduo como constituinte similar ao agregado miúdo.
2. Materiais e métodos
Este trabalho é fruto de uma pesquisa de iniciação científica realizada na Bacia Potiguar, com
ênfase no estado do Rio Grande do Norte e no campo de Produção Canto do Amaro. Os
procedimentos técnicos utilizados tiveram o objetivo de observar os resultados da aplicação
do cascalho de perfuração, resíduo proveniente de poços de petróleo, em um material
construtivo, concreto, e classificá-lo quanto ao seu efeito filler ou pozolânico, interferindo ou
não nas propriedades mecânicas deste.
Para se atender o objetivo geral elaborou-se objetivos específicos os quais são compreendidos
em fases: 1°) Realizar análises com o resíduo por meio de ensaios; 2°) Tecer comparações e
parâmetros segundo dados presentes na literatura e normas Mercosul; 3°) Analisar a
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viabilidade de uma possível destinação, cuja este possa ser reutilizado – concreto; 4°)
Elaborar o Traço Base (Tb), e a partir deste calcular os demais, com substituições de 15%,
30%, 45% e 60% do cimento e do agregado miúdo, e por fim; 5°) Analisar a viabilidade
técnica do resíduo quando incorporado no concreto.
Visando atender os objetivos específicos realizaram-se várias visitas técnicas aos diques de
resíduos assim como à estação de tratamento de fluídos, entrevistas e análises superficiais
foram elaboradas, junto aos técnicos do setor. Vale salientar que o cascalho analisado foi
recolhido das células de armazenagem de resíduos sólidos de perfuração. Este passou por um
processo de filtragem, no qual foi separado dos resquícios de óleos e fluído de perfuração. O
estudo bibliográfico foi feito por meio de pesquisa no acervo da Internet com o intuito de
reunir e selecionar material sobre o assunto.
Foram pesquisados temas provenientes de artigos, anais, normas, legislação, relatórios e
materiais de aula publicados por centros de pesquisa, empresas, universidades, órgãos
governamentais e ONG’s. O período considerado foi de 2002 a 2016. Diante de tal realidade a
pesquisa é caracterizada como sendo um estudo de caso, já que há a necessidade de se
conhecer diversos atributos do material em questão. Por fim, pode-se considerar o trabalho em
questão com natureza e abordagem qualitativa.
2.1 Ensaios com o resíduo dos poços de perfuração
O estudo das características do cascalho foi feito por meio de ensaios e pesquisa bibliográfica,
o primeiro foi realizado nos laboratórios do campus IFRN - São Gonçalo do Amarante. A fim
de especificar os ensaios efetivados, elaborou-se conforme o diagrama da Imagem 1 a relação
dos ensaios necessários para caraterização do resíduo.
Imagem 1 - Diagrama de ensaios necessários para caracterização do resíduo
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Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
Para a caracterização deste resíduo foi necessário secar o cascalho de perfuração em estufa a
uma temperatura de 100ºC durante 24 horas. Após esse período, o material foi resfriado à
temperatura ambiente, destorroado manualmente e acondicionado em recipientes identificados
para a realização dos ensaios físicos.
2.2 Dosagem do concreto
A dosagem do concreto é um processo de obtenção da combinação correta entre cimento,
agregados, água, adições e aditivos. Convencionalmente, os dois requisitos mais importantes
deste são a trabalhabilidade no estado fresco e a resistência no estado endurecido.
Normatizada pela NBR 12665:2006 (Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e
recebimento – Procedimento), os traços utilizados foram calculados com base no método ACI
(American Concrete Institute), o qual possui dez passos e se faz necessário o conhecimento de
alguns parâmetros que se encontram determinados no Quadro 1.
Quadro 1 - Dados utilizados para aplicação do método ACI de dosagem do concreto
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
Os dados contidos no Quadro 1 foram definidos com base nos ensaios já comentados,
elaborados nos demais materiais utilizados, areia, cimento e brita. Estes serviram de suporte
para aplicação do método ACI para um concreto baseado em uma resistência de 35 MPa, vale
salientar que a condição de controle adotada “A” contém as seguintes características: Sd = 4,0
MPa, controle rigoroso (profissional presente na obra e materiais medido em peso). Para a
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fabricação de concreto em laboratório, as correções com relação ao inchamento da areia são
desprezadas.
Aplicando-se os resultados do Quadro 1 foi calculada uma resistência de dosagem, Fcj
(resistência de trabalho para 28 dias de cura) igual a 41,6 MPa. O cimento Portland utilizado
atende a NBR 11578:1991 – Cimento Portland composto – sendo ele, CP II - Z 32 (cimento
Portland composto com pozolana – 6 a 14% – e com resistência de mínima de 32 MPa aos 28
dias). O fator água/cimento (fa/c) foi definido por meio do tipo de cimento e da resistência à
compressão simples aos 28 dias (Fcj = 41,60MPa). Tais dados foram empregados em função
da curva de Abrams, Imagem 2, o qual obteve como resultado um fa/c de 0, 37.
Imagem 2 - Definição do fator a/c pelo método da curva de Abrams
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Os demais dados calculados em conformidade com o método ACI estão contidos no Quadro
2. Neste também se encontra o Traço de base (Tb), traço usual na construção –
cimento:areia:brita:a/c – sem adição de resíduos.
Quadro 2 - Consumo dos materiais corrigidos e Tb medido em massa
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Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Foram calculados mais oito traços, quatro com substituições de 15%, 30%, 45% e 60% de
cimento pelo cascalho de perfuração e os demais por substituição dos mesmos índices do
agregado miúdo, estes tiveram como princípio o Tb0 – Imagem 3.
Imagem 3 - Traços com adições
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
Tais traços serviram para o cálculo dos materiais empregados, os quais serviram como suporte
para a moldagem total de 36 corpos-de-prova que foram analisados quanto a sua resistência a
compressão simples em prazos posteriores ou iguais aos vinte e oito dias.
2.3 Moldagem dos corpos de prova (Mcp)
Os corpos de prova foram moldados em moldes cilíndricos de 10 x 20 cm, em 04 camadas,
cada uma com 50 golpes, conforme prescreve a NBR 5738:2007 (Concreto – procedimento
para moldagem e cura de corpos-de-prova), sendo 04 corpos-de-prova para cada traço de
concreto, obedecendo aos tempos de cura determinados por norma, Imagem 4.
Imagem 4 - Corpos-de- prova com adições de 15%,
30%, 45% e 60%
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Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
Os corpos-de-prova foram marcados conforme os seus traços e capeados – técnica de
nivelamento e eliminação dos vazios das superfícies dos corpos-de-prova com a finalidade de
distribuir uniformemente as tensões nestes (Menezes, 2011, p. 15 apud Bezerra, 2007). Estes
foram submetidos a ensaios de resistência a compressão simples (RSC) e absorção de água
(Abs).
3. Resultados e discussões
3.1 Análises e comparações
Como produto da caracterização física do cascalho de perfuração, compreendendo os ensaios
de determinação granulometria, massa unitária, massa específica real, índice de materiais
pulverulentos, volume de vazios e classificação quanto os riscos sócios- ambientais
juntamente com o seu índice de periculosidade. Os resultados de tais dados encontram-se
dispostos no Quadro 3. A Dimensão máxima característica (DMC) obtida pela distribuição
granulométrica, Imagem 5, foi de 4,8 mm assim como o módulo de finura (MF) igual a 2,18.
Tais resultados divergem dos resultados alcançados por Fialho (2012), os quais correspondem
a valores iguais a 1,18 para DMC e 1,65 para MF.
Quadro 3. Resultados obtidos por meio dos ensaios com o cascalho de perfuração
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Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
Analisando-se os resultados obtidos, estes foram comparados com os presentes na literatura.
No que diz respeito à análise granulométrica, os dados alcançados estão contidos nos limites
de agregados miúdos para concreto, conforme estabelecido pela NBR 7211 (ABNT, 2009),
assim como a massa unitária – 1,20 g/cm³ - e a massa específica – 2,40 g/cm³. Os resultados
obtidos corroboram com os encontrados por Fialho (2012), o qual classificou tal resíduo como
agregado miúdo para a inserção em concreto. Quantos aos dados correspondentes a massa
unitária e a massa específica real os resultados alcançados por este também foram
semelhantes: 2,58 g/cm³ para massa específica real e 1,19 g/cm³ para massa unitária.
Imagem 5 - Distribuição granulométrica da amostra de cascalho de perfuração
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
Divergindo de Fialho (2012) e dos dados auferidos nesta pesquisa, Medeiros (2010) classifica
o cascalho de perfuração quanto à granulometria como fazendo parte do grupo das argilas,
granulometria grosseira. A massa unitária encontrada para o grupo de cascalhos analisados
por este é variável de 2,00 g/cm³ até 2,10 g/cm³. Os resultados se assemelham pela
proximidade dos dados. Assim como Medeiros (2010), Silva (2012) obteve resultados
semelhantes aos analisados nesta pesquisa e corroborou com Medeiros, afirmando que a
massa unitária para os seus detritos seria de 2,10 g/cm³ e esses possuem granulometria
semelhante à das argilas.
Diferentemente de Fialho (2012) que constatou uma porosidade de 54% para o cascalho,
Medeiros (2010), obteve os índices de vazios variantes de 20 a 25%. Os dados alcançados por
meio dos ensaios constataram um volume de vazios correspondente a 50%, aproximando-se
dos valores alcançados por Fialho. Entretanto, Silva (2012), afirma que a porosidade dos
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cascalhos seria igual a 27%, congênere com os índices de Medeiros (2010). O índice de
materiais pulverulentos de tal ensaio foi compatível com os de Fialho (2012) – 0,01%.
Quanto à graduação do resíduo, todos os autores relevantes afirmam que este é bem graduado,
contém partículas menores e maiores em proporções consideráveis, as quais são responsáveis
pela porosidade admissível deste quando comparado a um solo, 30% a 70%, porém quando
comparado aos níveis de porosidade admissíveis para um concreto simples, o detrito analisado
necessita de correções, já que esse é compreendido de 10% a 15% (NBR 9778:2005). Tal
graduação também é responsável pela boa resistência à compressão do detrito quando
incorporado a algum material em proporções plausíveis.
Diante de tais discursões comparativas realizadas com os resultados expostos têm-se no
Quadro 4 informações condensadas a respeito das melhorias provenientes nos materiais de
construção com adição de cascalhos de perfuração.
Quadro 4. Quadro de pesquisas da utilização do cascalho na construção civil
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Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
Os dados contidos no Quadro 4, além de apresentarem características desejadas em diferentes
materiais, sugerem uma possível destinação para o cascalho analisado, já que algumas
características obtidas por tais autores se assemelham aos constatados.
3.2 Análises das imagens
O resíduo dos poços de perfuração foi analisado através de uma combinação das técnicas de
microscopia eletrônica de varredura (MEV) com espectroscopia de raios X por energia
dispersiva (MEV/EDS) o que permitiu a identificação e quantificação de elementos nas fases
presentes e a identificação de elementos não identificados por FRX (Imagem 6).
Imagem 6 - Análise do resíduo por Microscopia Eletrônica de Varredura
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
A Imagem 7 apresenta o espectro e resultado da análise da avaliação do resíduo por
MEV/EDS, onde é possível observar a presença de vários elementos químicos, dentre os quais
se podem destacar: Alumínio, Silício, Magnésio, Ferro, Cobre, Nióbio e Escândio (que faz
parte de um grupo de terras raras), semelhante às análises dos resíduos (cascalhos) de Fialho
(2012), observando-se a predominância do Alumínio e Silício.
Imagem 7 - Análise do resíduo por Microscopia Eletrônica de Varredura/EDS
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Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
3.3 Análise dos resultados (RCS e Abs)
Utilizando-se de tais dados fez-se a aplicação do resíduo em um material construtivo:
concreto. Os traços utilizados, exposto anteriormente no corpo do trabalho, após a elaboração
dos corpos-de-prova (CP) foram corrigidos, já que para as suas fabricações houve a
necessidade de adicionar 250 ml de água com a finalidade de deixar o material mais
trabalhável, esta ocorreu em virtude da finura do resíduo. Dessa forma, o fator água/cimento
do Tb0 mudou de 0,37 para 0,43, sendo corrigido também o Fcj, o qual passou a ser 39MPa e
uma resistência à compressão igual a 30MPa, a qual foi atendida. O Quadro 5 apresenta os
resultados do ensaio de resistência à compressão simples na idade de 28 dias.
Quadro 5 - Resultado do ensaio de resistência à compressão axial aos 28 dias de cura
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Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Analisando os resultados, observou-se que para o traço sem substituição do aglomerante ou
agregado miúdo pelo resíduo (Tb0), este atendeu ao estabelecido para o traço em análise, 30
MPa. Para os demais traços, verificou-se que apenas o TA15% atende às exigências de
resistência. Os traços TC15, TC30 e TA30 não corresponderam ao esperado, 30 MPa, mas se
mostraram viáveis de aplicação, já que atingiram boas resistências, acima de 20 MPa – as
quais são bastante requisitadas em traços de concreto, sem função estrutural.
A resistência à compressão axial encontrada para o traço TC15 corroborou com a constatada
por Fialho (2012). Este obteve um declínio de 19% enquanto a apresentada no Quadro 5 ficou
reduzida em 23,60% do traço de base.
Os traços TC45 e TC60 atingiram resistências muito baixas, corroborando com Fialho (2012),
o qual constatou que a aplicação de resíduos com altos índices de sais só irá atender a
resistência do Tb0 com até 15% de adições. Em níveis superiores a este, a resistência à
compressão axial esperada obterá uma depreciação. Outro fator a ser considerado é a relação
água/cimento, que nos traços com maior percentual de resíduos, foi mais elevada, ficando
entre 0,79 e 1,00.
Diferentemente de Fialho (2012), constatou-se o aparecimento de manchas brancas na
substituição parcial do cimento. Estas surgiram apenas nos corpos-de-prova com percentuais
de 45% e 60%, TC45 e TC60, agravando-se proporcionalmente aos índices de incorporação
de resíduos. Com relação aos moldes com adições em detrimento da areia detectou-se o
aparecimento de manchas avermelhadas nos traços TA45 e TA60, os quais correspondiam a
valores de 45% e 60% de substituição, não sendo possível avaliar o motivo desta reação.
Corroborando com Fialho (2012), os índices de cascalho que obteve melhores resultados e
mais próximos do traço de base foram às inserções de 15% de areia e 15% do cimento,
obtendo uma queda de resistência média igual a 19%. Com relação aos traços com 45% e
60% de adições do rejeito em detrimento do cimento – TC45, TC60 – houve uma queda na
resistência correspondente a uma média de 59,67%. Em desacordo com o autor já citado, os
traços com maiores teores de rejeito atuando como agregados miúdos não obtiveram
resultados vantajosos, os quais alcançaram pouco mais de 50% dos 30 MPa desejados.
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Já os valores constatados por Fialho (2012) proporcionaram a substituição de até 100% da
areia com uma perda de resistência de 6,3%, porém ficando acima do Fck designado. Por
meio da Imagem 9 é possível constatar o declínio da resistência em função do aumento do
teor de cascalho tanto nos corpos-de-prova que tiveram o cimento substituído (reta verde)
quanto o agregado miúdo (reta azul), evidenciando-se que a incorporação de substituição por
percentuais do cimento proporciona menores resistências.
Resultados semelhantes foram verificados por Fialho (2012) na moldagem destes com um
teor considerável de sais solúveis como cloretos, os quais são citados por diversos autores
(Fialho, 2012, p. 80 apud AL-ANSARY, AL-TABBAA, 2007; PIRES, 2009; MEDEIROS,
2010).
Os resultados para o ensaio de absorção de água se encontram na Imagem 10, estes foram
organizados entre si quanto as suas adições de resíduos e tipo de material substituído. Por
meio desta é possível constatar que os corpos-de-prova com aplicação do cascalho em
detrimento da areia obtiveram os menores índices, com destaque para do traço TA15 que
alcançou uma média de 1,55%.
Imagem 9 - Comparação das resistências à compressão dos corpos-de-prova com adições cascalho substituindo
parcialmente o aglomerante e o agregado
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
15% 30% 45% 60%
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Imagem 10. Resultados do ensaio de absorção de água nos corpos-de-prova
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Assim como o traço TA15, os traços TA30 e TA60 alcançaram baixos índices de absorção de
água – 2% e 2,11%. Tais dados referentes a estes se destacam por ficar abaixo de 2,9%, valor
considerado máximo para o ensaio, já que se trata do correspondente ao traço Tb0.
Vale salientar que os valores encontrados para a absorção de água nos corpos-de-prova que
tiveram a areia substituída pelo cascalho de perfuração foram bastante favoráveis, constatando
que o resíduo ajudou na diminuição do índice de vazios, tornando o traço bem graduado, com
relação à granulometria dos materiais inseridos.
4. Conclusões
Com o intuito de gerir de forma sustentável o cascalho de perfuração pautado no GSCM em
um dos mais importantes artifícios da construção civil, o concreto, o presente trabalho
objetivou propor a análise do resíduo assim como as suas possíveis destinações e os índices de
resistências alcançadas quando aplicado no concreto, corroborando com Fialho (2012) a
possibilidade de aplicação de uma logística reversa na Petrobras S.A, Bacia Potiguar.
Verificando-se os seus benefícios e malefícios gerados em diferentes materiais, já aplicados,
fora concluído que o resíduo em questão possui características com a maior possibilidade de
agregar o rejeito foi o concreto, em análises de estudo existentes da bibliografia disponível.
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Quando inserido neste, em um traço convencional, foi possível constatar que o traço TA15,
obteve a resistência mínima esperada e que TC15, TC30, TA30, TA45 e TA60 são passiveis
de aplicação, pois apresentam resistência próxima a 20 MPa. Por meio do método ACI foi
calculado nove traços, dos quais um serviu de base para os demais, Tb0. Vale salientar que
estes tiveram substituições de 15%, 45%, 30% e 60% do seu aglomerante – 4 traços – e do
seu agregado miúdo – 4 traços – conforme esta descrito no corpo do trabalho. Fez-se a
submissão desses ao teste de resistência a compressão e constatou-se que entre eles, os índices
que obtiveram melhores resultados foram às substituições parciais do agregado miúdo,
obtendo destaque para o traço TA15.
Sendo assim, é lícito dizer que a aplicação do rejeito da Bacia Potiguar na CS da empresa em
questão é uma alternativa efetiva e que não compromete a resistência do concreto, fazendo
com que este se encontre dentro dos limites estabelecidos por norma e continue com um bom
desempenho.
Vale salientar que pela quantidade considerável de sais solúveis não é recomendável a
elaboração de concreto armado com adição de aço, pois estes podem desencadear algum
processo de oxidação. Sugere-se para pesquisas futuras maiores análises com relação ao
aparecimento das manchas esbranquiçadas, Imagem 6 “A”, realização de ensaios como MEV
e DRX nos corpos de prova, assim como ensaios eletroquímicos para determinar o potencial
de corrosão quando aplicado em um concreto armado. Preconiza-se também a aplicação de tal
traço na elaboração de outros insumos construtivos os quais dependam do concreto como
blocos Inter travados, telhas e blocos com funções de vedação ou estruturais.
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