ana clÁudia andrade rocha natÁlia oliveira de souza

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA FONOAUDIOLOGIA ANA CLÁUDIA ANDRADE ROCHA NATÁLIA OLIVEIRA DE SOUZA CONCEIÇÃO MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE INDIVÍDUOS COM OBESIDADE INDICADOS À REALIZAÇÃO DE CIRURGIA BARIÁTRICA/GASTROPLASTIA Brasília 2018

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA

FONOAUDIOLOGIA

ANA CLÁUDIA ANDRADE ROCHA NATÁLIA OLIVEIRA DE SOUZA CONCEIÇÃO

MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE INDIVÍDUOS COM OBESIDADE INDICADOS À REALIZAÇÃO DE CIRURGIA BARIÁTRICA/GASTROPLASTIA

Brasília 2018

ANA CLÁUDIA ANDRADE ROCHA NATÁLIA OLIVEIRA DE SOUZA CONCEIÇÃO

MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE INDIVÍDUOS COM OBESIDADE INDICADOS

À REALIZAÇÃO DE CIRURGIA BARIÁTRICA/GASTROPLASTIA

Trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Fonoaudiologia pela Universidade de Brasília.

Orientadora: Profª. Drª. Laura Davison Mangilli Toni – Graduada em Fonoaudiologia (Universidade de São Paulo). Mestre e Doutora em Ciências (Universidade de São Paulo).

Brasília

2018

ANA CLÁUDIA ANDRADE ROCHA NATÁLIA OLIVEIRA DE SOUZA CONCEIÇÃO

MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE INDIVÍDUOS COM OBESIDADE INDICADOS

À REALIZAÇÃO DE CIRURGIA BARIÁTRICA/GASTROPLASTIA

Trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Fonoaudiologia pela Universidade de Brasília.

Orientadora: Profª. Drª. Laura Davison Mangilli Toni – Graduada em Fonoaudiologia (Universidade de São Paulo). Mestre e Doutora em Ciências (Universidade de São Paulo).

Data de aprovação: 3 de dezembro de 2018

BANCA EXAMINADORA

______________________________ Profa. dra. Laura Davison Mangilli Toni

Faculdade de Ceilândia, Universidade de Brasília – UnB Orientadora

_____________________________

Profa. dra. Melissa Nara de Carvalho Picinato Pirola Faculdade de Ceilândia, Universidade de Brasília – UnB

À Deus pelo seu amor infinito que nos capacita e nos inspira em nossas vidas e no saber científico. Aos nossos pais, Cleuda Andrade (in memorian), José Antônio Rocha, Silvio Montavão e Elisabete Conceição pelo amor, compreensão e incentivo aos nossos sonhos e estudos. À todos aqueles que contribuíram nessa conquista.

AGRADECIMENTOS

À nossa orientadora, Laura Davison Mangilli Toni, pelo incentivo, cuidado, atenção, compreensão, dedicação, orientação e aconselhamento na nossa caminhada acadêmica. Também por sua preocupação e presteza nos momentos que necessitávamos de ajuda. Agradecemos o companheirismo que fugiu da relação aluno-professor, mas que ganhou a dimensão de uma sábia amiga que nos guiou como suas aprendizes.

À Deus, criador do mundo e autor da vida, que com sua infinita graça e misericórdia traçou e iluminou nossos caminhos. Foi nosso descanso quando a rotina nos consumiu, esperança quando não havia solução e ainda, nosso porto seguro nos dando coragem e força para irmos além dos nossos limites. Ele nos deu seu sopro de uma vida eterna e a alegria incomparável através de Jesus Cristo. A Ele seja a glória, a honra e o poder para sempre.

À nossa família, especialmente aos nossos pais, Cleuda Andrade (in memorian), José Antônio Rocha, Elisabete Conceição e Silvio Montalvão da Conceição. Estes nos ofereceram como principal herança algo único e que não pode nos ser retirado, a educação. Nos ensinaram as virtudes, valores, a importância de amar, se dedicar e se esforçar para alcançar nossos objetivos. Também nos mostraram que o estudo pode nos levar onde nós quisermos. Agradecemos por cada pequena renuncia que fizeram para que conseguíssemos dar novos passos, pela compreensão, amor e apoio em cada desafio que tivemos que superar.

Aos professores do campus Ceilândia da Universidade de Brasília, especialmente os do curso de Fonoaudiologia, por nos auxiliarem no processo de formação como profissionais e seres humanos através do conhecimento científico, suas experiências, dedicação, compromisso, atenção e responsabilidade. Por nos inspirar na realização de pesquisas científicas, na compreensão da importância da nossa atuação profissional e a dimensão biopsicossocial que devemos abordar na saúde.

Aos membros da banca examinadora, pela diligência e disponibilidade de avaliar nosso trabalho, contribuindo com seu conhecimento e experiência profissional.

Aos profissionais de saúde parceiros da nossa pesquisa, pela experiência clínica e serem intermediadores da realização do nosso estudo.

À instituição de ensino, Universidade de Brasília – UnB, ao qual nos possibilitou uma formação profissional ao qual transcendeu à sala de aula, contemplando verdadeiramente os três pilares de uma universidade: pesquisa, ensino e extensão.

Aos amigos e companheiros de caminhada, entre eles nossos colegas da IV turma de Fonoaudiologia, ao qual contribuíram nos apoiando para realização de nossos sonhos. Agradecemos principalmente pela amizade e companheirismo de Thaís Magalhães e David Cavalcante, na qual sempre apoiaram nos principais momentos da nossa vida, em todos os aspectos, entre eles no crescimento como profissionais, nos fortalecendo durante toda nossa caminhada.

Aos participantes desse estudo pela disponibilidade, paciência, esforço e dedicação ao aceitarem e atenderem aos nossos pedidos na pesquisa.

Muito obrigada!

APRESENTAÇÃO

Desde criança sempre fomos muito curiosas e dedicadas pelo o que queremos. Durante a graduação, essas características puderam ser canalizadas para a extensão, o ensino, e principalmente a pesquisa científica. Dessa forma surgiu o interesse em estudar a cirurgia bariátrica, uma área nova de atuação da fonoaudiologia.

Nos conhecemos desde 2011, e entramos em 2015 no curso de Fonoaudiologia juntas, algo que fez nossa amizade se fortalecer ainda mais. Não conhecíamos bem a Fonoaudiologia, mas ao longo do curso fomos nos apaixonando pela diversidade e importância dessa área da saúde. Conseguimos explorar as oportunidades dadas pela Universidade o quanto podíamos, como a participação em projetos de extensão, monitoria, pesquisa, ações de promoção em saúde, congressos, cursos na área, entre outros.

Tivemos a inspiração para o trabalho através de uma palestra da ms. Andrea Cavalcante no XXIII Encontro Nacional de Estudantes da Fonoaudiologia. Entusiasmadas com a temática e com desejo de entender mais sobre esse assunto, logo contatamos a dra. Laura Davison que nos motivou a pesquisar sobre o assunto.

Assim, iniciamos em 2016 a construção de uma revisão sistemática sobre o assunto. Tivemos desafios pois a atuação fonoaudiológica nessa área é recente e observamos na literatura que haviam poucos dados que tratavam da temática da deglutição e mastigação nessa população, sendo os estudos com metodologias diversas e com número de participantes pequenos.

Tendo maior conhecimento na área de cirurgia bariátrica e tendo a necessidade de estudos sobre o tema, no ano de 2017, delineamos um novo trabalho: a avaliação da mastigação e a deglutição das pessoas indicadas para a cirurgia bariátrica. Assim, participamos como alunas de iniciação científica através desses dois trabalhos que estávamos desenvolvendo. No desenvolvimento das pesquisas, aprendemos na prática o quanto a pesquisa científica trata-se de um processo árduo de trabalho, mas o quanto é gratificante perceber os frutos dele na sociedade.

Tivemos diversos desafios na realização da nossa pesquisa como a dificuldade em encontrar profissionais parceiros, a adesão desse público e o pouco material para explorar os dados obtidos. A primeira parceria que conseguimos não foi efetiva e atrasou o andamento e o delineamento inicial previsto do trabalho. Conseguimos depois a parceria da psicóloga Patrícia Queiroz, a qual foi a nossa intermediadora com o público alvo e nos auxiliou no prosseguimento do estudo. Além desses fatores, tivemos dificuldades com a adesão dos participantes, que confirmavam o encontro, mas o desmarcavam, o que reduziu o número dos participantes do estudo e o tempo de procurar outros. Por ser uma área nova, os estudos ainda estão sendo desenvolvidos, logo encontrar artigos com consistência metodológica e que vão de encontro com o tema foi um trabalho árduo.

Por fim, somos muito gratas ao que essa pesquisa nos proporcionou de aprendizado teórico e de vida, principalmente as pessoas que contribuíram para a sua construção. Nosso intuito é dar continuidade a pesquisa, pois observamos a sua importância social e de saúde para essa população, como também para a área de atuação fonoaudiológica, visto que a evidência científica é um instrumento importante na busca de reivindicações e na busca da qualidade de vida.

Permissão para Reprodução de Material

Encaminhamos o artigo “MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE INDIVÍDUOS COM

OBESIDADE INDICADOS À REALIZAÇÃO DE CIRURGIA

BARÁTRICA/GASTROPLASTIA”, de autoria de Ana Cláudia Andrade Rocha,

Natália Oliveira de Souza Conceição e Laura Davison Mangilli para análise do Corpo

Editorial e possível publicação na Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva.

Declaramos que todos os autores participaram suficientemente do trabalho

para tornar pública sua responsabilidade sobre o seu conteúdo e que não houve

conflitos de interesse entre eles quanto à autorização para sua reprodução. O

manuscrito representa um trabalho original, que não foi publicado e nem está sendo

considerado para publicação em outro periódico, impresso ou eletrônico, quer em

parte ou na íntegra.

Declaramos ainda que o artigo cumpre as normas para publicação, as quais

foram lidas e acatadas por todos os autores. Em caso de aceitação do artigo para

publicação na Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, concordamos que os

direitos autorais a ele referentes serão de propriedade exclusiva da revista, sendo a

nós vedada sua reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de

divulgação, impressa ou eletrônica, sem a prévia autorização dos editores da

Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva.

Colocamo-nos à disposição para qualquer esclarecimento que seja

necessário.

______________________________

Ana Cláudia Andrade Rocha

______________________________

Natália Oliveira de Souza Conceição

_____________________________

Laura Davison Mangilli Toni

Prof. Dr. Osvaldo Malafaia Editor Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva Ref.: Submissão de artigo original Estamos submetendo o artigo original intitulado “MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE INDIVÍDUOS COM OBESIDADE INDICADOS À REALIZAÇÃO DE CIRURGIA

BARÁTRICA/GASTROPLASTIA” para apreciação e possível publicação na Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva. Afirmamos que o artigo enviando não foi publicado anteriormente e nem está sendo considerado para publicação em outro periódico.

Atenciosamente,

______________________________ Ana Cláudia Andrade Rocha

______________________________ Natália Oliveira de Souza Conceição

_____________________________

Laura Davison Mangilli Toni

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO TRABALHO.................................................................. 1

RESUMO ........................................................................................................... 2

ABSTRACT ....................................................................................................... 2

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3

METODOLOGIA ................................................................................................ 3

RESULTADOS .................................................................................................. 6

DISCUSSÃO ...................................................................................................... 9

CONCLUSÃO .................................................................................................. 13

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 13

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 16

NORMAS DA REVISTA .................................................................................. 17

ANEXOS .......................................................................................................... 19

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MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE INDIVÍDUOS COM OBESIDADE INDICADOS À REALIZAÇÃO DE CIRURGIA BARIÁTRICA/GASTROPLASTIA

MASTIGATION AND SWALLOWING OF PATIENTS WITH OBESITY INDICATED TO

BARIATRIC SURGERY Ana Cláudia Andrade Rocha Graduanda. Curso de Fonoaudiologia. Faculdade de Ceilândia. Universidade de Brasília. Natália Oliveira de Souza Conceição Graduanda. Curso de Fonoaudiologia. Faculdade de Ceilândia. Universidade de Brasília. Laura Davison Mangilli Toni Professora Adjunta. Curso de Fonoaudiologia. Faculdade de Ceilândia. Universidade de Brasília. Departamento onde o trabalho foi realizado: Faculdade de Ceilândia. Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil. Autor responsável: Profa. Dra. Laura Davison Mangilli (Graduação em Fonoaudiologia). Faculdade de Ceilândia. Centro Metropolitano, Conjunto A Lote 1. Brasília/DF. CEP 72220-900. Telefone: (55XX61) 3107-8400. E-mail: [email protected] Fonte financiadora: não há.

Conflitos de interesse: não há. Autoria: 1. Concepção e delineamento do estudo: autores ACAR, NOSC e LDM. 2. Coleta, análise e interpretação dos dados: autores ACAR, NOSC e LDM. 3. Redação ou revisão do artigo de forma intelectualmente importante: ACAR, NOSC e LDM. 4. Aprovação final da versão a ser enviada: autora LDM

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RESUMO – Justificativa: A mastigação e deglutição são fatores importantes no

processo alimentar. Ao lidar com a obesidade mórbida diversas medidas podem ser tomadas, sendo elas alimentares, exercícios físicos, fármacos e cirúrgicos, como a gastroplastia/cirurgia bariátrica. Esta é indicada como último recurso devido aos seus efeitos colaterais. Objetivo: Descrever o padrão de mastigação e deglutição de

indivíduos com obesidade, indicados à realização de cirurgia bariátrica/gastroplastia antes do procedimento, por meio de protocolos clínicos padronizados. Métodos: Oito

participantes, divididos em 4 casos controles e 4 casos pesquisas, pareados por idade e gênero, foram submetidos a avaliação com o “Questionário sobre comportamento alimentar as condições anatomofuncionais do sistema estomatognático”, protocolo AMIOFE-E, teste de força máxima de língua. Resultados: Os casos pesquisas

apresentaram em comparação aos casos controles: predominância de mastigação unilateral preferencial; referirem que apenas “engole o alimento”; repetição de deglutição em alimentos líquidos e sólidos, com presença de tensão dos músculos faciais; volume de ambas as bochechas aumentadas e presença de flacidez; sulco nasolabial aumentado em comparação a idade; tempo de refeição e mastigação menores; tensão aumentado de lábios, músculo mentual e faciais no repouso e na deglutição; comissuras labiais abaixo da rima bucal em grau leve; predominância de habilidade insuficiente com movimentos associados e/ou tremor nas tarefas de mobilidade de lábios, língua, mandíbula e bochechas; e desconhecimento da atuação fonoaudiológica. Conclusão: Foi observado que pacientes do grupo pesquisa,

apresentaram maior ocorrência de alterações miofuncionais orofaciais quando comparados ao grupo controle. Sendo dessa forma, caracterizados por alterações de postura e mobilidade das estruturas do sistema estomatognático, como na função de mastigação e deglutição. Descritores: Cirurgia Bariátrica; Gastroplastia; Mastigação; Deglutição; Língua. ABSTRACT – Background: Chewing and swallowing are important factors in the food process. When dealing with morbid obesity several measures can be taken, being they food, physical exercises, drugs and surgical, such as gastroplasty / bariatric surgery. This is indicated as a last resort due to its side effects. Objective: To describe the

pattern of chewing and swallowing of an individual with obesity, indicated to perform bariatric surgery / gastroplasty before the procedure, through standardized clinical protocols. Methods: Eight participants, divided into 4 control cases and 4 matched cases by age and gender, were submitted to an evaluation with the "Food behavior questionnaire on anatomic and functional conditions of the stomatognathic system", AMIOFE-E protocol, language. Results: The research cases presented in comparison

to the control cases: predominance of preferential unilateral mastication; that they only "swallow the food"; repetition of deglutition in liquid and solid foods, with presence of tension of the facial muscles; volume of both cheeks increased and presence of sagging; increased nasolabial sulcus compared to age; shorter meal and chewing time; increased tension of the lips, mental and facial muscles at rest and swallowing; labial commissures below the oral rhyme in mild degree; predominance of insufficient ability with associated movements and / or tremor in the tasks of mobility of lips, tongue, jaw and cheeks; and lack of knowledge of the speech-language pathology. Conclusion: It

was observed that patients in the research group had greater occurrence of orofacial myofunctional alterations when compared to the control group. Being thus, characterized by changes in posture and mobility of the structures of the stomatognathic system, as in the function of chewing and swallowing. Keywords : Bariatric Surgery; Gastroplasty ; Mastication; Deglutition; Tongue.

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INTRODUÇÃO

A obesidade, caracterizada por uma doença crônica e multifatorial, tem

demonstrado níveis de prevalência altos, atingindo a 23% da população adulta na América Latina e Caribe, ou seja, cerca de 140 milhões de pessoas (17). Essa doença costuma ser acompanhada por comorbidades metabólicas, vasculares, respiratórias, ortopédicas, dermatológicas e psicológicas, ao qual em conjunto prejudicam a qualidade de vida desse indivíduo (13).

Para o combate da obesidade (25), medidas farmacológicas, de reeducação alimentar e realização de exercícios físicos, estão sendo adotadas atualmente. Entretanto, essas ações podem apresentar-se, para alguns casos, como insuficientes para a manutenção e/ou na perda de peso, podendo agravar os sentimentos de frustação e angústia do indivíduo. Nessa situação pode-se optar pela intervenção cirúrgica, auxiliando esse processo através da restrição mecânica da alimentação.

Assim como em todo o processo de tratamento de perda de peso, na cirurgia bariátrica, ou mesmo gastroplastia, uma equipe interdisciplinar ou multidisciplinar deve realizar o acompanhamento, oferecendo o suporte necessário para a mudança de hábitos, adaptação às novas condições físicas, os impactos psicológicos e adversidades que venham surgir, além de favorecer a continuação dos resultados do procedimento a longo prazo (25).

Com a incidência dos efeitos negativos pós-cirúrgicos como engasgos, vômitos, refluxo gastroesofágico, sensação de alimento preso e queixas relacionadas à deglutição e mastigação do indivíduo (9) a presença dos cuidados fonoaudiológicos tem sido adicionados à essa equipe (25). O fonoaudiólogo (25) acompanha o momento anterior e posterior à intervenção cirúrgica, atuando na orientação, avaliação, prevenção e reabilitação do paciente, dentre suas áreas, principalmente em relação à deglutição orofaríngea e mastigação, funções fundamentais para o processo de alimentação.

A literatura (10) aponta que indivíduos obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica revelaram alterações na função mastigatória tendo como características movimento vertical de mandíbula, um ritmo rápido, necessidade de líquido durante a mastigação, tamanho de bolo grande e escassez de mastigação. Observa-se assim que a mastigação de indivíduos obesos submetidos à cirurgia bariátrica apresenta perfil próprio, diferindo de grupos eutróficos.

Assim o objetivo deste trabalho é o de descrever o padrão de mastigação e deglutição de indivíduos com obesidade, indicados à realização de cirurgia bariátrica/ gastroplastia antes do procedimento, por meio de protocolos clínicos padronizados.

METODOLOGIA

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de

Ceilândia, sob protocolo CAAE N° 82672118.1.0000.8093 (Anexo A), bem como a utilização de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a realização e utilização dos dados da pesquisa.

Trata-se de um estudo descritivo transversal, do tipo caso controle. Participaram do estudo participantes voluntários, divididos em dois grupos – pesquisa e controle. O grupo pesquisa foi composto por indivíduos com indicação para a realização da cirurgia bariátrica, com obesidade grau III. O grupo controle foi composto por indivíduos

4

saudáveis e sem queixas fonoaudiológicas, pareados por idade e sexo com participantes do grupo pesquisa.

Como critérios de inclusão para o grupo pesquisa utilizou-se: indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos, clinicamente estáveis, com indicação à realização de cirurgia bariátrica/gastroplastia, com avaliação, diagnóstico e acompanhamento da equipe médica, que voluntariamente se candidataram em participar do estudo, após convite público. Como critérios de exclusão, foram considerados: a) casos de patologia neurológica (que impeça a compreensão de ordens e ações necessárias para a realização da intervenção fonoaudiológica); b) casos de patologias ou cirurgias prévias em região de cabeça e pescoço; c) casos que tenham sido submetidos à tratamento fonoaudiológico miofuncional orofacial anteriormente; d) casos em que exista contraindicação do acompanhamento fonoaudiológico; e) casos em que não se possa ofertar alimentos por via oral; f) históricos de tumores ou traumas na região de cabeça e pescoço.

Para o grupo controle os critérios de inclusão foram: indivíduos adultos saudáveis, sem queixas ou alterações nas estruturas e/ou funções do sistema estomatognático, confirmados pela aplicação do Protocolo AMIOFE-E (4). Acrescenta-se que o protocolo tem como valor máximo a pontuação de 230, indicando ausência de alterações quanto ao sistema estomatognático, isto posto, foi definido pelas autoras que para ser incluído neste grupo, o indivíduo deveria obter, no mínimo, 210 pontos no instrumento AMIOFE-E (Anexo C). Como critérios de exclusão foram adotados: ausência de comorbidades fonoaudiológicas; de comprometimentos cognitivos ou de nível de consciência que impossibilitassem a compreensão das informações verbais solicitadas para a avaliação que compõe este estudo.

Os participantes foram selecionados de forma aleatória e por conveniência. Estes foram expostos a uma bateria de testes, que permitiram a caracterização do padrão mastigatório e de deglutição. A sessão de aplicação teve duração de 1 hora e foi feita em local que ofereceu condições favoráveis para tanto. Para aplicação dos protocolos utilizou-se ainda luvas de procedimentos descartáveis, espátulas de madeira e Espelho de Glatzel para avaliar fluxo aéreo nasal. Na avaliação de mastigação e deglutição de sólidos e líquidos, optou-se pelo uso do biscoito “Club Social Original®” (pela natureza da restrição calórica do participante) e água servida em copo descartável de 200ml.

Foram aplicados os seguintes instrumentos: 1) Questionário sobre comportamento alimentar e as condições anatomofuncionais do sistema estomatognático (Anexo B) (22); 2) Análise da Força de Língua por meio do equipamento Biofeedback Pró-Fono: pressão de lábios e de língua (PLL Pró-Fono); 3) protocolo de avaliação AMIOFE-E (Expanded Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores)(Anexo C) (4). A descrição pormenorizada dos protocolos encontra-se a seguir.

O Questionário sobre comportamento alimentar e as condições anatomofuncionais do sistema estomatognático (22) é composto por perguntas e foi desenvolvido por fonoaudiólogas do Núcleo de Obesos do Ceará em Fortaleza, com a finalidade de identificar as características de pacientes obesos no que se refere ao comportamento alimentar e às condições anatomofuncionais do sistema estomatognático.

Por sua vez a Análise da força máxima de língua foi realizada por meio do equipamento Biofeedback Pró-Fono: pressão de lábios e de língua (PLL Pró-Fono). Trata-se de um aparelho portátil que mede a pressão exercida dos lábios superior e inferior sobre um bulbo de ar, ou a pressão exercida pelo dorso ou pela ponta da língua

5

sobre este bulbo de ar posicionado no palato. É formado por um sensor de pressão conectado a uma placa eletrônica, acondicionados em um gabinete plástico. O sensor de pressão é ligado à um tubo plástico flexível conectado à um dispositivo de bulbo de ar. A utilização do instrumento detecta as variações da pressão do ar transmitidas a ele e converte estes sinais de pressão em um gráfico Kilo Pascal (kPa) versus tempo (s). Durante o exame, os indivíduos permaneceram sentados em uma cadeira confortável com os pés apoiados ao chão e a cabeça paralela ao plano horizontal. Foram feitas as instruções referentes ao exame e o aparelho foi posicionado na cavidade oral, seguindo os critérios de higiene e limpeza determinados pela equipe do serviço. A força de língua foi avaliada nas seguintes situações: a) Força Máxima de Elevação de ponta de Língua: o participante elevou a língua contra o bulbo do equipamento posicionado na região retroincisiva; b) Força Máxima de elevação de dorso de Língua: o participante elevou o dorso da língua contra o bulbo do equipamento. Em todas as provas cada participante realizou três medidas consecutivas, realizando a força máxima durante 15 segundos com intervalos de descanso de 15 segundos entre cada um. Foi considerado a média da analise de força máxima de língua obtida entre as três medidas realizadas em cada tarefa.

O protocolo de avaliação AMIOFE-E (Expanded Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores) (4), foi construído com base em modelos anteriores de avaliação, com a adição de escalas numéricas que refletem as características físicas e os comportamentos orofaciais dos indivíduos. Desta forma, os componentes e funções do sistema estomatognático foram avaliados em termos de aparência/ postura, mobilidade e funções de deglutição - líquido e sólido – mastigação e respiração. A avaliação ocorreu de acordo com o proposto pelo protocolo, por inspeção visual durante a sessão e complementados pela análise posterior de imagens registradas. Para registro foi utilizado a câmera semiprofissional modelo Canon PowerShot SX400IS, disposta em um tripé com altura de 1,20m, com distância do participante de cerca de 100cm. O participante deveria estar sentado em uma cadeira de pés fixos. O AMIOFE-E foi validado para jovens e adultos, apresentou correlação de 86% com o protocolo de referência, bem como 80% de sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de distúrbios miofuncionais orofaciais em adultos (5).

Ainda, na avaliação de mastigação, o participante foi instruído a colocar o alimento na cavidade oral e mastiga-lo de forma habitual, sendo observado a incisão do alimento, lado de preferencia mastigatória, tipo e tempo mastigatório, confirmados e completados pela analise posterior das imagens registradas. Quanto à deglutição, essa foi observada na consistência sólida, ao final da mastigação do biscoito e na consistência liquida durante a ingestão de água dividida em três deglutições. A primeira e terceira deglutição foi observada sem a intervenção da avaliadora. Na segunda deglutição a avaliadora com o indicador apoiado sobre o lábio superior e polegar sobre o lábio inferior, abriu-se os lábios do participante no momento da elevação laríngea, para verificar a interposição lingual. Assim no teste de deglutição, foi observado comportamento dos lábios e da língua, eficiência para sólidos e líquidos, presença ou ausência de sinais e comportamentos durante a função.

Nessa série de casos, foi considerado adequação de aparência e condição postural/posição; mobilidade e funções os escores máximos de cada item do AMIOFE-E. Foram considerados como inadequados, aqueles que pontuaram escores abaixo do esperado, seja ele leve, moderado ou severo.

Os resultados do estudo serão apresentados por meio de descrição simples, pautados na utilização de valores descritivos, absolutos e relativos dos escores e respostas obtidas por cada grupo de participantes.

6

RESULTADOS

O estudo foi realizado com oito participantes voluntários, sendo que quatro integraram o grupo pesquisa e quatro o grupo controle, pareados por idade e gênero. A faixa etária dos participantes foi de 28 a 45 anos, com média de 35,12 anos.

Na tabela 1 encontram-se descritos os dados gerais dos participantes do estudo.

Tabela 1. Caracterização geral dos casos.

Pesquisa 1 Pesquisa 2 Pesquisa 3 Pesquisa 4 Controle 1 Controle 2 Controle 3 Controle 4

Idade 28 anos 34 anos 34 anos 45 anos 28 anos 36 anos 34 anos 42 anos Sexo Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Peso 107 kg 155 kg 107 kg 127 kg 65 kg 77 kg 48 kg 76 kg Altura 1,60m 1,84 m 1,61 m 1,63 1,63m 1,76 m 1,55 m 1,75m

IMC (kg/m2) 42 45,78 41,55 42,43 24, 45 24,86 19,98 24,82

Grau Obesidade

grau III Obesidade

grau III Obesidade

grau III Obesidade

grau III Normal Normal Normal Normal

Uso de medicamento

Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não

Queixa

Dificuldade para mastigar,

preferência mastigatória,

respiração oral.

Tem apneia regular

comprovada por exame de

Polissonografia.

Não tem queixas

Não tem queixas

Não tem queixas

Não tem queixas

Não tem queixas

Não tem queixas

Não tem queixas

Os resultados do estudo encontram-se descritos nas Tabelas 2 a 7 e Figura 1.

Estão dispostos os seguintes dados: questionário sobre comportamento alimentar e condições anatomofuncionais do sistema estomatognático (Tabela 2); AMIOFE-E (Tabelas 3 a 7) e análise de força de língua (Figura 1).

Tabela 2. Resultados da aplicação do Questionário sobre comportamento alimentar e condições anatomofuncionais do sistema estomatognático

Tabela 3. Resultados da aplicação do Protocolo AMIOFE- E referente à aparência e condição postural/posição das estruturas de face, bochechas, lábios, músculo mentual, língua e palato duro.

Pesquisa 1 Pesquisa 2 Pesquisa 3 Pesquisa 4 Controle 1 Controle 2 Controle 3 Controle 4

Autoimagem Acima do

peso “normal”

Acima do peso

“normal”.

Acima do peso

“normal”.

Acima do peso

“normal”.

Acima do peso

“normal”

Peso normal

Acima do peso

“normal”

Acima do peso

“normal”.

Tipo de comida frequente

Massas, doces e carnes

Massas, doces e carnes

Verduras, frutas e carnes

Massas e carnes

Verduras, doces e carnes.

Verduras e carnes

Verduras, doces e carnes

Massas, verduras, doces e carnes

Tempo na refeição

Menos de

10 min

Menos de

10 min.

Menos de

10 a 30 min

Menos de

10 min

Menos de

10 min.

De 10 a 30

min

Mais de 30

min

Menos de

10 min

Intervalo entre as refeições

3h ou mais.

Entre 1h e 2h

3h ou mais 3h ou mais 3h ou mais 3h ou mais 3h ou mais 3h ou mais

Sensibilidade ao sabor da comida

Não sente o sabor

Sente o sabor

Sente o sabor

Não sente o sabor

Sente o sabor

Sente o sabor

Sente o sabor

Sente o sabor

Desempenho da mastigação

Só engole o alimento

Só engole o alimento

Mastiga bem

Só engole o alimento

Mastiga bem

Mastiga bem

Mastiga bem

Mastiga bem

Hiperfagia

Em estado

de ansiedade e nervoso,

ingere doces

Em estado de

ansiedade e

nervoso, ingere

“comidas gostosas”

Em estado de

ansiedade e nervoso, ingere

amendoim/ carboidratos

Em estado de

ansiedade e nervoso,

ingere “comidas gostosas”

Em estado

de ansiedade e nervoso,

ingere doces

Em estado de

ansiedade não come

nada

Em estado de

ansiedade ingere doces

Em estado

de ansiedade e nervoso, não ingere

nada

Conhecimento da atuação

Fonoaudiológica Sim Sim Não Não Não Sim Não Não

Como o fonoaudiólogo

pode ajudar Sim Sim Não Não Não Sim Não Não

7

Pesquisa Controle

Alterado Alterado

Face Simetria 4 1

Proporção entre os terços da face 4 1 Sulco Nasolabial 3 0

Bochechas Volume 4 1

Tensão e Configuração 3 0 Relação mandíbula/ maxila

Relação Vertical 3 4 Relação ântero-posterior 3 1

Relação com a linha média 2 1 Lábios

Função labial no repouso 3 0 Volume e Configuração 2 0

Comissuras Labiais 4 0 Músculo Mentual

Condição- Aparência 3 0 Língua

Posição-aparência 4 4 Aparência- volume 2 1

Palato Duro Largura 2 0 Altura 1 0

Quanto a simetria facial, três participantes do grupo pesquisa apresentaram o

lado esquerdo aumentado e três participantes do grupo controle apresentaram equilíbrio entre os lados. Por sua vez, dois participantes do grupo pesquisa apresentaram o terço inferior aumentado e dois participantes o terço médio. O grupo controle apresentou um participante com terço inferior aumentado.

Em relação às bochechas os participantes do grupo pesquisa apresentaram a alteração na tensão e configuração por flacidez em grau leve (n=3). Um participante do grupo controle apresentou o volume aumentado de bochecha em grau leve no lado direito. Três participantes do grupo pesquisa apresentaram bochechas com ambos os lados aumentados.

Foi observado que a alteração de posicionamento de língua foi por compressão da oclusão tensa dos dentes no grupo pesquisa, já a alteração de posicionamento no grupo controle foi devido a interposição lingual relacionado ao trespasse vertical negativo ou trespasse horizontal positivo. Ainda, o volume da língua apresentou-se aumentado em dois participantes do grupo pesquisa. Tabela 4. Resultados da aplicação do Protocolo AMIOFE- E referente à mobilidade de lábios, língua, mandíbula e bochechas.

Pesquisa Controle

Alterado Alterado

Labiais Protrusão 2 1 Retração 3 0

Lateralidade direita 4 3 Lateralidade esquerda 4 2

Língua Protrusão 3 1 Retração 2 0

Lateralidade direita 3 1 Lateralidade esquerda 3 1

Elevar 3 2 Abaixar 3 0

Mandíbula Abaixar 4 1 Elevar 3 0

Lateralidade direita 4 1 Lateralidade Esquerda 4 1

Protrusão 4 1 Bochechas

Inflar 3 1 Sugar 3 1 Retrair 3 1

Lateralizar 4 1

8

Foi observado que a alteração de mobilidade das estruturas de lábios, língua, mandíbula e mandíbula, no grupo pesquisa de forma geral foi por habilidade insuficiente com movimentos associados e/ou tremor, ou ainda, por ausência de habilidade. Já no grupo controle, a alteração foi por habilidade insuficiente, com ou sem tremor.

Tabela 5. Resultados da aplicação do Protocolo AMIOFE- E referente às funções de respiração, mastigação e deglutição.

Pesquisa Controle

Alterado Alterado

Respiração Modo 0 0

Deglutição Comportamento dos lábios 4 1 Comportamento da língua 0 3

Outros comportamentos e sinais de alteração 4 0 Eficiência da deglutição-sólido 2 1 Eficiência da deglutição-líquido 1 1

Mastigação Mordida 1 0

Tipo 4 2 Outros comportamentos e sinais de alteração 1 0

Quanto ao comportamento dos lábios na deglutição os participantes de ambos

os grupos apresentaram contração aumentada de lábios, sendo no grupo pesquisa em grau leve (n=3) e moderado (n=1), e no grupo controle em grau leve (n=1).

Por sua vez, a alteração no comportamento da língua do grupo controle refere-se a interposição de língua devido a trespasse horizontal positivo ou trespasse vertical negativo.

Os participantes do grupo pesquisa apresentaram como outros comportamentos e sinais de alteração durante a função de deglutição a presença de tensão da musculatura facial, e durante a mastigação, a postura alterada.

A alteração de mordida no grupo pesquisa ocorreu pela ausência de corte. O tipo de mastigação dos grupos foi caracterizado por: grupo pesquisa, padrão

preferencial unilateral, sendo esse de grau leve (n=3) e crônico (n=1); grupo controle, padrão bilateral alternado (n=1), bilateral simultâneo (n=1), preferencial grau leve (n=1) e preferencial crônica (n=1).

Quanto à eficiência da deglutição, as alterações em ambos os grupos e nas consistências líquida e sólida tratam-se de uma repetição da deglutição do bolo. Tabela 6. Resultados da aplicação do Protocolo AMIOFE- E referente à análise funcional da oclusão

Pesquisa Controle

Alterado Alterado

Linha média 2 2 Trespasse vertical 3 3

Distância interincisal 1 3 Protrusão 2 1

Trespasse horizontal 1 1 Lateralidade direita 2 1

Lateralidade esquerda 2 1 Ruído ATM 3 1

As alterações presentes na análise funcional da oclusão referem-se a: na distância interincisal do grupo controle por valor abaixo do esperado (n=2) e acima (n=1), e no grupo pesquisa por valor maior que o esperado (n=1); trespasse horizontal, positivo no grupo controle e negativo no grupo pesquisa; protrusão por valores abaixo do esperado para o movimento, em ambos os grupos; trespasse vertical alterado, no grupo pesquisa por ser positivo (n=2) e negativo (n=1); e no grupo controle, sendo negativo (n=1) e positivo (n=2).

9

Tabela 7. Resultados da aplicação do Protocolo AMIOFE- E referente à pontuação total do protocolo e atribuição da hipótese diagnóstica fonoaudiológica.

Pesquisa Controle

Pontuação média 170 219,5

A Figura 1 apresentam graficamente os dados da análise de força máxima de língua através do aparelho Biofeedback Pró-Fomo: pressão de lábios e de língua (PLL Pró-Fono) na elevação do dorso e ponta de língua, comparando os valores obtidos da amostra. A amostra corresponde ao pareamento dos casos pesquisas e controles por idade e sexo. Figura 1. Resultados da análise de força máxima de língua na elevação de ponta e dorso de língua.

DISCUSSÃO

Os resultados do estudo serão discutidos com base nas tabelas e figuras apresentadas na seção anterior.

De forma geral os resultados apresentados nessa série de casos corroboram ao consenso indicado pela literatura especifica da área (7,10) que explicita que indivíduos com obesidade grau III indicados à cirurgia bariátrica tendem a apresentar alterações nas estruturas e funções do sistema estomatognático.

A literatura demostra que realização da cirurgia bariátrica é mais frequente em pessoas do sexo feminino, esse aspecto é observado nos seguintes estudos (7, 9, 10, 16). Explica-se o fato pelas questões hormonais, estética e tendência ao maior cuidado com a saúde (16). Esse dado não foi observado nessa série de casos (tabela 1), podendo ser influenciado pela quantidade de participantes na pesquisa.

Um levantamento populacional brasileiro (14) destaca que a prevalência de obesidade no Brasil é maior entre pessoas de 25 a 44 anos, sendo um percentual de 18,9% para pessoas maiores de 18 anos, tais dados corroboram aos resultados dessa série de casos. O sedentarismo e o alto consumo de alimentos ultraprocessados relacionados e influenciados pela cultura do prazer instantâneo, impactam no avanço de doenças crônicas. Ainda, de acordo com esse estudo (14) 25% da população adulta tem o diagnóstico de hipertensão e 8,9% diabetes. Para o controle de tais comorbidades faz-se necessárias medidas farmacológicas dentre outras opções terapêuticas. Nessa série de casos, todos os participantes indicados à cirurgia bariátrica utilizavam medicamentos (tabela 1). Ressalta-se que, enquanto jovens, a prevenção de complicações sistêmicas e diminuição de risco de mortalidade são primordiais.

Apesar do Índice de massa corporal (IMC) estar dentro do padrão de normalidade, três participantes do grupo controle apresentaram percepção do próprio corpo não condizente ao respectivo IMC (tabela 1). Esse dado corrobora com um estudo (12), que observou que tanto homens como mulheres apresentaram distorção na

Ponta de Língua Dorso de Língua

Pesquisa 64,43 63,32

Controle 67,14 71,01

58

60

62

64

66

68

70

72

Kil

o P

as

ca

l (k

Pa

)/ t

em

po

(s

).

10

autopercepção da imagem corporal, subestimando ou superestimando-a, sugerindo insatisfação com a imagem corporal, na medida em que desejam ter seus corpos mais magros. Este conflito entre o corpo real e ideal, influenciado por questões sociológicas, psicológicas, culturais e fisiológicas, podem ser prejudiciais para à saúde física e mental, levando a distúrbios alimentares.

Com o crescimento da urbanização (17), e a vida moderna marcada por crescentes demandas, repleta de afazeres, compromissos e responsabilidades, favoreceu uma drástica mudança na rotina de alimentação. As demandas produtivas de alimentos hoje apresentam menor produção de frutas e verduras, e maior de carnes, lácteos e alimentos industrializados (processados e ultraprocessados). O pouco tempo destinado à alimentação é um fator preponderante para substituições de refeições completas por lanches rápidos, práticos e mais calóricos. Popularizado entre todos os níveis socioeconômicos, os alimentos ultraprocessados e processados apresentam em geral consistência macia, menor necessidade de dispender tempo de refeição, facilidade no momento de preparo, maior disponibilidade e menor custo, favorecendo a sua participação na dieta da sociedade atual (15, 17). Dado que corrobora com o menor tempo de refeição e o tipo de alimento (massas, doces e carnes) que a maioria dos participantes da pesquisa referiram consumir (tabela 2).

Na população obesa é comum encontrar uma dieta tendo como base alimentos constituídos por carboidratos. Ao ingerir um alimento (26), principalmente constituído por carboidrato, a taxa de glicose no sangue aumenta, favorecendo a liberação de insulina pelo pâncreas para absorção e distribuição pelos tecidos em forma de energia, como também levando a uma sensação de saciedade. A ingesta alimentar é regulada pelo sistema límbico, localizado na região ventrolateral (centro da fome) e medial (centro de saciedade) do hipotálamo. Quando os adipócitos estão cheios de gordura, ocorre a liberação do hormônio leptina, inibindo o centro da fome, oferecendo a sensação de saciedade. O consumo excessivo de carboidrato, ao qual é convertido para glicogênio, posteriormente tornar-se tecido adiposo. Em conjunto com a predisposição hereditária, baixo nível de gasto energético do corpo, consumo de alimento de alto valor calórico e baixo teor nutritivo (como fast food), elevam o IMC.

Observa-se que (18) a compulsão alimentar e os episódios de hiperfagia, podem estar relacionados positivamente com o estado emocional e o valor do IMC, sendo o efeito maior sobre as mulheres. Também que a ansiedade é um preditor de ingestão alimentar (18, 23, 26), sendo um fator que surge como tentativa de regular os afetos, o desequilíbrio no sistema límbico. Dado observado pela tendência dos participantes em ingerirem algo nesses momentos, tendo maior frequência do grupo pesquisa (tabela 2).

Em avaliação foi observado leve assimetria no rosto dos participantes pesquisa (n=4) e controle (n=1) (tabela 3). Houve a correlação entre o lado aumentado da face (tabela 3), o lado de preferência mastigatória e presença de mastigação unilateral preferencial (tabela 5), ao comparar o participante com ele mesmo, corroborando com os dados encontrados em estudo com crianças obesas (27). Os fatores que podem contribuir com esse aspecto podem ser internos e externos como a genética, padrão mastigatório unilateral, alterações oclusais e na ATM.

Todos os participantes do grupo pesquisa e em dois casos do grupo controle apresentaram a mastigação preferencial unilateral, concordado com o estudo (7) na qual demostrou, além disso, que obesos tem maior ocorrência de alterações na mastigação e deglutição. Enquanto que indivíduos com peso normal o padrão de mastigação é predominantemente bilateral alternada e/ou simultânea.

O padrão mastigatório unilateral tende a estimular a hipertrofia do lado de trituração predominante, principalmente nos músculos masseter, bucinador e temporal.

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Preditores para esse tipo de mastigação podem ser: (6) alterações oclusais (contato prematuro, interferência oclusal, tipo de mordida), perdas dentárias, hábito, disfunção na articulação temporomandibular (ATM); dado confirmado em estudo com pessoas com disfunção temporomandibular (DTM) e alterações oclusais (6), ao qual a maioria apresentou mastigação unilateral preferencial, e o grupo controle do tipo bilateral alternada. Dessa forma, é preconizado como padrão mastigatório normal o bilateral, ao qual ocorre a distribuição dos ciclos mastigatórios entre os dois lados da face, seja de forma simultânea ou alternada.

Os sinais que podem favorecer o quadro de DTM, como as alterações nos movimentos mandibulares (restrições, hipermobilidade e desvios) e ruídos articulares, apresentam prevalência significante na literatura (8). O ruído articular, esteve presente em três casos do grupo pesquisa e um no grupo controle, associado a alterações na execução dos movimentos mandibulares. É referido na literatura (11) que o aumento de gordura do corpo constitui uma das circunstâncias que favorecem o aparecimento de sinais e sintomas de DTM, a qual possui caráter multifatorial.

Ainda, o rápido e efetivo controle dos músculos linguais é necessário em funções como a mastigação, deglutição e fala. Um estudo com ratos (21) verificou, que os efeitos da alimentação com dieta rica em gordura, favorece a deposição de gordura na miofibra e influência na estrutura dos músculos linguais. Além disso, foi observado que o diâmetro das miofibras do tipo I, nos músculos genioglosso e geniohiodeo, são 20% maiores no grupo obesidade do que no grupo controle. As fibras do tipo I, de contração lenta são caracterizadas pela menor força, velocidade e resistência a fadiga elevada. Desse modo, os dados da pesquisa apresentam resultados que vão de encontro com esse estudo, observando o aspecto da menor pressão máxima de ponta e dorso de língua apresentada pelos participantes do grupo pesquisa, associado a alteração nos movimentos que envolvem tal musculatura (Figura 1).

Por sua vez, a diminuição do tônus muscular e mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios, afetam diretamente o desempenho mastigatório, a qualidade do bolo alimentar e a deglutição. Na deglutição, todos participantes do grupo pesquisa apresentaram tensão na musculatura facial, com língua contida na cavidade oral e metade não repetiu a deglutição do bolo sólido e líquido (Tabela 5). Esses dados estão em conformidade com o estudo sobre a população obesa (1), exceto a tensão de lábios na deglutição, o qual foi ausente nesse estudo. Em um estudo (27), foi observado que a eficiência na deglutição de crianças obesas foi menor que o grupo controle, dado que no nosso estudo não conseguimos observar devido ao pequeno número de casos.

Em comparação ao grupo controle, as pessoas indicadas à cirurgia bariátrica apresentaram tempos de mastigação menores e a maioria referiu a percepção de que “só engolem o alimento” (Tabela 2). O tempo de mastigação reduzido em pessoas com IMC elevado é um dado comum encontrado em literatura (10). Em estudos realizados para compreender a relação entre o tempo mastigatório (24), como também da quantidade de golpes mastigatórios e a saciedade (29), foi observado uma redução na ingesta alimentar e redução na taxa de fome ao aumentar o tempo dispendido nesse processo. Há também influência quanto à consistência dos alimentos ingeridos, sendo a taxa de saciedade oferecida por alimentos líquidos menor do que alimentos sólidos (15). Isso ocorre pelo menor tempo de trânsito oral que alimentos de consistências mais fluídas necessitam, sendo menor tempo de ativação dos receptores sensitivos orofaríngeos, eliciando menos a fase cefálica da alimentação, como também a liberação voltada para a inibição do centro da fome e ativação do centro de saciedade (15).

12

Somente o grupo pesquisa apresentou o sulco nasolabial aumentado para idade, presente em três dos casos (Tabela 3). Observa-se que a face é formada por tecidos moles (pele, tecido adiposo, etc.) e duros (porção óssea e cartilaginosa). Cada compartimento de tecido adiposo subcutâneo facial possui características morfológicas diferentes (28). As células adiposas da região facial tendem a ser mais ativas que as da porção abdominal. Ainda o tamanho dos adipócitos varia diretamente relacionado ao valor do IMC; ao sexo (onde mulheres tendem a ter tais células maiores que homens); e a localização do tecido adiposo no rosto, sendo que a região nasolabial possui adipócitos maiores que na região medial profunda da bochecha. Ainda esse estudo (28) refere que quando tais compartimentos apresentam volume elevado de gordura, os fibroblastos adjacentes apresentam inibição da atividade de síntese, ocasionando modificações das propriedades mecânicas da pele. Também a concentração elevada de gordura pode ativar fatores inflamatórios que podem contribuir nesse processo. Dessa maneira, quanto maior o grau de obesidade, maior a tendência aos efeitos de envelhecimento de pele, corroborando com o dado obtido que apenas o grupo pesquisa apresentou o sulco nasolabial acentuado para à idade (n=3), bochechas com volume aumentado em ambos os lados (n=3) e só um lado (n=1); e presença de comissuras labiais deprimidas em ambos os lados em grau leve (n=3) e severo (n=1) (Tabela 3).

Esteve presente no estudo a interposição da língua em posição habitual e na deglutição em três participantes do grupo controle, relacionando-se com a alteração oclusal dos respectivos participantes (Tabela 3 e 5). Um estudo (20) realizado com 100 participantes, objetivando levantar o perfil da população brasileira quanto a oclusão, observou que apenas 7% de indivíduos possuem oclusão normal e 93% más oclusões. Embora os participantes desse estudo (20) tivessem condições socioeconômicas adequadas, as alterações oclusais não afetaram a estética e por sua vez a necessidade do tratamento ortodôntico passou despercebida até a idade adulta devido a compensações dento-esqueléticas e musculares, que mascararam a má oclusão presente.

Também, foi observado que os participantes do grupo pesquisa apresentaram no quesito postura e aparência, língua com apertamento, comprimida por oclusão tensa dos dentes, tendo ou não presença de marcas (Tabela 3). Para tanto, os participantes dessa série de casos, tiveram maior volume de língua (n=2), alteração de mobilidade (n=4) e alteração no trespasse vertical (n=3), observadas nas tabelas 3, 4 e 6. Na investigação do sistema sensório motor oral, pesquisadores (3) constataram em uma amostra de 21 mulheres, que 72% apresentaram alteração de tônus e mobilidade de língua, bem como língua extremamente volumosa e alta, com um espaço intraoral reduzidos, dados compatíveis com essa série de casos. Em uma pesquisa (7) observou-se que pacientes obesos possuem tonicidade de língua diminuída, sendo que a alteração na mobilidade não teve diferença significativa entre indivíduos obesos e normais.

Dois participantes pesquisa apresentaram palato duro estreito e um com aumento em altura, ambos em grau leve, levando consequentemente a compressão da língua na cavidade oral, provavelmente associada a esta característica. Os fatores que contribuem para o estreitamento do palato (2) incluem a atuação insuficiente das forças exercidas pela língua ao estar em posição inadequada na cavidade oral; uso de mamadeiras; chupetas; sucção digital; respiração oral; síndromes genéticas e outros.

Observa-se que o conhecimento da atuação fonoaudiológica por parte do paciente é um fator importante na adesão ao tratamento fonoaudiológico, bem como a percepção de suas próprias alterações (25). O conhecimento da população, facilita o

13

desenvolvimento de abordagens coerentes, que sejam adequadas para a maioria dos pacientes. Conforme a tabela 2, cinco participantes demostraram não ter conhecimento sobre a Fonoaudiologia, e para tanto não apresentaram queixas relacionadas, tendo os mesmo os resultados de suas respectivas avaliações alteradas.

O estudo apresenta como limitações a impossibilidade da comparação dos dados no momento pré e pós-cirúrgico. Identifica-se a necessidade do aumento do número de participantes nesta série de casos, assim como a possibilidade de reavaliação no momento pós-cirúrgico visando uma descrição longitudinal. Ainda como limitação, destaca-se a necessidade da inclusão de participantes no grupo pesquisa e controle sem alterações oclusais.

Observando as alterações apresentadas pelos casos pesquisa, a atuação fonoaudiológica em conjunto com a equipe multidisciplinar (médicos, psicólogos, nutricionistas, etc.) demonstra-se de grande valia, visto que é um profissional capacitado em oferecer tratamento relacionado as estruturas e funções do sistema estomatognático (25).

CONCLUSÃO

Esse estudo relatou as características encontradas em quatro indivíduos

indicados à realização da cirurgia bariátrica, tendo obesidade grau III, e o seus respectivos casos controles para comparação dos parâmetros. Foi observado que pacientes do grupo pesquisa, apresentaram maior ocorrência de alterações miofuncionais orofaciais quando comparados ao grupo controle. Sendo dessa forma, caracterizados por alterações de postura e mobilidade das estruturas do sistema estomatognático, como na função de mastigação e deglutição. Acredita-se que os dados fornecidos nesse estudo auxiliem nos futuros trabalhos a serem realizados na área, visto a necessidade existente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados e conclusões desse estudo, foi observado uma diferença entre os grupo do grupo pesquisa, pessoas indicadas a cirurgia bariátrica e o grupo controle, de indivíduos sem indicação quanto ao sistema estomatognático. Para uma melhor compreensão desse processo é necessário o aumento do número de participantes e a realização de um tratamento estatístico dos dados. O tratamento estatísticos dos dados dessa pesquisa não foi realizado pois o estudo encontra-se em andamento, havendo o prazo de coleta previsto para 5 meses, conjuntamente com possíveis ajustes e aplicação do tratamento estatístico.

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NORMAS DA REVISTA

Revista: ABCD - ARQUIVOS BRASILEIROS de CIRURGIA DIGESTIVA Tipo de artigo: artigo original

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Os manuscritos devem ser datilografados em fonte Arial de 12 pontos, em espaço simples. As páginas devem ser numeradas consecutivamente a partir da página de título. A duração máxima do manuscrito, incluindo referências, tabelas e figuras, não deve exceder 15 páginas para artigos originais e de revisão, cinco páginas para relatos de casos e editoriais, e duas páginas para cartas ao Editor (estas não devem conter tabelas e figuras). Tabelas e figuras devem ser colocadas imediatamente após a sua menção no texto, não no final do manuscrito. Os autores ou anunciantes são totalmente responsáveis por todos os conceitos e afirmações científicas expressas nos artigos ou anúncios impressos. Para padronizar o uso da terminologia médica, os autores devem usar a Terminologia Anatômica, São Paulo, Editora Manole, 1ªEd., 2001 para os termos anatômicos. É prerrogativa do ABCD fazê-lo se o (s) autor (es) não cumpriu (m).

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As abreviações são desencorajadas e devem ser usadas apenas para termos técnicos repetidos mais de dez vezes ao longo do texto. Devem aparecer entre parênteses na primeira menção e, a partir daí, apenas as abreviaturas devem ser usadas. A estrutura do texto deve estar de acordo com as seguintes diretrizes: artigos originais - introdução (último parágrafo do qual será o objetivo), métodos, resultados, discussão, conclusão (s) (se o artigo não tem conclusões, a recomendação final pode ser declarada no último parágrafo da seção de discussão) e referências.

Referências - devem estar em conformidade com as diretrizes de Vancouver (Ann Inter Med 1997; 126: 36-47 ou em www.icmje.org - itens IV.A.9 e V). Até 30 entradas de referência serão aceitas para artigos originais e de revisão, e não mais que 15 para relatos de casos. Liste as referências em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor e numere-as em algarismos arábicos consecutivos. Na citação do texto, use o número de referência sobrescrito. Os títulos da Revista devem ser referenciados em sua forma abreviada de acordo com a Lista de Periódicos Indexados no Index Medicus.

O texto do manuscrito deve ser autoexplicativo, ou seja, deve fornecer interpretação e síntese claras dos dados, sem a necessidade de o leitor se referir aos gráficos, tabelas, quadros ou figuras. Os resultados devem ser apresentados nas tabelas e descritos no texto. Tabelas, gráficos, gráficos e figuras também devem ser auto-explicativos, ou seja, se os leitores quiserem prosseguir com a leitura do artigo apenas seguindo-os, no final, eles devem ser capazes de interpretar os resultados da mesma forma como fariam. se eles tivessem lido apenas o texto.

Gráficos, quadros, tabelas e figuras Além do texto, gráficos, tabelas, tabelas e figuras podem ser enviados, e devem

ser encaminhados no ponto em que são necessários no manuscrito - entre parênteses ou no corpo do texto -, e devem ser colocados imediatamente após sua menção no texto e não no final do artigo. Cuidado especial deve ser tomado para evitar duplicação, por exemplo, um gráfico mostrando as mesmas informações que uma tabela. Nesse caso, o revisor do artigo sugerirá ao Editor a exclusão do que for considerado redundante.

Gráficos e tabelas devem ser enviados em preto e branco, numerados em algarismos arábicos. Títulos e legendas devem ser colocados na nota de rodapé. As tabelas devem ser numeradas em algarismos arábicos, com o título acima da tabela e as explicações para os símbolos e abreviações na nota de rodapé. Figuras, numeradas em algarismos arábicos, são fotografias ou arte de linha (máximo de seis), e devem ser submetidas com uma resolução mínima de 300 dpi em preto e branco (figuras coloridas são pagas pelos autores). O título e as legendas devem ser colocados na nota de rodapé. Figuras que foram publicadas anteriormente devem ser citadas com a permissão do autor.

19

ANEXO A – Aprovação do comitê de ética

20

ANEXO B – Questionário sobre comportamento alimentar e as condições

anatomofuncionais do sistema estomatognático(22)

Questionário quanto ao comportamento alimentar e às condições anatomofuncionais do

sistema estomatognático

1) Você se considera acima do peso “normal” ?

( ) Sim ( ) Não Por quê?____________________________________________

2) Qual o tipo de comida mais frequente em seu cardápio? Pode assinalar mais de

uma.

( ) Massas ( Pizzas) ( ) Verduras ( ) Carnes

( ) Massas ( Lasanha/ macarrão) ( ) Doces ( ) Tudo ( ) Outros:

________

3) Quanto tempo, em media, você demora em uma refeição ?

( ) Menos de 10 min ( ) De 10 a 30 min ( ) Mais de 30 min

Se souber exatamente quanto tempo, escreva, por favor:

_____________________________

Qual a quantidade de comida consumida nesse tempo ?

_____________________________

4) Qual o intervalo entre as refeições?

( ) Menos de 1h ( ) Entre 1 e 2h ( ) 3h ou mais

Se souber exatamente quanto tempo, escreva, por favor:

_____________________________

Em qual período do dia isto ocorre

?_____________________________________________

5) Você sente o sabor da comida ?

( ) Sim ( ) Não Se sim, descreva algum:

_______________________________

6) Você sente que mastiga o alimento ou “só engole”?

( ) Mastigo bem ( ) Não, eu engulo Se sim, o que você come

:_______________

7) Quando está com problemas ou ansioso, você costuma comer alguma coisa ?

( ) Sim ( ) Não Se sim, o que você come:

____________________________

8) Você conhece a fonoaudiologia?

9) ( ) Sim ( ) Não

10) Você sabe como ou em que um fonoaudiólogo pode lhe ajudar ?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

______

11) Existe algo que queira acrescentar que não foi perguntado ?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

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ANEXO C – Expanded Protocol of orofacial myofunctional evaluation with

scores(4)

Nome:_______________________________________________________________________

DN____/____/_______ Idade:_____ Peso: _______ Altura: _____ IMC: _______

Endereço: ___________________________________________________________________

Cidade:______________________________ Telefone: _______________________________

Email:_____________________________ CPF: ____________________________________

Uso de medicamentos: _________________________________________________________

Outros problemas de saúde:________________________ _____________________________

AMIOFE-E (Expanded Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores)

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