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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA (IEP)
Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu
Mestrado Profissional em Educação em Diabetes
William Valadares Campos Pereira
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES
DO PRIMEIRO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL FRENTE À
ATUAÇÃO COM CRIANÇAS COM DIABETES NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE
BELO HORIZONTE
Belo Horizonte
2014
WILLIAM VALADARES CAMPOS PEREIRA
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES
DO PRIMEIRO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL FRENTE À
ATUAÇÃO COM CRIANÇAS COM DIABETES NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE
BELO HORIZONTE
Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP, do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação em Diabetes.
Orientadora: Prof. Dra. Janice Sepulveda
Coorientador: Prof. Dr. Albená Nunes
Belo Horizonte
2014
“Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à
fonte.”
Pereira, William Valadares Campos P436a Avaliação do nível de conhecimento dos professores do primeiro
ciclo do ensino fundamental frente à atuação com crianças com diabetes nas aulas de educação física em escolas públicas municipais de belo horizonte./ William Valadares Campos Pereira. – Belo Horizonte/MG, 2014.
68f.; il.:enc. Orientadora: Dra. Janice Sepúlveda Reis
Coorientadora: Prof. Dr. Albená Nunes
Dissertação (Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Mestrado profissional em Educação em Diabetes).
1. Diabetes 2. Doenças Crônicas. 3. Doenças, saúde pública. 4.
Pediatria. 5. Professores I. Pereira, William Valadares Campos. II. Título. III. Grupo Santa Casa de Belo Horizonte. IV. IEP. CDD: 616.462
Dedico este trabalho à minha mãe Maria Aparecida Valadares Campos Pereira, meu porto seguro e exemplo como ser humano.
Ao meu pai Matuzalém de Campos Pereira pelo apoio e exemplos profissionais.
Aos meus irmãos e melhores amigos Gleica Valadares Campos Pereira e Wendel Valadares Campos Pereira pela amizade e ensinamentos preciosos.
Aos meus sobrinhos pela pureza contagiante.
AGRADECIMENTOS
Aos meus orientadores Dra. Janice Sepúlveda dos Reis e Albená Nunes da Silva pela paciência, grandes ensinamentos e por acreditarem no meu trabalho. Obrigado pela ajuda constante e confiança. À minha querida equipe do Ambulatório de Diabetes Tipo 1 da Santa Casa (Beatriz Diniz, Débora Bohnen, Laura Xiol, Maria Eugênia, Marina Moreno, Marina Nogueira, Paula Lamego, Patrícia Luzia e Sônia Maulais, por todo o carinho, motivação e torcida para que este momento se concretizasse.
À Secretaria Municipal de Educação de Minas Gerais, em espacial à Dra. Dagmar Brandão por permitir a realização da pesquisa nas escolas públicas municipais de Belo Horizonte.
Aos diretores das escolas públicas municipais de Belo Horizonte que abriram as portas de suas escolas para a coleta dos dados dessa pesquisa.
Aos professores voluntários por terem me recebido e auxiliado no desenvolvimento dessa pesquisa.
À Lívia Maria por cuidar de pessoas que amo tanto.
À Danielle Minelli por todo o apoio na reta final.
Aos meus queridíssimos alunos de Personal Trainer, por tanto tempo de confiança e por terem suportado os meus desabafos durante esse período. Obrigado, vocês são muito especiais!
Aos meus amigos por fazerem parte da minha vida e me incentivarem nesse período.
Aos meus queridos colegas do mestrado que enriqueceram minhas tardes e noites de sexta e minhas manhãs de sábado.
Ao Homer pela alegria diária.
À todos que de alguma forma participaram desta jornada!
RESUMO
A complexidade do tratamento do Diabetes tipo 1 faz com que crianças na faixa etária entre 6 e 10 anos tenham dificuldades em gerir seu próprio tratamento. Com isso a escola torna-se um local preocupante para as famílias, em especial as aulas de educação física. O exercício físico exige cuidados especiais para as crianças com diabetes, pelo fato de possuírem chances elevadas de complicações agudas como a hipoglicemia. O presente estudo teve como objetivo avaliar o nível de conhecimento dos professores do primeiro ciclo do ensino fundamental frente à atuação com crianças com diabetes, nas aulas de educação física das escolas públicas municipais de Belo Horizonte. Foram visitadas 44 escolas e 119 professores aceitaram participar da pesquisa. Para este estudo, foram aplicados 2 questionários, um para caracterização da amostra e outro para avaliar o nível de informação sobre diabetes e exercício físico. Este questionário foi produzido a partir de uma revisão de periódicos na literatura de organizações em diabetes. Foi realizada uma análise descritiva dos dados, sendo que para as variáveis categóricas foram calculadas as proporções e, para as variáveis contínuas, a mediana e o desvio-padrão. Para analisar a independência entre os grupos foi utilizado o teste de Qui-Quadrado. Os resultados demonstraram grande porcentagem de erros nas respostas do questionário de avaliação de conhecimento, com índices acima de 70% em sua maioria, demonstrou também que as escolas não estão preparadas para receber crianças com diabetes. Conclui-se que os professores do primeiro ciclo do ensino fundamental não possuem conhecimento mínimo para garantir a segurança das crianças com diabetes durante as aulas de educação física, tornando necessário desenvolver estratégias educacionais nas escolas públicas municipais de Belo Horizonte que visem aumentar o nível de conhecimento sobre este tema.
Palavras-chaves: Diabetes Mellitus tipo 1. professo res de escolas. conhecimento.
ABSTRACT
The complexity of the treatment of Type 1 diabetes causes children aged between 6 and 10 years have difficulties in managing their own care. With that the school becomes a concern for families, especially the physical education classes location. The exercise requires special care for children with diabetes, because they have high chances of acute complications such as hypoglycemia. The present study aimed to assess the level of knowledge of the primary teachers of elementary school response to work with children with diabetes, physical education classes in the public schools of Belo Horizonte. 44 schools were visited and 119 teachers agreed to participate. For this study, two questionnaires, one to characterize the sample and the other to evaluate the level of information about diabetes and exercise were applied. This questionnaire was produced from a periodic review of the literature on diabetes organizations. A descriptive analysis was performed, and for categorical variables and proportions were calculated for continuous variables, the median and the standard deviation. To examine the independence between the groups, the chi-square test was used. The results showed large percentage of errors in the knowledge assessment questionnaire responses, with rates above 70% in most cases, also demonstrated that schools are not prepared to receive children with diabetes. We conclude that the primary teachers of elementary school have no minimum knowledge to ensure the safety of children with diabetes during physical education classes, making it necessary to develop educational strategies in the public schools of Belo Horizonte in order to raise the level of knowledge on this topic.
Keywords: Diabetes Mellitus type 1; school teachers ; Knowledge.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Objetivos glicêmicos e de hemoglobina glicada por idade... ................... 17
Figura 2 – Efeitos do exercício físico na glicemia de indivíduos com diabetes tipo1. 21
Figura 3 – Resposta fisiológica do exercício em indivíduos com diabetes e sem
diabetes ..................................................................................................................... 23
Figura 4 – Mesa redonda com os palestrantes e representantes do1º Fórum
Diabetes Nas Escolas.. ............................................................................................. 51
Figura 5 – Público 1 0. Fórum Diabetes Nas Escolas.. ............................................. 52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição por regional de escolas participantes................................... 28
Tabela 2 – Característica dos participantes. ............................................................. 31
Tabela 3 – Experiência do professor com relação a diabetes ................................... 33
Tabela 4 – Opinião dos professores a respeito da pesquisa.. ................................... 34
Tabela 5 – Capacidade dos professores em contactar o SAMU ............................... 34
Tabela 6 – Experiência das escolas com relação a alunos com diabetes... .............. 35
Tabela 7 – Distribuição de respostas para cada item do questionário de nível de
conhecimento sobre diabetes. ................................................................................... 37
Tabela 8 – Distribuição dos professores conforme a pontuação dos questionários .. 38
Tabela 9 – Distribuição dos acertos conforme as características dos professores.. 39
Tabela 10 – Distribuição dos acertos de acordo com a experiência dos professores
com a diabetes.. ........................................................................................................ 40
Tabela 11– Distribuição dos acertos de acordo com a experiência dos professores
que já atenderam crianças com diabetes... ............................................................... 41
Tabela 12 – Distribuição dos acertos com relação a experiência das escolas com
alunos com diabetes. ................................................................................................ 42
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ADA American Diabetes Association
CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética
CAD Cetoacidose Diabética
DM Diabetes Mellitus
DM 1 Diabetes Mellitus tipo 1
DM 2 Diabetes Mellitus tipo 2
DM Gestacional Diabetes Mellitus Gestacional
Ex Exemplo
g O grama é uma unidade de medida de massa
GLUT 4 Transportadores de glicose encontrados nas membranas
celulares, incluindo sarcolema de fibras musculares
IEP Instituto de Ensino e Pesquisa
mg/dl Miligramas por decilitro é a unidade de medida usada em
referência aos níveis glicêmicos
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PSE Programa de Saúde na Escola
SAMU Serviço Móvel de Urgência
SBD Sociedade Brasileira de Diabetes
VO2 máx Consumo máximo de oxigênio
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 OBJETIVO ........................................ ..................................................................... 14
3 JUSTIFICATIVA ................................... .................................................................. 15
4 REFERENCIAL TEÓRICO ............................. ........................................................ 16 4.1 Diabetes tipo 1 ............................... ................................................................. 16 4.2 Hipoglicemia e Hiperglicemia ................ ..................................................... 17 4.3 Exercício físico e diabetes ................... ......................................................... 19 4.4 Educação Física no primeiro ciclo do Ensino Fun damental ...................... 24 4.5 Diabetes na escola ............................ ............................................................. 25
5 METODOLOGIA ..................................... ............................................................... 27 5.1 Escolas ....................................... .................................................................... 27 5.2 Professores ................................... ................................................................. 27 5.2.1 Critérios de inclusão e exclusão .................................................................... 28 5.3 Questionários ................................. ................................................................ 29 5.4 Análise estatística ........................... ............................................................... 30
6 RESULTADOS ...................................... ................................................................. 31 6.1 Característica dos participantes .............. ..................................................... 31 6.2 Experiência do professor com relação ao diabete s .................................... 32 6.3 Opinião dos professores a respeito da pesquisa ....................................... 33 6.4 Capacidade dos professores em contactar o Servi ço Móvel de Urgência34 6.5 Experiência das escolas com relação ao aluno co m diabetes .................. 34 6.6 Distribuição de respostas para cada item do que stionário de nível de conhecimento sobre diabetes ....................... ..................................................... 35 6.7 Distribuição dos professores conforme a pontuaç ão dos questionários 38 6.8 Distribuição dos acertos conforme as caracterís ticas dos professores .. 38 6.9 Distribuição dos acertos de acordo com a experi ência dos professores com diabetes ...................................... .................................................................. 40 6.10 Distribuição dos acertos de acordo com a exper iência das escolas com alunos com diabetes ............................... ............................................................. 41
7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 43
8 CONCLUSÃO ....................................... ................................................................. 50
9 ATIVIDADES EDUCACIONAIS RESULTANTES DESTA PESQUIS A ................. 51 9.1 Estratégias criadas em 2014 ................... ...................................................... 31 9.2 Estratégias previstas ......................... ............................................................ 31
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53
APÊNDICES ............................................................................................................. 53
APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLAREC IDO ............. 56
APÊNDICE B: CARTA DE APRESENTAÇÃO ................. ........................................ 58
APÊNDICE C: QUESTIONÁRIO DE PERFIL DO VOLUNTÁRIO .. .......................... 59
APÊNDICE D: QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO ............. ..................................... 58
ANEXOS ................................................................................................................... 66
ANEXO A: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (C EP) DO INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DA SANTA CASA ...... ............................... 66
ANEXO B: CARTA DE AUTORIZAÇÃO DA SECRETARIA MUNICIP AL DE EDUCAÇÃO .......................................... .................................................................... 67
ANEXO C: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................... 68
12
1 INTRODUÇÃO
No mundo a incidência de DM1 está aumentando, particularmente na população
infantil com menos de cinco anos de idade. Na infância, a DM1 é considerado o
distúrbio metabólico mais prevalente e a segunda doença crônica mais frequente,
perdendo apenas para a asma (1,2).
As crianças com diabetes diferem dos adultos em muitos aspectos, incluindo
alterações na sensibilidade à insulina, à sua maturidade sexual e física e à
capacidade de proporcionar o autocuidado (2). Tais diferenças exigem cuidados
extras em vários âmbitos e um dos locais de maior preocupação para a família é a
escola.
A escola é um ambiente no qual elas estão distantes dos cuidados dos pais,
possuem dificuldade em gerir seu próprio tratamento, principalmente no primeiro
ciclo do ensino fundamental, com faixa etária entre 6 e 10 anos. Além da dificuldade
em gerir o tratamento, devido à sua complexidade para esse período de vida, essas
crianças por muitas vezes, não possuem profissionais capacitados para auxiliá-las (3,4).
A correta gestão da diabetes diminui a probabilidade de episódios de complicações
agudas potencialmente danosas, como hiperglicemias, cetoacidose diabética e
hipoglicemias. Essas complicações podem levar a danos como: letargia,
inconsciência temporária, coma e até mesmo ao óbito (5).
Além dos riscos aumentados de complicações agudas, a gestão correta do
tratamento na infância reduz as chances de complicações crônicas futuras. Estudos
demonstram que o controle glicêmico inadequado em crianças e jovens com
diabetes está vinculado ao aumento de complicações cardíacas e outras
complicações crônicas provenientes da diabetes (5,6); outros demonstram ainda que,
o auxílio inadequado dos profissionais das escolas na orientação da autogestão das
crianças com diabetes aumentam as chances dessas complicações (6).
13
As escolas, portanto, necessitam organizar-se no intuito de possuir informações
suficientes sobre diabetes para atender às necessidades destas crianças e garantir
um ambiente seguro e produtivo de aprendizagem (4,7,8).
O sucesso do tratamento da diabetes depende de vários fatores, dentre eles, o
processo de ensinar os pacientes a gerir sua própria doença. Este tem sido uma
parte fundamental do manejo clínico da diabetes, processo denominado educação
em diabetes e que pode ser implantado nas escolas (2).
A aula de Educação Física é um momento especial no ambiente escolar, necessita
de atenção e conhecimento dos professores responsáveis. O exercício físico é
considerado parte fundamental do tratamento da diabetes, portanto, a prática de
esportes, exercícios físicos e brincadeiras devem ser incentivadas pelo professor,
em toda a vivência escolar.
São considerados efeitos benéficos do exercício físico para a DM1:
• Melhoria do perfil lipídico (9);
• Melhoria a sensibilidade à insulina (10);
• Redução do risco cardiovascular (11);
• Redução do risco de complicações crônicas (12);
• Melhoria do bem estar psicológico (16);
Apesar destes benefícios, pacientes com DM1 que praticam exercícios físicos
possuem maior risco de hipoglicemia, que pode ocorrer ao longo, imediatamente ou
horas após a atividade (1), podendo, ainda, aumentar a incidência de hipoglicemia
sem sintomas clínicos. A justificativa para isso seria que o cortisol liberado durante o
exercício bloqueia a resposta neuroendócrina à hipoglicemia (13), podendo aumentar
ainda mais quando realizado de forma inapropriada e sem supervisão de um
profissional treinado que tenha conhecimento sobre diabetes (1).
A quantidade de cuidados necessários para a prática segura de exercício pelas
crianças com diabetes e as graves consequências geradas pela falta desses
cuidados foram os grandes motivadores dessa pesquisa.
14
2 OBJETIVO
Avaliar o nível de conhecimento dos professores do primeiro ciclo do ensino
fundamental frente à atuação com crianças com diabetes nas aulas de Educação
Física em escolas públicas municipais de Belo Horizonte.
15
3 JUSTIFICATIVA
O presente estudo justificou-se pelo fato de as crianças com diabetes passarem
grande parte do seu dia em ambiente escolar e necessitarem de orientação e
observação adequadas para a prática de exercícios, com o intuito de reduzir
complicações da doença.
16
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Diabetes tipo 1
O termo Diabetes Mellitus (DM) é descrito como um grupo de doenças metabólicas
caracterizado por hiperglicemia resultante de defeitos na secreção da insulina, na
ação da mesma, ou ambos. A hiperglicemia crônica está associada a danos em
longo prazo, disfunção e falência de órgãos diferentes, especialmente nos olhos,
rins, nervos, coração e vasos sanguíneos (1,2).
A classificação da diabetes inclui quatro principais tipos: Diabetes tipo 1 (DM1),
Diabetes tipo 2 (DM2), Diabetes gestacional (DM gestacional) e outros tipos
específicos de Diabetes (1,2).
A DM1 acomete cerca de 5 a 10% dos casos de diabetes e resulta da destruição de
células beta pancreáticas com consequente deficiência na produção de insulina (1,2).
Esta forma de diabetes, anteriormente denominada diabetes insulino-dependente ou
diabetes juvenil, geralmente ocorre na infância e adolescência (1).
Na DM1, a taxa de destruição das células betas é bastante variável, podendo ser
rápida em alguns indivíduos (ex: bebês e crianças) e lento em outros (ex: adultos) (1).
Alguns pacientes, especialmente crianças e adolescentes, podem apresentar
cetoacidose diabética1 (CAD) como primeira manifestação da doença. Outros
possuem modesta alteração da hiperglicemia em jejum, que pode rapidamente
evoluir para hiperglicemia grave e/ou CAD na presença de infecção (1,2).
O tratamento tem como objetivo aproximar as condições metabólicas do indivíduo
com DM1, de um estado fisiológico, reduzindo o estado de hiperglicemia crônica e
consequentemente as chances de complicações do DM (14).
1 É uma complicação aguda grave que pode ocorrer durante a evolução do DM 1 e DM 2. Está
presente em aproximadamente 25% dos casos no momento do diagnóstico do DM1 e é a causa mais
comum de morte entre crianças e adolescentes com DM1 (2).
17
O tratamento intensivo é a escolha terapêutica mais efetiva. Este consiste em
múltiplas doses de insulina, com monitoramento frequente dos níveis glicêmicos e
ajustes de doses baseados nestes resultados (2). As insulinas são distribuídas em
basal (50% da dose diária de insulina), bolus de alimentação (insulinas de ação
rápida nas principais refeições) e bolus de correção (doses extras em caso de
hiperglicemia) (1, 2).
A meta glicêmica é sugerida pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) de acordo
com a idade dos pacientes (FIG. 1).
Figura 1 – Objetivos glicêmicos e de hemoglobina gl icada por idade
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014.
4.2 Hipoglicemia e Hiperglicemia
Hipoglicemia é a complicação aguda mais frequente no tratamento do DM1 (12). A
hipoglicemia pode ocorrer em diferentes intensidades, sendo classificadas em leve,
moderada ou grave, de acordo com a capacidade do indivíduo tratar-se sem o
auxílio de outra pessoa (15).
A hipoglicemia caracteriza-se por glicemia <70 mg/dl, independentemente da faixa
etária, sendo grave quando o paciente não é capaz de reconhecer e tratar sozinho o
episódio (2). São sintomas típicos da hipoglicemia (1):
• Sensação de suor frio
• Sonolência
• Tremores
• Confusão mental
18
• Palpitações e visão borrada
• Fraqueza excessiva
• Agitação
• Agressividade
• Choro incontrolável
• Perda de consciência
Sugere-se como tratamento da hipoglicemia (2):
• Glicemia entre 50 e 70 mg/dl, ingerir 15 g de carboidrato de rápida absorção e
repetir glicemia em 15 minutos;
• Glicemia < 50 mg/dl, ingerir 20 g a 30 g de carboidrato de rápida absorção e repetir
glicemia em 15 minutos;
• Repetir o esquema acima até obter glicemia > 70 mg/dl, com resolução dos
sintomas.
Os carboidratos de rápida absorção são os mais adequados para a correção
glicêmica em caso de hipoglicemia, sendo que 15 g destes equivalem a uma colher
(sopa) de açúcar diluída em 01 copo com 200 ml de água ou 200 ml suco de laranja
ou 200 ml de refrigerante não diet ou três balas macias (5 g) ou três sachês de mel
(5 g) (2).
A hipoglicemia grave, comumente apresenta sintomas típicos, estes sintomas estão
descritos abaixo (2):
• Cefaléia
• Dor abdominal
• Agressividade
• Visão turva
• Confusão mental
• Tontura
• Dificuldade para falar
• Midríase (dilatação da pupila em função da contração do músculo dilatador da
pupila)
19
Nestes casos, quando o glucagon2 não está disponível, deve-se administrar
imediatamente 30g de carboidrato de ação rápida (mel ou açúcar) por via oral,
massageando-os na mucosa bucal, cujo objetivo é aumentar a absorção sem haver
a deglutição no momento da inconsciência (15). No entanto, quando disponível, o
glucagon intravenoso, subcutâneo ou intramuscular é o mais indicado para tratar
hipoglicemias graves em pacientes com diabetes tratados com insulina. Quando
administrado, eleva a glicemia devido, principalmente, ao aumento na degradação
de glicogênio do fígado (5,15).
Em episódios de hipoglicemia grave, a reposição dos estoques de glicogênio no
fígado e nos músculos podem ser lentos, o que aumenta o risco de crises
recorrentes da mesma intensidade. Nestes casos, aconselha-se evitar o exercício
físico, dando preferencia para o repouso e a alimentação (15).
A hiperglicemia (glicemia acima da meta para idade) pode ser assintomática e, em
casos mais graves, apresentar os sintomas de fome excessiva, poliúria, polidipsia,
perda de peso, fadiga, dentre outros (1,15). Todos os episódios de hiperglicemia no
DM1 devem ganhar doses de correção com insulinas para normalização dos níveis
glicêmicos (1).
4.3 Exercício físico e diabetes
O exercício é parte fundamental do tratamento da diabetes, portanto, a prática de
esportes, exercícios e brincadeiras devem ser incentivadas nas escolas pelo
professor, em toda a vivência escolar, inclusive no ensino fundamental.
A recomendação para as pessoas com diabetes é de atividade aeróbica diária, ou
pelo menos a cada 2 dias, para que os benefícios sobre o metabolismo glicídico
sejam alcançados. Pelo menos 150 minutos de exercícios de moderada intensidade
por semana ou 75 minutos de exercícios de alta intensidade por semana ou
combinar as duas intensidades (2).
São considerados efeitos benéficos do exercício físico para o DM1:
2 Glucagon é um hormônio produzido no pâncreas.
20
• Melhoria do perfil lipídico (9);
• Melhoria a sensibilidade à insulina (10);
• Redução do risco cardiovascular (11);
• Redução do risco de complicações crônicas (12);
• Melhoria do bem estar psicológico (16).
Além dos benefícios descritos acima, estudos têm evidenciado ainda redução das
doses de insulina e atenuação das disfunções autonômicas no DM1 e melhora na
sensibilidade à insulina (2). A melhora da sensibilidade à insulina causada pelo
exercício físico ocorre especialmente no músculo esquelético e seus efeitos são
induzidos por (10):
• Aumento da densidade capilar;
• Aumento da expressão e translocação de GLUT4 para a membrana
plasmática;
• Aumento das fibras musculares mais sensíveis à ação insulínica;
• Possíveis alterações na composição de fosfolípides do sarcolema;
• Aumento na atividade de enzimas glicolíticas e oxidativas;
• Aumento na atividade da glicogênio-sintetase.
Os efeitos do exercício físico na glicemia de indivíduos com DM1 podem ser melhor
observados na figura 2 (17):
21
Figura 2 – Efeitos do exercício físico na glicemia de indivíduos com diabetes tipo 1
Fonte: RIDDELL, M. PERKINS, B. 2009.
Percebe-se que o exercício aeróbico de intensidade moderada (VO2 máximo 30-
70%) e tempo prolongado, normalmente provoca uma redução nas concentrações
de glicose no sangue pelo fato do níveis circulantes de insulina não diminuírem
durante o exercício, devido a se tratar de um mecanismo desencadeado em
presença de insulina exógena. Por outro lado, o exercício anaeróbio muitas vezes
pode aumentar os níveis de glicose no sangue de pessoas com DM1, devido a
elevações nos níveis de catecolaminas que não são compensados, devido a
ausência de produção endógena. No entanto, mesmo com elevação glicêmica
durante a atividade, comumente ocorre uma redução significativa após o término da
sessão (17).
São inúmeras as variáveis que interferem na resposta glicêmica durante o exercício
físico em pessoas com diabetes tipo1. Considerando que alguns tipos e intensidades
ou Insulina
Glucagon
Exercício Aeróbico – Diabetes Tipo 1
Exercício Anaeróbico – Diabetes Tipo 1
Insulina
Catecolaminas
Os níveis de insulina não diminuem durante o exercício
aeróbio moderado
A insulina não consegue aumentar suficientemente após
o exercício anaeróbico intenso
Diminuição
da glicemia
Aumento
da glicemia
22
de exercício físico possuem como característica o aumento da glicemia, sugere-se,
como medida de segurança, que os indivíduos com diabetes não se exercitem caso
a glicemia capilar esteja acima de 250 mg/dl, pelo fato de na maioria dos casos não
haver a opção de mensurar a presença de corpos cetônicos, devido ao não
fornecimento das tiras de cetonemia pelo governo e ao alto custo das mesmas.
Nestes casos, é recomendado que o exercício físico seja retornado somente após a
normalização do nível glicêmico (2).
No entanto, a complicação aguda de maior risco nos pacientes com DM1 que
praticam exercícios é a hipoglicemia. Esta pode ocorrer ao longo, imediatamente ou
horas depois do final da atividade física (1).
O exercício físico pode aumentar a incidência de hipoglicemia sem sintomas clínicos
nos pacientes com diabetes. Acredita-se que a liberação de cortisol durante o
exercício bloqueia a resposta neuroendócrina à hipoglicemia (13), aumentando ainda
mais quando realizado de forma inapropriada e sem supervisão de um profissional
competente que tenha conhecimento sobre diabetes (1).
O mecanismo pelo qual pessoas com DM1 possuem chances aumentadas de
hipoglicemia são demonstrados na figura 3 (18).
23
Figura 3 – Resposta fisiológica do exercício em in divíduos com diabetes e
sem diabetes
Fonte: Adaptado de ROBERTERSON, K. 2009.
Percebe-se pela figura acima que os indivíduos sem diabetes possuem uma
resposta contrarreguladora eficaz durante o exercício físico, além dos níveis de
insulina reduzirem significativamente, permitindo assim a normoglicemia. Já os
indivíduos com DM1 possuem uma deficiência na resposta dos hormônios
contrarreguladores durante o exercício físico. Além disso, o fato de a insulina já ter
sido administrada e seus níveis circulantes não reduzirem fisiologicamente impede a
manutenção da normoglicemia, podendo levar a um estado de hipoglicemia.
Portanto, tornam-se necessários alguns cuidados, durante a prática esportiva, com o
intuito de prevenir crises hipoglicemicas (1,2,16):
• Monitorar a glicemia antes, durante e depois do exercício físico
• Iniciar o exercício físico com glicemias acima de 100 mg/dl
• Evitar a prática de exercícios durante o horário de pico da insulina
administrada
24
• Evitar aplicar insulina em partes do corpo que serão muito utilizadas no
exercício (dependendo do tipo de insulina utilizada)
• Ter sempre fontes de carboidratos durante o exercício
4.4 Educação Física no primeiro ciclo do Ensino Fun damental
Os conteúdos a serem aplicados nas aulas de educação física, devem seguir os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Estes tem como objetivos concretizar as
intenções educativas em termos de capacidades que devem ser desenvolvidas
pelos alunos ao longo da escolaridade (19).
A decisão de definir os objetivos educacionais em termos de capacidades, é
fundamental nesta proposta, uma vez desenvolvidas as capacidades, podem se
expressar numa variedade de comportamentos (20).
O professor, consciente de que condutas diversas podem estar vinculadas ao
desenvolvimento de uma mesma capacidade, tem diante de si maiores
possibilidades de atender à diversidade de seus alunos (21).
No primeiro ciclo do ensino fundamental, os jogos e brincadeiras devem ser as
estratégias mais utilizadas. Em função da transição que se processa entre as
brincadeiras de caráter simbólico e individual para as brincadeiras sociais e
regradas, os jogos e as brincadeiras escolhidas serão aquelas cujas regras forem
mais simples (19).
É característica marcante desse ciclo a diferenciação das experiências e
competências de movimento de meninos e meninas. Portanto, as atividades
escolhidas devem ser aquelas que evidenciem competências de forma a promover
uma troca de experiências entre os dois grupos (20).
Atividades lúdicas e competitivas, nas quais os meninos tem mais desenvoltura,
devem ser mescladas de forma equilibrada com atividades lúdicas e expressivas nas
quais as meninas, genericamente, tem uma experiência maior (19).
25
Equivale dizer que, no primeiro ciclo, é necessário que o aluno tenha acesso aos
objetos como bolas, cordas, elásticos, bastões, colchões, alvos, em situações não-
competitivas, que garantam espaço e tempo para o trabalho (20).
Ao desafio apresentado, acrescenta-se que, principalmente no que diz respeito às
habilidades motoras, os alunos devem vivenciar os movimentos numa multiplicidade
de situações, de modo que construam um repertório amplo (20).
A especialização mediante treinamento não é adequada para a faixa etária que se
presume para esta etapa da escolaridade, pois não é momento de restringir as
possibilidades dos alunos (21).
No entanto, é comum observar na prática em campo, os professores fazendo uso da
especialização e utilizando o mesmo esporte em todas as aulas de educação física.
Durante a coleta dos dados desta pesquisa, o esporte era a escolha didática pela
maioria dos professores regentes, sendo que o futsal foi o mais utilizado para
meninos e meninas.
4.5 Diabetes na escola
A escola é um ambiente no qual as crianças com diabetes estão distantes dos
cuidados dos pais, normalmente possuem dificuldade em gerir seu próprio
tratamento e, muitas vezes, não possuem profissionais capacitados para auxiliá-las (4,6).
Uma pesquisa de 2007 realizada em 24 países, incluindo o Brasil, mostrou que seis
em cada dez crianças não tratam a diabetes corretamente na escola. Esta pesquisa
constatou que crianças com faixa etária entre 6 a 9 anos precisam de mais apoio no
dia-a-dia para administração de insulina, de acordo com a alimentação, orientações
adequadas sobre exercício e tempo para administração diária da doença (3).
Existem ainda aspectos que agravam esta realidade, no que diz respeito às leis de
cada país em relação ao suporte dos profissionais da escola durante casos de
emergência com essas crianças. Em alguns países como a Alemanha e Holanda, os
profissionais da escola são proibidos de prestar socorro durante crises de
26
hipoglicemia, fazer testes de glicemia capilar ou auxiliar na administração da insulina (3).
Outros estudos demonstraram que pais e alunos com diabetes sofrem com a falta de
preparo, apoio e conhecimento por parte da escola, o que gera impactos negativos
sobre essas crianças como, por exemplo, distúrbios alimentares, ansiedade e
depressão (6,7). Além disso, o descontrole da diabetes na infância está ligado ao
aumento da probabilidade de problemas futuros como complicações cardíacas,
neuropatia periférica, retinopatia e outros (5, 6).
Observou-se, também, que o treinamento de funcionários nas escolas, propicia a
melhora do controle glicêmico, a melhora na qualidade de vida e um ambiente
escolar mais seguro e solidário, facilitando situações como a detecção de sintomas,
que podem afetar o desempenho escolar. Desta forma, há também uma melhoria no
relacionamento deste aluno e sua inclusão em grupos com crianças sem diabetes (8).
As crianças com diabetes possuem, por lei, o direito de participar plenamente de
todas as experiências da infância na escola. Não devem sofrer discriminação, devido
ao seu diabetes, e não deve-se permitir que esta se sinta diferente por conta disso.
Portanto, essas crianças tem o direito de participar das aulas de educação física
escolar. No primeiro ciclo do ensino fundamental, essas são ministradas em uma
frequência de 2 vezes por semana e possuem duração de 50 minutos, sendo
necessário adotar estratégias práticas para que participem com segurança.
A maior dificuldade a ser solucionada, é a de se estabelecer meios práticos que
permitam estas crianças participarem plenamente na vida da escola, pela gestão de
seu diabetes.
27
5 METODOLOGIA
Está pesquisa é classificada como transversal, descritiva e experimental. Foi
realizada nas escolas públicas municipais de Belo Horizonte, no período escolar
referente ao segundo semestre de 2013, com duração entre agosto e dezembro.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Ensino e
Pesquisa da Santa Casa (IEP) (anexo A), com número de certificado de
apresentação para apreciação ética (CAAE) 07443113.0.0000.5138. O Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado por todos os voluntários, após
esclarecimentos do projeto (APÊNDICE A).
5.1 Escolas
Mediante autorização obtida junto à Secretaria Municipal de Educação para o
desenvolvimento da pesquisa e coleta de dados nas escolas públicas municipais de
Belo Horizonte, realizou-se o levantamento do número de escolas que atendiam os
primeiros ciclos do ensino fundamental. A relação das escolas foi disponibilizada
pelo setor de estatísticas da prefeitura de Belo Horizonte.
A escolha das escolas ocorreu de forma aleatória, por regional de Belo Horizonte,
sendo interesse do estudo, que, ao final da coleta, as 9 regionais de Belo Horizonte
tivessem participado, com um número semelhante de profissionais participantes.
Cada escola selecionada recebeu um e-mail informando sobre a pesquisa e pedindo
autorização para a visita e coleta dos dados. Anexo ao e-mail foi enviado à carta de
aprovação do Comitê de Ética da Santa Casa de Misericórdia de BH, a autorização
da Secretaria Municipal de Educação e o número do ofício (ANEXOS A e B) e uma
carta de apresentação do projeto de pesquisa (APÊNDICE B).
Foi adotado o prazo de dois dias, após o envio do e-mail, para o contato telefônico
com as escolas e solicitação para a visita e coleta dos dados.
O fato de a escola não responder ao e-mail de solicitação no prazo determinado
demonstrou a não receptividade à coleta. Tal intercorrência se deu também durante
28
contato telefônico ou, ainda, houve escola que se negou prontamente em participar
da mesma. Na análise dos dados, esses fatos foram classificados como “negado”. O
procedimento de contato foi realizado em 89 escolas, sendo que 44 aceitaram
participar da pesquisa e as outras 45 foram classificadas como ”negado” (TAB. 1).
Tabela 1 – Distribuição por regional de escolas pa rticipantes
Variáveis Categorias n=44
Regional* Barreiro 05
Centro-Sul 11
Leste 03
Nordeste 04
Noroeste 03
Norte 04
Oeste 04
Pampulha 05
Venda Nova 05
* Regional onde a escola está situada na cidade de Belo Horizonte. n= Número de escolas visitadas por regional que participaram do estudo.
5.2 Professores
A amostra foi composta por 121 professores regentes (estes não possuem
graduação em Educação Física). Devido aos critérios de exclusão, 2 destes foram
excluídos por não serem graduados. Os critérios de exclusão e de inclusão estão
descritos abaixo.
5.2.1 Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos no estudo: 1) Professores devidamente registrados na rede
municipal de Belo Horizonte, que sejam responsáveis pelas aulas de Educação
Física, independente da sua formação acadêmica. 2) Professores devidamente
registrados na rede municipal de Belo Horizonte, que tenham formação de ensino
técnico. 3) Professores devidamente registrados na rede municipal de Belo
Horizonte, que atuem com crianças de 6 a 9 anos de idade, independente dessas
terem Diabetes Mellitus.
29
Foram excluídos do estudo: 1) Graduados de escolas públicas municipais de Belo
Horizonte que não aceitaram assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.
5.3 Questionários
Para este estudo foram aplicados dois questionários, um para caracterização do
perfil do voluntário e outro para avaliar o nível de informação sobre diabetes
(APÊNDICES C E D).
Todos os voluntários preencheram os questionários com a presença do avaliador e
não foi esclarecida qualquer dúvida, referente às questões, até o seu preenchimento
total. Dúvidas só puderam ser esclarecidas ao término do questionário, após entrega
do mesmo.
O questionário de avaliação de conhecimentos (APÊNDICE D) foi produzido a partir
de uma revisão de periódicos relevantes na literatura sobre diabetes, incluindo as
diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2) e as diretrizes da Associação
Americana de Diabetes (1).
A literatura recomenda, que em casos de estudos do tipo original, sejam realizados
pré-testes com 30 a 40 indivíduos, e portanto considerar as repostas destes como
estimativa populacional (22).
Para esse estudo foi realizado um teste piloto, onde 30 profissionais de educação
física responderam os questionários, com intuito de garantir o entendimento dos
mesmos e reduzir as chances de falha na coleta em campo. Após a análise final do
teste piloto, verificou-se que não houve dificuldade no entendimento das questões
nos questionários.
Todos os participantes, após a participação na pesquisa, receberam o mesmo
questionário com todas as respostas corretas, com o intuito de oferecer a eles
informações pertinentes sobre o tema pesquisado.
Para os avaliados que relataram já ter tido algum aluno com diabetes, foi sugerida
uma “auto-avaliação” a respeito da capacidade em atender esses alunos,
categorizada subjetivamente como:
30
• Regular
• Bom
• Ótimo
5.4 Análise estatística
Para o cálculo amostral, adotou-se os parâmetros descritos na literatura como base
para o cálculo amostral em que se desconhece o evento na população geral. Assim
a precisão adotado foi de 1, a proporção na população de 0,5 e o nível de
significância padrão, 0,05%.
Para o presente estudo são necessários 191 professores, sendo sua distribuição
adotada de forma percentual entre as escolas do município. Para que realmente seja
uma amostra representativa de todo o município, foi realizada uma alocação
aleatória, por meio de sorteio.
No entanto, a amostra foi reduzida devido ao alto índice de rejeição por parte das
escolas em participar da pesquisa, procedimento previsto na literatura, onde sugere-
se o aumento ou redução da amostra de acordo com os critérios adotados pelo
orientador (22).
Realizou-se a análise descritiva dos dados, sendo que para as variáveis categóricas
foram calculadas as proporções e, para as variáveis contínuas, a mediana e o
desvio-padrão. Para analisar a independência entre os grupos foi utilizado o teste de
Qui-Quadrado. As análises foram realizadas no software STATA (Stata Corporation,
College Station, Texas) versão 12.0 (22).
31
6 RESULTADOS
6.1 Características dos participantes
A amostra foi composta em sua maioria por mulheres (96.6%), com menos de 10
anos de graduação (37.0%) com pós graduação lato sensu (67.2%) (TAB. 2).
Tabela 2 – Característica dos participantes
Variáveis Categorias
n= 119
n (%)
Gênero Masculino 4 (3.4)
Feminino 115 (96.6)
Faixa Etária 23 a 29 anos 9 (7.6)
30 a 39 anos 29 (24.4)
40 a 49 anos 33 (27.7)
50 anos ou mais 48 (40.3)
Regional Barreiro 11 (9.3)
Centro-Sul 17 (14.4)
Leste 12 (10.2)
Nordeste 12 (10.2)
Noroeste 14 (11.9)
Norte 12 (10.2)
Oeste 11 (9.3)
Pampulha 16 (13.6)
Venda Nova 13 (11.0)
Tempo de Graduação 10 anos ou menos 44 (37.0)
11 a 20 anos 33 (27.7)
21 anos ou mais 42 (35.3)
Pós Graduação Sim 87 (73.1)
Não 32 (26.9)
Nível Formação Técnico 1 (0.8)
Superior Completo 28 (23.5)
Pós Graduado Lato Sensu 80 (67.2)
Pós Graduado Strictu Sensu 10 (8.4)
32
6.2. Experiência do professor com relação ao diabet es
Na TAB. 3 são apresentados dados da experiência do professor em relação ao
diabetes. A maioria dos professores entrevistados nunca recebeu treinamento em
diabetes (97.5%).
Apesar da maior parte não ter recebido treinamento em diabetes, um número
considerável dos avaliados já tiveram, em algum momento de sua profissão, alunos
com diabetes (37.8%). Dentre os avaliados que possuem essa experiência, a
maioria deles acompanhou crianças na faixa etária entre 6 e 9 anos (30.3%). Ainda
se tratando dos voluntários com tal experiência, a maior parte deles atenderam
apenas 1 aluno com diabetes em todo seu tempo de profissão (18.6%), sendo que
outro grupo atendeu mais de 3 alunos com essa patologia.
Para os avaliados que relataram já ter tido algum aluno com diabetes na escola, a
maior parte deles auto-avaliaram sua atuação como “BOM” (17.7%). No entanto,
entre todos os avaliados do estudo, a maioria não se sentiu preparada para atender
crianças com diabetes na escola (94.1%).
33
Tabela 3 – Experiência do professor com relação à d iabetes
Variáveis Categorias
n=119
n (%)
Já recebeu treinamento em diabetes Sim 3 (2.5)
Não 116 (97.5)
Já atendeu alunos com diabetes Sim 45 (37.8)
Não 74 (62.2)
Faixa etária dos alunos com diabetes que atende u Menores 6 anos 1 (0.8)
Entre 6 e 9 anos 36 (30.3)
Maiores 9 anos 8 (6.7)
Não atenderam 74 (62.2)
Quantos alunos com diabetes você já atende u Nenhum 73 (61.9)
1 22 (18.6)
2 14 (11.9)
3 ou mais 9 (7.6)
Auto -avaliação do atendimento Não atenderam 74 (62.2)
Regular 20 (16.8)
Bom 21 (17.7)
Ótimo 3 (2.5)
Não responderam 1 (0.8)
Sentem -se preparados para atender crianças com
diabetes Sim 5 (4.2)
Não 112 (94.1)
Não responderam 2 (1.7)
6.3 Opiniões dos professores a respeito da pesquisa
Em sua maioria, os professores avaliados entendem que crianças com diabetes
necessitam de cuidados especiais no momento da aula de Educação Física (89.9%)
e todos afirmam ser relevante o tema dessa pesquisa (100%) (TAB. 4).
34
Tabela 4 – Opinião dos professores a respeito da pe squisa
Variáveis Categorias
n=119
n (%)
Crianças com diabetes necessitam de cuidados
especiais nas aulas de Educação Física Sim 107 (89.9)
Não 12 (10.1)
Acham o tema da pesquisa relevante Sim 119 (100)
Não 0 (0)
6.4 Capacidade dos professores em contactar o Servi ço Móvel de
Urgência
Verificou-se que o número do telefone do Serviço Móvel de Urgência (SAMU), uma
das entidades responsáveis por socorrer essas crianças com diabetes em caso de
urgência, não é bem conhecido pelos avaliados. Apesar de a maioria dos avaliados
ter acertado o número de contato, foi considerado elevada a porcentagem dos
voluntários que erraram ou deixaram em branco essa questão (26.1%) (TAB. 5).
Tabela 5 – Capacidade dos professores em contactar o Serviço Móvel de Urgência
Variáveis Categorias
n=119
n (%)
Sabe o telefone do SAMU* Sim 88 (73.9)
Não soube ou
deixou em branco 31 (26.1)
*SAMU (Serviço Móvel de Urgência)
6.5 Experiências das escolas com relação ao aluno c om diabetes
Entre os voluntários participantes do estudo, a maioria relatou não haver alunos com
diabetes na escola em que trabalham (45.4%), no entanto, uma parcela significativa
afirmou o contrário (28.6%), e outros não souberam. A maioria dos voluntários
35
relatou que na escola em que trabalha não existem profissionais treinados para
atender aos alunos com diabetes, em caso de emergência (63.0%).
Quando relatada a existência de profissionais responsáveis pelas crianças com DM
em caso de emergência, observou-se que estes não são profissionais da área da
saúde. Na maioria dos casos, são agentes do Programa de Saúde na Escola (PSE)
(24.3) (TAB. 6).
Tabela 6 – Experiência das escolas com relação a al unos com diabetes
Variáveis Categorias n=119 n (%)
Alunos com diabetes na escola Sim 34 (28.6)
Não 54 (45.4)
Não souberam 31 (26.1)
Profissionais responsáveis pelas crianças com diabetes Sim 42 (35.3)
Não 73 (63.0)
Não responderam 4 (3.3)
Formação profissional dos responsáveis pelas crianças com diabetes nas escolas
Técnicos 3 (2.5)
Ensino Médio (Amigo da Escola) 2 (1.6)
Agentes do programa saúde na escola (PSE) 29 (24.3)
Não sabem da existência desse profissional ou não existe 73 (63.0)
Outras formações 2 (1.7)
Pedagogos 10 (8.4)
6.6 Distribuição de respostas para cada item do que stionário de nível
de conhecimento sobre diabetes
Na TAB. 7, observamos a distribuição das respostas para cada item do questionário
de nível de conhecimento sobre diabetes.
As questões de número 1 a 11 são passíveis de erros, diferentemente das questões
de 12 a 15, onde foi solicitada a opinião dos voluntários.
Nas questões de 1 a 11, o percentual de erros foi predominante, com índices acima
de 70%, em sua maioria.
36
Algumas questões merecem destaque na TAB. 5, por se tratar de informações de
segurança imprescindíveis e não passíveis de erro, quando se aborda a prática de
exercícios por crianças com diabetes, nas aulas de Educação Física. As questões
citadas recebem destaque a seguir.
Na questão de número 3, 91.6% dos voluntários não souberam responder qual o
valor mínimo de glicemia para que o aluno com diabetes deva iniciar o exercício
físico.
Nas questões números 4,5, 6 e 7 respectivamente, a grande maioria dos voluntários
não souberam os valores de hipoglicemia, os sintomas característicos da mesma, o
que fazer para corrigir em caso de uma crise e qual tipo de alimento usar para
reverter esse tipo de situação. Essas informações são importantes na prevenção de
situações de risco durante o exercício, sendo primordial seu conhecimento por
responsáveis de crianças com diabetes no momento do exercício.
Na questão de número 8, percebeu-se a falta de conhecimento de primeiros
socorros na intenção de auxiliar em caso de uma crise hipoglicêmica grave. Esse
tipo de crise pode levar a coma e até mesmo a morte, tornando inaceitáveis 95.8%
de erros nessa questão.
Nas questões de 12 a 15, foi perguntado aos voluntários a opinião deles em alguns
aspectos e as respostas deveriam ser apenas “Sim” (favorável) ou “Não”
(desfavorável). Em 3 destas 4 perguntas, predominou a resposta “não”.
Devem-se destacar as opiniões dos voluntários nas questões de número 14 e 15,
onde foi relatado que 96.6% deles acreditam que sua formação profissional não é
suficiente para garantir a segurança de crianças com diabetes nas aulas de
Educação Física e 84.9% acreditam que a escola não está preparada para receber
estas crianças.
Esperava-se que 60% dos voluntários relatassem que, sua formação os habilitassem
a gerar segurança às crianças com diabetes nas aulas de educação física e que as
escolas estivessem preparadas a lidar com esse público.
37
Tabela 7 – Distribuição de respostas para cada item do questio nário de nível de conhecimento sobre diabetes
Variáveis Categorias
n=119
n (%)
Questão 1 Errou 17 (14.3)
Questão 2 Errou 86 (72.3)
Questão 3 Errou 109 (91.6)
Questão 4 Errou 110 (92.4)
Questão 5 Errou 99 (83.2)
Questão 6 Errou 116 (97.5)
Questão 7 Errou 108 (90.8)
Questão 8 Errou 114 (95.8)
Questão 9 Errou 70 (58.8)
Questão 10 Errou 70 (58.8)
Questão 11 Errou 108 (90.8)
Questão 12 Não 115 (96.6)
Questão 13 Não 31 (26.1)
Questão 14 Não 117 (98.3)
Questão 15 Não 101 (84.9)
38
6.7. Distribuição dos professores conforme a pontua ção dos
questionários
A mediana de acertos foi de 4 em 11 questões, o que corresponde a apenas 36.3%
do total de pontos possíveis. A maior parte dos voluntários (70) obteve entre 3 e 5
acertos, apenas 1 voluntário acertou todas as 11 questões e 5 erraram todas (TAB.
8).
Tabela 8 – Distribuição dos professores conforme a pontuação dos questionários
Variáveis
Número de acertos
n=11
Número de voluntários por
quantidade de acertos:
n=119
n (%)
Distribuição dos professores
por número de acertos 0
5 (4.2)
1
9 (7.6)
2
9 (7.6)
3
18 (15.1)
4
27 (22.7)
5
25 (21.0)
6
10 (8.4)
7
7 (5.9)
8
2 (1.7)
9
4 (3.4)
10
2 (1.7)
11
1 (0.8)
6.8. Distribuição dos acertos conforme as caracterí sticas dos
professores
Os acertos foram dicotomizados considerando a mediana da pontuação, ou seja, um
grupo com 50% das maiores notas (acima de 4 pontos) e outro abaixo. Percebemos
que nenhuma característica apresentou associação significativa com a pontuação
(TAB. 9).
39
Tabela 9 – Distribuição dos acertos conforme as car acterísticas dos professores
Variáveis Categorias
Acertos
Abaixo
da
mediana
Acima
da
Mediana
n=68 n (%)
n=51
n (%)
P*
Gênero Masculino 2 (50.0)
2 (50.0)
0.99
Feminino 66 (57.4)
49 (42.6)
Faixa Etária 23 a 29 anos 5 (55.6)
4 (44.4)
0.65
30 a 39 anos 17 (58.6)
12 (41.4)
40 a 49 anos 16 (48.6)
17 (51.5)
50 anos ou
mais 30 (62.5)
18 (37.5)
Regional em
que trabalha Barreiro 6 (54.6)
5 (45.5)
0.32
Centro-Sul 11 (64.7)
6 (35.3)
Leste 6 (50.0)
6 (50.0)
Nordeste 4 (25.0)
9 (75.0)
Noroeste 10 (71.4)
4 (28.6)
Norte 5 (41.7)
7 (58.3)
Oeste 7 (63.6)
4 (36.4)
Pampulha 11 (68.8)
5 (31.3)
Venda Nova 8 (61.5)
5 (38.5)
Tempo de
Graduação
10 anos ou
menos 28 (63.6)
16 (36.4)
0.52
11 a 20 anos 17 (51.5)
16 (48.5)
30 anos ou
mais 23 (54.8)
19 (45.2)
Pós Graduação Sim 46 (52.9)
41 (47.1)
0.12
Não 22 (68.8)
10 (31.3)
Nível Formação Técnico 1 (100.0)
0 (00.0)
0.05
Superior
Completo 19 (67.9)
9
32.1
Pós Graduado
Lato Sensu 46 (57.5)
34
42.5
Pós Graduado
Strictu Sensu 2 (20.0)
8
80.0 Testes
*Teste estatístico Qui-quadrado
40
6.9. Distribuição dos acertos de acordo com a exper iência dos
professores com diabetes
Nenhuma variável apresentou associação significativa com a pontuação do
questionário (TAB. 8).
Tabela 10 – Distribuição dos acertos de acordo com a experiência dos professores com diabetes
Variáveis Categorias
Acertos
Abaixo da
mediana
Acima da
Mediana
n=68 n (%)
n=51 n (%) P*
Já recebeu treinamento
em diabetes Sim 2 (66.7) 1 (33.3) 0.736
Não 66 (56.9) 50 (43.1)
Já teve aluno com
diabetes Sim 24 (53.3) 21 (46.7) 0.513
Não 44 (59.5) 30 (40.5)
Sente-se preparado
para atender crianças
com diabetes nas aulas
de Educação Física Sim 2 (100.0) 0 (00.0) 0.294
Não 66 (56.4) 51 (43.5)
Pessoas com Diabetes
necessitam de cuidados
especiais nas aulas de
Educação Física Sim 61 (57.0) 46 (43.0) 0.930
Não 7 (58.3) 5 (41.7)
*Teste estatístico Qui-quadrado
Nenhuma variável apresentou associação significativa com a pontuação do
questionário, mesmo entre aqueles avaliados que já atenderam crianças com
diabetes ao longo dos anos de sua profissão (tabela 11)
41
Tabela 11 – Distribuição dos acertos de acordo com a experiência dos
professores que já atenderam crianças com diabetes
Variáveis Categorias
Acertos
Abaixo
da
mediana
Acima
da
Mediana
n=24 n (%)
n=21
n (%)
P*
Faixa Etária dos alunos com
diabetes que atenderam
Menores 6
anos 0 (00.0)
1 (100.0)
0.100
Entre 6 e 9
anos 22 (61.1)
14 (38.9)
**Maiores 9
anos 2 (25.0)
6 (75.0)
Quantos alunos diabetes já
atenderam 1 9 (40.9)
13 (59.1)
0.260
2 8 (57.1)
6 (42.9)
3 ou mais 7 (77.8)
2 (22.2)
Auxilio tratamento
Regular 8 (40.0)
12 (60.0)
Bom 14 (66.7)
7 (33.3)
0.144
Ótimo 1 (33.3)
2 (66.7)
*Teste estatístico Qui-quadrado
6.10. Distribuição dos acertos de acordo com a expe riência das
escolas com alunos com diabetes
Não se observou diferença significativa em relação aos acertos, quando comparadas
às escolas que possuem crianças com diabetes com as que não possuem, ou entre
as escolas que possuem um profissional responsável por essas crianças com
diabetes. A formação profissional dos responsáveis pelas crianças com diabetes nas
escolas também não foi significativo nos acertos das questões (TAB. 12).
42
Tabela 12 – Distribuição dos acertos com relação a experiência das escolas
com alunos com diabetes
Variáveis Categorias
Acertos
Abaixo
da
mediana
Acima
da
Mediana
n=69 n (%)
n= 50
n (%)
P*
Profissionais
responsáveis pelas
crianças com
diabetes na escola Sim 26 (60.4) 17 (39.5) 0,712
Não 43 (56.5) 33 (44.4)
Formação
profissional
responsável pela
criança com diabetes Professor 0 (00.0) 2 (100.0) 0,105
Técnico 3 (100.0) 0 (00.0)
Ensino Médio
(Amigo da
Escola) 1 (25.0) 3 (75.0)
Pedagogos 18 (66.7) 9 (33.3)
Agente pse** 47 (56.6) 36 (43.3)
*Teste estatístico Qui-quadrado
**Agente do programa saúde na escola
43
7 DISCUSSÃO
A diabetes é uma das doenças crônicas mais comuns da infância, a maior parte das
crianças com essa patologia frequentam escolas ou algum tipo de creche e
necessitam de uma equipe capacitada para fornecer um ambiente educacional
seguro. Este estudo demonstrou que os professores das escolas públicas municipais
de Belo Horizonte não possuem conhecimento suficiente sobre diabetes para
garantir segurança a essas crianças durante as aulas de Educação Física.
Essa realidade pode ser observada nos estudos de Mandali e Gordon (2009) e
Aycan (2012), onde foi relatado baixa qualificação dos profissionais das escolas em
cuidar de crianças com diabetes (6,23).
De acordo com The Diabetes Educator (2000), é de responsabilidade das escolas
fornecerem informações básicas sobre diabetes, incluindo conhecimentos sobre
hipoglicemia e hiperglicemia a todos seus profissionais e professores, oferecendo às
crianças com diabetes segurança no dia-a-dia, bem estar em longo prazo e melhor
desempenho escolar (24).
No Brasil, foi publicado no Diário Oficial de 25 de março de 2011 o Projeto de Lei Nº
183/2011 , DE 2011, artigo 2o, que decretou (25):
O estabelecimento de ensino, creche ou similar, deverá
capacitar seu corpo docente e equipe de apoio para
acolher e prestar a assistência que as crianças e os
adolescentes com diabetes necessitam.
Observou-se nos resultados, que as aulas de Educação Física para crianças entre
seis e nove anos de idade são ministradas pelos professores regentes e não por
professores de Educação Física, o que pode ter contribuído para o grande número
de erros no questionário de avaliação do nível de conhecimento em diabetes, estes
dados demonstraram também que as escolas não investem na capacitação de seus
profissionais em diabetes.
44
Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Aycan (2012). Este estudo
relatou que, devido ao baixo nível de conhecimento sobre diabetes dos profissionais
nas escolas, a Turquia adotou a estratégia de aproximação da Sociedade de
Endocrinologia Pediátrica e dos Ministérios da Saúde e da Educação para
desenvolver projetos que visassem aumentar a conscientização sobre a diabetes
nas escolas (23).
Ficou claro nos resultados deste estudo, a ausência de profissionais responsáveis
pelas crianças com diabetes nas escolas públicas municipais de Belo Horizonte.
Quando esse profissional existe, ele não possui formação na área da saúde, ficando
a cargo muitas vezes de agentes do programa saúde na escola (PSE), pedagogos e
diretores.
O programa de saúde na escola (PSE) tem como objetivo:
Contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de
ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas
ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o
pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de
ensino. (26)
O PSE foi constituído por cinco componentes (26):
• Avaliação das condições de saúde das crianças, adolescentes e jovens que
estão nas escolas públicas
• Promoção da saúde e de atividades de prevenção
• Educação permanente e capacitação dos profissionais da educação, da
saúde e de jovens
• Monitoramento e avaliação da saúde dos estudantes
• Monitoramento e avaliação do programa
Apesar de ser um programa organizado e que visa, entre outros, a educação
permanente e a capacitação dos profissionais da educação, não foi possível
observar um maior número de acertos nas escolas que possuem algum profissional
responsável pelas crianças com diabetes, nem mesmo quando estes são agentes do
45
programa de saúde na escola.
Os resultados do estudo de Lange e Jackson foram similares ao desta pesquisa,
onde se relatou que a maioria dos países não possui enfermeiros ou outros
profissionais da área da saúde nas escolas e que, grande parte delas, não possui
responsáveis pelas crianças com diabetes (2). A desinformação dos profissionais das
escolas sobre diabetes faz com que, em muitos países, os pais se responsabilizem
em cuidar destas crianças durante o período escolar (6,23).
Percebe-se nos resultados que os avaliados demonstraram bom entendimento da
necessidade de exigir um atestado médico do aluno com diabetes, quando esse o
avisa no início do ano letivo ter a doença. No entanto, não se sabe ao certo se
apenas com essa atitude, é possível formar um elo efetivo entre médico e professor.
Mandali e Gordon (2009) acreditam que a comunicação frequente entre médicos,
pais, alunos e professores seja peça fundamental para manter o aluno com diabetes
em segurança na escola (6).
Quando avaliado o nível de informações dos voluntários a respeito da hipoglicemia,
percebeu-se grande falta de conhecimento no assunto.
Informações como valor de referência de hipoglicemia, questões de seguranças para
evitá-las, procedimento de correção e atuação frente às crises obtiveram um grande
número de erros.
Resultados divergentes foram encontrados no estudo de Aycan (2012), onde 94%
dos voluntários tinham informações precisas a respeito do valor de hipoglicemia,
seus sintomas e quais os cuidados necessários para evitá-la (23).
No entanto, nas escolas públicas municipais de Belo Horizonte, a maioria dos
professores avaliados desconhecia o valor de hipoglicemia, o que pode contribuir
para o não tratamento correto do episódio.
As diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2013-2014) e a ADA (2013) são
bem claras a respeito dos cuidados necessários para a prática segura do exercício
46
físico para os alunos com DM1 ou 2 insulinizados. Sugere-se o monitoramento da
glicemia antes, durante (se o exercício for superior a 60 minutos) e após, com
disponibilidade de fontes de carboidratos de rápida absorção (2). É preocupante
imaginar que crianças entre 6 e 9 anos não podem contar com esse tipo de auxílio
do professor responsável pela aula de Educação Física.
Percebeu-se no presente estudo também que os avaliados, em sua maioria, são
incapazes de perceber sinais ou sintomas de hipoglicemia em seus alunos, o que os
impedem de se antecipar a uma crise e auxiliá-lo na correção antes que se agrave (14).
Hantun (2012) ressalta a necessidade dos professores possuírem informações sobre
os sinais e sintomas de hipoglicemia, e também, a importância de se anteciparem às
crises ao menos para minimizar as suas consequências (27).
Ficou claro com os resultados que os professores avaliados não possuem
informação suficiente para orientar a correção de uma hipoglicemia, mesmo que
leve, pois não conhecem o procedimento de correção e nem sequer qual tipo de
alimento sugerir para a correção da crise. Foi sugerido por grande parte deles
alimentos diet, sendo que esse tipo não possui açúcar e, portanto, torna-se ineficaz
para correção de hipoglicemia.
Em relação à hipoglicemia grave, arguiu-se a respeito de qual deve ser a primeira
atitude a ser tomada em caso de uma crise de hipoglicemia grave e em caso de um
episódio pela manhã, se o aluno deveria participar da aula de Educação Física
normalmente.
Na ausência de glucagon orienta-se que inicialmente, o socorrista, massageie
açúcar ou mel na parte interna da boca para após esse procedimento entrar em
contato telefônico com o serviço móvel de urgência. Esse procedimento inicial pode
ser crucial em caso de demora na chegada da ambulância de socorro, no entanto,
percebemos que essa não é uma informação conhecida pelos avaliados.
47
A grande maioria errou, muitos responderam que o procedimento correto seria entrar
em contato com o SAMU. Outros ainda escolheram a questão onde se sugere dar
líquidos açucarados na boca da criança em hipoglicemia grave. As diretrizes
brasileiras e americanas são pontuais na informação de nunca introduzir líquidos na
boca de um paciente em hipoglicemia grave, pelo risco de asfixia (1,2).
Clarke et al, (2009) orientam em seu estudo a administração do açúcar ou mel na
parte interna da bochecha (15), apesar de haver controvérsias a respeito do assunto.
Alguns pesquisadores questionam a absorção da glicose pela mucosa bucal e
consideram esse procedimento anedótico (28).
Quando arguidos sobre a prática de exercícios após uma crise hipoglicêmica grave
anterior, parte dos avaliados demonstraram conhecimento em contraindicar a aula
de Educação Física. Dos avaliados, 41.2% contraindicariam a aula e 58.8% não
contraindicariam e essa criança estaria susceptível à outra crise de mesma
intensidade. Esse tipo de erro é considerado grave, pois pode acarretar
consequências drásticas (16).
Percebeu-se nas questões relacionadas aos sinais da hiperglicemia e à permissão
da prática de exercício nesta situação que os professores avaliados não são
capazes de identificar os sinais e sintomas em seus alunos, não a levando em
consideração para contraindicar as atividades, dando as orientações adequadas
para correção do episódio.
É consenso na literatura que o estado hiperglicêmico isolado, sem presença de
corpos cetônicos não seria contraindicação para o exercício físico e
consequentemente para a prática da aula de Educação Física (2). No entanto, não
são oferecidas pelo governo ferramentas aos pacientes e às escolas, que permitam
a mensuração de corpos cetônicos no sangue ou na urina. Devido a isso, torna-se
necessário contraindicar a participação das crianças nas aulas de Educação Física
quando estiverem com a glicemia acima de 250mg/dl.
A falta de oportunidade de se medir a presença de corpos cetônicos nesses casos,
não permite que possamos excluir a hipótese de um possível estado de cetoacidose.
48
É importante ressaltar que esse é um quadro de alta prevalência na fase da infância,
sendo inclusive a causa mais comum de morte em crianças com diabetes (2). A
maioria dos avaliados descartou a hipótese de contraindicar a aula de Educação
Física, no entanto, caso as mesmas estivessem com corpos cetônicos positivos,
estariam em risco de desidratação e poderiam agravar seu estado de saúde. Além
disso, quando arguidos sobre a capacidade de auxiliarem na monitoração glicêmica
e na aplicação de insulina, caso necessário, a maior parte dos avaliados afirmam
não conhecer as técnicas e, portanto seriam incapazes de auxiliar o aluno.
Muitos dos avaliados não sabem o número de contato do SAMU, por mais que
pareça fácil contatá-lo, era desconhecido por grande parte dos avaliados.
Praticamente a metade dos avaliados erraram ou deixaram em branco essa
questão, índice de erro considerado alto, em se tratando de um número de
emergência.
O alto índice de erros nas questões pode ser justificado pelo fato da maior parte dos
avaliados nunca ter tido nenhum treinamento em diabetes. Essa informação somada
aos demais resultados discutidos, demonstram a necessidade de se iniciar
urgentemente treinamentos nas escolas.
Ao final do questionário, perguntamos se o professor considera que a formação dele
é suficiente para acompanhar crianças com diabetes nas aulas de Educação Física
com segurança e se a escola estava preparada para recebê-las. A grande maioria
dos avaliados afirmou que sua formação não os capacita para lidar com crianças
com diabetes e que a escola também não está preparada para tal. Essa realidade é
descrita em outros trabalhos, em que mostram que os pais e as crianças não se
sentem seguros no ambiente escolar, justamente devido à falta de preparo das
escolas (4,6).
Apesar do grande percentual de erros na maior parte das questões, pode-se
observar que os avaliados estão abertos ao tema: 100% deles relataram que acham
o tema da pesquisa relevante. Acreditamos que esse possa ser um ponto chave na
aproximação dos centros de tratamento da diabetes com as escolas.
49
A partir das discussões acima, percebe-se a necessidade de se investir na educação
em diabetes nas escolas de Belo Horizonte, convencendo-as de que essa forma de
educação não deve mais ser considerada “opcional”, principalmente para as escolas
que possuem crianças com esta patologia (29).
Aycan sugere em seu estudo que o treinamento de professores e a inclusão de
profissionais especializados em educação em diabetes nas escolas, são essenciais
para o bom controle destas crianças (23).
Acredita-se que a necessidade de redução da amostra devido a falta de
receptividade das escolas seja uma limitação desta pesquisa.
50
8 CONCLUSÃO
Conclui-se que os professores regentes da rede pública municipal de Belo Horizonte
não possuem conhecimento mínimo para auxiliar e garantir a segurança das
crianças com diabetes durante as aulas de Educação Física e, que as escolas,
também não estão preparadas para lidar com esse público.
51
9 ATIVIDADES EDUCACIONAIS RESULTANTES DESTA PESQUIS A
De acordo com os resultados apresentados, ficou clara a necessidade do
desenvolvimento de estratégias educacionais que possam ajudar a modificar a
realidade das crianças com diabetes nas escolas.
9.1 Estratégias criadas em 2014:
• Página em redes social que abordam o tema diabetes na escola:
www.facebook.com/groups/diabetesnasescolas/events/
• Fórum para pais, professores e funcionários das escolas sobre o tema;
Participação dos médicos Dra. Janice Sepulveda Reis, Rafael Mantovani e
Cristiano Túlio Albuquerque, da professora de Educação Física Patrícia Luzia,
da representante da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar Ana
Carolina Barcellos e da representante da Secretaria Municipal de Educação
Ana Claudia Figueiredo.
Figura 4 – Mesa redonda com os palestrantes e repre sentantes do
1o Fórum Diabetes Nas Escolas
52
Figura 5 – Público 1 0. Fórum Diabetes Nas Escolas.
9.2 Estratégias previstas:
• Centro de referência diabetes nas escolas (previsão para Agosto de 2014)
• Cartilhas educativas com informações sobre sinais e sintomas de
hipoglicemia e hiperglicemia e sobre a importância do bom controle da
diabetes na escola
• Manuais de orientação para o professor, com o passo a passo de como
atender e orientar as crianças nas aulas de Educação Física
Acredita-se que as estratégias sugeridas acima possam auxiliar na melhoria da
realidade atual e nas perspectivas dos educadores em diabetes.
53
REFERÊNCIAS
1. American Diabetes Association. Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care, 2013 Jan;36(Supl.1):S67.
2. Diretrizes da Sociedade Brasileira De Diabetes: 2013-2014/Sociedade Brasileira de Diabetes ; [organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio]. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014.
3. Lange K, Jackson C. Deeb L. Diabetes care in schools – the disturbing facts.
Pediatric Diabetes. 2009;13(Suppl):28-36.
4. Hayes-Bohn R, Neumark-Sztainer D, Mellin A, Patterson J. Adolescent an Parent Assessments of Diabetes Mellitus Management at School. The Journal of School Health. 2004;74(5):166-9.
5. Younk LM, Mikeladze M, Tate D. and Davis, S.N. Exercise-related
hypoglycemia in diabetes mellitus. Expert review of endocrinology & metabolism. 2011;1(1):93–108.
6. Mandali SL, Gordon, TA. Management of Type 1 Diabetes in Schools: Whose
Responsibility? The Journal of School Health. 2009;79(12):599-601.
7. Wagner J, James A. A Pilot Study of School Counselor’s Preparedness to Serve Students with Diabetes: Relationship to Self-Reported Diabetes Training. The Journal of School Health. 2006;76(7):387-92.
8. Norris SL. et al. Increasing Diabetes Self-Management Education in
Community Settings A Systematic Review. American Journal of Preventive Medicine. 2002;22( Suppl.4):39-66.
9. Khawali C, Andriolo A, Ferreira SRG. Benefícios da atividade física no perfil
lipídico de pacientes com diabetes tipo 1. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. 2003;47(1):49-53.
10. Jessen N, Goodyear LJ. Contraction signaling to glucose transport in skeletal
muscle. Journal of Applied Physiology. 2005;99(1):330-7.
11. Austin A, Warty V, Janosky J, Arslanian S. The relationship of physical fitness to lipid and lipoprotein(a) levels in adolescents with IDDM. Diabetes Care. 1993;16:421-5.
12. Fuchsjager-Mayrl G. et al. Exercise training improves vascular endothelial
function in patients with type 1 diabetes. Diabetes Care. 2002;25(10):1795-801.
54
13. Galassetti P. et al. Effects of antecedent prolonged exercise on subsequent counterrregularoty responses to hypoglycemia. American Journal of Physiology. Endocrinology and Metabolism. 2001;280(nesp.)908-17.
14. Amillategui B. et al. Special needs of children with type 1 diabetes at primary
school: perceptions from parents, children, and teachers. Pediatric Diabetes. 2009;10:67–73.
15. Clarke W. et al. Assessment and management of hypoglycemia in children
and adolescents with diabetes. Pediatric Diabetes. 2009;(Suppl. 12)10: 134-145.
16. Kordi R, Rabbani A. Exercise and Diabetes Type 1 Recommendations, Safety.
Iran Journal of Pediatric. 2007 Mar.; 17(1).
17. Riddell M, Perkins B. Exercise and Glucose Metabolism in Persons with Diabetes Mellitus: Perspectives on the Role for Continuous Glucose Monitoring. Journal of Diabetes Science and Technology. 2009;3(4):914-23.
18. Roberterson K. Exercise in children and adolescents with diabetes. Pediatric
Diabetes.2009;10(Suppl. 12):154–168.
19. LibâNeo, J. C. E Pimenta, S. G. (coords.). Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
20. Mello, A. M. Psicomotricidade, educação física, jogos infantis. São Paulo:
Ibrasa, 1989.
21. Tani, Manoel, Kokobun e Proença. Educação física escolar. São Paulo: Edusp/EPU, 1988.
22. Triola MF. Introdução a estatística. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC.
23. Aycan Z. Assessment of the Knowledge of Diabetes Mellitus Among School
Teachers within the Scope of the Managing Diabetes at School Program. Journal of Clinical Research in Pediatric Endocrinology. 2012;4(4):199-203.
24. The Diabetes Educator. Management of children with diabetes in the school
setting. American Association of Diabetes Educators. 2000 Jan.-Feb.;26(1):32-5.
25. São Paulo (Estado). Assembleia Legislativa Projeto no. 183/2011, Março de 2011. Lex: Veda qualquer discriminação à criança e ao adolescente portador de Diabetes Mellitus nos estabelecimentos de ensino, creches ou similares, em instituições públicas ou privadas. 25/03/2011. Disponível em: http://www.al.sp.gov.br/propositura/?id=1002503.
55
26. Brasil, ME. Programa Saúde nas Escolas [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde [citado em 07 set.] Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=14578%3Aprograma-saude-nas-escolas&Itemid=817>
27. Hantun S. Diabetes Program at Schools in Turkey. Journal of Clinical
Research in Pediatric Endocrinology. 2012;4(2):114-115.
28. Gunning R, Garber A. Bioactivity of instant glucose. Failure of absorption through oral mucosa. Jama. 1978;240:1611–2.
29. American Diabetes Association. Diabetes care in the school and day care setting. 2012 Jan;35(Supp.1).
56
APÊNDICES
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARE CIDO
Projeto: Avaliação do nível de conhecimento dos pro fessores do primeiro ciclo
do ensino fundamental frente à atuação com crianças com diabetes nas aulas
de Educação Física em escolas públicas municipais d e Belo Horizonte.
Eu, voluntariamente, concordo em participar desta pesquisa, realizada pelo Curso de
Mestrado em Educação em Diabetes do Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa
Casa de Misericórdia de Belo Horizonte – SCM, que visa investigar o nível de
informação dos professores do primeiro ciclo do ensino fundamental frente à
atuação com crianças com diabetes nas escolas públicas municipais de Belo
Horizonte.
Li e compreendi todos os procedimentos que envolvem esta pesquisa, bem como os
benefícios e/ou possíveis riscos. Sei que posso me recusar a participar deste estudo
ou que posso abandoná-lo a qualquer momento, sem precisar me justificar e sem
qualquer constrangimento.
Será garantido o anonimato quanto à minha participação e os dados obtidos serão
utilizados exclusivamente para fins de pesquisa pelo Instituto de Ensino e Pesquisa
da Santa casa de Misericórdia de Belo Horizonte.
Sei que não está previsto qualquer forma de remuneração e que todas as despesas
relacionadas com o estudo são de responsabilidade do Instituto de Ensino e
Pesquisa da Santa casa de Misericórdia de Belo Horizonte.
Esclareci todas as dúvidas e se, durante o andamento da pesquisa, novas dúvidas
surgirem, tenho total liberdade para esclarecê-las com o pesquisador principal
William Valadares Campos Pereira, que poderá ser encontrado no Instituto de
Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, na Rua.
Domingos Vieira 590, telefone (31) 8812-9851. Caso haja alguma dúvida sobre a
ética da pesquisa, poderei consultar o Comitê de Ética em Pesquisa no mesmo
endereço.
Compreendo também que os pesquisadores podem decidir sobre a minha exclusão
do estudo por razões científicas, sobre as quais serei devidamente informado.
57
Belo Horizonte____/____ / 20____.
Assinatura do voluntário: _______________________________________________
58
APÊNDICE B – CARTA DE APRESENTAÇÃO
59
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DE PERFIL DO VOLUNTÁRIO
Data da Entrevista: _____/_____/_____
Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino Data de nascimento: _____/_____/_____
Aceita assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido? ( ) Sim ( ) Não
Regional onde se localiza a escola em que trabalha: _________________________
Graduado em: _______________________________________________________
Instituição onde se graduou: ____________________________________________
Ano de Graduação: __________________ Tempo de Graduado:________________
Grau de formação: ( ) Médio ( ) Técnico ( ) Superior incompleto ( ) Superior
completo Pós-graduado: ( ) Lato sensu ( ) Stricto Sensu
Se sim, qual o tema da pós-graduação: ____________________________________
Já recebeu treinamento em diabetes? ( ) Sim ( ) Não
Já atendeu algum aluno com diabetes? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quantos aproximadamente? ______________________________________
Se sim, qual a faixa etária dele(s): ( ) Menor(es) de 6 anos ( ) entre 6 e 9 anos
( ) Acima de 9 anos
Se sim, avalie sua utilidade para servir esse(s) aluno(s) e auxiliá-lo(s) a gerir seu
tratamento durante as aulas: ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
Sente-se preparado para atender alunos com diabetes na escola? ( ) Sim ( ) Não
Existe Algum profissional responsável por auxiliar e/ou orientar crianças com
Diabetes na sua escola: ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual a formação deste profissional? ________________________________
Existem alunos com diabetes em sua escola? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, eles fazem aula de recreação, esportes, jogos de correr, etc?( ) Sim ( ) Não
60
Caso a resposta anterior for “não”, qual o motivo? ( ) Não sei ( ) Não gosta
( ) Medo, por causa da diabetes ( ) Outros ________________________________
Você acredita que crianças com diabetes necessitam de cuidados especiais durante
as aulas de recreação, esportes, jogos de correr, etc.? ( ) Sim ( ) Não
Você acha esse tema relevante? ( ) Sim ( ) Não
61
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO
O questionário que você irá responder faz parte de um projeto de mestrado e visa
levantar dados sobre a participação de alunos portadores de diabetes nas aulas de
Educação Física escolar. Esperamos desta maneira, diagnosticar o nível de
informações e propor contribuições para a prática segura do profissional frente às
crianças com diabetes nas escolas públicas municipais de Belo Horizonte.
Questionário de Avaliação
Para o preenchimento do questionário, marque um “X” com caneta na opção
desejada. Em caso de erro, marque um círculo “O” em volta da letra que deve ser
considerada.
Questões:
1- No início do ano letivo um aluno relata que possui DIABETES. Em sua
opinião, qual postura deve ser adotada pelo professor?
a. Ignorar o fato e permitir a presença do aluno nas aulas de Educação
Física.
b. Desestimular a prática da aula de Educação Física no ano letivo.
c. Pedir atestado de um médico responsável autorizando a prática esportiva
e permitir sua participação nas aulas de Educação Física, tomando as
devidas precauções.
d. Propor atividades alternativas com baixa demanda energética para
substituir as aulas de Educação Física (ex. jogos com cartas, pintura,
xadrez, etc).
e. Não sei.
2- São cuidados necessários para a prática esportiva de forma segura na
pessoa com diabetes:
a. Possuir fonte de carboidratos no bolso.
62
b. Ter glicosimetro (medidor de glicose) e medir a glicemia antes, durante e
depois do exercício.
c. Utilização obrigatória de tênis e meias adequadas para a prática de
esportes.
d. Todas estão corretas.
e. Não sei.
3- O aluno com diabetes tipo 1 deve preferencialmente iniciar o exercício com
glicemia acima de:
a. 100 mg/dl.
b. 90 mg/dl.
c. 80 mg/dl.
d. 70 mg/dl.
e. Não sei.
4- É considerado valor de referência para hipoglicemia (glicemia baixa) no
tratamento da DIABETES:
a. Glicemia menor que 100 mg/dl.
b. Glicemia menor que 80 mg/dl.
c. Glicemia menor que 70 mg/dl.
d. Glicemia menor que 50 mg/dl.
e. Não sei.
5- São sinais e sintomas de hipoglicemia que o aluno com DIABETES pode
apresentar durante a aula de Educação Física:
a. Sensação de suor frio e sonolência, tremores, confusão mental.
b. Palpitações e visão borrada, fraqueza excessiva, perda de consciência.
c. Agitação, agressividade, choro incontrolável.
d. Todas estão corretas.
e. Não sei.
63
6- Seu aluno identificou uma crise hipoglicemica LEVE durante a aula de
Educação Física. O procedimento correto de correção da glicemia que
devemos orientá-lo a fazer é:
a. Ingerir 30g de carboidratos, parar o exercício e medir glicemia após 15
minutos.
b. Ingerir 20g de carboidratos, parar o exercício e medir glicemia após 15
minutos.
c. Ingerir 15g de carboidratos, parar o exercício e medir glicemia após 15
minutos.
d. Ingerir 05g de carboidratos, parar o exercício e medir glicemia após 15
minutos.
e. Não sei.
7- São porções de carboidratos indicadas para o tratamento mais efetivo da
hipoglicemia, EXCETO:
a. 01 colher de sopa rasa de açúcar diluída em 01 copo com água.
b. 03 balas moles.
c. 01 copo de 200 ml de suco de laranja.
d. 01 copo de 200 ml de refrigerante diet.
e. Não sei.
8- Durante uma crise de hipoglicemia GRAVE (inconsciência ou crise
convulsiva) a PRIMEIRA atitude a ser tomada pelo professor deve ser:
a. Colocar bebidas açucaradas na boca do aluno.
b. Ligar para o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
c. Massagear mel ou açúcar na mucosa bucal.
d. Esperar o aluno acordar naturalmente.
e. Não sei.
9- O aluno relata que pela manhã teve uma crise hipoglicemica GRAVE e
chegou inclusive a ficar inconsciente. Neste caso, o professor deve:
64
a. Incentivar a participação do aluno apenas em exercícios aeróbicos na aula
de Educação Física.
b. Incentivar a participação do aluno apenas em exercícios anaeróbicos na
aula de Educação Física.
c. Incentivar a participação do aluno normalmente durante a aula de
Educação Física.
d. Contraindicar a participação do aluno na aula de Educação Física.
e. Não sei.
10- São sintomas clássicos de hiperglicemia (glicose alta):
a. Dificuldade em respirar e tosse.
b. Dor no corpo e febre.
c. Urinar em excesso e sede em excesso.
d. Dor nas articulações e nos músculos.
e. Não sei.
11- A orientação correta para o aluno com glicemia ACIMA de 250 mg/dl
imediatamente antes da aula de Educação Física é:
a. Estimular o aluno a participar da aula de Educação Física normalmente.
b. Suspender a aula de Educação Física e orientar a correção da glicemia.
c. Estimular a prática de exercícios físicos mais intensos, para acelerar a
redução da glicemia.
d. Solicitar à família que busque o aluno na escola.
e. Não sei.
12- Seu aluno, considerado incapaz de realizar medidas de glicemia capilar e
aplicações de insulina pela idade, precisa aplicar insulina antes da aula da
Educação Física. Você domina a técnica de monitorização e aplicação de
insulina e se sente apto a realizar esta tarefa com segurança?
a. Sim
b. Não
65
13- Em caso de urgência pela hipoglicemia (glicose baixa), o Serviço Móvel de
Urgência (SAMU) deve ser acionado. Você sabe como contactá-lo?
a. Sim
b. Não
Se sim, qual o número de telefone do SAMU? __________
14- Sobre as necessidades de um aluno com diabetes dentro da escola, você
considera que a sua formação foi suficiente para que possa acompanhar o
aluno com diabetes nas aulas de Educação Física com segurança?
a. Sim
b. Não
15- Sobre as necessidades de um aluno com diabetes dentro da escola, você
considera que esta escola está preparada para receber um aluno com
diabetes? (Leve em consideração para a resposta o conhecimento dos outros
professores sobre o assunto, a existência de funcionários habilitados para
ajudar o aluno nos itens referentes ao tratamento, etc).
a. Sim
b. Não
Obrigado pela sua participação!
Instituto de Ensino e Pesquisa (SCM-BH)
Mestrado Profissional em Educação em Diabetes
66
ANEXOS
ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA ( CEP) DO
INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DA SANTA CASA
67
ANEXO B – CARTA DE AUTORIZAÇÃO DA SECRETARIA MUNICI PAL DE
EDUCAÇÃO
68
ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECID O
Termo de consentimento livr e e esclarecido Projeto: Avaliação do nível de conhecimento dos pro fessores do ensin o
fundamental frente à atuação com diabéticos nas aul as de recreação em
escolas municipais de Belo Horizonte.
Eu, voluntariamente, concordo em participar desta pesquisa, realizada pelo Curso de
Mestrado em Educação em Diabetes do Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa
Casa de Misericórdia de Belo Horizonte – SCM, que visa investigar o nível de
informação dos professores do ensino fundamental frente à atuação com diabéticos
nas escolas municipais de Belo Horizonte.
Li e compreendi todos os procedimentos que envolvem esta pesquisa, bem como os
benefícios e/ou possíveis riscos. Sei que posso me recusar a participar deste estudo
ou que posso abandoná-lo a qualquer momento, sem precisar me justificar e sem
qualquer constrangimento.
Será garantido o anonimato quanto à minha participação e os dados obtidos serão
utilizados exclusivamente para fins de pesquisa pelo Instituto de Ensino e Pesquisa
da Santa casa de Misericórdia de Belo Horizonte.
Sei que não está previsto qualquer forma de remuneração e que todas as despesas
relacionadas com o estudo são de responsabilidade do Instituto de Ensino e
Pesquisa da Santa casa de Misericórdia de Belo Horizonte.
Esclareci todas as dúvidas e se, durante o andamento da pesquisa, novas dúvidas
surgirem, tenho total liberdade para esclarecê-las com o pesquisador principal
William Valadares Campos Pereira, que poderá ser encontrado no Instituto de
Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, na Rua.
Domingos Vieira 590, telefone (31) 8812-9851. Caso haja alguma dúvida sobre a
ética da pesquisa, poderei consultar o Comitê de Ética em Pesquisa no mesmo
endereço.
Compreendo também que os pesquisadores podem decidir sobre a minha exclusão
do estudo por razões científicas, sobre as quais serei devidamente informado.
Belo Horizonte____/____ / 20____.
Assinatura do voluntário: _______________________________________________
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