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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
ROBY WILL VENCATTO
INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DO YOGA NO PROCESSO DE
METILAÇÃO DO DNA. UM PROJETO PILOTO.
CAMPINAS
2019
ROBY WILL VENCATTO
INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DO YOGA NO PROCESSO DE
METILAÇÃO DO DNA. UM PROJETO PILOTO.
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual
de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de
Doutor em Ciências Médicas, Área de Concentração em Ciências Biomédicas.
ORIENTADORA: PROF.ª DRª. CARMEN SILVIA BERTUZZO
ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO
FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO ROBY
WILL VENCATTO, E ORIENTADO PELA PROFA.
DRA. CARMEN SILVIA BERTUZZO.
CAMPINAS
2019
COMISSÃO EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO
ROBY WILL VENCATTO
ORIENTADORA: PROF(A). DRA. CARMEN SILVIA BERTUZZO
MEMBROS:
1. PROF(A). DRA. CARMEN SILVIA BERTUZZO
2. PROF(A). DRA. ILÁRIA CRISTINA SGARDIOLI
3. PROF(A). DR. NELSON FILICE DE BARROS
4. PROF(A). DR. CHARLES DALCANALE TESSER
5. PROF(A). DRA. ELISETH RIBEIRO LEÃO
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no
SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da FCM.
Data de Defesa: 31/07/2019
AGRADECIMENTOS
Este trabalho contou com a coorientação voluntária da Profa. Dr
a. Pamela Siegel.
A Tudo e a Todos:
Agradeço aqui a todas as pessoas, situações e momentos que de alguma forma me ajudaram
neste trabalho, seja na orientação direta ou indiretamente, seja com um auxílio, dicas, e até
mesmo com um conselho que não relacionado à tese, mas conselho de vida, e que me fizeram
refletir.
Agradeço a todos que estiveram ligados e envolvidos com minha pessoa neste período de
doutorado, me fazendo refletir a cada novo dia, revendo erros e acertos e lutando/buscando
melhorar a cada dia, a cada minuto.
Concluo, que como ego, somos pequenos seres buscando sermos melhores, ser feliz, cada um
no seu tempo e dentro de suas circunstâncias. E é fato que juntos podemos fazer melhor. Um
trabalho dificilmente se faz sozinho, pois na verdade um trabalho é de todos, pois atrás de
cada Ser que de alguma forma contribuiu aqui, há algo em comum a todos. Sendo assim este
trabalho está representado não apenas por Roby, mas lá no fundo é nosso.
Agradeço a CAPES: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – Código de Financiamento
001.
Agradeço a Unicamp, a Faculdade de Ciências Médicas – FCM e ao Departamento de
Genética Médica e Medicina Genômica.
A todos, desejo do fundo do meu coração muita Luz e Sabedoria nesta breve
passagem chamada vida.
Muito prana a todos !! Gratidão !!
EPÍGRAFE
“Os sentidos são a raiz da consciência material. O indivíduo comum está mais
inclinado para o mundo e para as coisas materiais do que para as coisas espirituais, porque
os faróis de seus cinco sentidos – visão, audição, olfato, paladar e tato – estão direcionados
para o exterior, isto é, aos objetos e prazeres materiais. É por isso que tudo lá fora parece
lindo e agradável. Nunca se contempla o “mundo interior” a menos que os faróis se
invertam e se focalizem ali. Só quando aprender a não se deixar levar pela operação dos
sentidos é que você conseguirá desfrutar da consciência espiritual. Quando você se
interioriza, começa a perceber que há muito mais maravilhas no mundo interior do que no
exterior [...]. A consciência espiritual leva à percepção da sabedoria e da beleza que existem
por trás de todos os fenômenos materiais”.
Paramahansa Yogananda – O romance com Deus.
RESUMO
De acordo com a visão da Medicina Integrativa, pode-se trabalhar em diferentes níveis
da esfera do corpo humano e com diferentes abordagens terapêuticas que terão diferentes
níveis de atuação. O Yoga é um exemplo de uma abordagem que atua na esfera psicológica e
fisiológica simultaneamente e, consequentemente, pode atuar no nível epigenético. As células
do organismo humano respondem a diversos estímulos ambientais, causando modificações
epigenéticas e consequentemente obtém modificações na expressão e função gênica. Estudos
mostram que mudanças na metilação do DNA podem ocorrer em resposta a experiências
sociais que não envolvem exposição a produtos químicos, mas uma interpretação programada
desses experimentos. Yoga é uma prática mente-corpo e acredita-se ter efeitos benéficos na
saúde física e mental. Este estudo piloto procurou verificar se há diferença no padrão de
metilação global do DNA entre praticantes de Hatha Yoga e não praticantes. Foram incluídos
no estudo 40 indivíduos, sendo 20 professores de Hatha Yoga e 20 indivíduos controles. A
análise de metilação global do DNA de todos os participantes foi realizada usando o método
de imunoensaio enzimático (ELISA). Conforme observado houve uma diferença no padrão
geral de metilação global entre os grupos (p≤0,05), mostrando um valor aumentado de
metilação no grupo de professores de Yoga. Houve também diferenças significativas entre os
grupos nas variáveis estresse, ansiedade e qualidade de vida. O estudo mostrou que o Hatha
Yoga além de ser algo que traz muitos benefícios terapêuticos, possa estar atuando na esfera
epigenética do organismo humano. Estes achados possibilitam o direcionamento para outras
linhas de raciocínio dentro do Yoga e a ampliação para investigação com técnicas
laboratoriais mais específicas, se estendendo também para outras práticas mente-corpo.
Palavras-chave: metilação do DNA; yoga; medicina integrativa; prática mente-corpo.
ABSTRACT
According to the vision of Integrative Medicine, one can work in different levels of the sphere
of the human body and with different therapeutic visions that help to select the levels of
performance. Yoga is an example of an approach that is found in psychological and physical
psychology and, consequently, can act at the epigenetic level. The cells of the human body
respond to diverse environmental stimuli, causing epigenetic modifications and consequently
obtain modifications in the expression and gene function. Studies show that changes in DNA
methylation may occur in response to social experiments that do not involve exposure to
chemicals, but a programmed interpretation of these experiments. Yoga is a mind-body
practice and is believed to be beneficial in physical and mental health. This pilot study sought
to verify if there is difference in the global DNA methylation pattern between Hatha Yoga
practitioners and non-practitioners. The study enrolled 40 individuals, of which 20 were
Hatha Yoga teachers and 20 control subjects. The overall DNA methylation analysis of all
participants was performed using the enzyme immunoassay (ELISA) method. The result was
a difference in the overall pattern of methylation between groups (p≤0.05), showing a high
methylation value in the group of Yoga teachers. There were also significant differences
between the groups in the variables stress, anxiety and quality of life. The study showed that
Hatha Yoga other than something that has many therapeutic benefits may be acting in the
epigenetic sphere of human body. These findings make it possible to target other lines of
reasoning within Yoga and to extend them to research with more specific laboratory
techniques, applying them to other mind-body practices as well.
Keywords: DNA methylation; yoga; integrative medicine; mind-body therapies.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figuras:
Figura 1: Rotas e efeitos da Medicina Alternativa .................................................................. 15
Figura 2: Ilustração das possíveis rotas do mecanismo biológico das práticas mente-corpo . 17
Figura 3: Nadis (canais de energia) disposto no Ser Humano ................................................ 19
Figura 4: Formação da 5-mC pela a ação da enzima DNA metiltransferase ......................... 22
Figura 5: Metilação em ilhas CpG e não CpG ....................................................................... 22
Figura 6: Processo ativo e passivo de desmetilação da base citosina .................................... 23
Figura 7: Ilustração da técnica de Elisa indireta ..................................................................... 31
Gráficos:
Gráfico 1: Comparação da concentração de 5-mC global (metilação global) entre os grupos 1
e 2.....................................................................................................................36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Exemplo de quantidade/diluições dos reagentes, referente a 16 amostras. ............. 32
Tabela 2: Dados Genoma humano. ......................................................................................... 33
Tabela 3: Características da casuística. ................................................................................... 34
Tabela 4: Dados relativos aos professores de Hatha Yoga e seu contato com a prática ......... 35
Tabela 5: Aspectos externo ambientais ................................................................................... 35
Tabela 6: Resultado da análise do perfil de metilação global, pelo método de ELISA. ......... 36
Tabela 7: Resultados do perfil psicossocial. ........................................................................... 37
Tabela 8: Resultados do índice de ansiedade conforme escores. ............................................ 37
Tabela 9: Resultados do índice de depressão conforme escores. ............................................ 38
Tabela 10: Resumo das variáveis com valor de p significativo (p<0,05). .............................. 38
Tabela 11: Descrição da variável “Alimentação” quanto a sua categoria “outros” ................ 39
Tabela 12: Descrição da variável “Medicamento de rotina” quanto a sua categoria “sim”. ... 40
Tabela 13: Descrição da variável “Atividades mente-corpo extras” quanto a sua categoria
“várias práticas”. ....................................................................................................................... 41
Tabela 14: Descrição dos aspectos gerais de cada pergunta (faceta) englobada nos domínios
físico e meio ambiente. ............................................................................................................. 42
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
%: porcentagem
>: maior
µl: microlitro
5-mC: 5-metilcitosina
AID: Activation Induced Cytidine Deaminase
APOBEC: Apolipoprotein B mRNA Editing enzyme, Catalytic Polypeptide
CAAE: Certificado de apresentação para Apreciação Ética
CACNA1C: Calcium Voltage-gated Channel Subunit Alpha1 C
CEP: Comitê de Ética em Pesquisa
CH3: Grupo metil composto de carbono e três átomos de hidrogênio
CpG: C (cytosine); p (phosphate); G (guanine), bases citosina e guanina (CG) da sequências
de DNA, separadas por apenas um grupo fosfato.
CYC1: Cytochrome C1
DGMMG: Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica
DNA: Deoxyribonucleic Acid ( Ácido Desoxirribonucleico)
E.coli: Escherichia coli
EDTA: Ácido Etilenodiamino Tetra-acético
ELISA: Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ensaio de imunoabsorção enzimática)
FCM: Faculdade de Ciências Médicas
HCL: Ácido clorídrico
HIST1H2BC: Histone Cluster 1 H2B Family Member C (gene)
HPA: Hipotálamo-Hipófise-Adrenal
IMC: Índice de Massa Corporal
loci: locais
M: Molaridade
MADRS: Montgomery–Åsberg Depression Rating Scale
MAPK: Mitogen Activated Protein Kinases
N: Normalidade
n: número de indivíduos na pesquisa.
NCCIH: National Center for Complementary and Integrative Health
ºC: grau Celsius
p: valor-p (probabilidade de significância)
QV: Qualidade de vida
RNA: Ribonucleic Acid (Ácido Ribonucleico)
rpm: rotação por minuto
SPSS: Statistical Package for the Social Sciences
SUS: Sistema Único de Saúde
Thy: Thymine (Timina: base nitrogenada da cadeia de DNA)
TNF-α: Tumor Necrosis Factor alfa (gene fator de necrose tumoral)
Tris: Cloridrato de tris (hidroximetil) - aminometano
TSS1500: Transcription Start Sites 1500
TSS200: Transcription Start Sites 200
WHOQOL-Bref: World Health Organization Quality of Life
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14
1.1 Yoga e mente-corpo ....................................................................................................... 15
1.1.1 Aspecto sutil do Yoga .......................................................................................... 18
1.2 Relações terapias mente-corpo, genética e epigenética. ................................................. 20
2. JUSTIFICATIVAS ......................................................................................................... 25
3. OBJETIVOS ................................................................................................................... 26
4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 27
4.1 Aspectos gerais .......................................................................................................... 27
4.1.1 Seleção dos participantes ...................................................................................... 27
4.1.2 Recrutamento dos participantes ............................................................................ 28
4.2 Análises laboratoriais - aspectos gerais e obtenção do DNA genômico. .................. 29
4.2.1 Método para análise de metilação ........................................................................ 30
4.3 Análise estatística ...................................................................................................... 33
5. RESULTADOS ............................................................................................................... 34
6. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 43
7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 56
8. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 57
9. APÊNDICE ..................................................................................................................... 63
9.1 Apêndice 1 - Questionário ........................................................................................ 63
10. ANEXOS .......................................................................................................................... 66
10.1 Anexo 1 – Parecer consubstanciado .......................................................................... 66
10.2 Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......................................... 77
10.3 Anexo 3 – Escala de Hamilton .................................................................................. 80
10.4 Anexo 4 – Escala de Montgomery e Asberg ............................................................. 81
10.5 Anexo 5 – Escala de Estresse Percebido ................................................................... 82
10.6 Anexo 6 – Escala WHOQOL-Bref ............................................................................ 83
14
1. INTRODUÇÃO
A medicina convencional ou biomédica considera o corpo por suas partes
individuais, como os órgãos, tecido, células e moléculas; e que a mente é algo separado do
mesmo, sendo assim, a medicina convencional difere da medicina holística por possuir uma
filosofia oposta (1).
O destaque da medicina convencional é na atenção aguda e cirúrgica, entretanto
há uma grande ênfase no uso crônico de drogas. O que se está esquecendo é que o corpo
humano possui uma sabedoria e inteligência inatas, ele tem um conhecimento de como
crescer, curar, regenerar, equilibrar e recuperar a homeostase. Desta forma está havendo uma
crescente tendência de profissionais da saúde de se envolverem com filosofias médicas fora
do padrão e que são normalmente associadas às práticas médicas convencionais (2).
O National Center for Complementary and Integrative Health - NCCIH tem
estruturado pesquisas nesta área e reconhece três tipos de práticas de Medicina Alternativa e
Complementar, são estas: uso de produtos naturais, outras abordagens complementares em
saúde (inclui nesta categoria práticas de Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Ayurveda,
Naturopatia e Homeopatia) e práticas de mente-corpo, cujo esta última inclui-se o Yoga,
Manipulação Osteopática e Quiropraxia, Meditação, Massagem Terapêutica, Acupuntura,
Técnicas de Relaxamento, Tai Chi, Qi Gong, toque de cura, hipnoterapia e terapias de
movimento (2, 3).
Uma nova abordagem instituída pelo NCCIH conhecida como Medicina
Integrativa busca aproximar as práticas de Medicina Convencional com Medicina Alternativa
e Complementar, buscando desta forma entender o conjunto de circunstâncias únicas do
paciente, analisando amplamente as influências físicas, psicológicas, sociais, ambientais e
espirituais. De acordo com a visão da Medicina Integrativa (Figura 1) pode-se trabalhar em
diferentes níveis da esfera do corpo e com diferentes abordagens terapêuticas que terão
diferentes níveis de atuação. Conforme os autores, o Yoga é um exemplo de uma abordagem
que atua na esfera psicológica e fisiológica simultaneamente e conseguinte pode atuar no
nível epigenético (2).
15
Figura 1: Rotas e efeitos da Medicina Alternativa (2).
Legenda: Routes for alternative medicine (Rotas da medicina alternativa); Psychological (Psicológico); Physiological (Fisiológico); Cellular biochemistry (Bioquímica celular); Epigenetics (Epigenética); Effects of alternative medicine (Efeitos da medicina alternativa).
1.1 Yoga e mente-corpo
Yoga é uma prática de tradição milenar Hindu, havendo muitas definições e
diferenças no oriente e ocidente. No segundo século antes de Cristo, Patanjali fez uma
estruturação no Yoga Sutras, elaborando os passos éticos: 1) yama, as moralidades: não
violência, não roubar, veracidade, não perversão do sexo e inveja; 2) niyama, regras de vida:
pureza, harmonia, serenidade, contentamento e estudo; 3) asanas, posturas (corpo); 4)
pranayama, controle da respiração; 5) pratyahara, controle sensorial; 6)dharana, concentração;
7) dhyana, meditação e 8) samadhi, identificação acima de si mesmo (além do ego) (4).
O Yoga surgiu como prática física e espiritual, que tem como objetivo unir mente,
corpo e espírito. Através do Yoga a mente pode ser treinada levando ao controle desta. Os
praticantes de Yoga dizem que ele pode diminuir e eventualmente prevenir o acumulo de
emoções reprimidas na mente, entretanto o processo é gradual exigindo continuidade para que
os efeitos sejam duradouros (5).
Milhões de pessoas têm praticado Yoga e no Brasil esta prática foi introduzida em
1940 por Caio Miranda no Rio de Janeiro. Em 2011, através do Programa da Academia de
Saúde, o Yoga foi incluído no Sistema Único de Saúde (SUS) (4). O predomínio atualmente é
16
do Hatha Yoga que está mais associado às posturas corporais (asanas) e que apresenta muitas
nuanças e estilos. Geralmente a prática é simplesmente utilizada como opção terapêutica, não
explorando seu aspecto de produção de autoconhecimento e instigando hábitos saudáveis (6).
Yoga é uma prática mente-corpo e acredita-se que ela possui efeitos benéficos na
saúde tanto física quanto mental, de acordo com pesquisas realizadas nas últimas décadas,
sugerindo que o Yoga tem benefícios sobre o estresse, ansiedade, sintomas depressivos, dor e
aspectos funcionais físicos (7).
A prática do Yoga em sua essência foi concebida com intuito de aumentar os
poderes vitais. Com isso, posteriormente, o Hatha Yoga veio inserir práticas para controlar os
efeitos impactantes da natureza e conseguinte desenvolver e aperfeiçoar este aspecto essencial
do Yoga. Hatha Pradipika, Gheranda Samhita, Goraksha Shataka e Shiva Samhita são os
textos mais conhecidos do Hatha Yoga sendo posteriores aos Yogasutras de Patanjali (8)
Estudos verificando os benefícios da prática de Hatha Yoga demonstraram
resultados significativos na redução do estresse percebido e alterações psicofisiológicas
positivas em mulheres de meia idade e pós-menopausadas, respectivamente, e melhorias no
bem-estar mental e emocional em idosos, além dos níveis de estresse e exaustão (9-11).
Efeitos positivos mostrando resultados estatística e clinicamente significativos
foram encontrados em um estudo recente, que avaliou indivíduos adultos com depressão
maior leve à moderada e que após receberem uma intervenção de prática de Hatha Yoga
mostraram redução na gravidade da depressão (12). Entretanto existe um interesse crescente
na busca dos efeitos da prática do Yoga sobre os processos fisiológicos que podem estar na
base dos efeitos sobre a saúde (7).
Não apenas o Yoga como também outras práticas mente-corpo, geram muitas
especulações quanto ao seu mecanismo de ação. Acredita-se que o mecanismo biológico
influenciado pelas práticas mente-corpo segue duas rotas, conforme explicado a seguir (figura
2):
17
Figura 2: Ilustração das possíveis rotas do mecanismo biológico das práticas mente-corpo (13).
Rota de cima para baixo (top down): Neste caso são as práticas que possuem uma
ação a nível cognitivo, foco de atenção, intenção e estado afetivo. As regiões de atuação são
no cérebro, incluindo córtex orbitofrontal e cingulado anterior, amígdala, hipocampo e córtex
somatossensorial. Devido a alterações cerebrais os praticantes possuem diversas experiências,
podendo citar algumas como redução do estresse psicológico e excitação, mudanças ligadas
ao aumento do parassimpático e diminuição do tônus do sistema nervoso autônomo
simpático, diminuição de citocinas inflamatórias em leucócitos da circulação, sensibilidade
aumentada aos hormônios glicocorticoides tal como cortisol, produzido via eixo HPA
(Hipotálamo-Hipófise-Adrenal). Reduções no eixo HPA e sistema nervoso autônomo
simpático têm alguns efeitos em nível de jusante (“downstream”) como variabilidade da
frequência cardíaca aumentada, modulação - em órgãos linfoides secundários - da função
imunitária e inflamação, alterações na motilidade intestinal e atividade microbiana. Deve-se
ressaltar que o sistema imunológico e a microbioma do intestino geram um efeito retroativo
(feedback) no cérebro, podendo influenciar no comportamento e humor.
Rota de baixo para cima (botton up): envolve práticas que possuem um trabalho
relacionado ao controle respiratório e práticas físicas. Estas podem exercer influência a nível
18
musculoesquelético e aumento do débito cardiovascular, que também possuem um efeito na
jusante (“downstream”) sobre a atividade do eixo HPA, balanceamento sistema
simpático/parassimpático, funções imunológicas e humor.
Estas rotas fornecem um possível entendimento de como as práticas mente-corpo
podem estar impactando positivamente na saúde (13).
Conforme Singh e colaboradores (2015), a plasticidade neural - fenômeno de
grande descoberta, pois fornece compreensão sobre a ciência da reabilitação neurológica -
pode ser um dos mecanismos de atuação da pratica do Yoga, devido aos movimentos motores
e experiências sensoriais advindos da prática, levando a modificações estruturais e funcionais
no cérebro (14).
1.1.1 Aspecto sutil do Yoga
Para o Yoga, ao fazer referencia ao Ser Humano, não se refere apenas ao corpo
físico, e sim ao conjunto de três corpos (causal, astral (sútil) e físico) constituídos de
densidades variadas, de elementos grosseiros até as camadas mais sutis da mente. Atrás desses
corpos reside o verdadeiro Eu, que se encontra além de toda manifestação física e mental (15).
Em nível sutil o Hatha Yoga é embasado no sistema de que as correntes de prana
(energia vital) fluem pelo corpo humano através de canais denominados nadis e dessa forma
influenciam determinando o modo de sentir, pensar e atuar. De acordo com os escritos
tradicionais, há 72 mil nadis (figura 3) que estão todos interligados (8).
Em algumas regiões do corpo humano, estes nadis formam plexos, conhecidos
como chakras. Há sete principais chakras: Muladhara (localizado no períneo); Svadisthana
(região púbica); Manipura (região do umbigo); Anahata (região cardíaca), Vishuddha (na
região da garganta); Ajna (centro da testa) (8) e Sahasrara (topo da cabeça – alguns não
consideram por se localizar fora do corpo) (8, 15).
19
Figura 3: Nadis (canais de energia) disposto no Ser Humano (16).
Os distúrbios do corpo e da mente estão ligados ao mau funcionamento do fluxo
de prana nestes canais. No nível sutil os chakras estão associados com tendências psíquicas,
emoções e formas não sensitivas de percepção e consciência; já em nível físico controlam o
funcionamento fisiológico (8).
O prana atua no nível físico, mental e espiritual. No nível físico tem
potencialidade de curar enfermidades, pois este nível depende de prana para exercer suas
atividades. Também tem capacidade de influir sobre a mente, e esta sobre ele, pois está
associada. No nível espiritual, age estabilizando a mente com objetivo de alcançar a
autorrealização (8).
A mente tem seu próprio canal chamado chitta nadi. Através do fluxo de chita
nadi todos os humanos experimentam o fluxo da mente, do pensamento e da consciência. A
mente exterior, às emoções, os impulsos de vida, são originados através do fluxo externo de
energia, de chitta nadi, denominado manas. Já quando este fluxo é interno, dá origem a mente
interior e a intuição, denominada buddhi ou inteligência interior. A mente humana comum,
20
possui o fluxo de chitta nadi fragmentado, pelo fato da distração, se movendo em várias
direções (15).
Chitta nadi é o fluxo do prana original (da alma) e da mente. Quando a mente se
move (chitta spanda) consequentemente há reflexo no movimento do prana (prana-spanda),
ou seja, todo funcionamento do canal é governado por chitta nadi. Ele não governa apenas o
fluxo do pensamento e sim todo fluxo de prana (energia) que dele deriva (15).
Quando ocorre um fluxo interno de chitta nadi há purificação e energização de
todos os outros nadis, consequentemente levando à abertura dos chakras e seus potenciais. O
fluxo de chitta nadi é baseado no desejo, fazendo com que este flua para fora, porém, o
desapego permite que flua para dentro. Entretanto, o desejo mais forte é o sexual, possuindo
atração para fora desse canal. Chitta nadi quando flui para fora, a energia é direcionada para o
mundo externo, onde é eventualmente perdida. A energia quando vai fluindo para dentro é
direcionada para uma transformação interna (15).
O Hatha Yoga, portanto, se ocupa desta tarefa de fazer com que o fluxo destas
correntes prânicas sejam reguladas e surja um funcionamento adequado. Através de kryas,
asanas, pranayamas, técnicas de concentração e meditação, o Hatha Yoga procura preparar o
indivíduo para atingir um estado de consciência elevado, que produz felicidade (8).
1.2 Relações terapias mente-corpo, genética e epigenética.
De acordo com a literatura, fatores ambientais podem afetar na ativação e
desativação dos genes, dentre estes, os fatores físicos, químicos e atualmente fatores mentais
estão sendo considerados. Em um estudo realizado por Takimoto e colaboradores (2012)(1)
foi demonstrado que agentes estressores como, por exemplo, ansiedade, medo, raiva,
ressentimento e choque evidenciaram uma expressão gênica desfavorável.
Além disso, demonstrou-se nesta revisão, que a “Resposta de Relaxamento”, que
é uma prática mente-corpo, provoca alterações na expressão de genes e que pode aliviar o
impacto deletério do estresse psicológico crônico nos processos celulares (1).
Deve se ressaltar que muitas moléculas funcionais do corpo, estão envolvidas na
comunicação mente-corpo entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico, bem como o
hipotálamo; e o desafio maior é encontrar evidências empíricas que revelem esta comunicação
subjacente. Isto será de extrema contribuição, pois evidenciará a contribuição da mente para a
21
saúde e bem estar, dos pensamentos e emoções e o desenvolver da capacidade do potencial
humano (1).
Ren et al (2012) (17) analisaram a metilação de DNA de alguns genes em
praticantes de Tai chi, forneceu evidências de que esta prática – também conhecida como uma
abordagem mente-corpo - pode estar associada a mudanças epigenéticas benéficas. A
capacidade de medir tais alterações a nível molecular possibilita assim, conceber novas e
objetivas abordagens que podem ser utilizadas para delinear os mecanismos biológicos e as
eficiências de saúde e terapêutica do Tai chi, e isso, pode se estender a outras abordagens de
medicina alternativa, como Acupuntura, Fitoterapia, Meditação, Qigong, Reiki, Shiatsu e
Yoga (17).
A epigenética estuda as mudanças hereditárias e estáveis que afetam a expressão
de genes, mas que não estão ligadas diretamente à sequência do DNA. Dentre estas alterações
dos mecanismos epigenéticos incluem: metilação do DNA, mudanças na conformação da
cromatina e proteínas, e processos de silenciamento de genes associados ao RNA (18).
Devido às mudanças epigenéticas, as células do organismo respondem a estímulos
diversos (internos e externos), para assim conseguirem modificações na expressão e função
gênica. Estudos vêm demostrando que um dos mecanismos epigenéticos, a metilação do
DNA, é muito variável em um indivíduo e em tecidos distintos e que estas podem ser
modificadas por exercícios, estímulos ambientais (exposição solar, amianto, arsênico e
tabaco) e podem diminuir com a idade (17).
A metilação de DNA é uma ligação covalente em que um grupo metil (CH3) é
adicionado no carbono 5 de uma base citosina, cuja modificação é catalisada pela enzima
metiltransferase (19) e esta conformação de citosina com o grupo metil é chamada 5-
metilcitosina 5-mC (figura 4) (20). Trata-se de um evento de regulação que ocorre em nível
de transcrição. Sua função primordial é a supressão da expressão gênica, sendo esta última
associada diretamente à RNA polimerase e fatores de transcrição que se juntam a elementos
de regulação como as regiões promotoras e potenciadores (20).
22
Figura 4: Formação da 5-mC pela a ação da enzima DNA metiltransferase (20).
Legenda: Cytosine (citosina). Me (grupo metil ligado ao carbono 5). 5-methylcytosine (5-
metilcitosina)
A metilação de DNA geralmente ocorre em regiões onde possui uma citosina
seguida de uma base de guanina, estas são conhecidas como metilação CpG (comumente
chamadas ilhas CpG). Entretanto é possível encontrar citosinas metiladas em locais de
sequencias diferentes das CpG, e neste caso são ditas com não CpG e estas podem ser
seguidas de uma base de adenina, timina ou outra citosina (figura 5) (20).
Figura 5: Metilação em ilhas CpG e não CpG (20).
Legenda: CpG methylation (metilação em região CpG). Non-CpG methylation (metilação em
região não CpG). Me (grupo metil ligado a citosina). A,T, C e G (bases nitrogenadas da cadeia de
DNA.
O processo de metilação pode sofrer desmetilação, sendo de forma passiva no
momento da replicação e no caso não havendo uma metilação de novo, o 5-mC é “diluído”.
Porém pode haver o processo de desmetilação de forma ativa que no caso implica em
desaminação ou oxidação da citosina (figura 6) (20).
23
Figura 6: Processo ativo e passivo de desmetilação da base citosina (20).
Legenda: Passive process (processo passivo por meio de diluição sem metilação de novo). Active
process (processo ativo por meio de desaminação ou oxidação). Tet 1, 2 e 3 (proteínas Tem-Eleven-
Translocation). 5-mC (5-metilcitosina). Thy (base timina). 5-hmC (5-hidroximetilcitosina). 5-hmU (5-
hidroximetiluracila). 5-fC (5-formilcitosina). 5-caC (5-carbocilcitosina). Cytosine (base citosina). Base
excision repair (reparo de excisão de base). Me (grupo metil ligado ao carbono 5). AID - Activation
Induced Cytidine Deaminase (enzima Citidina desaminase induzida por ativação). APOBEC-
Apolipoprotein B mRNA Editing enzyme, Catalytic Polypeptide (enzima que converte citosina em
uracila por processo de desaminação).
Os níveis de 5-metilcitosina (5-mC), em geral, são estáveis ao longo dos tecidos
adultos, sendo metiladas aproximadamente 5% de todas as citocinas (21).
Mudanças na metilação do DNA podem ocorrer em resposta a experiências
sociais que não envolvem exposição a substâncias químicas, mas uma interpretação
programada dessas experiências. Alterações nos padrões de metilação podem ocorrer após o
nascimento em resposta a determinantes sociais, sugerindo que a metilação do DNA é
reversível, e em resposta ao meio ambiente, pode funcionar como um verdadeiro sinal
fisiológico (22).
Um estudo realizado por Kuo e colaboradores (2015)(23), analisou frente à
intervenção mente-corpo a “Resposta de Relaxamento” em pacientes com Síndrome do
Intestino Irritável e Doença Inflamatória Intestinal. Através da análise de rede de interação
genética foram verificadas algumas vias metabólicas e conseguintes alguns genes de interesse.
As mudanças de expressão gênica foram significativamente diferentes entre as patologias
estudadas, entretanto algumas mudanças foram comuns como de genes MAPK, P38 MAPK,
MAPK8 depois da prática mente-corpo utilizada, sustentando a ideia de que tal prática
neutralizou efeitos de estresse através da mudança na expressão de genes relacionados a este
(23).
24
A via MAPK tem importante função na transdução de sinal extracelular devido a
respostas celulares. Uma gama de estímulos celulares é analisada por esta via que,
retransmite, amplifica e integra sinais provocando uma resposta fisiológica adequada na
célula como: proliferação, diferenciação, desenvolvimento, apoptose e respostas inflamatórias
(24).
Outro estudo abordando a Resposta de Relaxamento obteve resultados através da
análise interativa de rede de alguns genes focos - com padrões de alta regulação associados à
Resposta de Relaxamento em longo prazo - relacionados com papel crítico na manutenção e
estabilidade do telômero, são estes: HIST1H2BC (gene que codifica uma proteína importante
no nucleossomo e é essencial na regulação transcricional, reparo e replicação do DNA, e
estabilidade cromossômica), CACNA1C (codifica uma proteína de canal de cálcio) e CYC1
(gene importante da respiração e da energia mitocondrial, podendo fornecer uma visão sobre
o papel da Resposto de Relaxamento na eficiência energética mitocondrial) (25).
Uma revisão realizada por Niles et al (2014), analisou estudos que abordam
práticas mente-corpo associadas aos mecanismos da genética. Apesar de focarem o campo do
transcriptoma (expressão genética), observa-se que, de 15 estudos revisados, apenas um
abordou a prática do Yoga, especificamente Iyengar Yoga1, sendo que em relação ao método
de Hatha Yoga não houve estudos (27).
Com base nestes achados, busca-se integrar conhecimentos de abordagem
epigenética com uma prática mente-corpo milenar de raiz oriental, o Hatha Yoga.
1 Iyengar Yoga e o chamado Ashtanga Yoga de Pattabhi Jois, são focados nas posturas yóguicas (asanas) e na
respiração yóguica (pranayama) sendo considerados Yoga Postural Moderno (MPY). Iyengar foi fundado por B.K.S sendo
considerada a escola mais influente desta modalidade privilegiando as posturas físicas. De Michelis, em sua observação
daquilo que ela categorizou de Yoga Postural Moderno, classificação que envolve os estilos de yoga corporais, realizados em
forma de sequências coreografadas, conclui que o yoga é um modelo de ritual de cura secular, cujas teorias e práticas
favoreceriam diferentes explanações da práxis, moldando-a às sociedades multiculturais e interreligiosas. (26).
25
2. JUSTIFICATIVAS
O cenário de medos que o ser humano vive no seu cotidiano, com sensações que
lhe afetam de algum modo, reflete no seu corpo físico gerando complicações. Apesar de ser
algo abstrato, os pensamentos (mente) - que são energia - tem seu papel na constituição do ser
humano como um todo. O que se pensa, o que se sente, é de alguma forma refletido no corpo
físico através de modificações químicas, que nada mais são que moléculas feitas de átomos,
que são energia condensada. Isso é algo que intriga os cientistas de orientação materialista,
pois como algo “não material” possuiria influência na matéria? Porém o campo da ciência é
vasto e levando-se em conta a complexidade da constituição do ser humano, muito se tem a
investigar acerca destas questões. Tomando como ponto de partida os aspectos da mente
refletidos no corpo, buscam-se atualmente na ciência ocidental respostas que esclareçam esta
ligação mente-corpo. Para a ciência oriental este aspecto já tem sido alvo de grande
especulação há milênios. Entretanto, na cultura ocidental marcada pelo viés do conhecimento
cartesiano, estes enigmas precisam ser colocados à prova em testes empíricos. Com isso,
atualmente, pesquisas que analisam a influência da mente sobre o corpo através de técnicas
específicas mente-corpo estão cada vez mais sendo estudadas e analisadas. Estudos neste
campo estão sendo feitos na área da genética e através da epigenética podemos lançar
hipóteses tais como a que diz que “algo” externo ao corpo físico pode influenciá-lo, sendo a
mente humana o veículo de ligação. Os estudos que abordam técnicas mente-corpo
relacionando-as com genética, estão ainda muito focados na expressão de genes e pouco
focados no epigenoma. Dentro deste contexto, este trabalho busca realizar uma investigação
desta nova área, através da epigenética (metilação de DNA) e contribuir no campo na
medicina integrativa. Ressalta-se que este trabalho aborda um campo novo de atuação.
26
3. OBJETIVOS
O objetivo geral: lançar olhares e contribuir para o campo da medicina
integrativa, buscando verificar se a prática de Hatha Yoga (prática mente-corpo) influencia no
processo de metilação global do DNA, buscando evidências de um possível mecanismo
fisiológico – a nível molecular – subjacente, resultante devido a tal prática.
Objetivos específicos:
Verificar se há diferenças nos padrões de metilação global em praticantes de
Hatha Yoga (professores) e em um grupo controle de não praticantes.
Verificar possíveis associações entre os grupos, dos índices de ansiedade,
estresse, depressão e qualidade de vida, e outras variáveis clínicas, como
possíveis gatilhos na mudança de comportamento e conseguinte influência
biológica/molecular.
27
4. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Faculdade de Ciências Médicas – FCM, sob o parecer consubstanciado número: CAAE:
69764417.0.0000.5404 (anexo 1). Foram incluídos neste estudo 40 indivíduos e todos os
participantes da pesquisa concordaram com o estudo e assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (anexo 2).
4.1 Aspectos gerais
4.1.1 Seleção dos participantes
Trata-se de um estudo observacional comparativo transversal piloto, onde foram
recrutados:
Grupo1: 20 indivíduos que praticam Hatha Yoga (professores);
Grupo2: 20 indivíduos que não praticam Hatha Yoga, sendo este o grupo controle.
A seleção dos participantes seguiu-se conforme os seguintes critérios:
Critérios de inclusão:
Grupo 1 (Yoga): professores de Hatha Yoga, em atividade, com experiência
acima de 3 anos2.
Grupo 2 (Controle): não praticar Hatha Yoga ou outra modalidade de Yoga.
Idade acima de 18 anos, para ambos os grupos.
2 Cursos acadêmicos de formação em Yoga podem abranger duas esferas: (i) os de extensão com carga horária
mínima de 30 horas, (ii) curso de especialização presencial com carga horária mínima de 360h, porém, com a exigência de
possuir diplomação universitária (26). Conforme um estudo de revisão sistemática onde houve aplicação de Yoga em pessoas
acometidas por diabete, indicou que esta prática terapêutica é benéfica, sendo observado nos trabalhos, que a duração das
intervenções realizadas com Yoga variou entre 8 e 360 dias, percebendo predominância de 30 a 45 dias e 90 a 120 dias. Foi
observado também, que nos estudos houve uma concentração no numero de sessões que vão de 20 a 24 e 32 a 45 sessões
(28). Com base nestas informações citadas, foi escolhido como corte, o referido tempo, pois é um período que evidencia uma
experiência básica trazida pela formação dos professores e conforme verificado no estudo de revisão, a prática realizada com
intervenção, ou seja, não praticantes de Yoga, pode surtir efeitos em um espaço curto de tempo.
28
Critérios de exclusão:
Os critérios são aplicados para os dois grupos.
Possuir alguma doença aguda.
Praticantes diários (regulares) de múltiplas atividades físicas intensas como,
por exemplo, musculação, corrida, ginástica e de outras técnicas mente-corpo e
demais atividades relacionadas ao bem estar.
Estar participando regularmente de alguma abordagem terapêutica
(tratamento), que envolve fatores mentais e energéticos.
4.1.2 Recrutamento dos participantes
A seleção dos voluntários seguiu-se primeiramente com o Grupo 1, os professores
de Hatha Yoga, pois para a obtenção do Grupo 2 (Controle) houve a necessidade de equiparar
o máximo possível algumas características, tais como sexo, idade, hábitos alimentares e
fatores extrínsecos em comuns. As etapas de seleção foram da seguinte forma:
I. Entrou-se em contato com algumas escolas de Hatha Yoga da cidade de
Campinas no período de 08/2017 há 12/2017 e verificado o interesse dos
professores em participar na pesquisa.
II. Após o indicativo de interesse, foram observados os critérios de inclusão e
exclusão.
III. Após inclusão na pesquisa, foi verificado quanto à disponibilidade do
participante selecionado, em comparecer até a instituição conforme datas e
horários disponibilizados no Laboratório de Genética Molecular, para a coleta
de dados e amostra biológica.
O início das participações começou no período de 12/2017 e na sequência os
próprios professores foram indicando colegas e amigos de trabalho (professores de Yoga)
contribuindo para o recrutamento da casuística proposta. Foram incluídos professores da
cidade de Campinas e região, além da cidade de Ribeirão Preto.
Para a obtenção do Grupo 2 (Controle), foram inicialmente contatados alguns
voluntários da Faculdade de Ciências Médicas e na sequência foi realizado a divulgação por
29
meio de mídia jornalística no site da instituição. Foram aplicados os critérios estabelecidos e
assim verificado a possibilidade de participação. Procedeu-se da mesma forma que com os
voluntários do Grupo 1 (Yoga), sendo que o último participante para o fechamento da
casuística proposta foi em 06/2019.
Para a obtenção dos índices de ansiedade, depressão, estresse e qualidade de vida,
foram aplicadas as escalas de: Hamilton, Montgomery e Asberg, estresse percebido e
WHOQOL_Bref (anexos 3, 4, 5 e 6 respectivamente), graciosamente cedidas pelo professor
Dr. Paulo Dalgalarrondo do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria (FCM-
UNICAMP). Um questionário (apêndice 1), desenvolvido neste estudo, também foi repassado
por e-mail, no qual foram obtidos os dados demográficos e informações pertinentes para este
estudo, podendo assim, conhecer um pouco mais sobre cada participante.
4.2 Análises laboratoriais - aspectos gerais e obtenção do DNA
genômico.
As amostras de sangue periférico foram coletadas no Laboratório de Genética
Molecular (Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica- DGMMG/ FCM),
sendo que o volume total foi de aproximadamente 12 ml, colhidos em tubos contendo
anticoagulante EDTA (Ácido Etilenodiamino Tetra-acético), adotando todas as medidas e
cuidados de biossegurança.
Após a coleta as amostras foram registradas no banco de dados do laboratório, em
que foi atribuído um código, para que assim evite identificá-las nominalmente, preservando o
sigilo. Foi estabelecido também um código alfanumérico inerente ao projeto para facilitação
da pesquisa. Após registro, as amostras foram armazenadas em local próprio.
Na sequência foi realizada a extração do DNA genômico, sendo efetuada pelo
método de cloreto de lítio conforme protocolo: (i) Centrifugação dos tubos de sangue por 10
minutos a 2500 rpm. Após foi retirado o plasma e descartado. (ii) Acrescentado 500 µl de
sangue em tubo (de 1,5ml) contendo 1000 µl de solução de lise celular (composição:
Sacarose, Tris-HCL 2M, Cloreto de magnésio 1M, Triton 100x-1%, água deionizada)
homogeneizado por 1 minuto e centrifugado por 10 minutos a 8000 rpm. (iii) Na sequencia
foi descartado o sobrenadante e adicionado mais 1000 µl de solução de lise celular,
30
homogeneizando por 30 segundos e repetindo a centrifugação por mais 10 minutos a 8000
rpm. (Esta etapa (iii) pode ser repetida conforme necessidade). (iv) Foi adicionado 395 µl de
solução de digestão e 5 µl de proteinase-K [20mg/ml], homogeneizado e colocado em banho
maria a 56ºC por 2 horas ( homogeneizando após 1 hora ). (v) Após o período no banho
maria as amotras foram retiradas e adicionado 200 µl de solução de cloreto de lítio (0,5N),
homogeneizado levemente e levado para freezer -20ºC por um período de 7 dias. (vi) Depois
da etapa de freezer, as amostras foram centrifugadas a 8000 rpm por 10 minutos. Foi retirado
o sobrenadante e colocado em novo tubo (1,5ml) já identificado e acrescentado 1000 µl de
álcool etílico absoluto, realizando homogeneização por inversão e na sequencia deixando de
um dia para o outro no freezer a -20ºC. (vii) Foi retirado do freezer e centrifugado a 13000
rpm por 5 minutos, desprezando o álcool na sequência. (viii) Acrescentado 1000 µl de álcool
70% e centrifugado por 5 minutos a 13000 rpm, após desprezar o álcool os tubos foram
secados em temperatura ambiente (nesta etapa quando necessário foi utilizado estufa 37ºC
para agilizar o processo). (ix) Foi adicionado água ultrapurificada nos tubos conforme a
quantidade de DNA visualizada e levadas para o banho maria na temperatura de 56ºC por 10
minutos e conseguinte foi deixado as amostras em eluição em temperatura ambiente na
bancada, para após este processo serem armazenadas em freezer -20ºC. O método de extração
por fenol-clorofórmio (29) foi utilizado também em duas amostras, como medida de
segurança, caso a quantidade obtida pelo método de primeira escolha não fosse suficiente para
à análise, pois tratava-se de participantes de difícil contato imediato para uma nova coleta.
As amostras extraídas foram armazenadas em freezer -20ºC no biorrepositório do
Laboratório de Genética Molecular (DGMMG/ FCM), sob a responsabilidade da Profa. Dr
a.
Carmen Silvia Bertuzzo.
4.2.1 Método para análise de metilação
O método de escolha para verificar o perfil de metilação total foi o 5-mC DNA
ELISA Kit (Zymo Research, Inc. Irvine, CA- USA). Este método tem um potencial de
detecção maior ou igual a 0,5% de citosinas metiladas. Trata-se de um método de Elisa
indireto, do qual possui um anticorpo monoclonal anti-5-metilciotosina que é específico e
sensível para a região 5-mC. (figura 7).
31
Figura 7: Ilustração da técnica de Elisa indireta (30).
Legenda: Single-stranded DNA (DNA fita simples). Secondary Antibody (Anticorpo secundário).
Anti-5-mC mAb (Anticorpo monoclonal anti-5-metilcitosina). Well Surface (Superfície do poço – da
placa).
Todos os ensaios foram realizados de acordo com o protocolo do fabricante
conforme se segue na sequência a descrição traduzida:
Protocolo do KIT.
“Este protocolo é otimizado para 100 ng de DNA por poço.
Amostras duplicadas são recomendadas para detecção e quantificação precisas de
5-mC.
Revestimento de DNA:
1. Remova o número necessário de tiras de poço para testar amostras de DNA e
controles.
2. Adicione 100 ng de cada DNA a um tubo de PCR e traga o volume final para 100 μl
com 5-mC Coating Buffer.
Exemplo: Se a concentração de DNA for 20 ng / μl, adicione 5 μl de DNA a 95 μl 5-
mC Coating Buffer para um volume final de 100 μl.
3. Desnaturar o DNA a 98°C por 5 minutos em um termociclador (observação: foi
usado da marca Eppendorf AG 22331, Hamburg, Germany). Depois da desnaturação,
transferir imediatamente para o gelo por 10 minutos.
4. Adicione o volume total (100 μl) de DNA desnaturado aos poços da placa, cubra
com papel alumínio e incube a 37 ºC por 1 hora.
32
Bloqueio:
1. Descarte o buffer dos poços.
2. Lave cada poço 3 vezes com 200 μl de tampão 5-mC Elisa Buffer. Descarte o buffer
depois de cada lavagem.
3. Adicione 200 μl de tampão 5-mC Elisa Buffer a cada poço. Cubra a placa com papel
alumínio e Incubar a 37 ºC durante 30 minutos.
Adição de anticorpos:
1. Descarte o buffer dos poços.
2. Preparar uma mistura de anticorpos
consistindo em Anti-5-Methylcytosine e
Secondary Antibody em tampão 5-mC Elisa Buffer de acordo com a seguinte tabela:
Tabela 1: Exemplo de quantidade/diluições dos reagentes, referente a 16 amostras.
Reagentes Diluição Volume (µl) Exemplo (18 poços)
5-mC ELISA Buffer - (# poços + 2)100 2,000 µl
Anti-5-Methylcytosine 1: 2,000 Volume de buffer /2,000 1 µl
Secondary Antibody 1: 1,000 Volume de buffer/1,000 2 µl
# número de poços da placa de reação.
3. Adicione 100 μl desta mistura de anticorpos a cada poço. Cubra a placa com papel
alumínio e incube a 37ºC por 1 hora.
Desenvolvimento de cor:
1. Descarte a mistura de anticorpos dos poços.
2. Lave cada poço 3 vezes com 200 μl de tampão 5-mC Elisa Buffer.
3. Adicione 100 μl de HRP Developer a cada poço. Permitir que a cor se desenvolva
entre 10 e 60 minutos à temperatura ambiente.
4. Medir a absorbância a 405-450 nm utilizando um leitor de placas ELISA.”
A absorbância foi verificada em leitor BioRad Model 680 Microplate Reader S/N
17323 em um filtro de 450nm.
Uma curva padrão foi gerada com as absorbâncias dos controles (de valores
conhecido de 5%, 10%, 25%, 50%, 75% e 100%). A amostra de valor 0% foi considerada
como branco da reação e seu valor foi subtraído na média obtida nas absorbâncias – realizadas
em duplicata - da amostra de cada participante.
33
Após a obtenção das porcentagens de 5-mC pela equação logaritmo neperiano, foi
efetuado o cálculo da porcentagem de metilação CpG e conseguinte o valor de metilação
Global 5-mC.
O cálculo procedeu conforme estabelecido pelo fabricante (30), sendo que a
porcentagem de 5-mC foi multiplicada pela diferença de densidade CpG entre E.coli (pois o
DNA usado para gerar a curva padrão, deriva deste organismo) e humanos. Conseguinte
multiplicou-se a porcentagem CpG pela quantidade de citosinas do genoma humano,
conforme dados na tabela abaixo:
Tabela 2: Dados Genoma humano (30).
Genoma humano (referência Human hg 19):
Genoma total [bp]: 3.137.161.264
Sítios CpG: 28.700.086
Total de citosinas: 585.012.752
Comprimento Genoma/CpG (densidade CpG):
0,00915
Diferença de densidade CpG (Ecoli/OOI): 8,167
Comprimento do genoma/Citosina: 0,186
4.3 Análise estatística
A análise estatística foi realizada pelo software SPSS (Statistical Package for the
Social Sciences) versão 23.0 (IBM, Armonk, New York, USA). Foram empregados os
seguintes testes para analise de associações entre os grupos: Teste T de Student (paramétrico),
Mann-Whitney (não paramétrico). Para as analises categóricas foi empregado os testes Qui-
Quadrado e Exato de Fisher.
34
5. RESULTADOS
Conforme tabela 3 segue-se a compilação dos dados demográficos e
características relevantes de cada grupo.
Tabela 3: Características da casuística.
Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value
Sexo
Feminino 14/20 (70%) 14/20 (70%) 1*
Masculino 6/20 (30%) 6/20 (30%)
Idade (anos) 46,70 10,43 46,85 12,14 0,967a
Menopausa (sim) 7/14 (50%) 8/14 (51,7%) 1**
Etnia
Branco 16/20 (80%) 16/20 (80%) 1*
Negro 1/20 (5%) 2/20 (10%)
Pardo 3/20 (15%) 2/20 (10%)
Índice de massa corpórea (Kg/m2) 22,72 (20,17 a 24,80) 25,41 (21,51 a 27,87) 0,052
b
Índice de massa corpóreo (grupo)
Baixo peso 2/20 (10%) 1/20 (5%) 0,097*
Normal 14/20 (70%) 8/20 (40%)
Sobrepeso 4/20 (20%) 9/20 (45%)
Obeso - 2/20 (10%)
Nível escolar
Médio ou superior incompleto 1/20 (5%) 6/20 (30%) 0,116*
Superior completo 14/20 (70%) 10/20 (50%)
Pós-graduação 5/20 (25%) 4/20 (20%)
Orientação religiosa
Católico (praticante e não praticante) 1/20 (5%) 8/20 (40%) 0,001* Cristão, cristianismo 3/20 (15%) -
Espiritualista, universalista, ecumênico 7/20 (35%) 2/20 (10%)
Evangélico - 2/20 (10%)
Espírita - 5/20 (25%)
Oriental 1/20 (5%) -
Agnóstico teísta 1/20 (5%) -
Nenhuma 7/20 (35%) 3/20 (15%) *,
análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. **, análise estatística realizada pelo teste Exato de Fisher. Todos
os dados estão apresentados pela frequência absoluta e pela frequência relativa. a, análise estatística realizada pelo teste
T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann-
Whitney, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p
significativo estão apresentados em negrito.
Com relação apenas aos professores de Hatha Yoga, foram levantados alguns
dados (tabela 4) inerentes da prática, como: tempo como professor e praticante de Yoga,
número de aulas ministradas na semana, se pratica além das aulas.
35
Tabela 4: Dados relativos aos professores de Hatha yoga e seu contato com a prática.
Variável Grupo 1 (Yoga) ( frequência % ou desvio padrão)
Prática de Yoga (além das aulas)c 19/20 (95%)
Tempo que pratica Yoga (anos)c 14,50 (10,25 a 19,75)
Tempo que ensina Yoga (meses)c 102 (39 a 144)
Aulas na semana (número)c 7,5 (4,25 a 11,75)
c, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05.
Na tabela 5 há o levantamento de alguns fatores externo (ambientais) que podem
estar associados a cada indivíduo (representado pelo grupo) e conseguinte possuírem alguma
influência impactante tanto a nível físico/molecular quanto mental/energético sutil.
Tabela 5: Aspectos externo ambientais
Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value
Fumante (sim) 2/20 (10%) 2/20 (10%) 1*
Uso de álcool (sim) 13/20 (65%) 14/20 (70%) 1**
Alimentação
Vegetariano/Vegano 9/20 (45%) 11/20 (55%) 0,015* Vários- sem restrição 3/20 (15%) 8/20 (40%)
Outros 8/20 (40%) 1/20 (5%)
Trauma emocional último ano (sim) 6/20 (30%) 4/20 (20%) 0,716*
Exame com imagem (últimos 12 meses) 13/20 (65%) 10/20 (50%) 0,523**
Contraste no exame (sim) 2/13 (15,4%) 1/10 (10%) 1*
Consumo água /caixa de amianto (sim) 1/20 (5%) 2/20 (10%) 1*
Problema de saúde crônico (sim) 3/20 (15%) 4/20 (20%) 1*
Medicamento de rotina (sim) 2/20 (10%) 10/20 (50%) 0,014*
Chá com intenção terapêutica (sim) 8/20 (40%) 8/20 (40%) 1**
Uso de plantas medicinais (sim) 7/20 (35%) 4/19 (21,1%) 0,480**
Atividade física regularmente (sim) 13/20 (65%) 10/20 (50%) 0,523**
Atividades mente corpo extras
Meditação/Técnicas relaxamento 10/20 (50%) 1/20 (5%) < 0,001*
Outras práticas 7/20 (35%) 1/20 (5%)
Não 3/20 (15%) 18/20 (90%) *,
análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. **, análise estatística realizada pelo teste Exato de Fisher. Todos
os dados estão apresentados pela frequência absoluta e pela frequência relativa. a, análise estatística realizada pelo teste
T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann-
Whitney, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p
significativo estão apresentados em negrito.
A análise de metilação global realizada para ambos grupos, mostrou-se com uma
diferença significativa conforme tabela 6. Os professores de Yoga (Grupo 1) evidenciaram um
padrão aumentado de metilação global quando comparados com o grupo de controle.
36
Tabela 6: Resultado da análise do perfil de metilação global, pelo método de ELISA.
Resultado Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value % metilação global DNA 7,12 1,03 6,35 1,19 0,035
a
a, análise estatística realizada pelo teste T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. Alpha
= 0,05. Dado com valor de p significativo está apresentado em negrito.
Na sequência, para uma melhor visualização das diferenças entre os grupos,
ilustram-se os resultados compilados na tabela anterior, em forma de gráfico.
Gráfico 1: Comparação da concentração de 5-mC global (metilação global) entre os grupos 1 e 2.
Na tabela 7 observa-se o levantamento de caracteres referente a fatores
psicossociais, questões como estresse, ansiedade, qualidade de vida, que afetam o ser humano.
Verifica-se que houve diferenças entre os grupos estudados. Os quatro primeiros
marcadores (variáveis) foram retirados do questionário que os próprios participantes
responderam em casa, ou seja, é a opinião deles frente ao estresse e ansiedade, como se
percebem. Já na sequência há os índices, que tiveram como base as escalas de avaliação já
com perguntas estabelecidas e seus resultados numéricos. Neste caso foram estabelecidas as
médias para comparação entre os grupos.
p < 0,05
37
Tabela 7: Resultados do perfil psicossocial.
Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value
Avaliação por relato em questionário (apêndice 5)
Se considera estressado (sim) 3/20 (15%) 13/20 (65%) 0,003*
Nível de estresse relatado
Pouco 1/3 (33,3%) 6/13 (46,2%) 1*
Médio 2/3 (66,7%) 6/13 (46,2%)
Muito - 1/13 (7,7%)
Se considera ansioso (sim) 7/20 (35%) 17/20 (85%) 0,003*
Nível de ansiedade relatado
Pouco 5/7 (71,4%) 6/17 (35,3%) 0,324*
Médio 2/7 (28,6%) 10/17 (58,8%)
Muito - 1/17 (,5,9%)
Escalas de avaliação
Índice de estresse 16,50 (14 a 20,75) 20,50 (18 a 26) 0,046b
Índice de ansiedade 4 (2 a 9,25) 10 (5,25 a 12,75) 0,007b
Índice de depressão 4 (2 a 6) 6 (5 a 9,25) 0,056b
Qualidade de vida (QV)
Percepção da qualidade de vida 5 (4 a 5) 4 (4 a 4) 0,008b
Satisfação com a saúde 4 (4 a 5) 4 (3 a 4) 0,052b
Domínio físico 4,36 (4,18 a 4,82) 4,14 (4 a 4,39) 0,035b
Domínio psicológico 4,08 (3,87 a 4,33) 4 (3,67 a 4,17) 0,183b
Domínio social 4 (3,67 a 4,58) 4 (3,67 a 4) 0,201b
Domínio meio ambiente 4,13 (3,88 a 4,38) 3,57 (3,16 a 3,88) < 0,001b
Total (QV) 109 (104,25 a 118) 99,50 (96,25 a 105,50) 0,001b
*, análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. Todos os dados estão apresentados pela frequência absoluta e
pela frequência relativa. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann-Whitney, dados apresentados pela mediana
(percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p significativo estão apresentados em negrito.
Em relação às escalas de avaliação de ansiedade (Hamilton) e depressão
(MADRS), estas possuem classificação por escores, no qual os resultados estão compilados
nas tabelas 8 e 9 respectivamente.
Tabela 8: Resultados do índice de ansiedade conforme escores.
ESCALA DE ANSIEDADE DE HAMILTON
ESCORE Classificação Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle)
Menor ou igual 17 Normal 20 19
18 a 24 pontos Ansiedade leve 0 1
25 a 30 pontos Ansiedade moderada 0 0
Maior ou igual a 30 pontos Ansiedade grave 0 0
38
Tabela 9: Resultados do índice de depressão conforme escores.
ESCALA DE DEPRESSÃO MADRS
ESCORE Classificação Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle)
Menor ou igual 14 Normal 20 19
15 a 24 pontos Depressão leve 0 1
25 a 30 pontos Depressão moderada 0 0
31 a 43 pontos Depressão grave 0 0
Maior ou igual 44 Depressão muito grave 0 0
Para melhor identificação dos fatores que se evidenciaram significativos entre os
grupos Grupo 1 (Yoga) e Grupo 2 (Controle), na tabela a seguir estão descritos as variáveis
que se destacaram por possuírem um valor de p significativo.
Tabela 10: Resumo das variáveis com valor de p significativo (p<0,05).
Variável Referência
% metilação global DNA Tabela 6
Orientação religiosa Tabela 3
Alimentação Tabela 5
Medicamento de rotina (sim) Tabela 5
Atividades mente corpo extras Tabela 5
Se considera estressado (relatado) Tabela 7
Se considera ansioso (relatado) Tabela 7
Índice de estresse Tabela 7
Índice de ansiedade Tabela 7
Qualidade de vida (QV)
Percepção da qualidade de vida Tabela 7
Domínio físico Tabela 7
Domínio meio ambiente Tabela 7
Total (QV) Tabela 7
39
Na tabela 11 está detalhada mais precisamente a variável alimentação (devido a
possuir três categorias, sendo uma delas, a descrição “outros”), portanto relatam-se as
observações dos participantes quanto a suas preferências alimentares, já que não se
classificaram nas outras opções. Na tabela 12 estão descritos quais tipos de medicamentos são
utilizados pelos indivíduos da pesquisa.
Na tabela 13 estão registradas quais práticas mente-corpo além do Hatha Yoga os
participantes realizam, pois este item foi dividido em três categorias sendo uma delas “várias
práticas” que englobam mais de três práticas.
Tabela 11: Descrição da variável “Alimentação” quanto a sua categoria “outros”
Grupo 1 (Yoga)
Participante DESCRIÇÃO
Y01 Raramente consome peixe. Não consome nenhuma outra carne, consomo ovos e
todos os vegetais, frutas e leguminosas.
Y07 Consumo de peixe, ovos, verduras, legumes, grãos, frutas.
Y08 Consumo de vários alimentos, raramente carnes, sem carne vermelha.
Y11 Procura ter uma alimentação adequada, consome peixes e frango às vezes.
Y13 Apenas não como carne e não se classifica.
Y15 Macrobiótica.
Y17 Consome peixe e frutos do mar e lacto- ovo-vegetariana. Não come outras carnes e
nem embutidos há mais de 10 anos.
Y18 Consumo de carne 1 vez na semana e nada de industrializado.
Grupo 2 (Controle)
Participante DESCRIÇÃO
CT08 Alimentação saudável, evita industrializados.
CT12 Classificou-se como tendo alimentação vegana, porém colocou como observação que
consume ainda doces e alguns industrializados.
40
Tabela 12: Descrição da variável “Medicamento de rotina” quanto a sua categoria “sim”.
Grupo 1 (Yoga)
Participante DESCRIÇÃO
Y11 Condres (colágeno não hidrolisado). Pantogar (tratamento cabelos e unhas).
Y17 Vitamina D. Omega3. Hormônio biodêntico (começou a usar há dois meses – data
coleta). Passa uma dose pequena de baixo do braço diariamente.
Grupo 2 (Controle)
Participante DESCRIÇÃO
CT02 Homeopatia.
CT03 Losartana (hipertensão). Hidroclorotiazida (diurético). Glifage (antidiabético).
CT04 Cerazetti (pírula anticoncepcional).
CT05 Finasterida (queda de cabelo).
CT09 Colágeno hidrolisado. Extrato de amora.
CT13 Vitamina B12.
CT16 Vitamina B12 (1000mcg).
CT17 Ablok (controle de hipertensão, angina pectoris, arritmias).
CT18 Homeopatia.
CT20 Dorfles (analgésico). Naridrim.(vasoconstritor nasal).
41
Tabela 13: Descrição da variável “Atividades mente-corpo extras” quanto a sua categoria
“várias práticas”.
Grupo 1 (Yoga)
Participante DESCRIÇÃO
Y05 Praticante de Barras de Access que é uma prática que promove um relaxamento
profundo em quem aplica e em quem recebe esta terapia. É reikiana e também
formada em Magnified Healing. Regularidade da prática pode mudar de quase todo
dia para 1 vez na semana ou menos, dependendo de como estiver se sentindo. Se auto
aplica estas técnicas ou MTVSS#, que é outra ferramenta vibracional. Já praticou
meditação regularmente, assim como Qi Gong, Terapias de movimento e acupuntura,
mas no momento não está praticando regularmente nada disso.
Y07 Meditação. Acupuntura e massagem terapêutica a cada 2 meses, shiatsu uma
aplicação por mês e auto hemoterapia 1 ao mês. O Reiki é auto aplicação, em média 2
vezes por mês. Somando tudo, acaba tendo alguma das terapias em cada semana.
Y11 Meditação. Passes de cura em Centro Espírita (ocasionalmente). Quiropraxia e
massagem (quando necessário).
Y12 Meditação todos os dias. Técnicas de relaxamento 2 vezes por semana. Massagem
terapêutica 1 vez por mês.
Y13 Meditação. Técnicas de relaxamento (yoga nidra). Lian gong. Reiki (auto aplicação).
Em média, pratica de 1 a 2 ou 3 vezes por semana cada técnica. Não há um número
exato, pois a maioria das atividades é ao ar livre, então depende das condições
meteorológicas, às vezes acaba fazendo mais de uma do que de outra, ou até mesmo
não realiza nenhuma.
Y17 Meditação. Técnicas de relaxamento. Toque de cura, reiki. Pratica em média 3 vezes
na semana.
Y19 Meditação. Massagem terapêutica. Acupuntura. Técnicas de relaxamento. Relata que
yoga faz 4 vezes na semana e as demais técnicas 1 vez por mês.
Grupo 2 (Controle)
Participante DESCRIÇÃO
CT11 Auriculoterapia (1 vez por semana). Reiki, auto aplicação, 1 vez por semana.
# MTVSS= Molecular Terminal Valence Sloughing System (Sistema de desprendimento da Valência Terminal
Molecular).
Conforme verificado, os domínios físico e meio ambiente da escala de qualidade
de vida (WHOQOL-Bref) mostraram diferenças entre os grupos. De acordo com estas
informações, para esclarecimento, na tabela 14 seguem-se quais são as questões englobadas
em cada domínio, ou seja, a essência de significado da pergunta.
42
Tabela 14: Descrição dos aspectos gerais de cada pergunta (faceta) englobada nos domínios
físico e meio ambiente.
DOMÍNIO FÍSICO
Pergunta Aspectos de cada faceta
3 Dor e desconforto
4 Dependência de medicação ou de tratamentos
10 Energia e fadiga
15 Mobilidade
16 Sono e repouso
17 Atividades da vida cotidiana
18 Capacidade de trabalho
DOMÍNIO MEIO AMBIENTE
Pergunta Aspectos de cada faceta
8 Segurança física e proteção
9 Ambiente no lar (físico)
12 Recursos financeiros
13 Informação
14 Recreação e lazer
23 Ambiente no lar
24 Cuidados de saúde
25 Transporte
43
6. DISCUSSÃO
Conforme observado nos resultados deste estudo, há uma diferença no padrão
global de metilação entre os grupos de Yoga e controle, mostrando um valor (%) mais
elevado de metilação global no grupo Grupo 1 (Yoga) o que nos leva a pensar em vários
aspectos da prática do Hatha Yoga e o que ela pode estar influenciando a nível biológico
molecular.
Vários fatores externos podem alterar os padrões de metilação e por isso este
trabalho buscou averiguar as possíveis influências e assim poder nulificá-las.
De acordo com um estudo longitudinal realizado em duas populações diferentes
(sendo uma com 111 indivíduos e outra com 126), foi observada mudança na metilação global
dependente do tempo (idade), em que 8-10% dos indivíduos em ambas as populações
apresentaram mudanças maior que 20% em um período de tempo de 11 a 16 anos. Estas
alterações mostraram agrupamento familiar de metilação aumentada e diminuída, e foram
maiores (> 30%) em uma família com 5 indivíduos mostrando perda de metilação ao longo do
tempo. Esses dados corroboram a ideia da perda de padrões epigenéticos normais relacionadas
à idade como um mecanismo para o início tardio das doenças humanas comuns (31).
Christensen e colaboradores analisaram 217 tecidos humanos não patológicos de
10 locais anatômicos em 1.413 loci autossômicos de CpG associados a 773 genes para
investigar diferenças específicas de tecido na metilação do DNA e para discernir como o
envelhecimento e as exposições contribuem para a variação normal na metilação.
Estratificando os dados sobre o status de loci CpG-ilha, mostraram que tanto a direção quanto
a força da correlação entre a idade e metilação foram largamente dependentes do status de ilha
CpG. Mais especificamente, foi encontrada uma propensão para que os loci da ilha CpG
ganhem metilação com a idade, e as ilhas não CpG perdem metilação com a idade (32).
Conforme estudo que avaliou o silenciamento de 16 genes em 331 tumores de
câncer de bexiga, foi verificado que gênero masculino, idade e tabagismo foram variantes que
mostraram relação nas alterações de hipermetilação, de regiões promotoras estudas (33).
Diante destes fatores, podemos observar que no presente estudo as variáveis,
idade, índice de massa corpórea (IMC), sexo, etnia e uso de álcool, não mostraram uma
associação entre os grupos, o que indica que essas variáveis não influenciaram os achados de
metilação.
44
Miousse e colegas apontaram em um estudo de revisão que a radiação ionizante
pode afetar a metilação de DNA, porém os autores relatam que muitos estudos fizeram
analises in vitro ou in vivo experimental, tendo poucos estudos relacionados a tecidos normais
e tumorais humanos, devendo-se, portanto, ter cautela na interpretação (34).
Porém para evitarmos vieses com relação a este item, verificamos esta variável no
que concerne a realização de exames de imagem e uso de contrastes no último ano e conforme
observado mostrou-se equiparada entre os grupos, não atribuindo assim às diferenças
encontradas, a elas.
Outras variáveis mostraram homogeneidade entre os grupos, como a questão de
traumas (emocionais), menopausa, consumo de amianto (este item já foi citado neste estudo
como um agente que pode causar alterações na metilação), problemas crônicos de saúde, uso
de chás ou plantas medicinais. Quanto ao uso de chás verificamos uma equiparação entre os
grupos de 40%, e vale ressaltar que não é o consumo de um único tipo de chá, tornando assim
a observação estratificada e, portanto nula, o mesmo se aplica ao uso de plantas medicinais
que teve uma frequência inferior aos chás.
Observa-se uma diferença significativa quanto ao uso de medicamentos entre os
grupos, sendo 50% no Grupo 2 (Controle) e 10% no Grupo 1 (Yoga). Entretanto, podemos
observar que na tabela de relação dos medicamentos usados, alguns não são de uso contínuo
(como analgésico), outros são vitaminas, suplementos de reposição, alguns de absorção
superficial e com permeabilidade baixa perante as células. Porém, observa-se heterogeneidade
e, portanto, por possuírem mecanismos de ação diferenciados, podem não possuir uma
relevância biológica a nível epigenético.
Em relação à orientação religiosa dos participantes, houve uma diferença
significativa entre os grupos e poderíamos pensar no fato da oração, preces serem fatores de
influência mental, entretanto esta variável está muito categorizada, portanto seu valor
estatístico também perde precisão e no mais há diferentes credos e até quem não tem nenhuma
orientação religiosa.
Deve-se observar também no que concerne aos professores de Yoga, o quanto
muitos buscam outras abordagens terapêuticas de mente-corpo tanto como forma de
autoconhecimento, quanto forma de crescimento profissional. Muitos dos selecionados
realizam outras atividades ou tratamento terapêutico (como paciente ou terapeuta) tal como:
meditação, técnicas de relaxamento, reiki, técnicas energéticas em geral, acupuntura, ou seja,
complementam suas atividades. Porém a prática de meditação é algo abordado no Hatha
Yoga, até mesmo a técnica de relaxamento conforme alguns professores relataram.
45
A prática de meditação é algo inerente ao Hatha Yoga, segundo um estudo que
mediu as idades de metilação do DNA verificou se a taxa de envelhecimento biológica em
meditadores de longo prazo (n=18) era diferente do que nos controles (n=20) e não encontrou
diferença na aceleração da idade epigenética intrínseca entre os grupos, no entanto, encontrou
uma trajetória diferente quando comparou entre o próprio grupo controle e meditadores, em
função da idade, com um aumento de aceleração da idade epigenetica intrínseca com a idade
em controles - quando estes foram comparados no próprio grupo -, mas não em meditadores,
sugerindo que a integração prática de meditação na rotina diária pode ter um efeito protetor
em termos de envelhecimento biológico em longo prazo (35).
O estresse cumulativo ao longo da vida é um dos fatores descritos para acelerar o
envelhecimento epigenético. Portanto, segundo Chaix e colaboradores, sugere-se que a
diminuição do estresse psicológico em meditadores devido a sua prática regular pode
contribuir para a estabilidade da aceleração da idade epigenética intrínseca. Ainda neste
mesmo estudo, descobriu-se que a taxa de envelhecimento epigenético diminuiu
significativamente com o número de anos de prática de meditação regular. Quando os
controles foram incluídos na análise como "zero em experiência de meditação", o efeito
significativo de anos de meditação sobre a aceleração da idade epigenética intrínseca só foram
encontrados em indivíduos com idade maior ou igual a 52 anos, indicando que o efeito
protetor da prática é principalmente em indivíduos mais velhos. Estes achados sugerem que o
efeito protetor da meditação na aceleração da idade epigenética pode ser progressivo e
cumulativo (35).
Em relação à frequência destas atividades extras, podemos observar que são
inferiores quando comparadas com relação ao Hatha Yoga, pois todos os professores estão em
atividade, possuem um tempo de experiência como praticantes e instrutores relativamente alto
e além das aulas praticam em outros momentos.
Portanto, ao observarmos uma diferença significativa entre os grupos, mesmo
havendo 2 voluntários controles que são adeptos de alguma abordagem mente-corpo,
observamos que a maioria neste grupo (90%) não realizam nenhum tipo de abordagem mente-
corpo, sugerindo uma probabilidade, de que a diferença encontrada no teste de metilação
esteja associada com o Hatha Yoga, até pelo fato das outras práticas envolvidas não serem
homogêneas no grupo e possuírem uma intensidade reduzida em relação ao Yoga.
Isso tudo ainda demonstra, o quanto há no Brasil uma variedade de práticas neste
campo dito “alternativo” e como a busca por estas está se tornando cada vez intensa.
46
Além disso, em relação ao quesito alimentação, pode-se observar como uma
variável significativa e que muito pode influenciar nos processos de metilação (36).
Apesar de haver estatisticamente uma diferença, verificamos que houve uma
predominância em ambos os grupos, de alimentação vegetariana/vegana, podendo-se verificar
também que na categoria “Outros”, os participantes possuem uma escolha mais saudável, com
menos e até restrição a produtos industrializados, baixo consumo de carne vermelha, consumo
de frutas, legumes, peixes, ou seja, uma alimentação que se assemelha, obviamente não
totalmente, ao vegetarianismo.
De acordo com estudo realizado com 57 veganos e 80 não veganos, observou-se
que de um total de 328 genes (média de todas as regiões de metilação) foram
significativamente hipometilados em veganos em relação aos não-vegetarianos (p<0,05). O
maior número de genes foi hipometilado quando se considerou a metilação de apenas ilhas de
CpG, seguido pelo TSS200, primeiro exon e Regiões TSS1500. Estes achados sugerem
diferenças substanciais na metilação de sítios e genes CpG, particularmente em regiões
regulatórias, entre veganos e não-vegetarianos, com uma preponderância de hipometilação
entre os veganos (37).
Conforme podemos observar, ao considerar o fator alimentação, uma
hipometilação poderia refletir em uma diminuição na metilação global – até porque no estudo
citado muitos genes foram envolvidos. O que podemos observar aqui neste presente trabalho é
que este comportamento de diminuição foi encontrado no grupo 2 (Controle) quando
comparado ao grupo 1(Yoga). É claro que talvez esta hipometilação encontrada no estudo
citado, no que se refere à alimentação, talvez não seja substancialmente evidente e possa estar
presente em ambos os grupos (1 e 2), entretanto o que não se pode negar é que foi encontrado
um diferença significativa entre os Grupo 1 e 2 (no que concerne a metilação global) neste
estudo e ambos possuem uma escolha de prevalência alimentar semelhante.
Em outro estudo com 40 mulheres foi observado que a ingestão de frutas (com
maior frequência de laranja, tangerina e maça), está relacionado com baixa metilaçao do gene
TNF-α e sua ilha CpG 5. Porém a ingesta de outros grupos de alimentos como: legumes,
nozes, suco natural, cereais, cereais integrais e padrão dietético mediterrâneo, não se
correlacionaram (38).
Portanto, devido ao predomínio de alimentação vegetariana entre os grupos há
possibilidade das mudanças encontradas nos padrões de metilação entre os grupos não
estarem ligadas ao fator alimentação, pois conforme verificado, há semelhança de padrões
alimentares entre eles. E de acordo com estes estudos a dieta vegana ou o consumo de frutas
47
estaria associado com hipometilação, o que implicaria também, conforme já mencionado, em
uma diminuição global da metilação. Até mesmo os participantes que possuem uma dieta sem
restrição podem ser adeptos de legumes, sucos naturais, frutas, cereais, peixes, ovos.
Conforme verificado alguns participantes realizam atividades físicas, porém nada
que interfira neste estudo, ao passo que em um estudo de revisão recente, demonstrou que
praticantes de Hatha Yoga e de exercícios físicos possuíram algumas diferenças nas
manifestações fisiológicas. Conforme esta revisão sistemática e meta-análise verificou-se que
a prática do Yoga, comparada com exercícios físicos convencionais em pacientes com
diabetes tipo 2, possui um efeito benéfico no controle glicêmico, entretanto os autores
concluem que se deve obter mais estudos, pois de acordo com algumas pesquisas individuais
há heterogeneidade em relação a uniformidade dos exercícios físicos (39).
De acordo com a revisão citada anteriormente, dois estudos que avaliaram os
efeitos benéficos do Yoga em relação ao estresse oxidativo e estados antioxidantes,
demostrando significância em alguns parâmetros, quando comparados com o grupo controle.
Outro estudo incluído nesta pesquisa demonstrou efeito positivo do Hatha Yoga sobre o
estresse oxidativo e status antioxidante, no entanto o mesmo efeito foi observado no grupo de
exercícios físicos convencionais (39).
O fato de o Hatha Yoga ser uma prática psicofísica poderia explicar a questão da
similaridade de resultados em relação ao grupo que somente fez exercícios convencionais,
porém não se pode negar que conforme visto em relação ao controle glicêmico, houve
diferenças, o que nos leva a refletir que diferente de um exercício com intensa atividade
apenas muscular, o Yoga trabalha além do físico, o fator mente, sendo este o diferencial.
Segundo estudos, os exercícios induzem a mudanças na metilação do DNA em
mais de 350 genes relacionados ao músculo. A maioria deles foram encontrados desmetilados
após o exercício. Essas mudanças foram encontradas, em maioria, nos idosos e depende da
intensidade do exercício. Exercícios mais intensos estão associados a menor metilação (40).
Conforme podemos observar esta variável não foi significativa no presente
estudo, pois se buscou equipar entre os grupos. Apesar de o Hatha Yoga possuir sua atividade
de movimentos musculares, no grupo controle tivemos 50% adeptos de atividade física contra
65% do grupo do Yoga, homogeneizando a amostra.
Na prática do Hatha Yoga o que não se pode deixar de verificar são dois aspectos:
as posturas são realizadas de forma lenta e, portanto, possibilitam uma expansão da
consciência, segundo, é preciso prestar atenção ao que acontece internamente, ou seja, ao
48
fluxo de energia (41). Em cada posição (asanas) realizada, a mente procura direcionar o fluxo
de energia. Quando a consciência se movimenta, a energia também (42).
Como podemos observar pela visão do Hatha Yoga, na verdade não há uma
separação, não se pode pensar que os músculos estão separados do restante, e que o resultado
em algo palpável adveio de outro de mesma natureza palpável, este pode ser consequência,
porém a causa pode não ser palpável. Conforme se verifica na visão holística, tudo está
interligado, e no caso a consequência muscular que resulta em modificações físicas e até
mesmo o ato do movimento muscular adveio de algo mais sutil, de um comando a nível
mental.
Diante dos dias atuais em que a correria do cotidiano se faz presente, é frequente
um aumento de pessoas ditas como estressadas constantemente, além de indivíduos ansiosos,
que sofrem por antecipação, movendo seus pensamentos no futuro e causando uma mudança
fisiológica no presente. Perante isso, podemos observar um aumento nestas variáveis (estresse
e ansiedade) no Grupo 2 (Controle), nos levando a reflexão de que a prática do Hatha Yoga
leva a um estado de maior tranquilidade e equilíbrio.
Em relação a variável estresse houve uma diferença estatisticamente aceita,
mostrando que os praticantes de Hatha Yoga são menos estressados. Existem estudos
abordando que a prática de Yoga, confere melhoria nos níveis de estresse dos indivíduos,
apesar de haver indicações de limitações em alguns estudos (43-45).
Podemos observar que os índices de estresse e ansiedade com base nas escalas de
avaliação apresentaram diferença entre os grupos sendo maior no grupo controle. Porém em
relação à escala de ansiedade de Hamilton, quando comparada pelos escores não há diferença
entre os grupos, entretanto os dados dos índices (p>0,05) corroboram quando comparados
com a pergunta de estresse e ansiedade relatados, evidenciando que os controles se
consideram mais estressados e ansiosos. Devemos ressaltar que se trata de indivíduos
saudáveis e talvez isto explique os valores próximos quando comparados em classificação por
escores.
Com base nestes resultados, algumas suposições podem ser levantadas quanto ao
estresse, o fato de haver metilação global aumentado no grupo de professores, talvez genes
envolvidos no estresse fisiológico poderiam estar desativados, já que a prática do Hatha Yoga
visa a busca por uma homeostase.
Conforme verificado em estudos citados neste trabalho, um deles abordou a
prática mente-corpo Resposta de Relaxamento e os genes da família MAPK que estão
envolvidos em diversas vias de ações no ambiente celular se mostrando alterados. Como é o
49
caso do gene MAPK8 - que está envolvido no estresse - e teve baixa expressão. O que nos
remete a probabilidade de estar sendo regulado por processo de metilação, ou seja, aumento
da taxa de metilação (23).
O Yoga é muito eficaz na redução do estresse e relaxamento, ao se realizarem as
posturas, há um alongamento que produz um relaxamento muscular e articular com efeito
similar a de uma massagem. Também a parte da respiração se destaca por produzir um estado
de espírito calmante e meditativo (5). Conforme os Yoga Sutras de Patanjali, a prática do
Yoga atua reprimindo as flutuações da mente, isto é, realiza uma diminuição nos fluxos
mentais de frustações, medos, desejos, ou seja, sentimentos que podem causar estresse, sendo
este implicado em muitos problemas de saúde, como enxaqueca, insônia, hipertensão e
demais situações (5).
Com relação à ansiedade, um estudo que verificou a metilação global por um
método também de ELISA, verificou que no grupo de indivíduos ansiosos (n=25) mostrou-se
um valor de metilação aumentado quando comparados ao grupo controle (n=22) (46).
Pode-se observar no trabalho citado anteriormente, que o fator ansiedade pode
estar relacionado a modificações a nível epigenético, no entanto em nosso estudo os
professores de Hatha Yoga (Grupo1) obtiveram um padrão aumentado de metilação e índices
de ansiedade inferiores ao grupo controle (Grupo2).
O fato de ambos os estudos trabalharem com uma técnica global, não se pode
atribuir esta diferença de aumento (em nosso estudo) apenas ao fator ansiedade. O aumento ou
diminuição na metilação global do genoma pode compreender muitos genes. Outro fator é que
os indivíduos do estudo citado são de um ambiente diferente, foram recrutados em área
suburbana de Dublin, experimentaram altos ou baixos níveis de sofrimento psicológico, ou
seja, pode haver diferenças populacionais na percepção da ansiedade.
Conforme registros na literatura, a diminuição da ansiedade está associada às
ondas cerebrais alfa e teta, cujo estas se mostraram aumentar em frequência e amplitude
durante e após a prática do Yoga (47), o que neste caso é visto como benéfico.
Uma pesquisa realizada com 49 indivíduos (grupo Yoga) que fizeram 24 semanas
de prática de Yoga - comparados com 37 participantes controles - demonstraram melhoras
significativas nos aspectos de qualidade de vida em todos os domínios da escala WHOQOL-
Bref. O estudo mostrou que os benefícios psicofisiológicos do yoga são consistentes,
reprodutíveis e ocorrem em diferentes níveis, em especial: redução do estresse, melhora da
função cognitiva, desempenho neuromuscular, força e flexibilidade muscular, bem como
regulação emocional (48).
50
O efeito positivo geral do Yoga, baseado no WHOQOL-Bref, é apoiado pela
integração do movimento do corpo com a respiração. Isso permite o relaxamento
neurovegetativo por meio da ativação do sistema nervoso parassimpático, evidenciado por
uma melhora da função respiratória e pela redução da frequência cardíaca, pressão arterial e
hipertonia muscular. Este estudo também evidenciou que a prática regular do Yoga melhora
os parâmetros de sofrimento psicológico, a saber, através da redução dos níveis de depressão,
ansiedade e estresse (48).
Conforme observado na presente pesquisa, houve maior pontuação no quesito de
qualidade de vida no Grupo 1 (Yoga) quando aplicado a escala WHOQOL-Bref sendo que os
domínios físicos e meio ambiente se mostraram significativos na comparação entre os grupos,
juntamente com a questão de percepção de qualidade de vida. Isso pode mostrar e corroborar
com achados da literatura a respeito dos benefícios do Yoga, desta busca por um equilíbrio
pessoal e conseguinte o reflexo em outras esferas da qual o individuo vive.
Este estudo vem de encontro com a integração de conhecimento advindo de uma
visão biomédica juntamente com uma prática milenar oriental.
Para alguns autores a medicina integrativa é a junção da medicina convencional
com a prática não convencional, e que esta se fundamenta na abordagem holística vendo o ser
humano de forma indivisível, não havendo a possibilidade de separar este em corpo físico,
mente e espírito, ao contrário do modelo biomédico mecanicista que da ênfase as partes e nos
processos bioquímicos do corpo humano. Uma abordagem integrativa visa aos profissionais
considerarem o ser humano individualmente levando em conta fatores genéticos, ambientais,
nutricionais, psicossociais, estressantes e culturais. Já para outra corrente de pensamento, a
medicina integrativa é diferente de medicina alternativa e complementar e, portanto, é
necessária uma mudança de paradigma para exercê-la, ou seja, a necessidade de modificar o
pensamento em relação à saúde (49).
Através do campo das práticas mente-corpo, das pesquisas sobre estado
emocional, e diante do avanço da genética molecular, das descobertas acerca do DNA,
estudos vêm surgindo com intuito de averiguar e encontrar respostas concretas que façam esta
ligação das faculdades da mente com fatores abordados no campo da genética. Os resultados
encontrados nesta pesquisa vêm somar com esta área de pesquisa e instigar novas
possibilidades na pesquisa de base.
Em uma pesquisa com Yoga e práticas relacionadas, mostrou rápidas alterações
dentro de 2 horas na expressão gênica de células mononucleares do sangue periférico, quando
51
comparadas com um grupo controle que realizou um regime de caminhada leve e ouviram
música relaxante (50).
Em contrapartida um estudo propôs investigar se efeitos emocionais positivos
também influenciam a expressão gênica. Os resultados deste estudo demostraram que ao se
verificar a expressão de 18.716 genes, destes, 23 mostraram mudanças na expressão gênica
após os participantes ouvirem uma estória cômica, mostrando uma ligação do riso – que é
uma expressão positiva – com a expressão dos genes (51).
Segundo pesquisas, são notáveis as melhorias geradas pela prática do Yoga como,
por exemplo, no controle da ansiedade e depressão, melhora funções cardiovasculares e
respiratórias, auxilia na recuperação de vícios e demais situações, inclusive – juntamente com
outras mudanças no estilo de vida - no aumento de telômeros e da atividade da enzima
telomerase gerando benefício antienvelhecimento. Deve-se ressaltar que os telômeros são
regulados epigeneticamente e quando são danificados leva a senescência, neste caso é
interessante especular a possibilidade dos benéficos do Yoga estarem acontecendo via
regulação epigenética, aumentando ou mantendo os telômeros (2).
Conforme evidenciado por Harkess e colaboradores (2016)(52), em sua pesquisa
efetuada em um grupo de mulheres com estresse crônico, foi verificado o perfil de metilação
de regiões promotoras de alguns genes. Houve uma intervenção de 8 semanas com prática de
Yoga, sendo que a região do gene TNF (Fator de Necrose Tumoral) mostrou-se com taxa de
metilação reduzida para o grupo do Yoga, comparado ao grupo controle. No entanto, os
autores sugerem mais estudos (52).
De acordo com uma revisão da literatura, praticantes de Yoga ao visualizarem
imagens emocionais negativas e também apresentadas com distratores, tiveram menor
ativação da região do córtex pré-frontal dorsolateral, em relação ao grupo controle que não
eram praticantes de Yoga, sugerindo que o Yoga pode impedir que os estímulos emocionais
negativos perturbem a memória de trabalho e assim melhoram a resposta emocional negativa
às informações sensoriais recebidas.
Também no mesmo estudo anterior, foi verificado que praticantes de Yoga
exibem ativação da amígdala quando apresentam estímulos emocionais negativos, porém sem
afetar o humor. Praticantes de Yoga apresentam melhor desempenho cognitivo quando
confrontado com não praticantes e uma correlação positiva em relação a volume de massa
cinzenta, sugerindo que em longo prazo esta aumente (47).
Há poucos estudos no campo de epigenética que abordam metilação de DNA e
práticas mente-corpo, tal como o Hatha Yoga. O presente trabalho, que fez uma triagem
52
global de metilação com uma casuística saudável (e não clínica), com professores de Hatha
Yoga e um grupo controle, é inédito.
O aumento de metilação no grupo de professores de Yoga e conseguinte a
diminuição no grupo controle podem gerar várias indagações, quanto à quais genes estão
sendo regulados e influenciados por este processo epigenético, porém não se pode afirmar
com base nestes resultados onde de fato é que estão ocorrendo tais alterações, se é algum gene
com efeito deletério ou benéfico, que está sendo controlada sua expressão.
Porém a probabilidade que podemos inferir com estes achados é que é perceptível
através dos estudos, que a prática do Hatha Yoga vem mostrando modificações positivas no
ser humano e que fatores ambientais como o comportamento humano, estilo de vida,
emoções, fatores psicológicos vem causando modificações químicas no ser humano. Os
estudos no campo da genética vêm evidenciando esta interação e os achados aqui encontrados
mostram que pode estar havendo modificações a nível epigenético.
Pode-se enfatizar nesta pesquisa, que a diferença mais evidente entre estes dois
grupos analisados é de que um deles possui unanimidade (Grupo 1) na prática desta atividade
mente-corpo milenar chamada Hatha Yoga. Mais investigações neste campo de integração
entre epigenética e práticas alternativas devem ser realizadas.
O Hatha Yoga é considerado uma prática mente-corpo, entretanto não se pode
deixar de observar que sua ação é psicofísica, tendo não somente sua influência mental, de
tomada de consciência, mas também a influência física, através dos movimentos musculares,
resistência física, flexibilidade, o que influencia em nível de estimulação bioquímica no
corpo. No entanto, o fator físico é mais plausível de entendimento, de aceitação, ao passo que
o fator mental é muitas vezes dito como “desconhecido”, algo difícil de explicar na terceira
pessoa e que muitas vezes pela falta de compreensão, abertura reflexiva, gera certo ceticismo
e é negligenciado.
Abordar o assunto “mente” não é algo tão simples, pois esta foge dos parâmetros
considerados palpáveis. A mente em si não é diretamente detectável por equipamentos, porém
é dito que sua atividade, ou seja, o fluxo de pensamentos, este pode ser indiretamente medido
através das ondas de atividades cerebrais. Entretanto, de acordo com escritos antigos, a mente
é algo ainda mais amplo que isso, pois não podemos esquecer o fator emoção e sentimento,
cujo estes, estão interligados com os pensamentos, gerando sensações no corpo.
Para os pensadores orientais, mente e corpo foram sempre considerados duas
manifestações diferentes, porém de aspectos da mesma realidade, ou seja, matéria mais densa
e mais sútil (menos densa). Patanjali ao se referir à mente, usa o termo “Chitta” e relata ser
53
algo muito mais abrangente que apenas inconsciente e subconsciente como muitos psicólogos
consideram. De acordo com Patanjali, Chitta possui “vrittis” que são ondas que ocorrem nela
trazendo existência ao que vemos, sendo pensamento, sentimento, memória, comportamento,
todos diferentes “vrittis” (53).
As definições de mente estão muito focadas nos aspectos funcionais e não de fato
o que realmente significa. Muitas vezes, a mente é considerada como o programa (software) e
o cérebro a sua estrutura (hardware). Para a neurobiologia, a mente é um subproduto dos
processos químicos dos neurônios e os muitos componentes dela, são processos de
pensamento, emoções, consciência e inteligência. Para psicologia convencional, a mente é um
epifenômeno do corpo, uma massa de matéria da qual o cérebro é considerado o assento dela
(53).
A mente se expande para além do cérebro, não esta localizada nele, envolve todo
o corpo, até mesmo em um simples ato perceptivo. Quem está observando (sujeito), e o
objeto, não estão radicalmente separados, estão interligados. Através do sentido da visão, o
mundo externo entra na mente e consequentemente o mundo subjetivo das experiências
pessoais projeta-se no exterior por meio da intenção e campos de percepção (54).
O fato da não localidade da mente no cérebro, nos leva a relacionar com a prática
do Hatha Yoga, em que se busca diminuir as flutuações mentais, as ondas de pensamentos e
direcionar a mente para determinadas regiões, conseguinte a energia, conforme já mencionado
anteriormente, para assim desobstruir possíveis fluxos de energia.
Estamos em tempos onde é necessário e importante lançar olhares para o que no
momento parece-se ser “impossível”, porém os efeitos deste estão surtindo, como é o caso da
prática do Yoga, ou seja, é inegável que há algo acontecendo que vai além da percepção dita
como “palpável”.
Apesar das informações genéticas herdáveis, cujas estas geram produtos para a
constituição física, é notável que cada indivíduo seja único, reage de uma forma diferente aos
acontecimentos, possuem suas histórias de vida, até mesmo gêmeos idênticos – possuem
compatibilidade genética de 100% - diferenciam-se em seus comportamentos, seria isto uma
manifestação epigenética resultante de algo mais sútil?
Basta parar um momento e fazer uma pequena introspecção ao corpo humano,
verificando que nossas células, nosso DNA são feitos de moléculas, que são elementos
químicos como carbono, hidrogênio e, que retrocedendo mais, são átomos, com elétrons,
prótons e indo um pouco mais longe entramos na esfera da física quântica onde tudo é
energia.
54
De acordo com a física quântica os átomos físicos são constituídos de vórtices de
energia que giram e vibram constantemente, sendo cada qual, um centro que erradia energia e
gira, possuindo um movimento e constituição particulares. Por este fato emitem coletivamente
padrões de energia que podem ser identificados. Na prática o átomo é invisível o que observa
é apenas vácuo. Um exemplo ilustrativo é, por exemplo, quando você segura um livro, se
você colocasse este sobre a lente de um microscópio atômico, veria que não esta segurando
nada (55).
As descobertas no campo na física quântica muito ajudam na compreensão destas
práticas mente-corpo, modelos de medicina como a ayurveda, chinesa, que abordam os
campos energéticos. Vamos refletir um momento, sair um pouco da questão moléculas físicas,
hormônios, neurotransmissores, e ver as moléculas com uma visão quântica, no caso da
metilação de DNA, trata-se de um grupo metil que contem em sua constituição carbono,
hidrogênio, e no seu processo há enzimas que realizam o trabalho, cujo todos, são moléculas,
ou seja, são constituídas de átomos, logo energia, com movimento e constituições diferentes,
formando um padrão e controlados por uma consciência.
Será que através do direcionamento da mente (energia), conduzindo o fluxo de
energia (prana), como no caso do Hatha Yoga, estes padrões não poderiam modificar-se e
conseguinte as estruturas moleculares visíveis, conforme a direção/intenção do observador?
Este raciocínio se direciona a todas as demais moléculas que compõem o organismo. Talvez a
lacuna sútil em relação à ação das práticas mente-corpo esteja ocorrendo conforme este
raciocínio.
O fato é que a visão mecanicista está sendo seriamente questionado pelas teorias
quânticas, e algumas indagações são levantadas nesta pesquisa, como por exemplo, se somos
máquinas mentais ou de genes, se nosso corpo é uma coleção de partes, se nosso
comportamento é condicionado e previsível, e será que os pensamentos são mera atividade
das células cerebrais? (53).
A questão que confronta os moldes convencionais é como esta prática mente-
corpo atua a nível molecular, causando modificações benéficas? Qual o mecanismo? Para ao
menos começar a compreender é necessário sairmos um pouco da visão mecanicista, pois na
visão da filosofia do Hatha Yoga o Ser Humano não é apenas este aglomerado
químico/bioquímico, muscular, ósseo e sim possui níveis diferentes de densidade da energia,
possuindo corpos mais sutis, ou seja, canais/campos energéticos, mental.
Diante deste presente estudo surgem algumas perguntas para reflexão. Que
inteligência é essa que comanda e mantem o movimento chamado vida e dita às ordens neste
55
aparato todo chamado corpo? Será que o corpo humano é fadado ao determinismo genético,
ou possuem uma dinâmica, e que talvez através da epigenética, possa dar alguma explicação?
Conforme Sheldrake (2014), a epigenética vem derrubar o tabu da herança de
caracteres adquiridos, no entanto não contesta a questão da herança ser material, apenas é
outro tipo de herança. Em suas constatações, os genes são superestimados, pois não explicam
a forma (morfogênese) e nem o comportamento dos organismos, apenas especificam a
sequência de aminoácidos e alguns participam do controle da síntese proteica (56).
A epigenética de fato é outro tipo de herança materialista, porém por ser algo mais
reversível, digamos assim, não esta tão fadada à “permanência”, ou seja, pode ser alterada por
influências variadas, podendo explicar um possível caminho de conexão do material com o
campo energético/mental.
Este trabalho incitou muitas perguntas e estas devem ser investigadas, se haverá
respostas, isso não se sabe, mas fazer ciência é assim, é trilhar vários caminhos em busca de
respostas, para que assim possam ajudar outras pessoas a compreenderem tais acontecimentos
da vida e instiga-las a pensar e principalmente a mudar, e como é o caso neste trabalho, a
verem o Hatha Yoga e também outras práticas mente-corpo como algo que vem somar,
integrar, como é o caso da medicina integrativa.
O presente estudo conduziu a uma nova temática de pesquisa no Departamento de
Genética Médica e Medicina Genômica da Faculdade de Ciências Médicas - Unicamp e abriu
novas possibilidades de pesquisa. Buscou trazer através de uma ciência básica, mais
informações para o público acadêmico que muitas vezes ignoram estas práticas integrativas
em saúde por acharem que não se trata de ciência e não possuem uma ação terapêutica. Mas
na verdade por falta de informações e por limitações conceituais, não sabem que o próprio
Yoga em si, é uma ciência.
A pesquisa buscou mostrar para o público em geral, que o Hatha Yoga é algo que
trás muitos benefícios possuindo um papel terapêutico e ação que vão além das
macromoléculas e que segue a esfera epigenética.
Este trabalho possibilitou uma visão panorâmica sobre a influência da prática do
Hatha Yoga em nível de mecanismo epigenético, mostrando uma possível causação de efeitos
mentais sobre o físico, pois o Hatha Yoga apesar de ser psicofísico, não se pode esquecer que
a intenção real envolve consciência, mente, ou seja, corpos energéticos sutis para assim
resultar em uma causação descendente no físico, conforme se pode verificar pela abordagem
fisiológica da prática.
56
Estes achados possibilitam o direcionamento para outras linhas de raciocínio e a
ampliação para investigação com técnicas laboratoriais mais específicas.
7. CONCLUSÃO
Observou-se em nosso estudo, uma variação na metilação global entre os grupos
de praticantes e não praticantes de Hatha Yoga. O grupo de praticantes mostrou maior grau de
metilação e obteve menor índice de estresse, ansiedade e melhoras em alguns aspectos da
qualidade de vida.
57
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materialista. 1 ed. São Paulo: Cultrix; 2014. 400 p.
63
9. APÊNDICE
9.1 Apêndice 1 - Questionário
64
65
66
10. ANEXOS
10.1 Anexo 1 – Parecer consubstanciado
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
10.2 Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
78
79
80
10.3 Anexo 3 – Escala de Hamilton
81
10.4 Anexo 4 – Escala de Montgomery e Asberg
82
10.5 Anexo 5 – Escala de Estresse Percebido
83
10.6 Anexo 6 – Escala WHOQOL-Bref
84
85
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