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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DOS VÍNCULOS FAMILIARES – O OLHAR
DA PEDIATRIA
Por: Suenia Maria Rodrigues Gonçalves Fontes
Orientador
Prof. Ms. Celso Sanchez
Rio de Janeiro
Agosto/2007
ii
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DOS VÍNCULOS FAMILIARES – O OLHAR
DA PEDIATRIA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em terapia de
família
Por: Suenia Maria Rodrigues Gonçalves Fontes
iii
AGRADECIMENTOS
• A Deus, fonte de sabedoria e amparo sempre.
• Ao professor Celso Sanchez pelo apoio, incentivo e paciência.
• Ao professor Silas C. Bourguignon, que acreditou no meu trabalho.
• Aos professores Fábio Azeredo, Frida Ahmed pelos ensinamentos.
• Aos colegas do curso pelo companheirismo.
• À Marta, amiga e companheira de caminhada.
• À Francinete (Preta) que continua me substituindo na organização da casa
e nos cuidados com os meus filhos.
• A Lúcia, agradeço a amizade e colaboração.
• Aos familiares e amigos por agüentarem a minha ausência e “rabugice” e
por todo apoio e torcida durante a feitura deste trabalho.
• A todos com quem tive a oportunidade de formar e manter vínculos.
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho às famílias:
• A minha família de origem, fonte de crescimento. Aos meus pais que me
darem uma base segura e continuam me amando incondicionalmente.
• A minha família: Alberto, Isabelle e Alberto Neto, com os quais aprendo e
cresço a cada dia. Sou grata por nossos vínculos.
• Às famílias com quem convivi ao longo dos anos de experiência clínica, por
tudo o que me ensinaram.
v
“E a vida vai tecendo laços quase impossíveis de romper: tudo
o que amamos são pedaços vivos do nosso próprio ser”
(Manuel Bandeira)
vi
RESUMO
Esta monografia surgiu como uma tentativa de responder a inquietação
que sinto como profissional na clínica pediátrica e neonatal, bem como nos
atendimentos efetuados na área de saúde mental da infância e adolescência.
Ressalta como ocorre a vinculação no processo de desenvolvimento do
indivíduo, o papel da família, as conseqüências quando o vínculo não acontece
de maneira satisfatória. Discute como a família pós-moderna está organizada
e quais os valores e vínculos possíveis na sociedade que se organiza em
redes. Faz um percurso histórico da família enquanto instituição da família
tradicional à família contemporânea. Finalmente, traça um paralelo entre as
novas formações familiares com novas maneiras de vinculação e a atuação do
pediatra frente a este paradigma que exige novos olhares e, portanto, novos
profissionais.
vii
METODOLOGIA
Os critérios utilizados para a elaboração da pesquisa foram: Experiência
profissional da autora e pesquisa bibliográfica através da leitura de livros,
jornais, trabalhos anteriores, revistas, acesso à internet, com o objetivo de
encontrar na literatura, especificamente nas teorias relacionadas à importância
da formação do vínculo mãe-filho e familiares; as conseqüências nas falhas e
rompimentos dos laços afetivos no processo de desenvolvimento humano.
Discute a vinculação na sociedade pós-moderna, bem como a atuação do
pediatra na atualidade.
viii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................... 9
CAPÍTULO I - VÍNCULO ................................................................................. 13
CAPÍTULO II - UM PERCURSO HISTÓRICO: DA FAMÍLIA TRADICIONAL À
FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA ........................................................................ 26
CAPÍTULO III - LAÇOS AFETIVOS NA PÓS-MODERNIDADE (LAÇOS
FROUXOS X ERA DAS REDES) .................................................................... 33
CONCLUSÃO.................................................................................................. 36
ANEXOS.......................................................................................................... 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................... 40
ÍNDICE............................................................................................................. 44
FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................. 45
9
INTRODUÇÃO
Esta monografia teve início a partir de questionamentos que surgiram ao
longo da minha prática clínica, atuando como pediatra-neonatologista e através
dos atendimentos de crianças e adolescentes no Centro de Atendimento e
Reabilitação para a Infância e a Mocidade (CARIM) do IPUB/UFRJ1 e
aprofunda os estudos dos fundamentos teóricos sobre a importância do vínculo
mãe-filho como base da saúde mental do indivíduo e ampliá-los para a família.
“Durante vários anos, vivenciei diversas situações que,
em face da complexidade, ultrapassam o conhecimento
meramente orgânico e nos obrigam a perceber o humano
na sua totalidade como ser biopsicossocial, portador de
uma história singular. Tais situações vão desde o
nascimento de bebês prematuros ou portadores de
malformações congênitas, bebês vítimas de asfixia - com
provável comprometimento neuropsicomotor como
seqüela - crianças que são internadas por diversos tipos
de patologias: incuráveis, deformantes, progressivas,
incapacitantes etc. Mães deprimidas e/ou que perdem
seus bebês logo após o nascimento, até situações de
abandono, negligência, violência doméstica etc.”
(FONTES, S. M. R. G., 2003, pg. 10)
O presente trabalho faz uma reflexão sobre as teorias relacionadas ao
tema vínculo com os primeiros cuidadores e a importância do ambiente para o
desenvolvimento emocional da criança, enfatizando não só a ligação do bebê
com a sua mãe, ampliado para toda a família. Pontua os cuidados e ações que
os profissionais de saúde, em particular o pediatra, podem adotar enquanto
1 IPUB = Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde cursei a especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência e apresentei monografia: Promovendo Encontros mãe-filho, a Pediatria sob um Novo Olhar; como requisito final.
10agentes de intervenção no processo de vinculação favorecendo a construção
do bebê enquanto sujeito. Propõe-se ainda a contextualizar a criança através
do percurso histórico/social da família e apontar os possíveis caminhos com
possibilidades múltiplas de vinculação na sociedade atual.
O tema Vínculo tem sido bastante estudado por pesquisadores do
desenvolvimento infantil e abrange várias áreas do conhecimento: psiquiatria,
pediatria, psicologia, psicanálise, pedagogia, sociologia etc.
Sabemos que muitos problemas do comportamento infantil e da vida
adulta estão relacionados a falhas na formação do vínculo: problemas de
aprendizagem, delinqüência, transtorno de ansiedade e do desenvolvimento
neuropsicomotor, agressividade, retraimento social, suicídio, queixas somáticas
etc. O pediatra tem importante ação profilática por ser o primeiro cuidador além
da família.
O trabalho de René Spitz, psicanalista, proporcionou a compreensão do
que é um ambiente promissor e se tornou base para as pesquisas que
evidenciam as ameaças ao desenvolvimento da criança quando este ambiente
não lhe é proporcionado.
No período pós guerra em que várias crianças perderam seus pais,
aumentou significativamente o número de crianças abandonadas em orfanatos
na Europa, o que despertou o interesse em estudos sobre a importância das
primeiras experiências para o desenvolvimento infantil. Vários teóricos se
destacaram: R. Sptiz, J. Bowlby, D. Winnicott e posteriormente, Brazelton,
Klaus, Kennel, Stern, entre outros.
A pediatria inicialmente teve uma ação pedagógica com um discurso
higienista que visava a diminuir os altos índices de mortalidade infantil. Os
cuidados hospitalares promoviam a esterilização dos agentes causadores de
doenças e proibiam a permanência dos cuidadores junto às crianças
internadas. Os médicos ditavam regras relativas à infância, tendo como
11referência a higienização, reflexões sobre a educação moral, social e política
das crianças.
O aumento do numero de bebês prematuros sobreviventes, graças ao
avanço tecnológico, que permaneciam longo tempo hospitalizados em UTIs
neonatais e a dificuldade para cuidar dos mesmos em casa, foram
determinantes para teorias sobre vínculo e a necessidade do desenvolvimento
do apego entre os bebês e seus pais e/ou cuidadores. Aconteceu defasagem
entre a evolução tecnológica e a evolução nos cuidados, sendo necessário
adequá-los através do processo de humanização e cuidados ampliados para a
família.
O Tema central deste trabalho é a importância dos vínculos afetivos na
construção do sujeito a partir da família e o novo olhar do pediatra como agente
de intervenção no fortalecimento, construção e ou reconstrução dos mesmos.
Como a pediatria pode atuar junto às famílias contemporâneas com suas
particularidades, crises e valores em que os vínculos tornam-se cada vez mais
frouxos? Qual a importância da vinculação na vida do sujeito? Como acontece
a vinculação? Em quais circunstâncias e de que maneira o indivíduo pode
estabelecer e manter vínculos afetivos? Quais são as conseqüências para a
vida do sujeito quando os vínculos não se estabelecem ou são rompidos?
Neste trabalho, buscam-se os fundamentos teóricos sobre a importância
dos vínculos familiares como base da saúde mental do sujeito, pois, sabemos
que esta é alicerçada durante os primeiros anos de vida. Como embasamento
teórico, utilizo os ensinamentos de Bowlby; Winnicott; Brazelton; Klaus, kenel e
Klaus e Pichon Rivière sobre as teorias de vinculação, discorridos no primeiro
capítulo, onde se reflete ainda sobre a formação de vínculos afetivos em
situações especiais: prematuridade, quadros de síndromes ou malformações
congênitas.
O segundo capítulo apresenta a história da família desde a família
tradicional até a família contemporânea com suas características e
12contextualiza a criança em seu ambiente. Parodiando Winnicott2, acredito que
tudo começa em casa. O referencial teórico utilizado encontra-se nas obras de
Elisabeth Badinter, Elisabeth Roudinesco e Anthony Giddens.
O terceiro capítulo faz uma releitura da obra de Zigmunt Bauman: Amor
Líquido – Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos, o qual discorre sobre a
formação de laços afetivos na pós modernidade.
2 Livro escrito por Winnicott cujo título é Tudo Começa Em Casa
13
CAPÍTULO I
VÍNCULO
No presente capítulo desenvolvo reflexões sobre o tema Vínculo, à luz
do pensamento de J. Bowlby; D. Winnicott; T. Brazelton; M. Klaus, J. Kennell e
P. Klaus e Pichon-Rivière e apresento possibilidades de formação de vínculos
em situações especiais como ocorrem com os nascimentos de bebês
prematuros, portadores de má-formação e síndromes.
1.1. John Bowlby: Teoria da Ligação
Bowlby designa como teoria de ligação:
“um modo de conceituar a propensão dos seres humanos
a estabelecerem fortes vínculos afetivos com alguns
outros, e de explicar as múltiplas formas de consternação
emocional e perturbação da personalidade incluindo
ansiedade, raiva, depressão e desligamento emocional, a
que a separação e perda involuntárias dão origem”
(Bowlby, 2001, pg. 168).
Segundo os defensores da teoria da ligação, a origem de muitas formas
de distúrbios psiquiátricos encontram-se em desvio no desenvolvimento do
comportamento de ligação ou a uma falha em seu desenvolvimento.
O comportamento de ligação é mais evidente nos primeiros anos de
vida, mas está presente em toda a existência do indivíduo. Os padrões de
comportamento de ligação manifestam-se de formas diferentes, variando com
a idade, sexo, circunstância e de acordo com as experiências nos primeiros
anos de vida com figuras de ligação.
14 “Inclui o choro e o chamamento, que suscitam cuidados e
desvelos, o seguimento e o apego e também os vigorosos
protestos se uma criança ficar sozinha ou na companhia
de estranhos.
Nos adultos, elas são essencialmente evidentes quando
uma pessoa está consternada, doente ou assustada”.
(Bowlby, 2001, pg. 171)
A teoria de ligação apresenta as seguintes características:
- Especificidade å O comportamento de ligação tem uma ordem de
preferência, dirigindo-se para um ou alguns indivíduos específicos.
- Duração å Persiste geralmente por grande parte do ciclo vital. As primeiras
ligações não são abandonadas facilmente. Na adolescência, as ligações da
infância podem diminuir ou serem substituídas, mas geralmente continuam.
- Envolvimento emocional å “Muitas das emoções mais internas surgem
durante a formação, manutenção, rompimento e renovação de relações de
ligação”. (Bowlby, 2001, pg. 172)
O vínculo afetivo que se mantém inalterado aparece como fonte de
segurança. A renovação de um vínculo gera alegria, enquanto, a ameaça de
perda causa ansiedade, a perda real produz tristeza e qualquer dessas
situações provocar raiva.
- Ontogenia å Durante os nove primeiros meses de vida, os bebês humanos
desenvolvem comportamento de ligação com uma figura preferida, geralmente
a pessoa que lhe oferece os cuidados maternos. O comportamento de ligação
continua ativado até o final do terceiro ano de vida e tende a ficar menos ativo
em seguida, no desenvolvimento saudável.
15- Aprendizagem å Aprender a diferenciar o familiar do estranho faz parte do
processo no desenvolvimento da ligação e a ligação ocorre apesar de punições
repetidas por uma figura de ligação.
- Organização å No início, o comportamento de ligação é mediado por
respostas organizadas simples que se tornam refinadas a partir do primeiro ano
de vida e incluem modelos do meio ambiente e do eu. Os sistemas são
ativados por: estranhamento, fome, cansaço ou qualquer coisa que provoque
medo e são terminados pela visão ou som da figura materna e principalmente,
a interação feliz com ela.
- Função biológica å O comportamento de ligação acontece em quase todos
os mamíferos jovens e persiste na vida adulta de algumas espécies. “A mais
provável função do comportamento de ligação é, de longe, a proteção,
principalmente contra os predadores”. (Bowlby, 2001, pg. 173)
A capacidade para estabelecer vínculos afetivos ou a dificuldade que se
apresente através de problemas conjugais, dificuldades com os filhos, sintomas
neurótico e distúrbios de personalidade têm relação direta com as experiências
do indivíduo com os seus pais.
Os pais de uma criança devem lhe fornecer uma base segura e
estimulação a exploração a partir dessa base ou seja, devem respeitar a
criança pelo desejo de ligação e pelo desejo de explorar e ampliar de modo
gradual as suas relações com crianças de sua idade e com outros adultos.
“Uma das fontes mais comuns de raiva na criança é a frustração do seu desejo
de amor e cuidados, e de que a sua ansiedade geralmente reflete a incerteza
quanto à disponibilidade dos pais”. (Bowlby, 2001, pg. 179)
A ausência de formação ou rupturas prolongada e repetidas de vínculos
afetivos relaciona-se com a gênese de distúrbios psiquiátricos: psicopatia
(sociopatia), depressão, delinqüência, suicídio, entre outros.
16- Psicopatia å O indivíduo que sofreu prolongada privação de cuidados
maternos nos primeiros anos de vida, ameaça de rejeição posterior ou ameaça
de rejeição pelos pais biológicos ou adotivos desenvolve um comportamento
emocional desligado, incapaz de manter um vínculo afetivo estável.
Frequentemente a infância foi perturbada pela morte, divórcio ou separação
dos pais, ou por outros eventos que resultam na ruptura dos vínculos afetivos.
É grande a incidência de transferência da criança de um lar par o outro, com
repetidas mudanças de figuras parentais.
- Depressão å A perda na infância deve-se mais frequentemente à morte de
um dos pais do que à ilegitimidade, divórcio ou depressão.
- Pacientes suicidas (os que tentaram ou que consumaram) å Acontece com
perdas ocorridas nos primeiros cinco anos de vida e que tenham sido causadas
não só pela morte de um dos pais, mas também por outras causas
permanentes, principalmente a ilegitimidade e o divórcio.
“A forma assumida pela perda na infância afeta a forma
de qualquer doença depressiva que possa desenvolver-se
mais tarde. Quando a perda na infância foi devida à
separação, é provável que qualquer doença que seja
subseqüentemente contraída mostre características de
depressão neurótica, com sintomas de ansiedade.
Quando a perda se deva a morte, qualquer doença que se
desenvolva subseqüentemente poderá apresentara
características de depressão psicótica, com muito
retardamento.” (Bowlby, 2001, pg. 111)
O padrão de interações desenvolvido na infância essencialmente nas
relações familiares é decisivo para o desenvolvimento da personalidade, pois o
primeiro padrão a se estabelecer tende a persistir.
A personalidade dita saudável reflete a capacidade que o indivíduo
apresenta em conhecer figuras adequadas que podem proporcionar-lhe uma
17base segura e sua capacidade para colaborar com essas figuras em relações
de trocas gratificantes para ambos. É portanto, capaz de trocar de papéis
quando a situação muda. Quando ocorre deterioração que altera este
processo, o indivíduo tende a desenvolver: apego ansioso, exigência excessiva
ou muito intensas para a idade e para a situação, não envolvimento indiferente
e independência desafiadora.
“A pessoa em quem se confia, também conhecida como
uma figura de ligação (Bowlby, 1969), pode ser
considerada aquela que fornece ao seu companheiro (ou
a sua companheira) uma base segura a partir da qual
poderá atuar”. (Bowlby, 2001, pg. 140)
1.2. Donald Winnicott
A teoria de Winnicott considera a mãe como responsável por um
ambiente facilitador do desenvolvimento emocional da criança e considera que
as bases da saúde mental do indivíduo são estabelecidas pelo relacionamento
materno.
A mãe apresenta sintonia com o bebê que a capacita para suprir as suas
necessidade básicas a partir de identificação com ele. Este processo é definido
como “PREOCUPAÇÃO MATERNA PRIMÁRIA” (Da pediatria à psicanálise)
que, segundo Winnicott, corresponde a um momento de sintonia mãe-bebê
devido a uma acentuada sensibilidade da mãe em relação ao filho, presente no
final da gravidez e nos primeiros dias de vida do bebê, que lhe permite
perceber as necessidades básicas do filho. Se há falta nessa etapa da vida da
criança, esta a percebe como ameaça à existência do eu.” (citado por
FONTES, S. M. R. G., 2003, pg. 4)
Quando a mãe se encontra no processo de Preocupação Materna
Primária, proporciona à criança ambiente favorável ao seu desenvolvimento, à
sua constituição enquanto sujeito, com estabelecimento do eu. Se há falha
18nessa etapa da vida da criança, esta a percebe como ameaça à existência
pessoal do eu.
Segundo Winnicott, o bebê necessita de uma mãe suficientemente boa
que através dos seus cuidados junto com suas tendências inatas para a
integração e o crescimento são responsáveis por uma boa saúde mental.
“Inicialmente, o bebê apresenta uma dependência
absoluta do outro e o seu eu encontra-se não-integrado.
O ego da mãe funciona como ego auxiliar da criança que
ainda se encontra em construção, sendo, pois, os
cuidados que a mãe dedica ao seu bebê de importância
vital. Podemos deduzir, que não existe bebê na ausência
da mãe. Quando não é proporcionado ao bebê um
ambiente suficientemente bom, no início do seu
desenvolvimento, o eu pode morrer ou não se
desenvolver.” (citado por FONTES, S. M. R. G., 2003, pg.
6)
A relação mãe-bebê evolui e passa por três fases: fase de dependência
absoluta dos cuidados maternos, que se caracteriza por fusão do bebê com a
sua mãe, nos primeiros cinco meses de vida; fase de dependência relativa em
que a criança diferencia-se de modo gradual da sua mãe, entre o sexto mês e
o final do primeiro ano de vida. A mãe afasta-se do bebê gradativamente e
satisfaz-lhe as necessidades de acordo com suas solicitações. A terceira fase
ocorre no final do segundo ano de vida, em que a criança evolui para a
independência. Ela enfrenta o mundo e ocorre a socialização.
A família, além da mãe, desempenha papel importante no
estabelecimento da saúde individual.
“O cuidado materno transforma-se num cuidado oferecido
por ambos os pais, que juntos assumem a
responsabilidade por seu bebê e pela relação entre todos
19os filhos. Além disso, os pais têm a função de receber as
“contribuições” fornecidas pelas crianças sadias da
família. O cuidado proporcionado pelos pais evolui para a
família e esta palavra começa a ter seu significado
ampliado e passa a incluir os avós, primos e outros
indivíduos que adquirem o status de parentes devido à
sua grande proximidade ou a seu significado especial – os
padrinhos por exemplo”. (Winnicott, 2001, pg. 130)
A família proporciona um caminho de transição entre os cuidados dos
pais e a sociedade. Esse contexto familiar ajuda o indivíduo a atingir sua
maturidade emocional; dando-lhe oportunidade de voltar a ser dependente
quando necessitar; ou permitindo-lhe trocar os pais pela família mais ampla e
em seguida pelos círculos sociais.
1.3. T. Berry Brazelton
De acordo com Brazelton, o vínculo é um processo contínuo. Existe um
fator instintivo, mas não é instantâneo e automático como os pais tendem a
idealizar. Os pais podem apaixonarem-se pelo bebê à primeira vista, mas a
permanência desse amor é um processo de aprendizagem sobre si mesmo e
sobre o bebê que é o aprendizado das linguagem de vinculação. A função
parental não está relacionada ao que se faz pelo bebê, mas no intercâmbio, no
feedback que se estabelece entre o bebê e si mesmo.
Para Brazelton, os bebês se desenvolvem a partir de duas fontes: uma
interna, inerente ao bebê que se aperfeiçoa à medida que ele realiza seus
objetivos, chamado senso de competência. A outra fonte é externa e provem
do ambiente. O bebê registra suas respostas a estímulos externos e altera o
seu estado de equilíbrio que lhe proporciona satisfação interna. Esse ciclo:
receber, registrar, ao ser perturbado por um sinal e adquirir um novo equilíbrio
é importante como base para que o bebê se desenvolva. Esse equilíbrio é,
20portanto, adquirido a partir dos estímulos que lhe são enviados pelos seus
cuidadores.
“À medida que são cuidados e recebem respostas de
quem os cuida, os bebês obtêm um controle sobre suas
reações, que lhes falta, dando-lhes uma base, a partir da
qual eles, por sua vez, podem participar e responder aos
eventos importantes em seu ambiente. Isto, por sua vez,
incentiva-os a aprenderem sobre si mesmos”. (Brazelton,
1988, pg. 13)
O melhor recurso para adquirir papéis como pais, é a liberdade de
conhecer a si mesmo, seguir as próprias inclinações e os melhores sinais para
saber se estão no caminho certo com o bebê, são dados pelo próprio bebê.
O apego ao feto inicia muito antes do nascimento. Ao longo de toda a
gravidez o feto está tendo experiências e sendo moldado pelas experiências da
mãe.
A capacidade de enfrentar a separação nos estágios apropriados do
desenvolvimento da criança é um forte sinal de apego.
1.4. Klaus, Kennel e Klaus
Definem vínculo como:
“Um relacionamento específico, único entre duas
pessoas, que dura ao longo do tempo. Embora seja difícil
definir esse relacionamento duradouro operacionalmente,
tomamos como indicadores dessa ligação vários tipos de
comportamentos entre pais e filhos, como o beijo, o
abraço e o olhar prolongado – conduta que mantém o
contato e exibe o afeto da pessoa em relação a um
indivíduo em especial”. (Klaus, Kennell e Klaus, 2000, pg.
16)
21O vínculo dos pais com seus filhos deve ser o mais forte e a mais
importante das ligações humanas. Os vínculos são fundamentais para a
sobrevivência e para o desenvolvimento do bebê.
O termo formação de vínculo refere-se ao elo entre os pais e a criança e
a palavra apego refere-se ao elo da criança com os pais. O vínculo pai-criança
pode ser afetado na sua evolução pelo local, circunstâncias, história familiar e
diferenças individuais.
“Os vínculos dos pais podem persistir durante longos
intervalos de tempo ou distância, mesmo que sinais
visíveis de sua existência frequentemente possam não ser
aparentes”. (Klaus, Kennell e Klaus, 2000, pg. 16)
Klaus, defende a idéia da importância do contato com os pais na
primeira hora de vida do bebê, no resto das visitas e ao longo da permanência
na maternidade.
O apego seguro com senso saudável de self no mundo se desenvolve
quando os pais oferecem aos filhos um ambiente favorável ao seu
desenvolvimento e esse processo ocorre através dos vínculos que os pais
formam com os seus filhos.
Um forte vínculo pais-bebês que se intensifica através de cuidados e
apoio que os pais recebem durante o trabalho de parto, nascimento e período
pós-parto, melhora a ação dos pais em relação às necessidades do bebê e
fortifica o apego que o bebê estabelece com seus pais.
1.5. Enrique Pichon – Riviére: A Teoria do Vínculo
Para Pichon-Rivière3, vínculo significa a estrutura dinâmica, englobando
o sujeito e o objeto. Esta estrutura, que é particular para cada caso e cada
momento, advém da maneira como o indivíduo se relaciona com o outro ou
22com os outros. É uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto e
sua inter-relação mútua com processos de comunicação e aprendizagem.
O vínculo normal é aquele que se estabelece entre o sujeito e um objeto
quando ambos têm a possibilidade de fazer uma livre escolha de um objeto,
como resultado de uma boa diferenciação entre eles; como acontece em uma
relação adulta normal em que os objetos são diferenciados, ou seja, tanto o
sujeito como o objeto têm uma livre escolha de objeto.
Pichon – Rivière não acredita na possibilidade de que se estabeleçam
vínculos entre objetos totalmente diferenciados, pois tais vínculos não existem.
Os vínculos patológicos são analisados por ele, observando os diferentes
comportamentos que o indivíduo estabelece com os objetos, de acordo com as
qualidades que os vínculos adquirem. Ex.: No vínculo paranóico, há
desconfiança e reclamação com os outros. O vínculo depressivo se apresenta
através do sentimento de culpa e sofrimento. O vínculo obcessivo caracteriza-
se pela necessidade de controle e de ordem. No vínculo hipocondríaco, o
indivíduo relaciona-se com o outro através do corpo e das queixas relacionadas
à saúde. O vínculo histérico corresponde ao da representação. Na neurose
obsessiva observa-se controle do outro; os ritos particulares disfarçam a
desconfiança e a ansiedade paranoide. Na psicose, Pichon observa vínculos
paranóide, depressivo e maníaco.
O vínculo, seria o vínculo das primeira experiências sociais, constitutivas
do sujeito, levando portanto, ao conhecimento de uma psicologia social, em
que o grupo social ao qual o indivíduo se encontra, tem grande importância
devido às possibilidades de reconhecimento do tipo de vínculo que um paciente
fixa com cada indivíduo, podendo ser normal com um e de outro tipo com outro,
especialmente na família. Este tipo de trabalho psicossocial corresponde à
análise dos vínculos do paciente com os membros da família junto com o
3 Enrique Pichon–Riviére, psicanalista argentino, desenvolveu idéias que propunham a necessidade de complementar a investigação psicanalítica com a pesquisa social.
23trabalho sócio-dinâmico que analisa as tensões do grupo familiar. A análise
institucional busca a pesquisa da história, origem e estrutura da família.
De acordo com Pinchon, a doença que surge em um membro de uma
famíla relaciona-se com o que ocorre dentro deste universo.
“Quando um membro de uma família adoece, é um todo
que está atuando através dele; existe um desajuste
prévio, uma mobilização de tensões na estrutura familiar
para que venha a emergir uma manifestação doentia em
um de seus membros. Este membro da família que
adoece seria o porta-voz das angústias do grupo familiar”.
(Pichon, citado em http.www.psy.med.br/textos/frida
atie/dissertação frida atie/vinculo atie.pdf., pg. 77)
1.6. Formação de Vínculos em Situações Especiais
“Na sociedade contemporânea, adepta do descartável, do
perfeito, da ausência de dor e de qualquer forma de
sofrimento, onde não há lugar para o simbolismo, o
nascimento de um bebê prematuro, de risco e/ou
malformado contraria as expectativas da mãe, da família e
da sociedade como um todo.” (FONTES, S. M. R. G.,
2003, pg. 03)
O nascimento acontece tanto no plano físico/orgânico, quanto no
simbólico. Os pais têm função estruturante como agentes de constituição do
sujeito, o que significa que o bebê necessita do outro para se constituir
enquanto sujeito, com identidade própria, como ser de desejo do casal
parental, inicialmente através da vinculação com a mãe, seguida do pai.
A mãe para assumir a maternidade necessita ressignificar a própria
infância, a relação com seus pais e essencialmente com sua mãe. A
maternidade é uma construção da relação de encantamento da mãe com o seu
bebê.
24O nascimento também é um período de perdas para a mãe: perda do
papel de filha, perda do casal parental, perda do bebê imaginário e da relação
simbiótica com o bebê na gravidez.
Em situações especiais, como acontece com o nascimento de bebês
prematuros, com quadros de malformação congênitos e/ou síndromes, há
necessidade de elaboração das fantasias e do luto da mãe em relação ao bebê
sonhado e imaginado, tão diferente do bebê real. Há grande distorção das
expectativas e os pais necessitam de recursos para o enfrentamento da
situação visando proteger o estabelecimento dos vínculos com esse bebê. As
mães desses bebês sentem-se culpadas e incapazes. Vivenciam sentimentos
de amor, ódio, medo, raiva, dor, tristeza com grande angústia que podem
provocar desestabilização emocional na família.
Em casos de bebês prematuros, não há apenas um bebê prematuro,
mas também uma mãe prematura e, portanto, um encontro prematuro.
A mãe do bebê prematuro sente dificuldades em entender os sinais
enviados por seu bebê, o que lhe propicia sensação de incapacidade.
“A prematuridade parental torna necessária a intervenção
da equipe como mediadora dos encontro entre este bebê
e seus pais, sua família, buscando facilitar a compreensão
das suas condutas, seu nível de funcionamento e
desenvolvimento”. (CARVALHO, M. e MORSCH, D. S.,
2007, pg. 62)
Os bebês devem ser introduzidos numa relação e na história familiar e a
mãe necessita reconstruir a sua história com esse bebê para que ele possa ser
investido no amor.
A mãe deve ser ajudada a ocupar o seu lugar junto ao bebê, evitando
distanciamento e desencontros no período da hospitalização e após a alta. A
equipe de saúde tem a função primordial de preservar vínculos.
25“O que parece primordial na prática psicanalítica com
bebês é preservar vínculos. Vínculos com a mãe, é claro,
com o pai genitor ou aquele que faz função de pai,
vínculos com a sociedade, (por exemplo nos casos de
parto em segredo), mas também vínculos com o antes do
nascimento. A criança nasce num vínculo sensorial que
preexiste ao seu nascimento” (SZEJER, M. e STEWART,
R., 1999, p.79)
26
CAPÍTULO II
UM PERCURSO HISTÓRICO: DA FAMÍLIA
TRADICIONAL À FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
“... não impedem que a família seja atualmente
reivindicada como o único valor seguro ao qual ninguém
quer renunciar. Ela é amada, sonhada e desejada por
homens, mulheres e crianças de todas as idades, de
todas as orientações sexuais e de todas as condições”.
(Roudinesco, E., 2003, pg. 198)
A família passou por várias mudanças até chegar à atualidade. O texto a
seguir enfoca a história da família, usando como referencial teórico os estudos
de Elisabeth Badinter, Elisabeth Roudinesco e Anthony Giddens.
Na evolução da família, distinguem-se três períodos: A família dita
“tradicional”, a família dita “moderna” e a família dita “contemporânea” ou “pós-
moderna”.
2.1. Família Tradicional (Década 40 – 50)
A família tradicional tem por finalidade principal assegurar a transmissão
de um patrimônio. É uma unidade econômica e de parentesco. Os pais são
responsáveis pelos casamentos dos seus filhos, que são indissolúveis,
garantidos pela presença divina, acontecem a partir de acordos entre as
famílias dos noivos, geralmente unidos em idade precoce e cujos sentimentos
não são levados em conta. A família encontra-se submetida a uma autoridade
patriarcal que assume poder divino e monárquico.
“Até a primeira metade do século XVIII, o amor não era
considerado como valor familiar e social. Os casamentos
27aconteciam entre noivos do mesmo nível social,
escolhidos pelos pais e com base no dote. O pai era
figura temida, capaz de açoitar o filho desobediente ou a
esposa faltosa.” (BADINTER, E., citado por FONTES, S.
M. R. G., 2003, pg. 12)
Desde o século XVI até o século XVIII, a autoridade paterna era
bastante forte, por influência do direito romano e do absolutismo político. O
princípio da autoridade regia toda a sociedade no século XVIII. Havia
desigualdade entre os sexos; ao homem cabia a autoridade, enquanto a mulher
tinha papel secundário.
O filho encontrava-se totalmente submisso à vontade dos pais. Não
havia sentimento em relação à infância. O filho era visto como coisa, objeto
para os pais. Vestia-se como um adulto em miniatura.
“Heróico ou guerreiro, o pai dos tempos arcaicos é a
encarnação familiar de Deus, verdadeiro rei taumaturgo,
senhor das famílias. Herdeiro do monoteísmo, reina sobre
o corpo das famílias e decide sobre os castigos infligidos
aos filhos”. (Roudinesco, E., 2003, pg. 21)
A desigualdade entre homens e mulheres estendia-se à vida sexual.
Havia um duplo padrão sexual visando assegurar continuidade na linhagem e
na herança. Os homens tinham amantes, cortesãs e prostitutas. Com o intuito
de assegurar a paternidade, era exaltada a virgindade nas moças, prováveis
esposas e nestas, a constância e fidelidade. Existia, portanto, uma concepção
dualista da sexualidade feminina: distinção entre a mulher virtuosa e a mulher
libertina. A sexualidade na família tradicional era dominada pela reprodução.
O casamento tradicional estava fundamentado na desigualdade dos
sexos e na posse legal das esposas pelos maridos – esposas foram bens
móveis no direito inglês até uma altura avançada deste século. Da mesma
maneira, as crianças possuíam poucos direitos legais.
28O aborto era freqüente, bem como o abandono e o infanticídio.
No século XVIII havia o hábito, principalmente na França, de contratar
amas de leite.
“Os bebês eram enviados à casa de uma ama horas ou
dias após o nascimento onde permaneciam até o quarto
aniversário. Retornavam ao lar e com oito a dez anos
partiam para um convento ou internato. Nas classes
abastadas, as crianças permaneciam com uma ama até
os sete anos e, se meninos, em seguida eram entregues
a um preceptor.” (BADINTER, E., citado por FONTES, S.
M. R. G., 2003, pg. 14)
A taxa de mortalidade infantil era muito elevada até o século XVIII. A
medicina infantil como especialidade só aconteceu no século XIX.
A família padrão da década de 1950 caracteriza-se por ambos os pais
morando juntos com os filhos nascidos de seu casamento, sendo a mãe uma
dona de casa em tempo integral e o pai assegurando o sustento.
2.2. Família Moderna (Década 60 – 70)
A família moderna acontece entre o final do século XVIII e meados do
século XX. Está fundada no amor romântico, com reciprocidade dos
sentimentos e dos desejos carnais através do casamento. Há valorização da
divisão de trabalho entre os esposos. A nação é encarregada de assegurar a
educação dos filhos. A autoridade divide-se entre os pais e o estado e país. É
cada vez mais dessacralizada. Verifica-se perda de influência da igreja em
benefício do estado.
Há uma nova ordem familiar. A família ocidental, no século XVIII, que se
baseava na soberania divina do pai, sofre o aparecimento súbito do feminino, a
partir do direito central concedido à maternidade.
29No final do século XVIII, visando diminuir o alto índice de mortalidade
infantil, houve uma exaltação do amor materno, pelo estado. As mães
estimuladas por um discurso higienista dos médicos, passam amamentar e
cuidar dos filhos. O filho deixa de ser coisa para se tornar um sujeito integral.
Na família burguesa, o filho passa a ser desejado e visto como um investimento
na transmissão do patrimônio.
Desenvolve-se o sentimento de infância. A mãe torna-se personagem
central da família na medida em que lhe é autorizado, um novo saber e ela
desempenha as funções de nutrição e educação dos filhos além de ser guardiã
natural da moral e da religião. A família moderna caracteriza-se pela ternura e
intimidade entre pais e filhos.
A abolição da monarquia causou na sociedade do século XIX uma nova
organização da soberania patriarcal. O pai da sociedade burguesa não se
assemelhava mais a um Deus soberano. O pai agora é justo e submete-se à
lei.
O casamento dura enquanto durar o amor. Surge o direito do divórcio e
a idéia que todo filho (ilegítimo, adulterino ou abandonado) tem direito a uma
família, a um pai e a uma mãe.
No século XIX, a substituição do poder de Deus pai pelo PATER
FAMILIAS abre caminho para a emancipação feminina e das crianças. Ocorre
declínio da soberania do pai e o início de uma emancipação da subjetividade.
2.3. Família Pós-Moderna ou Contemporânea (Novo Século)
Inicia-se a partir dos anos sessenta. Nesta, dois indivíduos unem-se
buscando relações íntimas ou realização sexual. A transmissão da autoridade
torna-se problemática devido aos divórcios, separações e recomposições
conjugais.
30Atualmente, o casamento encontra-se em declínio constante. Os
cônjuges às vezes, escolhem não ser pais. Freqüentemente, é precedido por
um período de união livre, concubinato ou de experiências múltiplas de vida
comum solitária. Há separação completa entre sexualidade e reprodução. A
sexualidade tem pouca conexão com o casamento e a legitimidade. Ocorre
aumento do número de crianças nascidas de pais não casados e também
aumenta o número de famílias monoparentais.4
“Cada vez mais freqüentemente concebidos fora dos
laços matrimoniais, os filhos assistem, uma vez em cada
três, às núpcias de seus pais doravante unidos não para a
duração de uma vida, mas, em mais de um terço dos
casos, para um período aleatório que se consumará com
um divórcio, consentido, passional ou litigioso -, e, para as
mulheres com uma situação dita monoparental.”
(Roudinesco, E., 2003, pg. 197)
Hoje, as família se estruturam de várias maneiras: famílias
monoparentais, famílias do recasamento, famílias formadas por um casal do
mesmo sexo, família unipessoal (uma pessoa que mora sozinha), famílias inter-
raciais, de grupo de irmãos, famílias formadas através da adoção etc.
As tecnologias de reprodução permitem várias novas configurações
familiares: famílias formadas através de inseminação artificial com esperma do
doador, famílias formadas através de óvulos de doadora, famílias formadas
através de útero de mães substitutas.
O casal, casado ou não, é o centro da vida familiar e se baseia em
comunicação ou intimidade emocional. Os laços do casamento são formados
por amor ou amor somado à atração sexual.
4 Famílias Monoparentais – Uma organização familiar com um único progenitor que vive com seu(s) filho(s) num mesmo lar e que está diretamente envolvido com sua criação, cuidados e educação.
31Segundo Giddens, a família hoje está se tornando democratizada nos
moldes dos processos de democracia pública e a idealiza com as seguintes
características:
- Igualdade emocional e sexual;
- Direitos e responsabilidades mútuos nos relacionamentos;
- Co-paternidade;
- Contratos vitalícios de paternidade;
- Autoridade negociada com os filhos;
- Obrigações dos filhos com os pais;
- A família social integrada.
“em lugar de ser divinizada ou naturalizada, a família
contemporânea se pretendeu frágil, neurótica, consciente
de sua desordem, mas preocupada em recriar entre os
homens e as mulheres um equilíbrio que não podia ser
proporcionado pela vida social. Assim, fez brotar de seu
próprio enfraquecimento uma vigor inesperado.
Construída, desconstruída, reconstruída, recuperou sua
alma na busca dolorosa de uma soberania alquebrada ou
incerta”. (Roudinesco, E., 2003, pg. 153)
Em resumo, a família tradicional caracteriza-se por ser hierarquizada
com papéis sexuais segregados, funções parentais bem definidas, com um
modelo único e seguro. A família moderna é igualitária, com papéis sociais
negociáveis e prioridade nos vínculos afetivos. A família pós-moderna ou
contemporânea é igualitária, os laços não são duradouros e apresenta
nivelamento entre gerações.
33
CAPÍTULO III
LAÇOS AFETIVOS NA PÓS-MODERNIDADE (LAÇOS
FROUXOS X ERA DAS REDES)
De acordo com Zygmunt Bauman, os vínculos familiares, bem como as
relações amorosas, são afetados na era por ele chamada de modernidade
líquida em que os relacionamentos acontecem em redes, com laços frouxos
que se desmancham com facilidade, rapidez de maneira imprevisível.
O cidadão moderno tende a conectar-se em redes na tentativa de
preencher os espaços vazios deixados pela ausência de vínculos.
Existe ambivalência nas relações humanas caracterizada pela
necessidade de ligar-se ao mesmo tempo em que não suporta vinculação
permanente, cujo ônus seria a perda da liberdade. Há fragilidade dos vínculos
humanos com conseqüente sentimento de insegurança e desejos conflitantes
entre apertar os laços e mantê-los frouxos.
Os homens e mulheres contemporâneos são dotados de sentimentos
facilmente descartáveis e anseiam por um convívio seguro e por
relacionamentos. No entanto, temem os encargos e tensões que possam advir
da condição de encontrarem-se ligados, especialmente se a ligação for
duradoura ou permanente; pois não se dispõem a suportar a limitação da
liberdade de que necessitam para se relacionarem. Portanto, os laços só
precisam ser atados frouxamente para que possam ser desfeitos sempre que
necessário.
“No liquido cenário da vida moderna, os relacionamentos
talvez sejam os representantes mais comuns, agudos,
34perturbadores e profundamente sentidos da
ambivalência”. (Bauman, Z., 2004, pg. 8)
Há uma tendência para evitar compromisso, especialmente a longo
prazo, considerada a maior armadilha a ser evitada no esforço por relacionar-
se. Busca-se “relacionamento de bolso”, do tipo que se “pode dispor quando
necessário” e depois tornar a guardar. (Bauman, Z., 2004, pg. 10)
O comprometimento fecha as portas para outras possibilidades
românticas, que possam ser mais atraentes, daí, ser evitado.
Os relacionamentos virtuais apresentam maior facilidade quanto a
“entrar” ou “sair” do que os relacionamentos reais. Em uma “rede”, pode-se
conectar ou desconectar. Estas conexões são iniciadas ou cortadas por
escolhas, com a mesma importância. Diferente dos relacionamentos reais em
que romper é indesejado, nos relacionamentos virtuais, as conexões podem
ser rompidas e o são, muito antes que se comece a detestá-las. Uma “conexão
indesejável” é um paradoxo. (Bauman, Z., 2004, pg. 12)
“Estar conectado é menos custoso do que estar engajado
– mas também consideravelmente menos produtivo em
termos da construção e manutenção de vínculos”.
(Bauman, Z., 2004, pg. 82)
Vivemos em uma cultura consumista, do imediatismo, prazer passageiro,
resultado sem esforços prolongados, desejo sem ansiedade em que retardar a
satisfação é o sacrifício mais detestável. A maioria das inovações tecnológicas
recentes encurta a distância entre impulso e sua satisfação e fazem com que
esse processo aconteça de modo mais rápido e com menos trabalho, exemplo:
uso dos cartões de crédito para compras e crediários a perder de vista etc.
Investir no relacionamento é inseguro, pois este depende também da
liberdade, disponibilidade e desejo do outro. Às vezes é difícil separar a
adoração do ser amado da auto-adoração.
35 “Onde há dois não há certeza. E quando o outro é
reconhecido com um SEGUNDO plenamente
independente, Soberano, - e não uma simples extensão,
eco, ferramenta ou empregado trabalhando para mim, o
PRIMEIRO – a incerteza é reconhecida e aceita. Ser
duplo significa consentir em determinar o futuro”.
(Bauman, Z., 2004, pg. 35)
Atualmente há uma incapacidade para fazer escolhas. As pessoas não
se permitem errar ou perder e querem “tudo” o que conseqüentemente esbarra
em uma incapacidade para agir com aumento na procura por ajuda através de
aconselhamentos em consultórios. Ter filho é, nessa época, uma decisão difícil,
com conseqüências de grande alcance: alto custo monetário e intenso
investimento emocional em detrimento da autonomia do próprio conforto
visando o bem estar de outro ser dependente. Pode significar diminuir as
ambições pessoais além de significar um compromisso por tempo indefinido.
“A alegria da paternidade e da maternidade vêm, por
assim dizer, num pacote que inclui as dores do auto-
sacrifício e os temores de perigos inesporados”. (Bauman,
Z., 2004, pg. 61)
Na sociedade contemporânea, as parcerias são frouxas, tanto no campo
dos relacionamentos amorosos, quanto nas relações profissionais. O mundo
está cada vez mais competitivo e caracteriza-se por pouca confiança no outro.
O outro é visto como um inimigo em potencial e deve ser excluído, à medida
que “bloqueia o caminho”, como exemplo pode ser citado o enorme sucesso do
“reality show Big Brother” em que cada jogador após fazer parcerias, colabora
na eliminação dos seus cooperadores e vence o mais apto sobrevivente
(modelo Darwiniano).
36
CONCLUSÃO
“Somos desafiados pelo que vemos. E desafiados a agir –
a ajudar, defender, trazer alívio, curar ou salvar.”
(Z. Bauman)
A biologia ensina que o ser vivo é um sistema que se organiza em
redes que aumentam sua complexidade e, portanto, a sobrevivência. A família
constitui um momento na evolução humana para aumentar a sobrevivência
através da vinculação em redes: parentes, vizinhos etc.
A criança encontra-se inserida em numa nova ordem familiar. Não
sabemos qual será a problemática das crianças do futuro, fruto das novas
configurações familiares: recasamento, filhos nascidos por inseminações
artificiais, famílias formadas por pessoas do mesmo sexo etc. Como se
constituirão enquanto sujeitos? Quais os referenciais mais importantes?
Provavelmente, serão possíveis novas construções que atualmente parecem
aberrantes. É certo que o mais importante em termos de saúde mental não é
como a família se constitui, mas como se organiza e funciona de forma
saudável; como as pessoas interagem, adaptando-se e colaborando entre si. É
necessário que em qualquer das formas de organização familiar, sejam
explorados os recursos que possibilitem a formação de uma família harmônica
capaz de proporcionar um bom desenvolvimento emocional, físico e espiritual
da criança. A proteção e os cuidados das crianças devem guiar a política da
família.
É necessário identificar e trazer à luz o sintoma que emerge muitas
vezes como alerta para a desorganização familiar em que a criança se
apresenta como porta-voz. O pediatra deve sair do papel apenas tecnológico e
enxergar a criança como um ser histórico, valorizando as suas relações. Deve
ainda proporcionar mudanças no paradigma do cuidado à saúde das crianças e
37adolescentes, dissipando os “nós” e agir como apoio à família, já que a criança
encontra-se diretamente ligada aos adultos com quem está vinculada. Deve,
portanto, fazer parcerias com os pais, avós e demais familiares e estar atento
para apoiar livre de preconceitos e, acima de tudo, promover encontros.
Na sociedade contemporânea a mulher vive a dialética entre o
investimento no trabalho e os cuidados com os filhos: como “parar” na
profissão e investir na família? Que cuidados com os filhos podem ser
delegados? As mães sofrem pressão social para retornar rápido ao trabalho e à
forma física, em uma sociedade que valoriza a estética e a rapidez. Muitas
mulheres decidem fazer cirurgias plásticas logo após os nascimentos dos
bebês, o que impossibilita a amamentação. As crianças são colocadas
precocemente em creches e por tempo integral. Sabemos da importância do
vínculo das crianças com o cuidador, principalmente na idade entre 0 e 3 anos.
Brazelton denomina de amor institucional o que é verificado nas crianças que
ficam em creches, entregues a vários cuidadores. Diante do exposto, torna
ainda mais importante a preservação do vínculo que acontece como uma
construção.
Na pós modernidade, os vínculos afetivos são vários, fluídos e
flexíveis. Nos relacionamentos, na maioria das vezes, não há aceitação das
diferenças. A relação é do tipo narcisista, em que não há troca nem
crescimento individual e, dura enquanto é conveniente. Falta investimento no
outro.
Atualmente não existem papéis normativos e o conceito de
normalidade é relativo, então, os valores têm que ser construídos no cotidiano
das famílias e as diferenças negociadas. Podemos fazer escolhas e utilizar
novos referenciais para as crises de valores atuais.
Resumindo, podemos desenvolver novas funções com o cuidado
diferenciado através de novos olhares, papéis e valores. A clínica pode ser
38reinventada com novos profissionais em uma nova ordem social, preservando
os vínculos afetivos.
Por fim, pretendo utilizar os conhecimentos que adquiri nesta
especialização que agora concluo como ferramenta de trabalho, objetivando
melhorar a minha ação enquanto cuidadora que atua com crianças, de modo a
respeitar seu contexto familiar e sócio-cultural, preservando a singularidade de
cada um.
40
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44ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO............................................................................................2
AGRADECIMENTOS........................................................................................ iii
DEDICATÓRIA ................................................................................................. iv
RESUMO .......................................................................................................... vi
METODOLOGIA.............................................................................................. vii
SUMÁRIO ....................................................................................................... viii
INTRODUÇÃO................................................................................................... 9
CAPÍTULO I
VÍNCULO......................................................................................................... 13
1.1. John Bowlby: Teoria da Ligação ........................................................... 13 1.2. Donald Winnicott........................................................................................ 17 1.3. T. Berry Brazelton ...................................................................................... 19 1.4. Klaus, Kennel e Klaus............................................................................... 20 1.5. Enrique Pichon – Riviére: A Teoria do Vínculo ................................. 21 1.6. Formação de Vínculos em Situações Especiais ............................... 23
CAPÍTULO II
UM PERCURSO HISTÓRICO: DA FAMÍLIA TRADICIONAL À FAMÍLIA
CONTEMPORÂNEA........................................................................................ 26
2.1. Família Tradicional (Década 40 – 50).................................................... 26 2.2. Família Moderna (Década 60 – 70) ........................................................ 28 2.3. Família Pós-Moderna ou Contemporânea (Novo Século)............... 29
CAPÍTULO III
LAÇOS AFETIVOS NA PÓS-MODERNIDADE (LAÇOS FROUXOS X ERA
DAS REDES) ................................................................................................... 33
CONCLUSÃO.................................................................................................. 36
ANEXOS.......................................................................................................... 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................... 40
ÍNDICE............................................................................................................. 44
FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................. 45
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