relações raciais na história da educação...
Post on 16-Nov-2018
219 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Relações raciais na História da Educação (relações
raciais no Brasil aproximações teóricas e históricas);
Aspectos Legais e Políticos das Relações étnico-raciais
(reconhecimento e redistribuição – Aproximações
analíticas sobre a institucionalização das políticas de
igualdade racial.
Relações raciais na História da Educação
(relações raciais no Brasil aproximações teóricas
e históricas);
Nessa aula
Vamos conversar sobre: os conceitos de
Racismo, Preconceito, Discriminação e como
eles operam conjuntamente com o mito da
democracia racial brasileira
Pronto(a)s para começar?
Textos para discussão e reflexão
VIEIRA, Francisco Sandro Silveira. Do eurocentrismo ao afropessimismo –
Reflexão sobre a construção do imaginário da “África” no Brasil.
Documentário“Uma Lição de Discriminação / La leçon de
discrimination” (2006)
Produção: Radio-Canada
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=3UB18BKOYVQ
Uma Lição de Discriminação - YouTube
Definindo conceitos
Etnocentrismo
Afropessimismo
O Imaginário
Racismo, Preconceito, Discriminação.
Racismo- é o conjunto de teorias, crenças e práticas que visam
estabelecer uma hierarquia entre as raças previamente constituídas
pelo Racialismo (concepção ideológica que divide a
humanidade em raças – LINEUS)
• “O PRECONCEITO SOCIAL é uma atitude, uma indisposição afetiva, imaginária, ligada a
estereótipos étnicos. Uma atitude que se transforma em opinião, em crença. Por
exemplo, tem pessoas que crêem realmente que os negros são inferiores aos brancos”
(MUNANGA, 1995: mimeo.)
DISCRIMINAÇÃO RACIAL – é uma ação, atitude ou manifestação contra uma pessoa ou um grupo de pessoas em razão de sua ‘cor’ ou
“raça”. Proibir alguém de entrar em determinado local ou através de um lugar
predeterminado.
ESTEREÓTIPO – Imagens, palavras, gestos inventados e/ou preconcebidos de determinadas pessoas, lugares, objetos, geralmente com teor
negativo. É um grande motivador de preconceitos.
Acrescenta ainda o Prof. Kabengele Munanga que estes elementos encontram-se interligados. Para se discriminar alguém concretamente, tem-se que possuir uma predisposição para assim proceder, e a ideologia, enquanto doutrina, reforça e legitima esta prática através de discurso
articulado que concede uma lógica a todo ato de violência por ele legitimada.
Segundo ele, se uma pessoa predisposta à discriminação, ler um livro ou assistir um outro veículo de comunicação cultural considerado por ele confiável, e encontrar elementos ditos
‘científicos” afirmando a hierarquização das raças e que umas são superiores (a branca, ocidental,europeia) e outras inferiores (as
outras), com relação à inteligência, a cultura e a genética, a partir dessas informações, essa
pessoa vai legitimar os preconceitos existentes em sua cabeça, tornando-se racista.
Documentário“Uma Lição de Discriminação / La leçon de
discrimination” (2006)
Produção: Radio-Canada
Este documentário acompanha uma experiência em uma escola primária que mostra o quão rapidamente as crianças podem assimilar a discriminação e todas as suas repercussões. Uma
professora do ensino primário em Quebec conduziu um experimento no qual ela afirmou que estudos científicos provam
que as crianças menores são geralmente mais criativas e inteligentes, e as mais altas são desajeitadas e preguiçosas. Ela
dividiu sua turma com base nessas suposições.
No dia seguinte, ela virou o jogo e fez com que se invertessem os papéis. Algumas crianças de nove anos de idade entenderam que
era tudo um jogo, mas para o resto acabou por ser uma experiência muito poderosa.
DISCUSSÃO SOBRE O DOCUMENTÁRIO
Algumas Questões!
a discriminação e suas consequências
as crianças viverem a discriminação na pele
o cientificamente comprovado
Pesquisas mostram que o verdadeiro pai da medicina não foi o grego Hipócrates, responsável até hoje pela convenção do chamado “juramento de Hipócrates” –
declaração de compromisso profissional do médico -. O verdadeiro pai da Medicina foi o cientista clínico
egípcio Imhotep, que há três mil anos antes de Cristo, já praticava grande parte das técnicas básicas da Medicina, conhecendo também a vacinação e a
farmacologia.
o cientificamente comprovado
as crianças viverem a discriminação na pele
• Colocar apelidos nas pessoas negras, como Pelé,
Mussum, tição, café, chocolate, buiu, branca de neve. Os
apelidos pejorativos são uma forma perversa de
desumanizar e desqualificar seres humanos.
• Elogiar negros dizendo que são de “alma branca”.
• Fazer piada de mau gosto, usando o termo “coisa de
preto” ou “serviço de preto”.
• Querer agradar a negros dizendo que é negro, “mas” é
bonito, ou que “apesar” do “cabelo ruim” é inteligente.
29
• A aprendizagem:
não se dá apenas na escola;
diariamente agregamos à nossa subjetividade:
conceitos,
conhecimentos,
informações;
• A subjetividade:
conjunto de características que compõem a individualidade;
mundo interno que aparelha a relação com o mundo social;
•Conceito concebido em 1917.
•Eu se forma a partir da sedimentação de objetosabandonados.
•História de suas escolhas objetais.
•Cebola: Eu formado por camadas de identificaçõescom os outros.
•Imagem do eu formado pelas identificações de eucom as imagens dos objetos.
IDENTIFICAÇÃO
32
• Aprendizagens através da mídia:
tendem a reforçar / incitar:
visões estereotipadas,
atitudes discriminatórias;
reproduzem as representações da sociedade;
evitam propor alterações à ordem das coisas;
produtos indústria cultural:
setores hegemônicos - orientação conservadora;
• Sistema escolar:
reflete estereótipos / preconceitos / discriminação :
que ocorre fora dele;
no material didático;
nas práticas de docentes / responsáveis pela escola;
no comportamento de alunos e alunas;
São representações, muitas delas, assimiladas lá fora, através das pedagogias culturais que se entranham na subjetividade e
contaminam a escola.
Negro = macaco (animal)
Como desconstruir estereótipos e estigmas que aprisionam?
https://www.youtube.com/watch?v=p5Wo6_qumJc
Há décadas, antropólogos, historiadores e outros estudiosos começaram a maquinar e divulgar idéias de que no Brasil brancos e negros conviviam harmoniosamente, mesmo no período do escravismo. Essa foi a fórmula encontrada para suavizar o fato de que o Brasil foi o último país do mundo a abolir o trabalho escravo.
Junto da idéia de paraíso racial de negros e brancos, eles também divulgavam a idéia de inferioridade dos negros. Mas ressaltavam: apesar de os negros serem inferiores, os senhores brancos sempre foram generosos e afetuosos em relação a eles.
Esses estudiosos, que historicamente representavam os interesses das classes que estavam no poder – os escravizadores – fizeram um grande esforço para “dourar a pílula”. Diziam que junto com a escravidão levavam a civilização aos negros, que teriam costumes primitivos.
Dessa forma, a religião católica era imposta aos negros logo que desembarcavam no Brasil.
A ESCRAVIDÃO “SUAVE” DA PRIMEIRA GERAÇÃO DE ESTUDIOSOS
Gilberto Freyre, um importante estudioso brasileiro, defendia a idéia de que no Brasil a escravidão teria sido suave, amena, e que os escravos eram dóceis e passivos. Mas de que maneira um regime de escravidão pode ser bom e harmonioso?
Criou-se no Brasil, por exemplo, o mito da “mãe preta”. Diferentes escritores falam romanticamente da importância da mulher negra amamentando a criança branca. Será que em algum momento eles levaram em conta o sentimento dessa mulher, tendo de abandonar seu próprio filho para amamentar o filho de outra?
É evidente que não existe suavidade na escravidão! Entretanto, para justificar um ato condenável inventou-se a história de senhores paternalistas e e escravos dóceis e passivos.
Isaura Bruno (1926 - 1977)
O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre
representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes
evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação
positiva do negro nas imagens televisivas do país.
A “DEFORMAÇÃO “ DA PERSONALIDADE DOS NEGROS: A SEGUNDA GERAÇÃO DE ESTUDIOSOS
• Por volta da metade do século XX um novo grupo de estudiosos – dentre eles Florestan Fernandes e Octavio Ianni –foi convidado a estudar as relações entre brancos e negros do Brasil. Esses estudiosos desempenharam um papel importante, pois demonstraram em suas pesquisas que as relações entre negros e brancos jamais haviam sido harmoniosa. Concluíram que, de fato, os negros viviam em situação de desvantagem em relação aos brancos.
• No entanto, ao tentar explicar as desigualdades, esses estudiosos veicularam uma idéia que necessita ser repensada. Segundo eles, os negros estariam em desvantagem pelo fato de terem sido escravos, o que os deixou despreparados para agirem como trabalhadores livres e ingressarem na indústria nascente após o fim do escravismo. Ainda segundo eles, o escravismo teria deformado a personalidade do negro.
Ora, se escravidão prejudicou a personalidade dos que foram escravos e de seus descendentes, não teria também prejudicado a personalidade dos que foram escravizadores de seus descendentes? O escravizador cometeu injustiças, atos imorais e condenáveis, como estuprar, torturar, apoderar-se do fruto do trabalho alheio. Portanto, não teria sido o escravizador deformado?
A TERCEIRA GERAÇÃO DE ESTUDIOSOS: A DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO COTIDIANO
Já no período mais recente, temos uma terceira linha de estudos realizados nas áreas da educação, do trabalho, da saúde. Esses estudos, feitos por cientistas negros e brancos, comprovam que a situação de desigualdade do povo negro deve-se à discriminação racial no cotidiano e não exclusivamente ao fato de o negro ter sido escravo e o branco escravizador.
Fundamento Histórico• Na origem das extremas desigualdades raciais observadas no Brasil
está o fato óbvio de que os africanos e muitos dos seus descendentes
foram incorporados à sociedade brasileira na condição de escravos.
• A chamada “escravidão moderna” foi uma das formas mais radicais de
exclusão econômica e social já inventadas pelo homem.
• As desigualdades entre as raças observadas no Brasil de hoje nada
mais são, portanto, que o resultado cumulativo das desvantagens
iniciais transmitidas através das gerações.
• As políticas de “ação afirmativa” ou “discriminação positiva” são
instrumentos de que a sociedade dispõe para compensar essas
desvantagens impostas às vítimas da escravidão e seus descendentes,
com o objetivo de colocá-los na mesma condição competitiva que os
outros segmentos da sociedade.
• Numa linguagem bem direta, pode-se dizer que se trata apenas de
“pagar os atrasados” ou de “recuperar o tempo perdido”.
• “Tratar desigualmente os desiguais para promover a igualdade”
• A segunda maior nação escravista da era moderna
• O último país do mundo ocidental a abolir a escravidão (1888)
• O penúltimo país da América a abolir o tráfico de escravos (1850)
• O maior importador de toda a história do tráfico atlântico
O Brasil tem hoje
• A segunda maior população negra (afrodescendente) do mundo, com
cerca de 80 milhões de indivíduos, só sendo superado pela Nigéria
O Brasil foi
Cronologia da abolição da escravidão na América
Saint Domingue (Haiti) 1804
Chile 1823
Províncias Unidas da América Central 1824
México 1829
Uruguai 1842
Colônias suecas 1847
Colônias dinamarquesas 1848
Colônias francesas 1848
Bolívia 1851
Colômbia 1851
Equador 1852
Argentina 1853
Venezuela 1854
Peru 1855
Colônias holandesas 1863
Estados Unidos 1863
Porto Rico 1873
Cuba 1886
Brasil 1888
A construção da negação
Do mito da “escravidão cordial” ao mito da “democracia racial”
• A idéia de que a escravidão no Brasil era “mais branda” ou “mais suave” do
que nos EUA ou no Caribe tem suas raízes no próprio período escravista
• Foi retomada por alguns historiadores no século XX (Oliveira Viana,
Carolina Nabuco, Artur ramos, Donald Pierson, Mary Wilhelmine Williams,
Percy A. Martin e, principalmente, Harry Johnston (1910), Gilberto Freyre
(1922, 1933), Frank Tannebaum (1946) e Stanley Elkins (1959)
• Ficou conhecida na literatura como a “tese Freyre-Tannebaum-Elkins”
• Totalmente desmoralizada hoje (Roger Bastide, Fernando Henrique
Cardoso, Octavio Ianni, Florestan Fernandes [UNESCO], Marvin Harris,
Sidney Mintz, etc.), mas teve papel importante na fixação do mito da
democracia racial no Brasil
Frank Tannebaum. Slave and Citizen. The Negro in the Americas (1946)
• Baseia seu argumento na comparação de algumas características :
- Colonização ibérica x colonização anglo-saxônica
- Catolicismo ibérico x catolicismo francês x protestantismo
- Tradição legal ibérica, convivência secular com regime escravista
- Experiência ibérica de convívio interracial
“Humanidade” do escravo brasileiro x bestialidade (chattel) nos EUA
• Estatuto legal da escravidão brasileira garantia garantia direito ao casamento e à família,
direito de mudar de dono, direito de propriedade, direito de comprar sua própria liberdade
• Evidências :
- incidência de manumissão
- relacionamento sexual, miscigenação
- sistema aberto, com possibilidade de mobilidade
- abolição pacífica
Da visão da escravidão mais branda e mais humanizada os defensores dessa tese inferiram vários corolários sobre as relações raciais no Brasil pós-abolição :
• “In Brazil the freed Negroes were free men, not freedmen” (Tannebaum)
• Depois da abolição os ex-escravos adquiriram cidadania imediata, fundindo-se na população livre com plenos direitos, sem restrições legais e sem segregação
Visões como essas, junto com a afirmação formal da igualdade (inexistência de aparato legal de segregação) e a ausência de violência interracial, criaram, e mantém até hoje, a mentira da democracia racial, ou seja a idéia de que a sociedade brasileira oferece oportunidades iguais para todos, independentemente de sua raça ou cor
Esse é um dos mitos mais arraigados da cultura brasileira.Racismo e desigualdade racial são anátemas no Brasil.Recentemente tem surgido até mesmo um renascimento da tese da “escravidão cordial”
Desigualdades raciais no Brasil hoje: a realidade desmente o mito
• Mais de um século depois da abolição, as desvantagens e
desigualdades geradas pelo regime escravista permanecem entre nós, e
continuam sendo transmitidas entre as gerações
• Todas as outras sociedades escravistas da América tiveram mais
sucesso que o Brasil na superação das desigualdades raciais
• No Brasil persistem grandes diferenças entre os indicadores sócio-
econômicos de brancos e negros e, o que é mais grave,vários desses
indicadores não tem uma trajetória convergente
• Apesar disso, a sociedade brasileira continua negando a existência do
problema e a necessidade de enfrentá-lo
Sugestão de leitura
http://www.buala.org/pt/afroscreen/o-negro-na-telenovela-um-caso-exemplar-da-decadencia-do-mito-da-democracia-racial-
brasile
top related