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OTIMIZAÇÃO DO AEROFÓLIO NACA PARA UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO COM APLICAÇÃO AGRÍCOLA
Departamento de térmica e fluido , Universidade Estadual de Campinas, Rua Mendeleiev, 200 –
Cidade Universitária Zeferino Vaz - Barão Geraldo – Campinas - Brasil, akemi@fem.unicamp.br,
kamal@fem.unicamp.br
Palavra Chave: Otimização de aerófolio, Método Parsec, Veículo Aéreo Não Tripulado.
Resumo. Este artigo trata do projeto de um aerófolio para um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) com aplicação agrícola que tem como função pulverizar defensivos agrícolas. Uma das principais partes do projeto conceitual do VANT agrícola é a asa e mais especificamente o projeto do aerofólio, o qual deve satisfazer certas operações e condições aerodinâmicas. O trabalho apresenta a otimização do aerofólio NACA 4415 usando método direto que envolve a especificação da geometria, seção e desempenho exigido, a fim de melhorar a razão de planeio (CL/CD) na pulverização e maior coeficiente de sustentação na região de estol. A geração e especificação da geometria são implementadas através do esquema de parametrização geométrica para reduzir o número de parâmetros de controle sem prejudicar a flexibilidade necessária para a varredura do espaço de projeto definido como viável. O método Parsec foi usado com o intuito de facilitar a manipulação e modificação com certa precisão. Algumas ferramentas adicionais são usadas, tais como, Matlab para construir rotinas computacionais e o X-FOIL para fazer a análise aerodinâmica. Os resultados são apresentados e discutidos.
Carolina A. S. Matsuo e Kamal A. R. Ismail
Mecánica Computacional Vol XXIX, págs. 3657-3669 (artículo completo)Eduardo Dvorkin, Marcela Goldschmit, Mario Storti (Eds.)
Buenos Aires, Argentina, 15-18 Noviembre 2010
Copyright © 2010 Asociación Argentina de Mecánica Computacional http://www.amcaonline.org.ar
1 INTRODUÇÃO
Técnicas de otimização no projeto aerodinâmico vem crescendo ao longo dos anos, devido à disponibilidade de ferramentas computacionais que permitem especificar metas de desempenho aerodinâmico cada vez mais exigente conforme o número de restrições que são consideradas.
Devido à maior facilidade na imposição de restrições geométricas, menor dependência do conhecimento prévio sobre as distribuições de pressão ou de velocidades, a metodologia de projeto direto vem sendo preferida em relação ao método inverso (Sobieczky, 1998).
O método inverso requer experiência de especificar alguma quantidade aerodinâmica que satisfaça o projeto solicitado, pois o método tende obter a distribuição prescrita da velocidade ou da pressão ao longo da superfície ou em todo o fluxo.
O método direto envolve a especificação da geometria da seção e do desempenho. A geometria é modificada de acordo com os parâmetros que a controlam. A geração e modificação da geometria são executadas através de um esquema de parametrização geométrica com o intuito de reduzir o número de parâmetros que controlam a geometria (a serem manipuladas), sem prejudicar a flexibilidade necessária para a varredura do espaço de projeto definido como viável.
Com o intuito de reduzir o número de variáveis utilizadas para se definir a forma aerodinâmica do aerofólio, utilizam-se esquemas de parametrização geométrica para facilitar a manipulação e a modificação da mesma com flexibilidade e precisão.
Há vários tipos de métodos de parametrização geométrica, metodologia NACA, curvas Bézier, Parsec, dentre outras.
Comparando os métodos Parsec e NACA, este último possui reduzidos números de parâmetros geométricos que poderão desfavorecer a obtenção de geometrias mais complexas de aerofólios, reduzindo o espaço de projeto e pouca flexibilidade geométrica.
Dessa forma, neste trabalho será otimizado um aerofólio NACA de 4 dígitos (NACA 4415) utilizando o método Parsec de parametrização.
Serão utilizados como ferramentas o Matlab para a construção de rotinas e tratamento matemático dos dados e o X-Foil para análise computacional fluido dinâmica.
O trabalho tem como objetivo otimizar o perfil aerodinâmico que é utilizado em aeronaves agrícolas e que se adeque de maneira satisfatória a missão do Vant agrícola.
2 AEROFÓLIOS E SUAS APLICAÇÕES
O tipo de missão que uma aeronave irá ter influência na escolha do aerofólio, no desenho e a forma da asa do avião.
Os aerofólios são classificados em: aerofólios de alta sustentação, aerofólios laminares e aerofólios com grande autonomia. Essa classificação vem do comportamento aerodinâmico de cada aerofólio devido a influencia dos seus parâmetros geométricos.
• Aerofólios de Alta Sustentação: são aplicados a baixos números de Reynolds (Re< 10�), grandes forças de sustentação para ângulos de ataque com baixa incidência. Geralmente são aplicados em aeronaves de competição, aeronaves em pequena escala, radio controladas. A característica de alta sustentação apresenta momento e arrasto maiores. O Selig e Eppler são exemplos de aerofólios com alta sustentação, ilustrado na Figura 1.
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Figura 1: Aerofólio Selig 1223 e Eppler 423
• Aerofólios Laminares: são geralmente conhecidos da serie NACA de 6 digitos. Esse tipo de aerofólio possui características geométricas que deixam a camada limite laminar ao longo de grande extensão da superfície do aerofólio (Abbott e Doenhoff ,1959). Os aerofólios laminares exibem comportamento aerodinâmico semelhante ao dos aerofólios da Série NACA 4 dígitos quando não se encontram dentro da faixa de baixo arrasto. Exemplos desse tipo de aerofólio são mostrados na Figura 2.
• Aerofólios de grande autonomia: são aerofólios subsônicos com características geométricas próximas a dos aerofólios laminares (http://www.ae.illinois.edu/m-selig/ads/coord_database.html#E). Apresentam comportamento aerodinâmico parecido ao dos aerofólios laminares, quando testados a baixas velocidades, gerando uma sustentação e arrasto ligeiramente maiores. Esses aerofólios são menos suscetíveis a instabilidades no escoamento incidente, ou a pequenas rugosidades na região do bordo de ataque, causadas por imperfeições na fabricação ou incrustações. Esses aerofólios são aplicados em aeronaves que exigem grande autonomia, como os veículos aéreos não tripulados. A Figura 3 mostra alguns tipos dessa classe de aerofólio.
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Figura 2: Aerofólio NACA 64(2)-215
Figura 3: Aerofólio NASA NFL(1)-0115
2.1 O VANT agrícola
A aeronave não tripulada agrícola possui pequenas dimensões, quando comparada as aeronaves agrícolas tripuladas, tendo como missão transportar uma grande quantidade de carga (defensivos) na decolagem e fazer a pulverização em velocidades próximas aquelas das tripuladas.
Para isso, foi feito uma pesquisa dos tipos de aerofólios utilizados em aeronaves agrícolas tripuladas, como mostrado na Tabela 1.
Utilizou o software X-FOIL para gerar os coeficientes aerodinâmicos dos perfis NACA 2415, NACA 4415 e NASA GA(W)-1, adotando um numero de Reynolds de 3,0 10� que pode ser encontrado nas condições do vôo agrícola. Os resultados estão apresentados nas Figuras 4, 5 e 6. O aerofólio NACA 4415 apresenta uma razão de planeio maior, coeficiente de sustentação maior na faixa de ângulos de vôo de cruzeiro (ou pulverização) e comparado ao NACA 2415, possuem condições de estol e curva polar bastante parecidas, porém, o NACA 2415 possui a razão sustentação/arrasto baixa, da mesma maneira que o aerofólio NASA GA.
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Aeronaves Aerofólio
corda da raíz corda da ponta Tipo Stall
Air Tractor AT-401 NACA 4415 NACA 4415 suave
Air Tractor AT-402 NACA 4415 NACA 4415 suave
Air Tractor AT-502 NACA 4415 NACA 4415 suave
Air Tractor AT-802 NACA 4415 NACA 4415 suave
Air Tractor AT-603 NACA 4415 NACA 4415 suave
Weatherly 201C NACA 4215 NACA 4215 suave
Agrolot PZL-126P Mrowka NASA GA(W)-1 NASA GA(W)-1
PZL 106 B KRUK NACA 2415 NACA 2415 suave
PZL Mielec M-18A Dromader NACA 4415 NACA 4412 suave EMBRAER 202 Ipanema NACA 23015 NACA 23015 abrupto
PIPER Pawnee Brave NACA 63-3-618 NACA 63-3-618 muito suave
PIPER Pawnee USA 35B USA 35B suave
Tabela 1: Aerofólios utilizados em aeronaves agrícolas (http://www.public.iastate.edu/~akmitra/aero361/design_web/airfoil_usage.htm)
Assim, o aerofólio NACA 4415 foi escolhido para a otimização. Será considerado que o perfil novo possua coeficiente de sustentação superior ao do perfil
original, dessa forma permitindo a aeronave possa carregar mais pesos em velocidades um pouco mais baixas que as aeronaves agrícolas tripuladas; possuir uma condição de estol suave, razão de planeio igual ou superior para que a aeronave possa ter bom alcance e autonomia. E obter um arrasto mínimo para essas condições contribuindo para o aumento da eficiência durante a pulverização aérea.
Figura 4: Curva do coeficiente de sustentação pelo ângulo de ataque
3 METODOLOGIA
3.1 Metodologia NACA 4 dígitos
A parametrização geométrica mais conhecida são as desenvolvidas pela NACA (National Advisory Committee for Aeronautics). A parametrização NACA 4 dígitos foi a primeira a fornecer uma representação sistemática de aerofólios, separando os efeitos da distribuição de
-0,5
-0,2
0,1
0,4
0,7
1
1,3
1,6
1,9
-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
CL
α [°]
CL x α
NACA 2415
NASA GA
NACA 4415
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arqueamento e de espessura (Abbott e Doenhoff ,1959).
Figura 5: Curva polar de arrasto
Figura 6: Curva da razão sustentação/arrasto pelo ângulo de ataque
Os parâmetros que controlam a geometria dos aerofólios nesta parametrização são: • Espessura máxima (t/c); • Arqueamento máximo (h/c); • Posição do arqueamento máximo (h/c)pos.
Essa parametrização pode restringir a obtenção de geometrias mais complexas de
aerofólios.
3.2 Método Parsec
Originalmente desenvolvido por Sobieczky (1998), Parsec é um esquema de parametrização focado em representar aerofólios subsônicos e transônicos, com a finalidade de expressar a forma do aerofólio como uma combinação linear desconhecida de adequada
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12
CL
CD
Curva Polar
NACA 4415
NASA GA
NACA 2415
-30
20
70
120
170
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
CL/
CD
α [°]
CL/CD x α
NACA 2415
NASA GA
NACA 4415
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função base e selecionando 12 importantes características geométricas do aerofólio como as variáveis de controle, de tal forma que o aerofólio possa ser determinado a partir dessas variáveis de controle através da resolução de um sistema linear .
O método consiste em expressar o perfil utilizando duas séries descritas pelas equações 1 e 2.
�� = ∑ �� � � �����
�� (1)
�� = ∑ �� � � �����
�� (2)
Cada série possui seis constantes a� que descreve o intradorso (sub-índice L) e o extradorso (sub-índice U). Assim é possível descrever um perfil qualquer com o ajuste das doze constantes (a�� e a�� ).
O esquema criado por Sobieczky (1998) utiliza polinômios na geração das ordenadas do contorno do aerofólio, sendo necessários 11 parâmetros para definir a geometria, que são:
• Raio do bordo de ataque, ��� • Posição do ponto máximo no extradorso,����, ��� ; • Curvatura no ponto de máximo no extradorso, �!!��; • Posição do ponto mínimo no intradorso, "�#$ , �#$%; • Curvatura no ponto de mínimo no intradorso, �!!#$; • Direção do bordo de fuga, &'�; • Ângulo do bordo de fuga, ('�; • Ordenada do bordo de fuga, �'�; • Espessura do bordo de fuga, ∆�'�. A Figura 7 ilustra estes parâmetros na geometria do aerofólio.
Figura 7: Representação da parametrização Parsec. Figura adaptada de Sobieczky (1998).
As vantagens do método Parsec são: Nenhuma forma de linha de base é necessária, grande variedade de aerofólios pode ser gerado, típica restrições geométricas quanto a forma do aerofólio (por exemplo, espessura) pode ser expressa ou aproximada por restrições lineares ou limite de contorno. Além disso, o impacto de parâmetros de projeto individual Parsec sobre as propriedades aerodinâmicas do aerofólio podem ser previstos com maior facilidade.
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A obtenção dos parâmetros geométricos a partir dos coeficientes � foi realizada com as correlações expressas nas equações 3 até 15. A operação de obtenção dos coeficientes � a partir dos parâmetros geométricos foi feita através das operações inversas.
Os parâmetros geométricos foram variados livremente, com exceção da espessura do bordo de fuga "∆�'�%. Este valor foi mantido fixo por ser entendido como uma limitação construtiva da asa.
r�+� = − �-
./�01 �2 + 4
-.5�0� �2 + �6
-./10� �2 + 46
-./701 �2 + �4
-./808 �2 + 99
-./:0; �2 (3)
r�+� = − �-
.5�01 �2 + 4
-.5�0� �2 + �6
-.510� �2 + 46
-.5701 �2 + �4
-.5808 �2 + 99
-.5:0; �2 (4)
r�+ = <5=/><5=/? (5)
��? a��XA0� + 9
? a�6XA06 + B? a�-XA0- + 6
? a�4XA04 + 4? a�?XA0? + �
? a��XA0 = 0 (6)
YA0 = a��XA0� ?⁄ + a�?XA0
4 ?⁄ + a�4XA06 ?⁄ + a�-XA0
B ?⁄ + a�6XA09 ?⁄ + a��XA0
�� ?⁄ (7)
��? a��XEF
� + 9? a�6XEF
6 + B? a�-XEF
- + 6? a�4XEF
4 + 4? a�?XEF
? + �? a��XEF = 0 (8)
YEF = a��XEF� ?⁄ + a�?XEF
4 ?⁄ + a�4XEF6 ?⁄ + a�-XEF
B ?⁄ + a�6XEF9 ?⁄ + a��XEF
�� ?⁄ (9)
YGGA0 = − �-
./�GHI
1 �2 + 4-
./�GHI
� �2 + �6-
./1GHI
� �2 + 46-
./7GHI
1 �2 + �4-
./8GHI
8 �2 + 99-
./:GHI
; �2 (10)
YGGEF = − �-
.5�GJK
1 �2 + 4-
.5�GJK
� �2 + �6-
.51GJK
� �2 + 46-
.57GJK
1 �2 + �4-
.58GJK
8 �2 + 99-
.5:GJK
; �2 (11)
YL+ = a�� + a�? + a�4 + a�- + a�6 + a�� (12)
∆YL+ = 0.006 (13)
αL+ = 12 a�� + 3
2 a�? + 52 a�4 + 7
2 a�- + 92 a�6 + 11
2 a�� − 12 a��
− 4? a�? − 6
? a�4 − B? a�- − 9
? a�6 − ��? a�� (14)
βL+ =�� .5�>1
� .5�>8�.51>;
�.57>T�.58>��
� .5:>�� ./�>1
� ./�>8�./1>;
�./7>T�./8>��
� ./:? (15)
4 X-FOIL
O X-Foil, desenvolvido por Drela (1986), foi utilizado como ferramenta a ser empregada para realizar sucessivas iterações de calculo das características aerodinâmicas dos aerofólios. O software emprega uma abordagem de interação viscosa ou não-viscosa implícita, utiliza um método de painéis com distribuições lineares de vórtices para parte não-viscosa, e um método integral de camada limite com duas equações para representar as camadas viscosas.
5 OTIMIZAÇÃO COMPUTACIONAL
Descrição das funções que compõe o algoritmo computacional: • gerainstruc(): Função para geração do arquivo instruc.dat que contêm o conjunto de
instruções para a execução do programa X-Foil. • coefin(): Função que gera dois vetores, cada um com os seis coeficientes �
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correspondentes ao intradorso e ao extradorso do perfil original. • para2ai(para): Função que recebe os onze parâmetros geométricos de um dado perfil
e calcula os doze coeficientes � correspondentes. • geraxypts(aU,aL): Função que recebe coeficientes � e gera o arquivo xypts.dat. Este
arquivo é usado como entrada para o X-Foil e possui uma série de pontos (coordenadas x e y) que discretizam o perfil aerodinâmico.
• cfd(para,flagcount): Função que chama o X-Foil utilizando os comandos gerados pela função gerainstruc() armazenados no arquivo instruc.dat e os pontos gerados pela função geraxypts() armazenados no arquivo xypts.dat.
• lesaida(): Função que lê o arquivo de saída do X-Foil, calcula o parâmetro de otimização e verifica as restrições.
• plotahist(hist): Função que plota os gráficos de convergência dos parâmetros geométricos e do parâmetro de otimização. Plota ainda o perfil original e o perfil utilizado na iteração.
• ai2para(): Função que recebe os doze coeficientes � e retorna os onze parâmetros geométricos correspondentes.
Primeiramente são descritos o intradorso e o extradorso do perfil em seus pontos (xi,yi), separando os respectivos conjuntos de pontos. A partir daí, utilizamos uma função de interpolação para encontrarmos os coeficientes da equação Parsec das curvas do intradorso e do extradorso e adicionamos seus valores na função coefin().
Com a equação Parsec definida, o próximo passo do programa é calcular os parâmetros geométricos do perfil, através das equações de 3 a 15, utilizando o algoritmo ai2para(). Estes parâmetros são parâmetros de entrada para a função cfd(), que chama o X-FOIL utilizando os comandos gerados pela função gerainstruc() armazenados no arquivo instruc.dat e os pontos gerados pela função geraxypts() armazenados no arquivo xypts.dat.
A função CFD tem como resposta o valor da razão CD/CL mínima. A descrição do perfil em pontos é parâmetro de entrada para o programa X-FOIL, que calcula todos os coeficientes aerodinâmicos, retornando seus valores em um arquivo saida.dat. O programa faz isso iterativamente para vários parâmetros geométricos, ou seja, vários perfis, respeitando restrições impostas na função lesaida(). Isso cria um conjunto de perfis candidatos a ser o perfil otimizado.
Matematicamente, temos uma função U: ℝ�� ⟶ℝ, onde ℝ�� é o espaço de vetores reais, cujos valores correspondem aos parâmetros geométricos de um perfil YZ[, onde:
YZ[ = "�\]�, �\]� , Y�^ , Y�_, �^ , �_ , aabc , aade , '� , f'� , &'�%[
O espaço possui infinitos valores de YZ, os quais nem todos representam perfis, e nem todos
são perfis candidatos a perfis ótimos. Sendo assim, delimita-se uma região do espaço (perfis com CL > 1,8 neste caso) e dentre estes, busquemos o mínimo da função U"YZ%, que é o valor da razão CD/CL. Uma interpretação gráfica desta descrição pode ser vista na Figura 8.
De posse do menor valor de CD/CL e do seu respectivo vetor YZ, obtemos os valores dos coeficientes da equação Parsec pela função ai2para(), e através desta, obtemos o conjunto de pontos (xi,yi) que descreve, finalmente, o perfil otimizado. Chama-se a função plotahist(hist) para plotar os gráficos de convergência dos parâmetros geométricos e do parâmetro de otimização.
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Figura 8: Interpretação gráfica do espaço Xg de perfis de aerofólios.
Para cada iteração do Matlab, foram realizadas ajustes na faixa do bnd (dentro da função main.m) e nas condições de restrição do CL máximo e CD mínimo (dentro da função lesaida.m), fazendo comparação com os dados aerodinâmicos do perfil original. A cada resultado obtido eram analisados graficamente os coeficientes de sustentação e arrasto para cada ângulo de ataque e foram separados os aerofólios que obtiveram melhores desempenhos.
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A operação de pulverização aérea acontece próxima do solo, em velocidades altas e em baixos ângulos de ataque. Dessa forma, foi proposto uma otimização no perfil NACA 4415 para que o desempenho durante o vôo de pulverização aérea fosse melhorado, neste caso, a razão de planeio (CL/CD) para baixos ângulos de ataque. Além disso, a aeronave agrícola possui carga paga elevada necessitando de um alto coeficiente de sustentação próximo do estol, durante a decolagem.
A curva de razão de planeio pelo ângulo de ataque (Figura 12) do perfil otimizado apresentou a vantagem de ter valores de (CL/CD) maiores para ângulos de vôo de pulverização, obtendo um ganho aerodinâmico de 12% desta relação para 3 graus de ângulo de ataque. A contribuição desta razão juntamente com o arrasto, o qual manteve-se bem próximo do original (aumento em torno de 0,4% do mesmo para a faixa de operação de pulverização), pode gerar uma economia em gasto de combustível e, consequentemente, aumento da autonomia que é um fator importante para um VANT.
O resultado obtido na otimização encontra-se na tabela 2 e para melhor compreensão dos resultados, a tabela 3 apresenta os parâmetros geométricos do perfil original e a figura 9 os perfis original e otimizado.
Tabela 2: Coeficientes e parâmetros geométricos do perfil otimizado
��� 0.2159000 ��� -0.2185000 ���� -53955.743652 '� 0.001400 ��? 0.2576000 ��? 0.9020000 ���� 54692.566367 ∆ '� 0.006 ��4 -1.6980000 ��4 -2.2310000 �� 0.143274 &'� -0.117375 ��- 2.6330000 ��- 3.3590000 #$ -0.047782 f'� 0.361650 ��6 -1.9760000 ��6 -2.6100000 aa�� -0.820671 Y�� 0.352644 ��� 0.5689000 ��� 0.7974000 aa#$ 0.924247 Y#$ 0.143274
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Tabela 3: Coeficientes e parâmetros geométricos do perfil original
Figura 9: Perfil Original e Otimizado
As figura de 10 a 14 comparam as curvas do perfil original com a do perfil otimizado nomeado N1PVA.
Figura 10: Curva do coeficiente de sustentação pelo ângulo de ataque para Re= 3,0 106
-0,05
0
0,05
0,1
0,15
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Perfil otimizado
NACA 4415
��� 0.2159100 ��� -0.2183460 ���� -53953.1865333 '� 0.00061953
��? 0.3253374 ��? 0.9138285 ���� 54654.9610989 ∆ '� 0.006
��4 -1.813034 ��4 -2.3746563 �� 0.11818996 &'� -0.1184053
��- 2.8657998 ��- 3.95953153 #$ -0.04765614 f'� 0.36378249
��6 -2.369691 ��6 -3.4517562 aa�� -0.82087801 Y�� 0.38148744
��� 0.7762982 ��� 1.16601813 aa#$ 0.93319050 Y#$ 0.14340174
-0,1
0,4
0,9
1,4
1,9
-5,5 -3,5 -1,5 0,5 2,5 4,5 6,5 8,5 10,5 12,5 14,5 16,5 18,5 20,5 22,5
CL
α [°]
CL x α
NACA 4415
N1PVA
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Figura 11: Curva polar de arrasto para Re= 3,0 106
Figura 12: Curva da razão sustentação/arrasto pelo ângulo de ataque para Re= 3,0 106
Figura 13: Curva do coeficiente de arrasto pelo ângulo de ataque para Re= 3,0 106
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12
CL
CD
Curva Polar
NACA 4415
N1PVA
-50
0
50
100
150
200
-5,5 -2,5 0,5 3,5 6,5 9,5 12,5 15,5 18,5 21,5
CL
α[°]
CL/CD x α
N1PVA
NACA 4415
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
CD
α [°]
CD x α
NACA 4415
N1PVA
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Figura 14: Curva do coeficiente de momento pelo ângulo de ataque
Comparando os resultados da otimização N1PVA possui um coeficiente de sustentação maior tanto na faixa de ângulos para vôo de cruzeiro quanto estol. A razão de sustentação/arrasto é maior na faixa de ângulos de vôo de cruzeiro (ou pulverização) e o arrasto passa a ficar maior por volta de 8,5°, no entanto, para a faixa de ângulos de vôo de cruzeiro os arrastos são coeficiente de momento, o N1PVA apresentou um coeficiente um pouco mais negativo, com diferença de aproximadamente 0,01.
7 CONCLUSÃO
Com um acréscimo de 17% (vôo de pulverização), e acrésdo perfil original), a aeronave necessitando de menos pista, e também que são satisfatórios os resultados na asa do VANT agrícola.
8 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a CAPES pela bolsa de mestrado, para o primeiro autor, e ao CNPq pela bolsa de produtividade PQ para o segundo autor.
REFERÊNCIAS
Abbott, I. H., Doenhoff, A. E. (1959)York, 1959.
Drela M., Youngren H., X-FOIL 6.94 User Guide
H´ajek, J., Parameterization of Airfoils and Its Application in Aerodynamic WDS'07 Proceedings of Contributed Papers, Part I, 233
Ladson C.L , Sproles D. W., NASA Technical Memorandum 4741
Sobieczky, H., Parametric airfoli and wings.Vieweg Verlag, 1998.
Souza, B. S., Projeto de Perfis Aerodinâmicos Utilizando Técnicas de Otimização Mono e
Multiobjetivos. Dissertação de Mestrado, Universi
Curva do coeficiente de momento pelo ângulo de ataque para Re= 3,0 10
Comparando os resultados da otimização com o perfil original NACA 4415, o perfil N1PVA possui um coeficiente de sustentação maior tanto na faixa de ângulos para vôo de
eiro quanto estol. A razão de sustentação/arrasto é maior na faixa de ângulos de vôo de cruzeiro (ou pulverização) e o arrasto passa a ficar maior por volta de 8,5°, no entanto, para a faixa de ângulos de vôo de cruzeiro os arrastos são bem próximos. Com coeficiente de momento, o N1PVA apresentou um coeficiente um pouco mais negativo, com diferença de aproximadamente 0,01.
de 17% do coeficiente de sustentação a 3 graus de ângulo de ataque acréscimo de 4% do mesmo a 15 graus (próximo da região de estol
do perfil original), a aeronave tem a possibilidade de melhorar o desempenho na decolagem, e também de aumentar sua carga paga. Dessa forma
os resultados da otimização possibilitando a utilização
Os autores agradecem a CAPES pela bolsa de mestrado, para o primeiro autor, e ao CNPq pela bolsa de produtividade PQ para o segundo autor.
, A. E. (1959), Theory of Wing Sections, Dover
FOIL 6.94 User Guide, MIT Aero & AstroAerocraft, Inc., Parameterization of Airfoils and Its Application in Aerodynamic
WDS'07 Proceedings of Contributed Papers, Part I, 233–240, 2007. Ladson C.L , Sproles D. W., Computer Program to Obtain Ordinates for NACA Airfoil
NASA Technical Memorandum 4741, 1996. Sobieczky, H., Parametric airfoli and wings. Notes on Numerical Fluid Mechanics
Projeto de Perfis Aerodinâmicos Utilizando Técnicas de Otimização Mono e
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Itajubá, 2008.
Re= 3,0 106
com o perfil original NACA 4415, o perfil N1PVA possui um coeficiente de sustentação maior tanto na faixa de ângulos para vôo de
eiro quanto estol. A razão de sustentação/arrasto é maior na faixa de ângulos de vôo de cruzeiro (ou pulverização) e o arrasto passa a ficar maior por volta de 8,5°, no entanto, para a
próximos. Com relação ao coeficiente de momento, o N1PVA apresentou um coeficiente um pouco mais negativo, com
de sustentação a 3 graus de ângulo de ataque a 15 graus (próximo da região de estol
desempenho na decolagem, Dessa forma, conclui-se
possibilitando a utilização do perfil N1PVA
Os autores agradecem a CAPES pela bolsa de mestrado, para o primeiro autor, e ao CNPq
Publications, New
IT Aero & AstroAerocraft, Inc., 2001. Parameterization of Airfoils and Its Application in Aerodynamic Optimization.
Computer Program to Obtain Ordinates for NACA Airfoil.
Mechanics, 68:71-88,
Projeto de Perfis Aerodinâmicos Utilizando Técnicas de Otimização Mono e
dade Federal de Itajubá, 2008.
Mecánica Computacional Vol XXIX, págs. 3657-3669 (2010) 3669
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