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PASP- Princípios para a ação social e política
São Paulo, 4 de agosto de 2020
Maria Cecilia Isatto Parisemciparise@gmail.com
Introdução à filosofia e
ao pensamento
fenomenológico
▪ O que é filosofia?
▪ Onde e como surgiu?
▪ Qual o seu objeto e método?
▪ Linha do tempo: fé e razão
▪ Filosofia moderna
▪ Uma breve introdução à Fenomenologia
AULA 1 - Uma breve introdução à filosofia
Uma breve introdução à filosofia
Todo ser humano, do mais primitivo ao mais
contemporâneo, se coloca algumas questões
fundamentais:
▪ De onde eu vim?
▪ Para onde vou?
▪ Quem sou eu ?
O que é filosofia?
▪ Filosofia: Filos = amor, amizade; Sophia = saber,
conhecimento, razão;
▪ Pensar sobre o pensar.
▪ Procura responder as questões fundamentais do
ser humano.
▪ É um conhecimento:
• Sistemático
• Rigoroso
• Lógico
• Claro
• Universal
• Científico.
O surgimento da filosofia
▪ A filosofia surge nas colônias gregas (800 a.C.)
no Mediterrâneo e no Mar Negro.
▪ Observam os diferentes mitos dos povos das
colônias com admiração (thaumasia).
▪ Usam o raciocínio lógico para tratar as questões
que antes eram respondidas pelos mitos.
▪ Com Sócrates, a filosofia entra em conflito com o
pensamento mítico.
O que é filosofia?
▪ Objeto: “tudo”, toda a realidade e toda a
idealidade
▪ Método de investigação: o raciocínio humano
(conceitos e juízos).
• Raciocínio indutivo
• Raciocínio dedutivo
▪ Pressupõe a capacidade de todo ser humano de
intuir o sentido das coisas, captar as suas
“essências”.
O conhecimento humano
Universal
Não é Au-au
Buddy =
(Au-au)
Intuição:Capacidade de captar
o sentido das coisasParticular
= =+ + +
Individual(particular + nome)
Au-au
Au-au
“Au-au”“Arquétipo”
Ideia, essência
Nome, conceito
O “sentido” da coisa
Não é Au-au
Exemplo dado por Patrick De Laubier
(1935 – 2016)
Aprendizado da linguagem
XVII XVIIIXVIXVXIVXIIIXIIXIXIXVIIIVIIV VII
V
III
RAZÃO = CIÊNCIAS
EXATAS/EMPÍRICAS/
POSITIVAS
INÍCIO DA
HISTÓRIA
ANTIGA:
invenção da
escrita
4.000 a 3.500
a.C.
INÍCIO DA ERA
CRISTÃ
II O I III III
QUEDA DO IMPERIO
ROMANO DO
OCIDENTE (476 d.C.)
Abraão
abandona o
politeísmo
1.800 a.C.
MONOTEÍSMO
BÍBLICO
LOGOS GREGO
A razão como
princípio de
organização do
Cosmos.
QUEDA DO IMPERIO
ROMANO DO
ORIENTE (1453 )
XX XXI
REVOLUÇÃO
FRANCESA
(1789 )
IDADE ANTIGA IDADE MÉDIA
IDADE
MODERNA
IDADE
CONTEMPORÂNEA
Com a Fenomenologia
surge uma nova
proposta de união
racional entre a fé e a
razão
DUAS
GRANDES
GUERRAS
MUNDIAISALTA IDADE MÉDIABAIXA
IDADE
MÉDIA
FÉ =
CONSCIÊNCIA
INDIVIDUAL
REFORMA
PROTESTANTE
FILOSOFIA
MODERNA
XIX
CRISTIANISMO: FÉ E RAZÃO CAMINHAM JUNTAS NA HISTÓRIA (14 séc.)
Linha do tempo: fé e razão em diálogo
O drama da separação da fé e da razão
▪ A partir da baixa Idade Média(séc. XIII a XV) pensadores
excessivamente racionalistas propõem uma filosofia
separada e absolutamente autônoma da fé.
▪ Ocorreram abusos por parte da Igreja católica.
▪ A distinção entre a teologia e as outras formas de
conhecimento transformou-se progressivamente em
nefasta separação, prejudicando tanto a fé quanto a razão.
▪ Surge uma desconfiança geral, cética ou agnóstica, quer
para reservar mais espaço à fé, quer para desacreditar
qualquer possível referência racional à mesma.
Filosofia moderna
▪ A relação entre o real e consciência, fundamentada pelo
Logos grego (séc. VI a.C.) foi rompida no início da Idade
Moderna (1.500 d.C.).
▪ A filosofia passa a afirmar como campo de
conhecimento, onde reside a verdade: ora a razão, ora a
experiência sensível.
▪ As perguntas essenciais feita pelo ser humano são
relegadas a um segundo plano e a racionalidade torna-se
utilitarista.
▪ Origina uma visão reducionista do ser humano.
Filosofia no mundo moderno
Racionalismo
Empirismo
SUJEITO =
Razão, mente,
intelecto.
SUJEITO=
Percepções, sensações, experiência
sensível.
Conhecimento inteligível
Campo das sensações:
Realidade
Natureza
Existência (entes)
Conhecimento
sensível, factual
Campo do
pensar
humano
finito:
Razão
Ideias
Conceitos
Racionalismo/
Idealismo
Empirismo/
Materialismo
Divisão operada artificialmente
pela razão, ao se identificar só
com o pensar (intelecto),
contraposto ao corpo como
matéria
x
LOGOS
RATIO
A metafísica
foi
abandonada
A intuição ficou
esquecida
“Esquizofrenia” da razão moderna
Sem referência ao
transcendente cada
pessoa acaba por ser
avaliada com critérios
pragmáticos baseados
sobre o dado
experimental, na errada
convicção de que tudo
deve ser dominado
pela técnica.
Carta encíclica Fides et Ratio
JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Fides et Ratio –
Sobre as relações entre a fé e a razão (1998).
A razão, sob o peso de
tanto saber, em vez de
exprimir melhor a tensão
para a verdade, curvou-
se sobre si mesma,
tornando-se incapaz, com
o passar do tempo, de
levantar o olhar para o
alto e ousar atingir a
verdade do ser.
Carta encíclica Fides et Ratio
▪ A cultura moderna transforma, assim, a própria
função da filosofia:
• Deixa de ser um “saber universal”;
• Reduz-se a uma das áreas do saber humano;
• Assume um papel completamente marginal.
Carta encíclica Fides et Ratio
▪ Méritos da filosofia moderna:
• Concentrou a atenção no ser humano;
• Levou a um grande desenvolvimento do conhecimento,
favorecendo o progresso da cultura e da história;
• Abarcou todas as áreas do conhecimento: antropologia,
lógica, ciências da natureza, história, linguística etc.
▪ Ponto fraco: a filosofia moderna se fixou
unilateralmente no ser humano e esqueceu de voltar-
se para uma realidade que o transcende.
Carta encíclica Fides et Ratio
Uma breve introdução à Fenomenologia
▪ A Fenomenologia surge no início
do século XX como uma reação às
visões reducionistas do ser
humano, do mundo e da própria
filosofia.
▪ O fundador desse novo modo de
fazer filosofia é Edmund Husserl.
▪ Sua família pertencia a uma
minoria alemã em território eslavo
(Moravia), que falava alemão, e
fazia parte de uma comunidade
hebraica.
Edmund Husserl
(1859-1938)
▪ Forma-se matemático em Berlim e depois vai para
Viena (grande centro cultural do início do séc. XX).
▪ Em Viena, aos 28 anos, torna-se cristão
evangélico
▪ Reconhece no cristianismo uma universalização
da pessoa humana que supera os limites étnicos
do judaísmo.
▪ Nesse período Husserl aproxima-se da filosofia e
Participa das aulas de Franz Brentano.
Edmund Husserl
▪ Brentano era ex-padre
católico e conhecia bem a
filosofia medieval e
Aristóteles.
▪ Se interessa pela nova
ciência humana, a
psicologia, procurando
diferenciá-la do
psicologismo, que reduz
o ser humano por um
enfoque naturalista.
Franz Brentano
FRANZ BRENTANO
(1838-1917)
▪ A fenomenologia de Husserl, inspirada em Brentano,
se contrapunha à proposta positivista de uma
psicologia naturalista (psicologismo).
▪ Para Husserl o positivismo naturalista confunde o
“físico” e o “psíquico”, não conseguindo perceber que o
psíquico não é uma coisa e sim um fenômeno, uma
região da consciência e não um conjunto de
mecanismos cerebrais e nervosos.
▪ O psicologismo desconsidera também a dimensão
espiritual do ser humano, como sujeito de atos livres.
Edmund Husserl
Contexto do positivismo
Comte, acreditando no poder absoluto da razão
humana e das leis naturais, afirma que a
humanidade, assim como o psiquismo dos indivíduos,
passam necessariamente por três estágios:
❖ O teológico ou fictício;
❖ O metafísico;
❖ O positivo ou científico.
A teoria da espécies
(1859)
August Comte
(1798 - 1857)
Charles Darwin
(1809 – 1882)
Atena –
Deusa da
sabedoria
▪ O campo dos fenômenos sociais deve ser submetido
a uma “rigorosa pesquisa científica” – observação,
experimento e comparação quantitativa – criando uma
“sociologia científica”.
▪ O cientificismo acredita que a razão tem um poder
absoluto, capaz de conhecer toda a realidade e traduzi-
la em leis naturais por meio da matemática e da física.
▪ A mentalidade positivista está ainda muito presente
em nossos dias, mesmo que não se utilize este nome.
Ex. Teoria Queer.
Positivismo de August Comte
Mentalidade positivista/cientificista
MATEMÁTICA
ASTRONOMIA
FÍSICA
QUÍMICA
BIOLOGIA
SOCIOLOGIA
CIENTÍFICA
(FÍSICA SOCIAL)
A PSICOLOGIA É
REDUZIDA À
BIOLOGIA E À
FÍSICA SOCIAL
O SER HUMANO É
PRODUTO DO
MEIO E DA
BIOLOGIA
▪ Husserl não concorda com o positivismo e com as
visões reducionistas do ser humano, do mundo e de Deus
▪ Ele elabora um método para “abordar as coisas
mesmas”: Fenomenologia.
▪ Retoma a relação entre o pensamento e a realidade que
havia sido rompida na modernidade.
▪ Parte da constatação de que é possível estudar
objetivamente as diversas realidades humanas,
percebidas na sua essência, tal como elas se manifestam
para a consciência.
Edmund Husserl
▪ Critica o distanciamento entre as ciências e o mundo
da vida e a supervalorização do mundo objetivo, que
deixa de lado as questões humanas fundamentais: os
valores, a cultura, a ética, a religião etc.
▪ Existe uma diferença essencial entre a estrutura
geral dos seres vivos e a dos seres humanos: além
da dimensão psíquica, todos nós possuímos uma
dimensão espiritual, por isso somos pessoas.
▪ Pessoa: sujeito de atos racionais que atua como um
“eu livre”, um “eu espiritual”.
Edmund Husserl
O que é Fenomenologia?
▪ Phainomenon = em grego, significa o que
aparece, ou melhor, o que se manifesta, se
mostra.
▪ Logos = o pensamento humano, capacidade de
refletir (inclui a intuição).
▪ Fenomenologia = “ciência daquilo que se
manifesta à consciência”.
▪ Exige do fenomenólogo a ausência de pré-
conceitos e teorias prévias: atitude da epoché.
O que é Fenomenologia?
▪ O fenomenólogo deixa que os fenômenos se apresentem
a ele, não os interpreta.
▪ Parte da experiência: o modo como um “objeto” se
apresenta a mim e como eu o percebo.
▪ É um discurso indubitável.
▪ O sujeito precisa se aproximar gradativamente dos
fenômenos de “mãos vazias”, sem pré-conceitos
(suspensão ou epoché).
▪ Parte da constatação de que todo ser humano possui a
capacidade de intuir a essência das coisas.
O que é Fenomenologia?
“Todas as coisas que se mostram a
nós, tratamos como fenômenos, que
conseguimos compreender o sentido.
Entretanto o fato de se mostrarem não
nos interessa tanto, mas, sim,
compreender o que são, isto é, o seu
sentido. O grande problema da filosofia
é buscar o sentido das coisas, tanto na
ordem física quanto de caráter cultural,
religioso etc., que se mostram a nós.”
Introdução à
Fenomenologia
A. ALES BELLO,
2017
A Oficina Municipal agradece sua participação.
Missão
Formar cidadãos para a política local e a gestão pública com base em princípios da
democracia e solidariedade.
Visão
Cidadãos engajados e gestores administram as políticas públicas fundamentais
para o bem comum de forma competente, e por decorrência os municípios gozam
de maior autonomia política, administrativa e financeira e cooperam ativamente na
federação.
Bibliografia
▪ JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Fides et Ratio – Sobre as
relações entre a fé e a razão (1998).
▪ RATZINGER, Joseph. Verdade do cristianismo. Conferência
ministrada pelo cardeal Joseph Ratzinger na Sorbonne de Paris no
dia 27 de novembro de 1999.
▪ HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para
uma filosofia fenomenológica. Trad. Márcio Suzuki – Aparecida,
SP. Ideias & Letras, 2006.
▪ ALES BELLO, Angela. Introdução à fenomenologia. Trad. Ir.
Jacinta Turolo Garcia e Miguel Mahfoud. Rev. Tommy A. Goto,
Belo Horizonte: Spes Editora, 2017. (Col. Phainomenon)
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