formação de professores: compreender e revolucionar
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Formação de Professores: compreender e revolucionar Bernardete A. Gatti
Fundação Carlos Chagas
Para refletir sobre essa questão: fugir das opiniões de senso comum representações forjadas nos limites da cotidianeidade distanciar-se das particularidades
Perguntar-se sobre: os porquês dessa formação se é necessária ou não, importante ou não quais componentes considerar e quais dinâmicas formativas
Necessidade => constituição de algum referencial na contemporaneidade Posições fundamentadas: filosofia educacional perspectiva de sociedade experiências profissionais
Por quê formar professores? É preciso, é importante, formar professores?G. Gusdorf (1970)
Ser um mestre é importante porque, cada existência firma-se e afirma-se em
contato com as existências que a rodeiam, e, a relação professor-aluno pode ser
algo singular, como uma relação mestre-discípulo, no sentido em que nessa
relação pode-se constituir um sentido para a vida, para além dos conhecimentos,
com a descoberta de valores essenciais.
O papel do mestre é o de dar forma humana aos valores abrindo aos seus alunos a possibilidade de cada um construir-se como um ente cultural, assim construindo uma identidade própria. Professores-mestres é que dão sentido ao trabalho docente.
Trabalho docente: conhecimentos + valores
Pressuposto Os professores, para serem profissionais e não repentistas, ensaístas ou quebra-galhos, necessitam ser portadores de conhecimentos sobre o campo educacional e sobre práticas relevantes a esse campo, e mais, necessitam de ter além de sua formação científica, uma formação humanista, de tal forma que possam tornar-se professores-mestres.
Para assumir esse pressuposto Necessidade de Superação de Concepções
– “qualquer um pode ser professor “ - “dar aula é “fichinha” => banalização da atividade docente - (um pouco + sofisticada) – “quem tem conhecimento sabe ensinar” => desprezo pelo conhecimento pedagógico
=> desprezo pela pesquisa em educação e ensino
=> desconhecimento do trabalho escolar Þ Impactam as práticas de formação de professoresÞ Desqualifica
A não valia associada à profissão docente:
assenta-se em parte nessa representação, representação que é desafiada hoje diante do que ocorre nas escolas, em suas salas de aula, nos contextos não formais de educação, nas comunidades, na inquietação dos pais... Por em pauta: A formação necessária para que se possa ser um professor HOJE
Professor: profissional que deve poder dialogar de modo efetivo com
as novas gerações, com as crianças e jovens, despertando-as para os
valores, os saberes e a riqueza dos conhecimentos que alimentam
nossa civilização.
Construção: Professor = Profissional ///// Superar: Representações arcaicas
Questão básica:Papel dos professores nas sociedades contemporâneas:
***diversidades sociais e culturais/desenvolvimento das ciências e seu papel no mundo atual/as demandas postas pela população/as demandas éticas / justiça social e educacional em relação a todos os segmentos sociais. => só boa vontade não basta => só bom senso não basta
► formação sólida, específica, interdisciplinar, continuada:conhecimentos científico-culturais + constituídos no campo da educação + valores humanitários valiosos a uma vida social construtiva
Olhar de frente: como formamos professores
Olhar para frente:Como queremos – ou como é necessário - que nossos professores sejam formados é uma discussão que não podemos mais adiar.
Não podemos adiar mudanças radicais nessa formação
POR QUÊ?
Como formamos professores?
Hoje => pouca atenção às licenciaturas => dispersão curricular => separação radical entre as licenciaturas => foco maior: conhecimento de áreas específicas
Saviani (2009) => aponta o risco de que a formação universitária, ao invés de oferecer aos professores um preparo profissional mais consistente, possa comprometer a formação para as questões pedagógicas e o atendimento às especificidades da criança pequena, pelo predomínio, em nossa universidade, de um modelo que prioriza a cultura geral e os conteúdos de conhecimento.
Arroyo (2007)
=> as propostas se fundamentam nas diretrizes e normas como
configurantes do real, tomando como referência modelos idealizados de
docência que desconsideram a prática concreta dos professores e as
suas condições de trabalho
“superação dessa tradicional visão conformante e precedente das
políticas, das diretrizes e dos currículos de formação”
Século XXI
Como referenciar a formação de professores?
Como referenciar currículos para essa formação nas diferentes licenciaturas?
Quais conhecimentos são importantes para formar professores?
Para bem compreender a situação formativa de professores para a educação básica, para propor revolucionamentos nessa formação:
Necessária => uma perspectiva fundada:
a) quanto à constituição do campo de conhecimentos relativos à educação
b) quanto à educação escolar enquanto fato social, concretizado, portanto, visível em práticas sociais, no âmbito das escolas ou outros ambientes
c) quanto aos novos meios de comunicação e a cultura que criam
d) Quanto às novas condições societárias
PARA QUÊ?
Para a constituição de didáticas renovadas para a formação de professores
Para a constituição de didáticas renovadas para o trabalho escolar;
CAMINHOS ... I. Licenciaturas: qual formato novo/quais dinâmicas? Quais didáticas? II. Buscar elementos que alimentem a formação professores como profissionais educadores e como profissionais do ensino.III. Nas áreas científicas, nas artes, nas áreas humano-sociais => partícipes dos currículos escolares da educação básica: ► é necessário que se reconheça que há conhecimentos válidos construídos sobre a docência, a educação e o ensino e que estes conhecimentos importam ao trabalho de professores.
IV. Considerar a constituição histórico-social do campo da educação, enquanto campo de práticas sociais e de constituição de conhecimentos específicos:
►Ciências da Educação
Didática – Teorias Pedagógicas – Metodologias de Ensino – Filosofia da Educação - Sociologia da Educação – Psicologia da Educação – História da Educação – - Avaliação Educacional - Teorias de Currículo – Alfabetização e Letramento – - etc.
CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO Origem nas práticas históricas Conjugação e a inter-relação duas vertentes \/conhecimentos constituídos nas e pelas práticas educacionais (pela institucionalização em espaços profissionais diversos) estudos científicos que as práticas e as demandas sociais suscitam NOSSA FACILIDADE: Ficar em abstrações NOSSA DIFICULDADE: Interseccionar áreas de conhecimento com formas de ação pedagógica junto a crianças, adolescentes e jovens
Em síntese:
A. Novos formatos nas instituições => integrações B. Base comum formativa C. Renovação didática nas IES => novas dinâmicas formativas D. Conhecimentos das ciências da educação E. Conhecimento da disciplina para o ensino => comunicação F. Desafios da sociedade contemporânea
Desafios da sociedade contemporânea Competitividade, individualismo , consumismo, marketing
▪ Dispersão ética e moral▪ Multiculturalismo/Diversidades \/▪ Sentimentos de injustiça – as subjetividades e os subgrupos▪ Inclusão – lutas/buscas \/ Busca de sentido = justiça social
EMERGENTE NOVO PARADIGMA EM EDUCAÇÃO
“... UMA ESCOLA JUSTA E, PARA TER UMA ESCOLA JUSTA PRECISAMOS DE PROFESSORES QUE ASSUMAM ESSE COMPROMISSO.” (J. Tedesco, 2010)
ESCOLA JUSTA
Inclui Não exclui Qualifica
Aquela escola em que os alunos aprendem e se educam para a vida como cidadãos
=> Preparo dos professores
Mizukami, 2013, p. 23
“A docência é uma profissão complexa e, tal como as demais profissões, é aprendida. Os processos de aprender a ensinar, de aprender a ser professor e de se desenvolver profissionalmente são lentos. Iniciam-se antes do espaço formativo das licenciaturas e prolongam-se por toda a vida, alimentados e transformados por diferentes experiências profissionais e de vida. Assim, por excelência, a escola constitui um local de aprendizagem e de desenvolvimento profissional da docência.”
DEMANDA DE:
CONHECIMENTO
SENSIBILIDADE COGNITIVA
CAPACIDADE DE CRIAR RELACIONAMENTOSDIDÁTICOS FRUTÍFEROS
TER E CRIAR ATITUDES ÉTICAS
Estamos formamos de modo adequado os professores para a educação básica?
=> modo proposto no início do século XX
=> um século sem mudanças estruturantes
É PRECISO MUDARMAIS QUE ISSO: É PRECISO REVOLUCIONAR!
Pontos a considerar:1. Renovação estrutural
2. Renovação curricular
3. Características e formação dos formadores
4. Renovação de posturas
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (Introdução – Fernando de Azevedo (Azevedo, 1932)
“Todas as gerações que nos precederam ... foram vítimas de vícios orgânicos de nosso “aparelhamento de cultura” cuja reorganização não se podia esperar de uma mentalidade política, sonhadora e romântica, ou estreita e utilitária, para a qual a educação nacional não passava geralmente de um tema para variações líricas ou dissertações eruditas.” - uma “alma antiga” em um “mundo novo”
“A preparação dos professores é tratada entre nós de maneira inteiramente descuidada.. . como se a função educacional, de todas as funções públicas a mais importante, fosse a única para cujo exercício não houvesse necessidade de qualquer preparação profissional.”
ReferênciasARROYO, M. G. Condição docente, trabalho e formação. Em J. V. A. Souza, (Ed.) Formação de professores para a educação básica: dez anos da LDB. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
AZEVEDO , F. et al. Manifestos dos Pioneiros da Educação Nova (1932) e dos Educadores (1959), Recife: Fundação Joaquim Nabuco; Editora Massangana, 2010.
MIZUKAMI, M. G. N. Escola e desenvolvimento profissional da docência. In: Gatti, B.A; Silva Júnior, A. C.; Pagotto, M.D.S.; Nicoletti, M.G. Por uma política nacional de formação de professores. São Paulo: Editora Unesp, 2013, p.23 – 54.
SAVIANI, D. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação, ANPED, v. 14 n. 40, p. 143-155, jan./abr. 2009.
SHULMAN, L. S. The wisdom of practice: essays on teaching, learning and learning to teach. The Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching, Jossey Bass, San Francisco, CA, USA, 2004.
TEDESCO, J. Presentación. In: OLIVEIRA, D. A. et al. Políticas educativas y territórios. Modelos de articulación entre niveles de gobierno. IIPE/Unesco: Buenos Aires, 2010.
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