festas, procissões, feiras e romarias
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FESTAS, PROCISSÕES FEIRAS E ROMARIAS
NO CONCELHO DA GOLEGÃ
Presidente da Câmara Municipal da Golegã, da Feira Nacional do Cavalo, e Romeiro-Mor da Confraria dos Romeiros de São Mar� nho
dia-a-dia de um período, de uma época. Pelo contrário, a
tradição é fruto de prá� cas e de comportamentos, que se
perpetuam pela repe� ção regular. É a temporalidade, na
qual se desenvolvem, que separa a tradição do costume.
Aqui na Golegã, Concelho, a tradição não é uma veleidade
passadista, mas sim uma experiência acumulada através
das gerações que nos precederam !!
A Golegã é na actualidade uma das Vilas de Portugal onde
esse legado inspirador - a tradição, tem um dos cenários e
sede mais marcantes. Ao invés do que vem acontecendo
em muitos locais do País, onde a “inventam”, na Golegã e
na Azinhaga é reinterpretada e reelaborada, complemen-
tando-a com a modernidade, sem confl itos. E isso conse-
gue-se através de acções de persuasão e de perseveran-
ça no sen� do de se respeitarem heranças vivas. De igual
modo, como respeitamos o património histórico edifi cado.
À semelhança da forma como também protegemos as nos-
sas urbes, aquando das suas reabilitações e requalifi cações,
de hábitos e de modismos passageiros, que na maioria das
vezes, em nome de um falso progresso, determinam prá� -
cas aberrantes e desenquadradas, que podem violar a har-
monia da nossa ruralidade. Por isso, através de uma árdua
tarefa diária, indicamos e promovemos a digna união da
arquitectura popular genuína, com a arquitectura erudita!
Porque um território como o nosso, onde a tradição é exal-
tada e integra um mundo rural digno, quer pela qualidade
ambiental, quer por uma agricultura próspera, tem assim,
condições ideais para um desenvolvimento sustentável.
Porque ainda, uma paisagem tradicional, ecologicamente
equilibrada e com marcos culturais que defi nem uma iden-
� dade muito própria, tem menor risco de ser despovoada.
Estes são os factores que elegemos e que determinaram
também o nosso crescimento económico, pois dis� ngui-
ram-nos e afi rmaram-nos. Mas trata-se, sobretudo, de um
legado às gerações vindouras, que nos deixa a serenidade e
a tranquilidade próprias de programações e de estratégias
cumpridas!
Dando prioridade às infra-estruturas e equipamentos pró-
prios do século XXI, que nos colocam, em algumas situa-
ções, acima da média da União Europeia e que concorre-
ram para que o Concelho da Golegã seja um dos lideres da
“Excelente Qualidade de Vida” em Portugal, assim como do
“Melhor Desempenho Ambiental”, nunca descurámos, an-
tes pelo contrário, foi sempre nossa preocupação que este
Concelho, de tradições genuínas, se tornasse um museu
vivo e dinâmico, cujos “actores” e espólio desfi lassem aos
olhos de quem nele vive e de quem o visita! Foi uma ca-
minhada iniciada em 1998 e que até hoje se percorre. Um
percurso que incluiu o es� mulo e a mo� vação daqueles ar-
tesãos, ar$ fi ces e ar� stas, desde o ferrador ao embolador,
passando pelo correeiro ao alfaiate até ao escultor, bem
como daqueles cujas lides tradicionais se desenrolam nos
nossos campos e borda d’água, tal o campino e o avieiro.
Porque é a sua imaginação, cria� vidade, habilidade e arte,
porque são as suas formas e os seus dignos gestos, que re-
petem no dia-a-dia, divulgando os modos, os es� los e as
épocas, através do produto das suas mãos, que iden� fi cam
a nossa cultura e preservam a nossa iden� dade. Outro tra-
jecto e des� no desse “caminho” foi o de dignifi car aconteci-
mentos, que exaltam a tradição, como o que acontece com
a Feira de São Mar� nho e Feira Nacional do Cavalo, às quais
introduzimos, em 1999, a Feira Internacional do Cavalo Lu-
sitano, testemunhada no ano seguinte, por Sua Excelência
o Presidente da República. Um ano antes havíamos criado a
ExpoÉgua e a Mostra de Gastronomia Ribatejana. Também
testemunhada, mas por Sua Excelência o Presidente da As-
sembleia da República, foi a realização de Festa do Bodo, a
úl� ma do milénio, depois de duas décadas e meia de au-
sência. Nesse ano de 1999, a Câmara Municipal da Golegã,
que muito nos honra presidir, desde esse período até hoje,
associou-se então com a autarquia azinhaguense e com a
Comissão das Festas, decorrendo assim o evento com a dig-
nidade merecida e pedida pelos Azinhaguenses.
Actos, factos e momentos, como aqueles que irá descobrir
neste Festas, Procissões, Feiras e Romarias, o qual corro-
bora que “a tradição é a experiência dos povos consagrada
pelo tempo”.
Nós somos muito do que fo-
mos! Por isso, aqui respeitamos
a tradição, que não é sinónimo
de passado, como o não é de
an� go. Muitos ainda a associam
a costume, o que não corres-
ponde à realidade, já que este
é fl uído e irregular, dependendo
da dinâmica e da fl exibidade do
Feira de São MartinhoNational Horse Fair (November)
O Sol começa a deitar-se mais
cedo, tornando os dias mais
curtos e as noites mais longas.
As tardes ainda quentes são
amenizadas pelo vento fresco,
que começa a soprar ou pelos
chuviscos trazidos por nuvens
tão passageiras como a nossa
existência. Veste-se o céu de
tom acinzentado, perdendo o
azul, como as árvores se ha-
viam já despido das suas fo-
lhas, que agora esvoaçam pela
brisa que desfaz tapetes ama-
relos, laranjas e encarnados,
que a sua queda havia criado.
É o Outono em todo o seu es-
plendor! À calma do campo da
Golegã, que vem pelo rabisco
do milho, depois da azáfama
da sua colheita, junta-se-lhe
agora ao seu restolho, a me-
lancolia. No espargal, agitam-
-se as oliveiras, às quais lhes
resgatam as azeitonas, assim
como se agitam as ruas da
Vila, pelo vaivém dos Goleganenses, que caiam e pintam fronta-
rias, que limpam pá� os e arrumos, sobre o olhar daqueles que
calcorreando ruas e travessas procuram ali albergue para si e para
os seus, mais além um espaço para a pernoita dos animais e ainda
acolá um lugar de negócio. E este movimento, sob uma cor � ngida
pelos fumos de um ou outro borralho, que imprimem um cheiro
próprio, outrora bem mais marcado pelo dos lagares, anuncia que
a serenidade da Golegã se re� ra, dando lugar à algazarra.
Eis a Feira da Golegã, também de São Mar� nho, ao qual pela sua
boa acção lhe devemos por vezes um Verão antes do Inverno. É
tempo de debute do poldro recolhido do campo, que foi apoiado
e desbastado. É espaço para com garbo e orgulho, e porque não
com algum espavento, mostrar a montada que está bem na mão
e entre as pernas, ensaiando aqui e ali uma pirueta, para após
um arranque, seguido de um estancar, ela entre em piaff é, tran-
sitando depois para passage e sair em passo descontraído, num
tom triunfal como tudo � vesse sido fácil, ou mesmo nada � vesse
acontecido.
Ins� tuída por el-Rei D. Sebas� ão, no ano de 1571, a Feira depres-
sa se celebrizou, fi rmando a importância da Golegã na economia
e cultura nacionais. No século XVIII, em plena época do Marquês
de Pombal, era apresentada na Aula do Comércio como uma das
maiores feiras do País. Na verdade, teve sempre um papel angu-
lar no desenvolvimento da Golegã e por decreto régio do Rei D.
Luís, no ano de 1865, viu-lhe ser ins� tuído um Concurso Ofi cial
Nacional de Equinos. No primeiro confl ito mundial (1914-1918),
a Feira conhece então maior procura pela necessidade de cavalos
para a guerra, vindo a tornar-se ainda de relevante importância
aquando da II Guerra Mundial (1939-1954), nomeadamente pelo
racionamento de combus� veis e limitação da circulação motori-
zada, factores que promoveram a demanda de cavalos de sela,
mas sobretudo dos de � ro.
A evolução, o crescimento e a singularidade do evento, que se
vinha afi rmando dentro e fora das nossas fronteiras, mo� varam
o reconhecimento ofi cial, em 1972, ano no qual o Governo Por-
tuguês a decretou Feira Nacional do Cavalo, passando em 1999, a
incluir também a Feira Internacional do Cavalo Lusitano, período
durante o qual a Golegã, pelo reconhecimento nacional e estran-
geiro, do papel histórico do Cavalo na sua dis� nção, é proclamada
então como Capital do Cavalo, vindo a integrar, em 2005, a Rede
de Cidades Europeias do Cavalo (EUROEQUUS).
Em cada Novembro que passa, a Golegã “veste-se a rigor” e en-
galana-se o Arneiro para receber a sua Feira, a de São Mar� nho,
a Feira Nacional do Cavalo e
a Feira Internacional do Ca-
valo Lusitano, enfi m, a Feira
da Golegã!
Uma mul� dão de nacionais
e de estrangeiros ruma à
Capital do Cavalo, para nela
ver desfi lar os valores tradi-
cionais e culturais, que con-
correm para a nossa iden-
� dade, chegados até nós,
transmi� dos de geração
em geração e que naqueles
dias, que se sucedem, pro-
porcionam uma contem-
plação con� nua e em cres-
cendo, de cor e movimento,
onde a beleza do Cavalo e
a arte de quem o doma, se
conjugam num espectáculo
único e verdadeiro .
Nesta Feira cruzam-se o
passado e o presente. O
São Mar� nho na Golegã é
fruto de um somatório de
vivências, de actos e de fac-
tos seculares, que ditaram a
sua personalidade ímpar, na
qual o Cavalo é rei e senhor,
sendo certamente a decana
das Feiras de Portugal. De
alma popular, senhora de
foros indestru� veis, é des-
� no de peregrinação devo-
tada e apaixonada. Ribate-
jana e cas� ça, revigorada de
ano para ano, sempre sob o
fumo dos assadores de cas-
tanhas e o aroma da água-
-pé, no século XXI a Feira é
feita de modernidade, mas
também, como sempre de
tradição!
Festa do BodoDivine Holy Spirit Ceremony
Na Azinhaga passaram já quatro anos sobre a úl� ma
Festa do Bodo e alguns séculos desde a primeira, que
ali se realizou, segundo rezam os escritos e os ditos,
que passam de geração em geração. Cinco dezenas de
dias após a Páscoa e eis Pentecostes, com as Festas
do Divino Espírito Santo ou do Bodo. Nomeado o Juiz
da Festa, na úl� ma, e depois de anunciadas pela Co-
missão que as organiza, inscreveram-se já mordomos
que fazem contas às dádivas que os obrigam a ves� r as
jovens raparigas solteiras, de azul, rosa e branco con-
forme os dias da procissão. Também incluídas estão as
rodilhas de onde caiem fi tas de seda estreitas e colori-
das, sobre as quais assenta o tabuleiro que leva o pão
ao Espírito Santo. A Guia, apesar de usar as mesmas
três cores, enverga-as em dias diferentes de todas as
outras. Já escolhido o parceiro, este ajudá-las-á no � -
rar e pôr do tabuleiro à cabeça. Aos meios-mordomos
assis� r-lhes-á metade da verba, bem como do pão.
Os Azinhaguenses com fervor e bairrismo limpam e
caiam os alçados principais das suas casas, que orna-
mentam, e engalanam as ruas, cujo chão cobrem de
“tapetes” de fl ores coloridas, por onde passará o cor-
tejo. E fazem-no para que as suas sejam as melhores, já
que no fi nal da Festa certamente serão as premiadas.
A azáfama, a que se junta alguma euforia própria de
quem gosta de brilhar, sublima a ansiedade de quem
semeou o milho, que agora se “sacha” ou plantou o
tomate, que anda a ser “curado”. Às gentes da an� ga
Azzancha quando se lhe entranha no seu espírito
uma crença ou devoção, não há ideia
que as dissuada. Nos campos e no es-
pargal da Azinhaga, onde o calor e as
trovoadas fazem fl orescer pastagens,
as éguas e os poldros arredondam-se
e compõem-se pela “comida”, ao mes-
mo tempo que mudam o pêlo. Noites
quentes e abafadas, dias grandes e lu-
minosos, que fazem da lezíria mo� vo
ideal de poemas, de can� gas e de pin-
tura - a tela polícroma do Ribatejo. E
os trabalhos con� nuam mesmo para
além do Sol se esconder para lá da
Charneca de Miranda, parecendo
adormecer no Bairro, para depois
acordar para lá do Tejo, dando início
a uma nova jornada de preparação
da Festa, para a qual todo o tempo é
pouco, pois não tarda em chegar. São
dias de gargalhadas e até certamen-
te de desavença para que tudo fi que
como a Azinhaga merece e brilhe aos
olhos de quem a visita. E também sur-
ge o silêncio, próprio da bonança que
se segue à “tempestade” do trabalho,
próprio de quem mira e observa mudo
e quedo a obra que está no fi m e à
qual se emprestou tanto sen� mento e
emoção.
Os foguetes anunciam o começo da
Festa, ouvindo-se a Banda da Socie-
dade Recreio Musical Azinhaguense
1º de Dezembro que se dirige à Ca-
pela do Espírito Santo, que ali se er-
gue desde os tempos quinhen� stas.
De linhas simples e puras, de uma
graciosidade ímpar, própria da rus� -
cidade dignifi cada está também ela
engalanada, para a pompa do cortejo
e para a circunstância do dia. Todos e
tudo para aquele local sagrado e de
culto, confl uem! Depois do primeiro
acto, com solenidade, o da recepção
ao Juíz, inicia-se então o desfi le, tão
esperado e desejado, pelas ruas dos
mordomos, em cujas casas se vai re-
colhendo o pão.
A Azinhaga abre assim as suas portas,
para que os seus espaços pitorescos,
carregados de história e de tradição,
sejam invadidos por uma plêiade de
visitantes, que irão desfrutar dos seus
hábitos e costumes, vivendo uma
panóplia de acontecimentos que in-
cluem entre outros, as tradicionais
largadas de touros e as � picas anima-
ções musicais.
Achega-se Maio, mês de Maria, com os seus dias mais
longos, expressivos da Primavera em toda a sua ple-
nitude, também pelas novas cores e pelos novos aro-
mas, que a natureza faz ressurgir. Na Golegã é tempo
de ExpoÉgua, de Romaria e de enaltecer os produtos
mais genuínos da terra, o Vinho, o Vinagre e o Azeite,
que por aqui acompanham e condimentam, sopas de
cagarrinhas, de saramagos, açordas de sável, ou ainda
migas de peixe, ícones da gastronomia local.
A Golegã é de novo ponto de encontro daqueles cuja
paixão é o Cavalo, daqueles que o criam, que o des-
bastam e o montam. De muitos que experimentam o
Verão de São Mar� nho, em Novembro, e que querem
que este período seja como que um São Mar� nho de
Verão, aproveitando para exaltar, premiar e elevar as
mães e fi lhas do efec� vo equino de todas as raças cria-
das em Portugal.
Eis a ExpoÉgua, o Salão do Vinho, do Vinagre e do Azei-
te, a Mostra de Gastronomia Ribatejana e a Romaria
a São Mar� nho, que a Golegã vem habituando quem
nela vive e quem a visita.
A ExpoÉgua, criada em 1998, surgiu pela necessidade
de corroborar o entendimento sobre a Égua, que con-
trapunha a rela� va subes� ma a que foi votada a algu-
mas décadas atrás. A maioria das Éguas eram e foram
instrumentos de trabalho de lavoura, gradando a ter-
ra quase todo o ano, sendo em regra pequenas, mas
resistentes, sub-alimentadas e mal resguardadas do
tempo. O trabalho era a prova natural de funcionali-
dade, e se exaus� vo o era, mais grave ainda o serem
“empregues” no seu período de crescimento. Com o
aparecimento e a evolução da mecânica agrícola, al-
gumas éguadas, cujo produto era des� nado somente
à lavoura ex� nguiram-se ou viram diminuídos os seus
efec� vos, apostando os criadores noutros objec� vos.
Só um muito reduzido número não “explorou” a Égua
como instrumento de agricultura, limitando-a ao seu
papel de mãe. Se aqueles que as u� lizavam na agricul-
tura � nham a funcionalidade provada, outros limita-
vam-se à prova morfológica, salvo raras excepções. Se
sempre assis� u aos criadores de gado bravo, a tradição
de “tentarem” as futuras mães, já a maioria dos Criado-
res de Cavalos não montava, nem sen� a as suas Éguas.
Felizmente melhorou-se o nível de nutrição, a selecção
tem orientação cien� fi ca e além da nobre missão de
mãe, hoje vêem-se éguas toureias, saltadoras de obs-
táculos, “raidistas”, entre outras, atribuindo-se-lhes o
mérito devido. Os criadores conscientes do património
gené� co que herdaram, que possuem, têm hoje uma
deferência pela Égua, considerando-a e es� mando-a,
implicando-se com a Golegã, por esta nobre Vila ter
feito nascer a ExpoÉgua, a qual já se afi rmou como o
seu espaço de eleição e dis� nção.
Desde há muito que o Homem deu expressão à sua
busca de Deus, através de orações, sacri� cios, medi-
tações, procissões e romarias. As romarias são indiscu-
� velmente uma manifestação � pica da nossa cultura
secular e popular, com o objec� vo de cumprir um voto
de agradecimento ou para obtenção de uma graça. As
Romarias são caras ao povo português, crente e reina-
dio, que lhes imprime uma dupla função: religiosa e
social. Nelas par� cipam os fi lhos da terra pela sua fé
e ligação à Igreja, nas quais corroboram as raízes que
os unem ao local onde nasceram, donde vêm, criando
novas amizades e fortalecendo as an� gas.
Em Maio, desde 2001, a Confraria dos Romeiros de São
Mar� nho com a sua indumentária, parte do Arneiro,
seguindo o Romeiro-Mor e o Romeiro-Mestre, ruman-
do a um local sagrado, como a Matriz ou as Ermidas
de São Caetano, da Piedade, da Brôa e do Paúl, e na
presença da fi gura de São Mar� nho, cumpre os seus
votos e as suas devoções, após os quais, surge um sa-
lutar e fraterno convívio com os parentes, amigos e co-
nhecidos, ao redor da mesa, comendo, bebendo, logo
depois cantando e dançando no recinto da ermida ou
em pleno campo, exprimindo a sua alegria, dando lar-
gas ao entusiasmo da sua presença, num encontro que
lhes parece ser um dom de Deus gratuito e absoluto.
ExpoÉgua Saint Martin’s Pilgrimage (May)
Romeiros bordejando o Tejo, entre a Golegã e São Caetano The Pilgrims along the Tagus River from Golegã to São Caetano
Festas de S. Pedro Saint Peter’s Feast
Em Marvila, cedo começa a labu-
ta daqueles que preparam o São
Pedro. Na sede da Sociedade
Filarmónica Goleganense 1º de
Janeiro ensaiam-se as marchas,
depois de estudadas as músicas
e as letras, sonham-se ves� dos,
imaginam-se arcos e balões e
convidam-se padrinhos.
A “peça” está montada, que co-
mece a Festa! Que o desfi le saia
com a banda do Largo da Câma-
ra, pois os Goleganenses já saí-
ram à rua para o ver passar. Pela
Rua D. Margarida Relvas chegará
ao pequeno largo, onde ao San-
to, em pedra, lhe quebrará o si-
lêncio, naquela noite de 28 para
29 de Junho. A alegria e a reina-
ção tomam conta daquele bair-
ro da Golegã. Os sons da música
que convida à bailação ecoam
pela Vila, quase se ouvindo na
Praça. Como não pode deixar de
ser a assar estão as sardinhas,
pois o vinho e o resto não falta-
rão.
Em 15 de Agosto, a Golegã ve-
nera Nossa Senhora da Guia. Foi
um ritual que se esvaneceu, mas
que a iden� dade fez ressurgir.
Os Soldados da Paz da Associa-
ção Humanitária dos Bombeiros
Voluntários da Golegã seguram
o andor encarnado, dourado a
folha de ouro, que leva a Guia
do Povo de Deus e dos Homens,
com a sua túnica branca e man-
to azul, segurando o Menino Je-
sus, também ele coroado como
sua Mãe. O calor aperta, mas
ninguém esmorece até se cum-
prir a tradição.
Festas de Nossa Senhora da Guia 15th August
“Viva o Santo António, Viva o São João, Viva o 10 de Junho e a
Restauração!”
Nos princípios de Junho ornamenta-se o Largo 5 de Outubro,
enfi m, o largo da Capela de Santo António, para receber os fes-
tejos do Santo Casamenteiro, ao qual os Goleganenses sempre
manifestaram grande devoção. Preparam-se a procissão, de fo-
gaças, a quermesse e o arraial popular, que quando chegadas as
fes� vidades, será entremeado pela tradicional sardinha assada
que aguça o vinho, sobretudo o � nto, que é “guloso”, bebido
sob o olhar do Santo que foi Doutor da Igreja, e que da mansão
onde residem os espíritos celestes, dará a Sua bênção à Golegã
e a quem a visita de 12 para 13 de Junho.
Na Baralha, à Capela de São João, os Goleganenses e quem a
eles sempre se junta, de 23 para 24 de Junho saltam à fogueira,
“em número ímpar e pelo menos três vezes para fi carem por
todo o ano protegidos de todos os males”. Até altas horas da
madrugada queimam-se pela animação e pela dança os exces-
sos do caldo verde, da batata cozida, da sardinha ou da fêvera
de porco.
No Domingo de Ramos sai a solene procissão,
num público testemunho dos Goleganenses de
amor e gra� dão a Cristo-Rei, que “sofreu por nós,
deixando-nos o exemplo, para que sigamos os
seus passos”.
Depois de abençoados os Ramos inicia-se a cami-
nhada com algumas orações, rumo à Igreja Ma-
triz, onde será celebrada a Paixão de Cristo.
Procissão de Ramos Ramos Procession
Festas de S. João Saint John’s Feast
Festas de S. AntónioSaint Anthony’s Feast
Terminaram os tempos de re� ro, de refl exão e de muita
oração. Os templos cristãos deixaram os panos e os man-
tos roxos, que eram sinal de luto e de penitência. Acabou
a Quaresma, acabaram as suas rezas e os seus jejuns, pre-
liminares do Mistério Pascal.
Estamos em plena Primavera, a estação da esperança! É
segunda-feira de Páscoa. Aparecem os músicos da Socie-
dade Recreio Musical 1º de Dezembro, a Banda da Azinha-
ga, e logo se inicia a procissão. Na frente dois tocheiros
ladeiam quem leva a Cruz. O andor com Nossa Senhora da
Piedade, é olhado em silêncio, com respeito e veneração,
pelas gentes que o acompanham e o seguem. O desfi le
imponente sai da Azinhaga, passando o Cabo das Casas
em direcção à Capela da Piedade. Orações, pensamentos
e desejos rezam-se e formulam-se ao longo daquela santa
caminhada, ao mesmo tempo que se contemplam as no-
vas cores e se cheiram os novos aromas, com que o campo
agracia aquela passagem. Os plátanos que assistem uma
vez mais àquela peregrinação, reconfortam com a fres-
cura das suas sombras, os devotos caminhantes. Alguns
pensam na chegada, que lhes é merecida. Nossa Senhora
da Piedade já voltou à casa que é Sua há mais de meio
milénio. Mais abaixo, entre a Ermida e o Almonda a lezí-
ria verdejante espera por todos aqueles que a elegem em
dia de Bateiras para a desfrutar. Uma sombra aqui, outra
acolá, mais a da maracha do rio. Montaram-se mesas para
aqueles que delas não prescindem, as quais rapidamen-
te se cobrem de farnéis trazidos, com pe� scos e manjares
apetecíveis e que o vinho rega como manda a sede e a tra-
dição. O Sol já se escondeu, mas ainda se mostra a alegria.
Procissão e Arraial de Nossa Senhora da Piedade Easter’Monday
Rodopiam as bonitas mulheres e as alegres “cachopas” (rapa-
rigas em ribatejano), fazendo rodar as suas saias, num bailado
acompanhado pelos seus pares garbosos e viris. A tocata dita-
-lhes o ritmo e a cantadeira ou o cantador anima-os a con� nu-
ar. Batem o pé os campinos fazendo tremer o chão. O mesmo
bailaram e cantaram seus pais e seus avós. É que povo sem me-
mória, não existe!!
Anualmente surgem na Golegã e na Azinhaga, através dos seus
“ranchos”, nomeadamente dos federados, fes� vais de folclore.
Na Golegã, o seu Rancho Folclórico, tal como antropólogo so-
cial, estuda, pesquisa e interpreta hábitos e costumes de antão
que depois de muito vividos se sedearam na sua terra. Recriam
então a apanha da azeitona, as vindimas ou os tradicionais tra-
balhos na eira, não descurando as diversas vestes, conforme
a faina, não se cingindo aos “bailaricos”, aos “verdes gaios” e
à “roda”. De igual forma, os Campinos de Azinhaga mostram
trajes que remontam à época român� ca, seja a ceifeira endo-
mingada ou o campino de barrete verde (ou azul se for de maio-
ral real) de carapinha encarnada, que faz reluzir os metais das
suas esporas ou os botões da jaleca e dos calções, ao longo do
“fadinho ba� do”, da “moda dos dois passos” e do “vira de seis”.
Ao som do acordeão, do reco-reco, da viola portuguesa, do to-
que no cântaro e dos ferrinhos, todos cantam, dançam e encan-
tam quem assiste às suas exibições. Em comum a arte e a mes-
tria, e porque não o orgulho do brio, para além do “fandango”.
Mas no Concelho outras manifestações concorrem para o pro-
mover, divulgar, dignifi car e exaltar. Seja o Concurso Internacio-
nal de Atrelagem de Tradição, seja o Na Golegã, fora de Época,
Carros sem Cavalo, ou ainda o Concurso de Traje Português de
Equitação, entre muitos outros, como a Mostra de Gastronomia
Ribatejana e o Salão do Vinho, do Vinagre e do Azeite, em Maio.
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