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Lígia
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Equipa Q1FQI01_1:
Supervisor: João Bastos Monitora: Albertina Rios
CO2: Tecnologia de Captura em
Sólidos Adsorventes
Estudantes & Autores:
Francisca Leal up201603281@fe.up.pt Gerson Tristão up201404890@fe.up.pt
Helena Cruz up201603682@fe.up.pt Hugo Marques up201603195@fe.up.pt
Inês Neto up201603329@fe.up.pt Lígia Campos up201603695@fe.up.pt
Marcelo Apolinário up201603903@fe.up.pt Vítor Telheiro up201603273@fe.up.pt
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
2 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
Resumo
O dióxido de carbono (CO2), é essencial para a existência da vida no planeta, para o
processo físico-químico da fotossíntese vegetal e é utilizado em vários processos
industriais. Mas a sua emissão para a atmosfera está a aumentar cada vez mais tornando-
se prejudicial para o meio ambiente, alterando as condições climáticas e o agravamento de
um fenómeno essencialmente natural: o "efeito estufa”. Portanto, uma solução para este
problema é a captura e armazenamento de dióxido de carbono (CO2) conhecida pela sua
sigla em inglês CCS (Carbon Capture and Storage). Assim, o presente relatório aborda a
síntese dos métodos de captura deste gás usando sólidos adsorventes, quer a nível dos
pontos de emissão, quer a partir do ar ambiente. Inclui-se, ainda, um estudo comparativo
entre alternativas existentes, assim como a sua implementação ao nível industrial.
Palavras-Chave
CO2, adsorção, sólidos adsorventes, tecnologias de captura, industria.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
3 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
Agradecimentos
A nossa equipa do Projeto FEUP gostaria de agradecer a todas as pessoas que
tornaram possível a realização deste trabalho das quais se destacam a nossa monitora
Albertina Rios e o nosso Professor João Bastos. Assim como à equipa que nos orientou
durante a primeira semana, permitindo-nos adquirir conhecimentos para a elaboração deste,
e de qualquer tipo de trabalho, ao logo do nosso percurso académico.
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4 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
Índice
Conteúdo Lista de figuras ............................................................................................................... 5
1. Introdução ................................................................................................................... 6
2. Propriedades do Dióxido de Carbono ......................................................................... 6
3. Problemática do Dióxido de Carbono .......................................................................... 7
4. Sólidos adsorventes.................................................................................................... 8
4.1. Ortossilicato de lítio .............................................................................................. 8
4.2. Zirconato de lítio ................................................................................................. 10
4.3. Óxido de cálcio ................................................................................................... 11
4.4.Potássio .............................................................................................................. 13
5. Aplicações industriais ............................................................................................... 14
6.Análise comparativa .................................................................................................. 15
7. Conclusões ............................................................................................................... 17
8.Referências bibliográficas .......................................................................................... 18
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
5 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
Lista de figuras
Figura 1: Concentração mensal de CO2 na atmosfera (em ppm) ................................... 7
Figura 2: Variação da temperatura global nos últimos 130 anos (em ºC) ........................ 8
Figura 3-Análise térmica dinâmica do Li4SiO4 [2] .......................................................... 10
Figura 4::Reação de formação do Ca12Al14O33 [4] ........................................................ 11
Figura 5: Produçao de Ca12Al14O33 [4] ........................................................................... 12
Figura 6: (a) variação do peso com o tempo dos ciclos. (b) estabilidade do Ca ao longo
dos ciclos. [4] ...................................................................................................................... 12
Figura 7:Processo de captura de dióxido de carbono pós-combustão .......................... 14
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6 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
1. Introdução
O dióxido de carbono é considerado um gás efeito de estufa que é libertado para a
atmosfera maioritariamente pela queima de combustíveis fosseis provocando o aquecimento
global. No entanto este gás tem diversas aplicações industriais, exemplo na carbonatação
de bebidas e em alguns extintores, no contexto ambiental para tratamento de águas e,
também, na área da saúde, no transporte de órgãos a temperaturas muito baixas.
Atualmente o problema da remoção do CO2 da atmosfera, ou, desde logo, debelar a sua
emissão para a atmosfera nos pontos específicos em que este gás é produzido, tem ganho
importância dado o seu efeito sobre o fenómeno de aquecimento global do planeta.
CO2 pode ser removido de fluxos de gases de combustão e gases residuais. Para este
efeito, existem diversas técnicas sendo umas delas a adsorção química em sólidos
adsorventes regeneráveis. Os sólidos utlizados contêm metais alcalinoterrosos e metais
alcalinos.
Os carbonatos de metais alcalinos podem ser aplicados à adsorção de CO2 a baixas
temperaturas (50-60 °C) com regeneração térmica a ocorrer a temperaturas também baixas.
Os adsorventes são matrizes que contêm o devido metal capaz de adsorver o CO2, um
exemplo de matriz é o gel de sílica. São utilizados também alguns aditivos tais como o
dióxido de carbono ativado, SiO2 e Al2O3 em sólidos à base de metais alcalinos para
adsorverem o CO2.
2. Propriedades do Dióxido de Carbono
O dióxido de carbono é um gás à temperatura ambiente, devido a ser um composto
apolar e possuir geometria linear que conferem atrações intermoleculares muito fracas.
É um gás essencial para a vida, tendo um papel tanto na fotossíntese como na
respiração. Na primeira, é utilizado como uma fonte de carbono, para a produção de
nutrientes, e é um produto do processo da respiração animal e vegetal.
Sendo mais denso do que o ar atmosférico, o dióxido de carbono comporta-se como um
gás asfixiante em maiores quantidades. É por isso considerado tóxico, contudo, esta
propriedade é aproveitada em algumas indústrias como a alimentar, na criação de
atmosferas protetoras contra a proliferação de microrganismos. É também utilizado em
extintores, afastando o oxigénio das chamas, por ser mais denso que este, e permitindo
controlar ou até apagar incêndios.
Por ser também um gás inerte, perfaz um papel na soldadura e na manipulação de
materiais inflamáveis criando atmosferas inertes.
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7 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
A neve carbónica, o dióxido de carbono no estado sólido, tem várias aplicações no que
diz respeito a transportes de materiais que necessitam de permanecer refrigerados, como
órgãos humanos e certos alimentos.
3. Problemática do Dióxido de Carbono
Embora o dióxido de carbono participe em alguns dos processos essenciais da vida,
este tem vindo a representar um crescente problema na sociedade, principalmente desde o
século passado.
É um gás que, quando presente na atmosfera, retém a radiação solar, levando essas a
retornar à superfície terrestre, causando desta maneira um aumento da temperatura. Este
fenómeno é também denominado por “efeito de estufa”, o termo geralmente mais utilizado.
O dióxido de carbono é então um gás “efeito de estufa”. Nem sempre este efeito foi
prejudicial, muito pelo contrário, era graças à concentração de gás e de outros com a
mesma capacidade de retenção que a temperatura da Terra se mantinha relativamente
constante e em valores habitáveis.
Este efeito veio, contudo, a tornar-se gradualmente nefasto, devido ao aumento de
produção do dióxido de carbono e de outros gases “efeito de estufa”. Com o início da
queima de combustíveis fósseis como fonte de energia aquando da Revolução Industrial
britânica, e a intensificação do seu uso principalmente a partir do séc. XX, a concentração
destes gases na atmosfera só tem vindo a aumentar (ver Figura 1), tendo como
consequência o aumento do “efeito de estufa”.
Figura 1: Concentração mensal de CO2 na atmosfera (em ppm)
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8 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
Ao longo dos últimos séculos, a crescente utilização e dependência dos combustíveis
fósseis tem contribuído para o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, e,
consequentemente, ao aumento da temperatura média terrestre, como é mostrado na
Figura 2.
Figura 2: Variação da temperatura global nos últimos 130 anos (em ºC)
Torna-se então necessário, enquanto se recorre aos combustíveis fósseis, o controlo da
emissão de dióxido de carbono e de outros gases para a atmosfera. Para tal já existem
várias tecnologias, uma das quais a adsorção do dióxi1do de carbono nas câmaras de
combustão, onde normalmente se recorre a soluções, membranas e sólidos capazes de
adsorver o gás, que posteriormente permitem a sua aplicação em outras áreas.
No presente relatório, irá ser abordado as tecnologias relativas à utilização de
sólidos adsorventes na captura do CO2.
4. Sólidos adsorventes
Os sólidos capazes de adsorver o CO2 são essencialmente constituídos por metais
alcalinos ou alcalino-terrosos. Portanto irá ser feita a referencia a quatros exemplos deste
tipo de sólidos: ortossilicato de lítio, zirconato de lítio, óxido de cálcio, potássio.
4.1. Ortossilicato de lítio
A captura de dióxido de carbono a altas temperaturas por meio da reação de
carbonatação do ortossilicato de lítio (Li4SiO4) comercial é uma das técnicas mais
promissoras de captura de dióxido de carbono consistindo na sua separação através da
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9 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
reação reversível com um sólido inorgânico. Sendo avaliada a cinética da captura de CO2 do
ortossilicato de lítio (Li4SiO4) à pressão atmosférica na faixa de temperatura de 500 a 900ºC.
A análise de parâmetros termodinâmicos indicou que a captura pelo Li4SiO4 é
fortemente dependente da temperatura, sendo o sólido capaz de adsorver 36,7% de CO2
em massa à temperatura de equilíbrio (723°C). De acordo com o ensaio não-isotérmico, a
reação de carbonatação ocorre na gama de 500-735°C, sendo que em temperaturas acima
de 735ºC ocorre a reação de descarbonatação. Portanto, verificou-se que o aumento desse
parâmetro provoca uma aceleração da reação com o aumento da quantidade capturada
durante o tempo analisado.
Equilíbrio Termodinâmico
A partir da observação dos dados da tabela 1 sobre as reações de equilíbrio
termodinâmico entre o ortossilicato de lítio e dióxido de carbono verificou-se que o
adsorvente reage com o CO2 gerando diferentes produtos, dependendo da faixa de
temperatura da reação.
Tabela 1:Reações entre Li4SiO4e CO2a diferentes temperaturas. [2]
Gama de Temperaturas (°C) Reação
25-228
Li4SiO4+2CO2→3Li2CO3+SiO2
229-262 2Li4SiO4+3CO2→3Li2CO3+Li2Si2O5
262-723
Li4SiO4+CO2→Li2CO3+Li2SiO3
724-1000
Etapa de descarbonatação
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10 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
Cinética da Reação de Carbonatação
Figura 3-Análise térmica dinâmica do Li4SiO4 [2]
Segundo a literatura, a partir da observação da análise térmica dinâmica do ortossilicato
de lítio mostrada na figura 2 pode-se concluir que a gama de temperaturas na qual ocorreu
a carbonatação do Li4SiO4 está entre 500 e 735°C. Ainda, verificou-se que nesta faixa, a
variação da massa foi de aproximadamente 33%, valor próximo à capacidade teórica
máxima calculada para este sólido (36,7% em massa). Também se pode verificar que o
fenômeno de descarbonatação do Li4SiO4 ocorreu a partir de 735°C.
Sendo a massa final do sólido menor do que a inicial significa que em temperaturas
acima de 950°C ocorreu um processo de decomposição, dado pela equação:
𝐿𝑖4𝑆𝑖𝑂4(𝑠) ↔ 𝐿𝑖2𝑆𝑖𝑂3(𝑠) + 𝐿𝑖2𝑂(𝑔) – Equação de decomposição do Ortossilicato de lítio. [1]
[2]
4.2. Zirconato de lítio
O zirconato de lítio é um composto já bem conhecido na indústria nuclear devido às
suas propriedades de estabilização e compatibilidade. Porém, foi estudado e descoberto
que este composto também possui uma grande capacidade adsorvente de dióxido de
carbono, também como a reação com este ser rápida e possível às altas temperaturas
presenciadas nas câmaras de combustão. Finalmente, o zirconato de lítio pode ser
reutilizado, tal como os outros sólidos adsorventes, contribuindo desta maneira para a
eficiência deste processo. Este, em conjunto com o ortosilicato de lítio, são os compostos
sólidos adsorventes utilizados que provêm do lítio.
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11 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
A captura de dióxido de carbono utilizando o zirconato de lítio (Li2ZrO3) dá-se a uma
temperatura que varia entre os 450 e 700ºC, contendo assim vantagens em relação a
métodos de adsorção que exijam uma redução de temperatura. A adsorção de dióxido de
carbono dá-se devido a uma reação de produção de Li2CO3 e do respetivo óxido sólido:
Li2ZrO3 + CO2 ↔ Li2CO3 + ZrO2
A reação entre o zirconato de lítio e o dióxido de carbono é altamente seletiva, pelo
que é possível uma remoção seletiva. Como a reação evidencia, 1 mol de Li2ZrO3 reage
com 1 mol de CO2, o que em termos volumétricos significa que um 1cm3 deste sólido é
capaz de adsorver aproximadamente 534 cm3 de CO2. Isto também significa que a matriz
tem uma expansão reduzida. Esta alta capacidade de adsorção é muito útil para o posterior
armazenamento de dióxido de carbono.
Outro aspeto a ter em atenção é que a reação é reversível, o que indica a capacidade de
reutilização do composto. Contudo, à medida que é reciclado e reutilizado, a sua
capacidade de adsorção vai diminuindo. [3]
4.3. Óxido de cálcio
A adsorção de CO2 pelo CaO é importante em muitas indústrias para a gaseificação de
CO2, produção de hidrogénio, em processos de vapor de metano, separação do CO2 como
gás de combustão ou gás de síntese e bomba de calor químico e sistemas de
armazenamento de energia.
Nesta reação, usa-se o CaO assim como sólidos de adsorção baseados em cálcio, que
são usados repetidamente, ou seja, devem ser regenerados após a reação, formando ciclos
contínuos de adsorção de CO2.
A maior parte dos adsorventes de cálcio adequados aos processos de
carbonização/calcinação são ou materiais naturais que contêm cálcio, como a dolomite, ou
materiais preparados de óxido de cálcio depositados num substrato.
A grande maioria dos adsorventes de cálcio, após um número considerável de ciclos, a
sua capacidade adsortiva vai diminuindo, com a exceção do CaO/Ca12Al14O33. Este
adsorvente, após sucessivos ciclos, tem maior reatividade e estabilidade.
Este novo adsorvente de cálcio é formado a partir das seguintes reações:
Figura 4::Reação de formação do Ca12Al14O33 [4]
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12 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes Figura 6: (a) variação do peso com o tempo dos ciclos. (b) estabilidade do Ca ao longo dos ciclos. [4]
Na figura 5, está uma representação esquemática de como é feito o adsorvente
CaO/Ca12Al14O33. A partir da hidratação do óxido de cálcio (CaO), fornecimento de calor com
a formação de Ca(OH)2 e posterior calcinação deste, obtemos o produto desejado.
O declínio da capacidade de adsorção dos adsorventes de Ca deve-se essencialmente
à formação de CaCO3, que limita a reação de carbonização. Por outro lado, com CaO/
Ca12Al14O33 (35/65 wt %) a capacidade mantém-se praticamente constante ao longo do
decorrer de vários ciclos.
Na figura (a), tem a variação do peso com o tempo dos diversos ciclos, na figura (b) é
demonstrada a estabilidade que o composto de Ca tem ao longo do número de ciclos. [4]
Figura 5: Produção de Ca12Al14O33 [4]
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13 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
4.4.Potássio
Num trabalho realizado por Chuanwen Zhao, Xiaoping Chen e Changsui Zhao, as
caraterísticas de captura de CO2 por sólidos à base de potássio foram estudadas com
análise termogravimétrica (TGA – do inglês Thermogravimetric analysis) e num reator de
leito fluidizado. A preparação dos adsorventes à base de potássio foi feita por impregnação
de carbonato de potássio com outros compostos. Adsorventes como K2CO3/AC1,
K2CO3/AC2, and K2CO3/Al2O3 apresentaram excelente capacidade de carbonação,
apresentando taxas de conversão de 97.2, 95.9 e 95.2%, respetivamente no teste TG e
89.2, 87.9 e 87.6%, respetivamente, no teste do reator de leito fluidizado. Foi concluído
neste estudo que o composto que pode ser usado em grande escala é K2CO3/Al2O3. [5]
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14 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
5. Aplicações industriais
As tecnologias de captura de dióxido de carbono não são novas, nos anos 40, foram
desenvolvidos solventes químicos para remover dióxido de carbono (entre outras
impurezas) do gás natural impuro para aumentar a sua rentabilidade de aquecimento. O
mesmo ou solventes similares foram utilizados para remover dióxido de carbono nas
indústrias de processamento de comida e químicos pelas centrais eléctricas. Tecnologia de
remoção de dióxido de carbono foi desenvolvida e usada com processos standard em
produção de gás na indústria, em que o dióxido de carbono precisa de ser removido antes
de o produto ser vendido ou usado, por isso, muitos dos sistemas de remoção de dióxido de
carbono têm sido construídos e operados em unidades de produção de gás. [8]
Com o aumento da implementação de armazenamento e captura de carbono a ser
encorajado na indústria como por exemplo na indústria do cimento e do betão e na indústria
do ferro e do aço.
Através de técnicas de captura pós-combustão, na produção de cimento, tem havido uma
redução da emissão de dióxido de carbono. [7]
Em pós-combustão o dióxido de carbono é removido depois da combustão de combustíveis
fosseis na produção de energia, a tecnologia é flexível e um candidato para centrais
elétricas de gás como mostra a figura 7. A tecnologia é bastante usada, também, noutras
aplicações industriais.[8]
O dióxido de carbono esta a ser depois reutilizado para acelerar a cura de produtos
de betão. Na industria do ferro e do aço têm que ser incorporados mais sistemas de captura
e armazenamento para poder reduzir ainda mais as emissões de dióxido de carbono
emitidas para a atmosfera.
Nas instalações de gaseificação podem facilmente capturar o dióxido de carbono, muito
mais fácil e eficiente do que centrais de energia movidas a carvão. Em muitos casos, o
dióxido de carbono pode ser vendido, a criação de um valor adicional no processo de
gaseificação.[7]
Figura 7:Processo de captura de dióxido de carbono pós-combustão
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15 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
O dióxido de carbono capturado durante o processo de gaseificação pode ser usado
para ajudar a recuperar o petróleo, que de outra maneira não conseguiríamos retirar. [6]
6.Análise comparativa
A nível de Engenharia Química é fundamental tomar em linha de conta vários parâmetros
tais como o rendimento dos processos utilizados. Desta forma, é relevante fazer-se uma
avaliação comparativa entre os possíveis adsorventes, que possibilite concluir sobre a sua
eficácia, tendo em conta as condições de operação exigidas (temperatura, pressão, entre
outras). No entanto, o sólido adsorvente escolhido dependerá da finalidade do processo
químico. Por este motivo, esta análise não pretenderá escolher um em detrimento de outro,
mas sim expor as diferentes características dos mesmos.
A seguinte experiencia foi realizada por investigadores de fontes de energia, materiais e
aparelhos eletrónicos da empresa Toshiba, no Japão. Com a finalidade de avaliar a
efetividade de cada adsorvente foi necessário manter as condições iniciais iguais. O
trabalho realizou-se à temperatura de 500ºC, onde se adicionou 20% de dióxido de carbono
respetivamente a ortossilicato de lítio e a zirconato de lítio. Observando os resultados da
Figura 8, podemos concluir que o aumento do peso é correspondente à adsorção de dióxido
de carbono. Assim, é evidente que o aumento do peso do ortossilicato de lítio foi cerca de
50% superior ao do zirconato de lítio. De acordo com o gráfico, parece que o salto da linha
tangente no inicio da adsorção do ortossilicato de lítio é muito maior que a do zirconato de
lítio. Como a linha tangente corresponde à taxa de adsorção, o ortossilicato de lítio adsorveu
cerca de 30 vezes mais rápido que o zirconato de lítio.
Figura 8:Gráfico comparativo entre o ortossilicato de lítio e o zirconato de lítio: peso do composto em função do tempo (min) de exposição a 20% de CO2
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16 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
Na figura 9, podemos encontrar bastantes diferenças em relação ao primeiro. Estas devem-
se ao único fator alterado, ou seja, à concentração de dióxido de carbono. A nível do
ortossilicato de lítio, notamos que a sua taxa de adsorção de dióxido de carbono é muito
inferior à da experiencia anterior, como é possível visualizar na linha tangente do gráfico.
Por outro lado, o zirconato de lítio adsorveu pouco ou quase nada de dióxido de carbono.
Assim, podemos concluir que a concentração de CO2 é extremamente importante nesta
analise comparativa, uma vez que este fator influencia significativamente no processo de
adsorção.
Analisando a figura 10, podemos intuir que a temperatura também se apresenta como
um fator relevante. O aumento da temperatura, geralmente, causa um aumento de adsorção
de dióxido de carbono ate
aproximadamente a ordem dos
500ºC, sendo que a partir daí, a
concentração de dióxido de carbono
tende a diminuir. Outro fator de alto
relevo é a adsorção de agua, que
pode levar à diminuição da eficiência
do processo, pois o aumento do peso é
originado não apenas pela adsorção
do dióxido de carbono, mas também pela
entrada de água.
Em suma, a temperatura, a concentração de dióxido de carbono e de agua são os
Figura 9:Gráfico comparativo entre o ortossilicato de lítio e o zirconato de lítio: peso do composto em função do tempo (min) de exposição a 2% de CO2.
Figura 10:Taxa de adsorção de CO2 e de H2O em função da temperatura.
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17 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
principais fatores a ter em conta quando pretendemos determinar o adsorvente adequado às
características do processo desejado. [9]
7. Conclusões
Ao longo deste relatório, foram apresentados vários tipos de sólidos que podem ser
utilizados na adsorção de CO2.
Concluiu-se que a escolha do sólido utilizado num determinado processo, quer seja
ortossilicato de lítio, zirconato de lítio, óxido de cálcio, sólidos à base de potássio ou outro,
deverá ser feita de acordo com a finalidade do processo químico. Os principais fatores a ter
em conta na escolha do adsorvente adequado às caraterísticas do processo desejado serão
a temperatura a que se dá o processo e a concentração de dióxido de carbono e de água.
Esta é uma inovadora tecnologia de captura de CO2, relativamente recente e ainda em
desenvolvimento, no entanto, encontra-se em expansão.
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18 CO2: Tecnologia de captura em sólidos adsorventes
8.Referências bibliográficas
[1] https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/107441
[2] http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/chemicalengineeringproceedings/cobeq2014/0139-26852-
149348.pdf
[3] Balagopal N. Nair, Takeo Yamaguchi, Hiroto Kawamura, Shin-Ichi Nakao,
Kazuaki Nakagawa, Processing of Lithium Zirconate for Applications in Carbon
Dioxide Separation: Structure and Properties of the Powders, 2004.
[4] Li, Z.; Cai, N ; Huang, Y. ; Han, H., Synthesis, Experimental Studies, and Analysis
of a New Calcium – Based carbon Dioxide Absorvent, Energy & Fuels- ACS
Publications, 2005.
[5] Chuanwen Zhao, Xiaoping Chen, Changsui Zhao, CO2 Absorption Using Dry
Potassium-Based Sorbents with Different Supports, 2009
[6]https://content.knovel.com/content/pdf/4479/97266_03.pdf?ekey=f2MKuGWeehLnniMwH
z34xKKeu0FbqMKxn9JtZzkudoiQU#page=1&search=IGCC%20plants&toolbar=1&navpanes
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[7]https://content.knovel.com/content/pdf/4361/97976_01.pdf?ekey=f26H8M9uCPZla4j3rt4e
P4T6_-_KtaXbBTsIuW2evuX-
0#page=16&search=Carbon%20dioxide%20capture%20in%20industry&toolbar=1&navpane
s=0&zoom=100&pagemode=none
[8]https://content.knovel.com/content/pdf/8443/13678_08.pdf?ekey=f2kBGGFgnAeZcN5MY
6elxEMxT3wTQQDrUCnYSIkrz-
SIw#page=1&search=Carbon%20dioxide%20capture%20in%20industry&toolbar=1&navpan
es=0&zoom=100&pagemode=none
[9] Kato, M., Yoshikawa, Nakagawa K.,Carbon dioxide absorption by lithium orthosilicate in a
wide range of temperature and carbon dioxide concentrations, 2002.
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