estudo sobre o golfe no algarve – relatório preliminar
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IVERSIDADE DO ALG
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Estudo sobre
o Golfe no Algarve
Diagnóstico e Áreas Problema
RELATÓRIO PRELIMINAR
Maio 2003
Estudo cofinanciado por:
Estudo sobre
o Golfe no Algarve
Diagnóstico e Áreas Problema
RELATÓRIO PRELIMINAR
Maio 2003
Universidade do Algarve
4
COORDENADOR GERAL DO ESTUDO
Manuel Victor Martins
COORDENAÇÃO DAS ÁREAS
Economia Regional Fernando Perna
Ambiente Nuno Videira
Gestão Agro-ambiental José Beltrão
Eugénio Faria
Negócio Antónia Correia
COLABORADORES
Ambiente Catarina Ramires
Inês Alves Rui Subtil
Renato Martins
Gestão Agro-ambiental Diamantino Trindade
Negócio José Alberto Mendes
Edição Gráfica Ricardo Baptista
COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO
AHETA - Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve Algarve Golfe - Associação Regional de Golfe do Sul Almargem - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental AMAL - Associação de Municípios do Algarve APPEV - F. Sousa Neto, Ldª. AREAL - Agência Regional de Energia e Ambiente do Algarve CCRA - Comissão de Coordenação da Região do Algarve CEAM - Centro de Educação Ambiental de Marim DRAA - Direcção Regional da Agricultura do Algarve DRAOT - Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território DREA - Direcção Regional da Economia do Algarve DREAlg - Direcção Regional da Educação do Algarve FETESE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços FPG - Federação Portuguesa de Golfe Globalgarve - Cooperação e Desenvolvimento SA ICN - Instituto de Conservação da Natureza IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional PNCV - Parque Natural da Costa Vicentina QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza RTA - Região de Turismo do Algarve Ualg - Universidade do Algarve
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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AGRADECIMENTOS
A Universidade do Algarve e a Equipa de Projecto reconhecem e agradecem a colaboração
das várias entidades que tornaram possível, até ao momento, a realização do Estudo, em
particular à Comissão de Coordenação da Região do Algarve; Associação dos Hotéis e
Empreendimentos Turísticos do Algarve; Região de Turismo do Algarve; Algarve Golfe -
Associação Regional de Golfe do Sul.
Igualmente, reconhecem o papel que a Comissão de Acompanhamento já desempenhou e
vai continuar a desempenhar como interlocutora e crítica dos relatórios que vão sendo
produzidos.
Finalmente agradecem às pessoas que se prestaram a responder aos longos questionários
e a participar nas entrevistas com membros ou colaboradores da Equipa.
Universidade do Algarve
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GLOSSÁRIO
AAT Área de Aptidão Turística
AHETA Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve
AMAL Associação Municípios do Algarve
ATT Área de Aptidão Turística
AutoCADMap Programa informático de desenho
BUGGIES Veículos de transporte de dois jogadores de golfe e respectivo equipamento
BUNKERS Obstáculos artificiais de areia.
CCRA Comissão de Coordenação da Região do Algarve
CHIPPING ÁREA Zona de treino de pancadas por aproximação.
CLUB HOUSE Edifício principal de um campo/clube de golfe
COMMITED TO GREEN Fundação dedicada ao desenvolvimento e reconhecimento de programas ambientais em infra-estruturas desportivas.
DGA Direcção Geral do Ambiente
DIA Declaração de Impacte Ambiental
DRAOT Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território.
EGA European Golf Association
EIA Estudo de Impacto Ambiental
ETAR Estação de tratamento de águas residuais
EUA Estados Unidos da América
FAIRWAYS Espaço do campo de golfe que liga o local de saída (tee) ao buraco (green).
FPG Federação Portuguesa de Golfe
GOLFISTA Jogador de golfe que viajou em férias ou em negócios e que jogou pelo menos uma vez durante essa deslocação.
GREEN Zona do campo onde estão implantados os buracos
GREEN FEES Custo de uma volta (partida) de golfe
GREEN KEEPERS Responsáveis pela manutenção das condições do terreno de jogo (relva)
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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GREENGLOBE Programa de âmbito mundial do World Travel and Tourism Council na área do desenvolvimento sustentado, equilíbrio ambiental e protecção da natureza
HANDICAP Abono concedido aos jogadores de golfe amadores
IAGTO International Association of Golf Tour Operators
ICEP Instituto Comércio Externo Português
ICN Instituto Conservação da Natureza
IND Instituto do Desporto
INE Instituto Nacional de Estatística
ISO 14001 International Standardization Organization - Certificado de qualidade produzido por entidade externa que atesta que determinado organismo cumpre um conjunto de normas pré-estabelecidas.
LAYOUT Desenho do campo
MODELO PER Modelo Pressão-Estado-Resposta
MP Ministério do Planeamento
NGF National Golf Foundation
NUTS Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticas equivalentes às 7 regiões: Norte, Centro, Lisboa e Vale Tejo, Alentejo, Algarve, RA Madeira e RA Açores.
OCDE Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico
OMT Organização Mundial de Turismo
OPEN Torneio desportivo aberto a todos os participantes enquadrados nas regras da respectiva modalidade.
OVERBOOKING Sobre ocupação
PACKAGE Combinação de dois ou mais elementos de serviços turísticos, vendidos como um único produto por um único preço, não sendo identificáveis os preços indi-viduais dos componentes.
PDM Plano Director Municipal
PEDRA Plano Estratégico de Desenvolvimento da Região do Algarve
PIB Produto Interno Bruto
PIDDAC Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central
Universidade do Algarve
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PIQTUR Programa de Intervenções para a Qualificação do Turismo
PP Plano de Pormenor
PROA Plano Regional Operacional do Algarve
PRTA Plano Regional de Turismo do Algarve
PU Plano de Urbanização
PUT Pancada curta efectuada sobre o green
PUTTING GREEN Zona de treino do Put
REN Reserva Ecológica Nacional
ROUGHS Zona de relva mais comprida que a do fairway
RTA Região de Turismo do Algarve
RYDER CUP Competição quadrienal de golfe entre os EUA e a Europa onde participam os melhores jogadores de cada um dos grupos.
SPSS Statistical Package for Social Sciences - Programa informático de tratamento de dados em ciências sociais
STAKEHOLDERS Grupo de entidades com interesse, envolvimento ou tendo investido directa-mente em determinada actividade, por exemplo, empregados, accionistas, fornecedores e clientes
SURROUNDINGS Zonas envolventes do campo de golfe não integradas na zona de jogo
SWOT Técnica de estudo da competitividade de uma organização segundo quatro variáveis: strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportuni-dades) e threats (ameaças)
TEE Zona onde se inicia o jogo em cada um dos 18 buracos
TEE TIMES Horas de saída para as voltas de golfe
TRANSFER Transporte do turista entre dois pontos, Hotel/ Campo de golfe, Hotel/ Aeroporto.
TROLLEYS Suporte para sacos de golfe com rodas que é puxado pelo golfista
UOPG Unidade Operativa de Planeamento e Gestão
VRSA Vila Real Santo António
WTO World Tourism Organization.
ZEC Zona Especial de Conservação
ZPE Zona de Protecção Especial
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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ÍNDICE
Índice de Quadros, Gráficos e Figuras......................................................................... 11
Introdução Geral....................................................................................................... 15
A. Uma Indústria em Crescimento......................................................................... 15 A1. O Turismo no Mundo ...........................................................................15 A2. O Golfe como Fenómeno Global ............................................................19
B. O Quadro Nacional .......................................................................................... 21 B1. O Turismo em Portugal ........................................................................21 B2. O Golfe em Portugal.............................................................................23
C. Organização do Estudo .................................................................................... 25
Capítulo I Enquadramento do Estudo, Objectivos e Metodologia ............................. 27
1.1. Análise Histórica do Desenvolvimento da Actividade na Região............................ 27
1.2. Uma Indústria Amplamente Estudada sob Várias Perspectivas............................. 31
1.3. Objectivos do Estudo ....................................................................................... 34 1.3.1. Objectivo Geral do Estudo ....................................................................35 1.3.2. Objectivos do Relatório Preliminar .........................................................35
1.4. A Metodologia ................................................................................................. 36 1.4.1. O Quadro Metodológico Geral ...............................................................36
Capítulo II Diagnóstico da Actividade do Golfe no Algarve ....................................... 41
2.1. Golfe na Economia Regional ............................................................................. 41 2.1.1. A Perspectiva dos Planos Estratégicos: Economia e Sazonalidade.............41 2.1.2. Impactos Directos e Indirectos..............................................................51 2.1.4. Confronto com Regiões Concorrentes: O Caso das Ilhas Baleares ............58 2.1.4. Indicadores de Medida de Impactos Regionais .......................................61
2.2 Incidências Ambientais .................................................................................... 63 2.2.1. Tipologia dos Impactes Ambientais da Actividade do Golfe ......................64 2.2.2. Caracterização da Situação de Referência do Golfe no Algarve.................68 2.2.3. Análise dos Estudos de Impacte Ambiental de Campos de Golfe do Algarve ...75 2.2.4. Indicadores Ambientais..............................................................................80
2.3 Gestão das Práticas Agro-Ambientais ................................................................ 85 2.3.1. Características dos Relvados..............................................................85 2.3.2. Recursos Hídricos ................................................................................87 2.3.3. Fertilização...........................................................................................95
2.4. O Negócio do Golfe ......................................................................................... 99 2.4.1. A Procura de Golfe............................................................................. 100 2.4.2. Oferta de Golfe no Algarve ................................................................. 104
Universidade do Algarve
10
2.4.3. As Empresas ..................................................................................... 108 2.4.4. Os Recursos Humanos ....................................................................... 109 2.4.5. Impacto Económico e Financeiro da Actividade .................................... 111 2.4.6. A Competitividade ............................................................................. 115 2.4.7.- Matriz de Indicadores do Negócio do Golfe .......................................... 116
CAPÍTULO III Identificação das Áreas Problema ....................................................... 119
3.1. Na Óptica da Sustentabilidade Económico-Social e Institucional ........................ 119
3.2. Na Óptica do Ambiente ................................................................................. 122
3.3. Na Óptica da Gestão das Práticas Agro-Ambientais .......................................... 128
3.4. Na Óptica do Negócio.................................................................................... 131
Conclusão ........................................................................................................ 137
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 139
Bibliografia ........................................................................................................ 145
Anexo I Características Gerais dos Campos de Golfe Existentes no Algarve ......... 153
Anexo II Metodologias para a Recolha da Informação........................................ 155
Anexo III Listagem Agências de Viagem Inglesas que Comercializam o Produto Golfe de acordo com ICEP (2002)........................................... 165
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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ÍNDICE DE QUADROS, GRÁFICOS E FIGURAS
Quadro A.1 Exportações Mundiais de Bens e Serviços, 2000 .......................................16
Quadro A.2 Os Dez Maiores Destinos Turísticos Internacionais....................................17
Quadro A.3 Receitas do Turismo ..............................................................................18
Quadro A.4 Campos e Jogadores dos Países Europeus, 2002 ......................................20
Quadro B.1 Caracterização da Actividade Turística em 2001 ....................................... 22
Quadro B.2 Caracterização da Actividade Turística, por NUTS II em 2002 ....................23
Quadro B.3 Principais Destinos dos Golfistas Europeus ...............................................24
Quadro 1.1 Estruturas Turísticas Inauguradas na Década de 60 com Influência no Algarve ............................................................................................ 28
Quadro 2.1 Documentos Estratégicos da Região do Algarve......................................44 Quadro 2.2 O Golfe na Execução Física do PRTA 95-99 ............................................47 Quadro 2.3 O Golfe no PRTA Anos 2000 .................................................................48 Quadro 2.4 Eventos de Golfe no Algarve de Impacte Nacional/Internacional ..............50 Quadro 2.5 Dados Gerais de Partida .......................................................................53 Quadro 2.6 Gastos Directos e Indirectos Agregados do Golfe por Tipo de Despesa.
Algarve: 1999/2002 ............................................................................................56 Quadro 2.7 Percentagem dos Gastos de Golfe no Total de Gastos Atribuídos ao Turismo
na NUT II Algarve ..............................................................................................57 Quadro 2.8 Gasto Médio por Turista de Golfe - Algarve ............................................57 Quadro 2.9 Alguns Indicadores de Comparação de Golfe Baleares - Algarve ..............59 Quadro 2.10 Matriz-síntese da Tipologia de Impactes Ambientais de um Campo de
Golfe 65 Quadro 2.11 Principais Resultados dos Estudos de Impacte Ambiental de Projectos de
Campos de golfe no Algarve (Fase de Construção) ................................................78 Quadro 2.12 Principais Resultados dos Estudos de Impacte Ambiental de Projectos de
Campos de Golfe no Algarve (Fase de Exploração) ................................................79 Quadro 2.13 Indicadores Ambientais Para o Golfe no Algarve ...................................81 Quadro 2.14 Espécies mais Representativas dos Campos de Golfe.............................86 Quadro 2.15 Produtividade, Usos e Perdas das Águas Subterrâneas e de Superfície no
Algarve 88 Quadro 2.16 Valores Médios Mensais para o Litoral Algarvio de Temperatura do Ar, de
Evapotranspiração Potencial (ETp) e de Precipitação .............................................89 Quadro 2.17 Origens e Destinos dos Recursos Hídricos nos Campos de Golfe em Geral e
nos Greens 91 Quadro 2.18 Comparação do Uso dos Diversos Recursos Hídricos nos Campos de
Golfe e nos Restantes Sectores Consumidores ..................................................95 Quadro 2.19 Consumo Médio Anual de Fertilizantes .....................................................96 Quadro 2.22 Gastos Médios em Packages e Pocket Money...................................... 103
Universidade do Algarve
12
Quadro 2.23 Quantidade de Buracos por Concelho, 2001 ....................................... 104 Quadro 2.24 Capacidade Média de Jogadores nos Campos ..................................... 107 Quadro 2.25 Taxas de Ocupação Média, em percentagem...................................... 108 Quadro 2.26 Distribuição do Emprego por Categorias ............................................ 109 Quadro 2.27 Principais Rubricas de Investimento................................................... 111 Quadro 2.28 Estrutura de Proveitos no Golfe......................................................... 113 Quadro 2.29 Estrutura de Custos no Golfe ............................................................ 113 Quadro 2.30 Indicadores Económico-financeiros.................................................... 114 Quadro 2.31 Factores de Atracção da Concorrência ............................................... 115 Quadro 2.32 Indicadores de Competitividade e Sustentabilidade para o Negócio do
Golfe no Algarve .............................................................................................. 117 Quadro 3.1 Pontos Fortes e Fracos na Óptica do Consumidor ................................... 131
Quadro 3.2 Pontos Fortes e Fracos dos Campos na Óptica do Empresário ................. 132
Quadro 3.3 Obstáculos ao Investimento ................................................................. 133
Gráfico A.1 Chegadas de Turistas por Continentes, 1990-2001 ................................... 16
Gráfico A.2 Evolução do Golfe na Europa, 1985-2002 ................................................ 20
Gráfico B.1 Distribuição dos Campos de Golfe em Portugal, 2001 ............................... 24
Gráfico 1.1 Oferta de Campos de Golfe e Capacidade de Alojamento - Algarve 1992/2001 ............................................................................................ 29
Gráfico 1.2 Evolução da Procura de Campos de Golfe, Dormidas em Alojamento e Movimento de Passageiros no Aeroporto de Faro - Algarve 1992/2002 ............................................................................................ 30
Gráfico 2.1 Dormidas na Hotelaria Classificada versus Voltas em Campos de Golfe - Algarve, 2002............................................................................. 42
Gráfico 2.2 Campos de Golfe em Funcionamento e Projectos Existentes no Algarve, Dezembro de 2001 ................................................................... 46
Gráfico 2.3 Variações Marginais Anuais do Número de Campos e Voltas - Algarve, 1996 – 2002............................................................................. 54
Gráfico 2.4 Distribuição percentual dos campos de golfe no Algarve ........................... 69
Gráfico 2.5 Campos de golfe existentes e previstos nos concelhos do Algarve ............. 69
Gráfico 2.6 Curvas de Precipitação e de Evapotranspiração Potencial - Médias Mensais (mm) ....................................................................................... 90
Gráfico 2.7 Condutividade Eléctrica da Água de Rega dos Diferentes Campos e Origens ................................................................................................ 92
Gráfico 2.8 Dotações de Rega Médias Mensais (m3/ ha) ............................................ 93
Gráfico 2.9 Dotação de Rega Total Anual para cada um dos 10 campos Analisados...... 94
Gráfico 2.10 Intensidade de Adubação: Tees e Greens................................................ 97
Gráfico 2.11 Intensidade de Adubação: Fairways e Roughs ......................................... 98
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
13
Gráfico 2.12 Voltas de Golfe no Algarve ................................................................... 100
Gráfico 3.1 Necessidade de Hotéis por Zona do Algarve........................................... 134
Figura 2.1 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos relativamente às Áreas de Aptidão Turística ............................................. 71
Figura 2.2 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos relativamente aos Sistemas Aquíferos......................................................72
Figura 2.3 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos relativamente às Áreas de REN ...............................................................73
Figura 2.4 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos relativamente às Áreas de Conservação da Natureza ................................75
Figura 2.5 Localização do Alojamento dos Golfistas relativamente aos Campos de Golfe.............................................................................................. 102
Universidade do Algarve
14
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
15
INTRODUÇÃO GERAL O golfe é uma actividade económica que deve a sua origem à natureza de forma que po-
der-se-ia, com propriedade, afirmar que a sua principal sustentação é o capital natural. No
entanto, como acontece com outras actividades, as condições económicas e sociais trans-
formaram este desporto numa importante indústria, associada com o turismo, e com um
potencial de desenvolvimento muito elevado.
Esta introdução procura, de forma muito sucinta, dar uma ideia da importância do golfe
numa dimensão global e nacional, enquadrando-o no fenómeno mais vasto do turismo.
A organização do Estudo "O Golfe no Algarve" será, em seguida, apresentada como uma
etapa importante para o conhecimento e o desenvolvimento da actividade na Região do
Algarve.
A. UMA INDÚSTRIA EM CRESCIMENTO
A1. O TURISMO NO MUNDO
De acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT), o número de pessoas que viaja
no mundo é quase de 693 milhões, representando cerca de 6,6% do valor das exporta-
ções mundiais a que corresponde um volume de negócios de 442 mil milhões de dólares e
à quarta posição dos maiores sectores exportadores (Albuquerque e Godinho, 2001: 11),
apenas ultrapassado por sectores fortemente globalizados como a indústria automóvel,
química e alimentar. Acresce que face ao ritmo de crescimento previsto a nível mundial
pela OMT, cerca de 4,1% para o período 1995-2020, o primeiro quartel do século XXI con-
tém a forte possibilidade de verificar a ascensão do turismo aos três primeiros lugares dos
sectores exportadores mundiais.
Universidade do Algarve
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Quadro A.1 Exportações Mundiais de Bens e Serviços, 2000
Exportações Mundiais de bens e serviços: (Mil milhões de USD) 6 738 100
1. Sector automóvel 525 2. Químicos 503 3. Alimentares 443 4. Turismo internacional 442 5. Combustíveis 344 6. Computadores e equipamento de escritório 399 7. Têxteis e vestuário 331 8. Equipamento de telecomunicações 283 9. Produtos minerais, excepto combustíveis 158 10. Ferro e aço 141 Fonte: OMT, Organização Mundial de Turismo, 2000
O Continente Europeu, sendo o maior mercado emissor de turistas e simultaneamente o
maior destino, lidera o ranking dos continentes em termos de chegadas de turistas. De
facto, do número estimado de 699 milhões de chegadas internacionais em 2000, a Europa
acolhe 403 milhões, isto é cerca de 57%. Juntamente com a América, constituem as maio-
res regiões receptoras do planeta, posição que devem manter no horizonte de 2020, em-
bora regiões como a Ásia e o Pacífico devam crescer a ritmos relativamente superiores,
face à sua emergência como destinos turísticos internacionais.
Gráfico A.1 Chegadas de Turistas por Continentes, 1990-2001
050
100150200250300350400450
1990 1995 1999 2000 2001
África Américas Ásia Europa Extremo Oriente
Fonte: OMT, Organização Mundial do Turismo, 2000
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
17
Especificamente no interior da União Europeia, estima-se que dois milhões de empresas
turísticas são responsáveis por cerca de 5 % do PIB e mais de 8 milhões de postos de tra-
balho. Quer a nível da União Europeia quer a nível mundial, este mercado tem sido domi-
nado pela França em termos do ranking dos principais países de destino (chegadas inter-
nacionais), com mais de 76 milhões de turistas estimados em 2001.
Quadro A.2 Os Dez Maiores Destinos Turísticos Internacionais
Ranking 2001 Países Chegadas
2001* Chegadas
2000 Quota
Mercado 2001 2002/2001
(%)
1 França 76,5 75,6 11,0 1,2 2 Espanha 49,5 47,9 7,1 3,4 3 Estados Unidos 45,5 50,9 6,6 -10,6 4 Itália 39,0 41,2 5,6 -5,3 5 China 33,2 31,2 4,8 6,2 6 Reino Unido 23,4 25,2 3,4 -7,4 7 Federação Russa - 21,2 - -4,0 8 México 19,8 20,6 2,9 -0,1 9 Canadá 19,7 19,7 2,8 1,1 10 Áustria 18,2 18,0 2,6 -5,9
(...) Portugal Nd 12,0 1,8** nd Fonte: OMT, Organização Mundial de Turismo, 2002
* Valores provisórios; ** valor referente ao ano 2000; nd - não disponível.
Na óptica das receitas obtidas com o turismo, os países apresentam uma ordenação dife-
rente, demonstrando assim diferentes rentabilidades/segmentos, conforme se verifica no
quadro seguinte.
Universidade do Algarve
18
Quadro A.3 Receitas do Turismo
Ranking 2001 Países Receitas
2001* Receitas
2000 Quota
Mercado 2001 2002/2001
(%)
1 Estados Unidos 72,3 82,0 15,6 11,9
2 Espanha 32,9 31,5 7,1 4,5
3 França 29,6 30,7 6,4 -3,7
4 Itália 25,9 27,5 5,6 -5,7
5 China 17,8 16,2 3,8 9,7
6 Alemanha 17,2 17,9 3,7 -3,7
7 Reino Unido 15,9 19,5 3,4 18,8
8 Áustria 12,0 10,0 2,6 19,7
9 Canadá - 10,7 - -
10 Grécia - 9,2 - -
11 Turquia 8,9 7,6 1,9 17,0
12 México 8,4 8,3 1,8 1,3
13 Hong Kong 8,2 7,9 1,8 4,5
14 Austrália 7,6 8,0 1,6 -4,8
15 Suíça 7,6 7,5 1,6 1,6
(...) Portugal Nd 5,2 1,1** nd
Fonte: OMT, Organização Mundial de Turismo, 2002
* Valores provisórios; ** valor referente ao ano 2000; nd - não disponível.
O maior volume de turistas não está directamente correlacionado com as maiores receitas
turísticas. A posição da Europa é explicada pelo grande volume de turistas intra espaço
europeu e com as receitas de transporte relativamente mais baixas do que as regiões da
América e Ásia. No caso específico de Portugal, esta situação deve ser desde já enfatiza-
da, uma vez que tendo como referência o ano de 2000, Portugal capta 1,8% da quota de
mercado mundial em termos de chegadas internacionais, mas faz corresponder a essa
quota apenas 1,1% das receitas mundiais, logo em clara desvantagem em termos de valo-
rização (receita) por unidade de chegada internacional.
Realçando as já citadas e previsíveis altas taxas de crescimento das regiões Ásia e Pacífi-
co, que deverão ocupar uma maior quota-parte deste mercado, a Organização Mundial de
Turismo aponta alguns factos que possivelmente condicionarão o futuro do turismo à
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
19
turismo à escala mundial, onde se destaca a consolidação do direito a férias nos países
desenvolvidos, o surgimento de novos viajantes oriundos dos países em desenvolvimento,
o aparecimento de novas áreas de destino em países emergentes e a concentração da
fileira produtiva através da chamada canibalização dos médios operadores e agentes de
viagens pelos mega-operadores. Saliente-se que o turismo internacional pela natureza
elástica da sua procura, tende a ser dos primeiros sectores a reagir negativamente a
situações de instabilidade, como por exemplo a Guerra no Iraque, mas também, uma vez
ultrapassada a fase de instabilidade, tem demonstrado ser um dos sectores com maior
capacidade de recuperação económica.
A2. O GOLFE COMO FENÓMENO GLOBAL
O golfe é um negócio reconhecido a nível mundial, sobretudo quando associado ao turis-
mo. "A taxa de aumento de praticantes de golfe, à escala mundial, situa-se próximo dos
10% ao ano, que pode conduzir a uma evolução impressionante da procura se atender-
mos a que, neste momento, o número de praticantes é de cerca de 25 milhões nos EUA,
de 15 milhões no Japão e de 2,5 milhões na Europa. A manter-se este ritmo, o número de
praticantes duplicará, no prazo de aproximadamente 8 anos" (FPG, 2000). Os principais
mercados do golfe situam-se na Europa, Japão e Estados Unidos da América.
Universidade do Algarve
20
Gráfico A.2 Evolução do Golfe na Europa: 1985-2002
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.00019
85
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
n.º
de c
ampo
s
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
n.º de jogadores (x1000)
Campos Jogadores
Fonte: EGA, European Golf Association, 2002
Os países com maior número de jogadores e de campos na Europa concentram-se no Rei-
no Unido, seguidos pela Alemanha, França e Suécia, conforme se verifica no quadro
seguinte. De imediato saliente-se a liderança do Reino Unido, o qual constitui simultanea-
mente o maior importador de golfe para a região do Algarve, como será posteriormente
quantificado.
Quadro A.4 Campos e Jogadores dos Países Europeus, 2002
Países Nº Campos Nº Jogadores Campos Jogadores
Inglaterra 1892 877.682 31,6% 24,7%
Alemanha 619 399.016 10,3% 11,2%
Escócia 542 265.500 9,1% 7,5%
França 513 301.902 8,6% 8,5%
Suécia 418 503.786 7,0% 14,2%
Irlanda 400 231.733 6,7% 6,5%
Espanha 263 195.096 4,4% 5,5%
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
21
Países Nº Campos Nº Jogadores Campos Jogadores
Itália 220 63.534 3,7% 1,8%
País de Gales 157 71.567 2,6% 2,0%
Dinamarca 135 104.720 2,3% 2,9%
Holanda 122 175.000 2,0% 4,9%
(...)
Portugal 59 12.000 1,0% 0,3%
Fonte: EGA, European Golfe Association, 2002
Da análise deste quadro, resulta também que Portugal embora dispondo de uma oferta de
campos relativamente significativa, nomeadamente pela sua concentração territorial, tem
ao nível da procura interna um potencial de crescimento que importa assinalar, como se
analisa no ponto seguinte.
B. O QUADRO NACIONAL
B1. O TURISMO EM PORTUGAL
Portugal pela sua localização e pelas condições climatéricas e naturais assume-se como
um destino turístico natural. No espaço português, as regiões litorais assumiram desde
sempre um papel fundamental no desenvolvimento turístico nacional. O Algarve, a Madei-
ra e o Alentejo Litoral surgem como os principais motores de desenvolvimento turístico do
país.
O número de turistas cresceu a uma taxa média anual de 3,5%, na última década. Os tu-
ristas provêem sobretudo da União Europeia e, em particular de Espanha, a proximidade
geográfica conduz a que a via de acesso privilegiada no acesso ao país seja a terrestre. O
turismo em Portugal é marcadamente um fenómeno de exportação, sendo que 70% das
dormidas em 2001 pertencem a turistas residentes no estrangeiro, dos quais 70% são
residentes no Reino Unido, Alemanha, Espanha, Holanda e França.
Universidade do Algarve
22
Quadro B.1 Caracterização da Actividade Turística em 2001
Dormidas (%)
Total 33.563.000
Estrangeiros 23.578.000 70,2
Reino Unido 7.266
Alemanha 4.532
Espanha 1.913
Holanda 1.756
França 1.046
Residentes 9.985.000 29,8
Capacidade de Alojamento
(%)
Total 225.665
Hotéis 104.439 46,3
Aparthotéis 30.403 13,5
Apartamentos 31.413 13,9
(%)
Taxa de Ocupação 40,7
Fonte: INE, Instituto Nacional de Estatísitica, 2001
A actividade turística não se distribui de forma igual por todo o espaço português, nem em
termos de capacidade de alojamento nem no que se refere à procura turística, tal como é
possível verificar no Quadro B.2 as regiões do litoral e em particular o Algarve, Lisboa e
Vale do Tejo e Madeira, surgem como os principais pólos dinamizadores da actividade
turística no país. Se no Algarve e Madeira o produto turístico dominante é o sol e praia,
Lisboa enquanto capital urbana tem neste tipo de turismo a sua principal âncora, embora
possua em termos de litoral uma das primeiras zonas turísticas estruturadas do país.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
23
Quadro B.2 Caracterização da Actividade Turística, por NUTS II em 2002
NUTs II Nº Camas Nº Dormidas Taxa de ocupação
Norte 29.523 3.046 28,27
Centro 20.099 1.957 26,68
Lisboa e Vale do Tejo 53.628 7.608 38,87
Alentejo 7.318 898 33,62
Algarve 86.751 13.900 43,90
Continente 197.319 27.409 38,06
Madeira 26.532 5.438 56,15
Açores 4.814 716 40,75
Fonte: INE, Instituto Nacional de Estatística, 2001
B2. O GOLFE EM PORTUGAL
No final de 2001 existiam em Portugal aproximadamente 59 campos de golfe com uma
média de 18 buracos cada, dos quais cerca de 41% localizados no Algarve, e 8,5 nos
Açores e na Madeira. Os principais clientes destes equipamentos dividem-se em dois
grandes grupos: mercado interno e mercado externo. O turismo doméstico tem uma fraca
expressividade no mercado relativamente ao exterior. Apesar da fraca tradição da prática
de golfe pelos nacionais, o seu potencial como mercado consumidor revela mais um factor
com capacidade para compensar a sazonalidade do golfe. Em 2001, a repartição dos
principais campos de golfe receptores desta procura no território nacional encontrava-se
distribuída da seguinte forma:
Universidade do Algarve
24
Gráfico B.1 Distribuição dos Campos de Golfe em Portugal, 2001
8
2
18
2
3
2
24
0 5 10 15 20 25 30
Norte
Centro
Lisboa e V. T.
Alentejo
R. A. da Madeira
R. A. dos Açores
Algarve
n.º de campos
Fonte: FPG, Federação Portuguesa de Golfe, 2002 Nota: Número de campos equivalentes a 18 buracos
O turismo de golfe nacional caracteriza-se por um segmento de mercado de nível
económico superior ao do turista médio estrangeiro. O mercado estrangeiro é o que
apresenta maior importância económica, sendo constituído maioritariamente por turistas
ingleses. De facto, pelas condições climatéricas existentes e pela imagem de qualidade da
oferta, Portugal tornou-se num destino privilegiado para os jogadores de golfe europeus,
como pode ser verificado pelos dados da IAGTO (2002).
Quadro B.3 Principais Destinos dos Golfistas Europeus
Ranking Mercado Inglês Mercado Alemão Mercado Sueco Mercado Francês
1 Inglaterra Espanha Suécia França
2 Espanha Portugal Espanha Marrocos
3 Escócia USA USA Espanha
4 Portugal Alemanha Irlanda USA
5 França Marrocos Tailândia Escócia
6 USA Tunísia Itália Tunísia
7 Irlanda Turquia Inglaterra Caraíbas
8 Gales Africa Sul Portugal Irlanda
Fonte: IAGTO, International Association of Golf Tour Operators , 2002
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
25
Paralelamente o interesse dos canais de distribuição turística neste produto é enorme. No
trabalho produzido pelo ICEP (2002) verifica-se que é significativo o número de operado-
res especializados em golfe que comercializam o produto em Portugal. É relevante que
Portugal não entrando no ranking dos 10 ou 15 maiores destinos turísticos internacionais,
quer em termos de volume de chegadas quer em termos de receitas, quando a análise
incide sobre este produto específico – golfe – surge em segundo lugar como destino de
preferência dos países com maior número de praticantes na Europa, Inglaterra e Alema-
nha. A relevância deste produto não poderia ser assim por demais evidente em termos de
competitividade do turismo em Portugal e do conjunto dos sectores exportadores nacio-
nais.
C. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
Na proposta apresentada pela Universidade do Algarve para a realização do Estudo reco-
nhece-se que "... a concepção do estudo sobre o Golfe no Algarve resulta da AHETA e
Associação de GOLFE, unidas pelo interesse comum de perceber e minimizar os efeitos
negativos do golfe, maximizando os seus efeitos positivos" .
Foi, neste espírito, que a Equipa de Projecto procurou realizar o trabalho, cujo primeiro
resultado é este Relatório Preliminar. Um trabalho desta natureza, multidisciplinar e de
grande abrangência, exige competências de várias áreas e um conjunto de informações, a
maioria das quais tem de ser criada a partir de entrevistas e de inquéritos cujo universo é
constituído pelos vários agentes envolvidos: empresas, técnicos, jogadores, especialistas
da modalidade, entre outros.
Este Relatório é o primeiro resultado de uma série de produtos, previstos no desenrolar do
Projecto: workshops, conferência e Relatório Final. Com este Relatório procurámos res-
ponder às duas questões de base sobre a actividade:
Qual a situação actual do golfe nos vários domínios: ambiental, económico-social, como
negócio e ambiental?
Quais os pontos críticos e os problemas estruturais da actividade na Região do Algarve?
Universidade do Algarve
26
As respostas que o Relatório procura dar não são exaustivas por duas razões: em primeiro
lugar o processo de recolha de informação ainda não está completo o que só será possível
na versão final deste Relatório e, em segundo lugar, porque, face a prazos tão apertados,
o trabalho de experimentação não pôde ser devidamente levado a cabo.
Em termos de organização deste Relatório optou-se por tratar três pontos:
No Capítulo I abordam-se as razões que justificam um estudo desta natureza, os objecti-
vos e a metodologia;
No Capítulo II apresenta-se o diagnóstico da situação do golfe no Algarve focando as áre-
as essenciais: a economia regional, as incidências ambientais e a gestão agro-ambiental e,
finalmente, o negócio.
No Capítulo III são colocados os problemas que de uma forma pontual ou mais estrutu-
rante são colocados à economia do golfe na Região. Algumas das situações são objecto de
recomendação.
A Conclusão do Estudo estabelece a ligação com a parte prospectiva que será objecto do
Relatório final.
A bibliografia consultada é apresentada após a Conclusão, para anexo foram remetidos os
procedimentos metodológicos que suportam a recolha e tratamento da informação. Estu-
dos específicos serão considerados como Anexos do relatório final
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
27
CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO DO ESTUDO, OBJECTIVOS E METODOLOGIA
Neste capítulo procurou-se um enquadramento do Estudo sob uma perspectiva de análise
histórica do golfe na Região do Algarve. Embora seja um tema tratado em vários estudos
considerou-se útil fazê-lo para ilustrar a dinâmica de crescimento que a actividade teve
nos últimos dez anos.
Em seguida, abordam-se os objectivos do Estudo e deste Relatório, bem como os proce-
dimentos metodológicos que foram utilizados para os diversos domínios de análise: eco-
nómico-social, ambiental e empresarial.
Considerou-se importante iniciar a abordagem das áreas temáticas com uma breve revisão
de literatura, onde preocupações do mesmo tipo têm sido tratadas quer numa óptica
académica quer numa óptica mais voltada para a definição de estratégias, públicas e ou
privadas, dirigidas para o desenvolvimento da actividade do golfe.
Em anexo são tratadas com detalhe a especificação dos critérios de determinação da
amostra e a metodologia adoptada para elaboração dos inquéritos e entrevistas.
1.1. ANÁLISE HISTÓRICA DO DESENVOLVIMENTO DA ACTIVIDADE NA
REGIÃO
A emergência do golfe no Algarve data da década de 60, com a abertura do primeiro
campo de golfe em 1966, o “Golfe da Penina”, o qual beneficiou da visão de Sir Henry
Cotton, cujo contributo para o desenvolvimento da modalidade é internacionalmente reco-
nhecido. Esta década de 60 constitui um verdadeiro take-off da economia do turismo do
Algarve, assistindo-se à inauguração de uma série de estruturas no Algarve ou com
influência sobre este, as quais paralelamente à oferta de meios de alojamento, vêm
transformar o Algarve rural e piscatório da década de 50 num destino turístico por
excelência no espaço de 20/30 anos.
Universidade do Algarve
28
Quadro 1.1 Estruturas Turísticas Inauguradas na Década de 60 com Influência no Algarve
Infraestrutura Data de inauguração
Aeroporto Internacional de Faro 1965
Ponte 25 Abril (antiga Ponte Salazar) 1966
Campo de Golfe da Penina 1966
De facto, é durante as décadas de 60 e 70 que são estruturados e licenciados um conjun-
to de empreendimentos turísticos que vêm “ancorar” o Algarve como destino turístico,
designadamente Penina, Quinta do Lago, Vale do Lobo e Vilamoura, cuja localização a
barlavento acompanha também, desde logo, a localização dos vários campos de golfe que
vão surgindo.
De um único campo de golfe na década de 60, o qual surge quase 800 anos depois do
primeiro implantado em território nacional (Oporto Niblicks Club – Espinho 1890), o golfe
cresce no Algarve a um ritmo assinalável. De facto, 30 anos depois do seu aparecimento
na região, o Algarve possui em 1996 um total de 18,5 campos (equivalentes a 18 bura-
cos), e em Dezembro de 2001 um total de 24 campos que oferecem 432 buracos aos pra-
ticantes, representando nessa data cerca de 41% da oferta nacional de campos de golfe.
Isto é, à semelhança da actividade turística no seu todo, também em termos do produto
golfe o Algarve torna-se o maior destino nacional.
Situando a análise no período referente aos últimos onze anos (1992-2002), importa refe-
rir que o ritmo de crescimento da oferta de golfe, quantificada em termos do número de
campos, acompanhou durante a década de 90 o ritmo de crescimento da capacidade de
alojamento da região, quantificada em termos de número de camas nos estabelecimentos
classificados. No entanto, nos primeiros anos de 2000, é visível que o número de campos
tem crescido mais do que proporcionalmente face à evolução da oferta de alojamento,
facto que se analisado do ponto de vista do esforço de atenuar a sazonalidade constitui
um factor positivo, mas que se observado do ponto de vista da procura efectiva por cam-
po/buraco pode questionar desenvolvimentos futuros da oferta.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
29
Gráfico 1.1 Oferta de Campos de Golfe e Capacidade de Alojamento - Algarve 1992/2001
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
n.º
de c
ampo
s
70
72
74
76
78
80
82
84
86
88
n.º de camas (x1000)
Campos de golfe Capacidade de alojamento
Fonte: Algarve Golfe e INE, Instituto Nacional de Estatística, 1991/2001.
Nota: Alojamento considerado: Hotéis, Hotéis-Apartamentos, Aldeamentos Turísticos, Apartamentos Turísticos, Motéis, Estalagens e Pousadas, Pensões. Capacidade de alojamento para 2002 estimada pela UALG.
Focando agora a análise no lado da procura, recorre-se ao cruzamento entre o golfe (vol-
tas vendidas), alojamento (número de dormidas) e associa-se ainda a evolução anual do
número de passageiros movimentados no Aeroporto Internacional de Faro. Expressas
estas variáveis no Gráfico 1.2, é possível detectar que embora com ritmos diferentes e
algumas oscilações, existe um crescimento constante nas três variáveis até 1999, sendo
que desde então o número de dormidas nos meios de alojamento regista uma diminuição,
prevendo-se cerca de 13,2 milhões para 2002. Porém, nesse mesmo período pós 1999, o
crescimento das voltas vendidas mantém-se, atingindo as 930 mil em 2002 e o número de
passageiros transportados parece estabilizar em redor dos 4,7 milhões/ano.
Universidade do Algarve
30
Gráfico 1.2 Evolução da Procura de Campos de Golfe, Dormidas em Alojamen-to e Movimento de Passageiros no Aeroporto de Faro: Algarve 1992/2002
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
900.000
1.000.000
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
n.º
de v
olta
s
0
2.000.000
4.000.000
6.000.000
8.000.000
10.000.000
12.000.000
14.000.000
16.000.000
n.º de dormidas
n.º de passageiros
Voltas vendidas golfe Dormidas alojamento Passageiros Aeroporto de Faro
Fonte: Algarve Golfe e INE, Instituto Nacional de Estatística, 1991/2001.
Nota: Alojamento considerado: Hotéis, Hotéis-Apartamentos, Aldeamentos Turísticos, Apartamentos Turísticos, Motéis, Estalagens e Pousadas, Pensões. Dormidas para Dezembro de 2002 estimadas pela UALG com os restantes meses desse ano baseados em dados provisórios do INE.
Por conseguinte, através deste passado recente do produto golfe, numa história também
ela recente do turismo no Algarve, é possível detectar que na última década e início dos
anos 2000, o produto golfe tem crescido a ritmos superiores aos registados noutras variá-
veis do sector do turismo, quer em termos de oferta quer em termos de procura, demons-
trando assim um dinamismo que importa acompanhar e monitorizar tendo em vista o seu
planeamento e desenvolvimentos futuros no âmbito da matriz económica, social e ambien-
tal da região.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
31
1.2. UMA INDÚSTRIA AMPLAMENTE ESTUDADA SOB VÁRIAS
PERSPECTIVAS
Estudos sobre o golfe de carácter científico centram-se essencialmente nas questões
ambientais relacionadas com os impactes sobre os recursos hídricos e sobre a fauna e flo-
ra das zonas de implantação dos campos.
Em Portugal os estudos desenvolvidos no domínio da actividade golfe estão relacionados
com o binómio golfe - turismo sustentável. Neste contexto, destaca-se a título de exem-
plo, o estudo realizado por Partidário (2002) “Novos Turistas e a procura da Sustentabili-
dade - Um Novo Segmento do Mercado Turístico”, o trabalho síntese sobre “Licenciamento
de Campos de golfe”, desenvolvido pelo Ministério das Cidades, Ordenamento do Territó-
rio e Ambiente (MCOTA) em colaboração com a Direcção Regional do Ambiente e Orde-
namento do Território-Algarve (DRAOT-Algarve, 2002), apresentado no âmbito do simpó-
sio “Licenciamento de Campos de Golfe”, realizado na Universidade de Lisboa. Salientam-
se ainda, estudos de carácter mais abrangente realizados pela Associação Portuguesa de
Golfe, Direcção Regional do Ambiente - Algarve e pelo Instituto do Ambiente.
Ao nível internacional, destacam-se estudos realizados pela Agência Europeia do Ambien-
te, Agência Norte Americana de Protecção do Ambiente, Organização Económica para o
Desenvolvimento e Cooperação, Organização Mundial do Turismo, Associação Norte Ame-
ricana de Golfe, Associação Europeia de Golfe.
As organizações, agências e associações referidas desenvolveram estudos específicos de
carácter rigoroso, científico e aprofundado, objectivando a desmistificação da problemática
associada aos impactes ambientais do golfe.
De uma forma geral, estes estudos pretendem identificar os principais impactes associa-
dos à actividade, propor medidas eficientes de mitigação e/ou potenciação desses mesmos
impactes e avaliar o seu desempenho ambiental. Neste contexto, refere-se o estudo reali-
zado por Koch (1998), que propõe, pela primeira vez, o desenvolvimento de indicadores
de desempenho ambiental para o sector do golfe.
Universidade do Algarve
32
Salientam-se ainda vários estudos realizados por várias associações que desenvolveram e
promoveram um conjunto de directrizes de apoio à gestão, objectivando a melhoria do
desempenho ambiental dos campos de golfe.
Na perspectiva económica, os estudos de mercado e posicionamento da National Golf
Foundation (NGF) e da European Golf Association (EGA), surgem claramente destacados
no actual quadro de investigação. As áreas do marketing, da competitividade das áreas
destino e do grau de satisfação dos golfistas constituem o corpo teórico de investigação.
No campo da segmentação destaca-se o trabalho da NGF (1995), que identifica 5 clusters
baseados na segmentação psicográfica. Os segmentos identificados são os seguintes:
“Serious Competitors” - gastam muito tempo e dinheiro no golfe; “Leisure Lovers”- jogam
sobretudo nas férias, consumindo TV e revistas da especialidade; “Active Singles” - o golfe
é uma das muitas actividades que praticam; jogam em viagens de negócios; “Homebo-
dies” - pais de família com reduzidos rendimentos; bastante sensíveis aos preços; “Dab-
blers” - praticam golfe para estar perto da família; sensíveis aos preços mas com altos
rendimentos.
Para todos, o golfe não é uma actividade relaxante comparativamente a outras activida-
des, o que contraria a ideia do golfe ser um jogo calmo.
Numa óptica económica, surgem análises efectuadas a nível das áreas destino de golfe.
Patronato Turismo da Costa del Sol (2002) reflecte as preocupações da economia turística
da Costa do Sol. Analisando a situação do golfe na região, relaciona os fluxos da oferta e
da procura em Málaga, destacando o peso económico e social.
Também Stynes, D. J., Y. Sun e D. R. Talhelm (2001) contribuem para a análise económi-
ca do golfe, debruçando-se sobre os visitantes na zona de Michigan. Recorrendo a dados
primários, comparam as percepções do lado da oferta e da procura, quantificando o resul-
tado económico desta actividade para a região.
Na sua dissertação para obtenção do grau de Doutor, Petrick (1999) analisa os efeitos nos
turistas que jogam golfe, das variáveis relacionadas com os campos e estuda a satisfação
dos golfistas relacionando-a com a intenção de voltar à área destino. Conclui que os golfis-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
33
golfistas que estão mais próximos da "experiência de golfe" apresentam um grau de
correlação mais elevado com a qualidade da experiência geral da deslocação e do valor
percebido. Petrick (2002) analisa as relações entre os turistas que jogam golfe (golf
vacationers) e o conceito de novidade (novelty) como forma de melhorar os desempenhos
dos destinos turísticos de golfe. Na mesma linha, Petrick et al (2001, 2002), aprofunda o
estudo da percepção da experiência do golfista, da sua lealdade para com o campo e as
intenções de regressar.
Melvin (2000) aplica as técnicas de análise dos preços hedónicos de Rosen (1974) sobre
os serviços oferecidos numa amostra dos 17.000 campos de golfe dos Estados Unidos en-
tre os anos de 1995 e 1997. Conclui que com a correlação das 100 variáveis utilizadas, é
possível estimar de forma muito aproximada os preços dos bens e serviços transaccio-
nados num campo de golfe e a sua característica compósita, o que confirma que o golfe
não é um produto dotado de utilidade própria, mas são as suas características próprias
que o dotam de uma utilidade própria.
O golfe representa, de per si, uma importante actividade económica e simultaneamente
indutora de outras actividades, principalmente os empreendimentos turístico - imobiliários
construídos na sua periferia. Martinez (1992) lista os sub-sectores da economia relaciona-
dos com o golfe: - produtivo, emprego, imobiliário, realização de campeonatos de golfe e
o turismo de golfe. Afirma o autor que esta interligação provoca a diminuição relativa dos
campos de golfe públicos em favor dos privados. Aponta a crescente dificuldade de alguns
dos novos campos construídos em locais montanhosos, os quais, parecem contribuir para
a diminuição da procura do cliente de golfe com idade média superior a 45 anos.
Malpezzi (1999) utilizando o mercado de golfe dos Estados Unidos, propõe modelos eco-
nométricos baseados na população e na quantidade de buracos, de forma a estimar a ne-
cessidade de novos campos. Este trabalho parece confirmar as conclusões de Martinez
(1992), pois evidencia a elevada propensão de crescimento da actividade, face aos au-
mentos da idade média da população mundial e da esperança de vida.
Universidade do Algarve
34
Pelos impactos sobre o meio ambiente, a exploração de um campo de golfe é sempre ge-
radora de conflitos com a população residente, principalmente pela área ocupada e pelo
consumo de água. Na análise de um case study de uma região carenciada em água,
Markwick (2000) sugere a elaboração de uma matriz de conflitualidade como forma de
ultrapassar as diferentes perspectivas entre os actores.
Não constituindo o objecto de análise principal dos trabalhos realizados sobre a região
Algarve, o golfe é referenciado na maioria dos trabalhos sobre turismo realizados por alu-
nos e docentes da Universidade do Algarve e da Escola Superior de Hotelaria e Turismo.
Catalão (2001) aborda o Golfe na perspectiva da oferta, identificando a sua importância
em termos de planeamento, refere as questões dos impactes do golfe e conclui que a sus-
tentabilidade surge como eixo fundamental para um turismo desportivo de qualidade.
Horwath Consulting, (1992) e Pinheiro (1994) referem as vantagens da actividade na eco-
nomia do país e da sua importância como estratégia de dessazonalização.
Na mesma linha Correia (1994) enquadra o golfe como um dos possíveis modelos de
inversão da sazonalidade do turismo no Algarve, produzindo uma análise SWOT da
actividade.
A Algarve Golfe (2000) analisa a actividade na região na óptica da oferta, levantando
questões relacionadas com o negócio global do golfe, referindo quais as actividades eco-
nómicas onde os impactes directos e indirectos do golfe são mais prementes no Algarve.
Pedro e Alves (1993) publicam um compêndio sobre o golfe em Portugal, onde se desta-
cam dados relevantes sobre a história do golfe e a sua relação com o desporto e a activi-
dade turística.
1.3. OBJECTIVOS DO ESTUDO
Os termos de referência incluem uma justificação detalhada do Estudo bem como a enu-
meração dos objectivos a alcançar e as questões que devem ser objecto de esclarecimen-
to. A seguir, propõe-se o seu resumo.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
35
1.3.1. OBJECTIVO GERAL DO ESTUDO
O objectivo geral do estudo aponta para a definição de um conjunto de critérios e indica-
dores (uma matriz ou modelo de avaliação) que possibilite a análise da actividade do golfe
na região do Algarve, integrando as vertentes socio-económica, patrimonial e ambiental. A
análise deve concentrar-se não só nas questões que condicionam essas vertentes no mo-
mento actual, mas também no estudo das condições da sua sustentabilidade no longo
prazo.
De uma forma simplista o estudo tentará cumprir esses objectivos em duas fases: uma
fase de análise do diagnóstico e de avaliação da actividade do golfe no Algarve e das suas
áreas-problema e, numa segunda fase, construir cenários de sustentabilidade para o des-
envolvimento da actividade na região.
Os resultados de cada uma das fases serão concretizados pela elaboração de um Relatório
Preliminar para a primeira fase que será objecto de apresentação e discussão com os
agentes económicos e sociais, com os representantes da administração do Estado e com o
público em geral.
Na segunda fase serão apresentados num Relatório Final os resultados do estudo prospec-
tivo de desenvolvimento sustentável da actividade na Região.
1.3.2. OBJECTIVOS DO RELATÓRIO PRELIMINAR
Os objectivos deste Relatório Preliminar centram-se em duas áreas: o diagnóstico da situ-
ação e a identificação de áreas-problema.
Assim, quanto ao diagnóstico procurou-se:
1. Situar a actividade do golfe no contexto internacional, nacional e regional e
mostrar a sua importância estratégica no desenvolvimento da região do Algarve
2. Avaliar a importância das incidências do sector do golfe no conjunto das activi-
dades económicas regionais que interferem com o uso do território e dos recur-
sos;
Universidade do Algarve
36
3. Avaliar o desempenho socio-económico e ambiental das unidades turísticas de
suporte à prática do golfe (campos de golfe, country clubes e respectivos em-
preendimentos turísticos) com base nos indicadores seleccionados e no modelo
de avaliação;
4. Avaliar as incidências ambientais da actual dimensão da actividade do golfe na
Região bem como o consumo e a gestão dos recursos naturais a ela associados
Quanto às áreas-problema:
1. Identificar, em cada um dos domínios de análise, as preocupações e os proble-
mas que foram identificados pela análise e aqueles que constituem também
preocupações dos agentes envolvidos na indústria.
2. O Relatório conclui com um conjunto de recomendações que possam contribuir
para uma gestão sustentada das unidades existentes, incentivando a comunida-
de golfista a atingir os objectivos empresariais e regionais num quadro de ele-
vados padrões de desempenho ambiental.
1.4. A METODOLOGIA
1.4.1. O QUADRO METODOLÓGICO GERAL
Um estudo sobre o golfe exige uma abordagem multidisciplinar e métodos de trabalho
específicos para cada uma das áreas científicas envolvidas.
O esquema abaixo sintetiza as diferentes vertentes analíticas que intervêm na prática do
golfe.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
37
Componente Socio-económica
Economia EmpresarialEconomia Regional Impactos Sócio-económicos
Componente Ambiental
Recursos NaturaisLocalização Incidências Ambientais
Práticado
Golfe
O conteúdo destas áreas cobre as seguintes preocupações:
Ambiente e Recursos Naturais
Quadro legal, recursos, biodiversidade, impactes.
A Economia do Golfe
Vantagens comparativas e vantagens competitivas, produtos e mercados, im-
pactes sociais e económicos, efeitos externos, comparação internacional.
O Negócio do Golfe
O tecido empresarial existente, as condicionantes da actividade, a competitivi-
dade das empresas no quadro regional ibérico, as estratégias empresariais, as
expectativas.
A Economia Regional
O modelo de desenvolvimento regional, o ordenamento territorial, as activida-
des concorrentes e complementares e os impactos directos e indirectos da
actividade.
Universidade do Algarve
38
Cada uma das áreas tem aspectos metodológicos específicos, no entanto, para a caracte-
rização da situação de referência e identificação das áreas problema – conteúdo do Rela-
tório Preliminar - foram seguidos procedimentos comuns e que se podem resumir em:
• elaboração de inquéritos e entrevistas com questões relativas a todas as áreas;
• avaliação dos efeitos e das incidências da actividade através de indicadores;
• construção de matrizes de impacte da actividade.
A diversidade de recolha de informação realizada não permitiu chegar a consenso sobre o
número de campos de golfe. Ao longo do estudo encontram-se números que oscilam
entre 24 e 30, dependendo da óptica de análise utilizada. Na óptica ambiental é importan-
te considerar as diferentes fases de ampliação do campo, na medida em que a forma de
projectar e construir os “buracos” têm incidências ambientais completamente diferentes.
Na óptica económica, desde que o campo seja propriedade da mesma empresa, as dife-
rentes ampliações distinguidas pelo ambiente não são relavantes.
Elementos específicos da metodologia de cada uma das áreas de estudo serão referidos
no capítulo seguinte ou então, quando se tratar de aspectos técnicos dos métodos estatís-
ticos que foram aplicados, a sua apresentação será objecto de anexos.
A informação relativa à área ambiental baseou-se num conjunto de dados de âmbito naci-
onal e internacional, nomeadamente Planos, Programas e Estratégias relacionados com o
ambiente; estudos de caracterização das actividades golfe e turismo, estudos de impacte
ambiental (EIA); estudos de desempenho ambiental dos campos de golfe; legislação vi-
gente; instrumentos de gestão ambiental; visitas aos clubes de golfe, bem como no con-
tacto com associações de golfe, nomeadamente com a Associação Europeia de Golfe
(EGA).
Foram analisados todos os PDM’s correspondentes às áreas que coincidem com os campos
de golfe existentes e propostos. Analisaram-se onze PDM’s, que aquando da sua aprova-
ção, regulamentaram o uso e ocupação do solo das suas áreas de intervenção. Os PDM’s
consultados são referentes aos seguintes concelhos do Algarve: Vila do Bispo, Lagos, Por-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
39
Lagos, Portimão, Lagoa, Silves, Albufeira, Loulé, Faro, Tavira, Vila Real de Santo António,
e Castro Marim.
Em relação aos estudos nacionais que se debruçam sobre a actividade do golfe há que
distinguir a presente abordagem nos seguintes aspectos: no estudo das incidências ambi-
entais do golfe numa perspectiva integrada, analisando diversos aspectos que incluem o
licenciamento da actividade, a sua integração nos instrumentos de gestão territorial e o
contributo para a avaliação do desempenho ambiental do sector, através da definição de
um sistema de indicadores ambientais.
Quanto às abordagens realizadas no estrangeiro e com objectivos semelhantes aos deste
estudo importa frisar que:
• Reconhecendo a importância dos trabalhos desenvolvidos na área da certifica-
ção ambiental da actividade, o presente estudo permite avançar novos conhe-
cimentos como resultado do desenvolvimento e aplicação de um sistema de
indicadores que permita a avaliação contínua do sector do golfe no Algarve,
através da utilização de indicadores de pressão-estado-resposta
Os dados necessários ao estudo do enquadramento económico externo e interno da acti-
vidade, são obtidos através de diferentes origens e tipos de informação. Como enquadra-
mento geral, a nível internacional e nacional, recolheram-se dados secundários publicados
maioritariamente pela Organização Mundial de Turismo (OMT), European Golfe Association
(EGA) e Instituto Nacional de Estatística (INE). Posteriormente, já no estudo específico do
golfe no Algarve, as principais fontes de dados secundários residiram na Algarve Golfe,
AHETA (Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve) e pontualmente
o Departamento de Marketing do Aeroporto de Faro, cujos valores incidem
maioritariamente sobre a quantificação física da actividade do turismo e/ou do golfe em
particular. A componente económica associada e esta dinâmica física, resulta do recurso e
articulação de fontes primárias de informação. Em termos de procura, analisam-se os 353
questionários efectuados aos praticantes, em termos de oferta ponderam-se os dados re-
colhidos sobre os diferentes preços e segmentos da oferta dos campos de golfe. Esta
relação económica da procura e oferta, dimensionada quer em termos físicos quer em
Universidade do Algarve
40
termos monetários, constitui o aspecto central da metodologia adoptada para a análise
económica nesta primeira fase do Estudo.
Em relação aos estudos nacionais que se debruçam sobre a actividade do golfe há que
distinguir a presente abordagem nos seguintes aspectos: a integração entre diferentes
domínios do conhecimento científico, a pluridisciplinariedade do mesmo. É a primeira vez
que se compila num mesmo documento a abordagem económica e social, empresarial e
ambiental mantendo as divergências próprias de quem olha para o fenómeno Golfe em
ópticas completamente diferentes.
Quanto às abordagens realizadas no estrangeiro e com objectivos semelhantes aos deste
estudo importa frisar que todos eles se centram ou numa análise das elasticidades da pro-
cura/oferta ou numa análise da constituição de preços. O pressuposto de base é sempre a
lei da oferta e da procura. Sobre os efeitos económicos e sociais os estudos focam apenas
a identificação dos sectores relacionados com o golfe a montante e a juzante. Nestas ma-
térias o estudo, que agora se apresenta também não irá muito mais longe, na medida em
que os efeitos colaterais desta actividade poderão apenas ser definidos, em rigor, com a
Conta Satélite do Turismo. Na óptica ambiental destaca-se a matriz de conflitualidade da
utilização da água de Markwick (2000) como um dos principais esforços para integrar dife-
rentes perspectivas.
Como conclusão deste capítulo importa distinguir um aspecto essencial da metodologia
deste estudo em relação a outros e que consiste em abordar a actividade do golfe de
forma integrada, colocando no mesmo plano os factores empresariais, os impactes
ambientais e o interesse económico e social da actividade.
Trata-se de um estudo sobre a sustentabilidade presente e futura da actividade como um
dos factores estratégicos do desenvolvimento do Algarve.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
41
CAPÍTULO II DIAGNÓSTICO DA ACTIVIDADE DO GOLFE NO ALGARVE
Este capítulo tem como finalidade a descrição da situação actual da actividade do golfe na
Região do Algarve nas suas múltiplas perspectivas: económica e social, ambiental, de ges-
tão das práticas agro-ambientais e como negócio.
2.1. GOLFE NA ECONOMIA REGIONAL
2.1.1. A PERSPECTIVA DOS PLANOS ESTRATÉGICOS: ECONOMIA E SAZONALIDADE
O território nacional é em termos turísticos suficientemente heterogéneo para integrar
diferentes tipos de turismo, resultantes da capacidade de resposta às diversas motivações
e intenções dos viajantes. No caso específico da região do Algarve, o turismo de recreio é
sem dúvida a âncora do destino turístico, onde o produto sol e praia marca o ritmo de
crescimento desde a década de 60 do século passado. No entanto, este ritmo contém dois
problemas na sua própria essência: a sazonalidade da procura e a tendência para gerar
mercados e fluxos massificados. Consequentemente, é hoje consensual nos vários planos
de estratégia de desenvolvimento nacional e regional, quer globais quer sectoriais
(turismo), a necessidade de observar, quantificar e estabelecer as devidas análises de
custo e benefício entre os efeitos benéficos provenientes das economias de escala e os
custos/riscos da sua prossecução, isto é, o conhecimento das deseconomias resultantes da
ultrapassagem de níveis de capacidade de carga, sejam eles naturais, sociais, institucio-
nais ou económicos.
Felizmente, o destino turístico Algarve tem hoje na sua economia um segundo tipo de
turismo, devidamente reflectido no conjunto de instrumentos estratégicos regionais, o tu-
rismo desportivo, o qual assume progressivamente um papel dada vez mais destacado.
Está em causa um tipo particular de turismo desportivo onde os turistas assumem uma
atitude activa perante as actividades, satisfazendo necessidades que se materializam no
Universidade do Algarve
42
Algarve em produtos turísticos de referência como, entre outros, os desportos náuticos, o
ténis e o golfe.
No caso concreto do golfe, os 24 campos de golfe existentes em Dezembro de 2001, e as
mais de 930.000 voltas vendidas no ano de 2002, não só certamente reflectem um signifi-
cativo valor económico que importa quantificar, como traduzem um ritmo de contraciclo
face à sazonalidade do produto sol e praia, factores que por si justificam a pertinência da
análise deste produto. Por exemplo, no ano de 2002, enquanto nos estabelecimentos
hoteleiros classificados 42% das cerca de 13,2 milhões de dormidas no Algarve são vendi-
das durante os meses de Junho, Julho e Agosto (INE 2003), regista-se, em clara oposição
temporal, que 43% das voltas vendidas nos campos de golfe do Algarve são realizadas
nos meses de Fevereiro, Março, Outubro e Novembro.
Gráfico 2.1 Dormidas na Hotelaria Classificada versus Voltas em Campos de Golfe. Algarve, 2002
0
20
40
60
80
100
120
140
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
n.º
de v
olta
s (x
1000
)
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
n.º de dormidas (x1000)
Voltas Golfe Dormidas Hotelaria
Fonte: INE, Instituto Nacional de Estatística, 2003; AHETA, Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turís-
ticos do Algarve, 2002
Nota: Dormidas com valores provisórios para Janeiro a Novembro de 2002 disponibilizados pelo INE (não publicados); valor de Dezembro referente ao apuramento de 2001 dado ainda não se dispor dos dados para este mês em 2002.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
43
É pela sua característica de sazonalidade distinta do produto sol e praia, bem como pelo
perfil económico do seu mercado (que importa detalhar), que o golfe é hoje consensual-
mente apontado como um produto estratégico para o desenvolvimento sustentável do
turismo. Este posicionamento é demonstrado a nível nacional pelas posições assumidas
pela Secretaria de Estado do Turismo, onde o golfe surge como um produto turístico dife-
renciado e ajustado às tendências da procura nacional e internacional (Ministério da Eco-
nomia 2002: 11), reflectindo-se assim na desejável integração do produto golfe na articu-
lação entre turismo, ambiente, emprego e ordenamento do território, por forma a garantir
um turismo competitivo e de qualidade. Esta determinação surge reafirmada na sequência
do documento de Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável 2002, da responsa-
bilidade do Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente e transversal
aos diferentes sectores de actividade da economia portuguesa, onde se assume a necessi-
dade de uma política de turismo integrada em termos ambientais, culturais, sociais e eco-
nómicos.
Este posicionamento é aderente a todo o cenário do III Quadro Comunitário de Apoio,
cujo enquadramento é assegurado através do Plano de Desenvolvimento Regional 2000-
2006 elaborado pelo Ministério do Planeamento. Neste Plano, o módulo de Intervenção
Operacional Regional do Algarve é explícito na aposta na competitividade económica
regional centrada no complexo das actividades do turismo e do lazer (Ministério do Pla-
neamento, 1999: 160), onde certamente o produto golfe desportivo tem uma importante
palavra a dizer, tal como é assumido pelos principais agentes regionais.
De facto, a concretização no terreno desta integração é particularmente relevante na
escala regional, sendo decisiva em regiões como o Algarve onde o turismo é o sector de
actividade preponderante da matriz económica e social. Assim, perante o enquadramento
nacional e face às especificidades regionais, cumpre destacar no Algarve em matéria de
documentos estratégicos, cinco referências constantes no Quadro 2.1, onde não só se ob-
tém uma visão de conjunto do Algarve e das perspectivas de evolução, como importa
desde já referir a explícita presença do golfe desportivo como um produto em destaque e
considerado de elevado potencial económico.
Universidade do Algarve
44
Quadro 2.1 Documentos Estratégicos da Região do Algarve
Documento estratégico Responsável Data
Plano de Desenvolvimento Regional MP 1999
Estratégia de Desenvolvimento do Algarve CCRA 2000
Plano Estratégico de Desenvolvimento da Região do Algarve AMAL 1999
Plano Regional de Turismo do Algarve Anos 2000 RTA 2001
Plano de Acção Plurianual do Turismo do Algarve 2002 - 2004 RTA 2002
Consensual a todos os documentos, é a referência ao efeito de combate à sazonalidade
(verificável) que o golfe introduz na economia do turismo regional, bem como a mais valia
financeira e económica (estimada) face a outros produtos turísticos comercializados na
região, em particular ao sol e praia.
No texto de Estratégia de Desenvolvimento do Algarve elaborado pela Comissão de Coor-
denação da Região do Algarve em 2000, o golfe é apontado como um ponto forte da acti-
vidade económica, constituindo em conjunto com os estágios de alta competição, terceira
idade e recuperação, uma das mais importantes linhas de acção na redução da sazonali-
dade temporal do turismo. Aliás, o alargamento da oferta de animação, congressos e in-
centivos e golfe, é mesmo apontado como um factor que traduz uma desvantagem em
declínio referente à sazonalidade das actividades turísticas (CCRA, 2000: 46). Para tal,
torna-se necessário dotar e qualificar a região com os equipamentos desportivos de apoio
ao turismo e ao lazer, sendo frequentes neste documento as referências ao golfe, náutica
de recreio e espaços para a alta competição, bem como programas de animação em even-
tos regulares.
Quanto ao documento estratégico elaborado pela Associação de Municípios do Algarve
(AMAL) em 1999, o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Região do Algarve (PEDRA),
também este é explícito ao afirmar que para além do produto sol e praia, tem-se afirmado
desde finais da década de 60 um eixo de desenvolvimento turístico baseado num produto
de inequívoco interesse para a região, não só pelo poder de compra que habitualmente
lhe está associado mas, igualmente, pelo seu contributo para a atenuação da sazonalidade
turística (AMAL, 1999: 45).
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
45
Quanto à repartição territorial dos campos de golfe ao longo do território do Algarve, a
apetência continuará a ser pelos espaços próximos do litoral (existe uma imagem do golfe
associado ao cenário do litoral atlântico que está claramente assumida pelo produto). Ain-
da na opinião da AMAL, embora a maioria dos campos de golfe se situem a oeste de Faro,
esperar-se-á um crescimento significativo a este, em particular nos concelhos de Castro
Marim e Tavira, o que, segundo a AMAL, conduzirá a uma cobertura mais equilibrada da
região. Esta tendência perspectivada em finais de 1999, poderá confirmar-se, existindo
neste momento três campos de golfe no município de Tavira e um campo em Castro Ma-
rim.
Configura-se, no entanto, uma forte intenção de acréscimo desta oferta, dado o conjunto
de projectos existentes para o território do sotavento algarvio. Existem projectos para fa-
zer crescer a oferta nos concelhos de Olhão, Tavira, Castro Marim, Vila Real de Santo
António e Alcoutim, de acordo com o levantamento efectuado em Fevereiro de 2002 pela
Região de Turismo do Algarve junto das respectivas Câmaras Municipais. A concretizar-se
este conjunto de projectos, ter-se-ia que a relação de distribuição territorial de campos de
golfe entre o barlavento e o sotavento do Algarve tornar-se-ia mais equilibrada, sabendo-
se porém que desde a entrada do projecto nos serviços das autarquias até à sua efectiva
construção e entrada em funcionamento, existe um processo de validação e avaliação,
que pode inclusivamente implicar alguns anos de estudo para a (não) aprovação do pro-
jecto.
Universidade do Algarve
46
Gráfico 2.2 Campos de Golfe em Funcionamento e Projectos Existentes no Al-garve, Dezembro de 2001
0
5
10
15
20
25
30
Barlavento Sotavento
n.º
de c
ampo
s (1
8 bu
raco
s)
Existentes Em projecto
Fonte: DRAOT, Direcção Regional do Ordenamento do Território, 2001
Refira-se que os projectos para o barlavento do Algarve estão particularmente concentra-
dos no concelho de Silves e concelho de Loulé, sendo que neste último o quinto campo de
Vilamoura encontra-se em construção e um outro campo de 27 buracos na zona do barro-
cal está em apreciação pelo Instituto de Conservação da Natureza. É perante esta
dinâmica que o planeamento estratégico sectorial para o turismo no Algarve, vem
atribuindo desde 1994 uma particular atenção ao produto golfe, dotando-o de um
programa de desenvolvimento específico e de acções no domínio da promoção.
Actualmente, o plano sectorial por excelência consiste no Plano Regional de Turismo do
Algarve Anos 2000, elaborado pela Região de Turismo do Algarve e publicado em 2001.
Este Plano surge na continuidade de um primeiro documento estratégico, o Plano Regional
de Turismo do Algarve 1995-1999, o qual acompanhou o período de execução do II
Quadro Comunitário de Apoio.
O Plano Regional de Turismo do Algarve constitui um plano estratégico e de acção res-
ponsável quer pela execução de medidas directamente ligadas com o sector turístico, quer
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
47
quer pelo acompanhamento das acções exógenas ao sector. De acordo com a Região de
Turismo do Algarve, a implementação deste instrumento tem por objectivo a requalifica-
ção e sustentabilidade do turismo algarvio, tendo em vista o progresso e a competitivida-
de do sector e da região. Num balanço da execução do Plano entre 1995-1999, o golfe
insere-se no terceiro domínio estratégico, denominado por “qualificação e diversificação da
oferta / produtos”, sendo mesmo o primeiro programa em destaque neste domínio, após o
referente ao já designado produto âncora sol e praia. O golfe surge também referenciado
no quinto domínio estratégico, “promoção turística”. De acordo com a avaliação efectuada
pela equipa do PRTA Anos 2000, em RTA (2001: 64-65):
Quadro 2.2 O Golfe na Execução Física do PRTA 95-99
Domínio estratégico Programas Medidas Avaliação Qualitativa
3.2.1.
Dinamização da oferta integrada de golfe:
Considera-se importante continuar a dinamizar a oferta integrada de golfe, uma vez que este se tem revelado o produto turístico mais eficaz no combate à sazonalidade. Deverão ser dinamizadas actividades complementares do golfe, tal como previsto no PRTA.
3.
Qualificação e diversificação da oferta /produtos
3.2.
Desenvolvimento do Golfe
3.2.2.
Incentivo à manutenção da qualidade da oferta de golfe:
Os incentivos financeiros existentes, como foi o caso de SIFIT permitiram remodelar alguns campos de golfe da região contribuindo para o desenvolvimento da modalidade. O grau de execução desta Medida pode considerar-se elevado.
5.
Promoção turística
5.2
Planeamento integrado de marketing
5.2.2.
Melhoria da coord.. entre os agentes envolvidos na promoção do Algarve
Encontram-se em execução acções conjuntas de promoção, nomeadamente no que diz respeito à promoção do golfe e de locais de especial interesse. A medida deverá ter continuidade.
Fonte: RTA, Região de Turismo do Algarve, 2001
Os incentivos que foram criados para desenvolver o golfe (programa 3.2) deram origem a
vários investimentos, nomeadamente a construção de novas estruturas, não sendo apre-
sentado o volume total de investimento executado no programa neste período de tempo.
Universidade do Algarve
48
tempo. Conhece-se no entanto o valor global do domínio estratégico 3, cuja execução
financeira atingiu os 11,8 milhões de contos, sendo as três maiores origens de
financiamento público o PROA (2,5 milhões de contos), seguido do PIDDAC (1,5 milhões
de contos) e Fundo de Turismo (1,3 milhões de contos). Quanto à promoção turística do
sector, o PRTA regista uma despesa de 1,4 milhões de contos, aos quais devem ser
acrescidos os gastos promocionais de outras entidades públicas e privadas (ICEP, entre
outros). Não sendo exclusivamente centrada no golfe, é no entanto visível o seu destaque
nas campanhas promocionais e acções de marketing efectuadas.
Na vigência do III Quadro Comunitário de Apoio, mantêm-se as acções com incidência
sobre o golfe a desenvolver no âmbito do Plano Regional de Turismo Anos 2000. Cumpre
destacar que o golfe não só mantém a sua posição em termos da qualificação e diversifi-
cação do destino turístico Algarve, como surgem detalhadas um conjunto de acções que
vêm consolidar este produto na estratégia de desenvolvimento regional, com particular
atenção para as suas dinâmicas e incidências económicas e ambientais.
Quadro 2.3 O Golfe no PRTA Anos 2000
Domínio estratégico Programas Medidas Acções
1.
Enquadramento da oferta turística
1.2
Melhoria das infraestruturas e equipamentos
1.2.2
Melhoria do sistema de águas residuais
Desenvolvimento da investigação aplicada e formação técnica no âmbito do tratamento e reutilização das águas residuais (para rega de golfe, jardins, espaços públicos, etc.)
(1) Incentivo ao desenvolvimento de complexos turísticos integrando campos de golfe;
(2) Desenvolvimento das actividades complementares do golfe;
3.2.1.
Dinamização da oferta integrada de golfe:
(3) Criação de programas de golfe incluindo diferentes opções.
3.
Qualificação e diversificação da oferta /produtos
3.2.
Desenvolvimento do Golfe
3.2.2.
Incentivo à manutenção da qualidade da oferta de golfe:
Incentivo à criação de recuperação dos campos de golfe.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
49
Domínio estratégico Programas Medidas Acções
5.
Promoção turística
5.2
Planeamento integrado de marketing
5.2.2.
Melhoria da coord. entre os agentes envolvidos na promoção do Algarve
Sem referência explícita ao produto golfe, este está forçosamente presente nas acções de coordenação dos agentes envolvidos, adequação e requalificação dos materiais promocionais (acção nova), entre outras.
Fonte: RTA, Região de Turismo do Algarve, 2001
O financiamento das acções sobre o produto golfe resultam maioritariamente de medidas
endógenas ao turismo, isto é, da actuação de entidades com responsabilidades directas na
gestão do sector (Direcção Geral do Turismo, Instituto de Apoio e Financiamento ao Tu-
rismo,...), existindo ainda um conjunto de incentivos financeiros dirigidos à actividade pri-
vada.
No PRTA Anos 2000, o domínio estratégico 3 “qualificação e diversificação da oferta
/produtos” tem orçamentados 50,7 milhões de contos para 2000-2006, sendo que a fonte
de financiamento fundamental é o Programa Operacional da Economia. A medida 3.2
“desenvolvimento do golfe” tem orçamentado 1 milhão de contos, valor cuja dimensão
final dependerá em muito das parcerias público/privados a efectuar.
Finalmente, em termos de actividades/eventos promocionais, refira-se que o Plano de
Acção Plurianual do Turismo do Algarve 2002 – 2004, também elaborado pela Região de
Turismo do Algarve, define a concretização de eventos no âmbito das acções de enqua-
dramento definidas pelo PRTA. Uma vez mais o papel do produto golfe é destacado como
instrumento de atenuação da sazonalidade do mercado turístico regional (RTA 2002: 29),
particularmente pelo contraciclo que verifica face à época média/baixa da hotelaria global,
bem como pelos efeitos indirectos positivos sobre o ordenamento e desenvolvimento dos
núcleos receptores. De facto, é referido que se por um lado os campos de golfe são utili-
zados como factores estruturantes e promocionais de urbanizações turísticas de qualidade,
por outro, constituem um potencial factor de atracção e animação. O “espectáculo” asso-
ciado ao golfe tem, actualmente, um efeito gerador de notoriedade e de qualificação da
Universidade do Algarve
50
gerador de notoriedade e de qualificação da imagem do destino turístico, com
repercussões mediáticas a nível mundial (RTA 2002: 75).
Do conjunto dos eventos previstos para a promoção da notoriedade e da qualificação da
oferta do destino, há a destacar, em primeiro lugar, o início dos desenvolvimentos neces-
sários à captação a longo prazo de um grande evento mundial na área do golfe, especifi-
camente a proposta de organização em 2016 da Ryder Cup. A curto prazo e no período
2002-2004, cumpre referenciar os seguintes eventos de impacte nacional / internacional
(RTA 2002: 89-91), resumidos no quadro seguinte.
Quadro 2.4 Eventos de Golfe no Algarve de Impacte Nacional/Internacional
Estimativa Orçamental (euros) Acções Objectivos Fontes
Financiamento 2000 2003 2004 Total
Algarve Open de Portugal
Promover o golfe a nível nacional e internacional - desporto todo ano.
PIQTUR
RTA
1.000.000 1.040.000 1.081.600 3.121.600
Open Tap em Golfe
Promover o Algarve a nível Internacional
RTA - apoio 5.000 5.200 5.400 15.600
Presidente’s Cup
Promover o Algarve a nível Internacional.
RTA - apoio 3.800 4.000 4.200 12.000
Fonte: RTA, Região de Turismo do Algarve, 2002
A realização deste conjunto de eventos é mesmo apontada como uma potencialidade do
produto, a par da amenidade climática ao longo do ano, a qualidade do alojamento e dos
campos, surgindo como contraponto (estrangulamento), a elevada concentração no mer-
cado britânico e a existência de preços mais baixos em regiões concorrentes. Sobre este
último aspecto permitimo-nos colocar um ponto de interrogação, pois uma eventual políti-
ca de baixos preços não será consentânea com uma região que recebe o Open de Portu-
gal, ou que tem nos seus objectivos de longo prazo a organização da Ryder Cup, entre
outros aspectos de carácter mais estrutural relacionados com diferenciação e não massifi-
cação do destino.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
51
Note-se também que nos últimos anos a pressão sobre os empresários, mas também a
sua própria disponibilidade para em parceria com o sector público envolverem-se na pro-
moção externa do produto golfe – o Algarve como destino de golfe – materializou-se no
designado Plano de Promoção Conjunta do Golfe no Algarve, em que o sector privado
participa com metade dos investimentos. Se bem que nas grandes cadeias do sector a
promoção pode ser assegurada por elas próprias, a ideia de um destino no seu todo como
área de resort consolidada e qualificada, assente numa matriz empresarial onde para além
dos grandes grupos existem muitas pequenas empresas, necessita que o Estado seja o
catalisador duma acção de promoção global mas cujos resultados implicam a inclusão de
uma componente comercial – privada – que forçosamente tem que ser parte integrante
em todas as fases do processo.
Como nota conclusiva da análise do golfe nos diferentes documentos de estratégia para a
região do Algarve, referira-se que no estudo da imagem do destino Algarve na óptica do
turista, o desempenho dos atributos associados à escolha do Algarve como destino de fé-
rias, tem no golfe um importante destaque (Universidade do Algarve, 1998). De facto, os
principais mercados de origem do turismo no Algarve – Reino Unido, Alemanha e Holanda
– são unânimes em considerar o golfe como um atributo positivo na escolha do Algarve
como destino. Ao associarmos que 53% das dormidas nos meios de alojamento classifica-
dos no Algarve em 2002 são preenchidas por estes três mercados (AHETA, 2002) e mes-
mo sem entrar em consideração com as segundas residências, tem-se de facto um poten-
cial de consolidação do produto no destino a que, felizmente, os documentos de estratégia
analisados conferem o devido posicionamento e relevância.
2.1.2. IMPACTOS DIRECTOS E INDIRECTOS
A análise dos impactes económicos do golfe na economia do Algarve, resultam da análise
dos questionários efectuados à procura (praticantes) sobre os seus comportamentos
económicos dentro e fora do campo de golfe enquanto turistas na região, bem como do
cruzamento com dados da oferta relativos a preços praticados aos diferentes segmentos,
número de campos existentes, entre outras. Está em causa a quantificação do peso do
Universidade do Algarve
52
golfe na economia regional, bem como os efeitos (multiplicadores) que gera sobre as res-
tantes áreas do sector turístico, como o alojamento e a restauração, entre outros.
Note-se que os dados e conclusões presentes neste primeiro relatório assumem um carác-
ter provisório e parcial. Provisório porque os dados encontrados, embora desde já revela-
dores de tendências que vêm confirmar e/ou potenciar expectativas existentes entre os
agentes económicos da região, podem ainda beneficiar de uma maior robustez estatística
que lhes será concedida pela próxima ronda de questionários a efectuar no terreno, num
total de 260, cuja administração decorre entre Março e Abril de 2003. Parcial porque o
modelo de análise não inclui ainda o tratamento global do conjunto das variáveis da fileira
turística do golfe, com destaque para o alojamento e transportes, sabendo-se que nestes
a componente de despesa efectuada no exterior terá um peso significativo que importa
interiorizar. Tendo como base os números da oferta do produto golfe mensurados através
do número de campos e buracos entre 1999 e 2002, e os dados da procura obtidos nos
353 questionários efectuados no presente estudo em 2002, são analisadas um conjunto
de variáveis que permitem, desde já, avançar para um valor que pode ser considerado
como o padrão mínimo de despesa média que um turista de motivo golfe efectua no Al-
garve. Rasteada a despesa, terá de existir por detrás toda uma fileira de produção que
coloca os bens e serviços no mercado. À semelhança de quase todos os produtos do mer-
cado turístico, o golfe não foge às regras específicas de: simultaneidade de produção e
consumo, obrigatoriedade de deslocação do consumidor até ao local de produção e im-
possibilidade de constituição de stocks. A volta de golfe é um produto que todos os dias
perece e que todos os dias é produzido.
Tendo por objectivo identificar e quantificar as despesas efectuadas do turista de golfe no
âmbito desta actividade no Algarve, são contempladas nesta fase do estudo as despesas
sobre os bens e serviços transaccionados no campo (a volta) e no mercado imediatamente
próximo e intimamente relacionado, isto é, os principais bens e serviços que se comerciali-
zam junto ao jogo: alimentação e bebidas, aluguer de material, formação/aulas e um con-
junto de outras despesas incluída na categoria de diversos. Tem-se assim, desde já, um
volume de impactes directos (volta) e um volume de impactes indirectos sobre outros
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
53
outros bens e serviços cuja complementaridade surge com naturalidade no interior dos
campos do golfe.
Os dados de partida do modelo de análise económica consistem no cruzamento entre a
variável física de estruturação da oferta (n.º de campos e buracos) e a correspondente
variável da procura (n.º de voltas efectuadas), cujos dados se encontram resumidos no
Quadro seguinte:
Quadro 2.5 Dados Gerais de Partida
1999 2000 2001 2002 Fonte
N.º total de campos (equivalentes a 18 buracos) 19,5 21 24 25 (a)
N.º total de voltas efectuadas / ano 834.810 898.904 904.769 930.674 (a)
N.º médio de voltas por jogador 4,5 4,5 4,5 4,5 (b)
N.º total de jogadores / ano 185.513 199.756 201.060 206.816 (b)
Fonte: (a) Algarve Golfe, 2002; (b) Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Nota: Em itálico: dados estimados.
Aceitando-se a permanência do valor médio de voltas por jogador, verifica-se que o acrés-
cimo mais recente entre 1999 e 2002 do número de campos (equivalentes a 18 buracos),
significou um aumento de cerca de 23,1% no conjunto dos quatro anos, sendo que o
acréscimo do número total de voltas vendidas nesse período também cresceu, mas a um
nível relativamente mais pequeno, cerca de 11,4% para o mesmo espaço temporal.
Ao recuarmos no tempo, verifica-se que esta tendência de crescimento em ritmos diver-
gentes é um fenómeno recente, cujas implicações económicas têm que ser devidamente
interiorizadas por todos os agentes envolvidos. De facto, em termos de variações margi-
nais anuais entre 1996 e 2002, representadas no Gráfico 2.3, é possível detectar 4 zonas
de comportamentos distintos: A, B, C e D. Assim, verifica-se uma primeira fase de
crescimento até ao ano de 1998, onde o número de campos cresce a um ritmo linear de
cerca de 2%, enquanto o número de voltas anual cresce a um nível muito superior,
chegando a atingir os 10,4% em 1998.
Universidade do Algarve
54
Gráfico 2.3 Variações Marginais Anuais do Número de Campos e Voltas: Algar-ve, 1996 – 2002
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
1996/1997 1997/1998 1998/1999 1999/2000 2000/2001 2001/2002
varia
ção
anua
l
Campos golfe Voltas vendidas golfe
Fonte: Algarve Golfe, 2003; Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Após 1998 a taxa de crescimento anual do número de campos reforça-se, quase atingindo
os 8% de 1999 para 2000. No entanto, esta fase demonstra uma importante inflexão do
comportamento da procura, isto é, embora o número de voltas continue a crescer anual-
mente, cresce pela primeira vez menos que proporcionalmente, demarcando-se assim cla-
ramente do comportamento da oferta, dado que esta se mantém marginalmente
crescente. Numa fase seguinte, sensivelmente de 1999 a 2001, o comportamento de
retracção do crescimento da procura acentua-se ainda mais, com a taxa de crescimento
do número de voltas em 2001 face a 2000 a situar-se ligeiramente abaixo do ponto
percentual. Neste mesmo período o crescimento do número de campos também abranda,
registando taxas de crescimento anuais praticamente iguais à procura.
No entanto, após 2001, o crescimento anual do número de campos “explode”, atingindo
em 2002 face a 2001, valores acima dos 14%. Neste mesmo período a procura assume
alguma recuperação, voltando a assumir um ritmo positivo de crescimento, mas com um
intervalo face à oferta que, a manter-se, poderá ser preocupante em termos de perspecti-
A BC
D
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
55
perspectivas futuras para o desenvolvimento do mercado do produto golfe, dada a
potenciação de uma oferta que a manter-se, poderá não ter, nas actuais condições
internas e externas, ritmos de procura equivalentes. Este é um aspecto que importará
detalhar em termos futuros, não só no sentido de identificar causas endógenas e
exógenas do comportamento da procura, mas também monitorizar de forma prospectiva
os possíveis impactes na estrutura de negócio e na indústria do golfe na região,
nomeadamente políticas de preços e produção na óptica dos benefícios e mais valias
regionais.
Em termos de preços e centrando a análise nos comportamentos mais recentes – 1999 a
2002 – identificados pelos questionários realizados pela Universidade do Algarve no âmbi-
to do presente estudo, existe uma tendência positiva mas que face ao explicitado no pa-
rágrafo anterior implica questionar a sua sustentabilidade futura. É possível identificar em
termos de preços médios praticados pelas empresas, um crescimento global na ordem dos
7% a 9% ao ano para os preços médios ao balcão e operadores, bem como um cres-
cimento superior para sócios que quase atinge os 20% ano durante este período dos
últimos 3 anos. Claramente acima da taxa de inflação e num período que já incorpora a
tendência de valorização do euro face à libra (moeda dominante da procura), esta
evolução positiva traduz uma valorização económica do recurso golfe que importa
assinalar e procurar manter interna às estratégias de desenvolvimento do produto na
região.
Recaindo deste ponto em diante a análise sobre as componentes dos gastos dos turistas,
a metodologia seguida permite disponibilizar um conjunto de informação sobre estes gas-
tos numa óptica directa, isto é sobre o campo de golfe, mas também numa perspectiva
mais abrangente e associada, isto é, as despesas realizadas fora do campo de golfe mas
indirectamente associadas, dado que completam a estrutura de despesas do turista duran-
te a sua permanência. Numa óptica agregada referente ao total dos gastos dos cerca de
200.000 praticantes que concretizam a procura de golfe no Algarve, a tabela seguinte re-
sume as principais conclusões:
Universidade do Algarve
56
Quadro 2.6 Gastos Directos e Indirectos Agregados do Golfe por Tipo de Des-pesa. Algarve: 1999/2002
1999 2000 2001 2002 Tipo de Despesa
euros % euros % euros % euros %
Directa: Campo de golfe
Despesa total no campo de golfe 64.303.133 24,0% 73.592.527 24,9% 79.344.450 25,3% 86.706.144 25,7%
Indirecta: Fora do campo de golfe por tipo de gasto
Alojamento 71.545.126 26,7% 77.761.669 26,3% 82.202.057 26,2% 87.826.548 26,0%
Transportes internos 16.596.515 6,2% 18.038.583 6,1% 19.068.632 6,1% 20.373.360 6,0%
Alimentação e bebidas 31.954.201 11,9% 34.730.696 11,8% 36.713.906 11,7% 39.225.973 11,6%
Recreio e cultura 35.410.602 13,2% 38.487.423 13,0% 40.685.152 13,0% 43.468.942 12,9%
Bens e serviços diversos 48.617.580 18,1% 52.841.953 17,9% 55.859.362 17,8% 59.681.413 17,7%
Despesa pelo total de gastos fora do campo 204.124.024 76,0% 221.860.324 75,1% 234.529.109 74,7% 250.576.237 74,3%
Total Directa + Indirecta 268.427.157 100,0% 295.452.851 100,0% 313.873.559 100,0% 337.282.381 100,0%
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Tomando como referência para análise o ano de 2002, constata-se em primeiro lugar que
o golfe é responsável por uma receita total na região de cerca de 337 milhões de euros, a
qual reparte-se em 25,7% de gastos dentro do próprio campo de golfe, mas sobretudo
com um efeito induzido sobre outros domínios do sector turístico (alojamento, transportes
internos, alimentação e bebidas, entre outros) que importa assinalar, isto é, 74,3% das
despesas são concretizadas fora do campo, em efeitos indirectos sobre os domínios assi-
nalados.
Para além desta constatação, deve ainda retirar-se que quando confrontada a despesa
realizada pela comercialização do produto golfe versus o total de gastos atribuídos ao tu-
rismo, é possível concluir que a indústria do golfe quando mensurados os seus impactos
directos e indirectos, representa cerca de 8,5% das receitas totais da NUT II Algarve em
matéria de turismo para os dados consolidados de 2001. Este é um dado a todos os níveis
assinalável para um produto que, como referido, tem os seus picos de procura fora da
época alta de veraneio.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
57
Quadro 2.7 Percentagem dos Gastos de Golfe no Total de Gastos Atribuídos ao Turismo na NUT II Algarve
2001 2002
euros % euros %
Total de Gastos dos Turistas (a) 3.739.000.000 100,0% (b) 3.949.718.081 100,0%
Gastos Golfe Directos 79.344.450 2,1% 86.706.144 2,2%
Gastos Golfe Indirectos 234.529.109 6,3% 250.576.237 6,3%
Total Gastos Golfe (directos + indirectos) 313.873.559 8,4% 337.282.381 8,5%
Fonte: (a) DGT, Direcção Geral do Turismo, Boletim de Conjuntura nº 54, Dezembro 2002; (b) Universidade
do Algarve, 2002 - 2003 (valores estimados)
Acresce que a maioria deste impacto, isto é, 6,3% dos 8,5%, acontece fora do campo de
golfe, nos já comentados efeitos indirectos sobre outros gastos turísticos, nomeadamente
o alojamento, transportes internos, alimentação e bebidas, entre outros.
Nesta sequência, é também pertinente analisar a componente do gasto médio diário do
turista de golfe versus o turista genérico que visita o Algarve, na procura de detectar dife-
renciações entre este segmento específico e a despesa média que regularmente ocorre no
Algarve por cada turista/dia. Tomando como referência o ano de 2001, para o qual já se
encontram publicados os dados da Direcção Geral de Turismo, verifica-se que na NUT II
Algarve o gasto médio por turista/dia se situa nos 91,78 euros, abaixo da média nacional
que é de 98,76 euros para o mesmo ano. Tendo presente os valores obtidos pela Univer-
sidade do Algarve para o turista de golfe, verifica-se que em 2001 o gasto médio diário
total (directo e indirecto), atinge os 164,13 euros, logo cerca de 1,74 vezes superior ao
gasto médio do turista genérico no Algarve e sempre superior à média nacional. A impor-
tância destes números para a economia do turismo regional é por demais evidente.
Quadro 2.8 Gasto Médio por Turista de Golfe - Algarve
1999 2000 2001 2002 Tipo de Despesa
euros % euros % euros % euros %
Directa: Campo de golfe
Despesa total no campo de golfe 35,27 24,0% 38,73 24,9% 41,49 25,3% 45,08 25,7%
Universidade do Algarve
58
1999 2000 2001 2002 Tipo de Despesa
euros % euros % euros % euros %
Indirecta: Fora do campo de golfe por tipo de gasto
Alojamento 39,24 26,7% 40,93 26,3% 42,98 26,2% 45,66 35,0%
Transportes internos 9,10 6,2% 9,49 6,1% 9,97 6,1% 10,59 8,1%
Alimentação e bebidas 17,53 11,9% 18,28 11,8% 19,20 11,7% 20,39 15,7%
Recreio e cultura 19,42 13,2% 20,26 13,0% 21,27 13,0% 22,60 17,3%
Bens e serviços diversos 26,66 18,1% 27,81 17,9% 29,21 17,8% 31,03 23,8%
Despesa pelo total de gastos fora do campo 111,95 76,0% 116,77 75,1% 122,64 74,7% 130,28 74,3%
Total Directa + Indirecta 147,22 100,0% 155,51 100,0% 164,13 100,0% 175,36 100,0%
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Concluindo, tem-se assim que não só o golfe contribui com 8,5% dos gastos totais do
turismo na região, como estes gastos ocorrem maioritariamente fora da época alta de
veraneio e através de um segmento de turistas cujo gasto diário é 1,74 vezes superior à
média regional. Trata-se de um produto cujos efeitos de comercialização não são fechados
sobre si próprio, pois como expresso através do Quadro 2.8, apenas cerca de 1/3 das
despesas são directamente afectas ao campo de golfe, resultando os restantes 2/3 em
despesas indirectas sobre os restantes domínios da actividade turística. O peso económico
do produto golfe é claramente demonstrado por estes números, cuja importância para o
Algarve importa preservar e potenciar de forma sustentável, tendo inclusivamente presen-
te aspectos de dinamismo de outras regiões concorrentes, como é o caso das Ilhas
Baleares que se apresenta no ponto seguinte.
2.1.4. CONFRONTO COM REGIÕES CONCORRENTES: O CASO DAS ILHAS BALEARES
O desenvolvimento do golfe nas Ilhas Baleares tem sido configurado pelas autoridades
locais e regionais como uma das estratégias de posicionamento das Ilhas como um desti-
no de qualidade, procurando realizar esforços para captação de segmentos de turistas
com maior valor acrescentado que os consignados ao tradicional produto de sol e praia
(Confederación d’Associacion Empresarials de Baleares, 2002). Em tudo semelhante à
região do Algarve, está presente o objectivo de complementar e diversificar a actividade
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
59
turística, com uma especial incidência na atenuação da sazonalidade e dos respectivos
efeitos negativos.
O Quadro 2.9 estabelece algumas das comparações que podem ser efectuadas entre estes
dois destinos, mediante as informações recolhidas pela presente investigação da Universi-
dade do Algarve e da consulta dos relatórios produzidos pela referida confederação
empresarial das Baleares para o Govern de les Illes Baleares e Institut Balear del Turisme,
em 1997 e 2001.
De imediato ressalta que o crescimento do número de campos de golfe (oferta) tem sido
quase homogéneo entre as duas regiões, embora o ritmo de aumento do número de vol-
tas vendidas (procura) se verifique ser superior nas Ilhas Baleares. Tendo como referência
para análise o ano de 2001, este facto pode estar eventualmente associado a um poten-
cial de jogadores por campo ainda por preencher nas Baleares (se for essa a estratégia a
seguir), bem como a uma estada média do turista de golfe ligeiramente mais elevada nas
Baleares, isto é 9,9 dias contra 9,3 dias do golfista no Algarve, observando-se ainda que
os gastos médios diários do turista de golfe são também superiores aos verificados no Al-
garve, respectivamente 200,20 euros/dia nas Baleares e 164,13 euros/dia no Algarve.
Quadro 2.9 Alguns Indicadores de Comparação de Golfe Baleares - Algarve
Ano Baleares Algarve
Campos de golfe 1987 8 9
2001 21 24
Voltas total 1995 285.000 539.487
2001 605.000 904.769
Dias de prática de golfe (assumindo 1dia=1volta) 1997 7,1 ---
2001 5,7 4,5
Voltas por residentes 1997 85.000 ---
2001 150.000 ---
Turistas de golfe 1997 46.806 ---
2001 79.270 201.060
Estada média do turista de golfe (dias) 1997 10,28 ---
Universidade do Algarve
60
Ano Baleares Algarve
2001 9,9 9,3
Destinos considerados concorrentes 1997 França, Costa do Sol e Algarve
2001 França, Costa do Sol, Canárias e Algarve
Gastos totais dos turistas de golfe (euros) 1997 89.414.286 ---
2001 187.770.000 313.873.559
Gasto médio diário do turista de golfe (euros) 1997 165,71 ---
2001 200,20 164,13
Gasto médio diário do turista geral (euros) 1997 --- ---
2000 73,59 91,78
Fonte: Confederación d’Associacion Empresarials de Baleares, 2002; Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Num indicador possível de receita económica regional gerada por campo (directa mais in-
directa), tem-se que em 2001 os 21 campos das Baleares geraram 187,7 milhões de euros
de gastos na região (média de 8,9 milhões por campo), enquanto os 24 campos do Algar-
ve geraram 306,1 milhões de euros (média de 12,75 milhões por campo), facto que só
pode ser explicado pelo maior número de jogadores por campo no Algarve versus Balea-
res, respectivamente 3.775 jogadores contra 8.936 jogadores.
Esta maior rentabilidade económica e social por jogador no destino concorrente ao Algarve
como é o caso das Ilhas Baleares, constitui um indicador que importa ter presente em ce-
nários de análise da rentabilidade económica e social de novos campos no Algarve, cujo
espaço e oportunidade económica existem, mas que importa questionar de um ponto de
vista do crescimento marginal dos benefícios líquidos para a região e respectivos custos de
oportunidade. Deve-se apontar que o benefício económico e social líquido para a região é
perspectivado mais através do benefício obtido por jogador e menos pela observação do
benefício por campo. A resolução deste eventual paradoxo entre as perspectivas económi-
ca e empresarial aqui presentes, desempenhará um papel central na elaboração de cená-
rios de desenvolvimento do golfe no Algarve âmbito da presente investigação, a debater
no próximo relatório.
Por fim, é importante referir que este tipo de informação sobre as Ilhas Baleares tem sido
produzido de forma regular numa parceria público/privado, quer para o golfe quer por
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
61
exemplo para o turismo náutico, permitindo desta forma uma monitorização sobre a evo-
lução do produto e dos seus impactes na região que, admite-se, deverá ser em termos de
investigação um exemplo para o Algarve e respectivos agentes com responsabilidades no
turismo e em particular no produto golfe desportivo.
2.1.4. INDICADORES DE MEDIDA DE IMPACTOS REGIONAIS
a) Matriz de Indicadores de Enquadramento Económico do Sector do Turismo
Indicadores a Definição (valores anuais) Relevância b Valor Tipo c
Gastos atribuídos ao turismo em Portugal Despesa total atribuída ao turismo * 6.119.000.000 €
Gastos atribuídos ao turismo Despesa total atribuída ao turismo *** 3.739.000.000 €
Movimento passageiros no Aeroporto de Faro
Número de passageiros desembarcados no Aeroporto de Faro ** 4.658.206
Dormidas em todos os meios de alojamento classificado
Total de dormidas em todos os meios de alojamento classificado ** 13.900.192
Tempo de estada do turista (dias) Estada média do turista ** 7,2 dias d
Despesa média por turista/dia Despesa média por turista/dia (euros) ** 91,78 €
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003 a) Quando não é realizada qualquer referência geográfica, o indicador reflecte-se sobre a NUT II Algarve. b) * Relevância média, ** Relevância elevada, *** Relevância muito elevada c) Valores referentes a 2001 d) Estada média dos visitantes residentes no Reino Unido
Universidade do Algarve
62
b) Matriz de Indicadores de Enquadramento Económico do Golfe
Indicadores a Definição (valores anuais) Relevância b Valor Tipo c
Campos de golfe no país Número total de campos no país ** 59
Campos de golfe na região Número total de campos no Algarve *** 28
Jogadores nacionais em Portugal
Número total de jogadores nacionais (FPG) ** -
Total de jogadores Número total de jogadores *** 201.060
Voltas vendidas Número total de voltas vendidas *** 904.769
Média de voltas por jogador Número médio de voltas por jogador ** 4,5
Voltas vendidas a nacionais
Número de voltas vendidas a jogadores nacionais * -
Total de jogadores por campo Número total de jogadores por campo ** 8 272
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003 a) Quando não é realizada qualquer referência geográfica, o indicador reflecte-se sobre a NUT II Algarve. b) * Relevância média, ** Relevância elevada, *** Relevância muito elevada c) Valores referentes a 2001
c) Matriz de Indicadores dos Impactes Económicos do Golfe
Indicadores a Definição (valores anuais) Relevância b Valor Tipo c
Despesa total dos golfistas fora dos campos de golfe (indirecta)
Despesa indirecta total dos golfistas fora do campo de golfe (euros) *** 234.529.109 €
Despesa total atribuída ao golfe (directa + indirecta)
Despesa total (directa + indirecta) atribuída à permanência do turista de golfe
*** 313.873.559 €
Percentagem da despesa fora do campo em relação ao total
Percentagem da despesa total afecta fora do campo de golfe (indirecta) em relação à despesa total de permanência
*** 74,7%
Percentagem da despesa total atribuída ao golfe (directa + indirecta) em relação aos gastos totais atribuídos ao turismo
Percentagem da despesa total por motivo golfe (directas + indirectas) em relação ao total de gastos dos turistas na NUT II Algarve
*** 8,4%
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
63
Indicadores a Definição (valores anuais) Relevância b Valor Tipo c
Despesa média por golfista/dia fora do campo de golfe
Despesa média (indirecta) por golfista/dia fora do campo de golfe *** 122,64 €
Despesa média total por golfista/dia
Gasto médio diário por turista de golfe (euros) *** 164,13 €
Despesa média para o golfista com viagem organizada
Gasto Médio em packages por pessoa **** 1.011 €
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003 a) Quando não é realizada qualquer referência geográfica, o indicador reflecte-se sobre a NUT II Algarve. b) * Relevância média, ** Relevância elevada, *** Relevância muito elevada c) Valores referentes a 2001
2.2 INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS
O golfe, enquanto actividade desportiva especializada (Decreto-Lei n.º 317/97, de 25 de
Novembro) constitui, de entre os jogos que utilizam o solo como suporte, aquele que pro-
vavelmente terá uma interacção mais forte com o ambiente (Stubbs, 1997).
O reconhecimento da significância de alguns impactes potenciais do golfe no ambiente
tem motivado, nos últimos anos, uma resposta das entidades reguladoras e dos empresá-
rios do sector. Por um lado, na legislação nacional definiu-se um processo de licenciamen-
to suportado pela participação de diversas entidades, contemplando a eventual obrigato-
riedade de proceder a um processo formal de Avaliação de Impacte Ambiental de novos
projectos de golfe. Paralelamente, os gestores de campos de golfe, começaram a desen-
volver novas estratégias de sustentabilidade, aceitando a ideia de que um conhecimento
adequado dos aspectos de incidência ambiental é fundamental para uma correcta gestão
dos campos de golfe.
O progresso na aplicação de diversos instrumentos voluntários, tais como Sistemas de
Gestão Ambiental (e.g. ISO 14001 e o Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria) e
Programas de Gestão Ambiental (e.g. Audubon; Comprometidos com o Ambiente e Green
Globe 21), demonstra que o sector se encontra sensibilizado para a necessidade de con-
trariar as pressões sobre os stocks de capital natural (i.e. os “reservatórios” de recursos
ambientais, ecossistemas e seus serviços) dos quais depende de forma directa.
Universidade do Algarve
64
A avaliação integrada das interacções entre o ambiente e o golfe, nas fases de licencia-
mento, construção, exploração e desactivação dos campos, permitiu desenvolver um qua-
dro de indicadores ambientais para o golfe no Algarve.
Considerou-se ainda como fundamental para a análise das incidências ambientais do sec-
tor, integrar a informação sobre as pressões resultantes das intenções de localização de
novos campos de golfe nos instrumentos de gestão territorial, com a caracterização do
estado dos campos de golfe actuais e com as respostas dos gestores dos campos face à
necessidade de melhorar, de forma contínua, o seu desempenho ambiental.
2.2.1. TIPOLOGIA DOS IMPACTES AMBIENTAIS DA ACTIVIDADE DO GOLFE
Num projecto de campo de golfe, podem-se distinguir, essencialmente, seis tipos distintos
de áreas: área de jogo (inclui tees, greens, surroudings, fairways, roughs, bunkers e la-
gos), campo de prática, Clubhouse e zonas de comércio e lazer (incluindo restauração,
armazém e primeiros-socorros), infra-estruturas de suporte à manutenção dos campos de
golfe, caminhos e acessos para buggies e parques de estacionamento (US EPA, 1999).
Recentemente, diversas organizações a nível mundial (e.g. United States Environmental
Protection Agency, European Golf Association, United States Golf Association, World Tou-
rism Organization e United Nations Environment Programme) realizaram estudos sobre os
impactes ambientais do golfe. Verifica-se que as principais categorias de impacte associa-
das a projectos de campos de golfe, sem prejuízo de outras incidências específicas de
cada local, incluem as seguintes categorias de impacte ambiental: clima, geologia, solos,
topografia, hidrogeologia, recursos hídricos superficiais, resíduos, qualidade do ar, ruído,
ecologia, paisagem, património construído e arqueológico, ordenamento e uso do solo e
factores socio-económicos (Stubbs, 1995a; Stubbs, 1995b; Smith, J., 1996; EPA, 1999).
Apresenta-se no quadro 2.10, uma matriz-síntese dos principais impactes ambientais
potencialmente gerados, em cada uma destas categorias, pelas operações das fases de
construção, exploração/manutenção e desactivação de um campo de golfe (AEA, 1993;
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
65
Stubbs, 1995a; Stubbs, 1995b; Smith, J., 1996; EPA, 1999; Ecossistema/Mãe d’Água,
2001; Ecossistema, 2001; Ecossistema/IBER BIO, 2002; NEMUS, 2002; UNEP, 2003).
Quadro 2.10 Matriz-síntese da Tipologia de Impactes Ambientais de um Campo de Golfe
Categorias de Impacte Fase de construção Fase de exploração Fase de
Desactivação
Clima Haverá impacte, embora pouco relevante em termos de microclima, devido à irriga-ção dos campos de golfe e à instalação dos lagos.
O fim desta actividade, implica a cessação da irrigação dos campos, podendo alterar novamen-te o microclima desta área.
Geologia Resultam da movimentação, escava-ção e aglomeração de terras; modela-ção das diversas áreas do campo, remoção do coberto vegetal; construção de caminhos e melhoramento de acessos; implementação da rede de rega e de drenagem e infra-estruturas associadas.
Em áreas mais permeáveis, a irrigação dos campos e a ocorrência de precipitação pode potenciar a transferência de contami-nantes por perculação entre as diferentes camadas do solo.
As operações associadas à fase de desactivação, geralmente não provocam alterações significativas neste descritor.
Solos A maioria das operações efectuadas intervencionam directamente o solo. Estas operações incluem a desmata-ção, a limpeza dos terrenos, a escava-ção, movimentação de terras e mode-lação das diversas áreas de jogo. Outras operações passíveis de comportar impactes são a fumigação das áreas a semear e a fertilização do solo antes da sementeira.
Existência de ferti-irrigação. e operações de perfuração (vertidrain, slitting e topdressing)
Operações semelhantes à fase de construção, se forem retiradas as infra-estruturas do campo de golfe. Outra operação a considerar é a replantação utilizando espécies carac-terísticas das zonas adja-centes.
Topografia É alterada pela modelação do terreno, efectuada com recurso a aterros e escavações.
Existência de pequenas movimentações de terras com o objectivo de construir novos bunkers.
Se for considerada a retirada das infra-estruturas do campo de golfe, as operações a efectuar são semelhantes à fase de construção.
Hidrogeologia Os impactes esperados relacionam-se com as operações de desmatação e limpeza do terreno e com o aumento da circulação de máquinas associadas à implementação de acessos e infra-estruturas. A aplicação de fertilizantes e o tratamento fitossanitário também poderão alterar a qualidade da água subterrânea.
Nesta fase as actividades de fertilização e de tratamento fitossanitário e manutenção dos lagos são consideradas fontes adicio-nais de contaminação das águas subterrâ-neas.
Cessação das operações de fertilização, tratamento fitossanitário e rega.
Universidade do Algarve
66
Categorias de Impacte Fase de construção Fase de exploração Fase de
Desactivação
Recursos hídricos superficiais
As operações de desmatação e limpe-za do campo, modelação do terreno, construção de lagos e acessos e a sementeira, introduzem modificações na rede de drenagem natural da área de implementação do campo.
Nesta fase os impactes estão relacionados com a irrigação constante dos relvados, aplicação de fertilizantes e produtos fitos-sanitários e manutenção das redes de rega e drenagem.
Cessação das operações de fertilização, tratamento fitossanitário e rega.
Resíduos Nesta fase existe um conjunto de operações que geram resíduos de diferentes tipos e perigosidade. As principais operações que merecem destaque em projectos deste tipo são respectivamente, a desmatação, movimentação geral de terras, funcionamento de estaleiros e manutenção de máquinas e equipamentos.
Alguns dos resíduos produzidos são seme-lhantes aos resíduos gerados na construção, nesta fase têm origem nas operações de manutenção do campo e maquinaria associada, nomeadamente operações mecânicas do relvado e irrigação do campo, operações de fertilização e tratamento fitossanitário, manutenção de máquinas, equipamento e edifícios.
Considerando como cená-rio provável a remoção das infra-estruturas do campo de golfe, esta é considerada a fase em que existe uma maior produção de resíduos.
Qualidade do ar
As principais fontes susceptíveis de causar a degradação da qualidade do ar têm origem na circulação de máquinas e veículos e nas operações de demolição, movimentação de terras, inerentes à construção dos campos de golfe. Também a aplicação de produtos fitossanitários e fertilizantes com elevadas taxas de volatilização, podem constituir uma fonte de perturbação.
Nesta fase são consideradas como principais fontes de perturbação da qualidade do ar o funcionamento de equipamentos utilizados em operações de manutenção, a pulverização de produtos fitossanitários, a utilização de fertilizantes, como por exemplo o azoto, e o aumento do tráfego automóvel nas vias de acesso ao campo de golfe.
Nesta fase as principais fontes de degradação da qualidade do ar terão origem em operações similares à fase de cons-trução, isto se for conside-rada a remoção de infra-estruturas.
Ruído As principais fontes de ruído incluem a circulação de veículos. A mobilização de terras, a existência de estaleiros e a execução de infra-estruturas, nome-adamente ao nível da instalação da rede de rega e da utilização de máquinas e equipamentos, são considerados trabalhos susceptíveis de gerar ruído.
As actividades de manutenção como sejam a circulação de veículos e a utilização de máquinas de corte de relva, constituem importantes fontes de ruído. Também o aumento do tráfego rodoviário induzido pelos utilizadores dos campos poderão provocar o aumento do nível sonoro na envolvente do campo.
Considerando a remoção das infra-estruturas de projecto do campo de golfe, as principais fontes sonoras estarão associa-das ao trânsito de pesa-dos e à utilização de máquinas e equipamentos ruidosos.
Ecologia Todas as operações que constituem esta fase poderão ser consideradas potenciais geradoras de impactes, pois alteram profundamente a estrutura da vegetação reduzindo a disponibilidade de habitats para as comunidades animais. A construção de lagos pode constituir locais adequados para a instalação de espécies autóctones e de comunidades animais diversificada.
A manutenção dos sistemas de rega e de drenagem dos campos de golfe, a aplica-ção de fertilizantes e de produtos fitossani-tários, bem como o aumento da presença humana constituem as principais acções geradoras de impactes
Considerando uma altera-ção do uso do solo, devem ser avaliados os impactes daí decorrentes. Caso exista a retirada do relva-do e das estruturas de rega e drenagem, podem ser gerados impactes sobre as comunidades que ali se estabeleceram.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
67
Categorias de Impacte Fase de construção Fase de exploração Fase de
Desactivação
Paisagem Na fase de execução da obra proces-sar-se-ão alterações da paisagem induzidas por diversas acções, como por exemplo: a presença de estaleiros e acessos à obra; desmatação e lim-peza do terreno, decapagens, terra-planagens e modelação do terreno; drenagem, rega, construção de lagos, de caminhos e de outras estruturas; limpeza de bunkers e colocação de areias; e arrelvamento das plataformas e plantação de vegetação. Nesta fase a área intervencionada será alterada praticamente na sua totalidade.
O facto dos espaços verdes se encontrarem construídos, tornará efectiva a grande transformação da paisagem resultante da implementação do campo de golfe. A existência de um espaço sempre verde irá reflectir-se na paisagem envolvente.
Se existir um abandono da área, pressupõe-se a deterioração das estrutu-ras e elementos existentes e consequente degrada-ção da paisagem; uma outra alternativa é o reaproveitamento da área com um uso diferente.
Património construído e arqueológico
Todas as operações que constituem a fase de construção, são potencialmen-te geradoras de impactes no patrimó-nio (arqueológico, etnográfico), nome-adamente as operações de modelação do terreno, terraplanagens, escava-ções, construção de infra-estruturas associadas, vias de acesso, entre outras. As actividades que tenham como objectivo a preservação do património arqueológico, na fase de construção, constituem um impacte positivo.
Os potenciais impactes negativos, estão associadas às operações de manutenção do campo e ao aumento da circulação de pessoas e veículos na área envolvente. Todas as operações e/ou actividades de preservação e manutenção do património constituem impactes positivos, nesta fase de projecto.
A desactivação do campo de golfe tem como conse-quência o término de todas as operações que constituem impactes positivos e negativos no património
Ordenamento do território e uso do solo
Os impactes no ordenamento do território estão relacionados sobretudo com a atribuição de novas funções ao espaço, sendo que estas têm de estar de acordo com os instrumentos de ordenamento em vigor que vinculem a área de implantação do campo de golfe.
A eventual remoção de infra-estruturas associada à cessação do campo de golfe, pode implicar impac-tes positivos caso seja retomada a actividade que melhor se adequa à área.
Factores socio-económicos
Os impactes negativos nesta fase do projecto estão relacionados com a diminuição da qualidade de vida das populações que habitam as imedia-ções do campo e dos próprios traba-lhadores, em resultado dos trabalhos de construção e do aumento do tráfe-go na área. Contudo, estas actividades constituem também um impacte positi-vo, pois estão relacionadas com o aumento do número de postos de trabalho no local de implementação do campo.
Todas as actividades relacionadas, de uma forma directa ou indirecta com a exploração e manutenção do campo de golfe consti-tuem impactes positivos, uma vez que estimulam outras actividades económicas e consequentemente contribuem para a criação de emprego. Os impactes negativos, estão associados ao ruído provocado pelo equipamento de manutenção do campo e ao aumento de tráfego na área de implementação do campo.
Aquando da desactivação do campo de golfe, as operações e actividades associadas à sua manu-tenção e exploração, tendem a desaparecer, bem como os impactes (positivos e negativos) associados. Contudo à que referir, que os impac-tes dependerão das activi-dades e do uso a desen-volver na área após a desactivação do campo.
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Universidade do Algarve
68
2.2.2. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA DO GOLFE NO ALGARVE
2.2.2.1. LOCALIZAÇÃO DOS CAMPOS DE GOLFE EXISTENTES E PREVISTOS NOS CONCELHOS DO ALGARVE
Foram identificados 28 campos de golfe (ANEXO 1) em funcionamento na região do Algar-
ve, na sua maioria circunscritos por empreendimentos turísticos. De acordo com os pedi-
dos de informação prévia e/ou pedidos de licenciamento recebidos (Direcção Regional de
Ambiente e Ordenamento do Território do Algarve – DRAOT, 2003), estão previstos cerca
de 25 campos novos e a ampliação de um dos campos existentes.
Os campos de golfe actualmente existentes no Algarve localizam-se preferencialmente no
litoral. De acordo com a informação recolhida, referente à localização dos campos previs-
tos, verifica-se que existe uma tendência de aproximação ao interior, diminuindo assim as
assimetrias de oferta entre o interior e o litoral.
Por forma a facilitar uma melhor visualização da distribuição dos campos actualmente
existentes no Algarve, considerou-se a sua distribuição pelos concelhos do Barlavento (Vila
do Bispo, Lagos, Aljezur, Monchique, Portimão, Albufeira, Lagoa e Silves) e do Sotavento
(Loulé, Faro, Olhão, São Brás de Alportel, Tavira, Castro Marim, Vila Real de Santo António
e Alcoutim). Da análise do gráfico 2.4 verifica-se que 64% dos campos de golfe existentes
estão integrados na zona do Sotavento. Relativamente à sua distribuição por concelho,
existem algumas assimetrias entre o número de campos existentes por concelho, como se
pode verificar no gráfico 2.5.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
69
Gráfico 2.4 Distribuição percentual dos Campos de Golfe no Algarve
Barlavento36%
Sotavento64%
Fonte: RTA, Região de Turismo do Algarve, 2003; DRAOT, Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território, 2001
Gráfico 2.5 Campos de Golfe Existentes e Previstos nos Concelhos do Algarve
12
4
3
0
3
11
0
3
1 0 01
32
12
9
1 12
1
3
0
2
4
6
8
10
12
Vila doBispo
Lagos Portimão Lagoa Silves Albufeira Loulé Faro Tavira CastroMarim
Alcoutim Vila Realde SantoAntónio
Campos Existentes Campos Previstos
Fonte: RTA, Região de Turismo do Algarve, 2003; DRAOT, Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território, 2001
Universidade do Algarve
70
Loulé é o concelho que apresenta o maior número de campos (11), seguindo-se Portimão
com 4 campos e Albufeira e Tavira ambos com 3 campos. Nos concelhos de Vila do Bispo
e Castro Marim existe apenas um campo de golfe. Pode ainda observar-se que o concelho
de Loulé é aquele onde está previsto um maior número de campos de golfe (9), seguindo-
se os concelhos de Lagos e Vila Real de Santo António (3 campos). Para outros concelhos,
como é o caso de Silves, Faro, Alcoutim e Vila Real de Santo António, onde não existe
qualquer campo em funcionamento, estão propostos 6 campos de golfe.
Apresenta-se em seguida a localização dos empreendimentos com campos de golfe asso-
ciados (a cartografia disponível apenas considera 24 campos, pois agrega as diferentes
ampliações de campos localizados na mesma área e pertencentes à mesma empresa) e
previstos no Algarve relativamente às Áreas de Aptidão Turística (AAT), sistemas
aquíferos, Reserva Ecológica Nacional (REN), Zonas de Protecção Especial, Áreas
Protegidas e Rede Natura, 2000.
2.2.2.3 LOCALIZAÇÃO DOS CAMPOS DE GOLFE RELATIVAMENTE ÀS ÁREAS DE APTIDÃO TURÍSTICA
De acordo com os Planos Directores Municipais (PDM) que vinculam a região algarvia, os
campos de golfe devem integrar-se (relativamente ao zonamento/regras de utilização,
ocupação e edificabilidade) em zonas de enquadramento desportivo definidas em Áreas de
Aptidão Turística (AAT). Na figura 2.1 apresenta-se a sobreposição dos campos de golfe
existentes e previstos no Algarve, relativamente às AAT.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
71
Figura 2.1 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos Relativa-mente às Áreas de Aptidão Turística
10km
36
39
18
2440 16
34
1715
33 3237
6
2611
35
209
812
10
27
4
2122
28
3
23 13 3819 31
2930
14
25
7
25Concelhos
Campos de golfe em funcionamentoCampos de golfe previstosÁreas de aptidão turística
Campos de golfe existentes: 8 – Vale de Lobo (Royal e Ocean); 9 – Vila Sol; 11 – Salgados; 13 – Benamor; 16 - Boavis-ta; 20 – Lusotur Golfes (Old Course, Millenium; Laguna e Pinhal); 27 – Quinta do Lago (Quinta do Lago, Ria Formosa, Pinheiros Altos e San Lorenzo); 30 – Castro Marim; 32 – Pestana Golfe (Vale da Pinta); 33 – Pestana Golfe (Quinta do Gramacho); 34 – Penina (Resort, Academy e Championship); 35 – Pine Cliffs; 36 – Parque da Floresta; 38 – Quinta da Ria e Quinta de Cima
Campos de golfe previstos: 1 - Muro do Ludo; 2 - Quinta das Navalhas; 3 - Quinta da Ombria; 4 – Laranjal; 5 – Muro do Ludo- Pinheiros Altos; 6 - Quinta da Lameira; 7 - Herdade Finca Rodilhas; 10 – Garrão; 12 - Dunas Douradas; 14 - Quinta do Vale; 15 - Mexilhoeira Grande; 17 - Morgado do Reguengo; 18 - Montinhos da Luz; 19 – Verdelago; 21 - Pontal - UOP 8; 22 - Pontal - UOP 6; 23 - Colina da Rosa; 24 – Espiche; 25 - Almada de Ouro; 26 - Praia Grande; 28 - Parque das Cidades; 29 – Sesmarias; 31 - Ponta da Areia; 37 - Quinta do Gramacho (Ampliação); 39 - Quinta da Colina; 40 - Atalaia
Fonte: DRAOT, Direcção Regional do Ordenamento do Território, 2000 - 2001
2.2.2.3 LOCALIZAÇÃO DOS CAMPOS DE GOLFE RELATIVAMENTE AOS SISTEMAS AQUÍFEROS
Em face das características morfológicas e hidrodinâmicas e de menor vulnerabilidade dos
aquíferos, os recursos subterrâneos são considerados como estratégicos em situações de
acidentes de poluição de origens superficiais ou de seca anormal (INAG, 2000), devendo
ser utilizados preferencialmente no abastecimento de pequenos sistemas e como reserva
em situações de emergência.
Em termos do licenciamento do domínio hídrico e dependendo das especificidades de cada
campo de golfe, terão que ser requiridas licenças de pesquisa e captação de águas subter-
râneas e/ou licenças de captação de águas superficiais, de acordo com o estipulado no
Decreto-Lei n.º 46/94, de 22 de Fevereiro. De acordo com Delgado (2002), existem condi-
Universidade do Algarve
72
condicionamentos importantes ao licenciamento na captação de águas subterrâneas no
Algarve, em particular junto ao litoral, devido a fenómenos de intrusão salina, traduzidos
por um elevado teor de cloretos. Este facto levou à delimitação de uma área crítica à
extracção de água subterrânea nesta região.
A figura 2.2 ilustra a sobreposição dos campos de golfe existentes e previstos no Algarve,
relativamente aos sistemas aquíferos.
Figura 2.2 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos relativa-mente aos Sistemas Aquíferos
10km
36
39
18
2440 16
34
1715
33 3237
6
2611
35
209
812
10
27
4
212228
3
23 13 3819 31
2930
14
25
7
12
5ConcelhosCampos de golfe em funcionamentoCampos de golfe previstosDelimitação dos sistemas aquíferos
Campos de golfe existentes: 8 – Vale de Lobo (Royal e Ocean); 9 – Vila Sol; 11 – Salgados; 13 – Benamor; 16 - Boavis-ta; 20 – Lusotur Golfes (Old Course, Millenium; Laguna e Pinhal); 27 – Quinta do Lago (Quinta do Lago, Ria Formosa, Pinheiros Altos e San Lorenzo); 30 – Castro Marim; 32 – Pestana Golfe (Vale da Pinta); 33 – Pestana Golfe (Quinta do Gramacho); 34 – Penina (Resort, Academy e Championship); 35 – Pine Cliffs; 36 – Parque da Floresta; 38 – Quinta da Ria e Quinta de Cima
Campos de golfe previstos: 1 - Muro do Ludo; 2 - Quinta das Navalhas; 3 - Quinta da Ombria; 4 – Laranjal; 5 – Muro do Ludo- Pinheiros Altos; 6 - Quinta da Lameira; 7 - Herdade Finca Rodilhas; 10 – Garrão; 12 - Dunas Douradas; 14 - Quinta do Vale; 15 - Mexilhoeira Grande; 17 - Morgado do Reguengo; 18 - Montinhos da Luz; 19 – Verdelago; 21 - Pontal - UOP 8; 22 - Pontal - UOP 6; 23 - Colina da Rosa; 24 – Espiche; 25 - Almada de Ouro; 26 - Praia Grande; 28 - Parque das Cidades; 29 – Sesmarias; 31 - Ponta da Areia; 37 - Quinta do Gramacho (Ampliação); 39 - Quinta da Colina; 40 - Atalaia
Fonte: DRAOT, Direcção Regional do Ordenamento do Território, 1997 - 2001
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
73
2.2.2.4 LOCALIZAÇÃO DOS CAMPOS DE GOLFE RELATIVAMENTE ÀS ÁREAS DE RESERVA ECOLÓGICA NACIONAL
A Reserva Ecológica Nacional (REN) é regulamentada pelo Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de
Março, alterado pelo Decreto-Lei n.º 213/92 de 12 de Outubro, e integra zonas costeiras e
ribeirinhas, águas interiores, áreas de máxima infiltração e zonas declivosas. Nestas áreas
são proibidas as acções de iniciativa pública ou privada, incluindo as localizadas em terre-
nos do Domínio Público Marítimo e Fluvial, que se traduzem em operações de loteamento,
obras de urbanização, construção de edifícios, obras hidráulicas, vias de comunicação,
aterros, escavações e destruição do coberto vegetal.
Na figura 2.3 apresenta-se a sobreposição dos campos de golfe existentes e previstos para
o Algarve com as áreas delimitadas pela REN.
Figura 2.3 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos relativa-mente às Áreas de REN
Campos de golfe existentes: 8 – Vale de Lobo (Royal e Ocean); 9 – Vila Sol; 11 – Salgados; 13 – Benamor; 16 - Boavis-ta; 20 – Lusotur Golfes (Old Course, Millenium; Laguna e Pinhal); 27 – Quinta do Lago (Quinta do Lago, Ria Formosa, Pinheiros Altos e San Lorenzo); 30 – Castro Marim; 32 – Pestana Golfe (Vale da Pinta); 33 – Pestana Golfe (Quinta do Gramacho); 34 – Penina (Resort, Academy e Championship); 35 – Pine Cliffs; 36 – Parque da Floresta; 38 – Quinta da Ria e Quinta de Cima
Campos de golfe previstos: 1 - Muro do Ludo; 2 - Quinta das Navalhas; 3 - Quinta da Ombria; 4 – Laranjal; 5 – Muro do Ludo- Pinheiros Altos; 6 - Quinta da Lameira; 7 - Herdade Finca Rodilhas; 10 – Garrão; 12 - Dunas Douradas; 14 - Quinta do Vale; 15 - Mexilhoeira Grande; 17 - Morgado do Reguengo; 18 - Montinhos da Luz; 19 – Verdelago; 21 - Pontal - UOP 8; 22 - Pontal - UOP 6; 23 - Colina da Rosa; 24 – Espiche; 25 - Almada de Ouro; 26 - Praia Grande; 28 - Parque das Cidades; 29 – Sesmarias; 31 - Ponta da Areia; 37 - Quinta do Gramacho (Ampliação); 39 - Quinta da Colina; 40 - Atalaia
Fonte: DRAOT, Direcção Regional do Ordenamento do Território, 1996 - 2001
Universidade do Algarve
74
2.2.2.5 LOCALIZAÇÃO DOS CAMPOS DE GOLFE RELATIVAMENTE ÀS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
Em termos do direito comunitário, a regulamentação relativa à conservação da natureza
alicerça-se em torno da Directiva Aves e da Directiva Habitats, de âmbito complementar e
objectivos substantivamente idênticos, que serão consubstanciados na Rede Natura 2000.
Esta rede ecológica europeia de zonas especiais de conservação, englobará as Zonas Es-
peciais de Conservação (ZEC) e as Zonas de Protecção Especial (ZPE).
Quando, através da realização da avaliação de impacte ambiental ou análise de incidências
ambientais, se conclua que a acção ou projecto implica impactes negativos para um sitio
de importância comunitária para uma ZEC ou para uma ZPE, o mesmo só pode ser autori-
zado quando se verifica a ausência de solução alternativa e ocorram razões imperativas de
interesse público, reconhecidas mediante despacho conjunto do Ministro do Ambiente e do
Ministro competente em razão da matéria.
Na região do Algarve encontra-se uma diversidade de zonas naturais classificadas, insti-
tuídas por diversos instrumentos de gestão territorial. Desta forma, encontram-se
classificados o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, o Parque Natural
da Ria Formosa, a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António,
os sítios da Rocha da Pena e Fonte da Benémola, e mais 10 sítios pertencentes à lista da
Rede Natura 2000.
Na figura 2.4 apresenta-se a sobreposição dos campos de golfe existentes e previstos no
Algarve relativamente às zonas pertencentes às áreas protegidas, à Rede Natura 2000 e
às ZPE.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
75
Figura 2.4 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos Relativa-mente às Áreas de Conservação da Natureza
10km
36
39
18
2440 16
34
1715
33 3237
6
2611
35
209
812
10
27
4
2122
28
3
23 13 3819 31
2930
14
25
7
125
I
IIIII
IV
V
VI
VII
VIII
IX
XA
BCD
E
I
II
III
IV
ConcelhosCampos de golfe em funcionamentoCampos de golfe previstosRede Natura 2000Áreas ProtegidasZonas de Protecção Especial
Rede Natura 2000: I - Barrocal; II - Arade/ Odelouca; III - Cerro da Cabeça; IV - Caldeirão; V - Ria de Alvor; VI - Gua-diana; VII - Ria Formosa/ Castro Marim; VIII - Ribeira de Quarteira; IX - Monchique; X - Costa Sudoeste
Áreas Protegidas: A - Rocha da Pena; B - Sapal de Castro Marim e Vila Real de Sto. António; C - Fonte da Benémola; D - Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina; E - Ria Formosa
Zonas de Protecção Especial: I - Costa Sudoeste; II - Sapais de Castro Marim; III - Ria Formosa; IV - Leixão da Gaivota
Campos de golfe existentes: 8 – Vale de Lobo (Royal e Ocean); 9 – Vila Sol; 11 – Salgados; 13 – Benamor; 16 - Boavis-ta; 20 – Lusotur Golfes (Old Course, Millenium; Laguna e Pinhal); 27 – Quinta do Lago (Quinta do Lago, Ria Formosa, Pinheiros Altos e San Lorenzo); 30 – Castro Marim; 32 – Pestana Golfe (Vale da Pinta); 33 – Pestana Golfe (Quinta do Gramacho); 34 – Penina (Resort, Academy e Championship); 35 – Pine Cliffs; 36 – Parque da Floresta; 38 – Quinta da Ria e Quinta de Cima
Campos de golfe previstos: 1 - Muro do Ludo; 2 - Quinta das Navalhas; 3 - Quinta da Ombria; 4 – Laranjal; 5 – Muro do Ludo- Pinheiros Altos; 6 - Quinta da Lameira; 7 - Herdade Finca Rodilhas; 10 – Garrão; 12 - Dunas Douradas; 14 - Quinta do Vale; 15 - Mexilhoeira Grande; 17 - Morgado do Reguengo; 18 - Montinhos da Luz; 19 – Verdelago; 21 - Pontal - UOP 8; 22 - Pontal - UOP 6; 23 - Colina da Rosa; 24 – Espiche; 25 - Almada de Ouro; 26 - Praia Grande; 28 - Parque das Cidades; 29 – Sesmarias; 31 - Ponta da Areia; 37 - Quinta do Gramacho (Ampliação); 39 - Quinta da Colina; 40 - Atalaia
Fonte: DRAOT, Direcção Regional do Ordenamento do Território, 1999 - 2000 - 2001
2.2.3. ANÁLISE DOS ESTUDOS DE IMPACTE AMBIENTAL DE CAMPOS DE GOLFE DO ALGARVE
O Decreto-Lei n.º 317/97, de 25 de Novembro, estabelece o Regime de instalação e fun-
cionamento das instalações desportivas de uso público, independentemente da sua titula-
ridade ser pública ou privada e visar ou não fins lucrativos. Segundo este diploma,
constituem instalações desportivas os espaços de acesso público organizados para a
Universidade do Algarve
76
prática de actividades desportivas, constituídos por espaços naturais adaptados ou por
espaços artificiais ou edificados, incluindo as áreas de serviços anexos e complementares.
Os campos de golfe, são definidos como instalações desportivas especializadas, uma vez
que são instalações concebidas e organizadas para uma actividade desportiva
monodisciplinar.
Após apresentação dos pedidos de informação e eventual autorização prévia de localiza-
ção, os proponentes de um projecto de campo de golfe necessitam de um conjunto de
pareceres de diversas entidades até obterem o alvará final da licença de funcionamento
do campo.
O licenciamento da construção do campo está condicionado à realização de um Estudo de
Impacte Ambiental (EIA), obrigatório para projectos com mais de 18 buracos (área míni-
ma exigida 50 ha), com mais de 45 ha de área ou se inseridos em áreas sensíveis. A
tramitação processual da apreciação técnica do EIA conclui-se com a elaboração de uma
Declaração de Impacte Ambiental (DIA), com carácter vinculativo, emitida pela autoridade
de EIA (Instituto do Ambiente e Direcções Regionais do Ambiente e Ordenamento do
Território).
A construção de um campo de golfe, está ainda condicionado pela posse de uma licença e
respectivo alvará de construção, emitido pela câmara municipal após parecer favorável do
Instituto do Desporto (IND). Após a construção do campo, a licença e alvará de funciona-
mento são emitidos pelo IND, após uma vistoria às instalações, que tem como objectivo a
verificação e adequação das instalações, do ponto de vista funcional, aos usos previstos,
bem como a verificação do cumprimento de todas as normas estabelecidas no Decreto-Lei
n.º 317/97, de 25 de Novembro.
Efectuou-se uma revisão dos cinco EIA realizados em 2001 (dois EIA) e 2002 (três EIA)
com o objectivo de identificar e analisar alguns dos principais impactes associados à
implementação de campos de golfe no Algarve. Os EIA consultados eram referentes a pro-
jectos de campo de golfe a localizar nos concelhos de Loulé (2 projectos), Vila Real de
Santo António, Faro e Castro Marim.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
77
Regra geral, todos os EIA identificam a mesma tipologias de impacte ambiental associadas
à construção e exploração do projecto, recomendando um conjunto de medidas que
minimizam os impactes negativos e potenciam os positivos. Verificou-se ainda uma con-
cordância na generalidade dos EIA relativamente às categorias onde os impactes são mais
significativos. Os resultados da revisão efectuada aos EIA encontram-se resumidos no
quadro 2.11 e no quadro 2.12.
Da consulta dos pareceres elaborados para os EIA destes campos de golfe, verifica-se que
a emissão de parecer favorável a dois dos estudos foi condicionada à implementação de
um conjunto de medidas de minimização em várias categorias de impacte, nomeadamen-
te: recursos hídricos superficiais - aspectos qualitativos/qualidade (controlo dos fenóme-
nos de eutrofização; controlo do uso de fertilizantes por forma a evitar a contaminação
das águas subterrâneas e superficiais); ecologia (medidas de recuperação de espécies e
habitats naturais); hidrogeologia (Plano de monitorização da hidrogeologia); paisagem
(integração paisagística); património (acompanhamento arqueológico); resíduos (apresen-
tação de alternativas para gestão de resíduos, nomeadamente para resíduos verdes;
impermeabilização dos locais de armazenagem e manutenção de combustíveis e resí-
duos); ambiente sonoro (recolha de dados acústicos).
A emissão de um parecer desfavorável, devido ao incumprimento de um ou mais critérios,
verificou-se para as propostas de implementação dos campos de golfe não previstas em
Unidades Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG), Planos de Pormenor (PP) ou Pla-
nos de Urbanização (PU), e/ou inseridas em sítios de interesse comunitário para a conser-
vação da natureza. A origem do abastecimento de água, nomeadamente a existência de
zonas críticas sob o ponto de vista da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos, condi-
cionaram igualmente a emissão de parecer favorável.
Universidade do Algarve
78
Quadro 2.11 Principais Resultados dos Estudos de Impacte Ambiental de Pro-jectos de Campos de golfe no Algarve (Fase de Construção)
Categorias de impacte ambiental
Principais impactes identificados na fase de construção
Clima Em todos os estudos analisados, as operações ou acções realizadas na fase de construção não constituem impacte no clima.
Geologia Os impactes na geologia são referidos como impactes negativos e irreversíveis, mas de pouco significado. Os impactes neste descritor resultam das operações de modelação do terreno, que envolvem reduzidas profundidades e a sua significância depende da natureza das formações geológicas onde o campo foi implementado.
Solos Todos os estudos, consideram que as operações realizadas na fase de construção, constituem impactes negativos no solo, contudo a significância deste impacte resulta da maior ou menor área desmatada, bem como do volume de terras movimentado ou terraplanagens necessário.
Hidrogeologia Na fase de construção, de um modo geral, todas as operações constituem impactes negativos na hidrogeologia, quer ao nível da qualidade, quer ao nível da quantidade. Resultam da compactação e impermeabilização do solo, alteração da rede de drenagem natural e consequente diminuição da capacidade de recarga dos aquíferos.
Recursos Hídricos Superficiais
Neste descritor os impactes são considerados negativos, em todos os estudos. A magnitude deste impacte, bem como a sua significância depende da necessidade ou não de interferir com linhas de água (ribeiras), volume de terras movimentado e terraplanagens a efectuar.
Resíduos A produção de resíduos constitui um impacte negativo pouco significativo em todos os estudos.
Qualidade do ar
Todas as operações que ocorrem na fase de construção de um campo contribuem de forma negativa para a qualidade do ar na zona de implementação do campo. Os impactes negativos neste descritor estão relacionados com a circulação de veículos, movimentação de poeiras, entre outras.
Ruído O ruído constitui um impacte negativo e temporário em todos os estudos analisados. A magnitude deste impacte, está relacionada com o tipo de máquinas e veículos utilizados nas operações de construção, bem como com a existência ou não de núcleos habitacionais próximos da área intervencionada.
Ecologia As operações de construção interferem de forma negativa com as formas ecológicas (fauna, flora, habitats) da área de implementação do campo, constituindo assim um impacte negativo para as formas anteriormente referidas, que podem ser afectadas de forma permanente ou temporária, dependendo da acção que originou o impacte. Estes impactes resultam, na sua maioria, da destruição e interferência de habitats, o que pode condicionar a manutenção e existência de muitas espécies.
Paisagem Segundo todos os estudos consultados a paisagem é afectada de forma negativa e permanente. Este impacte resulta da perda de biodiversidade e das alterações das características intrínsecas da paisagem, na área intervencionada.
Património Construído e Arqueológico
O impacte no património construído e arqueológico é negativo e permanente, para três dos estudos consultados. A magnitude deste impacte difere de acordo com as áreas afectadas.
Ordenamento Território e Uso do solo
Relativamente ao ordenamento e uso do solo, apenas um dos estudos considera que não se verifica impacte neste descritor. Os demais consideram o impacte negativo e permanente estando este relacionado com o cumprimento das directrizes de ordenamento do território e com a manutenção do equilíbrio na utilização do território.
Factores sócio-económicos
Em todos os estudos os factores sócio-económicos constituem um impacte positivo temporário, dependendo a sua magnitude da existência de populações na envolvência do campo, do desenvolvimento económico, entre outros factores.
Fonte: EIA, Estudos de Impacte Ambiental, 2001 - 2002
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
79
Quadro 2.12 Principais Resultados dos Estudos de Impacte Ambiental de Pro-jectos de Campos de Golfe no Algarve (Fase de Exploração)
Categorias de impacte ambiental
Principais impactes identificados na fase de manutenção/exploração
Clima As operações que integram as fases de manutenção e exploração dos campos, nomeadamente a irrigação do campo, a manutenção do sistema de rega e a presença de lagos, constituem um impacte positivo e permanente no clima local.
Geologia Neste descritor, os impactes são considerados inexistentes nesta fase do projecto.
Solos No solo os impactes considerados são permanentes. Dos estudos consultados, um considera como negativos os impactes neste descritor e outro considera-os inexistentes. Nos restantes estudos os impactes são positivos, resultando das actividades de irrigação e tratamento fito-sanitário do relvado.
Hidrogeologia Os impactes neste descritor, estão associados a aspectos qualitativos e/ou quantitativos. Todos os estudos consideram que os impactes na hidrogeologia são negativos e de carácter permanente. Os impactes neste descritor resultam das operações de irrigação (quantitativo), fertilização e tratamento fito-sanitário (qualitativo), entre outras. De referir, que todos os EIA consideram a reutilização de águas residuais na rega contudo, apenas um deles avalia o seu impacte, sendo este considerado positivo e permanente.
Recursos Hídricos Superficiais
As operações de fertilização, tratamento fito-sanitário, irrigação, entre outras constituem impactes negativos e permanentes nos recursos hídricos em todos os estudos. De referir, que em três dos estudos a análise dos impactes deste descritor desagrega-se em qualidade dos recursos hídricos, regularização do regime de escoamentos e preservação das formas fluviais.
Resíduos Todas as actividades de manutenção e exploração do campo de golfe são potenciais fontes de resíduos, sendo as operações mecânicas do relvado, a aplicação de fertilizantes e tratamento fito-sanitário, aquelas em que os impactes têm maior magnitude. Este impacte é negativo e permanente.
Qualidade do ar
Dois dos estudos consideram que o impacte na qualidade do ar é indiferente, os restantes avaliam o impacte como negativo e permanente, sendo este resultado da circulação de veículos.
Ruído Em todos os estudos o impacte negativo e de carácter permanente, resulta de operações de manutenção do campo e da circulação de veículos.
Ecologia Este descritor engloba os impactes associados à fauna, flora, habitats, resultando os impactes das operações da irrigação do campo, da presença e manutenção de lagos, de operações de fertilização e tratamento fito-sanitário, de trabalhos mecânicos e preservação de habitats. As operações de manutenção, fertilização e tratamento fito-sanitário constituem um impacte negativo e permanente, em todos os estudos. A preservação de habitats constitui um impacte positivo e permanente em dois dos estudos consultados. A avaliação do impacte provocado pela presença de lagos nos campos, apenas foi efectuada em dois estudos, sendo considerado este impacte permanente em ambos, positivo num caso, e negativo no outro.
Paisagem O impacte associado à construção de acessibilidades ao campo de golfe foi considerada apenas num campo e avaliado como impacte negativo e permanente Nos restantes estudos os impactes associados a este descritor (preservação de habitats), constituem um impacte positivo e permanente.
Património Construído e Arqueológico
Em quatro dos EIA, a avaliação dos impactes neste descritor considera que estes são inexistentes ou sem significado. Apenas um estudo considera e operação de recuperação do património arqueológico, avaliando-a como um impacte positivo e permanente.
Ordenamento Território e Uso do solo
Neste descritor, três dos EIA avaliam os impactes do uso sustentável do solo e do cumprimento das directrizes de ordenamento do território. Constitui um impacte positivo e permanente o cumprimento das directrizes de ordenamento do território em quatro dos estudos, sendo considerado como nulo apenas num EIA. O uso sustentável do solo é avaliado como um impacte negativo e permanente num EIA, considerado positivo em dois e inexistente nos restantes estudos.
Factores sócio-económicos
Em dois estudos os impactes nesta categoria são positivos e permanentes. Nos restantes três EIA analisados, os impactes neste descritor, desagregam-se na avaliação dos impactes na qualidade de vida das populações locais e no desenvolvimento económico, resultantes da implementação do campo de golfe. Na qualidade de vida o impacte é negativo e permanente, estando associado à movimentação e circulação de veículos, bem como a operações de manutenção. No desenvolvimento económico o impacte é positivo e permanente.
Fonte: EIA, Estudos de Impacte Ambiental, 2001 - 2002
Universidade do Algarve
80
2.2.4. INDICADORES AMBIENTAIS
A utilização de indicadores constitui uma ferramenta essencial nos processos de tomada
de decisão em ambiente. A Direcção Geral do Ambiente (2000) definiu indicadores ambi-
entais como “parâmetros seleccionados e considerados isoladamente ou combinados entre
si, sendo especialmente pertinentes para reflectir determinadas condições dos sistemas
em análise (normalmente são utilizados com pré-tratamento, isto é, são efectuados
tratamentos aos dados originais, tais como médias aritméticas simples, percentis, media-
nas, entre outros).
O modelo Pressão-Estado-Resposta (PER), definido pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE, 1993), distingue três tipos diferentes de indicadores
ambientais (DGA, 2000):
• Indicadores de pressão - descrevem as pressões impostas sobre os sistemas ambi-
entais pelas actividades humanas e podem ser traduzidos por indicadores de emis-
são de contaminantes, intervenção no território e de impacte ambiental;
• Indicadores de estado - reflectem a qualidade do ambiente num dado horizonte
espaço/tempo; são, por exemplo, os indicadores de sensibilidade, risco e qualidade
ambiental;
• Indicadores de resposta - avaliam as respostas das organizações às alterações e
preocupações ambientais, bem como à adesão a programas e/ou à implementação
de medidas em prol do ambiente.
Com base na metodologia Pressão-Estado-Resposta, desenvolveu-se inicialmente uma ma-
triz genérica de indicadores ambientais para o golfe, com cerca de 45 indicadores tipo.
Tendo em conta a informação apresentada anteriormente e os resultados do inquérito
específico realizado aos gestores dos campos de golfe, foi possível quantificar a maioria
dos indicadores estabelecidos na matriz genérica, de forma a caracterizar a situação actual
no Algarve.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
81
Considerando a informação dos inquéritos recebidos, que constituem 71% dos campos de
golfe que se encontram em funcionamento, apresenta-se no Quadro 2.13, os valores obti-
dos para os indicadores ambientais mais relevantes. Pode observar-se que na
determinação destes indicadores foram utilizados diferentes factores de normalização
(área total do empreendimento, a área do campo, o número de praticantes, o número de
voltas e o número total de campos de golfe existentes) por forma a permitir comparar o
desempenho dos diferentes campos.
Refira-se ainda que não foi possível determinar um conjunto de indicadores definidos na
matriz genérica, uma vez que a informação necessária para o seu cálculo não foi fornecida
nas respostas ao inquérito, tais como qualidade das águas superficiais e subterrâneas,
produção de água residual, qualidade da água residual, produção total de resíduos
perigosos e não perigosos e investimentos anuais em ambiente.
Quadro 2.13 Indicadores Ambientais Para o Golfe no Algarve
Definição Indicador
Tipo Descritor Nome Unidade Mínimo Média Máximo Mediana
kg/ha de campo 2,47 7,78 18,95 5,90 Consumo de fitofármacos
kg/volta 8,33E-04 0,01 0,02 0,01
kg/ha de campo 40,00 565,82 1154,90 521,52 Solos
Consumo de fertilizantes kg/volta 0,01 0,69 2,24 0,64
m3/ha de empreendimento 0,07 0,41 1,05 0,33
m3/ha de campo 0,34 0,94 3,73 0,67 Consumo de combustíveis
m3/volta 7,82E-05 7,70E-04 2,24E-03 4,66E-04
kWh/ha de empreendimento 600,00 4178,08 12000,00 2798,10
kWh/ha de campo 401,92 5619,29 14000,00 4638,15 Consumo de electricidade
kWh/volta 0,50 3,50 5,86 3,07
m3/ha de empreendimento 0,73 3,88 10,77 3,61
m3/ha de campo 3,00 8,01 20,00 6,25
Pre
ssão
Energia
Consumo de óleos
m3/volta 3,95E-03 1,46E-02 5,60E-02 6,17E-03
Universidade do Algarve
82
Definição Indicador
Tipo Descritor Nome Unidade Mínimo Média Máximo Mediana
m3/ha de empreendimento 151,2 1903,5 3636,4 1923,1
m3/ha de campo 812,5 3961,3 7500,0 3571,4 Consumo total de água
superficial para rega
m3/volta 1,3 5,7 10,0 5,9
m3/ha de empreendimento 142,7 3944,0 10909,1 3831,4
m3/ha de campo 3320,6 11738,6 56000,0 8556,8 Consumo total de água subterrânea para rega
m3/volta 1,3 8,4 16,8 7,1
m3/ha de empreendimento 240,7 1981,6 3781,1 1923,1
m3/ha de campo 280,8 3384,7 6301,8 3571,4 Consumo total de água de abastecimento público para
rega m3/volta 0,1 5,0 10,0 5,0
Consumo total de água residual tratada para rega m3/ha de campo 3410,1
Água
Campos que utilizam água residual para rega % 5
t/ha de empreendimento 0,54 1,51 4,34 0,65
Produção total de resíduost/volta 7,48E-04 2,22E-03 7,15E-03 9,80E-04
t/ha de empreendimento 0,18 0,71 3,04 0,36
Resíduos
Produção de resíduos verdes
t/volta 2,75E-04 1,15E-03 3,79E-03 5,38E-04
Pre
ssão
Ordenamento do Território e
Uso do Solo
Área dos concelhos do Algarve a ocupar por
empreendimentos com campos de golfe
% 0,78
Buggies a combustível % 27
Buggies eléctricos % 73
Energia
Buggies a energia solar % 0
Área dos concelhos do Algarve ocupada por
empreendimentos com campo de golfe
% 0,73
Área de empreendimentos com campos de golfe localizados em AAT
% 3,4
Esta
do
Ordenamento do Território e
Uso do Solo
Área de empreendimentos com campos de golfe
localizados sobre sistemas aquíferos
% 81,3
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
83
Definição Indicador
Tipo Descritor Nome Unidade Mínimo Média Máximo Mediana
Área de empreendimentos com campos de golfe localizados em Áreas
Protegidas
% 16,5
Área de empreendimentos com campos de golfe localizados em ZPE
% 19,6
Área de empreendimentos com campos de golfe
localizados em sítios da Rede Natura 2000
% 16,8
Esta
do
Ordenamento do Território e
Uso do Solo
Área de empreendimentos com campos de golfe localizados na REN
% 13
Campos de golfe com sistema de gestão
ambiental certificado % 25
Campos de golfe com Política ambiental % 40
Campos de golfe com Programas ambientais % 35
Campos de golfe que investiram na protecção e
gestão do ambiente % 65
Campos de golfe que investiram na replantação
de árvores e arbustos autóctones
% 55
Campos de golfe que implementaram medidas de
conservação de fauna e flora
% 65
Gestão Ambiental
Campos de golfe com informação de carácter ambiental e ecológico e
circuito de interpretação da natureza
% 55
Campos de golfe que procedem à recolha
selectiva dos resíduos % 70
Res
post
a
Resíduos Campos de golfe que
realizam compostagem dos resíduos verdes
% 20
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Da área total ocupada pelos campos de golfe em funcionamento, apenas 3,4% está
inserida em AAT, 13% na REN, 16,5% insere-se em Áreas Protegidas, 16,8% na Rede
Natura 2000, 19,6% em ZPE e 81,3% sobre sistemas aquíferos.
Universidade do Algarve
84
Ao comparar os indicadores consumo total de água subterrânea para rega, consumo total
de água de abastecimento público para rega e reutilização de águas residuais para rega,
pode-se verificar que 70 % dos campos de golfe inquiridos têm captação própria, o que se
traduz num uso substancialmente superior de águas subterrâneas em detrimento das res-
tantes fontes de abastecimento. É de realçar que somente 5 % dos campos de golfe que
responderam ao inquérito utilizam águas residuais tratadas na rega dos campos.
A comparação do valor médio e da mediana do indicador consumo de combustíveis com o
valor deste indicador para campos de golfe com sistemas de gestão ambiental permite
verificar que os campos certificados ambientalmente apresentam valores inferiores.
Em todos os campos de golfe existem buggies movidos a electricidade, sendo 73 % do
número total de buggies movidos a combustível e 27 % a energia eléctrica, não existindo,
no entanto campos com buggies que possuam como fonte, energia renovável (e.g. ener-
gia solar).
Relativamente aos consumos de matérias-primas num campo de golfe, verifica-se que os
maiores consumos estão relacionados com a aquisição de sementes (10,96 t/ha de cam-
po), consumo de fertilizantes (565,82 kg/ha de campo) e consumos de fitofármarcos (7,78
kg/ha campo).
No que respeita à produção de resíduos, observa-se que apesar de mais de metade dos
resíduos produzidos serem verdes e 70 % dos campos realizarem recolha selectiva, so-
mente 20 % dos campos procedem à sua compostagem.
No que respeita às práticas de gestão ambiental, 25 % dos campos que responderam ao
inquérito encontram-se certificados ambientalmente, 40 % definiram políticas ambientais
e 35 % implementaram programas ambientais.
Entre 55 e 65 % investiram e implementaram medidas de protecção e informação ambien-
tal, incluindo a replantação de árvores e arbustos autóctones, medidas de conservação da
fauna e flora, e disponibilização aos utilizadores de informação de carácter ambiental e
ecológico.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
85
2.3 GESTÃO DAS PRÁTICAS AGRO-AMBIENTAIS
INTRODUÇÃO
O sistema de gestão agro-ambiental implementado nos campos de golfe do
Algarve permite conduzir a uma estratégia operacional de modo a estabelecer melhorias e
prioridades nos procedimentos das práticas culturais (sistemas de rega e de fertirrega,
fertilizações, tratamentos fitossanitários, sistemas de corte dos relvados e descompactação
do solo) para a manutenção dos relvados e identificar oportunidades para a sua realização
de forma a minimizar os impactos da poluição difusa.
As potenciais agressões ambientais causadas pela aplicação daquelas práticas culturais em
face das características deste tipo de exploração podem causar certas formas de poluição
susceptíveis de serem transferidas para as águas subterrâneas. Mas, é fácil verificar que
tais fenómenos permitem conciliar a implantação de relvados com a defesa da qualidade
do ambiente, desde que tais práticas sejam correctamente adaptadas aos condicionalis-
mos edafo-climáticos, através de uma gestão criteriosa aos aspectos ambientais da manu-
tenção dos campos de golfe. Para o efeito, foi necessário realizar um estudo técnico-
científico baseado em inquéritos que foram efectuados a 24 empresas de golfe, localizados
em toda a sua extensão, desde Castro Marim a Vila do Bispo. No entanto, pode verificar-
se nestes inquéritos, que o primeiro campo a iniciar actividade data de 1966, enquanto
que o mais recente iniciou a sua actividade em 2002. Verifica-se ainda que 50% dos cam-
pos de golfe analisados iniciaram actividade na década de 90. O tempo de construção é,
na grande maioria dos casos, de 2 anos.
Neste relatório não se consideram resultados de trabalhos de experimentação, pelo que,
os dados agora apresentados resultam unicamente das informações recolhidas por inquiri-
ção
2.3.1. CARACTERÍSTICAS DOS RELVADOS
As características especiais da relva implantada nos campos de golfe do Algarve permiti-
ram uma selectividade criteriosa em função das suas aptidões exigíveis por este tipo de
Universidade do Algarve
86
tipo de actividade, identificadas por um relvado com predomínio de gramíneas que
conferem aos solos uma espécie de “filtro biológico”, com tendência para contrariarem a
velocidade de infiltração subterrânea e dotadas de elevada aptidão de absorverem
nutrientes.
As gramíneas que constituem os relvados dos campos de golfe distribuem- se de forma
consolidada (Quadro 2.14) em função das suas aptidões, que se caracterizam pela sua
compatibilidade ambiental (consumo de água, utilização de nutrientes e de fitofármacos) e
pelos seus aspectos funcionais (resistência ao pisoteio, pragas e doenças e ao stress hídri-
co) distribuídas diferencialmente pelas várias zonas do campo.
Quadro 2.14 Espécies mais Representativas dos Campos de Golfe
Greens Tees Fairways Roughs
Agrotis stolinifera Lolium perenne Cynodon dactilon Festuca spp.
Poa annua Poa pratensis Lolium perenne Lolium perenne
Festuca spp. Cynodon dactilon Poa pratensis Poa pratensis
Festuca spp. Festuca spp. Cynodon dactilon
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003.
Na realidade, nestes relvados podemos considerar um tipo de cultura intensiva numa pe-
quena fracção do campo da ordem dos 4% (ocupada pelos “tees” e pelos “greens”) onde
predominam as espécies Agrostis stolonifera (var. Penn A4, Providence e Penncross), Poa
annua e Festuca spp. nos “greens” e as espécies Lolium perenne, Poa pratensis e Cyno-
don dactylon e Festuca spp. nos “tees”. No entanto, a parte mais representativa dos cam-
pos corresponde a 40% da área ocupada (“fairways”) estabelecida como cultura extensi-
va, levando a conceber fertilizações com carácter intensivo somente nos “tees” e nos
“greens”. As zonas de “roughs” apresentam um aspecto e uma organização muito diversa
e próxima do meio natural podendo-se distinguir dois tipos, um que contém fitocenosis
fundamentalmente autóctones, e outro basicamente artificiais realçando as espécies Fes-
tuca spp., Lolium perenne, Poa pratensis e Cynodon dactylon.
Salienta-se, por fim, que a Agrostis stolonifera que predomina nos “greens” tem um ele-
vado consumo de água mas apresenta uma série de vantagens em formar superfícies com
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
87
com propriedades dinâmicas para o jogo. Por outro lado, o Cynodon dactylon que
predomina nos “tees” e nos “fairways” apresenta propriedades resistentes à salinidade,
calor e ao pisoteio e pouco tolerantes ao frio e à sombra, com a vantagem de ser muito
menos exigente no consumo de água, que normalmente se associa culturalmente com o
Lolium perenne pela sua versatilidade e rápido crescimento, apesar da maior exigência em
água, possibilitando a manutenção do campo com aspecto estético nas zonas de
«Bermudas» quando estas aparentam formas de secura nos meses mais frios.
2.3.2. RECURSOS HÍDRICOS
O desenvolvimento da agricultura, dos fluxos turísticos, dos campos de golfe e de outros
espaços verdes de lazer têm vindo a aumentar o consumo de água.
Como se pode deduzir, o consumo de água nos últimos anos aumentou dez vezes mais no
Algarve, em função do desenvolvimento do turismo e da agricultura de regadio nas últi-
mas três décadas. O Algarve encontra-se ciclicamente em situação de carência hídrica
devido aos anos de seca e ao aumento das áreas regadas, que se tem acentuado nos últi-
mos anos, quer na agricultura (citrinos, culturas hortícolas), quer nos espaços verdes de
lazer (campos de golfe), sem esquecer o aspecto urbano-turístico, devido ao aumento das
áreas regadas.
OS RECURSOS HÍDRICOS DO ALGARVE
Considera-se que a agricultura de regadio no Algarve, com particular incidência no Litoral,
se reparte por cerca de 20.000ha (INE, 2001), nomeadamente os citrinos com 18.000ha,
incluídos ou não em perímetros de rega. Admitindo um valor teórico de 30 campos de
golfe com uma dimensão média de 50ha por campo, e supondo ainda, como valores
médios de dotação de rega para as áreas agrícolas de 900mm anuais e de 1000mm
anuais para os campos de golfe, o volume total de água de rega para satisfazer estas
áreas será da ordem de 195 x 106m3 anuais, respectivamente, 180 x 106m3 anuais para a
agricultura e 15 x 106m3 anuais para os campos de golfe.
A população residente de 400.000 habitantes, para uma capitação equivalente diária de
160L, consumirá anualmente cerca de 25 x 106m3. Quanto à população flutuante sazonal
Universidade do Algarve
88
(10 x 106 habitantes), considerando-se a permanência individual média de duas semanas,
estimam-se os gastos anuais igualmente em 25 x 106m3, para idêntica capitação. Deste
modo, o consumo anual de água no Algarve, em especial no Litoral, excede os
245 x 106m3, dos quais 73,5% se destinam à agricultura, 6,1% aos espaços verdes de
lazer e 10,2% são gastos equitativamente com as populações residente e turística, num
total de 20,4%.
A capacidade útil máxima de armazenamento das grandes barragens do Algarve (Bravura,
Arade, Funcho, Beliche e Odelouca) ronda cerca de 270 x 106m3 anuais (Direcção Regional
do Ambiente do Algarve, 1999). O poder de armazenamento é no entanto irregular ao
longo do ano, de modo que a capacidade útil é na realidade bastante mais baixa, poden-
do-se considerar um valor médio de 170 x 106m3. Como o aproveitamento da capacidade
útil das barragens está longe dos 100%, obviamente que grande parte das necessidades
hídricas da região continuam a ser supridas recorrendo ao sistema de aquíferos subterrâ-
neos, os quais além de serem limitados – cerca de 200 x 106m3 por ano, são vulneráveis à
contaminação salina quando se situam no litoral, devido a avultadas captações aí efectua-
das. O Quadro 2.15 refere os valores da produtividade e dos gastos anuais. Como se
poderá observar, a maior parte das necessidades hídricas continua a ser colmatada recor-
rendo-se às águas subterrâneas, encontrando-se as águas de superfície insuficientemente
consumidas em relação às disponibilidades.
Quadro 2.15 Produtividade, Usos e Perdas das Águas Subterrâneas e de Super-fície no Algarve
Origem Águas Subterrâneas Águas de Superfície
Produtividade (m3 ano-1) 200 * 106 (a) 170 * 106 (b)
Uso (m3 ano-1) 182 * 106 (c) 53 * 106 (c)
Perdas (m3 ano-1) total 8 * 106 (c) 27 * 106 (c)
Total gasto - uso + perdas (m3 ano-1) 190 * 106 (c) 80 * 106 (c)
Fonte: (a) Centro de Geologia e Águas de Portugal, 2000; (b) Direcção Regional do Ambiente do Algarve, 1999; (c) Universidade do Algarve, 2002 - 2003.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
89
O Quadro 2.16 apresenta para o Litoral Algarvio os valores médios mensais relativos da
temperatura do ar (ºC), da evapotranspiração potencial (ETp Penman (mm)) e da precipi-
tação (mm).
Quadro 2.16 Valores Médios Mensais para o Litoral Algarvio de Temperatura do Ar, de Evapotranspiração Potencial (ETp) e de Precipitação
Temperatura (ºC)
Evapotranspiração potencial ETp (mm)
Precipitação (mm) Mês
média dos últimos 40 anos
Janeiro 11,3 33 60,9
Fevereiro 12,2 39 52,1
Março 14,3 81 71,6
Abril 15,2 117 30,0
Maio 17,8 164 20,5
Junho 20,9 183 5,2
Julho 23,8 208 0,6
Agosto 23,4 189 0,4
Setembro 21,5 120 17,5
Outubro 18,4 84 61,3
Novembro 14,9 36 65,4
Dezembro 12,6 25 67,2
Ano 17,2 1280 452,7
Fonte: Instituto de Meteorologia e Geofísica
O Gráfico 2.6 apresenta as curvas relativas dos valores médios mensais de precipitação e
de evapotranspiração potencial (ETp), ao longo do ano, para o Litoral Algarvio, onde se
pode observar que a situação de escassez hídrica ocorre no período estival, entre Março e
Outubro.
Universidade do Algarve
90
Gráfico 2.6 Curvas de Precipitação e de Evapotranspiração Potencial - Médias Mensais (mm)
0
50
100
150
200
250
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
mm
/m
ês
Evapotranspiração Precipitação
Fonte: Instituto de Meteorologia e Geofísica
OS RECURSOS HÍDRICOS NO GOLFE E O CICLO DA ÁGUA
Dos 15 campos de golfe analisados, 6 utilizam apenas águas subterrâneas de captações
próprias; 5 utilizam águas subterrâneas de captações próprias juntamente com águas de
superfície; 1 utiliza unicamente águas residuais de origem doméstica; 2 utilizam águas
subterrâneas de captações próprias juntamente com água residual de ETAR própria; e 1
outro utiliza água da rede pública juntamente com águas de superfície da própria explora-
ção.
O Quadro 2.17 refere as origens e destinos dos recursos hídricos nos campos de golfe em
geral e nos greens.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
91
Quadro 2.17 Origens e Destinos dos Recursos Hídricos nos Campos de Golfe em Geral e nos Greens
Destinos
Origens Campo em geral
(m3 ano-1) Greens
(m3 ano-1) Instalaçóes de Apoio
(m3 ano-1)
Subterrâneas 12,5 x 106 1 x 106 0
Part. superficiais 0 0 0
Rede superficiais 0,9 x 106 0,1 x 106 insignificante
Residuais 0,45 x 106 0,05 x 106 0
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
O destino das águas de drenagem é geralmente para os lagos distribuídos pelos campos
de golfe, sendo em poucos casos outras linhas de água utilizadas como bacias de recep-
ção, como é o caso de ribeiros.
DRENAGEM
De uma forma geral, nos campos de golfe analisados foram observados sistemas de dre-
nagem artificial, principalmente nas zonas nobres de jogo, como nos greens, devido ao
facto de estarem assentes sobre solos modificados com textura arenosa que lhe conferem
maior permeabilidade em relação ao solo natural. Não se verifica qualquer sistema de
drenagem nos roughs.
Os sistemas de drenagem mais utilizados são constituídos por tubagem, normalmente en-
volvida em brita, sendo a água drenada para caixas de recolha, tendo geralmente como
destino os lagos paisagísticos distribuídos pelos campos de golfe. Nalguns casos, as águas
de drenagem são reutilizadas na rega.
A QUALIDADE DA ÁGUA
Os valores obtidos para a qualidade da água de rega, expressa em termos de condutivida-
de eléctrica (ECw), é apresentada no Gráfico 2.2. Verifica-se que, dos 10 campos observa-
dos, relativamente ao nível de perigo de salinização do solo, 3 possuem nível médio (ECw
< 0.75 dS/m), 5 nível alto (0.75 dS/m < ECw < 2.25 dS/m), e 2 nível muito alto (ECw >
Universidade do Algarve
92
muito alto (ECw > 2.25 dS/m), de acordo com o Diagrama para a Classificação da
qualidade de águas de rega de Richards, 1954.
Gráfico 2.7 Condutividade Eléctrica da Água de Rega dos Diferentes Campos e Origens
0,75
2,25
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Campos
cond
utiv
idad
e el
éctr
ica
ECw
(dS
/m)
Média Alta Muito alta
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
O controlo da salinização do solo é geralmente efectuado através da lixiviação dos sais,
com o respectivo sistema de rega; por vezes os sais são apenas infiltrados através das
águas das chuvas.
REGA
Em climas Mediterrânicos, como no Algarve, assiste-se a um período de seca estival.
Nestas condições, torna-se conveniente recorrer à prática da rega para colmatar as
necessidades hídricas das plantas. Em geral, tanto na agricultura como nos campos de
golfe e noutros espaços verdes de lazer, que têm vindo a ser incrementados na Região, é
necessário contrariar a carência hídrica sazonal, por meio da rega.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
93
Dos campos analisados, existem diferenças tecnológicas consideráveis ao nível do controlo
da rega. Deste modo, apenas 4 campos dispõem de estação meteorológica que permitem
a determinação dos factores que condicionam o cálculo dos parâmetros de rega.
Quanto aos sistemas de rega utilizados nos campos de golfe, verifica-se que dos 15 cam-
pos analisados, 14 são regados por aspersão e um apresenta um sistema de rega gota a
gota subterrânea (tubo poroso de borracha) nos tees, fairways e roughs e de rega gota a
gota subterrânea complementada com um sistema de rega por aspersão nos greens.
À excepção do campo regado gota a gota, onde a rega se faz quer no período diurno quer
no nocturno, denota-se que em todos os outros campos as regas são nocturnas, uma vez
que o efeito do vento é menor durante a noite; também existe uma menor evaporação, o
que leva a uma maior eficiência no uso da água, acrescentando-se o facto de que durante
a noite o campo não está ocupado por jogadores. Constata-se assim haver menores cau-
dais na rega gota a gota e menores perdas por evaporação e por acção do vento.
Os valores das dotações de rega para os 15 campos de golfe são apresentados no Gráfico
2.8. No que se refere às dotações totais mensais, verifica-se que apenas dois campos
apresentam leituras separadas por área relvada (greens, tees, fairways e roughs).
Gráfico 2.8 Dotações de Rega Médias Mensais (m3/ ha)
0
500
1000
1500
2000
2500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
dota
ção
de r
ega
(m/h
a)3
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Universidade do Algarve
94
Analisando o Gráfico 2.8 pode observar-se que a dotação de rega diária é muito maior nos
meses de Verão, como aliás seria de esperar. No entanto, verifica-se que a variabilidade
dos valores apresentados é bastante elevada. Assim, para o mês de Julho (mês de máxi-
mas necessidades hídricas) pode observar-se que o valor da dotação de rega média diária
varia entre 2,2 e 9,2 mm. Os valores da dotação de rega total anual (m3 / ha) estão indi-
cados no Gráfico 2.9.
Gráfico 2.9 Dotação de Rega Total Anual para cada um dos 10 Campos Anali-sados
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
dota
ção
de r
ega
(m/h
a)3
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
No Quadro 2.18 apresentam-se os valores do uso dos diversos recursos hídricos nos cam-
pos de golfe e nos restantes sectores consumidores. Mais uma vez se nota que a maior
parte da água consumida tem como origem os aquíferos, apesar de haver um défice ele-
vado de utilização das águas superficias.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
95
Quadro 2.18 Comparação do Uso dos Diversos Recursos Hídricos nos Campos de Golfe e nos Restantes Sectores Consumidores
Usos
Origens
Sector Agricultura (m3 ano-1)
Sector doméstico
(m3 ano-1) (d)
Sector turismo
(m3 ano-1) (e)
Campos de golfe
(m3 ano-1) (b)
Subterrâneas 156 x 106 (a) 9,2 x 106 3,5 x 106 13,5 x 106
Part. superficiais Insignificante (b) 0 0 0
Rede superficiais 17,8 x 106 (c) 14,1 x 106 20,5 x 106 1 x 106
Residuais Insignificante (b) 0 0 0,5 x 106
Fonte: (a) Instituto Nacional de Estatística / Direcção Regional de Agricultura do Algarve, 2000; (b) Universi-
dade do Algarve (valores estimados), 2002 - 2003; (c) Direcção Regional de Agricultura do Algarve, 2003;
(d) Ambio, Águas de Portugal, 2001; (e) Direcção Geral do Turismo, 2000.
2.3.3. FERTILIZAÇÃO
O elevado interesse económico e social que o Golfe apresenta no Algarve, justifica que se
dispense maior atenção aos fenómenos associados ao binómio fertilização-poluição, no
que respeita a uma maior eficiência na utilização dos adubos e correctivos orgânicos mais
directamente associados à produção de relva com a defesa da qualidade do ambiente.
No entanto, para que a fertilização proporcione os efeitos desejados é preciso efectuá-la
racionalmente, implicando uma correcta definição dos objectivos a atingir e um suficiente
conhecimento dos meios de forma a garantir uma melhor qualidade das águas superficiais
e subterrâneas no âmbito da implantação de campos de golfe. É evidente, que as acções
benéficas potencialmente desempenhadas pelos fertilizantes só poderão, de facto, verifi-
car-se, desde que associadas a técnicas de aplicação mais recomendáveis de forma a não
contribuir para ocorrência de alguns fenómenos nocivos à qualidade do ambiente.
UTILIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES
É indispensável, quer em termos agronómicos quer ecológicos, fornecer aos relvados as
quantidades de nutrientes que, sendo as necessárias, não ultrapassem as suficientes. Para
isso, é indispensável avaliar, com rigor as necessidades das culturas, as disponibilidades
nutritivas dos meios de cultura e a taxa de utilização dos nutrientes.
Universidade do Algarve
96
Quanto aos valores resultantes do inquérito infere-se que, na maioria dos campos de gol-
fe, as quantidades de fertilizantes que são aplicadas, nomeadamente os adubos azotados,
fosfatados e potássicos, não se consideraram que sejam exageradas mas a utilização das
técnicas de aplicação e a sua frequência poderão não ser as mais adequadas em face aos
problemas de poluição dos solos.
Deste modo, no Quadro 2.19 que a seguir se apresenta, podemos observar que as quanti-
dades médias de nutrientes, aplicadas aos relvados durante o ano, aproximam-se dos va-
lores tecnicamente aconselháveis para a generalidade dos campos de golfe nas regiões
mediterrânicas, embora se possa considerar que adubação azotada é aplicada por excesso
(nível médio – 150Kg N/ha/ano) nos “fairways” e “roughs”, enquanto que nos “greens” e
“tees” a adubação fosfatada é utilizada por defeito (nível médio – 100Kg P2O5/ha/ano).
Mais se verifica que, nos “fairways” os níveis de potássio são inferiores aos aconselháveis
(nível médio – 200Kg K2O/ha/ano).
Quadro 2.19 Consumo Médio Anual de Fertilizantes
unidade: Kg/ha
Azoto Fósforo Potássio
Greens 239 ± 25 77 ± 15 245 ± 39
Tees 248 ± 88 58 ± 10 133 ± 59
Fairways 254 ± 88 60 ± 9 129 ± 32
Roughs 200 ± 72 68 ± 15 135 ± 30
Nota: Média ± desvio padrão
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Dum modo geral, aqueles nutrientes (azoto, fósforo e potássio) são veiculados por adubos
granulados que também, em menor quantidade contêm outros elementos nutritivos es-
senciais à nutrição das plantas, cuja solubilidade e subsequente lixiviação de nutrientes
tendem a ser menores. Em alguns casos aqueles adubos são aplicados de uma forma en-
riquecida, principalmente com ferro e magnésio, mas quando utilizam micronutrientes,
estes poderão ser adicionados sob a forma líquida. Por outro lado, as combinações que
são utilizadas para a manutenção dos campos resumem-se a diferentes adubos minerais
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
97
simples e compostos por serem os mais económicos. Com menor frequência também são
utilizados adubos de libertação lenta para as áreas mais nobres como sejam os “greens” e
os “tees” de forma a reduzir o efeito poluidor, apesar das médias anuais não ultrapassa-
rem o limite médio admissível (nível médio – 250 kg N / ha / ano).
Por outro lado, a intensidade das adubações nas distintas épocas do ano, em qualquer
uma das zonas do campo de golfe, são respectivamente apresentadas nos Gráfico 2.10 e
Gráfico 2.11
Gráfico 2.10 Intensidade de Adubação: Tees e Greens
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Dez-Fev Mar-Mai Jun-Ago Set-Nov Dez-Fev Mar-Mai Jun-Ago Set-Nov
Tees Greens
aplic
ação
de
nutr
ient
es (
Kg/h
a)
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Deste modo, enquanto que, nos “tees” as adubações mais acentuadas verificam-se entre
os meses de Março-Agosto, realçando as azotadas e observando-se uma moderação nas
aplicações fosfatadas e potássicas, nos “greens” as fertilizações azotadas e potássicas
concentram-se mais entre os meses de Dezembro-Fevereiro e entre os meses de Junho-
Agosto (Gráfico 2.10). No entanto, torna-se evidente um maior fraccionamento das adu-
bações, principalmente das azotadas sob a forma nítrica naquele período invernal (Dez.–
Azoto - N Fósforo - P2O5 Potássio - K2O
Universidade do Algarve
98
(Dez.–Fev.) de maior intensidade pluviométrica, de forma a reduzir perdas de nutrientes
por lixiviação ou mesmo anuladas quando os adubos minerais forem incorporados na água
de rega (fertirrega).
Gráfico 2.11 Intensidade de Adubação: Fairways e Roughs
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Dez-Fev Mar-Mai Jun-Ago Set-Nov Dez-Fev Mar-Mai Jun-Ago Set-Nov
Fairways Roughs
aplic
ação
de
nutr
ient
es (
Kg/h
a)
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Apesar de nos “fairways” se verificarem adubações fosfatadas e potássicas moderadas,
mantêm-se em relação às outras zonas nobres aplicações mais concentradas de azoto
(Março-Agosto). No entanto, nos “roughs” apresentam-se com teores quase equivalentes
de N-K mas com concentrações significativas entre Março e Novembro (Gráfico 2.11).
Contudo, mediante a análise das considerações efectuadas sobre os resultados apurados,
conclui-se que a fertilização, pela influência que exerce sobre o crescimento das plantas, é
de facto susceptível de constituir um factor determinante da transformação estética dos
relvados nos campos de golfe. Acontece, porém, à semelhança do que se verifica com ou-
tras práticas e/ou técnicas agrícolas, que a utilização dos fertilizantes só produzirá os
efeitos desejados quando convenientemente articulada com os outros factores de produ-
Azoto - N Fósforo - P2O5 Potássio - K2O
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
99
produção, em particular no que se refere à rega e drenagem e aos tratamentos
fitossanitários, e poderá, eventualmente, não produzir efeitos nefastos para a qualidade
do ambiente.
2.4. O NEGÓCIO DO GOLFE
Neste ponto caracteriza-se o negócio do golfe em termos de oferta e procura.
Quem compra, porquê e em que condições são os aspectos centrais para o desenvolvi-
mento de qualquer negócio. A caracterização da procura em cada um destes domínios é,
todavia, dificultada pela diversidade que apresentam no seu interior e pela generalizada
ausência de elementos de análise e reconhecimento detalhados e actualizados.
É conhecida a dependência dos padrões de consumo face a variáveis como a idade, as
habilitações ou os rendimentos, mas também face à atractividade e a um conjunto de
atributos dos campos de golfe.
Nos pontos seguintes procede-se a uma caracterização dos “Golfistas” no Algarve, recor-
rendo à análise dos inquéritos directos realizados à procura e às fontes estatísticas que
permitam extrapolar conclusões pertinentes nestes domínios.
No que se refere à oferta, face à importância de recolhermos a opinião e dados de todos
os empresários do sector optámos por analisar o universo.
Infelizmente e, apesar das inúmeras tentativas não foi possível ainda recolher informação
de todos os empreendimentos. Neste momento, apenas dispomos de 14 entrevistas não
totalmente completas. A análise que se apresenta nos pontos seguintes circunscreve-se
apenas à informação disponível, não podendo ainda ser extrapolável para a totalidade da
amostra.
Com esta ressalva, apresentam-se os resultados preliminares da análise da procura e da
oferta de campos de golfe no Algarve.
Universidade do Algarve
100
2.4.1. A PROCURA DE GOLFE
CARACTERIZAÇÃO GERAL
A procura de golfe expressa-se de uma forma óptima pelo número de voltas jogadas.
Gráfico 2.12 Voltas de Golfe no Algarve
0
200
400
600
800
1.000
1997 1998 1999 2000 2001 2002
n.º
de v
olta
s (x
1000
)
Fonte: Algarve Golfe
Como podemos constatar no gráfico anterior, a procura de voltas nos campos do Algarve
tem-se pautado por um crescimento constante e sustentado.
No Algarve, a prática de golfe estrutura-se em duas temporadas: a alta, que vai de Outu-
bro a Março e a baixa, que vai de Abril a Setembro. A temporada alta coincide com o perí-
odo de Inverno europeu e compensa a sazonalidade do turismo "sol-praia".
O padrão sazonal do golfe tem tendência a ser o oposto ao turismo de Verão tradicional,
contribuindo assim para maiores níveis de ocupação do alojamento turístico, originando
um aumento da procura durante o Inverno e nas estações em que a percentagem de ocu-
pação é habitualmente mais baixa. A sazonalidade diária resulta do não aproveitamento
do campo 8h/dia. Ao longo do dia existem horas que são preferidas pela maioria dos jo-
gadores. De manhã, as horas preferenciais para jogar, no Verão, são das 8:30 às 10:00,
período que permite evitar o rigor do calor e finalizar o jogo à hora do almoço. Esta con-
centração na parte da manhã é compreensível face ao clima da região.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
101
FACTORES DE ESCOLHA
O primeiro ensaio de segmentação realizado com os inquéritos à procura já recolhidos,
iniciou-se pela identificação dos factores de escolha do destino, a que se seguiu uma ca-
racterização demográfica, económica e geográfica.
A partir das dezoito opções disponíveis no inquérito ficaram claramente identificados três
factores de escolha que de alguma forma se identificam com as motivações dos diferentes
nichos de mercado. A escolha dos Golfistas resulta dos atributos percebidos a três níveis: -
o campo e as suas condições de jogo, o turismo e as condições oferecidas pela região, o
preço e a proximidade/acessibilidade.
Os factores identificados revelam três segmentos de mercado: O Turista que joga golfe,
naturalmente está preocupado com a envolvente (alojamento, animação, hospitalidade,
gastronomia, entre outros) estes deslocam-se ao Algarve para fazer férias e jogam golfe
como hobby. O golfista residente, isto é, aqueles que tentam combinar a actividade profis-
sional e familiar com o desporto, preocupam-se essencialmente com preços e acessibilida-
des, o seu objectivo é minimizar os custos de praticar golfe, bem como os tempos de des-
locação finalmente o terceiro grupo refere-se aos jogadores de golfe, as suas preocupa-
ções centram-se nas condições do campo e do jogo.
PERFIL DO TURISTA
O turista do golfe tem um perfil característico. Trata-se de um turismo de categoria supe-
rior à média, 66% pertence a uma classe média alta. Com idades superiores a 46 anos,
(mais de 62% da amostra), o golfista apresenta um conjunto de preferências claramente
definidas:
• Viaja com um pacote organizado, comprado em agências de viagens (48,2%)
ou directamente (28,6%).
• Recolhe informação em brochuras e familiares e amigos, excluindo todos aque-
les que já conhecem o destino (34,7%)
Universidade do Algarve
102
• Instala-se maioritariamente em hotéis (43%) e em casa própria (25%). Os
proprietários de segunda habitação no Algarve concentram-se na Alemanha e
Reino Unido.
• Aqueles que utilizam o alojamento hoteleiro preferem claramente os hotéis de
quatro e cinco estrelas e um regime de meia pensão.
• Os turistas para além do golfe preferem actividades ao ar livre e desportos. A
gastronomia é uma das actividades privilegiadas.
• Para todos os turistas, o Golfe constitui uma prática corrente, quer porque o
praticam há mais de 15 anos, quer pelo facto, deste ser jogado pelo menos cin-
co vezes por mês.
• Os principais fluxos provêem essencialmente da Europa, onde o Reino Unido, a
Irlanda e a Alemanha concentram 79,6% da procura turística.
• Os golfistas instalam-se maioritariamente no Concelho de Loulé – Vale do Lobo,
Vilamoura e Quinta do Lago e jogam em mais do que um campo, a uma distân-
cia média de 7 a 9 kms do alojamento.
Figura 2.5 Localização do Alojamento dos Golfistas relativamente aos Cam-pos de Golfe
10km
ConcelhosLocalização dos campos de golfe em funcionamentoLocalização do Alojamento
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
103
GASTOS REALIZADOS
Os turistas gastam em média 1.6311 euros durante a sua estadia. O campo de golfe capta
26% dos gastos realizados. A taxa de não respostas nestas questões justificam a elevada
dispersão dos dados recolhidos. Foi possível no entanto concluir sobre a estrutura das
despesas. Verifica-se que 59% das despesas realizadas fora do campo se referem a alo-
jamento, alimentação e transporte.
Os gastos realizados dentro do campo distribuem-se entre o jogo, alimentação e bebidas e
aulas.
Os turistas que viajam com package pagam em média 1.011 euros por pessoa, com uma
variação de 600 euros. O que significa que um package para o Algarve pode custar entre
1.600 euros e 400 euros por pessoa. Estes packages de um modo geral, incluem transpor-
te, transfers e alojamento em regime de pequeno-almoço, poucos são aqueles que inclu-
em já os green fees. Adicionalmente este segmento de mercado pode gastar entre 130 a
209 euros por dia.
Quadro 2.20 Gastos Médios em Packages e Pocket Money
Se viajou com Package, quanto pagou pela viagem/por pessoa
Qual o pocket money diário por pessoa
N 76,00 48,00
Média 1011,76 130,25
Moda 1000,00 100,00
Desvio Padrão 615,53 208,85
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Se atendermos a que o turista fica em média 9,3 dias no Algarve, a sua estadia pode vari-
ar entre 1.600 euros e 2.800 euros.
1 175,36 euros (gasto médio diário x 9,3 dias (estada média)
Universidade do Algarve
104
SATISFAÇÃO E PERCEPÇÕES EM RELAÇÃO AO AMBIENTE
• Dum modo geral os turistas encontram-se satisfeitos, na medida em que
aproximadamente 80% dos golfistas pretendem voltar e 78% recomendam o
destino Algarve a familiares e amigos.
• A sensibilidade dos consumidores para os aspectos ambientais é grande. As
questões que aparentemente os preocupam menos são a existência de
construções, na envolvente do campo; a manutenção da vegetação natural e da
fauna local e a predisposição para utilizar os trilhos de natureza nas horas livres.
• Apesar de revelarem alguma indiferença relativamente à existência de constru-
ções na envolvente do campo, é peremptória a preferência pelo ambiente rural -
natural.
2.4.2. OFERTA DE GOLFE NO ALGARVE
CARACTERIZAÇÃO GERAL
O primeiro campo de golfe no Algarve surgiu em 1966. Recentemente assistiu-se a um
crescimento substancial da actividade, sendo que cerca de 41% da oferta de campos de
golfe portugueses se localiza no Algarve.
Em 2001, o Algarve contava com um total de 432 buracos, com a seguinte distribuição por
concelhos.
Quadro 2.21 Quantidade de Buracos por Concelho, 2001
buracos
Albufeira 27
Castro Marim 18
Lagoa 136
Loulé 216
Lagos 36
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
105
buracos
Portimão 45
Tavira 36
Vila do Bispo 18
Total 432
Fonte: Federação Portuguesa de Golfe, 2001
Ressalta desde já o peso do concelho de Loulé englobando 50% dos campos de golfe da
região.
A economia de um campo de golfe é algo complexo e a sua rentabilidade está sujeita a
vários factores e condicionantes de um investimento vultoso, os quais podem determinar o
fracasso ou o sucesso do negócio do golfe. A localização é fundamental e, no entanto, o
preço de terrenos bem localizados pode inviabilizar o negócio.
Os factores a considerar para determinar a adequação do solo à implementação de um
campo de golfe são: a superfície, a topografia, o tipo de solo e drenagem, a água, o clima,
a acessibilidade e a vegetação.
A superfície mínima para um campo de golfe de qualidade com 18 buracos é de 50 ha.
Os campos de golfe de 18 buracos são aqueles que apresentam uma maior distância entre
cada buraco, em média 3,6ha. A que se seguem os campos com 36 buracos que dispõem
de uma distância média de 2,3ha. Os campos de 9 buracos são mais compactos. Dum
modo geral, os campos de golfe algarvios excedem a área mínima exigida de 50ha, para
um campo de 18 buracos.
A topografia óptima corresponde a um relevo adequado, que permita garantir o interesse
do jogo, o atractivo visual e a sua conservação.
O relevo adequado permite a drenagem natural. O tipo de solo deve permitir o crescimen-
to da vegetação e tornar possível a drenagem.
Universidade do Algarve
106
Para a manutenção das boas condições exigidas pelo jogo e para o prolongamento da vida
útil do próprio campo, é crucial a existência de um bom sistema de drenagem. Cada um
dos campos, possui um sistema diferente de drenagem. Os terrenos onde se encontram
implantados os campos são principalmente argilosos.
A água é um factor importante. Necessita-se de um caudal mínimo de 3.500m3/dia de
água. É também importante a existência de depósitos de reserva para situações de emer-
gência. Os gestores dos campos inquiridos gastam em média 2.368m3/dia no Verão e
420m3/dia no Inverno.
O “layout” dos campos de golfe normalmente inclui obstáculos de água, lagos, linhas de
água, cascatas. Além do impacto visual, estes obstáculos servem também como reservató-
rios de água para rega das zonas verdes. Os campos que dispõem de reservatórios de
água têm em média uma capacidade de 138.900m3 de água.
No golfe turístico, o clima e a acessibilidade assumem uma importância fundamental.
A arquitectura do campo de golfe deverá ser idealizada por forma “a que seja fácil para os
maus jogadores e difícil para os bons” (Mitchell, 1990) Isto é, uma volta não deve levar
demasiado tempo, mas também não pode ser demasiado fácil. Pelos dados recolhidos
constata-se que, em média nos campos observados, demora-se cerca de 4 horas e 15 mi-
nutos a concluir uma volta.
Todos os campos apresentam os mesmos tipos de equipamentos excepção seja feita a
alguns menos comuns, tais como, clínicas de golfe, academia e chipping area.
CAPACIDADE E NÍVEL DE UTILIZAÇÃO DOS CAMPOS DE GOLFE
A capacidade de um campo depende de cinco parâmetros nem sempre fáceis de quantifi-
car: traçado, relevo, obstáculos e dificuldade do jogo em geral, tipo de jogadores e moda-
lidade do jogo.
Igualmente, a latitude e o clima determinam o número de horas de sol e a quantidade de
dias de chuva. Os campos algarvios caracterizam-se por um clima que proporciona um
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
107
número de horas de sol superior a 2.750 horas/ano, o que permite um elevado potencial
na utilização da capacidade instalada, superior a 340 dias/ano.
A capacidade máxima teórica anual pode estimar-se através da seguinte fórmula2:
S = h x p x j x d
onde,
S = número de voltas/ano;
h = número médio de horas em que o campo está aberto;
p = número de horas necessário para jogar uma partida de 18 buracos;
j = número de jogadores por volta;
d = número de dias/ano em que o campo pode ser utilizado.
No Algarve, de acordo com os dados recolhidos obtém-se uma elevada capacidade teórica
admitindo: em média 4 horas para jogar uma partida de golfe (p); 4 jogadores por volta
(j); uma utilização do campo de 365 dias/ano (d); 12 horas por dia (h).
Quadro 2.22 Capacidade Média de Jogadores nos Campos
Nº de Dias em que o campo está aberto
Tempo Médio para jogar
uma partida
Nº de Jogadores por
volta
Nº de voltas vendidas 2001
Nº médio de horas de
funcionamento
Média 365 4 4 42814,0 12,57
Moda 365 4 4 34912,0 12,00
Desvio Padrão 0 0 0 11174,4 1,09
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
S = 12 x 4 x 4 x 365 = 70.080 voltas/ano
Significaria que um campo que vende em média 35.000 voltas/ano estaria a utilizar a sua
capacidade instalada em 50%. No entanto, como a procura não se distribui de forma
homogénea ao longo do ano e devido à tripla sazonalidade da procura, um campo de gol-
fe está saturado nos momentos de maior procura com 35.000/40.000 voltas/ano.
2 Fisas (1982)
Universidade do Algarve
108
A saturação do campo deteriora a sua qualidade e imagem. A alternativa para uma utiliza-
ção superior a 35.000/40.000 voltas/ano resulta de estratégias de dessazonalização com o
fim último de captar jogadores nos períodos baixos.
No Algarve verificou-se uma utilização dos campos, em 2001 de cerca de 35.000 vol-
tas/ano, valor que revela a proximidade da saturação na época alta.
2.4.3. AS EMPRESAS
ESTRUTURA DE MERCADO
As empresas que exploram os campos de golfe no Algarve optaram, maioritariamente, por
se constituírem sob a forma de Sociedades Anónimas
Os clientes de golfe são de classe média – alta , de sublinhar o peso registado pelos joga-
dores nacionais na classe de rendimentos elevada comparativamente com os residentes
no estrangeiro.
O jogador estrangeiro, além de jogar mais vezes por estadia, utiliza mais campos que o
jogador nacional. Aparentemente, utiliza a deslocação para conhecer o maior número de
campos possível.
A ACTIVIDADE
Os campos apresentam taxas de ocupação média elevadas.
Quadro 2.23 Taxas de Ocupação Média, em percentagem
Tavira Castro Marim Vila Real Portimão Lagoa Loulé
Março/Abril 70 50 55 88 90 88
Maio 40 40 60 68 80 67
Junho/Setembro 20 20 25 50 70 51
Outubro/Novembro 60 40 50 88 80 90
Dezembro/Janeiro 15 50 20 25 50 56
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
109
Esta análise revela a existência de dois grandes grupos de empreendimentos com taxas de
ocupação claramente diferenciadas, o grupo do Barlavento face ao grupo do Sotavento.
Os utilizadores do empreendimento turístico normalmente usufruem de descontos, para
além de que têm prioridade na utilização do campo. Em média, 30% dos utilizadores são
sócios, o que significa que os mesmos estão fidelizados.
O produto golfe é comercializado sobretudo por operadores e por protocolos com unida-
des hoteleiras.
2.4.4. OS RECURSOS HUMANOS
A criação de emprego directo pelo golfe surge das seguintes actividades:
• Instalações próprias do golfe
• Restaurantes e bares anexos ao golfe
• Comercialização de equipamento desportivo
• Dormidas de turistas de golfe nos resorts turísticos
• Manutenção do campo de golfe.
Os campos inquiridos detêm um volume de emprego de 386 funcionários em 2001, dos
quais 75% encontram-se como efectivos, o que demonstra alguma estabilidade no em-
prego.
A estrutura do emprego por categoria profissional surge no quadro seguinte:
Quadro 2.24 Distribuição do Emprego por Categorias
Efectivos
(%) Temporários
(%)
Instalações campos de golfe 20,6 18,5
green keepers 13,1 5,2
Administração 6,5 4,4
Restauração 8,5 7,4
Comércio 5,3 7,4
Universidade do Algarve
110
Efectivos
(%) Temporários
(%)
Instrutores 2,3 0,7
Direcção 4,8 0,7
Manutenção 35,2 41,5
Outros 0,0 0,0
Restaurantes e bares do golfe 3,8 4,4
Construção do campo 0,0 9,6
100,0 100,0
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Para além destas actividades, o golfe gera emprego directo e indirecto de mais difícil
quantificação em outras actividades, como sejam:
• Agências imobiliárias
• Actividades turísticas não hoteleiras, directas e indirectas, tais como
intermediários turísticos, restaurantes e bares, táxis, agências de aluguer de
automóveis e comércio
• Construção de urbanizações e hotéis gerados pelo golfe.
O emprego gerado por outras actividades é de muito maior volume pois movimenta quase
toda a estrutura económica da região. A criação de emprego, associada à relativa estabili-
dade do mesmo, constituem o valor acrescentado do golfe para o desenvolvimento eco-
nómico e social da região. O maior peso do emprego recai sobre o sexo masculino.
Por escalões de idades e por concelho de localização, a distribuição das idades dos colabo-
radores indica-nos a existência de um quadro de colaboradores mais jovem nos campos
situados no Sotavento, Castro Marim, Vila Real e Tavira.
Por grau de instrução, a maior incidência surge no ensino básico, seguido pelo secundário.
A procura de quadros superiores não excede os 10%, apesar da importância da formação
para o desenvolvimento de uma política concertada de aposta na qualidade.
No Algarve o custo médio por empregado, no turismo de golfe é de 550 euros/mês. Os
campos de golfe inquiridos pagam em média 635 euros/mês, o que significa uma remune-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
111
remuneração superior à média em cerca de 15%. Facto que indicia melhores condições de
exploração e menor rotatividade dos empregados.
2.4.5. IMPACTO ECONÓMICO E FINANCEIRO DA ACTIVIDADE
INVESTIMENTO
O investimento para a construção de um campo de golfe é proporcionalmente pequeno
face ao investimento necessário em urbanizações e hotéis.
Um campo de 18 buracos necessita para a sua construção de um mínimo de 50 ha. O pre-
ço do solo é normalmente a parte principal do custo. Partes também significativas são o
desenho e a construção do campo, que habitualmente requerem um mínimo de 2,4
milhões de euros, custo que varia em função das características do solo e custo dos dese-
nhadores e construtores.
O custo do solo, a construção bem como todos os gastos necessários em licenças, infra
estruturas, edificação, equipamento e instalações complementares determina um investi-
mento mínimo de 9,9 milhões de euros.
No caso dos campos instalados no Algarve, apesar da parca informação recolhida pode
estimar-se que o investimento realizado cifra-se já em 170 milhões de euros, do qual os
terrenos e o desenho e construção do campo representam mais de 83%.
Quadro 2.25 Principais Rubricas de Investimento
%
Terreno Campo 11,17
Terreno Instalações 0,31
Licenças 0,04
Alteração e Consolidação de Solos 0,80
Infra-Estruturas de Rega 6,96
Acessos 0,44
Edificações 4,41
Maquinaria 3,37
Universidade do Algarve
112
%
Terreno Campo 11,17
Terreno Instalações 0,31
Licenças 0,04
Alteração e Consolidação de Solos 0,80
Infra-Estruturas de Rega 6,96
Desenho e Construção do Campo 72,18
Outros Investimentos 0,33
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Este investimento tem um efeito induzido nos sectores a montante e a jusante, sendo de
particular relevo a construção e obras públicas.
EQUILÍBRIO FINANCEIRO
No ano de 2001 o turismo gerou uma receita de cerca de 6 118 milhões de Euros, foi o
Algarve e a Costa de Lisboa, as regiões com maior peso no total das receitas. O golfe é
responsável por uma percentagem significativa da receita total gerada pelo Algarve, apro-
ximadamente 8,3%. Note-se que não são os campos de golfe os principais beneficiários
do turismo de golfe. A componente principal do gasto corresponde às despesas extra
hoteleiras, formadas pelos gastos realizados em alojamento, transportes internos,
alimentação e bebidas, entre outros.
A maior componente corresponde à viagem e ao alojamento, a qual é contratada no país
de origem, pelo que só uma parte deste gasto reverte para Portugal.
Finalmente surgem os gastos directamente ligados ao golfe que geralmente representam
cerca de 26% dos gastos totais.
Considerando a estrutura da receita gerada pelos turistas não existe dúvidas que o Golfe é
um elemento gerador de importantes economias externas repercutindo-se
fundamentalmente na restauração e bebidas, no alojamento e no comércio local. O Golfe
pode gerar no Algarve uma receita média directa/ano estimada de 86,7 milhões de euros,
distribuída pelas seguintes rubricas.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
113
Quadro 2.26 Estrutura de Proveitos no Golfe
%
Voltas 74,4
Aluguer 11,3
Vendas 7,4
Alimentação e bebidas 6,9
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
A estrutura de custos do golfe fornece uma indicação geral sobre o potencial que este sec-
tor representa sobre os outros sectores de actividade.
Quadro 2.27 Estrutura de Custos no Golfe
%
Manutenção 8,7
Acções de promoção 0,3
Custos com o pessoal 25,5
Custo das Existências Vendidas e Consumidas 52,7
Amortizações 10,3
Impostos 0,3
Despesas Financeiras 2,3
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
O sector de serviços e o emprego surgem como os principais beneficiários desta activida-
de. Atendendo a que o nível de qualificação do pessoal se centra no ensino básico, pode
assumir-se que esta seja uma das vias para resolver o problema do desemprego.
A RENDIBILIDADE DO NEGÓCIO
As empresas inquiridas declararam maioritariamente que não possuem alojamento asso-
ciado à exploração do golfe, apenas 5 campos dispõem de alojamento associado 60% dos
quais são servidos por Hotéis de 5 estrelas, com uma dimensão média de 296 camas (va-
lor modal) e um desvio padrão de 73,5.
Universidade do Algarve
114
No entanto, verifica-se que nas zonas adjacentes aos campos existem sempre um conjun-
to de empreendimentos turísticos. A questão que subsiste é o golfe que ancora os
empreendimentos turísticos ou são os empreendimentos turísticos que ancoram o golfe?
Não foi possível retirar conclusões sobre esta matéria, apesar de se verificar que de um
modo geral, o golfe é uma actividade económica rentável e com uma performance eco-
nómico-financeira muito próxima da alcançada pelos estabelecimentos hoteleiros, como se
verifica no quadro seguinte.
Quadro 2.28 Indicadores Económico-financeiros
Actividade Golfe Hotéis
Quota de mercado % 40,7 -
Preços médios Euros/Ano 48,5 -
Rendibilidade das vendas % 27,6 7,0
Pessoal ao serviço nº 386 9.657
Produtividade Euros/Ano 47.525 39.450
Cash flow de exploração Euros 7.393.401 26.782.675
CMVMC % 52,7 12
Custos com pessoal % 26 29
Desp. Financeiras % 2 -
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003 e INE, estatísticas das empresas 2000.
Uma análise cruzada do quadro permite ainda verificar que a rendibilidade das vendas de
voltas de golfe é bastante superior à rendibilidade dos hotéis, o peso da mão de obra é
sensivelmente o mesmo. Note-se que 40% das empresas de golfe existentes no Algarve
são responsáveis por 27% dos excedentes de meios líquidos gerados no sector. O que
significa que esta actividade tem um efeito alavanca na economia regional bastante eleva-
do.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
115
2.4.6. A COMPETITIVIDADE
PRINCIPAIS CONCORRENTES
Os principais concorrentes dos campos da região localizam-se no próprio Distrito e no es-
trangeiro. A concorrência de outros países provém principalmente da Espanha e em menor
escala da Turquia.
AS ESTRATÉGIAS DA CONCORRÊNCIA E AS VANTAGENS COMPETITIVAS
Os factores que, na perspectiva do empresário, tornam mais atractiva a concorrência em
relação aos campos algarvios, são:
Quadro 2.29 Factores de Atracção da Concorrência
Frequência Percentagem Percentagem acumulada
Acessibilidades 9 20,9 20,9
Comércio e Serviços 10 23,3 44,2
Preço 14 32,6 76,7
Equipamento e Instalações 8 18,6 95,3
Proximidade da Praia 1 2,3 97,7
Interesse do jogo 1 2,3 100,0
Total 43 100,0
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Claramente surgem factores alheios à exploração do próprio campo: Acessibilidades e
Comércio e Serviços. O preço e as instalações constituem também factores de atracção
relevantes para a concorrência.
A percepção que os gestores das empresas, que exploram campos de golfe no Algarve,
possuem sobre as estratégias privilegiadas pelos concorrentes para assegurar a sua van-
tagem competitiva no mercado, recai sobre as economias de escala – redução de custos e
a imagem que já possuem no mercado.
Universidade do Algarve
116
As estratégias prosseguidas pelos directores dos empreendimentos algarvios centram-se
na manutenção da qualidade do campo e na redução de custos. Note-se que apesar de
uma das vantagens competitivas da concorrência ser o preço, não parece ser essa a políti-
ca no Algarve. O facto da qualidade surgir como primeira prioridade indicia uma vontade
de competir não pelo preço, mas pela diferenciação do produto.
As vantagens competitivas dos campos não dependem apenas das estratégias prossegui-
das pelos gestores, mas também da sua localização. Inerente à localização surgem como
principais factores de atractividade a Envolvente do Campo, a Proximidade da Praia e as
Acessibilidades.
Os principais eixos estratégicos onde o Algarve surge numa posição de vantagem em rela-
ção à concorrência estão relacionados com a qualidade e a fidelização de clientes, nomea-
damente: - Diversificação de produtos, Controlo de qualidade, Controlo de custos, Capaci-
dade de inovação, Qualidade de atendimento dos clientes, Taxa de ocupação e fidelização.
Uma posição menos favorável surge relacionada com a promoção, formação profissional,
estratégia de comunicação e promoção conjunta, acessibilidades e infra-estrutura hotelei-
ra e turística.
2.4.7.- MATRIZ DE INDICADORES DO NEGÓCIO DO GOLFE
O mercado do golfe pode caracterizar-se como um mercado que funciona em condições
de concorrência monopolística, o esforço de diferenciação e a relativa concentração de
mercado num conjunto de empresas justifica o modo de funcionamento deste mercado.
Apesar do esforço de diferenciação das empresas em laboração, existe a consciência de
que esta situação é temporária, pois a procura também apresenta condições de funciona-
mento muito peculiares.
O equilibrio entre a oferta e a procura pode ser caracterizado por um conjunto de
indicadores que permitem medir a viabilidade e a sua sensibilidade a variações da oferta e
da procura.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
117
Quadro 2.30 Indicadores de Competitividade e Sustentabilidade para o Negócio do Golfe no Algarve
Tipo Indicador
Nº de voltas por campo 37 227 11 174 34 912
Nº de jogadores por campo Média
8 272
Desvio Padrão -
Moda-
Quota de Mercado ao nível mundial (em número de jogadores) 0,50%
Quota de mercado na Europa 8,20%
Taxa de fidelização do mercado 58,50%
Potencial de fidelização 21,50%
% de clientes que são sócios do clube 30,00%
Forma de comercialização do produto (Agência de Viagens) 48,20%
Alojamento em hotéis 43%
Alojamento em casa própria 25%
Densidade de campos de golfe por km2 no Algarve 0,25%
Densidade de campos de golfe por km2 em Portugal 0,03%
Capacidade potencial de um campo 70 080 voltas/ano
Pro
cura
Mercado Potencial jogadores 389 333
Nº de empresas -
Índice de concentração (nº de campos por empresa) -
Tipologia de empresas Sociedade Anónima
% de capital estrangeiro -
Estr
utu
ra d
e M
erca
do
Gastos no campo de golfe 25,70%
Gasto Médio por turista no campo de golfe 45,08 euros
Investimento médio por campo de golfe 9,9 milhões de euros
Receita média directa ano por campo de golfe 3,468 milhões de euros
Preços médios 48,5 euros
Rendibilidade das vendas 27,60%
Produtividade 47 525 euros Econ
ómic
o-Fi
nan
ceir
o
Cash flow de exploração médio por campo 295 736 euros
Universidade do Algarve
118
Tipo Indicador
Custo médio por empregado no golfe/mês 635 euros
Rec
urs
os
Hu
man
os
nº médio de empregados por campo de golfe 28
Vantagens Competitivas da concorrência Acessibilidades Comércio e serviços Preços
Estratégias da Concorrência Economias de escala
Estratégias dos Campos de golfe do Algarve Qualidade Redução de custos Imagem
Preço médio Baleares 55,29 euros
Preço médio Canárias 45,86 euros
Con
corr
ênci
a
Preço médio Andaluzia 46,12
Nesta fase do trabalho, onde a recolha de dados ainda não se encontra totalmente con-
cretizada não é possível avançar com indicadores de rendibilidade e de impacto, no entan-
to estão já constituídas as bases para medir o impacto do golfe ao nível da procura, da
oferta, da concorrência e da economia em geral.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
119
CAPÍTULO III IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS PROBLEMA
A análise da situação do golfe no Algarve permitiu detectar, em cada uma das áreas, ele-
mentos de sustentabilidade, mas também situações que podem constituir problemas, quer
a curto prazo, quer de natureza mais estruturante.
A sustentabilidade de uma actividade humana requer uma integração entre os elementos
económicos sociais e ambientais e requer igualmente que as empresas para serem susten-
táveis tenham de ser competitivas.
Tendo em conta estas premissas, foram identificadas ao longo do capítulo anterior áreas
problema, entendidas como elementos que podem dificultar o desenvolvimento sustentá-
vel do golfe na Região do Algarve. Algumas dessas áreas problema podem ser ultrapassa-
das no curto prazo e sem custos, outras, porém, exigem uma reflexão estratégica mais
aprofundada.
Será na óptica de cada um dos domínios estudados que são apresentados os problemas
inventariados.
3.1. NA ÓPTICA DA SUSTENTABILIDADE ECONÓMICO-SOCIAL E
INSTITUCIONAL
Os desafios da indústria do golfe na economia regional do Algarve, enquadram-se numa
múltipla perspectiva, na qual a dinâmica da actividade na região interage com um territó-
rio e recursos onde a escassez é característica dominante. Como analisado nos pontos
prévios, o golfe à semelhança das restantes actividades turísticas, constitui já hoje um
(sub)sector incontornável em termos económicos na região, gerando mais valias directas e
efeitos indirectos que afectam toda a sociedade. O desafio que emerge no produto (é
comum às próprias preocupações à escala planetária), consiste na compatibilização e
orientação de um crescimento que gera outputs de bem-estar e riqueza, com a utilização
racional e duradoura dos inputs de produção do golfe, por forma a sustentar no tempo, no
Universidade do Algarve
120
a sustentar no tempo, no espaço e de forma participada o seu processo de
desenvolvimento.
No turismo e com particular incidência no golfe, este desafio da sustentabilidade é maxi-
mizado pela íntima relação com os recursos naturais, cuja conservação é condição neces-
sária para a prossecução de uma relação positiva entre a economia e a ecologia, da qual
depende a evolução do próprio produto. Um território degradado reduz a atracção turísti-
ca, mas um património natural preservado e valorizado é uma vantagem competitiva, so-
bre a qual as acções de promoção turística não se cansam de insistir. É este o paradoxo
do turismo e do produto golfe, quanto melhor sucedido for um local na oferta de um am-
biente agradável para férias e lazer, mais visitantes atrairá e maior será o potencial de
impactes negativos na qualidade ambiental do destino. Aos ganhos proporcionados pelas
economias de escala do lado da produção, opõem-se as perdas e riscos associadas ao de-
créscimo marginal da mais valia económica e social por unidade de golfe consumida no
território. O ponto de equilíbrio entre estes “dois lados” do paradoxo é o desafio que im-
porta resolver.
Na temática da sustentabilidade, é hoje consensual que a sua prossecução depende da
acção conjunta sobre quatro domínios inter-relacionados: economia, ambiente, social e
institucional. O domínio ambiental é objecto de análise detalhada noutro ponto do Estudo,
focando o presente texto alguns tópicos sobre as áreas problema detectadas em matéria
económico-social e institucional. Em termos gerais e tendo presente o diagnóstico efec-
tuado ao longo do ponto 2.1, consideram-se os seguintes aspectos como os principais a
ter em atenção na resolução dos problemas do desenvolvimento sustentável do produto
na região:
• O produto golfe tem crescido a ritmos superiores aos registados noutras variá-
veis do sector do turismo, quer em termos de oferta quer em termos de procu-
ra. Esta dinâmica, reconhecida pelos documentos de estratégia regionais, confe-
rem o devido posicionamento e relevância ao produto mas não devem
proporcionar uma situação de sobre-investimento, pois outras variáveis, quer
internas ao próprio golfe como por exemplo a comparação das taxas de
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
121
crescimento marginais anuais da oferta e da procura, quer variáveis exógenas
como por exemplo as relações com as restantes áreas concorrentes e com a
própria economia do turismo e território, colocam questões no domínio da
estratégia da sustentabilidade e mais valia regional que importa monitorizar
cuidadosamente.
• Em 2001 face ao ano anterior, o crescimento do número potencial de voltas si-
tuou-se acima dos 14%, taxa que face ao número de intenções em projecto,
tende a manter-se elevada nos próximos anos. Neste mesmo período, a
variação anual da procura é de apenas 3%. Este intervalo de 11 pontos
percentuais face à oferta, a manter-se, poderá ser preocupante em termos de
perspectivas futuras para o desenvolvimento do mercado do produto de golfe,
dada a potenciação de uma oferta que pode não encontrar nas actuais
condições internas e externas, ritmos de procura equivalentes. Este é um
aspecto que importa detalhar em termos futuros, não só no sentido de
identificar causas endógenas e exógenas do comportamento da procura, mas
também monitorizar de forma prospectiva os possíveis impactes na estrutura de
negócio e na indústria do golfe na região, nomeadamente políticas de preços e
produção na óptica dos benefícios e mais valias regionais.
• Uma eventual política de baixos preços (do golfe) num produto cuja época alta
já coincide com uma época de menor preço do alojamento, não se afigura con-
sentânea com uma região que se tem afirmado internacionalmente com base na
excelência dos seus campos, alguns entre os melhores da Europa e do Mundo,
dificilmente compatíveis com uma possível estruturação da oferta baseada na
massificação do produto. Os preços médios praticados pelas empresas, verifica-
ram entre 1999 e 2002 um crescimento global na ordem dos 7% a 9% ao ano
para os preços médios ao balcão e operadores. Claramente acima da taxa de in-
flação e num período que já incorpora a tendência de valorização do euro face à
libra (moeda dominante da procura), esta evolução positiva traduz uma valori-
zação económica do recurso golfe que importa assinalar e procurar manter
Universidade do Algarve
122
assinalar e procurar manter interna às estratégias de desenvolvimento do
produto na região.
• Em termos de efeitos indirectos, urge ainda quantificar em termos de alojamen-
to a dimensão económica das segundas residências (e respectiva classificação
de um ponto de vista turístico), pois o seu peso na estrutura de acolhimento do
turista de golfe não é negligenciável. Este facto é ainda mais relevante numa
região que se vai afirmando como uma área de resort por excelência, cuja com-
patibilização com os meios de alojamento tradicionais não constitui um proble-
ma mas sim uma oportunidade de sustentação.
• Este conjunto de desafios constituem hoje uma preocupação que importa
internalizar pelos agentes com responsabilidades na gestão e planeamento do
sector na região (e no país). A promoção e qualificação do produto como
prioridade na actuação das entidades públicas, deve ter um equivalente na
parceria com o sector privado (de que é exemplo o Plano de Promoção Conjunta
do Golfe), resultando desta cooperação uma mais valia para a qualidade do
destino e respectiva comercialização.
• Finalmente, referira-se que este tipo de monitorização económica deverá consti-
tuir um instrumento válido para o desenvolvimento sustentável do sector. A sua
produção periódica em parceria público/privado, deve disponibilizar informação
de apoio aos processos de decisão na evolução do produto e dos seus impactes
na região, em particular para os agentes com responsabilidades no turismo e
em particular no produto golfe desportivo.
3.2. NA ÓPTICA DO AMBIENTE
No sentido de complementar a análise da sustentabilidade do sector do golfe, considera-
ram-se dois tipos de problemas de incidência ambiental sobre os quais importa reflectir:
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
123
• áreas críticas (relacionadas com os problemas de desempenho ambiental dos
campos de golfe, ao nível da gestão interna dos aspectos ambientais da activi-
dade);
• problemas estruturantes (de carácter institucional, relacionados com a posicio-
namento externo do golfe em relação aos instrumentos de gestão do território).
ÁREAS CRÍTICAS
A melhoria do desempenho ambiental dos campos de golfe depende do levantamento dos
aspectos ambientais relacionados com a actividade. Os aspectos ambientais do golfe de-
vem ser entendidos como quaisquer elementos desta actividade que possam interagir com
o ambiente. Estes aspectos podem dividir-se em aspectos operacionais e aspectos de
gestão. Os primeiros relacionam-se com o desempenho ambiental das diferentes opera-
ções e actividades do golfe, enquanto que os segundos dizem respeito aos esforços dos
gestores na implementação de medidas que permitam melhorar o seu desempenho
ambiental.
Com base na informação resultante do diagnóstico da situação de referência das incidên-
cias ambientais do golfe sintetizada no capítulo anterior, apresentam-se em seguida as
principais áreas críticas relacionadas com o desempenho ambiental dos campos de golfe.
A definição de um sistema de indicadores ambientais para o golfe constituiu uma ferra-
menta essencial para a prossecução deste objectivo.
ASPECTOS AMBIENTAIS OPERACIONAIS
As operações e actividades cujo desempenho ambiental se apresenta como crítico, mas
que pode ser melhorado mediante a adopção de boas práticas e das melhores tecnologias
disponíveis, incluem os seguintes aspectos operacionais:
• o consumo de água para rega;
A par do problema da quantidade extraída considera-se crítico o facto de a ori-
gem do abastecimento depender, em muitos campos, da captação de águas
Universidade do Algarve
124
subterrâneas. Dada a problemática associada à exploração destes recursos, a
reutilização de águas residuais na rega (consagrada no art.º 19 e 32 do Plano
de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve (INAG 2000) e na medida 49 do
Plano de Uso Eficiente da Água (INAG 2001)), surge como medida preventiva de
questões ligadas à sobreexploração de aquíferos (nomeadamente a intrusão sa-
lina).
• o consumo de fitofármacos e de fertilizantes;
Considera-se essencial que os campos de golfe associem o controlo das quanti-
dades consumidas com a informação sobre as quantidade de nutrientes
aplicadas (no caso dos fertilizantes) e ainda que se proceda a um controlo
integrado dos produtos químicos utilizados nas operações de manutenção dos
campos;
• o consumo de electricidade e de combustíveis;
O recurso a fontes de energia renováveis, nomeadamente solar, para os
buggies, considera-se uma medida importante, de modo a minimizar os
consumos de electricidade e combustíveis, bem como as emissões de poluentes
associadas;
• a produção de resíduos verdes;
Dada a grande percentagem de resíduos verdes produzidos, considera-se que a
compostagem destes resíduos permite não só mitigar o impacte negativo gera-
do pela produção total, bem como os associados ao elevado consumo de fertili-
zantes comerciais;
• a produção de resíduos perigosos;
Constitui por si só um aspecto que importa gerir, face à incerteza da quantidade
de resíduos perigosos produzida e ao risco de contaminação associado;
• a monitorização dos solos, da qualidade do ar, ruído e qualidade da água;
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
125
Monitorizar e relatar a qualidade do ambiente deve constituir-se como um pro-
cedimento formal e contínuo e informador das acções de gestão tomadas.
ASPECTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
Em resposta às pressões ambientais induzidas pela actividade, os gestores de campos de
golfe devem implementar um conjunto de medidas integradas com vista à melhoria do seu
desempenho ambiental. As áreas críticas relacionadas com estes aspectos para os campos
de golfe do Algarve incluem:
• a certificação ambiental de sistemas e programas de gestão;
Actualmente apenas 5 campos possuem um sistema de gestão ambiental certifi-
cado (de acordo com a Norma IS0 14001), enquanto que 7 campos possuem
um programa de gestão ambiental (de acordo com o Committed to Green e com
o Green Globe) encontrando-se três campos a implementar programas de ges-
tão ambiental de acordo com o Audubon. O princípio da melhoria contínua do
desempenho ambiental está subjacente à implementação destes instrumentos
voluntários pelo que estes constituem um bom indicador do grau de comprome-
timento das organizações para com a gestão ambiental. A esta vantagem acres-
cente-se ainda o facto de a certificação ambiental facilitar a avaliação de con-
formidade com a legislação, a definição de uma política ambiental para os cam-
pos, o levantamento dos aspectos e impactes ambientais da actividade, a defini-
ção de metas quantificáveis e a comunicação dos resultados da gestão a todos
os agentes interessados;
• Implementação de medidas de conservação da fauna e flora;
Mais de metade dos campos avaliados implementou medidas de conservação
das espécies de fauna e repovoamento de espécies vegetais autóctones,
revelando uma preocupação pela protecção dos valores naturais da região.
Entende-se que estas acções devem constituir uma preocupação efectiva de
todos os campos;
Universidade do Algarve
126
• A sensibilização e educação ambiental;
A disponibilização de informação de carácter ambiental e ecológico e a definição
de circuitos de interpretação da natureza constituem exemplos de indicadores
que permitem avaliar o empenho dos campos na sensibilização e educação
ambiental dos visitantes. Um outro exemplo de boas práticas nesta matéria
inclui a formação dos trabalhadores. Considera-se que estas acções se apresen-
tam ainda sub-exploradas em muitos dos campos avaliados pelo inquérito reali-
zado.
PROBLEMAS ESTRUTURANTES
As questões do licenciamento da actividade, da integração dos campos com os instrumen-
tos de gestão territorial, a sua localização e a integração dos aspectos ambientais desde a
fase de concepção, constituem alguns dos principais problemas estruturantes do golfe, no
que respeita às incidências ambientais.
O licenciamento desta actividade é condicionado por um conjunto de diplomas, obrigações
e restrições definidas em instrumentos de ordenamento do território e uso do solo. De
acordo com o PROTAL, os campos de golfe deverão integrar zonas de enquadramento
desportivo definidas em Áreas de Aptidão Turística (AAT), regulamentadas pelos Planos
Directores Municipais (PDM) e concretizadas pelos PP e PU. Na ausência destes instrumen-
tos de planeamento, o licenciamento destes equipamentos requer um pedido de autoriza-
ção prévia de localização à Comissão de Coordenação da Região do Algarve, referente a
instalações desportivas (Decreto-Lei n.º 317/97, de 25 de Novembro). As diferentes inci-
dências ambientais da actividade reflectem-se na necessidade de obtenção de um conjun-
to diversificado de pareceres, tais como o licenciamento do domínio hídrico e gestão dos
resíduos.
O requisito legal de avaliação dos impactes ambientais de um projecto de golfe foi intro-
duzido no ano 2000 através do Decreto - Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio. À semelhança
dos restantes sectores de actividade económica, o golfe ocupa um espaço no território,
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
127
território, consome recursos e possui benefícios e custos ambientais que devem ser
avaliados à partida.
Todos os projectos de campos de golfe situados em áreas sensíveis (que incluem áreas
protegidas e sítios da Rede Natura 2000) devem ser sujeitos à avaliação do conjunto de
alterações favoráveis e desfavoráveis produzidas em parâmetros ambientais e sociais, re-
sultantes da realização do projecto.
Nesta perspectiva, nem os projectos de novos campos devem ser encarados à partida
como uma ameaça nem os proponentes devem encarar o ambiente como um custo. A
valorização do ambiente deve ser cada vez mais reconhecida como uma oportunidade de
negócio, tanto mais que a qualidade ambiental é um dos factores de atractividade para os
desportistas.
Os conflitos de interesses observados entre os promotores de projectos e os avaliadores
dos seus impactes ambientais estão relacionados com a frequente incompatibilidade de
benefícios entre o desenvolvimento e a conservação de áreas protegidas e outros tipos de
bens públicos. No entanto, o entendimento desta discrepância não deverá colocar-se tanto
ao nível do carácter restritivo da legislação mas antes na definição de alternativas e
esquemas de compensação para as desigualdades criadas pelas diferenças entre as esca-
las dos benefíciários e pagadores pela conservação dos valores naturais.
No Algarve, verifica-se que dos empreendimentos turísticos com campos de golfe associa-
dos, que entraram em funcionamento antes do ano 2000, cerca de 16% localizam-se em
áreas protegidas e sítios classificados na Rede Natura 2000 e cerca de 20% em Zonas de
Protecção Especial. Esta situação reforça a necessidade de continuar a desenvolver siner-
gias entre os gestores destes campos e os das áreas protegidas, de forma a implementar
estratégias eficientes de conservação dos recursos e de prevenção da poluição.
A necessidade do reforço da cooperação institucional faz-se sentir igualmente noutras
áreas estruturantes tais como a reutilização de águas residuais para rega dos campos. A
utilização de água residual tratada proveniente de uma Estação de Tratamento de Águas
Universidade do Algarve
128
Residuais (ETAR) necessita de um contrato/protocolo prévio entre o campo de golfe e as
entidades que gerem a ETAR (e.g. um município). O abastecimento será garantido por
uma conduta cujo traçado e construção estará a cargo do município, ou de outras entida-
des, de acordo com o estabelecido entre os intervenientes. Posteriormente, a qualidade da
água a utilizar na rega será da responsabilidade dos campos de golfe, tendo esta que
cumprir os requisitos necessários para o seu emprego na rega (Decreto-Lei n.º 236/98, de
1 de Agosto).
No que respeita à área ocupada por campos de golfe, e respectivos empreendimentos,
esta corresponde a 0,73% da área total do Algarve, assistindo-se a uma localização
preferencial dos campos no litoral dos concelhos situados no Sotavento. Destaca-se o
concelho de Loulé pelo facto de apresentar o maior número (11) e a maior área de
concelho (3,56%) ocupada por empreendimentos com campos de golfe associados.
Registe-se contudo que, de acordo com a informação sobre os novos campos de golfe
previstos, verifica-se uma tendência para a exploração de áreas mais interiores e mais
dispersas no território algarvio.
Refira-se ainda, como aspecto estruturante da actividade, a necessidade de integrar os
aspectos ambientais desde o início da fase de concepção e arquitectura dos campos, por
forma a permitir a sua máxima integração na paisagem e ao mesmo tempo facilitar a me-
lhoria do desempenho ambiental das operações na fase de exploração. Desta forma, o
comprometimento dos gestores com a gestão ambiental dos campos pode ser facilitado
através da definição de um plano coerente e orientado por metas e objectivos ambientais
bem definidos e entendidos por todos os agentes relacionados com a organização.
3.3. NA ÓPTICA DA GESTÃO DAS PRÁTICAS AGRO-AMBIENTAIS
Os principais aspectos que devem ser considerados para a defesa da qualidade das águas
superficiais e subterrâneas, no âmbito da implantação de campos de golfe serão aqueles
que são susceptíveis de existir entre fertilizantes, produtos fitossanitários e certas formas
de poluição do solo por se basearem numa forma intensiva da exploração da terra. Nestas
condições a gestão dos recursos hídricos deve ser orientada e baseada nos seguintes as-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
129
aspectos: conservação dos recursos hídricos, reutilização de águas residuais, eficiência de
rega, manutenção dos lagos, controlo da contaminação – uso adequado de fertilizantes e
pesticidas.
Na agricultura, em campos de golfe e em espaços verdes de lazer, uma atenção especial
deverá ser prestada à rega, por meio da aplicação de sistemas de rega mais adequados e
pela utilização de águas residuais depuradas como alternativa, tanto mais que o período
de rega coincide com a maior produção de efluentes como consequência do aumento da
população flutuante no Verão. Considerando para o habitante-equivalente médio uma
produção de efluente de 160 L diários, nos seis meses que constituem a época alta, perío-
do este que coincide com as necessidades de rega mais elevadas, o caudal máximo teóri-
co disponível de água residual no Algarve aproxima-se dos 18 x 106 m3 por ano (Águas de
Portugal-Ambio, 2001) ou seja o necessário para suprir as necessidades de rega de um
máximo de 44 campos de golfe em situação normal. Três aspectos importantes deverão
ser tomados em consideração:
• O primeiro aspecto refere-se ao uso de técnicas culturais evoluídas, no sentido
de aumentar a eficiência da rega para promover uma maior economia de água.
• O segundo aspecto diz respeito ao facto de as águas residuais poderem
desempenhar um papel importante como fontes alternativas de abastecimento
de água e de nutrientes, devendo libertar recursos hídricos de melhor qualidade
para outros fins mais exigentes.
• O terceiro aspecto refere-se à origem da água. Verifica-se que as águas subter-
râneas estão a ser utilizadas em excesso (problemas de contaminação salina
gradual das águas e do solo), enquanto que as águas de superfície, de muito
melhor qualidade, são subaproveitadas.
A variação da dotação de rega total anual (m3/ha) verificada ao nível do consumo de água
nos vários campos, no mês de Julho (mês de máximas exigências hídricas), pode dever-se
ao facto dos campos estarem em locais sujeitos a microclimas diferentes (desde o
Universidade do Algarve
130
Sotavento ao Barlavento); diferenças nas características edafo-climáticas e do relevo do
próprio campo e sistema de rega utilizado.
Quanto a análises da salinidade da água de rega, verifica-se que as amostras são recolhi-
das em épocas diferentes, tornando assim difícil a realização de estudos comparativos.
Através dos valores das análises efectuadas, será de temer salinização dos solos e / ou
contaminação de aquíferos em dois dos campos de golfe (ECw > 2250dS/m), em cinco
outros campos poderá haver problemas (2250 < ECw < 750dS/m), e finalmente nos três
restantes não é de temer contaminação salina ECw < 750dS/m.
Uma das consequências nefastas da aplicação de adubos na agricultura intensiva associa-
da à rega pode ser também a salinização gradual dos solos e das águas subterrâneas. Os
cloretos encontram-se presentes em todas as águas naturais com grande amplitude de
concentrações. Para contrariar o processo de salinização provocado pela rega têm-se utili-
zado quatro técnicas:
• Problemas relacionados ao nível radicular por meio de lixiviação do solo – duas
opções podem ocorrer – quando ocorre um horizonte impermeável, os sais con-
centrar-se-ão acima desse horizonte; por outro lado, quando não existe horizon-
te impermeável, pode ocorrer contaminação do aquífero;
• Uso de rega gota a gota enterrada – economia de água e por conseguinte
menos sal adicionado; contudo, o problema da contaminação da água
subterrânea subsiste, devido à chuva ou a lixiviação provocada;
• A fertilização aumenta a tolerância das plantas à salinidade, mas por outro lado
pode provocar poluição como acontece com o nitrato;
• Utilização de culturas tolerantes à salinidade – esta técnica é muito eficiente em
relação às culturas, mas não resolve o problema da contaminação do solo e das
águas subterrâneas.
A fertilização que é efectuada nos campos de golfe permitiu-nos observar que se distingue
entre a que é efectuada à instalação e a que é necessária para a manutenção e, num e
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
131
noutro caso, entre as zonas da exploração intensiva que deve ser merecedora de maiores
cuidados na utilização fundamentalmente dos adubos azotados. Neste sentido, supomos
que convirá, obviamente, não exagerar o uso de fertilizantes e ter presente que o interes-
se económico e social dos campos de golfe permite, com certeza, pelo menos nas zonas
“nobres” aumentos de encargos, tais como um maior fraccionamento dos adubos azotados
que são aplicados com maior frequência deverá, tanto quanto possível, ser efectuado
através de fertirrega para garantir uma melhor gestão ambiental. Neste sentido, a fertir-
rega contribuirá para uma melhor racionalização do uso dos fertilizantes, pelo facto da sua
aplicação ser efectuada nas quantidades suficientemente necessárias para o crescimento
dos relvados, evitando assim perdas por lixiviação.
Dadas as características particulares deste tipo de exploração, as potenciais agressões
ambientais causadas pela aplicação de determinadas quantidades e tipos de fertilizantes
nos campos de golfe podem ser praticamente nulas por se verificar um predomínio de
gramíneas e de estas serem dotadas de elevada aptidão de absorverem principalmente o
azoto, permitindo deste modo que a maioria dos nutrientes se acumule menos nos solos
e, por tal motivo, seja menos provável que vá poluir as águas de superfície e subterrâ-
neas.
De facto, não pode negar-se a possibilidade de os fertilizantes (ex.: nitratos e fosfatos), e
pesticidas, quando aplicados aos solos que suportam os campos de golfe, poderem causar
certas formas de poluição susceptíveis de serem transferidas para as águas; no entanto, é
fácil demonstrar que tais fenómenos podem ser contrariados, ou mesmo eliminados desde
que a aplicação dos fertilizantes e produtos fitossanitários, em termos de quantidade e, de
épocas e de técnicas de aplicação, seja correctamente adaptada a este condicionalismo.
3.4. NA ÓPTICA DO NEGÓCIO
O PONTO DE VISTA DOS CONSUMIDORES
Nesta fase do estudo, a identificação das áreas problema sistematiza as percepções da
oferta e da procura.
Universidade do Algarve
132
Na óptica do consumidor, os pontos fortes percebidos são os atributos do campo e o clima.
Quadro 3.1 Pontos Fortes e Fracos na Óptica do Consumidor
Pontos Fortes Pontos Fracos Áreas Criticas
Design campo Preço Sobrecarga dos campos existentes (Mais Campos/Redução nº jogadores; Só
Jogadores C/ Handicap)
Manutenção/Qualidade Demasiados jogadores Preço/Qualidade (Redução do Preço; Gestão/Manutenção)
Clima Elevada Temperatura/Vento
Diversificação e promoção (Programas para Jovens; Mais Marshals no
Campo; Melhor Sinalética; Mais Informação)
Beleza/Paisagem Jogadores com handicaps altos
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Os pontos fracos não se correlacionam com as condições do campo, mas sim com a sua
taxa de ocupação e com o preço. A partir das sugestões indiciadas pelos consumidores
identificam-se claramente três áreas criticas: A saturação dos campos; o binómio pre-
ço/qualidade e a diversificação e promoção.
A preocupação existente com o preço e com o overbooking dos campos existentes, sugere
a necessidade de mais campos, quer para forçar a diminuição do preço, quer para aliviar a
sobrecarga dos existentes.
O PONTO DE VISTA DOS EMPRESÁRIOS
Com base na percepção que os gestores possuem das principais críticas e dos principais
pontos favoráveis dos seus campos na óptica dos seus clientes, identificam-se os pontos
fortes e fracos, bem como as áreas criticas na óptica do empresário.
Quadro 3.2 Pontos Fortes e Fracos dos Campos na Óptica do Empresário
Pontos Fortes Pontos Fracos Áreas Criticas
Paisagem Construção Imobiliária/ Ambiente
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
133
Layout Jogo Lento na Estação AltaJogadores com altos
handicaps
Manutenção Greens Difíceis; Demasiados Obstáculos Água, Fairways
Estreitos
Saturação dos campos
Design dos campos
Localização Acessibilidades, Estradas Localização/ Acessibilidades
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
De reter a acessibilidade como um dos principais pontos fracos em contrapartida do layout
e da paisagem como principais pontos fortes. As grandes áreas problema percebidas pelos
empresários centram-se em três grandes domínios: Localização e acessibilidades (estra-
das); problemas de rentabilização do negócio, (a imobiliária associada e o seu impacto em
termos de paisagem) e o design dos campos, dum modo geral os campos de golfe apre-
sentam um layout conivente com campos de alta competição, afastando assim, o turista
comum que utiliza o golfe como actividade complementar ao lazer.
Na óptica da rentabilização do negócio identificam-se no quadro seguinte um conjunto de
obstáculos ao investimento.
Quadro 3.3 Obstáculos ao Investimento
Escala: 1 mau...5 sem importância N Média Moda Desvio Padrão
Desadequação dos sistemas de incentivos 12 3,00 3,00 0,85
PROTAL/PDM 12 2,92 1,00 1,56
Elevada concorrência 9 3,11 4,00 1,62
Desadequação da estratégia de promoção do turismo de golfe no Algarve 10 3,00 3,00 1,15
Elevado período de recuperação do investimento 12 2,83 2,00 1,34
Legislação ambiental 12 2,25 1,00 1,54
Universidade do Algarve
134
Barreiras à entrada 9 3,67 3,00 1,32
Outros 12 67,25 99,00 46,91
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
Os principais obstáculos ao investimento surgem relacionados com a legislação ambiental
portuguesa e os planos de ordenamento do território. Nas preocupações dos investidores
surgem ainda os sistemas de incentivo, que se encontram desadequados, o elevado perío-
do de recuperação do investimento e a estratégia promocional do país e em particular da
região.
NECESSIDADES DE EXPANSÃO DA ACTIVIDADE
À questão colocada "Considera Importante o Aparecimento de Mais Campos de Golfe?" a
resposta é clara quanto ao aumento da quantidade de empreendimentos de golfe, com
90% de respostas afirmativas. O número apontado como limite é 5, isto é, os inquiridos
consideram que o surgimento de 5 novos campos de golfe seria razoável. Como justifica-
ções principais, são apontadas razões de ordem comercial, reforço do posicionamento
internacional da região e de ordem promocional da modalidade. Os novos empreendimen-
tos necessitariam de manter elevados níveis de qualidade bem como de hotéis de 4 e 5
estrelas associados, em média seriam necessários mais 20 hotéis.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
135
Gráfico 3.1 Necessidade de Hotéis por Zona do Algarve
0
1
2
3
4
5
Barlavento Sotavento Sotavento/Costa Vicentina
Sotavento/Serra
Todo Algarve
n.º
de h
otei
s
Fonte: Universidade do Algarve, 2002 - 2003
A escolha da localização de novas unidades hoteleiras de 4 e 5 estrelas estende-se por
todo o Algarve, notando-se, contudo, uma forte tendência para o Sotavento onde a exis-
tência de equipamentos hoteleiros é claramente insuficiente dado o desenvolvimento turís-
tico assumido nas duas últimas décadas.
Além dos hotéis, os gestores inquiridos referem a necessidade dos campos actuais e a
construir serem habilitados com melhores acessos e sinalética e, curiosamente, a grande
maioria aponta carências a nível do aluguer de viaturas.
OS PROBLEMAS ESTRUTURANTES
A dinamização da actividade do golfe na região pressupõe:
• Uma maior dinâmica ao nível das infraestruturas de apoio regionais e, em particular
dos transportes internos.
Universidade do Algarve
136
• Programas de promoção conjunta do Algarve em mercados diversificados, por for-
ma a aligeirar a concentração da quota de mercado nos países habituais.
• A flexibilização burocrática dos programas de incentivos e dos processos de licen-
ciamento dos campos.
• A diversificação de mercados para, captar novos segmentos que de alguma forma
aliviem a sazonalidade do golfe e, permitam utilizar o campo nas horas e dias de
menor saturação.
• Manter o binómio qualidade/preço
• Rentabilizar o negócio, neste domínio muito há ainda fazer em termos de relatórios
futuros por forma a determinar qual é o negócio âncora, o Golfe ou o Alojamento?
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
137
Universidade do Algarve
138
CONCLUSÃO
Um Estudo, ainda em fase de desenvolvimento, não pode apresentar conclusões definiti-
vas. É certo que a fase de diagnóstico permitiu identificar um conjunto de áreas problema
associadas à actividade do Golfe na Região do Algarve nas suas várias dimensões, da
mesma forma que reconhece que esta actividade proporciona benefícios de natureza eco-
nómica, social e empresarial que são muito positivos. As conclusões específicas e também
recomendações para cada uma das áreas foram apresentadas em detalhe no Capítulo III.
Como conclusões gerais, nesta fase do trabalho, podemos afirmar, em síntese:
• Encontram-se estabelecidas, de uma forma sintética, as grandes questões com que
se confronta a actividade do Golfe no Algarve e a forma como se insere na estraté-
gia de desenvolvimento da Região;
• A actividade do Golfe e os seus impactos directos e indirectos que induz podem
estabelecer uma lógica de complementaridade com a principal indústria da Região:
o turismo, ou mesmo inserir-se num quadro mais vasto do cluster lazer-turismo;
• Essa lógica de complementaridade não se constitui num factor acessório dessa acti-
vidade, mas justifica, só por si, uma abordagem individualizada com prioridades
estratégicas e objectivos enunciados de forma clara e consistentes com as
potencialidades de desenvolvimento sustentável da Região;
• O Golfe é uma actividade que depende do capital natural, do seu uso e da sua
valorização, mas pode também produzir impactes negativos que, ao não serem
objecto de mitigação, podem implicar danos ambientais de natureza irreversível;
• O diagnóstico da situação actual da actividade, face à informação tratada, não
detectou situações de risco ambiental significativo, embora tivessem sido
assinaladas áreas críticas, resultantes, na maioria das vezes, da ausência de boas
práticas de gestão, não só ambiental, mas também económica;
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
139
• A competitividade da indústria do golfe e das empresas que a promovem deve ser
objecto de maior aprofundamento no que se refere a algumas variáveis: estrutura
de mercado, rendibilidade financeira e económica, tipologia da segmentação e mo-
delos de oferta conjunta. O desenvolvimento da actividade do golfe surge num
quadro de complementaridade com outros produtos, no entanto, esta relação
carece de um estudo específico.
Concluído o diagnóstico e identificadas as áreas problema confrontamo-nos com a análise
prospectiva do golfe na Região do Algarve, isto é, com o seu desenvolvimento num qua-
dro de sustentabilidade.
A análise do desenvolvimento sustentável da indústria do golfe será objecto de vários ce-
nários que incluam:
• O levantamento das intenções de instalação de novas unidades de prática do golfe
na Região do Algarve;
• A análise da procura potencial e dos seus vários segmentos;
• Os impactos potenciais económicos e sociais do desenvolvimento da actividade,
mediante variantes de maior ou menor optimismo na prossecução das novas
intenções de investimento;
• As estratégias de localização e as acessibilidades associadas;
• Os impactes ambientais nos diferentes recursos: água, solo, paisagem, biodiversi-
dade, ruído e ar.
• Os impactos na estrutura produtiva da Região, nomeadamente a configuração e
quantificação dos efeitos indirectos sobre os restantes domínios turísticos de supor-
te à estada do turista de golfe.
Universidade do Algarve
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Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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Universidade do Algarve
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ANEXO I CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CAMPOS DE GOLFE EXISTENTES NO ALGARVE
Nome do Campo Concelho Comprimento (m) Buracos (n.º) Par (n.º)
Alto Golf & Country Club Portimão 6125 18 72
Balaia Golf Village Albufeira 877 9 27
Pine Cliffs Albufeira 2274 9 33
Salgados Golf Club Albufeira 6080 18 72
Benamor Golf Tavira 5497 18 71
Castro Marim Golf & Country Club Castro Marim 5466 18 71
Gramacho Course Lagoa 6107 18 71
Vale de Milho Lagoa 1845 18 54
Pinta Course Lagoa 6151 18 71
Laguna Course Loulé 6133 18 72
Millenium Course Loulé 6143 18 72
Ocean Golf Course Loulé 5495 18 72
The Old Corse Loulé 6254 18 73
Pinheiros Altos Loulé 6049 18 71
Quinta do Lago/Norte Loulé 6205 18 72
Quinta do Lago/Sul Loulé 6448 18 72
Royal Golf Course Loulé 6175 18 72
San Lorenzo Loulé 6238 18 72
Vila Sol Loulé 9414 27 72
Pinhal Golf Loulé 6300 18 72
Palmares Golf Lagos 5961 18 71
Quinta da Boavista Lagos 6053 18 71
Parque da Floresta Vila do Bispo 5524 18 72
Penina Academy Portimão 1851 9 30
Penina Championship Portimão 6273 18 73
Penina Resort Portimão 2987 9 35
Quinta da Ria Tavira 6016 18 72
Quinta de cima Tavira 6256 18 72
Fonte: RTA (2003); Federação Portuguesa de Golfe (2003)
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
155
Universidade do Algarve
156
ANEXO II METODOLOGIAS PARA A RECOLHA DA INFORMAÇÃO
A recolha de informação realizada divide-se entre inquéritos à procura, que pressupunham
amostragem e entrevistas à oferta que contemplou todo o universo.
INQUÉRITOS À PROCURA
O universo em estudo, relativamente ao qual se pretende fazer inferência, é o conjunto
dos turistas praticantes de golfe que utilizaram os empreendimentos de golfe do Algarve
durante o segundo semestre de 2002 e primeiro trimestre de 2003.
Por turista entender-se-á todo o indivíduo que se desloca ao Algarve por um período infe-
rior a 12 meses consecutivos, e superior a 24 horas ou uma noite, e cujo propósito da via-
gem não está relacionado com uma actividade profissional a exercer nesta. O elevado
número de indivíduos incluídos neste universo e a relativa sazonalidade da procura de gol-
fe, levou à definição de três momentos de inquirição: Março/Abril, Julho/Agosto e Outu-
bro/Novembro.
Estes meses correspondem aos maiores índices de sazonalidade conforme se verifica no
gráfico seguinte.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
157
Gráfico II.1 Número de voltas por meses, no Algarve
0
20
40
60
80
100
120
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
n.º
de v
olta
s (x
1000
)
2000 2001
Fonte: Algarve Golfe
Mesmo admitindo motivações diferenciadas da procura em cada um dos períodos, é ad-
missível assumir a existência de homogeneidade comportamental o que permitirá inferir a
uniformidade na população que nos visita em cada um destes momentos e, deste modo,
extrapolarem-se os resultados da amostra aleatória considerada a todo o universo.
O método de recolha da informação basear-se-á nas entrevistas directas e pessoais, já
que estas apresentam uma maior taxa de resposta e uma melhor inteligibilidade da per-
gunta motivada pela assistência pessoal de um inquiridor formado. O questionário de su-
porte à entrevista está estruturado de forma a incluir perguntas fechadas e abertas.
O questionário foi sujeito a um pré-teste efectuado por meio de algumas entrevistas com
o objectivo de detectar eventuais erros de lógica e/ou de percepção das perguntas.
A forma de recolha da informação tem presente a estratificação da amostra por segmen-
tos de mercado, períodos de recolha e local de inquirição.
Universidade do Algarve
158
Para esta segmentação utiliza-se o mercado nacional e estrangeiro, incluindo a análise por
país de residência, de acordo com estimativas da distribuição das voltas de golfe. Estas
estimativas foram apuradas com base em sondagens realizadas junto dos principais em-
preendimentos.
Gráfico II.2 Número de voltas por nacionalidades no Algarve
0
200
300
400
500
600
n.º
de v
olta
s (x
1000
)
100
ReinoUnido
Irlanda Alemanha PaísesEscandinávos
Holanda Portugal Outros
Fonte: Algarve Golfe
ESTRUTURAÇÃO DO INQUÉRITO
A estruturação do guião da entrevista foi desenvolvida com base no quadro conceptual
das necessidades de informação e em recolhas bibliográficas efectuadas, bem como em
anteriores inquéritos.
O inquérito inicia-se com uma caracterização do jogador de golfe: - local de residência;
idade; sexo; agregado familiar e duração da estadia.
Pretende-se de seguida segmentar a procura pelos seguintes aspectos:
• Motivações e percepção
• Comportamento da procura entre os quais
• Tipo de alojamento
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
159
• Meios de transporte utilizados
• Formas de recolha da informação
Numa segunda parte do inquérito pretende-se determinar as percepções do consumidor
relativamente à oferta e avaliar o seu grau de satisfação:
• Factores de escolha (valorização dos atributos do produto que determinaram a es-
colha)
• Grau de fidelização da procura (base para perspectivar as tendências e estimar
mercado potencial)
• Grau de satisfação do golfista (medido pela probabilidade de retorno e pelas refe-
rências dadas sobre o destino)
Numa terceira parte do inquérito pretende-se determinar o impacto económico directo e
indirecto do golfe, em termos de gastos do consumidor. Esta componente estrutura-se em
duas grandes partes:
• Práticas de golfe (onde se caracteriza os hábitos e técnicas de jogo, frequência de
jogo e sazonalidade da procura);
• Preços dos green fees, trolleys, buggyes (base para inferir receitas)
• Tipologia de gastos
• Circuito de comercialização.
O inquérito termina com um conjunto de questões versando o problema ambiental, cujo
principal objectivo é avaliar a sensibilidade dos consumidores para esta problemática.
O documento foi disponibilizado em português e inglês.
Os inquéritos são concretizados por finalistas da Universidade do Algarve, devidamente
formados para o efeito, através do método da entrevista directa. A selecção dos inquiridos
é aleatória após prévia despistagem de acordo com a estratificação. Estas decorrem, após
a realização das voltas, nos club houses dos campos com maior procura de jogadores.
Os inquéritos serão revistos individualmente, codificados, passados a suporte magnético e
tabelados de acordo com um plano previamente definido.
Universidade do Algarve
160
O seu tratamento está a ser efectuado com base no programa SPSS o qual permite, para
além do apuramento por questão, uma análise de estatística descritiva e multivariada e a
consequente aferição do grau de significância das variáveis na explicação da procura.
As entrevistas foram realizadas nos períodos de Julho/Agosto e Outubro/Novembro de
2002 e a realizar no período de Março/Abril de 2003 e o seu número está relacionado, em
cada um dos momentos, com a ponderação encontrada nos índices de sazonalidade. Os
locais de inquirição foram escolhidos com base na distribuição das voltas percorridas anu-
almente em cada um dos campos existentes.
DIMENSÃO DA AMOSTRA
Atendendo ao tipo de informação final pretendido e aos custos envolvidos no processo
amostral, a escolha da dimensão adequada da amostra teve presente os seguintes facto-
res:
• A distribuição da variável em estudo,
• O grau de confiança e o nível de precisão dos resultados,
• A variabilidade do universo alvo.
Para o efeito estudou-se o número médio de voltas que utilizaram os diversos percursos,
pelo que os factores citados têm o seguinte tratamento:
Factor a) Pelo Teorema do Limite Central, é possível efectuar uma aproximação da distri-
buição amostral da média à distribuição normal, o que é justificado pela dimensão relati-
vamente elevada da amostra utilizada.
Factor b) Pretendeu-se garantir, com um nível de confiança de 99%, que o verdadeiro
número médio de voltas de golfe no Algarve, em 2002, se encontra no intervalo estimado.
Factor c) Perante o desconhecimento da variabilidade do universo, houve que utilizar uma
sua estimativa, com base em informação sobre o número de voltas de jogadores de golfe
no Algarve no período de 1997 a 2001
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
161
Quadro II.1 Número de Voltas por ano
Anos Número Voltas
1997 654 389
1998 764 426
1999 832 460
2000 877 007
2001 904 623
Fonte: Algarve Golfe
Dado o grau de confiança (1- α) e o nível de precisão (D) e por recurso à seguinte fórmu-
la:
( )2
222/
DSZn α=
Onde:
n - dimensão da amostra
2/αZ - valor da distribuição normal
S - desvio padrão
D - nível de precisão
Concluiu-se que a dimensão da amostra a recolher para o estudo da variável acima indi-
cada é de 600 voltas, pressupondo que cada jogador joga duas ou mais voltas por estada.
Uma amostra de 600 jogadores corresponde a mais de 1200 voltas.
A distribuição da amostra foi centrada nos três períodos de recolha de informação.
Para efeitos desta estimação, consideramos que os campos Boavista, Quinta da Ria e Cas-
tro Marim com início de actividade mais recente e histórico reduzido, teriam uma procura
semelhante aos empreendimentos congéneres localizados nas mesmas áreas geográficas.
Tomando por base o peso dos empreendimentos em termos de voltas anuais e a distribui-
ção estimada dos jogadores por nacionalidades, obtivemos a distribuição da amostra por
campos e por nacionalidades, cujos quadros se encontram em anexo.
Universidade do Algarve
162
ENTREVISTAS À OFERTA
O universo em estudo abrange a totalidade dos empreendimentos detentores de campos
de golfe situados na NUTS II Algarve em actividade no ano de 2001.
Quadro II. 2 Campos de Golfe no Algarve, 2001
Nome Campo Número Buracos
Parque da Floresta 18
Boavista 18
Palmares 18
Penina 27
Alto Golfe 18
Pinta Course 18
Gramacho Course 9
Vale Milho 9
Salgados 18
Pine Clifs 9
Vila Sol 18
Vilamoura Old Course 18
Vilamoura Laguna 18
Vilamoura Pinhal 18
Vilamoura Millenium 18
Vale do Lobo Royal 18
Vale do Lobo Ocean 18
Quinta do Lago 18
Ria Formosa 18
Pinheiros Altos 18
São Lourenço 18
Benamor 18
Quinta da Ria 18
Castro Marim 18
Fonte: Algarve Golfe
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
163
A recolha de informação nos campos de golfe inicia-se com um inquérito aos campos de
golfe de cariz mais económico e financeiro, a ser respondido pelo director da empresa.
Paralelamente, e dada a especificidade da informação a recolher, foram realizadas entre-
vistas pessoais e dirigidas aos greenkeepers sobre questões ambientais.
Para o primeiro inquérito às empresas de golfe, fixaram-se os seguintes objectivos: • Identificação dos principais factores competitivos dos empreendimentos do Algarve; • Determinação do impacte local e regional; • Avaliação das vantagens competitivas e estratégias; • Avaliação do desempenho económico e financeiro; • Impactos dos campos de golfe a montante e a jusante.
O inquérito é naturalmente extenso face às necessidades de obtenção de dados. Está divi-
dido em três grandes grupos de questões, pretendendo analisar: • A empresa; • A actividade; • Os impactos económicos e financeiros gerados.
São identificadas as empresas exploradoras e ou detentoras dos campos de golfe, visando
a avaliação do desempenho socio-económico e ambiental das unidades turísticas de
suporte à prática do golfe (campos de golfe, country clubes e respectivos empreendimen-
tos turísticos) actualmente em funcionamento no Algarve e o estabelecimento de indicado-
res que possibilitem estimar o efeito cumulativo do conjunto da actividade na região, inte-
grando as vertentes socio-económica e patrimonial.
As diversas questões permitem inferir quais as características do campo que os seus res-
ponsáveis percebem como as desejadas pelos clientes, visando questões como o seu tra-
çado, a sua dificuldade, o interesse. Também são recolhidos indicadores de gestão. Nesta
vertente pretende-se constituir uma matriz de diagnóstico estratégico, caracterizando os
campos de golfe do Algarve e a concorrência, fundamentalmente ao nível da estratégia e
do desenvolvimento da actividade.
Questões relacionadas com a imobiliária turística, gastos dos turistas, modos de viagem,
hábitos dos turistas, frequência de visita e investimentos directos e indirectos, constituem
indicadores necessários para uma análise custo-benefício.
Universidade do Algarve
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As entrevistas aos greenkeepers versam sobre questões de gestão ambiental, a sua
abrangência justifica-se pela importância do golfe no Algarve e a estreita dependência
entre esta actividade e os recursos ambientais, com características próprias da sua situa-
ção mediterrânica, correspondendo a uma avaliação de critérios e opções de desenvolvi-
mento deste sector, a nível regional, com o objectivo último de definir uma matriz/modelo
de avaliação.
O tratamento dos dados obtidos será suportado pelas mesmas técnicas utilizadas nos in-
quéritos à procura.
METODOLOGIAS DE TRATAMENTO DE DADOS
O tratamento dos dados realizou-se com recurso ao SPSS v.11, software de tratamento
estatístico, que permitiu uma representação mais acessível da informação.
A análise de componentes principais foi aplicada na sua dimensão exploratória visando
atingir uma representação mais acessível da informação referente aos atributos percebi-
dos pelo Golfista, no momento da escolha. A sua adequação à aplicação desta análise foi
efectuada através do teste de esfericidade de Bartlett e da estatística de Kaiser - Meyer -
Olkin (KMO).
Utilizou-se também o teste de Barlett que apresentou um valor elevado e um nível de sig-
nificância associado suficientemente baixo, pelo que se rejeita a hipótese de qualquer das
variáveis utilizadas serem resultado da combinação linear de alguma das restantes, isto é
não é dependente de nenhuma das outras.
O critério utilizado para determinar o número de factores a extrair foi o de Kaiser. Este
método consiste na extracção das componentes cujos valores próprios sejam inferiores à
média.
A análise de clusters sendo um método exploratório permitiu agrupar os consumidores em
grupos relativamente homogéneos. Utilizaram-se como variáveis de segmentação os fac-
tores determinados na análise de componentes principais. O método de análise de clusters
utilizado foi o hierárquico. Esta técnica resulta da estimação de uma matriz de semelhan-
ças ou diferenças em que cada elemento da matriz descreve o grau de semelhança ou
diferença entre cada dois casos com base nas variáveis escolhidas.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
165
Na aplicação do método utilizou-se o critério de Ward (1963) que se baseia na perda de
informação resultante do agrupamento dos indivíduos e medida através da soma dos qua-
drados dos desvios das observações individuais relativamente às médias dos grupos em
que estão classificadas. Este método pode ser descrito pelas seguintes etapas: • Primeiro são calculadas as médias das variáveis para cada grupo, • Em seguida são calculadas as distâncias euclidianas ao quadrado entre essas
médias e os valores das variáveis para cada indivíduo, • Calcula-se o somatório das distâncias para todos os endividámos, • Finalmente minimiza-se a soma dos quadrados dos erros dentro dos grupos.
Como critério de selecção do número óptimo de clusters utilizou-se o dendograma.
Shmanske, S, (1998), apresenta uma análise discriminante na determinação dos preços do
golfe para 46 campos dos Estados Unidos, técnica que irá também ser utilizada neste tra-
balho. A sua utilização vai permitir a verificação dos resultados alcançados pelas análises
anteriores e, simultaneamente, enriquecê-las. A análise discriminante possibilita a elabora-
ção de uma regra de afectação dos elementos aos grupos distinguindo os diferentes tipos
de variáveis como explicativas e dependentes. Utilizar-se-ão os dois principais métodos de
análise, o método directo e o método passo a passo, dentro da técnica de dois grupos ou
simples.
As técnicas estatísticas utilizadas pretendem estabelecer grupos de variáveis de segmen-
tação compostos por:
Variáveis de caracterização social e demográfica: país de residência, grupo etário e classe
social.
Variáveis de segmentação psicográfica: percepções, motivações e hábitos de jogo.
As técnicas identificadas foram complementadas com uma análise descritiva das principais
variáveis dos inquéritos, com o propósito de caracterizar o processo de compra e jogo dos
golfistas.
Universidade do Algarve
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ANEXO III LISTAGEM AGÊNCIAS DE VIAGEM INGLESAS QUE COMERCIALIZAM O PRODUTO GOLFE DE ACORDO COM ICEP (2002)
3 Golf Plc
Algarve Select
Ashfield Golf & Leisure Ltd
Bill Goff Golf Tours Ltd
British Airways Golf
Exclusive Golf Tours
Golf Amigos
Golf and Leisure Breaks
Golf Holidays International
KB Golf Ltd
Leisure Link
Leisure Persuit Group – The Golf Travel Club
Longmere Travel
Longshot Golf Holidays
Lotus Supertravel Golf
Select World Golf
Serenity Golf
Simply Golf Holidays
estudo cofinanciado por INOValgarve
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