embraer - davi.ws
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Revista do Comando-Geral do Ar Nº 01 - Janeiro 2000
Guerra Eletrônica: “Quo Vadis?”
Banco de Dados CorporativosBase para GE
Análise Operacional
Missile Approach Warning Systems
Embraer
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e sensores de reconhecimento a tornam de-
pendente do espectro eletromagnético.
Essa dependência é resultado da evo-
lução que tem ocorrido no campo de ba-
talha e, em particular, na Guerra Eletrôni-
ca. Hoje verificamos que a Guerra Eletrô-
nica tornou-se muito mais letal e ofensiva,
que passou a determinar o como fazer (arte)
para explorar as tecnologias (ciência) exis-
tentes num cenário operacional.
O entendimento correto dessas mudan-
ças é importante na definição dos processos
de guerra, de capacitação do homem, dos
recursos materiais e de uma estrutura siste-
matizada da Guerra Eletrônica como ativida-
de, de modo a apresentar como resultado
uma força aérea com conhecimento e recur-
sos para competir, com grande probabilida-
de de sucesso, nos campos de batalha con-
temporâneos.
Para Onde Vais (“Quo Vadis”)?
Nas forças aéreas que mais se destacam
no mundo a Guerra Eletrônica está siste-
matizada e estruturada com a finalidade de
buscar a excelência na metodologia (estra-
tégica e tática) e na tecnologia (ciência)
empregadas no campo de batalha. Esse mo-
delo organizacional resulta em diminuição
do coeficiente de atrito, aumento da
letalidade, realização mais rápida do ci-
clo de comando e controle, melhor apro-
veitamento dos meios disponíveis e, o que
é mais importante, constante evolução da
maneira de pensar e agir nos teatros de
guerra.
Várias são as maneiras que essas forças
aéreas uti l izam para sistematizar e
estruturar a atividade de Guerra Eletrôni-
ca. Dois aspectos, entretanto, têm sido co-
muns:
a) é uma atividade considerada muito im-
portante, devido à sua função ímpar e de-
cisiva nos conflitos contemporâneos (na
Royal Air Force é a atividade que agrega o
maior contingente de oficiais); e
b) tem maior efetividade quando atua ao
mesmo tempo nas áreas de recursos huma-
nos (capacitação e treinamento), inteligên-
cia, técnica e operações (análise
operacional).
A capacitação de recursos huma-
nos em Guerra Eletrônica é funda-
mental, pois o homem é o compo-
nente mais importante num cenário
operacional. Ele percebe, planeja,
julga, decide e age. Prepará-lo para
atuar no teatro de guerra aumenta a
probabilidade de sucesso de uma
força aérea. A importância que é
dada à capacitação do homem nes-
sa área pode ser notada pela quantidade de
cursos existentes no mundo, principalmen-
te no nível de pós-graduação (mestrado,
doutorado e pós-doutorado).
A capacitação dos recursos humanos da
Força Aérea Brasileira para essa atividade
deve ser realizada dentro de uma política
coerente com as necessidades dos cenários
operacionais contemporâneos. Isso requer
um programa de capacitação norteado pela
busca da excelência, cuja proposta peda-
gógica atenda a todos os níveis da guerra,
considere as características mutantes e inu-
sitadas do combate e prepare o homem para
entender e explorar as interações que ocor-
rem no teatro de guerra e, até mesmo, para
gerar novas concepções e tecnologias vol-
tadas para o emprego da força (�know-
why�).
A atuação da Guerra Eletrônica na área
de inteligência deve ser realizada visando
diminuir a incerteza da decisão e aumentar
a velocidade do ciclo de comando e con-
trole. Isso requer a utilização de todas as
fontes possíveis nos processos de busca e
coleta e a integração das informações pro-
A capacitação de recur-sos humanos em Guer-
ra Eletrônica é funda-mental, pois o homem
é o componente maisimportante num cená-
rio operacional
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MAWS – Uma Nova Tendência em Sistemas de Autodefesa paraAeronaves
Cap.-Av. Davi Rogério da Silva Castro eCap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães � CGEGAR
Em um teatro de guerra cada vez mais
complexo e tecnologicamente sofisti-
cado, somente sistemas de autodefesa
eficientes podem garantir a sobrevivência da
aeronave de combate e, conse-
qüentemente, a plena realiza-
ção da missão. O conceito de
sistema de autodefesa eficiente
é relativo e está estritamente
relacionado com o cenário de
emprego da plataforma a ser
protegida. Considerando-se as
principais ameaças presentes
em um cenário moderno típico,
contendo radares de vigilância,
aquisição e diretores de tiro,
mísseis ar-ar, terra-ar, com sis-
temas de guiamento passivo,
ativo, ou semi-ativo, qual seria
a definição de um sistema de
autodefesa eficiente?
Por muito tempo a escolha
mais comum recaiu sobre siste-
mas compostos por RWR�s (Ra-
dar Warning Receiver) e
lançadores de chaff/flare. Um
passo seguinte em sofisticação
incluiria sistemas de
contramedidas eletrônicas
(AECM - �Active Electronic
Countermeasures� ou pods de
CME - Contramedidas Eletrôni-
cas) que podem realizar �Escort
Jamming�, �Stand-off Jamming�,
ou �Self-Protection�. Mas o que
fazer contra a crescente amea-
ça de mísseis portáteis de
guiamento infravermelho
(MANPADS - �MANPortable
Air-Defense Systems�)? A solu-
ção comum descrita anterior-
mente parece não responder a
esta ameaça. Sistemas de Alar-
me de Aproximação de Misseis
(MAWS - Missile Approach Warning Systems)
aparecem como a resposta mais adequada
para esta questão.
O CenárioEm maior ou menor grau uma aeronave
de combate estará sujeita às seguintes amea-
ças:
a) radares de vigilância quando associa-
dos a sistemas de defesa aérea. Trabalham ge-
ralmente na faixa de freqüência em torno de
3 GHz, alcance maior que 80 NM, varredura
circular e se constituem no primeiro nível de
proteção de sistemas de defesa aérea. Para se
opor a este tipo de ameaça a aeronave deve
buscar a navegação rasante e seu RWR deve
estar programado para indicar a iluminação.
A oposição ativa pode ser feita por interferên-
cia tipo barragem, de ponto ou varredura uti-
lizando equipamentos de CME de alta potên-
cia, normalmente instalados em pods, empre-
gados nos modos SOJ (�Stand-Off Jamming�),
SSJ (�Self Screen Jamming�) e EJ (�Escort
Jamming�);
b) radares de aquisição e diretores de tiro
associados a sistemas superfície-ar (mísseis ou
canhões). Atuam em freqüências superiores a
6 GHz, alcance de até 50 NM e modos de
varredura mais elaborados destinados ao
acompanhamento do alvo. Radares de aqui-
sição e diretores de tiro costumam possuir pro-
teção contra modos simples de interferência
eletrônica, como os sugeridos contra radares
de vigilância. Contra esse tipo de ameaça a
aeronave deve atuar com táticas e técnicas
sofisticadas, devido ao perigo iminente. En-
tre as técnicas existentes estão os programas
automáticos RGPO (�Range Gate Pull Off�),
AGPO (�Angle Gate Pull Off�) e outros, exe-
cutados por sistemas AECM, exclusivamente
em modo SSJ devido ao tipo de varredura do
radar e geometria do feixe. Lançamento coor-
denado de chaff, preferencialmente integra-
do com a identificação da ameaça, se consti-
O Capitão Davi Rogério da Silva
Castro é piloto de ataque, con-
cluiu o CFOAv em 1987 e exerce
atualmente a função de chefe da
Seção Técnica do CGEGAR. É En-
genheiro Eletrônico pelo Instituto
Tecnológico de Aeronáutica, pos-
sui o curso Básico de Guerra Ele-
trônica e está cursando mestrado
em Engenharia Elétrica na Univer-
sidade de Brasília.
O Capitão Edson Fernando da
Costa Guimarães é piloto de
transporte, concluiu o CFOAv em
1990 e exerce atualmente a fun-
ção de adjunto ao CGEGAR. Pos-
sui cursos de Guerra Eletrônica no
Brasil e na França, pós-graduação
em análise e projeto de sistemas
(GFI/UNB � Brasília) e mestrado
em Engenharia de Sistemas na
Naval Postgraduate School (EUA).
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Guerra Eletrônica: “QUO VADIS”?Para Onde Vais
Narcelio Ramos Ribeiro, Ten.-Cel.-Av.CGEGAR
ças oponentes, sistemas, plataformas, arma-
mentos e equipamentos existentes num te-
atro de guerra ou área de conflito.
O que acontece
de fato é que o em-
prego eficiente e efi-
caz de uma Força
Aérea num teatro de
guerra depende de
algumas atividades
consideradas essen-
ciais como:
a) Logística - que
tem a finalidade de
fornecer os meios;
b) Inteligência - que
trata das informa-
ções referentes ao
a m b i e n t e
operacional e da ca-
pacidade do inimi-
go; e
c) Guerra Eletrônica -
que trata de como fa-
zer (método) e que
tecnologia utilizar
para levar vantagem
sobre o inimigo.
A Logística e a Inteligência são ativida-
des que estão estruturadas em praticamen-
te todas as forças aéreas. No entanto a Guer-
ra Eletrônica, entendida e utilizada com
conceito semelhante ao citado no parágra-
fo anterior, existe apenas em algumas for-
ças aéreas, coincidentemente naquelas que
têm obtido êxito nos conflitos dos últimos
cinqüenta anos.
O que tem ficado claro é que a veloci-
dade de ocorrência dos eventos e a depen-
dência que uma força aérea possui de sis-
temas de comando e controle rápidos e se-
guros, equipamentos de vigilância e alar-
me, armamentos, dispositivos de guiamento
Aevolução rápida de uma cultura de
Guerra Eletrônica na Aeronáutica ao
mesmo tempo que tem trazido resul-
tados positivos, desperta dúvidas sobre qual
o real conceito e dimensão dessa atividade
dentro da Força Aérea Brasileira e, o que é
muito importante, sobre os rumos dessa ati-
vidade. Por isso o título �quo vadis� (do la-
tim, �para onde vais�).
O entendimento do conceito de Guerra
Eletrônica no sentido �lato� é determinante
para que a Aeronáutica estabeleça a real di-
mensão dessa atividade.
O ConceitoDois conceitos podem ser aplicados à
Guerra Eletrônica:
a) um que diz respeito à missão aérea; e
b) outro, mais abrangente, que a considera
uma atividade.
A Guerra Eletrônica quando tratada
como missão aérea é limitada ao nível táti-
co da guerra, depende de equipamentos es-
peciais para ser realizada e induz o racio-
cínio a associá-la a um fenômeno esporá-
dico que ocorre num tempo e espaço defi-
nidos.
Esse conceito foi o primeiro a ser trazi-
do para a Aeronáutica. Isso explica porque,
por algum tempo, confundiu-se a Guerra
Eletrônica com equipamento ou com uma
missão que exigia equipagens e platafor-
mas especialmente preparadas, restringin-
do, dessa forma, o entendimento e a ex-
ploração doutrinária mais abrangente des-
sa atividade em proveito da Força Aérea
Brasileira.
A outra abordagem é a que trata a Guer-
ra Eletrônica como atividade que estuda e
explora as concepções e tecnologias utili-
zadas nas interações que ocorrem entre for-
O Tenente Coronel Narcelio Ra-
mos Ribeiro é piloto de patrulha,
concluiu o CFOAv em 1980 e
exerce atualmente a função de
chefe do Centro de Guerra Ele-
trônica do COMGAR. Possui
curso de Guerra Eletrônica na In-
glaterra (�Electronic Warfare
Directors�) e pós-graduação em
Planejamento Estratégico e Qua-
lidade Total pela AEUDF
(Brasília). O Ten.- Cel. Narcelio
tem trabalhos publicados nas
revistas da UNIFA e O
Patrulheiro.
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tui uma alternativa para a sobrevivência da
aeronave e deve fazer parte da tática de inva-
são/evasão;
c) radares embarcados em aeronaves as-
sociados a armamento ar-ar (mísseis ou ca-
nhões). Nessa situação as mesmas técnicas
apresentadas no item anterior são aplicáveis,
havendo diferenças consideráveis para as tá-
ticas de engajamento e/ou evasão;
d) sistemas de mísseis de guiamento ati-
vo. Também se aplicam as técnicas apresen-
tadas no item �b�, acrescidas da possibilida-
de de utilização de MAWS, especialmente
para os casos em que as características de
transmissão do radar ameaça estão fora da
capacidade de alarme do RWR. Respostas a
essas ameaças devem ser rápidas e eficien-
tes, em qualquer atitude de vôo, face à gran-
de velocidade do míssil e suas característi-
cas �all-aspect�;
e) sistemas de mísseis de guiamento passivo
(IR e ARM). A identificação eletrônica de mís-
seis com guiamento passivo pode ser reali-
zada por meio de MAWS. Entretanto, a res-
posta a este tipo de ameaça dependerá das
características do tipo de guiamento, ou seja,
chaff/flare e/ou IRCM (�Infrared
Countermeasures�) para mísseis IR e decoys
para mísseis anti-radiação ou monopulso.
Na Tabela 1 é resumida a aplicação de
todos os equipamentos de alarme e recursos
de contramedidas discutidos:
AN-AAR-47AN-AAR-54V
AN-AAR-44V
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dando utilidade aos conhecimentos teóri-
cos recém adquiridos. A esse tempo, inici-
am os cursos das aeronaves que equipam
suas Unidades Aéreas.
Superado esse período inicial de pre-
paração profissional e já no desempe-
nho de suas atividades como
piloto de transporte, alguns
retornam à V FAE para fazer o
curso específi-
co de Navega-
ção Tá t ica
(CNAVTAT).
A realiza-
ção do CNAVTAT é
fundamental para o piloto
de transporte, visto que real-
ça a necessidade da figura do navegador a
bordo nas missões Aeroterrestres. Isso por-
que as missões de lançamento aéreo são, ge-
ralmente, cumpridas em proveito de Opera-
ções Táticas realizadas por Forças de um Te-
atro de Operações, ou de Áreas de Opera-
ções na Segurança Interna, de cujo êxito
suas ações tornam-se dependentes. Daí
a importância destas missões, razão por
que suas chances de fracasso devem ser
minimizadas. É o surgimento do Piloto de
Transporte desempenhando a função de
Navegador.
No currículo do Piloto de Transporte
a inda cons ta a formação
operacional de Busca e Salva-
mento e de Reabastecimento
em Vôo, conforme a missão
aplicável da
Tare fa de
apoio ao
combate da
Unidade Aérea à
qual pertença o piloto.
Em resumo, esta é a forma-
ção do P i lo to de Transpo r t e ,
insubstituível no contexto da Força Aé-
rea Brasileira, conduzindo em suas ae-
ronaves a esperança de quem aguarda e
a certeza de quem confia. Simbiose per-
feita entre o homem que tripula, a aero-
nave que transporta e a missão que se
cumpre.
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Em recentes conflitos, como a Guerra do
Golfo em 1991, mísseis superfície-ar com
guiamento infravermelho foram os responsá-
veis pela maioria das aeronaves abatidas ou
danificadas [4]. A tendência de se utilizar sis-
temas com guiamento infravermelho deve
avançar para o próximo século, face à dispo-
nibilidade de sensores mais sofisticados. Por
outro lado, o barateamento no custo de siste-
mas simples vem contribuindo para a prolife-
ração desse tipo de ameaça entre países do
Terceiro Mundo. Para se ter uma idéia, no
período de 1967 a 1991, por volta de 90.000
mísseis supefície-ar foram entregues a Forças
Armadas de países em desenvolvimento [3].
Para complicar ainda mais o quadro, exis-
tem os grupos guerrilheiros que se comparam
em tamanho e força a verdadeiros Exércitos.
Por exemplo, a renda anual das Forças Arma-
das Revolucionárias da Colômbia (FARC) cres-
ceu de US$ 65 milhões em 1992 para US$
230 milhões em 1997, permitindo àquela
organização de guerrilha adquirir armas pe-
sadas, como por exemplo mísseis superfí-
cie-ar portáteis de
vários tipos [5].
Sistemas do
tipo IGLA-1,
míssil e
lançador, são
vendidos ao pre-
ço de US$ 80.000, valor extremamente aces-
sível a guerrilheiros e traficantes.
As SoluçõesAs primeiras tentativas de construir siste-
mas capazes de detectar a aproximação de
mísseis com guiamento passivo incluíam ra-
dares de alta precisão a bordo das aeronaves
a serem protegidas. Esta solução, inicialmen-
te, não atendia às necessidades visto que ex-
punha ainda mais a plataforma. Os MWS ati-
vos de última geração empregam métodos que
garantem ao equipamento uma baixa proba-
bilidade de interceptação, como a redução
da potência efetiva irradiada (ERP � �Effective
Radiated Power�) e operação em freqüências
não cobertas pelos RWR�s. Tais equipamen-
tos, segundo os fabricantes, possuem as van-
tagens de apresentar taxas de falso alarme ex-
tremamente baixas e de operar em qualquer
tempo.
A maioria dos fabricantes de MWS muda-
ram de direção, abandonando as soluções
ativas e buscando soluções passivas, entre as
quais sensores Ultra-Violeta (UV) e
Infravermelhos (IR).
Dos princípios básicos de Eletro-Ótica,
vale lembrar que, segundo Wien, o pico de
radiação térmica oriunda de uma fonte é dado
pela seguinte equação:
onde T é a temperatura absoluta da fonte
(Kelvin) e λpico é o comprimento de onda
(mm) em que o pico de radiação
ocorre. Duas
fontes básicas
de radiação tér-
mica devem ser
consideradas: o Sol
(~6000 K) e a Terra (~300
K). Isso causa picos de ra-
diação em torno de 0,6µm e
10µm respectivamente, o que
torna essas regiões do espectro
electromagnético críticas para detecção. So-
bram então duas alternativas: a região do
ultravioleta (de 0.2 a 0.5µm) e do
infravermelho médio (entre 3 e 5µm). Como
a camada de ozônio filtra grande parte dos
raios ultravioletas do sol, não há muitas fon-
tes de radiação nesta faixa, o que reduziria o
número de falsos alarmes. Por outro lado,
muitas fontes artificiais podem ser encontra-
das: fornos, fogueiras, lâmpadas halógenas,
etc, tornando complicado o processamento
necessário para manter um baixo nível de fal-
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Transporte da Força Aérea Brasileira possui
o perfil operacional que a função requer.
O profissionalismo dos Pilotos de Trans-
porte não é conquista casual, ao contrário,
é conseqüência da sua formação e do con-
tínuo e sistemático preparo ao longo de sua
carreira.
Os jovens pilotos, ao se apresentarem
às Unidades Aéreas de Transporte, são ma-
triculados no Curso de Transporte Aéreo
Logíst ico e Transporte Aeroterrestre
(CTALTAET), ministrado na V FAE, que ocor-
re anualmente.
No CTALTAET o piloto se familiariza
com a Doutrina do Transporte na FAB; as
Táticas, Métodos e Processos de Lançamen-
to Aéreo de Pessoal e Material; o Vôo de
Formação; a Navegação e Operação em Zo-
nas de Lançamento, de Extração e de Pou-
so; Princípios Básicos da Guerra Eletrôni-
ca; e com o Ponto de Lançamento Compu-
tado no Ar (CARP), que é um sistema bási-
co de cálculos balísticos, usado para lan-
çamento a baixa altitude.
Ao término do curso, os pilotos retornam
às suas UAe para iniciar a parte prática,
Ointuito deste artigo é mostrar um
pouco da parte especializada que
os pilotos de transporte têm que
cumprir, tendo em vista as peculiaridades que
as missões da Aviação de Transporte, enqua-
dradas na Tarefa de Apoio ao Combate, exigem.
O Transporte Aeroterrestre, o Transpor-
te Aéreo Logístico, a Busca e
Salvamento, o Reabasteci-
mento em Vôo e a Evacuação
Aeromédica são, em síntese,
as missões aplicáveis à ativi-
dade do piloto de Transporte.
Hoje, com muito mais cla-
rividência acerca da impor-
tância de se obter uma velo-
cidade de concentração dos
meios que permita um míni-
mo de chances numa condi-
ção de conflito bélico, a Avi-
ação de Transporte assume
papel de destaque, por ter sob
suas asas a responsabilidade da Logística.
Ao mesmo tempo que chamamos a aten-
ção para a importância incontestável da
Logística, constatamos que o Piloto de
O Piloto de Transporte na FABAntônio Carlos de Barros, Cel.-Av.
V FAE
O Coronel Antônio Carlos de
Barros é piloto de transporte, de
reabastecimento em vôo, de
busca e salvamento (SAR) e re-
alizou missões na Antártida.
Concluiu o CFOAv em 1975 e
exerce atualmente a função de
chefe do Estado-Maior da
Quinta Força Aérea. Possui cur-
so Operacional em Transporte
de Tropa e cursou o Air War
College da USAF.
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Tabela 2: Exemplos de MAWS em uso ou em desenvolvimento.Sistema Fabricante Tipo de
SensorPlataformas
AAR-47 Loral UV EUA: Alguns helicópteros do Exército, Marinha e FuzileirosNavais.
AAR-44 CincinnatiElectronics
IR EUA: MC-130 e AC-130 do Comando de OperaçõesEspeciais
AAR-57 Sanders(LockheedMartin)
UV Será usado por mais de 3000 aeronaves americanas, dehelicópteros leves, até os F-15 e C-17.
AAR-58 CincinnatiElectronics &Raytheon
IR Grandes plataformas como os C-130.
AAR-54 NorthropGrumman
UV EUA: C-130 (Comando de Operações Especiais).Reino Unido: 15 diferentes plataformas (helicópteros eaeronaves de transporte).Austrália: S-70B.Portugal: C-130.Possibilidade de ser instalado em pilones nos F-16A/B's daBélgica, Holanda, Dinamarca e Noruega.
AAR-60 Daimler-Benz &Litton
UV Japão: SH-60J.Grécia: F-16.Noruega: Candidato para o JAS-39 Gripen.
AAR-56 LockheedMartin
IR EUA: F-22.
Guitar300/350
Rafael UV 300: helicópteros e aeronaves de transporte.350: aeronaves de ataque.
MWS-20 DassaultEletronique
Ativo Helicópteros, aeronaves de transporte e VIP.
SAMIR Matra BAeDynamics
IR França: Rafale.
so alarme. Um último fator a ser considerado
é que a radiação ultravioleta oriunda da quei-
ma do motor do míssil é alta durante a fase
de lançamento e tende a diminuir nas fases
finais de aproximação.
Outra alternativa é a utilização de sensores
infra-vermelhos. Radiações do sol e da terra,
apesar de menores na região do infravermelho
médio, ainda representam uma fonte consi-
derável de �clutter�, especialmente durante o
dia. Além do mais, a atenuação da radiação
pela atmosfera é alta, o que prejudica detecção
a grandes distâncias. A vantagem, porém,
advém do fato de que míssil representa uma
boa fonte de radiação na faixa do
infravermelho em todas as fases do vôo, faci-
litando o processamento das informações ne-
cessárias ao acompanhamento da ameaça.
Não existe uma solução unânime para
o problema. Sensores UV são pequenos,
baratos e menos suscetíveis a falsos alar-
mes, mas não são tão efetivos em gran-
des altitudes (absorção pelo ozônio).
Sensores infravermelhos podem ser mais
efetivos, porém são mais caros e difíceis
de instalar (são maiores e requerem re-
frigeração). A tabela 2 mostra os siste-
mas em uso e algumas de suas princi-
pais características [4].
O FuturoO uso de MAWS em todas as plataformas
aéreas de combate se apresenta como uma
tendência irreversível. Por outro lado, a
tecnologia que predominará ainda está inde-
finida. O fato é que cresce o número de mís-
seis ínfravermelhos portáteis e os RWR�s ins-
talados na maioria das aeronaves de combate
não respondem a essas ameaças. É importan-
te ressaltar, que MAWS e RWR não compe-
tem pela mesma tarefa. Cada qual opera em
uma faixa diferente do espectro e responde a
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Editorial
No campo militar, o final do sé-
culo XX vem se caracterizan-
do por várias mudanças, com
implicações diretas na concepção da
guerra e condução das
forças. As ameaças, an-
tes previsíveis, deram
lugar à hipóteses mais
difusas que consideram
um enorme espectro de
uso do estamento mili-
tar. As denominadas
�Hipóteses de Empre-
go� variam desde a par-
ticipação de meios li-
mitados em missão de
paz ou na solução de
crises até o engajamento total na defesa
do patrimônio e da integridade do terri-
tório nacional. Paralelamente, os sistemas
militares evoluíram na proporção da
tecnologia e as concepções de emprego
tornaram-se mais dinâmicas e adaptáveis,
visando atender às características inusi-
tadas da amplitude de atuação e superar
o oponente em todas as instâncias.
Na corrida pela busca de respostas
adequadas aos desafios atuais, o fator de
desequilíbrio e o agente mais ativo de
todos esses processos tem sido o HO-
MEM. Ele é o responsável por detectar
necessidades, definir ameaças, desenvol-
ver e aprimorar estratégias, táticas e téc-
nicas, planejar o emprego dos nossos mei-
os. No caso da Força Aérea Brasileira, o
resultado almejado pode ser traduzido por
três palavras mágicas que, em caso de
conflito, representam a síntese de um ide-
al: voar, combater e vencer.As características da maioria dos con-
flitos atuais (�...limitados, não-de-clarados, convencionais e de curta
duração...�)1, exigem da Força Aé-
rea Brasileira capacidade de pron-
ta-resposta, adapta-
bilidade, mobilidade
e homens prepara-
dos. O preparo re-
quer motivação, co-
nhecimento das
tecnologias e concepções
empregadas nas
interações que ocorrem
entre forças oponentes,
plataformas, sistemas, ar-
mamentos e equipamen-
tos presentes nos cenários
de guerra, conflito ou crise.
Dentro do enfoque �ampliar o conhe-
cimento�, o Comando-Geral do Ar resol-
veu abrir um espaço para funcionar como
fórum de idéias e opiniões pessoais. Este
veículo de comunicações denominado
�Spectrum� certamente descortinará no-
vos horizontes para a apresentação de
temas voltados exclusivamente para o
preparo e emprego da Força, somando-
se às já consagradas revistas que abor-
dam assuntos operacionais, tais como:
�Zoom�, �O Patrulheiro�, �O Poti�, e
outras. Na realidade, pretende-se incen-
tivar a apresentação de temas que ve-
nham a despertar debates, motivar o iní-
cio de estudos que possam ser aproveita-
dos, hoje ou no futuro, com o objetivo
de conferir o devido realce ao aguerrido
espírito operacional da Força Aérea Bra-
sileira.
1 Brasil. Estado-Maior das Forças Armadas. FA-E-01Estratégia Militar Brasileira. Brasília: 1998
Ten.-Brig.-do-Ar Henrique Marini e SouzaComandante-Geral do Ar
32
diferentes ameaças. A integração dos dois em
um sistema de autodefesa composto também
por contramedidas eficientes (chaff, flare,
AECM, e pods CME) somados a uma bibliote-
ca de ameaças atualizada constitui a solução
mais adequada para manter uma alta probabi-
lidade de sobrevivência de todas as aerona-
ves de combate nos cenários de guerra atu-
ais.
Referências[1] Steven J. Zaloga, �Air Defense Missiles:Recent Trends in the Threat�, Journal ofElectronic Defense - Nov 1998, page 37.[2] Steven J. Zaloga, �Future Trends in AirDefense Missiles�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1997, page 41.[3] Jane�s Intelligence Review, �A Lesson forColombia�, Oct 1997.[4] Bill Sweetman, �A New Approach toMissile Warning�, Journal of ElectronicDefense - Oct 1998, page 41.[5] Estado-Maior das Forças Armadas, �FA-E-01 � Estratégia Militar Brasileira�, 1998.[6] Ministério da Aeronáutica, �MMA 500-2Fundamentos de Guerra Eletrônica�, 03 abr1997.
Crédito das Fotos: Jedonline, Internet
Definições e Acrônimos
AECM � �Active Electronic Countermeasures�: equipamento utilizado para auto-
defesa, que realiza programas de contra-medidas ativas (RGPO, AGPO
e outras) contra alguns tipos de radares diretores de tiro.
AGPO � �Angle Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em ângulo.
ARM � �Anti-radiation missile�, míssil anti-radiação.
CFD � �Chaff and Flare Dispenser�, Lançadores de Chaff e Flare.
CME � Contra Medidas Eletrônicas.
EJ � �Escort Jamming�. Técnica de CME em que a plataforma interferidora
acompanha a esquadrilha atacante.
IR � �Infrared�. Faixa do espectro eletromagnético compreendida entre 0,7
e 100 mm.
IRCM � �Infrared Counter-Measures�, Contramedidas de Infra-Vermelho.
MAWS � �Missile Approach Warning System�. Sistema de alerta de aproxima-
ção de míssil.
RGPO � �Range Gate Pull Off�. Técnica de despistamento em distância.
RWR � �Radar Warning Receiver�, Receptor de alerta radar.
SOJ � �Stand-off Jamming�. Técnica de CME em que a aeronave interferidora
fica fora do alcance do armamento inimigo.
SSJ � �Self Screen Jamming�. Técnica de CME em que somente a aeronave
que conduz o interferidor é protegida. Também conhecida como �Self-
Protection�.
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