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Análise organizacional e proposta de implantação
de práticas de sustentabilidade em uma
organização da sociedade civil: o caso do Bloco
Daniel Ferreira Candiotto
(LATEC / UFF)
Resumo: O presente estudo analisa os desafios e oportunidades de incorporação de práticas de
sustentabilidade em uma organização da sociedade civil com notada atuação no carnaval do Rio
de Janeiro: a Associação e Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Spanta Neném. Nesse sentido,
realizam-se investigações de campo, baseadas em técnicas de pesquisa social, junto a todo corpo
de colaboradores das distintas “unidades de negócio” da referida organização. Adicionalmente, o
estudo baseia-se em revisão da literatura sobre conceitos e práticas de sustentabilidade, além de
adotar técnicas de benchmarking para fins de identificação das melhores práticas de outras
organizações sociais e do mercado, visando ao estabelecimento de possíveis parcerias para a
organização analisada. Como conclusões, destaca-se, entre outros que: a cultura organizacional é
um fator crítico para o sucesso da implantação da sustentabilidade organizacional; com pequenos
ações, pode-se alcançar resultados significativos em termos de exemplo; e que as organizações
sociais de caráter cultural podem ser inspiradoras para a transformação da realidade e
empoderamento de grupos menos favorecidos.
Palavras-chaves: Sustentabilidade organizacional; Bloco de Carnaval;
Práticas de Sustentabilidade; Cultura Organizacional
ISSN 1984-9354
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1. Considerações iniciais
Tratativas, ainda que incipientes, acerca da temática da sustentabilidade vêm sendo envidadas
desde meados da década de 1950, quando da publicação do relatório The Limits of Growth, do
Clube de Roma. Nas décadas seguintes novas rodadas de discussão são provocadas e outros atores
somam-se aos intelectuais do Clube de Roma, dilatando as reflexões para distintos âmbitos da
sociedade civil, entre empresas, organizações sociais e academia. Nesse ínterim, observa-se que,
em 2013, a sustentabilidade, em certa medida, tem extrapolado distintas fronteiras e se
disseminado, ainda que com oportunidades de adensamento, por multifacetadas frentes.
Segundo Almeida (2002), em seu livro O Bom Negócio da Sustentabilidade, as dúvidas sobre
como conciliar a atividade econômica e a conservação do meio ambiente estavam bastante
evidentes no início da década de 1980. Nesse contexto paradoxal entre o crescimento da atividade
industrial e um maior enfoque na preservação ambiental foi realizada em Nova Iorque, a
Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominada de Comissão de
Brundtland, com o objetivo de refletir acerca de uma agenda global para a discussão da
sustentabilidade.
Como desdobramento da Comissão Brundtland, o Brasil teve a oportunidade de, em 1992, sediar a
Conferência do Clima da ONU, ocasião singular que culminou com a sistematização de uma
agenda global, intitulada de Agenda 21, contemplando um conjunto de compromissos a serem
assumidos pelos países e suas empresas, como: superar a desigualdade, reduzir o desmatamento e
as emissões de CO2, oferecer dignidade às minorias, entre outras indicações.
Para Almeida (2002), ainda em 1992, a participação empresarial ainda era tímida, sobretudo por
que “a dimensão ambiental era vista, na melhor das hipóteses, como um mal necessário”. O não
engajamento empresarial, segundo o autor, começou a afetar diretamente nas questões financeiras
da empresa. Em geral, a sustentabilidade era vista como uma forma de marketing por parte das
empresas para diminuir a pressão pública.
Diante destas perspectivas, outras linhas de pensamento foram criadas visando à conciliação
equilibrada das dimensões econômica, ambiental e social. Nesse contexto, a postulação do Triple
Bottom Line, de John Elkington, visou a reconhecer a relevância e a interdependência entre
variáveis tidas como isoladas, em âmbito organizacional, para a sustentabilidade do negócio.
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Na visão de Lins & Silva (2009), “para as empresas com visão estratégica de longo prazo, a
questão ambiental deixou de ser encarada apenas como uma exigência legal e passou a ser
considerada como uma importante variável dentro da competitividade empresarial, sendo, em
algumas empresas, inseridas definitivamente nos mais altos níveis hierárquicos do planejamento
estratégico”.
1.1. Descrição da situação-problema
Embora se trate de assunto central na agenda de organizações, a materialização de ações
orientadas à sustentabilidade ainda apresenta fragilidades no que concerne à identificação de
oportunidades para o desenvolvimento de práticas específicas, ajustadas à natureza técnica e à
cultura da organização.
Em especial, o presente estudo analisa o caso da Associação e Grêmio Recreativo Bloco
Carnavalesco Spanta Neném, uma ONG – Organização Não Governamental que deseja ser
protagonista na incorporação da cultura da sustentabilidade como uma meta diretriz de suas ações
institucionais.
O Spanta Neném possui atuação destacada no setor de cultura popular na zona sul da Cidade do
Rio de Janeiro, notadamente, com a promoção de bailes e desfiles no período carnavalesco, além
de desenvolvimento de ações junto a comunidades carentes orientadas à formação musical e
criação de fantasias.
1.2. Objetivos
O presente estudo tem como objetivo analisar o ambiente organizacional da Associação e Grêmio
Recreativo Bloco Carnavalesco Spanta Neném, identificando, de um lado, um conjunto de práticas
alinhadas às premissas de sustentabilidade e, de outro, oportunidades internas para adoção das
referidas práticas, reconhecendo as particularidades da ONG.
Em termos específicos, o estudo tem o objetivo de identificar as alternativas estratégicas de
organizações capazes de apoiar no processo de revisão cultural, alinhamento e práticas e quais são
os fatores críticos para o sucesso das práticas sustentáveis e destacar no âmbito da organização
quais são os esforços necessários para o alcance dos resultados esperados, evidenciando os fatores
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críticos de sucesso para que a implantação de uma cultura sustentável se estabeleça neste tipo de
organização.
1.3. Questões-Problema
Considerando a problemática em tela, o presente estudo persegue respostas às seguintes questões:
– Seria possível introduzir práticas de sustentabilidade no âmbito da sociedade civil? Em caso
positivo, quais são os fatores críticos para o sucesso deste processo?
– Quais são os caminhos e obstáculos impostos pela cultura organizacional da organização?
– Há barreiras internas em relação às práticas de sustentabilidade? Se sim, quais são?
1.4. Relevância do estudo
O presente estudo apresenta-se como relevante na medida em que se propõe a investigar um caso
de uma organização da sociedade civil que deseja ser protagonista e inspiradora à outras
organizações, ao envidar esforços para incorporar a sustentabilidade em sua estratégia e nas suas
rotinas e projetos.
1.5. Organização do estudo
O presente estudo está organizado em 5 seções. Na primeira são apresentados o contexto da
situação de estudo, evidenciado o problema da pesquisa, bem como as questões e a relevância da
investigação. Na segunda seção são discutidos os principais fundamentos que suportam a
pesquisa, notadamente, sustentabilidade e gestão estratégica. A seção 3 contém a metodologia
adotada para o desenvolvimento do estudo. Na seção 4, o caso da organização social é descrito de
maneira detalhada e na quinta e última seção são indicadas as conclusões e sugestões de pesquisas
futuras.
2. Revisão da literatura
O Triple Bottom Line se baseia na premissa de que a sustentabilidade emerge da interseção entre
três dimensões: Ambiental, Social e Econômico como é representado pela Figura 1.
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Figura 1
Fonte: Alledi (2003)
Segundo Almeida (2002) a dimensão econômica inclui não só a economia formal, mas também as
atividades informais que provêm serviços para os indivíduos e grupos e aumentam, assim, a renda
monetária e o padrão de vida dos indivíduos. A dimensão ambiental estimula empresas a
considerarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente, na forma de utilização dos
recursos naturais, e contribui para a integração da administração ambiental na rotina de trabalho.
A dimensão social consiste no aspecto social relacionado às qualidades dos seres humanos, como
suas habilidades, dedicação e experiências, abrangendo tanto o ambiente interno da empresa
quanto o externo. Nesse contexto as empresas necessitam manter contato com diversos
stakeholders como: colaboradores, ONGs, mercados consumidores, concorrentes, parceiros e
órgãos governamentais (CLARO, CLARO & AMÂNCIO, 2008).
Segundo Bezerra (2004), é crescente o número de organizações da sociedade civil que em parceria
com a iniciativa privada estabelecem alianças buscando soluções inovadoras para grandes
demandas sociais existentes.
Em particular, o presente estudo, proveniente de uma intervenção de uma empresa júnior
constituída pelas engenharias de produção, civil, mecânica, elétrica e telecomunicações da
Universidade Federal Fluminense, é contributivo para evidenciar questões acerca das questões que
são inerentes a um processo de desenvolver práticas sustentáveis dentro das organizações.
Não se pode pensar na introjeção de novas propostas, modelos e/ ou práticas de gestão de uma
organização sem observar e cuidar dos aspectos inerentes à sua cultura organizacional. Segundo
Smith (2003), a cultura organizacional é um dos principais fatores associados ao fato de algumas
empresas desempenharem melhor do que outras.
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No presente estudo é dado enfoque na capacidade da organização dentro de sua cultura incorporar
o conceito destacado pelo Instituto Ethos (2001) para responsabilidade social corporativa, a
empresa socialmente responsável vai “além da obrigação de respeitar as leis, pagar impostos e
observar as condições adequadas de segurança e saúde para os trabalhadores”.
No entanto, é necessário um engajamento da organização. Segundo estudos de Hunt & Auster
(1990) e de Nonaka & Toyama (2005) este engajamento parte, sobretudo, do comprometido da
alta administração no processo. Segundo os referidos autores, em geral as iniciativas em prol de
atividades socioambientais corretas são provenientes da média gerência e acabam por não gerarem
o resultado esperado quando não há engajamento suficiente. Segundo os estudos a participação
por parte dos níveis mais altos da empresa na melhoria de processos geram resultados mais
significativos.
Segundo Claro, Claro & Amâncio (2008) existem duas formas de se alcançar as mudanças
necessárias de forma participativa e impositiva, a primeira capaz de “orientar a cultura
organizacional para a sustentabilidade por meio da inclusão e da cooperação na tomada de
decisão”, a segunda pode “influenciar mudanças no curto prazo sem necessariamente mudar a
cultura organizacional, o que pode influenciar negativamente a adoção de sustentabilidade como
norteador da estratégia, dos processos e dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas”.
Esse engajamento e mudança na cultura organizacional, alinhados aos preceitos de
sustentabilidade são favoráveis não só ao ambiente no qual a organização se insere como também
nos resultados gerados pela empresa.
Na percepção de Araujo (2005), o engajamento às práticas de sustentabilidade pode ser “entendido
como principal agente fortalecedor de opinião pública sobre a reputação organizacional, o corpo
de funcionários que enxerga em sua organização uma atuação ética e compromissada com o
empoderamento social, desenvolve o seu orgulho de fazer parte e contribuir para o bem coletivo,
sendo agente multiplicador de uma imagem corporativa positiva”.
Nesse contexto, a Associação e Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Spanta Neném, uma
associação civil sem fins lucrativos e com atuação no ramo de produção cultural e entretenimento
desde 2002 na cidade do Rio de Janeiro, se faz presente. Conhecido como Spanta, o bloco possui
um cunho social e a busca pelo pioneirismo bem forte dentro da organização. Isso levou a
organização a buscar dentro de suas estratégias de atuação, formas de inovar baseado nos
conceitos da sustentabilidade.
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3. Metodologia
A presente pesquisa é um dos produtos mais relevantes orientados ao mapeamento e gestão do
conhecimento de lições aprendidas, proveniente da relação estabelecida pela Empresa Júnior Meta
Consultoria – de Engenharia e Gestão de Negócios da UFF – com a Associação e Bloco
Carnavalesco Spanta Neném.
Em termos de processo, foram realizadas investigações exploratória através de entrevista direta
com os colaboradores, de distintos níveis hierárquicos e funções na organização. Adicionalmente,
foram promovidos workshops de sensibilização para as práticas de sustentabilidade, buscando
entender os reais objetivos e entendimento do tema por parte dos membros da organização.
No sentido de oferecer uma base para inspiração, foram feitos benchmarks com outras
organizações da sociedade civil e também da iniciativa privada de um robusto rol de práticas de
sustentabilidade, desde aproveitamento da água, até alimentação saudável e dicas de boa
convivência, sendo priorizadas para o caso investigado, as práticas com maior impacto
socioambiental e menor custo para implementação.
Além destas formas de abordagem foram realizadas visitas a campo nos eventos promovidos pelo
Spanta Neném buscando informações a partir da observação do comportamento não só dos
membros da associação como também dos participantes do evento.
Em paralelo, o estudo lançou mão da pesquisa bibliográfica em artigos de periódicos, livros,
dissertações e teses para amparar as propostas técnicas apresentadas à organização e ampliar o
acervo de conhecimento da Empresa Júnior.
4. Estudo de caso
4.1. A Associação e Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Spanta Neném
A Associação e Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Spanta Neném surgiu como um bloco de
Carnaval no Rio de Janeiro, no ano de 2003, sem a pretensão de se tornar uma organização da
sociedade civil formalizada. A rápida adesão de foliões e o consequente crescimento do bloco, ano
a ano, culminou com a formalização da associação quatro anos mais tarde.
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Em sua trajetória, o Spanta sempre procurou incorporar o pioneirismo em seus princípios. No
âmbito do carnaval carioca foi o primeiro bloco a se utilizar de banheiros químicos, visando à
maior preservação da cidade e maior conforto dos foliões.
Adicionalmente, procurou incorporar na sua cadeia produtiva do carnaval, percussionistas
formados em suas próprias oficinas de música, oriundos prioritariamente de comunidades
carentes, como do Morro Dona Marta, situado no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro.
A organização apoia ainda a geração de trabalho & renda na referida comunidade, oferecendo
capacitação para costureiras desenvolverem, a partir de materiais reciclados ou reaproveitados, as
fantasias e alegorias para as atividades do bloco.
Em termos de sua estrutura, o Spanta Neném é dividia em três distintas unidades:
– Spanta Carnaval: Setor responsável por toda a administração da organização;
– Spanta Eventos: Setor responsável pelos eventos realizados pela organização como “Spantinha”,
“Baile de Máscaras”; “Morro de Alegria”, entre outras ações;
– Spanta Social: Setor responsável pelos projetos sociais da organização como a Escola de música.
Assim a organização, em um curto espaço de tempo, obteve grande reconhecimento tanto dos
foliões, quanto da sociedade em geral e do poder público, sobretudo por meio da realização de
diversos eventos no período do carnaval, em sua maioria realizados na Lagoa Rodrigo de Freitas,
cidade do Rio de Janeiro.
Diante da busca contínua da profissionalização do carnaval produzido pela associação, foi traçado
um Planejamento Estratégico que tinha como objetivo estratégico a incorporação dos conceitos da
sustentabilidade.
Nesse planejamento, a alta direção da organização entendeu que era importante que fosse
colocado explícito nas premissas da organização pontos que incorporassem também as práticas de
sustentabilidade no âmbito interno da organização e que essas práticas pudessem ser observadas
nas atividades sociais e culturais da associação.
Nesse sentido, as premissas da organização e de suas unidades “de negócio” foram revisadas
segundo as postulações observadas no Quadro 01.
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Quadro 01 – As Premissas Estratégicas do Spanta Neném e Suas Unidades
Premissas Spanta Neném Spanta Eventos Spanta Social
Missão
“Estimular e desenvolver iniciativas de construção de uma cidade com melhores oportunidades socioculturais”
“Dar alegria e diversão aos foliões o ano inteiro através de eventos que valorizem a cultura popular e tenham propósito social”
“Participar na formação de pessoas através da valorização de suas potencialidades de forma lúdica para que sejam capazes de, por si mesmas, encontrar propósito e direção para suas vidas”.
Visão
“Ser ponto de encontro de corações e mentes comprometidas com resultados sustentáveis, ações de transformação social e valorização da cultura popular”
“Integrar diferentes realidades e públicos através da causa popular”
“Ser uma instituição que apoia a formação de indivíduos que tenham domínio sobre a própria vida e sejam atuantes socialmente”
Valores
Acesso à inclusão e
oportunidade;
Respeito aos valores da
comunidade;
Promoção da mudança
social;
Responsabilidade na
aplicação dos recursos;
Alegria e diversão;
Excelência
Acesso, inclusão e
oportunidade para novos
talentos;
Respeito aos valores da
comunidade;
Promoção da cultura
popular;
Responsabilidade na
aplicação dos recursos;
Alegria e diversão;
Excelência
Princípios e Valores:
Solidariedade;
Excelência;
Respeito
Fonte: Spanta Neném (2013)
4.2. Práticas favoráveis ao processo
Em um primeiro momento foi importante se fazer um levantamento das práticas já adotadas
instintivamente pelo Spanta Neném onde os preceitos da sustentabilidade estavam incorporados de
maneira inconsciente.
Dessa forma, com base na análise do ambiente organizacional, algumas práticas foram destacadas
como:
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– Escola de música para pessoas da comunidade Santa Marta: são oferecidas aulas de percussão,
instrumentos de cordas entre outros. Buscando incluir esses moradores na comunidade a escola de
música estabelece um processo claro dentro desse caminho de aprendizado onde o aluno pode se
transformar em um músico do carnaval do Spanta.
– Eventos realizados na comunidade Santa Marta: eventos como o Morro de Alegria estabelecem
um contato com a comunidade buscando integração entre as diversas realidades cariocas através
do movimento de celebração da cultura das comunidades.
– Atitude inovadora dentro do Carnaval: estabelecimento de parceria com o poder público
municipal visando à adoção de práticas como a colocação de banheiros químicos para os foliões
(evitando a degradação da cidade e maior conforto dos cidadãos); a inclusão dos catadores de
latinhas; a formalização dos vendedores ambulantes, entre outros.
5. Processo de Levantamento e Proposição de Práticas de Sustentabilidade para
o Spanta Neném
A organização se encontrava em uma situação que necessitava de apoiadores dentro deste
processo. Nesse contexto o Spanta Neném optou por escolher uma Empresa Júnior por entender
que os valores inerentes a estas organizações estão alinhados aos da Sustentabilidade.
Nesse sentido, realizou-se um levantamento de organizações da sociedade civil que carreassem em
seus valores práticas e modelos de gestão próximos aos pretendidos pelo Spanta Neném visando o
estabelecimento de redes solidárias de cooperação no processo de amadurecimento da sua
sustentabilidade organizacional.
Considerando o diagnóstico das premissas e da cultura do Spanta Neném foram selecionadas
organizações que pudessem cooperar com direcionamento de resíduos sólidos e práticas sociais da
organização.
5.1. Colaboradores e Direção
A partir dos resultados obtidos pelos instrumentos de pesquisa percebeu-se o interesse por parte
dos colaboradores acerca do tema. Entretanto, alguns óbices foram apontados:
– Apesar do interesse, os colaboradores não se sentiam parte do processo com um todo, não era
visível para os mesmos as etapas desse processo.
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– A chegada de eventos não permitia o engajamento total por parte dos colaboradores.
– A direção apesar de patrocinador do projeto não participou do processo de construção do tema.
5.2. Definição de políticas
Conforme suportado pela revisão da literatura, é necessário que haja por parte da organização
conhecimento das diretrizes de sustentabilidade da organização para tal foram criadas políticas
buscando uma visão compartilhada por parte dos colaboradores frente aos distintos stakeholders.
5.3. Clientes
Estimular e disseminar valores sustentáveis por meio de eventos e demais iniciativas
desenvolvidas e/ ou apoiadas pelo Spanta Neném.
5.4. Fornecedores
Priorizar contratos com fornecedores que tenham preocupação socioambiental para desta forma,
fomentar a sustentabilidade junto a estas frentes.
5.5. Parceiros
Adotar parcerias que permitam a concretização da sustentabilidade dentro da organização e ainda
associar-se a parceiros que permitam ao Spanta Neném, ser agente disseminador do conceito.
5.6. Pessoas
Desenvolver em todos incluídos na esfera de atuação do Spanta o desejo de ser agente
transformador.
6. Considerações finais e sugestões de estudos futuros
Diante do estudo realizado pode-se concluir que é possível e cada vez mais natural que
organizações da sociedade civil venham a buscar incorporar práticas sustentáveis dentro de suas
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estratégias de crescimento. Tais atitudes são importantes e devem trabalhar de forma conjunta, se
possível, em articulação com outras instituições, tanto da iniciativa privada quanto outras
organizações da sociedade civil. Assim tendem a aumentar o impacto e criar uma relação de
sinergia positiva dentro do processo, buscando uma cooperação com benefícios mútuos.
No entanto, esse processo com visto ao longo do estudo não pode ser considerado simples e
“tercerizável”. Todos os componentes da organização – desde a alta administração até o nível
operacional – precisam estar alinhados, participarem e entenderem a relevância, os benefícios e os
desafios de se incorporar os preceitos e práticas de sustentabilidade na organização. Significa
dizer que não é possível para que os resultados esperados sejam alcançados que não exista
princípio de cooperação por parte de todos.
Como sugestões de estudos futuros, recomenda-se o desenvolvimento dessa investigação para
outras organizações da sociedade civil organizada, analisando os pontos de convergência e
distinção em relação aos resultados obtidos no estudo em tela.
Referências
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