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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Diretoria Executiva Superintendência de Desenvolvimento Industrial
Data de fechamento: 16 /04/2012
PIB
O Governo Federal anunciou um pacote de novas medidas de incentivo, ampliando o plano Brasil Maior, como resposta ao observado baixo nível de atividade econômica no primeiro trimestre de 2012, bem como a crise de competitividade do setor industrial, frente à concorrência internacional. Entre as medidas anunciadas, destaca-se a ampliação da desoneração da folha de pagamentos para 11 novos setores, o que representará uma renúncia fiscal de R$ 7,2 bilhões por ano, segundo o Ministério da Fazenda.
Política Monetária
O Copom cortou pela 5ª vez consecutiva os juros na reunião do final de março, passando a taxa básica da economia para 9,75%. O corte de 0,75 p.p foi o maior desde junho de 2009 e demonstrou a preocupação do Banco Central em trazer os juros para um nível compatível com o atual quadro de desaceleração da atividade econômica. O Comitê prevê uma deterioração do cenário externo e um recuo da inflação brasileira nos próximos trimestres deste ano.
Diante do esfriamento da economia brasileira e do cenário internacional conturbado, o Copom sinalizou que deverá continuar a realizar ajustes na Selic, pois pretende tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo. A taxa Selic deve se deslocar para patamares próximos dos mínimos históricos (8,75% a.a.).
A inflação medida pelo IPCA voltou a desacelerar em março, apresentando alta de 0,21% ante 0,45% em fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre deste ano, o IPCA contabiliza elevação de 1,22%, ficando exatamente na metade dos 2,44% registrados em igual período de 2010. Em 12 meses o IPCA atingiu 5,24%. A expectativa do mercado é que o IPCA alcance 5,06% no final ano, situando-se próximo do centro da meta inflacionária.
Política Fiscal
Os resultados consolidados das contas públicas no primeiro bimestre de 2012 indicam que o Governo deve cumprir o superávit primário fixado para este ano, estimado em R$ 139,8 bilhões (3,1% do PIB). A economia realizada até fevereiro já alcança mais de um quarto do total previsto para o ano. O principal fator de melhora das contas públicas foi o aumento da arrecadação no 1º bimestre deste ano, na comparação com igual período de 2011 (+14%). Praticamente todos os impostos federais aumentaram sua arrecadação (muito acima da inflação) no período, com destaque para: CSLL (+21,3%), Imposto de Renda (+12,7%), IPI (+9,9%), PIS/PASEP (+9,6%) e Cofins (+7,4%). Já a despesa total cresceu 9,5%.
O Governo Federal estima que as recentes desonerações anunciadas para indústria não causarão grande impacto fiscal, tendo em vista a manutenção do contingenciamento de R$ 55 bilhões e a projeção de alta das receitas.
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
Contas Externas
No acumulado do primeiro bimestre deste ano, o saldo em conta
corrente, que compreende os resultados da balança comercial e das
contas serviços, rendas e transferências unilaterais, foi deficitário em
US$ 8,9 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit
alcançou US$ 52,4 bilhões (2,1% do PIB), permanecendo praticamente
no mesmo patamar registrado no final de 2011. O déficit nas contas
serviços e rendas, em função, principalmente, das despesas com
aluguel de equipamentos e pagamento de juros, explica o saldo
negativo em conta corrente. A expectativa do mercado é de aumento
do déficit em conta corrente nos próximos meses, alcançando US$ 69
bilhões no final do ano.
As reservas internacionais em março totalizaram US$ 365,2 bilhões,
registrando elevação de US$ 8,9 bilhões em relação ao verificado em
fevereiro, resultado das intervenções realizadas pelo Banco Central
nos mercados de câmbio à vista e a termo (US$ 10 bilhões). A despeito
das medidas recentemente anunciadas para conter a valorização do
Real (a exemplo da ampliação do IOF para empréstimos no exterior) e
da sinalização de que o Governo adotará novas medidas para conter a
queda do dólar, o mercado espera que a cotação da moeda americana
permaneça em patamar baixo, encerrando o ano em R$ 1,77.
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
PIB
O Governo Federal anunciou um pacote de novas medidas de incentivo,
ampliando o plano Brasil Maior, como resposta ao observado baixo nível de
atividade econômica no primeiro trimestre de 2012, bem como a crise de
competitividade do setor industrial, frente à concorrência internacional.
Segue um resumo das medidas anunciadas:
I. Câmbio – compromisso de continuar as medidas de contenção da
valorização, como o aumento das reservas e tributação, como a
aplicação do IOF sobre determinadas modalidades de entrada de
capital externo;
II. Medidas Tributárias
Eliminação da contribuição patronal de 20% sobre a folha
de pagamentos de 11 novos setores, compensada por
alíquotas de 1% a 2,5% sofre o faturamento, não incidente
sobre as exportações. Como a medida exige noventena, ela
valerá a partir de junho.
Aumento do PIS/Cofins sobre as importações,
correspondente sobre a alíquota sobre o faturamento.
Desoneração sobre pessoas físicas e jurídicas que
patrocinarem entidades dedicadas a pesquisa e tratamento
do câncer.
Postergação para o segundo semestre de 2012 do
pagamento de PIS/Cofins para os cinco setores mais
afetados pelo câmbio: autopeças, têxtil, confecção,
calçados e móveis.
III. Estímulo à produção Nacional – estabelece prioridade para
aquisição de bens e serviços nacionais nas compras
governamentais, com margem de preferência de até 25% sobre
produtos importados.
IV. Financiamento e redução de custos para o comércio exterior
Ampliação do Programa de Incentivo às Exportações de R$
2 bilhões para R$ 3,1 bilhões.
Desburocratização de crédito para pequenos valores.
Ampliação da definição de “empresa preponderantemente
exportadora”, que não paga imposto na compra de insumos.
Hoje a classificação abrange as empresas que exportam
60% dos seus produtos e a medida reduziu para 50%.
Criação da Agência Brasileira de Garantias.
V. Defesa Comercial – serão realizados controles especiais no
despacho de importações e intensificação da fiscalização nos
aeroportos.
VI. Incentivo ao setor de comunicação e informações
Desoneração de IPI e PIS/Cofins sobre equipamentos
nacionais e obras civis dos investimentos em redes de
telefonia e telecomunicação.
Reedição do programa “Um Computador por Aluno” para
que vigore até 2015, suspendendo a cobrança de IPI,
PIS/PASEP e CIDE do fabricante de computadores
portáteis, tanto na aquisição de produtos intermediários
quanto na comercialização.
Estímulo a produção de semicondutores, com desoneração
de PIS/Cofins.
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
VII. Medidas creditícias
Extensão do PSI – Programa de Sustentação dos
Investimentos, com juros subsidiados, até o final de 2013.
Redução de juros para a compra de caminhões e bens de
capital.
Aumento do prazo para financiamento a exportações.
VIII. Regime automotivo – criação de novo regime automotivo, em vigor
de 2013 a 2017, que define regras para que as empresas não
sofram o aumento de trinta pontos percentuais na alíquota de IPI
instituída para carros importados de fora do Mercosul e México.
Os dados do Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), apontam uma geração líquida de 111,7 mil empregos formais em
março de 2012, contra 150,6 mil no mês anterior. Os setores responsáveis
pelo desempenho no mês foram: Serviços (83,2 mil) e Construção Civil
(35,9 mil). Nos primeiros três meses do ano, o País gerou um saldo de
442,6 mil postos de trabalho. No acumulado de 12 meses, o saldo
registrado foi de 1,76 milhão de empregos gerados. Os dados apontam para
uma redução na geração de empregos, em comparação ao registrado nos
dois últimos anos, refletindo a verificada desaceleração da economia.
Política Monetária
Na reunião de março (dias 29 e 30), o Copom reduziu pela 5ª vez consecutiva a taxa básica de juros da economia, fixando-a no patamar de 9,75% ao ano. Dessa vez os membros do Comitê decidiram aumentar o ritmo de queda da Selic em resposta ao atual quadro de desaceleração da atividade econômica. O corte de 0,75 p.p foi o maior desde junho de 2009 e, no acumulado desse novo ciclo de flexibilização monetária, a redução já soma 2,75 p.p. De acordo com as notas da reunião, a economia brasileira
no segundo semestre do ano passado apresentou desaceleração maior do que o esperado e, em adição, eventos recentes indicam a continuidade da crise financeira europeia. A estimativa é de que o impacto da atual deterioração do cenário internacional sobre a economia brasileira seja equivalente a um quarto do impacto observado durante a crise internacional de 2008/2009.
Se por um lado a crise internacional impacta negativamente a atividade doméstica (por meio da redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos e condições de crédito mais restritivas, dentre outros), por outro lado reduz (de forma positiva) as projeções de inflação. Neste cenário, o Copom trabalha com a projeção de que a inflação acumulada em doze meses, que começou a recuar no último trimestre, siga em declínio, deslocando-se na direção da trajetória de metas.
De forma prospectiva, o Copom sinaliza novos cortes da taxa básica de juros para as próximas reuniões. A combinação dos valores esperados para a inflação e o balanço de riscos associado ao atual cenário elevam a probabilidade de concretização de taxas Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos (8,75% a.a.), e nesses patamares se estabilizando. Em adição, o Copom entende que ocorreram mudanças estruturais significativas na economia brasileira, a exemplo da redução dos prêmios de risco, estabilidade macroeconômica e avanços institucionais, que sustentam taxas de juros mais baixas.
Colaborando com a estratégia do Banco Central, a inflação medida pelo IPCA voltou a desacelerar em março, apresentando alta de 0,21% ante 0,45% em fevereiro. De acordo com o IBGE, o grupo educação foi o maior responsável pela desaceleração do IPCA, com alta de 0,54% no mês (impacto de 0,02 p.p.) contra alta de 5,62% em fevereiro (impacto de 0,25 p.p.). Praticamente todos os grupos apresentaram desaceleração no mês, com exceção dos grupos de alimentação e bebidas e transportes. No acumulado do primeiro trimestre de 2012 deste ano, o IPCA contabiliza elevação de 1,22%, ficando exatamente na metade dos 2,44% registrados em igual período de 2011. Em 12 meses o IPCA alcançou 5,24%, situando-se abaixo do intervalo superior da meta de inflação. Cumpre registrar que, a
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
partir de janeiro de 2012, o IBGE alterou a metodologia de cálculo do IPCA, utilizando a nova base de estruturas de gastos de consumo.
A partir de abril de 2011, o IBGE passou a divulgar mensalmente o Índice de Preço ao Produtor (IPP), que mede a evolução dos preços de produtos “na porta da fábrica”, sem impostos e sem frete, de 23 setores da indústria de transformação. O período de divulgação tem defasagem de dois meses. Em fevereiro de 2012, o IPP registrou deflação de 0,38%, ante deflação de 0,43% em janeiro. As maiores deflações observadas em fevereiro se deram entre os produtos compreendidos nas seguintes atividades industriais: fumo (-2,9%), equipamentos de transporte (-1,9%), alimentos e bebidas (-1,25%) e outros produtos químicos (-1,04%). No ano, o IPP registra deflação de 0,81% e no acumulado de 12 meses até fevereiro, alta 0,76%.
Política Fiscal
O superávit primário do setor público em fevereiro alcançou R$ 9,5 bilhões,
melhor resultado para o mês desde o início da série, em 2001, e bem
superior ao registrado em igual mês do ano passado, que foi de R$ 7,91
bilhões. O pagamento de juros no mês somou R$ 18,27 bilhões, contra R$
19,12 bilhões em igual mês do ano passado. Por conta do elevado superávit
primário no mês, o déficit nominal alcançou 2,7% do PIB. A dívida líquida do
setor público em fevereiro alcançou R$ 1,56 trilhão, equivalente a 37,5% do
PIB, com elevação de 0,4 p.p. em relação ao mês anterior. A dívida bruta,
variável utilizada nas comparações internacionais, alcançou R$ 2,32 trilhões
em fevereiro de 2011, equivalente a 55,7% do PIB, elevando-se em 0,7 p.p
em relação a janeiro.
No ano, o superávit primário alcança 5,38% do PIB, resultado do esforço
das instâncias do governo central e do regional, contrabalançada pelo déficit
nas estatais (ver tabela 2 no anexo). Cumpre registrar o aumento de 28,6%
do déficit da Previdência na comparação do primeiro bimestre do ano de
2012 com igual período de 2011.
Em 12 meses, o superávit primário se estabilizou no patamar de 3,3% do
PIB, ficando 0,2 p.p. acima da meta fixada para este ano. O déficit nominal
em 12 meses caiu para 2,3% do PIB, com queda de 0,1 p.p em relação ao
mês anterior (ver tabela 3 no anexo).
Os resultados consolidados das contas públicas no primeiro bimestre de
2012 indicam que o Governo está na direção para cumprir o superávit
primário fixado para este ano, estimado em R$ 139,8 bilhões (3,1% do PIB).
A economia realizada até fevereiro já alcança mais de um quarto do total
previsto para o ano. O bom desempenho das contas neste início de ano
resulta do aumento da receita bruta do Governo Federal, que cresceu mais
de 14% na comparação de janeiro a fevereiro de 2012 com igual período do
ano passado. Praticamente todos os impostos federais aumentaram sua
arrecadação (muito acima da inflação) no período, com destaque para:
CSLL (+21,3%), Imposto de Renda (+12,7%), IPI (+9,9%), PIS/PASEP
(+9,6%) e Cofins (+7,4%). Já a despesa total cresceu 9,5%.
Com os resultados do primeiro bimestre, as projeções dos analistas
econômicos melhoraram, passando de uma projeção de 2,7% para 3% para
o superávit primário, sendo que a maioria prevê que o governo conseguirá
alcançar a meta cheia (sem ajustes com gastos em infraestrutura). O
otimismo se justifica pela melhora da arrecadação, programa de concessões
do governo de equipamentos de infraestrutura (a exemplo dos aeroportos) e
queda da Selic, que diminui o impacto na conta de juros. As projeções do
Relatório de Mercado (5/4/2012) para 2012 são de que o superávit primário
será de 3,1%, o déficit nominal 2,3% e a dívida pública alcançará 36,35% do
PIB (praticamente no mesmo valor de 2011).
De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, as
recentes desonerações anunciadas pelo Governo Federal para indústria
(Plano Brasil Maior), estimada em uma renúncia de R$ 7,2 bilhões, não
causarão grande impacto fiscal, tendo em vista a manutenção do
contingenciamento de R$ 55 bilhões e a projeção de alta das receitas. O
secretário ainda comunicou que o governo deve emitir bônus títulos da
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
dívida externa brasileira em reais com a intenção de aliviar a queda do
dólar. Com a emissão, os investidores que desejam se posicionar em real
não precisariam ingressar com os recursos no país.
Contas Externas
O déficit em conta corrente de US$ 8,9 bilhões no acumulado do primeiro
bimestre deste ano pode ser explicado pelo saldo negativo do agregado
serviços e rendas, que passou de -US$ 11,3 bilhões em 2011 para -US$ 9,6
bilhões em igual período de 2012, em virtude, principalmente, das despesas
com aluguel de equipamentos, viagens internacionais e transporte, além do
pagamento de juros. A balança comercial apresentou superávit de US$ 423
milhões e o saldo das transferências unilaterais alcançou US$ 341 milhões.
A entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País alcançou US$
9,1 bilhões, contra US$ 10,5 bilhões no primeiro bimestre de 2011,
destinados principalmente para as seguintes atividades: metalurgia;
comércio, exceto veículos; telecomunicações; extração de petróleo e gás
natural; veículos automotores, reboques e carrocerias; construção de
edifícios; produtos alimentícios; serviços financeiros e atividades auxiliares;
outros equipamentos de transporte; extração de minerais metálicos; e
atividades imobiliárias.
O último Relatório de Mercado do BC apresenta as seguintes projeções
para o ano de 2012: saldo de US$ 19 bilhões na balança comercial, déficit
de US$ 69 bilhões na conta corrente e fluxo de US$ 55,4 bilhões em
investimentos estrangeiros diretos.
No primeiro trimestre deste ano, o fluxo de entrada de dólares superou o de
saída em US$ 18,7 bilhões, contra US$ 35,6 bilhões em igual período de
2011, reflexo da entrada de US$ 9,9 bilhões no mercado comercial e de
US$ 8,8 bilhões no mercado financeiro. Após iniciar o ano cotado a R$ 1,87,
o dólar apresentou queda, alcançando R$ 1,70 no final de fevereiro. A partir
de março, o dólar registrou alta, refletindo a ampliação do IOF para
empréstimos externos com prazo de até cinco anos e a sinalização de que o
Governo adotará, nos próximos meses, novas medidas para conter a
valorização cambial, tendo alcançado R$ 1,83 no início de abril. A taxa de
câmbio reflete a especulação dos bancos no mercado de câmbio, cuja
posição em dólar passou de vendida em dezembro de 2011 para comprada
(aposta na desvalorização do Real) neste ano, alcançando US$ 5,8 bilhões
em março. A expectativa é que a cotação da moeda americana alcance R$
1,77 no final de 2012.
A dívida externa total brasileira alcançou US$ 301,1 bilhões em fevereiro,
tendo a dívida de longo prazo atingido US$ 262,1 bilhões e a de curto prazo
totalizado US$ 39 bilhões.
O valor das exportações brasileiras alcançou US$ 20,9 bilhões em março,
contra importações de US$ 18,9 bilhões, gerando um saldo comercial de
US$ 2 bilhões, contra US$ 1,7 bilhão no mês anterior. Tanto as
exportações, quanto as importações registraram recorde para o mês de
março. No primeiro trimestre deste ano, as exportações alcançaram US$
55,1 bilhões, um aumento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano
anterior, e as importações, US$ 52,6 bilhões, alta de 9,4% em relação ao
mesmo período do ano anterior. O superávit comercial no acumulado em
2012 foi da ordem de US$ 2,4 bilhões, valor US$ 705 milhões inferior ao de
igual período do ano passado. No período acumulado de 12 meses até
março, as exportações alcançaram US$ 259,9 bilhões e as importações
US$ 230,8 bilhões. A expectativa da Secex é que, em 2012, as exportações
brasileiras alcancem US$ 264 bilhões no final de 2012, alta de 3,1% em
relação ao verificado em 2011.
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
Petróleo
Nos últimos trinta dias, o mercado internacional do petróleo registrou
redução nos preços, por conta dos temores com a gravidade e duração da
crise internacional. O mercado da commodity acompanhou a queda
verificada nas Bolsas com influência de advertência do Fundo Monetário
Internacional (FMI) de que a crise econômica atual será "mais dolorosa e
duradoura" do que as do passado. Na realidade, em médio prazo, a
tendência global é de contenção nos preços já que, por um lado, a oferta
está aumentando com o retorno da produção da Líbia, além do crescimento
da produção não-Opep nos Estados Unidos, Canadá e Mar do Norte. Por
outro lado, a demanda se encontra deprimida na Europa e nos Estados
Unidos, por conta da crise econômica internacional provocada pela
dificuldade de gerenciamento das dívidas na Europa, que se iniciou na
Grécia, atingiu também Portugal e agora afeta Itália e Espanha. Os Estados
Unidos, maiores consumidores do mundo, ainda apresentam sinais tênues
de recuperação, mas, do lado positivo, apresentam um nível de produção
de petróleo cada vez maior, reduzindo a sua dependência das importações
do Oriente Médio. Desse modo, a maior pressão sobre a demanda da
commodity surge dos países em desenvolvimento, especialmente China e
Índia. Na segunda semana de abril, o petróleo WTI (mercado spot) alcançou
US$ 102/barril (contra US$ 107/barril, em igual período do mês anterior),
enquanto a cesta OPEP foi cotada a US$ 119/barril (contra US$ 124/barril,
em igual período do mês anterior).
Front Externo
No que se refere à maior economia mundial, segundo a terceira estimativa
do Bureau of Economic Analysis (BEA), o PIB dos Estados Unidos cresceu
3% no 4º trimestre de 2011, contra uma expansão de 1,8% no 3º trimestre
de 2011, em termos anualizados.
Quanto ao comércio exterior dos Estados Unidos, em janeiro de 2012 o
déficit comercial subiu 4% em relação a dezembro de 2011, para US$ 52,6
bilhões, o maior desde outubro de 2008. Tal aumento se deu
fundamentalmente em função dos preços mais altos do petróleo e da
retomada da demanda, ajudando a levar as importações a uma máxima
recorde. As importações alcançaram US$ 233,4 bilhões e as exportações
US$ 180,8 bilhões no mês.
No caso das importações, houve aumento de 2,1% e o valor de US$ 233,4
bilhões foi recorde. A China foi o país que mais contribuiu para o resultado,
com as importações oriundas desse país subindo 4,7%, para 34,4 bilhões
de dólares. A importação de bens atingiu o maior nível desde julho de 2008,
pouco antes da forte queda no comércio mundial causada pela crise
financeira. A demanda norte-americana mais forte também levou as
importações de serviços, automóveis, bens de capital e alimentos, sementes
e bebidas a níveis recordes.
Por outro lado, as exportações norte-americanas também mantiveram um
desempenho positivo, com crescimento de 1,4% em janeiro, para US$ 180,8
bilhões, lideradas pelo recorde de exportações de serviços. As exportações
de automóveis e bens de capital também atingiram máximas recordes,
mostrando o aumento da competitividade dos produtos norte-americanos
nos mercados mundiais. O crescimento foi liderado pelas exportações para
o México e o Japão, contrabalançado por quedas nos embarques para a
China e as nações da União Europeia (UE).
Em relação aos dados de emprego dos Estados Unidos, em março foram
criados 120 mil empregos, pior dado dos últimos cinco meses,
desapontando o mercado. Boa parte dessa desaceleração se deve ao setor
de serviços, que criou somente 90 mil empregos. Muitos analistas chamam
a atenção para os números divergentes do emprego e PIB, destacando que
se a economia continuar neste ritmo, muito provavelmente a taxa de
desemprego se manterá estável nos próximos meses.
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
Na China o PIB cresceu 8,1% no 1º trimestre de 2012 na comparação como
o mesmo período do ano anterior, expandindo-se em seu ritmo mais lento
em três anos, desde o primeiro trimestre de 2009, de acordo com dados
divulgados pelo National Bureau of Statistics of China. O crescimento do
PIB desacelerou a partir do aumento de 8,9% registrado no 4º trimestre de
2011 e ficou abaixo da previsão média do mercado de 8,3%.
Ainda segundo dados divulgados pelo órgão oficial de estatísticas da China,
a produção industrial do país apresentou, em março, expansão de 11,9%
em relação ao registrado em igual mês do ano anterior. A formação bruta de
capital fixo – taxa de investimento – foi de 21,5% nos dois primeiros meses
do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.
O Banco Mundial já havia reduzido sua estimativa para o crescimento
econômico do país em 2012 de 8,4% para 8,2%, devido à fraqueza da
demanda externa e à desaceleração induzida pelo governo do mercado
imobiliário. Segundo analistas do Banco Mundial a economia da China
estaria crescendo ligeiramente abaixo de sua taxa potencial. O que significa
dizer que Pequim teria espaço para adotar políticas que impulsionem o
crescimento sem aumentar a inflação.
O Banco Mundial estima o crescimento das exportações da China em 9,7%
neste ano e 11,6% em 2013, com o aumento das importações
provavelmente em 12% em 2012 e 12,5% em 2013. A instituição entende
ainda que a maior ameaça à economia chinesa nesse momento é o
mercado imobiliário doméstico. O relatório reconheceu o arrefecimento
gradual de um setor que esteve no meio de um frenesi especulativo antes
de o governo apresentar novas políticas para acalmar o mercado há dois
anos. O investimento no setor imobiliário respondeu por 13% do PIB da
China em 2011 e afeta diretamente 40 indústrias diferentes.
O Índice de Preços ao Consumidor da China, principal indicador da inflação
no país, foi de 3,2% em fevereiro. Já a taxa de desemprego divulgada,
referente ao 4º trimestre de 2011 foi de 4,1%.
Tendo em conta o quadro da economia europeia, segundo dados
divulgados pela Eurostat (agência oficial de estatísticas da Comunidade
Europeia), a produção industrial da zona do euro cresceu 0,5% em fevereiro
na comparação com o mês imediatamente anterior e caiu 1,8% na
comparação com fevereiro de 2011. Já a produção industrial da União
Europeia cresceu 0,2% e caiu 1,8% nas mesmas comparações
intertemporais. O índice de preços ao consumidor da zona do euro registrou
variação de 2,7% em fevereiro, enquanto a taxa de desemprego alcançou
10,8% em fevereiro de 2012.
Em relação à economia do Japão, os dados divulgados pelo METI
(Ministério da Economia, Comércio e Indústria), a produção industrial
japonesa cresceu 1,5% em fevereiro, na comparação com o mês anterior e
caiu 1,2% em relação ao verificado em igual mês de 2011. Os segmentos
industriais que mais contribuíram para a queda foram: maquinário em geral,
equipamentos de transporte e equipamentos eletrônicos de informação e
comunicação. Em fevereiro a taxa de desemprego ficou em 4,5% e o índice
de preços ao consumidor registrou deflação de 0,3%.
Na Argentina destaca-se a crise política causada pela insistência por parte
do governo em camuflar os dados reais sobre a trajetória da inflação.
Oficialmente, em 2011, a inflação foi menos de 10%. Instituições privadas
estimam que a taxa de inflação esteja perto de 23%. Segundo analistas, a
manipulação de índices de preços compromete outras estatísticas, como a
taxa de pobreza e o crescimento da economia. A respeitada revista The
Economist, que publica semanalmente mais de 1.000 dados de indicadores
econômicos de todo o mundo, recusa-se a divulgar a inflação oficial da
Argentina. O FMI também tem criticado a confiabilidade dos dados da
inflação na segunda maior economia da América do Sul e, no mês de
fevereiro, deu prazo de 180 dias para que ocorram melhorias na qualidade
da informação sobre o indicador.
A crise política se agravou quando o governo da presidente Cristina
Kirchner decidiu multar economistas e consultorias privadas que divulgam
estimativas próprias sobre a variação dos preços.
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Acompanhamento Conjuntural –04/2012
Em busca do crescimento
As medidas de incentivo, recentemente anunciadas pelo Governo Federal,
demonstram claramente a enorme dificuldade do País em retomar a
trajetória de crescimento do PIB da ordem de 5%, tendo em conta o baixo
carregamento estatístico do ano anterior, o crescimento inferior da
demanda, a reduzida confiança empresarial e a desaceleração da
construção civil e do consumo de máquinas e equipamentos (nível de
investimentos). Além disso, o cenário externo continua desafiador, com
baixo crescimento nas economias avançadas e desaceleração da economia
chinesa.
No que se refere à questão cambial, apesar das medidas pontuais do
Governo federal, permanece a tendência de sobrevalorização do Real, em
decorrência do enfraquecimento das economias avançadas e da
superoferta de dólares. O fato é que o processo de valorização do Real tem
provocado uma concorrência desleal para a indústria nacional, face à
entrada facilitada de produtos importados e ao encolhimento das margens
pela dificuldade de repasse do aumento dos custos de seus insumos. Desse
modo, as medidas governamentais no sentido de controlar o câmbio, ainda
que temporárias e tímidas, são bem vindas pelo setor industrial.
Analisando a conjuntura econômica com foco no setor industrial, observam-
se efeitos diferenciados de acordo com o perfil setorial. Os fabricantes de
bens de consumo, a exemplo de calçados, têxteis, móveis e autopeças, têm
sofrido bastante com o processo de valorização cambial que, juntamente ao
problema dos elevados encargos trabalhistas, reduz significativamente a
competitividade das empresas locais em relação aos concorrentes externos.
Nesse sentido, o governo tem oferecido tratamento prioritário a estes
setores através da desoneração da folha e da oferta de crédito diferenciado.
Os setores industriais capital-intensivos e produtores de bens tradable,
apesar de sofrerem os efeitos da redução da atividade, ainda se beneficiam
dos preços das commodities, que impulsionam as receitas de segmentos
como refino, petroquímico, metalurgia e celulose. Também as empresas que
possuem dívidas denominadas em dólares ou que possuem elevados
coeficientes de importação se beneficiaram da trajetória de valorização do
Real.
No âmbito local, vale destacar a perspectiva favorável que o setor de Alimentos e Bebidas no Estado da Bahia vem apresentando de forma consistente ao longo dos últimos anos. Esse cenário se deve fundamentalmente ao aumento da demanda por alimentos industrializados decorrente do ganho de poder de comprar das chamadas classes C e D. Ocorre que na região Nordeste o impacto das políticas assistenciais de transferência de renda e a valorização do salário mínimo têm maior impacto, o que vem atraindo grandes empresas multinacionais do segmento de alimentos e bebidas. Um bom exemplo disso acontece na região de Feira de Santana que, por conta de suas condições favoráveis para a logística, vem atraindo investimentos significativos de um número considerável de empresas de classe mundial, criando condições para a manutenção do ritmo de expansão desse setor no Estado.
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
Compõem o presente Anexo os seguintes documentos:
(i) Brasil: Representatividade da Indústria de Transformação (% PIB)
(pág.11);
(iii) Brasil: Composição das Exportações (pág.12);
(iv) Tabelas de Política Fiscal (págs. 13 a 15);
(v) Brasil e Bahia: Evolução Mensal dos Saldos das Admissões menos
Desligamentos de Trabalhadores regidos pela CLT, no período
janeiro a março 2012 (págs. 16 e 17);
(vi) Indicadores de Economias Avançadas (pág. 18);
(vii) Indicadores Econômicos de Países Emergentes (pág. 19); e
(viii) Relatório de Mercado do Banco Central - Expectativas de Mercado
(págs. 20 e 21).
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Fonte: Ipeadata; elaboração FIEB/SDI. (*) Dados preliminares.
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Nota: 2011 de janeiro a setembro
Fonte: Ipeadata (11-04-2012); elaboração FIEB/SDI. Nota: Acumulado de janeiro a fevereiro.
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Relatório de Mercado do Banco Central: Expectativas de Mercado (13/04/2012)
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Acompanhamento Conjuntural – 04/2012
Acompanhamento Conjuntural (AC) é uma publicação mensal da
Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), produzida pela
Superintendência de Desenvolvimento Industrial (SDI).
Presidente: José de F. Mascarenhas
Diretor Executivo Interino: Leone Peter Correia da Silva Andrade
Superintendente:
João Marcelo Alves
(Economista, Mestre em Administração pela UFBA/ISEG-UTL,
Especialista em Finanças Corporativas pela New York University)
Equipe Técnica:
Marcus Emerson Verhine
(Mestre em Economia e Finanças pela Universidade da Califórnia)
Carlos Danilo Peres Almeida
(Mestre em Economia pela UFBA)
Ricardo Menezes Kawabe
(Mestre em Administração Pública pela UFBA)
Mauricio West Pedrão
(Mestre em Análise Regional pela UNIFACS)
Everaldo Guedes
(Bacharel em Ciências Estatísticas – ESEB)
Críticas e sugestões serão bem recebidas.
Endereço Internet: http://www.fieb.org.br
E-mail: sdi@fieb.org.br
Reprodução permitida, desde que citada a fonte.
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