a sociedade propagadora de ensino: atuação e …...eram arrecadados todo mês, e que os sócios, a...
Post on 28-Sep-2020
6 Views
Preview:
TRANSCRIPT
A SOCIEDADE PROPAGADORA DE ENSINO: Atuação e Diretrizes
curriculares – Pará, 1892-1897.
LUCAS AYRES CARDOSO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
Tão sincera e tão ardorosa é em mim a fé republicana, que eu
confundo no mesmo culto a Pátria e a República, noções que
no meu espírito já se identificaram, porque eu não concebo a Pátria senão livre, grande e feliz, e só da República, ao que
sinto, essa liberdade, essa grandeza, essa felicidade hão de
provir, (SODRÉ, 1896, P. 300).
Com a entrada do governo provisório Lauro Sodré, no Pará em 1891, no início
da República implantou uma Associação que ficasse responsável pela educação dos
“operários” que trabalhavam nas indústrias. Nesse sentido, é necessário compreender
como surgiu essa associação, por isso, volta-se no período anterior de 1876, onde foi
criada no Rio de Janeiro uma Sociedade de simpatizantes do positivismo, mais que
acima de tudo, com as ideias de Comte.
No ano seguinte dois jovens da Sociedade, o fluminense Miguel Lemos e o
maranhense Teixeira Mendes, os quais foram expulsos da Escola Politécnica, foram
para Paris, na França, onde aderiram ao positivismo religioso. Além disso, os
positivistas estavam em buscas de conhecimentos e permaneceram até 1880. No
entanto, decidiram que no ano seguinte de 1881 voltariam ao Brasil.
De acordo com (Carvalho, 2009, p.42) o fluminense Miguel Lemos assumiu a
direção da sociedade positivista e a transformou em uma igreja positivista, a qual
declarou que começou a apresentar em prática os ensinos de Comte. Desta forma, todos
que fizessem parte dos dogmas dentro da igreja não poderiam assumir cargos públicos.
Exemplo claro foi do ex-presidente da Sociedade Positivista, Joaquim Ribeiro de
Mendonça, que foi excluído por ser proprietário de escravos, outro foi Benjamin
Constant, um dos futuros proclamadores da República, que saiu por ser professor da
Escola Militar.
Todavia, Benjamin Constant mandou uma carta em 1882 esclarecendo que
mesmo sendo funcionário público não o impediria de fazer parte do positivismo, pois
deixou claro que não aceitou esses dogmas do positivismo e terminou argumentando
que foram quebrados a solidariedade que existia como membro da Associação, e nesse
momento saiu desta importante associação, (SODRÉ, 1896, P. 339). E que todos os
positivistas não podiam aceitar cargos públicos, especialmente em escolas públicas de
ensino superior, e que deveriam ser homens civis comuns sem responsabilidade para
com a sociedade positivista.
Conforme Carvalho (2009, p. 42) Miguel Lemos e Teixeira Mendes foram
chefes no controle da Igreja, e desenvolveram uma intensa atividade, que segundo a
Revista História, registra que “foi a atividade do proselitismo e propaganda das ideias
positivistas”. E publicaram centenas de folhetos e de artigos em jornais, além disso,
organizaram várias celebrações cívicas, conferências, desfiles e monumentos. Nos
folhetos e nos artigos de jornal a prática generalizada da época era o anonimato, todavia,
todos que faziam parte do positivismo tinham que assinar e colocar os seus endereços, a
data e o local de nascimento, sendo uma regra as ideias de Comte de “Viver as claras”.
Uma vez que todos da sociedade deveriam conhecer o homem do positivismo. Pois, as
ideias de Comte é pensar na continuidade das suas ações perante a sociedade, por isso
compreende que;
As suas estranhas práticas religiosas, os quais, os positivistas despertaram
forte reação. Para alguns, eram ridículos, para outros, fanáticos religiosos ou
malucos, lunáticos alheios à realidade nacional. Todavia, muitas das
campanhas que organizaram e das teses que defenderam, embora, de fato,
contrárias a ideias, valores e práticas nacionais, nada tinham de malucas, (CARVALHO, P. 44).
As ideias positivistas lutaram pela abolição da escravidão, além disso, foram
muito importantes para a maioria da sociedade, uma vez que, esta sociedade de baixa
renda não tinham quem lutassem por suas ideias e seus direitos para com os seus
objetivos de sua cultura social.
Conforme José Bonifácio um de seus heróis cívicos ao lado de Tiradentes e
Benjamin Constant defendia a abolição imediata como inverteram a visão, de uma
sociedade de brancos, pois, não se via além de brancos outras pessoas que moravam em
sua própria sociedade. Além disso, a sociedade positivista lutava por causas que
beneficiasse o bem estar do ser humano, mas sempre nas ideias de Comte, por isso, é
importante a campanha inspirada em José Bonifácio que teve por alvo a proteção dos
indígenas – outro grupo de brasileiros que ao lado dos escravos diziam os positivistas
serem martirizado em nossa sociedade”. Segundo o autor “Candido Mariano da Silva
Rondon, primeiro diretor do Serviço de Proteção aos Índios”. Que os positivistas foram
contra a lei da repressão à vadiagem, pois, defendiam que “o direito ao não trabalho e
argumentavam que os verdadeiros vagabundos mais nocivos ao país eram os ricos, os
burgueses, e não os pobres e mendigos”, (CARVALHO, 2009, P. 44).
A Constituição de 1891 incorporou ideias positivistas e muitas delas em conflito
com a Constituição Federal. Além do mais, na Sociedade Propagadora de Ensino o
fundamental foi um ensino teórico e prático a classe operária, pois era a saída dos
problemas que existiam naquele período no mundo europeu, onde terá de incorporar a
mão de obra do proletariado, uma vez que torna importante dar uma nova visão de
aprendizagem para aumentar o nível de ação da sociedade cívica e moral ao povo.
De acordo com a Mensagem de Lauro Sodré em 1892 que a ampliação da
instrução pública, todas as camadas sociais foram beneficiadas, com o aumento do
número de escolas no Estado, além disso, o mestre foi o grande instrumento da
regeneração social e das consciências de cada indivíduo, para a mão de obra qualificada
dentro das indústrias, pois, a educação seria voltada ao novo evangelho ao povo, que
surge como a forma ideal para a República.
Todavia, nas palavras do autor que “a assembleia legislava apenas em matéria
orçamentária, onde a educação pública limitava-se ao ensino básico, e era permitido o
exercício de qualquer profissão sem exercício de diploma”, (CARVALHO, 2009, p.
44). Neste sentido, que a profissão de professor poderia ser assumida por qualquer
pessoa daquela sociedade, mesmo sem o diploma, por isso, que existia um grande índice
do analfabetismo no Brasil.
Na narrativa de Maria Teresa de Melo o que mais importava naquele momento
foram os estudos teóricos, uma vez que possibilitava uma ascensão na sociedade, que
integraria à elitização dentro da instrução pública e o diferencial é que a maioria da
sociedade atingida era de analfabetos e apenas 1% da sociedade poderia ter um diploma
superior. Nesse sentido, observei que a formação do militarismo não interessava, pois
Augusto Comte enfatizava que não era importante a carreira militar, pois, a busca desta
formação de nível superior era para está inserido em uma elite, pois, o período
demonstra um analfabetismo muito alto no Brasil.
Conforme a narrativa de Jorge Nagle (1976) compreende que “A república recebe
uma herança caracterizada pelo fervor ideológico, pela sistemática tentativa de
evangelização: Democracia, Federação e Educação constituíam categorias inseparáveis
apontando a redenção do país. A República proclamada recebe assim um acervo rico
para pensar e repensar uma doutrina e um programa de educação”.
O autor deixa claro que com a entrada da República possibilitaria tirar o país do
atraso em relação à educação, pois o processo monárquico tinha uma formação
dependente das nações europeias, além disso, Benjamin Constant queria que tivesse
uma educação voltada para a maioria da sociedade, uma vez que a educação privilegiou
apenas a elite, e os primeiros esforços são voltados à educação primária, que
possibilitasse aos trabalhadores jovens e adultos um aprendizado em artes e ofícios, e
para tanto era necessário uma instituição à noite, pois, esses operários estariam
trabalhando de dia nas fábricas e a noite, estivesse recebendo uma formação de
marceneiro, typográfo, mecânico, etc...
Para a construção da Sociedade Propagadora de Ensino foi feito um convite por
parte do ilustríssimo governador Lauro Nina Sodré para todas as pessoas de classe altas
e operosas do sábio administrador de estarem presente no dia 9 de Junho de 1891, pois,
tinha que fundar nesse estado uma sociedade de ensino teórico e prático, sobretudo para
ás classes proletárias e ocupadas da sociedade, e que a mesma “Sociedade foi instalada
no dia 16 de Novembro de 1891”.
De acordo com a Sociedade Propagadora de Ensino, instalada em dia 16 de
Novembro de 1891 a sua primeira diretoria: os Srs. Drs. Pereira Guimarães, Alexandre
Tavares, Valente do Couto, Gentil Bittencourt, Ó d’Almeida, Henrique Santa Rosa e
Vasconcellos Drumond, Victor Bezerra, Tenente-Coronel João Gualberto da Costa e
Cunha, Leandro Campos, Visconde de S. Domingues, Major Ignácio Nogueira, George
Sumner, Carlos Wiegandt e Raymundo Espindola. Esta diretoria eleita foi reeleita três
vezes, onde fizeram parte dela os seguintes cidadãos: Drs. Antonio Marçal, Pedro
Chermont, Barão de Marajó, Alvares da Costa, Octaviano de Paiva Junior e Elias
Vianna, Raymundo Saraiva, já falecido, José Marques Braga Francisco da Silva Aguiar,
José de Castro Figueiredo, Egydio Leão de Salles, Manoel Antonio de Castro, Tenente-
Coronel Raymundo Alves da Cunha e Candido de Moura.
O governador Lauro Nina Sodré tinha muitos aliados para colaborarem para com
a Sociedade Propagadora de Ensino, por isso, é importante resgatarmos uma tabela, que
visualiza o quanto desses colaboradores davam mensalmente, e que apresenta as
contribuições de todos os sócios, pois, irão contribuir para com os objetivos desta
Sociedade. Desta forma, apresento a tabela onde consta os números de sócios e os
valores de cada um que contribuía mensalmente.
Sociedade Propagadora de Ensino: Diretores e contribuição mensal de todos os
tipos de sócios.
Total de Diretores: 28 28 Diretores que fizeram parte da Sociedade
propagadora de ensino.
Sócio benemérito: Lauro Nina Sodré.
Sócios remidos: Um total de 54 membros, sendo 6
companhias e uma tesouraria.
Sócios fundadores não remidos Um total de 126 membros, sendo dois
falecidos.
Contribuição mensal de cada sócio: 1$000 réis.
Conforme Ignácio Moura (1895, p. 25) que “A Sociedade propagadora de
Ensino tem um capital de 75:157$930 réis representado em apólices da Dívida Estadual
e Federal, depósitos na Caixa Econômica, e bens moveis e utensílios”. Além disso, a
importância desta Sociedade no Estado do Pará permite analisar que as contribuições
eram arrecadados todo mês, e que os sócios, a maioria eram homes e mulheres da alta
sociedade. Relata ainda que “O rendimento anual é de 2:540$000 e a sua despesa é de
15:300$000”. Além disso, o Estado tinha benefícios. Além disso, Moura narra que “os
benéficos serviços que é útil a associação tem prestado ao nosso meio industrial e
artístico e votam subvenções anuais onde tem contribuído para a prosperidade social”, e
a subvenção estadual anual foi de 15:000$000 e o Municipal de 5:000$000”. Portanto,
esta Sociedade tem contribuído com o governo de Lauro Nina Sodré.
Esta Sociedade vem contribuindo na formação desses trabalhadores através do
“Lyceu de Artes Benjamin Constant, onde tem prestado á instrução popular e as classes
proletárias, distinguindo-se os operários que frequentam o Lyceu nas oficinas e fábricas
em que trabalham pela cópia de princípios teóricos de fácil aplicação no trafego
mecânico”. Muito tem feito esta Associação para a formação destes operários dentro das
indústrias no estado do Pará, além do mais, estas fábricas pagam os seus tributos ao
estado, onde são comandados pelos grandes proprietários por parte das indústrias no
Estado do Pará, (MOURA, 1895, P. 25).
Dentro destas narrativas em relação à Sociedade Propagadora de Ensino é
necessário que a mesma será responsável por implantar um sistema de ensino no Lyceu
Artes e Ofícios Benjamin Constant, por isso, nesse sentido Felipe Tavares de Moraes
(2011, P. 25) afirma que é importante que “as reformas da Escola Normal e do Lyceu
Paraense, eram concebidas como indispensáveis para levantar o nível da instrução
pública, no qual a formação do “mestre” transformaria a escola no “templo de ciência e
democracia”. Esta narrativa estaria sendo implantada no governo provisório de Lauro
Nina Sodré de 1889-1891. Por isso, faz-se necessário as palavras de Moraes, onde
registra que;
O relatório de Antônio José Ferreira Braga apresenta as suas preocupações
com a instrução e a sua incompatibilidade com os desenvolvimentos
materiais da província. Considera que a falta de professores, de escolas e de
alunos é a tríade negativa que marca a educação da província. Reputa, ainda,
que a formação de professores é um elemento estrutural para melhorar a
educação, tanto que faz referência à Grécia que, para conquistar a sua independência e liberdade, primeiro fechou as portas das escolas primárias
até que a Escola Normal fornecesse o número necessário de mestres para o
ensino, (MORAES, 2011, P. 50).
Foi necessário fechar as portas de escolas primárias para a priori se
preocupassem em formar professores que contribuíssem com a formação desses alunos,
uma vez que, a Sociedade Propagadora de ensino seria a responsável por implantar no
Lyceu de Artes e Ofícios Benjamin Constant um currículo para os trabalhadores, onde
só tinham aulas à noite, das 18:00 horas as 21:00 horas. Todos os dias uteis.
Conforme Araújo (2007, p. 186) compreende que “a educação profissional para
o trabalho a mais diretamente vinculada ao momento da produção sempre foi colocada
no âmbito da educação como um todo, e tinha como preocupação imediata combater os
malefícios da divisão do trabalho”. Pois o fundamental era para esses trabalhadores uma
profissão, pois ajudaria a estarem inseridos no mercado de trabalho. Neste sentido, torna
importante refletir as palavras de Marx sobre o início do trabalho e do ensino, pois o
fundamental era que contribuísse para com os trabalhadores sobre os modos de vida de
todos eles, através da força de trabalho.
Entretanto, pensava Araújo (2007, p. 186) que o mais importante para esses
trabalhadores fossem adquirir qualquer tipo de conhecimento, e fossem inseridos dentro
das fábricas para o “saber produtivo”, por isso, é fundamental analisar nesta Associação
Promotora do Ensino, onde era a responsável por implantar um sistema de ensino, no
Lyceu de Artes Benjamin Constant, fundado em 1891.
Segundo Araújo (2007, p. 187) compreende que “Para Marx, a finalidade da
educação, era em última instância, fortalecer as classes exploradas teórica e prática, para
cumprir o papel histórico de superar o capital”, e de formar essas classes em um
profissional que fosse capaz de superar o capital e estarem inseridos como um todo em
sua sociedade. Além disso, Araújo (2007, p. 189) adverte que “a fragmentação das
massas trabalhadoras e dos sistemas educacionais implicam novos e enormes desafios
para a perspectiva emancipacionista da educação”. Por isso, é importante analisar o
governo de Lauro Nina Sodré sobre a política educacional implantada pela Sociedade
Propagadora de Ensino a qual era a responsável em implantar a formação nessas escolas
e os currículos que eram fundamentais, pois permite verificar a formação de cada escola
que vai contribuir para com este aluno que frequenta tal instituição.
No governo provisório de Lauro Nina Sodré, a tese de Monteiro (2014, p. 187)
afirma que esta Sociedade Propagadora de ensino foi criada em 09 de julho de 1891.
Nas reflexões de Ignácio Moura, registra que o objetivo da Sociedade foi investir no
ensino teórico e prático, sobretudo às classes proletárias, na formação profissional para
o mercado de trabalho. E a ideia do governador era formar e qualificar na Sociedade
uma mão de obra preparada para o mercado industrial no Estado do Pará.
Desta forma analisei as concepções políticas-educacionais republicanas permite
verificar as ideias do governo de Lauro Sodré, no sentido, da substituição de regime
políticos, da monarquia e com a entrada da República, pois este novo viés na educação e
formação desses trabalhadores jovens e adultos, muitas vezes não tinham acesso há uma
educação de qualidade, pois, analisei que o tempo disponível que existia foi implantado
pelo governador. Além disso, as ideias positivistas viam que a saída era que existisse
uma escola que desse conta das necessidades e da formação, vistas que a única maneira
foi criar uma escola à noite das 18:00 horas às 21:00 horas, todos os dias uteis, e que
não prejudicasse a força de trabalho nas industrias.
No Jornal A República em 07.09.1886, o intelectual positivista chamado
Theofilo Braga afirma que;
A medida que a educação pública se alarga, a indústria se multiplica, que as
opiniões se racionalizam, o indivíduo adquirem um maior grão da sua
consciência e procura afirmar por todas as formas a própria independência. É
nessa fase de transformação que o Estado se imobolisa, concentrando a
autoridade nos privilégios dinásticos, apoiando-se nas classes atrasadas,
conservadoras por insticto, e embaraçando o progresso individual por uma
regulamentação importuna e atrofiadora chamada a centralização
administrativa.
Nesse cenário existiram outras Sociedades e preocupações de cunho civilizatório
que contribuíram com as propagações das ideias positivistas. Uma delas foi dos
“Estudos Paraenses”, que foi analisada na Revista de Estudos Paraenses. Esta Sociedade
segundo Ignácio Moura (1895, p. 43) que em suas reuniões no palácio do governo foi
instalada definitivamente no dia 12 de Outubro de 1893, em comemoração ao
aniversario da descoberta da América. Acrescenta ainda que na inauguração o
Presidente exm. sr. Barão de Marajó afirma que “tem por fim estudar todas as questões
de sciencias e letras cuja a solução possa trazer qualquer desenvolvimento á futura
Amazônia”. As publicações da Sociedade Paraense com relação à ciência e letras eram
divulgadas a cada três meses. Fazendo parte das instituições de caráter civilizatório de
Lauro Sodré.
Nesse sentido o quadro abaixo mostra as leis que apresentam os vencimentos,
atribuições dos professores de música;
Lei n 10 de 09 de janeiro de 1892
Instituto de Educandos de Artífices Paraenses
Artigo: 1: o professor de música do
Instituto de Educandos Artifices Paraense
Vencimento mensal.
Ordenado: 1.600.000 réis.
Gratificação: 800.000 réis.
Artigo: 2: A cadeira de música do Instituto
Paraense.
Será provida efetivamente por
concurso.
Artigo: 3: Os vencimentos marcados no artigo 1:
da presente lei.
Só começará a ser pagos ao
professor depois da nomeação do
concurso, o qual recebeu-se com a
máxima brevidade.
Artigo: 4: Revogam-se de reposição ao contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades e assim o conhecimento e execução
desta lei pertencerem o que fielmente a cumpram e façam cumprir. O Secretario do
Estado a faça imprimir, publicar e correr.
Palácio do Governo do Estado confere isto do Pará, 9 de janeiro de 1892, 4: da
República.
Muitos professores de música do Instituto tinham um vencimento e uma
gratificação anual, mas que só poderiam exercer esta profissão quando os mesmos
fizessem concursos para concorrerem para esses cargos, todavia percebe-se nesta lei que
todas as reposições em contrário que o secretário publique, imprima e faça divulgar a
todas as pessoas que queiram concorrer a este cargo e que se inscrevam dentro do
período proposto. As vagas para professor de música tinham as suas atribuições,
ordenados e gratificações. Além disso, outra significativa lei nº 32 de 11 de Agosto de
1892, que contribuiu para refletir-se sobre no governo provincial que foi o Lyceu
Paraense, que declarava no primeiro artigo a dispensa de 18 meses de trabalhos letivos
João Baptista Ferreira Penna, o qual está implícito a sua liberação.
O Instituto tinha duas escolas que funcionavam em horários diferentes, por isso,
reflete-se no Regulamento do Lyceu Paraense, através do decreto nº 798, de janeiro de
1900, onde registra que na organização científica do Lyceu Paraense, o Artigo 1º tem
por fim proporcionar à mocidade a instrução secundária e fundamental necessária e
suficiente não só para o bom desempenho dos deveres do cidadão, mas também para a
matrícula nos cursos superior e obtenção do grãu de Bacharel em sciência e lettras.
Neste sentido, existia um determinado grupo dentro da Sociedade que se
formaria mesmo sabendo naquele momento que o analfabetismo era muito no Brasil. Na
seção, do artigo 2º, adianta sobre o curso do Lyceu que compreenderá as seguintes
disciplinas: Portuguez, Literatura, Francez, Inglez, Allemão, Latim, Grego,
Mathemática Elementar, Elementos de Mecânica e Astronomia, Elementos da História
Natural, Geographia e Chorographia do Brasil, História Universal, História do Brasil,
Lógica e Desenho.
Todas as disciplinas eram ministradas no ensino fundamental e secundário com
determinadas cargas horárias, por isso, é importante registrar que no ensino superior o
número de aulas serão distribuídas por seis anos de estudos, por isso, o quadro abaixo
das disciplinas do primeiro até o último ano de formação para se tornar um Bacharel em
Ciências e Letras.
Número de horas de aulas por semana para o ensino superior
1º Anno 2º Anno 3º anno 4º Anno 5º Anno 6º Anno
Aritmética...
4hs.
Aritmética..}3
hs.
Álgebra......}3
hs.
Algebra..2hs. Algebra.}3hs.
Geom....}3hs.
Trigon...}3hs.
Mec. e
Ast.}3hs.
Mathemátic
a.2 hs.
Geographia.3
hs.
Geographia..3
hs.
Geom. e
Tri..5hs.
Português.2hs. Phyf.eChim
...5hs.
Phyf.e
Chim.1h.
Português....
3hs.
Portuguêz....3h
s.
Geographia..
1hs.
Francêz.....1h. Litteratura.
2hs.
Hist.
Nat.....5hs.
Francêz.......3
hs.
Francêz........3
hs.
Português....
2hs.
Inglês.......2hs. Inglês.........
1h.
Geographia
..2hs.
Dsenho.......3
hs.
Inglês...........3
hs.
Francêz.......2
hs.
Allemão...3hs. Allemão...3
hs.
Litteratura..
.2hs.
Total: 17
horas.
Desenho.......3
hs.
Inglês.........3
hs.
Latim.......3hs. Latim.......3
hs.
Francêz..1
h.
Tota: 18 horas. Allemão.....3
hs.
Grego.......3hs. Grego......3
hs.
Inglês.....1
h.
Latim.........3
hs.
História....3hs. História...3
hs.
Allemão.1
h.
Desenho......
2hs.
Dsenho....2hs. Desenho...1
h.
Latim.....1
h.
Total: 23
horas
Total: 22horas Total: 24
horas.
Grego....2
hs.
Hist. Do
Brasil..3hs.
Lógica........
.3hs.
Desenho.....
.1 h.
Total: 24
horas.
FONTE: PARÁ, Regulamento do Lyceu Paraense e Escola Normal, Imprensa Oficial do Estado, 1900, p. 6.
Observei que a prioridade era de formar uma mão de obra qualificada,
priorizando algumas disciplinas como História Natural, Geometria e Trigonometria,
Aritmética e Àlgebra, além disso, poucos alunos foram os privilegiados para com esta
formação, uma vez que, o analfabetismo no Brasil era mais da metade da população, e
muitos não atingia o ensino primário.
No artigo 4º, registra que “Haverá no Lyceu Paraense lentes em todas as
disciplinas”. E é necessário destacá-las: uma de Português, uma de Francês, uma de Inglês,
um de Allemão, um de Latim, um de Grego, uma de Aritmética e Álgebra, uma de Geometria e
Trigonometria rectilínea, de Elementos da mecânica e Astronomia, que fará no 6º anno revisão
do curso de mathemática, uma de Elementos de Phyfica e Chimica, uma de Elementos da
História Natural, uma de Geographia e Chorographia do Brasil, uma de Litteratura, uma de
Lógica, além do mais, um Professor de Desenho, (REGULAMENTO DO LYCEU PARAENSE
E ESCOLA NORMAL, 1900, P. 6).
A importância em ter lentes em todas as disciplinas, entretanto, existia
prioridade no lente, que fará uma revisão no curso de matemática e um professor de
desenho. No artigo 8º entende o seguinte: na Alínea I registra que “o estudo da
gramática portuguesa nos primeiros anos deverá revestir a maior simplicidade e limitar-
se ao que é estritamente indispensável para que o estudante tenha uma norma objetiva
de critério quando quiser exprimir na gramática descritiva ou prática”.
O trabalho do aluno desenvolver-se-á em exercícios graduados de redação do
pensamento, na leitura dos prosadores e poetas com os quais o lente procurará
familiarizá-lo, obrigando-o a explicação do termo, expressões idiomáticas, figuradas
etc.., pelos exercícios de sinonímia, paraphase, emprego de vocábulos, redução de prosa
literária a linguagem comum, de verso à prosa literária ou vulgar, assim como de
composições variadas e sempre mais difíceis, que versarão sobre conhecimentos
adquiridos, assuntos de ordem literária, explicados anteriormente, e biografias de vultos
da história pátria. Além disso, todas essas disciplinas eram lançadas através deste
regulamento, (REGULAMENTO DO LYCEU PARAENSE, 1900, P.5).
Conforme o Regulamento (1900, p. 9) onde no quadro abaixo tem uma relação
com todas as disciplinas e as notas reconhecidas com as avaliações dos alunos.
Péssima 0.
Má 1, 2 e 3.
Soffrivel 4, 5 e 6.
Bôa 7, 8 e 9.
Optima 10.
FONTE: Regulamento do Lyceu Paraense e escola normal, Imprensa Oficial do Estado, 1900, p. 6.
Desta forma, percebir o quanto era necessário que o lente tivesse domínio sobre
os alunos, com relação a sua atribuição e colocar intrínseco nas mentes dos alunos
aquilo que era mais importante naquele momento. Sendo que através das avaliações
uma média que suprisse e avaliasse o desempenho dos alunos no Estado do Pará. Além
disso, as aulas começavam no dia 1º de fevereiro e terminaria em 30 de setembro.
O Lyceu Paraense tinha as suas próprias regras com relação aos seus alunos,
pois, os alunos ficarão sobre penas disciplinares. No regulamento do artigo 74 destaca
que “1º admoestação particular, 2º notas desfavoráveis nos boletins, 3º repreensão em
aula, 4º exclusão temporária da aula, 5º exclusão temporária do lyceu, por 5 à 20 dias, 6º
exclusão temporária por um ano, 7º exclusão temporária por dois anos e 8º exclusão
definitiva. Desta forma que todos os alunos sabiam dos critérios que deveriam seguirem
de forma obrigatória em todo o seu regulamento, (REGULAMENTO DO LYCEU,
1900, P. 14).
É importante também refletir no Lyceu Paraense sobre o curso de agrimensura,
pois, no curso superior existia uma certa regalia no artigo 182, pois, considera no
regulamento que “o anexo ao Lyceu Paraense contínua o curso de agrimensura,
destinado a conferir o titulo de agrimensor àqueles que se mostrarem habilitados nas
matérias que o constituem, e no artigo 183 que “o aluno que tiver completado os três
primeiros anos do curso integral poderá requerer os exames de admissão no curso de
agrimensura”, e de formarem em Bacharel e letras, todavia, o período demonstra que a
maioria da sociedade não poderia se matricular, pois eram analfabetas.
A instituição tinha o compromisso de formar trabalhadores ou operários no
Lyceu de Artes Benjamin Constant e as aulas começavam todos os dias uteis das 18:00
horas às 21:00 horas. Diante disso é importante apresentar a priori o Diretor, os
professores, as disciplinas e os seus conteúdos, uma vez que contribuirá para com esses
trabalhadores para em sua formação no Estado do Pará.
Conforme Coelho no estudo sobre o Barão de Marajó: Um intelectual e político
entre a Amazônia e a Europa (1855 – 1906), afirma que “em relação à educação
considerava como fator primordial ao futuro na defesa de um país o qual consiste no
número de baionetas como no de filhos inteligentes que possui, e “no relatório de 1879,
citou a opinião de um advogado norte-americano Daniel Webster sobre a instrução
pública, como sendo primordial para formar uma população capaz de depreender as
causas dos problemas, buscando para sua resolução, que a todo momento busca uma
saída para o processo de ensino.
Diante disso, conforme Coelho (2015, p. 188) aponta no Relatório de governo
que “a condição das escolas era de penúria das 220 existentes apenas 30 se achavam
convenientemente mobiliadas. Além disso, a maioria das escolas, não havia uma
preocupação de reforma. Segundo Coelho afirma que diante deste quadro indicou
algumas ações primordiais para melhorar a educação como: gasto com edificação de
escolas, compra de mobílias, de material didático (para alunos), de material de
expediente, a criação de uma escola efetiva para a educação feminina, a criação de 18
escolas elementares, além do mais, que os ordenados dos professores antigos fossem
igualados com o dos modernos e criação de uma comissão para reformar os
regulamentos da instrução primária e secundária. Neste sentido que muito ainda tinha
que ser refeito no Pará, todavia, o governo se preocupou em reformar de forma geral e
instituir uma comissão para que a mesma criasse uma instrução pública voltada para a
sociedade que viesse assim ser constituída com o número adequado de habitantes.
De acordo com Vigotsky (2001) afirma que o desenvolvimento humano é bem
menos que pura e simples formação de conexões reflexas ou associativas pelo cérebro, e
muito mais um desenvolvimento social que envolve, portanto, uma intensa interação e
uma mediação qualificada entre o educador (pai, mãe, avô, irmão, colegas, professor), e
o aprendiz. O meio social é de suma importância para o desenvolvimento do aprendiz,
no sentido de evoluir o seu conhecimento, todavia, deve ser imaginada em processos
reativos e jamais se pode subestimar ou diminuir o papel transformador do sujeito em
todo o ensino e aprendizagem.
Segundo Freire e Schor (1986) registram que a educação sempre tem uma
natureza diretiva que não pode negar. O professor tem um plano, um programa, um
método e um objetivo para o estudo. Mas existe o educador libertador, por um lado, e o
educador diretivo domesticador, porque se move cada vez mais, no momento em que se
estabelece uma atmosfera de camaradagem na aula. Isso não significa que o professor
seja igual aos alunos ou que se torne igual a eles. Na verdade o que se percebe neste
método dialógico, é que existem limites dentro de sala de aula entre o educador e
educando, pois, o respeito por parte dos alunos, uma vez que o professor apresenta
metodologias diferentes em sala de aula, contudo, sempre respeitando o conhecimento
de cada aluno em sala de aula. Por isso, no método dialógico “rigidez” não significa
tradicionalismo e sim liberdade.
Portanto, ensino e aprendizagem são processos permanentes e complexos, que
fazem parte da escolarização e de profissionalização, pois implicam na formação do
sujeito nos diversos contextos educativos, isto é, a relação pedagógica e a ação
educativa nas instituições em espaços formais e informais, são sempre parte de
formação do sujeito. E o processo de formação do indivíduo, vai ser influenciado pela
formação docente, com o intuito de qualificar o aluno dentro dos currículos e conteúdos
apresentados pelo professor em sala de aula. Nesse sentido, é importante a narrativa de
Ibernón (2000) que compreende que a partir do projeto pedagógico é que as instituições
poderão contratar o perfil adequado que se deseja de um profissional docente para
ministrar as disciplinas com qualidade, com propostas inovadoras, e que contribua na
profissionalização de pessoas que poderão transformar a sua sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Ronaldo Marcos de Lima. A Educação Profissional no Pará. Belém:
EDUFPA, 2007.
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República No
Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
COELHO, Anna Carolina de Abreu. BARÃO DE MARAJÓ: Um Intelectual e
Político entre a Amazônia e a Europa (1855 – 1906). Tese de doutorado apresentado
no Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal do Pará em
2015.
FREIRE E SCHOR, Ira. Medo e Ousadia – O Cotidiano do Professor, tradução de
Adriana Lopez; técnica de Lólio Lourenço de Oliveira – Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1986.
IBERNÓN, Francisco. Formação Docente e Profissional: formar-se para a mudança e a
incerteza. São Paulo, Cortez, 2000. (Coleção Questões da nossa Época; v. 77).
Mensagem dirigida ao Congresso do Estado do Pará pelo Dr. Lauro Sodré. Governador
do Estado em 10 de julho de 1892, p. 28.
MORAES, Felipe Tavares de. Educação no Primeiro Governo de Lauro Sodré: Os
sentidos de uma concepção político educacional republicana. Dissertação de
Mestrado. Belém, 2011.
MOURA, Ignácio. Estado do Pará: A Exposição Artística e Industrial do Lyceu
Benjamin Constant, Belém, Imprensa na typ do Diário Oficial, 1895.
MONTEIRO, Elson Luiz Rocha. Maçonaria, Poder e Sociedade no Pará na Segunda
Metade do Século XIX em 1850-1900. Tese apresentada no Programa de Pós-
Graduação em História em 2014, p. 187.
NAGLE, Jorge. (1976). Educação e Sociedade na Primeira República. São Paulo:
EPU: Rio de Janeiro: FENAME.
PARÁ. Relatório do Governo da Província do. Falla como Exm.º Sr. Doutor José
Coelho da Gama e Abreu, Presidente da Província, abriu a 2ª sessão da 21ª legislatura
da Assembléia Legislativa da Província do Gram-Pará em 16 de junho de 1879, p. 6.
SODRÉ, Lauro. Crenças e Opiniões: Typ, O Diário oficial, Belém, 1896.
_____________.IN CONSTANT BENJAMIN: Fundador da República Brasileira, rio
de Janeiro, Typ, Hildebrandt, Rosário 153, 1972, P. 6-7).
VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
top related