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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A MOTIVAÇÃO DO CORPO DISCENTE E A INTEGRAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
Por: Maria de Fátima Nobre de Oliveira
Orientadora: Mônica Melo
Rio de Janeiro 2011
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A MOTIVAÇÃO DO CORPO DISCENTE E A INTEGRAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
Apresentação de monografia ao Instituto a Vez do Mestre – Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Orientação Educacional e Pedagógica. Por: Maria de Fátima Nobre de Oliveira
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado forças para superar as dificuldades. A todas as pessoas e amigos que me ajudaram nesta caminhada.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha Família por ter me dado total apoio neste fase de minha vida profissional, e a todos que me ajudaram.
5
RESUMO
Neste Trabalho de Conclusão de Curso pretende-se fazer uma
abordagem sobre as questões referentes ao trabalho do Orientador
Educacional em escolas do Ensino Fundamental, principalmente no que
abrange à motivação do corpo discente e a integração do orientador
educacional em instituições de ensino. Neste sentido foi feita a pesquisa
bibliográfica, indispensável para o embasamento critico, teórico e histórico,
enriquecendo a pesquisa proposta.
6
METODOLOGIA
O presente trabalho tem o objetivo de mostrar através de pesquisa
bibliográfica, documental e importância da atuação do Orientador Educacional
como motivador do corpo discente, dos jovens e adultos das escolas de
Ensino Fundamental, especificamente no momento em que vivemos. Assim os
principais fatores ligados à motivação e comportamento motivacional que se
inserem na prática profissional do Orientador Educacional foram abordados de
acordo com os critérios bibliográficos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................8
CAPÍTULO I – ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL.............................................................................................10
CAPÍTULO II – A MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL..............24
CAPÍTULO III – O TRABALHO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO
PROCESSO DE INCENTIVO AO CORPO DISCENTE................ ................32
CONCLUSÃO.................................................................................................36
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................38
ÍNDICE...........................................................................................................40
FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................41
8
INTRODUÇÃO
Nesta monografia verificar-se-ão as abordagens sobre a profissão do
orientador Educacional e de que forma este profissional dá subsídios no
processo de reescolha vocacional/profissional aos jovens e adultos nas escolas
de Ensino Médio.
A escolha profissional perpassa toda a vida do indivíduo. Quer esteja
empregado ou não, é possível fazer ou refazer escolhas profissionais. Os
jovens e adultos são desafiados a todo o instante a refletir sobre esta escolha e
a tomar novas atitudes.
As aflições dos jovens e adultos são diferentes das do adolescente,
tendo em vista que as responsabilidades são maiores e as necessidades são
urgentes. A luta pela sobrevivência é diária. Então, este projeto surge da
necessidade de informação, por parte do alunado, assim como a busca por
desvelar potencialidades e possibilidades de crescimento.
O público alvo em foco é composto por jovens e adultos que sofrem com
a exclusão social, o que, na maioria das vezes, impede a inserção adequada
no mercado de trabalho. Por este motivo, desejamos levar o educando a refletir
sobre a diversidade de aspectos envolvidos na escolha profissional, a qual
depende de fatores sociais e individuais. E assim, criar condições favoráveis ao
amadurecimento da escolha profissional, de forma a ampliar seu conhecimento
e contribuir para uma reescolha mais consciente, através da informação,
discussão e reflexão.
O trabalho justifica-se por sabermos que todo indivíduo é dotado de
variadas potencialidades, que devem ser utilizadas e aproveitadas
9adequadamente em função da melhoria de sua qualidade de vida e da
sociedade. Embora, existam vários fatores internos e externos ao indivíduo,
tais como fatores econômicos, sociais, culturais e políticos, que contribuem ou
atrapalham seu desenvolvimento, e conseguintemente, suas escolhas.
Portanto, não há liberdade total de escolha. O ser humano faz suas escolhas
em meio às opções que lhes são apresentadas e de acordo com valores
pessoais, frutos das relações sociais estabelecidas desde a infância.
Para que a escola esteja preparada para oferecer subsídios aos
educandos do Ensino Médio Regular Noturno é imperioso que o Orientador
Educacional sistematize o processo de intercâmbio das informações
necessárias ao conhecimento global do estudante, para isso se faz necessário
a criação de elos entre toda a comunidade escolar.
O trabalho não se limita a apresentar a importância do Orientador
Educacional no processo de reescolha profissional, mas sim fazer uma
analogia entre as funções do profissional de orientação educacional e sua
participação na comunidade escolar aproximando para um diálogo maior entre
essas esferas da educação escolar.
10
CAPÍTULO I
ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL
Para entendermos a Orientação Profissional hoje precisamos analisar o
início de sua história, pois esta tem evoluído juntamente com a sociedade e
sendo assim, está também ligada a história da Educação, já que todos os
processos de mudanças/alterações sofridos nesta são refletidos naquela dentro
do contexto pedagógico.
Para Grinspun (2006): “A educação vai refletir o que se passa na
sociedade, e evidentemente nela interferir”.Passemos, então, a conferir as
reflexões e intervenções ocorridas nessas esferas através da história da
Orientação Profissional.
O advento da Orientação Educacional representa uma tomada de
consciência em relação à realidade do educando e à complexidade da vida
social. O educando não era levado em conta na execução do processo de
ensino. Os sucessos escolares, quase sempre corriam por conta da eficiência
do professor, e os insucessos, por conta da inadequada aplicação do educando
nos estudos.
Assim, a Orientação Educacional é o reconhecimento da realidade do
educando como ser portador de possíveis dificuldades que precisam ser
atendidas, para que ele possa dedicar-se aos estudos como possibilidades de
satisfatório. (NÉRICI, 1987).
11A Orientação educacional não visa somente a bons resultados nos
estudos, mas também à adequada integração do educando na escola, no lar,
na sociedade e no “mundo do trabalho”. A Orientação Educacional foi um
acordar para a realidade biológica, social, psicológica e vocacional do
educando, a fim de melhor ajudá-lo a realizar-se e melhor integrar-se no
processo geral do viver como autêntico cidadão no contexto social em que tem
de atuar.
A Orientação educacional fundamenta-se principalmente no
reconhecimento das diferenças individuais e no reconhecimento de que o ser
humano em qualquer fase da sua vida, é um ser carente e que, com maior ou
menor intensidade, necessita de compreensão, ajuda e orientação.
De acordo com Nérici: A orientação educacional praticamente surgiu no
inicio do século XX,nos Estados Unidos, e como o fito primeiro de orientar os
estudantes para uma adequada escolha de trabalho, com intenções, pois de
orientação profissional. Mas o contato direto com o educando foi revelando as
suas inseguranças e dificuldades, ampliando-se, então a ação para uma
assistência mais ampla e completa, a fim de melhor orientá-lo para a vida
pessoal e social. (p. 21)
Podemos dizer que a Orientação Educacional, de certo modo, forçou o
advento da Orientação Pedagógica, focalizando, a primeira, o papel do
educando e, a segunda o papel do professor no processo educativo.
1.1. O trabalho do Orientador Educacional no contexto profissional
O início dessa história data o século XX com Frank Parsons, em Boston,
nos Estados Unidos. O movimento de Orientação Profissional surge fora do
12ambiente escolar tradicional e o foco principal da orientação nesta época era o
adequado ajustamento entre as características pessoais e as atribuições do
trabalho. Nesse contexto o trabalho de orientação era específico, já que seu
público alvo era limitado pela própria sociedade, pois não faziam parte deste as
mulheres e nem os de classe de poder econômico baixo. Outro fator era que o
foco desta sociedade era apenas o seu entorno, ou seja, as situações eram
previsíveis, pois o trabalhador começava e terminava sua carreira profissional
em uma mesma empresa, em mesma região de seu país. Nesse período, mais
especificamente entre 1920 e 1930, há a influência da Psicologia Diferencial e
da Psicometria na prática da Orientação Profissional, por meio da construção
dos testes de inteligências, aptidões, habilidades, interesses e personalidade.
Estes instrumentos eram utilizados pelo orientador que iria fazer um
diagnóstico e prognóstico para assim, indicar ao orientando profissões ou
ocupações apropriadas.
Até esse momento a Orientação Profissional não dispunha de uma teoria
que a embasasse em sua prática, com tudo o que havia se praticado até então
é bem característico da Teoria do Traço e Fator. Essa teoria tem por base o
pressuposto de que os indivíduos diferem-se nas habilidades, interesses e
traços de personalidades, ou seja, a pessoa certa no lugar certo, adequando-os
às profissões/ ocupações. O orientando nesse caso não decide, e sim, aceita
ou não o conselho do orientador.
Já no ano de 1940 começa um novo período e com ele grandes
mudanças na prática da Orientação Profissional. Carl Rogers representa uma
grande parcela dessa contribuição para uma nova fase. É nessa década que
ele lança as bases de sua Terapia Centrada no Cliente, essa nova concepção
não mais se preocupava com o diagnóstico. Nessa terapia não-diretiva o
autoconhecimento e a tomada de escolha são conscientes. Mediante a isto, o
centro das atenções da orientação profissional foi transferido da produção para
o sujeito da escolha, dessa forma a eficiência e a produtividade passam a ser
13vistas como consequências naturais de uma escolha adequada, focada nos
sentimentos de satisfação do indivíduo. (Carvalho, 1995; Lassance & Sparta,
2003).
Em 1950 as mudanças continuaram, surgindo diversas teorias sobre a
escolha profissional. Segundo Sparta (2003b) foi nesse período que Ginzberg,
Ginsburg, Axerald e Herma trouxeram à tona a primeira Teoria do
Desenvolvimento Vocacional, que afirma que a escolha profissional não
acontece num momento específico da vida, mas é um processo evolutivo que
ocorre entre os últimos anos da infância e os primeiros da vida adulta.
Logo depois, em 1953 foi publicada a Teoria do Desenvolvimento
Vocacional, de Donald Super, que definiu a escolha profissional como um
processo que ocorre ao longo da vida, da infância ao amadurecimento,
passando assim por vários estágios do desenvolvimento vocacional e da
execução de diferentes tarefas evolutivas. (SPARTA, 2003b).
No ano de 1959 foi publicada a Teoria Tipológica de John Holland que
entende os interesses profissionais como um reflexo da personalidade do
indivíduo e que os membros de uma mesma ocupação possuem
personalidades semelhantes. Esse tipo de orientação é denominado por
Holland de “Orientação Pessoal”, ele ainda a divide em seis tipos. A saber: o
intelectual, o realista, o social, o convencional, o empreendedor e o estético.
(OLIVEIRA 2001; MAGALHÃES 2006).
Segundo Sparta (2003b) nas décadas de 1950 e 1960, foram publicadas
Teorias Psicodinâmicas da Escolha Profissional, esta tinha como base a Teoria
Psicanalítica, a Teoria da Satisfação das Necessidades e as Teorias de
Tomada de Decisão que estavam mais preocupadas com o momento da
escolha do que com o processo propriamente dito. Na atualidade,
14internacionalmente, as teorias mais pesquisadas e mais utilizadas em
processos de intervenção são as de Super e Holland.
1.2- O trabalho do Orientador Educacional no Brasil
No contexto brasileiro a Orientação Profissional inicia o seu
desenvolvimento na década de 1920, estando estritamente ligada a o
desenvolvimento profissional do país. No ano de 1924, deu-se início ao
processo de Seleção e Orientação Profissional para os alunos do Liceu de
Artes e Ofícios de São Paulo, tendo como responsável o engenheiro suíço
Robert Mange (CARVALHO, 1995).
A partir de então, o que se seguiu foi uma série de novas experiências
tais como, a criação de um serviço de seleção, formação e orientação de
aprendizes na Estrada de Ferro de Sorocabana, no ano de 1930. Desde então,
a aplicação da psicologia ao trabalho, teve acelerado desenvolvimento,
expandindo-se para várias empresas. (ABADE, 2005; CARVALHO, 1995).
Entre 1930, a Orientação Profissional ligou-se à Educação. Em 1931, foi
introduzido a Orientação Profissional, por Lourenço Filho, no Serviço de
Educação do Estado de São Paulo (Carvalho, 1995, citado por Melo-Silva,
Lassance & Soares, 2004). Em 1942, a lei Capanema, sobre a organização do
ensino secundário, estabelece a atividade de Orientação Educacional e atribui
a ela o auxílio na escolha profissional dos educandos (Lourenço Filho, 1955/
1971 a).
A partir da década de 1940 observamos um grande salto no
desenvolvimento da Orientação Profissional Brasileira.
15No ano de 1944, foi criada a Fundação Getúlio Vargas, no Rio de
Janeiro, que estudava a Organização Racional do Trabalho e a influência da
Psicologia sobre a mesma (Freitas, 1973; Instituto Superior de Pesquisas:
ISOP, 1990). Em 1945 e 1946 é oferecido, com o auxílio do governo brasileiro,
o curso de Seleção, Orientação e Readaptação Profissional, aplicado pelo
psicólogo e psiquiatra espanhol Emílio Mira y López (Freitas, 1973; Rosas,
2000). Este curso tinha como objetivo formar técnicos brasileiros nestas áreas
de atuação.
No ano seguinte 1947, foi fundado o Instituto de Seleção e Orientação
Profissional (ISOP), junto a Fundação Getúlio Vargas na cidade do Rio de
Janeiro, a instituição reuniu técnicos e estudiosos da Psicologia Aplicada,
muitos deles formados pelo curso ministrado por Mira y López (Carvalho, 1995;
Freitas 1973; ISOP, 1990; Rosas, 2000, Seminério, 1973).
Quando o ISOP foi criado, em 1947, os principais objetivos eram: o
desenvolvimento de Métodos e Técnicas da Psicologia Aplicada ao Trabalho e
à Educação, o que foi feito principalmente através dos testes vocacionais,
esses orientavam os jovens a uma escolha coerente com suas aptidões, sem
considerar a história de vida de cada um; e também, o desenvolvimento de um
trabalho para a implantação de técnicas de orientação e seleção profissional,
que atendia à classe média alta, com o objetivo de orientação da futura elite; e
finalmente, a formação de novos especialistas. (ABADE, 2005; SPARTA,
2003b).
O ISOP foi referência para os modelos de Seleção e Orientação
Profissional e para o desenvolvimento da Psicologia Brasileira, principalmente
da Psicometria, entre as décadas de 1940 e 1960.
16Desde seu surgimento, na década de 20, a Orientação Profissional
Brasileira era baseada pelo modelo da Teoria Traço e Fator; ou seja; pelo
processo de diagnósticos, prognósticos e indicações de ocupações mais
acertadas para cada indivíduo, e tinha como base a Psicologia Aplicada,
principalmente a Psicometria. Desde 1940 as mudanças na Orientação
Profissional e as críticas à Teoria do Traço e Fator já eram discutidas
internacionalmente, já no Brasil só na década de 1960 passa-se a ter o
conhecimento de tais situações. (SCHEEFFER, 1996). É nesse período que a
Orientação Profissional Brasileira tomou um caminho diferente com base em
referenciais teóricos próprios.
A Psicologia enquanto ciência independente e área de atuação
profissional expandiu-se a partir da regulamentação da profissão de psicólogo
e a criação dos cursos de formação em psicologia, através da Lei 4. 119 de
agosto de 1962 (Brasil, 1962). Toda esta caminhada da Psicologia influenciou
fortemente os rumos da Orientação Profissional no Brasil. Começando pela
mudança dos objetivos do ISOP, que no ano de 1970, tornou-se um órgão
normativo da Psicologia. Este passou a chamar-se Instituto Superior de
Pesquisa Psicológica; expandiu seu campo de interesses; ao invés do
atendimento ao público passou a formar especialistas, docentes e
pesquisadores em nível de pós-graduação (FREITAS 1973; ISOP, 1990).
Além das mudanças no ISOP, o surgimento do curso de psicologia e a
regulamentação da profissão influenciaram também a Orientação Profissional,
já que, vinculou esta atividade à Psicologia Clinica e transferiu o processo de
intervenção para consultórios particulares (CARVALHO, 1995; MELO-SILVA &
JACQUEMIN, 2001; ROSAS, 2000).
Em questões de bases teóricas a Orientação Profissional realizada por
psicólogos brasileiros, nesse período, não foi influenciada pela Teoria do
Desenvolvimento Vocacional de Super, pela Tipologia de Holland ou pelas
17Teorias Psicodinâmicas da Escolha e nem mesmo pela Tomada de Decisão
Profissional, mas foi pautada diretamente pela Psicanálise e, especialmente,
pela Estratégia Clínica de Orientação Vocacional apresentada pelo psicólogo
argentino Rodolfo Bohoslavsky (1977/1996), essa estratégia foi introduzida no
Brasil por Maria Margarida de Carvalho (1995; 2001).
Carvalho também foi a grande idealizadora do processo grupal em
Orientação Profissional. Isso se deu, pois em 1970 começou a funcionar o
Serviço de Orientação Profissional (SOP) da USP, como a demanda
ultrapassou os limites esperado houve a necessidade de adaptação do
processo de Orientação Profissional. Diante disto, Carvalho propôs os
processos grupais como forma de supri-la, como alternativa ao modelo
psicométrico e como forma de promoção da escolha.
Foram a Estratégia Clínica de Bohoslavsky e o Processo de Intervenção
Grupal de Carvalho que deram origem a um modelo de Orientação Profissional,
que vem sendo largamente utilizado até os dias de hoje por todo nosso país.
Em geral todas estas perspectivas teóricas, mesmo as de cunho
psicopedagógico, foram desenvolvidas com base em teorias psicológicas.
Entretanto, concomitantemente, a prática de Orientação Profissional também
se desenvolveu dentro das escolas, próximas à Pedagogia. Tal prática foi
discutida por pedagogos e novas teorias foram propostas por esta área do
conhecimento.
Como já citado a Orientação Educacional foi incluída por meio da Lei
Capanema. Porém, a Orientação Educacional e o Aconselhamento Vocacional
sob responsabilidade dos Serviços de Orientação Educacional (SOE) tornou-se
obrigatório com a promulgação da Lei 5692 de 11 de agosto de 1971, que
determinou as novas Diretrizes e Bases para os ensinos de primeiro e segundo
18graus. (Brasil, 1971). A partir desta lei tornou-se obrigatório a
profissionalização no segundo grau e determinou-se a sondagem de aptidões
no primeiro grau.
Segundo Ferretti (1980), no final da década de 1970, fazia parte do
currículo uma disciplina chamada Programa de Orientação Ocupacional, com o
objetivo de apoiar os alunos na escola profissional. A disciplina era ministrada
com base em um material preparado pelo Ministério da Educação e Cultura
(MEC), este foi preparado com base na Concepção Operatória do
Desenvolvimento Vocacional de Pelletier e colaboradores (1974/ 1985).
Entretanto, segundo o próprio autor, na prática esses programas baseavam-se
apenas em informação profissional.
Alguns autores da área educacional começaram a conjecturar sobre os
processos de escolha e orientação profissional, no ano de 1980. Desde então,
Celso Ferretti e Selma Pimenta começaram a criticar as teorias psicológicas de
escolha profissional com base no agrupamento de tais teorias feito por John
Cristes (1969/1974). Segundo Ferreti (1980; 1988) as teorias psicológicas
tinham como ideal maior a manutenção da sociedade de classes capitalistas,
diante disto, esse autor sugere um novo modelo de Orientação Profissional
dentro do processo de ensino-aprendizagem. Este modelo tinha como objetivo
a reflexão sobre o próprio processo de escolha profissional e sobre o trabalho.
O método proposto foi o Modelo de Ativação do Desenvolvimento de Pelletier e
seus colaboradores (1974/1985). Apesar das críticas as teorias psicológicas,
Ferretti adere a elas, já que este modelo de intervenção é uma
operacionalização do modelo teórico de Super. Já Pimenta (1981) apontou a
insuficiência das teorias psicológicas da escolha profissional para a
compreensão da decisão vocacional, então propôs a fenomenologia existencial
como alternativa para esta compreensão.
19Uma nova abordagem de Orientação Profissional foi proposta por Silvio
Bock (2002), baseada nas críticas realizadas por Ferretti e Pimenta, chamada
de Abordagem Sócio-histórica. Sua fundamentação teórica está pautada nas
ideias de Vygotsky de que o ser humano desenvolve-se através de uma
relação dialética com o espaço sócio-cultural em que vive. De acordo com Ana
Bock (BOCK & AGUIAR, 1995) essa abordagem tem cunho educativo e tende
a promover a saúde.
Segundo a atual Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
9.394 de dezembro de 1996, o ensino médio não possui mais
profissionalização, entretanto continua a ter como um de seus objetivos a
preparação básica para o trabalho. Agora, o ensino profissionalizante é
ofertado apenas na condição de curso continuado, ou seja, apenas
complementa o ensino médio regular (Brasil, 1996). Para Uvaldo & Silva
(2001), esta lei oferece mais oportunidade para criação de projetos de
Orientação Profissional integrados ao currículo escolar. Este conceito segue a
tendência internacional dos Programas de Educação de Carreira, são
programas realizados pela escola com o objetivo de preparar os educandos
para o momento de transição entre a escola e o mundo do trabalho.
No ano de 1993, foi fundada a Associação Brasileira de Orientadores
Profissionais (ABOP) com os objetivos de unificação e desenvolvimento da
Orientação Profissional no Brasil.
Em nosso país a Orientação Profissional pode ser realizada por
psicólogos e pedagogos, mas infelizmente como afirmou Soares (1999), os
cursos de formação de orientadores profissionais brasileiros ainda não
possuem regulamentação ou lei que determine os conteúdos mínimos a ser
ministrado, o que dificulta a fiscalização dos cursos oferecidos, já que o
currículo para essa formação fica a cargo de universidades e cursos livres.
20Este estudo identifica-se com as propostas de Bohoslavsky (1998) e
Silvio Bock (2002) no que se refere à prática da Orientação Profissional na
modalidade Clínica e na Abordagem Sócio-histórica.
1.3- Aspectos legais sobre o Orientador Educacional
A Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, que provê sobre o exercício
da profissão de orientador educacional, preceitua, no seu art. 1º, que a
orientação educacional seja realizada de maneira que integre os elementos
que exercem influência na formação do indivíduo, preparando-o para o
exercício das opções básicas,
Essa lei estabelece:
• O objeto da orientação educacional (o educando)
• Os tipos de atuação do orientador (individualmente e em grupo)
• O local de atuação do orientador(escolas de nível médio e primário,
atualmente as escolas de ensino fundamental é médio)
As finalidades da Orientação Educacional:
• Desenvolvimento integral e harmonioso da personalidade do aluno;
• Ordenação e integração dos elementos que exercem influência na
formação do educando;
• Preparação do educando para o exercício das opções básicas
21Observa-se que a orientação neste período é conceituada como uma
atividade intencional sistemática experimental e com métodos objetivos
próprios.
Em vista da renovação das metas para o ensino no Brasil, são revistos
os objetivos da orientação educacional. Dá-se, agora, uma ênfase maior
quanto à formação do orientador e os objetivos imediatos e específicos da
orientação educacional.
O Conselho Federal de Educação, interpretando a Lei n} 5.564 de 1968,
pelo parecer n} 252 de 11 de abril de 1969, e da Resolução nº 269 de 12 de
maio de 1969, estabeleceu a formação do orientador educacional em nível de
graduação como uma das habilitações do Curso de Pedagogia.
A Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, que fixa as diretrizes e bases
para o ensino de 1º e 2º graus, se apóia na base filosófica introduzida pelas
Leis de Diretrizes e Bases( Lei nº 4.024/61). Esta lei instituiu a obrigatoriedade
da orientação dando-lhe meios adequados para que a educação esteja sempre
voltada para o desenvolvimento do país.
Art. 10. Será instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo
Aconselhamento Vocacional, em cooperação como os professores, a família e
a comunidade.
A Lei nº 5.692 de 1971, evidencia que:
• A orientação educacional é obrigatória;
• O aspecto vocacional e atribuído à orientação educacional e,
portanto, a orientação educacional inclui a orientação
vocacional.
22• O papel de inter-relacionamento da orientação educacional é
realizado por meio do entrosamento da escola com a família e
a comunidade;
• A orientação educacional é trabalho de planejamento,
execução e avaliação junto aos demais membros da escola;
• É indispensável a ação integrada da orientação educacional
com a orientação pedagógica e os demais educadores para a
formulação de uma filosofia básica da educação.
Desta maneira, a legitimidade da orientação educacional como parte
integrante do processo educativo foi reconhecida, como vimos por leis,
decretos, portarias e pareceres.
Sendo a educação um processo dinâmico e contínuo que vida dar ao
indivíduo uma formação integral e uma preparação par a sua auto-realização
por meio de opções conscientes, não pode de forma alguma dissociar-se da
orientação educacional para atingir a consecução dos objetivos a que se
propõe.
A orientação educacional participa ativamente do planejamento,
acompanhamento e avaliação do processo ensino-aprendizagem , fornecendo
valioso feedback não só da parte formativa, como também do aspecto
informativo, ambos de real importância na formação do indivíduo.
A orientação educacional pode ser utilizada ainda como um elo entra a escola,
a família e a comunidade , contribuindo desta forma para um maior
entendimento entre estas instituições e otimizando os recursos de todas ela em
prol da eficácia do ensino.
É tarefa do orientador educacional buscar elementos que propiciem
debates sobre questões que, direta ou indiretamente, dizem respeito ao aluno,
em relação ao processo ensino-aprendizagem, com o propósito de contribuir
23para a reflexão de toda a equipe escolar que inlui professores, supervisor e
equipe de direção. O ideal seria que os próprios alunos, assim como seus pais,
tomassem parte nessas discussões como representantes das pessoas
diretamente interessadas no processo. Esta ainda é uma situação a ser
conquistada.
É importante que o orientador educacional participe de todas as reuniões
que se realizam na escola, sejam elas de pais, formação de turmas,
planejamento, avaliação ou organização de festas, pois em todas há o objetivo
comum de favorecer a aprendizagem real dos alunos.
Tais intervenções tem sido motivo de crítica e descontentamento por
parte de alguns professores, que afirmam ser atribuição exclusiva do orientador
educacional atender ao aluno-problema, realizando entrevistas e dinâmicas de
grupo.
De acordo com os rumos da orientação educacional que norteiam a
ação profissional, devemos realizar um trabalho voltado para os aspectos
saudáveis do aluno, em vez de valorizar suas dificuldades, procurando sua
integração ao grupo e na escola, a partir de seus núcleos saudáveis.
24CAPÍTULO II
A MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL
2.1- O que é motivação
Ao focar o assunto motivação no contexto educacional faz-se necessário
antes conhecer as principais teorias relacionadas ao assunto em destaque, de
forma a entender a relevância da motivação em nossa atualidade. Sobre a
motivação humana, nos afirma:
Para se compreender o comportamento das pessoas, torna-se necessário um mínimo conhecimento da motivação humana. É difícil definir exatamente o conceito de motivação, uma vez que tem sido utilizado com diferentes sentidos (...) A motivação funciona em termos de forças ativas e impulsionadoras, traduzidas por palavras como desejo e receio. A pessoa deseja poder e deseja status, receia o ostracismo social e as ameaças à sua auto-estima. Além disso, a motivação busca alcançar determinada meta, para cujo alcance o ser humano gasta energias. (CHIAVENATO, 2008: 63-64)
Outro enfoque dado às teorias cognitivas da motivação é conhecido
como teoria da atribuição, em que a grande preocupação é a de descobrir o
papel desempenhado por uma causa específica na determinação de um efeito.
Assim, as ações dos outros são função das forças pessoais e do ambiente.
Com isso, a dinâmica do comportamento motivacional é perfeitamente
conhecida pelo sujeito.
Ao longo de sua vida, a pessoa muda a cada novo momento em família,
no trabalho e até no lazer, e a motivação caminha junto com ela:
25
As emoções do ser humano modificam-se com a evolução das diferentes fases da vida de cada um. A criança mostra-se como fundamentalmente captativa, isto é, quer receber a atenção e afeto dos demais. Já o adolescente é oblativo, ele dá afeição, identifica-se com seus heróis, que acabam por dirigir sua vida. Na fase adulta, a emoção sentida deve ser proporcional e adequada aos acontecimentos. Por outro lado, deve desaparecer o caráter de bipolaridade, ou altos e baixos emocionais que também são típicos da emoção do adolescente.(BERGAMINI, 2008: 131)
A orientação e interpretação da motivação está relacionada na própria
tentativa de compreender o homem no seu meio natural em que ele vive, que
´é o planeta Terra, assim entender a motivação nas formas em que
vivenciamos é diretamente ligado ao estudo do comportamento humano desde
o início.
O estudo da motivação oferece recursos para que se entenda por que
nem sempre dois indivíduos agem da mesma maneira. Isto não e possível não
somente porque as pessoas tem objetivos diferentes, como também porque as
fontes de energia que determinam as pulsões típicas do comportamento
motivacional são amplamente variadas. A motivação representa uma fonte
autônoma de energia, não responde a qualquer tipo de controle do mundo
exterior:
A motivação pode ser conceituada como o esforço e a tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcançar algo. A motivação é um dos inúmeros fatores que contribuem para o bom desempenho no trabalho. A razão pela qual se focaliza tão insistentemente a motivação é que ela é mais facilmente influenciável que as demais características das pessoas como traços de personalidade, aptidões, habilidades etc.(CHIAVENATO, 2002: 171)
Sendo um aspecto dinâmico que de alguma forma impulsiona os seres
humanos a trabalhar de um modo mais abrangente, a motivação no ambiente
organizacional dá ênfase a componentes comportamentais que privilegiam a
satisfação no trabalho, como resultado final desse processo.
26 Deste modo, as emoções e a própria motivação andam juntas na maioria
das vezes. Este fato se reflete na vida pessoal da pessoa, na família e nos
amigos, e em seguida tal fato se constitui na Organização em que trabalha,
sendo, portanto, um fator que deve ser constantemente estudado e pesquisado
pelas empresas de formas diferentes, até porque cada empresa é diferente
uma da outra, com pessoas e pontos de vista diferentes, buscando ao longo do
tempo melhoria organizacional que podem ser resumidas em duas palavras:
eficiência e eficácia.
A todo o momento observamos e verificamos o comportamento do ser
humano, e neste contexto acabamos sentindo as necessidades das pessoas
em serem motivadas por atos que nos motivam, chamados de atos
motivacionais:
Todo comportamento motivacional só existe em função de um estado interior de carência, portanto quanto maior for este estado, maior será o ímpeto motivacional vigente, que faz da necessidade sinônimo de motivação. Pode-se concluir então que quanto maior for a necessidade, maior será a motivação. Para compreender a motivação, enquanto tal, torna-se indispensável não confundi-la com aquilo que a satisfaz. O dinheiro, por exemplo, não é em si mesmo um fator de satisfação, indiretamento apenas ele só pode comprar fatores de satisfação. (BERGAMINI, 2008:117)
Desta forma, quando uma necessidade não é atendida, ela passa a
representar uma ameaça à integridade , tanto física como psicológica, isto é, o
não-atendimento ou não satisfação de uma necessidade leva a um estado
psicológico conhecido como frustração, que é carregado de sentimentos de
insatisfação.
Um exemplo claro que normalmente acontece, é quando um funcionário
anseia uma promoção de cargo, aguarda com muita expectativa tal fato
acontecer e quando sai a resposta, fica sabendo que não será promovido, além
da necessidade que não foi atendida, acaba por ficar frustrado e insatisfeito.
27
2.2- Satisfação e Insatisfação
A motivação pode ser entendida sob vários ângulos, um deles é
referente à satisfação no ambiente de trabalho:
Satisfação no trabalho é um “sentimento agradável que resulta da percepção de que nosso trabalho realiza ou permite a realização de valores importantes relativos ao próprio trabalho”. A satisfação está baseada em nossa percepção da situação atual em relação aos nossos valores. (WAGNER, 1999: 121)
Assim como existe a satisfação, podemos falar do seu efeito contrário no
ambiente de trabalho definido como stress: Stress é um estado emocional
desagradável que ocorre quando as pessoas estão inseguras de sua
capacidade para enfrentar um desafio percebido em relação a um valor
importante. (Wagner, 1999: 121
Podemos dizer que essas duas forças antagônicas que permeiam as
questões envolvendo a satisfação dos empregados e sua motivação em geral.
No caso da pouca motivação e conseqüente insatisfação, um dos efeitos é o
baixo compromisso Organizacional:
A insatisfação também é uma causa maior de declínio do compromisso organizacional, o grau com que as pessoas se identificam com a organização que as emprega. Compromisso implica vontade de investir uma grande dose de esforço em favor da organização e intenção de ficar muito tempo na empresa. (WAGNER, 1999: 125)
Vale a pena ressaltar que uma equipe de trabalho motivada dá maior
força e rendimento operacional à empresa, nesse caso é importante medir o
clima organizacional e a motivação dos colaboradores:
Toda empresa que deseja realmente reforçar as atitudes de seus funcionários precisa realizar regularmente pesquisas sobre a satisfação para monitorar tendências e mudanças nessa área. Em todo caso, por uma série de razões, um programa contínuo e
28sistemático de pesquisa deve ser um componente destacado de qualquer estratégia de recursos humanos.(WAGNER, 1999: 138)
O ser humano, quando devidamente motivado e estimulado tem mais
garra e vontade de vencer os obstáculos que aparecem tanto na vida pessoal,
quanto na profissional:
A motivação do ser humano pode representar uma preocupação tipicamente central a todos. No fundo, o simples fato de não ter vontade de fazer algo pode ser entendido como um tipo de motivação pessoal. A motivação pode e deve ser considerada como uma força propulsora que tem suas fontes freqüentemente escondidas dentro de cada um, e que a satisfação ou insatisfação que podem oferecer fazem parte integrante de sentimentos de prazer ou desprazer diretamente acessíveis somente a quem as experimenta. (BERGAMINI, 2008:108)
A satisfação de uma necessidade não paralisa a ação do ser humano,
pelo contrário, o próprio fato de se satisfazer a uma necessidade faz com que
outra venha à tona, disparando, assim, nova conduta de busca rumo a uma
nova motivação.
Vários teóricos se desdobraram para falar sobre a motivação, um deles
foi Skinner (1904-1990), psicólogo muito conhecido, principal representante da
corrente behaviorista em psicologia:
(...) Ele elaborou, como decorrência das suas pesquisas sobre o condicionamento animal, a teoria que é conhecida como “condicionamento operante”. Dentro do seu referencial teórico, retoma o conceito de recompensa, proposto por Thorndike, e trabalha com dois elementos-chave, que são o Reforço Positivo e Reforço Negativo, fatores estes que considera como capazes de estruturar ou de extinguir qualquer tipo de comportamento. (BERGAMINI, 2008: 54)
Sobre tal teoria, podemos dizer que sua premissa é verdadeira, ao
observarmos o comportamento dos empregados nas empresas. Se existe um
reforço positivo como por exemplo um elogio, uma sugestão ou até uma crítica
construtiva fazem o comportamento do empregado se ajustar à medida que se
esforça para melhorar, enquanto que um reforço negativo, isto é, uma crítica
destrutiva, a falta de motivação constante e o mau humor freqüente acabam
29por fazer com que os funcionários se afastem das metas da empresa,
tornando-se o oposto, com pessimismo e sem qualidade no trabalho.
2.3- A motivação e a gestão democrática na escola
Torna-se, portanto, indispensável ao educador trabalhar articuladamente
com os especialistas em educação para que juntos possam conhecer as
manifestações próprias do desenvolvimento infantil de acordo com a faixa
etária, características pessoais e sociais dos alunos. o supervisor escolar,
mantendo um diálogo aberto e franco com os educadores conseguirá, com
essa relação, selecionar prioridades para o seu trabalho visando à melhoria da
qualidade do ensino que está sendo oferecido aos educandos.
A escola ao interagir com os demais atores sociais, que também fazem a
história e se educam nesta construção, tem a possibilidade de contribuir,
coletivamente, para a produção de um conhecimento transformador que além
da aquisição dos conhecimentos historicamente construídos, propicie uma
compreensão crítica das condições sociais, bem como dos aspectos
ideológicos presentes no currículo escolar.
Assim, enfatizam-se, na conduta de supervisores e orientadores
educacionais e nos estudos e projetos em comum, que poderão desenvolver
com professores e alunos, a inerência entre conhecimentos e valores , e os
elos da ética que os aproximam.
E, se a educação é de conhecimentos e valores, a escola, seus
princípios e processos, também os assume, nos estudos, nos projetos e na
própria construção das suas bases epistemológicas do currículo. Aprofundar a
relação entre conhecimentos e valores, ensinados e assumidos para a vida
ética e cidadã, é, sem dúvida uma resposta dos estudos pedagógicos aos
30apelos da sociedade mundial, num tempo de acentuada violência urbana e
violência e ideológica, sejam elas denunciadas ou, por oposto, naturalizadas,
embutidas nos estofos da tranqüilidade aparente, tornando-se , portanto,
recessivas.
A formação ética é uma das alternativas e uma das respostas possíveis
da educação aos apelos do tempo atual. Essa resposta insere-se no princípio
da liberdade de escolhas do ser humano para uma vida pessoal e social de
melhor qualidade. A formação ética é então, parte da educação para a
consciência de limites, que definem valores e paramétrios de condutas.
No que diz respeito à Gestão Democrática da Escola, precisamos
salientar que Os artigos 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
e 22 do Plano Nacional de Educação (PNE) indicam que os sistemas de ensino
definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação
básica obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da
educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das
comunidades escolares e locais em conselhos escolares. Devemos enfatizar
então que a democracia na escola por si só não tem significado. Ela só faz
sentido se estiver vinculada a uma percepção de democratização da
sociedade.
A educação é o objeto de estudo da escola,ela é um instrumento
primordial que viabiliza a prática da gestão democrática,pois seu papel é dirimir
a filosofia,o pensamento,o comportamento e as relações humanas que os
alunos necessitam para viver numa sociedade,pois dessa forma estarão aptos
a construir uma visão sólida e crítica da realidade educativa,buscando
alternativas coletivas para os problemas no âmbito social e escolar.
Desta forma, gestão democrática da educação está vinculada aos
mecanismos legais e institucionais e à coordenação de atitudes que propõem a
participação social: no planejamento e elaboração de políticas educacionais; na
31tomada de decisões; na escolha do uso de recursos e prioridades de aquisição;
na execução das resoluções colegiadas; nos períodos de avaliação da escola e
da política educacional. Com a aplicação da política da universalização do
ensino deve-se estabelecer como prioridade educacional a democratização do
ingresso e a permanência do aluno na escola, assim como a garantia da
qualidade social da educação.
As atitudes, os conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades e
competências na formação do gestor da educação são tão importantes quanto
a prática de ensino em sala de aula. No entanto, de nada valem estes atributos
se o gestor não se preocupar com o processo de ensino/aprendizagem na sua
escola. Os gestores devem também possuir habilidades para diagnosticar e
propor soluções assertivas às causas geradoras de conflitos nas equipes de
trabalho, ter habilidades e competências para a escolha de ferramentas e
técnicas que possibilitem a melhor administração do tempo, promovendo
ganhos de qualidade e melhorando a produtividade profissional.
A organização do trabalho pedagógico é uma estratégia educacional
para democratizar o processo ensino-aprendizagem,então é de suma
relevância para um gestor implementar novas forma de administrar em que a
comunicação e o diálogo estejam inseridos na prática pedagógica do
docente.Cabe ao gestor assumir a liderança deste processo com competência
técnica e política.
Ainda sobre o assunto, não podemos esquecer que a partir da Gestão
Democrática de ensino, será possível um trabalho em conjunto com a ação dos
especialistas em educação, neste caso os orientadores e supervisores
educacionais, que com os seus esfroços múltiplos, aliados às boas práticas
pedagógicas, irão fortalecer a escola que queremos, tendo portanto,
consequeências positivas para toda a sociedade brasileira.
32
CAPÍTULO III
O TRABALHO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO
PROCESSO DE INCENTIVO AO CORPO DISCENTE
3.1- O estudante e suas vertentes na escola
O estudante tem como vertente sua escolha profissional, que é uma
questão séria e complicada. Os altos índices de desistência nos cursos
superiores revelam a gravidade do problema. Os prejuízos são inúmeros, o
ônus atinge desde as instituições de ensino até aqueles que não podem ter
acesso à vaga abandonada, e, em última análise, o próprio estudante
desistente, que acumula o custo pessoal de uma nova escolha.
A insatisfação com a opção realizada ou com a formação profissional
conquistada é corroborada pela crescente demanda de universitários ou ex-
universitários por trabalhos de orientação educacional
Fazer uma escolha ou re-escolha profissional implica em tomar uma
decisão, processo para o qual a maior parte das pessoas não é devidamente
preparada, quer seja na família, escola ou demais instituições educativas
vigentes.
Os especialistas concordam também que indivíduos de diferentes idades
podem apresentar maior maturidade em relação a algumas dimensões e
imaturidade em relação a outras. Independente da idade cronológica do
indivíduo, o que se processa numa escolha madura é o intercruzamento da
análise das variáveis pessoais e contextuais.
33
Uma escolha amadurecida é aquela em que o indivíduo observa, analisa
e adquire conhecimentos sobre todos os aspectos possíveis da situação em
que se encontra, pondera as vantagens e desvantagens das opções
disponíveis e, só então, toma sua decisão. Fazer isso é compor de forma
consistente os critérios sob os quais a decisão será tomada.
Porém, o que se vê com muita freqüência são escolhas realizadas na
ausência de tais critérios ou com base em critérios pouco consistentes. É o que
ocorre quando, ao reduzido número de informações, por exemplo, aliam-se as
visões distorcidas, idealizadas ou estereotipadas acerca das opções
profissionais.
Tais critérios de escolha, em especial as idealizações e estereotipias,
podem produzir, posteriormente, sentimentos de arrependimento e de
decepção com o curso escolhido, que caracterizam dificuldades entre aqueles
que se encontram em processo de re-escolha profissional.
Tendo feito uma escolha profissional nesses moldes, o indivíduo não
tarda em manifestar uma série de dificuldades ou preocupações. A decepção
com o curso foi uma das categorias temáticas encontradas em estudos sobre o
processo de re-opção profissional entre universitários. Neste estudo, a
decepção foi vinculada ao caráter teórico das disciplinas cursadas, e à falta de
uma visão da prática profissional.
A decepção com o curso, com os professores ou com a instituição se dá
após uma fase de entusiasmo com a conquista de uma vaga na universidade,
quando há então contato com a realidade do curso escolhido, que culmina num
repensar da escolha realizada. Neste momento, a re-opção de curso se torna
uma das alternativas encontradas pelo indivíduo na busca de uma maior
satisfação pessoal-profissional.
34Além da decepção e sentimentos de arrependimento, a falta de
habilidades compatíveis à profissão escolhida e problemas com o progresso
acadêmico são aspectos considerados como barreiras que dificultam o
momento de re-escolha profissional, quando não se tornam impeditivos a
determinadas opções profissionais.
Podemos observar algumas similaridades quanto às experiências,
dificuldades e necessidades atuais na re-escolha, como: 1) Insatisfação em
relação à escolha profissional realizada, insegurança diante de uma nova
escolha e certeza quanto à necessidade de auxílio; 2) Necessidade de
aumentar o conhecimento de si mesmo através da orientação, como uma
forma de fundamentar uma análise mais acurada da situação atual e uma
tomada de decisão mais segura; 3) Necessidade de informação sobre outras
possibilidades profissionais, como uma complementação importante ao
processo prioritário de autoconhecimento.
Uma escolha profissional madura e ajustada pressupõe capacidade de
adaptação, interpretação e juízo da realidade; de discriminação, análise e
integração de conhecimentos sobre si e sobre a realidade profissional; e
aprendizagem do processo de tomada de decisão.
3.2- O Orientador educacional e a motivação
A Orientação Educacional é entendida como um processo dinâmico,
contínuo e sistemático, estando integrada em todo o currículo escolar sempre
encarando o aluno como um ser global que deve desenvolver-se harmoniosa e
equilibradamente em todos os aspectos: intelectual, físico, social, moral,
estético, político, educacional e vocacional. Integrada com a Orientação
Pedagógica e Docentes, a O.E. deverá ser um processo cooperativo devendo:
- mobilizar a escola, a família e a criança para a investigação coletiva da
realidade na qual todos estão inseridos;
35- cooperar com o professor, estando sempre em contato com ele, auxiliando-o
na tarefa de compreender o comportamento das classes e dos alunos em
particular;
- manter os professores informados quanto às atitudes do SOE junto aos
alunos, principalmente quando esta atitude tiver sido solicitada pelo professor;
- esclarecer a família quanto às finalidades e funcionamento do SOE;
- atrair os pais para a escola a fim de que nela participem como forca viva e
ativa;
- desenvolver trabalhos de integração: pais x escola,professores x pais e pais x
filhos;
- pressupor que a educação não é maturação espontânea, mas intervenção
direta ou indireta que possibilita a conquista da disciplina intelectual e moral;
-trabalhar preventivamente em relação a situações e dificuldades,promovendo
condições que favoreçam o desenvolvimento do educando;
- organizar dados referentes aos alunos;- procurar captar a confiança e
cooperação dos educandos, ouvindo-os com paciência e atenção;
- ser firme quando necessário, sem intimidação, criando um clima de
cooperação na escola;
- desenvolver atividades de hábitos de estudo e organização;
tratar de assuntos atuais e de interesse dos alunos fazendo integração junto às
diversas disciplinas.
Ao observar todos esses fatores, que envolvem o Orientador
Educacional na Escola, vemos que a motivação dos alunos é primordial, sendo
um constante desafio para os orientadores, a partir da realidade da escola e da
comunidade escolar.
36
CONCLUSÃO
Nesta monografia procurou-se mostrar a importância do orientador
educacional na tarefa de motivar os jovens e adultos que são alunos em
escolas de ensino fundamental.
Neste sentido foi possível conhecer os aspectos históricos e teóricos
sobre a orientação educacional, tanto no contexto brasileiro quanto
internacional, enfatizando desta maneira sua importância como facilitador de
subsídios nas escolas de ensino básico. Mais adiante , chegou-se à conclusão
que o orientador educacional é imprescindível para as escolas do ensino
fundamental, haja vista a grande necessidade de orientação por parte dos
educandos.
Conclui-se que devemos acreditar no trabalho do orientador educacional
como um sujeito vivendo, criando e articulando os processos, zelando pela
qualidade do ensino-aprendizagem. Que através de um construir juntos possa
haver um planejamento participativo, no qual direção, orientação, pais ,
professores e alunos dialoguem sobre os problemas existentes e sobre as
angústias, compartilhando-as e encontrando soluções mais adequadas nas
relações do interior da escola. Que possam ser criados novos horizontes,
novas práticas de ensino de trabalho.
Dessa maneira as possibilidades serão abertas ao debate, reflexões,
confrontações de idéias, gerando assim espaços de vida no interior
educacional. Não há necessidade que todos pensem de acordo com as
mesmas idéias, mas trabalhar a diversidade e a busca do próprio
conhecimento, como também do grupo. Que cada sujeito envolvido e desafiado
no processo de ensino-aprendizagem possa ter capacidade de construir e
37reconstruir seu mundo, seu espaço, vivendo no plano interpessoal, do respeito
ao outro como indivíduo, como ser humano dotado de razão e inteligência, de
consciência e valor, logo passando haver o partilhar e não o confirmar do
saber, porque não há mais espaço para pensar a dualidade em nossos
educadores: há apenas saberes diferentes e experiências diversas.
É fundamental, portanto, que o orientador esteja preparado na sua tarefa
de estabelecer pontos de partida orientando, sugerindo, direcionando, que
através de um trabalho bem organizado e estruturado possam ser construídas
mudanças, valores, perspectivas pedagógicas para um envolvimento de todos
os sujeitos que fazem parte nas relações escolares.
38 BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, Márcia Angela e FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Para onde vão a orientação e supervisão escolar?: Campinas, SP: Papirus, 2002. ANTUNES, M.A.M. Psicologia no Brasil: Leitura histórica sobre sua constituição. São Paulo: Unimarco Editorial/ Educ ANDRADE, Narcisa Veloso de. Supervisão em educação: Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1976. BOCK, A.M.B & Aguiar, W.M.J. (1995). Por uma prática promotora de saúde em orientação vocacional. São Paulo: Casa do psicólogo BOCK, S.D.( 2002). Orientação profissional: A abordagem sócio-histórica. São Paulo: Cortez BRASIL (1971). Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Retirado em 04/08/2010, Presidência da República Federativa do Brasil: www.presidencia.gov.br CARVALHO, M.M.M.J (1995) Orientação Profissional em grupo: Teoria e técnica. Campinas: Editora Psy FERREIRA, Naura Syrua Carapeto. Supervisão Educacional para uma escola de qualidade da formação à ação- 2.ed. – São Paulo: Cortez, 2000. FREITAS, E. (1973). Origens e organização do ISOP. Arquivos brasileiros de psicologia aplicada.
JUNIOR, Celestino Alves da Silva & RANGEL, Mary (orgs). Nove olhares sobre a orientação e supervisão: Campinas, SP: Papirus, 1997.
39MEDEIROS, Luciene & ROSA. Solange. Supervisão Educacional: Possibilidades e Limites: São Paulo- SP: Cortez Editora- Autores Associados, 1985.
NÉRICI, Imideo Giuseppe, Introdução à orientação Educacional. 5. Ed. São
Paulo: Atlas, 1987.
RANGEL, Mary (org). Supervisão pedagógica: Princípios e práticas: Campinas, SP: Papirus, 2001.
ROSAS, P. (2000) Construindo caminhos: uma abordagem histórica. Em
I.D. Oliveira (Org), Construindo caminhos: experiências e técnicas em
orientação profissional. Recife: Ed. Universitária da UFPE.
SCHEEFFER, R. (1966). Atuais diretrizes da orientação profissional.
Arquivos brasileiros de Psicotécnica
40ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO............................................................................................2
AGRADECIMENTO.............................................................................................3
DEDICATÓRIA....................................................................................................4
RESUMO.............................................................................................................5
METODOLOGIA..................................................................................................6
SUMÁRIO............................................................................................................7
INTRODUÇÃO.....................................................................................................8
CAPÍTULO I – ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL.................................................................................................10
1.1- O trabalho Orientador Educacional no contexto profissional......................11
1.2- O trabalho do Orientador Educacional no Brasil........................................14
1.3- Aspectos Legais sobre o orientador educacional.......................................20
CAPÍTULO II – A MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL..................24
2.1- O que é motivação?...................................................................................24
2.2- Satisfação e Insatisfação............................................................................27
2.3- A motivação e a Gestão Democrática.......................................................29
CAPÍTULO III – O TRABALHO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO
PROCESSO DE INCENTIVO AO CORPO DISCENTE............... ....................32
3.1- O estudante e suas vertentes na escola...................................................32
3.2- O Orientador Educacional e a motivação..................................................34
CONCLUSÃO...................................................................................................36
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................38
ÍNDICE..............................................................................................................40
FOLHA DE AVALIAÇÃO...................................................................................41
41
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título da Monografia: A motivação do corpo discente e a integração do Orientador Educacional
Autor: Maria de Fátima Nobre de Oliveira
Data da entrega: 15/02/2011
Avaliado por: Conceito:
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