amor fÁcil, difÍcil e impossÍvel

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AMOR FÁCIL, DIFÍCIL E IMPOSSÍVEL 01 | QUATRO VEZES DIFERENTE Existem três tipos de amores na experiência humana: Amor Fácil, Amor Difícil e Amor Impossível. Para que você possa entender porque são três, e qual é qual, primeiro você deve entender que ser humano é ser quatro ao mesmo tempo. Isto mesmo! Você é um ser em uma experiência que é quaternária. Vou usar o símbolo da 1ficina para explicar isso. Primeiro vou explicar o símbolo

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AMOR FÁCIL, DIFÍCIL E IMPOSSÍVEL

01 | QUATRO VEZES DIFERENTE

Existem três tipos de amores na experiência humana: Amor Fácil, Amor Difícile Amor Impossível. Para que você possa entender porque são três, e qual équal, primeiro você deve entender que ser humano é ser quatro ao mesmo tempo.Isto mesmo! Você é um ser em uma experiência que é quaternária. Vou usar osímbolo da 1ficina para explicar isso. Primeiro vou explicar o símbolo

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original. O círculo representa o ser que você é, o ser que cada um é. O pontono meio do círculo representa o consciente. Você é um ser consciente. Só quevocê não é apenas consciente, você é um ser “humano” consciente. A polpadentro do círculo representa sua humanidade. Ser é nada. Você é nadabrincando de tudo. Ou melhor, você é nada brincando de um tipo de tudo. Quetipo de tudo? Tudo humano. É por isto que tudo que você experimenta é humano,porque você é um ser humano. O que estou explicando aqui, é que você existe,que você = existência, e por isto, atualmente, está humano. E também estoudizendo que sua experiência humana está dentro de você e não você dentro dasua experiência humana. O sinal de diferente representa sua singularidade.Cada um é igual e diferente. Você é igualmente diferente. Você é igualmenteser humano, mas você é um ser humano diferente. Aliás, você é um ser humanoquatro vezes diferente, pois a experiência humana é quaternária.

02 | AMOR INTELECTUAL

Uma das quatro dimensões humanas é a intelectualidade. Intelectualidade é adimensão do definir. É onde você define o verdadeiro e o falso. A todoinstante você está definindo o verdadeiro e o falso. Por exemplo, quando vocêafirma, “Felicidade é morar na praia”, você está definindo o que é, e o quenão é felicidade, ou seja, verdadeiro e falso. Cada um é livre para definirpor si, então, verdadeiro e falso é relativo à definição de cada um. Vocêpode estar se perguntando: o que definir tem a ver com amor? Tem tudo a ver!Você quer o falso? Claro que não! Ninguém quer o falso. E por que não? Porquetodo ser humano ama o verdadeiro. A experiência humana é quaternária, issosignifica que você tem quatro formas diferentes de amar. Na dimensãointelectual, você ama o verdadeiro e odeia o falso. Amar o verdadeiro e odiaro falso, é humano. Você não precisa se esforçar para amar o verdadeiro eodiar o falso. Você não precisa aprender a amar o verdadeiro e odiar o falso.

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Quando você entende que algo é verdadeiro, você ama, naturalmente einevitavelmente. Quando você entende que algo é falso, você odeia,naturalmente e inevitavelmente. O que é verdadeiro e o que é falso, érelativo, mas todo ser humano ama o verdadeiro e odeia o falso. Amar overdadeiro é amor fácil, facílimo, inevitável.

03 | AMOR AFETIVO

Outra dimensão da experiência humana é a afetividade. Afetividade é adimensão do avaliar. É onde você lida com atribuição de valor, com o caro e onulo. A todo instante você está atribuindo valor. Por exemplo, quando vocêdiz, “Eu te amo”, para uma pessoa, você esta atribuindo valor a pessoa, estádando importância, está apreciando. Cada um é livre para avaliar por si,então, caro e nulo é relativo a avaliação de cada um. O que avaliar tem a vercom amor? Tem tudo a ver! Você quer o nulo? Claro que não! Ninguém quer onulo. E por que não? Porque todo ser humano ama o caro. A experiência humanaé quaternária, isso significa que você tem quatro formas diferentes de amar.Na dimensão afetiva, você ama o caro e odeia o nulo. Amar o caro e odiar onulo, é humano. Você não precisa se esforçar para amar o caro e odiar o nulo.Você não precisa aprender a amar o caro e odiar o nulo. Quando você entendeque algo é caro, você ama, naturalmente e inevitavelmente. Quando vocêentende que algo é nulo, você odeia, naturalmente e inevitavelmente. O que écaro, e o que é nulo, é relativo, mas todo ser humano ama o caro e odeia onulo. Amar o caro é amor fácil, facílimo, inevitável.

04 | AMOR SENSORIAL

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Outra dimensão da experiência humana é a sensorialidade. Sensorialidade é adimensão do gostar. É onde você lida com o gosto, com o bom e o ruim. A todoinstante você está lidando com o gostar. Por exemplo, quando você diz, “Adororock”, é porque ouvir rock é bom, é gostoso. Cada um é livre para gostar porsi, então, bom e ruim é relativo ao gosto de cada um. Você pode estar seperguntando o que gostar tem a ver com amor? Tem tudo a ver! Você quer oruim? Claro que não! Ninguém quer o ruim. E por que não? Porque todo serhumano ama o bom. A experiência humana é quaternária, isso significa que vocêtem quatro formas diferentes de amar. Na dimensão sensorial, você ama o bom eodeia o ruim. Amar o bom e odiar o ruim, é humano. Você não precisa seesforçar para amar o bom e odiar o ruim. Você não precisa aprender a amar obom e odiar o ruim. Quando você entende que algo é bom, você ama,naturalmente e inevitavelmente. Quando você entende que algo é ruim, vocêodeia, naturalmente e inevitavelmente. O que é bom, e o que é ruim, érelativo, mas todo ser humano ama o bom e odeia o ruim. Amar o bom é amorfácil, facílimo, inevitável.

05 | AMOR FÍSICO

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Outra dimensão da experiência humana é a fisicalidade. Fisicalidade é adimensão do ponderar. É onde você lida com o benefício e o malefício, como obem e o mal. A todo instante você está ponderando o bem e o mal. Por exemplo,quando você diz “O tomate está caro”, você está ponderando o custo benefíciodo tomate. Cada um é livre para ponderar por si, então, bem e mal é relativoà avaliação de cada um. Você pode estar se perguntando o que ponderar tem aver com amor? Tem tudo a ver! Você quer o mal? Claro que não! Ninguém quer omal. E por que não? Porque todo ser humano ama o bem. A experiência humana équaternária, isso significa que você tem quatro formas diferentes de amar. Nadimensão física, você ama o bem e odeia o mal. Amar o bem e odiar o mal, éhumano. Você não precisa se esforçar para amar o bem e odiar o mal. Você nãoprecisa aprender a amar o bem e odiar o mal. Quando você entende que algo ébem, você ama, naturalmente e inevitavelmente. Quando você entende que algo émal, você odeia, naturalmente e inevitavelmente. O que é bem e o que é mal, érelativo, mas todo ser humano ama o bem e odeia o mal. Amar o bem é amorfácil, facílimo, inevitável.

06 | AMOR FÁCIL

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Eis os quatro amores fáceis:

Dimensão Intelectual – Amor ao vero.Dimensão Afetiva – Amor ao caro.Dimensão Sensorial – Amor ao bom.Dimensão Física – Amor ao bem.

Amar o vero, o caro, o bom e o bem, é amor fácil, facílimo, inevitável.

07 | AMOR IMPOSSÍVEL

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Sendo que amar o vero, o caro, o bom e o bem, é amor fácil, facílimo,inevitável, o que é amor difícil? A resposta aparentemente óbvia, é que amordifícil é amar o falso, o nulo, o ruim e o mal. Eis o engano. Amar o falso, onulo, o ruim e o mal, não é difícil, é impossível. Você ama o verdadeiroporque odeia o falso. Se fosse possível você amar o falso, seria impossívelvocê amar o verdadeiro. Você ama o caro porque odeia o nulo. Se fossepossível você amar o nulo, seria impossível você amar o caro. Você ama o bomporque odeia o ruim. Se fosse possível você amar o ruim, seria impossívelvocê amar o bom. Você ama o bem porque odeia o mal. Se fosse possível vocêamar o mal, seria impossível você amar o bem. Amar o falso, o nulo, o ruim eo mal, não é difícil, é impossível. Se fosse possível, você já teria obtidoêxito neste objetivo. Porém, nunca obtêm, por mais que tente, pois trata-sede um objetivo impossível. É impossível amar o que se odeia, e todo serhumano odeia o falso, o nulo, o ruim e o mal. Quando isso fica absolutamenteevidente, você desiste naturalmente do amor impossível, e está pronto parapraticar o amor difícil.

08 | AMOR DIFÍCIL

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Amor difícil surge naturalmente quando você percebe que o amor impossível éimpossível, tanto para você, como para o outro. Amor difícil é respeitar oamor fácil dos outros. Amor difícil é respeitar a universalidade de veros,caros, bons e bens. Cada um é ímpar, singular, único, diferente. Sendo assim,o que é bem para você pode ser mal para o outro, o que é bom para você podeser ruim para o outro, o que é caro para você pode ser nulo para o outro, oque é vero para você pode ser falso para o outro, e vice versa. Você édiferente do outro e o outro é diferente de você. E não tem nenhum problemanisso. O problema só surge quando você ignora isso. Quando acredita esupõe que o que é vero, caro, bom e bem para você, é para o outro também. Éassim que surgem as guerras. E por que o amor difícil é difícil? Porque vocênão tem prática em perceber a impossibilidade do amor impossível.

09 | AMOR CONSCIENTE

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Amor difícil não é abnegação. Assim como você opta pelo amor fácil poregoísmo, ou seja, porque é a melhor opção, você também opta pelo amor difícilpor egoísmo, ou seja, também porque é a melhor opção. Amor difícil é amorconsciente. A melhor coisa que você pode fazer por você é dar liberdade aooutro para amar fácil. Quando você dá liberdade ao outro de amar fácil, quemse liberta é você, que não precisa mais persistir no amor impossível.Abnegação é missão impossível, então, abnegação é amor ignorante.

10 | LEI DA ATRAÇÃO

PERGUNTASA religião diz que deus é amor, então, deus é desejo?Sim. Só que deus não é outro (deusoutro). Deus é você (deuseu).

Amo uma pessoa que me rejeita. O que faço?Sei exatamente o que você está dizendo. Também é assim comigo. Eu amo banana.Sou apaixonado por banana. Só que a banana não me ama. O que eu faço?

Engraçadinho!

Não estou fazendo piada, estou falando sério.

Quando você ama alguém, não quer reciprocidade? Eu amo e tenho que ficarsozinha com meu amor? Amando só dentro de mim? Sem reciprocidade do outro?

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Tudo que você experimenta é solitário, só acontece em você, só vocêexperimenta. Amor é você experimentando desejo. Então, não é exceção, é umaexperiência tão solitária como todas as outras. Dito isso, volto ao exemplodo meu amor pela banana. Eu amo a banana, desejo a banana, quero comer abanana. Mas se a banana não quer ser comida por mim. Se a banana me rejeita.Respeito a vontade da banana. Não vou pegar a banana a força e comê-la contrasua vontade. Continuo amando a banana, mesmo ela me rejeitando. Só que, aoinvés de comer a banana, como a maçã. Simples, fácil, sem drama e semcomplicação.

Safado! Então, você não ama a banana!

Em verdade, em verdade, vos digo: não amo nem a banana, nem a maçã, nem amelancia, nem a pera, nem fruta alguma. Eu me amo. Só isso! Sou egoísta. Soufiel ao amor, só e sempre, jamais ao objeto amado. Amo o sabor adocicado dasfrutas. Quando a fruta está azeda, jogo fora. Odeio fruta azeda. Você tambémé assim: egoísta. Todos os seres do universo são egoístas. É inevitável. Sóque alguns, como os seres humanos, fingem que não são. E fingem por egoísmo,o que é mais irônico. Mas não recomendo. Fingir não ajuda a viver bem.

Você muda de objeto de desejo. Come outra fruta que também seja doce, é isso?

Exatamente! Por isso, se você ama a banana do rapaz, mas a banana do rapaznão te ama, tem outros rapazes com outras bananas no universo, não precisa seprender ao rapaz nem prendê-lo a você. Essa opção não produz bem viver nemboa convivência.

Amor difícil é amar ao próximo? Por que não consigo?Porque você dá à palavra “amor” o significado de afeto (sentimento).

Toda doutrina é feita de palavras. O significado que você dá às palavras deuma doutrina, não vem da doutrina, vem da sua cabeça. Quando você entra emcontato com uma doutrina que fala em amor, mesmo que você seja criança, vocêjá ouviu pelo menos umas 10 mil vezes sua mãe lhe dizendo “eu te amo”.

Sua mãe estava se referindo ao afeto (sentimento) dela por você, estavadizendo que você é muito querido para ela, muito especial, muito importante.Só que sua mãe não te explicou que amor é desejo, que desejo é quaternário eque afeto (sentimento) é um dos quatro desejos humanos. Menos ainda que amoré fácil, difícil e impossível. Então, só lhe resta grudar esse significadoafetivo e maternal à palavra amor. Amor = afeto (sentimento) que minha mãetem por mim.

Daí, quando você entra em contato com uma doutrina que fale do amor e recebeum ensinamento que diz que você deve amar o próximo, o que você entende?Entende que deve amar o outro assim como sua mãe ama você. Ou seja, você devedar mamadeira para o outro, fazer cafuné, lavar a louça, lavar a cueca, fazeralmoço e janta, ficar preocupado, limpar a bunda do outro, enfim, você devecuidar do outro assim como sua amorosa mãe cuida de você.

E mais! Você deve ter afeto (sentimento) pelo outro, sempre, faça ele o que

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fizer. Mesmo que o outro abuse de você, lhe violente, lhe desagrade, vocêdeve amar o abuso, a violência e o desagrado, assim como sua mãe ama você.

Isso é amor impossível. Você pode respeitar a violência, o abuso e odesagrado, mas amar é impossível. Só que sua mãe não te explica isso quandodiz “eu te amo”, nem as doutrinas religiosas, quando lhe dizem: “ame aopróximo como a si mesmo”.

Eis porque você não consegue amar o próximo. Amar o próximo não é afeto, nãoé sentimento, é dar liberdade ao outro de ser outro, diferente de você. Sóisso!

E isso é inevitável. O outro é o outro, diferente de você. O outro nãoprecisa da sua permissão para ser outro. Mas você, internamente, proíbe ooutro de ser outro. E daí fica vivendo o inferno da proibição. Só você sofrecom isso. O outro nem sabe que você está lhe proibindo de ser diferente devocê. Só você sabe disso e só você sofre com isso.

Então, no final das contas, o ensinamento “ame ao próximo” visa ajudar você ase libertar do inferno da proibição e não fazer com que você seja o salvadorda humanidade.

Amor é desejo, relacionamento amoroso é outra coisa?Todo relacionamento é amoroso. Quando é odioso, não tem relacionamento.Agora, quais amores estão sendo satisfeitos em um relacionamento? Requeranálise.

No outro está acontecendo a mesma coisa?

Sim, relacionamento é sempre 4 x 4. Seus quatro amores se relacionando com os4 amores do outro

Então existe um outro “do lado de fora” e não somente dentro de mim?

Lado de fora é um entendimento materialista de alteridade, mas entendo o quequer dizer. Sim. Tem o outro de fato. E esse outro tem natureza intrínseca. Odetalhe e sutileza é que o outro que você experimenta não é o outro em si,enquanto ser, é sua experiência do outro. E sua experiência do outro é feitodos seus significantes e seus significados, logo, é o seu outro. Por exemplo,você está conversando comigo. Eu sou outro. Sou o Ferrari. Mas eu sou o seuFerrari. Sou o Ferrari-Suzanado. O Ferrari da Alexa é outro, diferente doseu. O Ferrari da Alexa é o o Ferrari-Alexado. E assim por diante.

Como lidar bem com o amor e o ódio das pessoas?Você sabe o que é amor e ódio? Você sabe para que serve? Sabe como funcionadentro de você? Se você ignora a natureza, a serventia e o funcionamento doamor e do ódio em você, como pode lidar bem com o amor e o ódio nos outros?Não pode! Impossível. Percebe? É sua ignorância de si que lhe impede de lidarbem com o comportamento dos outros.

Quando você é consciente do seu próprio funcionamento, fica simples lidar bem

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com o comportamento dos outros, porque o outro é outro você, ser humano igualvocê. Então, o primeiro passo para lidar bem com o amor e o ódio dos outros,é virar o olho do avesso. Ou seja, ao invés de ficar olhando para fora, parao outro, olhe para o seu amor e o seu ódio. Observe do que se trata. Entendapara que serve. Veja como funciona.

Fazer isso é você praticando autoobservação. Autoobservação produzautoconhecimento. Quanto mais autoconhecimento você produz, menos ignorância.Quanto menos ignorância, maior sua competência em lidar com o comportamentodos outros, melhor você vive e convive.

Daí, você pode me perguntar: Como você sabe que me ignoro?

Se você não se ignorasse não estava me perguntando sobre algo que acontece emvocê.

Daí, você pode pensar: E você precisa jogar minha ignorância na minha cara?

E o que você espera que um professor de autociência faça com sua ignorância?Que a coloque em cima de um altar, acenda velas, se ajoelhe e a idolatre?“Louvada seja essa ignorância, para sempre seja louvada!” Eu posso até fazerisso, mas em que isso vai lhe ajudar a viver melhor? Jogar sua ignorância nasua cara é uma ajuda que lhe ofereço para que fique consciente dela e assimpossa sair dela. E você não precisa aceitar minha ajuda. Minha oferta évoluntária, gratuita e sem expectativas de aceitação.

Daí, você pode concluir: “Então, não vou perguntar mais nada, vou ficarcaladinho, assim escondo minha ignorância e vou parecer sábio”.

Isso é o que você tem feito sua vida inteira. Isso é o que todos os sereshumanos têm feito desde sempre. Se funcionasse, já tinha funcionado. Então,porque não experimentar um novo caminho: expor a ignorância? Só de curioso.Só para fazer uma experiência. Só para ver se expor a ignorância é uma opçãomelhor do que escondê-la. Se não for, sem problemas. Só voltar para oesconderijo.

Como você descobriu que amor é magnetismo?Ninguém nasce sabendo o que é amor, mas essa palavra surge rapidamente naconvivência humana. Você escuta sua mãe dizendo que te ama. O padre fala deamor na igreja e assim por diante. Você começa a construir um significadopara essa palavra.

Meu entendimento do amor era superficial como de todo mundo. Eu acreditavaque amor era um sentimento. Vivi com esse entendimento por muitos anos.

Daí, quando comecei a praticar autociência, entendi que precisava sair dasuperficialidade do amor, precisava encarar o amor, investigar a fundo e verdo que se tratava de fato. Quando fiz isso, ficou óbvio que amor é desejo.

Essa foi a EUreka do amor. Daí pra frente, foi só troca semântica para deixarcada vez mais explicito que amor é desejo.

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Amor é desejo.Desejo é atração e repulsão.Atração e repulsão é magnetismo.Logo, amor é magnetismo.

É possível transformar amor impossível em amor fácil?Sim, eu já odiei usar fio dental, por exemplo, hoje em dia é amor quasefácil. Também já amei cigarro, hoje em dia é amor impossível. Tudo écircunstancial. É muito importante considerar isso. Quando você está odiandoalgo, odiando você está. Então, nesse momento, o que é amor impossível,impossível é. Mas no próximo instante tudo pode mudar. Ou seja, não temreceita de bolo. Viver é dinâmico. Viver bem também é dinâmico.

Eu vivo mal porque sou carente?Não. É impossível deixar de ser carente. Carência é inevitável. Carência édesejo. Todo ser é desejante, então, todo ser é carente. O bem viver não vemdo fim da carência. Esse é o equívoco. O bem viver vem de lidar bem com acarência. Você está lidando mal com sua carência, estava lidando de formaoutroísta submissa, por isso estava vivendo mal.

Lei da atração é magnetismo?Em termos científicos, da física, sim.

PERGUNTA: E em termos psicológicos?

É desejo.

PERGUNTA: Mas se desejo é amor, então, amor é magnetismo?

Exato! Por isso o que você ama é atraente e o que você odeia é repelente.

Me afastar de pessoas que considero amor difícil é outroísmo?Acho que você está confundindo os termos “amor difícil” com “amorimpossível”. Mesmo que não esteja, é muito comum fazer essa confusão, pois oantônimo de fácil é difícil. Então, quando você pensa no oposto de “amorfácil”, automaticamente pensa em “amor difícil”. É quase inevitável pensarassim. Só que o antônimo de “amor fácil” é “amor impossível”. As palavras“fácil, impossível e difícil” ajudam por um lado, mas confundem por outro, eusei. Por isso, é preciso muita atenção ao usá-las, e principalmente,autoconhecimento.

Amor difícil não é amor, não é desejo. Amor difícil é uma práticaconsciencial que RESULTA em respeito. Nem respeito é. Pois se você nãoexecutar a prática consciencial de ficar consciente do funcionamento dodesejo, você não consegue chegar ao resultado que é o respeito. Sem a práticade ficar consciente do funcionamento do desejo você apenas se obriga arespeitar os outros, e fazer isso é engolir sapo, é outroísmo submisso, évocê desrespeitando a si mesmo, desrespeitando sua unicidade. Então, não érespeito, não produz bem viver, nem boa convivência.

Dito isso, para você evitar confundir os termos, sugiro DELETAR a palavra

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amor do seu dicionário mental. Sugiro pensar assim: amor fácil = desejado,amor impossível = indesejado, amor difícil = prática consciencial que resultaem respeito. Entendido isso, nunca mais use a palavra amor. Deleta da cabeça.

A 1ficina só usou a palavra amor nesse livro para libertar você do equívocoda abnegação. Se a 1ficina não lhe explicasse o funcionamento do desejousando a palavra amor, o equívoco da abnegação continuaria. Mas agora quevocê já se esclareceu sobre o equívoco da abnegação, sugiro deletar a palavraamor, pois de fato o que existe é o desejado, o indesejado e a práticaconsciencial que resulta em respeito.

Não existe abnegação? E tentar ser abnegado é sofrer?Amor fácil e amor impossível é o mesmo amor. São os dois lados de uma mesmamoeda. Amor fácil e amor impossível não são opcionais. Amor fácil é fáciljustamente porque não é opcional, é inevitável. Quando você ama algo, vocênão tem opção de não amar, pois você ama. E por amar, simultaneamente, odeiao oposto, pois o ódio é o outro lado da moeda do amor. Então, amor fácil eimpossível não é opcional. Amor difícil, esse sim, é opcional. Amor difícil évocê executando seu arbítrio no sentido de dar liberdade para si mesmo e parao outro de amar fácil. Amor difícil é libertação. Dar liberdade é difícilporque você criou o HÁBITO de proibir a si mesmo (outroísmo submisso) e aooutro (outroísmo impositivo) de amar fácil. Abnegação é a crença de que épossível, louvável e saudável amar o que se odeia, ou seja, amar o mal, oruim, o nulo e o falso. SUA abnegação é outroísmo submisso. É você seobrigando a amar o que é mal, ruim, nulo e falso para você. Esperar abnegaçãoDO OUTRO é outroísmo impositivo. É você obrigando o outro a amar o que é mal,ruim, nulo e falso para ele.

No texto Amor é Egoísmo, você diz que ninguém ama ninguém. Pode explicarmelhor?Você ama a experiência do bem, bom, caro e vero que o outro estimula em vocêe não o outro. Por isso que ninguém ama ninguém. No instante em que o outropara de estimular experiência de bem, bom, caro e vero em você e começa aestimular experiência de mal, ruim, nulo e falso, imediatamente einevitavelmente, você começa a odiar o outro. Amor fácil não é pelo outro, épela experiência de bem, bom, caro e vero. Amor difícil sim é pelo outro.Amor difícil é sua opção de dar liberdade ao outro de ser diferente de vocêapesar dessa diferença lhe estimular experiência de mal, ruim, nulo e falso.Interessante observar que você faz isso com os objetos, plantas e bichos, masnão faz com os outros seres humanos. Manga tem sabor de manga. Se você acharuim o sabor da manga, você não obriga a manga a ter sabor de morango. Ouseja, não obriga a manga a ser diferente do que é. Vaca dá leite. Se leite tefaz mal, você não obriga a vaca a botar ovo. Ou seja, não obriga a vaca a serdiferente do que é. Fogo queima e você não obriga o fogo a fazer cafuné. Ouseja, não obriga o fogo a ser diferente do que é. Enfim, você não obriga osobjetos, plantas e bichos a serem diferentes do que são, pois você sabe queisso é impossível e sabe que tentar realizar o impossível é se condenar afracasso eterno. Porém, você faz isso consigo mesmo e com o outro. Você seobriga a fazer, gostar, valorizar e pensar igual o outro e obriga o outro afazer, gostar, valorizar e pensar igual você. E ao invés de você chamar issode insanidade, você chama de amor, abnegação, altruísmo, espiritualidade,

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religiosidade, nobreza, ética, virtude, educação, etc.

O que é afeto?Afeto é desejo afetivo, é você desejando o caro e rejeitando o nulo.

Então, sinto afeto ao que é caro para mim?

Sim, suas filhas são valorosas para você, por isso você as ama. As filhas domeu vizinho Egberto não tem valor nenhum para você, por isso você não as ama.As filhas de uma pessoa que você detesta, capaz que você deteste também, portabela.

Afeto é o que me leva a prática do amor difícil?

Não! O que leva você a prática do amor difícil é o sofrimento. Viver éconviver. Ou você aprende a amar difícil ou morre de tanto sofrer com aconvivência.

O que fazer quando meus quatro amores estão em conflito?Você já viu aqueles filmes de tribunal? É parecido. Cada um dos quatro amoresé um advogado. Cada um expõe seu caso, defende seus interesses. Você é ojuiz. Você decide.

Mas meus advogados sou eu.

Sim e não. É, mas também não é. São aspectos diferentes de você. Desejo nãotem consciência. Não sabe de si. É você (consciência) que sabe dos seusdesejos. Então, você ouve as partes e decide o que é melhor. E deve explicarpara seus quatro advogados porque aquela decisão é a melhor, deve deixaróbvio. Você fazendo isso, é você explicando o óbvio para si mesmo.

Se faço isso, meus amores param de brigar?

Vão brigar contra o que? Contra o óbvio? É caso perdido. Contra o óbvio nãohá argumentos.

Por que amo ou odeio algo?Você ama fácil ALGO. Vamos chamar esse algo de OBJETO do seu amor fácil. Vocêama fácil esse OBJETO e é isso. Por que você ama fácil esse OBJETO? Qual omotivo? Você não sabe. Você sabe que ama fácil porque está amando, então, éobvio que você ama fácil. Só que você não sabe porque está experimentandoesse amor. Você ignora o motivo. Nesse livro a 1ficina explica o motivo. Vocêama fácil ALGO porque é bem, bom, caro ou vero para você. E mais! QUANDO ébem, bom, caro ou vero para você. Isso é o amor fácil. O oposto do fácil vocêodeia. O que você odeia é amor impossível.

Por que amor fácil dá treta? Porque você tenta uniformizar seu amor fácil. Você ama estrogonofe, então,você quer que tudo tenha sabor de estrogonofe. Quer que seu marido tenhasabor de estrogonofe, que seus filhos tenham sabor de estrogonofe, que eu etodos os seres do universo tenham sabor de estrogonofe. Só que cada um tem

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seu próprio sabor. Mas você é cabeçuda, teimosa, impositiva e burra, então,está determinada a fazer com que todos os seres do universo satisfaçam suasexpectativas. E como ninguém consegue ser diferente do que é, começa a treta.Se você for o única cabeçuda, teimosa, impositiva e burra do universo, atreta é pouco. Agora, imagina se cada um quiser que o outro tem o sabor doseu prato preferido? Imagina o tamanho da treta?

Por que é importante ficar consciente que amor é desejo?Por vários motivos. Vou citar três:

1) O ser humano é quaternário, então, tem quatro desejos. E sendo que amor édesejo. Então, você ama em quatro dimensões.

2) O tal do amor incondicional do qual tanto se fala, é amor difícil(respeito). Mas enquanto você não entende que amor é desejo, fica impossívelentender o que é respeito e como se pratica o respeito.

3) A ignorância do que expliquei acima te mantém preso na abnegação econsequentemente, vivendo mal.

Qual é a importância da arte e seus benefícios?Primeiro é preciso entender que importância e benefício nunca é da coisa ouatividade em si. Uma coisa ou atividade pode ser importante e benéfica paravocê e desimportante e maléfica para o outro. Comer açúcar, por exemplo, ébenéfico para um atleta e maléfico para um diabético. Estudar anatomia éimportante para um médico e desimportante para um arquiteto. E assim pordiante. Importância e benefício é particular. Além de particular écircunstancial, como tudo na vida. Mas não vou entrar nessa questão agora,fica apenas o apontamento.

Dito isso, eu divido a arte em três fases. É uma pedagogia de entendimentominha. Uso comigo. Me ajuda a evitar rotineiros conflitos que acontecem nasconversas sobre esse tema. Vou explicar quais são as três fases da arte efalar um pouco de cada uma. Espero com isso responder sua pergunta.

FASE UM: PRODUÇÃO ARTÍSTICA

A fase um da arte é exclusividade do artista. Por exemplo, quando umcompositor está sozinho no quarto compondo uma canção, ele está executando afase um. Mas não precisa ser um grande profissional para executar a fase um.Quando uma criança está desenhando em uma folha de papel sulfite com lápis decor, ela também está executando a fase um.

Produzir arte é terapêutico porque a obra espelha o autor. Minha mãe, porexemplo, quando escuta uma música minha ou lê algum dos meus poemas, é capazde dizer a que parte da minha história aquela música ou poema se refere. Elaé capaz de fazer isso porque conhece o autor e a obra espelha o autor. Todoverdadeiro artista sabe disso e usa sua produção artística como divã, comoterapia, como processo de autoconhecimento.

FASE DOIS: EXPOSIÇÃO DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA.

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A fase dois não envolve necessariamente o produtor da obra artística. Algunsprodutores são expositores também. Mas o produtor artístico pode simplesmenteficar só na fase um e terceirizar a fase dois. Quando um escritor entrega umapeça de teatro para o diretor, por exemplo, é isso que ele está fazendo,terceirizando a fase dois. Quando um compositor entrega sua composição paraum intérprete ou um maestro, também. A maioria dos músicos e atores sãoartistas de fase dois, eles não produzem a obra artística, eles a expoem.

Expor uma obra artística pode ser muito terapêutico também, pois para darvida a obra, o artista expositor incorpora e vivencia em si um tema de autoanálise proposto e iniciado pelo autor da obra que ele está expondo. O mundoartístico é cheio de grandes artistas expositores. Cantores, músicos, atores,etc. Muitos relatam o aspecto terapêutico da exposição artística.

FASE TRÊS: CONSUMO DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA

A fase três da arte é a que todos executam de uma forma ou de outra, em maiorou menor intensidade. Na fase três, você não precisa ser nem produtor, nemexecutor, basta ser humano. Quando você liga o rádio para ouvir música, vocêestá executando a fase três. Quando você liga a televisão para assistir umfilme, você também está executando a fase três. Críticos de arte sãoconsumidores especializados na execução da fase três.

Consumir uma obra artística pode ser muito terapêutico também, pelo mesmomotivo da fase dois. Ao consumir uma obra artística você também incorpora evivencia em si um tema de auto análise proposto e iniciado pelo autor daobra.

Entendida as três fases, fica fácil de perceber que a arte, seja na fase um,dois ou três, proporciona efeito terapêutico em quem a está executando. Euexecuto as três fases e recomendo a execução das três. Para mim as três sãoimportantes e benéficas.

Qual é o problema com o meio termo?Meio termo, em si, não tem problema. O problema é obrigação de chegar a ummeio termo. Eu e você estamos numa convivência, discordamos, daí você vemrezando o sermão da montanha de que TEM QUE chegar num meio termo. E se eunão quiser meio termo? Percebe? TEM QUE ter meio termo é uma cagação de regraDISFARÇADA de democracia. Não é democracia de fato.

Quer dizer então que não amo meus pais?Se você ama, você ama.

Então, o que muda?

Muda que agora você sabe o que é amor e porque ama seus pais.

Quer dizer então que não amo meus filhos?

Se você ama, você ama.

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Então, o que muda?

Muda que agora você sabe o que é amor e porque ama seus filhos.

Quer dizer então que não amo meu cachorro?

Se você ama, você ama.

Então, o que muda?

Muda que agora você sabe o que é amor e porque ama seu cachorro.

Quer dizer então que eu não amo porra nenhuma?

Se você ama, você ama.

Então, o que muda?

Muda que agora você sabe o que é amor e porque ama essa porra.

Se amor impossível é impossível, porque acredito que é possível?Você não reclama com o caixa eletrônico, mas você reclama com o funcionáriohumano do banco que executa o mesmo serviço do caixa eletrônico. Por que?

Até reclamo com o caixa eletrônico, mas sei que não vai dar em nada.

Por que não vai dar em nada?

Porque o caixa eletrônico é um robô programado.

O caixa eletrônico se comporta sempre de acordo com o gabarito dele(programação dele). E o ser humano?

O ser humano tem autonomia para tomar decisões e mudar de comportamento. Porisso reclamar com o atendente do banco é diferente de reclamar com o caixaeletrônico.

Ao invés do termo “autonomia para tomar decisões” vou usar a palavra“arbítrio”. Você não reclama com o caixa eletrônico porque sabe que o caixaeletrônico não tem arbítrio, logo, é impossível convence-lo a mudar decomportamento. Você sabe que pode chorar, espernear, chantagear e atéexplodir o caixa eletrônico, ele não vai mudar de comportamento parasatisfazer seu desejo. Por isso você nem tenta. Mas você tenta com o outroser humano, por que?

Porque o outro ser humano pode decidir mudar de comportamento e atender minhareclamação.

Exato! Você não consegue convencer o caixa eletrônico a lhe agradar, masconsegue convencer um ser humano. Mesmo que você apontar uma arma para um

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caixa eletrônico e disser “Me dá todo seu dinheiro ou eu atiro e te mato!”, ocaixa eletrônico não vai mudar de comportamento. Você sabe disso. Então, vocênem tenta. Porém, na infância, quando sua mãe tirou a teta da sua boca, vocêchorou. E sua mãe, mesmo cansada, mesmo sem leite, mesmo com o bico do peitodoendo, ou seja, mesmo contrariada, deu a teta de volta para lhe agradar.Nesse momento você fez a matricula na faculdade do outroísmo e teve suaprimeira lição de como transformar um ser humano em um escravo seu. Bastachorar e reclamar. Muita prática e hoje você é o mestre do mimimi. O problemaé que são milhões de seres humanos no mundo e apenas um deles é sua mãe.Então, quando está convivendo com esse outros seres humanos, por mais quevocê chore, reclame e tente, a teta não vem.

Então, acredito que o amor impossível é possível porque o outro ser humanopode optar por me agradar, mesmo que ao fazer isso ele esteja desagradando asi mesmo?

Exato! E vice versa. Você tem arbítrio, então, você pode se obrigar a optarpelo que é mal, ruim, falso e nulo. Você sofre e vive mal quando faz isso.Mas isso é possível. Então, você passa a acreditar que é possível amar o quevocê odeia. Amar não é possível, por isso você odeia. Mas é possível optarpor viver assim. Isso é o outroísmo submisso. No outroísmo impositivo, vocêtenta obrigar o outro a fazer, gostar, valorizar ou pensar igual você. Vocênão tem como controlar o arbítrio do outro, mas o outro se deixa sercontrolado por você. Isso lhe dá a falsa impressão de que você conseguecontrolar o arbítrio do outro e por isso você acredita que consegue fazer ooutro amar o que odeia.

Se pratico amor difícil não há necessidade de perdão?Você não pratica o perdão, você pratica engolir sapo. O que você chama deperdão, não é você dando liberdade ao outro de ser outro, diferente de você,é você se obrigando a aceitar o que não aceita. Se você não aceita, comoaceitar? Impossível. Mas você acredita que perdoar é aceitar, então, você seobriga a aceitar o que não aceita. Ao fazer isso, você nem perdoa, nem vivebem, pois violenta a si mesmo. Se obrigar a aceitar não funciona, sefuncionasse, já tinha funcionado. Sua mágoa continua porque perdão nãoacontece com você se obrigando a aceitar o que não aceita, pelo contrário,acontece com você se permitindo não aceitar o que não aceita. Quando vocêconsidera algo errado, aceite que considera errado. Ao invés de engolir osapo, saboreie o óbvio. Esse é o primeiro passo para o perdão. Enquanto vocênão dá o primeiro passo, é impossível você dar o segundo, que é considerarque do ponto de vista do outro, o que você chama de problema o outroconsidera solução. O terceiro passo é perceber que isso é fato. É claro quedo ponto de vista do outro ele considera certo o que faz, por isso opta porfazer. Quando você chega no terceiro passo, você não precisa mais executar operdão, pois os três passos é o perdão sendo executado.

Sinto como se esse ciclo de estudos estivesse me comendo pelas bordas. Éassim mesmo?Sim, as explicações da 1ficina vai comendo você pelas bordas e você nempercebe. Quando você se dá conta, já é tarde demais, o óbvio engoliu você.Primeiro fica óbvio que você é um ser desejante. Depois que desejo é egoísmo.

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Quando você entende isso, está igual peru de natal, pronto para o abate. Daívem a machadada final. Amor é desejo. Kabum!!! Pode tocar a marcha fúnebre.The lovecórnio is dead!

Sofro por me obrigar a amar um irmão que não amo. O que me diz?Irmão é pouco! Irmão você até se permite odiar. Pior é quando você não amasua mãe ou seu pai? Simplesmente não ama. É amor impossível para você? Daívem a biba dizendo que “tem que amar pai e mãe” ou tá fudido. Ou então,quando seu filho não te ama. Simples assim. Não te ama e pronto. Como aceitarque um filho não te ama?

Você diz que é a banana que atraí o macaco e não o macaco que atrai a banana.Então, eu não tenho dinheiro porque o dinheiro não me atrai?Justamente o oposto. O dinheiro te atrai porque você não tem dinheiro. Igualchocolate. Você fica esperando a pascoa. Quando chega a páscoa, depois decomer o oitavo ovo de páscoa, você não quer nem mais ver chocolate na frente.O chocolate não te atraí mais. O dia que você ficar rica, vai enjoar dodinheiro. Mas enquanto for pobre, vai desejá-lo. Outro exemplo é o casamentotambém. Quem está dentro quer sair, quem está fora quer entrar.

Mas se o dinheiro me atraísse, ele estava na minha realidade

Está, só que está na sua imaginação (realidade simulada).

Dinheiro na imaginação não é dinheiro, não serve pra nada.

Serve para você saber que quer dinheiro.

Se eu quisesse dinheiro fazia alguma coisa para conseguir.

Você faz. Você reclama que não tem dinheiro. O problema é que reclamar não éuma estratégia eficiente para você conseguir dinheiro.

Você não parece egoísta, mas afirma que é. Não entendo. Pode explicar?Amor é desejo. Desejo é egoísmo. Então, amor é egoísmo. Eu sei que dói mataro unicórnio do amor. Por isso usamos estratégias de fuga como amorincondicional, amor verdadeiro, compaixão, abnegação, altruísmo e oscambau.Tudo besteira. Amor é egoísmo. Não tem outro amor, só tem egoísmo mesmo. Epara viver bem é imprescindível deixar isso óbvio. Pra mim, é óbvio ululante.Não existe outra MOTIVAÇÃO senão a busca pelo bem, bom, caro e vero. Faço oque faço porque desejo o bem, bom, caro e vero. Não faço nada por abnegação.Não faço nada por amor incondicional. Não faço nada por compaixão. Não façonada por altruísmo. Faço por egoísmo puro. Faço porque desejo o bem, bom,caro e vero. Simples assim. Sem mistério. Sem segredo. Sem idolatria. E pramim é óbvio que assim também é com todos os seres, não apenas os sereshumanos, mas com todos os seres do universo. Pra mim é óbvio que o egoísmo éa única motivação de todos os seres do universo porque é a motivação douniverso. O universo é o egoísmo absoluto. O universo só se interessa por seupróprio bem. Até porque, que outra motivação o universo teria sendo que ouniverso é tudo. Dito isso, para se realizar um objetivo, não basta desejarrealizar, é preciso usar uma estratégia eficiente. Eu uso a melhor estratégia

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que conheço: viver de forma autoísta. Não existe estratégia melhor do queessa para realizar o egoísmo. Desconheço estratégia melhor. Se um dia eudescobrir que tem uma estratégia melhor para realizar meu egoísmo, mudo deestratégia imediatamente.

ÁUDIOS

1FICINA | AutociênciaConteúdos sobre ser, viver e conviver. Estudo do ser humano no aspectoexistencial, psicológico, pessoal e social.

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