amcham highlights - competitividade regional | custos de transação - bh - 22-07-2011

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Presidente da Usiminas, salienta que, por falta de competitividade, há empresas optando por produzir fora do País. Pág.11 Wilson Brumer Sócio fundador e head de Infraestrutura do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch defende que o setor público sinalize mais claramente ao empresariado projetos prioritários para investimento na área de infraestrutura. Pág.14 Luis Souza Gerente de Recursos Humanos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) compartilha a experiência do Consórcio Mínero Metalúrgico, que ela coordena. A iniciativa estimula a formação de profissionais de nível técnico demandados no Estado. Pág.15 Alba Valéria Santos Superintendente da unidade de PPP (Parcerias Público-Privadas) de MG mostra o importante papel que as PPPs têm a desempenhar como solução moderna para criar um relacionamento de longo prazo entre governo e empresariado, garantindo investimentos em infraestrutura. Pág.12 Marcos Siqueira São Paulo, 22 de julho de 2011 Belo Horizonte acaba de abrir o segundo ciclo do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham, que, em 2011, aprofunda seu objetivo de discutir alternativas para enfrentar gargalos que comprometem a maior competitividade brasileira, acrescentando ao debate nacional enfoques regionais. Saiba mais sobre o projeto na pag. 2 Para o seminário Competitividade Regional, realizado em 28/06 na capital mineira, a Amcham preparou, com o apoio do Instituto Análise, uma pesquisa junto a empresários que mostra desafios e oportunidades para a competitividade de Minas Gerais. O estudo identificou, por exemplo, que, para a iniciativa privada local, Copa e rodovias são os projetos que mais impactarão o Estado nos próximos anos. Leia matéria completa da sondagem e o estudo nas pag. 3 a 5 No evento da Amcham, o foco se centrou em dois eixos-chave para a competitividade mineira: infraestrutura e mão de obra. Uma das principais conclusões do debate que reuniu cerca de 150 representantes das iniciativas privada e pública e acadêmicos é que melhorias de infraestrutura não devem se limitar a atender a necessidades pontuais, mas fazer parte de um grande projeto, com visão de longo prazo, que contribua para a maior competitividade estadual e nacional. Acompanhe matéria completa sobre esse tema na pag. 6 No que toca à mão de obra, o empresariado mineiro discutiu propostas para lidar com a escassez principalmente de profissionais técnicos, a mais sentida. O seminário proporcionou também a oportunidade de compartilhamento de experiências aplicadas com sucesso em Minas para lidar com o déficit de profissionais, a saber: formação de consórcios para promover capacitação, importação de profissionais especializados para setores carentes e combate à evasão de estudantes universitários especialmente das chamadas ciências duras (hard sciences). Saiba mais pag. 8 Entrevistas Veja ainda um conjunto de entrevistas com alguns dos palestrantes do seminário:

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Page 1: Amcham Highlights - Competitividade Regional | Custos de Transação - BH - 22-07-2011

Presidente da Usiminas, salienta que, por falta de competitividade, há empresas optando por produzir fora do País. Pág.11

Wilson BrumerSócio fundador e head de Infraestrutura do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch defende que o setor público sinalize mais claramente ao empresariado projetos prioritários para investimento na área de infraestrutura. Pág.14

Luis Souza

Gerente de Recursos Humanos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) compartilha a experiência do Consórcio Mínero Metalúrgico, que ela coordena. A iniciativa estimula a formação de profissionais de nível técnico demandados no Estado. Pág.15

Alba Valéria SantosSuperintendente da unidade de PPP (Parcerias Público-Privadas) de MG mostra o importante papel que as PPPs têm a desempenhar como solução moderna para criar um relacionamento de longo prazo entre governo e empresariado, garantindo investimentos em infraestrutura. Pág.12

Marcos Siqueira

São Paulo, 22 de julho de 2011

ExpedienteEditora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: André Inohara e Daniela RochaCrédito das fotos: Amaury de Souza

Belo Horizonte acaba de abrir o segundo ciclo do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham, que, em 2011, aprofunda seu objetivo de discutir alternativas para enfrentar gargalos que comprometem a maior competitividade brasileira, acrescentando ao debate nacional enfoques regionais. Saiba mais sobre o projeto na pag. 2

Para o seminário Competitividade Regional, realizado em 28/06 na capital mineira, a Amcham preparou, com o apoio do Instituto Análise, uma pesquisa junto a empresários que mostra desafios e oportunidades para a competitividade de Minas Gerais. O estudo identificou, por exemplo, que, para a iniciativa privada local, Copa e rodovias são os projetos que mais impactarão o Estado nos próximos anos. Leia matéria completa da sondagem e o estudo nas pag. 3 a 5

No evento da Amcham, o foco se centrou em dois eixos-chave para a competitividade mineira: infraestrutura e mão de obra.

Uma das principais conclusões do debate que reuniu cerca de 150 representantes das iniciativas privada e pública e acadêmicos é que melhorias de infraestrutura não devem se limitar a atender a necessidades pontuais, mas fazer parte de um grande projeto, com visão de longo prazo, que contribua para a maior competitividade estadual e nacional. Acompanhe matéria completa sobre esse tema na pag. 6

No que toca à mão de obra, o empresariado mineiro discutiu propostas para lidar com a escassez principalmente de profissionais técnicos, a mais sentida. O seminário proporcionou também a oportunidade de compartilhamento de experiências aplicadas com sucesso em Minas para lidar com o déficit de profissionais, a saber: formação de consórcios para promover capacitação, importação de profissionais especializados para setores carentes e combate à evasão de estudantes universitários especialmente das chamadas ciências duras (hard sciences). Saiba mais pag. 8

EntrevistasVeja ainda um conjunto de entrevistas com alguns dos palestrantes do seminário:

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

Page 2: Amcham Highlights - Competitividade Regional | Custos de Transação - BH - 22-07-2011

Amcham aprofunda programa Competitividade Brasil A Amcham acaba de dar início ao segundo ciclo de eventos do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação”. Criado em 2010 para promover discussões e a formulação de alternativas para enfrentar gargalos que comprometem a maior competitividade brasileira, o projeto agora está sendo levado a várias das cidades em que a Amcham está presente por meio de unidades regionais.

A agenda de seminários inclui Belo Horizonte (28/06), Curitiba (13/07), Campinas (26/07), Recife (05/08) e Brasília, além de São Paulo, onde o programa teve origem. A ideia, neste ano, é ampliar o debate sobre esse tema tão premente para o País e focar em especial

necessidades regionais, mantendo o caráter contributivo de busca de soluções.

Ações prévias

O programa “Competitividade Brasil” começou a germinar em 2009, durante a divulgação do relatório de competitividade global do Fórum Econômico Mundial na Amcham-São Paulo. Na ocasião, ficou patente que, apesar de avanços consistentes, algumas das áreas mais fundamentais para a competitividade econômica brasileira ainda carecem de maior atenção, a saber: formação de mão de obra técnica, eficiência do Estado, infraestrutura e quantidade de rotinas burocráticas.

Atenta a essas questões determinantes para o futuro do País, a Amcham estruturou o projeto, por meio do qual, ao longo de 2010, realizou pesquisa junto à sua base de associados para melhor compreender os desafios da competitividade e um conjunto de seminários em São Paulo para dialogar sobre o tema e levantar alternativas de superação.

As sugestões foram priorizadas conforme sua importância e urgência na ótica do setor privado brasileiro e estão sendo incorporadas ao trabalho de advocacy da Amcham. Houve ainda, no final do ano, um quinto encontro para tratar da “Reforma Tributária Possível”, já aprofundando pontos indispensáveis para destravar o sistema tributário nacional e incrementar a competitividade das companhias.

Alba Valéria dos Santos, gerente de RH da CSN: Consórcio Mínero Metalúrgico incentiva formação de

profissionais de nível técnico em Minas

Amcham: Como o Consórcio Mínero Metalúrgico está ajudando a diminuir o desequilíbrio entre a oferta e a demanda por mão de obra qualificada no setor em MG?Alba Santos: O consórcio incentiva, em conjunto com o Programa de Ensino Profissionalizante (PEP) da Secretaria de Educação, a formação de profissionais de nível técnico nos municípios das empresas que fazem parte dele. Dessa forma, conseguimos ter profissionais de nível técnico para atender à demanda das companhias nos municípios de Congonhas, Conceição do Mato Dentro e Conselheiro Lafaiete, entre outros.

Amcham: Como é feita a parceria entre as empresas e o Estado?Alba Santos: Todas as iniciativas são feitas com o apoio de instituições do governo estadual.

A formação em nível básico de ensino é trabalhada junto com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), em um projeto que se chama Usina do Trabalho. Com a Secretaria da Educação, desenvolvemos o pessoal de nível técnico, e, na Secretaria de Ciência e Tecnologia, o grau superior, por meio das universidades federais.

Amcham: Algumas empresas têm importado mão de obra técnica para áreas carentes. Qual a capacidade do consórcio de suprir todas as necessidades das empresas integrantes?Alba Santos: Como brasileiros, precisamos priorizar a mão de obra nacional, mas algumas empresas serão, no futuro, obrigadas, a contratar profissionais de outros países caso não haja mão de obra qualificada por aqui. É um movimento inevitável, pois de outra forma não conseguiremos construir todos os empreendimentos previstos. Porém, entendo que a iniciativa de contratar pessoal junto a outros países tem de ser bastante estudada, e nunca em detrimento da mão de obra brasileira. As empresas deveriam valorizar o capital humano local até por questões de cidadania. Trazer gente de fora, só em último recurso e em casos onde não haja essa mão de obra no Brasil.

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Page 3: Amcham Highlights - Competitividade Regional | Custos de Transação - BH - 22-07-2011

Luis Souza, sócio do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados: governo precisa sinalizar mais

claramente ao setor privado projetos prioritários para investimento

Amcham: Na pesquisa de competitividade da Amcham apresentada no seminário, os empresários mineiros apontam quais obras terão maior impacto econômico para o Estado nos próximos anos, mas, ao mesmo tempo, não se mostram ávidos na mesma intensidade para participar diretamente delas. O que explica essa diferença? Luis Souza: Isso se deve em grande medida à questão da definição de objetivos. O governo federal precisa sinalizar fortemente à iniciativa privada, com programas claros, metas e objetivos, que projetos considera prioritários. O desejo do empresário de investir vem como resposta. Dificilmente, um empresário ou um grupo de empresários fará investimentos espontâneos em uma ferrovia aqui ou acolá. Será sempre uma resposta a uma demanda do governo federal, estadual ou municipal. Se a intenção de investir é baixa, é porque o sinal

vindo das várias esferas de poder é fraco ou porque os projetos estão em fase prematura de desenvolvimento. A nova gestão do governo federal, que é o grande promotor de programas, tem seis meses. Até o direcionamento de infraestrutura do governo se traduzir em sinais mais claros, os empresários estarão menos propensos a investir.

Amcham: Uma grande preocupação em Minas está na melhoria das rodovias. Como o governo pode estimular um fluxo maior de investimentos para esse modal?Luis Souza: A experiência de São Paulo mostrou que existe a possibilidade de uma solução regional, estadual, porque foi possível fazer isso. Minas, por sua dimensão e inserção mais profunda na malha federal, precisa combinar esforços estaduais com o governo federal. As duas esferas de governos, em combinação, poderiam lançar programas para a construção de ferrovias e melhorias nas existentes. A pesquisa da Amcham revela grande satisfação com o nível de serviço dos modais privatizados. O caminho é esse: dedicar esforços em âmbito estadual e federal. Uma solução mais abrangente e sustentável para Minas e outros Estados depende da formulação de uma política federal.

Amcham: Incentivos como facilidade de crédito e renúncia fiscal acelerariam as obras de infraestrutura?Luis Souza: Essas ferramentas de atração de parcerias não funcionam de forma óbvia na parte de infraestrutura. São ferramentas de curto prazo, e estamos falando de obras e investimentos de longo prazo. Discutir sobre renúncia fiscal para a realização de uma ferrovia, cujo prazo de amortização se dá em trinta anos, é algo fora de lugar. O que se precisa ter claramente definido são as necessidades de escoamento de produção do Estado, checagem do tráfego esperado e se isso está dando sustentabilidade ao negócio. Se não der, que haja algum tipo de suporte do governo para a viabilidade do negócio. O que pode funcionar para atrair o empresário para obras de longo prazo é a definição do projeto e oferta de incentivos como receita adicional em reconhecimento de que a rodovia ou outro modal não seja auto-sustentável no início.

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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ampliação de aeroportos, estradas e oferta de energia. “Ela envolve educação, inovação e até lazer. Como poderemos desenvolver regiões no vale do Jequitinhonha – com população predominante de baixa renda – sem estradas, aeroportos e também lazer?”, indagou.

PPPs como parte da solução

Os participantes do evento concordam que as PPPs são parte importante para a solução das deficiências de infraestrutura no País.

Para Marcos Siqueira, superintendente da unidade de PPP de Minas Gerais, é preciso uma verdadeira revolução na forma como se promove o desenvolvimento da infraestrutrura brasileira. “É preciso mecanismos mais ágeis e efetivos, arranjos novos e mais flexíveis. Mais do que transformar a infraestrutura em prioridade, deve-se remoldar a maneira como se faz infraestrutura no País. Nesse sentido, as PPPs podem de fato representar uma alternativa”, afirmou.

Fernando Frauches, da Fidens, que participa de projetos de PPP, a seu turno destacou a importância de acelerar os processos para que as PPPs aconteçam. Para ele, a morosidade das licitações é um fator de desestímulo aos investimentos nessa área. “Surpreende a demora, a burocracia. Há que se evoluir bastante.”

Para ilustrar a situação, Frauches contou que a empresa participa da concorrência para a concessão do aeroporto de Natal há quase três anos e ainda não sabe quando ocorrerá uma decisão. Outra dificuldade é fazer os parceiros internacionais compreenderem o porquê de tanta lentidão, comentou. “Muitos investidores estrangeiros vão desistindo no meio do caminho”, lamentou.

Além de agilizar os processos, é determinante garantir um conjunto de condições adequadas para o investimento, como sintetizou Dreyer: “O Brasil tem uma taxa de remuneração fixa tão alta que o investidor pergunta por que investir em um projeto de maior risco. O governo terá de assumir o custo de atrair o investidor privado, oferecer um retorno maior e se adequar ao que o empresariado está pedindo”. Dreyer salientou ainda os riscos legais existentes no País, que necessitam ser minimizados para garantir investimentos mais seguros.

Estado logístico

Para os participantes do seminário da Amcham, Minas Gerais, por sua localização estratégica, tem grande potencial para ser um verdadeiro “Estado logístico”, termo cunhado há cerca de oito anos – como rememorou o professor Paulo Resende, diretor de Desenvolvimento da Fundação Dom Cabral e responsável por mediar o debate sobre infraestrutura –, mas que ainda não se tornou realidade.

Para esse objetivo se concretizar, é fundamental achar uma solução para as estradas federais no Estado, salientou Luis Souza, sócio fundador e head de Infraestrutura do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch. Hoje, aproximadamente 80% da malha rodoviária no território mineiro são administrados pelo governo federal, com grande carência de modernização.

“Minas é o abdômen do País, e o assunto da infraestrutura não ganha solução somente a partir do Estado, mas integrado no Brasil, sob coordenação do governo federal. É isso que determinará se esse problema será resolvido”, opinou Souza.

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

Wilson Brumer, presidente da Usiminas: hoje é mais barato produzir fora do Brasil

Amcham: Minas sediará jogos da Copa do Mundo. O que isso representa para o Estado, em termos de desenvolvimento econômico?Wilson Brumer: Tanto a Copa como as Olimpíadas no Brasil são acontecimentos que devem ser utilizados para melhorar a logística de infraestrutura como um todo, pois ela não é adequada para o desenvolvimento do País. Esses eventos marcam uma data, o que não nos permite atrasar. Amcham: Como a escassez de infraestrutura afeta as empresas?Wilson Brumer: Independentemente da Copa, o Brasil precisa atacar seus problemas de competitividade, e a infraestrutura é um deles. Ela é algo mais amplo do que estradas, ferrovias e energia. Tudo isso faz parte, mas também envolve preparar pessoas adequadas e oferecer um ambiente propício aos investimentos. O Brasil perde muito com a falta de competitividade.

Amcham: Que caminhos o Brasil deveria trilhar para melhorar sua competitividade?Wilson Brumer: Temos de tornar o Brasil mais simples e ter ambientes de negócios mais favoráveis. Há problemas macroeconômicos, como a questão cambial e a alta taxa de juros, além de questões do dia a dia que precisam ser atacadas e resolvidas – entre elas, a guerra fiscal, fator que limita a competitividade ao reduzir a capacidade de investimentos em muitos segmentos da cadeia produtiva no Brasil. Hoje é mais barato produzir fora do país.

Amcham: A indústria é o setor mais afetado pela falta de competitividade. O que pode ser feito para revitalizar o setor?Wilson Brumer: No Brasil, o setor industrial tem perdido muita participação no PIB (Produto Interno Bruto) total nos últimos anos. A indústria tem uma fatia de cerca de 15% da riqueza produzida, a mesma da década de 50. Pode-se discutir que o PIB atual é maior, mas o fato é que a indústria perdeu importância. Em outros países, aconteceu a mesma coisa, mas eles tinham outro direcionamento para a sua economia.

Copa precisa fazer parte de projeto de infraestrutura maior e de longo prazo

Melhorias de infraestrutura não devem se limitar a atender a necessidades pontuais, como as da Copa do Mundo, mas fazer parte de um grande projeto, com visão de longo prazo, que contribua para a maior competitividade do País. Essa é uma das conclusões do seminário Competitividade Regional em Belo Horizonte.

“É preciso incluir a Copa em um projeto maior de infraestrutura. Só será possível trazer a iniciativa privada para parcerias público-privadas (PPPs) se os grandes eventos esportivos forem aproveitados dentro de uma visão de longo prazo”, disse Jean-Marc Dreyer, diretor do Citibank.

"Esperamos que os investimentos para a Copa sejam apenas um pretexto para a série de investimentos que Minas Gerais e o Brasil como um todo precisam", completou Marcos Sant´Anna, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte.

Para os palestrantes, a Copa antecipará alguns investimentos que teriam de ser feitos no futuro, mas não se pode perder o foco nos temas essenciais para o longo prazo.

“Como catalisadora de investimentos, a Copa trará recursos em tempo mais curto. Mas, independente disso, há outras necessidades, como, no caso de Minas, a ampliação do aeroporto Tancredo Neves, das rodovias de acesso a Belo Horizonte e da rede hoteleira”, afirmou Fernando Frauches, presidente do conselho de administração da construtora Fidens.

Papeis público e privado

Em um projeto de desenvolvimento da infraestrutura de longo prazo, setor privado e governo se complementam. “Não dá para obter uma solução sozinho. No fim do dia, todos sofrerão se não acontecer de todos se juntarem para buscar uma saída”, resumiu Wilson Brumer, presidente da Usiminas.

Nesse contexto, a contribuição do empresariado será tanto maior quanto mais organizada for sua atuação. “O empresário brasileiro tem sido muito competente na construção de um Brasil com pujança, mas é tímido em participar das entidades que canalizam seus pleitos”, indicou Gabriel Rico, CEO da Amcham.

Marcos Sant´Anna também reforçou o papel que o setor privado tem a desempenhar. "Se a iniciativa privada não fizer nada, o Brasil não ganhará competitividade. O empresário precisa cobrar os demais atores", assinalou.

Já ao Estado, por outro lado, cabe ser um articulador do desenvolvimento econômico, defendeu Brumer. “O Estado não pode fazer todas as coisas. Ele precisa ser um facilitador. Por que o governo teria que cuidar de hotéis, por exemplo? O Estado precisa fazer escolhas, pois não tem dinheiro para tudo.”

O presidente da Usiminas ressaltou ainda que a melhoria da infraestrutura vai além da discussão sobre a

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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ampliação de aeroportos, estradas e oferta de energia. “Ela envolve educação, inovação e até lazer. Como poderemos desenvolver regiões no vale do Jequitinhonha – com população predominante de baixa renda – sem estradas, aeroportos e também lazer?”, indagou.

PPPs como parte da solução

Os participantes do evento concordam que as PPPs são parte importante para a solução das deficiências de infraestrutura no País.

Para Marcos Siqueira, superintendente da unidade de PPP de Minas Gerais, é preciso uma verdadeira revolução na forma como se promove o desenvolvimento da infraestrutrura brasileira. “É preciso mecanismos mais ágeis e efetivos, arranjos novos e mais flexíveis. Mais do que transformar a infraestrutura em prioridade, deve-se remoldar a maneira como se faz infraestrutura no País. Nesse sentido, as PPPs podem de fato representar uma alternativa”, afirmou.

Fernando Frauches, da Fidens, que participa de projetos de PPP, a seu turno destacou a importância de acelerar os processos para que as PPPs aconteçam. Para ele, a morosidade das licitações é um fator de desestímulo aos investimentos nessa área. “Surpreende a demora, a burocracia. Há que se evoluir bastante.”

Para ilustrar a situação, Frauches contou que a empresa participa da concorrência para a concessão do aeroporto de Natal há quase três anos e ainda não sabe quando ocorrerá uma decisão. Outra dificuldade é fazer os parceiros internacionais compreenderem o porquê de tanta lentidão, comentou. “Muitos investidores estrangeiros vão desistindo no meio do caminho”, lamentou.

Além de agilizar os processos, é determinante garantir um conjunto de condições adequadas para o investimento, como sintetizou Dreyer: “O Brasil tem uma taxa de remuneração fixa tão alta que o investidor pergunta por que investir em um projeto de maior risco. O governo terá de assumir o custo de atrair o investidor privado, oferecer um retorno maior e se adequar ao que o empresariado está pedindo”. Dreyer salientou ainda os riscos legais existentes no País, que necessitam ser minimizados para garantir investimentos mais seguros.

Estado logístico

Para os participantes do seminário da Amcham, Minas Gerais, por sua localização estratégica, tem grande potencial para ser um verdadeiro “Estado logístico”, termo cunhado há cerca de oito anos – como rememorou o professor Paulo Resende, diretor de Desenvolvimento da Fundação Dom Cabral e responsável por mediar o debate sobre infraestrutura –, mas que ainda não se tornou realidade.

Para esse objetivo se concretizar, é fundamental achar uma solução para as estradas federais no Estado, salientou Luis Souza, sócio fundador e head de Infraestrutura do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch. Hoje, aproximadamente 80% da malha rodoviária no território mineiro são administrados pelo governo federal, com grande carência de modernização.

“Minas é o abdômen do País, e o assunto da infraestrutura não ganha solução somente a partir do Estado, mas integrado no Brasil, sob coordenação do governo federal. É isso que determinará se esse problema será resolvido”, opinou Souza.

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

Importação de estrangeiros

No setor de construção pesada, a saída encontrada pela Mendes Junior Engenharia foi atrair mão de obra qualificada no exterior, aproveitando-se do contexto econômico benéfico vivido pelo País e por Minas em específico. O movimento de expansão das empresas brasileiras e a crise que persiste nos países desenvolvidos têm facilitado a contratação de profissionais estrangeiros, segundo Lívia Souza Santana, diretora de RH da Mendes Junior.

“As condições econômicas são extremamente favoráveis para a vinda desses profissionais, e timing é tudo em nosso negócio. Buscamos realizar isso de maneira estratégica e continuaremos a fazê-lo”, disse, referindo-se à procura no exterior por profissionais com conhecimento em áreas específicas onde a mão de obra brasileira é inexperiente ou escassa, para em seguida emendar: “mas sabemos que não teremos eternamente esse contexto e precisamos adotar medidas”. Ou seja, as companhias em território nacional têm de se preparar porque, conforme os países desenvolvidos se recuperarem da crise, o Brasil precisará oferecer mais atrativos para seguir importando quadros.

“O Brasil competirá globalmente por profissionais talentosos. Isso poderá gerar impactos em nível legislativo, nas políticas corporativas de RH e até nos negócios das organizações”, afirmou Riccardo Barberis, presidente da assessoria de recursos humanos Manpower Brasil.

Barberis contou que vários países já atuam para se mostrar mais atrativos, como China e também França, algo que, para ele, o Brasil precisará colocar em prática de alguma forma, tendo por regra facilitar a mobilidade de recursos humanos nas áreas de maior carência.

“A França está fazendo acordos trabalhistas com a província canadense de Quebec para facilitar a movimentação de profissionais e a China tem um plano até 2020 para disseminação de conhecimentos. Ela compreendeu que precisa formar pessoas internamente”, exemplificou.

Hoje, conforme a Manpower, 34% dos empregadores no mundo têm dificuldade para chegar ao perfil adequado a sua estratégia de negócio. O Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos que mais sofrem com o problema, logo atrás de Japão (impactado por questões de limitação demográfica) e Índia (em elevado crescimento).

Combate à evasão de estudantes

Outra forma de garantir oferta de mão de obra especializada é conseguir que um maior número de estudantes complete a graduação. “Não precisamos de mais vagas, mas formar mais engenheiros”, enfatizou o diretor da escola de engenharia da UFMG, Benjamim Rodrigues de Menezes. Para ele, esse objetivo exige tornar as carreiras técnicas, fundamentais para a execução de projetos de expansão dos negócios e inovação, mais atraentes para os jovens.

A cada ano, cerca de 15% dos estudantes de engenharia deixam de se formar na UFMG, revelou Menezes. Isso representa cerca de 150 alunos de um total de 1.010.

Para aumentar nível da mão de obra, empresas formam consórcios e importam talentos

A escassez de mão de obra técnica, um dos principais entraves à competitividade brasileira, também atinge com seriedade o setor produtivo de Minas Gerais.

Propostas como a formação de consórcios para atuar em soluções de capacitação, a importação de profissionais para setores carentes de especialização e o combate à evasão de estudantes universitários especialmente das chamadas ciências duras (hard sciences) foram apontadas como alternativas para lidar com essa dificuldade, durante o seminário Competitividade Regional em Belo Horizonte.

“A questão da formação de quadros profissionais especializados é prioritária para Minas Gerais e o Brasil como um todo, sejam Estados mais ou menos desenvolvidos, o que afeta o padrão de competitividade do País”, indicou o professor Jacques Marcovitch, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) e senior adviser do Fórum Econômico Mundial.

Consórcio

De olho nas necessidades dos setores de mineração e siderurgia em Minas, um grupo de grandes empresas sediadas no Estado resolveu se unir para formar a mão de obra demandada no presente e estimada para o futuro. Assim foi criado o Consórcio Mínero Metalúrgico.

“Tínhamos que nos organizar e buscar parcerias. Fizemos um levantamento da necessidade de pessoal e conversamos com governo estadual, universidades e instituições profissionalizantes para resolver o problema juntos”, contou Alba Valéria Santos, gerente de Recursos Humanos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e coordenadora do consórcio.

O grupo calculou que, em cinco anos, precisaria preencher 40.850 vagas e compreendeu que, para alcançar esse objetivo, deveria evitar uma guerra de talentos, com disputa agressiva de profissionais entre si e aumento de salários. A trilha percorrida envolveu parcerias com o Senai, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado, apenas para citar alguns exemplos, sempre voltadas a qualificar mão de obra.

Se grandes companhias como as do consórcio sofrem com o problema, é preciso lembrar que ele também se estende às pequenas.

“Para o empresário mineiro de pequeno porte, a maior dificuldade está no nível de ensino fundamental e médio, seguido pelo técnico”, comentou Brenner Lopes, gerente da unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae-MG. De acordo com o Sebrae, o setor que mais sente a falta específica de técnicos em Minas é o de serviços.

Os números são ainda mais preocupantes se se considerar que os engenheiros que se graduam acabam absorvidos, na maioria, por outras áreas. “Só 40% dos engenheiros atuam na profissão”, lamentou.

Para Menezes, a demanda por engenheiros continuará aquecida nos próximos anos, o que tende a contribuir para a elevação dos salários dos profissionais e, consequentemente, estimular o interesse pela profissão. As empresas também precisam fazer sua parte, continuou ele, dando condições salariais e de carreira para que os profissionais de engenharia atuem em seus campos.

Copa precisa fazer parte de projeto de infraestrutura maior e de longo prazo

Melhorias de infraestrutura não devem se limitar a atender a necessidades pontuais, como as da Copa do Mundo, mas fazer parte de um grande projeto, com visão de longo prazo, que contribua para a maior competitividade do País. Essa é uma das conclusões do seminário Competitividade Regional em Belo Horizonte.

“É preciso incluir a Copa em um projeto maior de infraestrutura. Só será possível trazer a iniciativa privada para parcerias público-privadas (PPPs) se os grandes eventos esportivos forem aproveitados dentro de uma visão de longo prazo”, disse Jean-Marc Dreyer, diretor do Citibank.

"Esperamos que os investimentos para a Copa sejam apenas um pretexto para a série de investimentos que Minas Gerais e o Brasil como um todo precisam", completou Marcos Sant´Anna, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte.

Para os palestrantes, a Copa antecipará alguns investimentos que teriam de ser feitos no futuro, mas não se pode perder o foco nos temas essenciais para o longo prazo.

“Como catalisadora de investimentos, a Copa trará recursos em tempo mais curto. Mas, independente disso, há outras necessidades, como, no caso de Minas, a ampliação do aeroporto Tancredo Neves, das rodovias de acesso a Belo Horizonte e da rede hoteleira”, afirmou Fernando Frauches, presidente do conselho de administração da construtora Fidens.

Papeis público e privado

Em um projeto de desenvolvimento da infraestrutura de longo prazo, setor privado e governo se complementam. “Não dá para obter uma solução sozinho. No fim do dia, todos sofrerão se não acontecer de todos se juntarem para buscar uma saída”, resumiu Wilson Brumer, presidente da Usiminas.

Nesse contexto, a contribuição do empresariado será tanto maior quanto mais organizada for sua atuação. “O empresário brasileiro tem sido muito competente na construção de um Brasil com pujança, mas é tímido em participar das entidades que canalizam seus pleitos”, indicou Gabriel Rico, CEO da Amcham.

Marcos Sant´Anna também reforçou o papel que o setor privado tem a desempenhar. "Se a iniciativa privada não fizer nada, o Brasil não ganhará competitividade. O empresário precisa cobrar os demais atores", assinalou.

Já ao Estado, por outro lado, cabe ser um articulador do desenvolvimento econômico, defendeu Brumer. “O Estado não pode fazer todas as coisas. Ele precisa ser um facilitador. Por que o governo teria que cuidar de hotéis, por exemplo? O Estado precisa fazer escolhas, pois não tem dinheiro para tudo.”

O presidente da Usiminas ressaltou ainda que a melhoria da infraestrutura vai além da discussão sobre a

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Page 8: Amcham Highlights - Competitividade Regional | Custos de Transação - BH - 22-07-2011

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

Importação de estrangeiros

No setor de construção pesada, a saída encontrada pela Mendes Junior Engenharia foi atrair mão de obra qualificada no exterior, aproveitando-se do contexto econômico benéfico vivido pelo País e por Minas em específico. O movimento de expansão das empresas brasileiras e a crise que persiste nos países desenvolvidos têm facilitado a contratação de profissionais estrangeiros, segundo Lívia Souza Santana, diretora de RH da Mendes Junior.

“As condições econômicas são extremamente favoráveis para a vinda desses profissionais, e timing é tudo em nosso negócio. Buscamos realizar isso de maneira estratégica e continuaremos a fazê-lo”, disse, referindo-se à procura no exterior por profissionais com conhecimento em áreas específicas onde a mão de obra brasileira é inexperiente ou escassa, para em seguida emendar: “mas sabemos que não teremos eternamente esse contexto e precisamos adotar medidas”. Ou seja, as companhias em território nacional têm de se preparar porque, conforme os países desenvolvidos se recuperarem da crise, o Brasil precisará oferecer mais atrativos para seguir importando quadros.

“O Brasil competirá globalmente por profissionais talentosos. Isso poderá gerar impactos em nível legislativo, nas políticas corporativas de RH e até nos negócios das organizações”, afirmou Riccardo Barberis, presidente da assessoria de recursos humanos Manpower Brasil.

Barberis contou que vários países já atuam para se mostrar mais atrativos, como China e também França, algo que, para ele, o Brasil precisará colocar em prática de alguma forma, tendo por regra facilitar a mobilidade de recursos humanos nas áreas de maior carência.

“A França está fazendo acordos trabalhistas com a província canadense de Quebec para facilitar a movimentação de profissionais e a China tem um plano até 2020 para disseminação de conhecimentos. Ela compreendeu que precisa formar pessoas internamente”, exemplificou.

Hoje, conforme a Manpower, 34% dos empregadores no mundo têm dificuldade para chegar ao perfil adequado a sua estratégia de negócio. O Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos que mais sofrem com o problema, logo atrás de Japão (impactado por questões de limitação demográfica) e Índia (em elevado crescimento).

Combate à evasão de estudantes

Outra forma de garantir oferta de mão de obra especializada é conseguir que um maior número de estudantes complete a graduação. “Não precisamos de mais vagas, mas formar mais engenheiros”, enfatizou o diretor da escola de engenharia da UFMG, Benjamim Rodrigues de Menezes. Para ele, esse objetivo exige tornar as carreiras técnicas, fundamentais para a execução de projetos de expansão dos negócios e inovação, mais atraentes para os jovens.

A cada ano, cerca de 15% dos estudantes de engenharia deixam de se formar na UFMG, revelou Menezes. Isso representa cerca de 150 alunos de um total de 1.010.

Para aumentar nível da mão de obra, empresas formam consórcios e importam talentos

A escassez de mão de obra técnica, um dos principais entraves à competitividade brasileira, também atinge com seriedade o setor produtivo de Minas Gerais.

Propostas como a formação de consórcios para atuar em soluções de capacitação, a importação de profissionais para setores carentes de especialização e o combate à evasão de estudantes universitários especialmente das chamadas ciências duras (hard sciences) foram apontadas como alternativas para lidar com essa dificuldade, durante o seminário Competitividade Regional em Belo Horizonte.

“A questão da formação de quadros profissionais especializados é prioritária para Minas Gerais e o Brasil como um todo, sejam Estados mais ou menos desenvolvidos, o que afeta o padrão de competitividade do País”, indicou o professor Jacques Marcovitch, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) e senior adviser do Fórum Econômico Mundial.

Consórcio

De olho nas necessidades dos setores de mineração e siderurgia em Minas, um grupo de grandes empresas sediadas no Estado resolveu se unir para formar a mão de obra demandada no presente e estimada para o futuro. Assim foi criado o Consórcio Mínero Metalúrgico.

“Tínhamos que nos organizar e buscar parcerias. Fizemos um levantamento da necessidade de pessoal e conversamos com governo estadual, universidades e instituições profissionalizantes para resolver o problema juntos”, contou Alba Valéria Santos, gerente de Recursos Humanos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e coordenadora do consórcio.

O grupo calculou que, em cinco anos, precisaria preencher 40.850 vagas e compreendeu que, para alcançar esse objetivo, deveria evitar uma guerra de talentos, com disputa agressiva de profissionais entre si e aumento de salários. A trilha percorrida envolveu parcerias com o Senai, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado, apenas para citar alguns exemplos, sempre voltadas a qualificar mão de obra.

Se grandes companhias como as do consórcio sofrem com o problema, é preciso lembrar que ele também se estende às pequenas.

“Para o empresário mineiro de pequeno porte, a maior dificuldade está no nível de ensino fundamental e médio, seguido pelo técnico”, comentou Brenner Lopes, gerente da unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae-MG. De acordo com o Sebrae, o setor que mais sente a falta específica de técnicos em Minas é o de serviços.

Os números são ainda mais preocupantes se se considerar que os engenheiros que se graduam acabam absorvidos, na maioria, por outras áreas. “Só 40% dos engenheiros atuam na profissão”, lamentou.

Para Menezes, a demanda por engenheiros continuará aquecida nos próximos anos, o que tende a contribuir para a elevação dos salários dos profissionais e, consequentemente, estimular o interesse pela profissão. As empresas também precisam fazer sua parte, continuou ele, dando condições salariais e de carreira para que os profissionais de engenharia atuem em seus campos.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Page 9: Amcham Highlights - Competitividade Regional | Custos de Transação - BH - 22-07-2011

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

Importação de estrangeiros

No setor de construção pesada, a saída encontrada pela Mendes Junior Engenharia foi atrair mão de obra qualificada no exterior, aproveitando-se do contexto econômico benéfico vivido pelo País e por Minas em específico. O movimento de expansão das empresas brasileiras e a crise que persiste nos países desenvolvidos têm facilitado a contratação de profissionais estrangeiros, segundo Lívia Souza Santana, diretora de RH da Mendes Junior.

“As condições econômicas são extremamente favoráveis para a vinda desses profissionais, e timing é tudo em nosso negócio. Buscamos realizar isso de maneira estratégica e continuaremos a fazê-lo”, disse, referindo-se à procura no exterior por profissionais com conhecimento em áreas específicas onde a mão de obra brasileira é inexperiente ou escassa, para em seguida emendar: “mas sabemos que não teremos eternamente esse contexto e precisamos adotar medidas”. Ou seja, as companhias em território nacional têm de se preparar porque, conforme os países desenvolvidos se recuperarem da crise, o Brasil precisará oferecer mais atrativos para seguir importando quadros.

“O Brasil competirá globalmente por profissionais talentosos. Isso poderá gerar impactos em nível legislativo, nas políticas corporativas de RH e até nos negócios das organizações”, afirmou Riccardo Barberis, presidente da assessoria de recursos humanos Manpower Brasil.

Barberis contou que vários países já atuam para se mostrar mais atrativos, como China e também França, algo que, para ele, o Brasil precisará colocar em prática de alguma forma, tendo por regra facilitar a mobilidade de recursos humanos nas áreas de maior carência.

“A França está fazendo acordos trabalhistas com a província canadense de Quebec para facilitar a movimentação de profissionais e a China tem um plano até 2020 para disseminação de conhecimentos. Ela compreendeu que precisa formar pessoas internamente”, exemplificou.

Hoje, conforme a Manpower, 34% dos empregadores no mundo têm dificuldade para chegar ao perfil adequado a sua estratégia de negócio. O Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos que mais sofrem com o problema, logo atrás de Japão (impactado por questões de limitação demográfica) e Índia (em elevado crescimento).

Combate à evasão de estudantes

Outra forma de garantir oferta de mão de obra especializada é conseguir que um maior número de estudantes complete a graduação. “Não precisamos de mais vagas, mas formar mais engenheiros”, enfatizou o diretor da escola de engenharia da UFMG, Benjamim Rodrigues de Menezes. Para ele, esse objetivo exige tornar as carreiras técnicas, fundamentais para a execução de projetos de expansão dos negócios e inovação, mais atraentes para os jovens.

A cada ano, cerca de 15% dos estudantes de engenharia deixam de se formar na UFMG, revelou Menezes. Isso representa cerca de 150 alunos de um total de 1.010.

Para aumentar nível da mão de obra, empresas formam consórcios e importam talentos

A escassez de mão de obra técnica, um dos principais entraves à competitividade brasileira, também atinge com seriedade o setor produtivo de Minas Gerais.

Propostas como a formação de consórcios para atuar em soluções de capacitação, a importação de profissionais para setores carentes de especialização e o combate à evasão de estudantes universitários especialmente das chamadas ciências duras (hard sciences) foram apontadas como alternativas para lidar com essa dificuldade, durante o seminário Competitividade Regional em Belo Horizonte.

“A questão da formação de quadros profissionais especializados é prioritária para Minas Gerais e o Brasil como um todo, sejam Estados mais ou menos desenvolvidos, o que afeta o padrão de competitividade do País”, indicou o professor Jacques Marcovitch, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) e senior adviser do Fórum Econômico Mundial.

Consórcio

De olho nas necessidades dos setores de mineração e siderurgia em Minas, um grupo de grandes empresas sediadas no Estado resolveu se unir para formar a mão de obra demandada no presente e estimada para o futuro. Assim foi criado o Consórcio Mínero Metalúrgico.

“Tínhamos que nos organizar e buscar parcerias. Fizemos um levantamento da necessidade de pessoal e conversamos com governo estadual, universidades e instituições profissionalizantes para resolver o problema juntos”, contou Alba Valéria Santos, gerente de Recursos Humanos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e coordenadora do consórcio.

O grupo calculou que, em cinco anos, precisaria preencher 40.850 vagas e compreendeu que, para alcançar esse objetivo, deveria evitar uma guerra de talentos, com disputa agressiva de profissionais entre si e aumento de salários. A trilha percorrida envolveu parcerias com o Senai, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado, apenas para citar alguns exemplos, sempre voltadas a qualificar mão de obra.

Se grandes companhias como as do consórcio sofrem com o problema, é preciso lembrar que ele também se estende às pequenas.

“Para o empresário mineiro de pequeno porte, a maior dificuldade está no nível de ensino fundamental e médio, seguido pelo técnico”, comentou Brenner Lopes, gerente da unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae-MG. De acordo com o Sebrae, o setor que mais sente a falta específica de técnicos em Minas é o de serviços.

Os números são ainda mais preocupantes se se considerar que os engenheiros que se graduam acabam absorvidos, na maioria, por outras áreas. “Só 40% dos engenheiros atuam na profissão”, lamentou.

Para Menezes, a demanda por engenheiros continuará aquecida nos próximos anos, o que tende a contribuir para a elevação dos salários dos profissionais e, consequentemente, estimular o interesse pela profissão. As empresas também precisam fazer sua parte, continuou ele, dando condições salariais e de carreira para que os profissionais de engenharia atuem em seus campos.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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ampliação de aeroportos, estradas e oferta de energia. “Ela envolve educação, inovação e até lazer. Como poderemos desenvolver regiões no vale do Jequitinhonha – com população predominante de baixa renda – sem estradas, aeroportos e também lazer?”, indagou.

PPPs como parte da solução

Os participantes do evento concordam que as PPPs são parte importante para a solução das deficiências de infraestrutura no País.

Para Marcos Siqueira, superintendente da unidade de PPP de Minas Gerais, é preciso uma verdadeira revolução na forma como se promove o desenvolvimento da infraestrutrura brasileira. “É preciso mecanismos mais ágeis e efetivos, arranjos novos e mais flexíveis. Mais do que transformar a infraestrutura em prioridade, deve-se remoldar a maneira como se faz infraestrutura no País. Nesse sentido, as PPPs podem de fato representar uma alternativa”, afirmou.

Fernando Frauches, da Fidens, que participa de projetos de PPP, a seu turno destacou a importância de acelerar os processos para que as PPPs aconteçam. Para ele, a morosidade das licitações é um fator de desestímulo aos investimentos nessa área. “Surpreende a demora, a burocracia. Há que se evoluir bastante.”

Para ilustrar a situação, Frauches contou que a empresa participa da concorrência para a concessão do aeroporto de Natal há quase três anos e ainda não sabe quando ocorrerá uma decisão. Outra dificuldade é fazer os parceiros internacionais compreenderem o porquê de tanta lentidão, comentou. “Muitos investidores estrangeiros vão desistindo no meio do caminho”, lamentou.

Além de agilizar os processos, é determinante garantir um conjunto de condições adequadas para o investimento, como sintetizou Dreyer: “O Brasil tem uma taxa de remuneração fixa tão alta que o investidor pergunta por que investir em um projeto de maior risco. O governo terá de assumir o custo de atrair o investidor privado, oferecer um retorno maior e se adequar ao que o empresariado está pedindo”. Dreyer salientou ainda os riscos legais existentes no País, que necessitam ser minimizados para garantir investimentos mais seguros.

Estado logístico

Para os participantes do seminário da Amcham, Minas Gerais, por sua localização estratégica, tem grande potencial para ser um verdadeiro “Estado logístico”, termo cunhado há cerca de oito anos – como rememorou o professor Paulo Resende, diretor de Desenvolvimento da Fundação Dom Cabral e responsável por mediar o debate sobre infraestrutura –, mas que ainda não se tornou realidade.

Para esse objetivo se concretizar, é fundamental achar uma solução para as estradas federais no Estado, salientou Luis Souza, sócio fundador e head de Infraestrutura do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch. Hoje, aproximadamente 80% da malha rodoviária no território mineiro são administrados pelo governo federal, com grande carência de modernização.

“Minas é o abdômen do País, e o assunto da infraestrutura não ganha solução somente a partir do Estado, mas integrado no Brasil, sob coordenação do governo federal. É isso que determinará se esse problema será resolvido”, opinou Souza.

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

Importação de estrangeiros

No setor de construção pesada, a saída encontrada pela Mendes Junior Engenharia foi atrair mão de obra qualificada no exterior, aproveitando-se do contexto econômico benéfico vivido pelo País e por Minas em específico. O movimento de expansão das empresas brasileiras e a crise que persiste nos países desenvolvidos têm facilitado a contratação de profissionais estrangeiros, segundo Lívia Souza Santana, diretora de RH da Mendes Junior.

“As condições econômicas são extremamente favoráveis para a vinda desses profissionais, e timing é tudo em nosso negócio. Buscamos realizar isso de maneira estratégica e continuaremos a fazê-lo”, disse, referindo-se à procura no exterior por profissionais com conhecimento em áreas específicas onde a mão de obra brasileira é inexperiente ou escassa, para em seguida emendar: “mas sabemos que não teremos eternamente esse contexto e precisamos adotar medidas”. Ou seja, as companhias em território nacional têm de se preparar porque, conforme os países desenvolvidos se recuperarem da crise, o Brasil precisará oferecer mais atrativos para seguir importando quadros.

“O Brasil competirá globalmente por profissionais talentosos. Isso poderá gerar impactos em nível legislativo, nas políticas corporativas de RH e até nos negócios das organizações”, afirmou Riccardo Barberis, presidente da assessoria de recursos humanos Manpower Brasil.

Barberis contou que vários países já atuam para se mostrar mais atrativos, como China e também França, algo que, para ele, o Brasil precisará colocar em prática de alguma forma, tendo por regra facilitar a mobilidade de recursos humanos nas áreas de maior carência.

“A França está fazendo acordos trabalhistas com a província canadense de Quebec para facilitar a movimentação de profissionais e a China tem um plano até 2020 para disseminação de conhecimentos. Ela compreendeu que precisa formar pessoas internamente”, exemplificou.

Hoje, conforme a Manpower, 34% dos empregadores no mundo têm dificuldade para chegar ao perfil adequado a sua estratégia de negócio. O Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos que mais sofrem com o problema, logo atrás de Japão (impactado por questões de limitação demográfica) e Índia (em elevado crescimento).

Combate à evasão de estudantes

Outra forma de garantir oferta de mão de obra especializada é conseguir que um maior número de estudantes complete a graduação. “Não precisamos de mais vagas, mas formar mais engenheiros”, enfatizou o diretor da escola de engenharia da UFMG, Benjamim Rodrigues de Menezes. Para ele, esse objetivo exige tornar as carreiras técnicas, fundamentais para a execução de projetos de expansão dos negócios e inovação, mais atraentes para os jovens.

A cada ano, cerca de 15% dos estudantes de engenharia deixam de se formar na UFMG, revelou Menezes. Isso representa cerca de 150 alunos de um total de 1.010.

Para aumentar nível da mão de obra, empresas formam consórcios e importam talentos

A escassez de mão de obra técnica, um dos principais entraves à competitividade brasileira, também atinge com seriedade o setor produtivo de Minas Gerais.

Propostas como a formação de consórcios para atuar em soluções de capacitação, a importação de profissionais para setores carentes de especialização e o combate à evasão de estudantes universitários especialmente das chamadas ciências duras (hard sciences) foram apontadas como alternativas para lidar com essa dificuldade, durante o seminário Competitividade Regional em Belo Horizonte.

“A questão da formação de quadros profissionais especializados é prioritária para Minas Gerais e o Brasil como um todo, sejam Estados mais ou menos desenvolvidos, o que afeta o padrão de competitividade do País”, indicou o professor Jacques Marcovitch, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) e senior adviser do Fórum Econômico Mundial.

Consórcio

De olho nas necessidades dos setores de mineração e siderurgia em Minas, um grupo de grandes empresas sediadas no Estado resolveu se unir para formar a mão de obra demandada no presente e estimada para o futuro. Assim foi criado o Consórcio Mínero Metalúrgico.

“Tínhamos que nos organizar e buscar parcerias. Fizemos um levantamento da necessidade de pessoal e conversamos com governo estadual, universidades e instituições profissionalizantes para resolver o problema juntos”, contou Alba Valéria Santos, gerente de Recursos Humanos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e coordenadora do consórcio.

O grupo calculou que, em cinco anos, precisaria preencher 40.850 vagas e compreendeu que, para alcançar esse objetivo, deveria evitar uma guerra de talentos, com disputa agressiva de profissionais entre si e aumento de salários. A trilha percorrida envolveu parcerias com o Senai, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado, apenas para citar alguns exemplos, sempre voltadas a qualificar mão de obra.

Se grandes companhias como as do consórcio sofrem com o problema, é preciso lembrar que ele também se estende às pequenas.

“Para o empresário mineiro de pequeno porte, a maior dificuldade está no nível de ensino fundamental e médio, seguido pelo técnico”, comentou Brenner Lopes, gerente da unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae-MG. De acordo com o Sebrae, o setor que mais sente a falta específica de técnicos em Minas é o de serviços.

Os números são ainda mais preocupantes se se considerar que os engenheiros que se graduam acabam absorvidos, na maioria, por outras áreas. “Só 40% dos engenheiros atuam na profissão”, lamentou.

Para Menezes, a demanda por engenheiros continuará aquecida nos próximos anos, o que tende a contribuir para a elevação dos salários dos profissionais e, consequentemente, estimular o interesse pela profissão. As empresas também precisam fazer sua parte, continuou ele, dando condições salariais e de carreira para que os profissionais de engenharia atuem em seus campos.

Copa precisa fazer parte de projeto de infraestrutura maior e de longo prazo

Melhorias de infraestrutura não devem se limitar a atender a necessidades pontuais, como as da Copa do Mundo, mas fazer parte de um grande projeto, com visão de longo prazo, que contribua para a maior competitividade do País. Essa é uma das conclusões do seminário Competitividade Regional em Belo Horizonte.

“É preciso incluir a Copa em um projeto maior de infraestrutura. Só será possível trazer a iniciativa privada para parcerias público-privadas (PPPs) se os grandes eventos esportivos forem aproveitados dentro de uma visão de longo prazo”, disse Jean-Marc Dreyer, diretor do Citibank.

"Esperamos que os investimentos para a Copa sejam apenas um pretexto para a série de investimentos que Minas Gerais e o Brasil como um todo precisam", completou Marcos Sant´Anna, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte.

Para os palestrantes, a Copa antecipará alguns investimentos que teriam de ser feitos no futuro, mas não se pode perder o foco nos temas essenciais para o longo prazo.

“Como catalisadora de investimentos, a Copa trará recursos em tempo mais curto. Mas, independente disso, há outras necessidades, como, no caso de Minas, a ampliação do aeroporto Tancredo Neves, das rodovias de acesso a Belo Horizonte e da rede hoteleira”, afirmou Fernando Frauches, presidente do conselho de administração da construtora Fidens.

Papeis público e privado

Em um projeto de desenvolvimento da infraestrutura de longo prazo, setor privado e governo se complementam. “Não dá para obter uma solução sozinho. No fim do dia, todos sofrerão se não acontecer de todos se juntarem para buscar uma saída”, resumiu Wilson Brumer, presidente da Usiminas.

Nesse contexto, a contribuição do empresariado será tanto maior quanto mais organizada for sua atuação. “O empresário brasileiro tem sido muito competente na construção de um Brasil com pujança, mas é tímido em participar das entidades que canalizam seus pleitos”, indicou Gabriel Rico, CEO da Amcham.

Marcos Sant´Anna também reforçou o papel que o setor privado tem a desempenhar. "Se a iniciativa privada não fizer nada, o Brasil não ganhará competitividade. O empresário precisa cobrar os demais atores", assinalou.

Já ao Estado, por outro lado, cabe ser um articulador do desenvolvimento econômico, defendeu Brumer. “O Estado não pode fazer todas as coisas. Ele precisa ser um facilitador. Por que o governo teria que cuidar de hotéis, por exemplo? O Estado precisa fazer escolhas, pois não tem dinheiro para tudo.”

O presidente da Usiminas ressaltou ainda que a melhoria da infraestrutura vai além da discussão sobre a

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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ampliação de aeroportos, estradas e oferta de energia. “Ela envolve educação, inovação e até lazer. Como poderemos desenvolver regiões no vale do Jequitinhonha – com população predominante de baixa renda – sem estradas, aeroportos e também lazer?”, indagou.

PPPs como parte da solução

Os participantes do evento concordam que as PPPs são parte importante para a solução das deficiências de infraestrutura no País.

Para Marcos Siqueira, superintendente da unidade de PPP de Minas Gerais, é preciso uma verdadeira revolução na forma como se promove o desenvolvimento da infraestrutrura brasileira. “É preciso mecanismos mais ágeis e efetivos, arranjos novos e mais flexíveis. Mais do que transformar a infraestrutura em prioridade, deve-se remoldar a maneira como se faz infraestrutura no País. Nesse sentido, as PPPs podem de fato representar uma alternativa”, afirmou.

Fernando Frauches, da Fidens, que participa de projetos de PPP, a seu turno destacou a importância de acelerar os processos para que as PPPs aconteçam. Para ele, a morosidade das licitações é um fator de desestímulo aos investimentos nessa área. “Surpreende a demora, a burocracia. Há que se evoluir bastante.”

Para ilustrar a situação, Frauches contou que a empresa participa da concorrência para a concessão do aeroporto de Natal há quase três anos e ainda não sabe quando ocorrerá uma decisão. Outra dificuldade é fazer os parceiros internacionais compreenderem o porquê de tanta lentidão, comentou. “Muitos investidores estrangeiros vão desistindo no meio do caminho”, lamentou.

Além de agilizar os processos, é determinante garantir um conjunto de condições adequadas para o investimento, como sintetizou Dreyer: “O Brasil tem uma taxa de remuneração fixa tão alta que o investidor pergunta por que investir em um projeto de maior risco. O governo terá de assumir o custo de atrair o investidor privado, oferecer um retorno maior e se adequar ao que o empresariado está pedindo”. Dreyer salientou ainda os riscos legais existentes no País, que necessitam ser minimizados para garantir investimentos mais seguros.

Estado logístico

Para os participantes do seminário da Amcham, Minas Gerais, por sua localização estratégica, tem grande potencial para ser um verdadeiro “Estado logístico”, termo cunhado há cerca de oito anos – como rememorou o professor Paulo Resende, diretor de Desenvolvimento da Fundação Dom Cabral e responsável por mediar o debate sobre infraestrutura –, mas que ainda não se tornou realidade.

Para esse objetivo se concretizar, é fundamental achar uma solução para as estradas federais no Estado, salientou Luis Souza, sócio fundador e head de Infraestrutura do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch. Hoje, aproximadamente 80% da malha rodoviária no território mineiro são administrados pelo governo federal, com grande carência de modernização.

“Minas é o abdômen do País, e o assunto da infraestrutura não ganha solução somente a partir do Estado, mas integrado no Brasil, sob coordenação do governo federal. É isso que determinará se esse problema será resolvido”, opinou Souza.

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

Wilson Brumer, presidente da Usiminas: hoje é mais barato produzir fora do Brasil

Amcham: Minas sediará jogos da Copa do Mundo. O que isso representa para o Estado, em termos de desenvolvimento econômico?Wilson Brumer: Tanto a Copa como as Olimpíadas no Brasil são acontecimentos que devem ser utilizados para melhorar a logística de infraestrutura como um todo, pois ela não é adequada para o desenvolvimento do País. Esses eventos marcam uma data, o que não nos permite atrasar. Amcham: Como a escassez de infraestrutura afeta as empresas?Wilson Brumer: Independentemente da Copa, o Brasil precisa atacar seus problemas de competitividade, e a infraestrutura é um deles. Ela é algo mais amplo do que estradas, ferrovias e energia. Tudo isso faz parte, mas também envolve preparar pessoas adequadas e oferecer um ambiente propício aos investimentos. O Brasil perde muito com a falta de competitividade.

Amcham: Que caminhos o Brasil deveria trilhar para melhorar sua competitividade?Wilson Brumer: Temos de tornar o Brasil mais simples e ter ambientes de negócios mais favoráveis. Há problemas macroeconômicos, como a questão cambial e a alta taxa de juros, além de questões do dia a dia que precisam ser atacadas e resolvidas – entre elas, a guerra fiscal, fator que limita a competitividade ao reduzir a capacidade de investimentos em muitos segmentos da cadeia produtiva no Brasil. Hoje é mais barato produzir fora do país.

Amcham: A indústria é o setor mais afetado pela falta de competitividade. O que pode ser feito para revitalizar o setor?Wilson Brumer: No Brasil, o setor industrial tem perdido muita participação no PIB (Produto Interno Bruto) total nos últimos anos. A indústria tem uma fatia de cerca de 15% da riqueza produzida, a mesma da década de 50. Pode-se discutir que o PIB atual é maior, mas o fato é que a indústria perdeu importância. Em outros países, aconteceu a mesma coisa, mas eles tinham outro direcionamento para a sua economia.

Copa precisa fazer parte de projeto de infraestrutura maior e de longo prazo

Melhorias de infraestrutura não devem se limitar a atender a necessidades pontuais, como as da Copa do Mundo, mas fazer parte de um grande projeto, com visão de longo prazo, que contribua para a maior competitividade do País. Essa é uma das conclusões do seminário Competitividade Regional em Belo Horizonte.

“É preciso incluir a Copa em um projeto maior de infraestrutura. Só será possível trazer a iniciativa privada para parcerias público-privadas (PPPs) se os grandes eventos esportivos forem aproveitados dentro de uma visão de longo prazo”, disse Jean-Marc Dreyer, diretor do Citibank.

"Esperamos que os investimentos para a Copa sejam apenas um pretexto para a série de investimentos que Minas Gerais e o Brasil como um todo precisam", completou Marcos Sant´Anna, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte.

Para os palestrantes, a Copa antecipará alguns investimentos que teriam de ser feitos no futuro, mas não se pode perder o foco nos temas essenciais para o longo prazo.

“Como catalisadora de investimentos, a Copa trará recursos em tempo mais curto. Mas, independente disso, há outras necessidades, como, no caso de Minas, a ampliação do aeroporto Tancredo Neves, das rodovias de acesso a Belo Horizonte e da rede hoteleira”, afirmou Fernando Frauches, presidente do conselho de administração da construtora Fidens.

Papeis público e privado

Em um projeto de desenvolvimento da infraestrutura de longo prazo, setor privado e governo se complementam. “Não dá para obter uma solução sozinho. No fim do dia, todos sofrerão se não acontecer de todos se juntarem para buscar uma saída”, resumiu Wilson Brumer, presidente da Usiminas.

Nesse contexto, a contribuição do empresariado será tanto maior quanto mais organizada for sua atuação. “O empresário brasileiro tem sido muito competente na construção de um Brasil com pujança, mas é tímido em participar das entidades que canalizam seus pleitos”, indicou Gabriel Rico, CEO da Amcham.

Marcos Sant´Anna também reforçou o papel que o setor privado tem a desempenhar. "Se a iniciativa privada não fizer nada, o Brasil não ganhará competitividade. O empresário precisa cobrar os demais atores", assinalou.

Já ao Estado, por outro lado, cabe ser um articulador do desenvolvimento econômico, defendeu Brumer. “O Estado não pode fazer todas as coisas. Ele precisa ser um facilitador. Por que o governo teria que cuidar de hotéis, por exemplo? O Estado precisa fazer escolhas, pois não tem dinheiro para tudo.”

O presidente da Usiminas ressaltou ainda que a melhoria da infraestrutura vai além da discussão sobre a

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Page 14: Amcham Highlights - Competitividade Regional | Custos de Transação - BH - 22-07-2011

Luis Souza, sócio do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados: governo precisa sinalizar mais

claramente ao setor privado projetos prioritários para investimento

Amcham: Na pesquisa de competitividade da Amcham apresentada no seminário, os empresários mineiros apontam quais obras terão maior impacto econômico para o Estado nos próximos anos, mas, ao mesmo tempo, não se mostram ávidos na mesma intensidade para participar diretamente delas. O que explica essa diferença? Luis Souza: Isso se deve em grande medida à questão da definição de objetivos. O governo federal precisa sinalizar fortemente à iniciativa privada, com programas claros, metas e objetivos, que projetos considera prioritários. O desejo do empresário de investir vem como resposta. Dificilmente, um empresário ou um grupo de empresários fará investimentos espontâneos em uma ferrovia aqui ou acolá. Será sempre uma resposta a uma demanda do governo federal, estadual ou municipal. Se a intenção de investir é baixa, é porque o sinal

vindo das várias esferas de poder é fraco ou porque os projetos estão em fase prematura de desenvolvimento. A nova gestão do governo federal, que é o grande promotor de programas, tem seis meses. Até o direcionamento de infraestrutura do governo se traduzir em sinais mais claros, os empresários estarão menos propensos a investir.

Amcham: Uma grande preocupação em Minas está na melhoria das rodovias. Como o governo pode estimular um fluxo maior de investimentos para esse modal?Luis Souza: A experiência de São Paulo mostrou que existe a possibilidade de uma solução regional, estadual, porque foi possível fazer isso. Minas, por sua dimensão e inserção mais profunda na malha federal, precisa combinar esforços estaduais com o governo federal. As duas esferas de governos, em combinação, poderiam lançar programas para a construção de ferrovias e melhorias nas existentes. A pesquisa da Amcham revela grande satisfação com o nível de serviço dos modais privatizados. O caminho é esse: dedicar esforços em âmbito estadual e federal. Uma solução mais abrangente e sustentável para Minas e outros Estados depende da formulação de uma política federal.

Amcham: Incentivos como facilidade de crédito e renúncia fiscal acelerariam as obras de infraestrutura?Luis Souza: Essas ferramentas de atração de parcerias não funcionam de forma óbvia na parte de infraestrutura. São ferramentas de curto prazo, e estamos falando de obras e investimentos de longo prazo. Discutir sobre renúncia fiscal para a realização de uma ferrovia, cujo prazo de amortização se dá em trinta anos, é algo fora de lugar. O que se precisa ter claramente definido são as necessidades de escoamento de produção do Estado, checagem do tráfego esperado e se isso está dando sustentabilidade ao negócio. Se não der, que haja algum tipo de suporte do governo para a viabilidade do negócio. O que pode funcionar para atrair o empresário para obras de longo prazo é a definição do projeto e oferta de incentivos como receita adicional em reconhecimento de que a rodovia ou outro modal não seja auto-sustentável no início.

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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Page 15: Amcham Highlights - Competitividade Regional | Custos de Transação - BH - 22-07-2011

Amcham aprofunda programa Competitividade Brasil A Amcham acaba de dar início ao segundo ciclo de eventos do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação”. Criado em 2010 para promover discussões e a formulação de alternativas para enfrentar gargalos que comprometem a maior competitividade brasileira, o projeto agora está sendo levado a várias das cidades em que a Amcham está presente por meio de unidades regionais.

A agenda de seminários inclui Belo Horizonte (28/06), Curitiba (13/07), Campinas (26/07), Recife (05/08) e Brasília, além de São Paulo, onde o programa teve origem. A ideia, neste ano, é ampliar o debate sobre esse tema tão premente para o País e focar em especial

necessidades regionais, mantendo o caráter contributivo de busca de soluções.

Ações prévias

O programa “Competitividade Brasil” começou a germinar em 2009, durante a divulgação do relatório de competitividade global do Fórum Econômico Mundial na Amcham-São Paulo. Na ocasião, ficou patente que, apesar de avanços consistentes, algumas das áreas mais fundamentais para a competitividade econômica brasileira ainda carecem de maior atenção, a saber: formação de mão de obra técnica, eficiência do Estado, infraestrutura e quantidade de rotinas burocráticas.

Atenta a essas questões determinantes para o futuro do País, a Amcham estruturou o projeto, por meio do qual, ao longo de 2010, realizou pesquisa junto à sua base de associados para melhor compreender os desafios da competitividade e um conjunto de seminários em São Paulo para dialogar sobre o tema e levantar alternativas de superação.

As sugestões foram priorizadas conforme sua importância e urgência na ótica do setor privado brasileiro e estão sendo incorporadas ao trabalho de advocacy da Amcham. Houve ainda, no final do ano, um quinto encontro para tratar da “Reforma Tributária Possível”, já aprofundando pontos indispensáveis para destravar o sistema tributário nacional e incrementar a competitividade das companhias.

Alba Valéria dos Santos, gerente de RH da CSN: Consórcio Mínero Metalúrgico incentiva formação de

profissionais de nível técnico em Minas

Amcham: Como o Consórcio Mínero Metalúrgico está ajudando a diminuir o desequilíbrio entre a oferta e a demanda por mão de obra qualificada no setor em MG?Alba Santos: O consórcio incentiva, em conjunto com o Programa de Ensino Profissionalizante (PEP) da Secretaria de Educação, a formação de profissionais de nível técnico nos municípios das empresas que fazem parte dele. Dessa forma, conseguimos ter profissionais de nível técnico para atender à demanda das companhias nos municípios de Congonhas, Conceição do Mato Dentro e Conselheiro Lafaiete, entre outros.

Amcham: Como é feita a parceria entre as empresas e o Estado?Alba Santos: Todas as iniciativas são feitas com o apoio de instituições do governo estadual.

A formação em nível básico de ensino é trabalhada junto com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), em um projeto que se chama Usina do Trabalho. Com a Secretaria da Educação, desenvolvemos o pessoal de nível técnico, e, na Secretaria de Ciência e Tecnologia, o grau superior, por meio das universidades federais.

Amcham: Algumas empresas têm importado mão de obra técnica para áreas carentes. Qual a capacidade do consórcio de suprir todas as necessidades das empresas integrantes?Alba Santos: Como brasileiros, precisamos priorizar a mão de obra nacional, mas algumas empresas serão, no futuro, obrigadas, a contratar profissionais de outros países caso não haja mão de obra qualificada por aqui. É um movimento inevitável, pois de outra forma não conseguiremos construir todos os empreendimentos previstos. Porém, entendo que a iniciativa de contratar pessoal junto a outros países tem de ser bastante estudada, e nunca em detrimento da mão de obra brasileira. As empresas deveriam valorizar o capital humano local até por questões de cidadania. Trazer gente de fora, só em último recurso e em casos onde não haja essa mão de obra no Brasil.

Copa do Mundo e rodovias são projetos que mais impactarão Minas Gerais nos próximos anos

Pesquisa da Amcham mostra que, para o setor privado, projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e à ampliação e melhoria da malha rodoviária são os que terão maior impacto em Minas Gerais nos próximos anos. Para 93% dos consultados, esses dois eixos terão efeito alto ou considerável para o Estado.

Outras iniciativas apontadas pelo empresariado como muito importantes para a economia mineira no futuro próximo estão relacionadas à mobilidade urbana, ou seja, trens e metrô, e aeroportos, ambas com 91%. Obras de hotelaria vêm em seguida (86%), acompanhadas de perto por construção civil (88%) e mineração (68%). Quanto às Olimpíadas de 2016 e ao setor de petróleo e gás (pré-sal e petroquímica), as expectativas são mais modestas (56% e 25% dos entrevistados, respectivamente).

Passando à esfera de sua atuação direta, os empresários disseram ter interesse em atuar sobretudo em projetos ligados a Copa (56%), indústrias de novas tecnologias (48%) e Olimpíadas de 2016 (43%). Projetos de mobilidade urbana (28%), aeroportos (28%), rodovias (25%) e petróleo e gás despertam menor atenção.

O estudo foi apresentado por Marcos Santana, vice-presidente regional da Amcham-Belo Horizonte, em 28/06, durante o evento “Competitividade Regional”, em Belo Horizonte, que integra o programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham-Brasil.

Para a sondagem, a Amcham, em parceria com o Instituto Análise, ouviu, entre maio e junho, 155 altos executivos de empresas de todos os portes no País, sendo 40 deles estabelecidos em Minas Gerais. Os setores de serviços e indústria respondem por 44% da amostra (22% cada), seguidos por tecnologia (10%), recursos humanos (8%), advocacia (8%) e automotivo (5%), entre outros, como bens de consumo, construbusiness, turismo e finanças.

Setores mais promissores para investimentos e desafios

A pesquisa da Amcham detectou que os três setores mais promissores para investimentos no Estado nos próximos anos são mineração (48% dos entrevistados), grandes obras de construção civil com exceção de habitação (30%) e siderurgia (30%). Outras áreas atrativas são turismo e entretenimento (25%), indústria automobilística e serviços de informática (20% cada).

Quando questionados sobre quais segmentos da região deveriam receber maior apoio governamental ou de organizações da iniciativa privada, as respostas mais recorrentes foram educação em geral e formação profissional (28%), e turismo e entretenimento (15%). Modais de transporte (rodovias, portos, ferrovias e aeroportos), serviços de saúde e grandes obras de construção civil (exceto habitação) tiveram, respectivamente, 10% das respostas.

A sondagem apurou que a maioria das empresas (83%) ainda não participou de processos licitatórios para parcerias público-privadas. Também identificou os principais entraves à ampliação da participação do setor

privado nos projetos de infraestrutura. Para 75%, o excesso de burocracia é o principal obstáculo, seguido por baixa transparência no processo licitatório (48%), insegurança jurídica (45%) e falta de divulgação dos projetos (43%).

As sugestões apontadas para maior envolvimento do empresariado nacional nesses projetos são maior clareza dos objetivos (43%), menos burocracia (18%), mais divulgação dos projetos (18%) e acesso a crédito (8%).

Raio-X da infraestrutura

Dentre os diversos modais de transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), 53% dos pesquisados consideram que as rodovias deveriam ser prioridade de investimentos em Minas Gerais. Os aportes em ferrovias e aeroportos são considerados fundamentais para, respectivamente, 25% e 23% dos respondentes.

As rodovias públicas sob concessão foram bem avaliadas por metade dos entrevistados, sendo que 40% disseram estar satisfeitos e 10% totalmente satisfeitos. Já as rodovias públicas federais tiveram elevado grau de insatisfação (95%), sendo 43% insatisfeitos e 52% totalmente insatisfeitos.

As rodovias públicas estaduais também receberam avaliações negativas, com 84% de descontentamento (43% insatisfeitos e 41% totalmente insatisfeitos). Portos e ferrovias são modais no geral mal avaliados. No caso dos portos, apenas 18% se mostraram totalmente satisfeitos, e 7% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o modal ferroviário.

No que tange aos aeroportos, os serviços são considerados no geral ruins, conforme 75% dos entrevistados. O percentual de insatisfeitos é de 45% e o de totalmente insatisfeitos, 30%.

Falta mão de obra técnica no Estado

A falta de mão de obra técnica é um importante gargalo ao desenvolvimento mineiro, segundo os entrevistados pela Amcham. A escassez de capital humano é mais sentida nos níveis de ensino médio técnico (58%), ensino superior técnico (55%), mão de obra em geral (45%) e não especializada (38%).

Como propostas para suprir a falta e a baixa qualificação de profissionais no mercado, 88% consideram muito importante ou importante a aprovação de uma lei de incentivo fiscal às companhias que investem em capacitação (uma espécie de “Lei Rouanet”).

Outra sugestão levantada como muito importante ou importante para 83% dos pesquisados é o direcionamento do ensino médio à profissionalização através da atualização de todo o conteúdo.

A implementação de campi avançados de cursos superiores em cidades de médio porte foi uma solução considerada importante ou muito importante por 81% dos respondentes.

Para 90% dos empresários, há necessidade de alterações no regime de trabalho baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre modelos alternativos que causariam impacto positivo, foram citados diminuir

mais moderna e bem gerida, e próxima do desenvolvimento econômico sustentado.Amcham: O sr. poderia falar um pouco sobre como o montante de R$ 1,8 bilhão em projetos está distribuído?Marcos Siqueira: Nossa carteira de iniciativas é bastante diversificada. Além de obras de infraestrutura econômica e esportiva para a Copa de 2014, temos em Minas Gerais uma realidade inédita na América Latina, a de um consórcio de empresas privadas em fase final de implantação de um complexo penal para 3 mil presos, que também será gerido pelo consórcio. Outro setor onde há PPPs, e que demonstra a versatilidade desse tipo de arranjo, são as nossas centrais de atendimento ao cidadão, as UAI (Unidades de Atendimento Integrado). E o que temos para o futuro são parcerias em saneamento básico, tratamento de lixo e captação de água.

encargos sociais (81% dos entrevistados) e dar direito de escolha de se trabalhar com carteira assinada ou através de nota de prestação de serviço (58%). Outras alterações apontadas foram fim do imposto sindical (39%), limitação do valor da contribuição sindical (25%) e mudanças na forma de atuação da Justiça do Trabalho. A fatia que defende a limitação do poder normativo da Justiça do Trabalho é de 22%, enquanto outros 22% pregam conciliações prévias à Justiça do Trabalho.

Em caso de desoneração da folha de pagamento, 70% dos respondentes destacaram que as empresas ficariam mais competitivas. Outros 25% acreditam que mais empregos formais seriam criados, além de aumento dos investimentos em tecnologia (3%) e das margens, permitindo preços mais competitivos (3%).

Desenvolvimento regional

O empresariado listou as ações governamentais que seriam mais efetivas no desenvolvimento das empresas em Minas Gerais. A redução da carga tributária é o principal fator para 65% dos respondentes, seguida da reforma no sistema de tributos (58%) e da reforma trabalhista (50%).

Na comparação com outros Estados, a carga tributária em Minas é percebida como maior do que deveria ser por 70% dos entrevistados.

Fatores incentivadores ao desenvolvimento das empresas

O levantamento da Amcham buscou verificar, em termos de reforma fiscal, quais seriam os maiores pontos de incentivo ao desenvolvimento das atividades empresariais.

Em primeiro lugar, apareceu a desoneração da folha de pagamentos com busca de mecanismo de compensação arrecadatória (55%); em segundo, política de desoneração efetiva de investimentos para aumento da competitividade (48%); e em terceiro, redesenho de PIS/Cofins para a criação de um imposto sobre valor adicionado (45%).

Marcos Siqueira, superintendente de Parcerias Público-Privadas de Minas Gerais: PPPs são solução

moderna para criar relacionamento de longo prazo com iniciativa privada

Amcham: Que projetos de melhoria Minas Gerais está realizando com vistas à Copa?Marcos Siqueira: O Estado criou uma secretaria extraordinária para a Copa, liderada por Sérgio Barroso (secretário mineiro de Desenvolvimento Econômico), e tem tem realizado várias ações não só no aspecto da preparação esportiva, mas também projetos de mobilidade urbana, para garantir um legado.

Amcham: O sr. poderia citar exemplos dessas iniciativas?Marcos Siqueira: A secretaria extraordinária desenvolve em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte projetos de duplicação da rodovia Dom Pedro I e dos acessos entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão). Também há iniciativas para melhorar a rede hoteleira. A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma política de incentivo à implantação da atividade

hoteleira, inclusive com a expansão dos coeficientes construtivos em diversas áreas da cidade. Um projeto importante é o da Praça da Liberdade, que envolve a transformação do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado em um hotel de alto nível. Quem venceu a licitação, já realizada, foi o Grupo Fasano, de São Paulo.

Amcham: A pesquisa da Amcham sobre competitividade regional divulgada no evento apontou que um dos grandes gargalos no Estado é o excesso de burocracia no processo licitatório. Como o governo está trabalhando essa questão?Marcos Siqueira: A pesquisa revela pontos importantes e um problema que todos já conheciam. Mas, além da burocracia por trás dos processos de implantação de projetos, outra dificuldade é a carência e baixa qualidade da infraestrutura disponível. Por isso, não restam dúvidas de que o caminho é criar mecanismos mais modernos de implantação de infraestrutura. Não adianta confiar na capacidade do poder público de reunir e aplicar recursos de forma eficiente por conta dos processos burocráticos de licitação. Se olharmos a experiência internacional, diversos países viveram momento semelhante há algumas décadas, e a saída quase sempre envolveu a atração da iniciativa privada para diversas etapas do processo de implantação e operação da infraestrutura pública.

Amcham: A PPP é uma forma mais eficiente de atrair investimentos privados?Marcos Siqueira: Sim, é uma solução moderna para criar relacionamento de longo prazo com a iniciativa privada. O Brasil está engatinhando nesse sentido, e Minas tem se preparado para estar na fronteira da tecnologia gerencial desse tipo de arranjo, ou seja, ser referência. Já temos mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos contratados com a iniciativa privada para a infraestrutura pública, em obras que vão de penitenciárias a centrais de atendimento ao cidadão e infraestrutura esportiva. Atraindo a iniciativa privada, teremos uma infraestrutura

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