alunos para a obtenção do sucesso escolar relatório de ... · camaradagem neste ano repleto de...
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Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos
alunos para a obtenção do sucesso escolar
Relatório de Estágio Profissional
Relatório de Estágio Profissional
apresentado à Faculdade de Desporto do
Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de
estudos conducente ao grau de Mestre em
Ensino de Educação Física nos Ensinos
Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006
de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007
de Fevereiro).
Orientador: Prof. Doutor José Mário Cachada
Alberto Domingos Tavares da Silva
Porto, Julho 2015
II
Silva A. (2015). Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos alunos
para a obtenção do sucesso escolar. Porto: A. Silva. Relatório de Estágio
Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física
nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto
Palavras-chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL; REFLEXÃO, MOTIVAÇÃO,
EFEITOS DA RETENÇÃO, PROFESSOR.
III
DEDICATÓRIA
Aos meus Pais. Por todos os sacrifícios que tiveram que fazer para que eu
pudesse concluir e realizar o meu sonho.
Obrigada
V
Agradecimentos
Este estágio não teria sido possível sem a ajuda e disponibilidade de
algumas pessoas. Gostaria de deixar os meus grandes e profundos
agradecimentos a todas elas.
À instituição que me acolheu durante dois anos e a todos os professores
que lá trabalham e me ensinaram durante dois anos a maioria dos conteúdos
que sei hoje.
Ao Prof. Doutor Mário Cachada pela orientação, disponibilidade e toda a
ajuda que me prestou durante todo o estágio. Por todo o conhecimento que me
transmitiu e credibilidade que acrescentou ao trabalho.
À Prof.ª Camila Vasconcelos pela disponibilidade que teve para me
orientar e supervisionar, durante este tempo de estágio, e também pelo
trabalho que tenho vindo a realizar com ela ao longo deste ano letivo. Pelo
conhecimento que também me transmitiu, e pelo exemplo que foi, como
professora que é.
Aos meus pais, pelo amor, amizade e educação que me deram durante
toda a minha vida até a este momento. Hoje sou a pessoa que sou por tudo o
que por eles me foi transmitido, e quero-lhes agradecer do fundo do coração,
por todos os sacrifícios que por mim fizeram, e é com enorme orgulho que lhes
dedico este trabalho.
À minha namorada por todo o carinho, amizade e companheirismo que
me tem dado tanto nos bons como maus momentos, pois tem sido a “muleta”
que me tem auxiliado em muitos momentos.
Ao núcleo de estágio, Diogo e Óscar, pela boa disposição e
camaradagem neste ano repleto de aprendizagens e trabalho em conjunto,
proporcionando-me um crescimento tanto a nível pessoal como profissional.
A todos o meu muito OBRIGADO.
VII
Índice Geral
Resumo ....................................................................................................................................... XIX
Abstract ...................................................................................................................................... XXI
Abreviaturas ............................................................................................................................. XXIII
1. Introdução ............................................................................................................................. 1
2. Enquadramento biográfico ....................................................................................................... 5
2.1. O meu percurso ...................................................................................................................... 7
2.2. Expectativas sobre o Estágio Profissional .......................................................................... 9
3. Enquadramento do Estágio Profissional ................................................................................. 15
3.1. Enquadramento concetual, legal, institucional e funcional do Estágio Profissional ........... 17
3.2 Enquadramento legal, institucional e funcional do Estágio Profissional .............................. 19
3.3.1. Caraterização breve da Escola Secundária Augusto Gomes ............................................. 20
3.3.2. Caracterização da Turma (7ºA) ......................................................................................... 22
4. Realização da prática profissional ........................................................................................... 25
4. Prática Profissional .................................................................................................................. 27
4.1 Área 1- Organização e gestão do ensino e da aprendizagem ............................................... 29
4.1.1. Planeamento ..................................................................................................................... 29
4.1.1.1 Plano anual de Ed. Física ................................................................................................. 29
4.1.1.2 Plano de unidade didática ............................................................................................... 30
4.1.2.3 Plano de aula ................................................................................................................... 31
4.1.2 A realização ........................................................................................................................ 32
4.1.2.1 Controlo/Segurança da turma e criação de rotinas ........................................................ 33
4.1.2.2 A importância da comunicação, da instrução e dos feedbacks ...................................... 35
4.1.3 A avaliação ......................................................................................................................... 37
4.2 Área 2 - Participação na Escola e Relação com a Comunidade ............................................. 39
4.2.1 Corta-Mato ......................................................................................................................... 39
4.2.2 Trabalho realizado na comunidade escolar- Bola na barra / Desporto escolar / torneios
concelhios. ................................................................................................................................... 40
4.2.3 Turmas Partilhadas ............................................................................................................. 42
VIII
4.3 Área 3 – Desenvolvimento profissional ................................................................................ 47
4.3.1. Estudo de Investigação-ação: “Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos
alunos para a obtenção do sucesso escolar”, ............................................................................. 47
4.3.2 Problemática ...................................................................................................................... 47
4.3.3.1. Enquadramento teórico ................................................................................................. 47
Teoria da autodeterminação ....................................................................................................... 48
4.3.3.2 Objetivos do estudo ........................................................................................................ 49
4.3.3.3 Fase Metodológica .......................................................................................................... 49
4.3.3.4 Caracterização da população alvo................................................................................... 49
4.3.3.5 Instrumento de recolha de dados ................................................................................... 50
4.3.3.6 Apresentação dos resultados .......................................................................................... 52
4.3.3.9 Discussão de resultados .................................................................................................. 62
4.3.3.10 Conclusão do Estudo ..................................................................................................... 63
6. Conclusão ................................................................................................................................ 65
Conclusão .................................................................................................................................... 67
7. Referencias Bibliográficas ....................................................................................................... 69
7. Referencias Bibliográficas ....................................................................................................... 71
7. Anexo ....................................................................................................................................... 73
7. Anexo ...................................................................................................................................... xxv
Índice de Quadros
Quadro 1 – Gosto de aperfeiçoar constantemente as minhas competências pessoais……..…48
Quadro2 – Sou solidário com as outras pessoas, mesmo que não sejam das minhas relações
de amizade……………………………………………………………………………………………....48
Quadro 3 – Tenho um desejo secreto de chamar a atenção das pessoas..…………………….49
Quadro 4 – Esforço-me por melhorar constantemente os meus resultados escolares .……….49
Quadro 5 – Sinto satisfação quando vejo que uma pessoa que me pediu ajuda fica feliz com o
meu apoio………………………………………………………………………………………………..50
Quadro 6 – Insisto numa determinada opinião apenas por teimosia..……………………………50
Quadro 7 – Gosto de saber se o meu trabalho foi ou não bem realizado, de modo a fazer
melhor no futuro…………………………………………………………………………………………51
Quadro 8 – Tenho discussões com os outros porque costumo insistir naquilo que penso que
deve ser feito…………………………………………………………………………………………….51
Quadro 9 – Procuro fazer cada vez melhor..………………………………………………………..52
Quadro 10 – Procuro ser uma pessoa amável..…………………………………………………….52
Quadro 11 – Procuro relacionar-me com pessoas que se destacam...…………………………..53
Quadro 12 – Após a retenção procurei alterar a minha forma de estudar...……………………..53
Quadro 13 – Após a retenção encarei a escola de uma maneira responsável…..……………..54
Quadro 14 – Sinto-me satisfeito por trabalhar em grupo com pessoas que gostam de mim….54
Quadro 15 – Se puder escolher as pessoas para os trabalhos de grupo, procuro exercer uma
posição de liderança……………………………………………………………………………………55
Quadro 16 – Procuro sempre pessoas que façam o trabalho todo e que eu não tenha que
intervir…………………………………………………………………………………………………….55
Quadro 17 – Fico preocupado quando sinto que de alguma forma contribuí para o mal-estar
das relações da turma………………………………………………………………………………….56
Quadro 18 – Encarei a retenção como um “acidente de percurso” e que não preciso de me
preocupar este ano……………………………………………………………………………………..56
Quadro 19 – Após ficar retido no ano anterior fiquei mais motivado para frequentar a escola, e
em provar que foi desleixo……………………………………………………………………………..57
Quadro 20 – Perdi a vontade de ir para a escola após ficar retido no ano anterior...…………..57
XIX
Resumo
Com este documento pretendo como objetivo transmitir e refletir de uma forma
crítica sobre o meu estágio Profissional, no âmbito da unidade curricular de
Estágio Profissional, que decorreu neste dois últimos semestres do plano de
estudos do 2º Ciclo de Estudos para a obtenção do grau de Mestre em Ensino
de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário, da faculdade de
Desporto da Universidade do Porto.
Sendo este documento de carater pessoal, tem como objetivo transmitir os
acontecimentos vividos durante este ano letivo, que ocorram na Escola
Secundária Augusto Gomes, em Matosinhos. A realização deste Estágio
Profissional teve a cooperação e a supervisão diária da professora Camila
Vasconcelos como professora cooperante, do Doutor Mário Cachada que
desempenhou o papel de professor orientador da faculdade, juntamente com
dois colegas do núcleo de estágio da Faculdade de Desporto da Universidade
do Porto, nomeadamente o Diogo Martins e Óscar Vilaça.
Este documento está organizado em quatro capítulos diferentes. 1)
Enquadramento biográfico, que se refere a toda a minha vida e percurso
académico de forma resumida, e as minhas expetativas referentes a este
estágio profissional. 2) Enquadramento do Estágio Profissional, neste
capítulo vou referir quais os contextos onde se realizou, mais propriamente ao
nível concetual, legal, institucional e funcional. 3) Realização da prática
profissional, no qual irei abordar sobre a contextualização do estágio, da
escola, dos colegas e dos alunos; 4) Conclusão, neste último capítulo vou
realizar uma breve síntese sobre todo o meu percurso enquanto professor
estagiário. Na elaboração deste relatório de estágio profissional, tentei
transcrever todos os momentos que ocorreram, quer tenham sido momentos de
sucesso ou insucesso, mas que foram importantes para o meu
desenvolvimento pessoal e profissional.
Palavras-chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL; MOTIVAÇÃO, EFEITOS DA
RETENÇÃO, RETENÇÃO ESCOLAR, PROFESSOR.
XXI
Abstract
With this document, I intend to transmit and reflect, in a critical way, about my
professional internship, within the course of Professional Internship, that was
developed in the past two semestersof the study plan from de second cicle of
studies for the obtention of the Master's Degree in Physical Education in
Primary and Secondary Education, in the Sport School of Oporto University.
Being this a document of personal character, its purpose is to transmit the
things lived during this lective year, ocurred in the Escola Secundária Augusto
Gomes, in Matosinhos. The realization of this professional internship had the
frequently cooperation and supervision of the professor Camila Vasconcelos as
coorperative teacher, educator Mário Cachada who played the role of guiding
college teacher, along with two colleagues from the Sport School of Oporto
University's trainig grou, namely Diogo Martins e Óscar Vilaça.
This document ir organized in five diferent chapters.
1) Biographical framework, which refers all my life and academical journey,
briefly, and all m expectations about the internship. 2) Professional Internship
Framework. In this cahpter, I will refer in which context it was develop, more
specifically the conceptual, legal, institucional and functual level. 3)
Professional practice realization, where I will approach the internship context,
school, colleagues ans students. 4) Conclusion. In the last chapter, I will
perform a brief synthesis about all my journey as an trainee. In this internship
report elaboration, I tried to transcribe every moment that ocorred, either they
were success or insuccess moments but that were important to my personal
and professional development.
Key-words: professional internship, motivation, retention effects, school
retention, teacher
XXIII
Abreviaturas
DE – Desporto Escolar
DT – Diretor de Turma
EE – Estudante-Estagiário
EF – Educação Física
EP – Estágio Profissional
ESAG – Escola Secundária Augusto Gomes
FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
FP – Feedback Pedagógico
MEC – Modelo de Estrutura do Conhecimento
PAA – Planeamento Anual de Atividades do Grupo de Educação Física
PC – Professora Cooperante
PFI – Projeto de Formação Individual
RE – Relatório de Estágio
UT – Unidade Temática
3
Introdução
O Relatório de Estágio (RE) surge no âmbito da unidade curricular de
Estágio Profissional (EP), realizado na Escola Secundária Augusto Gomes
(ESAG), e está inserido no plano de estudos do 2º Ciclo de Ensino conducente
ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário. O EP é a meta final do percurso enquanto estudante de uma
pratica letiva após um ano mais direcionado para o campo teórico e tem como
fundamento dissiparmos todas as duvidas e pormos à prova todas as
aprendizagens consumadas ao longo de um ano letivo.
O EP é o momento onde encaramos todas as inseguranças e dúvidas,
onde vamos vivenciar pela primeira vez o papel de professor, onde vão surgir
novos desafios, e aprendizagens e superações.
É no EP que vamos ter a responsabilidade de ser docente num contexto
real, onde a responsabilidade vai aumentar mas sempre de forma orientada.
Tem como principal objetivo por no terreno as aprendizagens anteriormente
adquiridas, ou seja, pôr em prática o nosso conhecimento sobre o ensino-
aprendizagem. Como afirma Shön (1992), as aprendizagens que decorrem
de experiências concretas que implicam o envolvimento direto dos
formandos em atividades e contextos reais de trabalho são as aprendizagens
mais ricas e duradouras.
Este documento visa expor todo o trabalho realizado ao longo do ano
letivo. Nele vou transmitir as vivências e experiencias ocorridas, bem como
espelhar a evolução que tive ao longo do EP.
Este RE está assim dividido em quatro partes distintas, sendo em cada
uma delas abordados diversos temas e matérias referentes ao decurso da
minha prática pedagógica.
Este documento está organizado em quatro capítulos diferentes. 1)
Enquadramento biográfico, que se refere a toda a minha vida e percurso
académico de forma resumida, e as minhas expetativas referentes a este
estágio profissional. 2) Enquadramento do Estágio Profissional, neste
4
capítulo, vou referir quais os contextos onde se realizou, mais propriamente ao
nível concetual, legal, institucional e funcional. 3) Realização da prática
profissional, no qual irei abordar sobre a contextualização do estágio, da
escola, dos colegas e dos alunos; 4) Conclusão, neste último capítulo vou
realizar uma breve síntese sobre todo o meu percurso enquanto professor
estagiário.
Com a realização deste EP tive a oportunidade de vivenciar o sonho que
é o caminho que desejo percorrer durante a minha vida, ou seja, desempenhar
a profissão de docente e ao mesmo tempo experienciar tarefas distintas além
do papel de professor de educação física, como acompanhar o trabalho do
Diretor de Turma nas suas diversas funções, ou através da convivência com
outros agentes educativos, fazendo com que seja indiscutível o papel destes no
meu percurso e evolução.
Foi a partir deste percurso, que se tornou indispensável, para me guiar ao
objetivo traçado inicialmente: a competência enquanto docente. Mesmo tendo
dificuldade em determinados momentos, a constante procura de soluções e a
aprendizagem e vivências diárias, permitiu-me evoluir a cada momento
passado. Foi através deste percurso, tentando ultrapassar os obstáculos sem
nunca desistir que fez com que, vencer e evoluir gradualmente tenha sido o
objetivo traçado ao logo deste EP.
7
Enquadramento Biográfico
2.1. O meu percurso
O meu nome é Alberto Domingos Tavares da Silva, nasci no dia 16 de
Março de 1989, em Pardilhó, vila do concelho de Estarreja do distrito de Aveiro,
e foi nesta vila que residi toda a minha vida.
Desde muito cedo que pratico desporto, inclusive comecei a praticar
andebol por volta dos meus 5/6 anos de idade, ou seja, além da disciplina de
educação física que sempre esteve presente no meu percurso académico,
praticava fora da escola o andebol. Comecei por praticá-lo no Saavedra
Guedes (clube da região em que vivo). Inicialmente comecei por jogar como
jogador “da frente” mas ao fim de um ano decidi experimentar ser Guarda-
redes até infantil de último ano (época 2000/2001). Na época seguinte, e
devido ao meu porte atlético, foi-me sugerido voltar a jogar à “frente”. Após
terminar a época recebi vários convites para ingressar noutros clubes incluído o
FC Porto, mas devido às dificuldades de transporte acabei por ir para a
Associação Artística de Avanca, clube que me ia buscar e levar a casa e que
se encontrava na 1º divisão em vários escalões de formação. Durante a minha
formação sempre fiz parte da seleção de Aveiro e inclusive cheguei a marcar
presença num treino para a seleção nacional.
Durante a minha formação consegui conquistar alguns títulos, mas já em
sénior atingi um título que me marcou muito, foi o título de campeão nacional
da segunda divisão e onde me sagrei o melhor marcador da equipa.
Após esta conquista permaneci mais um ano no clube onde voltei a
jogar na primeira divisão nacional. Nessa época desportiva com um plantel
pequeno, mas humilde e trabalhador, conseguimos atingir o difícil objetivo de
permanecer na primeira divisão.
Devido a alguns conflitos e ao não chegar a acordo relativamente às
ajudas de custo, tive de abandonar o clube, pois achei que não estava a ter o
valor que o clube me deveria dar, ou seja abandonei o clube que representei
durante 13 anos. Atualmente abracei um projeto (treino a equipa de iniciados
masculinos) do Estarreja Andebol Clube, clube este que se encontra a 10km da
8
Enquadramento Biográfico
minha residência e que tem um projeto muito ambicioso, e pelo qual decidi
dedicar-me. Mas nem sempre foi o andebol a única modalidade que eu
pratiquei a nível federado; quando tinha 13/14 anos decidi experimentar ao
mesmo tempo a canoagem, na qual praticava k1. Nesta modalidade acabei por
obter alguns títulos regionais, e obter uma boa prestação em K4 nos nacionais.
Nesta modalidade acabaria por abandonar ao fim de 2 anos, pois tinha de optar
por uma só modalidade, e a decisão acabou por recair sobre o andebol.
Mas o meu currículo desportivo não se fica só por atleta, desde muito
cedo gostei de ensinar, e em 2007/2008 comecei a dar treinos a uma equipa de
juniores feminina no clube onde iniciei o andebol. No ano seguinte a
Associação Artística de Avanca convidou-me para juntamente com outra
treinadora, treinar a equipa de infantis masculinos. Fui treinador da mesma
equipa durante dois anos, e após este tempo, devido ao facto de ir tirar a
licenciatura para a Guarda tive de abandonar o cargo de treinador por falta de
disponibilidade.
Em 2012/2013 voltei novamente a abraçar um projeto de formação no
escalão de infantis na Associação Artística de Avanca, mas após terminar a
época deixei o clube como jogador e como treinador. No ano seguinte
2013/2014 após vários convites ingressei no Estarreja Andebol Clube, como
treinador de iniciados e como atleta sénior onde até a atualidade me encontro.
Após descrever o meu percurso de forma sucinta no mundo do desporto
e a minha paixão pelo mesmo, mais propriamente pelo andebol, vou agora
mencionar também de forma sucinta o meu trajeto académico.
Iniciei o primeiro ciclo na escola básica 1,2,3 de Pardilhó onde me
mantive até terminar o 9º ano sem nunca “perder” um ano.
Após concluir o 9º ano, tive de me deslocar para outra escola, para outra
localidade, pois em Pardilhó não existe nenhuma escola que me permitisse
realizar o secundário. Então decidi ir para Ovar tirar o curso de ciências e
tecnologias, mas ao fim de alguns meses, desisti do curso e no ano seguinte
ingressei no curso tecnológico de desporto na mesma escola em Ovar, Escola
9
Enquadramento Biográfico
Secundária júlio Diniz.
Concluído o secundário ingressei na Universidade de Aveiro na primeira
Fase de candidaturas ao ensino superior em Matemática e na segunda fase de
candidaturas em Economia. Novamente no final do ano letivo voltei a mudar de
curso e devido há minha prova de ingresso ser matemática, entrei no curso de
desporto no Instituto Politécnico da Guarda. Ao fim de 3 anos terminei a
licenciatura e estive um ano sem estudar onde me dediquei a 100% ao
andebol, jogando na 1º divisão e como treinador (tinha como função a captação
de crianças para o clube junto das escolas de Avanca), e tirei o curso de
Personal Trainer no Homes Place.
Ao fim deste ano matriculei-me no mestrado na FADEUP, onde me
encontro a realizar o segundo ano de mestrado no curso Ensino de Educação
Física nos Ensinos Básico e Secundário.
2.2. Expectativas sobre o Estágio Profissional
Com a realização do Projeto de formação individual (PFI) acabei por
refletir um pouco mais sobre esta nova etapa da minha vida. Este trabalho
levou-me a refletir desde o passado, presente e futuro próximo, mais
propriamente o ano de estágio que realizei.
Foi interessante relembrar as várias etapas da minha vida até à
atualidade e pensar em todas as alegrias e dificuldades que encontrei nesta
minha vida académica e pessoal até ao momento, e perceber e entender todas
as dificuldades que tive de ultrapassar ao logo deste ano letivo.
Com a realização do PFI, fui-me consciencializando que este foi o meu
EP, onde fui talhando um caminho cheio de alegrias e dissabores, onde fui
alcançando o sucesso a nível prático, mas ao mesmo tempo cheio de dúvidas
e à procura de respostas constantemente.
Espero e acredito, que eu, o núcleo e a professora cooperante trabalha-
mos todos no sentido de transmitirmos e aprofundarmos os conteúdos e
10
Enquadramento Biográfico
valores em que acreditamos, da forma que consideramos ser a mais correta,
no sentido que os jovens de hoje sejam os homens de amanhã numa
sociedade cada vez melhor.
Após o primeiro impacto inicial, as minhas preocupações começaram a
surgir, isto porque a turma demonstrou na primeira aula grande desinteresse
pela disciplina, ou seja, as primeiras expetativas levaram-me a ponderar sobre
como poderia desenvolver (enquanto futuro docente utilizando todos os
conhecimentos teórico-práticos adquiridos até ao momento), a imprevisibilidade
de situações da lecionação que iriam surgir no espaço de aula. A juntar a estes
fatores o facto da possível heterogeneidade dos alunos da turma.
Por outro lado, a maioria dos alunos vê a aula de EF como se de um
momento lúdico se tratasse, onde se podem divertir, sem o rigor exigido nas
outras disciplinas, por outras palavras, acabam por não levar a aula de EF de
uma forma séria. Um dos meus objetivos era combater esta situação, mudando
e invertendo estas mentalidades. Esta vontade fazia parte das minhas
expetativas, assim como promover uma aula dinâmica, motivadora e
enriquecedora. Com estes aspetos poderia conduzir os alunos a um estilo de
vida diferente do que a maioria dos jovens tem hoje em dia.
Apesar de não conhecer a turma que queria trabalhar durante o EP,
sempre desejei que os alunos entendessem a real importância da EF e a
encarassem enquanto componente letiva.
A execução destes objetivos inicialmente traçados, como saber ensinar
de forma clara e objetiva, conseguir emitir feedback no momento correto, a
evolução do aluno, foram algumas das principais competências que queria
desenvolver e dominar. Outro aspeto que queria melhorar, era gerir com
eficácia o tempo disponível de cada aula de EF que por si só já é reduzido, e
ser capaz de realizar um controlo ativo da turma. Estes foram pareceres que
tentei desenvolver ao longo do EP, sendo aplicados diariamente e que de certa
forma foram melhorando ao longo do tempo.
Existia porem o receio de não conseguir aplicar e desenvolver
11
Enquadramento Biográfico
exercícios com a progressão mais adequada para certas modalidades, sendo
que a incerteza e a insegurança por falta de experiencia no terreno eram
evidências, mas foi em grande parte colmatado pelos conteúdos adquiridos no
ano anterior enquanto aluno universitário na FADEUP, pela ajuda da
professora cooperante e pelos meus colegas que completavam o núcleo de
estágio.
Estes momentos de lecionação verificaram-se em algumas modalidades
como por exemplo a natação, que me atormentava bastante até ao dia em que
tive de lecionar a modalidade.
A questão do processo de observação também era um aspeto que me
inquietava, visto que o modo de como iria evoluir era a partir do treino, ou seja,
neste processo para conseguir realizar tinha de conseguir ter uma visualização
panorâmica de todo o espaço e conseguir focar-me em determinados
momentos devido aos critérios que se pretendem observar.
Damas e Ketele (1985, p. 20) consideram que a “observação é um
processo fundamental que não tem fim em si mesma, mas se subordina e se
põe ao serviço de processos mais complexos, tais como a avaliação,
o diagnóstico, o julgamento (formulação de juízo) ”.
Tendo em conta isto, comecei a conseguir “fragmentar” os movimentos
que compunham um gesto técnico específico, observando o mesmo movimento
em execução, e após essa observação, conseguir avaliar a partir de um juízo
de valor firmado. Esta tarefa demorou algum tempo a ser adquirida.
O meio e contexto escolares que encontraria, os futuros alunos e colegas
docentes, foram também aspetos que me perturbavam, pois o facto de ser a
minha primeira experiencia como docente, e pelo facto de que a escola se
encontrava em obras (já se encontravam em curso antes da minha entrada
nesta). Este aspeto verificou-se também nos meus colegas do núcleo de
estágio. Esta minha inquietação também se verificou em relação à professora
cooperante (PC) e ao professor orientador da faculdade, pois as minhas
12
Enquadramento Biográfico
referências em relação aos mesmos era inexistente.
Depois do primeiro contato com o núcleo de estágio foi possível retirar
as primeiras ilações e perceber que a boa disposição era uma constante, bem
como o facto de que era possível estarmos todos em sintonia para atingir o
mesmo objetivo apesar de sermos bastantes diferentes uns dos outros.
A nível de partilha de conhecimentos e trabalho de equipa, foram
aspetos que levaram a rotinas de trabalho constantes, o que levou a que
existisse uma evolução coletiva.
Para toda esta evolução o papel desempenhado pela PC foi
fundamental, que foi além das minhas expetativas iniciais. As diárias reflexões
pós aula, bem como todos os conselhos e constantes preocupações que tinha
connosco, fez com que pudéssemos desenvolver todas as nossas
competências evoluindo constantemente em todos os parâmetros. Tornei-me
enquanto docente, mais consciente, mais reflexivo. O facto de ter de realizar
constantemente reflexões sobre o trabalho desenvolvido, analisar o
comportamento dos alunos, e questionando constantemente sobre a minha
prática letiva, juntamente com os feedbacks da PC, tiveram um papel decisivo
para uma prática profissional enquanto docente. Devo referir que também os
meus colegas do núcleo de estágio e o professor orientador da faculdade,
cada um à sua maneira, me foram guiando e ajudando ao longo deste
processo de formação.
De salientar também que para além dos acima referidos todos os
demais intervenientes do contexto escolar surpreenderam-me e superaram as
minhas expetativas iniciais, pois todos foram vitais para o meu processo de
integração e desenvolvimento na comunidade educativa. A disponibilidade
constante demonstrada por estes levou a que existisse uma rápida integração
da minha parte, ao mesmo tempo que fez-me sentir que sempre que
precisasse do seu auxílio, ele iria ser prestado rapidamente.
Durante a realização do EP, posso dizer que este ficou marcado como
sendo um trabalho árduo, e que necessitou de muita exigência e ao mesmo
tempo persistência, pois só assim, neste momento posso me sentir mais
13
Enquadramento Biográfico
realizado pois acho que as vivencias que tive foram fundamentais para o meu
crescimento e desenvolvimento como docente e como pessoa.
17
Enquadramento do Estágio Profissional
Este próximo capítulo terá como pontos abordados, a maneira dinâmica
e ativa como se processou o EP, e como teve um papel importante no
desenvolvimento da minha formação enquanto futuro docente na área da EF. É
este capítulo que se irá demonstrar importante para se observar a estrutura do
atual EP, e a forma de como o local onde o realizei teve influência no papel de
docente e as normas e condições em que tive um papel ativo.
3.1. Enquadramento concetual, legal, institucional e funcional
do Estágio Profissional
O EP é uma época marcante e decisiva para dar seguimento a todo o
processo de formação enquanto professor. Mesmo antes de tentarmos concluir
este objetivo devemos perceber toda a dinâmica da profissão e obter todas as
“ferramentas” essenciais tanto a nível pessoal como profissional, para a
obtenção do sucesso.
A tomada de consciência do professor referente ao processo de
formação e ensino-aprendizagem dos alunos é de todo importante, pois só
assim é que se consegue obter uma melhor formação do aluno.
O EP tem como papel a criação de um pensamento de formação inicial e
continua, sendo então o local ótimo para se poder aplicar todos os saberes
adquiridos, para alem de que é um excelente local para se adquirir novos
saberes a partir de experiências de novas praticas pedagógicas formais e
concretas.
Com base nisto e segundo Albuquerque et al. (2005, pp. 73-74), o EP
é assumido pelos professores orientadores como um “momento decisivo
do desenvolvimento profissional, marcado pelo cunho de experiência
prática”, reunida no ensino. Podemos então dizer que o docente é alguém
que tem como objetivo aplicar e contextualizar os seus conhecimentos,
mas sobretudo, tem de conseguir resolver os desafios que surgem por
parte da escola e também por parte dos alunos
18
Enquadramento do Estágio Profissional
Só confrontando todas estas situações, é que nos é possível obter
estas competências, ou seja, só é possível adquirir tais competências
através da vivência de experiencias no EP.
Como refere Nóvoa (1992, p. 28), “a formação passa
pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de
trabalho pedagógico”.
É no EP que nos deparamos com diversos tipos de situações presentes
no dia-a-dia da profissão, sendo obrigatório ao docente ter de ajustar todos os
conhecimentos adquiridos na formação académica nos anos anteriores, ou
seja, conseguir adaptar os conhecimentos adquiridos ao contexto escola, aos
alunos, e ao contexto de estágio.
Pelos factos anteriormente referidos, é necessário existir a reflexão por
parte do formando no EP, pois só assim se pode desenvolver como um
professor crítico e reflexivo, sobre o seu trabalho realizado.
Para que o formando obtenha as capacidades acima referidas, o PC é
fundamental e desempenha um papel decisivo, pois é com o seu auxílio e
acompanhamento que estas capacidades se vão desenvolver e melhorar
constantemente, pois a sua experiencia, e a sua instrução são fundamentais
para o mesmo.
O trabalho de equipa desenvolvido entre o PC, o EE e os alunos levou a
que a evolução a nível do desenvolvimento fosse uma constante, devido ao
trabalho desenvolvido por esta equipa ao longo do ano letivo.
Outro papel importante tem o professor orientador da universidade, pois
após as observações por si realizadas, realiza as reflexões sobre o trabalho
executado, que leva tanto a PC como o EE a obter uma visão diferente, e que
de forma construtiva, permite obter uma “opinião” diferente dos que estão no
“terreno”. Este trabalho é imprescindível durante a realização do EP, pois
permite corrigir e “encaminhar” o trabalho que se vem desenvolvendo ao longo
do ano letivo.
Posto isto, e tendo em conta o papel de professor, é visível todo o
19
Enquadramento do Estágio Profissional
crescimento que poderá ocorrer vem como as mudanças que poderão existir,
nomeadamente a visão que o EE tem de si mesmo, da forma como encarará,
tendo em consideração as suas capacidades, em enfrentar desafios enquanto
docente, mas também a maneira de estar e forma como se relacionará com os
outros.
3.2 Enquadramento legal, institucional e funcional do Estágio
Profissional
O EP encontra-se como uma unidade curricular, inserida no plano de
estudos do 2º ano, do 2º Ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos
Básico e Secundário, da FADEUP.
A FADEUP estabelece protocolos com inúmeras escolas, de forma a
proporcionar uma formação profissional, séria e com qualidade a todos os
estudantes estagiários, que serão inteiramente acompanhados por um PC
(da escola) e por um professor orientador do seu estabelecimento de ensino
(da faculdade).
De acordo com as normas orientadoras do EP, O Estágio Profissional
entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do
conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa
interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento
no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do
professor profissional, promotor de um ensino de qualidade (Matos, 2012a, p.
3). Assim, o estudante estagiário deve apresentar competências, baseadas nas
seguintes áreas de desempenho:
Área 1 – “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”
Área 2 – “Participação na Escola e Relações com a Comunidade”
Área 3 – “Desenvolvimento Profissional”
20
Enquadramento do Estágio Profissional
Posto isto, é da competência do estudante estagiário: cumprir com as
tarefas previstas nos documentos orientadores do EP; elaborar e realizar o seu
projeto de formação (PFI); prestar o serviço docente nas turmas que lhe forem
designadas realizando as tarefas de planificação, realização e avaliação
inerentes; participar nas reuniões dos diferentes órgãos da Escola, destinadas à
programação, realização e à avaliação das atividades educativas; participar nas
sessões de natureza científica cultural e pedagógica, realizadas na Escola ou na
Faculdade; elaborar e manter atualizado o portefólio do Estágio Profissional;
observar aulas regidas pelo professor cooperante e pelos colegas estagiários;
assessorar os trabalhos de direção de turma, de coordenação de grupo, de
departamento de modo a percorrer os diferentes cargos e funções do
professor de Educação Física; e elaborar e defender publicamente o Relatório
de Estágio, de acordo com o definido nos artigos 7º e 9º do Regulamento do
segundo ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em ensino da
Educação Física nos ensinos básico e secundário (Matos, 2012b, p. 6).
3.3.1. Caraterização breve da Escola Secundária Augusto
Gomes
No presente ano letivo encontro-me a estagiar na Escola Secundária
Augusto Gomes (ESAG). É uma escola do 3º ciclo do ensino básico e do
ensino secundário. Este estabelecimento de ensino funciona desde 1972 como
liceu Nacional de Matosinhos. Desde 1989 tem como Patrono Augusto Gomes
de Oliveira. Augusto Gomes (1910 -1976), que nasceu viveu e faleceu em
Matosinhos, tinha como profissão o ser pintor, e tendo a escola uma tradição
artística, homenageou-o dando-lhe o seu nome. A escola localiza-se na cidade
de Matosinhos.
A ESAG nasce oficialmente na atual localização em 1972, e tinha a designação
de Liceu Nacional de Matosinhos, no entanto, entre 1964 e 1972 funcionou no
antigo edifício do tribunal de Matosinhos uma secção do Liceu
21
Enquadramento do Estágio Profissional
Normal D. Manuel II (que sita agora a escola Secundária de Rodrigues de
Freitas. No ano de 1979, receberia a designação de Escola Nº 2 de
Matosinhos, e, em 1989, passaria a chamar-se Escola Secundária de Augusto
Gomes – Matosinhos. Mais recentemente, em 2002, esta passaria a ser a
Escola Secundária com 3º ciclo Augusto Gomes. Mais recentemente, voltou a
ser identificada como Escola Secundária Augusto Gomes.
Parte do espaço escolar é novo, sendo que a outra parte se encontra em
obras (completamente paradas, dado que os espaços desportivos são os mais
prejudicados, porque são inexistentes. A solução encontrada para este
problema, foi utilizar os espaços polidesportivos, como por exemplo o campo
da junta de freguesia (campo sintético, com medidas reduzidas de futsal, com
duas balizas), a piscina municipal, o antigo centro de recursos educativos
(espaço um pouco maior que uma sala de aula) que faz de ginásio, o ginásio
do Jardim Escola João de Deus, e futuramente a NAVE. Apesar de todas estas
condicionantes, os alunos continuam a ter aulas de educação física, e onde
lhes é disponibilizado um bom leque de modalidades. A meu ver para o meu
estágio acaba por ser uma experiencia muito positiva apesar de todas estas
controvérsias, pois fico com uma experiencia algo diferente e aumento a minha
flexibilidade em relação a tudo que é realizado e planeado, ficando mais
preparado para as dificuldades com que me posso deparar no futuro.
As aulas de Educação Física são lecionadas por 8 professores e 3
professores estagiários, provenientes da FADEUP.
O grupo de Educação Física funciona como um grupo unido, em que
tomam as decisões em conjunto. A minha professora cooperante, a Professora
Maria Camila Vasconcelos, teve um importante papel na nossa receção e na
integração dos estagiários no grupo de Educação Física, não obstante esse
facto, todos os seus elementos nos receberam da melhor forma, mostrando-se
disponíveis para ajudar e integrar, o que ajudou o nosso início nesta nova
etapa.
22
Enquadramento do Estágio Profissional
3.3.2. Caracterização da Turma (7ºA)
No meu EP, a turma que lecionei foi o 7ºA. Uma turma bastante
indisciplinada e muito heterogénea tanto em idades, personalidades, e aptidão
física. Esta turma era de certa forma uma turma diferente, visto que, era
composta só por alunos que foram retidos no ano letivo anterior, sendo que
alguns deles já tinham mais que uma retenção. Como é normal, esta turma foi
designada para a minha PC, que sempre se demonstrou bastante exigente e
competente ao longo do EP. De referir que a PC este sempre presente em
todas as aulas e momentos por mim lecionados, o que levou a uma supervisão
constante de todo o meu trabalho desenvolvido, ao mesmo tempo que no fim
realizávamos sempre um pequeno “dialogo” para que eu fosse alertado para
fatores e acontecimentos que não me tinha apercebido passado durante a aula.
Na primeira aula foi realizado sobre a minha supervisão e orientação
uma “Ficha de Caraterização Individual”, construída previamente pelo núcleo
de estágio de EF da FADEUP desta escola, com o objetivo de fazer a
caraterização da turma do 7º A.
Esse trabalho, referente à Caracterização da turma 7º A da Escola
Secundária Augusto Gomes, teve como objetivo um conhecimento individual e
qualitativo dos alunos, partindo do tratamento dos dados fornecidos por estes,
de forma a realizar um enquadramento social e cultural.
Essa ficha foi estruturada por áreas de importância, sendo aqui
retratados os dados dos alunos e seus progenitores, estando dividas então
desta forma: Caraterização da turma: Dados pessoais, Encarregado de
educação, Agregado familiar, Caraterização escolar, Deslocações, Saúde, A
Educação Física, Hábitos do quotidiano, Ocupação dos tempos livres.
Estes dados permitirão uma visão global da turma, sendo uma
importante ajuda para um conhecimento mais profundo de cada aluno, sendo
que, estes dados serão conjugados com os seus comportamentos e prestação
motora observados durante as aulas.
23
Enquadramento do Estágio Profissional
Resumindo, de salientar que a turma era constituída por 24 alunos,
sendo que destes, 9 eram do sexo Masculino e 15 do sexo feminino. Apesar de
existir algumas diferenças relativamente ao número, durante o ano letivo, foi
possível criar grupos mais homogéneos a nível de género, visto que durante as
aulas existia sempre alunas do sexo feminino que não realizavam a aula por
diversos motivos, sendo que o principal, era por falta de equipamento.
Relativamente ao escalão etário, a turma continha alunos com idades
entre os 14 e os 16 anos, sendo que a maioria tinha 15 anos.
Na turma do 7ºA de referir que não existia alunos com condições
patológicas, sendo que, existiam alguns alunos asmáticos, aos quais se teve a
devida atenção para que ao realizarem as aulas de EF não se proporcionasse
nenhuma crise.
Foi dada, no entanto, especial atenção aos alunos asmáticos e às
condições que poderiam desenvolver estas crises, bem como aos alunos com
problemas físicos que condicionassem a sua prestação motora, sendo-me
atribuída a função de zelar pelo bem-estar físico destes alunos. Para além disto
outro aspeto que foi tido em atenção foi o facto da maioria da turma não
praticar desporto, por outras palavras, foi tido em atenção a carga física a
aplicar, mas sempre com o objetivo de combater o sedentarismo, ao mesmo
tempo que se procurava desenvolver a aptidão física dos alunos.
Estes foram alguns aspetos relevantes da turma. Este trabalho serviu
como suporte para um maior conhecimento da turma e dos seus intervenientes,
pois é tão importante saber como ensinar como ao mesmo tempo saber a
quem vamos ensinar. Alem disto tem de se ter em conta os meios disponíveis
na escola e tem de se fazer uma adaptação de todos estes fatores.
27
Realização da Prática Profissional
4. Prática Profissional
Com a chegada do momento da realização do EP, ou seja, o momento
que todos os alunos do Mestrado de ensino tanto ambicionam, onde podemos
colocar todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos até ao momento,
mas de uma forma mais objetiva sempre de uma forma adaptada devido a
cada aluno ter capacidades de aprendizagem diferentes. Então por assim dizer
é neste momento que um EE inicia o processo de ser professor. Lecionamos
uma turma durante um ano letivo, para além das turmas partilhadas, e
vivenciamos de perto o dia-a-dia de um professor, nas diferentes tarefas que
este desempenha.
O papel que o professor atual, já em nada se assemelha ao que
tinha na minha entrada para a escola. Na atualidade, este desempenha
mais funções no contexto letivo e não letivo, apesar de que a lecionação
continua a ser o papel principal da escola. Para além deste papel o
professor tem a componente não letiva, onde desempenha varias
funções, nomeadamente de diretor de turma, Conselho Geral e
Pedagógico, coordenação de diretores de turma e departamento, entre
outros.
Todas estas funções são desenvolvidas a nível nacional adaptando-
se depois ao contexto onde cada escola se insere.
Até à chegada do primeiro dia da nova etapa da minha vida, imaginei
como iria decorrer o primeiro dia, as emoções sentidas, o nervosismo e
ansiedade estavam presentes de forma inexplicável. Mas as emoções sentidas
no primeiro dia foram recompensadoras por tudo o que anteriormente tinha
passado. O facto de ser tratado por “professor”, algo que sempre tentei e
ambicionei não tem palavras para descrever. Era o culminar de muitos anos de
sacrifícios e um objetivo cumprido. Era o significar de acarretar uma enorme
responsabilidade, ou seja, de conseguir passar para os alunos os
conhecimentos que fui adquirindo ao longo desta minha vida académica, e de
28
Realização da Prática Profissional
lidar com jovens, ao qual eu tenho o papel preponderante na sua formação
académica e pessoal.
29
Realização da Prática Profissional
4.1 Área 1- Organização e gestão do ensino e da aprendizagem
4.1.1. Planeamento
Segundo Bento (2003, p. 8), planeamento “significa uma reflexão
pormenorizada acerca da direção e do controlo do processo de ensino numa
determinada disciplina”.
O professor, para realizar um bom trabalho tem o dever de o preparar de
antemão, ou seja, tem de fazer uma pesquisa sobre a atividade que vai
realizar. Tal como em outras áreas de ensino, o professor de EF tem a
obrigação de estudar e ser conhecedor das matérias de ensino que vai
lecionar, bem como quais as metodologias que irá adotar. Para isso tem de
verificar as condições existentes para a pratica, bem como qual a turma à qual
será submetido o ensino. Após concluir esta tarefa, posteriormente, deverá
então recorrer à planificação anual (PA), da unidade didática (UD) e por fim ao
plano de aula.
4.1.1.1 Plano anual de Ed. Física
No decorrer do início do EP foi necessário realizar alguns trabalhos,
neste sentido, o PA foi dos primeiros documentos a ser realizado.
Para a realização deste trabalho, tive de ter em conta o projeto
curricular de educação física, e o roulement de espaços. Como neste
estabelecimento de ensino, a escola se encontra em obras, e os espaços
desportivos que temos são algo limitados, a tarefa de realizar não foi de fácil
execução. Desta forma, e como por exemplo na piscina municipal o horário no
qual a escola poderia usufruir não coincidia com o horário que a turma do 7ºA
tinha ou o campo da junta que era ao ar livre, ainda acabou por complicar mais
a construção do PA. Para dificultar mais a tarefa, tínhamos de ter em conta
que em Matosinhos existem os torneios concelhios, atividade que decorre
30
Realização da Prática Profissional
durante 1 semana, para além de que a minha turma tinha atividade “extra
curriculares” (como por exemplo educação para a sexualidade, ou sessões na
casa da juventude com o objetivo de melhor a comunicação e a parte social), e
que por norma ocupa o horário de educação física.
Apesar destas adversidades, definiu-se que em cada período se iria
abordar 2 modalidades, isto também, porque durante o ano o facto de não
termos espaços desportivos disponíveis obrigou a que por vezes a aula
tivesse que ser de carater teórico. Assim sendo no primeiro período abordei a
ginástica de solo e o futebol, no segundo período abordei o andebol, e a
ginástica acrobática, e no terceiro período o voleibol.
O PA acabou por se tornar ao logo do ano como o meu calendário
pessoal.
4.1.1.2 Plano de unidade didática
Segundo Bento (2003, p. 75) as Unidades Didáticas são partes
essenciais do programa da disciplina, visto constituírem unidades fundamentais
e integrais do processo pedagógico e por apresentarem aos professores e
alunos etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem.
Para elaborar a UD tive de ter por base o Modelo de Estrutura do
Conhecimento (MEC) de Vickers (1990).
O objetivo da elaboração deste documento, é que possa planear para
cada modalidade todos os pormenores importantes, de uma forma mais
específica e minuciosa. A UD divide-se então em oito módulos, sendo que
primeiro módulo refere-se mais ao estudo da modalidade desportiva e sobre os
conteúdos a abordar, nomeadamente nas categorias transdisciplinares. De
seguida vem o módulo dois e três que se refere à análise do meio envolvente e
dos alunos. Estes dois módulos tem um papel fundamental pois é nestes dois
módulos que ficamos a saber quais os materiais e espaços que existem para a
lecionação das aulas. O módulo quatro refere-se à sequência e extensão dos
31
Realização da Prática Profissional
conteúdos. Um bom planeamento deste módulo é de extrema importância pois
este vai-nos acompanhar durante toda a modalidade. Nele podemos consultar o
que abordar em cada aula, seguindo uma progressão lógica atendendo
ao tempo disponível. No módulo cinco e seis, refere-se à criação e definição
dos objetivos por cada nível de ensino e como será realizada a avaliação, ou
seja, nestes dois módulos podemos consultar os objetivos que pretendemos
que os alunos atinjam e assim podemos construir e definir a avaliação. O
módulo sete engloba-se quais os exercícios e progressões que poderão ser os
mais adequados aos conteúdos que se pretende ensinar. E por ultimo, o
módulo oito refere-se à aplicação da planificação construída. Para Bento
(2003, p. 60) “O planeamento a este nível procura garantir, sobre tudo, a
sequência lógico-específica e metodológica da matéria, e organizar as
actividades do professor e dos alunos por meio de regulação e orientação da
acção pedagógica, endereçando às diferentes aulas um contributo visível e
sensível para o desenvolvimento dos alunos”.
4.1.2.3 Plano de aula
Segundo Bento (2003, p. 101) “a aula é realmente o verdadeiro ponto
de convergência do pensamento e da ação do professor”. Por assim dizer, o
plano de aula tem de ser antecipadamente pensado, idealizando sempre como
será que a aula irá correr. Para isso tem de se ter em conta todos os
intervenientes da aula, como por exemplo, a distribuição dos alunos, o numero
de material disponível, como rentabilizar o tempo, qual o espaço em que se irá
lecionar, entre outros.
O plano de aula é um documento orientador, ou seja, tem como base na
sua realização a UD. Para a realização do mesmo, um aspeto que a PC insistia
era que este documento deveria ser prático e de fácil consulta, mas que tivesse
o essencial. Para que tal se sucedesse este deveria estar dividido nas
seguintes categorias: os objetivos comportamentais, em situação de
32
Realização da Prática Profissional
aprendizagem, e as componentes críticas
Para além das categorias a cima referidas, o plano de aula também se
dividia em três partes, nomeadamente a parte inicial, fundamental e final.
Sendo assim, a parte inicial destinava-se a apresentação aos alunos dos
objetivos da aula e posteriormente à preparação motora dos alunos para a
prática desportiva. A parte fundamental, consistia na realização dos exercícios
com o fim de trabalhar para atingir nos objetivos traçados e a parte final era por
assim dizer um retorno à calma onde por norma ocorria sempre um diálogo
com os alunos para fazermos um balanço do decorrer da aula.
Esta não foi das tarefas que a meu ver me criou mais dificuldades, isto
porque, pelo facto de ser treinador, e já ter alguns hábitos de trabalho no que
diz respeito a pesquisa e criação de planos de aula, acabou por fazer com que
me sentisse algo à vontade perante esta tarefa. A meu ver nesta tarefa, o que
tive mais dificuldade foi a forma como me expressava, que por vezes não era a
melhor. Para combater estas dificuldades a PC teve um papel fundamental,
pois em todas as aulas, no fim das mesmas, ficava comigo a corrigir-me e a
aconselhar-me sobre a melhor forma de elaborar a minha maneira de me
expressar no papel. Para Bento (2003, p. 190) “a reflexão posterior sobre a
aula constitui a base para um reajustamento na planificação das próximas
aulas, uma vez que proporciona uma definição mais exata do nível de partida
e procede a balanços que devem ser tomados em conta na futura planificação e
organização do ensino”.
4.1.2 A realização
Durante o EP foram inúmeras as experiencias inesquecíveis que
surgiram e me enriqueceram, mas de longe pensar que tudo foi de certa forma
fácil de conquistar. Foram bastantes os imprevistos que encontrei relativamente
à prática. Para além de querer sempre fazer mais e melhor, e nunca baixar os
braços, foi juntamente com a ajuda da PC dos meus colegas de núcleo de
33
estágio que os consegui ultrapassar. A meu ver, “parar é morrer”, e um docente
deve procurar sempre ir em busca de mais conhecimento e de se tornar cada
vez melhor, pois com a evolução os tempos mudam, e os docentes tem de se
adaptar de uma forma rápida para não ficarem para traz. Por outras palavras,
nada é certo, nem existem formulas certas, para as coisas correrem bem. Para
determinados alunos é preciso uma postura, noutros outras, metodologias e
estratégias podem funcionar em determinadas turmas, e noutras não. Para
alem de que somos seres humanos e devemos estar em constante
aprendizagem, pois nos professores também devemos aprender de certa forma
com os alunos vem como com as experiencias vivenciadas.
Logo, a narração da mina realização, foca-se em aspetos relevantes
para o meu crescimento.
4.1.2.1 Controlo/Segurança da turma e criação de rotinas
Após o primeiro contacto com a turma (aula de apresentação), senti logo
que iria ter alguns problemas indisciplinares, o que levou logo a ponderar a
forma como iria encarar e lidar com a turma, isto porque, atendendo há minha
maneira de ser, e pelo facto de gostar que tudo corra bem, não iria tolerar faltas
de disciplina, nem dar azo a que existisse desavenças no decorrer das minhas
aulas. Apesar de não gostar de ter uma postura “militar” senti que se não os
encarasse desta forma acabaria por ter muitas dificuldades posteriormente e
que os alunos encarassem a minha aula como sendo um espaço lúdico.
Depois de transmitir as minhas ideias, informar sobre as regras que iria
exercer, esperava que as coisas se tornassem mais fáceis. Ao longo do tempo
comecei a conhecer melhor a turma, e acabei por criar alguma afinidade com a
turma, ao mesmo tempo que durante as aulas e eles já me conhecendo,
bastava algumas expressões faciais para eles interpretarem o que me passava
pela cabeça. No decorrer do EP comecei a aperceber-me que alguns dos
comportamentos que existiam surgiam pelo facto de alguns destes alunos
terem falta de atenção, carinho, e nalguns casos bastante vezes conversar com
os alunos, onde estes se podiam expressar em determinados momentos, que
34
Realização da Prática Profissional
fizeram com que as suas posturas mudassem drasticamente.
Ao fim de algum tempo, pensava que poderia deixar de adotar o estilo
diretivo, mas não foi o caso, sempre que por algum motivo facilitava, alguns
alunos faziam questão de não levarem as coisas de forma seria, ou seja, a
minha capacidade de tolerância na maioria das vezes tinha de se tornar zero.
Esta atitude fez com que ganhasse o respeito da turma.
Penso que foi a estratégia mais adequada, a fim de levar esta turma a
cumprir os objetivos inicialmente propostos, porque apesar de tudo, o facto de
aula de educação física ser diferente das outras aulas teóricas, é normal existir
alguma dispersão durante a mesma.
Recordo-me de nas primeiras reuniões e apos ter observado as aulas
dos meus colegas, onde as turmas deles acabavam por ter um comportamento
mais adequado, sentia-me “chateado” pela minha não ter o mesmo
comportamento. Ao fim de um tempo verificou-se que a minha turma sentia não
só dificuldades em saber estar, mas não era por este motivo que iria baixar os
braços, pelo contrário, encarei também como um desafio que a meu ver
consegui atingir.
Segundo Oliveira (2002, p. 83) “as regras e rotinas da sala de aula são
necessárias para a tranquilidade, a harmonia e a eficiência das aulas, devendo
ser ajustáveis ao sistema mutável de trabalho”.
Após conseguir controlar a turma, e de as regras e rotinas estarem bem
presentes, o docente consegue realizar e cumprir os seus objetivos, apesar de
que nem sempre devido a outros fatores alem dos que acima refiro, nem
sempre se consegue atingir o que está planeado.
Outro fator que esteve sempre patente no meu EP, era a segurança, ou
seja estava presente em todas as aulas. A segurança apesar de estar presente
em todas as aulas, foi na modalidade de ginástica onde se teve de vincar mais,
isto porque, é nesta modalidade que acaba por se evidenciar mais, e onde por
norma o professor acarreta mais responsabilidade, pelo que devemos por em
primeiro lugar sempre a segurança do aluno.
35
Realização da Prática Profissional
Depois de ter vivenciado todas as experiencias que ocorreram durante o
EP, afirmo que a criação de regras e rotinas, bem como o controlo da turma e
as questões da segurança, são fatores indispensáveis para um bom
funcionamento da aula, ou seja, se estes fatores estiverem vem presentes
permite ao professor mais disponibilidade para lecionar, vem como os alunos
terão provavelmente um maior aproveitamento da aula.
4.1.2.2 A importância da comunicação, da instrução e dos
feedbacks
Ao longo de todo o meu percurso, fui observando e verificando o quanto
é importante ter uma boa comunicação. A comunicação deve ser clara, concisa
e precisa, o que levará a que não exista mal entendidos. Relativamente ao EP
fui verificando, que a comunicação desempenha um papel muito importante
para a eficácia pedagógica, aparecendo assim como um fator de relevo para o
processo de ensino-aprendizagem.
Para o professor, a comunicação acaba por ser uma “ferramenta” muito
importante, pois é a partir dela que ira conseguir comunicar e controlar diversas
situações, ou simplesmente expressar o que pretendemos.
Para Rosado e Mesquita (2011, p. 73), “a persuasão é a melhor
preditora da ação e, nesse sentido, no processo de instrução o professor deve
recorrer de forma consciente à paralinguagem (volume de voz, ressonância,
articulação, entoação) e, de uma maneira geral, aos aspetos não-verbais
da comunicação (contacto visual, expressões faciais, entusiasmo do
professor), bem como à congruência entre mensagens verbais e não-verbais”.
Posto isto a forma como comunicamos, não deve ser sempre igual, pois
existe por exemplo uma grande diferença entre motivar um aluno, ou
simplesmente instruir este para uma determinada tarefa.
Não descurando a forma da comunicação utilizada pelo professor, este
36
Realização da Prática Profissional
também deve ser conhecedor da matéria a transmitir, e de ter a capacidade de
adaptar o vocabulário no ato da instrução, permitindo assim que os alunos
compreendam melhor a exercício. Para Rosado e Mesquita (2011, p. 80) “a
forma como a instrução é realizada interfere na interpretação que os alunos
fazem das tarefas, o que influencia a realização das mesmas”.
Direcionando-me para este ano de EP, a minha dificuldade notou-se mais nos
momentos de chamada de atenção onde por vezes o meu tom de voz acabava
por ser algo agressivo. Com a ajuda da PC acabei por ir melhorando aos
poucos. Outra dificuldade que acabei por encontrar no início do ano, era o facto
de a minha comunicação por vezes ser um pouco rápida, o que levava a que a
instrução aos alunos por vezes não chegava completa aos mesmos, o que
fazia com que tivesse de despender de mais tempo para uma nova explicação.
Mas tendo em conta que tinha já alguma noção deste meu “problema” tentei
desde cedo, melhorar a minha instrução, fazendo-a mais pausadamente, bem
como a imediata demonstração para que facilitasse a interpretação dos alunos
sobre o que era pedido. Desta forma, foi possível que os alunos conseguissem
uma “representação” do que era pretendido. Com o avançar dos tempos, pude
constatar que o facto de os alunos visualizarem, facilitava imenso, e que era o
complemente ideal para poderem assimilar a instrução. Para Rosado e
Mesquita (2011, p. 80) “a utilização de demonstração, a definição de regras
de segurança e de variantes na realização das atividades é enfatizada
como necessária para garantir a qualidade da instrução”.
Depois de instruirmos e verificarmos que a turma está a realizar os
exercícios de forma que pretendemos, surge o planear, realizar, avaliar, ou
seja, de ensinar. Colocar os alunos a exercitar não é a tarefa mais difícil a meu
ver, difícil, é conseguir ensinar. Os professores devem ter a capacidade de
observar o comportamento dos alunos, e saber identificar os erros, para
posteriormente corrigirem recorrendo ao feedback pedagógico.
No início, para que pudesse desempenhar melhor este papel obrigou-me em
certas modalidades a ter de pesquisar, para estar mais à vontade, e
37
Realização da Prática Profissional
conseguir identificar mais rapidamente os erros principais; com o avançar do
tempo, o desempenho desta tarefa acabou por ter um melhor desempenho,
pois acabou por ser o meu dia-a-dia, e o facto de começar a acumular
experiencias também me ajudou. Para além disto, a PC voltou novamente a ter
um papel decisivo, pois as suas correções e chamadas de atenção da minha
professora foram decisivas. Durante o ano letivo constatei que os alunos
gostavam de após terem sido corrigidos, e de uma intervenção por parte do
professor, queriam que o professor os observasse novamente para saber se
tinham melhorado ou não. Assim acabei por sentir necessidade de concluir o
ciclo de feedback, ou seja, apor intervir com um feedback a um aluno, devo
continuar a observa-lo para perceber se a informação transmitida foi entendida
ou não, e se consequentemente teve efeito na realização da sua ação,
terminando com uma ultima apreciação acerca da sua performance.
Outra conclusão a que cheguei foi que nem sempre devemos insistir na
correção do erro. Nem todos os alunos são iguais, então temos de utilizar
métodos diferentes. Existem alunos com alguma desmotivação para a aula de
EF, e se tivermos constantemente a insistir nas correções das suas ações, vão
-se sentir inferiores e vão aumentar a sua desmotivação, então para que tal
não aconteça, devemos procurar também utilizar feedback motivacional, com o
intuito de conseguir motivar o aluno em questão para a prática e realização da
tarefa. Constatei ao longo do ano, que em diversos casos é a ajuda que
determinados alunos necessitam, de se sentirem com mais confiança, pois
verifica-se que estes acabam por se empenhar mais na tarefa apos receberem
um feedback motivacional.
4.1.3 A avaliação
Segundo relata (Bento, 2003, p. 175) “A análise e a avaliação ligam-se,
em estreita retroacção, à planificação e realização. Nenhuma destas três
38
Realização da Prática Profissional
actividades é dispensável, se o professor pretender assumir corretamente as
suas funções”.
Será a partir da avaliação, que o docente irá tirar ilações do trabalho e
do seu planeamento realizado, isto é, o professor através da comparação da
fase inicial com a fase final, poderá verificar se existiu evolução perante os
resultados apresentados pelos alunos.
Ao saber que a avaliação é o momento que os alunos por norma dão
mais importância e valor, procurei sempre levar este aspeto com a maior
seriedade possível. Temos que ter um enorme sentido de justiça para
podermos ser o mais justos possível na atribuição de notas. Para poder e
tentar ser o mais justo possível durante todo o EP, a avaliação dividiu-se em
três partes, nomeadamente, na avaliação diagnostica (AD), na avaliação
contínua e formativa na avaliação sumativa (AS).
Tendo em conta todos estes fatores, antes de começar a UD, efetuei a
AD de maneira a tentar “perceber” em que nível se encontrava cada aluno
relativamente à sua disponibilidade motora para uma determinada modalidade.
Com este tipo de avaliação vai-me permitir adaptar e reajustar o planeamento,
tendo sempre em conta quais as necessidades que cada turma apresenta.
A AS é realizada sempre no final de cada UD, com o objetivo de fazer
um balanço final da performance dos alunos. Algo que acabei por confirmar foi
que durante todo o ano, o momento em que os alunos dão mais importância, é
a este momento, verificando-se que os alunos chegam a dar importância a
todos os pormenores. Da mesma forma, que alguns alunos chegam a pensar,
apesar das devidas chamadas de atenção, que só a AS é que irá contar para a
nota final, bom como a parte pratica, ou seja, não se lembram que a avaliação
é contínua, e que a nota se baseia em vários critérios, nomeadamente o teste
escrito, assiduidade e pontualidade, o empenho, entre outros. Apesar de os
alunos não darem importância a este crucial momento, a minha observação foi
constante perante cada aluno, pois como afirma Ribeiro e Ribeiro (1990, p.
359), “a avaliação sumativa procede a um balanço de resultados no
39
Realização da Prática Profissional
final de um segmento de ensino-aprendizagem, acrescentando novos
dados aos recolhidos e contribuindo para uma apreciação mais equilibrada
do trabalho realizado”.
A meu ver, a avaliação formativa é de extrema importância tanto para o
aluno como para o docente, isto porque permite ao professor analisar se o
aluno está a melhorar e no caminho correto para atingir os objetivos propostos
a partir das prestações demonstradas pelos alunos ao longo do tempo, ou por
outro lado, caso faltem no dia da AS (situação que ocorreu durante o meu EP)
não será necessário remarcar nova data, pois a sua avaliação foi elaborada ao
longo das aulas.
Outro aspeto chave que ainda não foi mencionada mas que esta
inerente às avaliações é a forma como as elaboramos e realizamos. Todas as
avaliações tinham como auxilio uma grelha elaborada pelo núcleo de estágio,
com os conteúdos a abordar bem como quais os critérios de avaliação. A meu
ver foi um grande suporte para a realização das mesmas, pois assim
estávamos focados no que iria observar, bem como acabava por não existir
margem para divagar ou perder-me na avaliação.
Neste parâmetro de salientar o papel importante que a PC teve, ao ser
imprescindível no auxílio da construção das grelhas, dando-nos sempre
orientações da melhor forma para elaboração das mesmas.
4.2 Área 2 - Participação na Escola e Relação com a
Comunidade
4.2.1 Corta-Mato
O Corta-Mato é um atividade que se realizada na escola, no meu EP
realizou-se no segundo período, apesar de que a sua preparação começou
ainda no decorrer do primeiro período. Este evento foi trabalhado e organizado
pelo grupo de EF, contando também com o envolvimento de todo o núcleo de
40
Realização da Prática Profissional
estágio. Este evento destinou-se a todos os alunos da Escola Secundária
Augusto Gomes. Na parte das inscrições cada Docente da disciplina era
responsável por recolher nas turmas que lecionavam as inscrições dos seus
alunos, sendo que, posteriormente se juntaram todas e se criou um único
ficheiro composto por todas as turmas e alunos inscritos.
Outro momento que gostei de vivenciar foi toda a organização do
evento, ou seja, toda a preparação prévia que existiu, nomeadamente as fichas
de inscrição, a preparação e planeamento do percurso para cada escalão, os
transportes entre outros.
Esta atividade parece de fácil organização, mas não é, pelo contrário,
envolve muita gente, e por seu lado acarreta muita responsabilidade, pois os
alunos para a realização do evento, tinham de se deslocar para o parque da
cidade, que ainda fica alguma distância da escola. Quando falamos deste
evento estamos a falar de varias faixas estarias e a responsabilidade que
aparece é enorme, pois os alunos por vezes não respeitam as regras pré-
estabelecidas e o receio de que algo corra menos bem, é enorme.
Tudo correu bem durante o evento, e os alunos demonstraram grande
prazer em participar na atividade, levando a que todos os intervenientes que
organizaram a atividade no fim sentissem o prazer de a ter realizado.
Pessoalmente, gostei de fazer parte desta atividade, e recordar as
atividades que no meu tempo também existiam e eu participava.
Um aspeto que gostei e achei muito importante foi o facto, de os alunos
no fim da atividade serem premiados com trofeus ou medalhas, o que por si só,
já aumenta a motivação dos alunos.
4.2.2 Trabalho realizado na comunidade escolar- Bola na barra /
Desporto escolar / torneios concelhios.
Desde o primeiro momento, foi transmitido ao núcleo de estágio que
teríamos de realizar e preparar uma atividade para a escola, nos dias de
41
Realização da Prática Profissional
encontro. Numa reunião de núcleo de estágio ficou decidido que a atividade
que iriamos realizar, seria a “Bola na Barra”. Esta atividade mostrou ter muito
“sucesso” perante os alunos da escola, visto ter tido uma grande adesão por
parte dos mesmos. A atividade consistia numa espécie de torneio, onde os
alunos uma hora antes se inscreviam, e de forma aleatória competiam aos
pares, ou seja um contra um, sendo o que ganhasse avançava na competição
e o que perdesse ficava automaticamente eliminado. Esta atividade alem de
uma grande adesão por parte dos participantes, ainda teve uma grande adesão
por parte do “publico”, que acabou por criar um grande ambiente de festa em
torno da mesma.
Também nos foi transmitida a informação que deveríamos acompanhar
o desporto escolar. Eu acompanhei o desporto escolar da modalidade de Ténis
de mesa, onde os treinos decorriam à segunda e Quinta-feira após as aulas
terminarem, e tínhamos como função auxiliar e instruir os alunos a quando da
exercitação da modalidade.
Os torneios concelhios acabou por ser a atividade em que tive mais
“prazer” de acompanhar e participar. Acompanhei a professora responsável
pela modalidade, e a tarefa que ambos desempenhávamos era a de
treinadores. A modalidade era sem dúvida a que me sentia mais à vontade, ou
seja, o andebol. De referir que estes torneios concelhios consistem num torneio
inter escolas secundárias do concelho de Matosinhos. A equipa da escola era
constituída por alunos da Escola secundária Augusto Gomes. Para criar a
equipa foi necessário realizar treinos de captação, isto é, numa primeira fase
qualquer aluno poderia participar e inscrever-se para pertencer à equipa e
posteriormente fazia-se um “seleção” dos alunos que demonstravam mais
capacidades para participar na atividade.
Antes de a atividade começar propriamente dita, realizaram-se três
treinos de preparação, onde se pode verificar quais as capacidades dos alunos,
de forma a potencializa-las em competição.
A competição teve a duração de 3 dias sendo que a experiencia foi
42
Realização da Prática Profissional
muito engraçada tanto para os alunos, que vivenciam muito estas atividades,
como para mim, que acabei por conhecer outros docentes doutras escolas e ao
mesmo tempo juntar alguma competição saudável que tanto adoro.
4.2.3 Turmas Partilhadas
No início do ano letivo, depois, de a distribuição das turmas pelos EE, a
PC informou-nos que para além de uma turma, iriamos ter uma turma
partilhada do Ensino Secundário (a lecionação desta turma iria decorrer
durante todo o ano letivo) e uma turma do 2º ciclo de 5º ano (iriamos abordar
duas UD, sendo que esta ultima não iria pertencer a nossa escola mas sim à
Escola EB 2/3 Óscar Lopes de Matosinhos (escola TEIP).
Por achar que o EP era a oportunidade para experienciar todas as
oportunidades possíveis, a meu ver, foi uma oportunidade excelente para todos
nós aproveitarmos esta experiencia.
A turma do 12º era uma turma por assim dizer exemplar, ou seja, com
um comportamento excelente, sempre motivados e empenhados para a
realização das aulas de EF. Esta turma era constituída maioritariamente por
rapazes e três raparigas. Apesar de EF não interferir na nota de candidatura no
ensino superior, esta turma encarava as aulas de forma muito seria, dando
sempre o seu máximo nas mesmas.
Todas as modalidades a meu ver foram “fáceis” de lecionar, visto que, a
turma mostrava um enorme interesse em melhorar constantemente, nunca se
dando por satisfeita e querendo sempre mais.
Por outro lado a turma do 5º não tinha nada a ver com o que já tínhamos
vivenciado. Atendendo ao facto de quase não termos nenhum tipo de
informação referentes a esta turma, a primeira aula acabou por ser um grande
“choque” para todos nós. A nível de comportamento a turma era
completamente indisciplinada, e nem o facto da primeira modalidade abordada
ter sido o futebol, nos ajudou muito. Existiam inúmeros alunos completamente
43
Realização da Prática Profissional
desmotivados para a prática, e tirando alguns alunos, a maioria demonstrava
imensas dificuldades motoras na realização dos exercícios propostas. No final
da primeira aula, reunimos (núcleo de estágio) e dialogamos durante bastante
tempo, sobre o decorrer da aula. Chegamos à conclusão que estávamos
perante um grande problema, isto é, de conseguir controlar a turma e ao
mesmo tempo conseguir que estes se empenhem nas tarefas propostas. Um
dos temas mais “trabalhados” na primeira reunião após lecionarmos a turma de
quinto ano debateu-se com que estratégias e formas que iriamos adotar para
poder conseguir resolver este problema. Percebemos que apesar de serem
crianças, a forma como as abordaríamos teria de ser a partir do estilo diretivo
para que estes começassem a respeitar-nos por assim dizer. Outra estratégia
seria a utilização de “recompensas”, isto é, se os alunos se portassem bem e
realizassem as tarefas propostas, no final da aula deixávamos que estes
realizassem uma tarefa proposta por eles. Estas “estratégias” acabaram por
surtir efeito no decorrer do tempo.
Referindo mais a parte da liderança, esta turma, acabou por ser a que
me criou mais problemas. Apesar de achar que consegui no decorrer do tempo
ter a grande maioria dos alunos “do meu lado”, admito que muitas foram as
vezes em que tive que fazer um grande esforço para conseguir ter calma e
tentar resolver os problemas de forma mais simpática. Esta experiencia só veio
reforçar a minha ideia que é, a mesma forma de lidar com um aluno pode não
dar para os outros. Posso concluir que lecionar esta turma foi um grande
desafio, desafio este que por vezes pôs em causa se iria conseguir obter
sucessos, pois eram imensas as adversidades que surgiam nesta turma. O
“simples” ato” de elaborar o plano de aula era diferente pois estes alunos eram
diferentes dos que antes já tínhamos lecionado, tanto a nível motivacional,
como de empenho e comportamental, pois tínhamos de antecipar todas as
suas ações no decorrer das tarefas.
44
Realização da Prática Profissional
4.2.4 Direção de turma
Durante este ano letivo foi-me permitido acompanhar as funções do
Diretor de Turma (DT), onde tive o privilégio de acompanhar todas as reuniões
de Pais e Encarregados de Educação, todas as reuniões semanais de Equipa
Pedagógica, conselhos de Turma intercalares e de Avaliações de final de
período, e em diversas reuniões individuais com Encarregados de Educação.
Enquanto aluno, nunca me tinha passado pela cabeça que o DT tinha
todas estas funções (fora outras). Após iniciar esta nova etapa da minha vida
enquanto docente, comecei a ter a preocupação de perceber a importância e
quais as funções que o DT desempenha, nomeadamente a nível administrativo,
relação com os outros docentes e também nas relações humanas. Deparei-me
com a dificuldade que por vezes existe por parte dos DT, pois são eles o
principal elemento de ligação entre a escola e os encarregados de educação. O
horário de trabalho e a falta de tempo eram as razões que maioritariamente os
encarregados de educação apresentavam no momento e na hora de se
estabelecer este contacto, dificultando a relação da escola com este. Nem
todos os encarregados de educação apresentavam este pretexto sendo que
muitos deles sempre que possível tentavam inteirar-se da postura e rendimento
escolar dos seus educandos.
O DT acaba por ter de desempenhar dois papéis, ou seja, se por um
lado coordena um grupo de docentes, por outro, é um elemento do sistema de
gestão da escola onde coordena o conselho de turma.
Ambas as funções em cima referidas estão diretamente ligadas ao
processo de liderança, ou seja tem de se desempenhar por vezes uma postura
firme perante situações indesejáveis, relativamente a competências
pedagógicas.
Relativamente a turma do 7ºA, a DT tinha sem dúvida, o perfil mais
indicado para poder desempenhar este papel. Era uma pessoa cheia de força,
alegria e entusiasmo que ao longo do ano teve de desempenhar varias tarefas
perante os casos de diversa natureza que os alunos lhe colocavam.
45
Realização da Prática Profissional
Uma das minhas primeiras tarefas, foi a realização da caraterização
minuciosa da turma, o que me levou de certa forma a começar por
compreender algumas das atitudes de alguns alunos, e que posteriormente tive
o papel de transmitir as informações recolhidas e trabalhadas por mim, ao
conselho de turma. Esta primeira tarefa, fez com que sentisse que como
tivesse aberto uma porta, ou seja, comecei a sentir que passei a ser um
elemento integrante deste conselho de turma.
No decorrer de varias reuniões, foi-me percetível muitas vezes que o
meu contributo poderia ser valioso a nível da perceção da turma
nomeadamente nos alunos mais influentes e que tinham um comportamento
mais instável, isto porque, nas aulas de EF era possível observar os seus
comportamentos a nível social e de grupo. Por outras palavras, era-me
possível observar comportamentos tanto da turma como de alunos de forma
individual, o que levou a que no conselho de turma, a minha participação
também era tida em conta.
Nas várias reuniões de conselho de turma, alguns dos aspetos que eram
constantemente abordados, era relativamente à assiduidade/pontualidade, o
comportamento, e as estratégias que o conselho de turma iria elaborar para o
sucesso dos alunos.
Outro aspeto que me surpreendeu foi a atribuição de notas
(principalmente nesta ultima reunião, onde foram atribuídas as notas do
terceiro período). Surpreendeu-me pelo facto de as classificações poderem ser
alteradas tendo em conta a perceção de cada professor, relativamente ao
aluno, podendo ser alteradas tanto em prol como em prejuízo do aluno. Esta
alteração era feita a partir do voto.
Na minha participação nas reuniões de pais, foi me possível constatar, o
quanto eram importantes as reuniões do conselhos de turma, isto é, a forma
como a informação era trabalhada, para posteriormente ser transmitida aos
pais e encarregados de educação, levou-me a verificar que existem diversos
modos de atuação de um DT.
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Realização da Prática Profissional
Ao longo do ano letivo fui criando ligações com todos os elementos que
formavam este grupo, sendo que em claro destaque com a DT, que foi o
elemento que mais acompanhei e mais vivenciei. Todas as experiencias
retiradas e vivenciadas, acabaram por me oferecer um conjunto de vivências
inexplicáveis, pois foi-me possível adquirir competências em diversas funções.
47
Realização da Prática Profissional
4.3 Área 3 – Desenvolvimento profissional
4.3.1. Estudo de Investigação-ação: “Quais os efeitos da
retenção e qual a motivação dos alunos para a obtenção do sucesso escolar”,
4.3.2 Problemática
Com este estudo pretendo focalizar-me sobre a seguinte questão:
“Quais os efeitos da retenção e qual a motivação dos alunos para a obtenção
do sucesso escolar” a partir desta questão demonstra qual o estudo que
pretendo compreender. A motivação está presente em vários estudos
realizados sobre a ação humana, sendo que, acaba por ser estudada e
discutida em diferente aspetos e áreas. Na área do ensino acaba por
desempenhar um papel fundamental, ou seja revela uma grande importância
relativamente ao rendimento dos alunos. É importante entender a motivação
dos estudantes relativamente à escola.
4.3.3.1. Enquadramento teórico
A origem da palavra motivação vem do verbo latim “movere”. Esta
expressão transmite a ideia de movimento, e está relacionado com o facto de
a motivação levar a que as pessoas façam algo devido a esta.
É viável juntar à motivação para a aprendizagem a distinção entre
motivação extrínseca e a motivação intrínseca. A motivação extrínseca está
direcionada relativamente ao desempenho escola com vista as recompensas
sociais, nomeadamente agradar aos pais, receber elogios ou por outro lado
para evitar castigos, etc. A motivação intrínseca está direcionada aos alunos,
que gostam de realizar as atividades pelo gosto em si. Posto isto, e de forma a
48
Realização da Prática Profissional
elucidar melhor estes dois tipos de motivação, irei em seguida abordar outra
teoria mais atual, ou seja, a teoria da Autodeterminação.
Teoria da autodeterminação
No início do seculo XX, mais propriamente na primeira metade, os
estudos demonstravam que os fatores extrínsecos era de certa forma os que
mais preocupam. Com o avançar do tempo, mais propriamente na segunda
metade do seculo, é que começaram a introduzir a motivação intrínseca. Posto
isto, as novas teorias vinham por em causa as teorias comportamentalistas
que estavam orientadas para os motivos extrínsecos despertando o interesse
dos investigadores.
Assim sendo, as investigações levaram a criação da Teoria da
Autodeterminação. A Teoria da Autodeterminação diz que o comportamento
humano é estimulado por três carências psicológicas primárias e universais, e
são elas, autonomia, capacidade e relação social. A carência de autonomia
segundo (Murcia e Coll, 2006, p.6) “compreende os esforços do indivíduo
para ser o agente, para estar na origem de suas ações, para ter voz ou
força para determinar o próprio comportamento”. A falta de relacionamento
social leva para a criação de relações, ou seja, existe a preocupação com os
outros, onde acaba por se sentir aceite. A carência de ser capaz, leva para a
tentativa de tentar confirmar o resultado apos experienciar efetivamente.
Observa-se que a motivação mais autodeterminada irá promover
sensações de infelicidade e abandono.
A motivação intrínseca é quando a execução de uma determinada
tarefa leva a satisfação da realização da mama, por outras palavras, a
atividade é um fim em si mesma. A motivação intrínseca deve ser tido muito
em conta, pois o facto de existirem gratificações exteriores poderá por em
causa este tipo de motivação (Rocha, 2009). As gratificações exteriores
podem ter um papel que influencie em dois sentidos: pode diminui-la pois o
49
Realização da Prática Profissional
sujeito sente que o foco já não e o da tarefa, ou por outro lado, aumenta-la,
quando a gratificação faz com que a informação que o sujeito recebe, leva
para o aumento da competência da tarefa.
A Teoria da Autodeterminação tem vindo a ser levada como uma
referência útil para interpretar e perceber os dilemas motivacionais nas
escolas da atualidade.
4.3.3.2 Objetivos do estudo
Os objetivos esclarecem o que é designado fazer, e quais os
parâmetros a investigar neste estudo. É importante definir os objetivos, pois
vão ser estes que vão restringir o estudo, pois dentro do mesmo tema pode-se
estudar a motivação de várias formas.
Assim escolhi como objetivo geral:
Verificar se após a retenção os alunos estão motivados
para encarar a escola no ano seguinte e quais os efeitos
que a retenção surtiu nos alunos.
4.3.3.3 Fase Metodológica
É nesta fase que se vai operacionalizar o estudo, isto é, será nesta fase
que se ira realizar a caracterização da população alvo, o procedimento de
recolta de dados, como também os métodos para a análise de dados.
4.3.3.4 Caracterização da população alvo
Depois do investigador restringir o seu terreno de atuação, irá encontrar
três hipóteses para a colheita de dados, poderá limitar a uma amostra
representativa desta população, poderá aplicar a sua análise a toda a
50
Realização da Prática Profissional
população, ou então, estuda apenas algumas componentes muito típicas
ainda que não estritamente representativas da população escolhida (Quivy
e Campenhoudt, 2008).
Assim sendo, a minha população alvo é a turma do 7ªA, turma
constituída só por aluno retidos no ano anterior, e que frequentam a Escola
Secundária Augusto Gomes, com idades entre os 14 e os 16 anos de idade.
Conto então com 24 alunos, sendo que 15 são do sexo feminino e 9 do sexo
masculino.
4.3.3.5 Instrumento de recolha de dados
Na recolha de dados optei por utilizar um questionário elaborado por
mim, pois não encontrei a meu ver um que se adequa-se e fosse em contra ao
tema por mim escolhido. Este Questionário procura identificar qual a motivação
e quais os efeitos que a retenção tem sobre os alunos. O questionário é
constituído por 20 questões. Cada questão é respondida numa escala de Likert
de um a (discordo muito) a cinco (Concordo muito).
O questionário foi aplicado a turma do 7ºA, sendo que, antes de
preencherem o questionário, foram instruídos sobre o tema do questionário.
Durante a realização do mesmo, os alunos foram apresentando as suas
dúvidas. O questionário revelou-se de fácil preenchimento, e teve a duração
aproximadamente de 15 minutos. Para a aplicação deste questionário foi
necessário a autorização do Diretor da escola, que autorizou a aplicação do
mesmo.
Após o preenchimento dos questionários, realizei o tratamento dos
mesmos, procedendo a uma análise individual cuidada de cada questionário,
ou seja, após observar cada resposta a cada questão registei o resultado
obtido.
Após concluir e registar todos os dados obtidos, estes foram introduzidos no
SPSS, sendo que posteriormente foram elaborados gráficos a seguir
52
Realização da Prática Profissional
4.3.3.6 Apresentação dos resultados
Todas as questões do inquérito têm como possibilidade de resposta
cinco hipóteses de um a cinco. Sendo que, um significa discordo totalmente e
cinco significa concordo totalmente.
Quadro 1 – Gosto de aperfeiçoar constantemente as minhas competências pessoais
A primeira questão relativa ao gosto de aperfeiçoar as minhas
competências constantemente. É possível identificar que os alunos se
encontram motivados (75%) para aperfeiçoar constantemente as suas
competências, sendo que, para 16% da turma é indiferente (ver tabela 1).
Quadro2 – Sou solidário com as outras pessoas, mesmo que não sejam das minhas relações de amizade
A segundo questão relativa ao sou solidário com as outras pessoas,
53
mesmo que não sejam das minhas relações de amizade. Podemos constatar
que 75% dos alunos gostam de ser solidários com outras pessoas
independentemente de terem algum tipo de relação de amizade ou não.
Realização da Prática Profissional
Quadro 3 – Tenho um desejo secreto de chamar a atenção das pessoas
Na terceira questão relativa é tenho um desejo secreto de chamar a
atenção das pessoas. Pode-se constatar que nesta questão existem 2 pessoas
com esta necessidade representando 8,3% e que 6 pessoas (25%) respondeu
indiferente.
Quadro 4 – Esforço-me por melhorar constantemente os meus resultados escolares
Na quarta questão, Esforço-me para melhorar constantemente os meus
resultados escolas, é de salientar que quase metade da turma (45,8%) mostra-
se indiferente, e que dois alunos responderam que não tentavam melhor os
seus resultados, o que no total dá uma percentagem de 54.2%.
54
Realização da Prática Profissional
Quadro 5 – Sinto satisfação quando vejo que uma pessoa que me pediu ajuda fica feliz com o meu apoio
Relativamente a quinta questão, sinto satisfação quando vejo que uma
pessoa que me pediu ajuda fica feliz com o meu apoio, quase todos os alunos
demonstraram que se sentem satisfeito por verificar que a sua ajuda deixou
alguém feliz.
Quadro 6 – Insisto numa determinada opinião apenas por teimosia
Na sexta questão, insisto numa determinada opinião apenas por
teimosia, os resultados revelam, 25 % dos alunos insiste em ser teimoso só por
“capricho”. Sendo que metade da turma demonstra não ter este tipo de
atitudes.
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Realização da Prática Profissional
Quadro 7 – Gosto de saber se o meu trabalho foi ou não bem realizado, de modo a fazer melhor no futuro
Na sétima pergunta, gosto de saber se o meu trabalho foi ou não bem
realizado, de modo a fazer melhor no futuro, os resultados demonstram que
quase a totalidade da turma gosta de saber o resultado dos seus trabalhos
(91,7%). Apesar de existirem dois alunos que demonstraram indiferença, não
se assinalou nenhum aluno que não gostasse de saber o resultado do seu
trabalho.
Quadro 8 – Tenho discussões com os outros porque costumo insistir naquilo que penso que deve ser feito
Na oitava questão, tenho discussões com os outros porque costumo
insistir naquilo que penso que deve ser feito, 29,2% demonstrou indiferença
nesta questão, sendo que 50% demonstra que gosta de defender as suas
ideias e que argumenta para que elas sejam tidas em conta. Os restantes 20,8
demonstra passividade sobre esta questão.
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Realização da Prática Profissional
Quadro 9 – Procuro fazer cada vez melhor
Na nona questão, procuro fazer cada vez melhor, verificou-se que um
aluno não tem como objetivo melhor, cinco alunos demonstraram indiferença
sobre tentar “evoluir”, mas 71,8% dos alunos respondeu que tenta melhorar
sempre.
Quadro 10 – Procuro ser uma pessoa amável
Na décima questão, Procuro ser uma pessoa amável, não existiu
nenhum aluno a responder que discordava. Por outro lado 3 alunos
demonstram serem indiferentes a esta questão.
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Realização da Prática Profissional
Quadro 11 – Procuro relacionar-me com pessoas que se destacam
Na décima primeira questão, procuro relacionar-me com pessoas que se
destacam, a maioria dos alunos 54,2% demonstrou ser indiferente, sendo que
29,2% demonstrou preocupação em se relacionar com pessoas que se
destacavam.
Quadro 12 – Após a retenção procurei alterar a minha forma de estudar
Na décima segunda questão, após a retenção procurei alterar a minha
forma de estudar, a maioria dos alunos 79,2% respondeu que procurou alterar
a sua for de estudar.
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Realização da Prática Profissional
Quadro 13 – Após a retenção encarei a escola de uma maneira responsável
Na décima terceira questão, após a retenção encarei a escola de uma
maneira responsável, 70,8% dos alunos começou a encarar a escola de
maneira responsável, sendo que, 16,7% dos alunos após a retenção não
encarou a escola de uma maneira responsável.
Quadro 14 – Sinto-me satisfeito por trabalhar em grupo com pessoas que gostam de mim
Na décima quarta questão, sinto-me satisfeito por trabalhar em grupo
com pessoas que gostam de mim, 87,5 % dos alunos demonstrou que gosta de
trabalhar com os colegas com os quais mantêm uma relação de amizade. Os
restantes 12,5% demonstrou sem indiferente relativamente aos colegas com
quem tem de trabalhar em grupo.
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Realização da Prática Profissional
Quadro 15 – Se puder escolher as pessoas para os trabalhos de grupo, procuro exercer uma posição de liderança
Na décima Quinta questão, se puder escolher as pessoas para os
trabalhos de grupo, procuro exercer uma posição de liderança, 37,5% dos
alunos, demonstraram gostar de serem líderes, sendo que metade dos alunos
demonstrou uma posição de indiferença e 12,5% dos alunos não gosta de
exercer uma posição de liderança em trabalhos de grupo.
Quadro 16 – Procuro sempre pessoas que façam o trabalho todo e que eu não tenha que intervir
Na décima sexta questão, procuro sempre pessoas que façam o
trabalho todo e que eu não tenha de intervir, 87,2% demonstra que gosta de
intervir na realizam de trabalhos, sendo que para um alunos é indiferente ter de
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Realização da Prática Profissional
trabalhar ou não, e dois alunos demonstraram que procuram pessoas que
façam todo o trabalho.
Quadro 17 – Fico preocupado quando sinto que de alguma forma contribuí para o mal-estar das relações da turma
Na décima sétima pergunta, fico preocupado quando sinto que de
alguma forma contribui para o mal-estar das relações da turma, 20,8% da
turma demonstrou que não fica preocupado se contribuiu para o mal-estar das
relações da turma. Por outro lado 33,3% da turma demonstrou ser-lhes
indiferente e 45,8% demonstrou que fica preocupada quando contribui para o
mal-estar das relações da turma.
Quadro 18 – Encarei a retenção como um “acidente de percurso” e que não preciso de me preocupar este ano
Na décima oitava questão, encarei a retenção como um “acidente de
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Realização da Prática Profissional
percurso” e que não preciso de me preocupar este ano, 33,3% dois alunos
encarou a forma como um “acidente de percurso”, outros 33,3% dos alunos
não acha que a retenção tenha sido um acidente de percurso.
Quadro 19 – Após ficar retido no ano anterior fiquei mais motivado para frequentar a escola, e em provar que foi
desleixo
Na décima nona pergunta, após ficar retido no ano anterior fiquei mais
motivado para frequentar a escola, em provar que foi desleixo. 68,3 % dos
alunos demonstrou que após a retenção a sua motivação aumentou. Para 25 %
dos alunos o facto de ficarem retidos no ano anterior, não alterou a sua
motivação para encarar a escola, e 16,7 dos alunos respondeu que não ficou
mais motivado para encarar a escola após ter ficado retido.
Quadro 20 – Perdi a vontade de ir para a escola após ficar retido no ano anterior
62
Realização da Prática Profissional
Na vigésima questão, perdi a vontade de ir para a escola após ficar
retido no ano anterior, 54,2% dos alunos, respondeu que não perdeu a vontade
de ir para a escola após ficar retido, sendo que 20,8% dos alunos perdeu a
vontade de frequentar a escola após ficar retido no ano anterior.
4.3.3.9 Discussão de resultados
A motivação intrínseca vem vindo a ser refletida como a motivação que
mais leva os alunos a direcionar mais esforços, a revelar uma maior
persistência e também a desenvolver um maior grau de satisfação.
A identificação de maior motivação intrínseca revelada neste estudo é
um fator importante para os docentes, visto que, assim leva à atuação do
professo, como relata (Rocha, 2009, p. 32) “seja estruturada com base no
interesse do praticante, facilitando a escolha das atividades, o ritmo das
aulas, o comportamento relacional e a maneira de motivar para uma prática
alegre e de prazer”.
Neste estudo não se verificou a realidade verificada nas escolas e nos
seus alunos que as frequentam, os resultados deste estudo não vão ao
encontro à realidade, ou seja, hoje em dia, a grande parte dos alunos revela
pouco interesse pelas atividades da escola, e mesmo após a retenção onde os
alunos por norma demonstram uma maior desmotivação, mas este estudo
demonstra que talvez pelo facto de terem ficado retidos no ano anterior,
passaram a encarar a escola de outra forma. Para além disso o facto de a
maioria responder que após ficar retido levou a que encarassem a escola de
maneira diferente e pelo facto de a retenção levou a que a grande maioria
procura-se alterar a forma de estudar, leva a que haja uma coerência dos
resultados do estudo realizado.
A maioria dos alunos demonstrou pelos dados obtidos, maioritariamente
motivos de ordem extrínseca, tais como, procurar melhorar as notas, encarar a
escola de forma diferente, o facto de preferirem trabalhar em grupo com
63
pessoas que já têm uma relação de amizade, etc.
Realização da Prática Profissional
4.3.3.10 Conclusão do Estudo
Os alunos demonstraram estar mais motivado extrinsecamente do que
intrinsecamente para as atividades da escola.
No que refere aos motivos extrínsecos mais demonstrados pelos alunos,
foram o facto de procurarem trabalhar com colegas com quem têm uma relação
de amizade, o facto de a retenção levar a que encarassem a escola de uma
forma diferente, ou o facto de a retenção os fazer alterar a forma como
estudam.
Relativamente ao motivo intrínseco pelo qual os alunos demonstraram
ser mais relevante, foi pelo facto de querer cada vez serem melhores.
Este estudo, revelou, que a retenção poderá de certa forma aumentar
motivação dos alunos para a obtenção do sucesso escolar, e não o contrario,
ao mesmo tempo que os efeitos da mesma, acabam por ser benéficos, isto
porque levou os a encarar a escola de outra maneira, ao mesmo tempo que,
fez com que os alunos tivessem de encontrar outras estratégias para a
obtenção do sucesso escolar.
67
Conclusão
Com o terminar do ano de estágio e por sua vez com o terminar do EP,
sinto-me imensamente feliz e concretizado, pois assim termina certamente uma
das fases mais marcantes e importantes do meu percurso académico. Lógico
que não é sinonimo de parar de ir em busca de mais conhecimento, pois como
referi no relatório de estágio, “parar é morrer”, ainda para mais quando para um
docente, o adquirir de conhecimento nunca termina, ou seja é contínua e
interminável.
Durante o meu EP fui confrontado com inúmeras experiencias, onde
pude aplicar os conhecimentos que fui adquirindo na faculdade. Num contexto
escolar temos de ser capazes de nos adaptarmos ao nível dos alunos e assim
adaptar os conteúdos aos mesmos. Ser professor de educação física leva a
que seja necessário combater conta o desinteresse de alguns alunos. Numa
escola e se encontrarmos uma com a que estagiei é necessário ainda mais
adaptarmo-nos ao matéria, sempre com o objetivo de gerir a qualidade e
quantidade do mesmo pois são escassos, o que acaba por comprometer em
certa medida aprendizagem total. Apesar destas situações, acabaram por surtir
um efeito muito grande, pois acho que acabo por sair muito mais preparado do
que quando entrei, e acabei por desenvolver talvez mais, do que inicialmente
tinha pensado, a minha capacidade de improvisação. Acho que todos os EE
devem passar pelo maior número de adversidades durante EP, pois num futuro
próximo a resposta dada pelos mesmos será completamente diferente e para
melhor.
Em modo de conclusão, acabo por me sentir realizado por todo este
percurso que fiz ao longo deste ano letivo, e o mais importante é que me sinto
muito mais completo, e mais capaz de desenvolver a minha Futura profissão.
Além de tudo sinto-me feliz por já ter ensinado e transmitido alguns dos
conhecimento que tenho. Este ano irá ficar marcado para sempre, por todas as
68
experiências e vivências que tive a oportunidade de ter, mas também pelas
pessoas que fizeram parte de meu percurso.
71
7. Referencias Bibliográficas
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pedagógica em educação física a perspetiva do orientador de
estágio. Lisboa: Livros Horizonte.
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educação física nos ensinos básicos e secundário da Fadeup.
Porto: FADEUP.
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Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre
em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e
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Quivy, R., & Campenhoudt, L. V. (2005). Manual de Investigação em
Ciências Sociais. Lisboa: Gravida.
xxv
7. Anexo
Ano de escolaridade______ Idade_______
a) Responda às afirmações seguintes assinalando com um “X”, um número a que corresponde a
seguinte escala:1. Discordo Totalmente; 2. Discordo; 3. Indiferente; 4. Concordo; 5. Concordo
Totalmente.
Questionário Aluno
Integrado no âmbito do Estágio Profissional do 2ºciclo em Ensino de Educação Física nos
Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto – FADEUP,
este questionário é parte integrante do estudo de Investigação-Ação intitulado “Quais os efeitos
da retenção e qual a motivação dos alunos para a obtenção do sucesso escolar”.
Pretende-se com este estudo avaliar a variação na motivação dos alunos após a retenção
escolar
Nota: Os dados recolhidos serão divulgados oportunamente e só serão utilizados no âmbito dos objetivos
estabelecidos, assim como a sua confidencialidade será respeitada.
xxvi
1 2 3 4 5
1. Gosto de aperfeiçoar constantemente as minhas competências
pessoais.
2. Sou solidário com as outras pessoas, mesmo que não sejam das
minhas relações de amizade.
3. Tenho um desejo secreto de chamar a atenção das pessoas.
4. Esforço-me por melhorar constantemente os meus resultados
escolares.
5. Sinto satisfação quando vejo que uma pessoa que me pediu ajuda
fica feliz com o meu apoio.
6. Insisto numa determinada opinião apenas por teimosia.
7. Gosto de saber se o meu trabalho foi ou não bem realizado, de modo
a fazer melhor no futuro.
8. Tenho discussões com os outros porque costumo insistir naquilo que
penso que deve ser feito.
9. Procuro fazer cada vez melhor.
10. Procuro ser uma pessoa amável.
11. Procuro relacionar-me com pessoas que se destacam.
12. Após a retenção procurei alterar a minha forma de estudar.
13. Após a retenção encarei a escola de uma maneira responsável.
14. Sinto-me satisfeito por trabalhar em grupo com pessoas que gostam
de mim.
15. Se puder escolher as pessoas para os trabalhos de grupo, procuro
exercer uma posição de liderança.
16. Procuro sempre pessoas que façam o trabalho todo e que eu não
tenha que intervir.
17. Fico preocupado quando sinto que de alguma forma contribuí para o
mal-estar das relações da turma.
18. Encarei a retenção como um “acidente de percurso” e que não
preciso de me preocupar este ano.
19. Após ficar retido no ano anterior fiquei mais motivado para frequentar
a escola, e em provar que foi desleixo.
20. Perdi a vontade de ir para a escola após ficar retido no ano anterior.