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Alteridade Direito Dignidade - Liberdade Os traços que nos diferenciam dos outros Formação de vida Valores Linguagem Crenças Cultura Constituição Inclusão social Direitos Respeito Reconhecimento Condições de vida Expressão Religiosa Cultural Estado de espírito DIREITOS HUMANOS

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Alteridade – Direito – Dignidade - Liberdade

Os traços que nosdiferenciam dosoutros• Formação de vida• Valores• Linguagem• Crenças• Cultura

ConstituiçãoInclusão social

Direitos

• Respeito• Reconhecimento• Condições de vida

ExpressãoReligiosaCulturalEstado de espírito

DIREITOS HU

MA

NO

S

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O Negro na história social da arte brasileira

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Sentido amplo

• Feita por quem quer queseja

• Revela a condição donegro enquanto grupoétnico singular do pontode vista de outra etnia

• Negro como objeto

Sentido restrito

• Feita por negros oudescendentes de negros

• Revela as visões demundo e ideologias doponto de vista do negro

• Negro como sujeito

LITERATURA NEGRA

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Escritores do

Sentido amplo

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Ao padre Lourenço Ribeiro,homem pardo que foi vigárioda freguesia do Passé

Um branco muito encolhido,Um mulato muito ousado,Um branco todo coitado,Um canaz todo atrevido;O saber muito abatido,A ignorância e ignoranteMuito ufana e mui farfante,Sem pena ou contradição:Milagres do Brasil são.

Quem um cão revestido em padre,Por culpa da Santa Sé,Seja tão ousado queContra um branco honrado ladre;E que esta ousadia quadreAo bispo, ao governador,Ao cortesão, ao senhor,Tendo naus no maranhão:Milagres do Brasil são.

Gregório de Matos Guerra (séc. XVII)Barroco brasileiro

• Período colonial e escravocrata• Elite branca, europeizada• Moral religiosa católica• Racismo forte e institucionalizado

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Os escravos, de Castro Alves (1869)

Bandido Negro

Corre, corre, sangue do cativoCai, cai, orvalho de sangue

Germina, cresce, colheita vingadoraA ti, segador a ti. Está madura.

Aguça tua fouce, aguça, aguça tua fouce.(E. SUE - Canto dos filhos de Agar)

Trema a terra de susto aterrada...Minha égua veloz, desgrenhada,Negra, escura nas lapas voou.Trema o céu ... ó ruína! ó desgraça!Porque o negro bandido é quem passa,Porque o negro bandido bradou:

Cai, orvalho de sangue do escravo,Cai, orvalho, na face do algoz.Cresce, cresce, seara vermelha,Cresce, cresce, vingança feroz.

Dorme o raio na negra tormenta...Somos negros... o raio fermentaNesses peitos cobertos de horror.Lança o grito da livre coorte,Lança, ó vento, pampeiro de morte, Este guante de ferro ao senhor

• Propagandas abolicionista (1888) e republicana (1889)

• Crítica social e tomada de consciência: escravidão

• A condição do negro cativo: sentimento e protagonismo

• Revolta, indignação e o comportamento do negro escravo

• A realidade dos porões do navio negreiro

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Machado de AssisNo dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:– Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que…– Oh! meu senhô! fico.Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Êle continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe bêsta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas tôdas que êle recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre.O meu plano está feito; quero ser deputado, e, na circular que mandarei aos meus eleitores, direi que, antes, muito antes da abolição legal, já eu, em casa, na modéstia da família, libertava um escravo, ato que comoveu a tôda a gente que dêle teve notícia; que êsse escravo tendo aprendido a ler, escrever e contar, (simples suposições) é então professor de filosofia no Rio das Cobras; que os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem à lei, mas os que se antecipam a ela, dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu.Boas noites.

Crônica retirada do jornal “Gazeta de Notícias”, 19-05-1888.

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Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro Lobato (1920)

• D. Benta representava o clássico com suas histórias sobre os mitos e lendasdos povos antigos do ocidente. Era a ordem, aquela que ensinava.

• Tia Nastácia representava o popular com suas histórias brasileiras. Erameiga a negra que cuidava das crianças.

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Escritores do

Sentido restrito

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Úrsula, Maria Firmino do Reis (1859)

“Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e decativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéistormentos e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vidapassamos nessa sepultura até que abordamos as praias brasileiras. Paracaber a mercadoria humana no porão, fomos amarrados em pé e, para quenão houvesse receio de revolta, acorrentados como animais ferozes dasnossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa. “

Primeiro romance abolicionista do Brasil e um dos primeiros romances escritos por uma

mulher negra.

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Fragmento do romance Recordações doEscrivão Isaías Caminha. (1909)

[...] Não sei o que sentia de ignóbil em mimmesmo e naquilo tudo, que no fim estavasombrio, calado e cheio de remorsos.Desesperava-me o mau emprego dos meusdias, minha passividade, o abandono dosgrandes ideais que alimentara. Não; eu nãotinha sabido arrancar da minha natureza ogrande homem que desejara ser; abatera-me diante da sociedade; não souberarevelar-me com força, com vontade egrandeza... Sentia bem a desproporçãoentre o meu destino e os meus primeirosdesejos; mas ia.

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Quarto de despejo, de Maria Carolina de Jesus (1960)

Carolina de Jesus, catadora de papel, moradora da favela

do Canindé e escritora. Ela é

considerada uma das primeiras e

mais importantes escritoras negras

no Brasil.

Preparei a refeição matinal. Cada filho prefere uma coisa. AVera, mingau de farinha de trigo torrada. O João José, café puro.O José Carlos, leite branco. E eu, mingau de aveia.Já que não posso dar aos meus filhos uma casa decente pararesidir, procuro lhe dar uma refeição condigna.Terminaram a refeição. Lavei os utensílios. Depois fui lavarroupas. Eu não tenho homem em casa. É só eu e meus filhos.Mas eu não pretendo relaxar. O meu sonho era andar bemlimpinha, usar roupas de alto preço, residir numa casaconfortável, mas não é possivel. Eu não estou descontente coma profissão que exerço. Já habituei-me andar suja. Já faz oitoanos que cato papel. O desgosto que tenho é residir em favela.Durante o dia, os jovens de 15 e 18 anos sentam na grama efalam de roubo. E já tentaram assaltar o empório do senhorRaymundo Guello. E um ficou carimbado com uma bala. Oassalto teve inicio as 4 horas. Quando o dia clareou as criançascatava dinheiro na rua e no capinzal. Teve criança que catouvinte cruzeiros em moeda. E sorria exibindo o dinheiro. Mas ojuiz foi severo. Castigou impiedosamente.Fui no rio lavar as roupas e encontrei D. Mariana. Uma mulheragradavel e decente. Tem 9 filhos e um lar modelo. Ela e oespôso tratam-se com iducação. Visam apenas viver em paz.

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E criar filhos. Ela tambem ia lavar roupas. Ela disse-me que o Binidito da D.Geralda todos os dias ia prêso. Que a Radio Patrulha cançou de vir buscá-lo.Arranjou serviço para êle na cadêia. Achei graça. Dei risada!... Estendi as roupasrapidamente e fui catar papel. Que suplicio catar papel atualmente! Tenho quelevar a minha filha Vera Eunice. Ela está com dois anos, e não gosta de ficar emcasa. Eu ponho o saco na cabeça e levo-a nos braços. Suporto o pêso do saco nacabeça e suporto o pêso da Vera Eunice nos braços. Tem hora que revolto-me.Depois domino-me. Ela não tem culpa de estar no mundo.Refleti: preciso ser tolerante com os meus filhos. Êles não tem ninguem nomundo a não ser eu. Como é pungente a condição de mulher sozinha sem umhomem no lar.Aqui, todas impricam comigo. Dizem que falo muito bem. Que sei atrair oshomens. (...) Quando fico nervosa não gosto de discutir. Prefiro escrever. Todos osdias eu escrevo. Sento no quintal e escrevo.

(diário Quarto de Despejo, Maria Carolina de Jesus)

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Questões Canto a Bará

Bará Legba, Bará Lodê, Bará Lanã, BaráAdaqui e Bará AgelúOgum: Ogum Avagã, Ogum Onira, Ogum Olobedé e Ogum AdioláIansã: Iansã, Oiá Timboá e Oiá DirãXangô: Xangô Agandjú de Ibedji, Xangô Agandjú e Xangô AgogôXapanã: Xapanã Jubeteí, Xapanã Belujá, Xapanã SapatáOxum: Oxum Pandá de Ibedji, Oxum Pandá, Oxum Demun, Oxum Olobá e Oxum DocôIemanjá: Iemanjá Bocí, Iemanjá Bomí e Nanã BorocumOxalá: Oxalá Obocum, Oxalá Olocum, Oxalá Dacum, Oxalá Jobocum e Oxalá de Orumiláia.

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Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antesdos europeus, foram os próprios africanos trazidos como escravos.E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico,estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à dareligião. Há razões para pensar que os africanos, quandomisturados etransportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existênciaentre si de elos culturais mais profundos.

(SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP. n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 – Adaptado)

Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos dediferentes partes da África, a experiência da escravidão no Brasiltornou possível a

a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.b) superação de aspectos culturais africanos por antigas

tradições europeias.c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.d) manutenção das características culturais específicas de cada

etnia.e) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.

ENEM 2012

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Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível.Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes deoportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar estecheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar asriquezas de liberdade e a segurança da justiça.

(KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963. Disponível em: www.palmares.gov.br. Acesso em: 30 nov. 2011 – Adaptado)

O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos EstadosUnidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessaépoca, surgiram reivindicações que tinham como expoenteMartin Luther King e objetivavam:

a) a conquista de direitos civis para a população negra.b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em

espaço urbano.c) a supremacia das instituições religiosas em meio à

comunidade negra sulista.d) a incorporação dos negros no mercado de trabalho.e) a aceitação da cultura negra como representante do

modo de vida americano.

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ENEM 2012