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José Sobral de Almada Negreiros "Eu sou o resultado consciente da minha própria experiência" http://diariodigital.sapo.pt/images_content/2013/almada.png

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Vida e obra de Almada Negreiros

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Page 1: Almada negreiros

José Sobral de Almada Negreiros

"Eu sou o resultado consciente da minha própria experiência"

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Biografia

José Sobral de ALMADA NEGREIROS nasceu em S. Tomé e Príncipe a 7 de Abril de 1893.

Filho de António Lobo de Almada Negreiros1 e de Elvira Sobral, natural de S. Tomé.

ALMADA NEGREIROS nasce na Roça da Saudade (assim como seu irmão, António) A sua infância

é tranquila.

Em 1896 a sua mãe morre. José e António são ainda muito pequenos, permanecendo algum

tempo em S. Tomé.

Com dois anos, vai viver para Lisboa, passando a viver em Cascais, em casa dos avós e tios

maternos, da família Freire Sobral. A sua educação fica a cargo dos Jesuítas, ficando como

interno, junto com o seu irmão, no Colégio de Campolide.

1 http://www.odisseiasnosmares.com/2013/04/almada-negreiros-comemoracoes-dos-120.html

Almada Negreiros ao colo da mãe, Elvira Sobral de Almada Negreiros, 1894

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Aos doze anos dedica-se já às letras e ao desenho. A República e o O Mundo são títulos de jornais manuscritos em que ilustrações e tex-

tos são da sua autoria.

A 5 de Outubro de 1910 dá-se a implantação da Repú-

blica e, na sequência das ideias que se passaram a defen-

der, o anticlericalismo dominante, levam à extinção do Colé-

gio de Campolide.

Almada vai, então, para o Liceu de Coimbra, mas 1911

ingressa na Escola Internacional em Lisboa. O sistema de

ensino é diferente, facilitando-lhe um espaço que serve de

oficina.

O movimento artístico português necessita de inovação.

Os artistas plásticos continuam a satisfazer os gostos de uma

sociedade burguesa. O naturalismo predomina na arte. Os impressionistas não têm repercussões em Portugal. É um país limitado. Almada

sabe-o.

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Em 1913 publica o primeiro desenho n’A Sátira - é necessário agitar a mentalidade artística portuguesa. No mesmo ano faz a primeira

exposição individual. São cerca de 90 desenhos.

Fernando Pessoa escreve uma crítica à exposição. Quando Almada o aborda, responde-lhe

que não percebe nada de arte... Nasce a amizade.

Almada colabora, também, em várias publicações.

Faz ilustrações. Escreve a primeira poesia. Desenha o

primeiro cartaz. Junta-se com outros artistas.

Em 1915 sai o primeiro número da revista ORPHEU,

provocando algum escândalo.

Júlio Dantas critica o trabalho desta geração. A inova-

ção não é aceite. A 21 de Outubro do mesmo ano

estreia-se a peça Soror Mariana, de Júlio Dantas. Almada publica o Manifesto Anti-Dantas e por

extenso.

Acima: Pintura decorativa de figurinos- Alfaiataria Cunha, óleo sobre tela, 1913, Colecção CAM/FCG - Gonçalves, Rui-Mário (2005), Almada Negreiros, foto José Alves

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É a reação não só contra Júlio Dantas, mas toda a geração tradicionalista, uma sociedade burguesa, um país limitado.

"... Basta PUM Basta!

Uma geração, que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de

cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração!

Morra o Dantas, morra! PIM!

No fim assina: POETA D' ORPHEU, FUTURISTA E TUDO.

O Manifesto causa impacto no meio artístico. Alguém ousa contestar a cultura instituída, criticar

a sociedade, o País. Cresce a ideia de que é necessário intervir e um novo movimento vai

ganhando forma.

Em 1916, Amadeu Sousa-Cardoso faz duas exposições em Lisboa e Porto. Almada escreve

no prefácio da exposição:

"Amadeu de Sousa Cardoso é o documento conciso da Raça Portuguesa do séc. XX".

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É o modernismo da arte portuguesa. O movimento não pára: nas letras e nas artes. Portugal está no século XX. A transformação é uma

necessidade. É preciso agitar, por vezes provocando. Almada fá-lo no Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do séc. XX:

“É preciso criar a Pátria Portuguesa do séc. XX

O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos

os defeitos. Coragem Portugueses, só vos faltam as qualidades.”

Em 1918 morrem Amadeu e Santa Rita-Pintor. Companheiros que se perdem...

Almada decide ir para Paris no ano seguinte. Para viver, trabalha como dançarino de salão e

empregado de fábrica.

Regressa a Lisboa em 1920. Dedica-se essencialmente ao desenho. Faz capas de livros,

cartazes, desenhos humorísticos. Escreve textos. Sempre a multiplicidade. Sempre a procura:

"Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida.

Não chegam, não duro nem para metade da livraria. Deve haver certamente outras maneira de

se salvar uma pessoa, senão estarei perdido."

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O café A Brasileira passa a ser o ponto de encontro da elite intelectual

alfacinha. Possui um espaço que destina aos quadros de artistas.

Em 1925 é a vez de Almada. Dois painéis são expostos. Num deles o

auto-retrato, com o grupo da Brasileira (abaixo)

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Em 1927 vai para Madrid. Colabora em várias publicações espanholas, Cronica, La Farsa entre outras. Escreve El Uno, tragédia de la Uni-

dad - obra composta de duas peças que dedica à pintora Sarah Afonso, sua futura esposa. Os prenúncios de agitação em Espanha, fazem-

no regressar a Portugal, que vive o início do Estado Novo. Salazar já está já no governo.

Em 1933 Almada elabora o cartaz para o SPN: Votai a nova Constituição. É uma

colaboração que se inicia.

No ano seguinte casa com Sarah Afonso.

Continua sem parar. Nunca abandona a multiplicidade. Conferências, cartazes, poesia,

painéis, vitrais, selos. Num deles a frase de Sala-

zar Tudo pela Nação.

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Almada Negreiros e Sarah Affonso com os filhos, Ana Paula e José Afonso, na Quinta de Bicesse, anos 40

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Em 1938 conclui os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que não agrada ao público, pois são considerados demasiado inovado-

res.

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Em 1939, preparam-se para as comemorações da Fundação da Nacionalidade e o terceiro centenário da Restauração. Almada é encarre-

gado de fazer os vitrais para o Pavilhão da Colonização. Da sua autoria são também os cartazes Duplo Centenário e Festas do Duplo Cente

nário.

Muitos acham estranha a colaboração de Almada

Negreiros, até pelo facto da Comissão Executiva ser pre-

sidida por Júlio Dantas, explicada pela necessidade de

manter a sua família. O SPN reconhece o grande artista

que é Almada Negreiros e tira partido disso. Organizam-

lhe uma exposição sobre os trinta anos de desenho.

Depois atribuir-lhe-ão o prémio Columbano pela sua

tela Mulher. É o reconhecimento como Mestre.

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O Estado continua com as grandes obras. Querem-se úteis e populares.

A escrita é, para Almada, uma forma de crítica:

"As construções do Estado multiplicam-se a olhos vistos, porém as paredes estão nuas como os seus muros, como um livro aberto

sem nenhuma história para o povo ler e fixar."

Almada colabora também com arquitetos. Sobretudo com Pardal Monteiro. As Gares Marítimas, as Universidades, a Igreja de Nª. Senhora

de Fátima. É através da pintura que se pode ler.

As Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha são locais

onde todos os dias passa o povo que trabalha. Os painéis

devem mostram aquilo que ele faz, aquilo que sente. Por

vezes o que sofre - a emigração e a saudade que fica. É a

mistura do real e do lendário. A vida quotidiana e as lendas de

gerações. As varinas de Lisboa e a Nau Catrineta. Coisas que

a arraia-miúda conhece. http:/

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Almada não pode parar. O trabalho é uma constante. Em todas as áreas se vê o Mestre. O azulejo e a tapeçaria merecem também a sua

atenção. No final da década de 40 dedica ainda algum tempo ao desenho de

figurinos para o bailado Mefisto Valsa.

O estudo é aquilo que Almada não deixa nunca de fazer. Com os seus tex-

tos, publicados ou não, Almada procura o conhecimento, o saber.

Em 1950 publica "A chave diz: faltam duas tábuas e meia de pintura do

todo na obra de Nuno Gonçalves". Há muito que o mestre vem estudando os

painéis. Não deixará o tema. Faz propostas sobre a hipótese de uma nova

reorganização do painel, causando controvérsias.

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Em 1954, o Restaurante Irmãos Unidos encomenda-lhe uma tela. Inicialmente a pintura chama-se Lendo Orpheu. É o retrato de Fernan-

do Pessoa, uma certa forma de homenagem. Um dia a obra há-de

ser leiloada e causar surpresas. Outras histórias.

Em 59 o SNI atribui-lhe o "Prémio Nacional das Artes". Galar-

dão que não serve para calar o mestre. No mesmo ano Almada

assina um protesto público pela nomeação de Eduardo Malta para

Director do Museu de Arte Contemporânea. Nunca o Mestre será

moldado. Continua a dizer o que pensa, mesmo que o poder não

goste. É ainda o menino com olhos de gigante.

O Estado sabe que não convém hostilizar o Mestre. Tanto mais

que Almada é um artista reconhecido, homenageado.

É nomeado procurador à Câmara Corporativa na subsecção de Belas- Artes. No ano seguinte propõem-lhe, e aceita, o Grande Oficialato

da Ordem de Santiago Espada.

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Almada tem 75 anos. A vitalidade ainda perdura. Executa o painel Começar para o átrio da Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos

para a Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.

Em 1970 o Retrato de Fernando Pessoa é leiloado. Almada

assiste ao leilão. O preço atingido, 1300 contos, causa admira-

ção. Nunca um pintor português conseguira tal proeza. No mes-

mo ano assina o acordo para a publicação do primeiro volume

das suas Obras Completas.

Em Junho dá entrada no Hospital de S. Luís dos Franceses,

morrendo no dia 15, no mesmo quarto onde morrera Fernando

Pessoa.

Em tempos Almada respondera a alguém: AS PESSOAS QUE EU MAIS ADMIRO SÃO AQUELAS QUE NUNCA ACABAM.

in http://www.vidaslusofonas.pt/almada_negreiros.htm (adaptado)

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