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Allan Daniel M. Terra

A GrAçA DiAnte DAs inconstânciAs

Nada além da graça soberana de Deus sobre as nossas vidas!

- 2017 -

— 2017 —Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão processados na forma da lei.

[email protected]

PEDIDOS E CONTATOS COM O AUTOR

Terra, Allan Daniel M.A Graça Diante das Inconstâncias: Nada além

da graça soberana de Deus sobre as nossas vidas / Allan Daniel M. Terra. Edição do autor, 2017.

32 p. ; 18 cm. 1. Leitura Devocional. I. Título.

CDD 242

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO

Todos os direitos de publicação desta obra pertencem ao autor.

Impressão e acabamento: Gráfica AleluiaE-mail: [email protected]

Tel. (43) 3172-4000Capa: Cléverson Faverzani

Sumário

Dedicatória ........................................... 5

Prefácios ............................................... 7

Introdução ........................................... 9

1. Presença Ausente .......................... 11

2. Coragem Covarde .......................... 16

3. Fidelidade traidora ....................... 20

4. Nada Além da Graça ..................... 25

Conclusão .......................................... 30

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Dedicatória

A Deus, por Seu amor eterno.

A minha linda esposa, Maiara Terra, que sempre tem me dado apoio e auxilio.

A minha linda mãe, Maria das Graças Mendes Terra, que sempre tem me apoiado.

Aos melhores irmãos do mundo, que sem-pre me apoiam: Alexandre Gabriel, Alexander Ezequiel, Wilmara de Cássia e, para sempre, André Luiz.

Aos amigos e amigas de Juiz de Fora, MG.

A todos os companheiros da FATEF e FTBPR.

Ao Instituto Metodista Izabela Hendrix, FESTE, Seminário Cristo para as Nações e à Faculdade Charles Finney, pela oportunidade de ensinar.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram com a realização de mais este projeto.

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Prefácios

A graça de Deus é o motivo de não ser-mos consumidos. Somente por ela é que nos tornamos úteis para o Reino de Deus. Não há meritocracia, tudo é Graça, Ele é a Gra-ça. Esse tema precisa ser mais compreendido pela Igreja de Cristo na Terra. Jesus afirma que o Reino de Deus está em nós, isto é Gra-ça! Vejo muitas pessoas se martirizando, ao invés de desenvolver a alegria da salvação e de poder servi-Lo. Tenho plena convicção de que, ao ler este livreto, você receberá o im-pulso do Espírito Santo para prosseguir fir-me na sua caminhada de fé, a fim de servi-Lo com muito amor e alegria. Esse já será um sinal da Graça em sua vida.

Pr. Felipe Cardoso Igreja Metodista Joinville, SC

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A graça deve ser o agente tonificador da santidade, da justiça e a verdade. Sem a reve-lação da graça, seremos homens e mulheres presunçosos, assim como vemos Pedro, antes da sua queda ao negar Yeshua. Sem o enten-dimento da mesma, corremos o risco de nos tornarmos orgulhosos, legalistas e conse-quentemente isso provocará a nossa queda.

O Reino de Deus, que está sendo esta-belecido por meio do Seu Filho Yeshua, é um reino de justiça e juízo. E para nos apropriar-mos de tal realidade devemos nos apoderar dele mediante a Graça.

Creio que este livro vem às suas mãos não somente como uma mera instrução, mas sim um repartir do espírito da graça e de sú-plicas.

Pr. Maicon Baracho Palavra da Vida- Curitiba

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Introdução

Há aproximadamente cem anos, Julia H. Johnson compôs a letra do hino Grace Greater Than Our Sin (Graça Maior que o Nosso Pecado; conhecido em português pelo título:  Graça de Deus, Infinito Amor). A quarta estrofe desse hino sintetiza com mui-ta propriedade o conceito da graça de Deus:

Maravilhosa, incomparável graça, concedida livremente a todo o que nEle crer; tu que anelas ver Sua face, queres neste instante Sua graça receber?

Nós recebemos a graça de Deus por in-termédio de Jesus Cristo. E, de fato, cons-tatamos quão maravilhosa e incomparável é essa graça. Ao longo de toda a Bíblia, a graça de Deus se manifestou em três estágios.

No primeiro, Deus revelou Sua bonda-de e graça ao demonstrar misericórdia, favor e amor para com todos os seres humanos,

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mas para com Israel em particular. No se-gundo estágio, Deus expressou ou apresen-tou Sua graça, de forma mais clara, em Jesus Cristo, o qual veio ao mundo para pagar pe-los pecados da humanidade, mediante Sua morte sacrificial na cruz. No terceiro, a graça de Deus proporciona salvação e santificação a toda pessoa que, pela fé, confia em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de sua vida.

A passagem de Cristo no Getsêmani é bastante conhecida por ter sido um dos mo-mentos ápices do Seu ministério. Iremos trabalhar neste livro alguns pontos bastante intrigantes: as INCONSTÂNCIAS dos dis-cípulos e a Graça soberana de Jesus diante delas, com base em Mateus 26:36-56.

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Capítulo 1

Presença Ausente

Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus dis-cípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. (v. 36)

Cristo subiu ao monte para orar junto com os Seus discípulos. Nos versículos 36 ao 46, o texto diz que, quando Cristo tinha terminado a sua oração, Ele se chega aos Seus discípulos e os encontra adormecidos. Imediatamente os exorta a vigiar e a orar. É intrigante que, por três vezes, essa cena se re-pita. Podemos chamar essa inconstância de PRESENÇA AUSENTE.

Isso é um paradoxo, ou seja, os discípu-los estavam ali e, ao mesmo tempo, não es-tavam. Inúmeros cristãos se encontram nesse quadro de estarem com Cristo e, ao mesmo tempo, longe Dele.

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Você já se sentiu fazendo a coisa errada no lugar errado? Como se fosse de terno à praia e de shorts à igreja? Ou dormisse de dia e à noite ficasse acordado? Rindo num veló-rio ou chorando numa festa? Talvez falando algo que ninguém entende ou por fora dos assuntos das pessoas? Já dormiu no ponto? Creio que sim. É terrível estar fora de sin-tonia.

Quando Jesus foi para Getsêmani, ti-nha um propósito que deixou claro para seus companheiros: orar e vigiar. Seria um período de preparação para enfren-tar a cruz. Mas seus discípulos não en-tenderam e dormiram. Acharam que fo-ram àquele lugar retirado para descansar. O  jardim  identificado como Getsêmani lo-caliza-se ao pé do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, e o seu nome significa “pren-sa de azeite”. O Getsêmani foi um lugar de preparação. Nós também passamos por lu-gares como o Getsêmani, que são como um tempo de capacitação para nossas vidas.

A Bíblia diz que há tempo para cada coi-sa debaixo do céu (Eclesiastes 3.1-8). Cada momento e lugar tem um diferente propósi-to. Há momentos em que devemos esperar. Em outros, agir. Em uns, falar. Em outros,

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calar. Muitas vezes fazemos a coisa errada no lugar errado. Devemos nos preparar para as lutas e não esperar os problemas chegarem.

Precisamos entender, em cada momen-to de nossa vida, o que está acontecendo, onde estamos e o que devemos fazer. Muitas situações acontecem para nos preparar. Jesus estava no Getsêmani para Se preparar para cruz. Os discípulos não se prepararam; por isso, não suportaram. Embora Jesus tenha deixado claro que precisavam orar e vigiar.

Jesus disse a seus discípulos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24). Mas, muitas vezes, ficamos dormindo. A cruz é o evangelho. A vida cristã crucifica os desejos da carne, nega o pecado e o mundo.

Jesus sabia que precisava Se preparar para enfrentar a cruz; por isso, foi ali orar. Você tem-se preparado para carregar sua cruz?

O sono x oração

E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos. (v. 40)

Os discípulos subiram ao monte para orar com Cristo. Mas, durante esse perío-

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do, dormiram. E mesmo diante do alerta de Cristo, eles continuaram adormecidos.

Dormir é uma forma de sair de cena. Je-sus tinha lhes pedido para orar e vigiar, pois é a oração que nos deixa presentes ante Deus.

Em Mateus 15:8, Cristo nos dá um cla-ro exemplo de pessoas que O honram com os lábios, mas os seus corações estão total-mente longe Dele. Ou seja, com seus cora-ções adormecidos. Um coração só se torna vigilante se estiver em constante oração. Em Lucas 22:45, vemos que o motivo dos discí-pulos estarem dormindo naquele momento tão importante é porque eles estavam tristes, dominados pela tristeza e aflição. 

Muitas vezes, por causa da falta de ora-ção, não ficamos vigilantes. Isso nos traz o sono e, consequentemente, dormimos e so-mos dominados por nossos problemas e afli-ções do nosso cotidiano.

Podemos frequentar culto, fazer campa-nhas, ler bons livros cristãos e etc. Isso tudo nos ajuda em nossa caminhada, ou seja, nos deixa presentes diante de Deus. Mas é só a oração que nos manterá vivos e antenados nas direções de Deus.

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É somente com uma vida ativa de ora-ção que desenvolvemos relacionamento ín-timo com Deus e conseguimos enxergar a Sua paternidade. A oração nos deixa ligados nas ordenanças de Cristo e no que é de fato importante para expansão do Seu Reino ina-balável.

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Capítulo 2

Coragem Covarde

E eis que um dos que estavam com Je-sus, estendendo a mão, puxou da espa-da e, ferindo o servo do sumo sacerdo-te, cortou-lhe uma orelha. (Mt 26:51)

Logo após Cristo ter acabado de orar e descansado, Ele desce e conversa com os Seus discípulos. Diante deles aparecem pes-soas com espadas e varapaus, enviadas pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. Em seguida, Judas o traiu com um bei-jo. Pedro, ao ver Cristo ser preso, tomou em suas mãos uma espada e feriu a orelha do ser-vo do Sumo Sacerdote. Imediatamente Jesus o repreendeu, dizendo ser necessário que Ele passasse por aquele momento para o cumpri-mento das Escrituras.

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A coragem seguida de covardia

Desde aquele momento, Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era neces-sário que ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia (Mt 16:26).

Para entender esse tópico, é necessário ler o versículo acima. Antes do Getsêmani, Cristo já havia informado e preparado Seus discípulos para o que havia de acontecer. Ele contara sobre a aflição. Observando este tex-to e a reação de Pedro, identificamos mais uma inconstância: a coragem seguida de co-vardia.

Pedro foi muito corajoso; apesar de ser uma coragem desastrosa, pois ninguém em uma batalha ataca o inimigo com a intenção de cortar simplesmente a orelha. Não acha?

O maior problema não foi a coragem de Pedro, mas sim o que estava por trás dela. Pedro e os discípulos já tinham sido avisados acerca da aflição. Mas ele optou por atacar, ser o herói, ser o corajoso, para fugir à res-ponsabilidade de fazer parte da aflição de Cristo.

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Ou seja, é muito fácil lutarmos e mudar-mos as circunstâncias do nosso jeito do que fazer aquilo que Cristo nos pede. Sua ordem é contra aquilo que realmente queremos rea-lizar. Assim, fazemos de nossa coragem uma camuflagem para tampar e esconder a nossa covardia de não sermos submissos e não fa-zermos parte das causas e aflições de Cristo.

Uma genuína coragem

A verdadeira coragem nos levará a uma obediência incondicional à Palavra e nos tornará participantes das aflições de Cristo. Ou seja, teremos coragem para nos submeter às ordenanças de Cristo e teremos coragem para tomar a nossa cruz e segui-Lo. Teremos coragem para imitar a Cristo e viver a von-tade do Pai e o Seu Reino em primeiro lugar independentemente de qualquer situação. Essa é a coragem de um verdadeiro e genuí-no discípulo.

Queremos que as coisas sejam do nos-so jeito e nem sempre são. Esse é um com-portamento infantil. Muitos pais e mães não ensinam suas crianças a ouvir o ‘não’ e elas crescem despreparadas para a vida.

Precisamos entender que a vida nem sempre acontece como planejamos. Não

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temos somente ganho, também perdas. As perdas podem ser preparação para ganhar depois: “Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão” (Sl 126:5).

A vontade de Deus é maior que nossa vontade. Ele é o nosso Pai. Jesus O chama-va de Aba, que significa “paizinho”, para nos ensinar que precisamos aceitar a vontade de Deus como uma criança no colo do pai. Um pai sabe o que é melhor para sua criança. 

“Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos fi-lhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mt 7:9).

Antes de tomar uma decisão ou come-çar um novo tempo em sua vida, busque a orientação do Senhor. Ele sabe de tudo e nos orienta sobre nosso futuro (Is 42.9 e 23).

Se as coisas não forem como quer, ore humildemente ao Senhor, pois “tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis” (Mt 21.22), mas aceite a vontade de Deus sobre você.

Aceite a VONTADE soberana de Deus!

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Capítulo 3

Fidelidade traidora

Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram. (Mateus 26.56b)

A fidelidade traidora é um traço forte de muitas de nossas inconstâncias. Quando lemos o v. 35, nós observamos todos os discí-pulos de Cristo afirmando, junto com Simão Pedro, que não trairiam jamais a Cristo, ou seja, confessaram uma fidelidade a ELE.

Mas, após a prisão de Cristo, vemos que todos os discípulos fugiram, todos aqueles que há pouco tempo tinham confessado fi-delidade a ELE (v. 56). Fugiram no momen-to de O honrarem com a sua palavra e sua promessa.

A fidelidade traidora emerge quando confessamos lindas promessas de fidelidade a Cristo e não as cumprimos.

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Nós não vemos Cristo exigindo uma promessa de fidelidade para os discípulos, pois Ele sabe da nossa dificuldade em sermos fiéis. Pedro estava tão inebriado, tão autoa-bsorvido que ele não conseguia ver em si a possibilidade de trair a Jesus. Muitas vezes, nós somos como Pedro, pois estamos tão cheios de nós, que fazemos tantas promessas a Cristo e não conseguimos nos ver descum-prindo-as.

Síndrome do Controle Remoto

O controle remoto é o instrumento da mudança. A decisão de mudar de canal está na ponta dos seus dedos. O controle remoto favorece em muito o descomprometimento. Com o controle remoto, não há fidelidade a um canal, há um interesse por tudo e por nada, porque, no final, tudo e nada foi visto. Essa mania do controle remoto acabou por se manifestar nos relacionamentos. As pesso-as não conseguem ficar muito tempo com a mesma namorada, com o mesmo namorado, com o mesmo marido, com a mesma esposa, com o mesmo carro, com os mesmos ami-gos, na mesma igreja.

Os crentes dizem que Jesus satisfaz, mas vivem insatisfeitos. Vivem à procura de coisas

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místicas ou de se deliciar nos banquetes do mundo. Paulo diz que os lucros do mundo tornaram-se lixo ao compará-los à sublimida-de do conhecimento de Cristo. O que mais as pessoas andam buscando é prosperidade, saúde, sucesso e não intimidade com Deus. Grande parte das pregações hoje fala sobre di-nheiro e saúde e não sobre salvação. Quando suas expectativas não são atendidas, as pessoas abandonam a igreja, fogem de Jesus como a multidão de João 6 e o jovem rico. 

O canto do galo, o choro e o arrependimento

E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, sain-do dali, chorou amargamente. (Mt 26:75)

Que galo é esse que canta no meio da noite? Quando ele cantou… será que to-dos que estavam lá assentados não o ou-viram? O que significava esse canto para aquela multidão de zombadores? Nada! Tal não era o caso para Pedro! O canto da-quele galo foi um sinal profético para o ver-dadeiro adorador; um sinal despertador que levou Pedro a reconsiderar os seus cami-

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nhos; a se arrepender e voltar para Deus. Se o canto do galo nada significava para os religiosos, assentados lá no pátio do Sumo Sacerdote; todavia, para Pedro, era mais do que um som inanimado. Tratava-se de uma verdadeira mensagem divina que tirou o ver-dadeiro adorador do sono espiritual em que se encontrava mergulhado.

Pedro negara a Jesus da forma mais an-gustiante. O último contato entre Pedro e o Cristo fora logo após o canto do galo. A profecia se cumprira: antes do galo cantar, Pedro negara, três vezes, conhecer a Cristo. E quando ele cantou, os olhares de Pedro e do Cristo se encontraram... Nada mais restava a Pedro, senão sair para chorar.

O choro de arrependimento de Pedro foi um divisor de águas para sua vida e mi-nistério. O choro de Pedro é o tipo de cho-ro que Jesus diz no sermão da montanha: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”.

O choro pelo pecado é o melhor uso das lágrimas

Se você chorar apenas por perdas de coisas materiais, você desperdiçará suas lágri-mas. Isso é como chuva sobre a rocha, não

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tem benefício. Mas o choro do arrependi-mento é composto de lágrimas bem-aventu-radas, de lágrimas que curam que libertam. 

O choro pelo pecado é uma evidência da graça de Deus

O choro pelo pecado é um sinal do novo nascimento. Assim como a criança chora ao nascer, aquele que nasce de novo também chora ao pecar. Um coração de pedra jamais se derrete em lágrimas de arrependimento. Só um coração de carne é sensível à voz de Deus.

O mais triste no pecado é perceber que, ainda que por um momento, um amor con-sumido pelo egoísmo traiu o amor que sus-tenta vida, o amor por Aquele que, na essên-cia, é amado mais que a própria vida.

Aqueles que nascem do Espírito, que têm um coração quebrantado, têm também tristeza pelo pecado. As lágrimas do arrepen-dimento têm rolado em sua face? Você se en-tristece por entristecer o Espírito Santo? Suas lágrimas são de revolta contra Deus ou de náusea pelo pecado?

Espero que você seja um dos que cho-ram, porque a vontade de Deus é que você seja consolado.

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Capítulo 4

Nada Além da Graça

Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Si-mão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela ter-ceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. (Jo 21:17)

Quando as mulheres, no domingo da ressurreição, foram ao túmulo para em-balsamar o corpo de Jesus, encontraram o anjo, que, após comunicar a ressurrei-ção do Cristo, transmitiu-lhes a missão de comunicar aos discípulos e a Pedro, que o Cristo os encontraria na Galileia. Ao orientar ao anjo que nominasse a Pedro, Jesus comunicou-lhe que fora perdoado e reincluso no colégio dos alunos do Cristo. Estava de volta ao time!

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E na Galileia dos gentios... Jesus reen-contra Pedro. Primeiro, comeram, sempre um momento de descontração, ainda que estivesse diante do numeroso manifesto em carne, o que sempre silencia quem quer que seja. O mistério, quanto mais maravilhoso, mais impõe a pausa da reverência. E, então, começa um diálogo inusitado que não sur-preende pelo constrangimento natural, mas pelo conteúdo.

Jesus tem a conversa esperada com seu aluno renegado, mas, para surpresa geral e particular, não toca no assunto. Não inquire sobre os motivos de tal abjeto ato, que, ade-mais, lhe havia sido avisado com antecedên-cia; não questiona o porquê de não ter pe-dido ajuda quando teve oportunidade, nem pronuncia o temerário: “Eu não lhe disse?”. 

Jesus, o Cristo, respeita o arrependimen-to de Pedro. O Messias quer, apenas, saber se a base para a retomada de qualquer relacio-namento continua presente no coração do aprendiz. Se Pedro ainda o amava. 

Nada mais angustiante do que o des-respeito ao arrependido. Nada mais terrível do que erro já confessado continuar a ser o

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assunto de rodas de pretensos irmãos. Nada mais aviltante do que pessoas a quem foi pe-dido perdão, principalmente, se mentores, ficarem a espalhar o que lhes foi dito no lu-gar sagrado da confissão.

A condição indispensável para se susten-tar a sinceridade do perdão ou do amor é o respeito ao arrependimento. Logo, o respeito ao arrependido. A maneira de respeitar o ar-rependido é o silêncio que dá lugar ao amor. O arrependimento é fruto de dor que o per-dão deveria consolar. 

Jesus acreditou em Pedro e lhe devolveu a honra, devolveu-lhe as chaves do Reino. O Cristo sempre faz assim quando perdoa!

Isso é graça

Imagine o seu bem precioso, aquilo pelo que você seria capaz de dar a sua vida por tanto amor. Imaginou?

Agora você pegaria esse bem e o entre-garia na mão de uma pessoa que lhe traiu ou já o abandonou  em momentos que você mais precisou dela? Creio que sua resposta seria NÃO, e até podemos afirmar que é a resposta mais humana e lógica.

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Cristo faz isso com Pedro e os demais discípulos. Diante de todas as inconstâncias de deles, Cristo pega o bem mais precioso Dele, aquilo que Ele mais ama, pelo que ti-nha se entregado a ponto de morrer, ou seja, a Igreja, Sua Noiva e coloca sob a responsa-bilidade de Pedro e seus companheiros.

Isso é lindo, isso é graça!

 CRISTO NÃO OLHA PARA AS IN-CONSTÂNCIAS E PECADOS DOS DIS-CÍPULOS! ELE OLHA SIMPLESMENTE PARA A GRAÇA!

 Cristo deixa evidente que Ele não tra-balha com nosso currículo do passado! Mas trabalha em cima da graça e misericórdia Dele, que derramam e se renovam a cada manhã.

Na graça não precisamos fazer atos mi-rabolantes para que Deus nos ame mais. Não precisamos convencer Deus de nossa bonda-de ou merecimentos. Simplesmente Deus Se alegra em nos dar tudo de graça. Agora, quem foi agraciado é transportado para uma nova relação com Deus.

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Deixamos nossas velhas atitudes, nossa lógica do mérito, nossas vanglórias para vi-ver a vida de Deus em nós (2Co 5.17).  O discipulado de Jesus é exigente, sim! E nós sempre estamos em dívida diante de Deus. Agora, isto não é para pôr medo, de forma alguma, mas para que nós não venhamos a confiar em nós mesmos, e sim em Deus que é poderoso para perdoar e salvar.

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Conclusão

SOMOS SERES INCONSTANTES E INCOERENTES. E, POR ISSO, PRECI-SAMOS TANTO DA GRAÇA DE DEUS.

Existem pessoas que sentem a incoerên-cia à flor da pele, que conseguem sentir, ao mesmo tempo, atração e repulsa. Essa ambi-güidade tão terrível é a tentação, que é que-rer e não querer ao mesmo tempo.

Quantas vezes não sabemos lidar com as pessoas inconstantes e passamos uma ima-gem de um Deus terrível, que abomina a inconstância, mas isso é um erro. O Senhor nos ama com toda nossa incoerência e am-biguidade, com todos os nossos sentimentos contraditórios.

Às vezes, pensamos: Até quando vai du-rar essa paciência de Deus conosco? Uma coisa é certa, não importa tão complicada e confusa esteja sua vida, Ele é o Deus que vai endireitar, que vai corrigir, que vai fazer todas as coisas diferentes por causa da Sua graça.

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O cuidado de Deus é baseado em quem Deus é e não em quem nós somos. Se Deus nos tratasse como merecemos, estaríamos em desamparo. Suas misericórdias são a cau-sa de não sermos consumidos. Ele nos poupa porque Deus é perdoador, clemente e mi-sericordioso, tardio em irar-se e grande em bondade.

Deus nos conhece muito bem, até mais do que nós a nós mesmos. Ele sabe bem que somos seres falhos e inconstantes. Mas de Gênesis a Apocalipse vemos que Deus não tem interesse em nossas inconstâncias, mas Ele deseja Se relacionar conosco. Ele olha para a Graça. A GRAÇA E MISERICÓR-DIA DELE SEMPRE ESTARÃO ACIMA DE NOSSAS INCONSTÂNCIAS!

  E  o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoa-rá, confirmará, fortificará e fortalecerá “(1 Pe 5:10).

 Deus não é o Deus de cobrança, nem de todo legalismo, nem de todo moralismo humano. Deus é o Deus de toda graça. Se você ama Jesus, você receberá Dele firmeza, força, fundamento, fortificação, aperfeiçoa-

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mento em graça, aleluia! Creia nisso! O que tem prendido você hoje? Não importa o que seja, você é alvo da graça de Deus.

A verdade mais poderosa e libertadora que precisamos saber é que o Pai nos ama.

Somente as pessoas que sabem que Jesus as ama podem crescer seguras na fé, serem úteis nas mãos do Senhor, sem que fardos pesados do ego e da religião sejam colocados em seus ombros.

Hoje, apenas responda à pergunta de Jesus: “Filho, você me ama? Filha, você me ama?”.

A chave hoje para viver debaixo da GRAÇA de Deus é a direção do Espírito. Ele sempre nos levará a uma comunicação com Deus, sempre nos mostrará nossas falhas e erros, para que possamos nos arrepender e viver intensamente a Graça.

 Que este livreto seja uma ferramenta de Deus para sua vida!