alinhamento das prÁticas de responsabilidade social...
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ALINHAMENTO DAS PRÁTICAS DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL COM A ESTRATÉGIA DAS INSTITUIÇÕES DE
ENSINO SUPERIOR UM REFERENCIAL DE GOVERNAÇÃO SOCIALMENTE
RESPONSÁVEL GERADOR DE CONFIANÇA E
REPUTAÇÃO ORGANIZACIONAL
Paulo Sebes de Sá Pereira
INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO E FORMAÇÃO AVANÇADA
Tese apresentada à Universidade de Évora
para obtenção do Grau de Doutor em Gestão
Especialidade: Gestão
ORIENTADORES: Doutora Maria de Fátima Nunes Jorge Oliveira
Doutora Maria Raquel David Pereira Ventura Lucas
Nome do Professor
ÉVORA, Junho, 2016
ALINHAMENTO DAS PRÁTICAS DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL COM A ESTRATÉGIA DAS INSTITUIÇÕES DE
ENSINO SUPERIOR UM REFERENCIAL DE GOVERNAÇÃO SOCIALMENTE
RESPONSÁVEL GERADOR DE CONFIANÇA E
REPUTAÇÃO ORGANIZACIONAL
Paulo Sebes de Sá Pereira
INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO E FORMAÇÃO AVANÇADA
Tese apresentada à Universidade de Évora
para obtenção do Grau de Doutor em Gestão
Especialidade: Gestão
ORIENTADORES: Doutora Maria de Fátima Nunes Jorge Oliveira
Doutora Maria Raquel David Pereira Ventura Lucas
Nome do Professor
ÉVORA, Junho, 2016
i
DDeeddiiccaattóórriiaa
A meio da vida, já devemos saber qual é a nossa missão nesta curta passagem: sem
qualquer dúvida e com o maior privilégio e orgulho, a minha é partilhar este Universo
fantástico, com as minhas três meninas.
E se possível, num espaço ímpar chamado ALENTEJO.
Aos meus Pais, Irmãos, Familiares, Amigos e restantes companheiros de caminho...
O Sonho comanda a Vida, assim como a determinação, a resiliência, a aprendizagem
até ao fim, a luta pela verdadeira liberdade e a entrega incondicional à maior força
deste universo, o
AMOR
ALL WE NEED IS LOVE.
Bem hajam.
ii
iii
AAggrraaddeecciimmeennttooss
Às Professoras Doutoras Fátima Jorge e Raquel Lucas, as minhas ilustres
orientadoras da Universidade de Évora, pela confiança em mim depositada, pela ajuda
nos momentos mais difíceis e pelo apoio para este projecto chegar até ao fim.
Às Professoras Doutoras Isabel Sanchez Hernandez e Dolores Gallardo Vazquez
da Universidade da Estremadura, pelo apoio, disponibilidade e simpatia com que me
receberam na sua universidade.
Aos responsáveis e companheiros de certificação do Instituto Politécnico de
Portalegre, Professor Doutor Joaquim Mourato, Professor Albano Silva, Dr. Antero
Teixeira, Professor Doutor Luís Cardoso, Professor Artur Romão, Professor Francisco
Vidinha, Professora Doutora Rute Santos, Dr. Francisco Morais, Dra. Maria Quarenta,
Dr. José Polainas, entre todos elementos do círculo de progresso e respectivas
associações de estudantes.
Aos responsáveis da Universidade de Évora, Professor Doutor Carlos Braumann,
Professor Doutor Jacinto Vidigal, Professor Doutor Cancela de Abreu, Professora
Doutora Hermínia Vilar, Professor Doutor João Nabais, Dr. Rui Pingo, Prof. Doutor
Virgílio Meira Soares, Professor Doutor Paulo Silva, Professor Doutor Christopher
Bochmann, Professor Doutor Mourad Bezzeghoud, Professor Doutor Manuel Lopes,
Professor Doutor Afonso de Almeida, Dr. Armindo Monteiro, restantes entrevistados e
Associações de Estudantes.
Ao Professor Doutor Joaquim Contreiras, Professor Doutor Miguel Seabra,
Professora Doutora Maria João Santos, Professora Doutora Cristina Marreiros,
Professor Doutora Susana leal, aos elementos do Taller de Doctorandos em Ética e RS
da Universidade de Pontificia, Comillas, Madrid e a todos os que me acompanharam
neste longo caminho.
E, finalmente, agradeço às minhas queridas filhas e à minha alma gémea, pela
paciência e o apoio incondicional que demonstraram durante toda esta viagem!
Foi um caminho muito solitário, por vezes perto de ceder, mas com resiliência, rejuvenesceu-me, deu-me uma infinita alegria de estar fora da zona de conforto. E agora?
O céu pode esperar….
iv
v
RREESSUUMMOO
A responsabilidade social é considerada fundamental para a conquista de
vantagens competitivas organizacionais. A integração dos seus princípios na estratégia
da organização, apresenta-se como uma linha orientadora do foco na satisfação de
necessidades das partes interessadas internas e externas.
As actuais limitações orçamentais têm afectado significativamente as
Instituições de Ensino Superior, nomeadamente as localizadas no interior de Portugal
continental, o que dificulta ainda mais a crescente diminuição de estudantes sendo
necessário a implementação de estratégias de captação de estudantes nos vários
ciclos, fases de idade e locais de proveniência.
O sistema de gestão da responsabilidade social, referenciado na NP
4469.1:2008, apresenta um grande desafio ao modelo de gestão das organizações que
o implementam, já que este sistema de gestão tem o potencial de optimizar os
interesses das diversas partes interessadas.
O foco da instituição passa a ser os das suas partes interessadas, maximizando
os seus impactes positivos e minimizando os seus impactes negativos em resultado das
suas actividades e decisões. O aumento da eficácia organizacional e a equidade dos
interesses das partes interessadas, podem clarificar as funções estratégicas das
Instituições de Ensino Superior.
Os programas e práticas de responsabilidade social implementados nas
Instituições de Ensino Superior do interior de Portugal continental são assim
estrategicamente vistos, como um factor de diferenciação positiva face às suas
congéneres e em consequência, assumido como um factor para a sua sustentabilidade.
A presente investigação procura identificar um modelo de governação
socialmente responsável que se comprometa com a dinamização de uma estratégia
que preveja práticas de responsabilidade social condutoras a aumentos na confiança e
reputação organizacionais nos estudantes e colaboradores das Instituições de Ensino
Superior.
Tendo por base a abordagem de investigação qualitativa, realizaram-se estudos
de caso em duas Instituições de Ensino Superior localizadas no Alentejo, recorrendo-se
a várias fontes de informação: entrevistas a 45 entrevistados, entre elementos da
governação, colaboradores e estudantes, análise documental e observação
participante. Como técnica de tratamento dos dados utilizou-se a análise de conteúdo
através do software Atlas Ti.
Os resultados da investigação empírica permitem identificar que, as duas
Instituições de Ensino Superior melhoraram em termos de visibilidade externa e
interna, havendo entrevistados que referem uma melhoria na confiança e reputação
em resultado da adesão a práticas de responsabilidade social. O líder de uma das
vi
Instituições de Ensino Superior é reconhecido pelos seus pares como de elevado
compromisso para com os princípios da responsabilidade social enquanto que o outro
líder não é reconhecido da mesma forma. Os estudantes entrevistados, não
reconhecem vantagens em resultado das práticas de responsabilidade social tanto ao
nível da confiança como reputação organizacional.
PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEE
Responsabilidade social das organizações;
Instituições de Ensino Superior;
Governação socialmente responsável;
Investigação qualitativa.
vii
TTIITTLLEE
Alignment of social responsibility practices with the strategy of higher
education institutions - a reference socially responsible governance of confidence-
building and organizational reputation
AABBSSTTRRAACCTT
Social responsibility is considered essential to the achievement of
organizational competitive advantage. The integration of its principles in the
organization's strategy, presents itself as a guiding line focus on meeting the needs of
internal and external stakeholders.
The current budgetary constraints have significantly affected the higher
education institutions, further hindering the increasing decline of students being
required to implement student recruitment strategies in the various cycles of age
stages and places of origin.
The management system of social responsibility, referenced in NP 4469.1:2008,
presents a major challenge to the model of management of organizations
implementing it, since this management system, has the potential to optimize the
interests of the various stakeholders.
The focus of the institution happens to be out of their stakeholders, maximizing
its positive impacts and minimizing the negative impacts as a result of its activities and
decisions. Increased organizational effectiveness and equity interests of stakeholders
can clarify the strategic functions of the higher education institutions.
Social responsibility programs and Social responsibility practices implemented in
higher education institutions in the interior of mainland Portugal are so strategically
seen as a positive differentiating factor compared to their counterparts and therefore
assumed to be a factor in their sustainability.
This research seeks to identify socially responsible governance model that is
committed to the promotion of a strategy which envisages conducting social
responsibility practices to increases in organizational trust and reputation among
students and employees of higher education institutions.
Based on the qualitative research approach, there were case studies in two
higher education institutions located in the Alentejo, making use of several sources of
information: interviews with 45 respondents, between elements of governance,
viii
employees and students, document analysis and participant observation. As data
processing technique was used content analysis by instrumental Atlas Ti.
The results of empirical research identifying that the two higher education
institutions have improved in terms of internal and external visibility, with respondents
who report an improvement in confidence and reputation as a result of adherence to
Social responsibility practices.
The leader of one of the higher education institutions are recognized by their
peers as high commitment to the principles of social responsibility while the other
leader is not recognized in the same way.
Students do not recognize advantages as a result of social responsibility
practices both in terms of trust and organizational reputation.
KKEEYYWWOORRDDSS
Corporate social responsibility;
Higher Education Institutions;
Socially responsible governance;
Qualitative research.
ix
ÍÍnnddiiccee GGeerraall
Índice Geral ....................................................................................................................... ix
Índice de Figuras ............................................................................................................. xiii
Índice de Tabelas ............................................................................................................ xvi
Glossário ........................................................................................................................ xvii
Capítulo 1. Introdução .............................................................................................................. 1
1. Introdução ................................................................................................................... 1
1.1. Justificação e relevância do tema ......................................................................................... 2
1.2. Problemática e questões de investigação ............................................................................ 6
1.3. Objectivo Geral e Específicos ............................................................................................... 7
1.4. Metodologia da investigação ............................................................................................... 8
1.5. Organização da Tese ............................................................................................................. 9
Capítulo 2. Responsabilidade Social das Organizações ................................................ 11
2. Introdução .................................................................................................................. 11
2.1. Conceito e dimensões da Responsabilidade Social das Organizações ............................... 14
2.2. Princípios da Responsabilidade Social das Organizações ................................................... 17
2.3. Teoria dos stakeholders ..................................................................................................... 19
2.4. Ética organizacional e Responsabilidade Social das Organizações .................................... 24
2.5. Governação organizacional e princípios de bom governo ................................................. 27
2.6. Desenvolvimento sustentável e Responsabilidade Social das Organizações ..................... 29
2.7. Organizações socialmente responsáveis e a competitividade organizacional ................... 32
Capítulo 3. A operacionalização da Responsabilidade social das organizações ......... 35
3. Introdução .................................................................................................................. 35
3.1. Identidade e imagem corporativas e cultura organizacional ............................................. 35
3.2. Liderança Eticamente Responsável .................................................................................... 40
3.2.1. Enquadramento ............................................................................................................. 40
3.2.2.Conceito de liderança e a sua importância no contexto da Responsabilidade Social das Organizações ................................................................................................................ 42
3.3. Comportamento e desempenho organizacional ................................................................ 48
3.4. Confiança e reputação corporativas................................................................................... 50
3.4.1. Confiança organizacional ............................................................................................... 50
3.4.2. Reputação corporativa .................................................................................................. 54
3.5. Operacionalização da Responsabilidade Social das Organizações ..................................... 58
3.5.1. Enquadramento ............................................................................................................. 58
x
3.5.2. Normas organizacionais de referência no âmbito da Responsabilidade Social ............ 59
3.5.3. Processo de definição da política de Responsabilidade Social de acordo com a NP 4469.1:2008 ................................................................................................................. 62
3.5.4. Gestão do relacionamento com as partes interessadas ............................................... 66
3.5.4.1. Enquadramento ........................................................................................................ 66
3.5.4.2. Comunicação e envolvimento com as partes interessadas ...................................... 67
3.5.4.3. Gestão do relacionamento com a equipa organizacional interna ............................ 71
3.5.4.4. Gestão do relacionamento com clientes, parceiros e comunidade ......................... 75
Capítulo 4. Responsabilidade social nas instituições de ensino superior .................. 79
4. Introdução ............................................................................................................................... 79
4.1. Instituições de ensino superior em Portugal ...................................................................... 79
4.1.1. Breve história das Instituições de Ensino Superior, em Portugal .................................. 80
4.1.2. Dados sobre o ensino superior em Portugal ................................................................. 84
4.1.3. Tendências do Ensino Superior ..................................................................................... 86
4.2. Funções das Instituições de ensino superior e a sua responsabilidade social ................... 89
4.2.1. Funções das Instituições de ensino superior ................................................................. 89
4.2.2. A responsabilidade social nas Instituições de Ensino Superior ..................................... 92
4.3. A governação no ensino superior socialmente responsável .............................................. 93
4.3.1. Órgãos de gestão e de consulta das IES ........................................................................ 93
4.3.2. Importância do governo e liderança da IES na sua responsabilidade social ................. 96
4.4. Sistema de Gestão da Qualidade e a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior ............................................................................................................................. 97
4.4.1. Sistema de Gestão da Qualidade pela ISO 9001:2008 .................................................. 97
4.4.2. Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior............................................... 98
Capítulo 5. Metodologia de investigação ..................................................................... 99
5. O paradigma qualitativo ............................................................................................ 99
5.1. Motivação para o problema de investigação ................................................................... 101
5.2. Abordagem ao problema e questões de investigação ..................................................... 102
5.3. Quadro metodológico e objectivos e dimensões da Investigação ................................... 105
5.3.1. Quadro metodológico da investigação – Investigação Qualitativa ............................. 105
5.3.2. Objectivos gerais e específicos e dimensões da investigação ..................................... 109
5.4. Procedimentos Metodológicos ........................................................................................ 109
5.4.1. A selecção dos Estudos de Caso ............................................................................... 109
5.4.2. Selecção dos entrevistados ...................................................................................... 110
5.4.2.1. Instituto Politécnico de Portalegre ......................................................................... 111
5.4.2.2. Universidade de Évora ............................................................................................ 112
xi
5.4.3. Instrumentos de recolha da informação. ................................................................ 113
5.4.4. Análise e interpretação da informação ................................................................... 118
Capítulo 6. Resultados, análise e interpretação ......................................................... 121
6. Resultados, análise e interpretação ...................................................................................... 121
6.1. Estudo de Caso 1 – Instituto Politécnico de Portalegre ................................................... 121
6.1.1. Caracterização do Instituto Politécnico de Portalegre ................................................ 121
6.1.2. Estratégia do Instituto Politécnico de Portalegre ........................................................ 123
6.1.3. Política e Programas de Responsabilidade Social no Instituto Politécnico de Portalegre ................................................................................................................................... 125
6.1.4. Resultados análise e interpretação das entrevistas efetuadas no Instituto Politécnico de Portalegre ............................................................................................................. 129
6.1.4.1. Listagem de entrevistados e respectiva caracterização ......................................... 129
6.1.4.2. Respostas e interpretação das entrevistas ............................................................. 130
6.1.4.2.1. Dimensão – Conceito de Responsabilidade social ............................................. 130
6.1.4.2.2. Dimensão – Governação da Instituição de Ensino Superior .............................. 142
6.1.4.2.3. Dimensão – Desafios da Instituição de Ensino Superior .................................... 162
6.1.4.2.4. Dimensão – Impactes das práticas de Responsabilidade Social na Instituição de Ensino Superior .......................................................................................................... 176
6.2. Estudo de Caso 2 – Universidade de Évora ...................................................................... 187
6.2.1. Caracterização da Universidade de Évora ................................................................... 187
6.2.2. Estratégia da Universidade de Évora ........................................................................... 189
6.2.2.1. Práticas de Responsabilidade Social na Universidade de Évora ............................. 190
6.2.3. Resultados análise e interpretação das entrevistas .................................................... 192
6.2.3.1. Listagem de entrevistados e respectiva caracterização ......................................... 192
6.2.3.2. Grupos de entrevistados seleccionados ................................................................. 192
6.2.3.3. Respostas e interpretação das entrevistas ............................................................. 193
6.2.3.3.1. Dimensão – Conceito de Responsabilidade Social ............................................. 193
6.2.3.3.2. Dimensão – Governação da Instituição de Ensino Superior .............................. 205
6.2.3.3.3. Dimensão – Desafios da Universidade de Évora ................................................ 220
6.2.3.3.4. Dimensão – Impactes das práticas de Responsabilidade Social na Instituição de Ensino Superior .......................................................................................................... 231
6.3. Análise comparativa dos estudos de caso ..................................................................... 240
6.3.1. Dimensão-Conceito de Responsabilidade Social........................................................ 240
6.3.2. Dimensão-Governação da Instituição de Ensino Superior......................................... 243
6.3.3. Dimensão-Desafios da Instituição de Ensino Superior............................................... 249
6.3.4. Dimensão-Impactes das práticas de responsabilidade social nas Instituição de Ensino
Superior.................................................................................................................... 254
xii
6.4 Discussão dos Resultados .................................................................................................. 258
Capítulo 7. Conclusões, Implicações Teóricas e Práticas, Limitações e Linhas Futuras de Investigação ............................................................................................................ 267
7. Conclusões .............................................................................................................. 267
7.1. Implicações Teóricas e Práticas ........................................................................................ 277
7.2. Limitações da Investigação e linha de orientação para Investigações Futuras ................ 278
Bibliografia ................................................................................................................... 281
Anexos .......................................................................................................................... 297
Anexo I .......................................................................................................................... 298
E-mail de pedido de agendamento de entrevista dirigido aos entrevistados seleccionados ............................................................................................................... 298
Anexo II ......................................................................................................................... 299
Organograma do Instituto Politécnico de Portalegre .................................................. 299
Organograma da Universidade de Évora ..................................................................... 299
Anexo III ........................................................................................................................ 300
Guia de orientação sobre os aspectos de RS ................................................................ 300
Anexo IV ........................................................................................................................ 303
Guião da entrevista ...................................................................................................... 303
Anexo V ......................................................................................................................... 306
Entrevista – Pré-teste ................................................................................................... 306
xiii
ÍÍnnddiiccee ddee FFiigguurraass
Figura 1. Dimensões da Responsabilidade Social das organizações .............................. 15 Figura 2. A organização e os impactes da RSO nas suas partes interessadas ................ 22 Figura 3. Adaptação da teoria dos stakeholders à gestão de impactes (NP 4469.1:2008).
...................................................................................................................... 24 Figura 4. Relação entre identidade corporativa, imagem desejada e imagem
corporativa. .................................................................................................. 37 Figura 5. Modelo das relações entre identidade corporativa, imagem corporativa ..... 39 Figura 6. Modelo de Liderança Eticamente Responsável (LER) ..................................... 47 Figura 7. Modelo conceptual para o comportamento organizacional. ......................... 50 Figura 8. Modelo de confiança. ...................................................................................... 53 Figura 9. Desagregação da reputação corporativa. ....................................................... 56 Figura 10. Pirâmide dos pilares da reputação corporativa ............................................ 58 Figura 11. Modelo da NP 4469.1:2008 ........................................................................... 62 Figura 12. Esquema da formulação da política de RS (NP 4469.1:2008) ....................... 63 Figura 13. Ciclo de Gestão de Pessoas pela Liderança Eticamente Responsável. ......... 72 Figura 14. Modelo de Sistema de Gestão de Pessoas. .................................................. 74 Figura 15. O círculo dos stakeholders. ........................................................................... 78 Figura 16. Sistema de governação nas IES ..................................................................... 94 Figura 17. Modelo conceptual da investigação ........................................................... 105 Figura 18. Quadro metodológico. ............................................................................... 106 Figura 19. Tipologias de Estudos de Caso. ................................................................... 108 Figura 20. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das
respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Significado de RS. ... 138 Figura 21. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das
respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Conceito de RS – Natureza Jurídica da IES e adesão a práticas de RS. .................................. 139
Figura 22. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Conceito de RS - Localização geográfica da IES e adesão a práticas de RS, pelo software Atlas Ti. ................................................................................................................ 140
Figura 23. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Conceito de – Dimensões da RS. ....................................................................................... 141
Figura 24. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Identificação das PI .................................................................................... 155
Figura 25. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES - Importância relativa das PI ........................................................................ 156
Figura 26. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Funções da IES ............................................................................................ 157
xiv
Figura 27. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão Governação da IES – Identificação valores e código de ética ...................................................... 158
Figura 28. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Compromisso da governação na promoção da RS .................................... 159
Figura 29. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Relação da estratégia da IES com a RS ....................................................... 160
Figura 30. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Desafios do IPP - Relação das tendências do ES com os desafios da IES ............................... 171
Figura 31. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Desafios do IPP – Fontes alternativas de financiamento da IES ............................................. 172
Figura 32. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão -Desafios do IPP –Impacto das políticas da tutela no contexto das IES do interior.............................. 173
Figura 33. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Desafios do IPP – Reconhecer nas práticas de RS formas de minimizar os desafios da IES... 174
Figura 34. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Impactes das práticas de RS na IES – Impacte económico e social do IPP para a região .............. 183
Figura 35. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Impactes das práticas de RS na IES – Foco das práticas de RS do IPP ............................................... 184
Figura 36. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Impactes das práticas de RS na IES – vantagens das práticas de RS no IPP na sua reputação e confiança organizacionais. ......................................................................... 185
Figura 37. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Conceito de RS – Significado da RS ........................................................................................ 200
Figura 38. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Conceito de RS – Natureza jurídica da IES e adesão a práticas de RS.................................... 201
Figura 39. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Conceito de RS – Localização geográfica da IES e adesão a práticas de RS ........................... 202
Figura 40. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Conceito de RS – Dimensões da RS. ....................................................................................... 203
xv
Figura 41. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Governação da IES – Identificação das PI .................................................................................... 213
Figura 42. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Importância relativa das PI ........................................................................ 214
Figura 43. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Governação da IES – Funções da IES ............................................................................................ 215
Figura 44. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Identificação valores e código de ética ...................................................... 216
Figura 45. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Compromisso da governação na promoção da RS .................................... 217
Figura 46. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Relação da estratégia da IES com a RS ....................................................... 218
Figura 47. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Desafios da UÉ - Relação das tendências do ES com os desafios da IES ............................................ 226
Figura 48. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão - Desafios da UÉ – Fontes alternativas de financiamento da IES ......................................................... 227
Figura 49. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Desafios da UÉ – Impacto das políticas da tutela no contexto das IES do interior. .............. 228
Figura 50. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Desafios da UÉ – Reconhecer nas práticas de RS formas de minimizar os desafios da IES... 229
Figura 51. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Impactes das práticas de RS na IES - Impacte económico e social da UÉ para a região ................ 236
Figura 52. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à dimensão–Impactes das práticas de RS na IES – Foco das práticas de RS na UÉ ................................................. 237
Figura 53. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Impactes das práticas de RS na IES –Vantagens das práticas de RS na UÉ na sua reputação e confiança organizacionais .......................................................................... 238
Figura 54. Grupos prioritários de programas de Responsabilidade Social .................. 278
xvi
Índice de Tabelas
Tabela 1. Constituição do Modelo de Quociente de Reputação. ................................. 57 Tabela 2 . Identificação das partes interessadas de uma organização .......................... 64 Tabela 3 . Instituições de Ensino Superior em Portugal e respectivas unidades
orgânicas. ....................................................................................................... 84 Tabela 4. Estudantes inscritos, por subsistema e tipo de ensino, relativo ao período
entre os anos lectivos de 2000/01 a 2013/14 ............................................... 87 Tabela 5. Dimensões de investigação ......................................................................... 109 Tabela 6. Grupos de entrevistados no IPP .................................................................. 111 Tabela 7. Grupo de Entrevistados da Universidade de Évora ..................................... 112 Tabela 8. Instrumentos de recolha de informação para a investigação ...................... 113 Tabela 9. Guião da Entrevista ...................................................................................... 116 Tabela 10. Partes interessadas significativas do Instituto Politécnico de Portalegre
(2010) ........................................................................................................... 126 Tabela 11. Identificação e descrição dos programas de RS. ........................................ 128 Tabela 12. Listagem e caracterização de entrevistados do IPP (27/06/2013 a
18/07/2013) ................................................................................................. 129 Tabela 13. Grupos de entrevistados do IPP (entrevistas efectuadas de 27/06/2013 a
18/07/2013) ................................................................................................. 130 Tabela 14. Listagem e descrição das iniciativas sociais da UÉ ..................................... 191 Tabela 15. Listagem e caracterização de entrevistados da UÉ (15/01/2014 a
16/04/2014) ................................................................................................. 192 Tabela 16. Grupos de entrevistados da UÉ, entrevistas efectuadas de 15/01/2014 a
6/04/2014 .................................................................................................... 193 Tabela 17. Análise comparativa da dimensão – Conceito de RS, no IPP e na UÉ ........ 241 Tabela 18. Análise comparativa da dimensão – Governação da IES, no IPP e na UÉ . 244 Tabela 19. Análise comparativa da dimensão – Desafios da IES, no IPP e na UÉ ........ 252 Tabela 20. Análise comparativa da dimensão - Impactes das práticas de RS na IES, no
IPP e na UÉ ................................................................................................... 255
xvii
Glossário
A3ES – Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior
AE – Associações Estudantes
ASPSIG – Aspectos de Responsabilidade Social Significativos
CA – Conselho Académico
CAQDAS - Computer Assisted Qualitative Data Analysis Software
CE – Comissão Europeia
CP – Círculo do Progresso
CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
CRM – Customer Relationship Management
CT – Comissão Técnica
DS – Desenvolvimento Sustentável
ES – Ensino Superior
ESAE – Escola Superior Agrária em Elvas
ESE – Escola Superior de Educação
ESS – Escola Superior de Saúde
ESTG – Escola Superior de Tecnologia e Gestão
GOV – Governação
IES – Instituições de Ensino Superior
ISO - International Organization for Standardization
MCTES – Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
MR – Marketing Relacional
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
PI – Partes Interessadas
PISIG – Partes Interessadas Significativas
PROVEST – Provedor do Estudante
QR – Quociente de Reputação
RJIES – Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior
RS – Responsabilidade Social
RSO – Responsabilidade Social das Organizações
RSU – Responsabilidade Social Universitária
xviii
SAI – Social Accountability International
SAS – Serviços de Acção Social
SC – Serviços Centrais
SER – Prestação de serviços
SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade
SGP – Sistema de Gestão de Pessoas
SGRS – Sistema de Gestão da Responsabilidade Social
SRM - Stakeholder Relationship Management
TIC – Tecnologias de Informação e de Comunicação
TSR – Territórios Socialmente Responsáveis
WBCSD - Word Business Council for Sustainable Development
1
CCCaaapppííítttuuulllooo 111
IIInnntttrrroooddduuuçççãããooo
1. Introdução
No actual grande desafio da globalização dos mercados, as empresas procuram
formas de maximizarem o retorno dos investimentos feitos pelos seus accionistas.
Alguns líderes vão para além deste foco e colocam as suas empresas igualmente
direccionadas em outras partes interessadas (PI), que consideram muito relevantes
para a sua competitividade e sustentabilidade. As organizações quando estão focadas
para as necessidades e expectativas das múltiplas PI adquirem mais facilmente uma
proximidade e envolvimento com estas, o que se torna decisivo para aumentos de
confiança e reputação organizacionais (Davies et al., 2003; Shamma, 2012).
A globalização das economias, tem levado a que as empresas direccionem os
seus planos estratégicos para os mercados internacionais, muitos deles em economias
emergentes, constituindo assim uma oportunidade para escoar as suas ofertas para
mercados com maior procura. Mas muitas vezes nestes mercados globais, existe uma
evidente dificuldade ou mesmo incapacidade na sua regulação, acompanhado pelos
escândalos financeiros dos recentes anos, que abalaram a confiança em todo o sistema
financeiro mundial, contribuindo este fenómeno para diminuir ainda mais a confiança
entre agentes económicos globais (Freeman et al., 2010).
Esta quebra de confiança também é extensível às comunidades e respectivas
populações, em particular nos países europeus em crise financeira mais acentuada,
com taxas de desemprego elevadíssimas, sobretudo da população mais jovem, que
olham para as gerações mais velhas e se interrogam se alguma vez irão atingir os seus
níveis de vida.
Por outro lado, as desigualdades sociais, culturais, demográficas e a crescente
degradação ambiental, nomeadamente com a crescente evidência da consequência
2
das alterações climáticas, só vêm potenciar ainda mais esta séria quebra de confiança
entre cidadãos, organizações e sistemas governamentais (Moreira, 2014).
1.1. Justificação e relevância do tema
A confiança entre os agentes económicos, sociais, culturais e políticos é um
requisito fundamental para crescimentos sustentáveis das comunidades e
organizações. Para se conquistar a confiança das PI, os líderes organizacionais devem
exercer um comportamento éticamente responsável para com as mesmas,
nomeadamente para com os colaboradores, clientes e comunidade. Este
comportamento deve se basear na ética responsável, cumprimento da lei, integridade,
transparência, comunicando e envolvendo as PI através de processos transparentes e
reguláveis por entidades verdadeiramente independentes (ISO 26000:2011).
A reputação corporativa é vista como um factor promotor de confiança
organizacional. A criação de confiança e reputação organizacionais não são processos
rápidos, pelo contrário são o resultado de uma estratégia de médio e longo prazo, em
estabelecer e alongar relacionamentos entre a organização e as suas PI com a criação
de valor organizacional partilhado (Shamma & Hassan, 2009).
A reputação corporativa deve ser o resultado de uma estratégia organizacional
onde a Responsabilidade social das organizações (RSO) seja um dos seus pilares
(Logsdon & Wood, 2002), devendo ser tomada em consideração não só como o
resultado das boas práticas internas e externas como um activo indispensável na
procura por vantagens competitivas (Davies et al., 2003), que permita a manutenção
da actividade da organização a longo prazo.
A RSO pode ser definida como “a responsabilidade de uma organização pelos
impactes das suas actividades e decisões para com as suas PI, através de um
comportamento ético e transparente que seja consistente com o desenvolvimento
sustentável e o bem-estar da sociedade em geral, tenha em conta as expectativas das
PI, esteja em conformidade com o estado de direito e legislação em vigor, seja
consistente com as normas de conduta internacionais e esteja integrado em toda a
organização” (NP 4469-1:2008; ISO 26000:2011).
A RSO constitui actualmente uma área cada vez mais importante em todo o
mundo global, permitindo criar uma perspectiva de mudança de atitude das
organizações para com as PI com um significativo potencial de promoção do valor
confiança e reputação organizacionais (Baylis & Smith, 2005; Almagro et al., 2010).
A RSO enquanto sistema de gestão contém instrumentos adequados para a
promoção sistemática do envolvimento dos agentes organizacionais, maximizando
impactes positivos e minimizando impactes negativos, nas suas PI, em resultado das
suas actividades e decisões (NP 4469-1:2008). A integração dos princípios da RSO na
3
estratégia da organização, conduz a planos de acção orientados para a satisfação de
necessidades das PI internas e externas, maximizando o seu contributo para o
desenvolvimento sustentável (ISO 26000:2011).
A ética organizacional é um elemento central no âmbito da RSO, estando as
virtudes do carácter dos líderes relacionadas com o nível da integração da ética
organizacional na estratégica corporativa, de forma a potenciar um modelo de gestão
ética responsável (Jorge, 2014).
A governação das organizações é vista como um factor muito relevante para o
assumir das responsabilidades perante as PI e na integração da RSO em toda a
organização, sendo as boas práticas da governação corporativa vistas como factores
essenciais para se evitar fraudes e situações de gestão danosa, minimizando-se assim
possíveis impactes negativos para accionistas, clientes e outras PI. As boas práticas da
governação organizacional tornam mais atractivo o investimento nestas organizações
e minimizam o seu risco (Carroll, 1991; Zaleznik, 2004; Maak & Pless, 2006; Melé &
Guillén, 2006).
As organizações socialmente responsáveis, integram os princípios de RSO na
sua estratégia, desempenhando as suas funções, actividades e decisões, maximizando
impactes positivos e minimizando impactes negativos nas PI significativas, assumindo e
praticando princípios de boa governação e liderança, de forma a contribuírem para o
desenvolvimento sustentável (Santos, 2005; Kotler & Lee, 2005).
As organizações socialmente responsáveis ao estarem integradas na sociedade,
contribuem muito para o desenvolvimento dos Territórios Socialmente Responsáveis
(TSR), promovendo a empregabilidade local, investindo em projectos sociais dirigidos à
comunidade, dirigindo assim parte do lucro comercial para estas actividades locais
sustentáveis.
Os TSR são sistemas territoriais complexos, contendo uma multiplicidade de PI,
onde se procura a optimização na gestão de impactes entre as mesmas, nas várias
dimensões assumidas no âmbito da RSO.
Nestes territórios, existe uma partilha de responsabilidades entre as PI e apesar
de com frequência existirem interesses divergentes, cada PI tem a sua quota de
responsabilidade na promoção do equilíbrio da gestão de impactes. O objectivo último
dos TSR é a promoção do Desenvolvimento Sustentável. Quanto maior for o
envolvimento entre as organizações socialmente responsáveis e a comunidade, maior
a sua interdependência e inter-ajuda na conquista de confiança organizacional
(Keinert, 2008; Ismail, 2009).
Numa sociedade cada vez mais globalizada e que requerer dos seus cidadãos,
uma constante actualização das suas competências e saberes, de forma a potenciar a
sua própria competitividade, a socialização do conhecimento, através do Ensino
Superior é um factor determinante.
4
O Ensino Superior em Portugal desenvolveu-se muito a partir das reformas no
sector em 1973, tendo nessa altura sido criadas novas Instituições de Ensino Superior
(IES) públicas, tanto ao nível do ensino universitário, como do politécnico,
acompanhado da abertura à iniciativa privada (Grácio, 1998; Sá et al., 2013).
O crescimento de estudantes entre 1973 e 2003 foi de cerca de 7 vezes, de
56.608 para 400.831, o que demonstra bem a necessidade que a sociedade portuguesa
tinha nesta área. Constatou-se uma diversificação ao nível das áreas de ensino, no
acesso ao Ensino Superior, na origem socioeconómica dos estudantes e nas suas
idades e situação perante o mercado de trabalho (Fonseca & Encarnação, 2012).
O processo de Bolonha, implicou mudanças significativas no sistema de Ensino
Superior tendo-se verificado que apesar dos objectivos inicialmente previstos, o
sistema de Ensino Superior em Portugal permanece, de acordo com os indicadores da
OCDE (2014), ainda aquém da média dos países da OCDE, necessitando por isso de um
maior investimento, de forma a se elevar o nível educativo dos portugueses e
minimizar a taxa actual de abandono prematuro de estudantes no primeiro ano de
licenciatura (Fonseca & Encarnação, 2012).
Algumas tendências na actual evolução do Ensino Superior em Portugal
condicionam a futura actuação estratégica e operacional do sector.
Pelo facto de se observar uma redução do financiamento estatal nas IES
públicas, implicando constrangimentos muito significativos nos respectivos
orçamentos anuais e por outro lado o facto de se verificar uma redução efectiva da
procura por parte dos estudantes portugueses, sobretudo do Ensino Superior privado
e do Ensino Superior politécnico (Sá et al., 2013), constata-se uma resposta por parte
das IES no sentido de aplicação de uma estratégia de captação de mais estudantes ao
nível dos vários ciclos de estudo, origens de proveniência com um especial foco na
internacionalização das IES e o incentivo para a formação ao longo da vida.
As motivações para a internacionalização das IES são várias. Com o aumento do
número de estudantes internacionais, aumentam as receitas das IES e
consequentemente o desenvolvimento económico do país. O aumento de produção
científica e do conhecimento dos estudantes e das populações também pode ser
conseguido sendo facilitada a promoção da RS nas IES.
Por outro lado verifica-se o desenvolvimento da área da prestação de serviços
por parte das IES, por vezes relacionada e alinhada com a dinamização de centros de
investigação e de desenvolvimento, o que facilita a desejável ligação das IES ao tecido
empresarial. Igualmente constata-se uma tendência na redefinição das redes do
Ensino Superior com o estabelecimento de parcerias académicas nacionais e
internacionais, que podem contribuir para racionalização da oferta formativa,
sobretudo nas IES geograficamente próximas, como é o caso de IES do interior
continental, podendo minimizar o problema da duplicação da oferta.
5
Uma outra linha muito relevante é a crescente utilização das novas tecnologias
nas IES, que podem potenciar a ampliação da oferta de cursos na modalidade de
ensino à distância, associando IES de ensino presencial, com outras dirigidas para o
ensino à distância, captando mais estudantes nacionais e internacionais através deste
modelo de aprendizagem global.
As IES ao desempenharem as suas funções no âmbito da docência, investigação
e extensão do conhecimento, devem estar em concordância com os princípios da RS,
de forma a criar dinâmicas inovadoras, que potenciem os conhecimentos da
sociedade, contribuindo igualmente para o desenvolvimento e crescimento da
economia, do desenvolvimento regional, social e da coesão da sociedade (De La Custa
et al., 2010).
O governo das IES tem procurado ajustar os seus sistemas de gestão aos
requisitos da RS, pelo que se verifica a gradual tendência da integração dos princípios
da RS na estratégia das IES, acompanhada por modelos de governação mais
transparentes e socialmente responsáveis (Pachón, 2009).
A Responsabilidade Social Universitária (RSU) é vista como a capacidade que as
IES têm em difundir e pôr em prática um conjunto de princípios e valores gerais e
específicos, suportada em quatro processos chave: gestão, docência, investigação e
extensão (Pachón, 2009; Vasilescu et al., 2010; De La Cuesta et al., 2010).
A RSU permite a construção de um modelo de IES que satisfaça o objectivo de
maximizar impactes positivos nas suas PI significativas e minimizar os impactes
negativos nas mesmas, através da implementação de uma política de RS, contendo
programas de RS dirigidos aos estudantes, docentes e não docentes, comunidade local,
parceiros chave e meio ambiente (NP 4469.1:2008; Sebes et al., 2014).
A RSU ao integrar os princípios da RS na estratégia da IES, vai fomentar a gestão
integrada de toda a organização académica e das redes de IES nacionais e
internacionais, promovendo a formação de profissionais com sólida formação
científica e tecnológica, comprometida com os valores e princípios da sensibilidade
humana, social e ecológica e com o compromisso para com o desenvolvimento
humano (Vasilescu et al., 2010; Isquierdo, 2010).
As liberdades conquistadas por algumas sociedades ocidentais, devem implicar
a sistemática responsabilização de todos os seus intervenientes, desejavelmente mais
interventivos, o respeito pelo estado de direito, o cumprimento da lei e a pratica de
uma postura ética que permita conduzir o nosso mundo ao desejado desenvolvimento
sustentável das organizações e sociedades.
6
1.2. Problemática e questões de investigação
As IES portuguesas confrontam-se actualmente com grandes desafios, em
resultado de um sistema de Ensino Superior ainda insuficientemente regulado pelo
estado, com alguma falta de diferenciação e clarificação entre as missões das
universidades e dos institutos politécnicos, alguma excessiva capacidade instalada,
dificuldades na eliminação de situações de baixa qualidade na rede de Ensino Superior
e a existência de sérios problemas de financiamento do sector (Fonseca & Encarnação,
2012; Diogo & Brückmann, 2015).
Este quadro do sistema de Ensino Superior português contribui em muito para
uma série de constrangimentos muito evidentes nas IES do interior continental,
nomeadamente, pela diminuição da procura de estudantes pelas IES do interior,
especialmente no que diz respeito ao ensino politécnico (Fonseca & Encarnação,
2012).
Esta realidade não estará dissociada da falta de investimentos estruturais
públicos e da importante diminuição do investimento privado nestas regiões do
interior, potenciando ainda mais os efeitos do envelhecimento da população,
associado a uma importante diminuição da natalidade (INE, 2013).
Neste âmbito, as práticas de RS nas IES são vistas como uma possível via para
contrabalançar estes constrangimentos das IES do interior de Portugal. A governação
das IES ao assumir os princípios da RS (ISO 26000:2008), deve promover e integrar a
RSU em toda a IES, incentivando a transparência organizacional, promovendo práticas
de comunicação, diálogo e envolvimento com as PI, foco nas suas necessidades e
expectativas, procurando aumentos de eficiências organizacionais e adequada
prestação de contas (Vallaeys, 2014).
Esta governação socialmente responsável vai dinamizar a criação de
conhecimento e de inovação conducentes à inversão de algumas das tendências do
actual Ensino Superior em Portugal. A RSU nas IES vai permitir uma gestão do
relacionamento mais eficaz e eficiente com as PI significativas, nomeadamente, com
estudantes, docentes e não docentes.
A identificação e promoção destas práticas de RSU conducentes a aumentos de
confiança e reputação corporativas, por parte de estudantes e colaboradores são
assim uma linha muito importante de investigação.
É com base nesta problemática que se formula a argumentação epistemológica
da investigação estudando e reflectindo sobre o modelo de governação socialmente
responsável em IES, que integra a RSU na sua estratégia, indo operacionalizar as
práticas de RS dirigidas a determinadas PI significativas, as quais vão contribuir para
aumentar a sua confiança e reputação em relação à instituição.
Para se compreender o fenómeno social relativo ao problema da investigação,
surgem várias questões de investigação que, ao serem trabalhadas, vão conduzir a um
7
melhor entendimento do objecto em estudo. Vários autores consideram as questões
de investigação como uma fase fundamental no processo de investigação, devendo
estas serem adequadamente formuladas para que se consiga obter a visão holística
desejada sobre o tema em estudo (Yin, 2005; Zainal, 2007; Aires, 2011; Coutinho,
2011).
Na presente investigação foram apontadas as seguintes questões de
investigação:
Qual o significado de RS no contexto da IES?
Como a governação da IES incorpora a RS na estratégia corporativa?
Como é que as práticas de RSU podem minimizar os actuais desafios das IES?
Quais os impactes das práticas de RSU na confiança e reputação da IES?
No seguimento da identificação da estrutura da investigação apresentam-se as
proposições deste estudo:
Proposição 1: Os colaboradores e os estudantes da IES conhecem o conceito da RS.
Proposição 2: A governação incorpora objectivos e práticas de RS na estratégia da
IES.
Proposição 3: As práticas de RSU podem minimizar os actuais desafios das IES.
Proposição 4: As práticas de RS na IES impulsionam a confiança e a reputação
organizacional nos seus colaboradores e estudantes.
1.3. Objectivo Geral e Específicos
O objectivo geral deste trabalho de doutoramento é compreender de que
forma o alinhamento das práticas de RS com a estratégia das IES contribui para um
referencial de governação socialmente responsável, gerador de confiança e reputação
organizacionais.
A governação das organizações é considerada determinante para o desenho da
estratégia organizacional que integre os princípios da RS em toda a instituição,
podendo fazer depender o nível e a amplitude da integração da RS na organização (ISO
26000:2008; NP 4469.1:2008).
Os objectivos específicos da investigação são os seguintes:
8
1. Identificar a perspectiva dos grupos de entrevistados em relação ao conceito de RSO.
2. Caracterizar o compromisso estratégico e operacional da governação no âmbito da RSU.
3. Identificar desafios estratégicos e operacionais da IES, relacionando-os com a RSU. 4. Identificar impactes das práticas de RSU na IES.
As dimensões de investigação são as seguintes:
Conceito de RSO
Governação da IES
Desafios estratégicos e operacionais da IES
Práticas de RSU na IES 1.4. Metodologia da investigação
No âmbito do fenómeno social que se pretende estudar neste trabalho e tendo
em conta as suas questões , objectivos e dimensões, a investigação enquadra-se num
estudo exploratório abrangido numa pesquisa qualitativa, adoptando-se como
estratégia particular de investigação, o Estudo de Caso.
Neste âmbito, foram seleccionadas duas IES, a Universidade de Évora (UÉ) e o
Instituto Politécnico de Portalegre (IPP). Os estudos de caso seleccionados apresentam
o objectivo de representarem casos de confirmação, ou seja, casos onde se verifica
repetições presumidas do mesmo fenómeno (Yin, 2004). O investigador teve como
critérios na sua selecção o facto de ambas as IES se localizarem no interior continental,
nomeadamente no Alentejo, locais reconhecidamente desfavorecidos em termos de
desenvolvimento económico, taxas de natalidade, investimento público e privado e
diminuta procura por estudantes (Fonseca & Encarnação, 2012).
Igualmente, existiram critérios de conveniência do investigador, tais como a
maior acessibilidade aos inquiridos e o menor dispêndio de recursos financeiros e de
tempo, tratando-se portanto de uma amostragem não probabilística (Marshall, 1996;
Barañano, 2008; Coutinho, 2011).
Para além destas duas IES foi igualmente incluída no estudo a Universidade da
Estremadura, em Badajoz, visto que a sua localização é muito próxima das duas IES
seleccionadas e apresenta fenómenos sociais muito semelhantes, como é o exemplo
das consequências da sua interiorização continental. Apesar de não se considerar um
terceiro estudo de caso, por não se terem aplicado os procedimentos metodológicos
exigíveis, foi seleccionada para servir de IES de comparação, com os dois estudos de
caso constantes desta dissertação.
9
A selecção dos entrevistados é um processo importante de forma a aumentar a
fiabilidade dos resultados, necessitando de se incluir na listagem de entrevistados,
aqueles que nos permitem efectuar as inferências válidas a serem feitas sobre a
população (Marshall, 1996). Na selecção dos entrevistados, foram considerados os
grupos previstos no modelo de governação das IES. Foram incluídos outros
entrevistados cujas funções exercidas na respectiva IES os tornam muito relevantes no
estudo do fenómeno social da investigação.
Assim, tendo em conta a população global relativa à governação de cada uma
das IES estudadas, o estudo incidiu sobre todos os elementos do Conselho de Gestão, a
maioria da equipa do reitor, os órgãos de governação das várias escolas e o presidente
do conselho geral no caso da UÉ. No caso do IPP, entrevistaram-se o presidente o vice-
presidente e os órgãos de governação das várias escolas superiores. Para além dos
elementos da governação entrevistados, os restantes elementos são representativos
das áreas multifuncionais de cada IES, perfazendo assim 45 entrevistas nas duas IES.
Em relação à Universidade da Estremadura, foi entrevistada a responsável pela
RS da universidade, obtendo-se desta forma a sua visão do tema da RS para aquela
universidade espanhola.
1.5. Organização da Tese
O desenvolvimento deste trabalho apresenta a seguinte estrutura:
No Capítulo 1 apresenta-se a introdução do trabalho.
No Capítulo 2 procede-se a uma análise do conceito e dimensões da
responsabilidade social, dos princípios da responsabilidade social, da teoria dos
stakeholders, da ética organizacional, da governação organizacional e princípios de
bom governo, do desenvolvimento sustentável e responsabilidade social e das
organizações socialmente responsáveis e a competitividade organizacional.
No Capítulo 3 desenvolvem-se os pontos relacionados com a identidade e
imagem corporativas e cultura organizacional, a liderança eticamente responsável, o
comportamento e desempenho organizacional, a confiança e reputação corporativas,
a comunicação e envolvimento e a gestão do relacionamento com a equipa
organizacional interna e com clientes, parceiros e comunidade.
No Capítulo 4 desenvolvem-se aspectos relacionados com a responsabilidade
social nas instituições de ensino superior, apresentando um panorama sobre as
instituições de ensino superior em Portugal, as suas funções, a referência sobre a
importância da governação e liderança na responsabilidade social nas IES,
apresentando o sistema de gestão da qualidade e o sistema de avaliação e acreditação
do ensino superior
10
No Capítulo 5 desenvolvem-se a metodologia de investigação, iniciando com o
objectivo e abordagem de investigação, as questões de investigação e os
procedimentos metodológicos.
No Capítulo 6 abordam-se os resultados com a análise individualizada dos dois
casos e a discussão dos resultados, havendo lugar à comparação dos casos
considerados.
No Capítulo 7 apresentam-se as conclusões finais, as suas implicações teóricas
e práticas, as suas limitações da investigação efectuada e as sugestões para
investigações futuras.
11
CCCaaapppííítttuuulllooo 222
RRReeessspppooonnnsssaaabbbiiillliiidddaaadddeee SSSoooccciiiaaalll dddaaasss OOOrrrgggaaannniiizzzaaaçççõõõeeesss
2. Introdução
No actual grande desafio da globalização dos mercados, as empresas procuram
formas de maximizarem o retorno dos investimentos feitos pelos seus accionistas.
Alguns líderes vão para além deste foco e colocam as suas empresas igualmente
direccionadas em outras PI que consideram muito relevantes para a sua
competitividade e sustentabilidade. As organizações quando estão focadas para as
necessidades e expectativas das múltiplas PI adquirem mais facilmente uma
proximidade e envolvimento com estas, o que se torna decisivo para aumentos de
confiança e reputação organizacionais (Davies et al., 2003; Shamma, 2012).
A globalização das economias, tem levado a que as empresas ganhem novas
noções de espaço e de tempo. As empresas focam-se nos mercados internacionais,
muitos deles em economias emergentes, constituindo assim uma oportunidade para
escoar as suas ofertas para mercados com maior procura. Mas muitas vezes nestes
mercados globais, existe uma evidente dificuldade ou mesmo incapacidade na sua
regulação, acompanhado pelos escândalos financeiros dos recentes anos, que
abalaram a confiança em todo o sistema financeiro mundial, contribuindo este
fenómeno para diminuir ainda mais a confiança entre agentes económicos globais
(Freeman et al., 2010).
Esta quebra de confiança também é extensível às comunidades e respectivas
populações, em particular nos países europeus em crise financeira mais acentuada,
com taxas de desemprego elevadíssimas, sobretudo da população mais jovem, que
olham para as gerações mais velhas e se interrogam se alguma vez irão atingir os seus
níveis de vida. Por outro lado, as desigualdades sociais e culturais e a crescente
degradação ambiental, nomeadamente com a crescente evidência da consequência
das alterações climáticas, só vêm potenciar ainda mais esta séria quebra de confiança
entre cidadãos, organizações e sistemas governamentais (Moreira, 2014).
12
Martin (2014) afirma que o “petróleo do século XXI” é a confiança. A confiança
entre os agentes económicos, sociais, culturais e políticos é um requisito fundamental
para crescimentos sustentáveis das comunidades e organizações. Para se conquistar a
confiança das PI, os líderes organizacionais devem alterar a sua postura para com as PI,
nomeadamente com os colaboradores, clientes e comunidade. Têm que se comportar
de forma ética, responsável, integra, transparente, comunicando e envolvendo as PI
através de processos transparentes e reguláveis por entidades verdadeiramente
independentes (ISO 26000:2011). A criação de confiança não é um processo rápido
mas é essencial para a sustentabilidade e responsabilização dos seus actores.
A RSO constitui actualmente uma área cada vez mais importante em todo o
mundo globalizado, em particular na União Europeia, permitindo criar uma perspectiva
de mudança de atitude das organizações para com as PI com um significativo potencial
de promoção do valor confiança organizacional (Baylis & Smith, 2005; Almagro et al.,
2010).
A RSO pode ser definida como “a responsabilidade de uma organização pelos
impactes das suas actividades e decisões para com as suas PI, através de um
comportamento ético e transparente que seja consistente com o desenvolvimento
sustentável e o bem-estar da sociedade em geral, tenha em conta as expectativas das
PI, esteja em conformidade com o estado de direito e legislação em vigor, seja
consistente com as normas de conduta internacionais e esteja integrado em toda a
organização” (NP 4469-1:2008; ISO 26000:2011).
A RSO enquanto sistema de gestão, contém instrumentos adequados para a
promoção sistemática do envolvimento dos agentes organizacionais, maximizando
impactes positivos e minimizando impactes negativos nas suas PI, em resultado das
suas actividades e decisões (NP 4469-1:2008). A integração dos princípios da RSO na
estratégia da organização, conduz a planos de acção orientados para a satisfação de
necessidades das PI internas e externas, maximizando o seu contributo para o
desenvolvimento sustentável (ISO 26000:2011).
O processo de globalização económica, leva a que o contexto em que as
empresas operam, esteja em rápida mudança, surgindo assim evidentes desafios à
RSO, nomeadamente na identificação de novas PI significativas e de legislações e
regulamentos específicos de cada zona geográfica, alterando-se as expectativas dos
investimentos, relativamente ao seu retorno e gestão de risco, sendo por isso
necessário que se tenha em conta nesta tomada de decisão, impactes sociais,
ambientais, económicos, culturais, científicos, tecnológicos, políticos e meio
ambientais (Amaral, 2008; Amaro, 2009).
A teoria dos stakeholders (Freeman & Reed, 1983) pretendeu reconhecer as
implicações da actividade organizacional nos relacionamentos com as PI, com as quais
de uma forma maior ou menor, vai interagir e afectar, na sequência das suas decisões
13
e actividades. Esta teoria teve ao longo das décadas de existência, um leque de
interpretações multidisciplinares por parte da academia, nomeadamente no âmbito da
ética empresarial, estratégia corporativa, finanças, contabilidade, gestão e marketing
(Freeman et al., 2010).
A ética organizacional é um elemento central no âmbito da RSO, estando as
virtudes do carácter dos líderes relacionadas com o nível da integração da ética
organizacional na estratégica corporativa, de forma a potenciar um modelo de gestão
ética responsável (Jorge, 2014).
A este nível, a governação das organizações é vista como um dos factores mais
relevantes para o assumir das suas responsabilidades perante as PI e na integração da
RSO em toda a organização, sendo as boas práticas de governação corporativa vistas
como factores essenciais para se evitar fraudes e situações de gestão danosa,
minimizando-se assim possíveis impactes negativos para accionistas, clientes e outras
PI. As boas práticas da governação organizacional tornam mais atractivo o
investimento nestas organizações e minimizam o seu risco (Carroll, 1991; Zaleznik
2004; Maak & Pless, 2006; Melé & Guillén, 2006).
As organizações socialmente responsáveis, integram os princípios de RSO na
sua estratégia, desempenhando as suas funções, actividades e decisões, maximizando
impactes positivos e minimizando impactes negativos nas PI significativas, assumindo e
praticando princípios de boa governação e liderança, de forma a contribuírem para o
desenvolvimento sustentável (Santos, 2005; Kotler & Lee, 2006).
As organizações socialmente responsáveis são actores privilegiados no
desenvolvimento de processos de relacionamento e envolvimento com a comunidade
envolvente, promovendo a criação de territórios socialmente responsáveis (TSR).
Quanto maior for o envolvimento entre as organizações e a comunidade, maior a sua
interdependência e inter-ajuda na conquista de confiança organizacional (Keinert,
2008; Ismail, 2009).
É reconhecida a importância do estado nesta adesão à RSO assim como a
intervenção decisiva das instituições privadas e do terceiro sector, as quais em
conjunto, vão promover práticas mais sustentáveis e ajustadas aos cidadãos para que
estes se tornem igualmente cada vez mais cidadãos interventivos e socialmente
responsáveis (ISO 26000:2011).
As liberdades conquistadas por algumas sociedades ocidentais, devem implicar
a sistemática responsabilização de todos os seus actores, desejavelmente mais
interventivos, o respeito pelo estado de direito, o cumprimento da lei e a prática de
uma postura ética que permita conduzir o nosso mundo ao desejado desenvolvimento
sustentável das organizações e sociedades.
14
2.1. Conceito e dimensões da Responsabilidade Social das Organizações
Não existe um consenso em relação à definição para o conceito de RSO,
observando-se na literatura académica e corporativa, a existência de incertezas e
diferenças de perspectivas sobre como o conceito deverá ser definido, havendo por
vezes visões muito diferenciadas relativamente ao seu significado, dimensões e âmbito
de actuação.
Alguns autores defendem que estas incertezas sobre o conceito estão associadas
a como RSO é relacionada em cada contexto organizacional específico, o que leva a
valorizar-se mais determinadas dimensões do conceito em detrimento de outras
menos relevantes, de acordo com a especificidade dos interesses endógenos e
exógenos de cada organização (Votaw, 1972; Dahlsrud, 2008)
O conceito de RSO tem evoluído muito desde dos anos 50, do século passado,
altura em que o termo foi utilizado por Howard Bowen, em 1953, ao ter escrito o livro
“Social Responsibilities of the Businessman”.
Apesar desta evolução, poder-se-á apontar para a existência de determinadas
dimensões associadas ao conceito que se vão repetindo, com maior ou menor
frequência na várias definições apresentadas na literatura , apontando os autores para
a dimensão social, económica e meio ambiental (Carroll, 1979), o foco nas PI e o
carácter voluntarioso do conceito (Dahlsrud, 2008). Outras dimensões são igualmente
valorizadas tais como a cultural, politica, ética, legal, societal, tecnológica e científica,
tendo como alvo da sua acção, os colaboradores e as suas famílias, accionistas,
investidores, clientes, parceiros e fornecedores, concorrentes, estado e instituições
governamentais, sociedade em geral, comunidades locais e o meio ambiente (Amaro,
2009; COM 2011) (Figura 1).
De acordo com Votaw (1972), “RS corporativa significa algo, mas nem sempre a
mesma coisa para todas as pessoas. Para algumas, ela representa a ideia da
responsabilidade ou das obrigações legais. Para outras, significa um comportamento
socialmente responsável, em sentido ético. Ainda para outras, o significado é o de ser
responsável por algo no sentido causal”.
Para Frederick et al., (1992), a RSO pode ser definida como um princípio
organizacional que defende a responsabilização das empresas pelos efeitos de
qualquer das suas acções para com a comunidade e meio ambiente.
15
Figura 1. Dimensões da Responsabilidade Social das organizações Fonte: Elaboração própria
Para Khoury et al., (1999) a RSO é a relação global da empresa para com as suas
PI, incluindo clientes, funcionários, accionistas, fornecedores, concorrentes,
comunidades, investidores e governo. São consideradas por este autor acções de RS o
investimento em actividades comunitárias, as relações com os empregados, a criação e
manutenção dos empregos, a gestão ambiental e o bom desempenho financeiro.
O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD),
em 2000, definiu RS como sendo o compromisso contínuo das empresas para com as
suas PI, em apresentar um comportamento ético e contribuir para o seu
desenvolvimento económico, melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores e das
suas famílias, bem como da comunidade local e da sociedade em geral.
Em 2001, a Comissão Europeia (CE), no seu livro verde, definiu a RSO como um
conceito segundo o qual as organizações decidem, numa base voluntária, integrar
preocupações sociais, económicas e ambientais na sua interacção com as suas PI
(COM, 2001). Assim de acordo com esta definição, as práticas de RSO seriam de
carácter voluntarioso, enquadrando-se aqui as práticas filantrópicas e de
solidariedade.
Para McWilliams & Siegel (2001), a RSO consiste em acções corporativas que
servem para promover bem social, para além dos interesses da empresa e daquilo que
é exigido por lei.
16
Para Ashley (2002) a RSO é vista como qualquer medida que possa melhorar a
qualidade de vida da sociedade, estando assim associada ao desenvolvimento dos
cidadãos, das organizações públicas ou privadas, governo e a todos os que participam
da vida em sociedade.
Hopkins (2003), associa o conceito de RSO ao correcto tratamento das PI
internas e externas, de forma a criar maior e melhores padrões de vida, preservando
ao mesmo tempo a rentabilidade da empresa.
Uma estratégia de RSO, de acordo com Van Marrewijk (2003), reflecte o
contexto específico de cada organização, devendo assim cada iniciativa de RS, ter uma
determinada função para resolver e para interagir com as PI da organização.
A definição da COM de 2001, sofreu um avanço muito relevante, quando em
2011 a mesma propôs uma definição baseada no princípio da gestão de impactes, que
todas as organizações geram. A RSO passa a ser definida como “a responsabilidade de
uma organização pelos impactes das suas actividades e decisões para com as suas PI,
através de um comportamento ético e transparente que seja consistente com o
desenvolvimento sustentável e o bem-estar da sociedade em geral, tenha em conta as
expectativas das PI, esteja em conformidade com o estado de direito e legislação em
vigor, seja consistente com as normas de conduta internacionais e esteja integrado em
toda a organização” (COM 2011; ISO 26000:2011).
Com esta definição, deixa de haver referência ao carácter voluntarioso da RSO,
passado a ser de carácter estratégico para a organização de forma integrável nas suas
actividades e decisões.
A estratégia da Comissão Europeia relativa a RSO, para o período de 2011 a 2014
(COM, 2011), assume o reconhecimento explícito aos direitos humanos e
considerações éticas, bem como considerações sociais, meio ambientais e dos
consumidores. Reconhece a importância das estratégias de negócio incluírem a RSO
como pilar essencial e introduz o conceito de "criação de valor partilhado”,
significando que as empresas devem criar valor para os seus accionistas e igualmente
para as outras PI, nomeadamente a sociedade em geral. O desempenho óptimo da RS
numa organização, dependente da maximização dos impactes positivos produzidos nas
PI.
Esta definição, alarga o seu âmbito para lá dos aspectos relacionados com
solidariedade, protecção dos mais desfavorecidos, acções filantrópicas e até a visão
instrumentalista do conceito, relacionada com a procura por vantagens competitivas.
A gestão das organizações, através deste novo conceito de RSO, passa a integrar a
gestão das necessidades e expectativas das PI como algo essencial para a
sustentabilidade social, financeira, ética e meio ambiental da organização.
Segundo Santos et al., (2006), considera-se três estádios ou fases na
consciencialização da adopção da RSO, enquanto elemento chave para o
17
desenvolvimento da competitividade empresarial; na primeira fase, as empresas não
integram a RSO como elemento estratégico, sendo o sucesso comercial a principal
motivação na adopção de práticas filantrópica e de solidariedade, com ganhos na
imagem social e ambiental e na sua reputação; numa segunda fase, já existe a
integração da RSO na estratégia empresarial, havendo uma preocupação estruturada
com o desenvolvimento sustentado; finalmente, na terceira fase, a empresa passa a
ter um papel activo sistemático na comunidade, promovendo e maximizando a
satisfação das necessidades e expectativas das PI, nomeadamente promovendo a
cidadania empresarial e contribuindo para a regulação dos mercados, condição
importante para o desenvolvimento sustentável.
Analisando a vasta literatura relacionada com a definição do conceito, apesar de
alguns autores evidenciarem em particular determinadas dimensões, o facto é que
todas elas são necessárias para se poder compreender, na sua total amplitude, o
fenómeno da RSO e dos seus impactes nas várias PI das organizações. As várias
dimensões em conjunto é que vão caracterizar adequadamente o conceito (Dahlsrud,
2008; Keinert, 2008).
No presente trabalho adopta-se a definição da ISO 26000:2011 para o conceito
da RSO, reconhecendo-se a importância determinante da relação recíproca entre
organização e as diversas PI, tendo em conta que é fundamental a defesa do estado de
direito e dos direitos humanos, da promoção de uma governação e liderança
transparente, ética e socialmente responsável, consequente na integração da RSO em
toda a organização, com vista à maximização do seu contributo para o
desenvolvimento sustentável.
2.2. Princípios da Responsabilidade Social das Organizações
Segundo Schwartz (2002), um princípio consiste numa “regra segundo a qual
uma pessoa ou organização, escolhe regular a base fundamental da tomada de decisão
ou da sua conduta, formulada a partir dos valores em que se apoia”.
Os princípios organizacionais adquirem uma importância determinante na forma
como as organizações actuam no relacionamento e envolvimento com as PI (Cortina,
1994). A identidade corporativa, composta pelos valores, princípios e cultura
organizacional, vai permitir à governação, liderança e restantes colaboradores,
assumirem uma linha de orientação na sua conduta e comportamento ético para com
as suas PI (Brown et al., 2006).
Com alguma frequência, as PI internas confrontam-se com situações não
regulamentadas, requerendo uma escolha entre várias alternativas que carecem de ser
medidas, em termos da sua eficácia, tendo em conta o sistema de valores da
organização.
18
Neste âmbito, a existência de um código de ética apresenta significativas
vantagens para as organizações que os implementam, visto que mais facilmente
podem limitar a sua actuação ética, bem como as relações existentes com as PI,
permitindo às PI internas exibir um comportamento organizacional enquadrado na
estratégia que integra os princípios da RSO, como elemento promotor do
desenvolvimento sustentável (NP 4460.1:2007).
A NP 4469.1:2008 que é uma norma de suporte para implementação do Sistema
de Gestão da Responsabilidade Social (SGRS) nas organizações e que permite a
certificação da mesma por este sistema de gestão, indica que as organizações, ao
integrarem a RSO na sua estratégia e tendo em conta a sua identidade corporativa,
com seus valores, princípios e experiências, devem garantir que a sua conduta se
baseie no respeito pelos princípios da RSO. Estes são muito importantes para que a
organização cumpra e reveja a sua estratégia na identificação das PI significativas, dos
aspectos de RS significativos, dos programas de RS e da política de RS, conducentes ao
SGRS.
Segundo esta norma os princípios da RSO devem incluir:
O cumprimento da lei, dos instrumentos de regulamentação colectiva e dos
regulamentos aplicáveis assim como o respeito pelas convenções e declarações
reconhecidas internacionalmente;
A adopção do princípio da precaução;
O reconhecimento do direito das PI em serem ouvidas e o dever de reacção por
parte da organização;
O reconhecimento dos aspectos da RS directos e indirectos da organização,
tendo em conta todo o ciclo de vida da sua oferta;
O privilégio à prevenção da poluição na origem;
A actuação transparente, partilha de informação e comportamento aberto;
A responsabilização pelas acções e omissões da organização e prestação de
contas pela sua conduta face às legítimas preocupações das PI;
A integração dos aspectos da RS nos sistemas de gestão da organização e no
seu processo de tomada de decisão;
O princípio da não regressão.
A norma ISO 26000:2011, não tem como objectivo a certificação das
organizações pelo SGRS mas sim servir de guia, apresentando as linhas de orientação
para as organizações procurarem promover o desenvolvimento sustentável, tendo em
conta os impactes das suas actividades sobre as PI. Esta norma apresenta sete
princípios de RSO tendo em conta as suas várias dimensões:
19
1. Responsabilização das organizações pelos impactes nas PI. A organização é assim
responsável pelas suas acções e omissões e prestação de contas pela sua
conduta face aos legítimos interesses e preocupações das PI;
2. Actuação transparente tendo em conta as decisões da organização, promovendo
a partilha da informação às PI, evidenciando uma conduta aberta para com elas,
tendo em conta os eventuais impactes positivos e negativos resultantes das suas
actividades e decisões;
3. Conduta ética por parte das organizações, promovendo valores conducentes à
conduta ética e tendo em conta o impacte nas várias PI.
4. Respeito pelas necessidades e expectativas das PI, devendo a organização
integrar na sua estratégia, o foco não só nos clientes mas nas restantes PI
significativas. Assim ao se concretizar este princípio, a optimização dos interesses
dos accionistas deixa de ser a exclusiva pretensão da governação e liderança,
estendendo-se aos restantes interesses das PI.
5. Respeito pelo estado de direito: a governação da organização deve assumir
claramente que o cumprimento do estado de direito é obrigatório, cumprindo
todas as leis e regulamentos aplicáveis em vigor.
6. Respeito pelas normas internacionais de conduta: a organização adicionalmente
ao princípio anterior, deve subscrever as normas internacionais de conduta
assim como influenciar nas suas relações organizacionais aqueles que não a
cumprem.
7. Respeito pelos direitos humanos, devendo a organização promover os direitos
previstos na carta internacional dos direitos humanos, assim como evitar tirar
partido de locais onde estes direitos não estejam salvaguardados.
No presente trabalho, adopta-se os sete princípios da ISO 26000:2011, como os
princípios de RSO, apontando para a condição essencial da sua integração na
estratégia das organizações que queiram assumir a RSO como elemento indispensável
para o seu bom desempenho interno e para com as suas PI, com vista à maximização
do seu contributo para o desenvolvimento sustentável.
2.3. Teoria dos stakeholders
O termo de stakeholder surge num memorando interno do Stanford Research
Institute's Long Range Planning Service em 1963, pretendendo-se na altura que o
termo indicasse que os stakeholders seriam o único grupo para quem a governação
tinha que responder e se responsabilizar, em contraste com a visão do exclusivo foco
nos Stockholders (Freeman et al., 2010).
20
Segundo a teoria dos stakeholders (Freeman & Reed, 1983), os stakeholders ou
PI, são todos os grupos que afectam ou são afectados pela organização: accionistas,
colaboradores, clientes, parceiros e fornecedores, credores e investidores, instituições
governamentais, autoridades, sociedade em geral, comunidade, meio ambiente.
A teoria pretendeu assim reconhecer as implicações das actividades
organizacionais nos relacionamentos com um leque de elementos, as PI, com as quais,
de uma forma maior ou menor vai interagir e afectar, na sequência das suas decisões e
actividades. Esta teoria teve ao longo das décadas da sua existência, um leque de
interpretações multidisciplinares por parte da academia, nomeadamente no âmbito da
ética empresarial, estratégia corporativa, finanças, contabilidade, gestão e marketing
(Freeman et al., 2010).
De acordo com Freeman (2001), para se compreender uma actividade
empresarial é necessário compreender e gerir as relações da empresa com as suas PI,
ao longo do tempo, de forma a criar-se o máximo valor organizacional possível e
proceder à sua correcta distribuição, entre od accionistas e as restantes PI.
Pela natureza dos interesses de cada PI, considera-se que podem existir conflitos
de interesses em resultado das suas relações. Torna-se por isso prioritário que a
governação corporativa saiba gerir da melhor forma, este potencial conflito,
encontrando-se soluções de equidade entre as PI (Mitchell et al., 1997; Sternberg,
2000) promovendo uma maior criação de valor organizacional em resultado da
confiança organizacional criada da boa gestão deste conflito (Harrison et al., 2010).
Donaldson & Preston (1995), entendem que a teoria dos stakeholders possui
quatro partes distintas. Uma parte descritiva, relacionada com a pesquisa sobre a
actuação dos gestores e das empresas, uma parte instrumental, relacionada com a
pesquisa que analisa resultados do comportamento específico dos gestores, uma parte
normativa, relacionada com a pesquisa sobre o que os gestores e empresas devem
fazer e finalmente uma parte de gestão, relacionada com a pesquisa sobre as
necessidades dos colaboradores e dos decisores.
Margolis & Walsh (2003), afirmam que existem problemas sociais significativos
no mundo organizacional e que os mesmos requerem uma atenção por parte do
mundo científico e corporativo, de forma a encontrar-se soluções que possibilitem a
conciliação de objectivos económicos e sociais. Segundo estes autores, a teoria dos
stakeholders é mais instrumental do que normativa.
Os autores da teoria de stakeholders, apresentaram durante a década 80 e 90 do
século passado, a tentativa de solucionar três problemas que estão interligados e que
segundo os mesmos, já na altura, a identificação da sua solução e compreensão, teria
efeitos muito importantes na regulação dos negócios (Freeman et al., 2010).
Em relação ao primeiro problema, no âmbito da criação de valor organizacional e
da sua transacção, a questão colocada pelos autores foi - “No actual mundo
21
globalizado, como é criado o valor organizacional e consequentemente
comercializado?”. O segundo problema colocado foi no âmbito da relação e
compatibilidade entre ética e o capitalismo, interrogando-se os autores -“Quais são as
ligações entre capitalismo e a ética organizacional?”. Em relação ao terceiro problema,
relacionado com a gestão pela cultura ética - “Qual o tipo e visão da gestão corporativa
para criar e reter valor organizacional eticamente responsável?
Freeman et al., (2010) considera que a RSO com as suas políticas e programas,
não conseguiu evitar a destruição de valor organizacional nas empresas financeiras,
aquando a crise financeira de 2008 e anos seguintes. Refere que a causa deste impacte
negativo deveu-se à lamentável separação da ética corporativa da RSO nestas
instituições, conduzindo à criação de consequências irreparáveis a algumas das suas PI.
Segundo Carroll & Buchholtz (2009), as PI podem ser classificados como primárias
ou secundárias. As primeiras, têm uma participação directa na organização
(accionistas, direcção, colaboradores, clientes, parceiros, fornecedores, investidores,
credores, sociedade local), as segundas não tem essa participação directa (governo e
regulador, organismos civis, grupos de pressão, ordens profissionais, média e meio
ambiente) mas os autores referem que rapidamente estas podem converter-se em
primárias e também é possível as primárias passarem a secundárias.
O processo de identificação das PI significativas de uma organização é
extremamente importante (Mitchell et al., 1997), já que na sua sequência, a
organização deve ajustar a sua política de RS e respectivas acções (programas de RS),
tendo em conta os aspectos de RS dessas PI contempladas. Assim, em oposição, caso a
organização durante o processo de identificação das PI não inclua uma determinada, a
política de RS não vai reflectir os seus aspectos de RS (NP 4469-1:2008).
A gestão do relacionamento com as PI por parte da organização é um processo
muito importante, pretendendo-se envolver e integrar as PI significativas na tomada
de decisões da organização (Garriga & Melé, 2004; Steuver, 2005).
Na figura 2 apresenta-se a relação entre a organização que assume práticas de
RSO em determinadas dimensões, cultural, económica e legal, societal, ética, social,
cientifica e meio ambiental, as quais vão produzir impactes num conjunto de PI.
22
Figura 2. A organização e os impactes da RSO nas suas partes interessadas
Fonte: Elaboração própria
A ISO 26000:2011 associada à renovada estratégia da Comissão Europeia para
RSO, para o período de 2011 a 2014 (COM, 2011), apresentam um conjunto de
considerações e de temas que constituem um avanço significativo no sentido de
incrementar e potenciar as reflexões multidisciplinares relacionadas com a teoria dos
stakeholders.
Analisando a ISO 26000:2011, nomeadamente, os quatro primeiros princípios da
RSO, julgamos que podem fortalecer a teoria dos stakeholders e apresentar algumas
linhas de orientação para as três questões lançadas pelos seus autores, relacionadas
com a criação de valor organizacional e a sua partilha, a ligação entre a ética
organizacional e o capitalismo e a identificação de um modelo de gestão sustentável
conducente ao cumprimento das necessidades e expectativas das PI.
Assim, de acordo com esta norma, as organizações devem integrar
considerações sociais, económicas, culturais, legais, societais, políticas e meio
23
ambientais na sua estratégia tendo em conta os impactes nas PI (4º princípio de RS,
ISO 26000:2011), em resultado das suas actividades e decisões. Um dos objectivos da
RSO é o foco da organização no desenvolvimento sustentável.
A RS desenvolvida pelas organizações deve ir além das obrigações legais e
respeito pelo estado de direito. Consoante a identificação das PI significativas e dos
seus aspectos de RS significativos, a politica de RS deve ter em conta as expectativas da
sociedade e restantes PI, traduzindo-se em programas de RS que maximizem impactes
positivos e minimizem os impactes negativos tomando medidas para as envolver
continuamente de forma transparente e competente (2º princípio de RS, ISO
26000:2011), através de canais adequados de comunicação e através de uma conduta
eticamente responsável (3º princípio de RS, ISO 26000:2011).
A subscrição pela organização dos princípios de RSO propostos pela norma ISO
26000:2011 vai permitir uma conduta ética e socialmente responsável para com as PI
significativas (3º princípio de RS, ISO 26000:2011), sendo muito importante que a RSO
esteja integrada em toda a organização e que esta tenha uma clara influencia sobre
clientes internos e externos, fornecedores e parceiros para que todos em conjunto,
permitam à organização, um desejado desempenho para com a sociedade e meio
ambiente.
O processo de identificação e o envolvimento das PI significativas com a
organização são um passo fundamental para a coerência e fiabilidade da política de
RSO. As PI devem ser auscultadas e devem ser incentivadas pela organização em
participar activamente em dar os necessários contributos para a definição e
actualização da política de RSO. Só assim será possível a aplicação de programas de RS
que satisfaçam as legítimas expectativas das PI significativas (NP 4469.1:2008).
A integração da RSO em toda a organização é um outro aspecto importante
para a eficácia da RS na organização, devendo fazer parte da sua estratégia e estar
transversalmente integrada a todos os níveis organizacionais e ser alvo de uma
responsabilização nos vários níveis da liderança (1º princípio de RS, ISO 26000:2011).
Não só o impacto real mas também o potencial, das actividades e da tomada de
decisão pela organização, devem ser tidos em conta na política de RSO (ISO
26000:2011).
Por outro lado, a estratégia da Comissão Europeia para a RSO (COM, 2011)
reconhecendo as considerações éticas na actividade empresarial, bem como as
considerações sociais, meio ambientais e de consumidores, introduz o conceito de
"criação de valor partilhado”, significando que as empresas devem criar valor para os
seus accionistas e igualmente para as outras PI.
As organizações públicas ou privadas têm idênticas obrigações para com as
suas PI significativas não devendo variar a decisão de integrar os princípios da RS
consoante se trate de uma organização localizada no interior ou litoral do território,
24
podendo naturalmente variar o tipo de programa de RS a se aplicar a cada local
consoante a especificidade dos aspectos de RS.
O estado tem o poder constitucional exclusivo de criar e aplicar a lei. O seu
desejável bom funcionamento é muito importante para que as organizações, ao
integrarem os princípios da RS, possam contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Sendo o regulador da aplicação da lei e dos regulamentos em vigor, o estado deve
propor igualmente a integração estratégica da RSO nas políticas das organizações
governamentais, de forma a poderem igualmente procurar o desenvolvimento
sustentável.
Na Figura 3, apresenta-se a adaptação da teoria dos stakeholders tendo em
conta a gestão de impactes que toda organização cria em resultado das suas
actividades e decisões referida pela NP 4469.1:2008.
Figura 3. Adaptação da teoria dos stakeholders à gestão de impactes (NP 4469.1:2008).
Fonte: elaboração própria.
2.4. Ética organizacional e Responsabilidade Social das Organizações
A palavra «ética» provém do termo grego êthos, que significa modo de ser ou
carácter (Cortina, 1994). O carácter humano é muito relevante para o próprio e para os
demais, já que em circunstâncias complexas, de múltiplas e difíceis escolhas, o carácter
de um decisor é determinante para a tomada de decisão, com consequências
organizacionais profundas (Cortina, 1994).
25
Para além da êthos, a palavra ética tem uma segunda componente, a pathos,
ligada ao temperamento do indivíduo, ou seja a natureza do individuo, os sentimentos
com que se nasce, sendo então a ética o carácter mais o temperamento, a
componente que se vai adquirindo ao longo da vida. Ambas são igualmente relevantes,
já que os hábitos influenciam a maneira de ser de cada pessoa (Cortina, 1994; Rego et
al., 2010).
A ética e a moral podem com alguma facilmente ser percepcionadas como
conceitos idênticos (Donaldson, 1996; Caza et al., 2004). Segundo Aristóteles (1934), a
moral assume a componente dos hábitos e costumes sendo por isso a ética um
conceito mais amplo. A ética pode ser vista, segundo este autor, por uma
racionalização do comportamento humano a qual vai orientar a sua conduta. Esta
conduta deve estar enquadrada numa perspectiva de rectidão para com os outros,
visando a transparência, a verdade e o bem comum, factores muito importantes para o
desenvolvimento humano
Para Cortina & Martínez (2005), ética está associada à filosofia moral, relacionado
com a dimensão da acção humana, enquanto que a moral esta relacionada com os
diferentes códigos morais concretos. “A moral responde à pergunta, o que devemos
fazer? e a ética responde à pergunta, porque devemos fazer?”.
A ética organizacional pode ser vista como um sistema de valores, princípios e
práticas organizacionais, que definem uma linha para um comportamento correcto,
assim como as relações que se estabelecem com as PI, estando em conformidade com
o identidade organizacional, reduzindo o risco de comportamento incorrecto, nos
casos onde não existe regulamentação, contribuindo assim para o espírito
organizacional responsável (Cortina, 1994; Jiménez, 1995; Freeman & Gilbert, 1988;
Carroll, 1999; NP 4460.1:2007).
Os valores derivam da inserção do indivíduo numa determinada cultura havendo
no entanto, valores que transcendem os limites da cultura em que são reflectidos,
transformando-se em valores universais (Collins & Wartick, 1995; Crane & Matten,
2004). A deontologia está mais ligada ao conjunto de comportamentos que
profissionais devem adoptar, muitas vezes num âmbito extra jurídico, sendo que esta
ética profissional conta muito para o carácter moral de cada colaborador e decisor
(Cowton & Cummins, 2003; Cunha et al., 2006; Schwartz & Carroll, 2003).
A ética organizacional permite balizar os costumes e as normas de conduta e de
comportamento dos indivíduos e das organizações (Ven de Ven, 2008). Segundo Valls
(1996), em determinadas situações é difícil separar a componente ética mais teórica,
relacionada com os valores culturais e a ética organizacional, já que na prática a
fronteira não é precisa.
Um conceito importante para o estudo da ética organizacional é a virtuosidade
organizacional, estando relacionada com o estudo das virtudes e da
26
multidimensionalidade do carácter humano. A virtuosidade organizacional está
relacionada com a psicologia positiva ou seja, a relação entre a promoção interna de
comportamentos virtuosos e a existência mais frequente da felicidade dos
colaboradores, com as consequências positivas no seu comportamento organizacional
(Caza et al., 2004; Gavin & Mason, 2004; Peterson & Park, 2006; Rego et al., 2010;
Ribeiro et al., 2013).
Alguns autores, têm-se dedicado à investigação da virtuosidade organizacional,
tendo identificado determinadas virtudes que são reconhecidas e aceites como forças
do carácter, como por exemplo a coragem, amor, simpatia, altruísmo, resiliência,
justiça, humanidade, apontando tanto para a importância da promoção das virtudes
individuais como das virtuosidades organizacionais, fazendo esta última, parte da
própria cultura organizacional (Schein, 2004; Caza et al., 2004; Peterson & Park, 2006).
Para Rego et al., (2009), a felicidade é uma experiência subjectiva. As pessoas são
felizes até acreditarem que assim o são. Enquanto permanecem felizes e satisfeitas
podem revelar-se mais resilientes, mais criativas, mais comprometidas e mais
produtivas com os objectivos organizacionais (Fredrickson, 2001; Rego et al., 2009).
Para Fisher (2010) determinadas características das organizações podem ter
influência na promoção da felicidade dos seus colaboradores, nomeadamente, a
existência de liberdade na tomada de decisão, o nível de conhecimento e informação
dos colaboradores e a virtuosidade organizacional que aumentam o nível de confiança
interno e externo.
Freeman & Gilbert (1988) defenderam a ideia de que a ética organizacional é um
elemento central no âmbito da RSO e que as virtudes do carácter dos líderes são muito
importantes na gestão ética responsável da organização, devendo ser enquadrada na
teoria dos stakeholders (Freeman et al., 2010).
O estudo da ética no âmbito organizacional é uma tendência em crescimento, já
que vai possibilitar a análise dos hábitos, atitudes e as normas de conduta e de
comportamento dos colaboradores e direcções (Rego et al., 2006). Uma organização
que promova internamente normas de conduta conducentes à valorização das
necessidades e expectativas das PI, facilita a criação de maiores níveis de confiança
interna e externa, de notoriedade e de reputação da organização, constituído assim,
uma vantagem competitiva, muitas vezes percepcionada a médio e longo prazo
(Carroll & Buchhaltz, 1993; Beauchamp & Bowie, 2004; Rego et al., 2003).
É importante que a gestão de topo esteja sensibilizada para a forma de actuação
da empresa no mercado, já que este resultado ao nível das PI externas terá reflexos
internos, sendo que os padrões éticos da empresa são a base do comportamento dos
colaboradores tanto ao nível interno como externo (Tansey, 1995; Jones & Wicks,
1999; Kotter, 2001; Mellahi & Wood, 2003; Kotler & Lee, 2005).
27
A gestão de topo das organizações, deve definir compromissos de concepção,
implementação e revisão dos códigos de ética, de forma a envolver o melhor possível
as pessoas da organização (NP 4460.1:2007; Helin & Sandstrom, 2008).
É significativamente diferente a afixação ao público de um código ou proceder à
sua efectiva implementação. Para isso, as PI internas e externas devem ser auscultadas
e envolvidas, de forma a serem comprometidas com a sua missão e objectivos,
maximizando-se o comportamento organizacional e a eficácia do código, aumentando
a competitividade organizacional.
2.5. Governação organizacional e princípios de bom governo
A importância da gestão de topo é determinante na integração dos princípios
de RSO em toda a organização. Depende muito da sua atitude, compromisso e
competência para levar a cabo a sua missão de envolver e comprometer as PI nesta
missão conjunta e interdependente (Clement, 2005; Peterson & Park, 2006; Carroll &
Buchhaltz, 2009; Rego & Cunha, 2011; ISO 26000:2011).
Tendo em conta o actual momento, onde se constatam alguns escândalos
financeiros invulgares, apesar da existência de regras rígidas de regulação dos
mercados financeiros, o facto é que estas não impedem a sua detecção atempada, de
forma a evitar enormes perdas a accionistas, clientes e restantes PI.
No contexto de uma quebra acentuada de confiança organizacional, em
resultado de vários casos mediáticos globais, onde as respectivas governações e
lideranças evidenciaram práticas pouco éticas e irresponsáveis para com as suas PI,
torna-se um grande desafio para toda comunidade académica e organizacional,
repensar-se nas tradicionais formas de conceptualização das responsabilidades das
organizações (Freeman et al., 2010).
As boas práticas de governação corporativa, associadas à adesão dos princípios
da boa governação organizacional, são apontados como factores essenciais para se
evitar fraudes e situações de gestão danosa, minimizando-se assim possíveis impactes
negativos para várias PI. As boas práticas de governação organizacional tornam mais
atractivo o investimento nestas organizações, minimizando-se o seu risco e
aumentando processos governamentais transparentes (ISO 26000:2011).
A governação organizacional pode ser considerada um sistema através do qual
a organização concebe e implementa um conjunto de decisões e afectação de
recursos, de acordo com a estratégia e consequentes objectivos estratégicos e
operacionais, alicerçada em regras transparentes de monitorização e controlos de
gestão (Clement, 2005; ISO 26000:2011).
Para De La Porta et al., (2000) a governação corporativa é o conjunto de
mecanismos que protegem os investidores da possível expropriação desse
28
investimento, pelos gestores e elementos fiscalizadores das organizações. Consideram-
se quatro princípios básicos de uma boa governação organizacional: a transparência, a
equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa (Silveira, 2010).
A transparência, que é um princípio da RS, permite não só a disponibilização da
informação completa, relevante (tangível e intangível) e atempada às PI, como
igualmente dá um contributo muito relevante na criação de um clima de confiança
interno e externo, possibilitando às PI o acesso à informação necessária e completa
para tomar as suas decisões.
A equidade permite a existência de um tratamento justo e equitativo entre os
accionistas da organização e demais PI implicando assim este princípio, a clara
exclusão por parte da governação, a qualquer tipo de discriminação a qualquer nível.
A prestação de contas pela governação às PI é fundamental no sentido da
dinâmica de criação de confiança organizacional, devendo haver o assumir das
consequências das decisões e omissões de uma forma rigorosa e atempada.
Por fim a responsabilidade corporativa é um princípio da RS, pretendendo-se
que a governação tenha uma visão de longo prazo e que procure contribuir para o
desenvolvimento sustentável da sociedade através do foco nas PI e nas suas legítimas
aspirações.
Tanto os processos de decisão formais como os informais estão incluídos na
governação organizacional. Os informais estão ligados à identidade corporativa com a
sua cultura organizacional e o seu comportamento organizacional. Ambos têm uma
importância determinante em termos de iniciativa, eficácia e eficiência na decisão de
implementação da RSO nas organizações.
Nas organizações socialmente responsáveis, adicionalmente à protecção dos
interesses dos accionistas, igualmente as restantes PI são determinantes para o foco
na criação de valor organizacional e o foco da sua contribuição para o
desenvolvimento sustentável (Wood & Jones, 1995; ISO 26000:2011; De George,
2013).
Neste âmbito a governação organizacional deve subscrever e aplicar, os
princípios da RSO (ISO 26000:2011) através da uma conduta que reflicta valores e
princípios corporativos conducentes a uma cultura organizacional partilhada e
alinhada por toda a equipa da organização. Esta conduta ética deve ser comunicada,
validada e revista envolvendo as PI de acordo com as sugestões normativas da NP
4460.1:2007, sendo por isso fundamental o processo de comunicação bidireccional
com as PI.
Este processo de envolvimento das PI pela governação, promovendo a
participação destes com as actividades de RSO, vai criar um comportamento
organizacional que vai reflectir uma cultura organizacional de grande
comprometimento, orientada para as PI e para a RSO (NP 4469.1:2008).
29
A gestão de topo deve se submeter a planos de desenvolvimento de
competências técnicas, comportamentais e atitudinais para que o exercício das suas
funções seja competente, eficaz, coerente com o plano estratégico e ajustado ao
desafio dos princípios da RSO, podendo dessa forma criar uma dinâmica na sua
organização, que maximize o seu contributo para com o desenvolvimento sustentável
(Santos, 2005; Rego et al., 2010)
Esse desempenho do governo das sociedades, deve ser monitorizado
periodicamente para se aferir do real impacto das suas decisões, validando-se o seu
compromisso para com os princípios da RSO. Na sequência desta monitorização, a
organização deve rever e avaliar os processos de governação, com os ajustes
necessários aos processos de acordo com os resultados das revisões assim como se
proceder à sua comunicação aos colaboradores, privilegiando processos transparentes
(Johnson, 1999; ISO 26000:2011).
As organizações que apresentam grandes desempenhos financeiros,
económicos, sociais e meios ambientais, normalmente têm um sistema de governação
aberto, transparente, coeso, que cria comprometimento entre as equipas, promove a
ambição e competitividade equitativa e cria um envolvimento com as PI internas e
externas, de forma a criar equipas altamente motivadas e alinhadas com a visão
estratégica da governação e liderança. Nestes casos, esta visão estratégica está
direccionada a longo prazo, potenciando níveis de confiança e reputação
organizacionais mais elevados.
2.6. Desenvolvimento sustentável e Responsabilidade Social das Organizações
Já tem séculos a visão estratégica que alicerça o conceito de desenvolvimento
sustentável (DS), relacionado com o facto dos recursos naturais serem finitos e
necessitarem de determinados períodos de tempo para se renovarem, para a
continuidade das gerações futuras, enquadrada numa escala temporal mais alargada
do que período médio de vida do ser humano, repensando o ritmo e a forma como o
sistema capitalista propunha o desenvolvimento das sociedades (Elkington, 1997;
Steuver, 2005).
A Organização das Nações Unidas (ONU) em 1983, cria a Comissão Mundial
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, enquanto organismo independente e
depois em 1987, a comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento, sob a
presidência de Gro Harlem Brundtland, primeira-ministra da Noruega de então,
apresenta o documento intitulado “Nosso Futuro Comum” também conhecido pelo
relatório Brundtland (WCED, 1987). Neste documento é apresentada a definição
relativa ao conceito de DS como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades
30
presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras em suprir as suas
próprias necessidades”.
O relatório Brundtland já apresentava uma visão crítica do modelo de
desenvolvimento adoptado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações
em desenvolvimento, apontando para a incompatibilidade entre DS e os padrões de
produção e consumo vigentes, apresentando dois conceitos chave; o primeiro
referente às necessidades dos pobres no mundo, que devem receber a máxima
prioridade e o segundo referente aos impactes que as organizações criam no meio
ambiente, tendo em conta o nível tecnológico da altura, impedindo-o de atender às
necessidades presentes e futuras.
Em 1992, no Rio de Janeiro, na conferência da ONU sobre o meio ambiente e o
desenvolvimento, reconheceu-se a importância de assumir a ideia de sustentabilidade
em qualquer programa ou actividade de desenvolvimento, desafiando-se o mundo
organizacional em demonstrar um papel relevante neste processo, adoptando práticas
empresariais sustentáveis, provocando uma mudança de valores e de orientação nos
seus sistemas de gestão, para estarem ligados à ideia do DS e preservação do meio
ambiente (UNCED, 1992).
O conceito de DS é defendido, entre outros, por Elkington (1997) quando
introduziu o conceito de triple bottom line – people, planet, profit, que descreve o tripé
da sustentabilidade e permite avaliar o desempenho de uma empresa de acordo com
as várias dimensões organizacionais: a dimensão social, a sustentabilidade económica
e a protecção ambiental (Freeman, 2001; Rego et al., 2003; Amaro, 2009; Caroll &
Buchholtz, 2009).
Steurer (2005) entende que no relatório de Brundtland, o DS é definido como
um modelo conceptual integrado, de forma a equilibrar a dimensão ambiental,
económica e social, de uma forma mutuamente benéfica. O mesmo autor, defende um
outro conceito dirigido às organizações, a sustentabilidade corporativa, apontando
para a adopção de estratégias e actividades organizacionais que atendam às
necessidades das empresa e das suas PI de hoje, protegendo, mantendo e melhorando
os recursos humanos e os recursos naturais que serão necessários no futuro.
O DS é frequentemente visto como um modelo de orientação social, que
aborda uma ampla gama de questões de qualidade de vida a longo prazo, enquanto
que o sustentabilidade corporativa é um modelo de orientação organizacional,
abordando o desempenho corporativo a curto e a longo prazo, nas três dimensões,
económica, social e ambiental (Steurer, 2005).
A ISO 26000:2008 acrescenta à definição do relatório Brundtland (1987) que “o
DS se refere à integração dos objectivos de uma elevada qualidade de vida, saúde e
prosperidade com a justiça social, mantendo a capacidade do planeta para suportar a
vida em toda a sua diversidade. Estes objectivos sociais, económicos e ambientais são
31
interdependentes e reforçam-se mutuamente. O DS poderá ser tratado como uma
forma de expressar as expectativas mais amplas da sociedade como um todo”
Segundo esta norma, um dos objectivos principiais da RSO é a maximização do
contributo organizacional para o DS. Desta forma, a relação entre os dois conceitos,
RSO e DS é de directa proporcionalidade ou seja quanto melhor a organização integrar
as práticas de RSO, tendo em conta as suas PI significativas e os respectivos aspectos
de RS significativos, melhor e maior contributo se verificará na sua sustentabilidade
corporativa e em consequência no DS.
Enquanto que o conceito de DS é originado sobretudo na dimensão ambiental e
depois com o tempo alargou-se às restantes duas dimensões (UNCED, 1992), o
conceito de RSO foi originado sobretudo com a dimensão social e de protecção dos
direitos humanos e condições de trabalho e depois alargou-se para as dimensões
ambiental e económica (Mebratu, 1998; Marrewijk, 2003).
A cultura ambiental da empresa e o foco no DS devem ser integradas na cultura
organizacional, de forma tangível e intangível evidenciando a determinação da
governação organizacional, em minimizar a pegada ambiental e social por parte da
corporação (Lafferty & Meadowcroft, 2000; Bleischwitz, 2004; Fragoso et al., 2009).
Os sistemas de gestão da qualidade, ambiente e RS podem de forma realista,
criar uma estrutura processual conducente a se minimizar os impactes ambientais e
sociais. Por outro lado, a conduta ética dos colaboradores podem de uma forma
intangível consolidar esta cultura organizacional.
Como referido anteriormente, o Estado tem o poder constitucional exclusivo de
criar e aplicar a lei num país, sendo desejável que enquanto regulador integre a
estratégica da RS nas políticas governamentais. As organizações públicas ou privadas
têm obrigações similares para com as suas PI significativas, não devendo variar a
decisão de integrar os princípios da RS, consoante se trate de uma organização
localizada no interior ou litoral do território, podendo certamente variar o tipo de
programa de RS a se aplicar a cada PI, consoante a especificidade dos aspectos de RS.
As organizações têm uma relação de interdependência com as comunidades
onde geograficamente operam, desenvolvendo as suas actividades e dessa forma
produzindo impactes. Neste âmbito, entende-se por comunidade, as populações que
habitam na zona geográfica onde a organização está instalada ou tenha influência e
igualmente instituições locais destinadas a prestar apoio a essas populações
(bibliotecas, hospitais, câmaras municipais, instituições de ensino, instituições sociais,
bombeiros, autoridades locais) (ISO 26000:2011).
Com vista a potenciar o contributo corporativo no envolvimento e
desenvolvimento da comunidade é necessário, por um lado, a identificação e
envolvimento com as PI da comunidade e por outro lado, a criação de relações com as
mesmas, de forma a apoia-las e promover níveis superiores do seu bem estar,
32
maximizando impactes positivos das suas actividades e decisões (NP 4469.1:2008).
Desta forma poder-se-ão reforçar os valores democráticos, culturais, políticos e cívicos
destas comunidades.
Este processo de envolvimento e desenvolvimento entre a organização e a
comunidade é um processo de longo prazo que tem que ter em conta as características
especificas de cada comunidade, nomeadamente características culturais, históricas,
geopolíticas, observando-se por vezes a existência de interesses diferentes e até
conflituosos entre as PI dessa comunidade (ISO 26000:2011).
As actividades filantrópicas corporativas, por si só não garantem este nível de
envolvimento com a comunidade, sendo por isso necessário uma estratégia
organizacional que permita assumir estas responsabilidades societais para que a
política de RSO inclua os adequados programas de RS direccionados para esta PI.
Vários são os exemplos destes programas de RS direccionados para a
comunidade, desde iniciativas de desenvolvimento económico local, à promoção da
empregabilidade local, investimentos sociais locais, programas de educação, formação
e sensibilização dirigidas às populações, promoção de iniciativas culturais, promoção
de serviços de saúde na comunidade, programas de protecção ambiental e a
promoção de voluntariado para causas comunitárias (Newell & Paterson, 1998; Ismall,
2009; Rego et al., 2009).
2.7. Organizações socialmente responsáveis e a competitividade organizacional
Consideram-se Organizações Socialmente Responsáveis, aquelas que ao
integrarem os princípios de RS na sua estratégia, vão desempenhar as suas funções,
actividades e decisões, maximizando impactes positivos e minimizando impactes
negativos nas PI significativas, assumindo e praticando princípios de boa governação e
liderança, de forma a contribuir para o DS (ISO 26000:2011).
As Organizações Socialmente Responsáveis ou empresas “cidadãs”, ao estarem
integradas na sociedade, reconhecem os seus impactes sociais, económicos e
ambientais nas suas PI, assumindo uma co-responsabilização quanto a políticas a
desenvolver, nomeadamente no desenvolvimento de processos relacionamento e
envolvimento com a comunidade envolvente, de longo prazo, permitindo assim a
criação de TSR (Santos, 2005).
Os TSR são sistemas territoriais complexos, contendo uma multiplicidade de PI,
onde se procura a optimização na gestão de impactes entre as mesmas, nas várias
dimensões assumidas no âmbito da RSO. Nestes territórios, existe uma partilha de
responsabilidades entre as PI e apesar de com frequência existirem interesses
divergentes, cada PI tem a sua quota de responsabilidade na promoção do equilíbrio
33
da gestão de impactes. O objectivo último dos TSR é a promoção do DS com
participação de todos os seus agentes.
As Organizações Socialmente Responsáveis ao estarem integradas na
sociedade, contribuêm muito para o desenvolvimento destes TSR, promovendo a
empregabilidade local, investindo em projectos sociais dirigidos à comunidade,
dirigindo assim parte do lucro comercial para estas actividades locais sustentáveis.
As autarquias, sendo uma PI muito relevante nos TSR, vão conceber e
implementar políticas promotoras da sustentabilidade das populações e das
instituições locais, através de programas de RS tais como a promoção de energias
renováveis, da biodiversidade, sensibilizando os cidadãos para a importância da sua
cidadania responsável, dando o exemplo à sociedade para práticas de consumo
responsável. Vão em parceria com outras PI despertar na população, para práticas que
minimizem os riscos das alterações climáticas, com sérias consequências na segurança
nas populações.
As IES têm igualmente um papel fundamental nestes territórios, ao
desempenhar as suas funções de formação, investigação, extensão e gestão,
procurando a excelência do ensino de novos profissionais e actualização de
profissionais em exercício, cuja actuação futura se vai reger por princípios éticos,
valores sociais e solidários. Em parceria com os TSR e com as redes universitárias
nacionais e internacionais, vai influenciar positivamente a opinião pública no sentido
da promoção da cidadania responsável com um forte compromisso para com o DS
(Cid, 2010; De La Cuesta et al., 2010).
Assim, as Organizações Socialmente Responsáveis em termos de estratégia
organizacional de longo prazo, apresentam segundo vários autores, vantagens
competitivas muito relevantes para a sua sustentabilidade económica, financeira,
social e ambiental, relativamente às organizações que não subscrevem os princípios da
RSO (Maak & Pless, 2006; Amaral, 2008).
Contudo, existem visões díspares em relação ao grau de intervenção que as
empresas devem ter na sociedade e restantes PI (Neves, 2008), sendo o exemplo
clássico o de Friedman (1970), que defendeu que a única responsabilidade que a
organização devia ter seria a de maximizar o lucro dos seus accionistas, estando assim
limitada a sua responsabilidade aos requisitos legais.
Para alguns líderes organizacionais, as vantagens da RSO ao existirem, levam
muito tempo a produzir efeitos e que são intangíveis e assim difíceis de serem
quantificadas (Melé & Guillén, 2006).
Mas em contraste desta visão uni-stakeholder das organizações, inúmeros
autores (Burke & Logsdon, 1996; Freeman, 2001; Porter & Kramer, 2002; Rego et al.,
2006; Amaro, 2009; Caroll, 2009) defendem que a RSO pode apresentar vantagens nas
empresas, permitindo ganhar vantagens competitivas pela via do aumento de lealdade
34
e comprometimento dos colaboradores, aumento de fidelização de clientes, aumentos
de confiança e reputação nas PI (Davies et al., 2003; Herrmann, 2005; Melé & Guillén,
2006).
As Organizações Socialmente Responsáveis têm potencial para criar mais valor
organizacional (Roberto & Serrano, 2007) sobretudo quando a governação e liderança
da empresa assumem as preocupações as várias dimensões da RSO, como factores
essenciais do modelo de gestão eticamente responsável da empresa, sendo a este
nível, muito importante a optimização do relacionamento entre organização e PI
(Maak & Pless, 2006; Melé & Guillén, 2006).
Resumidamente, as Organizações Socialmente Responsáveis podem proporcionar
benefícios de ordem interna e externa.
Ao nível interno, o comportamento organizacional mais alinhado com a liderança
socialmente responsável, vai permitir captar e reter mais talentos, obter por parte dos
colaboradores maiores níveis de satisfação, comprometimento, lealdade, confiança,
felicidade, positivismo, reputação, espírito de missão e de equipa, maior eficácia na
comunicação interna, menor absentismo e rotatividade. As redundâncias
organizacionais podem diminuir, promovendo assim aumentos de produtividade e
eficiência laboral com os consequentes ganhos financeiros a médio e longo prazo
(Maignan et al., 1999; Maak & Pless, 2006; Amaral, 2008; Vaaland et al., 2008).
Ao nível externo, um maior foco na satisfação das necessidades e expectativas
das PI externas, acompanhado por um maior envolvimento, vai poder criar maiores
níveis de satisfação dos clientes, maior fidelização, confiança, reputação e visibilidade
pela organização, aproximando assim a organização das PI de forma a estabelecer
relacionamentos duradouros (Davies et al., 2003; Herrmann, 2005; Melé & Guillén,
2006).
A questão clássica “Será que se pode considerar a RS como factor estratégico
importante para uma organização?”, pode assim ser respondida afirmativamente,
quando se integra os princípios da RSO na organização, através de uma gestão
eticamente responsável, que promova o contributo organizacional para o DS (Steurer,
2005; Zadec, 2007; Helin & Sandstrom, 2008; Free & Radcliffe, 2009; Avolio et al.,
2009).
35
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3. Introdução
A confiança entre os agentes económicos, sociais, culturais e políticos é um
requisito fundamental para crescimentos sustentáveis das comunidades e
organizações. Para se conquistar a confiança das PI, os líderes organizacionais devem
exercer um comportamento éticamente responsável que se baseie na ética,
cumprimento da lei, integridade, comunicando e envolvendo as PI através de
processos transparentes e reguláveis por entidades verdadeiramente independentes
(ISO 26000:2011).
A reputação corporativa é vista como um factor promotor de confiança
organizacional. A criação de confiança e reputação organizacionais não são processos
rápidos pelo contrário, são o resultado de uma estratégia de médio e longo prazo, em
estabelecer e alongar relacionamentos entre a organização e as suas PI com a criação
de valor organizacional partilhado (Shamma & Hassan, 2009).
A reputação corporativa deve ser o resultado de uma estratégia organizacional
onde a RSO é um dos seus pilares (Logsdon & Wood, 2002), devendo ser tomada em
consideração não só como o resultado das boas práticas internas e externas como um
activo indispensável na procura por vantagens competitivas (Davies et al., 2003), que
permita a manutenção da actividade da organização a longo prazo.
3.1. Identidade e imagem corporativas e cultura organizacional
O termo "identidade" deriva dos vocábulos latinos idem e identitas que
significam "o mesmo" e do vocábulo entitas que significa “entidade”, pelo que a
combinação dos significados das duas partes da palavra, poder-se-á encontrar o
significado de "a mesma entidade" (Onions, 1979).
36
Segundo Caldas & Wood (1997), o conceito de identidade apresenta duas
dimensões na sua análise: uma primeira, de acordo com o seu objecto focal e uma
segunda, tendo em conta o tipo de observação. Assim, o conceito de acordo com o
objecto focal pode ser analisado ao nível do indivíduo, grupo, organização ou
humanidade. Tendo em conta a dimensão da observação, o conceito vai analisar a
identidade conforme os diferentes pontos de observação: identidade interior,
comportamento, auto percepção e imagem (Caldas & Wood, 1997).
A identidade corporativa constitui a percepção que as PI internas tem da sua
organização (Albert & Whetten, 1985), sendo assim o conjunto de atributos da
organização que a diferenciam das outras organizações (Bromley, 2001).
Alberts & Whetten (1985), afirmam que a identidade corporativa inclui as
crenças partilhadas pelos colaboradores, podendo a sua análise ser feita através de
três critérios que são importantes para a definição da identidade corporativa: o critério
de centralidade, referente às características centrais da organização, o critério de
distintividade, referente ao que é distintivo na organização em relação às demais e o
critério de continuidade temporal, relacionado com as características que se matêm ao
longo do tempo.
Para Hatch & Schultz (1997), a identidade corporativa é fundamentada por
símbolos da organização e pelos seus significados, sendo comunicada aos
colaboradores nos vários níveis organizacionais, pela gestão de topo e intermédia,
estando a sua interpretação dependente e condicionada pela cultural organizacional,
pela experiência de trabalho dos colaboradores e chefias e pela influência das relações
entre estes e as PI externas. Desta forma, para estes autores, a identidade corporativa
surge a partir das relações e interacções entre as PI internas e externas.
Segundo Davis et al., (2003), podem-se distinguir três formas de análise da
identidade corporativa: a análise da organização pelas PI internas – identidade
corporativa, a auto análise da organização pelas PI internas ou seja como os
colaboradores e chefias gostariam de ver a sua organização (imagem desejada) e a
análise da identidade da organização percepcionada pelas PI externas – imagem
corporativa (Figura 4).
Frequentemente, estas três perspectivas sobre a mesma organização, não são
coincidentes, constatando-se que a forma como os colaboradores veem a sua
organização, como a desejavam a ver e como os clientes, parceiros e outras PI externas
a veem, não correspondem precisamente ao mesmo (Davis et al., 2003).
37
Figura 4. Relação entre identidade corporativa, imagem desejada e imagem corporativa.
Fonte: Adaptado de Davies et al., (2003).
O conceito de identidade corporativa está assim inter-relacionado com o
conceito de imagem corporativa. Atvesson (1990), (citado por Hatch & Schultz, 1997),
define o conceito de imagem corporativa como a “impressão holística e viva da
organização”, por parte de um conjunto de PI externas à organização. Estas impressões
vão se alterando consoante a experiência percepcionada pelas PI externas e são
moldadas pelo processo de comunicação externa da organização, estrategicamente
concebido, para projectar a imagem pretendida, utilizando mensagens e a simbologia
corporativa pretendidas para criar a marca corporativa (Barich & Kotler, 1991).
A imagem corporativa é assim influenciada pelas experiências que as PI
externas têm com a organização, assim como a imagem desejada, é igualmente
induzida pelas experiências dos colaboradores no local de trabalho. Hatch & Schultz
(1997), afirmam que “se a visão e a liderança da empresa forem apropriadas, a
imagem e a identidade corporativas serão coincidentes”. Daí ser fundamental a
existência de uma estratégia para aproximar o melhor possível estas três perspectivas
da organização, visto que ao existirem estes desalinhamentos, levam a uma perca de
valor organizacional que resulta de não se tirar o máximo partido do real
reconhecimento dos valores, simbologia e pressupostos da sua identidade corporativa
por parte das PI externas (Davis, 1984; Hatch, 1993; Schein, 2004).
Ambos os conceitos, a identidade e imagem corporativas estão inter-
relacionados pela cultura organizacional (Hatch, 1993; Davis et al., 2003). A identidade
corporativa é influenciada pelas crenças, valores e princípios das PI internas,
projectando a imagem corporativa na cultura organizacional, influenciando as
actividades e práticas corporativas e assim as interpretações que as PI dão a essa
projecção são contextualizadas pela cultura organizacional (Hatch, 1993).
38
A cultura organizacional pode ser definida por um conjunto de princípios,
comportamentos, atitudes, valores e significados, partilhados pelos elementos que
fazem parte da organização, partilhando também as experiências, práticas e
relacionamentos em comum, as quais vão validando e actualizando a própria cultura
organizacional (Brown, 1998; Gomes, 2000; Schein, 2004). A cultura organizacional é
constituída por valores, pressupostos, pelas práticas e comportamentos e formas de
trabalho conjuntas, baseadas nos seus valores e pressupostos, chamadas de artefactos
(Schein, 2004).
Esta perspectiva da organização vista como um “sistema de referências, de
valores e de significações partilhadas, capaz de determinar o modo como um colectivo
pensa, interpreta e actua em relação ao seu meio envolvente” é muito importante
para se poder estudar a forma como a cultura organizacional se forma e se vai
actualizando, já que a cultura organizacional é o que vai definir a especificidade de
uma organização e desta forma aquilo que vai distinguir das outras organizações
(Schein, 2004; Sun, 2008).
A cultura organizacional envolve todos os membros da organização, em todos
os seus níveis organizacionais, incidindo o seu modelo conceptual, sobre todos os
aspectos objectivos e subjectivos da organização (Hatch, 1993).
Alguns autores defendem a ideia que algumas reestruturações organizacionais
falham porque não são acompanhadas pela mudança da cultura organizacional. Por
vezes esta mantêm-se inalterada e assim a reestruturação não se torna efectiva
porque as PI internas não acompanham a mudança (Cameron & Quinn, 2011).
Hatch (1993) propõe que os três conceitos, identidade corporativa, imagem
organizacional e cultura organizacional, são interdependentes, apresentando um
modelo dinâmico da relação entre os três conceitos (Figura 5). Neste modelo poder-se-
á verificar que a identidade corporativa está em contínua actualização em sequência
das experiências que os colaboradores adquirem, assim como o papel que a liderança
(de topo e intermédia) apresenta na promoção da cultura organizacional para o
exterior, influenciando activamente a formulação da imagem corporativa pelas PI
externas as quais, tal como as PI internas, através da experiência e influência de vários
grupos externos conduzindo e revalidando essa imagem corporativa.
Maon et al., (2010) propõem que a cultura organizacional ajustada aos desafios
e funções da RSO, vai conter valores, atitudes, crenças e padrões de comportamento,
integrando as reivindicações das PI internas e externas, contribuindo de forma
significativa, para potenciar a gestão do relacionamento entre a organização e as suas
PI, denominando esta cultura organizacional de stakeholder culture (Jones et al.,
2007).
Os conflitos de interesse que potencialmente podem existir entre as PI das
organizações colocam-na em enorme pressão, visto que a gestão de expectativas
39
resultantes dos interesses das várias PI, muitas vezes antagónicas, levantam problemas
complexos de difícil resolução.
Figura 5. Modelo das relações entre identidade corporativa, imagem corporativa
e cultura organizacional. Fonte: Adaptado de Hatch, (1993).
A stakeholder culture é fundamentada na ética organizacional e é baseada na
preocupação contínua da organização pelas PI, privilegiando os interesses das PI
internas e externas para além dos interesses da organização (Jones et al., 2007). Esta
cultura organizacional vai permitir aos colaboradores e liderança, identificar e dar
respostas às solicitações das PI (aspectos de RS), identificando as suas necessidades e
adoptando um comportamento ético ajustado de forma a gerir eficazmente este
conflito de interesses entre as PI.
Jones et al., (2007), defendem a existência de cinco tipos de cultura no âmbito
do seu conceito de stakeholder culture: A cultura amoral, a cultura corporativa egoísta,
a cultura instrumentalista, a cultura moralista e a cultura altruísta. As cinco culturas
variam consoante a variação do foco nas PI, não havendo nenhum foco nas PI na
primeira cultura, algum foco nos accionistas na cultura egoísta e instrumentalista, o
foco em todas as PI na cultura moralista e o foco nas PI normativas, na cultura
altruísta.
Vimos no capítulo anterior que as Organizações Socialmente Responsáveis
integram os sete princípios da RSO na sua estratégia (ISO 26000:2011). Neste âmbito,
vários autores defendem que os desafios da RSO, requer uma mudança no paradigma
cultural das organizações, devendo estas desenvolver uma cultura organizacional
orientada para a sustentabilidade organizacional (Linnenluecke & Griffiths, 2010).
40
Assim, a cultura organizacional das Organizações Socialmente Responsáveis, ao
integrarem os princípios e valores da RS na organização, vai utilizar estes elementos
essenciais da RS, favorecendo o foco estratégico na satisfação das necessidades e
expectativas das diferentes PI, estando assim mais próxima da cultura moralista
defendida por Jones et al., (2007) (citado em Helin & Sandstrom, 2008).
A identidade corporativa nas Organizações Socialmente Responsáveis, sob
influência da sua liderança, vai incorporar práticas e visões de RSO permitindo uma
mudança da sua cultura de forma a permitir a promoção do respeito e foco das
necessidades e expectativa das PI (Martins & Terblanche, 2003).
Estes valores e convicções vão-se reflectir no comportamento organizacional
dos seus colaboradores e equipas. As organizações que apostam numa cultura
organizacional promotora dos princípios da RS, vão contribuir para aumentos de
retenção dos talentos, aumento do alinhamento dos colaboradores na missão da
organização, aumento da confiança e de motivação laboral (Martins & Terblanche,
2003; Linnenluecke & Griffiths, 2010).
O papel das lideranças organizacionais na eficácia da cultura organizacional é
essencial (Maak & Pless, 2006).
A definição, implementação e manutenção da cultura organizacional, é
imputada à liderança da organização, sendo importante a monitorização da real
interiorização do sistema de valores, nos diversos colaboradores (NP 4469.1:2008), de
forma a assegurar que estes apresentem um comportamento responsável perante as
várias PI (Buchanan & Huczynski, 1996).
A comunicação interna da cultura organizacional faz parte de sua
implementação sendo considerada uma acção fundamental para assegurar a real
interiorização do sistema de valores das equipas. Por outro lado, a comunicação
externa da cultura organizacional é igualmente muito importante, já que pode
contribuir para o aumento de confiança e reputação da organização e da respectiva
equipa face às PI externas (Maak & Pless, 2006).
A promoção de uma cultura organizacional que respeite as necessidades e
expectativas das PI, vai constituir um factor essencial para a criação de vantagens
competitivas e consequentemente para aumentos de competitividade empresariais.
3.2. Liderança Eticamente Responsável
3.2.1. Enquadramento
As lideranças das organizações assumem um papel determinante no contexto
actual de grande incerteza e de enormes desafios económicos, financeiros, políticos,
41
sociais e ambientais. Num mundo globalizado, as empresas podem imitar modelos de
negócio, adquirir a melhor tecnologia, seguir as oportunidades de negócio das
referências de mercado mas há uma área onde é difícil esta estratégia de seguidismo:
atrair, reter e desenvolver os melhores colaboradores, de forma a criar equipas de alto
desempenho, altamente inovadoras e criativas (Sebes et al., 2013).
Neste contexto, considera-se que um dos principais factores diferenciadores no
âmbito organizacional é precisamente ao nível das lideranças que consigam este
enorme desafio de criar e manter equipas motivadas, alinhadas e comprometidas com
uma visão estratégica inovadora e aberta às grandes oportunidades e
constrangimentos do mundo global (Pless, 2007; Waldman & Galvin, 2008; Rego &
Cunha, 2011). Os líderes que promovem e integram os princípios da RSO na cultura
organizacional, vão potenciar a organização no sentido de fidelizar públicos,
maximizando o seu contributo para o DS (Schein, 2004).
Existem três conceitos que neste enquadramento importa diferenciar: o
conceito de governo de sociedade, o de líder e o de gestor da organização.
A liderança e a governação das organizações podem ser executadas por equipas
distintas, normalmente no caso das organizações de significativa dimensão, em termos
de número de trabalhadores ou de facturação.
Neste caso, o líder (presidente do Conselho de Administração, Chief Executive
Officer, Director Geral) é a pessoa ou a equipa (Conselho de Administração) que exerce
a função executiva, formulando a estratégia, apresentando-a ao governo da sociedade
e caso este a aprove, terá a tarefa de a implementar, dirigindo toda a estrutura
organizacional de forma a atingir os objectivos estratégicos e operacionais. O governo
da sociedade tem assim uma tarefa muito importante já que vai decidir sobre a
aprovação e avaliação do cumprimento da estratégia proposta pelo Conselho de
Administração. O governo da sociedade é composto por um número variável de
elementos, alguns deles sendo accionistas ou em representação destes.
Para que haja legitimidade executiva por parte do líder é muito importante que
exista um forte alinhamento entre liderança, governo de sociedade e accionistas
(Kotter, 2001).
A diferenciação entre líder e gestor constitui uma outra área de reflexão no
mundo académico e profissional. Para Kotter (2001), os dois conceitos apresentam
perfis funcionais distintos, mas igualmente muito relevantes e complementares para a
sustentabilidade organizacional.
Assim, segundo este autor, o gestor tem uma função mais de curto a médio
prazo, fazendo o planeamento e a orçamentação das actividades organizacionais,
alocando recursos e monitorizando o cumprimento dos objectivos pela equipa. O líder
terá uma tarefa complementar à do gestor, já que lhe compete construir soluções
inovadoras para a empresa, através da concepção de uma visão de mudança de longo
42
prazo, concebendo as estratégias para a boa execução dessas mudanças, fazendo a
gestão do risco implícito nestas propostas, assim como alinha as equipas para que
estas estejam comprometidas com a organização (Kotter, 2001).
Na maioria das pequenas e médias empresas, que constituem mais do que 70%
do tecido empresarial, em Portugal (Santos, 2005), estas duas funções são executadas
pelo mesmo elemento ou equipa da organização, assumindo-se no desenvolvimento
deste capítulo que o líder executa as duas funções.
3.2.2.Conceito de liderança e a sua importância no contexto da Responsabilidade Social das Organizações
Apesar de existirem muitas definições e perspectivas sobre o conceito de
liderança, nomeadamente, na identificação consensual das categorias
comportamentais associados à eficácia funcional do líder (Yukl, 2002), existe na
literatura académica e empresarial, o reconhecimento de que a liderança constitui um
dos factores mais relevantes para a sustentabilidade das organizações, nas suas várias
dimensões (Waldman & Galvin, 2008).
Pode-se considerar que a liderança é em simultâneo um processo e uma
característica organizacional (Antunes, 2013). Em termos de processo, a liderança é um
conjunto encadeado e interdependente de actividades funcionais, havendo uma
influência por parte do líder sobre os liderados, no sentido de os dirigir e coordenar,
com o objectivo de se atingir determinados objectivos organizacionais. Enquanto
característica, a liderança é vista como um conjunto de aptidões atribuídas à pessoa
que lidera, as quais vão condicionar, num ou noutro sentido, a eficácia e eficiência no
atingir dos objectivos pressupostos (Antonakis et al., 2003; Cunha & Rego, 2003;
Antunes, 2013).
Mostovicz et al., (2009) defendem que a liderança, sendo a expressão de um
conjunto de actividades, possui três níveis de análise que correspondem às respostas
das três questões da teoria da liderança: como, porquê e o quê. Assim, as tácticas e
práticas da liderança, explicam a forma como o líder atinge as metas, dando a resposta
ao “como”; as razões da tomada das decisões estratégicas e operacionais, que
implicam a escolha entre varias opções, dá a resposta ao “porquê” e a definição da
estratégia em si, que inclui objectivos estratégicos e operacionais responde à questão
“o quê” (Antunes, 2013).
Para Nash (1993), o líder não é uma entidade amoral autónoma, deve ser um
líder moral, responsável pelo comportamento organizacional dos indivíduos, equipas e
da própria instituição, sendo por isso muito relevante o seu próprio carácter ético.
O carácter moral, ético e a virtuosidade do líder vão ser decisivos na tomada de
decisão, sobretudo quando esta implica frequentemente decidir por uma opção entre
43
várias, terendo para isso a necessidade de um elevado grau de integridade, equidade,
justiça, transparência e o compromisso no cumprimento da lei (Pruzan & Miller, 2005;
ISO 26000:2011).
A existência de um código de ética facilita de forma significativa, a regulação e a
normalização da conduta do líder e dos colaboradores. A divulgação para o interior e
exterior do código de ética é fundamental, para o necessário envolvimento e
cumplicidade das PI no processo de implementação do mesmo (NP 4460.1:2007).
Por outro lado, a conduta eticamente responsável do líder deve ter em conta os
princípios da RSO (ISO 26000:2011), a cultura organizacional e a identidade
corporativa.
A necessidade da gestão dos interesses das várias PI constitui um outro grande
desafio do líder em termos da gestão do relacionamento com múltiplas PI. Implica um
adequado desempenho da liderança, numa gestão eficaz das relações entre as PI,
sobretudo quando estas podem ser de carácter conflituoso, o que traz novos
requisitos de desenvolvimento de competências dos líderes, nomeadamente
competências técnicas (hard skills) e comportamentais (soft skills), sendo muito
relevante a existência de planos de formação que permitam a actualização das
competências dos líderes nas várias áreas consideradas relevantes (COM, 2001; Cunha
et al., 2006, Sebes et al., 2009).
A liderança deve possuir uma visão e estratégia de longo prazo, baseada em
processos de inovação e criatividade e uma gestão do risco (Martins & Terblanche,
2003), que permita uma gestão da mudança, fundamental para a actual caracterização
dos mercados globais. Deve basear a sua estratégia cumprindo os princípios da RSO
(ISO 26000:2011) que permitam respeitar as PI e os seus aspectos de RS significativos
(NP 4469.1:2008), permitindo conquistar a lealdade e o comprometimento dos
colaboradores (Antunes, 2013), a fidelização de clientes (Shamma, 2012), a confiança e
reputação das PI em geral e maximizar o contributo da organização para o
desenvolvimento sustentável (Cunha et al., 2003; Santos et al., 2006; ISO 26000:2011).
As metodologias, as tácticas e as práticas de liderança são os modi operandi do
líder. Estão relacionadas pelos estilos de liderança, mais consensual ou mais
autoritário, mais envolvente e autêntico ou mais distante e independente (Antunes,
2013).
Neste âmbito, Lewin et al., (1939), apresentam três estilos de liderança que
ainda hoje são referidos na literatura: autocrático, democrático e o liberal (laissez-
faire). O autocrático, que se caracteriza por um poder muito centralizado, pouca
delegação e envolvimento dos colaboradores, apresentando por vezes maior
produtividade e menor satisfação. O democrático que será um pouco o oposto do
autocrático, exercendo um poder mais descentralizado, com maior envolvimento e
delegação de tarefas pelos colaboradores, maior satisfação dos mesmos. O liberal,
44
considera-se um estilo de liderança potencialmente caótico, pelo facto de se tratar de
um líder ausente e pouco eficaz.
A liderança autêntica, que se baseia na genuinidade do líder e num padrão
ético de comportamento, onde o líder promove, implementa e mantém um sistema de
gestão onde a comunicação é transparente para com os seus colaboradores e
restantes PI (Avolio et al., 2009). Nesta abordagem, este líder partilha a informação
crítica para a tomada de decisões nos vários níveis organizacionais e projecta para o
interior e exterior da organização, a real dimensão e situação da organização,
promovendo a transparência como valor essencial da cultura organizacional (Maak &
Pless, 2006; George et al., 2007; Avolio et al., 2009).
Segundo Pless (2007), a liderança responsável pode ser definida como um
estilo de liderança organizacional que se caracteriza pelo foco nas responsabilidades
adicionais aos legítimos interesses dos accionistas, direccionando desta forma, a
atenção da liderança e dos colaboradores nos interesses das restantes PI. Assim a
liderança responsável, baseia-se nos pressupostos da teoria dos stakeholders, com a
expressa intenção da responsabilização da organização e da sua liderança pelas várias
PI.
Para Maak & Pless (2006), a liderança responsável implica o compromisso para
com as três dimensões organizacionais: económica, social e ambiental. Implica
igualmente a criação e manutenção de relações de confiança entre a organização e as
PI, facilitando assim a sua proximidade e o atingir de objectivos e interesses
convergentes, aumentando a sustentabilidade organizacional e a legitimidade da
liderança, criando uma visão organizacional partilhada.
A eficácia da liderança está relacionada com o acompanhamento, feedback,
delegação, responsabilização, rigor, equidade, gestão por objectivos, inovação e
criatividade, comunicação e envolvimento, empatia e humildade, reconhecimento dos
direitos das PI, reconhecimento e recompensa dos colaboradores, auto motivação e
resiliência, coaching de equipas, promoção da confiança, coragem, determinação e
comprometimento nos liderados, orientação para os resultados, gestão da mudança e
gestão do risco organizacional e melhoria contínua (Yukl, 2002; Emiliani, 2003; Pruzan
& Miller, 2005; Maak & Pless, 2006; Uhl-Bien et al., 2007; Avolio et al., 2009; Gillet et
al., 2011; Ashford & DeRue, 2012; Antunes, 2013).
Existe uma tendência crescente para a sociedade em geral, olhar para as
empresas nela inseridas e pedir-lhes uma acrescida responsabilidade nas dimensões da
RSO (Seabra, 2012). Algumas empresas respondem com a implementação de
programas que aumentam a empregabilidade local, melhoram e aprofundam o seu
relacionamento com as populações locais, promovendo ajudas específicas,
nomeadamente às populações mais desfavorecidas, muitas vezes directamente e em
outros casos por intermédio de ONG, aumentando desta forma, a proximidade entre
45
as partes e em consequência aumentando a confiança organizacional (Sebes et al.,
2013; Jorge, 2014).
As lideranças destas “empresas cidadãs” terão que adoptar prioridades
estratégicas conducentes a este desafio, em termos do assumir das responsabilidades
acrescidas para com as PI que se identifiquem como significativas (NP 4469.1:2008).
Neste âmbito, a liderança organizacional é fundamental neste processo (Jorge, 2014),
elegendo o estilo da liderança responsável, como um veículo para direccionar esta
estratégia de respeito e responsabilização pelas PI, promovendo ao nível
organizacional o DS (Pless, 2007; ISO 26000:2011).
Com vista a se contribuir para o conhecimento na área da liderança, área
considerada de máxima importância ao nível da gestão socialmente responsável, é
proposta na presente tese de doutoramento, um modelo conceptual denominado de
Liderança Eticamente Responsável (LER) representado na Figura 6.
No modelo proposto assume-se que a LER é um processo sujeito à melhoria
contínua, que contempla uma forma de avaliação do seu desempenho, com a
caracterização de um plano individual de competências e das restantes dimensões
consideradas para cada elemento pertencente à liderança.
O modelo prevê que a LER é sujeita a factores exógenos e endógenos. Os
endógenos estão relacionados com a identidade corporativa, com a cultura
organizacional, com o comportamento organizacional, com a governação e por
especificidades internas da organização. Os factores exógenos são de ordem legal e
regulamentar, política e de segurança, social e societal, meio ambiental, climático e
geográfico, comercial e de mercado (sectorial e concorrêncial).
As quatro dimensões consideradas na LER são:
O comportamento ético responsável do líde, que promova uma cultura
organizacional baseada na ética organizacional, na sua virtuosidade e moral que
sustente os princípios da RSO. Paralelamente, o seu comportamento deve implicar o
cumprimento da lei, do estado de direito, dos direitos humanos, da igualdade de
oportunidades e dos regulamentos aplicáveis.
A sua estratégia deve estar focada no contributo para o DS, no respeito pelas
PI, integração da RS em toda a organização, promoção do relacionamentos com as PI
conducentes à sua fidelização e à promoção de confiança, reputação e criação de valor
organizacional. A estratégia deve ser concebida, implementada e avaliada com a visão
organizacional de médio e longo prazo, promovendo processos de inovação e de
desenvolvimento de novos processos e produtos/serviços/ideias, gestão de risco e
gestão da mudança.
46
As tácticas e metodologias de liderança devem optimizar os meios, recursos e o
factor tempo, de forma a atingir os objectivos estratégicos e operacionais previstos na
estratégia e cumprindo com o pilar do comportamento ético responsável.
Por fim a quarta dimensão é o desenvolvimento e actualização de
competências funcionais, técnicas, comportamentais e atitudinais do líder que permita
a sua constante condição de actor competente, fiável e capaz para o exercício
funcional.
A LER actua com base nos seus valores e princípios éticos, morais e jurídicos,
podendo suportar-se em códigos de ética que facilitam a normalização deste
comportamento ético e responsável, promovendo de forma transparente a partilha de
informação critica às diversas PI, de forma que estas, a todo e qualquer momento,
possam avaliar o real relacionamento com a organização (Maak & Pless, 2006; NP
4460.1:2007; Rego et al., 2010).
Neste modelo LER é importante que a liderança detenha autonomia,
autoridade, poder, estratégia, competências, meios e recursos, de forma a efectivar a
sua responsabilidade. Assim torna-se fundamental uma estreita ligação e alinhamento
entre accionistas, governo da organização e liderança, para implementar esta
estratégia socialmente sustentável e responsável.
A LER através de uma estratégia de gestão do relacionamento com as PI, vai
promover activamente a confiança organizacional, factor essencial para a agilização do
envolvimento entre e com as PI.
A LER passa a ser vista como o promotor e o garante dos relacionamentos, o
impulsionador da criação de confiança e reputação com as PI. A este nível é
fundamental a análise da estratégia de comunicação e de envolvimento corporativas,
assim como a análise do comportamento organizacional, que se traduz na forma de
actuação para com as PI externas por parte dos colaboradores, lideranças e restantes
PI internas, sendo relevante a avaliação sistemática da qualidade destes
relacionamentos (Parra et al., 2011).
47
Figura 6. Modelo de Liderança Eticamente Responsável (LER)
Fonte: Elaboração própria.
48
3.3. Comportamento e desempenho organizacional
Para Dolan & Lingham (2008) e Robbins & Judge (2013), o comportamento
organizacional é um campo de estudo que investiga o impacto que os indivíduos,
equipas e a organização têm sobre o seu comportamento, com três finalidades:
explicar os comportamentos dos colaboradores, das equipas e da organização em
geral, prever esses comportamentos e caracterizar as possíveis medidas para orientar
um comportamento que seja ajustado aos desafios da organização.
O estudo do comportamento organizacional é uma tarefa multidisciplinar,
estudada pela psicologia, filosofia social, antropologia, sociologia (Kreitner et al., 2007;
Robbins & Judge, 2013). Este estudo apresenta-se num âmbito de elevadíssima
importância, visto que o comportamento dos colaboradores, das lideranças e da
organização em geral, vão influenciar de forma decisiva o desempenho corporativo, já
que a gestão do relacionamento com as PI, em grande medida é efectuada em
resultado deste comportamento (Woodman et al., 1993).
Não existe um comportamento organizacional ideal ou perfeito. Cada
organização tem o seu, em resultado da sua identidade corporativa, cultura
organizacional e liderança, considerando-se que os colaboradores, equipas e a
organização (variáveis independentes) vão influenciar o ambiente da organização
(variáveis dependentes) (Barney & Griffin, 1992).
A análise do comportamento organizacional, permite a tomada de medidas
preventivas quando se prevêem eventuais efeitos desviantes aos delineados pela
liderança na implementação da sua estratégia. Permite assim melhorar a retenção de
talentos, evitando a rotatividade e o absentismo da equipa, promover a produtividade
e comprometimento da equipa (Wendell et al., 1999; Kondalkar, 2007; Hersey et al.,
2012), promover o envolvimento entre as PI, promover a satisfação dos colaboradores
e promover a cidadania organizacional (Mitchell, 1987).
Neste sentido, considera-se que o comportamento organizacional, funciona
como um front office em termos de comunicação, diálogo e envolvimento com as PI
das organizações, sendo por isso de extrema importância na maximização do seu
desempenho e criação de valor organizacional (Dolan & Lingham, 2008), na criação de
confiança e reputação corporativas (Shamma, 2012) e na implementação da estratégia
da LER em fidelizar as PI (Pless, 2007).
Por outro lado, o comportamento organizacional tem implicações
determinantes ao nível da RSO, visto que os princípios da RSO prevêem uma atitude
eticamente responsável para com as PI assim como o potenciar do relacionamento
com estas, de forma a criar laços de confiança de longo prazo (ISO 26000:2011; Parra
et al., 2011).
Assim, a forma como os colaboradores se relacionam com as PI externas,
nomeadamente, em termos da sua disponibilidade, foco nas PI, competência,
49
envolvimento e comportamento organizacional é objectivamente aquilo que pode ser
analisado de forma externa, sendo uma das formas pelas quais as PI vão avaliar as
Organizações Socialmente Responsáveis (ISO 26000:2011).
Robbins & Judge (2013), propõem um modelo conceptual para o
comportamento organizacional que inclui três tipos de variáveis: as entradas (inputs),
os processos, e as saídas (outputs), em três níveis de análise: ao nível individual, grupal
e organizacional. A análise do modelo faz-se da esquerda para a direita (Figura 7).
Os autores propõem em termos de inputs, indicadores como a diversidade, a
personalidade e os valores ao nível dos colaboradores. Ao nível das equipas, propõem
o espírito de equipa, as regras existentes em equipa e as responsabilidades da equipa.
Ao nível da organização, propõem a estrutura organizacional e a cultura
organizacional. Os processos neste contexto são “acções que indivíduos, equipas e a
organização promovem tendo com base os inputs com a finalidade de produzir os
resultados, ou outcomes”. Os outcomes são os resultados do comportamento
organizacional e é aquilo que se pretende prever, explicar e condicionar (Robbins &
Judge, 2013).
Então a questão que se coloca é como se pode influenciar o comportamento
organizacional, para que ao nível das suas três dimensões, colaboradores, equipas e
sistema de gestão organizacional, se promova activamente o seu contributo para as
Organizações Socialmente Responsáveis?
Ao nível dos colaboradores, a sua personalidade, experiência, valores e
princípios, competências, características comportamentais associados à sua atitude,
percepção da liderança, nível de motivação e de confiança, resiliência e
comprometimento vão contribuir para o seu comportamento organizacional (Kreitner
et al., 2007; Robbins & Judge, 2013). Ao nível das equipas, o seu nível de trabalho de
equipa, relações interpessoais, comunicação interna, capacidade para gerir conflitos e
o seu alinhamento com as lideranças (intermédias e de topo), vão dar o seu contributo
para o comportamento organizacional (Hersey et al., 2012; Robbins & Coulter, 2013).
Finalmente ao nível da organização, o modelo da LER é ajustável ao desafio de
proporcionar a este nível um adequado comportamento organizacional,
nomeadamente, a existência por parte do líder, de uma visão e estratégica
socialmente responsáveis, o exercício de uma conduta que respeite as PI, com uma
adequada relação entre a sua autoridade versus poder e que promova uma cultura
organizacional ética e conforme os princípios da RSO (Kotter, 2001; Waldman & Galvin,
2008; Robbins & Judge, 2013).
50
Figura 7. Modelo conceptual para o comportamento organizacional. Fonte: Adaptado de Robbins & Judge, (2013).
As boas práticas integradas de gestão de pessoas, associadas a uma LER e a
uma cultura organizacional que satisfaça o compromisso da RSO vão ao nível interno
(Shein, 2004), contribuir para um comportamento organizacional responsável,
aumentando o comprometimento e lealdade laboral, os quais são factores
fundamentais para a solidificação e sustentabilidade das Organizações Socialmente
Responsáveis (Hersey et al., 2012).
Ao nível externo, o comportamento organizacional responsável associado a
uma LER empenhada numa eficaz gestão do relacionamento com as PI, de igual forma
promovem nas Organizações Socialmente Responsáveis, maiores níveis de confiança e
reputação organizacionais, aumentando a fidelização das PI externas e a promoção de
vantagens competitivas das Organizações Socialmente Responsáveis.
3.4. Confiança e reputação corporativas
3.4.1. Confiança organizacional
A confiança organizacional é considerada muito importante para a relação de
interdependência que se estabelece entre a organização e as diversas PI internas e
externas, no assumir dos riscos das relações inter-pessoais, no âmbito das suas
51
relações de cooperação e na promoção da identidade corporativa e cultura
organizacional (Parra et al., 2011).
Não existe um consenso em relação ao conceito de confiança organizacional.
De acordo com Mayer et al., (1995), o conceito de confiança organizacional aponta
para a disposição de uma pessoa, o depositante de confiança, em confiar numa outra,
o depositário de confiança, ficando numa expectativa positiva, mas vulnerável, de não
actuação oportunista relativamente ao objecto de confiança.
Parra et al., (2011), adicionam alguns elementos ao conceito anterior,
definindo-a como uma relação entre duas partes, de carácter interpessoal e
bidireccional, onde o depositante de confiança, decide de uma forma livre e voluntária,
ficar vulnerável em relação a uma acção por parte do depositário de confiança, com o
pressuposto de que este, apesar de não ser controlado, terá boas intenções em
relação a acção objecto da confiança.
Assim, da parte do depositante de confiança existe uma decisão voluntária em
assumir um risco em relação a uma determinada acção, decisão, ou intenção por parte
do depositário de confiança (Spaemann, 2005), sendo por isso um acto vulnerável
onde a gestão do risco é essencial (Rodrigues & Veloso, 2013), verificando-se que
quanto mais se confia, menor é a percepção do risco (McLain & Hackman, 1999).
Para Luhmann (1982), o conceito de confiança está relacionado com um
mecanismo em que actores sociais reduzem a complexidade interna do seu sistema de
interacção. Para este autor, existem três tipos de confiança: a processual, relacionada
com aspectos corporativos como por exemplo a experiência em processos de
negociações passadas, a confiança interpessoal, baseada nas características dos
agentes da negociação e a confiança institucional, formada pela estrutura formal da
instituição promotora de confiança. Os três tipos de confiança estão relacionados com
a formação e manutenção da reputação e marca corporativas (Shamma, 2012).
Para Giddens (1991), confiança é uma crença na credibilidade de uma pessoa
ou sistema tendo em vista determinado resultado ou evento. A confiança nasce da
partilha de valores e propícia as pessoas trabalharem em conjunto. Fukuyama (1997),
acompanha esta visão do conceito, afirmando que a confiança é a capacidade de as
pessoas trabalharem em equipa nas organizações para desenvolverem causas comuns,
partilhando normas e valores comuns no seio da comunidade e a capacidade destas
em subordinar interesses individuais em interesses de grupo.
Costa (2000), defende que a confiança é um construto multidimensional,
possuindo três dimensões inter-relacionadas: cognitiva, afectiva e comportamental.
Renn & Levine (1991), alargam o conceito para cinco dimensões: mensagem, pessoa,
organização, clima organizacional e clima sociopolítico. Os dois primeiros referem-se à
confiança ao nível interpessoal e as restantes três ao nível da confiança organizacional.
Robbins & Coulter (2013) propõem igualmente um construto pentadimensional
cujas dimensões são integridade, consistência, competência, abertura e lealdade.
52
A confiança pode ser considerada um processo, onde intervêm os dois agentes:
o depositante de confiança pela maior ou menor propensão para confiar e o
depositário de confiança pela sua confiabilidade. Quanto ao primeiro, quanto maior
for a tendência para assumir o risco, maior tendência para confiar. Pelo contrário, se a
pessoa tiver pouca capacidade em assumir o risco vai ter menor propensão em confiar
(Mayer et al., 1995).
Em relação ao segundo, o depositário de confiança, Mayer et al., (1995) aponta
para três características a ter em conta na decisão de confiar, nomeadamente em
termos da sua habilidade/competência, benevolência e integridade, considerados por
Parra et al., (2011) os três antecedentes da confiança.
Estas três características do depositário de confiança (Figura 8), coincidem com
a “Retórica” de Aristóteles, conforme citação de Júnior et al., (2005) que aponta para
os três elementos de uma comunicação persuasiva: logos (habilidade), pathos
(benevolência) e ethos (integridade) (Mayer et al., 1995).
Em relação à característica de habilidade, está relacionada com o conjunto de
conhecimentos e competências do depositário de confiança, no sentido de criar no
depositante de confiança, maior nível de segurança na decisão de confiar, estando
aqui incluídas o domínio dos conhecimentos técnicos e comerciais relativas à oferta
empresarial, conhecimento da concorrência, conhecimento do diagnóstico de
necessidades do público-alvo e conhecimento das futuras tendências de mercado
(Mayer et al., 1995; Sebes et al., 2009).
Quanto à característica de benevolência, relaciona-se com o conjunto de
motivações e intenções ligadas com a acção de criação de confiança por parte do
depositário de confiança (Mayer et al., 1995).
Finalmente, a característica de integridade, está relacionada com o conjunto de
princípios que vão reger o comportamento do depositário, tendo em conta as suas
virtudes morais e a sua capacidade de discernir entre o bem e o mal (Parra et al, 2011).
Costa (2000) propõe de igual forma, um conjunto de características para o
depositário de confiança: integridade, lealdade, boa vontade, consistência,
benevolência, abertura e competência, estando assim enquadradas nas cinco
dimensões propostas por Robbins & Coulter (2013).
O processo de consolidação e validação da confiança organizacional, vai
requerer tempo de efectiva experiência para que os dois agentes se avaliem
mutuamente e possam tirar as suas conclusões (Robbins & Coulter, 2013). Caso uma
das partes exerça determinada acção contrária ao objecto de confiança, a relação de
confiança pode ficar temporária ou irreversivelmente condenada, sendo depois muito
difícil ou mesmo impossível reverter a situação (Hess, 1995).
53
Figura 8. Modelo de confiança.
Fonte: Adaptado de Mayer et al., (1995).
A confiança organizacional é considerada fundamental tanto ao nível interno
como externo. Pode facilitar a comunicação interna e externa pela existência de maior
partilha da informação nos vários níveis organizacionais, diminuindo a complexidade
interna (Giddens, 1991; Mayer & Norman, 2005; Freire, 2007). Também contribui para
diminuir riscos, apesar destes serem fundamentais para que a confiança se mantenha
(Rodrigues & Veloso, 2013)
Fukuyama (1997), afirma que quanto maior for a confiança organizacional
maior a cumplicidade e a adesão dos colaboradores à estratégia, minimizando-se a
existência de medidas de controlo interno e aumentando-se a eficiência
organizacional. Desta forma, a confiança organizacional pode ao nível interno,
promover o alinhamento dos colaboradores à sua liderança, aumentando a satisfação
interna, a produtividade e o compromisso organizacional, podendo reduzir o
absentismo e o turnover (Freire, 2007). Por outro lado, em resultado deste clima de
maior segurança, a criatividade e inovação podem ser incrementadas aumentando a
competitividade da organização (Atkinson & Butcher, 2003). Pelo contrário, quando os
níveis de confiança organizacionais não são promovidos, os colaboradores tendem a
fechar-se em si próprios e não confiam nas informações corporativas (Mayer &
Norman, 2005; Rodrigues & Veloso, 2013).
Ao nível externo, podem incrementar processos de fidelização dos clientes
(Hess, 1995), fundamentados em ofertas fiáveis, com características coincidentes com
54
as necessidades e expectativas dos seus públicos, sobretudo quando os consumidores
estão cada vez mais sensíveis às questões da RS (ISO 26000:2011).
Os três tipos de confiança propostos por Luhmann (1982), estão relacionados
com a percepção que as PI externas fazem sobre a organização, implicando variações à
reputação corporativa (Shamma & Hassan, 2009).
A confiança interpessoal, associada ao comportamento organizacional,
desempenha um papel determinante ao nível da PI internas e externas,
nomeadamente na promoção das relações interpessoais entre os colaboradores e ao
nível externo, no relacionamento com clientes, fornecedores, parceiros e comunidade,
entre outros.
Por outro lado, a confiança intrínseca, relacionada com a oferta por parte da
organização (produtos, serviços, ideias) é igualmente muito importante, estando ligada
à satisfação dos requisitos do cliente, sendo fundamental que esta oferta se enquadre
no conceito de qualidade constante na ISO 9001:2008, que tenha a desejável
fiabilidade e que seja acompanhada por um serviço de pós venda que garanta por um
lado as garantias legalmente exigíveis e por outro, que exista uma actualização da
própria oferta, tendo assim em conta a legítima protecção dos consumidores (ISO
26000:2011).
Por fim, a confiança organizacional esta relacionada com o papel da liderança
que desejavelmente deve reunir as características de uma LER e com os processos
chave da organização que devem ser eficazes e eficientes na implementação da
estratégia corporativa.
3.4.2. Reputação corporativa
Tal como se verificou em relação ao conceito de confiança organizacional, o
significado de reputação corporativa continua a ser objecto de debate entre o mundo
académico. É vista por alguns autores como a percepção que as PI externas têm da
organização (Davis & Miles, 1998), estando assim relacionado com o que as PI externas
pensam sobre a organização (Brown et al., 2006). Para Shamma (2012) a reputação
corporativa engloba e integra os conceitos de identidade, imagem, marca,
personalidade e comunicação corporativas.
Fombrun (1996) aponta para o conceito de reputação corporativa “a percepção
que representa as acções passadas da organização e as perspectivas futuras, que
referência as características corporativas chave, distintivas em relação à concorrência”.
Alguns autores relacionam o conceito à dimensão temporal, afirmando que a
reputação corporativa enquadra-se na visão das PI externas num determinado
especifico período de tempo (Saxton, 1998; Gotsi & Wilson, 2001).
55
Para Barnett et al., (2006), a definição de reputação corporativa enquadra-se
dentro de três categorias que importa sistematizar: a reputação corporativa enquanto
um estado de consciência, a reputação corporativa enquanto um juízo de valor e a
reputação corporativa enquanto um activo corporativo. Em relação ao primeiro, a
reputação corporativa é identificada como as percepções, o conhecimento ou as
emoções em relação à organização. Em relação ao segundo, a reputação corporativa é
associada a um julgamento, uma opinião ou crença, ou ainda, a uma avaliação ou
estimativa sobre a organização. Em relação à terceira, o conceito é definido associado
à criação de valor organizacional ou como um activo intangível. Segundo este autor a
definição mais comum é a segunda.
Para Hatch & Schultz (1997) e Barnett et al., (2006) os conceitos de identidade,
imagem e reputação corporativas estão inter-relacionados, estando ilustrada na Figura
9 essa relação de interdependência.
Segundo o autor, a identidade corporativa constitui a visão interna da
organização estando associada aos seus símbolos, marcas e cultura organizacional. A
Imagem corporativa por sua vez, esta associada às impressões das PI externas em
relação à organização, a qual conduzem à formulação de percepções, julgamentos ou
avaliações sobre a mesma formando-se assim a reputação corporativa. Esta pode
conduzir a um aumento do valor organizacional denominado por capital reputacional
corporativo.
Para Shamma (2012), podem-se observar vários tipos de reputação: a
reputação corporativa relacionado, como se viu, com as percepções, julgamentos ou
avaliações das PI externas sobre a organização, incluindo o comportamento dos seus
colaboradores, os processos organizacionais e a sua liderança, governação e estrutura
accionista, a reputação do sector de actividade, incluindo aqui a reputação da
concorrência e dos restantes actores sectoriais e a reputação do próprio país, que
adquire uma dimensão cada vez mais relevante na actual conjuntura.
De acordo com Gotsi & Wilson (2001), a reputação corporativa é construída a
partir da imagem corporativa promovida por três instrumentos organizacionais: o
comportamento, a comunicação e o simbolismo corporativos. Os autores referem
igualmente que a reputação corporativa é afectada por factores ambientais tais como
a política, economia e o ambiente social do país e da tecnologia disponível e outros
factores competitivos.
O processo de formação da reputação corporativa pelas PI externas é
aperfeiçoado ao longo do tempo por repetidos julgamentos e percepções sobre a
imagem corporativa, positivas ou negativas, recolhidas de forma directa e indirecta.
Nestas experiências vividas pelas PI externas, pode ser ou não confirmada a crença
inicial sobre a organização (reputação corporativa inicial), observando-se desta forma
um carácter de auto-validação da própria reputação corporativa, através da análise de
múltiplas fontes de informação como referem Gotsi & Wilson (2001).
56
Figura 9. Desagregação da reputação corporativa. Fonte: Adaptado de Barnet et al., (2006).
No processo de formação da reputação corporativa nem todas as PI são
igualmente relevantes. As PI significativas pelo facto de interagirem de uma forma
mais intensa com a organização, vão ter um papel mais activo, tendo maior acesso à
comunicação corporativa e um maior envolvimento com esta.
A estratégia de promoção da reputação corporativa pode ter em conta as PI de
uma forma geral ou de uma forma individualizada (Shamma, 2012). A primeira implica
a concepção de um sistema de gestão onde o marketing estratégico é indiferenciado e
no segundo caso, existe uma estratégia de marketing relacional, optimizando o
relacionamento com as PI tendo em conta a sua especificidade individual (Dyché,
2002; Almotairi, 2008).
Le Roux (2003), propõe outros factores que conduzem à formulação da
reputação corporativa, nomeadamente a ética organizacional, o desempenho
financeiro, o valor das PI, as actividades corporativas de promoção da marca, o
marketing mix, as relações públicas e as relações com as PI. Fombrun (1996) propõe
igualmente alguns factores para a formulação da reputação corporativa: informação
corporativa, auditoria à organização, análise de investimentos, perspectiva dos
jornalistas, boatos e rumores, actividades de promoção da marca corporativa.
Vários modelos têm sido propostos para medir a reputação corporativa
destacando-se o modelo criado por Charles Fombrun, Naomi Gardberg e Joy Sever, em
2000, denominado por Quociente de Reputação (QR).
O QC é um modelo composto por seis dimensões que identificam as
percepções das PI em relação à reputação corporativa da organização. As seis
dimensões são: o apelo emocional, a RS e o meio ambiente, o desempenho financeiro,
a visão e a liderança, os produtos e serviços e o ambiente de trabalho, medindo ao
todo vinte características da organização conforme se pode observar da Tabela 1.
57
Tabela 1. Constituição do Modelo de Quociente de Reputação.
Dimensões Características organizacionais
sujeitas a avaliação pelas PI
Responsabilidade social e meio ambiente Cidadania Gestão ambiental Ética
Apelo emocional Gostar Confiança Respeito
Desempenho financeiro Resultados anteriores Baixo risco Perspectivas de crescimento Oportunidades potenciais
Produtos e serviços Força da marca Inovação Qualidade Valor
Visão e liderança Visão inspiradora Forte liderança Valores claros
Ambiente de trabalho Boa gestão Local de trabalho atraente Talento da equipa
Fonte: Adaptado de Fombrun et al., (2000).
A reputação corporativa é vista como um factor promotor de confiança
organizacional, associado à estratégia de estabelecer e prolongar os relacionamentos
entre a organização e as suas PI. Para Shamma & Hassan (2009), surge a necessidade
de se identificar uma forma de gerir a criação e a manutenção da reputação
corporativa, aferindo-se quais os factores que mais criam impacte na sua construção
por parte das PI, propondo neste âmbito, a pirâmide dos pilares da reputação
corporativa como representado na Figura 10.
Nesta pirâmide, os autores propõem que as seis dimensões do modelos QR e
desenhados por Fombrun et al., (2000), sejam colocadas numa pirâmide, de baixo para
cima em termos de prioridade, sendo a dimensão “ambiente de trabalho” e “produtos
e serviços” as duas vistas como mais relevantes neste processo denominando-as como
pilares primários, seguindo-se as restantes quatro dimensões, vistas como pilares
secundários, o “desempenho financeiro”, a “visão e liderança”, o “apelo emocional” e
como ultima a “responsabilidade social e meio ambiente” (Shamma & Hassan, 2009).
A reputação corporativa deve ser o resultado de uma estratégia organizacional
(Logsdon & Wood, 2002) onde a RSO é um dos seus pilares, devendo ser vista não só
como o resultado das boas práticas internas e externas como um activo indispensável
58
na procura por vantagens competitivas (Davies & Miles, 1998), que permita a
manutenção da actividade da organização a longo prazo. Assim, a RSO, a confiança
organizacional e a reputação corporativa são conceitos inter-relacionados,
interdependentes (Ronald et al., 2011) e posicionados estrategicamente para
potenciar relacionamentos sustentáveis de longo prazo entre as organizações e as suas
PI.
Figura 10. Pirâmide dos pilares da reputação corporativa
Fonte: Adaptado de Shamma & Hassan, (2009).
3.5. Operacionalização da Responsabilidade Social das Organizações
3.5.1. Enquadramento
Muitas empresas desenvolvem práticas consideradas de RSO sem que estas
estejam formalizadas em termos de estratégia ou qualquer política específica para o
efeito. Neste sentido, colaboradores da organização tomam a iniciativa de ajudar
determinadas instituições alvo, como por exemplo uma IPSS local, ajudando a pintar as
instalações, entregando equipamentos novos, num outro exemplo, convidam alunos
do ensino secundário de uma escola da comunidade para lhes promover acções de
prevenção rodoviária ou ainda, incentivam internamente o voluntariado comunitário,
dispensando os colaboradores das suas tarefas funcionais.
Estas práticas de RS apresentam benefícios significativos de vária ordem: por
um lado, os destinatários beneficiam directamente destes contributos, constituindo
muitas vezes ajudas filantrópicas insubstituíveis. Por outro lado, os colaboradores da
entidade promotora aumentam a sua satisfação e auto-estima em praticar actos de
solidariedade e entreajuda para com PI o que cria um aumento de comprometimento
59
para com a sua entidade patronal (Amaral et al., 2003) o que faz com que hábitos de
RS sejam interiorizados na cultura organizacional da sua organização. Finalmente a
organização conquista confiança, proximidade e reputação interna e externa, o que é
considerado um activo intangível de fundamental importância, no estabelecimento de
relacionamentos de longo prazo e procura por vantagens competitivas (Shamma,
2012).
As práticas de RSO contribuem assim para uma melhor ligação à comunidade
local, valorizam a criação de valor organizacional nas várias dimensões da RSO e têm
um outro benefício muito relevante, o de reduzir riscos associados às organizações
nomeadamente ao nível da sua governação organizacional, devido à implementação
de práticas de governação transparentes e responsáveis, minimizando-se riscos
associados ao investimento financeiro nessas organizações por parte de investidores
(ISO 26000:2011).
No segundo capítulo foram caracterizadas as Organizações Socialmente
Responsáveis, como sendo uma entidade que ao integrar os princípios da RSO na sua
estratégia, consegue melhor maximizar o seu contributo para com o DS. As
Organizações Socialmente Responsáveis ao integrarem na sua estratégia, o foco nas
necessidades e expectativas das PI devem apresentar práticas de RSO que
estrategicamente assegurem os objectivos definidos no âmbito da RSO, não sendo por
isso práticas de RS avulso, promovidas individualmente por alguns colaboradores mais
despertes para a solidariedade.
Torna-se assim fundamental a concepção de um instrumento que assegure de
forma estratégica e sistemática os objectivos da RSO, nomeadamente a maximização
dos impactes positivos e a minimização dos impactes negativos resultantes das
actividades e decisões organizacionais.
Este instrumento é a política de RS que é um dos pilares da NP 4469.1:2008,
norma esta que apresenta os requisitos para a certificação das organizações pelo
SGRS. A política de RS é definida nesta norma como a “declaração de intenções e
orientações de uma organização relacionadas com a RS, formalmente expressas pela
gestão de topo”.
3.5.2. Normas organizacionais de referência no âmbito da Responsabilidade Social
A certificação das organizações por normas internacionais, permite a
implementação de sistemas de gestão reconhecidos mundialmente, possibilitando a
concepção de standards reconhecidos de forma global (ISO International Organization
for Standardization). Um dos sistemas de gestão mais utilizados com o objectivo de
certificação é o sistema de gestão da qualidade (ISO 9001:2008) o qual genericamente,
permite a identificação de processos chave que conduzem a aumentos da eficácia e
60
eficiência organizacional, diminuído redundâncias e possibilitando um foco da
organização na identificação das necessidades dos clientes com a intenção de as
satisfazer (Sebes et al., 2010).
As primeira duas normas desenvolvidas no âmbito da RS foram a SA 8000
Sistema de Gestão da Responsabilidade Social, em vigor a partir de 1998 e a AA1000
Acountability em vigor a partir de 1999, tendo ambas surgido de forma a
homogeneizar aspectos éticos e de RS no âmbito das relações comerciais.
A primeira, a SA 8000, é apresentada pela SAI (Social Accountability
International) como sendo uma norma de requisitos voluntários, auditável de terceira
parte, baseando-se em princípios dos direitos humanos e dos trabalhadores, das
condições no local de trabalho e no sistema de gestão. Esta norma desenvolve um
conjunto de requisitos tais como: trabalho infantil, trabalho forçado e compulsório,
segurança e saúde no trabalho, liberdade de associação e direito à negociação
colectiva, discriminação, práticas disciplinares, horário de trabalho, remuneração e
sistemas de gestão.
O último requisito desta norma, aponta para a existência de uma política de RS
que seja subscrita pela gestão de topo e que esteja “exibida num lugar destacado,
facilmente visualizável nas instalações da empresa, para informar ao pessoal que ela
escolheu voluntariamente estar em conformidade com os requisitos do padrão
SA8000”
A norma AA1000 Acountability é apresentada pelo Institute of Social and Ethical
Accountability, tendo sido publicada pela primeira vez em 1999, onde foram exibidos
os princípios da Acountability para o desenvolvimento sustentável. Posteriormente e
após uma revisão, onde se assumiu o compromisso com a integração dos princípios da
relevância, abrangência e responsabilidade, foram publicadas duas normas
decorrentes, a AA1000 Assurance Standard (AA1000AS) é publicada em 2003 e a
AA1000 Stakeholder Engagement Standard (AA1000SES) é publicada em 2005.
O objectivo da norma é permitir que as organizações utilizem princípios
internacionais de referência para que a sua prestação de contas seja feita de forma
transparente, responsável e que seja comunicada e monitorizada com o fim de
compreender, gerir e melhorar o seu desempenho sustentável.
Quanto à ISO 26000:2011, a sua concepção foi iniciada em 2004 e terminada
em 2011, sendo um guia para a sustentabilidade nas organizações. Não tem como
propósito a certificação, mas sim a apresentação de linhas de orientação quanto aos
princípios fundamentais da RS, apresentando formas para que a organização integrem
uma conduta socialmente responsável e o reconhecimento das legítimas preocupações
pelas PI na organização.
A NP 4469.1:2008 especifica os requisitos para a certificação das organizações
pelo SGRS. Esta norma está inter-relacionada com a história do desenvolvimento da
ISO 26000:2011, já que na altura do início da concepção da ISO 26000:2011 foi
61
reconhecido e recomendado que cada país produzisse uma resposta normativa
certificável das organizações no âmbito da RS, tendo a Comissão Técnica Portuguesa
de Normalização (CT 164) desenvolvido a NP 4469.1:2008 de forma a “responder à
necessidade, sentida pelas organizações, de um referencial sobre sistemas de gestão
da responsabilidade social”.
O objectivo da NP 4469.1:2008 é “incentivar e orientar as organizações para
uma actuação mais socialmente responsável, no contexto dos desafios do
desenvolvimento sustentável”. Um aspecto muito importante referido na introdução
da norma é que “a implementação e eventual certificação no SGRS de acordo com os
requisitos desta norma não significa, por si só, que a organização seja socialmente
responsável, mas sim que a sua gestão possui os mecanismos para que potencialmente
venha a sê-lo cada vez mais” (NP 4469.1:2008).
Implica esta nota que o processo de melhoria contínua deve estar sempre
presente, para que a revisão ao sistema (normalmente anual) permita assegurar que a
organização certificada se enquadre no “estatuto” de Organizações Socialmente
Responsáveis. O modelo adoptado na norma baseia-se em dois ciclos interligados e
interdependentes: Ciclo de Gestão Estratégica e o Ciclo de Gestão Operacional (Figura
11).
A norma ISO 9001:2015, cuja entrada em vigor se previu para finais de 2015,
apresenta várias evoluções em relação à versão de 2008, no sentido de integrar alguns
aspectos das normas de RS, propondo a implementação do SGQ de forma mais
integrada e indicando uma serie de iniciativas para fomentar o DS das organizações.
Por outro lado, a política de qualidade prevista nesta norma, não fica somente
no âmbito interno mas vai ser disponibilizada para consulta para as PI externas.
Também está previsto o registo e o tratamento de qualquer reclamação feita por
qualquer PI externa, apesar de não se prever que seja necessária uma resposta da
organização a essa reclamação, caso entenda que essa reclamação não se insere no
âmbito do seu SGQ.
62
Figura 11. Modelo da NP 4469.1:2008
Fonte: NP4469.1 (2008).
3.5.3. Processo de definição da política de Responsabilidade Social de acordo com a NP 4469.1:2008
Tendo em conta a NP 4469.1:2008, a política de RS é concebida de acordo com
a seguinte sequência de procedimentos que devem estar documentados (Figura 12):
Identificação de partes interessadas e das partes interessadas significativas
No Capítulo 2, fez-se referência de que a norma NP 4469-1:2008 propõe que
para a identificação das partes interessadas significativas (PISIG), deva ter em conta a
escala, a natureza e a localização geográfica das actividades e produtos da
organização. Adicionalmente, a identificação das PI deve ter em conta os critérios de
vínculo, influência, proximidade, dependência e representação.
A NP 4469.1:2008 refere que a organização deve estabelecer um procedimento
para avaliar a significância das PI, tendo em conta com os critérios apresentados na
Tabela 2. Em resultado ficam identificadas as PISIG em relação às quais vão-se
identificar os aspectos de RS.
63
Figura 12. Esquema da formulação da política de RS (NP 4469.1:2008) Fonte: Elaboração própria.
Por outro lado, a organização deve assegurar que as PISIG sejam envolvidas
através de programas específicos para o efeito, necessitando destes de serem
avaliados em termos da sua eficácia (NP 4469-1:2008).
Identificação de aspectos de Responsabilidade Social e de aspectos de
Responsabilidade Social significativos
Um aspecto de RS pode ser visto como um “elemento das relações, actividades
e produtos de uma organização, que pode interagir com o ambiente, com o contexto
económico e com o contexto social” (NP 4469.1:2008).
A norma faz referência à necessidade da organização possuir um ou mais
procedimentos para identificar os aspectos de RS das actividades e produtos que pode
controlar e aqueles que pode influenciar, devendo este procedimento ser realizado,
em estreita colaboração e envolvimento com as PISIG (NP 4469-1/2008).
De seguida, para a identificação dos aspectos de RS significativos (ASPSIG), ou
seja aqueles com impacte significativo, positivo ou negativo, sobre a responsabilidade
social, a organização deve envolver as PISIG para que se determine este elemento
64
fundamental da política de RS (NP 4469.1:2008). No Anexo III, apresenta-se o guia de
orientação sobre os aspectos de RS baseado no Anexo C da NP 4469-1:2008.
Tabela 2 . Identificação das partes interessadas de uma organização
Critério Descrição
Vínculo As PI para com as quais a organização tem, ou poderá vir a ter no futuro, obrigações legais, financeiras ou operacionais na forma de regulamentos, contratos, políticas ou códigos de conduta.
Influência As PI que influenciem ou possam vir a influenciar a capacidade da organização em atingir os seus objectivos, independentemente das suas acções serem no sentido de facilitar ou de dificultar o seu desempenho.
Proximidade As PI internas e externas com as quais a organização interage mais, incluindo as PI das quais a organização depende nas operações do quotidiano e as PI que vivem na vizinhança das instalações da organização (permanentes ou temporárias).
Dependência As PI que estão directa ou indirectamente dependentes das actividades e produtos de uma organização em termos económicos ou financeiros ou em termos de infra-estrutura regional ou local e de satisfação de necessidades básicas. Deve atender-se ao grau de dependência das PI, sendo de considerar as PI que mais dependem da organização.
Representação As PI que através de disposições legais, estatutos, costumes ou cultura podem legitimamente reclamar e representar outros indivíduos. Estão aqui incluídos os representantes das PI sem voz (ex. meio ambiente e gerações futuras).
Fonte: NP 4469.1 (2008).
A norma refere que a listagem tem um carácter meramente indicativo e é da
responsabilidade da organização a identificação da sua lista de aspectos de RS.
O passo seguinte é a identificação dos ASPSIG, ou seja aqueles com impacte
significativo, positivo ou negativo sobre a RS. Neste âmbito, a organização deve
envolver as PISIG para que se determine este outro elemento fundamental da política
de RS (NP 4469.1:2008).
Identificação dos objectivos de Responsabilidade Social
Em resultado da identificação das PISIG e das ASPSIG, a organização através do
estabelecimento de indicadores de desempenho da RS, vai estabelecer objectivos de
RS a todos os níveis relevantes da organização. Estes objectivos devem resultar dos
ASPSIG apuradas, dos pontos de vista das PISIG, relativo à situação económico-
financeira da organização e deve obedecer ao princípio da melhoria continua. Os
objectivos de RS vão se operacionalizar nos programas de RS (NP 4469.1:2008).
Identificação dos Programas de Responsabilidade Social
A organização para atingir os objectivos de RS vai então conceber programas de
RS de curto, médio e longo prazo, ficando documentada a descrição das tarefas para
65
cada objectivo assim como a identificação dos responsáveis de cada tarefa, dos meios,
recursos e prazos necessários para atingir cada objectivo. Em cada ciclo de revisão do
sistema de gestão, os objectivos e programas devem ser avaliados em termos da sua
coerência com as actividades e produtos da organização (NP 4469.1:2008).
Política de Responsabilidade Social
A política de RS é assente no sistema de valores e princípios da organização,
sendo subscrita e impulsionada pela liderança e é composta pelos objectivos de RS,
pelos programas de RS, pelo planeamento para a sua execução, estabelecendo a
ligação entre o ciclo de gestão estratégica e o ciclo de gestão operacional, visto que é o
output do primeiro sendo depois concretizada pelo segundo (Sebes et al., 2010).
A política de RS deve ser adequada à natureza, à escala e aos impactes da
organização em termos da RS, devendo cumprir os princípios da RSO, o compromisso
de melhoria contínua, deve estar documentada, implementada, revista e actualizada,
deve ser comunicada e entendida pelos colaboradores e estar disponível ao público
(NP 4469.1:2008).
A política de RS, sendo o motor dos SGRS, pode ser avaliada pela percepção
que as PI têm relativamente ao desempenho dos programas de RS em vigor,
permitindo definir o nível do envolvimento e comunicação da organização e cada PI,
monitorizar ASPSIG, objectivos de RS e indicadores de RS de forma a revê-los em cada
ciclo de revisão ao sistema.
Indicadores de RS e revisão do SGRS
Os indicadores de RS, ao serem definidos numa fase inicial da concepção da
política de RS, vão permitir a monitorização e a validação da execução da mesma,
através da confirmação do atingir dos objectivos de RS através da implementação dos
programas de RS (NP 4469.1:2008).
Pode-se assim medir a eficácia da política de RS, dos procedimentos e dos
resultados de desempenho, em relação aos objectivos estabelecidos inicialmente,
cabendo à liderança da entidade, a devida revisão do sistema de RS caso seja
identificada desajustes ao adequado desempenho da política de RS.
66
3.5.4. Gestão do relacionamento com as partes interessadas
3.5.4.1. Enquadramento
Evidenciou-se no segundo capítulo, que a teoria dos stakeholders defende que
as organizações devem focar-se nas necessidades e expectativas das PI, permitindo a
criação de valor organizacional a longo prazo, promovendo a maximização do seu
contributo para o DS (Mostovicz et al., 2009; ISO 26000:2011).
É portanto uma perspectiva que se baseia na ideia de que as organizações para
sobreviverem a longo prazo, não só têm que se focar na rentabilidade económico
financeira das suas actividades, criando lucros mas também têm que estabelecer e
manter laços e relacionamentos duradouros com as PI, visto que dependem
directamente destas para atingirem equilíbrios económicos, sociais e ambientais
(Santos et al., 2006).
Esta estratégia de longo prazo é potenciada por uma cultura organizacional que
cumpra os princípios da RSO, que seja delineada por uma LER e que interaja com as PI
através de um comportamento organizacional responsável. No âmbito da política de
RS, vários programas de RS vão operacionalizar esta estratégia de gestão do
relacionamento com as PI, nomeadamente em duas áreas de importância
determinante: a comunicação com as PI e o envolvimento com as mesmas.
As PI têm os seus legítimos interesses e preocupações em relação ao exercício
da organização, sendo a comunicação corporativa um elo de ligação vital para a
criação e manutenção destes relacionamentos.
Neste âmbito, o desafio para as organizações é como gerir com eficácia e
eficiência estas interdependências e mais particularmente os eventuais conflitos de
interesse que se pode gerarem entre as PI.
Como se verificou atrás, a confiança organizacional é muito importante neste
processo de comunicação e de envolvimento, sendo vista como uma vantagem
competitiva das organizações que a assuma nas suas estratégias organizacionais
(Andriof & Waddock, 2002; Post et al., 2002; Schultz, 2006; Shamma, 2012).
Desta forma, considera-se que os programas de comunicação e de envolvimento
com as PI são instrumentos operacionais fundamentais no âmbito da estratégia de
promoção de relacionamentos com as PI. Estes relacionamentos, consistem em
relações interactivas, responsáveis e de mutuo interesse, estabelecendo a plataforma
para a criação de relacionamentos transparentes com a responsabilização dos seus
actores (Andriof & Waddock, 2002), incorporando na teoria dos stakeholders o foco na
participação, dialogo e envolvimento com as PI (Schultz, 2006).
67
3.5.4.2. Comunicação e envolvimento com as partes interessadas
Van Riel (1995), define a comunicação corporativa como “um instrumento da
organização, que de uma forma consciente, eficaz e eficiente, utiliza todos os meios ao
seu alcance, para comunicar de forma interna e externa, criando as bases favoráveis
de relacionamento com as PI com as quais a organização é dependente e influente”.
A comunicação corporativa constitui uma das ferramentas com as quais as
lideranças contam para projectar nas suas PI, as pretendidas imagem, marca e
personalidade corporativas, pretendendo-se também que a identidade corporativa
aproxime-se da imagem organizacional (Davis et al., 2003).
A comunicação interna nas organizações é uma das áreas mais relevantes para
o aumento da eficiência organizacional, sendo a este nível importante que a liderança
conceba uma estratégia de comunicação que lhe garanta a fiabilidade da divulgação da
cultura organizacional, que permita a divulgação e interiorização dos valores e
princípios corporativos, de forma a comprometer os colaboradores com a liderança
(Waldman & Siegel, 2008; Rego & Cunha, 2011). A comunicação interna está de igual
forma relacionada com o nível de motivação das equipas, com o comportamento
organizacional responsável, com a cultura organizacional transparente e com abertura
por parte da LER, promovendo o seu alinhamento com a visão estratégica do líder
(Andriof & Waddock, 2002; Pruzan & Miller, 2005).
Ao nível externo, a comunicação corporativa de igual forma, apresenta-se como
uma importância determinante visto que é considerada o elemento central para
alcançar o contacto comunicacional com as PI externas, suportando numa estratégia
organizacional onde a sistemática gestão do relacionamento permite aumentar a
disponibilidade da organização no alinhamento mútuo das necessidades e expectativas
com PI externas, criando um ambiente de confiança e comprometimento aumentando
os níveis de confiança organizacional (Crane & Livesey, 2003; Shamma, 2012).
Os desafios que a RSO trouxe às organizações, nomeadamente, com a
integração dos princípios da RS a toda a actividade organizacional, posicionam a
comunicação corporativa num papel decisivo nesta estratégia de optimização dos
relacionamentos. Morsing & Schultz (2006) defendem que há a necessidade de criar-
se uma comunicação corporativa nos dois sentidos, ou seja, não só da empresa para as
PI mas igualmente a comunicação de volta. Estes autores apresentam um modelo com
três tipos de estratégias de relacionamento com as PI, baseado no modelo de relações
públicas de Grunig & Hunt (1984): a estratégia de informação às PI, a estratégia de
resposta às PI e a estratégia de envolvimento com as PI.
Defendem que ao nível da estratégia de informação, aquilo que é transmitido
às PI é crucial para as empresas, visto que a informação deve ser autêntica, verídica,
transparente e completa (Morsing & Schultz, 2006). A ISO 26000:2011 refere que as
expectativas das PI, têm que ser cumpridas de acordo com os princípios da RSO para
68
que estas possam tomar as acções que entendam pertinentes para defenderem os
seus interesses.
Esta estratégia de informação às PI é normalmente uma comunicação num só
sentido, da organização para as PI e tem como objectivo dar a conhecer informações
corporativas que tem impactes nas PI, mostrando um claro suporte a estas por parte
da organização. Exemplos dos meios de suportes para esta comunicação são as
brochuras, panfletos, newsletters, press release, entre outros (Morsing & Schultz,
2006).
A comunicação corporativa apresenta a possibilidade de estabelecer com as suas
PI um fluxo informativo de variada ordem, desde de informações sobre a protecção
dos consumidores, aos programas de RS e indicadores sociais da organização, à
informação sobre a prestação de contas, a iniciativas ambientais, ofertas de emprego,
informações sobre práticas de igualdade de oportunidades e de género. Esta crescente
tendência corporativa de informar as PI é amplificada por certas iniciativas mais
colaborativas por parte de determinadas ONG, no sentido de aumentar a sua
colaboração e parceria com as empresas, promovendo a inclusão, a parceria e o
diálogo com as PI (MacIntosh et al., 1998)
A estratégia de resposta às PI, de acordo com Morsing & Schultz (2006), é uma
comunicação em dois sentidos mas não simétrica, ou seja, existe um desequilíbrio a
favor da organização nesta comunicação, já que esta vai tentar alterar o ponto de vista
da PI a favor da organização. No âmbito da RSO, esta estratégia condiciona a
autenticidade da comunicação transparente e fidedigna que é exigível.
A estratégia de envolvimento com as PI, é uma comunicação em dois sentidos
mas ao contrário da anterior é simetria, é o assumir de um diálogo entre a organização
e as PI, onde ambas as partes tentam influenciar a outra (Morsing & Schultz, 2006;
Thomas et al., 2009). Este diálogo é uma das exigências na actualidade dos
relacionamentos entre as partes, sendo a este nível, fundamental um ajustado
comportamento organizacional responsável, de todos aqueles que interagem com as
PI externas (Dolan & Lingham, 2008).
O comportamento organizacional responsável associado ao diálogo entre as
partes, permite o contínuo fluxo inter-relacional, exigível para o adequado
estabelecimento de laços de confiança e da criação de reputação corporativa (Dolan &
Lingham, 2008). Assim, os colaboradores que funcionalmente estão numa primeira
linha de contacto com as PI externas, podem criar maiores impactes nesta estratégia
de relacionamento (Thomas et al., 2009).
Esta missão é tão importante que a actualização das competências destes
colaboradores é essencial, assim como o treino on job dos mesmos, de forma a
garantir em situações reais, a sua formação continua (COM, 2001; Sebes et al., 2009;
Lopes, 2012). O processo de melhoria contínua deve ser adequadamente
69
implementado de forma a garantir a fiabilidade do processo, com as consequentes
melhorias e revisões aos sistemas de gestão da organização (ISO 9001:2008).
Em resultado deste processo de melhoria contínua, ambos os lados tem a
possibilidade de evoluírem na sequência da partilha de informação e do
conhecimento, estreitando os laços entre si, reduzindo a incerteza, permitindo o
conhecimento mais aprofundado das realidades individuais e grupais, aumentando a
cumplicidade, o nível de confiança e a reputação corporativa. Este processo é
fundamental para o alongar dos relacionamentos desejavelmente de longo prazo entre
organização e as PI (Thomas et al., 2009; Parra et al., 2011).
Mas a comunicação corporativa no âmbito da RSO “é um alvo em movimento”
(Morsing & Schultz, 2006), que fácil e rapidamente pode criar mais impactes negativos
para a organização do que o contrário. Hoje em dia, as grandes empresas têm um
leque de PI muito vastas e dispersas globalmente, com inúmeros fornecedores,
clientes, parceiros e até accionistas. Não é raro que de um momento para o outro,
estas empresas se vejam associadas a problemas éticos, legais ou ambientais, não
sendo directamente responsáveis mas porque estão relacionados com determinadas PI
alvo dessas questões polémicas.
Este risco cria um problema muito sério ao trabalho das empresas, nas suas
estratégias de criação de confiança e de reputação, que levam anos a se conquistarem
e potencialmente dias para se perderem (Parra et al., 2011; Shamma, 2012).
Tendo em conta que é virtualmente impossível o controlo absoluto do fluxo de
informação corporativa entre as PI (Crane & Livesey, 2003), a estratégia da
comunicação corporativa com as mesmas, deve ser formulada de acordo com as PISIG
e respectivos ASPSIG, visto se pretender priorizar as PI em termos da sua relevância
para e com a organização. Daí a importância do procedimento de identificação das
PISIG já que aquelas PI que fiquem excluídas, a priori, não vão ter acesso à
comunicação corporativa de forma directa, estrategicamente pensada em termos dos
seus programas (NP 4469.1:2008).
Pela importância e sensibilidade do conteúdo da comunicação, individualizada
ou generalizada, do momento da comunicação do seu processo, comunicação num
sentido ou em dois sentidos, da sua motivação, persuasiva ou informativa e da sua
relevância, relação entre risco e benefício, torna-se adequado que a estratégia de
comunicação corporativa seja concebida tendo em conta um procedimento de
segmentação das PISIG, podendo se operacionalizar a comunicação corporativa mais
ou menos subtil conforme a especificidade das PISIG (Morsing & Schultz, 2006).
O envolvimento com as PI é um processo que permite o aprofundamento do
relacionamento entre as partes, através de um diálogo que potencie e que valide a
confiança interpessoal, intrínseca e organizacional. Pode ser visto como um modelo de
gestão preventiva, já que permite à equipa interna a atempada antecipação de
eventuais problemas e desvios da estratégia da organização (Thomas et al., 2009).
70
Não só as organizações têm relacionamentos com as suas PI, como também
elas têm relacionamentos com as suas próprias PI, pelo que se constrói uma rede de
dimensão variável de relacionamentos que importa potenciar e gerir (Crane & Livesey,
2003).
Em termos do procedimento de envolvimento com as PI, é desejável o convite
de algumas PISIG para reuniões internas da organização, de forma a abrir a estas PI à
realidade corporativa, aumentando níveis de confiança entre as partes e a
transparência processual.
A criação de redes estratégicas entre a organização e as PI, permitem aumentar
a eficácia deste envolvimento, servindo igualmente de canal para a divulgação de
informação corporativa, como são os exemplos dos valores, princípios, simbologia e
marca, responsabilizando-se a gestão de topo e intermédia, neste compromisso de
longo prazo, recíproco e criador de confiança (Andriof & Waddock, 2002).
Por outro lado, estas redes de relacionamentos permitem o estabelecimento
de parcerias entre as partes, potenciando por um lado sinergias com ganhos de
eficiência e por outro o aprofundar da ligação e compromisso entre as partes. Os
sistemas de informação nomeadamente as plataformas colaborativas são um grande
apoio na manutenção de redes de relacionamentos contínuos e em larga escala (Chen
& Popvich, 2003).
Os interesses das PI podem não ser coincidentes, pelo contrário, como se viu
anteriormente, existem casos de conflitos de interesse entre as PI de uma organização,
cabendo à sua liderança, minimizar o impacto das eventuais consequências. Neste
âmbito a comunicação corporativa e o envolvimento com estas PI de interesses
heterogéneos, devem ser devidamente acauteladas e previstas na estratégia de
comunicação corporativa (Bourne & Walker, 2008).
As organizações interagem com várias PI, podendo essa interacção ser
promovida apenas por um departamento da empresa ou por vários. Nos casos em que
vários departamentos interagem com as PI, podem existir comportamentos
organizacionais e comunicação corporativa diferenciados, consoante a equipa se trate,
pelo facto desta equipas internas apresentarem interesses por vezes distintos e até
opostos, que requerem uma atenção especial por parte da liderança (Andriof &
Waddock, 2002; Crane & Livesey, 2003).
No processo de envolvimento entre a organização e as PI é necessário que
exista disponibilidade e interesse por parte das PI nesse relacionamento aprofundado.
Caso ele não exista, dificulta de forma muito significativa este processo de
envolvimento.
71
3.5.4.3. Gestão do relacionamento com a equipa organizacional interna
Como referido anteriormente, a política de RS contém um conjunto de
programas operacionais dirigidos às PISIG internas e externas, destinados a atingir os
objectivos de RS previstos.
Os colaboradores, a liderança, de topo e intermédia, a governação e os
accionistas são PI internas essenciais a todas as organizações, pelo que, aplicando os
critérios previstos pela NP 4469.1:2008, no que diz respeito ao processo de
identificação das PISIG, de uma forma geral, estas PI são classificadas como PISIG. A
gestão do relacionamento com estas PISIG internas é assim uma exigência no contexto
da operacionalização da RSO.
Alguns destes programas de RS são dirigidos à equipa de colaboradores e
respectiva liderança, dando assim resposta aos ASPSIG e objectivos de RS
identificados. Estes programas são depois implementados de forma integrada na
política de recursos humanos da instituição.
A gestão de pessoas (termo em substituição de recursos humanos) assume uma
importância fundamental para a sustentabilidade das organizações (Rego et al., 2003;
Steurer, 2005; Avolio et al., 2009; Lopes, 2012), sendo por isso essencial uma
estratégia integrada de gestão de pessoas conduzida por uma LER, que defina uma
metodologia adequada à gestão desta PISIG interna, associada aos programas de RS
previstos da política de RS.
A NP 4427:2004, referente ao sistema de gestão de recursos humanos (SGRH),
propõe que esta metodologia de gestão de pessoas, deva obedecer a um fluxo de
gestão de pessoas constituído por três etapas inter-relacionadas e interdependentes:
atrair, manter e desenvolver as pessoas que prestam actividades funcionais com a
organização.
O fluxo de gestão de pessoas proposto pela NP 4427:2004, baseia-se no
pressuposto de que a organização deve atrair as pessoas mais competentes e
habilitadas para o exercício das funções que são necessárias à estrutura funcional da
organização, devendo de seguida, retê-las de forma a minimizar a rotatividade dos
colaboradores, com todas as consequências negativas para a organização e por fim
desenvolve-las através da actualização e reciclagem de competências críticas (Cunha et
al., 2006; Sebes et al., 2009).
O fluxo de gestão de pessoas proposto pela NP 4427:2004, não esgota no nosso
entender o ciclo de gestão de pessoas, pelo que se propõe o ciclo de gestão de pessoas
pela Liderança Eticamente Responsável que se propê que seja constituído por seis
fases (resumo esquemático na Figura 13):
72
Atrair/Fidelizar:
Selecção das pessoas ao nível interno ou externo, de acordo com a
caracterização da estrutura organizacional prevista ou fidelizar os colaboradores,
ao se terminar cada volta ao ciclo.
Desenvolver e envolver:
Nesta fase está incluída a admissão, acolhimento e integração e o
desenvolvimento e envolvimento dos colaboradores, com uma adequada gestão
de formação, o reconhecimento de competências, a implementação de planos
de carreiras, de remuneração, de comunicação interna e de envolvimento.
Responsabilizar:
Processo de empowerment da equipa recorrendo-se a metodologias de feedback
e de motivação e reconhecimento.
Avaliar:
A avaliação do desempenho dos colaboradores e do ciclo de gestão de pessoas
com a identificação de medidas preventivas e correctivas no plano de acção.
Melhorar e Inovar:
Em resultado da revisão pela gestão, introduzir inovação de forma sistemática no
processo, de forma a se implementar o processo de melhoria contínua.
Reter e comprometer:
Procedimento com vista a reter os colaboradores aplicando-se programas
específicos de criação de comprometimento da equipa.
Figura 13. Ciclo de Gestão de Pessoas pela Liderança Eticamente Responsável. Fonte: Elaboração própria
73
A política de gestão de pessoas é o instrumento do Sistema de Gestão de
Pessoas, que sendo ajustada à missão, visão e estratégia corporativas, prevê o
compromisso da gestão de topo no cumprimento e melhoria dos requisitos do sistema
e na procura pelo aumento da sua eficácia e eficiência, estando previsto a adequada
comunicação interna, nos vários níveis organizacionais assim como a sua revisão e
actualização periódicas (NP 4427:2004).
Na Figura 14, apresenta-se esquematicamente o Sistema de Gestão de Pessoas,
constituído por duas componentes, complementares e interdependentes:
Concepção da política de gestão de pessoas
Ciclo de gestão de pessoas.
De acordo com o modelo proposto, a liderança vai formular a estratégia
organizacional necessitando que a mesma seja aprovada pelo seu governo. Esta
formulação da estratégia deve ter em conta com os factores endógenos (identidade
corporativa, a cultura organizacional, princípios da RSO, os factores exógenos e os
aspectos da legislação e regulamentação em vigor.
A estratégia e o seu planeamento vão desencadear a caracterização da análise
funcional da estrutura necessária, contendo o número de pessoas e as respectivas
descrições de funções. De seguida, vão-se identificar os requisitos das competências
para a equipa, nomeadamente ao nível das competências técnicas (hard skills),
comportamentais e atitudinais (soft skills), o que conduz à concepção da política de
gestão de pessoas. A política de gestão de pessoas é um instrumento orientador para a
gestão de todos as etapas previstas no Sistema de Gestão de Pessoas, tendo em conta
os meios e recursos necessários, a identificação das responsabilidades por cada etapa
e o cronograma previsto.
No caso de as organizações recorrerem a serviços de empresas de outsourcing
de cedência de pessoas, deve ficar expresso de forma transparente, as
responsabilidades, a forma de actuação e de envolvimento com estes fornecedores,
sendo da responsabilidade da organização que adquire estes serviços, a uniformização
da práticas de gestão de pessoas para toda a equipa interna, independentemente de
serem colaboradores com ou sem vinculo directo com a mesma (NP 4427:2004; NP
4469.1:2008).
O objectivo estratégico do Sistema de Gestão de Pessoas é garantir que o grau
de satisfação e de motivação de todos os colaboradores corresponda às suas
expectativas, permitindo a sua retenção, o comprometimento e a fidelização com a
equipa, com a liderança e com a organização. Esta gestão de pessoas, associada à LER
e ao comportamento organizacional responsável vai proporcionar uma melhoria dos
relacionamentos entre a organização e as PI externas e o aumento dos níveis de
confiança organizacional.
74
Figura 14. Modelo de Sistema de Gestão de Pessoas.
Fonte: Elaboração própria.
O desenvolvimento de competências dos colaboradores constitui um factor
fundamental na interiorização dos princípios da RSO (COM 2001), na promoção de um
comportamento organizacional responsável e da promoção da LER, estando assim a
gestão da formação associada a superiores desempenhos nestas varias dimensões
organizacionais (Cunha & Rego, 2003).
O conceito de competência surge na NP 4427:2004 como o “conjunto de
saberes, de saber fazer e de saber estar, que caracterizam uma pessoa ou um grupo de
75
pessoas”. O desenvolvimento continuado das competências dos colaboradores, é
determinante para a maior eficácia e eficiência do seu desempenho funcional,
contribuindo assim para uma maior eficácia dos diversos processos chave da empresa
e para o empowerment dos colaboradores (Cunha et al, 2006; Buckley e Caple, 2007;
Sebes et al., 2009; Sebes et al., 2013).
O investimento nesta estratégia de gestão de formação dos colaboradores
(com ou sem vinculo) é considerado uma medida preventiva (ISO 9001:2008), visto
que pode evitar falhas internas ou externas nos processos organizacionais chave,
sendo assim um importante instrumento da gestão integrada de pessoas (Cruz, 1998;
Estêvão, 2001; Cunha et al, 2006; Parry, 2006; Buckley & Caple, 2007).
É igualmente visto como uma via para se alcançar aumentos de
competitividade organizacional em resultado de um maior alinhamento com a LER,
com a cultura organizacional, verificando-se reduções de custos e da melhoria de
imagem, comunicação e de reputação corporaticas (Shamma, 2012)
O Sistema de Gestão de Pessoas deve incentivar ao máximo a partilha do
conhecimento tácito de cada colaborador pelo que se torna muito importante o nível
de confiança organizacional e o tipo de liderança existente, devendo esta promover
métodos e processos de trabalho onde o livre espírito de pensamento e inovação seja
uma realidade (George et al., 2007; Avolio et al., 2009).
A liderança deve ser um dos elementos centrais no processo de gestão do
relacionamento com os colaboradores, aproximando, envolvendo e integrando as
pessoas, estimulando um comportamento organizacional responsável essencial para a
satisfação das necessidades das PI externas (Avolio et al., 2009).
É neste ambiente interno de bem-estar, confiança e comprometimento, que a
organização vai poder elevar a fidelização de PI externas, através de metodologias para
a gestão do relacionamento com clientes, parceiros e comunidade.
3.5.4.4. Gestão do relacionamento com clientes, parceiros e comunidade
O resultado da identificação das PISIG externas, aplicando os critérios previstos
pela NP 4469.1:2008, varia consideravelmente da natureza da organização, tipo de
produto/serviço que disponibiliza, do seu raio de alcance geográfico, da sua maior ou
menor dependência de parceiros chave e do seu nível de ligação à sociedade (Sebes et
al., 2014).
A política de RSO, contêm programas de RS dirigidas às PISIG externas,
considerando-se neste trabalho três PI externas que são, de uma forma geral,
classificados como PISIG: clientes, parceiros e comunidade local. Assim, importa definir
e operacionalizar uma metodologia de gestão do relacionamento com estas três PISIG,
no contexto da operacionalização da RSO.
76
A gestão do marketing pode contribuir, estrategicamente, para gerir estes
relacionamentos com as PI externas (Eiriz & Wilson, 2006). Segundo Kotler (2011), o
“marketing pode ser definido por um conjunto de actividades que envolvem o
processo de criação, desenvolvimento e troca de produtos, serviços ou ideias que
satisfaçam as necessidades dos públicos-alvo através de estratégias de comunicação e
de venda que consigam superar a concorrência”.
Para o mesmo autor, o marketing social é um processo organizacional de
identificação de necessidades e expectativas dos mercados alvo, com o objectivo de
satisfazer essas necessidades, de forma mais eficaz e eficiente, tendo em conta os
interesses legítimos dos consumidores e da sociedade (Kotler, 2011). Este conceito
implica ao nível da promoção das ofertas, considerações éticas nas práticas de
marketing, de forma a conciliar o lucro da organização com os interesses das restantes
PI (Vaaland et al., 2008).
Tal como foi proposto no caso do modelo de gestão de pessoas, os programas
de RS dirigidos às PISIG externas devem estar integrados na política de marketing da
organização, a qual inclui um modelo de gestão do relacionamento com as PI externas.
O marketing relacional (MR), ao contrário do marketing indiferenciado,
promove técnicas e ferramentas dirigidas ao público-alvo de uma forma personalizada,
servindo-se de ferramentas de gestão de relacionamento com o cliente (CRM), criando
impactes mais eficazes ao nível do envolvimento e participação entre as PI e com a
organização, potenciando a confiança organizacional e fidelização (Dyché, 2002;
Almotairi, 2008; Amaral, 2008).
O conceito de CRM esta relacionado com duas áreas complementares: o
marketing e as tecnologias de informação e de comunicação (TIC). No âmbito do TIC o
CRM é visto como uma metodologia que utiliza as tecnologias como ferramenta de
aumento da eficácia do processo do MR, através da possibilidade dos utilizadores
gerirem da melhor forma as bases de dados dos clientes (Chen & Popvich, 2003; Alt &
Puschmann, 2004; Almotairi, 2008).
Outros autores, definem o CRM como uma filosofia de negócio, onde se
pretende entender e influenciar os clientes, com o objectivo de melhorar-se a
aquisição, retenção e fidelização dos mesmos (Swift, 2001; Sharp, 2003; Buttle, 2004).
No âmbito da gestão de processos, o CRM é visto como uma estratégia de
gestão, onde o MR tem o objectivo de identificar, seleccionar e gerir o relacionamento
com os público-alvo, ao longo do seu ciclo de vida, potenciando a criação de valor
organizacional, resultante do aumento de confiança, reputação e fidelização dos
clientes (Sharp, 2003; Kracklaner et al., 2004).
O CRM é constituído por três componentes: pessoas, processos de negócio
(incluindo a informação) e tecnologia (Chen & Popvich, 2003). A contribuição de cada
uma delas varia de acordo com o nível de implementação do CRM (Almotairi, 2008).
77
O MR pode facilitar o processo de implementação do Sistema de Gestão de
Pessoas, nomeadamente na concepção e implementação de procedimentos para
maximizar o relacionamento com as PI (Buttle, 2004; Sebes et al., 2010). Assumindo
que o CRM está dirigido aos clientes, Bourne & Walker (2008) propõem um novo
conceito dirigido a múltiplas PI, o stakeholder relationship management (SRM) que
está dirigido não só a clientes mas a todas as PIG.
Este modelo baseia-se no princípio de que o desempenho organizacional, para
atingir com eficácia e eficiência a sua estratégia, depende do nível de envolvimento e
de participação com as PISIG, contando com o SRM para optimizar o relacionamento
com múltiplas PI.
Bourne (2010), propõe assim um modelo denominado de The Circle of
Stakeholders (Figura 15), que permite identificar e gerir os relacionamentos,
constituídos por cinco etapas: identificação de todas as PI, priorização das mesmas,
para determinar quais as PI mais relevantes, mapeamento das PI para se entender a
dimensão e constituição da rede de PI; envolvimento com as PI, através de
comunicações eficazes e por último a monitorização do efeito de envolvimento
(Bourne & Walker, 2008).
Neste modelo, a actividade da organização vai ter nas equipas internas
(colaboradores e liderança) o veículo para potenciar a gestão do relacionamento com
as PI mais relevantes, através da comunicação e envolvimento. A restante rede das PI
(parte mais exterior do modelo) a qual é composta por indivíduos e grupos com menor
relevância para e com a organização, apresentam contudo um potencial para criar
alguns impactes positivos e/ou negativos à organização e vice-versa. A equipa
organizacional deve registar a informação sobre a especificidade de cada PI de forma a
proceder à gestão das expectativas e para influenciar as suas percepções, promovendo
uma estratégia de comunicação corporativa e de envolvimento adequada ao desafio
(Bourne, 2010).
O SRM é uma estratégia muito complexa, pela diversidade de interesses das
PISIG entre si e para com a organização, apresentando potenciais conflitos de
interesse. Tal como no CRM é composta por três componentes, neste caso as PISIG,
internas e externas, os processos de relacionamento entre as partes e as tecnologias
de suporte aos processos.
Como os interesses das PISIG estão continuamente em evolução, vão requerer
da organização, uma sistemática actualização de requisitos das PISIG. Alguns destes
requisitos são de natureza tangível e neste caso a tarefa da organização poderá ser
facilitada. Mas existem requisitos de natureza intangível que aumenta muitíssimo o
desafio da eficácia do SRM.
78
Figura 15. O círculo dos stakeholders. Fonte: Adaptado de Bourne, (2010).
De acordo com a caracterização das PISIG, a estratégia do marketing deve
prever práticas mais indiferenciadas ou mais relacionais consoante a sua
especificidade dos requisitos das PISIG. O objectivo do SRM consiste em promover
processos de fidelização das PISIG com a organização, promovendo a confiança e a
reputação organizacionais.
Na sequência desta caracterização, os programas de RS associados ao modelo
de SRM adoptado pela instituição e dirigidos às PISIG, têm que ser monitorizados em
termos da sua real implementação, com vista a se proceder aos ajustes que se
verifiquem necessários com vista ao processo de melhoria contínua.
79
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4. Introdução
As IES são fundamentais para o desenvolvimento e manutenção dos sistemas
democráticos, visto que os valores universalmente aceites nas sociedades
desenvolvidas, devem ser alicerçados por um sistema de ensino superior (ES) livre,
fomentado pela igualdade de oportunidades, dirigido aos cidadãos e promovendo
áreas e metodologias de ensino que fortaleçam a cidadania responsável (Soares &
Barrera, 2009).
Numa sociedade cada vez mais globalizada e que requerer dos seus cidadãos,
uma constante actualização das suas competências, de forma a potenciar a sua própria
competitividade, o conhecimento socializado, através do ES, é um factor
determinante.
Este tem que desempenhar as suas funções, que incluem formação,
investigação e extensão, estando em sintonia com os princípios da RS, de forma a criar
dinâmicas inovadoras, que potenciem os conhecimentos na sociedade, mas que
igualmente, contribua para o desenvolvimento e crescimento da economia, do
desenvolvimento regional, social e da coesão da sociedade (De La Custa et al., 2010).
4.1. Instituições de ensino superior em Portugal
O ES em Portugal desenvolveu-se muito a partir das reformas no sector, em
1973, tendo nessa altura sido criadas novas IES públicas, tanto ao nível do ensino
universitário, como do politécnico, acompanhado da abertura à iniciativa privada
(Grácio, 1998; Sá et al., 2013).
O crescimento de estudantes entre 1973 e 2003 foi de cerca de 7 vezes, de
56.608 para 400.831 estudantes, o que demonstra bem a necessidade que a sociedade
portuguesa tinha nesta área. Constatou-se uma diversificação ao nível das áreas de
80
ensino, no acesso ao ES, na origem socioeconómica dos estudantes e nas suas idades e
situação perante o mercado de trabalho (Fonseca & Encarnação, 2012).
O processo de Bolonha, implicou mudanças significativas no sistema de ES
tendo-se verificado que, apesar dos objectivos inicialmente previstos, o sistema de ES
em Portugal permanece, de acordo com os indicadores da OCDE (2014), ainda aquém
da média dos países da OCDE, necessitado por isso de um maior investimento, de
forma a se elevar o nível educativo dos portugueses e minimizar a taxa atual de
abandono prematuro de estudantes no primeiro ano de licenciatura (Fonseca &
Encarnação, 2012).
Sem uma aposta clara a este nível, dificilmente a competitividade do país se
manterá sustentável no espectro global, cada vez mais disputado, condicionando desta
forma o seu desejado DS.
4.1.1. Breve história das Instituições de Ensino Superior, em Portugal
O sistema de ES em Portugal sofreu profundas alterações desde o mandato do
então ministro de Educação, José Veiga Simão (1969/74), que introduziu a Lei nº 5/73
de 25 de Julho, e o DL nº 402/73 de 11 de Agosto, regulamentando a garantia da
educação superior por universidades e institutos politécnicos. Foram criadas, nessa
altura, quatro novas universidades e dez institutos politécnicos (Pedrosa, 2014).
Após a revolução de Abril de 1974, o sistema de educação em Portugal alterou-
se de forma muito significativa, com uma expansão e diversificação do ES, onde se
verificou um aumento expressivo do número de alunos, em resultado do aumento do
número das universidades e politécnicos, públicos e privados, permitindo o acesso ao
ES de todos os cidadãos, através de um processo que garantia condições de igualdade
de oportunidades, tal como fica definido no 73º artigo da Constituição da República
Portuguesa (Neave & Amaral, 2012; Pedrosa, 2014).
As universidades ganharam o estatuto de autonomia enquanto direito
constitucional (02/04/1976) podendo definir os seus estatutos de forma autónoma, ao
nível científico, pedagógico, administrativo e financeiro (Neave & Amaral, 2012;
Pedrosa, 2014).
O ensino superior politécnico, com estas iniciativas legislativas, substituiu o
ensino superior de curta duração por efeito do DL nº 513-T/79 de 26 de Dezembro. A
rede de ensino superior politécnico em Portugal surge com o apoio da Lei nº29/80 de
29 de Fevereiro, constituída por 27 escolas, divididas por 15 distritos. Devido à sua
localização geográfica, pretendeu-se dar um importante contributo para o
desenvolvimento local e regional. Pretendia-se a diferenciação da rede universitária
através de uma formação mais ligada à experimentação e aplicação, com uma forte
ligação ao tecido empresarial local, reconhecendo-se na altura, o grau de bacharelato
81
podendo depois esta formação dar seguimento a estudos conducentes ao grau de
licenciatura, promovidos pelas universidades (Simão & Costa, 2000).
As Leis nº 46/86 de 14 de Outubro, nº 108/88 de 24 de Outubro e nº 54/90 de 5
de Setembro, reforçam a Lei da Autonomia Universitária e do Ensino Politécnico (Lei da
Autonomia das Universidades (Lei n.º 108/88, de 24 de Setembro), Estatuto e
Autonomia dos Estabelecimentos de Ensino Superior Politécnico (Lei n.º 54/90, de 5 de
Setembro), havendo uma referência à necessidade das IES, deverem reforçar o seu
papel no envolvimento no desenvolvimento das regiões e por conseguinte de Portugal
(Pedrosa, 2014).
O crescimento do número de alunos inscritos entre o ano lectivo 1973/1974 e o
ano de 2002/2003 subiu de 56.608 para 395.478 alunos, quase 800% (Leão, 2007).
São vários os factores que contribuíram para esta realidade, nomeadamente, a
percepção da sociedade em identificar vantagens na qualificação da população com o
acesso ao ES, e prevendo um consequente aumento da competitividade das
organizações, sobretudo quando se verifica a adesão de Portugal à Comunidade
Económica Europeia (1986) e aos mercados globais (Simão et al., 2005).
Após o período inicial pós 25 de Abril, com taxas de crescimento muito
elevadas no sistema de ES, alguns autores e agentes sectoriais, defenderam que o
sistema necessitava de uma reorganização, que incluísse alterações na rede de
estabelecimentos e dos cursos promovidos, e uma revisão das leis de autonomia das
IES, das carreiras dos docentes, do sistema de acesso ao ES e, do sistema de avaliação
do ES (Magalhães & Amaral, 2000; Amaral et al., 2003).
A Lei n.º 1/2003, de 6 de Janeiro, relativa ao Regime Jurídico do
Desenvolvimento e Qualidade do ES, teve como propósito clarificar vários princípios no
âmbito do subsistema universitário e politécnico. Apontou medidas de racionalização
da rede de ES e a criação do Conselho Consultivo do ES, tendo sido nessa altura
indutora de um debate nacional ligado ao processo de avaliação, revisão e
consolidação da legislação sobre o ES (Amaral et al., 2003; Neave & Amaral, 2012).
Num clima de significativa preocupação por parte dos vários agentes do sector
da educação superior, incluindo o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores dos
Politécnicos e do Conselho de Reitores Das Universidades Portuguesas, era clara a
necessidade de reformas e reorganizações no sistema de ES. No sentido de minorar
estas preocupações, em Novembro de 2005, o Ministério da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior lançou processos de avaliação internacional do ES, cujos resultados
reforçaram a evidenciada necessidade de uma profunda reorganização do ES (Neave &
Amaral, 2012).
A Lei nº 49/2005, de 30 de Agosto, foi um passo muito relevante mobilizando a
necessidade reformista do sistema de ES. Esta lei alterou a Lei de Bases do Sistema
Educativo (Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro), tendo introduzindo “a criação de
condições para que todos os cidadãos possam ter acesso à aprendizagem ao longo da
82
vida, modificando as condições de acesso ao ES para os que nele não ingressaram na
idade de referência, atribuindo aos estabelecimentos de ES a responsabilidade pela
sua selecção e criando condições para o reconhecimento da experiência profissional.
O DL nº 74/2006, de 24 de Março inicia a concretização do processo
denominado de “Bolonha” (EUR-Lex - c11088 – PT), iniciado pela assinatura da
Declaração de Bolonha, em 19 de junho de 1999, por Ministros da Educação de 29
países europeus. Esta declaração conjunta visou a promoção de um sistema europeu
do ES através da adopção de um sistema fácil de graus comparáveis, baseado em três
ciclos de formação, correspondente aos graus de licenciatura, mestrado e de
doutoramento, permitindo a mobilidade de estudantes e também de professores e
investigadores. É previsto ainda o estabelecimento de um sistema de créditos, o
Sistema Europeu de Créditos Curriculares (ECTS - European Credit Transfer and
Accumulation System). O DL nº 74/2006 de 24 de Março, foi depois alterado em 25 de
Junho de 2008, através da publicação do DL n.º 107/2008, no que repeita ao Regime
Jurídico dos Graus e Diplomas do ES.
O DL 23 de Maio e o DL nº 64/2006 de 21 de Março, regulamentaram,
respectivamente, os Cursos de Especialização Tecnológica (CET) e o acesso de
candidatos ao ES com idade superior a 23 anos, dando desta forma um contributo para
o incentivo ao processo de formação ao longo da vida.
Outras iniciativas legislativas houve com o objectivo de sustentar,
juridicamente, o plano reformista, designadamente a Lei nº 38/2007, de 16 de Agosto
relativa ao novo Sistema Nacional de Avaliação da Qualidade, a Lei n.º 62/2007, de 10
de Setembro, relativa ao novo Regime Jurídico das IES (RJIES), introduzindo profundas
alterações na IES, nomeadamente, “a sua constituição, atribuições e organização, o
funcionamento e competência dos seus órgãos e ainda a tutela e fiscalização pública
do Estado sobre as mesmas, no quadro da sua autonomia”. Neste sentido
contribuíram ainda os DL nº205/2009 e o DL nº 207/2009, ambos de 31 de Agosto
referentes à revisão dos Estatutos da Carreira Docente Universitária e dos Politécnicos.
Mais recentemente é publicado o DL n.º 36/2014, de 10 de Março, que regula o
Estatuto do Estudante Internacional da IES, agilizando o processo de captação de
estudantes fora da União Europeia, prevendo a possibilidade à IES de receberem
propinas diferenciadas consoante se trate de estudantes nacionais ou estrangeiros. O
Programa Retomar, uma medida que se inseriu no Plano Nacional de Implementação
de Uma Garantia Jovem (PNI-GJ), aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros
n.º 104/2013, de 31 de dezembro, e Programa +Superior, que é uma medida que visa
contribuir para a plena utilização da capacidade do ensino superior público,
incentivando e apoiando a frequência de instituições com menor procura por se
encontrarem sediadas em regiões do país com menor pressão demográfica. Estas são
duas iniciativas para atribuir bolsas a estudantes que tenham abandonado o ES
83
recentemente ou apoiar estudantes que pretendem ingressar no ES através de IES do
interior do país.
O DL nº43/2014, de 18 de Março, regulamenta os novos Cursos Técnicos
Superiores Profissionais de Curta Duração dirigidos aos politécnicos, com a duração de
dois anos, que alteram de forma importante o funcionamento destas IES. Estes ciclos
de estudos de curta duração não conferem um grau académico, estando situados no
nível 5 do Quadro Europeu de Qualificações para a Aprendizagem ao Longo da Vida.
Têm uma componente de formação geral e científica, uma componente de formação
técnica e uma componente de formação em contexto de trabalho, através da
realização de um estágio.
No âmbito das propostas de reorganização e de reestruturação do ES,
efectivaram-se duas propostas de concentração de IES. A primeira experiência a surgir
em Lisboa, com a fusão da Universidade de Lisboa com Universidade Técnica de
Lisboa, (DL nº 266-E/2012, 31 de Dezembro) e a segunda, no norte, com o acordo de
Consórcio das Universidades do Norte (CRUP – UniNorte, 14 de Fevereiro de 2014),
constituído pelas Universidades do Porto, do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Pretende-se com a concentração de IES, a definição de parcerias no âmbito das
redes de ES, alinhando estratégias de crescimento e de melhoria em rede, tendo em
conta a especificidade de cada IES, surgindo a criação de sinergias no âmbito da
internacionalização da sua oferta educativa dirigida a vários públicos e da optimização
das infra-estruturais existentes prevendo-se que haja ganhos na competitividade
conjunta.
Contudo, para alguns agentes sectoriais, nomeadamente o Conselho de
Reitores das Universidades Portuguesas e o Conselho Coordenador dos Politécnicos,
entendem que continua a haver uma situação no ES em Portugal que carece,
urgentemente, de intervenção da tutela, de forma a clarificar o que se pretende do ES,
e que se defina uma forma de regulamentar o sector, para permitir uma nova fórmula
de financiamento, de distinção entre as universidades e os politécnicos e a promoção
de consórcios entre as IES.
Considera-se assim que o sistema de ES português, continua a sofrer de
insuficiente capacidade reguladora do Estado, de falta de clareza entre as missões
entre as universidades e os institutos politécnicos, algum excesso da capacidade
instalada, alguma carência do sistema para eliminar situações de baixa qualidade do ES
e, a existência de sérios problemas de financiamento do sector com uma diminuta
competitividade internacional das nossas IES (Fonseca & Encarnação, 2012; Diogo &
Brückmann, 2015).
84
4.1.2. Dados sobre o ensino superior em Portugal
O sistema de ES em Portugal é considerado binário, constituído por
universidades e institutos politécnicos. É constituído por 121 IES, integrando
universidades e institutos politécnicos, públicos e privados (Fonseca & Encarnação,
2012).
As IES públicas, apesar de corresponderem a cerca de um terço do total das IES,
correspondem a 58,6% das unidades orgânicas oferecidas pelo sistema de ES.
Analisando os indicadores gerais do ES em Portugal, nomeadamente, os inscritos por
subsistema e tipo de ensino, relativo ao período entre os anos lectivos de 2000/2001 a
2013/2014, conclui-se que o ano correspondente ao pico superior de estudantes
inscritos foi 2002/03, com 400.831 alunos, dos quais 72,5% corresponde ao ES público
e 27,5% ao privado. Em relação ao ano correspondente ao pico inferior de estudantes
inscritos, foi o último considerado, 2013/2014, com 262.200 estudantes, dos quais
83,3% correspondem ao ES público, e 16,7% ao privado (DGEEC, 2014) (Tabela 3).
Ao longo dos 14 anos considerados, o ES público ganhou 28.124 estudantes o
que corresponde a um aumento de 10,28%, enquanto que o ES privado perdeu 53.627
estudantes, com um decréscimo de inscritos de 47%.
Considerando que o efeito da crise económico-financeira em Portugal teve o
seu início de impacto a partir de 2010, o ES entre 2010 e 2014 diminuiu 5,97%, sendo
que o ES público aumentou 2,48%, enquanto que o ES privado diminuiu 41,99%.
Analisando os subsistemas, durante este período, as universidades públicas foram as
únicas em que se registou um aumento de inscrições, correspondente a 7,48%, já os
politécnicos públicos diminuíram 6,69%, as universidades privadas, 31,85% e os
politécnicos privados, 67,14% (DGEEC, 2014).
Tabela 3 . Instituições de Ensino Superior em Portugal e respectivas unidades orgânicas.
Tipologias de IES Nº % Unidades orgânicas
%
Universidades públicas 19 15,70 103 30,18 Politécnicos públicos 20 16,53 96 28,40 Total IES públicas 42 32,23 199 58,58 Universidades Privados 40 33,06 77 22,78 Politécnicos Privados 42 34,71 62 18,34 Total IES privadas 82 67,77 139 41,12 Total IES 121 338
Fonte: Adaptado de Fonseca & Encarnação, (2012).
Assim, pode-se concluir que a crise teve um impacto muito expressivo, ao nível
do ES privado e, significativo ao nível dos politécnicos públicos, tendo-se verificado
uma deslocação de estudantes para as universidades públicas. Neste caso, em relação
às universidades públicas, observa-se que nos últimos dois anos considerados, houve
85
uma variação negativa de 2,59% para 2012/13, e de 0,68% para 2013/14 (Tabela 4)
(DGEEC, 2014).
De acordo com os indicadores da OECD de 2014, relativamente à percentagem
da população na faixa etária de 25-64 anos, com o ES terminado em Portugal, observa-
se uma subida de 9%, em 2000, para 19% em 2012, sendo que a média da ODCE, para
o ano de 2000, foi de 22% tendo subido para 32 % em 2012. O único país da união
europeia em pior situação que Portugal é a Itália, encontrando-se a Espanha muito
perto das médias da OCDE. Estes dados apontam para a necessidade de Portugal
corrigir esta situação, que ainda penalizam o país em termos de nível de competências
e da competitividade da população (OECD, 2014).
Numa outra perspectiva, em relação à população cujo nível de escolaridade é
superior ao secundário mas inferior ao ES, relativo ao ano de 2012, Portugal é o
penúltimo país com cerca de 19%, em comparação com a média da OCDE que está
perto dos 44% (OECD, 2014), o que revela a clara elevação do nível de educação da
média da OCDE em relação a Portugal.
As taxas e idades de conclusão do ensino secundário do regime geral, em
comparação entre Portugal e a média da OCDE, para o ano de 2012, observa-se que
47% da taxa de conclusão do ensino secundário em Portugal e 52% na média da OCDE.
Mas em relação à idade em que se termina este nível escolar, observa-se a idade de 23
anos em Portugal enquanto que na média da OCDE são 19 anos, o que revela existir
uma elevada taxa de retenção e de repetição do ensino secundário em Portugal
(OCDE, 2014).
A taxa de desemprego em Portugal, na faixa etária de 25-64 anos, por nível de
escolaridade, mostra que a conclusão do ES permite minimizar o problema do
desemprego. Identificando três grupos de análise, Grupo 1 com o ensino secundário
inacabado, Grupo 2 com o ensino secundário ou pós-secundário terminados e o Grupo
3 com ES concluído, em relação ao ano de 2012, a taxa de desemprego do 1º grupo foi
de 16%, descendo para os 14,5% no 2º grupo e descendo para os 10,5% no 3º grupo.
Em relação à média da OCDE, e para os mesmos grupos, observam-se respectivamente
13,6%, 7,8% e 5% (OCDE, 2014).
Citando Fonseca & Encarnação (2012), e tendo em conta os dados do Instituto
Nacional de Estatística (INE) referentes a 2008, a percentagem da população activa em
Portugal que não tinha terminado o ensino secundário é muito superior à média da
União Europeia (65% em Portugal e 21% na União Europeia). No que respeita às
qualificações dos empresários a situação não é mais positiva, com uma percentagem
de 81% destes empregadores a apresentarem um nível inferior ao ensino secundário
em contraste com os 28% da União Europeia, o que revela objectivamente uma menor
preparação quer da população activa como dos empresários em termos de
competitividade organizacional.
86
Face a estes dados sobre a caracterização dos níveis de educação dos
portugueses, comparativamente às médias dos países da OCDE, e tendo em conta que
com a globalização dos mercados, cada vez mais nos encontramos em concorrência
global, o ES é um factor chave para elevar a competitividade dos portugueses,
necessitando nesse sentido, de um reforço da aposta da educação e qualificação ao
longo da vida da nossa população inclusive dos empregadores (Diogo & Brückmann,
2015).
4.1.3. Tendências do Ensino Superior
Tendo em consideração a reflexão efectuada sobre o ES em Portugal, no item
anterior, e tendo em conta os actuais desafios com que as IES se confrontam,
apontam-se de seguida algumas tendências na actual evolução do ES em Portugal, as
quais vão condicionar a futura actuação estratégica e operacional dos vários agentes
sectoriais.
Assim, na sequência da actual crise económico-financeira, observa-se uma
redução do financiamento estatal nas IES públicas, implicando constrangimentos
muito importantes nos respectivos orçamentos anuais. Por outro lado, como se viu
anteriormente, observa-se uma redução efectiva da procura por parte dos estudantes
portugueses, sobretudo do ES privado e do ES politécnico, o que ainda potencia mais,
um certo excesso da capacidade instalada, nomeadamente nas IES, que perderam
estudantes de forma mais significativa (Sá et al., 2013).
Considerando a actual redução da natalidade em Portugal (INE, 2013) e quando
os seus efeitos forem visíveis em termos de procura de qualificação académica, é
previsível que se agrave ainda mais este défice de estudantes nacionais. Em resultado
destes constrangimentos, as IES têm implementado estratégias para aumentar as suas
receitas e, dessa forma melhorarem a sua autonomia financeira.
A primeira tendência neste sentido é a estratégia de captação de mais
estudantes. Ao nível da saída do Ensino Secundário para o ES, observa-se, em alguns
casos, alguma disputa pelos melhores estudantes, havendo IES públicas e privadas que
propõem isenções de propinas e outras práticas de sedução candidatura de
estudantes. Nota-se também uma maior preocupação e foco na captação de antigos
alunos e, de estudantes que, estando a exercer a sua profissão já algum tempo,
sentem a necessidade de investir na sua própria formação, constituindo esta formação
ao longo da vida, uma oportunidade muito relevante para as IES.
Estas disponibilizam todo um conjunto alargado de ofertas formativas
avançadas, pós-graduadas, mestrados e doutoramentos, com vista à captação de
antigos e novos estudantes, de forma a satisfazerem a necessidade do ensino ao longo
da vida, reciclando e actualizando as competências destes públicos.
87
Tabela 4. Estudantes inscritos, por subsistema e tipo de ensino, relativo ao período entre os anos lectivos de 2000/01 a 2013/14
Fonte: Adaptado de DGEEC (2014).
Ano letivo 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14
Subsistema e tipo
Total IES 387 703 396 601 400 831 395 063 380 937 367 312 366 729 376 917 373 002 383 627 396 268 390 273 371 000 362 200
variação 2,24% 1,06% -1,46% -3,71% -3,71% -0,16% 2,70% -1,05% 2,77% 3,19% -1,54% -5,19% -2,43%
IES Públicas 273 530 284 789 290 532 288 309 282 273 275 521 275 321 284 333 282 438 293 828 307 978 311 574 303 710 301 654
variação 3,95% 1,98% -0,77% -2,14% -2,45% -0,07% 3,17% -0,67% 3,88% 4,59% 1,15% -2,59% -0,68%
Universitário 171 735 176 303 178 000 176 827 173 897 171 575 169 449 175 998 175 465 183 806 193 106 197 912 197 036 198 380
variação 2,59% 0,95% -0,66% -1,68% -1,35% -1,25% 3,72% -0,30% 4,54% 4,82% 2,43% -0,44% 0,68%
Politécnico 101 795 108 486 112 532 111 482 108 376 103 946 105 872 108 335 106 973 110 022 114 872 113 662 106 674 103 274
variação 6,17% 3,60% -0,94% -2,87% -4,26% 1,82% 2,27% -1,27% 2,77% 4,22% -1,06% -6,55% -3,29%
IES Privadas 114 173 111 812 110 299 106 754 98 664 91 791 91 408 92 584 90 564 89 799 88 290 78 699 67 290 60 546
variação -2,11% -1,37% -3,32% -8,20% -7,49% -0,42% 1,27% -2,23% -0,85% -1,71% -12,19% -16,95% -11,14%
Universitário 81 544 78 592 75 993 72 774 66 478 61 197 60 094 60 732 60 230 60 174 60 452 55 147 48 716 44 495
variação -3,76% -3,42% -4,42% -9,47% -8,63% -1,84% 1,05% -0,83% -0,09% 0,46% -9,62% -13,20% -9,49%
Politécnico 32 629 33 220 34 306 33 980 32 186 30 594 31 314 31 852 30 334 29 625 27 838 23 552 18 574 16 051
variação 1,78% 3,17% -0,96% -5,57% -5,20% 2,30% 1,69% -5,00% -2,39% -6,42% -18,20% -26,80% -15,72%
88
Um outro exemplo, neste âmbito, foi a iniciativa legislativa constante do DL nº
64/2006, de 21 de Março, que veio alargar o acesso ao ES a outros públicos para além
do contingente geral, nomeadamente os candidatos adultos com idade igual ou
superior a 23 anos, pretendendo promover a igualdade de oportunidades no acesso ao
ES (Sá et al., 2013).
Esta medida resultou numa procura acentuada por parte de novos candidatos,
tendo-se verificado, logo no segundo ano de implementação da medida,
correspondente ao ano lectivo 2007/2008, o pico da oferta com 10.617 vagas. As
universidades privadas foram as que maior dinâmica evidenciaram neste processo e,
logo a seguir os politécnicos públicos. Entre 2006 e 2011, a diferença entre estas duas
IES quase que se anulou, apresentando ambas, em 2011, um pouco mais do que 3000
vagas, enquanto que as universidades privadas e os politécnicos privados, no mesmo
ano, apresentavam cada, cerca de 1500 vagas (Sá et al., 2013).
Por outro lado, tem aumentado o número de estudantes estrangeiros. Segundo
Sá et al., (2013), os estudantes internacionais, em Portugal, relativamente ao ano
lectivo 2013/2014 foram superiores a 31.000, sendo que 85% são oriundos da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ou da União Europeia. Esta
tendência resulta igualmente da aprovação de algumas medidas por parte da tutela,
nomeadamente a do Estatuto do Estudante Internacional (DL nº36/2014, de 10 de
Março) que permite a melhoria de condições de acolhimento destes estudantes e
facilitando alguns procedimentos burocráticos como a emissão de vistos, autorizações
de residência, número de identificação fiscal e condições de alojamento.
Os mesmos autores evidenciam uma segunda tendência, no mesmo sentido é o
crescente desenvolvimento da área da prestação de serviços por parte das IES, por
vezes relacionada e alinhada com a dinamização de centros de investigação e de
desenvolvimento, facilitando a ligação das IES ao tecido empresarial e a criação de
ninhos de empresas ligadas ao mundo académico. Está prevista a reestruturação de
unidades de Investigação e desenvolvimento, muitas das quais agregam investigadores
de várias IES (FCT, 2015).
Verifica-se, igualmente, a crescente criação de parcerias académicas no âmbito
das redes do ES, nacionais e internacionais, que podem contribuir para racionalização
da oferta formativa, sobretudo nas IES geograficamente próximas, como é o caso de
IES do interior continental, podendo minimizar o problema da duplicação de cursos,
diminuindo assim uma certa falta de racionalização do sistema de ES e minimizando os
efeitos de alguma concorrência entre IES vizinhas.
A criação de redes de ES, incluindo IES nacionais e internacionais, permite a
multiplicação de formações em consórcio, com a estruturação dos seus currículos em
conjunto, promovendo relações entre investigadores e projectos académicos com
execução cruzada, aumentando a mobilidade de estudantes, professores e
investigadores. Estas redes de ES podem contribuir para a reorganização do ES
89
minimizando o efeito de certa fragmentação no sector. Por vezes estas parcerias
ultrapassam as fronteiras e, incluem IES espanholas e outras. Inserem-se neste caso, o
exemplo da fusão da Universidade de Lisboa e a do consórcio CRUP.
Ligadas a estas redes de IES internacionais, é potenciada uma quarta tendência
- a internacionalização das IES - que constitui um processo muito relevante no que diz
respeito à competitividade das IES nacionais. Num mundo cada vez mais global onde
as fronteiras comerciais são cada vez menos restritivas, a missão das ES é muito
semelhante nos diversos países. Neste âmbito, a União Europeia propõe algumas
iniciativas neste processo de internacionalização (MADR/MEC, 2014):
A promoção da mobilidade internacional de estudantes, docentes e não
docentes e investigadores;
A promoção da internacionalização e do desenvolvimento das aprendizagens
com novas tecnologias;
As parcerias estratégicas entre IES.
As motivações para a internacionalização das IES são várias. Com o aumento do
número de estudantes internacionais, aumentam as receitas das IES e
consequentemente, o desenvolvimento económico do país. O aumento de produção
científica e do conhecimento dos estudantes e das populações também pode ser
conseguido e a promoção da RS das IES é mais facilitada.
Uma quinta tendência, está relacionada com a crescente utilização das novas
tecnologias nas IES, que podem potenciar a ampliação da oferta de cursos na
modalidade de ensino à distância, associando IES de ensino presencial com outras
dirigidas para o ensino à distância, captando mais estudantes nacionais e
internacionais através deste modelo de aprendizagem global.
Tendo em conta a baixa taxa de diplomados em Portugal, relativamente à
média dos países da OCDE e, por outro lado, a crescente tendência de abandono de
estudantes no primeiro ano de licenciatura, é previsível que Portugal se comprometa
com objectivos de aumento do número de licenciados, o que contribuiria para
minimizar a actual diminuição da procura.
4.2. Funções das Instituições de ensino superior e a sua responsabilidade social
4.2.1. Funções das Instituições de ensino superior
O conhecimento é visto como um dos factores mais relevantes para o DS das
organizações e para a competitividade organizacional (De La Cuesta et al., 2010). A
difusão do conhecimento processa-se de uma forma cada vez mais rápida e para um
90
universo de destinatários a nível global, potenciando a gestão da inovação e do
desenvolvimento de novas ideias, produtos e serviços, impulsionadores da criação de
riqueza.
As IES têm, neste âmbito, um espaço privilegiado, já que a sua principal missão
consiste na criação e transmissão do conhecimento a várias PI, podendo contribuir
para a introdução de novas estruturas para o desenvolvimento de uma cidadania
participativa e responsável (Vasilescu et al., 2010; Maldonado & Armentia, 2011; Sebes
et al., 2013).
É reconhecida a importância histórica da missão das IES na sociedade, criando e
divulgando conhecimento, estando actualmente, numa fase de adequação da sua
missão aos novos requisitos do sector, tendo em conta a sociedade do conhecimento
(Almagro et al., 2010).
De acordo Vasilescu et al., (2010), a actualização da missão das IES, vai a
centrar no desenvolvimento de conteúdos, atitudes e valores, que procurem a
excelência da formação de novos diplomados, cuja actuação futura se deseja que seja
regida por princípios éticos, valores sociais e solidários (Vasilescu et al., 2010; De La
Cuesta et al., 2010). Por outro lado, será desejável que a actualização da missão das IES
estreite a ligação entre as mesmas e o tecido empresarial e a comunidade,
potenciando os processos de investigação e inovação nelas desenvolvidas e permitindo
a transferência de conhecimento e de tecnologia (Pachón, 2009).
Analisando a literatura (Cid, 2010; De La Cuesta et al., 2010; Sebes et al., 2014;
Vallaeys, 2014) são identificadas três funções genéricas para as IES:
Docência e a qualificação de públicos
Investigação e inovação
Extensão e socialização do conhecimento à sociedade e demais PI.
Em relação à primeira - docência e a qualificação de públicos - as IES têm um
papel importantíssimo na qualificação de alto nível de estudantes, nos vários ciclos e
programas de estudo previstos, nomeadamente, a formação superior inicial e ao longo
da vida activa. Esta transmissão de conhecimento deve ter não só em conta os
programas académicos específicos mas também os valores éticos, morais e
deontológicos para que o ES seja um verdadeiro promotor de agentes eticamente
responsáveis (De La Cuesta et al., 2010).
A governação das IES deve assegurar as condições para que o acesso ao ES seja
fomentado pela igualdade de oportunidades de todos os cidadãos, desde que
devidamente habilitados, promovendo áreas e metodologias de ensino que fortaleçam
a cidadania responsável e promovam a mobilidade de estudantes e diplomados, com
91
vista ao aumento das suas capacidades de integração em ambientes multiculturais (Lei
62, 2007).
De acordo com De La Cuesta et al., (2010) as IES devêm ter um compromisso
social na sua estratégia, de forma a promover e integrar nos seus estudantes, tanto em
ciclos de estudo iniciais, como de reciclagem, novas formas paradigmáticas de
liderança, baseadas no pressuposto de que “a dimensão constitutiva do ser humano é
ser com os outros e para os outros de forma a se alcançar objectivos comuns e
partilhados”. Estes autores, defendem que cada vez mais as IES devem promover
formação orientada para a aprendizagem permanente e ao longo da vida, com
conteúdos e metodologias mais dirigidas a habilidades e competências generalistas, as
chamadas soft skills.
Em relação à segunda função - a investigação - promovida pelas IES é um pilar
fundamental da própria instituição (Santos, 1989), visto que o sistema de gestão de
conhecimento requer uma constante avaliação, validação e actualização só conseguida
através de processos contínuos de criação de conhecimento, sendo a pedra basilar a
investigação.
Para Santos (1989), a investigação desenvolvida nas IES “colide frequentemente
com a função de ensino, uma vez que a criação do conhecimento implica a mobilização
de recursos financeiros, humanos e institucionais dificilmente transferíveis para as
tarefas de transmissão e utilização do conhecimento”. Neste caso é fundamental que
políticas promovidas pelo ES permitam a promoção, em simultâneo, da docência e da
investigação para se minimizar a possibilidade de competição de meios e recursos,
entre ambas as funções.
Em relação à terceira função - extensão e socialização do conhecimento à
sociedade e demais PI - a tarefa de disseminação do conhecimento para a sociedade,
nomeadamente à comunidade, tecido empresarial e outros parceiros e instituições
locais, deve implicar um relevante contributo para o desenvolvimento local, regional e
nacional, colaborando de forma decisiva para uma sociedade melhor informada e
expectavelmente, mais participativa (González, 2010). Esta função potencia a
cidadania socialmente responsável e o DS dos territórios socialmente responsáveis.
As IES, no âmbito da sua tarefa de extensão do conhecimento, devem
promover acções que potenciem a difusão da cultura científica, tecnológica e das
artes, pondo à disposição das PI os recursos e meios específicos para esta
transferência de conhecimento (Lei 62, 2007).
O impacte das IES na sociedade do conhecimento pode levar à chamada
“globalização solidária”, a qual vai ter em conta a especificidade das identidades de
cada território, promovendo o bem-estar das populações (González et al., 2010; De La
Cuesta et al., 2010) e promovendo o envolvimento da organização com as PI externas,
condição importante para a promoção da confiança e reputação organizacionais
(Shamma, 2012).
92
A extensão do conhecimento deve ser distinta da prestação de serviços
promovida pelas IES, já que a extensão do conhecimento é uma actividade com um
carácter gratuito em resultado da missão das IES para contribuírem para o
desenvolvimento regional. Por outro lado a prestação de serviços é uma actividade
económica da IES, cada vez mais relevante e com tendência para crescer de forma a
maximizar a sua autonomia financeira (Sebes et al., 2014).
4.2.2. A responsabilidade social nas Instituições de Ensino Superior
A Responsabilidade Social Universitária (RSU) vai integrar os princípios da RS na
estratégia das IES, conduzida por uma governação transparente e socialmente
responsável (Pachón, 2009). Permite a construção de um modelo de IES que satisfaça o
objectivo de maximizar impactes positivos nas suas PISIG e minimizar os impactes
negativos nas mesmas, através da implementação de uma política de RS, contendo
programas de RS dirigidos aos estudantes, docentes e não docentes, comunidade local,
parceiros chave e meio ambiente (NP 4469.1:2008; Sebes et al., 2014).
A RSU é vista como a capacidade que as IES (universidades e politécnicos) têm
em difundir e pôr em prática um conjunto de princípios e valores gerais e específicos,
suportada em quatro processos chave: gestão, docência, investigação e extensão
(Pachón, 2009; Vasilescu et al., 2010; De La Cuesta et al., 2010).
A RSU ao integrar os princípios da RS na estratégia da IES, vai fomentar a gestão
integrada de toda a organização académica e das redes de IES nacionais e
internacionais, promovendo a formação de profissionais com sólida formação
científica e tecnológica, comprometida com os valores e princípios da sensibilidade
humana, social e ecológica e com o compromisso para com o desenvolvimento
humano (Vasilescu et al., 2010; Isquierdo, 2010).
As IES, como qualquer organização, produzem externalidades em resultado das
suas actividades, criando impactes positivos e negativos nas suas PI (NP 4469.1:2008;
ISO 26000:2011). As IES apresentam impactes específicos e, por vezes adicionais aos
impactes produzidos pelas empresas, devido à natureza da sua missão de criar e
ampliar o conhecimento, podendo influenciar a opinião pública (Pachón, 2009; Jorge
et al., 2010).
Os impactes produzidos pelas IES podem ser classificados em quatro grupos
(Pachón, 2009; Vallaeys, 2014):
Impactes organizacionais e ambientais: São os impactes de qualquer
organização, neste caso para com docentes, não docentes, governo da IES,
accionista ou tutela, estudantes, sociedade, parceiros, fornecedores,
instituições governamentais e institucionais e meio ambiente;
93
Impactes educativos: A IES cria impactes directos sobre a formação dos seus
públicos, sobre a sua maneira de pensar e interpretar a realidade. A IES tem
a possibilidade de influenciar os valores e princípios dos seus públicos,
actuando no seu sentido crítico, podendo promover a cidadania
responsável;
Impactes cognitivos: A IES cria impactes na produção do conhecimento,
influenciando os seus públicos e restantes PI na formulação da sua opinião
epistemológica;
Impactes sociais: A IES tem um impacte em toda a sociedade e no seu
desenvolvimento económico e social.
Como se verificou anteriormente, uma das funções das IES é a extensão do
conhecimento à comunidade, promovendo junta das populações e parceiros locais um
relacionamento de entreajuda, assumindo assim uma clara responsabilidade para com
o desenvolvimento local e regional (Moneva & Martin, 2010).
Algumas IES do interior de Portugal continental desempenham esta função de
uma forma muito mais efectiva pelo facto de estarem integradas na sociedade,
promovendo a empregabilidade da sua população e a extensão do conhecimento nas
empresas e na comunidade. Esta relação muito estreita, baseando-se numa grande
proximidade entre IES e a sociedade, faz com que exista uma grande ligação e em
alguns casos mesmo uma interdependência entre ambas, promovendo laços de
confiança e comprometimento muito evidentes, tornando-se essencial e mesmo
insubstituível o seu contributo para com a sociedade.
O modelo de governação das IES deve promover a responsabilidade resultante
dos impactes que as IES produzem para com as diversas PI, sendo fundamental que o
seu governo e liderança apresentem um comportamento socialmente responsável.
Este deverá ser um veículo para o DS das mesmas, promovendo os princípios de maior
transparência, melhor diáogo e envolvimento com as PI, foco nas suas necessidades e
expectativas, procura por eficiências organizacionais e adequada prestação de contas
(Armenteros & García, 2010; Barranco, 2010; Maldonado & Armentia, 2011; Vallaeys,
2014).
4.3. A governação no ensino superior socialmente responsável
4.3.1. Órgãos de gestão e de consulta das IES
O governo das universidades e dos institutos politécnicos é exercido pelo
Conselho Geral, pelo reitor das universidades ou pelo presidente dos politécnicos e
94
pelo Conselho de Gestão (Figura 16), existindo depois um conjunto de órgãos de
carácter consultivo (Lei 62, 2007).
O Conselho Geral das IES é constituído pelos seguintes membros:
representantes dos professores e investigadores, representantes dos estudantes,
“personalidades externas de reconhecido mérito, não pertencentes à instituição, com
conhecimentos e experiência relevantes para esta”, e ainda membros eleitos pelos
funcionários não docentes (Lei 62, 2007), o que torna Conselho Geral num órgão
multistakeholder. Entre outras competências previstas no RJIES (Lei 62, 2007), o
Conselho Geral da IES tem a competência de eleger o reitor da universidade, ou o
presidente do instituto politécnico, necessitando para isso de maioria absoluta entre
os seus membros externos, previstos na alínea c) no nº 2 do artigo 81º da RJIES (Lei 62,
2007).
O Conselho Geral tem, igualmente, a competência, muito relevante, de apreciar
actos do reitor, ou do presidente, ou do Conselho de Gestão, nomeadamente aprovar
os planos estratégicos, planos de actividade anuais e aprovar as contas anuais
consolidadas, sob proposta do reitor ou presidente (Lei 62, 2007).
Figura 16. Sistema de governação nas IES
Fonte: Elaboração própria
O cargo de reitor das universidades e o de presidente dos institutos
politécnicos corresponde à gestão de topo das IES, representando o mais alto nível
hierárquico da instituição, conduzindo a estratégica e os planos de actividade a partir
da política da instituição (Lei 62, 2007).
O Conselho de Gestão é constituído pelo gestor de topo da IES, que o preside,
pelo vice-reitor ou vice-presidente, pelo administrador e, por eventuais membros, até
mais dois elementos. Podem, igualmente, ser convidados os directores ou presidentes
das unidades orgânicas e/ou responsáveis pelos serviços da instituição, no entanto,
sem direito a voto (Lei 62, 2007). As competências atribuídas ao Conselho de Gestão
95
são de “… conduzir a gestão administrativa, patrimonial e financeira da instituição,
bem como a gestão dos recursos humanos…” (Lei 62, 2007).
O administrador, que é escolhido pelo reitor ou presidente, conforme os casos,
vai apoiar a gestão de topo na coordenação dos serviços e outras funções que lhe
forem delegadas (Lei 62, 2007).
O Senado Académico, órgão consultivo, de carácter interdisciplinar e
transdisciplinar em todos os domínios de actividade da IES, constituído por todas as
unidades orgânicas, tem como objectivo assegurar a coesão da universidade,
aconselhar o reitor tendo este que o consultar em matérias definidas nos respectivos
estatutos (Lei 62, 2007).
O Conselho Cientifico nas universidades e o Conselho Técnico-Científico nos
institutos politécnicos, é um outro órgão consultivo, constituído no caso das
universidades, por “representantes eleitos dos professores e investigadores de carreira
e restantes docentes e investigadores em regime de tempo integral, que sejam
titulares do grau de doutor, com contrato de duração não inferior a um ano e
representantes das unidades de investigação reconhecidas e avaliadas positivamente
nos termos da lei, quando existam” (Lei 62, 2007).
No caso dos politécnicos é constituído por “representantes eleitos dos
professores de carreira, equiparados a professor em regime de tempo integral com
contrato com a escola há mais de 10 anos nessa categoria, docentes com o grau de
doutor, em regime de tempo integral, com contrato de duração não inferior a um ano,
qualquer que seja a natureza do seu vínculo à instituição, docentes com o título de
especialista não abrangidos pelas alíneas anteriores, em regime de tempo integral com
contrato com a instituição há mais de dois anos e representantes das unidades de
investigação reconhecidas e avaliadas positivamente nos termos da lei, quando
existam” (Lei 62, 2007).
Entre outras competências, o Conselho Científico e do Conselho Técnico-
Científico vai “apreciar o plano de actividades científicas da unidade ou da instituição,
vai pronunciar -se sobre a criação, transformação ou extinção de unidades orgânicas
da instituição, pronunciar -se sobre a criação de ciclos de estudos e aprovar os planos
de estudos dos ciclos de estudos ministrados” (Lei 62, 2007).
O Conselho Pedagógico, também um órgão consultivo, e é constituído por igual
número de representantes do corpo docente e dos estudantes da IES ou da escola,
eleitos nos termos estabelecidos nos estatutos e em regulamento (Lei 62, 2007).
Entre outras competências, o Conselho Pedagógico vai “pronunciar -se sobre as
orientações pedagógicas e os métodos de ensino e de avaliação, vai promover a
realização de inquéritos regulares ao desempenho pedagógico da unidade orgânica ou
da instituição e a sua análise e divulgação, vai promover a realização da avaliação do
desempenho pedagógico dos docentes, vai aprovar o regulamento de avaliação do
96
aproveitamento dos estudantes e vai pronunciar-se sobre o regime de prescrições (Lei
62, 2007).
Outros órgãos consultivos podem existir como é o exemplo do conselho de
avaliação, a comissão de ética e o provedor dos estudantes e dos trabalhadores.
Como se explanou no Capítulo 3, a governação e a liderança das organizações
assumem um papel determinante no processo de integração dos princípios da RSO na
estratégia corporativa.
4.3.2. Importância do governo e liderança da IES na sua responsabilidade social
Apesar da missão e funções específicas das IES, apresentando um papel
fundamental e constitucionalmente, previsto na formação ao nível do ES, as IES são
organizações, que possuem estruturas e processos internos equiparados às outras
organizações, pelo que é idêntica a relevância e importância na identificação de um
modelo de governação que promova, activamente e estrategicamente, o seu
contributo para o DS, através da implementação de políticas de RS com abrangência
interna e externa.
A governação socialmente responsável nas IES deverá implicar os seguintes
aspectos (De La Cuesta et al., 2010):
Implementar códigos de conduta ajustados a cada IES, promovendo valores
socialmente responsáveis, favorecendo o comportamento organizacional ético e
responsável, que se caracterize por uma conduta inclusiva e compromisso
profissional e deontológico. Promoção de acções de sensibilização e de formação
para toda a comunidade universitária neste âmbito;
Promover o envolvimento com as várias PI de forma a promover o diálogo,
debate construtivo e a participação responsável das mesmas em resultado da
implementação de politicas de RS, incluindo a definição de indicadores nas varias
dimensões da RS e sistemas de avaliação das mesmas;
Prestação de contas com total transparência em relação aos compromissos
assumidos;
A docência deve utilizar conteúdos e metodologias ligadas ao desenvolvimento de
habilidades e de competências, em áreas como a igualdade de género, os direitos
humanos, a solidariedade, ética nos negócios, sustentabilidade e DS e cooperação
para o desenvolvimento dos povos;
A investigação desenvolvida nas IES deve de estar dirigida para superar os actuais
problemas da sociedade, onde a área da RSO deve ser uma área em foco para que
as organizações possam melhorar o seu papel para o DS.
97
4.4. Sistema de Gestão da Qualidade e a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior
4.4.1. Sistema de Gestão da Qualidade pela ISO 9001:2008
A adopção de um sistema de gestão deve ser uma decisão estratégica da
organização, nomeadamente da sua governação. Esta decisão apresenta evidentes
potencialidades às organizações que os implementam, actualizam e revêem. O Sistema
de Gestão da Qualidade pelo referencial normativo ISO 9001:2008 incentiva a adopção
de uma abordagem por processos chave, para que, de uma forma mais eficaz e
eficiente, se possa optimizar o foco na satisfação dos requisitos dos clientes e das
restantes PI, como é previsto na futura revisão da norma para finais do presente ano.
Esta abordagem por processos é assim, uma metodologia inerente a esta
norma, que prevê o desdobramento dos processos chave em procedimentos
interligados e interdependentes. Este encadeamento de procedimentos e de
actividades ao serem geridas de forma sistemática, permitem um maior controlo de
cada actividade e da interligação, combinação e interacção com as outras actividades e
procedimentos, aumentando muito a eficácia e eficiência processual (ISO 9001:2008).
Numa organização podem-se considerar dois tipos de processos chave: os
processos operacionais e os de suporte. Enquadrados numa IES, os processos chave
operacionais estão relacionados com a sua actividade nuclear, nomeadamente a
docência (Sebes et al., 2014).
Assim, em termos indicativos, deve existir um processo para a oferta formativa,
um processo para os aspectos pedagógicos da oferta formativa, um processo para a
avaliação da oferta formativa e um processo de gestão de projectos. Caso a IES possua
outras ofertas como é o caso da prestação de serviços de consultoria ou laboratoriais,
deverá existir um processo para cada uma destas áreas (Sebes et al., 2014).
Os processos chave de suporte nas IES, em termos indicativos, são o processo
do sistema de informação, da área financeira, da área de recursos humanos, marketing
e comunicação, matriculas e inscrições, serviço de acção social, residências,
restauração, gestão documental, segurança e manutenção (Sebes et al., 2014).
As diversas normas ISO prevêem a sua eventual integração. Desta forma, caso
uma IES pretenda se certificar pelo SGQ e pelo SGRS, está previsto a total
compatibilidade de alguns dos requisitos para que em resultado, se obtenha um
sistema integrado de gestão com uma política única para as duas ou mais áreas.
98
4.4.2. Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior
Desde da entrada em vigor do DL n.º 74/2006, de 24 de Março, que a
acreditação de todas as IES e, dos seus ciclos de estudos são obrigatórios. Neste
contexto a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) desempenha
um papel fundamental na manutenção e revisão da qualidade do ES em Portugal.
A A3ES que foi instituída em 2007, pelo DL nº369/2007, de 5 de Novembro, e é
uma fundação de direito privado, reconhecida como sendo de utilidade pública. A sua
missão relaciona-se assim com a garantia da qualidade do ES em Portugal. De acordo
com o DL nº369/2007, as funções estipuladas para a A3ES são a “definição e garantia
dos padrões de qualidade do sistema, a avaliação e acreditação de ciclos de estudos e
IES, a divulgação pública dos resultados da avaliação e acreditação e a promoção da
internacionalização do sistema de ES português Neste sentido, e para atingir estas
funções definiram-se os seguintes objectivos para a A3ES:
Concretizar os critérios de avaliação, de modo a obter a tradução dos seus
resultados em apreciações qualitativas;
Definir as consequências da avaliação efectuada para o funcionamento das IES
e dos seus ciclos de estudos;
Desenvolver a avaliação da qualidade de desempenho das IES e dos seus ciclos
de estudos;
Promover a acreditação de ciclos de estudos e instituições, tendo em vista a
garantia de cumprimento dos requisitos legais do seu reconhecimento;
Promover a divulgação, à sociedade, de informação fundamentada sobre a
qualidade do desempenho das IES;
Promover a internacionalização do processo de avaliação.
99
CCCaaapppííítttuuulllooo 555
MMMeeetttooodddooolllooogggiiiaaa dddeee iiinnnvvveeessstttiiigggaaaçççãããooo
5. O paradigma qualitativo
De acordo com Sousa (2005), o termo investigação deriva do latim
“investigatio”, significando a primeira parte da palavra “in” a concretização da acção
de “entrar” ou “procurar” e a segunda parte “vestigium” significando o “vestígio,
marca, sinal” ou seja o objecto da procura, pelo que a palavra completa pode ser
definida como “entrar nos vestígios, pesquisar ou procurar nos sinais o melhor
entendimento e conhecimento sobre o objecto de pesquisa”(Sousa, 2005; Coutinho,
2011). Para Coutinho (2011), a investigação no âmbito das Ciências Sociais e Humanas,
“caracteriza-se quer pela multiplicidade, quer pela dependência contextual” ou seja,
de acordo com a autora, existe uma multiplicidade de abordagens, modelos e
paradigmas, sendo exemplos as metodologias quantitativas e qualitativas. Um
investigador da área das Ciências Sociais e Humanas, não pode dissociar-se do
contexto sociocultural em que está inscrito, afirmando a autora que “a ciência actual
está, intimamente, relacionada com os universos sociais em que é produzida”.
Um investigador deve possuir características que lhe permitam a concretização
formal e tácita da tarefa de “entrar nos sinais”, permitindo a identificação, a análise e a
validação da informação recolhida, em resultado da sua experiência e das suas
competências intrínsecas e adquiríveis (Gomez et al., 1996; Sousa, 2005). O
investigador deve basear a sua acção em princípios éticos e deontológicos, aceitando o
Princípio do Contraditório, fundamental, para a validação da investigação, procurando
a socialização desse conhecimento pela comunidade científica (Santos, 1989).
O paradigma de investigação ou, a perspectiva, a tradição ou o programa de
investigação, vão “unificar e legitimar a investigação tanto nos aspectos conceptuais
como nos aspectos metodológicos, servindo de identidade do investigador no que se
relaciona com a partilha de um corpo específico de conhecimento e de recolha de
dados e à sua interpretação” (Coutinho, 2011).
100
Considera-se que, no âmbito das ciências sociais e humanas, existem três tipos
de paradigmas de investigação: o paradigma positivista ou quantitativo, o
interpretativo ou qualitativo e o socio-crítico ou emancipatório (Bisquerra, 1989;
Minayo & Sanches, 1993).
De acordo com Aires (2011), “qualquer actividade científica enquadra-se num
conjunto de coordenadas espácio-temporais e sócio históricas que condicionam e
justificam as suas opções metodológicas”. O paradigma qualitativo,
comparativamente, ao quantitativo substitui a abordagem de “explicar, prever e
controlar” pela abordagem de “compreensão, significado e acção”, sendo a produção
do conhecimento feita por um processo circular - Círculo Hermenêutico da
Interpretação, interactivo e em espiral, não linear e cumulativo, como no paradigma
quantitativo (Coutinho, 2011).
A utilização de metodologias de investigação qualitativas tem-se acentuado nos
últimos tempos, promovendo várias estratégias e métodos de pesquisa, tais como os
estudos de caso, a etnografia e os estudos de projectos (Turner, 2010; Aires, 2011).
A investigação qualitativa recorre ao uso de uma grande variedade de técnicas
de recolha de informação, descrevendo fenómenos da vida das pessoas, implicando
um indispensável aprofundar da relação entre investigador e o investigado, centrando-
se mais a investigação na acção e em contextos naturais, pelo que é considerada um
campo interdisciplinar e transdisciplinar transversal às ciências físicas e humanas
(Nelson et al., 1992; Onwuegbuzie, 2003).
Estes investigadores que seguem a metodologia qualitativa, desenvolvem um
processo interactivo com o investigado, analisando a sua “história pessoal, biografia,
género, classe social, etnia, descrição da sua própria história... sendo os produtos da
investigação criações ricas, densas, reflexivas dos fenómenos em análise” (Aires, 2011).
Desta forma, o investigador e o investigado, “interagem e cada um por si, molda e
interpreta os comportamentos de acordo com os seus esquemas socioculturais, num
processo de dupla procura de sentido, dupla hermenêutica” (Usher, 1996).
Para Denzin & Lincoln (1994), a investigação qualitativa é “uma perspectiva
multi-metódica que envolve uma abordagem interpretativa e naturalista do sujeito de
análise”. Para estes autores, a investigação qualitativa atravessou cinco momentos
históricos que coexistem nas investigações qualitativas actuais: o período tradicional
(1900-1950), a idade moderna ou idade de ouro (1950-1970), os géneros difusos
(1970-1986), a crise de representação (1986-1990) e o pós-modernismo e a
actualidade (1990-actualidade).
O processo de investigação qualitativa é constituído por cinco fases: na
primeira fase tem-se o investigador e o investigado, considerando-se sujeitos
multiculturais, na segunda tem-se o paradigma de investigação e as perspectivas
interpretativas, na terceira tem-se as estratégias de investigação; na quarta, os
métodos de recolha e a análise do material empírico e, na quinta, a sua interpretação
101
(Denzil & Lincoln, 1994). Considera-se que as diferentes fases do processo de
investigação qualitativa não se processam de forma linear, mas interactivamente
(Colás, 1998).
5.1. Motivação para o problema de investigação
Em resultado de uma actividade profissional de mais de 25 anos, crescendo,
aprendendo, experimentando e interagindo, em ambientes organizacionais nacionais e
multinacionais, em funções posicionadas desde a base ao topo da pirâmide
organizacional e em múltiplos sectores empresariais, foi sendo construído um grande
interesse no investigador, autor desta dissertação, pela área da sustentabilidade
organizacional e pela gestão eticamente responsável.
Este interesse está centrado na genuína e realista ambição, em contribuir para
o desenvolvimento de um paradigma organizacional, que permita ao Homem,
enquanto agente, simultaneamente, estabilizador e caótico do nosso mundo, criar as
condições para que as organizações, no âmbito da RS, maximizem o seu papel,
enquanto agentes fundamentais para o DS.
Mas os desafios actuais são enormes e por coincidência do momento actual em
que se realiza esta dissertação, existem muitos factores que contrariam o potencial da
RS.
Alguns destes factores associados a vários tipos de crises, raramente sentidas,
em simultâneo, nos últimos 80 anos:
Uma crise económica e financeira recente que tem implicado a tomada de
decisões políticas que privilegiam a dimensão económica em detrimento da
social, cultural, meio ambiental e geográfica;
Uma crise de valores e de ética dos agentes económicos, que carecem
frequentemente de eficazes e transparentes medidas de responsabilização dos
seus autores;
Uma crise de cidadania responsável, que ao se abster de participar
proactivamente numa mudança necessária, perde grande parte da sua
legitimidade, minimizando inclusive o modelo da democracia representativa;
Uma crise meio ambiental e climática, sem paralelo, com consequências
seguramente condicionantes para o actual modelo civilizacional consumista;
E mais recentemente, uma crise de segurança à escala mundial que consegue
pôr em causa grande parte das conquistas democráticas do mundo civilizado.
As IES podem e devem ter um papel decisivo no encontrar de soluções para
alguns destes problemas. A sua governação, expectavelmente, socialmente
102
responsável, ao subscrever e praticar os princípios da RS, vai dinamizar a criação de
conhecimento e de inovação conducentes à inversão de algumas destas tendências.
É com base nesta ambição que se formula a argumentação epistemológica da
investigação, estudando e reflectindo sobre como o modelo de governação
socialmente responsável em IES, integrando a RS na sua estratégia, vai operacionalizar
práticas de RS dirigidas a determinadas PISIG que vão contribuir para aumentar a sua
confiança e reputação em relação à instituição.
5.2. Abordagem ao problema e questões de investigação
A RSO tem despertado um crescente interesse do mundo académico, de forma
a dar respostas aos actuais desafios do tecido empresarial, em aumentar o seu
contributo para o DS. As empresas têm alargado o foco das práticas de RS, assumindo
algumas delas, uma gradual responsabilização pelos seus impactes para com um leque
amplo de PI, em resultado das suas actividades e decisões (ISO 26000:2008).
A adopção estratégica da RS pelas empresas constitui uma grande aposta,
necessitando estas de adoptarem planos estratégicos que integrem os princípios da
RS, permitindo, simultaneamente, a maximização do valor do accionista e a gestão de
impactes nas restantes PI. Esta estratégia conciliadora dos vários interesses das PI
permite a concepção de um novo paradigma organizacional que contempla e valoriza
os interesses de um leque de PI, com vista à promoção da criação de valor
organizacional partilhado pelas PI e, do seu contributo para o DS (COM, 2011; ISO
26000:2008).
As IES apresentam uma missão para com a sociedade que, sendo milenar, se
enquadra plenamente nos princípios base da RS, nomeadamente uma forte ligação à
comunidade local com vista a simplificar e encontrar soluções para os problemas das
populações, criando e disseminando conhecimento (De La Cuesta et al., 2010; Vallaeys,
2014). Como foi descrito no Capítulo 4, da presente dissertação e de acordo com
alguns autores, as IES portuguesas confrontam-se actualmente com grandes desafios,
em resultado de um sistema de ES, ainda insuficientemente regulado pelo Estado, com
alguma falta de diferenciação e clarificação entre as missões das universidades e dos
institutos politécnicos, alguma excessiva capacidade instalada, dificuldades na
eliminação de situações de baixa qualidade na rede de ES e a existência de sérios
problemas de financiamento do sector (Fonseca & Encarnação, 2012; Diogo &
Brückmann, 2015).
Este quadro do sistema de ES português contribui, em muito, para uma série de
constrangimentos muito evidentes nas IES do interior continental, nomeadamente,
pela diminuição da procura de estudantes pelas IES do interior, especialmente, no que
diz respeito ao ensino politécnico (Fonseca & Encarnação, 2012). Esta realidade não
estará dissociada da falta de investimentos estruturais públicos e da importante
103
diminuição do investimento privado nestas regiões do interior, potenciando ainda mais
os efeitos do envelhecimento da população, associado a uma importante diminuição
da natalidade (INE, 2013).
Anualmente, os jovens que concluem o ensino secundário, por exemplo, numa
cidade capital de distrito do interior continental, como Portalegre e destes, os que se
inscrevem no ES, são em menor número, comparativamente aqueles que vivem em
muito centros populacionais nas regiões da grande Lisboa ou Porto. Esta divergência
dificulta, enormemente, a viabilização das IES do interior, pela via da captação de
estudantes locais, sendo tarefa muito difícil a sua retenção na região. Por outro lado,
devido à falta de oportunidades de emprego nestas regiões, os estudantes diplomados
nas IES do interior, têm que se deslocar para as regiões do país com maior
empregabilidade e muitas vezes fixar-se nesses locais do litoral continental,
aumentando os problemas da baixa taxa de natalidade, potenciando o ciclo da
desertificação do interior do país.
Neste âmbito, as práticas de RS nas IES são vistas como uma possível via para
contrabalançar estes constrangimentos das IES do interior de Portugal. A governação
das IES ao assumir os princípios da RS (ISO 26000:2008), deve promover e integrar a RS
em toda a IES, incentivando a transparência organizacional, promovendo práticas de
comunicação, diálogo e envolvimento com as PI, foco nas suas necessidades e
expectativas, procurando aumentos de eficiências organizacionais e adequada
prestação de contas (Vallaeys, 2014).
A RS nas IES vai permitir uma gestão do relacionamento mais eficaz e eficiente
com as PISIG, nomeadamente, com estudantes, docentes e não docentes. A
identificação e promoção destas práticas de RSU conducentes a aumentos de
confiança e reputação corporativas, por parte de estudantes e colaboradores são
assim uma linha muito importante de investigação.
O que se propõe neste trabalho de doutoramento é compreender como o
alinhamento das práticas de RS com a estratégia das Instituições de Ensino Superior
contribui para um referencial de governação socialmente responsável, gerador de
confiança e reputação organizacionais.
A opção em incidir o foco da investigação na governação das IES, passa pelo
facto de a governação ser um dos elementos decisivos para o desenho da estratégia
organizacional, assim como a criação das condições necessárias para a sua eficaz
implementação, avaliação e revisão (ISO 26000:2008; NP 4469.1:2008).
Por outro lado, considera-se que a integração dos princípios de RS na estratégia
organizacional está inteiramente dependente do governo da organização (NP
4469.1:2008), podendo fazer depender o nível e a amplitude da integração da RS na
organização (Sebes et al., 2014)
104
Para se compreender o fenómeno social relativo ao problema da investigação,
surgem várias questões de investigação que, ao serem trabalhadas, vão conduzir a um
melhor entendimento do objecto em estudo.
Vários autores consideram as questões de investigação como uma fase
fundamental no processo de investigação, devendo estas serem adequadamente
formuladas para que se consiga obter a visão holística desejada sobre o tema em
estudo (Yin, 2004; Zainal, 2007; Aires, 2011; Coutinho, 2011).
De acordo com Antunes (2013), “a clareza das questões enunciadas vão
permitir uma maior focalização da pesquisa, permitindo a organização do projecto de
investigação e dando-lhe coerência e direcção, delimitam a pesquisa, ilustrando a sua
fronteira, mantêm o investigador focalizado, deslindam problemas, enquadram a
pesquisa enquanto ela é escrita e apontam para os métodos e dados necessários para
a investigação”.
Apresentam-se de seguida as seguintes questões de investigação:
Qual o significado de RS no contexto da IES?
Como a governação da IES incorpora a RS na estratégia corporativa?
Como é que as práticas de RSU podem minimizar os actuais desafios das IES?
Quais os impactes das práticas de RSU na confiança e reputação da IES?
No seguimento da identificação da identificação das questões de investigação
apresentam-se as proposições deste estudo:
Proposição 1: Os colaboradores e os estudantes da IES conhecem o conceito da RS.
Proposição 2: A governação incorpora objectivos e práticas de RS na estratégia da
IES.
Proposição 3: As práticas de RSU podem minimizar os actuais desafios das IES.
Proposição 4: As práticas de RS na IES impulsionam a confiança e a reputação
organizacional nos seus colaboradores e estudantes.
Na sequência da identificação do problema de investigação, apresenta-se o
Modelo Conceptual da investigação (Figura 17).
105
Figura 17. Modelo conceptual da investigação
Fonte: Elaboração própria
5.3. Quadro metodológico e objectivos e dimensões da Investigação
5.3.1. Quadro metodológico da investigação – Investigação Qualitativa
A selecção da metodologia mais adequada num trabalho de investigação deve
ter em conta os objectivos do trabalho de forma a permitir a recolha da informação
prevista (Robson, 2002). Tendo em conta o contexto do fenómeno social que se
pretende estudar nesta dissertação e, tendo em conta os seus objectivos e dimensões,
a investigação enquadra-se num estudo exploratório abrangido numa pesquisa
qualitativa, adoptando-se como estratégia particular de investigação, o Estudo de
Caso.
Apresenta-se na Figura 18, o quadro metodológico, tendo em conta a
operacionalização da estratégia de investigação que se enquadra nos objectivos de
investigação seleccionados.
106
Figura 18. Quadro metodológico. Fonte: Elaboração própria
Yin (2005), define a metodologia do estudo de caso como “uma investigação
empírica que estuda um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto de vida
real, especialmente quando os limites entre o fenómeno e o contexto não estão
claramente definidos”. Adianta este autor que “é a estratégia de investigação mais
adequada quando queremos saber o “como” e o “porquê” de um fenómeno
contemporâneo sobre os quais o investigador tem pouco ou nenhum controlo” (Yin,
1994).
Desta forma, Yin (1994) define a metodologia do estudo de caso tendo como
base três dimensões: as características do fenómeno em estudo, o conjunto de
características ligadas à recolha da informação e as estratégias de análise dos mesmos
(Coutinho, 2011).
Em comparação com outros métodos de investigação, a vantagem da
metodologia do estudo de caso consiste na sua grande adequabilidade e sensibilidade
para examinar um fenómeno social em profundidade, “… um caso dentro de seu
contexto da vida real…" (Yin, 2004), referindo Coutinho & Chaves (2002), que o
elemento distintivo da abordagem metodológica do estudo de caso “é o facto de se
tratar de um plano de investigação que envolve o estudo intensivo e detalhado de uma
entidade bem definida: o caso”.
Assim, segundo Coutinho (2011), “quase tudo pode ser um caso: um indivíduo,
um personagem, um pequeno grupo, uma organização, uma comunidade ou mesmo
107
uma nação” sendo esse caso objecto do estudo um “sistema limitado por fronteiras”
(Coutinho & Chaves, 2002) devendo o investigador evidenciar esse limite de forma
clara, sendo necessário manter as suas características únicas, não devendo o
investigador misturar resultados com interpretações de resultados, quando recorre às
fontes múltiplas de dados e a métodos de recolha diversificados (Creswell, 1994; Yin
2005; Bogdan & Biklen, 2010).
Por outro lado, Bell (1989) define o estudo de caso como, um termo que inclui
uma família de métodos de pesquisa cuja principal preocupação é a interacção entre
factores e eventos. Da mesma forma, Ponte (2006), considera que, ”… É uma
investigação que se assume como particularística, isto é, que se debruça
deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial,
pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir a que há nela de mais essencial
e característico e desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo
fenómeno de interesse.”
Em termos de tipologia dos estudos de caso, existe uma grande diversidade de
“casos” e de objectivos, sendo por isso aceite a existência de variedade na sua
tipologia.
Stake (1995), distingue três tipos de estudos de caso: o estudo de caso
intrínseco, o instrumental e o colectivo. No primeiro e no segundo abordam-se
somente um estudo de caso, com objectivos distintos. No primeiro, para se
compreender determinado caso particular, por conter em si alguma especificidade de
interesse para o investigador, no segundo, utilizando-se determinado caso de forma
instrumental para compreender outro fenómeno de interesse e no terceiro quando se
aborda vários casos instrumentais, permitindo a sua comparação.
Yin (1994), faz uma distinção do tipo de estudos de caso, de acordo com a
recolha de dados de observação ser feita a uma única ou a várias unidades de análise,
denominando-os, respectivamente, de holistic ou embedded case studies (Coutinho &
Chaves, 2002), ou seja, respectivamente, estudos de caso de globais ou inclusivos
(Gomez et al., 1996).
Yin (1994), considerou as duas tipologias, combinando os dois critérios, número
de casos e número de unidades de análise, apresentando quatro combinações
apresentadas na Figura 19.
Yin (2004), considera que o ciclo completo da estratégia de investigação é
constituído pelas seguintes fases: pesquisa do estudo de caso, desenho, selecção,
análise e elaboração de relatórios. Realça que a estratégia baseia-se em várias fontes
de evidência, convergindo os dados num formato de triângulo e contempla o
desenvolvimento prévio de um conjunto de proposições teóricas que conduzem a
recolha e a análise dos dados. A selecção do, ou dos casos é uma fase muito
importante (Fidel, 1992; Stake, 1995), já que este procedimento deve resultar da
identificação dos objectivos de investigação sendo de evitar a possibilidade de, após o
108
início do estudo de caso, o investigador aperceber-se que é inviável por não permitir o
atingir dos mesmos (Yin, 2004).
Figura 19. Tipologias de Estudos de Caso. Fonte: Adaptado de Yin, (1994).
De acordo com Yin (2004), na aplicação desta metodologia, a análise dos
resultados, constitui uma outra fase muito importante e sensível, não se podendo
fazer generalizações estatística mas sim generalizações analíticas, em resultado da
reflexão dos fenómenos observados, não havendo assim uma representação de uma
amostra de um determinado universo em estudo.
Torna-se muito importante obter confirmações dos dados obtidos para
aumentar a credibilidade e a fiabilidade da metodologia, podendo recorrer-se a várias
formas de triangulação: de fontes de dados, do próprio investigador, da teoria e da
metodologia (Stake, 1995).
A conclusão do estudo de caso teve conter os seguintes aspectos: a definição
clara do “caso” e a delimitação das suas “fronteiras”; a descrição pormenorizada do
contexto em que o caso se insere; a justificação da pertinência do estudo e quais os
objectivos gerais que persegue (o seu foco); a identificação da estratégia geral,
justificando as razões da opção por caso “único” ou “múltiplo”; definição sobre qual a
unidade ou unidades de análise; a fundamentação dos pressupostos teóricos que vão
conduzir o trabalho de campo; a descrição clara de “como” os dados serão recolhidos,
“de quem” e “quando”; a descrição pormenorizada da análise dos dados; a justificação
da lógica das eventuais inferências feitas e a definição dos critérios que aferirão da
qualidade do estudo (Antunes, 2013).
109
5.3.2. Objectivos gerais e específicos e dimensões da investigação
O objectivo geral deste trabalho de doutoramento é compreender de que
forma o alinhamento das práticas de RS com a estratégia das IES contribui para um
referencial de governação socialmente responsável, gerador de confiança e reputação
organizacionais.
A governação das organizações é considerada determinante para o desenho da
estratégia organizacional que integre os princípios da RS em toda a instituição,
podendo fazer depender o nível e a amplitude da integração da RS na organização (ISO
26000:2008; NP 4469.1:2008).
Na Tabela 5, estão coligidas as dimensões de investigação e os objectivos
específicos de forma a abordar a temática proposta.
Tabela 5. Dimensões de investigação
Dimensões de Investigação Objectivos específicos da Investigação
Conceito de RS Identificar a perspectiva dos grupos de entrevistados em relação ao conceito de RS.
Governação da IES Caracterizar o compromisso estratégico e operacional da governação no âmbito da RSU.
Desafios estratégicos e operacionais da IES
Identificar desafios estratégicos e operacionais da IES, relacionando-os com a RS.
Práticas de RS na IES Identificar impactes das práticas de RS na IES
Fonte: Elaboração própria
5.4. Procedimentos Metodológicos
5.4.1. A selecção dos Estudos de Caso
A selecção dos Estudos de Caso pelo investigador é uma fase muito importante,
já que este deve ter em conta os casos representativos para que a investigação
qualitativa obtenha os seus propósitos (Creswell et al., 2007).
Foram seleccionadas duas IES neste estudo, a Universidade de Évora (UÉ) e o
Instituto Politécnico de Portalegre (IPP). Os casos de estudo seleccionados com o
objectivo de representarem casos de confirmação, ou seja, casos onde se verifica
repetições presumidas do mesmo fenómeno (Yin, 2004). O investigador teve como
critérios na sua selecção o facto de ambas as IES se localizarem no interior continental,
nomeadamente no Alentejo, locais reconhecidamente desfavorecidos em termos de
110
desenvolvimento económico, taxas de natalidade, investimento público e privado e
diminuta procura por estudantes (Fonseca & Encarnação, 2012).
Igualmente, existiram critérios de conveniência do investigador, tais como a
maior acessibilidade aos inquiridos e o menor dispêndio de recursos financeiros e de
tempo, tratando-se portanto de uma amostragem não probabilística (Marshall, 1996;
Barañano, 2008; Coutinho, 2011).
Para além destas duas IES foi igualmente incluída no estudo a Universidade da
Estremadura, em Badajoz, visto que a sua localização é muito próxima das duas IES
seleccionadas e apresenta fenómenos sociais muito semelhantes, como é o exemplo
das consequências da sua interiorização continental. Apesar de não se considerar um
terceiro estudo de caso, por não se terem aplicado os procedimentos metodológicos
exigíveis, foi seleccionada para servir de IES de comparação, com os dois estudos de
caso constantes desta dissertação, no âmbito da RSU.
Assim os critérios de selecção dos estudos de caso foram os seguintes:
Localização geográfica: Portalegre, Évora e Badajoz que sendo cidades do
interior de Portugal e Espanha, estão sujeitas a desertificação humana,
problemas de natalidade, de envelhecimento das populações, reduzido
investimento público e privado, o que implica uma diminuição de condições
económicas e sociais e a falta de estudantes;
Conveniência do investigador em termos de melhor acesso aos inquiridos, de
optimização dos recursos financeiros e de tempo.
5.4.2. Selecção dos entrevistados
Na selecção dos entrevistados, foram considerados os grupos previstos no
modelo de governação das IES, apresentado no Capítulo 4. Foram incluídos outros
entrevistados cujas funções exercidas na respectiva IES, os tornam muito relevantes no
estudo do fenómeno social da investigação.
Para aumentar a fiabilidade dos resultados é necessário incluir na listagem de
entrevistados aqueles que nos permitem efectuar as inferências válidas a serem feitas
sobre a população (Marshall, 1996). Tendo em conta a população global relativa à
governação de cada uma das IES estudadas, o estudo no caso da UÉ incidiu sobre
todos os elementos do Conselho de Gestão, a maioria da equipa do reitor, os órgãos
de governação das várias escolas e o presidente do conselho geral. No caso do IPP
entrevistaram-se o presidente o vice-presidente e os órgãos de governação das várias
escolas superiores. Para além dos elementos da governação entrevistados, os
111
restantes elementos são representativos das áreas multifuncionais de cada IES,
perfazendo assim 45 entrevistas nas duas IES.
Em relação a Universidade da Estremadura, foi entrevistada a responsável pela
RS da universidade, obtendo-se desta forma a sua visão do tema da RS para aquela
universidade espanhola.
Apresenta-se de seguida para cada IES seleccionada, a descrição do grupo de
entrevistados em áreas multifuncionais, de forma a potenciar a recolha dos dados em
cada um dos casos.
5.4.2.1. Instituto Politécnico de Portalegre
No caso do IPP, seleccionaram-se seis grupos de entrevistados (Tabela 6). Os
entrevistados incluídos no grupo da governação são representados pelo seu
presidente, pelo vice-presidente, pelos órgãos de governo das unidades orgânicas. Em
relação aos órgãos consultivos seleccionaram-se elementos pertencentes ao Conselho
Académico de cada uma das unidades orgânicas, o administrador dos SAS, um
representante de cada associação de estudantes, de cada unidade orgânica, a
Provedora do Estudante e ainda a responsável pelo Laboratório de Elvas, enquanto
prestador de serviços.
Como o IPP é uma instituição certificada pelo SGRS (NP 4469.1:2008) o
investigador optou por entrevistar o grupo de trabalho responsável pela
implementação e manutenção do SGRS denominado por “Círculo do Progresso”
composto por sete elementos pertencentes a várias escolas e serviços centrais. Foram
entrevistados, no total, 28 elementos do IPP.
Tabela 6. Grupos de entrevistados no IPP
Grupo Grupos de entrevistados
1 Governação (GOV): Presidente, vice-presidente, direcções e secretários de cada escola.
2 Conselho académico (CA) – conselho técnico científico e conselho pedagógicos de cada uma das escolas. Círculo do progresso (CP)
3 Serviços de acção social (SAS) - administrador dos SAS
4 Associações estudantes (AE) - um representante de cada associação de estudantes
5 Provedora do estudante (PROVEST)
6 Prestação de serviços (SER) – responsável pelo laboratório de Elvas
Fonte: Elaboração própria.
112
5.4.2.2. Universidade de Évora
No caso da Universidade de Évora, seleccionaram-se cinco grupos de
entrevistados (Tabela 7). O grupo de entrevistados incluído na governação é
representado pelo reitor e respectivos vice-reitores, um pró-reitor, pelo Conselho de
Gestão, constituído por quatro elementos, o reitor, um vice-reitor, o administrador e
um director de uma das escolas, pelas direcções das quatro escolas (artes, ciências e
tecnologia, ciências sociais e enfermagem), e pelo presidente do Conselho Geral.
Em relação aos órgãos consultivos seleccionou-se o presidente do Conselho de
Avaliação, em relação aos Serviços de Acção Social (SAS), seleccionou-se a respectiva
directora, em relação à Associação de Estudantes, seleccionou-se o seu presidente e,
mais dois responsáveis estudantis e, finalmente seleccionou-se o Provedor do
Estudante. Foram entrevistados no total, 17 elementos na Universidade de Évora.
Tabela 7. Grupo de Entrevistados da Universidade de Évora
Grupo Grupos de entrevistados
1 Governação (GOV): reitor, vice-reitores, pró-reitor, Conselho de Gestão, direcções de cada escola e presidente do Conselho Geral.
2 Órgãos Consultivos (OC): presidente do Conselho de Avaliação
3 Serviços de acção social (SAS) – directora dos SAS
4 Associações estudantes (AE) – três representantes das 4 escolas
5 Provedor do estudante (PROVEST)
Fonte: Elaboração própria.
Tendo em conta a população global relativa à governação de cada uma das IES
estudadas, o estudo incidiu sobre todos os elementos do Conselho de Gestão e da
equipa do reitor no caso da Universidade de Évora e sobre dois dos três elementos do
conselho de gestão no caso do IPP. Para além dos elementos da governação
entrevistados relativos a cada IES, os restantes elementos são representativos das
áreas multifuncionais de cada IES, perfazendo assim 45 entrevistas nas duas IES.
Em relação a Universidade da Estremadura, foi entrevistada a responsável pela
RS da universidade, obtendo-se desta forma a sua visão do tema da RS para aquela
universidade espanhola.
113
5.4.3. Instrumentos de recolha da informação.
Na investigação aos casos seleccionados, foram utilizadas várias fontes de
informação (Tabela 8) de forma a proceder à sua triangulação, aumentando assim a
robustez dos dados recolhidos (Stake, 1995; Flick, 2005; Coutinho, 2011). As fontes
documentais são muito importantes de forma a cruzar a informação recolhida nas
entrevistas e na observação directa, recorrendo-se a documentos, websites,
fluxogramas e fotografias sobre cada uma das IES, a entrevistas presenciais, dirigidas
aos grupos de entrevistados seleccionados e à observação participante nos locais
seleccionados nomeadamente cantinas, alojamentos, espaços de estudo, etc.
No caso do IPP, existe um Manual do Sistema Integrado de Gestão, que contem
um conjunto de informação vasta e relevante. Sendo o IPP, uma IES certificada pelos
Sistemas de Gestão da Qualidade (NP ISO 9001:2008) e RS (NP 4469.1:2008), a
existência deste manual constitui um dos requisitos do sistema. Relativamente às
entrevistas, Bogdan & Biklen (2010) definem a entrevista como “um processo de
recolha de dados descritivos na linguagem do próprio entrevistado, permitindo ao
investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos
interpretam os fenómenos em análise”.
Assim no presente trabalho, desenvolveram-se entrevistas semi-estruturadas
aos grupos de entrevistados seleccionados. As entrevistas semi-estruturadas permitem
uma maior flexibilidade para a eventual reformulação de determinada questão e até
alterar a ordem ao longo da entrevista, o que permite uma maior liberdade no
aprofundar de determinado assunto de interesse para a investigação, necessitando o
investigador de apresentar algum controlo em relação ao entrevistado, caso este se
desvie do objeto em estudo (Coutinho, 2011).
As entrevistas semi-estruturadas ao estarem devidamente ajustadas às
questões da investigação, contribuem para a criação de inferências sobre o fenómeno
em estudo (Yin, 2005; Bardin, 2009; Coutinho, 2011).
Tabela 8. Instrumentos de recolha de informação para a investigação
Fontes de informação para a Investigação
Instituto Politécnico Portalegre Universidade de Évora
Análise documental Manual do sistema de gestão da qualidade e RS. Política de RS. Indicadores de RS.
Relatórios de Actividade, Planos de Atividade, relatórios de Contas, práticas de RS.
Entrevistas semi-estruturadas
28 Entrevistados De 27/06/13 a 18/07/2013
17 Entrevistados De 15/01/14 a 16/04/2014
Observação participante Escolas superiores, cantinas, alojamentos, espaços de estudo, bibliotecas, SAS, serviços centrais, laboratório de Elvas.
Unidades orgânicas, cantinas, alojamentos, espaços de estudo, bibliotecas, SAS, reitoria.
Fonte: Elaboração própria.
114
Estas constituem um instrumento de recolha fundamental para o estudo de um
fenómeno contemporâneo (Stake, 1995; Denzin & Lincoln, 2000; Yin, 2005). Com vista
ao suporte do processo de entrevista, foi desenvolvido, no âmbito do protocolo de
entrevista, um guião de entrevista (Tabela 9 e 9a), contendo a caracterização da
entidade e as questões da investigação (Turner, 2010) e um guião de
acompanhamento à entrevista servindo de suporte à recolha da informação pelo
investigador.
Realizaram-se pré-testes ao guião da entrevista utilizado de forma a validar a
eficácia deste instrumento de recolha, em termos de aplicabilidade das questões de
investigação com vista em atingir os objectivos da investigação (Anexo V). A entrevista
pessoal que serviu de pré-teste, foi realizada a 9 elementos que não constam da
listagem de entrevistados, tendo-se seleccionado 4 elementos do IPP, 4 da
Universidade de Évora e 1 elemento externo. Em resultado deste pré-teste
detectaram-se algumas áreas de melhoria em termos de estrutura do questionário e
da clareza das questões inicialmente colocadas e de alguns conceitos introduzidos, em
resultado dos contributos e sugestões dos elementos entrevistados, o que permitiu o
desenho da versão final. Considera-se desta forma que esta fase foi de extrema
utilidade, pelo que se conseguiu um aumento da fiabilidade deste instrumento de
recolha.
As entrevistas semi-estruturadas foram dirigidas aos grupos de entrevistados
seleccionados, com uma duração unitária prevista de 55 minutos, tendo sido
registadas em suporte áudio, com a autorização prévia de cada entrevistado.
O processo de entrevistas nas duas IES, decorreu entre Junho de 2013 e Abril
de 2014, maioritariamente nas instalações das respectivas IES excepto no caso de dois
entrevistados da Universidade de Évora, que por sua indicação foram realizadas em
outros locais.
Este processo foi iniciado com o pedido formal ao reitor e ao presidente de
cada IES estudada, para a realização da investigação, incluindo a apresentação dos
objectivos, a proposta de planeamento da operacionalização da investigação e os
contributos da investigação. De seguida, procedeu-se ao contacto com os 45
entrevistados, com o pedido de agendamento de entrevista sobretudo através de e-
mail, mas também através de contacto directo pessoal.
O pedido de agendamento da entrevista incluiu o agradecimento prévio pela
disponibilidade e relevância para o trabalho, na confirmação da entrevista por parte do
convidado, seguindo-se uma introdução detalhada com os objectivos da investigação,
da duração prevista da entrevista, do local onde a mesma se iria realizar e do carácter
de confidencialidade dos dados recolhidos por se tratar de um trabalho académico
(Anexo I).
115
Igualmente se informou sobre o facto de a entrevista ser gravada com a devida
autorização do entrevistado e das mais-valias da investigação para a área cientifica da
RS, agradecendo e enaltecendo a grande relevância da sua colaboração neste estudo o
que pode aumentar a motivação e a adesão do entrevistado e em consequência o
sucesso da entrevista.
Em relação à observação participante, esta constitui uma fonte igualmente
muito importante para a consolidação e validação das duas fontes de informação
analisadas anteriormente. Foi realizada pelo investigador aquando da sua visita nos
vários locais das duas IES o que permitiu igualmente trocas informais de informação
corporativas com vários interlocutores, nomeadamente utilizadores de refeitórios,
cantinas, bibliotecas, serviços centrais, associações de estudantes, laboratório de
prestação de serviços de Elvas e as diversas escolas e unidades orgânicas de cada uma
das IES.
116
Tabela 9. Guião da Entrevista
Dimensões de Investigação
Sub dimensões de análise Questões da entrevista
Conceito de RS
Caracterizar o conceito de RS. Questão 1: O que é a RS para si?
Relacionar o conceito de RS com a natureza jurídica da IES
Questão 2: Acha que a natureza jurídica da instituição (pública/privada) condiciona a adesão a práticas de RS?
Relacionar o conceito com a localização geográfica da IES
Questão 3: Acha que a localização geográfica da instituição (interior / litoral) condiciona a adesão à RS na IES?
Relacionar o conceito com as suas dimensões, por ordem de importância
Questão 4: Assumindo as dimensões da RS económica, social e meio ambiental, no âmbito das IES, valoriza alguma em particular ou são todas igualmente relevantes? Identifica mais alguma dimensão relevante?
Governação da IES
Identificar as PI da IES Questão 5: Quais são as partes interessadas na IES?
Identificar as PI mais relevantes da IES
Questão 6: Qual ou quais as PI mais relevantes na IES? Porquê?
Apontar as funções da IES Questão 7: Quais as funções de uma IES?
Reconhecer a identidade corporativa e sua implementação.
Questão 8: Conhece os valores e princípios da IES? Existe um código de ética? É eficaz? Tem havido acções de promoção do código e sistema de valores?
Reconhecer na governação da IES o seu compromisso na promoção de práticas de RS.
Questão 9: O papel da governação da IES é relevante na promoção de praticas de RS? Como?
Relacionar a estratégia da IES com a RS
Questão 10: Conhece a estratégia da IES? A RS faz parte da actual estratégia? De que forma?
Fonte: Elaboração própria.
117
Tabela 9a. Guião da Entrevista (cont.)
Fonte: Elaboração própria.
Dimensões de Investigação
Sub dimensões de análise Questões da entrevista
Desafios estratégicos e operacionais da IES
Relacionar as tendências do ES com os problemas estratégicos e operacionais da IES
Questão 11: Quais as tendências no ensino superior? Os actuais problemas estratégicos e operacionais da IES estão relacionados com as tendências? De que forma?
Identificar fontes alternativas de financiamento da IES
Questão 12: Para além do contributo do orçamento do Estado, identifica outras fontes de financiamento da IES? Quais?
Relacionar as políticas da tutela no contexto das IES do interior
Questão 13: Na sua opinião as políticas da tutela estão ajustadas aos desafios das IES do interior? Como?
Reconhecer nas práticas de RS da IES formas para minimizar problemas estratégicos e operacionais da IES
Questão 14: Na sua opinião, os actuais problemas e desafios podem ser minimizados através de práticas de RS? Como?
Práticas de RS na IES
Reconhecer impactes económicos e sociais pela IES na região
Questão 15: A IES cria impactes económicos e sociais relevantes na região? Quais?
Identificar o foco das práticas de RS da IES
Questão 16: Quais são os principais focos das práticas de RS na IES?
Identificar vantagens internas e externas na adopção de práticas de RS pela IES. Reconhecer aumentos de confiança e reputação nos colaboradores e estudantes.
Questão 17: Que vantagens para esta IES na adopção de práticas de RS? Estas práticas aumentam a reputação e a confiança dos estudantes e colaboradores na IES?
118
Em relação à Universidade da Estremadura, foi efectuada uma entrevistada à
responsável da universidade pela RS, em Abril de 2014, utilizando-se a mesma
entrevista semi-estruturada.
5.4.4. Análise e interpretação da informação
Na sequência da recolha da informação, nas duas IES, procedeu-se ao seu
tratamento, para posterior análise e interpretação. No processo de transcrição das
entrevistas para formato texto, em suporte Microsoft Office Word, para que os
ficheiros das entrevistas sejam compatíveis com os requisitos do software de análise
de conteúdo (Walter & Bach, 2009).
A análise de conteúdo é definida por Bardin (2009) como "um conjunto de
técnicas de análise às comunicações, com o objectivo de se obter indicadores que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de colheita das
mensagens”. Para Berelson (1952) é “uma técnica de pesquisa que visa uma descrição
do conteúdo manifesto de comunicação de maneira objectiva, sistemática e
quantitativa”.
A análise de conteúdo consiste numa técnica que vai analisar e categorizar de
forma sistemática o conteúdo do texto transcrito das entrevistas para obtenção de
indicadores, códigos, que permitam efectuar inferências para com as proposições da
investigação, quantificando (presença ou ausência) e qualificando (classificar ou
categorizar) as ocorrências de determinadas “palavras/frases/temas” que se
consideram “chave”, permitindo o seu posterior relacionamento (Coutinho, 2011;
Antunes, 2013).
Assim para a interpretação dos dados utilizam-se softwares de análise de
conteúdo - o Computer Assisted Qualitative Data Analysis Software (CAQDAS). Neste
contexto, vários autores referem que apesar do CAQDAS ajudar de forma significativa
a análise de conteúdo, “as tarefas criativas e intelectuais, como a responsabilidade de
análise, codificações, interpretações e conclusões são da responsabilidade do
investigador” (Aires, 2011; Bardin, 2009; Lessard-Hébert et al., 2013).
O CAQDAS é assim um suporte tecnológico, que facilita a sistematização e a
velocidade no tratamento e análise dos dados recolhidos, permitindo a codificação das
partes do texto relevantes, tendo em conta as dimensões e as questões da
investigação, conforme o modelo conceptual de investigação proposto, relacionando
as respostas com as dimensões e categorias em análise (Anderson & Kanuka, 2003;
Flick, 2005; Lessard-Hébert et al., 2013).
Nesta investigação qualitativa, vão-se apresentar os resultados em cada uma
das dimensões consideradas, analisando-se questão a questão, as respectivas
119
respostas dos diversos grupos de entrevistados, apresentando no final da análise de
cada uma das quatro dimensões um quadro resumo. Complementarmente, utilizou-se
a aplicação informática de análise de dados qualitativos, o software AtlasTI 6.2 pelo
que se apresenta igualmente para cada uma das quatro dimensões mapas conceptuais
em termos das respostas e codificações dos entrevistados.
Segundo Walter & Bach (2009) esse CAQDAS assenta em quatro princípios
básicos denominados VISE:
Visualização: gestão da complexidade do processo de análise, mantendo o
contacto do utilizador com os dados.
Integração: a base de dados e todos os elementos construídos na análise são
integrados num único projecto, a unidade hermenêutica.
Casualidade (serendipity): promove a descoberta e os insights casualmente,
isto é, sem a procura tendenciosa por aquilo que foi identificado.
Exploração: a interacção entre os diferentes elementos constitutivos do
programa promove descoberta e insights.
Na utilização do AtlasTI 6.2, definiu-se o parágrafo como unidade de
compreensão para codificar as unidades de registo correspondente ao segmento da
mensagem considerada adequada em termos de dimensão para a compreensão do
significado da unidade de registo. Deste modo, através dos parágrafos categorizados
nas dimensões em estudo, conseguiu-se a evidência da posição de cada entrevistado
em relação à problemática em estudo e ao contexto das questões colocadas.
120
121
CCCaaapppííítttuuulllooo 666
RRReeesssuuullltttaaadddooosss,,, aaannnááállliiissseee eee iiinnnttteeerrrppprrreeetttaaaçççãããooo 6. Resultados, análise e interpretação 6.1. Estudo de Caso 1 – Instituto Politécnico de Portalegre
6.1.1. Caracterização do Instituto Politécnico de Portalegre
O IPP é uma instituição pública de ES do interior continental, tendo sido criada
em 1980 e iniciado a sua actividade formativa em 1985. Em 2010, era constituído por
cerca de 250 docentes, 200 funcionários e 3000 alunos (IPP, 2010). É dotado de
autonomia administrativa e financeira (nº2, artigo 8º dos estatutos do IPP) sendo a sua
governação exercida pelo Conselho Geral, pelo Presidente e pelo Conselho de Gestão,
o qual é presidido pelo Presidente (REJIES 2007) tal como referido no Capítulo 4.
No organograma do IPP (Anexo II) observa-se ainda a existência de um quarto
órgão, o Conselho Académico, que é um órgão de coordenação das actividades
científicas e pedagógicas do IPP, o qual é igualmente presidido pelo Presidente (artigo
27º dos estatutos do IPP).
As unidades orgânicas do IPP são quatro escolas superiores, em que três se
localizam na cidade de Portalegre e uma na cidade de Elvas, sendo elas: a Escola
Superior de Educação (ESE), a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), a Escola
Superior de Saúde (ESS) e a Escola Superior Agrária em Elvas (ESAE). Como unidade
orgânica adicional, o IPP integra os Serviços de Acção Social (SAS).
O IPP disponibiliza, no seu conjunto cursos de licenciatura, de mestrado, pós-
graduações, cursos de especialização tecnológica e mais recentemente, cursos
técnicos superiores profissionais, com a duração de dois anos.
A oferta formativa do IPP é vasta e depende da matriz formativa de cada uma
das suas escolas, disponibilizando oferta nas áreas das Ciências Sociais, Design,
122
Engenharia, Informática, Educação e Formação, Acção Social, Turismo, Jornalismo e
Comunicação, Ciências Agrárias, Enfermagem e Tecnologias da Saúde (Canhoto, 2012).
Os SAS é um órgão fundamental em termos de políticas sociais visto que,
através da concessão de apoios sociais aos estudantes mais carenciados,
operacionalizam uma prática de discriminação positiva, minimizando situações de
emergência financeira. Por outro lado, ao dispor de 5 residências, de 4 refeitórios e 4
bares, prestam o serviço de alimentação e de alojamento, garantindo aos estudantes e
funcionários o fornecimento de refeições equilibradas a preços acessíveis.
Adicionalmente, com o objectivo de minimizar problemas de integração dos
estudantes no ambiente académico, este organismo criou o Gabinete de Apoio
Psicopedagógico, promovendo com os mesmos, estratégias facilitadoras do processo
de aprendizagem e igualmente ajudar no processo das opções profissionais.
No âmbito da saúde, actividades desportivas e culturais, os SAS facilitam a
todos os estudantes do IPP, o acesso aos cuidados médicos, de enfermagem e a outros
apoios neste âmbito, através de protocolo com a Administração Regional de Saúde do
Alentejo, permitindo igualmente a promoção da prática desportiva e de convívio entre
estudantes através da disponibilização de determinados equipamentos.
As escolas superiores são dotadas de autonomia administrativa, científica e
pedagógica e possuem uma estrutura constituída pelo Director, pelo Conselho de
Representantes, Conselho Técnico-Científico, Conselho Pedagógico e Pelo Conselho de
Gestão (artigo 34º dos Estatutos do IPP). Este último é o órgão de governo das escolas
sendo constituído pelo respectivo Director, Subdirector e Secretário (artigo 40º dos
Estatutos do IPP).
O Provedor do Estudante é um cargo previsto pelo 9º artigo dos Estatutos do
IPP e que passou a estar contemplado no REJIES, a partir de 2007. Pelas suas funções,
o Provedor do Estudante está em estreita ligação com as direcções das escolas,
respectivas associações de estudantes e os seus conselhos pedagógicos.
Pelo facto de se localizar numa região desfavorecida em termos económicos e
sociais, o IPP apresenta-se estrategicamente, como uma das principais instituições
empregadoras na região, contribuindo fortemente para o seu desenvolvimento
regional, mantendo uma relação de compromisso, proximidade e interdependência
com a comunidade envolvente.
A sua matriz social é evidente desde da data da sua criação, existindo vários
exemplos desta missão social, sendo exemplos, o “aumento da capacidade de
alojamento de alunos e docentes, o fornecimento de refeições em condições
vantajosas, o apoio psico-pedagógico e médico aos alunos e as facilidades concedidas
na prática desportiva, no acesso às novas tecnologias e na participação em actividades
culturais, a prática de voluntariado por funcionários e estudantes dirigida à
comunidade local” (IPP, 2010). Várias destas medidas encontram-se integradas em
123
programas de RSU do IPP, tornando-se assim num actor regional essencial para o
desenvolvimento e sustentabilidade da região.
O IPP em 2007, implementou o Sistema de Gestão da Qualidade (ISO NP
9001:2000) tendo sido pioneiro nessa certificação em território nacional,
demonstrando dessa forma a preocupação estratégica por uma diferenciação pela
qualidade, em relação às suas congéneres nacionais.
Na sequência desta certificação, decidiu estrategicamente implementar o SGRS
pelo referencial normativo NP 4469.1: 2008, de forma a alargar o foco do seu sistema
de gestão nas necessidades dos estudantes (clientes) para as restantes PISIG. Obteve a
certificação pelo SGRS em finais de 2011, tornando-se, mais uma vez, pioneira na
implementação deste sistema de gestão em termos nacionais.
A implementação do SGRS implicou a concepção de um Manual do Sistema
Integrado de Gestão, o qual já integra aspectos dos dois sistemas de gestão, objecto de
certificação. Por outro lado, ao nível da qualificação da oferta formativa, o IPP
apresenta uma oferta que está acreditada pela A3ES, o que constitui num adicional
garante da qualidade de ensino desta IES.
O IPP, aquando da implementação do SGRS, constituiu um grupo de trabalho
interno, composto por funcionários, docentes e não docentes, representantes das
várias escolas superiores, assim como dos serviços centrais e serviços de Acção Social.
Foi este grupo de trabalho, multidisciplinar e representativo de todo o IPP, na altura
denominado por “Círculo de Progresso”, que participou no processo de desenho da
matriz do sistema de gestão e depois, após a certificação, assegurando a sua
manutenção e revisão periódica.
Por outro lado, o SGRS no IPP levou à implementação de um Código de Ética
para a instituição, o qual em conjunto com a sua estratégia de comunicação,
contribuíram de forma expressiva para o aumento da imagem interna e externa do IPP,
enquanto uma referência na área da RS.
6.1.2. Estratégia do Instituto Politécnico de Portalegre
A estratégia de uma organização deve ser definida pela sua governação. No
caso do IPP, cabe ao seu Presidente propor em Conselho Geral o documento
estratégico e caso este seja aprovado por este órgão, o Presidente irá operacionalizar
com a sua equipa os eixos estratégicos previstos.
O SGRS prevê o denominado “Ciclo de Gestão Estratégica” o qual se torna
numa ferramenta importante para esta definição da estratégia do IPP, sendo
necessário de acordo com a norma, o foco na maximização dos impactes positivos da
instituição e a minimização dos impactes negativos, sobre as PISIG na formulação da
política da RS (NP 4469.1:2008). Este ciclo constituído por várias fases até à formulação
124
da política de RS tem em conta a missão, visão, valores corporativos e os princípios da
RS.
Assim, de acordo com o Manual do Sistema Integrado de Gestão do IPP (IPP,
2010), à data da realização da investigação, apresenta-se os três elementos chave da
instituição:
Missão do IPP:
“O Instituto Politécnico de Portalegre é a Instituição Pública de Ensino Superior
do Norte Alentejo que cria, transmite e difunde o conhecimento, orientado
profissionalmente, através da formação e qualificação, de alto nível, para públicos
diferenciados, em momentos vários dos percurso académico e profissional, e da
investigação e desenvolvimento tecnológico para a promoção das comunidades, em
cooperação com entidades regionais, nacionais e internacionais”.
Valores corporativos do IPP:
Excelência organizacional.
Ética e transparência.
Subsidiariedade.
Envolvimento e orientação para as PI.
Desenvolvimento sustentável.
Visão do IPP:
“Instituição de excelência com competências na formação, investigação e
desenvolvimento científico e tecnológico, actuando em interacção com entidades
regionais, nacionais e internacionais, assumindo a liderança do processo de
desenvolvimento das comunidades e do Norte Alentejo”.
Em relação à estratégia do IPP, era considerada mista, por apresentar uma
visão, simultaneamente ofensiva e adaptativa, centrada no aproveitamento das
oportunidades, nomeadamente a empregabilidade dos diplomados e da oportunidade
de captação de novos públicos, potenciando-se assim os pontos fortes da instituição e
por outro lado, superando algumas debilidades como a qualificação do corpo docente
e o ajuste à rede do ES que poderá constituir uma ameaça ao IPP (IPP, 2010).
Desta forma, os eixos estratégicos previstos são a dinamização dos processos
da formação, investigação, internacionalização e gestão interna do IPP para “assegurar
a elevada empregabilidade dos diplomados, melhorar a qualificação do corpo docente,
orientar a actividade para a captação de novos públicos e o estabelecimento de
parcerias que compensem a ausência de dimensão da instituição de forma a aumentar
a sua inserção na rede de ES” (IPP, 2010).
O compromisso do Presidente (gestor de topo) é fundamental para o garante
da aplicabilidade da estratégia definida. Esta deve ser comunicada a todo o universo
125
organizacional de forma a se tornar possível a sua operacionalização. Assim, o
Presidente do IPP assume, pública e pessoalmente, o compromisso de “orientar as
respectivas unidades orgânicas para a prossecução das seguintes finalidades do IPP”
(IPP, 2010):
A formação de alunos, com elevado nível de exigência qualitativa, nos aspectos cultural, científico, técnico, artístico e profissional;
A realização de actividades de pesquisa e de investigação aplicada;
O compromisso face a objectivos e práticas éticas;
A prestação de serviços à comunidade;
O cumprimento de todos os princípios do Sistema de Gestão de Responsabilidade Social;
O intercâmbio cultural, científico e técnico com instituições congéneres nacionais e estrangeiras;
A participação em projectos de cooperação nacional e internacional.
Pela análise da estratégia do IPP assim como da sua missão, visão, valores e
princípios pode-se concluir que, em termos conceptuais e de planeamento, o IPP ao
cumprir os requisitos auditáveis do SGRS esta em condições de atingir os objectivos
estratégicos e operacionais daí resultantes.
6.1.3. Política e Programas de Responsabilidade Social no Instituto Politécnico de
Portalegre
O âmbito do SGRS do IPP abrange todas as suas escolas superiores, os SAS, os
serviços prestados à comunidade e todos aqueles que, em nome do IPP, desenvolvem
actividades com ele associadas. O presidente assume o compromisso de desenvolver e
implementar o sistema integrado de gestão focado na satisfação das PISIG e assegurar
a melhoria contínua da eficácia do sistema, através do suporte das políticas do IPP pela
política da qualidade e da RS, que assentam no código de ética e na estratégia,
apresentando-se com os seguintes objectivos, de acordo com o manual do sistema
integrado de gestão do IPP (IPP, 2010):
A compreensão e antecipação das necessidades dos clientes internos e
externos procurando elevarem permanentemente, os padrões de satisfação
dos mesmos;
A resposta em termos de qualidade e prazo;
A maximização dos impactos positivos e a minimização dos impactos
negativos sobre as PI;
O cumprimento dos princípios de RS e dos regulamentos legais e aplicáveis e
outros que o IPP subscreva;
126
O envolvimento e a clareza e fluência da comunicação/informação com as
PI;
O cumprimento dos objectivos de RS através de ajustadas políticas de RS;
A compreensão por todos os funcionários internos ou em nome do IPP, de
todos objectivos da qualidade e da responsabilidade social e da sua
importância e o encorajamento para contribuir com acções e sugestões de
melhoria;
A correcção imediata dos erros detectados e a melhoria dos processos para
eliminar a sua ocorrência no futuro;
O desenvolvimento profissional dos colaboradores através da qualificação,
de uma adequada conjugação entre formação e prática e disponibilização de
um ambiente de trabalho salutar e desafiante;
A consolidação de uma cultura de inovação como mais-valia organizacional.
De forma a aplicar a estratégia do IPP definiram-se os seguintes objectivos genéricos:
Fortalecer as parcerias para melhor servir a comunidade envolvente;
Avanço tecnológico para facilitar a relação com o estudante e a comunidade;
Qualificação para melhor formar, investigar e experimentar;
Optimizar os processos organizacionais com vista à promoção activa do
crescimento sustentado e da gestão socialmente responsável.
No âmbito da política de RS do IPP são consideradas as PISIG constantes na Tabela 10.
Tabela 10. Partes interessadas significativas do Instituto Politécnico de Portalegre (2010)
Partes interessadas significativas Internas Partes interessadas significativas Externas
Funcionários não Docentes Funcionários Docentes Conselho de Gestão Conselho Académico Conselho Geral Provedor Aluno Tutela (MCTES)
Estudantes Associação estudantes Outros Clientes Parceiros académicos e institucionais Fornecedores Sindicatos, ordens e associações profissionais Comunidade Local (Portalegre e Elvas) Meio ambiente
Fonte: Elaboração própria
O SGRS integra um conjunto de programas de RS, que pretendem dar resposta
a um conjunto de ASPRS significativos, com funções de vária ordem, nomeadamente,
nos seguintes âmbitos (Canhoto, 2012):
Qualidade do ensino;
Apoio aos diplomados na inserção na vida activa;
Apoio à comunidade escolar;
127
Respostas a eventuais emergências sociais dos estudantes;
Promoção da prática desportiva e alimentação saudável;
Inclusão social;
Reconhecimento do mérito dos colaboradores;
Segurança;
Promoção da saúde na comunidade;
Interacção com o meio envolvente e voluntariado;
Protecção ambiental e redução do gasto de energia e papel.
Pelo facto do IPP estar certificado pelo SGRS, as práticas formais de RS estão
integradas em programas de RS, as quais como se desenvolveu no Capítulo 3, resultam
da identificação dos objectivos de RS.
Como se pode verificar na Tabela 11, nesta fase da implementação do SGRS, os
programas são essencialmente dirigidos aos estudantes, sendo que grande parte deles
no âmbito de eventuais emergências sociais e financeiras decorrentes da situação
económico financeira do país, onde se verificam situações de grande constrangimento
por parte de alguns estudantes com dificuldades no assegurar do pagamento de
propinas, alimentação, alojamento e outras.
128
Tabela 11. Identificação e descrição dos programas de RS.
Programas de RS PI alvo Descrição
IPP Amigo Estudantes Programa de apoio social indirecto, direccionado a estudantes carenciados. Consiste na cedência de alimentação e/ou alojamento, tendo como contrapartida a colaboração do estudante em pequenos serviços ou tarefas, em prol da comunidade académica.
Mais Alimenta Estudantes Programa onde se procura angariar bens alimentares, para distribuição a alunos em situação de carência alimentar. Fundo Solidário
Estudantes O Fundo Solidário foi criado pelas associações de estudantes, prevendo que as receitas sejam geradas através de actividades várias, donativos, etc. Este apoio destina-se a alunos que manifestem comprovada necessidade e não tenham recursos e/ou não possam usufruir de outro tipo de apoio. A utilização e gestão das verbas são feitas pela equipa que integra as associações de estudantes, os SAS e a Provedora do estudante.
Apoio à inclusão dos estudantes com necessidades especiais
Estudantes Este programa do Gabinete de Apoio psicopedagógico visa o apoio ao desenvolvimento académico, pessoal e sócio emocional dos estudantes com necessidades especiais, durante todo ou parte do seu percurso escolar e a adopção de medidas e soluções anti-discriminatórias adequadas.
Atendimento psicológico dos estudantes
Estudantes Com este apoio procura-se a promoção da adaptação, do bem-estar e do sucesso académico dos estudantes do IPP. São objectivos: oferecer apoio psicológico individual; oferecer apoio psicopedagógico a estudantes com dificuldades de estudo e aprendizagem; intervir em situações de crise; oferecer grupos de apoio específicos que respondam aos novos desafios dos estudantes e oferecer apoio na
tomada de decisão vocacional e de carreira. Gabinete de Apoio Alimentar
Estudantes Os alunos do IPP beneficiam de aconselhamento e educação alimentar. A abordagem é individual e personalizada, tendo em conta hábitos
alimentares, estilos de vida, preferências e disponibilidade de alimentos, bem como as formas de confecção, de forma a melhorar a qualidade de
vida dos estudantes. Vigilância da Saúde Oral da Comunidade do IPP
Estudantes Funcionários
Este programa consiste na realização de acções de educação e promoção de saúde oral, no laboratório de Higiene Oral da Escola Superior de Saúde. É efectuado atendimento a alunos e funcionários do IPP, sendo prestados ensinos de cuidados de higiene oral individual e são também realizadas actividades clínicas de higiene oral, para a prevenção das principais doenças orais.
IPP Saudável
Estudantes
Programa no âmbito da educação para a saúde (diagnóstico-intervenção-avaliação). Perceber as práticas e comportamentos relacionados com alguns dados de saúde dos estudantes que frequentam o IPP e a sua evolução ao longo do percurso académico.
Actividades culturais com alunos
Estudantes
Esta nova iniciativa, dirigida aos alunos do IPP, tem início com a realização de workshops. Pretende-se que as actividades abranjam vários temas e, sempre que possível, contem com a colaboração de convidados especialistas.
Voluntariado para a comunidade Sociedade Programa de canalização de voluntariado por parte de estudantes e colaboradores dos IPP, no âmbito de varias actividades de promoção da comunidade local.
Fonte: IPP, (2010)
129
6.1.4. Resultados análise e interpretação das entrevistas efetuadas no Instituto
Politécnico de Portalegre
6.1.4.1. Listagem de entrevistados e respectiva caracterização
Tabela 12. Listagem e caracterização de entrevistados do IPP (27/06/2013 a 18/07/2013)
Refª Área Funcional Idade Sexo Habilitações Data Tempo entrevista
min (‘) seg (‘’)
A GOV 47 M D 18-07-2013 52´03´´
B AE Elvas 20 M FL 18-07-2013 53´41´´
C GOV 55 M M 27-06-2013 60´17´´
D SAS 54 M M 27-06-2013 37´39´´
E CP 38 F L 27-06-2013 66´18´´
F CP 49 M L 27-06-2013 50´27´´
G CP 32 M L 27-06-2013 51´50´´
H PROVEST 56 F M 05-07-2013 57´21´´
I CP 32 F L 05-07-2013 58´43´´
J GOV 45 M D 10-07-013 46´11´´
K GOV 49 F L 28-06-2013 53´44´´
L AE ESE 20 M FL 28-06-2013 50´02´´
M CA 49 F D 04-07-2013 73´29´´
N GOV 55 M M 04-07-2013 51´00´´
O GOV 46 F M 28-06-2013 26´06´´
P AE ESS 20 M FL 05-07-2013 40´30´´
Q CA 44 M D 28-06-2013 46´40´´
R CP 54 F L 28-06-2013 58´37´´
S GOV 48 M M 04-07-2013 52´ 58´´
T GOV 38 M L 10-07-2013 54´ 16´´
U AE ESTG 21 F FL 05-07-2013 36´11´´
V CA 44 M M 04-07-2013 32´49´´
W CP 54 F M 04-07-2013 42´08´´
X GOV 44 F D 10-07-2013 68´50´´
Y CA 50 F D 10-07-2013 54´22´´
Z CA 48 M D 18-07-2013 62´41´´
AA SER 44 F D 18-07-2013 26´47´´
AB CP 32 F L 10-07-2013 27´34´´
= 42 anos = 49’45’’ Ʃ= 23H 13’14’’
Gov - Governação D - Doutoramento AE - Associação de estudantes M - Mestrado SAS - Serviços de acção social L - Licenciatura CP - Círculo do progresso FL - Frequência da licenciatura PROVEST - Provedor do estudante CA - Conselho académico SER - Serviços, laboratório Elvas
130
6.1.4.2. Grupos de entrevistados selecionados para o Estudo de Caso
Foram seleccionados seis grupos de entrevistados Tabela 13. Os entrevistados
incluídos no grupo da governação são o Presidente, Vice-presidente, e os órgãos de
governo das unidades orgânicas. Em relação aos órgãos consultivos seleccionaram-se
elementos pertencentes ao Conselho Académico de cada uma das unidades orgânicas,
o administrador dos SAS, um representante de cada associação de estudantes de cada
unidade orgânica, a provedora do estudante e ainda a responsável pelo Laboratório de
Elvas, enquanto prestador de serviços.
Tabela 13. Grupos de entrevistados do IPP (entrevistas efectuadas de 27/06/2013 a 18/07/2013)
Grupo
Grupos de entrevistados Áreas funcionais incluídas Nº de entrevistados
(por grupo)
1 Governação (GOV) Presidente, vice-presidente, directores ou subdirectores de cada escola e o respectivo secretário.
9
2 Conselho Académico (CA) + Círculo do progresso (CP)
Conselhos Técnico Científicos e Conselhos Pedagógicos de cada escola. Circulo do progresso
5
6 3 Serviços de acção social (SAS) Administrador + Técnica superior 2
4 Associações estudantes (AE) Associações de estudantes de cada escola
4
5 Provedora do estudante (PROVEST)
Provedora do estudante 1
6 Prestação de serviços (SER) Responsável Laboratório de Elvas 1
Fonte: Elaboração própria
6.1.4.2. Respostas e interpretação das entrevistas
6.1.4.2.1. Dimensão – Conceito de Responsabilidade social
No processo de desenho da presente investigação, as quatro questões
formuladas no âmbito da dimensão de investigação sobre o conceito da RS são
consideradas muito importantes, pelo facto de se tornar muito difícil o
direccionamento dos esforços organizacionais sobre um determinado tema quando
não existe um alinhamento conceptual sobre o mesmo, nos diferentes agentes
organizacionais.
131
Questão nº 1
O que é a RS para si?
O que se pretende com esta questão é apurar o que cada grupo de
entrevistados entende pelo conceito de RS no contexto da sua IES.
Em relação ao primeiro grupo, o grupo da governação, define RS associando o
conceito a um conjunto de acções do IPP para com as suas PI, resultando num
“compromisso”, “atitude de gestão”, “comprometimento”, “preocupação”, estratégias
e acções de preocupação e compromisso voluntario associado à génese do IPP,
realçando vários entrevistados que a identidade do IPP supera o formalismo da
certificação:
A: “O compromisso que uma entidade, uma instituição, assume perante a sociedade…é o devolver à
sociedade aquilo que ela nos deu”.
C: “…uma atitude de gestão, uma política que corresponde em ter as PI mobilizadas…”.
J: “ A RS faz parte desta escola mesmo antes da certificação…a RS esta integrada na nossa postura de
parceria com as nossas PI…”.
K: “…as nossas práticas intrínsecas são mais importantes do que a certificação. O foco estende-se
desde do aluno ao colaborador e sociedade.”.
N: “Um conjunto de estratégias e acções que demonstram a preocupação que uma organização tem
para com a sua envolvente…”.
O: “Uma preocupação que a instituição tem para com o bem-estar daqueles com que se relaciona…”.
S: “Em termos de RS já a praticamos e já a exercemos, independente da questão da certificação... à
forma como se encara a nossa filosofia de gestão e de actuação, incutida também pelas
lideranças que temos tido.”.
T: “É uma decisão, um compromisso que é voluntário, nas várias dimensões…onde o envolvimento é
muito importante…”.
X: “Em termos latos é o compromisso da organização para com todos os seus interlocutores…”.
Em relação ao segundo grupo, o grupo que inclui o Conselho Académico e o
Círculo do Progresso, apresentam uma definição para o conceito em convergência
como a do primeiro grupo, apontando o foco nas PI por parte da instituição:
E: “É o assumir das preocupações pelas PI, com as quais nos relacionamos”.
F: “Consiste no facto de preocuparmo-nos enquanto instituição, com aqueles que estão cá dentro e
com aqueles que afectamos lá fora...”
G: “Estarmos focados nas várias PI…”
M: “O direito, o dever, a competência que todos nós temos, pessoal e institucionalmente, em
cooperar com a comunidade interna e externa, nos mais vários níveis…”.
Q: “A responsabilidade que cada instituição assume pelas decisões que toma junto das PI e dos
produtos e serviços que vende. Responsabilidade para com a comunidade onde esta inserida”.
132
R: “Capacidades que a instituição tem em minimizar eventuais problemas que as PI tenham em
resultado de se relacionarem com a instituição”.
V: “É o cumprimento efectivo dos deveres das instituições para com o meio, para além da parte legal,
incluindo a responsabilidade ética”.
W: “É uma cultura, essencialmente é uma cultura, é uma forma de estar na vida, tem que ser
interiorizada, não obrigada…”.
Nota-se por outro lado que vários entrevistados relacionam o conceito de RS, a
um compromisso voluntário, para além das obrigações legais:
A: “… a sua envolvente que vai para além das questões obrigatórias, legais, diria que essas
obrigações legais são o ponto de partida, mas tem que se ir muito para além…”.
M: “…Para além do que a lei nos obriga, a RS deve sempre ser cumprida nestas áreas. Julgo que a RS
deve decorrer das funções da própria instituição”.
O: “Uma preocupação que a instituição tem para com o bem-estar daqueles com que se relaciona,
vai para além do que é pedido legalmente”.
T: “É uma decisão, um compromisso que é voluntário, nas várias dimensões, social, económica e
ambiental, onde o envolvimento com as PI é muito importante…”.
V: “É o cumprimento efectivo dos deveres das instituições para com o meio, para além da parte legal,
incluindo a responsabilidade ética”.
Por outro lado, vários entrevistados afirmam que o conceito está associado à
própria cultura da instituição e que a RS é vista como estratégica para o IPP, indiciando
que a própria identidade da IES é constituída por valores e princípios conducentes a
práticas de RS:
F: “…Termos a consciência que afectamos a vida das pessoas, que temos consequências e por isso a
RS é o nosso esforço de minimizarmos essas consequências, aumentando impactes positivos”.
J: “…Hoje conseguimos conciliar o sistema de RS com as práticas anteriores de RS, hoje a RS esta
integrada na nossa postura de parceria com as nossas PI, corresponder às expectativas com a
sociedade para além da nossa oferta formativa, actividades sociais e culturais promovidas pela
escola”.
N: “Um conjunto de estratégias e acções que demonstram a preocupação que uma organização tem
para com a sua envolvente…”.
S: “… mas essencialmente à forma como se encara a nossa filosofia de gestão e de actuação, incutida
também pelas lideranças que temos tido. Esta casa possui esta característica de serviço
público”.
W: “É uma cultura, essencialmente é uma cultura, é uma forma de estar na vida…”
Y: “Uma atitude intrínseca da instituição para com todos os parceiros, deve estar no nosso DNA…”.
Alguns entrevistados, defendem a ideia de que as práticas de RS intrínsecas do
IPP são mais relevantes do que a certificação pelo SGRS:
133
K: “…não podemos ser muito dependentes da norma da RS, as nossas práticas intrínsecas são mais
importantes do que a certificação…”.
S: “Em termos de RS já a praticamos e já a exercemos, independente da questão da certificação, diria
ao contrário, nós só pedimos a certificação porque independente do trabalho em termos
organizativos e de caracterização e de concepção documental, essas práticas já existiam,
traduzidas ao nível de acções, de práticas dos processos associados à RS, mas essencialmente à
forma como se encara a nossa filosofia de gestão e de actuação…”.
T: ”…A RS para nós é anterior ao processo de certificação…”.
A resposta dos dois elementos dos SAS também define o conceito como um
comprometimento para com a sociedade envolvente:
D: “O nosso comprometimento individual e da organização com a nossa envolvente”.
I: “É o que se pode fazer para melhorar as condições internas em relação ao nosso cliente que é o
aluno... A RS é mais ampla do que o SAS, não são sinónimos, mas tocam-se em muitos
aspectos”.
As respostas dos estudantes apontam para a componente de solidariedade do conceito:
B: “Entre todos, fazer com que todos estejam bem, que ninguém se sinta mal, foco no bem-estar das
várias partes”.
P: “Quando nós não olhamos só para nós e também vemos a sociedade em geral, termos iniciativa
para questões éticas, questões da sociedade e melhorar factores económicos e ambientais para
melhorar a qualidade de vida das pessoas”.
Ou a associação da adequabilidade funcional do IPP ao conceito de RS:
L: “RS é tratar do bom funcionamento da escola, das normas existentes, da higiene da escola”.
Ou simplesmente o desconhecimento do conceito de RS:
U: “Não estou muito a par do que é a RS”.
A resposta da provedora do estudante aponta para uma definição na linha da
definição do grupo da governação:
H: “É um conjunto de atitudes e comportamentos que os membros de uma instituição têm, através de
um compromisso para melhor servir o público-alvo”.
A resposta da responsável do laboratório de Elvas relaciona igualmente o
conceito à responsabilidade da IES em dirigir esforços responsáveis para com a
sociedade envolvente:
AA: “É um sistema em que temos para resolver problemas, envolvendo-nos com a comunidade de
forma responsável, comunidade não só académica mas também civil, formar responsavelmente”.
134
Questão nº 2
Acha que a natureza jurídica da instituição (pública ou privada) condiciona a adesão a
práticas de RS?
Pretende-se com esta pergunta aferir se para os entrevistados, o facto de uma
IES ser pública ou privada implica maior ou menor adesão a práticas de RS.
Independentemente dos grupos de entrevistados seccionados, observa-se que
as respostas são mistas, havendo maioria número de entrevistados que são da opinião
de que as práticas de RS não devem diferir pelo facto da IES ser pública ou privada:
A: “Em termos teóricos e abstractos não devia haver diferença, porque o conceito é independente da
IES ser pública ou privada…”.
B: “Independentemente de ser pública ou privada devem apresentar práticas de RS”.
E: “Ambas devem desempenhar o seu papel em termos de RS, é indiferente”.
G: “Não, é indiferente, ambas devem ter boas práticas de RS”.
I: “A RS é algo de estratégico, por isso não depende da natureza jurídica da instituição, deve existir por
motivos estratégicos, de posicionar a organização focada na satisfação de vários PI onde o
estudante deve ser o principal foco”.
L: “É igual, ambas devem ajudar a cidade e os alunos”.
N: “Não é irrelevante ser pública ou privada. Independentemente do aspecto jurídico qualquer um
delas devem se relacionar com as pessoas, alunos, docentes e não docentes e sociedade e
parceiros”.
Q: “Não é independente da natureza jurídica, a RS é algo estrutural, estratégico não varia com ser ou
não entidade pública”.
Em oposição a esta posição, na opinião de outros entrevistados, as IES públicas
devem ter mais práticas de RS em relação às IES privadas:
C: “Penso que a pública tem mais obrigações, temos que dar o exemplo por termos dinheiros públicos”.
F: “Nós enquanto instituição pública temos mais responsabilidades. Temos muitas pessoas que
dependem desta instituição…”.
H: “A RS é muito importante tanto nas IES públicas como privadas, o importante é que as práticas de
RS existam. Como o privado deve ter mais dinheiro, aqui deve haver mais RS. As púbicas devem ser
um modelo para a sociedade, temos essa obrigação porque vivemos de dinheiro dos contribuintes”.
P: “Não sei, acho que aqui nós temos mais práticas de RS, devemos ter mais por sermos entidade
pública”.
R: “Penso que deve haver mais RS aqui mas se uma privada não tiver essas práticas pode perder alunos
e assim perder mercado”.
S: “Aquilo que é público deve ser colocado ao bem comum, no privado, deve ser colocado aos seus
accionistas. Apesar de haver casos de entidades privadas também com práticas de RS, o mais
comum será as IES públicas sobretudo as do interior, valorizar esse factor de diferenciação que é a
RS”.
135
W: “A função pública deve ter mais responsabilidade social em termos de integração dos
colaboradores, as empresas privadas também têm essas práticas mas acho que nós aqui temos
mais obrigações”.
De se notar que para alguns entrevistados, independentemente da IES ser
pública ou privada, o mais importante é que os programas de RS sejam ajustados às
necessidades específicas de cada IES.
A: “…A forma como dar resposta é que poderá ser diferente, portanto entendo que é o mesmo se
fala em pública ou privada, a entidade pública é a própria sociedade…”.
D: “As duas devem ter RS, talvez com programas ajustados a cada caso”.
M: “Não faz muito sentido essa distinção entre privada e pública, o que é importante em qualquer
das duas é que existam práticas de RS ajustadas a cada realidade…”.
Questão nº 3
Acha que a localização geográfica da instituição (interior/litoral) condiciona a adesão à
RS no IPP?
Pretende-se com esta pergunta aferir se para os entrevistados, o facto de uma
IES estar localizada no interior continental, implica maior adesão a práticas de RS.
Tal como na pergunta anterior, independentemente dos grupos de
entrevistados seccionados, observa-se que as respostas são mistas, sendo que um
pouco mais que metade (54%) entende que uma IES localizada no interior do país,
deve implicar um maior investimento em práticas de RS:
B: “Em princípio devia haver mais RS nesta zona por estarmos com menos recursos”.
C: “Penso que deve haver mais esforço em minimizar os problemas que nós temos aqui. Esta zona tem
dificuldades muito grandes. A RS é essencial para se atenuar os problemas e para atrair os
estudantes”.
F: “Temos sem dúvida mais necessidade da RS aqui, temos problemas muito específicos, o litoral não
tem estas adversidades”.
H: “Sem dúvida deve haver mais RS aqui no interior, devido à maior proximidade que a IES tem para
com as suas partes, a missão do IPP leva a essa distinção e a esse maior comprometimento com a
região”.
L: “Aqui deve haver mais RS, temos muitas mais limitações e problemas”.
Enquanto que para outros entrevistados (46%) a existência de práticas de RS é
uma decisão estratégica e por isso não depende da interioridade da IES, quanto muito
pode influenciar o tipo de programa de RS ajustado às especificidades de cada IES:
136
D: “Sim nós aqui temos grandes dificuldades mas as outras zonas também tem os seus próprios
problemas por isso acho que em ambos lados deve haver práticas de RS”.
I: “As práticas de RS deve existir nas organizações independentemente da sua localização”
K: “Temos que implementar acções de RS em qualquer dos locais, caso contrário os estudantes e as
outras PI são prejudicados”.
O: “Acho que deve haver RS em qualquer local, não depende da localização da instituição o que pode
depender são as acções específicas”.
T: “A RS vai depender da zona e da instituição mas em princípio deve haver em ambas, o que difere são
as políticas específicas”.
Questão nº 4
Assumindo as dimensões da RS económica, social e meio ambiental, no âmbito das IES,
valoriza alguma em particular ou são todas igualmente relevantes? Identifica mais
alguma dimensão relevante?
Pretende-se com esta pergunta, de acordo com a opinião dos entrevistados,
aferir quais as dimensões da RS no âmbito das IES e se é valorizada alguma dimensão
em particular.
As respostas dos grupos de entrevistados seccionados, apresentam-se de forma
mistas, valorizando alguns entrevistados, as três dimensões, económica, social e meio
ambiental, como igualmente relevantes e necessárias para que a RS desempenhe o seu
papel na IES.
F: “Meio ambiental, social e económica”.
G: “Meio ambiental, social, económica de igual forma”.
N: “São as três, representam bem a RS em termos de escola de saúde”.
O: “são as três, ainda estamos numa fase incipiente na implementação o sistema, depois mais para a
frente podemos falar em outras dimensões, ainda estamos a aprender com o sistema”.
P: “Económica, ambiental e social”.
V: “são as três”.
Z: “As três são importantes mas elas podem-se reunir no desenvolvendo sustentável”.
AA: “são as três importantes”.
Outros entrevistados apontam a dimensão social como a mais relevante e
reconhecem-na como um factor de diferenciação do IPP:
A: “… em determinado momento, algumas dimensões assumem um carácter de maior importância,
neste momento é a social que é a mais relevante, em consequência da recessão económica hoje é
necessário matar a fome, não em detrimento das questões ambientais, mas numa altura de
emergência nacional as questões ambienteis tem uma relevância menor, em outros momentos a
ambiental pode assumir outro protagonismo em função das necessidades nesse momento.
J: “…a social é a mais relevante, sempre foi a linha de orientação, deve ser a mais forte…”
137
S: “A nossa missão enquanto entidade pública leva a privilegiar a dimensão social…”.
T: “… aquela que se nota mais aqui na região é a social, se o politécnico de Lisboa desaparece-se talvez
algumas pessoas da estrada de Benfica notavam mas aqui era uma calamidade!”.
X: “…Destaco a social devido a nossa missão”.
Para além das três dimensões iniciais propostas, outras dimensões são
referenciadas como essenciais no contexto da IES, como é o exemplo da dimensão
cultural e educacional:
J: “Pela história da IES, em relação às três dimensões, a social é a mais relevante, sempre foi a linha de
orientação, deve ser a mais forte, a cultural também é muito importante, actividade do cinema no
IPP é da nossa autoria”.
L: “Educacional, ambiental”.
M: “Mais a cultural, elejo a cultural e social como principais”.
138
Figura 20. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Significado de RS.
139
Figura 21. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Conceito de RS – Natureza Jurídica da IES e adesão a práticas de RS.
.
140
Figura 22. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Conceito de RS - Localização geográfica da IES e adesão a práticas de RS, pelo software Atlas Ti.
141
Figura 23. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Conceito de – Dimensões da RS.
142
Resumo da Análise das respostas
Dimensão – Conceito de RS
Pelas respostas dos entrevistados em relação ao conceito de RS, conforme se pode
verificar nas Figuras 20 a 23, observa-se que de uma forma generalizada, os vários
grupos associam o conceito a um conjunto de acções por parte do IPP dirigidas a
determinadas PI, fundamentalmente a estudantes, colaboradores e sociedade em
geral. Vários sugerem que o conceito está mais ligado aos valores culturais da
instituição do que ao resultado da certificação, identificado o conceito como uma
atitude, compromisso, comprometimento, acção estratégica voluntária ou seja acções
para além dos aspectos legais.
Estas definições estão plenamente em convergência com aquelas identificadas
aquando da revisão da literatura, denotando-se que os entrevistados pertencentes ao
grupo da governação, não só estão a par da temática, revelando alguns um elevado
nível de conhecimento sobre a RS, sugerindo que são importantes impulsionadores
internos no processo de implementação do sistema em toda a instituição.
Quando se questiona sobre se as práticas de RS variam consoante a natureza jurídica
da IES e da sua localização geográfica, a maior parte das respostas vão no sentido de
olhar para a RS como algo estratégico para o IPP e em consequência não depender
destas dois factores, apesar de haver respostas no sentido de valorizar a existência de
maiores responsabilidades das IES públicas em relação às privadas e valorizar mais a
discriminação positiva das IES do interior no sentido de minimizar os problemas
estruturais do interior continental.
Em relação à questão sobre as dimensões associadas à RS, uma grande maioria aponta
as três mais frequentes na literatura, económica, social e meio ambiental, propondo
igualmente a cultural e a educacional. Em termos da sua relativa importância, os
aspectos sociais e económicos são muito valorizados pelos entrevistados, estando
naturalmente estas respostas associadas ao presente momento da vida Portuguesa.
6.1.4.2.2. Dimensão – Governação da Instituição de Ensino Superior
Como se verificou no segundo capítulo, a importância da governação é
determinante na efectiva integração dos princípios de RSO em toda organização,
sendo muito relevantes algumas características do líder, nomeadamente o seu
carisma, capacidade de criar confiança nas equipas, a sua atitude, compromisso e
competência para atingir em equipa a missão corporativa, envolvendo e
comprometendo as PI com a sua estratégia (Carroll & Buchholtz, 2009; Rego et al.,
2010; ISO 26000:2011).
143
A formulação da estratégia da IES é da responsabilidade da sua governação,
assim como todas as respectivas fases, nomeadamente a identificação das PI e PISIG, a
identificação dos aspectos de RS e dos ASPSIG, a identificação dos objectivos de RS e
dos consequentes programas de RS que levam à formulação da política de RS,
constituindo o instrumento operacional da estratégia socialmente responsável da IES.
Questão nº 5
Quais são as partes interessadas no IPP?
Pretende-se com esta questão aferir, de acordo com a opinião dos
entrevistados, quais são as PI no IPP.
Em relação ao grupo da governação, todos apontam em conjunto o foco do IPP
nos estudantes e nos colaboradores. Vários realçam igualmente a sociedade, os
parceiros institucionais e académicos, as famílias dos estudantes, as empresas e o
meio ambiente como PI da instituição:
A: “Estudantes, parceiros, colaboradores, sociedade local”.
C: “Alunos, funcionários, empresas, associações, instituições parceiras e sociedade”.
J: “Alunos, docentes e não docentes, entidades parceiras locais e de investigação, entidades de
acolhimento dos estagiários”.
K: “Estudantes, docentes e não docentes, famílias, a CGD, a sociedade é muito importante”.
N: “…funcionários, docentes, alunos, …, parceiros externos como é o caso do hospital e centros de
saúde e também da câmara…”.
O: “Alunos, colaboradores, famílias dos alunos, as outras IES, a tutela, as entidades de estágio,
empresas, hospitais e IPSS”.
S: “Alunos, colaboradores, docentes e não docentes, parceiros locais, outras IES, empresas locais,
famílias, meio ambiente, ordens ligadas à oferta formativa.
T: “Estudantes e colaboradores”.
X: “Alunos, colaboradores, tecido empresarial envolvente, comunidade local…”.
Em relação ao segundo grupo de entrevistados, igualmente todos apontaram
os estudantes e os colaboradores como PI da IES e quase todos realçam a sociedade
como outra PI fundamental. Apontam ainda os parceiros, as famílias dos estudantes e
dos colaboradores, as empresas, o meio ambiente e os futuros estudantes como PI da
instituição:
E: “Alunos, colaboradores, docentes e não docentes, sindicatos, empresas, comunidade envolvente,
parceiros e clientes de prestação de serviços, meio ambiente, as famílias dos alunos e dos
colaboradores”.
F: “Alunos, docentes e não docentes, famílias dos alunos e dos colaboradores e toda a envolvente
económica e social do distrito…”.
G:“São muitas, estudantes, colaboradores, parceiros, fornecedores, sociedade”.
I: “Alunos e colaboradores”.
144
M: “alunos, docentes, funcionários, famílias, sociedade…”.
Q:“Estudantes, funcionários e restantes colaboradores, famílias dos estudantes, empresas”.
R: “Internas e externas, funcionários e docentes, alunos e sociedade”.
V: “Estudantes, os funcionários e docentes, meio onde se insere, as empresas…, as famílias dos
estudantes, os futuros estudantes”.
W: “Alunos, colaboradores e parceiros, sociedade”.
Y: “Alunos, colaboradores docentes e não docentes”.
Z: “Alunos, colaboradores, parceiros, comunidade envolvente”.
AB: “Alunos, funcionários, sociedade”.
Em relação aos restantes grupos de entrevistados, todos apontam igualmente
os estudantes e os colaboradores como PI do IPP, surgindo de novo a sociedade quase
por unanimidade apontada como PI. São apontados os clientes e as famílias dos
estudantes de uma forma muito mais limitada do que nos dois primeiros grupos:
D: “Estudantes e colaboradores, a sociedade”.
B: “Alunos, docentes e não docente e cidade”.
L: “É o aluno, temos que trabalhar focados nos alunos, docentes e funcionários, a sociedade é também
muito importante”.
P: “Alunos, docentes e não docentes, sociedade, esta escola têm trabalhado bem para a sociedade”.
U: “Alunos e professores e funcionários”.
H: “Alunos, não docentes o docentes, as famílias dos estudantes são muito importantes, sociedade e
região”.
AA: “Alunos, funcionários, clientes, comunidade, sociedade”.
Questão nº 6
Qual ou quais as partes interessadas mais relevantes no IPP? Porquê?
Pretende-se com esta pergunta aferir se, na opinião dos entrevistados, existem
PI na IES mais relevantes do que outras.
Tendo em conta as respostas nos diferentes grupos de entrevistados, observa-
se que as respostas são muito convergentes em apontar os estudantes e os
colaboradores como as PI mais relevantes:
B: “Alunos e colaboradores”.
C: “Alunos, funcionários em geral”.
G: “Estudantes e colaboradores”.
J: “Alunos, docentes e não docentes”.
M: “alunos, docentes, funcionários”.
N: “Funcionários e docentes, alunos”.
T: “Estudantes e colaboradores”.
U: “Alunos, professores e funcionários”.
V: “Estudantes, os funcionários e os docentes”.
145
Alguns entrevistados referem a existência de um tratamento privilegiado dos
docentes da IES em relação aos colaboradores não docentes. Explicam que este facto
está relacionado com uma cultura interna do IPP que remonta a muitos anos atrás:
I: “…Existe um tratamento privilegiado para com os docentes apesar de para mim não haver essa
diferença”.
R: “…existe diferença de tratamento entre docente e não docentes, os docentes são tratados de forma
privilegiada. É cultural”.
AA: “…Os não docentes têm um tratamento desigual em relação aos docentes. Problema que remonta
a muito tempo”.
Vários entrevistados apontam para a necessidade de se reforçar o actual
sistema no que diz respeito a um maior foco nos colaboradores, PI que no seu
entender não tem recebido por parte dos actuais programas de RS suficiente atenção:
A: “O sistema está muito desequilibrado, o foco no aluno é muito grande depois nos parceiros das
instituições locais e a sociedade em geral…o foco nos colaboradores é a grande área de
melhoria…”.
F: “…Temos a necessidade de incrementar o sistema num maior foco nas necessidades dos
colaboradores em geral. O sistema está demasiado focado no aluno”.
As famílias dos estudantes também são referidas por vários entrevistados como
uma PI muito relevante comparativamente às demais:
F: “…famílias dos alunos”.
H: “…famílias dos alunos”.
K: “…famílias dos estudantes”.
O: “…famílias dos alunos”.
Q: “…famílias dos estudantes…”.
Questão nº 7
Quais as funções de uma IES?
Pretende-se com esta pergunta aferir junto dos entrevistados sobre as funções
de uma IES.
No Capítulo 4, verificou-se que as IES apresentam três funções,
nomeadamente, a docência, investigação e a extensão. Tendo em conta as respostas
nos diferentes grupos de entrevistados, observa-se que a totalidade dos entrevistados
assume a docência como principal função de uma IES.
146
Ainda em relação à função da docência, vários entrevistados referem como
responsabilidades da IES a qualidade do ensino, a necessidade de existir um ensino
mais prático nos politécnicos em relação às universidades, mais virado para o
conhecimento “saber-fazer “ do que o “saber-saber”, a existência de uma maior
proximidade, envolvimento e confiança entre docente e estudante em relação a outras
IES do litoral e a necessidade de haver ajudas financeiras para estudantes com
dificuldades em pagar as propinas:
A: “Formar bem, com qualidade e cada vez melhor, os familiares dos alunos tem que saber que ao
entregarem aqui os seus filhos eles vão crescer com a formação que recebem no instituto… O
politécnico tem de facto um ensino mais prático como seria de prever em relação às universidades”.
C: “Docência de qualidade...Os constrangimentos financeiros são grandes, é difícil a manutenção dos
estudantes por estes terem grandes dificuldades financeiras, não podemos deixar que os nosso
alunos deixem de estudar por falta de dinheiro, temos por isso a possibilidade de pagamentos
faseados de propinas e até a possibilidade de atribuir uma bolsa, é uma ajuda”.
D: “…Ensinar, não só no “saber saber” mas mais no “saber fazer”…”
I: “Ensino de qualidade, o SAS tem que promover a segurança do alojamento, das necessidades
especiais de estudantes, ajudar estudantes com dificuldades no pagamento de propinas e não pode
ficar à margem da integração e igualdade de tratamento dos alunos”.
R: “Formar com qualidade e com responsabilidade, promover a investigação e desenvolvimento
regional. Promoção da qualidade dos serviços sem se descorar as questões ambientais, sociais e
económicas”.
S: “O nossos ensino está sujeito a um crivo de qualidade pela agência AE3S…”
AA: “Dar boas condições de ensino aos alunos, actividades extra curriculares de qualidade, dar-lhes um
bom acolhimento, envolvimento e proximidade dos alunos com os professores, temos que
promover a cidade, promoção do nosso laboratório e da clínica veterinária aos interessados da
região, Investigação aplicada”.
Em relação à função de extensão do conhecimento, vários entrevistados
referem a vantagem que o IPP tem em relação às universidades no que diz respeito ao
conhecimento das necessidades do tecido empresarial regional, implicando um maior
relacionamento com estes agentes económicos. De igual forma, referem que existe
uma grande ligação entre o IPP e a sociedade local, mencionando mesmo que existe
uma ligação de interdependência entre ambos. Esta ligação permite uma significativa
responsabilidade no desenvolvimento regional, havendo um grande
comprometimento dos valores corporativos neste foco com a sociedade:
E: “Ensino e extensão para a comunidade. Responder às expectativas e necessidades, temos outras
preocupações em termos culturais, apoio a IPSS locais através de voluntariado de colaboradores do
IPP”.
147
F: “Temos responsabilidades muito grandes na região, a importância do IPP é determinante, se não
aqui estivéssemos seria uma catástrofe, a região depende de nós em 25 % da sua produção de
riqueza. Docência”.
G: “Nós em termos de cultura interna já praticamos a RS. O IPP é diferente de outras IES
nomeadamente do litoral, a nossa instituição é pequena, interage muito com a sociedade, com o
distrito, a responsabilidade aqui é muito relevante, temos que mexer com toda esta zona, ensino e
extensão”.
J: “Ensino, investigação, extensão, criar dinâmicas locais, nacionais e internacionais. Conjunto de
actividades de extensão científica, comunitária, acções de formação locais em escolas secundárias.
Ligação com as autarquias e outros parceiros. Muito importante o desenvolvimento regional,
quando o IPP surge não é apenas para a oferta formativa mas também para desenvolvimento
regional, a RS pode diminuir o fosso entre mundo académico e tecido empresarial e social”.
K: “O IPP, a câmara e o hospital são os principais empregadores. O IPP tem mais uma função social
para além da docência, abertura para a comunidade em termos culturais com o intercâmbio de
livros da nossa biblioteca com a população, extensão para a região”.
Q: “Docência, investigação, desenvolvimento tecnológico para as empresas, transferência do
conhecimento para a sociedade. Devemos envolver as PI no contesto da instituição e na tomada
de decisão, de forma a aumentar a transparência”.
Em relação à função de investigação, alguns entrevistados indicam que, pela
natureza dos politécnicos, que nasceram para dar uma resposta técnico cientifica ao
tecido empresarial, o tipo de investigação aqui desenvolvida, deve ser mais aplicada e
não tão fundamental como acontece nas universidades. Referem que não deveria
haver competição entre os politécnicos e as universidades em termos de ofertas
formativas:
H: “Docência, investigação, serviços à comunidade, a investigação deve ser aplicada, vejo sem dúvida
os politécnicos fazerem mais investigação”.
N: “ Em termos de investigação aqui deve ser diferente das universidades, dar resposta às necessidades
locais, a universidade faz investigação pura, fundamental, aqui deve ser aplicada, para resolver os
problemas do tecido empresarial, deveria haver complementaridade e não concorrência entre
politécnico e universidade”.
W: “Funções docência, dar emprego aos colaboradores, apoio social à comunidade, a investigação do
IPP não pode ser igual a das universidades, não temos um centro de investigação, os nossos cursos
são mais práticos, assim com a investigação”.
Z: “Docência, extensão de serviços para a comunidade, a investigação é muito importante no
politécnico porque é uma obrigação legal, os cursos não podem estar acreditados se não houver
investigação, mas esta investigação não tem que ser igual à das universidades, não deve haver
concorrência entre ambas…”.
De referir que alguns entrevistados assumem como responsabilidade do IPP a
manutenção dos postos de trabalhos dos colaboradores, docentes e não docentes. Por
outro lado apontam para que a função do IPP é mais do que legal e apontam como
relevantes as responsabilidades morais, éticas e sociais para com as PI:
148
C: “…O IPP tem que manter os postos de trabalho dos seus funcionários, o que não é fácil, aqui o efeito
da RS pode ser importante em termos de comunicação e envolvimento”.
H: “Para mim a nossa função é mais do que legal, a responsabilidade moral e ética são muito
importantes…”.
O: “As nossas responsabilidades são para além das responsabilidades legais, é criar um ambiente
agradável, como somos entidade pública não temos nenhuma forma em alterar a politica salarial,
tem que se procurar outras formas de satisfação dos colaboradores, promover bom ambiente,
promoção de actividades de desenvolvimento da motivação…”.
W: “…dar emprego aos colaboradores…”
Questão nº 8
Conhece os valores e princípios corporativos do IPP? Existe um código de ética? É
eficaz? Tem havido acções de promoção do código e sistema de valores?
Pretende-se com esta pergunta aferir junto dos entrevistados, o seu
conhecimento sobre os valores e princípios corporativos da IES e se na sua opinião,
existe a necessidade de um reforço de comunicação e implementação do sistema de
valores. Por outro lado, pretende-se verificar se existe um código de ética e se este é
conhecido, comunicado e eficaz.
Tendo em conta os grupos de entrevistados, as respostas foram mistas. Assim,
relativamente ao conhecimento dos valores e princípios corporativos da IES pelos
entrevistados colaboradores, 17 afirmam que o código de ética não é suficientemente
conhecido, não produzindo por isso o efeito para o qual foi criado, necessitando
inclusive de ser actualizado e melhor comunicado às PI. Vários referem que o
conhecimento não é uniforme entre os colaboradores do instituto, sendo que, aqueles
que estiveram mais ligados à implementação do sistema de RS no IPP, conhecem
melhor o sistema de valores e o código de ética, ao contrário dos restantes colegas
que não os conhecem de igual forma:
A: “O código de ética não é eficaz pelo facto de a maior parte das pessoas o desconhecerem, o que se
desconhece não se aplica. Na área financeira, em termos de gestão dos fornecedores o código é
utilizado”.
C: “Existe um código de ética mas não reflecte o instituto, está desactualizado”.
F: “Conheço a missão e visão do IPP, por vários canais. Conheço o código, ele podia ser eficaz mas
deixa de o ser porque as pessoas se alheiam. Neste momento já tem que ser actualizado. Identifica-
se com os valores corporativos".
H: “O código de ética devia ser mais conhecido, os alunos nem o conhecem. Os alunos estão pouco
envolvidos no sistema de RS. Identifica-se com os valores corporativos mas é necessária mais
comunicação a este nível”.
149
I: “Conheço o código que na minha opinião está desactualizado, tudo o que é impresso fica parado no
tempo, há coisas que já foram melhoradas. Identifico-me com os valores e princípios do IPP. Neste
momento o código não reflecte o IPP. Não houve um suficiente envolvimento das PI na concepção
do código muito menos na sua manutenção”.
M: “O código de ética foi divulgado no início pela equipa de implementação do sistema, o mais
importante seria uma mudança de atitude ética e essa não foi ainda atingida. Poderia de ser mais
trabalhado por toda a comunidade para que seja mais conhecido e interiorizado, pensa que ainda
reflecte a missão, poderia também haver um código de honra por parte dos alunos mais seria ainda
mais difícil de utilização”.
O: “O código de ética é muito pouco conhecido é um documento que está morto, na altura da sua
concepção foi dado a conhecer mas agora está morto. Neste momento sinto que o código
necessitava de ser muitíssimo mais divulgado. Não reflecte o IPP de hoje. Identifica-se com os
valores corporativos”.
Z: “Conheço o código, não é eficaz porque as partes não o conhecem, o código não é sequer
considerado, não serve de nada. Mas devia ser considerado, podia criar muito valor. Quanto aos
valores do IPP, igualmente estão decretados, servem para pouco”.
AA: “Conheço os valores e a missão do IPP, o código de ética não é eficaz, resulta essencialmente de
uma ética implementada à força, sem o envolvimento das partes. Ao nível do sistema de valores
penso que estamos na estaca zero”.
Em relação ao grupo de entrevistados estudantes, o seu conhecimento sobre os
valores e princípios corporativos do IPP é muito diminuto afirmando vários
entrevistados que os estudantes desconhecem a existência e conteúdo do código de
ética, assim como os valores corporativos do IPP.
B: “Não conheço o código de ética. Nunca houve iniciativa do IPP na sua divulgação. Também não
conhece os valores e os princípios do IPP”.
L: “Conheço a missão do IPP por varias fontes mas os meus colegas da associação não, por não
estarem ligados a associação de estudantes. O código não conhece”.
H: “O código de ética devia ser mais conhecido, os alunos nem o conhecem. Os alunos estão pouco
envolvidos no sistema de RS. Identifica-se com os valores corporativos mas é necessária mais
comunicação a este nível”.
P: “Não conhece o código nem os valores”.
T: “O código de ética devia ser melhor conhecido por todas as PI. Os alunos que cá ficam só 3 anos são
um problema se não houver divulgação sistemática, necessidade de maior sensibilização e de
formação”.
U: “Não conheço o código nem os valores”.
X: “Os alunos não conhecem o código, há uma necessidade muito grande de sensibilizar de forma ética
os alunos, não só ao nível do código de ética, mas sobretudo ao nível das atitudes e valores. Temos
que sensibilizar os alunos e contribuir para melhorar os aspectos de ética académica e
profissional...”.
Somente 5 entrevistados afirmam conhecer e reconhecer a eficácia do código:
150
D: “Conheço o código de ética, através do livro criado para o efeito e da newsletter e site, penso que é
eficaz. Conhece os valores e princípios e foi envolvido na sua definição. O código reflecte o IPP e
identifica-se com os valores e princípios. Na concepção do código os colaboradores e alunos foram
envolvidas, tendo havido acções de formação e comunicação interna”.
J: “O código está conforme, ele foi divulgado, neste momento já poderia ser de novo divulgado.
Identifico-me com os valores corporativos”.
N: “O código de ética e eficaz e as pessoas foram envolvidas na sua concepção. Reflecte a missão do
IPP, poderia ser mais divulgado mas não vejo necessidade em actualiza-lo”.
R: “A existência código de ética é bom, por ser uma referência, se depois é eficaz depende de cada
pessoa, julgo que reflecte o IPP. Penso que não necessita de uma actualização. Concordo com os
valores corporativos. Maior divulgação”.
S: “A visão e missão do IPP esta divulgada e comunicada no IPP, o código funciona como meio de
divulgação de práticas e facilita a comunicação, facilita um conjunto de exigências até para com
alguns parceiros e fornecedores, pode ser melhorada a sua comunicação e também a dos valores”.
Questão nº 9
O papel da governação do IPP é relevante na promoção de práticas de RS? Como?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados, se consideram
relevante o tipo de governação da IES na promoção de práticas de RS.
Tendo em conta as respostas dos grupos de entrevistados, uma grande maioria
considera que a governação da IES e nomeadamente o seu presidente, são peças
fundamentais na promoção do sistema, tendo sido o presidente quem
estrategicamente iniciou o processo de certificação no IPP e em consequência na
promoção de práticas de RS:
A: “A liderança e a governação são essenciais na adesão aos sistemas de gestão, como o da RS”.
B: “Acho que a governação pode fazer com que haja mais RS e não e só pela certificação mas pela
cultura do IPP.”.
C: “Sim claro é muito importante a governação para a área da RS…”.
D: “O ponto forte da governação do IPP é que há um grande comprometimento com o sistema de RS, o
presidente sempre esteve ligado ao sistema de qualidade e RS, foi um dos seus impulsionadores, a
delegação aos gestores de processo está bem-feita, penso que promove uma cultura de
excelência”.
F: “A governação promove a RS, participa e discute o tema”.
H: “Sem esta governação seria muito difícil em se ter atingido o nível do sistema de RS no instituto”.
J: “A governação actua como modelo de excelência e o seu líder promove pessoalmente a RS no
instituto”.
K: “Sim a governação esta plenamente focada para a questão da RS e anteriormente na área da
qualidade”.
Vários entrevistados afirmam que se identificam com o modelo de liderança da
presidência do IPP, referindo alguns aspectos muito positivos nesta liderança, como a
151
grande disponibilidade e proximidade do líder, a transparência da governação,
comprometimento com os aspectos de RS, gestão rigorosa, envolvimento das unidades
orgânicas, promovendo uma cultura de excelência:
A: “…Aqui no IPP temos um tipo de governação muito transparente e acessível aos vários
intervenientes, quer colaboradores, alunos como unidades orgânicas. Temos uma liderança muito
próxima”.
B: “…conheço a liderança desta escola e também o presidente do instituto e penso que esta
governação é transparente e rigorosa. Considero que existe disponibilidade de toda os
colaboradores, os docentes na maior parte são bons”.
C: “…a governação é transparente, envolve os alunos e funcionários mas poderia envolver melhor,
identifico-me com o modelo de liderança, os pontos fortes desta liderança é a proximidade e o
comprometimento, a gestão rigorosa, o envolvimento das unidades orgânicas na gestão do
instituto, promove pessoalmente o sistema de RS, a comunicação poderia ser melhor”.
G: “A governação é muito importante na adesão a RS no instituto, ela é transparente, penso que
envolve os docentes e não docentes e também os estudantes. Identifico-me com o modelo
partilhado de liderança, promove a RS e a qualidade no IPP, grande abertura e disponibilidade para
receber e envolver as pessoas do IPP”.
H: “Sem esta governação seria muito difícil em se ter atingido o nível do sistema de RS no instituto. A
governação é transparente e envolve as pessoas, mas os alunos não participam, são muito passivos
apesar de serem convidados a colaborar nas reuniões de gestão. Identifico-me com o modelo de
liderança, grande honestidade, rectidão, transparência, tomada de decisão envolvendo todos, fácil
de acesso, proactividade, proximidade”.
J: “…A governação é transparente, envolve funcionários e alunos, eu identifico-me com o modelo de
liderança, grande ligação entre a liderança e as unidades orgânicas. Os valores estão divulgados e
são do conhecimento de todos, docentes e não docentes. Os alunos fazem parte do órgão do IPP. A
liderança central e local motiva e reconhece os funcionários do IPP. O aprofundamento e
consolidação do sistema ainda faltam fazer”.
M: “… na minha opinião é transparente, envolve os alunos e os colaboradores. Identifico-me com o
modelo de gestão, existe abertura e transparência pela presidência, grande ligação com esta
escola, ele promove a RS e também um modelo de excelência”.
O: “A governação promove uma política de RS que é essencial para o sistema de RS. Tenta envolver os
funcionários e alunos mas é difícil, porque existe pouca vontade em colaboração com a
universidade por parte dos alunos e de alguns colaboradores. Foi mais fácil a implementação do
sistema com os não docentes do que com os doentes. Os pontos fortes da liderança são,
dinamismo, transparência, persistência”.
Pelo contrário, alguns entrevistados entendem que a governação do instituto
ou não é transparente ou poderia ser mais, não envolvendo adequadamente
sobretudo os colaboradores não docentes, apontando para a necessidade de uma
melhoria em termos de comunicação interna e externa:
F: “…É transparente mas podia ser mais, tenta envolver funcionários e alunos, mas na prática vários
colegas não se envolvem no sistema por estarem muito afastados. Identifico-me com o modelo de
liderança, mas posso propor melhorias, a representatividade dos funcionários não docentes
152
deveria ser melhor, encarada de outra forma, mais participada, ponto fortes da liderança é o
conhecimento informal de todas as pessoas, ligações informais que são facilitadoras”.
I: “Julgo que a governação não é transparente apesar de tentar envolver os alunos e os colaboradores,
não me identifico com o modelo de liderança. A liderança não apoia os colaboradores, sobretudo
os não docentes, muitas pessoas se queixam mas depois não se manifestam”.
K: “…Falta ainda um grande esforço ao nível da comunicação interna e envolvimento de todos”.
N: “…necessidade de maior comunicação a toda a comunidade académica”.
V: “Não sei se a nossa governação consegue envolver as pessoas, a crise tem limitado bastante a vida
de todo nós. Existe neste momento muito menos motivação para a adesão a determinadas
causas”.
W: “A governação não é muito transparente, há muita informação que não nos chega. Os
colaboradores são parcialmente envolvidos. Existem grandes diferenças entre docentes e não
docentes e mesmo dentro dos docentes essas diferenças são efectivas. A maior área de melhoria
do instituto é a necessidade de maior foco nos colaboradores”.
AA: “A governação não é transparente, normalmente não tenho acesso à informação. O líder tem
muito boa vontade, é visionado e focado em bons resultados pela diferença. Olha mais para o fim
do que para o meio”.
Questão nº 10
Conhece a estratégia da IES? A RS faz parte da actual estratégia? De que forma?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados, se conhecem a
estratégia da IES e em caso afirmativo aferir se a RS faz parte.
Em relação ao primeiro grupo de entrevistados, a sua totalidade conhecem a
estratégia do instituto havendo o reconhecimento de que RS faz parte da mesma,
havendo vários entrevistados que afirmam que a integração estratégica da RS no IPP
sobrepõe-se à certificação, valorizando assim mais a componente de RS contida na
estratégia e identidade do IPP do que a própria certificação do instituto pelo SGRS:
A: “A estratégia possui quatro pilares fundamentais, formação, investigação, internacionalização e
com a gestão interna ligado à sustentabilidade do instituto. A RS faz parte integrante da nossa
estratégia”.
C: “A certificação trouxe vantagens mas não a curto prazo, são todas as PI os beneficiados, a RS é vista
de forma estratégica, mais importante do que a própria certificação. Esta integrada
completamente na nossa maneira de pensar e agir”.
J: “Conheço a estratégia do IPP, a nossa RS é muito para além da questão da certificação, é por
questões estratégicas, penso que está ajustada ao IPP…”
K: “Conheço a estratégia e ela esta adaptada à realidade do IPP. A RS é um dos seus pilares. O sistema
ainda é jovem”.
N: “A estratégia sobrepõe-se à certificação, foi uma opção estratégica, uma consequência de tudo o
tinha sido feito anteriormente à certificação. A estratégia está ajustada aos desafios do sector”.
O: “Conheço a estratégia. Ela em breve vai ser ajustada ao novo ciclo da presidência. Para mim o
sistema é ainda muito jovem, o IPP é muito disperso e não é fácil a informação chegar a todos, os
próprios colaboradores não estão muito interessados nestes assuntos. Os alunos igualmente”.
153
S: “Conheço a estratégia. A estratégia vai se afirmando todos os dias, o presidente é o pioneiro do
tema da RS no IPP. O conselho geral é novo e também vai ajudar na estratégia. Teoricamente podia
até se perder a certificação pelo sistema de RS, que a cultura da RS do IPP não mais se perdia…”.
T: “Conheço medianamente a estratégia e a RS faz parte integral da sua visão. A certificação é menos
importante do que as práticas que já cá existiam. A RS é essencial para a sobrevivência do IPP. O
sistema de RS está parcialmente consolidado, faltando ainda algum tempo para ser mais eficaz”.
X: “Conheço a estratégia. A visibilidade aumentou com a RS, provavelmente aumentou a reputação
mas em termos de crise não é isto que mais vende. A RS não é algo que se veja a curto prazo”.
Observa-se ainda neste 1º grupo a referência por alguns entrevistados de que,
por um lado ainda falta muito que fazer com o actual sistema e por outro que a RS leva
tempo para produzir efeitos.
Em relação ao segundo grupo de entrevistados, a sua quase totalidade afirma
conhecer a estratégia e relaciona a RS à mesma. Vários entrevistados apontam para o
que identificam como “sistema jovem” ou seja defendem que o SGRS ainda não estará
implementado de forma plena pelo facto de ter ainda pouco tempo.
E: “Conheço a missão e visão do grupo, ela esta disponível na internet, afixada em vários locais do IPP
e enviada a cada colaborador e também fomos auscultadas na definição desses valores
corporativos. Os vectores estratégicos são do meu conhecimento, fazendo parte integrante a RS”.
F: “Conheço a estratégia estando a RS integrada nos seus objectivos. A certificação permitiu esta
integração mas é um desafio de todos os dias. O sistema ainda é adolescente, ainda não este
consolidado…”
G: “Sim conheço a estratégia. A RS esta integrada na estratégia através da politica de RS”.
I: “Conheço superficialmente a estratégia do IPP, vejo a RS como estratégica…”
M: “Conheço a estratégia. A nossa RS é para além da certificação, tem a ver com a nossa cultura
interna, podemos estrategicamente vir a ter mais alunos pela via de aumento de visibilidade e
satisfação. O sistema está em fase de consolidação”.
Q: “Conheço os vectores estratégicos do IPP, eles estão ajustados às necessidades do IPP. A RS faz
parte dos seus objectivos”.
R: “Conheço medianamente a nossa estratégia, mas tenho a certeza de que a RS é vista como
fundamental nesta instituição”.
V: “A RS faz parte da estratégia, mas há um défice de comunicação e parte dos intervenientes entram
no processo através da certificação e não da estratégia. É um problema recorrente quer na RS
como na qualidade. Há muita gente que não se sente envolvida nos sistemas integrados”.
W: “Conheço os valores estratégicos do IPP e concordo com eles. A certificação não esta à frente das
práticas e da cultura do IPP. Existe alguma falta de comunicação da IPP para com as suas PI…”.
Y: “Conheço medianamente a estratégia. A RS é claramente estratégica, em grande parte devido ao
líder que criou a qualidade e a RS no IPP”.
Z: “Conheço a estratégia, penso que a RS é algo de estratégico no IPP, se for entendida não como um
conjunto de obrigações legais para se obter a certificação mas como algo bem mais abrangente e
transversal, algo ligado com a nossa responsabilidade para com o desenvolvimento da região. O
sistema é muito jovem, o de qualidade ainda não esta consolidado quanto mais o da RS”.
AB: “Conheço a estratégia. A RS está incluída”.
154
Alguns entrevistados de vários grupos de entrevistados, identificam algumas
dificuldades na implementação da estratégia, nomeadamente a falta de maturidade do
sistema, problemas de comunicação interna e de falta de conhecimento da estratégia,
alguma falta de empenho de colaboradores e estudantes no sistema de RS e os efeitos
da crise que diminuem o investimento na área da RS no IPP:
H: “…O sistema ainda é jovem, alguns programas ainda estão a ser consolidados”.
I: “Conheço superficialmente a estratégia do IPP, vejo a RS como estratégica. Nos últimos tempos tem-
se perdido o entusiasmo e é um pouco por obrigação que se fazem reuniões do grupo. O sistema
não chegou a toda a gente, a estratégia tem sido igual deste do início, sem aparente evolução”.
O: “…Para mim o sistema é ainda muito jovem, o IPP é muito disperso e não é fácil a informação
chegar a todos, os próprios colaboradores não estão muito interessados nestes assuntos. Os alunos
igualmente”.
S: “…Acho que o sistema é ainda jovem, tem um potencial de evolução muito grande, em termos da
sua incorporação nas actividades principais nomeadamente na actividade de ensino, ao nível dos
serviços e processos de apoio já estamos numa fase mais avançada, quase maturação, em relação
aos outros processos essenciais ainda é um sistema jovem”.
V: “A RS faz parte da estratégia, mas há um défice de comunicação e parte dos intervenientes entram
no processo através da certificação e não da estratégia. É um problema recorrente quer na RS
como na qualidade. Há muita gente que não se sente envolvida nos sistemas integrados”.
Z: “…Penso que existem colegas que podem não conhecer a estratégia. Devido aos constrangimentos
financeiros não estamos a conseguir implementar essa estratégia, o obstáculo é a falta de dinheiro,
queremos investigação não temos financiamento, temos que aumentar a qualidade do ensino e
temos restrições nas visitas de estudo. O sistema é muito jovem, o de qualidade ainda não esta
consolidado quanto mais o da RS”.
AA: “Conheço por alto os vectores estratégicos, penso que a estratégia não esta ajustada aos actuais
desafios do sector. A RS é muito importante mas ainda não produziu efeitos para os colaboradores
e alunos”.
Em relação ao grupo dos estudantes observa-se que não conhecem a estratégia
da IES, não sabendo por isso se a RS faz ou não parte da estratégia:
B: “Não conheço a estratégia. Não sei se a RS faz parte”.
L: “Sei que existe mas não conheço. Não sei se a RS esta incluída, mas acho que deveria de estar”.
P: “Não conheço a estratégia do IPP. A RS nesta escola é algo cultural não tanto uma obrigação. A RS
devia de estar integrada na estratégia”.
U: “Não conhece a estratégia”.
155
Figura 24. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Identificação das PI
156
Figura 25. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES - Importância relativa das PI
157
Figura 26. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Funções da IES
158
Figura 27. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão Governação da IES – Identificação valores e código de ética
159
Figura 28. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Compromisso da governação na promoção da RS
160
Figura 29. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Relação da estratégia da IES com a RS
161
Resumo da Análise das respostas
Dimensão – Governação da IES
Pelas respostas dos entrevistados em relação à identificação das PI do IPP, conforme
se pode verificar nas Figuras 24 a 29, o grupo da governação aponta os estudantes e
colaboradores como o principal foco do IPP surgindo a sociedade como a terceira PI.
As respostas dos restantes grupos de entrevistados estão em total convergência o que
poderá indiciar a existência no IPP de uma cultura organizacional de foco nos
estudantes e colaboradores (docentes e não docentes). Por outro lado, o foco na
sociedade esta de acordo com grande proximidade e disponibilidade do IPP para com a
comunidade local. Outras PI são identificadas pelos vários grupos, como sendo
relevantes no âmbito do IPP: clientes no âmbito da prestação de serviços, famílias dos
estudantes, meio ambiente e futuros estudantes.
Quando se questiona os vários grupos de entrevistados sobre a importância relativa
das PI, as respostas são convergentes em apontar os estudantes e colaboradores mas a
este nível surge por parte de vários entrevistados a referência de alguma discriminação
dos funcionários não docentes em relação aos docentes, havendo inclusive a
justificação de se tratar de uma aspecto cultual antigo. Complementado este aspecto é
sugerido por vários entrevistados a necessidade de se ajustar o actual SGRS no sentido
de se incrementar programas dirigidos aos funcionários, tendo em conta que os
actuais programas são essencialmente dirigidos aos estudantes.
Em relação à questão sobre as funções de uma IES, a generalidade dos entrevistados
apontam a docência, referindo ainda alguns que no caso do IPP por se tratar de um
politécnico, este ensino deverá ser diferenciado das universidades, sugerindo que o
ensino seja mais prático e com maior proximidade entre docentes e estudantes e com
uma maior ligação ao tecido empresarial. Em relação a função de extensão do
conhecimento, vários entrevistados referem que esta função esta intrínseca ao IPP
devido ao seu elevadíssimo contributo e relação de interdependência com a
comunidade local. Os entrevistados que referem a função de investigação no IPP
apontam para um tipo de investigação aplicada em contraste com a fundamental das
universidades. Para além das funções apontadas para as IES e que estão em linha com
a revisão da literatura, vários entrevistados apontam a responsabilidade moral e Ética
das IES salientando que esta responsabilidade é supra legal.
Em termos da identidade do IPP, pelas respostas da maioria dos entrevistados, o
sistema de valores do IPP e o seu código de ética ainda não estavam suficientemente
implementados, tendo em conta que dos 28 entrevistados somente 5 reconhecem a
eficácia do código de ética, referindo vários colaboradores, da necessidade do IPP
proceder a uma adequada comunicação (interna e externa) do código de ética e até à
sua actualização, sugerindo que os colaboradores que foram envolvidos na
162
implementação do SGRS possuem mais informação. Em relação aos estudantes, o seu
conhecimento sobre o sistema de valores, princípios e código de ética é praticamente
nula, demonstrado aquando da entrevista o desconhecimento da sua existência.
Quando auscultados sobre o papel da governação na promoção de práticas de RS no
IPP, uma maioria de entrevistados refere a elevada determinação e cumplicidade da
governação nomeadamente do seu presidente na implementação do SGRS e em
consequência dos programas de RS previstos. Por outro lado vários entrevistados
apontam aspectos muito positivos da actual presidência, tais como a grande
disponibilidade e proximidade, transparência da governação, identificação com os
princípios de RS e o envolvimento com as unidades orgânicas. Outros entrevistados
não estão de acordo com esta opinião referindo que a governação poderia ser mais
transparente e com melhor nível de comunicação corporativa, conciliando melhor os
interesses dos funcionários não docentes.
Quanto aos aspectos relacionados com a estratégia do IPP, a totalidade dos
entrevistados pertencentes à governação conhecem a estratégia e sem hesitação
referem que a RS está integrada tanto na estratégia como na cultura do instituto,
realçando que antes mesmo da implementação do SGRS já a RS fazia parte da sua
identidade. Alguns destes entrevistados afirmam que o SGRS ainda esta numa fase
inicial pelo que não se atingiu ainda os resultados expectáveis. Esta perspectiva da
existência de um SGRS ainda pouco “maduro” é integralmente acompanhada pelos
entrevistados do segundo grupo e por outros colaboradores. No caso dos estudantes,
tal como se verificou em outras áreas analisadas anteriormente, existe um total
desconhecimento por este grupo de entrevistados da existência de uma estratégia e
de esta conter ou não aspectos de RS.
6.1.4.2.3. Dimensão – Desafios da Instituição de Ensino Superior
Na sequência dos constrangimentos e tendências no ES em Portugal, anotados
no quarto capítulo, as IES do interior de Portugal atravessam um conjunto de
dificuldades acrescidas pelo facto de lhes faltar estudantes para o normal
desenvolvimento das actividades lectivas. Tendo em conta o elevado contributo que
estas IES geram no desenvolvimento da comunidade local, torna-se relevante a sua
governação encontrar formas alternativas, mas complementes, para a sustentabilidade
económico financeira destas instituições.
A RS associada à diversificação das fontes de receita das IES é assim vista como
uma alternativa que cria valor de forma transversal nas PI internas e externas.
163
Questão nº 11
Quais as tendências no ensino superior? Os actuais problemas estratégicos e
operacionais do IPP relacionam-se com as tendências? De que forma?
Pretende-se com esta pergunta, aferir as actuais tendências no ensino superior
e relacioná-las com os problemas estratégicos e operacionais que a IES apresenta de
acordo com os entrevistados auscultados.
Tendo em conta as respostas mistas dos vários grupos de entrevistados, na sua
maioria aponta para a falta de alunos como a principal tendência do sector de ES, o
que implica, segundo os mesmos, a necessidade de redefinição da estratégia das IES
de forma a aumentar a captação de novos alunos, potenciando a formação ao longo da
vida. Como outras tendências do ES apontam a necessidade da internacionalização das
IES, a reorganização da rede de ES com uma desejável oferta conjunta entre
universidades e politécnicos de forma a minimizar a actual duplicação de cursos e a
dinamização da prestação de serviços à sociedade em geral e em particular às
empresas como função do desenvolvimento regional:
A: “Em termos de tendências do ensino superior, deparamo-nos com uma acentuada falta de alunos
todos os anos, pela via de menor nº de alunos a se candidatarem e pela via de menor vagas ao
ensino superior público. Temos que captar mais alunos, em todos os ciclos, formação ao longo da
vida, alunos oriundos de mais locais. Temos que dinamizar a prestação de serviços tanto às
empresas como à comunidade promovendo o desenvolvimento regional…”
C: “Falta de alunos. Neste momento há áreas que são comuns entre politécnicos e universidades e por
isso estão a competir entre si o que é um erro, exemplo do ensino de turismo e contabilidade.
Procura de novos públicos, alunos da via profissional, estes que têm uma equivalência ao ensino
superior pode-se qualificar um técnico superior que não é licenciado com cursos superiores
especializados de 2 anos, que já existem no estrangeiro. As políticas de vagas da tutela têm sido
sempre prejudiciais para nós”.
F: “Quanto às tendências do ensino superior, temos falta crescente de alunos e em consequência
problemas de sustentabilidade financeira do IPP…”
H: “Criar parcerias para rentabilizar os recursos, entre as IES de Évora, Portalegre e Beja, vamos ter que
nos entender, provavelmente haverá algumas fusões, em Lisboa já houve uma fusão, vai haver uma
reorganização da rede, já temos parcerias com Espanha portanto a internacionalização também já
começou. A certificação trouxe vantagens significativas para o IPP, pelos programas de RS, o
gabinete psico-pedagógico é muito importante...”.
I: “Deve haver uma reorganização da rede do ES, com uma aposta mais forte nos politécnicos de
formação técnica, para mim não faz tanto sentido haver aqui oferta de mestrados. Para se ter
futuro é preciso diferenciação, focada para a especialização técnica, o que se lecciona aqui não se
deve leccionar aqui perto, a proximidade geografia tem que implicar diferenciação…”
J: “Dinamização da rede de ES, entre Évora, Beja e Portalegre. Já temos exemplos de mestrados em
rede, com o contributo da A3ES este trabalho em rede tem que ser feito de forma mais incisiva…”
164
K: “Existe uma rivalidade na rede do ES o que é errado. Não devemos estar em competição com as
universidades, o curso de hotelaria e de animação sociocultural não deviam estar em Évora, a
diferenciação de cada IES é fundamental, não duplicação da oferta. Falta de alunos, desertificação
da região, já estamos a caminho da internacionalização”.
M: “A reorganização da rede de ensino superior e a sua definição deve caber às instituições alvo. Penso
que não deve haver duplicação de oferta, devemos tomar a iniciativa para diferenciação do IPP,
devem haver parcerias entre universidades e politécnicos…”
N: “Dinamizar a internacionalização e as redes do ES. Captação de mais estudantes…”
O: “Em termos de rede do ES, há a necessidade de maior negociação entre as várias IES em termos de
oferta formativa, pode haver fusões, para já a fusão não está em cima da mesa, mas esta rede de
IES, com uma oferta integrada é muito importante…”
Em termos de problemas estratégicos e operacionais apontados para o IPP, os
entrevistados não estudantes, referem como principais problemas a sustentabilidade
financeira do IPP que está ameaçada, a oferta duplicada de cursos entre universidades
e politécnicos, a necessidade da governação do IPP em melhorar o envolvimento dos
estudantes e colaboradores em geral e em particular os não docentes, havendo alguns
docentes que se queixam em termos da segurança do seu posto de trabalho e as
consequências da alteração da carreira do docente nos politécnicos. Por outro lado,
em termos de características endógenas da região, referem uma grande escassez de
empresas na região, falta de acessibilidades, desertificação humana com uma elevada
falta de natalidade e a existência de uma população muito envelhecida:
A: “…Existe alguma resistência interna às mudanças que temos pela frente, temos muitos problemas
financeiros, por restrições do governo e de falta de alunos, mudanças de políticas inesperadas e
repentinas, grande desequilíbrio entre litoral e interior, o litoral tem hoje 90 % dos alunos o interior
10%, temos muito mais vagas do que candidatos o que quer dizer que é como se não houvesse
numerus clausus, o problema é que a oferta no litoral é tão grande que cabem lá todos”.
F: “...Quanto aos problemas, deveria haver maior atenção para com os colaboradores não docentes,
maior envolvimento pela direcção”.
H: “…Temos vários problemas, interioridade, acessibilidade, vias de acesso, desertificação humana”.
I: “…Desertificação, falta de alunos, internamente há alguma áreas com poucos colaboradores,
limpeza e manutenção sobretudo, áreas muito sensíveis porque mexe com a satisfação de
necessidades dos alunos e colaboradores. Maior foco nos colaboradores sobretudo não docentes”.
J: “…Problemas de duas fontes, restrições externas que nos afectam a nós e a todas as IES, restrições
de ano para ano que levam a grandes desafios na gestão das IES e levam a repensar nas suas áreas
de intervenção e a sua matriz, problemas geográficos, desertificação, reduzidos nº de alunos que
terminam o secundário que poderia alimentar o IPP”.
M: “…A interioridade, as acessibilidades, são problemas nossos. Muito pouca ou nenhuma indústria,
falta de alunos, parte dos docentes acomodaram-se e não dinamizaram outras redes, níveis de
literacia muito baixos na população, alguma tendência para dizer mal da própria terra, é cultural.
Temos que captar mais alunos”.
N: “…A alteração da carreira do docente dos politécnicos, com a obrigatoriedade do doutoramento
constitui um problema porque temos que ir para fora fazer esse grau e inverte a lógica do docente
mais profissional do que académico”.
165
O: ”…Os principais problemas são financeiros em consequência da falta de alunos”.
Em relação às respostas dos estudantes, verifica-se que 3 entrevistados não
conhecem as actuais tendências no ensino superior e 1 estudante aponta como uma
única tendência a falta de alunos nas IES. Em relação aos problemas apontados, os
estudantes referem alguns problemas de qualidade do ensino, relacionados com a
qualidade de alguns docentes e de alguns serviços e falta de espaços para estudar do
instituto. Por outro lado, apontam a necessidade de haver maior promoção do IPP
junto dos estudantes do ensino secundário. Um estudante aponta também a falta de
acessibilidades à cidade:
B: “A principal tendência é a falta de alunos. A qualidade do ensino tem que melhorar, não damos
algumas matérias que eu acho que seriam importantes, melhorar alguns docentes e alguns serviços
do instituto”.
L: “Não conheço as tendências. Quanto a problemas, existem alguns casos de falta de qualidade do
ensino do IPP, há alunos que necessitam de fazer 19 vezes um exame para passar à cadeira, não faz
sentido esta retenção de alunos. Há bons professores mas também maus”.
P: “Não sabe quais as tendências, acessibilidade à cidade é difícil, pouca promoção do IPP para com os
estudantes do secundário para promover os nossos cursos”.
U: “Não sabe quais as tendências, existem algumas faltas de condições nas escolas, com é o exemp lo
de alguns horários de espaços para estudar, não ajustados às nossas necessidades”.
Questão nº 12
Para além do contributo do orçamento do estado identifica outras fontes de
financiamento do IPP? Quais?
Pretende-se com esta pergunta, identificar junto dos entrevistados, eventuais
fontes de financiamento alternativas às verbas do orçamento do estado que
constituem a principal receita da IES públicas.
Tendo em conta as respostas indiferenciadas dos vários grupos de
entrevistados, vários defendem que o IPP deve desenvolver esforços para aumentar as
suas receitas próprias e assim minimizar a actual dependência financeira do orçamento
do estado, através da prestação de serviços ao tecido empresarial e comunidade local,
maior empenho na criação de parcerias estratégicas com ofertas formativas conjuntas
nacionais e internacionais, pelo aumento de captação de estudantes e a possibilidade
de existir políticas da tutela que façam uma discriminação positiva para com as IES do
interior, havendo um entrevistado que defende que a RS pode ajudar a captar mais
estudantes:
166
A: “Sim, temos que apostar na prestação de serviços diversos, tanto à comunidade como às
empresas…”
C: “Muito grande o potencial que temos no IPP. A nossa dependência do orçamento do estado é cerca
de 70 a 80 % e a maior parte é para pagar vencimentos. Temos que aumentar muito as receitas
próprias, através de parcerias nacionais e internacionais”.
D: “O nosso papel já é muito importante. Mas a nossa dependência financeira da tutela também é
muito elevada. Temos que apostar na transferência de tecnologia para o tecido empresarial”.
F: “Podemos aumentar a área da prestação de serviços para vários públicos, tanto empresas regionais
como para a comunidade local”.
J: “Através da definição de parcerias locais e regionais. Temos que aumentar a nossa ligação com o
tecido empresarial. Temos que diversificar a nossa oferta”.
N: “Temos que continuar a criar parcerias locais mas também nacionais e internacionais, para
aumentar as nossas receitas. Também através do aumento e diversificação das receitas podemos
aumentar as receitas”.
O: “Penso que a RS pode trazer mais alunos e aumentar a nossa visibilidade. Criar parcerias com outras
instituições para se ter uma oferta mais abrangente”.
T: “Temos que continuar com as nossas parcerias regionais. A tutela deveria fazer discriminação
positiva e compensar-nos pelo nosso papel no desenvolvimento regional”.
Z: “Maior captação de alunos, formação ao longo da vida, mais parcerias estratégicas locais e
nacionais. Temos algumas coisas feitas com os Espanhóis aqui de Badajoz”.
Por outro lado, uma parte significativa de entrevistados, apesar de assumirem o
elevado contributo do IPP na região e de entender que existe a necessidade de se
aumentar as receitas próprias, não sabe de que forma, afirmando que a RS leva muito
tempo a produzir efeitos:
B: “Não sei”.
E: “Sei que a nossa dependência financeira do orçamento do estado é muito elevada. Não sei como
podemos aumentar as nossas receitas próprias, mas deveríamos o fazer”.
G: “A RS funciona a médio prazo por isso para já não podemos contar com essa vertente de aumento
das nossa receitas. Não sei como o fazer”.
H: “A nossa contribuição para a região é elevadíssima, mas temos que aumentar as nossas receitas
próprias porque a tutela cada vez retira-nos mais verbas do orçamento e estamos sempre em
grande stress financeiro. A prestação de serviços tem que ser a via. Não sei como”.
I: “O nosso contributo é muito significativo, empregamos muitas pessoas, se isto fecha é muito
complicado para a região. Temos uma grande dependência do OE. Devíamos aumentar as nossas
receitas mas julgo que não o sabemos fazer, por não estamos preparados. Temos uma cultura de
dependência do estado. É muito complicado alterar isso”.
U: “Não sei como”.
W: “Não sei como”.
Y: “Não sei como”.
167
Questão nº 13
Na sua opinião as políticas da tutela estão ajustadas aos desafios das IES do interior?
Como?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados a sua opinião
sobre a adequabilidade das políticas da tutela tendo em conta os desafios das IES do
interior do país.
A maioria das respostas dos vários grupos de entrevistados convergem em
apontar para a falta de adequação das políticas governamentais para fazerem face aos
desafios das IES do interior, nomeadamente a existência de um apolítica de vagas que
não favorece o IPP, a não valorização do contributo do IPP para o desenvolvimento
regional, a existência de mudanças repentinas das politicas estatais e de uma forma
estrutural, a existência de grandes desequilíbrios entre litoral e interior:
A: “Não, de todo, estamos muito condicionados com as politicas da tutela para o sector, as politicas de
vagas são quase sempre desvantajosas para o IPP, continua a haver um grande desequilíbrio entre
o nº de vagas e o nº de candidatos, temos muito mais vagas do que candidatos o que quer dizer
que é como se não houvesse numerus clausus…”
C: “As IES do litoral tem como problema as IES do privado, nós aqui não temos isso, hoje é mais barato
ficar no privado no litoral do que ir para o interior, a tendência é o ensino público aumentar vagas
para combater o privado. Quanto mais vagas menos alunos vão para o privado, isto é o oposto no
interior, aqui seria as vagas estarem muito próximas dos candidatos. Portanto a politica da tutela
de abrir mais vagas é muito mau para nós”.
D: “Não há o reconhecimento do nosso contributo ao nível da sociedade”.
E: “Temos um contributo na sociedade muito relevante mas que não é reconhecido pela tutela”.
F: “As politicas da tutela têm sido ausentes em relação as IES do interior”.
H: “Quase nada. Damos muito a sociedade local, por vocação e por cultura própria mas ninguém da
tutela nos valoriza isso. Seria muto ajustado haver uma discriminação positiva para todas as ES do
interior”.
M: “As tutelas têm tratado mal o ensino politécnico, elas não têm funcionado como reguladores. O
objectivo do politécnico é diferente da universidade e a tutela deveria saber disso. Não há uma
descriminação positiva das IES do interior, devemos tomar a iniciativa para diferenciação do IPP. A
tutela não tem uma atitude de RS, não consegue discriminar positivamente as IES que promovem o
desenvolvimento regional”.
N: “Pelo contrário, por vezes até parece que nos dificultam a vida pelo fato de sermos do interior. Não
existe responsabilidade social na tutela”.
O: “Nenhuma contributo só dificuldades acrescidas pelas medidas não responsáveis para com o
interior”.
Q: “Falta de discriminação positiva nas IES do interior, sofremos muito da falta de políticas que nos
ajudem, a tutela não tem nenhuma atenção pelas IES do interior”.
R: “Damos um contributo muito grande para a região, não conheço grandes medidas da tutela para
compensar essa ajuda”.
168
T: “Não estão ajustadas, a tutela só nos dificulta com as suas politicas de vagas e de não valorizar o
nosso papel na região, assim vai continuar haver uma crescente desertificação do interior”.
Em relação às respostas dos estudantes, verifica-se que nenhum tem uma
opinião sobre o assunto.
B: “Não sei”.
L: “Não sei”.
P: “Não sei”.
U: “Não sei”.
Questão nº 14
Na sua opinião, os actuais problemas e desafios identificados podem ser minimizadas
através de práticas de RS? Como?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados se na sua
opinião os actuais problemas e desafios identificados podem ser minimizadas através
de praticas de RS nas IES.
Em relação às respostas dos entrevistados do primeiro grupo, é unânime a
percepção de que as práticas de RS têm potencial para minimizar alguns
constrangimentos do IPP em resultado das tendências do ES, nomeadamente aqueles
que se inserem no âmbito da gestão interna e externa do IPP, dependendo assim mais
da sua governação do que de factores exógenos, independentes da sua actuação como
por exemplo, os problemas estruturais com que se depara a cidade e a região. Desta
forma os entrevistados referem que ao nível destes factores exógenos, terá que ser a
tutela a intervir, não tendo a RS nem a governação do IPP meios para o fazer. Por
outro lado, surge de novo a percepção de alguns entrevistados de que a RS produz os
seus efeitos a médio longo prazo, coincidindo assim com a revisão de literatura.
A: “Pode, de uma forma interna e externa. Pelo fato de sermos pequenos, podemos ter uma relação de
maior proximidade para com os alunos e colaboradores, maior disponibilidade para encontrar
soluções informais de que de outra forma seriam mais difíceis. Encontrar um maior envolvimento
interno e externo, mesmo ao nível da maior afectividade uns com os outros. Esta nossa
característica é um factor de diferenciação. A certificação tem o valor que tem, para mim é só para
nos impor uma disciplina interna, com a implementação e monitorização dos programas de RS. A
RS internamente leva a que os colaboradores tenham que cumprir o nosso código de ética, tenham
que praticar a responsabilidade de uns para os outros, aumentar o valor da segurança interna e da
maior proximidade”.
C: “Claro que pode, porque a prática da RS esta na atitude cultural, pode fazer com que o IPP se
diferencie de outras instituições e traga mais alunos para aqui. A região olha para nós de uma
169
forma mas confiante e comprometida, os pais dos alunos residentes na zona, confiam em nós
porque os seus filhos são aqui muito bem tratados e em consequência pode atrair novos alunos”.
J: “Pode claramente dar respostas, sobretudo pelos valores que estão na RS, por exemplo o caso dos
alunos com problemas de pagamento de propinas, o SAS podem actuar nos casos mais
complicados. Mas a RS não consegue dar resposta a problemas estruturais, só a tutela”.
K: “A RS pode ajudar numa dimensão pequena, a maior parte dos problemas do IPP estão do lado da
tutela por serem de ordem financeira ou estrutural”.
N: “A RS pode contribuir para a resolução de alguns problemas desde que a estratégia do IPP permita
potenciar os parceiros locais, num projecto integral e conjunto, onde o IPP, a câmara, o hospital e
outros, façam todos parte. Se houver maior envolvimento interno para com os colaboradores e
alunos, pode sem duvida minimizar alguns problemas do IPP. A certificação trouxe vantagens ao
nível da nossa visibilidade para o exterior, mas ainda e cedo para grandes conclusões”.
O: “Em termos financeiros não vejo como, com esta redução de procura por parte de novos alunos a
nossa situação é muito complicada. Se conseguirmos encontrar forma de aumentar a satisfação
dos alunos internamente pode ser uma forma de atrair novos alunos. A certificação trouxe
vantagens, o público em geral vê a certificação como um prémio, o que é bom, em termos internos
tornou os colaboradores mais atentos aos seus colegas e alunos, estamos mais atentos e
preocupados com o bem do aluno e do instituto. O SAS tem melhorado muito em termos de
tratamento aos alunos”.
S: “Penso que sim se houver uma melhoria ao nível da comunicação externa e interna relativa aos
programas de RS que já temos e numa maior implementação do sistema de RS, que na minha
opinião ainda esta numa fase inicial. Podemos atrair mais alunos através do aumento da satisfação
dos alunos do instituto”.
T: “Sim a RS pode ajudar a atenuar alguns problemas, se conseguirmos um maior envolvimento com os
colaboradores e alunos. Aumentar o espírito de família aqui dentro. Apesar da redução dos salários
no IPP, há coisas que se podem fazer para nos motivar, tolerância na pascoa e no dia de anos, fazer
protocolos para descontos, maior envolvimento com os colaboradores, a RS pode neste aspecto
ajudar o IPP”.
X: “As práticas de RS levam muito tempo para produzir efeito, de forma interna e externa, enquanto
que basta uma pequena mudança nas políticas desajustadas da tutela que destrói logo meses de
trabalho ao nível da RS. É muito complicado mas a RS faz parte do IPP, com ou sem esta tutela”.
Um conjunto de entrevistados pertencentes a vários grupos, entende que a RS
tem pouca ou nenhuma possibilidade em resolver os actuais problemas ou porque
estes são estruturais ou do âmbito da tutela ou ainda porque o efeito da RS é muito
lento o que reforça parcialmente a ideia do grupo da governação:
E: “Nós entendemos que sim, se assim não fosse não se tinha aceite este desafio da certificação do
instituto pela norma de RS. O problema é que a conjuntura económico financeira actual não ajuda
a ter resultados mais rápidos, através dos nossos programas de RS. A RS leva tempo para ter efeito
e algumas medidas da tutela são muito prejudiciais a instituição”.
H: “…Em termos de acessibilidades à cidade e outros problemas mais estruturais é complicado a RS
fazer alguma coisa porque na sua maioria não depende de nós localmente resolver estes problemas
que são regionais”.
I: “Na minha opinião a RS não pode dar respostas aos problemas que temos”.
170
K: “A RS pode ajudar numa dimensão pequena, a maior parte dos problemas do IPP estão do lado da
tutela por serem de ordem financeira ou estrutural”.
V: “Não sei como a RS pode resolver os nossos problemas visto que a maior parte dos problemas só
dependem de uma adequada política da tutela”.
W: “A RS implica investimento e como se sabe não há recursos financeiros para esse fim. Pode haver
boas ideias nesta área mas é necessário dinheiro para fazer essas coisas, há ideias brilhantes mas
têm custos. Por isso que pouco podemos fazer”.
X: “As práticas de RS levam muito tempo para produzir efeito, de forma interna e externa, enquanto
que basta uma pequena mudança nas políticas desajustadas da tutela que destrói logo meses de
trabalho ao nível da RS. É muito complicado mas a RS faz parte do IPP, com ou sem esta tutela”.
AA: “Não, sem financiamento a RS não pode resolver os nossos problemas”.
Em relação às respostas dos estudantes, verifica-se que um deles identifica a RS
como um meio para atrair mais estudantes, enquanto que os restantes três não sabem
de que forma a RS pode resolver os problemas do IPP. Alguns entrevistados referem
que os estudantes estão muito afastados da área da RS do IPP e que desconhecem o
sistema e os programas de RS:
B: “A RS pode ajudar para atrair mais alunos, penso que esta a acontecer pelo menos nesta escola, é
uma escola pequena em que todos nos conhecemos uns aos outros, é mais fácil o relacionamento
entre alunos nestas condições”.
L: “Não sei como”.
P: “Não sei como a RS pode resolver os nossos problemas. Acho que a certificação é sempre uma mais
valia. Os alunos deveriam de ser os mais interessados, mas sentimos a RS de forma muito distante e
desconhecida, mais de 50% dos estudantes nem sabe quem é o presidente do instituto. Os
estudantes estão muito desinteressados por estas temáticas e apesar disso tenho conhecimento
que algumas iniciativas de RS são dirigidas para nós”.
U: “Acho que sim mas não sei como”.
171
Figura 30. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Desafios do IPP -
Relação das tendências do ES com os desafios da IES
172
Figura 31. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Desafios do IPP – Fontes alternativas de financiamento da IES
173
Figura 32. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão -Desafios do IPP –Impacto das políticas da tutela no contexto das IES do interior
174
Figura 33. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Desafios do IPP – Reconhecer nas práticas de RS formas de minimizar os desafios da IES.
175
Resumo da Análise das respostas Dimensão – Desafios da IES
Os diversos grupos de entrevistados, de forma indiferenciada, apontam como principal
problema do IPP a falta de estudantes, conforme se pode verificar nas Figuras 30 a 33,
implicando uma actual tendência no ES que consiste na aplicação de estratégias de
captação de estudantes nos vários ciclos de estudos e ao longo da vida. Referem
outras tendências do ES como a necessidade de internacionalização das IES com vista a
criar sinergias com IES homologas estrangeiras, a reorganização da rede de ES com a
desejável oferta conjunta de formação, a dinamização da prestação de serviços e
outras formas de aumentar a autonomia financeira das IES e o contributo para o
desenvolvimento das comunidades locais.
Para além da falta de estudantes, os entrevistados apontam como problemas
estratégicos e operacionais no IPP a difícil situação da sustentabilidade financeira em
resultado de uma deficiente regulação do ES em Portugal (Capítulo 4). Apontam
igualmente a existência de oferta formativa duplicada entre politécnicos e
universidades criando alguns casos de concorrência. Em termos internos, sugerem a
necessidade de se melhorar o envolvimento dos funcionários não docentes e as
consequências da alteração da carreira dos docentes nos politécnicos. Outros
constrangimentos são levantados mais ao nível das características endógenas da
região, com um baixo nível de natalidade e em consequência menor número de
estudantes potenciais, grande falta de investimento privado e público na região e
existência de uma população envelhecida. Por parte dos estudantes, mantêm-se a
tendência de um certo afastamento do IPP em demonstrar que não têm conhecimento
das tendências do ES e apontando como problemas, alguns casos da alegada falta de
qualidade de ensino.
Relativamente à questão sobre a diversificação de fontes de financiamento das IES, os
diferentes grupos de entrevistados apontam para a possibilidade de se aumentar a
prestação de serviços com as empresas e comunidade, potenciar as parecerias com a
rede de ES de forma a aumentar as ofertas formativas em consorcio, continuar o
trabalho no âmbito do desenvolvimento regional, potenciar as RS de forma a melhorar
a visibilidade do IPP e propor à tutela que execute politicas de ensino com
discriminação positiva para as IES do interior. Os estudantes não apresentaram
nenhuma sugestão sobre esta temática.
Quando se interrogou sobre a adequabilidade das políticas da tutela aos desafios das
IES do interior continental, as respostas são coerentes com outras questões anteriores,
demonstrando uma quase unanimidade em afirmar que a tutela não tem em conta o
contributo das IES do interior no desenvolvimento regional, podendo esta promover
políticas de discriminação positiva, minimizando os actuais constrangimentos
176
estruturais. Os entrevistados estudantes não apresentaram qualquer tipo de opinião
sobre a matéria.
Quando se questiona sobre a possibilidade das práticas de RS poderem minimizar
alguns dos desafios e tendências apontadas anteriormente, o grupo de entrevistados
pertencentes à governação de forma unânime defende que sim mas em relação aos
constrangimentos relacionados com a gestão interna e externa do IPP não podendo a
RS fazer face a problemas estruturais apontados. Por outro lado existe a percepção
generalizada que as práticas de RS são uma estratégia de médio longo prazo, não de
curo prazo. Quanto aos estudantes, um dos entrevistados referiu que a RS
aumentando a visibilidade do IPP poderá levar a captar mais estudantes. Em relação
aos restantes 3 não se obteve nenhum contributo.
6.1.4.2.4. Dimensão – Impactes das práticas de Responsabilidade Social na
Instituição de Ensino Superior
Questão nº 15
O IPP cria impactes económicos e sociais relevantes na região? Quais?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados, se consideram
que o IPP cria impactes económicos e sociais relevantes na região.
Os vários grupos de entrevistados de forma unânime, referem o elevadíssimo
contributo social, económico e cultural dinamizado pelo IPP na região, afirmando
inclusive que caso a instituição fosse encerrada seria catastrófico para a região. Alguns
entrevistados referem que o IPP ainda poderia criar maior impacte:
C: “Muito grande, o impacte é fundamental para a manutenção desta cidade e mesmo da região.
Somos uma IES fundida no tecido social”.
D: “É muito importante o impacte, temos milhares de alunos, e centenas de trabalhadores e famílias.
Criamos um impacte económico muito grande mas o social talvez seja ainda maior”.
F: “Impacte muito grande, muitíssimo relevante para a região. A prestação de serviços pode ainda
aumentar mais esta ligação para com a população mas também com as instituições e empresas.
Impacte social e económico”.
H: “Muito grande o impacte social e económico, é um grande factor de desenvolvimento regional. O
instituto está por trás de grande parte das iniciativas sociais da região, temos vários colaboradores
que prestam voluntariado em IPSS. Em termos económicos somos um dos maiores contributos para
a economia regional”.
I: “Impacte social e económico é muito significativo, dá emprego a muitas pessoas, se isto fecha é
muito complicado”.
M: “Sim, damos um muito grande contributo, nas várias dimensões não só económica e social. Seria
uma catástrofe para todo o distrito se a instituição fechasse, o distrito ficava muito mais pobre em
termos de cultura e sociais. Mas podia criar maior impacte”.
177
N: “Cria muito grande impacte social, cultural e económico. Mas vamos criar ainda maior”.
O: “Penso que sim, pela população que traz, estudantes depois pelos docentes, vários empregos que
cria, docentes e não docentes. Mas pode ser maior”.
R: “Sim é muito importante. Insubstituível tanto a nível social como económica”.
S: “É determinante o impacte. Social, cultural, económico. Mas claro que podia ser maior”.
T: “Muito grande, todo o tecido empresarial esta relacionado directa ou indirectamente com o IPP.
Somos a meu ver insubstituíveis”.
W: “Muito importantes, 3000 alunos mais de 400 docentes, aspectos económicos com fornecedores e
também ao nível social, com um contributo enorme para as populações”.
X: “O IPP é dos maiores empregadores por isso têm um impacte insubstituível. Mas podia ser maior”.
Questão nº 16
Quais são os principais focos das práticas de RS no IPP?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados, quais são os
principais focos das práticas de RS no IPP.
A totalidade dos entrevistados aponta os estudantes como o principal foco das
práticas de RS na IES e logo de seguida a sociedade, significando que na opinião dos
entrevistados, a PI colaborador não tem sido uma das principais visadas na política de
RS do instituto:
B: “Os alunos”.
D: “Alunos e sociedade”.
G: “Alunos”.
H: “Alunos e sociedade”.
L: “Alunos”.
M: “Alunos e sociedade”.
N: “Alunos e sociedade”.
P: “Alunos e sociedade”.
Q: “Alunos”.
R: “Alunos”.
T: “Alunos e sociedade”.
U: “Alunos e sociedade”.
V: “Alunos e sociedade”.
W: “Os alunos e a sociedade são os mais favorecidos pelo sistema de RS…”
X: “Alunos e sociedade”.
Z: “Alunos e sociedade”.
AA: “Alunos e sociedade”.
Vários entrevistados apontam para a necessidade de se incrementar o foco dos
programas de RS nos colaboradores do IPP:
178
A: “O principal foco dos programas de RS são os alunos depois a sociedade e por fim os colaboradores.
Mas os programas ainda não chegam a todas as PI, o que esta mais em falta é o foco nos
colaboradores. Penso que é aqui que mais temos que melhorar”.
F: “No actual estado do sistema são os alunos e a sociedade envolvente as PI que mais recebem em
termos de programas de RS, os funcionários ainda recebem muito pouco. E dentro dos funcionários
os não docentes são os que menos recebem”.
I: “Os principais beneficiados do sistema de RS são os alunos e sociedade. Quanto aos colaboradores
não há muito feito”.
W: “Os alunos e a sociedade são os mais favorecidos pelo sistema de RS, seria importante que a
politica de RS fosse mais ajustada às necessidades dos colaboradores”.
Questão nº 17
Que vantagens para esta IES na adopção de práticas de RS? Estas práticas aumentam a
reputação e a confiança dos estudantes e colaboradores no IPP?
Pretende-se com esta pergunta, identificar junto dos entrevistados, quais as
vantagens para a IES na adopção de práticas de RS e se estas criaram maior reputação,
confiança e competitividade no IPP.
Em relação ao grupo de entrevistados do 1º grupo, as respostas são unânimes
em apontar uma melhor visibilidade externa e também interna em resultado das
práticas de RS no IPP referindo igualmente na sua percepção de que a confiança e a
reputação do IPP melhoraram consideravelmente, em resultado do sistema de RS.
Apontam outras vantagens tais como a maior união e envolvimento entre os
colaboradores das várias unidades orgânicas do IPP, a maior normalização de
processos chave do instituto, estando agora mais claros e transparentes e o aumento
no foco no estudante. Referem de novo que as políticas da tutela são uma grande
ameaça e força oposta às práticas de RS:
A: ”…Tornamo-nos internamente mais unidos. Pretendemos que os estudantes numa primeira linha
sintam esse reforço da nossa parte, sejam bem acolhidos, bem tratados, é sinal de alguma
eficácia…A reputação interna e externa melhoraram assim como a confiança e a visibilidade
externa…”
C: “…existiu uma melhoria em termos de processos chave que estão agora mais claros e transparentes
mas neste momento devido às reduções salariais, as pessoas ganham menos e contra isso é muito
difícil de compensar com a RS. O IPP com o sistema de RS tem uma projecção externa
completamente diferente, muito maior, aumentou a sua reputação e imagem especialmente
externas. Não sei se estamos mais competitivos”.
J: “O reconhecimento externo aumentou muito, houve uma incorporação das práticas de RS nos nossos
hábitos de uma forma formal. Por isso houve vantagens internas mas mais externas pelo aumento
da nossa visibilidade. Por isso em termos de visibilidade e reputação sem dúvida, toda a
comunidade olha para nós com maior confiança…”.
179
K: “A certificação trouxe vantagens…o IPP hoje esta muito melhor visto pelas PI externas, tendo
melhorado em muito a sua visibilidade. Em termos de reputação e confiança, claramente ganhou
outra dimensão, várias entidades convidam-nos sistematicamente para os seus eventos. Mas ainda
se tem que promover maior proximidade entre o IPP e as entidades de referência da zona. Acho que
esta mais competitivo em resultado deste aumento de reputação e confiança”.
N: “…Pela maior visibilidade com o exterior a nossa reputação subiu, tem havido maior partilha de
valores corporativos pelos parceiros, o que leva a maior confiança e cumplicidade com o instituto.
Internamente há muito que fazer. São por isso mais vantagens externas do que internas...”.
O: “Existem várias vantagens para o IPP com os programas de RS, mas muitos destas vantagens
necessitam de tempo para se quantificarem. Temos hoje muito maior visibilidade regional e
nacional. Temos maior reputação com os nossos pares assim como maior confiança.
Competitividade ainda não sei, porque isto leva tempo e as políticas estatais estão normalmente
em contra corrente”.
S: “Não tenho grade certeza sobre o impacte da certificação em si mas das práticas de RS sem dúvida,
pela maior satisfação interna e pelo maior reconhecimento pelas PI, essencial para se conquistar
vantagem competitiva. Aumento de reputação externa e interna e também de confiança com as
PI…”.
T: “A principal vantagem da certificação é o aumento da nossa visibilidade… os alunos é que não estão
tão despertos para os programas de RS, a actual divulgação não é suficiente, eles não se envolvem
como deviam. Temos que criar maior visibilidade interna e externa dos programas e do sistema de
RS. Também a reputação melhorou bastante, mais o aumento da reputação externa do que o
aumento de competitividade…”
X: “O sistema de RS melhorou alguma visibilidade do IPP, as práticas internas ficaram mais
padronizadas e formalizadas. Os processos internos melhoraram muitíssimo, as pessoas estão mais
unidas. Os alunos não conhecem quase nada do sistema. E deveriam ser eles os principais a
reconhecer a RS para poderem atrair amigos para o instituto. A visibilidade melhorou bastante e
por isso provavelmente aumentou a reputação mas em termos de crise não é isto que mais vende,
as politicas da tutela não ajuda nada, só prejudicam”.
Em relação aos outros grupos não existe uma uniformidade de respostas como
no grupo da governação. Apesar das vantagens apontadas, para vários entrevistados
de vários grupos o sistema de RS ainda é muito jovem podendo indiciar que os
programas de RS previstos na política de RS do IPP ainda não produziram os efeitos
desejados tanto ao nível dos alunos como dos colaboradores:
A: “A RS faz parte da nossa cultura mas ainda não é suficiente para minimizarmos os problemas...”
E: “As vantagens ainda são poucas, o sistema ainda é jovem e ainda não produz aquilo que se
pretende…”
G: “…acho que o sistema ainda é jovem e pode e deve criar muitas mais vantagens…”
Alguns entrevistados afirmam que somente alguns programas de RS produzem
os efeitos desejáveis, nomeadamente o “mais alimenta” e o “fundo solidário:
180
A: “…Alguns programas de RS já produzem efeitos, como o “mais alimenta”, baseado no banco
alimentar, banco de solidariedade social. O IPP dispensa alguns colaboradores para fazer trabalho
de voluntariado em parceiros locais com algumas IPSS...”
B: ”…Alguns programas têm resultados, o “mais alimenta” por exemplo e a qualidade das cantinas e o
fundo solidário…”
Por outro lado, outros entrevistados defendem que as vantagens das práticas
de RS no IPP são limitadas, afirmando que estas vantagens são essencialmente
externas, ao nível do aumento da visibilidade do instituto, com maior reconhecimento
e aceitação por parte de parceiros locais e institucionais e maior reputação e confiança
externa especialmente para a PI sociedade:
C: “…O IPP com o sistema de RS tem uma projecção externa completamente diferente, muito maior,
aumentou a sua reputação e imagem especialmente externas...”
E: “…A reputação interna tenho dúvidas mas a reputação externa melhorou. A confiança interna e
externa melhorou...”
F: “…Estamos sem dúvida com muito melhor visibilidade externa, cada vez somos mais chamados por
vários órgãos de comunicação social e parceiros institucionais, estamos melhores em termos de
envolvimento com a sociedade…”
J: “O reconhecimento externo aumentou muito, houve uma incorporação das práticas de RS nos nossos
hábitos de uma forma formalizada. Por isso houve vantagens internas mas mais externas pelo
aumento da nossa visibilidade...”
Alguns entrevistados afirmam que as práticas de RS do IPP ainda não são
suficientes para minimizar algumas políticas estatais muito penalizadoras para a IES,
nomeadamente pela redução de vencimentos aos colaboradores do IPP, pela redução
da contribuição no orçamento da instituição e pelas politicas de vagas que, de acordo
com alguns entrevistados, prejudicam as IES do interior como o IPP:
A: “…Não sei se ficou mais competitiva, pelo número de estudantes tenho dúvidas, porque algumas
acções de politica da tutela têm muito mais força negativa do que o que possamos fazer ao nível da
RS e por isso de certa forma quase que anula o efeito positivo das práticas de RS que se faça
internamente”.
C: “Em termos internos não tenho grandes certezas sobre as vantagens, porque ao nível do
colaborador, existiu uma melhoria em termos de processos chave que estão agora mais claros e
transparentes mas neste momento devido às reduções salariais, as pessoas ganham menos e
contra isso é muito difícil de compensar com a RS…”
F: “…Neste momento julgo que a prioridade é aumentar a estabilidade emocional dos colaboradores
devido às consequências da crise, com politicas muito agressivas para com os funcionários
públicos…”
O: “…Temos maior reputação com os nossos pares assim como maior confiança. Competitividade ainda
não sei. Porque isto leva tempo e as políticas estatais estão normalmente em contra corrente”.
181
Em relação aos colaboradores, vários entrevistados apontam para a
necessidade do IPP fomentar a implementação de programas de RS dirigidos aos
colaboradores do instituto, para atenuar as actuais adversidades conjunturais,
altamente prejudiciais aos trabalhadores do estado nomeadamente com importantes
cortes salariais e de outros benefícios anteriormente existentes:
A: “…Os alunos reconhecem de alguma forma esta estratégia mas não ainda não é suficiente. Agora
tem-se que focar mais nos colaboradores…”
F: ”…Neste momento julgo que a prioridade é aumentar a estabilidade emocional dos colaboradores
devido às consequências da crise, com politicas muito agressivas para com os funcionários
públicos…”
I: “…Os principais beneficiados do sistema de RS são os alunos e a sociedade. Quanto aos
colaboradores não há muito feito…”
W: “A certificação trouxe vantagens, os maiores beneficiados pelo sistema são os alunos. Gostava que
a política de RS fosse mais ajustada às necessidades dos colaboradores…”
T: “…Temos a necessidade de aumentar o envolvimento no IPP sobretudo para com os colaboradores”.
Em relação aos estudantes a sua grande maioria não conhecem o SGRS, não
conhecem os programas de RS e por isso, de acordo com estes testemunhos, os
estudantes não reconhecem vantagens importantes das práticas de RS no IPP não
observando alterações ao nível da reputação, confiança ou competitividade do IPP em
resultado da existência das referidas práticas:
B: “Julgo que para os alunos não traz grandes vantagens. Não conheço a RS do instituto. Em termos de
reputação melhorou mais em termos externos…”
H: ”…O alunos ainda não conhecem bem o sistema de RS, por isso ao haver maior reputação do
instituto é essencialmente uma reputação externa. Muito da cultura de RS já existia antes mesmo
da certificação, penso que a comunicação dos programas tem que melhorar…”
L: “A RS ainda é muito pouco conhecida. Não sei que vantagem trouxe. E posso afirmar que os meus
colegas que não estão na associação ainda menos conhecem. Acho que a RS, para a generalidade
dos alunos, é quase totalmente desconhecida e por isso nós não lhe atribuímos grandes vantagens
para o IPP…”
P: “Por incrível que pareça, uma maioria dos estudantes nem conhecem os programas nem nada
relacionado com a RS, alguns deles nem sabem quem é o nosso presidente! Por isso para mim, o
sistema de RS ainda não é eficaz pelo menos no que diz respeito aos alunos. Em termos de
comunidade é diferente, o instituto é hoje muito melhor visto na região, melhorou portanto a sua
reputação…”
T: “A principal vantagem da certificação é o aumento da nossa visibilidade, os principais beneficiados
são os alunos, os alunos é que não estão tão despertos para os programas de RS, a actual
divulgação não é suficiente, eles não se envolvem como deviam. Temos que aumentar a divulgação
das práticas de RS interna e externamente…”
U: “Não reconheço grandes vantagens da RS no instituto. Nós nem sabemos o que isso significa.
Conheço alguns programas de RS, são positivos mas há muito que fazer para divulgar esses
182
programas. Para mim a RS não altera em nada a reputação e confiança que tenho pelo IPP, que é
positiva…”
X: ”… Os alunos não conhecem quase nada do sistema. E deveriam ser eles os principais a reconhecer a
RS para poderem atrair amigos para o instituto…”
No que diz respeito ao efeito na competitividade do IPP em resultado de
práticas de RS as opiniões dividem-se. Alguns referem que o IPP não melhorou a sua
competitividade pela via do aumento de estudantes, enquanto que outros
entrevistados afirmam o contrário, pela sua percepção de que a visibilidade externa do
IPP melhorou muito, assim como sua a reputação e confiança para com sociedade em
geral:
D: “…Penso que tornou o instituto mais competitivo porque o sistema de RS obrigou a determinados
procedimentos internos por parte do instituto, que o torna mais competitivo e mais conducente
com a expectativa da tutela e das PI”.
E: “…Mais competitiva não me parece porque o sistema de RS ainda não começou a fazer os efeitos
que se pretendem”.
F: “…O IPP esta mais competitivo pelo aumento da visibilidade externa, do aumento da sua reputação
e aumento de confiança entre as PI”.
G: “…Penso que a competitividade aumentou em resultado desta maior visibilidade”.
H: “…Na minha perspectiva sim o IPP está mais competitivo com os programas de RS”.
I: “…Não sei se está mais competitiva, acho que se manteve porque ainda não houve um aumento do
número de alunos”.
J: “…Neste momento não consigo saber se esta mais ou não. Existe uma coordenação mais próxima
entre objectivos anteriores a actuais e pode levar a que o IPP, a seu tempo, se torne mais
competitivo”.
L: “…Não sei se esta mais competitiva, o IPP tem tido dificuldades na divulgação dos programas de RS,
condicionando a atracão de novos alunos”.
M: “…Penso que o IPP está muito mais ligado à comunidade local, a nossa visibilidade subiu mas não
sei se isso implica aumento de competitividade. Não temos mais alunos, temos é menos, mas
devido a factores ligados tanto à crise como problemas estruturais do interior”.
P: “…Acho que esta mais competitivo”.
U: “…Não sei como é que o IPP está mais competitivo com a RS”.
Z: “…Não acho que se esteja mais competitivo pela via da RS, pelo menos ainda não porque esta
bandeira não chega aos novos alunos”.
183
Figura 34. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Impactes das práticas de RS na IES – Impacte económico e social do IPP para a região
184
Figura 35. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Impactes das práticas de RS na IES – Foco das práticas de RS do IPP
185
Figura 36. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Impactes das práticas de RS na IES – vantagens das práticas de RS no IPP na sua reputação e confiança organizacionais.
186
Resumo da Análise das respostas
Dimensão – Impactes da RS na IES
Quando interrogados sobre o eventual contributo do IPP na criação de impactes
económicos e sociais na região, os grupos de entrevistados referem de uma forma
unânime, o elevado contributo em termos económicos, sociais e culturais que a
instituição produz para a comunidade local e restante região, conforme se pode
verificar nas Figuras 34 a 36. Vários entrevistados apontam para a relação única e de
total interdependência que esta estabelecida entre o IPP e a comunidade, relação essa
que remonta a génese da criação da instituição e por isso muito anterior a certificação
pelo SGRS. Apesar disso alguns entrevistados reconhecem a possibilidade de ainda se
criar maior impacte positivo para a região.
Relativamente a questão sobre o foco das práticas de RS do IPP, os entrevistados de
uma forma unânime reconhecem o estudante como principal foco das práticas de RS
seguindo-se de seguida a sociedade. Analisando a listagem dos programas de RS
poder-se-á confirmar esta realidade já que a maioria dos programas estão orientados
para o estudante e em menor numero para a sociedade e funcionários. Alguns
entrevistados apontam para a necessidade de se efectuar uma actualização ao SGRS
no sentido de promover programas adicionais dirigidos aos colaboradores do IPP
nomeadamente os não docentes. Esta perspectiva está em convergência com varias
respostas à questão nº 11 sobre os desafios do IPP onde se verificou a referência de
vários entrevistados sobre a alegada menor atenção da governação para com os
funcionários não docentes.
À questão final sobre o impacte das práticas de RS para o IPP e nomeadamente para a
sua reputação e confiança, o 1º grupo de entrevistados, é unânime em afirmar que
houve uma evidente melhoria da visibilidade externa e interna do IPP, reconhecendo
igualmente a melhoria da sua reputação e confiança, em resultado do SGRS. Referem
ainda para a melhoria na união e envolvimento entre os colaboradores das várias
unidades orgânicas, surgindo na sequência da certificação, processos internos mais
transparentes e claros. Ainda este grupo denota que como importante ameaça surge
as políticas da tutela.
Os restantes grupos, não respondem de uma forma uniformizada como no 1º grupo
referem que o SGRS do IPP ainda esta numa fase inicial da sua implementação pelo
que ainda não produz os efeitos esperados tanto ao nível dos estudantes como
colaboradores. Dentro do conjunto de programas de RS existem dois sobre os quais
recaem melhor opinião, o “mais alimenta” e o “fundo solidário”.
Alguns entrevistados referem que as vantagens da RS são essencialmente externas,
pelo aumento da visibilidade que o SGRS trouxe ao IPP, levando a um maior
reconhecimento dos parceiros institucionais e académicos, acompanhado por um
187
aumento de reputação e confiança externa. Apesar destas mais-valias, alguns
entrevistados referem em convergência com o 1º grupo, de que as práticas de RS
dificilmente compensam determinadas políticas estatais altamente penalizadoras para
o IPP. Mais uma vez surge a referência por parte de alguns entrevistados na
necessidade de se incrementar programas dirigidos aos funcionários. Em relação aos
estudantes, a sua grande maioria desconhece o SGRS o que reforçado por alguns
testemunhos, docentes, não docentes e governação, esta PI essencial não identifica
mais-valias em termos de reputação e confiança em resultado das práticas de RS no
IPP. Esta visão torna-se ainda mais interessante quando se verifica que os programas
de RS existentes no IPP estão essencialmente dirigidos aos estudantes e estes não só
não o valorizam como o desconhecem.
Em termos de aumentos de competitividade do IPP pela existência de práticas de RS,
as opiniões dividem-se. Alguns referem que o IPP não melhorou a sua competitividade
pela via do aumento de estudantes, mas outros afirmam o contrário pela sua
percepção de que a visibilidade externa do IPP melhorou muito, assim como sua a
reputação e confiança para com sociedade em geral.
6.2. Estudo de Caso 2 – Universidade de Évora 6.2.1. Caracterização da Universidade de Évora
A Universidade de Évora (UÉ) é uma instituição pública de ES, localizada no
interior de Portugal continental. Foi fundada em 1559, com a anuência do então, Papa
Paulo IV (1476-1559), tendo ficado com o direito de leccionar “todas as matérias,
excepto a Medicina, o Direito Civil e a parte contenciosa do Direito Canónico” (UÉ,
2013a). Foi inaugurada, solenemente a 1 de Novembro de 1559, continuando até aos
dias de hoje a se comemorar neste dia o seu aniversário. Foi assim, a segunda
universidade a ser fundada em Portugal, logo a seguir Universidade de Coimbra, em
1537.
Em 1759, 200 anos após a sua fundação, a UÉ foi extinta, no âmbito das
políticas implementadas por Marquês de Pombal e na sequência da expulsão dos
jesuítas da universidade. Apesar disso, os estudos mantiveram-se no mesmo espaço
físico, tendo sido o Colégio do Espírito Santo o local para albergar, a partir do século
XIX, a Casa Pia de Évora, o Liceu Nacional de Évora e a Escola Comercial e Industrial,
instituições que continuaram a missão de docência da universidade.
Em 1973, de acordo com o Decreto-Lei nº 402/73, de 11 de Agosto, o ensino
universitário é restaurado em Évora através da criação do Instituto Universitário de
188
Évora (IUE). Foram iniciadas as actividades lectivas em Novembro de 1975, com a
disponibilização de dois cursos nas áreas das ciências: Engenharia Zootécnica e
Engenharia Biofísica. Em 1979, seis anos após a sua abertura, o IUE deu lugar à UE pelo
Decreto-Lei nº482/1979, de 14 de Dezembro, tendo sido extinto simultaneamente o
IUE. Hoje a UE tem cerca de 1500 colaboradores e 8000 alunos.
As unidades orgânicas da UÉ, localizadas na cidade de Évora integram a Escola
das Artes, com 4 departamentos, Escola de Ciências Sociais, com 8 departamentos,
Escola de Ciências e Tecnologia, com 12 departamentos e a Escola Superior de
Enfermagem S. João de Deus, com 1 departamento, e o Instituto de Investigação e
Formação Avançada. As escolas têm autonomia estatutária, cientifico-pedagógica e
regulamentar e possuem uma estrutura constituída pelo Director, Assembleia de
Escola, Conselho Científico, Conselho Pedagógico, Conselho Consultivo e Comissão de
Avaliação Interna (artigo 43º dos Estatutos da UÉ). No seu conjunto, oferecem cursos
de licenciatura, mestrado, doutoramento, pós-graduações e cursos não conferentes de
grau académico. Esta ultima tipologia de oferta formativa, apresenta uma tendência
de crescimento de procura com uma crescente variedade da oferta (UÉ, 2013b).
Tal como se verificou no caso do IPP a UÉ localiza-se numa região do interior
continental, considerada desfavorecida no âmbito económico, demográfico e social,
apresentando-se, geográfica e estrategicamente, como uma das duas instituições da
região, que maior emprego cria, contribuindo fortemente para o desenvolvimento da
região, sustentando uma relação de compromisso, proximidade e interdependência
com a comunidade envolvente.
A UÉ possui os seus cursos acreditados pela agência A3ES, tendo ainda como
objectivo de curto prazo, iniciar o processo de implementação do SGQ (NP ISO
9001:2008), no decorrer do ano de 2014. Assim, apesar da universidade não ser
certificada no âmbito da qualidade nem da RS, apresenta desde da sua criação, uma
matriz social verificável tanto ao nível dos seus estatutos como em termos das práticas
de âmbito social, que não são denominadas de “programas de RS” mas que se
apresentam semelhantes, em termos conceptuais e operacionais a estes programas.
No organograma da UÉ (Anexo II) constam os órgãos característicos da
governação de uma universidade – Conselho Geral, Reitor/a e, Conselho de Gestão,
mas contempla ainda outros órgãos, como sejam o Senado Académico, Conselho
Científico e o Conselho de Avaliação.
Os serviços disponibilizados pela UÉ incluem os Serviços da Reitoria, os Serviços
Académicos, os Serviços Administrativos, os Serviços de Ciência e Cooperação, os
Serviços de Informação, os Serviços Técnicos e os SAS, exercendo o administrador da
universidade, a função de coordenação destes serviços e de eventuais competências
adicionais que o reitor entenda delegar. Por outro lado, o administrador assegura
também a coordenação dos secretários das unidades orgânicas.
189
Os SAS é um serviço fundamental em termos de políticas sociais visto que
através da concessão de apoios sociais aos estudantes mais carenciados,
operacionalizam uma prática de discriminação positiva, minimizando situações de
emergência financeira e social. A universidade dispõe das suas residências, refeitórios
e bares, prestando um serviço de alimentação e de alojamento, garantindo aos
estudantes e funcionários o fornecimento de refeições a preços comedidos.
O Provedor do Estudante é um cargo previsto pelo artigo 7º dos Estatutos da
UE. Pelas suas funções está em estreita ligação com a Associação Académica e as
direcções das escolas e dos seus Conselhos Pedagógicos.
6.2.2. Estratégia da Universidade de Évora
Como se verificou no caso do IPP, a estratégia de uma organização deve ser
definida pela sua governação, sendo no caso da UE a tarefa atribuída ao reitor/a. Cabe
ao Conselho Geral aprovar o plano estratégico e o plano de acção para o quadriénio do
mandato do reitor. Depois de aprovado, o reitor/a irá operacionalizar com a sua
equipa os eixos estratégicos previstos.
Em relação à estratégia da UÉ, o respectivo plano estratégico, aquando da
realização da presente investigação, não estava aprovado pelo Conselho Geral pelo
que, formalmente, não existia um plano estratégico.
Apesar disso, a proposta da candidatura do reitor, aquando da sua eleição para
o mandato 2010/2014, contava com uma estratégia, de forma a atingir os objectivos
da candidatura, onde se previa de forma expressa, a sua completa cumplicidade no
“desenvolvimento económico, social e cultural da região e do país, num quadro de
universalidade e abertura ao mundo e que pretende ocupar um lugar de destaque
nacional e internacional em áreas de excelência”, e os eixos estratégicos previstos
continham as seguintes referências (UE, 2013a):
Desenvolver e valorizar a oferta formativa;
Dinamizar e consolidar a investigação;
Aprofundar a internacionalização e a ligação à comunidade;
Reforçar a descentralização e optimizar a gestão dos recursos financeiros e
humanos;
Dinamizar os sistemas de planeamento e de avaliação da qualidade.
A UÉ tem por missão "Produzir, socializar e transmitir conhecimento nos vários
domínios do saber, através da articulação das vertentes ensino, investigação e
prestação de serviços, assente em princípios humanistas, na liberdade de pensamento
190
e na pluralidade de opiniões, em prol do bem-estar e do desenvolvimento sustentável
da Sociedade” (UÉ, 2013b)
Os valores corporativos da UÉ são:
O respeito pela dignidade humana;
A liberdade académica;
O mérito individual;
O rigor na execução de quaisquer tarefas;
A democraticidade subjacente à decisão;
A ausência de discriminação social, étnica ou confessional.
A visão da UÉ é, segundo o seu reitor (UÉ, 2013c), descrita como:
“Queremos ser uma Universidade de investigação, com um ensino de todos níveis nela alicerçado e pautado pela qualidade e pela exigência.
“Queremos ser pilar fundamental e cúmplice do desenvolvimento económico, social e
cultural da região e do país num quadro de universalidade e abertura ao mundo”. “Queremos ser uma instituição de referência, orientada para a satisfação das
necessidades de uma sociedade em mudança, ocupando um lugar de destaque nacional e internacional, capaz de atrair estudantes, docentes e investigadores de elevada qualidade em áreas de excelência.”
6.2.2.1. Práticas de Responsabilidade Social na Universidade de Évora
Como se referiu anteriormente, a UÉ não está certificada no âmbito da RS, pelo
que não possui um sistema de gestão formalizado, nem uma política de RS não
contendo formalmente nem de forma integrada, um conjunto de programas de RS que
resultem da identificação dos aspectos e dos objectivos de RS (NP 4469.1:2008).
Apesar das práticas de RS da UÉ não serem denominadas de “programas de RS”
o facto é que à semelhança do IPP, a UÉ apresenta uma listagem de práticas
socialmente responsáveis, subscritas igualmente pela sua governação, as quais são
semelhantes ao nível conceptual e operacional aos programas de RS (Tabela 14). Pode-
se igualmente verificar que as práticas socialmente responsáveis são essencialmente
dirigidos aos estudantes, sendo que grande parte delas, no âmbito de eventuais
emergências sociais e financeiras decorrentes da situação económico-financeira do
país, onde se verificam situações de grande constrangimento por parte de alguns
estudantes com dificuldades no assegurar do pagamento de propinas, alimentação,
alojamento e outras.
191
Tabela 14. Listagem e descrição das iniciativas sociais da UÉ
Práticas socialmente responsáveis
PI alvo Descrição
FASE-UÉ – Fundo Social para
Estudantes da UÉ Estudantes
Este fundo que tem como finalidade promover a solidariedade e equidade social, bem como a redução do abandono escolar, vai prestar apoio
aos estudantes em situação de emergência social ou com manifestas e comprovadas dificuldades económicas. O apoio prestado a cada aluno
tem a duração de um ano lectivo, podendo cada aluno candidatar-se em anos lectivos seguintes e poderá envolver, de acordo com o grau de
necessidade apurado, o pagamento da total ou parcial da propina respeitante ao ano em questão, senhas de refeição e/ou comparticipação
com os custos de residência universitária.
FAE-UÉ – Fundo de Auxilio de
Emergência da Universidade de
Évora
Estudantes
Este fundo consiste num apoio excepcional, procurando prestar um apoio económico aos estudantes da Universidade de Évora, que
comprovadamente demonstrem encontrar-se numa situação de carência económica imediata e urgente, revestindo-se como um contributo
para o combate ao insucesso e abandono escolar e à salvaguarda das necessidades básicas do estudante, que por algum motivo não podem ser
apoiados pelas bolsas da DGES, ou por outros mecanismos colocados à sua disposição.
Bolsas de estudo – DGES Estudantes As bolsas de estudo atribuídas são co-financiadas pelo estado português e pelo fundo social europeu, no âmbito de programa operacional
criado para o efeito com a referência POPH/QREN
Bolsa Joana Vasconcelos Estudantes
A fundação Joana Vasconcelos, atribui a Bolsa Joana Vasconcelos a estudantes da universidade de Évora , de nacionalidade portuguesa, de baixo
rendimento económico e com aproveitamento escolar, que frequentem o 2º. e 3º. ano do 1º Ciclo, do departamento de artes visuais e design.
Este programa visa criar oportunidades para que os jovens com carência económica prossigam a sua formação académica nas áreas artística e
cultural, de modo a cumprir com os fins estatutários da Fundação.
Banco de Roupa: Recolha Sociedade Recolha de roupa com fins de solidariedade da comunidade.
Apoio Médico: Consultas de
Clínica Geral Estudantes Acesso gratuito coberto pelo apoio médico às consultas de clínica geral.
Praxe Ativa Estudantes
O projecto Praxe Ativa promovida pela associação académica da Universidade de Évora em colaboração com o conselho de notáveis pretende
que os novos alunos participem em acções de voluntariado em diversas associações da cidade, minimizando assim exageros que por vezes
surgem associados às praxes na universidade no início do ano lectivo.
As Dívidas dos Pais já não
contam Estudantes
No caso de indeferimento de atribuição de bolsa de estudo pelo facto de, no agregado familiar do estudante, existir alguém com situação
tributária e contributiva não regularizada exceptuando o próprio, serão reapreciados pelos serviços.
Fonte: Site da UÉ
192
6.2.3. Resultados análise e interpretação das entrevistas
6.2.3.1. Listagem de entrevistados e respectiva caracterização
Tabela 15. Listagem e caracterização de entrevistados da UÉ (15/01/2014 a 16/04/2014)
Ref ª. Área
Funcional Idade Sexo Habilitações Data
Tempo entrevista
min(‘) seg(‘’)
A GOV 63 M D 18-02-2014 44´32´´
B GOV 55 M D 15-01-2014
58´16´´
C GOV 60 M D 24-01-2014 32´56´´
D GOV 51 F D 18-02-2014 48´18´´
E GOV 45 M D 24-01-2014 51´36´´
F GOV 52 M L 24-01-2014 43´55´´
G SAS 43 F L 05-02-2014 1h 00´16´´
H OC 64 M D 12-03-2014 54´35´´
I AE 22 M FL 05-02-2014 1h 24´49´´
J AE 21 M FL 18-02-2014 51´20´´
K AE 21 F FL 18-02-2014 32´38´´
L GOV 63 M D 07-03-2014 1h 18´28´´
M GOV 46 M D 24-01-2014 1h 38´10´´
N GOV 59 M D 07-03-2014 40´44´´
O GOV 58 M D 24-01-2014 1h 00´19´´
P GOV 45 M L 16-04-2014 52´41´´
Q PROVEST 65 M D 14-03-2014 1h 16´36´´
= 49 anos = 57´04´´ Ʃ= 16H 10´09´´
Gov - Governação D - Doutoramento AE - Associação de estudantes M - Mestrado SAS - Serviços de acção social L - Licenciatura CP - Círculo do progresso FL - Frequência da licenciatura PROVEST - Provedor do estudante CA - Conselho académico
6.2.3.2. Grupos de entrevistados seleccionados
Foram seleccionados cinco grupos de entrevistados (Tabela 16). O grupo de
entrevistados incluídos na governação é representado pelo reitor, três vice-reitores,
193
um pró-reitor, o administrador, o órgão de governo de cada uma das quatro escolas e
pelo presidente do Conselho Geral.
Em relação aos restantes órgãos, seleccionaram-se o presidente do Conselho
de Avaliação, a directora dos serviços de acção social (SAS) e o Provedor do Estudante.
Em relação à associação de estudantes, seleccionaram-se três elementos, o seu
presidente e dois responsáveis estudantis.
Tabela 16. Grupos de entrevistados da UÉ, entrevistas efectuadas de 15/01/2014 a 16/04/2014
Grupo Grupos de
entrevistados Áreas funcionais incluídas
Nº de entrevistados (por grupo)
1 Governação (GOV)
Reitor, vice-reitores, pró-reitor - estudante,
administrador, directores ou vice-director
de cada uma das escola, presidente
Conselho Geral
11
2 Órgão consultivo (OC) –
Conselho de Avaliação Presidente
1
3 Serviços de acção social
(SAS) Directora SAS 1
4 Associações estudantes
(AE) Associações de estudantes 3
5 Provedor do estudante
(PROVEST) Provedor do estudante 1
Fonte: Elaboração própria
6.2.3.3. Respostas e interpretação das entrevistas
6.2.3.3.1. Dimensão – Conceito de Responsabilidade Social
Tal como assinalado no estudo de caso do IPP, no processo de desenho da
presente investigação, as quatro questões formuladas no âmbito da dimensão de
investigação sobre o conceito da RS são consideradas muito importantes, pelo facto de
se tornar muito difícil o direcionamento dos esforços organizacionais sobre um
determinado tema quando não existe um alinhamento conceptual sobre o mesmo, nos
diferentes agentes organizacionais.
194
Questão nº 1
O que é a RS para si?
O que se pretende com esta questão é apurar o que cada grupo de
entrevistados entende qual o conceito de RS no contexto da sua IES.
Em relação ao primeiro grupo, o grupo da governação, observa-se que não
existe uma definição uniformizada sobre o conceito, havendo entrevistados que
associam a RS a acções da IES dentro dos limites da lei e outros que definem a RS como
acções que vão para além do que a lei estipula, constituindo assim acções voluntárias e
por vezes vistas no âmbito da solidariedade ou no âmbito instrumental. Nota-se que a
maioria define RS associando as acções das IES dirigidas, numa primeira linha, à PI
sociedade com o objectivo da promoção do DS, havendo outros que, para além da
sociedade, dirigem as práticas de RS a outras PI, como os estudantes, colaboradores,
parceiros e pais dos alunos, tendo havido uma nota excluindo expressamente as PI que
não façam parte da missão da IES. Houve uma referência para a necessidade da
autenticidade da responsabilidade ética da IES, havendo a associação do conceito da
RS a uma espécie de filosofia de vida em paralelo com o estudo e a prática das artes,
apontadas como essenciais:
A: “…todas as instituições são responsáveis perante a sociedade…A RS aumenta a nossa visibilidade e
contacto com vários públicos… A nossa missão não é ajudar os sem abrigo ou outros públicos que
não façam parte da missão da universidade”.
B: “É a pessoa desempenhar as suas funções dentro da lei e também perante a sociedade…as boas
práticas de RH são RS”.
C: “Toda as actividades que a universidade pode ter de relação com a sociedade com o objectivo de
promoção com a mesma, as relações que pode ter com o meio ambiente”.
D: “É um conceito relativamente novo…esta relacionado com as condutas ligadas com a solidariedade
mas tem tudo a ver com o reconhecimento das pessoas (colaboradores), com o compromisso com a
sociedade…RS são os compromissos que a universidade assume com a sociedade em geral e com os
colaboradores em particular”.
E: “Tem múltiplas vertentes, primeiro para com os nossos alunos… a RS implica que temos que ajudar
em termos de bolsas mas também em termos de cantinas e residências…é um conjunto muito
variado de atitudes organizacionais para que as pessoas que aqui trabalham se sintam bem em cá
trabalhar”.
F: “Deve ser uma responsabilidade ética e não meramente de marketing social… A RS é assim uma
obrigação da organização em promover internamente boas práticas nos colaboradores”.
M: “A cultura pode dar um contributo muito importante para a RS… reflectir em relação às coisas e
não ter medo de sentir… A RS é uma espécie de filosofia de vida e as artes são essenciais neste
âmbito… a RS não é uma necessidade básica como o pão, mas torna-se imprescindível para uma
vida com o mínimo de dimensão cultural...”.
N: “Saber respeitar o serviço ao cliente que temos, considerando os clientes internos e externos…as IES
pela função que têm para com o desenvolvimento sustentável satisfazer necessidades…é uma
resposta à sociedade”.
195
O: “Preocupações que devemos ter com a sociedade, com o público em geral e em particular com os
docentes e alunos, mas sobretudo com o público da cidade”.
P: “É uma componente da minha actividade no dia a dia, e da minha instituição que tem a ver com o
desenvolvimento da sociedade envolvente… dar respostas a problemas sociais aos quais nós
podemos dar resposta e como tal nos envolvemos…”.
Q: ”Não tem com aspecto legal nem de exigência, nasce de um forma livre, aquilo que a universidade
deseja fazer sem ser obrigada fazer, para a sociedade de forma livre e voluntaria, não é um
imposição legal”.
Em relação ao segundo grupo, associa a RS a um dever para com estudantes,
sociedade e colaboradores de forma a “produzir” pessoas mais interventivas:
H: ”Aquilo que a IES tem por obrigação fazer, desenvolver e produzir, no sentido de dar respostas a
questões que a sociedade tem e caso a instituição tenha capacidade para dar resposta... tornar
cidadãos críticos e interventivos sem que estejam à espera de receber algo...As necessidades dos
estudantes também são RS, desde do apoio médico e psicológico ao aconselhamento. A formação
dos docentes é também RS…”
A resposta da responsável dos SAS também define o conceito como um
comprometimento para com a sociedade envolvente:
G: ”No âmbito da RS, julgo que os alunos vêem em primeiro lugar, sem prejudicar a comunidade,
acções que têm que ser boas para todas as partes”.
As respostas dos estudantes são díspares. Um dos estudantes, relaciona o
conceito às dificuldades actuais dos jovens em termos de empregabilidade, um outro à
postura ética de cidadania relacionadas coma sua educação e, o último com o dever
em devolver a sociedade o que ela nos deu e com a solidariedade:
I: “Tendo em conta as presentes dificuldades dos jovens, penso que a RS esta ligada a uma atitude em
se ser activo e inovador agarrando as oportunidades e possuindo uma perspectiva social da
universidade e da sociedade”.
J: “A RS esta associada à cidadania, ao dever do cidadão em termos da sua ética, tendo em conta a
legislação. Cada pessoa deve possuir acções de RS, estão relacionadas com a sua educação…neste
momento a RS esta a diminuir e a intervenção nesta área seria muito importante…A universidade
tem aqui um papel fundamental”.
K: “Devolver o que a sociedade nos deu, a necessidade de satisfazer as necessidades dos outros,
solidariedade”.
A resposta do provedor do estudante aponta para uma definição ligando a
função da IES à responsabilidade jurídica e ética:
196
R: “É o foco de alguém que serve uma comunidade ou serviço, é o conjunto de responsabilidades, seja
do tipo profissional ou societal, em servir dentro de princípios jurídicos e éticos a função que exerce
na sociedade, adequar função à responsabilidade jurídica e ética”.
Questão nº 2
Acha que a natureza jurídica da instituição (pública ou privada) condiciona a adesão a
práticas de RS?
Pretende-se com esta pergunta aferir se, para os entrevistados, o facto de uma
IES ser pública ou privada implica maior ou menor adesão a práticas de RS.
Tendo em conta o 1º grupo de entrevistados, observa-se uma quase divisão
entre as respostas, defendendo uma parte do grupo que, uma IES pública deve
apresentar mais RS para com as PI por utilizar verbas estatais e a outra parte do grupo
em oposição, não deve haver diferenças, qualquer IES deve apresentar práticas de RS:
A: “O facto de se estar numa instituição pública dá especiais responsabilidades, portanto uma entidade
pública tem mais RS do que uma privada, é paga pelos impostos de todos os portugueses”.
B: “Numa organização pública deve haver mais RS, por ser pública tem que dar o exemplo, tem uma
missão pedagógica adicional, tem que ser referencial e dar o exemplo de boas práticas”.
C: “Acho que temos mais responsabilidade porque temos fundos do estado e devem contribuir para o
desenvolvimento da sociedade…”.
D: “As públicas têm mais obrigação de ter um conjunto de praticas de RS, recebem uma parte do seu
orçamento do estado e por isso, para alem dos estudantes, devem desenvolver a sociedade, mas as
privadas também podem e devem ter RS”.
E: “…diria que sim que a pública tem mais obrigações, ambas querem formar bons técnicos, mas sendo
pública temos mais obrigações que uma privada...”
F: “Não, é indiferente ser privada ou púbica. O litoral também tem problemas de outra natureza que
aqui no interior”.
L: “Não há diferença à primeira vista mas depois de se introduzir uma dimensão financeira…pode-se
argumentar de a pública tem mais responsabilidade. Mas acho que deve ser igual”.
M: “Em termos do definição têm que ser iguais entre a privada e a pública…a pública mostra-se mais
responsável para com os funcionários docentes e não docentes e também com os alunos…”
N: “O nosso objectivo não é ter lucro, mas pode-se ter receitas e geri-las de forma eficiente e
sustentável. Por isso para mim é o mesmo público ou privado”.
O: “Do ponto de vista dos princípios deveria ser totalmente irrelevante até para a sobrevivência da
instituição…enquanto servidor público por maioria de razões a RS deve fazer parte do nosso código
genético…”.
P: “A única coisa que difere são as PI que são diferentes umas das outras a única coisa que difere é o
âmbito que existe em cada, não há nenhuma entidade que fique ausente de ter que ter RS, quer
seja pública ou privada”.
197
Para alguns entrevistados independentemente da IES ser pública ou privada, o
que deve variar são as especificidades das práticas de RS consoante as necessidades
particulares de cada IES:
O: “Deveria ser a entidade de referência em ter um papel pedagógico não só por ser pública, isso é um
argumento adicional, qualquer organização deveria tratar bem os seus colaboradores, as públicas
gerem dinheiro que não é seu, pelo seu carácter público devem ter RS”.
P: “A única coisa que difere são as PI que são diferentes umas das outras a única coisa que difere é o
âmbito que existe em cada…”.
Os responsáveis pelo CA e pelos SAS e o Provedor do Estudante defendem que
a RS deve existir em qualquer IES independentemente de ser ou não pública:
H: “Para mim não há diferenças entre as duas portanto, temos todos os mesmos deveres com políticas
de RS.”.
G: “Quer seja pública ou privada tem que se investir na RS…”.
Q: “É uma falsa questão, tem que estar sempre presente, quer seja pública ou privada, os objectivos
são diferentes, mas não há nenhuma organização sem ter pessoas e onde há pessoas os dois
conceitos tem que estar presentes, responsabilidade civil e Ética…”
Em relação aos estudantes, verifica-se o mesmo sentido das respostas,
apontando para a necessidade da existência de RS em qualquer IES pública ou privada:
I: “É irrelevante a óptica de ser uma IES pública ou privada em relação à adesão à RS”.
J: “Deveria ser a mesma, a RS devia ser a mesma para as duas, apesar de que a IES pública tem muitas
obrigações, deve servir o cidadão…”.
K: “Teoricamente deveria ser o mesmo, na prática não”.
Questão nº 3
Acha que a localização geográfica da IES (interior / litoral) condiciona a adesão à RS na
UÉ?
Pretende-se com esta pergunta aferir se para os entrevistados, o facto de uma
IES estar localizada no interior continental, implica maior adesão a práticas de RS.
Analisando as respostas do grupo da governação, somente dois entrevistados
entendem que deve haver maiores investimentos em RS nas IES do interior, estando os
restantes em concordância sobre a independência da RS e a localização geográfica da
IES, assumindo alguns que todas as IES tem os seus problemas e por isso a RS poderá
contribuir para os minimizar:
198
A: “Penso que sim, no nosso caso devemos investir mais no apoio regional por termos uma região
carenciada”.
B: “Não é condicionada, a RS terá que existir sempre ajustada a cada local”.
C: “O nível pode ser idêntico mas a atenção e o impacto nas partes é muito maior no nosso caso por
sermos do interior... todas as universidade como a nossa do interior, tem contribuído para a
diminuição da desertificação humana...da tutela na pratica não há nenhum reconhecimento do
nosso papel social”.
D: “o que marca as quatro universidades do interior é termos os mesmos problemas demográficos…As
universidades do litoral têm também grandes dificuldades por outras razões, por isso a adesão da
RS não depende da localização da IES, deve haver em todas”
E: “Devia ser transversal e aplicado em qualquer instituição, aqui as necessidades são diferentes,
poucos alunos”.
F: “Todas devem ter práticas de RS e devem servir de exemplos dessas práticas”.
L: “…não acho que deveria haver diferenças, cada local tem os seus problemas”.
M: “Acho que não a RS deve ser idêntica”.
N “Deve haver mais RS no interior, há mais problemas aqui no interior”.
O: “Independente da região geográfica, uma das questões onde temos contribuído muito na área do
envelhecimento, encontra em Lisboa até muitíssimos mais casos, não é carácter mais urbanizado
ou interiorizado que lhe da responsabilidade adicionais”.
P: “É irrelevante, apenas influencia a ambição e as prioridades, onde se deve começar pelas partes
mais próximas e depois as seguintes”.
Em relação ao segundo, terceiro e quinto grupos, todos entendem que a
existência de práticas de RS não depende da interioridade da IES, quanto muito pode
ter que se ajustar o tipo de acção de RS para as necessidades específicas de cada IES:
H: “Deve de haver sempre no território onde estamos, seja onde for, é discutível a questão de litoral e
interior, existem semelhanças às 3 IES do interior, é importante ajustar a RS em termos do
território”.
G: “Muita da RS necessita de investimento, aqui estamos mais limitados na abrangência da RS mas em
termos do conceito é igual, qualquer uma tem que ter RS…”.
Q: “A responsabilidade é a mesma, a qualidade tem que ser a mesma a quantidade é que pode ser
diferente, a ética da responsabilidade tem que ser exactamente a mesma de uma pequena ou
grande do interior ou do litoral…”.
Em relação aos entrevistados estudantes as respostas são convergentes em
entenderem que deve haver mais investimento em RS nas IES do interior por estas
terem mais problemas:
I: “Sim, deve haver mais RS nesta região por ser mais desfavorecida”.
J: “É muito importante o factor geográfico, aqui em Évora deve haver mais RS, por ser uma cidade
interior…”
K: “Todas devem ter, mas em Évora existe uma população muito envelhecida, esta muito parada,
podia haver alguns eventos culturais que iriam favorecer a sociedade. Como as universidades do
interior tem uma sociedade mais desfavorecida penso que devem ter mais aposta na área da RS”.
199
Questão nº 4
Assumindo as dimensões da RS económica, social e meio ambiental, no âmbito das IES,
valoriza alguma em particular ou são todas igualmente relevantes? Identifica mais
alguma dimensão relevante?
Pretende-se com esta pergunta, de acordo com a opinião dos entrevistados,
aferir quais as dimensões da RS no âmbito das IES e se é valorizada alguma dimensão
em particular.
Pelas respostas do 1º grupo de entrevistados observa-se que vários
entrevistados valorizam as três dimensões apresentadas, apesar de vários realçarem a
importância neste momento da dimensão social e cultural havendo referências,
igualmente, para a meio ambiental e ética. Estas respostas justificam-se, segundo
alguns entrevistados, pelo facto de que a dimensão que tem predominado nas
políticas governamentais é a económica em claro detrimento das restantes dimensões.
A: “São todas importantes. A económica, social e cultural”.
B: “As três são importantes”.
C: “Social é a mais relevante”.
D: “É a financeira até agora com as actuais políticas. Parece-me que esta posição vai criar seríssimos
problemas sociais. A social é a mais relevante neste momento”.
E: “Social e meio ambiental”.
F: “A social tem que ser a privilegiada. A meio ambiental também é muito importante”.
L: “Social, ambiental e propõe a cultural”.
M: “As três são importantes”.
N: “Social e económica”.
O: “Social, ambiental e cultural”.
P: “Económica, social, ética, ambiental”.
Em relação aos restantes grupos de entrevistados, as respostas são
semelhantes aos do primeiro grupo, observando-se respostas mistas, mas notando-se
uma predominância da dimensão social.
G: “As três são importantes”.
H: “Social, económica e cultural…”
I: “Social e económica”.
J: “Social e meio ambiental”.
K: “Económica e social e meio ambiental”.
Q: “Ética e social”.
Para além das três dimensões iniciais apresentadas, observa-se a proposta de
outras dimensões no contexto da IES, como é o exemplo da dimensão cultural e ética:
A: “…A económica, social e cultural”.
L: “…propõe a cultural”.
O: “Social, meio ambiental e cultural”.
P: “Económica, social, ética…”.
Q: “Ética e social”.
200
Figura 37. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Conceito de RS – Significado da RS
201
Figura 38. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Conceito de RS – Natureza jurídica da IES e adesão a práticas de RS
202
Figura 39. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Conceito de RS – Localização geográfica da IES e adesão a práticas de RS
203
Figura 40. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Conceito de RS – Dimensões da RS.
204
Resultdo da Análise das respostas
Dimensão – Conceito de RS
As respostas dos vários grupos de entrevistados, em relação ao conceito de RS,
conforme se pode verificar nas Figuras 37 a 40, apontam para uma definição não
uniformizada, havendo quem associe o conceito a acções da IES dentro dos limites da
lei e quem associe acções para além do que a lei estipula tratando-se por isso de
acções voluntárias. Nas suas respostas os entrevistados focam-se sobretudo no
compromisso com a sociedade como alvo das acções de RS apontando igualmente o
foco nos estudantes, colaboradores em geral, docentes e não docentes. Existe quem
associe a RS a uma espécie de filosofia de vida que em paralelo com o estudo das
artes, procura e visa o desenvolvimento das liberdades e o respeito pelos princípios
corporativos. Outros associam ao conceito a boas práticas de recursos humanos ou à
responsabilidade ética supra marketing social ou ainda o respeito pelos clientes,
qualquer um deles à procura do desenvolvimento sustentável.
As várias definições apresentadas estão na linha com as identificadas aquando da
revisão da literatura. Observa-se que os vários grupos de entrevistados apresentam
uma definição relativa ao conceito semelhante entre si, excepto a dos estudantes,
cujas definições diferenciam-se um pouco em relação às demais.
Quando se questiona sobre se as práticas de RS variam consoante a natureza jurídica
da IES, observam-se no grupo da governação uma divisão entre os que defendem ser
independente e os que referem que as IES públicas devem apresentar mais
responsabilidades para com a RS. Em relação aos restantes grupos de entrevistados,
todos defendem que é indiferente tratar-se de uma IES pública ou privada, ambas
devem possuir praticas de RS.
Quanto à questão sobre se as práticas de RS variam consoante a localização geográfica
da IES, a maior parte dos entrevistados referem ser indiferente a sua localização para a
existência de práticas de RS, propondo a existência de práticas de RS em todas as IES
excepto no grupo de entrevistados estudantes que defendem o contrário, ou seja, nas
IES do interior deve haver maior investimento com a RS.
Em relação à questão sobre as dimensões associadas à RS, apesar de vários apontarem
as três como igualmente relevantes, nota-se a ênfase para a dimensão social e cultural
havendo também, algumas escolhas para com as dimensões, meio ambiental e ética
em detrimento da económica.
205
6.2.3.3.2. Dimensão – Governação da Instituição de Ensino Superior
A importância da governação, como visto anteriormente, é determinante na
efectiva integração dos princípios de RSO em toda organização, sendo a formulação da
estratégia da IES da sua responsabilidade. Incluem-se as seguintes fases na formulação
da estratégia em relação à política de RS: a identificação das PI e PISIG, a identificação
dos aspectos de RS e dos ASPSIG, a identificação dos objectivos de RS e dos
consequentes programas de RS que levam à formulação da política de RS da IES,
constituindo o instrumento operacional da estratégia socialmente responsável da IES.
Questão nº 5
Quais são as partes interessadas na UÉ?
Pretende-se com esta questão aferir, de acordo com a opinião dos
entrevistados quais são as PI na UÉ.
A totalidade dos entrevistados identifica o “estudante” como PI da IES,
havendo igualmente referência sistemática à sociedade e aos colaboradores, docentes
e não docentes o que demonstra o reconhecimento da importância destas PI para a
governação e os outros grupos de entrevistados da universidade:
A: “Alunos, colaboradores, docente e não docentes…”.
B: “Alunos, docentes e não docentes”.
D: “Alunos, funcionários docentes e não docentes”.
E: “Alunos, colaboradores…”
F: “Alunos, colaboradores, sociedade local, parceiros”.
G: “Alunos, docente e não docente, sociedade”.
H: Docentes e funcionários, autoridades locais e nacionais, alunos, empresas, famílias dos
alunos e a sociedade
I: Sociedade local, estudantes e colaboradores e parceiros.
J: Comunidade local, alunos, colaboradores, meio ambiente.
K: Alunos e sociedade.
L: Alunos colaboradores, docente se não docentes, comunidade, parceiros vários.
M: Alunos, docentes e não docentes e sociedade.
N: Alunos, docentes e não docentes, os pais dos alunos e a comunidade local.
O: Alunos, colaboradores, docente se não docentes, sociedade e parceiros.
P: Alunos, docente se não docentes, sociedade e parceiros.
Q: Estudantes, docentes, funcionários e a sociedade e parceiros.
Outras PI são identificadas pelos entrevistados, tais como as famílias dos
estudantes, parceiros, empresas e meio ambiente:
206
C: “…Parceiros institucionais e académicos, famílias dos alunos, tecido empresarial”.
E: “…parceiros institucionais, sociedade, meio ambiente”.
H: “…autoridades locais e nacionais, alunos, empresas, famílias dos alunos e a sociedade”.
L: “…comunidade, parceiros vários”.
N: “…os pais dos alunos e a comunidade local”.
O: “…sociedade e parceiros”.
Q: “…sociedade e parceiros”.
Questão nº 6
Qual ou quais as partes interessadas mais relevantes na UÉ? Porquê?
Pretende-se com esta pergunta aferir se existem PI na IES mais relevantes do
que outras.
Tendo em conta as respostas nos diferentes grupos de entrevistados, observa-
se que as respostas sendo indiferenciadas, convergem em apontar os estudantes e os
colaboradores como as PI mais relevantes, seguindo-se a sociedade, o meio ambiente,
os parceiros e as famílias dos estudantes:
A: “Os alunos são a nossa principal PI, devemos ajuda-los porque faz parte da missão da universidade”.
B: “O foco deve ser em primeiro lugar nos alunos, depois os docentes e os não docentes. A seguir a
comunidade e os parceiros”.
C: “o Aluno é o principal, de seguida os parceiros e as famílias dos estudantes e por último as
empresas”.
D:” O mais importante é o aluno depois o docente e só no final o não docente”.
E: “Os mais relevantes são os alunos e os colaboradores docentes e não docentes. Depois os parceiros a
sociedade e o meio ambiente”.
F: “Em primeiro os alunos e os colaboradores necessitando-se de se investir mais ao nível dos não
docentes. Depois a sociedade local e os parceiros”.
L: “Alunos em primeiro lugar depois os docentes e os não docentes, por fim a comunidade e os
parceiros da universidade”.
M: “Docentes em primeiro lugar depois o aluno e no fim o funcionário não docente. Esta universidade
não é uma organização orientada para o cliente, se fosse dava um salto enorme a RS pode aqui
ajudar muito”.
N: “O mais importante são os alunos depois os colaboradores de forma indiferenciada, são igualmente
importantes com funções diferentes mas complementares”.
O: “Docente, alunos e não docentes, depois a sociedade e os parceiros”.
P: “Alunos e docentes e no fim os não docentes. Estes são um órgão quase que invisível, são órgão de
suporte. Existe um corporativismo dos docentes”.
Vários entrevistados apontam para a existência de um tratamento privilegiado
dos docentes da IES em relação aos colaboradores não docentes, referindo inclusive
que a universidade não esta orientada para os estudantes mas sim para os docentes,
referindo alguns que na sua óptica, há sinais de “corporativismo dos docentes”:
207
D: ”…só no final o não docente… Penso que nem sempre se tem dado a devia atenção aos não
docentes”.
F: “Em primeiro os alunos e os colaboradores necessitando-se de se investir mais ao nível dos não
docentes...”.
M: “Docentes em primeiro lugar depois o aluno e no fim o funcionário não docente…”.
P: “…Alunos e docentes e no fim os não docentes. Estes são um órgão quase que invisível, são órgão de
suporte. Existe um corporativismo dos docentes
G: “O foco da universidade de Évora é em primeiro lugar o docente depois vem o aluno e no final o não
docente, isso assusta-me um pouco…”.
H: “Docentes, alunos e no fim os não docentes. Penso que a universidade esta mais focada para os
docentes do que para os não docentes, são o foco da universidade no fundo, são os mais cultos e
sem os quais a universidade não funciona, os não docentes trabalham por vezes mais do que os
docentes, mas são sempre subordinados, erradamente”.
Questão nº 7
Quais as funções de uma IES?
Pretende-se com esta pergunta aferir junto dos entrevistados sobre as funções
de uma IES.
Tendo em conta as respostas nos diferentes grupos de entrevistados, observa-
se que a totalidade dos entrevistados apontam a docência como principal função de
uma IES, havendo ainda referências à necessidade de se desenvolver competências
comportamentais nos estudantes para que estes fiquem melhor preparados para o
mercado de trabalho. Surgem depois as funções de investigação e de extensão do
conhecimento com sucessivas referências por parte dos entrevistados:
A: “Docência, transferência do conhecimento mas também o apoio regional”.
B: “Docência, investigação...”
C: “Tem as três bem identificadas: docência, extensão e investigação”.
D: “Muito bem definidas, pensamento critico, investigação, disseminação, docência”.
E: “Interacção com a comunidade, a formação de bons técnicos e de cidadãos activos, investigação
aplicada…”.
H: “Investigação, extensão, formação, as soft skills é uma função das universidades mas não é
assumida, formar cidadãos críticos e participativos, educar os governos…”.
L: “Docência, extensão, investigação…”.
M: “Docência, investigação, interacção com a comunidade devemos trabalhar para a comunidade”.
N: “Docência, investigação científica, inovação…”.
O: “Socialização do conhecimento, que é tudo o que tem a ver com a formação mas não se esgota aí…”
P: “Docência, investigação, apoio à sociedade”.
208
Questão nº 8
Conhece os valores e princípios corporativos da UÉ? Existe um código de ética?
É eficaz? Tem havido acções de promoção do código e sistema de valores?
Pretende-se com esta pergunta aferir junto dos entrevistados, o seu
conhecimento sobre os valores e princípios corporativos da IES e se na sua opinião,
existe a necessidade de um reforço de comunicação e implementação do sistema de
valores. Por outro lado, pretende-se verificar se existe um código de ética e se este é
comunicado e eficaz.
Tendo em conta o primeiro grupo de entrevistados, nota-se pelas respostas
que uma parte muito significativa dos elementos da governação ou desconhecem o
sistema de valores ou entendem que constituí uma área de grande necessidade na UÉ,
visto que os mesmos estão pouco disseminados e são considerados muito importantes
não havendo um código de ética:
A: “Conheço mais ao nível institucional. Não existe um código de ética. Não tem havido divulgação
nesta área”.
B: “Nada feito neste âmbito dos valores corporativos da UÉ a e seria muito importante”.
C: “Existe um código de conduta, penso que sim que deveria haver um código de ética, que deveria dar
visibilidade para fora e dentro. Conheço mal os valores. Necessidade de mais divulgação a este
nível”.
D: “Sim conheço os valores, estão nos estatutos. Julgo que os valores estão implementados na UÉ.
Penso que o código de ética seria necessário e também mais divulgação em relação aos valores”.
E: “Conhece os valores estão definido no nosso portal, assim como a missão e visão, temos um código
de conduta, mas internamente é muito desconhecido…Fazia muito sentido em se aumentar a
divulgação, tanto aos alunos como colaboradores…”.
F: “Sim conheço os valores, mas existe necessidade de maior divulgação”.
L: “todos os valores na universidade são verdades universais, aqui é mais a junção da teoria com a
prática, um plano demasiado definido não é bom. Não sei se seria necessário o código de Ética”.
M: “Não há nada feito no âmbito do sistema de valores…O sistema de valores não esta comunicado,
não há uma carta de princípios de valores nem código de ética nem de conduta… Necessidade de
maior divulgação”.
N: “Conheço os nossos valores da nossa escola. Acho que deve haver mais divulgação”.
O: “Estão definidos e publicados em Diário da República. Mas há uma grande diferença entre eles
estarem definidos ou assumidos nas suas práticas…Necessidade de maior implementação dos
valores”.
P: “Não há uma identidade na universidade o que me faz muita confusão. A ética não pode ser
imposta, é um acto predisposto…”.
Em relação ao segundo, terceiro e quinto grupo de entrevistados, as respostas
são convergentes em relação aos do grupo da governação, pouco conhecimento sobre
os valores e código de ética e a necessidade de maior divulgação:
209
G: “A Ética é essencial, a universidade ainda tem muito que fazer a este nível, não basta falar mas sim
dar provas com acções concretas em termos de valores corporativos…Penso que há muito que fazer
na área da cultura organizacional da universidade”.
H: “…Acho que a universidade deve ter uma identidade própria. Se os seus colaboradores não a
conhecerem eventualmente até podem ir contra a própria identidade”.
Q: “Nada feito ao nível do sistema de valores. Não acho que um código desses sirva para alguma coisa,
deveriam haver acções de formação do âmbito ético...”.
Em relação ao grupo de entrevistados estudantes, o seu conhecimento sobre os
valores e princípios corporativos da UÉ é inexistente, entendendo todos eles pela
necessidade de uma maior divulgação:
I: “Não conhece. Acha que deve haver mais divulgação”.
J: “Não conhece. Acha que deve haver mais divulgação”.
K: “Não conhece. Acha que deve haver mais divulgação”.
Questão nº 9
O papel da governação da UÉ é relevante na promoção de praticas de RS? Como?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados, se consideram
relevante o tipo de governação da IES na promoção de práticas de RS.
Tendo em conta as respostas do primeiro grupo de entrevistados, uma grande
maioria reconhece que a governação da IES, sendo um factor essencial para a
promoção de práticas de RS, tem formulado programas de RS que minimizem
situações de emergência, como é o caso dos estudantes com grandes dificuldades
financeiras. Por outro lado, alguns entrevistados reconhecem que existe a necessidade
de se proceder a uma melhoria em termos de iniciativas focadas nos funcionários não
docentes assim como uma clarificação da estratégia que preveja a RS:
A: “Sim julgo que temos feito coisas nesse sentido, temos apoiado muito os estudantes”.
B: “A liderança é essencial para as práticas de RS, é mesmo decisiva. Pessoas muito formais não vão
longe, pessoas muito agarradas à dimensão jurídica não são eficazes. Tem-se que mobilizar os
colaboradores e os estudantes, temos que lhes incutir uma cultura na instituição. Ainda nos falta
fazer muito”.
C: “A governação é muito relevante, as lideranças devem despertar nos diferentes agentes o
conhecimento da sua estratégia neste âmbito…A RS pode ajudar neste processo”.
D: “A governação é essencial na adesão da RS, tendo em conta os vários públicos a quem se destina.
Os estudantes são os mais importantes mas temos vindo a perder alunos. Tem sido difícil virar a
universidade para os actuais problemas”.
E: “…a governação é a base para que as pessoas possam abraçar estes assuntos. A RS é muita vasta e
a nossa universidade tem programas para a empregabilidade dos estudantes e também para as
suas eventuais dificuldades financeiras. Devia também estar dirigida aos funcionários”.
210
F: “É determinante a liderança…Julgo que temos muito trabalho feito. Ajudamos muitíssimo os alunos
através do SAS. Investiram elevadíssimas verbas nesta área com as cantinas e alojamentos”.
L: “A componente de liderança é muito importante no que diz respeito à implementação da cultura da
excelência e da existência de práticas de RS, promovendo uma boa comunicação interna e
externa...”.
M: “Sim é determinante a governação para o exercício da RS na IES…A universidade não esta focada
no aluno e se tivesse, muitos dos problemas que temos seriam diminuídos”.
N: “Sim muito importante é o começo de tudo depois é necessário envolver as pessoas e os alunos
porque o líder não faz a RS sozinho. A tutela também só nos dificulta…”.
O: “A liderança é fundamental. Tudo começa na governação. A RS deve ser estratégica e para mim
esta universidade já desempenha um papel no âmbito da RS pela sua origem e interdependência
com a comunidade. Pode claro fazer muito mais”.
P: “Muitíssimo importante a liderança. Ainda se tem que percorrer um caminho para posicionar a
universidade focada nos estudantes e nas suas necessidades. A RS é um grande passo. Mas a
universidade tem um papel fundamental no desenvolvimento regional. Pode ter muito maior”.
Em relação ao segundo, terceiro e quinto grupos de entrevistados observa-se
respostas convergentes ao do primeiro grupo em relação ao reconhecimento de que a
governação da IES ser um elemento essencial para a promoção de práticas de RS. A
responsável dos SAS aponta para importantes investimentos de apoio aos estudantes,
mas refere que poderia haver maior atenção para com os colaboradores não docentes.
Os outros dois entrevistados afirmam que a universidade ainda tem um caminho a
percorrer neste âmbito da RS:
G: “Sem dúvida que a governação é decisiva na adesão da RS. O SAS apesar da crise tem aumentado
muito as ajudas aos estudantes e isso só se faz porque a governação assim o entendeu. Mesmo
assim a área onde mais se tem que melhorar é com a motivação dos funcionários não docentes.
Custa tão pouco motivá-los mas raramente a governação dar exemplos”.
H: “Absolutamente é determinante a importância da governação mas também tem que haver dinheiro
e estratégia e não conheço muito trabalho feito nesta área na universidade”.
Q: “Sem dúvida, absolutamente, uma instituição que tenha uma liderança sem capacidade ética não
tem possibilidade nenhuma, isto é valido para o país, para a universidade e é valido para tudo. A
liderança tem muito a ver com a área da ética e da RS. A liderança deve ser consensual. A
universidade terá que evoluir neste sentido”.
Dois dos três estudantes entrevistados referem da possibilidade do défice de
práticas de RS por parte da governação da universidade, afirmando que há muito para
fazer no âmbito do foco da universidade nos alunos e em alguns funcionários,
sugerindo que poderia fazer muita mais do que faz. Referem que se deveria melhorar
muito a comunicação para fora da universidade de forma a projectar a sua imagem:
I: “É muito relevante independente das questões financeiras mas tem que haver estratégia e acções
concretas dirigidas às várias partes da universidade. Na minha opinião há muito que fazer tanto em
relação à promoção da imagem da universidade, comunicação, adequado tratamento dos
211
funcionários não docentes e na empregabilidade dos estudantes. Não acho que esta governação
seja transparente nem sensível a estas coisas da RS”.
J: “Penso que sim cada líder tem a sua ideologia, há líderes em que o aspecto social não é uma
prioridade como penso que é o actual. Não há nada feito a este nível. Podíamos ter um papel
fundamental para com a cidade. A RS nesta casa para mim não é um assunto”.
K: “Sim é importante mas não sei como”.
Questão nº 10
Conhece a estratégia da IES? A RS faz parte da actual estratégia? De que forma?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados, se conhecem a
estratégia da IES e em caso afirmativo aferir se a RS faz parte.
Em relação ao primeiro grupo de entrevistados, a sua totalidade reconhece que
não existe um plano estratégico na universidade formalmente aprovado pelo conselho
geral. Apesar disso alguns entrevistados referem que existe uma estratégia da equipa
do reitor, onde a RS é vista como fazendo parte, enquanto que outros entrevistados
afirmam que a estratégia informal não pode ser considerada, pelo facto de esta não
ser comunicada nem operacionalizada:
A: “A universidade não tem um plano estratégico aprovado, porque o conselho geral não o quis
aprovar. Mas temos um plano de actividades que contem aspectos sobre a sustentabilidade. A RS
não é vista de forma estratégica mas de uma forma instrumental para captar mais públicos”.
B: “Não existe formalmente uma estratégia…não esta comunicada e por isso não é conhecida …temos
uma estratégia não aprovada. A RS está prevista na estratégia informal, a ética é prioritária para
2014”.
C: “Conheço a estratégia mas não a posso consultar por não estar aprovada nem comunicada
internamente. A RS esta incluída nessa estratégia…”
D: “Existe uma estratégia apesar de não haver um plano estratégico. A RS esta implícita na
concretização da estratégia…”.
E: “Sim conheço a estratégia da universidade e estive envolvido na sua criação, ela não esta divulgada
porque não foi provada pelo conselho geral…A RS esta integrada na estratégia informal”.
F: “Esta formalmente definida, não aprovada, não comunicada, estamos a montar um novo modelo
com o conselho geral mais abrangente de longo prazo. A RS está integrada nessa estratégia mas
necessita de maior visibilidade”.
L: “Não conheço, existe um plano de actividades mas é por ano, mas o plano estratégico não está
aprovada pelo conselho geral…Não sabe se a RS esta inserida”.
M: “Há um plano estratégico mas não escrito e aprovado. A RS não esta incluída na estratégia de
forma explicita”.
N: “Temos uma estratégia informal não aprovada, esta pendente. Acho que a RS faz parte…”.
O: “Não temos uma estratégia formalizada, tenho alguma dificuldade em a perceber, uma estratégia
só existe se ela for comungada pela comunidade. Para mim a estratégia da reitoria não é a
estratégia da universidade. Por isso para mim não existe uma estratégia na universidade, não foi
212
comunicada nem operacionalizada…A RS necessariamente tem que fazer parte, nem se coloca a
questão”.
P: “A estratégia não esta aprovada mas esta o enquadramento estratégico…A RS esta integrado na
missão da universidade, por ser a locomotiva do Alentejo, esta integrada na estratégia pelo
desenvolvimento regional”.
Em relação ao segundo, terceiro e quinto grupo de entrevistados, igualmente
referem a existência de uma estratégia informal a qual, segundo os mesmos, terá
pouca eficácia. Referem também que no seu entender a RS não consta nessa
estratégia informal.
G: “…Ela devia estar mais divulgada a todos. É uma falha grave não se conhecer para dentro e para
fora a estratégia. A RS devia estar contemplada…”.
H: “Não conheço e gostava de conhecer. A estratégia informal por não estar comunicada não serve de
nada. É uma área de melhoria muito grande. Não me parece que a RS esteja prevista”.
Q: “A estratégia não existe de forma definitiva, formalizada…Uma estratégia não serve de nada, se
não houver mecanismos para a sua execução onde o principal mecanismo é o orçamento…não há
orçamento suficiente. A RS consta muito pouco, porque a palavra Ética nunca consta nos
documentos estratégicos, não se pode falar em RS sem se falar em Ética. A Ética está ausente nas
definições da instituição”.
Em relação ao grupo dos estudantes observa-se que não conhecem a estratégia
da IES, não sabendo por isso se a RS faz ou não parte da estratégia:
I: “Não conheço a estratégia. Não sei se a RS esta presente”.
J: “Não conheço a estratégia. Esta instituição está a falhar. Apostou-se em docentes com grande
currículo mas depois a nível de acção social, a instituição esta a falhar...A RS está dissociada da
estratégia, porque não vejo onde esta a RS”.
K: “Não conheço”.
213
Figura 41. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Governação da IES – Identificação das PI
214
Figura 42. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Importância relativa das PI
215
Figura 43. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Governação da IES – Funções da IES
216
Figura 44. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Identificação valores e código de ética
217
Figura 45. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Compromisso da governação na promoção da RS
218
Figura 46. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti a partir da análise de respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Governação da IES – Relação da estratégia da IES com a RS
219
Resumo da Análise das respostas
Dimensão – Governação da IES
Pelas respostas dos entrevistados em relação à identificação das PI da UÉ, conforme se
pode verificar nas Figuras 41 a 46, a maioria dos entrevistados apontam em primeiro
lugar os estudantes, a sociedade e os colaboradores, como PI da IES, surgindo num
segundo nível, em termos de frequência de respostas, as famílias dos estudantes, os
parceiros, as empresas e o meio ambiente.
Quando se questiona os vários grupos de entrevistados sobre a importância relativa
das PI, as respostas sendo indiferenciadas, convergem em apontar os estudantes e os
colaboradores como as PI mais relevantes, seguindo-se a sociedade, o meio ambiente,
os parceiros e as famílias dos estudantes. Ainda no âmbito desta questão, vários
entrevistados referem um alegado tratamento privilegiado dos docentes da IES em
relação não docentes, apontando para a possibilidade da universidade não estar
orientada para os estudantes mas sim para os docentes.
Em relação à questão sobre as funções de uma IES, a totalidade dos entrevistados
apontam a docência como principal função de uma IES, surgindo depois as funções de
investigação e de extensão do conhecimento.
Em termos da identidade da UÉ, nota-se pelas respostas que uma parte muito
significativa dos elementos da governação e dos restantes grupos de entrevistados ou
desconhecem o sistema de valores ou entendem que constituí uma área de grande
melhoria na UÉ, visto que os mesmos estão pouco disseminados e comunicados não
havendo um código de ética. Quando auscultados sobre o papel da governação na
promoção de práticas de RS na UÉ, a maioria dos entrevistados aceita que a
governação é um factor fundamental para essa tarefa, havendo o reconhecimento da
existência de programas de RS que minimizem alguns aspectos dos estudantes
nomeadamente eventuais situações de emergência. Por outro lado, alguns
entrevistados reconhecem que existe a necessidade de se proceder a uma melhoria
em termos de iniciativas focadas nos funcionários não docentes assim como uma
clarificação da estratégia formalizada que preveja a RS. O grupo de entrevistados
estudantes, referem da possibilidade de algum de práticas de RS por parte da
governação da universidade, afirmando que há muito para fazer no âmbito do foco da
universidade nos alunos e em alguns funcionários, sugerindo que se deveria melhorar
muito a comunicação interna e externa de forma a projectar a imagem da
universidade. Quanto à questão relacionada com a estratégia da UÉ, a maioria dos
entrevistados reconhece que não existe um plano estratégico na universidade
formalmente aprovado pelo conselho geral. Apesar disso alguns referem que existe
uma estratégia da equipa do reitor, onde a RS faz parte, enquanto que outros afirmam
220
que a estratégia informal não pode ser considerada, pelo facto de esta não ser
comunicada nem operacionalizada.
6.2.3.3.3. Dimensão – Desafios da Universidade de Évora
Tal como anotado no anterior caso, na sequência dos constrangimentos e
tendências no ES em Portugal, as IES do interior de Portugal atravessam um conjunto
de dificuldades acrescidas pelo facto de lhes faltar estudantes para o normal
desenvolvimento das actividades lectivas. Tendo em conta o elevado contributo que
estas IES geram no desenvolvimento da comunidade local, torna-se relevante que a
sua governação encontre formas alternativas mas complementares, para a
sustentabilidade económico financeira destas instituições.
Questão nº 11:
Quais as tendências no ensino superior? Os actuais problemas estratégicos e
operacionais da UÉ relacionam-se com as tendências? De que forma?
Pretende-se com esta pergunta, aferir as actuais tendências no ensino superior
e relacioná-las com os problemas estratégicos e operacionais que a IES apresenta de
acordo com os entrevistados auscultados.
De uma forma geral os diversos grupos de entrevistados, apontam para a falta
de alunos como a principal tendência do sector de ES, implicando a proposta para
aumentar a captação de novos alunos através de vários formas, potenciando a
formação ao longo da vida, a diversificação da origem dos estudantes, a oferta
formativa conjunta entre a rede de ES e a aposta nas competências comportamentais
nos estudantes, de forma a aumentar a sua integração profissional. Referem
igualmente alguns entrevistados para a necessidade da internacionalização das IES e a
dinamização da prestação de serviços a vários públicos, potenciando a função
universitária no desenvolvimento regional:
A: “Com a diminuição dos alunos pela via normal, temos que captar outros públicos, por exemplo
através da formação ao longo da vida e com estudantes estrangeiros…Temos tido um aumento
muito grande de estudantes angolanos, brasileiros e outros. Por outro lado devemos ser agentes do
desenvolvimento tanto ao nível da região como ao nível das empresas, contribuindo para com o
tecido empresarial com inovação…”.
B:” Internacionalização, formação ao longo da vida, prestação de serviços, temos que captar mais
estudantes...O principal problema da universidade é não haver um plano estratégico da
universidade. A instituição não sabe ainda quais as áreas de excelência…”.
C: “…reforma de Bolonha como um problema com consequências que na altura nem se suspeitava…ao
nível das competências comportamentais, temos que dar resiliência aos alunos para se adaptarem
221
ao mercado de trabalho e às novas realidades…Temos que reforçar a formação dos docentes e
funcionários”.
D: “Os cortes orçamentais, originam consequências que muitos não estão a ver…reorganização da rede
é uma questão muito em cima da mesma, reorganização da oferta…internacionalização das
universidades exigem ritmos diferentes de universidade para outras. Problemas demográficos e da
qualidade de ensino”.
E: “…aprendizagem ao longo da vida, a necessidade de captação de novos alunos visto que tem havido
uma evidente diminuição de inscrições, com elevados abandonos no primeiro ano. Dota-los de
ferramentas que promovam a sua empregabilidade… reter os alunos da região… a imagem tem que
ser melhorada. O processo de Bolonha veio piorar a situação da qualidade… competências
comportamentais”.
F: “O principal problema é a diminuição do nº de alunos, só 40 % dos estudantes que terminam o
secundário é que ficam em Évora a estudar na universidade... captar mais estudantes através da
formação ao longo da vida, a internacionalização e por outro lado temos que potenciar a prestação
de serviços, temos tido um aumento muito grande de receitas comunitárias em vários projectos
científicos”.
P: “A especialização é um aspecto evidente, cada universidade não deve ter formação de A a z e forçar
o sistema a ter os melhores docentes em todas essas áreas. As soft skills são muito mais
importantes…melhorar a identificação das necessidades dos clientes por parte da universidade…a
investigação dirigida para o mercado…técnicas de ensino à distância devem ser implementadas…
potenciar a extensão do conhecimento…é fundamental procurar uma marca desta universidade”.
Em relação às respostas dos estudantes, um deles aponta como tendência do
ES a falta de alunos nas IES, referindo as políticas da tutela como um dos responsáveis.
Os restantes estudantes não fazem nenhuma referência às tendências mas apontam
para alguns problemas de qualidade do ensino, relacionados com alguns docentes e
serviços e a falta de espaços para estudar na universidade:
I: “…O principal problema é com a falta de alunos, as instituições do interior estão a ficar penalizadas
com as políticas da tutela. Os estudantes queixam-se de má comunicação com os docentes, existem
bons docentes mas outros muito maus e por vezes estes maus depois da avaliação nada lhes
acontece, existe assim um aumento de desmotivação. O portal dos antigos alunos vai dar um forte
contributo para os actuais estudantes…”.
J: “Os SAS não funcionam como gostaríamos, a universidade não houve os estudantes acho que nem se
apercebem que nós estamos descontentes. Outro problema é com a nossa ligação a cidade que
poderia ser muito melhor”.
K: “As condições de alojamento não são as melhores, os contributos para o SAS do orçamento do
estado são menores, é perceptível que a falta de dinheiro leva a este estado de coisas. O
alojamento e as necessidades de bolsas são as duas áreas de maior necessidade”.
222
Questão nº 12
Para além do contributo do orçamento do estado identifica outras fontes de
financiamento da UÉ? Quais?
Pretende-se com esta pergunta, identificar junto dos entrevistados, eventuais
fontes de financiamento alternativas às verbas do orçamento o estado que constituem
a principal receita da IES públicas.
Tendo em conta as respostas dos vários grupos de entrevistados, a maioria
aponta para a dinamização da prestação de serviços tanto à comunidade como às
empresas e foco na captação mais estudantes nos vários ciclos e ao longo da vida, a
dinamização de parcerias estratégicas com ofertas formativas conjuntas e a
possibilidade da existência de politicas de discriminação positiva para com as IES do
interior por parte da tutela:
A:” Estratégia para conquistar novos alunos nacionais e estrangeiros, prestação de serviços vários
dirigidos a empresas e comunidade”.
B: “Podemos dinamizar vários pacotes de apoio à atracão de estudantes, bolsa de estudantes,
internacionalização é muito importante por esta via aumentar aos estudantes, assistência
tecnológica, prestação de serviços na área agro-alimentar”.
C: “Aumentar a prestação de serviços, formação ao longo da vida, formação para antigos alunos”.
E: “Somos ainda dependentes em termos do orçamento em cerca de 60%, estamos a trabalhar bem
para arranjar mais receitas, a prestação de serviços com vários departamentos que já o fazem,
angariação de mecenas, donativos empresas, duas cátedras que são promovidas por entidades,
mas aumentar as propinas esta fora de questão”.
F: “A nossa dependência é elevada e determinante, receita própria na ordem dos 45 %, estamos muito
focados para aumentar as fontes próprias, no âmbito de fundos comunitário podemos vir a receber
este ano 20 a 25 milhões. Prestação de serviços vários”.
L: “Prestação de serviços e angariação de mais estudantes. Para isso é preciso aumentar a qualidade
do ensino”.
M: “Já se faz alguma coisa mas pode-se fazer muito mais...”.
N: “Prestação de serviços e descriminação positiva por parte da tutela valorizando o nosso contributo
para o desenvolvimento da região”.
O: “Penso que se tem feito alguma coisa mas falta muito ainda, é um caminho que temos que
percorrer, o caminho não é mau em si, as razões é que não são as melhores devido ao actual
momento de crise. Prestação de serviços, ensino de excelência, ligação à rede de IES”.
P: “Foco na satisfação dos alunos, angariação de alunos de vários ciclos, incluindo os antigos alunos,
estabelecimento de parcerias com a região”.
Apesar na quase unanimidade na aposta da prestação de serviços, dois
entrevistados apresentam reservas sobre se uma IES pública tem como missão esta
angariação de autonomia financeira:
223
D: “Acho que sim mas tenho algumas reservas sobre esse assunto. Penso que não nos cabe essa
tarefa”.
H: “Esse caminho é perigoso. A educação vem na constituição por isso não sei se a universidade pública
tem a missão de andar a angariar receitas. Tem é que ter as contas transparentes e apresentar um
ensino de referência”.
Quanto aos estudantes entrevistados apontam a prestação de serviços e o foco
na ajuda à comunidade local:
I: “Prestação de serviços na cidade”.
J: “Muitos estudantes poderiam aumentar a ajuda as pessoas da cidade. Colocar alguns projectos a
render, ideias sustentáveis dos estudantes”.
K: “não sei”.
Questão nº 13
Na sua opinião as políticas da tutela estão ajustadas aos desafios das IES do interior?
Como?
Pretende-se com esta pergunta, identificar junto dos entrevistados de
eventuais outras fontes de financiamento da IES para além das verbas do orçamento o
estado.
Tendo em conta as respostas dos vários grupos de entrevistados, a quase
totalidade aponta para a clara falta de adequação das políticas governamentais não só
em relação à necessidade de regulamentação do ES português como de políticas que
minimizem os constrangimentos das IES do interior do continente, tendo em conta o
seu elevado contributo para o desenvolvimento da comunidade local:
A: “Não estão. A nossa universidade desempenha uma função determinante na região enquanto que
muitas outras IES não o fazem e não é por isso que nós somos valorizados”.
B: “Julgo que devia haver uma estratégia por parte da tutela muito diferente, valorizando e
incentivando o nosso papel na região, o nosso e o das outras IES do interior”.
C: “Todas as IES do interior contribuem muito para atenuar os problemas aqui existentes, para a
diminuição da desertificação humana, na ajuda à população envelhecida e a tutela na prática não
tem nenhum reconhecimento do nosso papel social”
D: “As quatro universidades do interior estão localizadas em zonas com os mesmos problemas
demográficos e a mesma necessidade de captação de investimento público e privado. No litoral
existem outros problemas, não de falta de alunos mas outros. Por isso a tutela deveria se ajustar
aos problemas específicos de cada região, o que não tem feito”.
E: “Nós aqui temos necessidades diferentes do litoral, temos poucos alunos devido ao pouco
investimento, à diminuta natalidade, à fuga de estudantes para o litoral. Temos que melhorar a
nossa imagem e manter a linha da qualidade do nosso ensino para atrair mais estudantes. O
estado podia fazer mais mas temos também que fazer o nosso papel”.
224
F: “Desempenhamos uma função muito importante em Évora e na região. Estamos muito
condicionados com as políticas da tutela para o sector que tem tido como se sabe muitos
problemas. Sem duvida que temos tido constrangimentos financeiros acrescidos que nos tem
dificultado muito a nossa actividade...”.
G: “As políticas da tutela têm sido muito negativas, os cortes dos orçamentos são sistemáticos o que
leva a uma desmotivação por parte dos funcionários que é difícil de gerir. Por isso na minha opinião
a tutela só nos tem dificultado, não valoriza o nosso papel nesta região, acho que na verdade nem
quer saber”.
H: “Acho que não, a tutela é incompetente para tratar desta situação. É uma gestão meramente
contabilistas, não promove o livre pensamento. A universidade de Évora contribui para a região de
uma forma essencial e por isso as políticas deveriam ter em conta essa realidade”.
M: “O nosso contributo é enorme, a realidade da cidade é indissociável com a da universidade. Apesar
deste contributo para o desenvolvimento regional, não vejo compensações nas políticas do
governo…Temos que nos focar mais no que depende de nós. Posicionar a universidade para o
aluno”.
N: “Nada ajustadas, pelo contrário, são negligentes e não tem a menor capacidade de escutar o que os
docentes têm para dizer, as pessoas que conhecem a realidade. A tutela não esta interessada na
realidade. É só cortar nos orçamentos. Nem sabem o que a RS significa”.
Q: “A tutela nunca teve em conta a nossa função social e cultural, nunca houve uma discriminação
positiva com as universidades mais pequenas, basta ver que as regras de avaliação de todas as IES
são as mesmas. Isto não faz sentido. Falta ética da responsabilidade não praticam o princípio da
subsidiariedade”.
Em relação às respostas dos estudantes, verifica-se que acompanham a opinião
dos restantes entrevistados, não concordando com a posição por parte da tutela:
I: “A nossa zona é mais desfavorecida e contribuímos muito para a cidade e comunidade. Devia haver
um contributo por parte da tutela talvez com discriminação positiva ou reconhecer o que fazemos
pela região e compensarmo-nos”
J: “Claro que não. É só cortar nos orçamentos, não têm em conta nada mais do que uma gestão
financeira da situação. Não confio nesta tutela”.
K: “Não sei”.
Questão nº 14
Na sua opinião, os actuais problemas e desafios identificados podem ser minimizadas
através de práticas de RS? Como?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados se na sua
opinião os actuais problemas e desafios identificados podem ser minimizadas através
de praticas de RS.
As respostas dos entrevistados dos vários grupos, são convergentes em afirmar
que as práticas de RS têm potencial para minimizar alguns dos desafios da
universidade de Évora, sobretudo aqueles não relacionados com o imediatismo
225
orçamental, já que para vários, a RS produz efeitos a médio longo prazo, não a curto
prazo. Assim, a maioria dos entrevistados afirma que as práticas de RS podem levar a
aumentos da imagem da universidade, com a consequente melhoria da imagem e
satisfação dos colaboradores e estudantes, podendo por esta via, atrair mais
estudantes:
A: “A RS pode atenuar alguns dos problemas, caso se consiga aumentar a satisfação dos actuais e
futuros alunos, podendo contribuir para o aumento da nossa reputação e assim captarmos mais
estudantes e desta forma atenuar a falta dos mesmos. Por outro lado, ao nível interno podemos
melhorar as qualificações dos nossos RH, docentes e não docentes assim como mantermos
preocupações ambientais”.
B: “Julgo que sim, a RS internamente pode ajudar com iniciativas de aumento da formação aos não
docentes e da implementação de um sistema de avaliação de desempenho melhor que o SIADAP.
Por outro lado captando mais estudantes pelo efeito boca a boca”.
C: “A RS pode melhorar muito a universidade em muitos aspectos, a proximidade entre docentes e
alunos pode ainda melhorar mais e isso passa lá para fora o que pode implicar atrair mais
estudantes…”.
D: “Não podem resolver problemas orçamentais imediatos, o efeito da RS é a médio longo prazo,
podem promover mais receitas pela via ampla da RS, reforço da nossa imagem externa, do
reconhecimento interno e da reputação”.
E: “Tendencialmente sim, o facto de termos acções de RS como o fundo UÉ, através da sua divulgação
pode atrair mais alunos, o marketing da própria instituição vai poder aumentar a sua reputação
melhorando a notoriedade, a confiança interna e externa podendo atrair mais estudantes em todos
os ciclos”.
G: “As práticas de RS podem ajudar através da melhoria da nossa imagem para o exterior e esperemos
que novos alunos sejam atraídos pela maior visibilidade e confiança com a universidade”.
H: “Acho que sim não tenho dúvidas nenhumas, mas a RS devia ser vista de forma estratégica,
devendo constitui uma das sua preocupações. Foco nos estudantes e dimensão interna para
melhorar a satisfação de ambas”.
K: “Verificamos que todos os anos, alguns cursos têm fechar por falta e estudantes, face a este tipo de
problema a RS de que forma poderá ajudar? …através de práticas internas que aumentem a
satisfação dos estudantes…”.
M: “Em termos orçamentais não estou a ver como a RS pode ajudar ou seja a curto prazo. Em termos
de promoção da imagem da universidade sim acredito que pode. Se a RS permitir um maior foco
nos alunos, a universidade ganha competitividade”.
N: “Ajuda muito obviamente, demonstrarmos à sociedade civil e região que estamos muito perto dos
nossos alunos e da comunidade implica melhorarmos a nossa imagem e isso pode levar a aumentar
o número de alunos e a satisfação dos actuais”.
226
Figura 47. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Desafios da UÉ - Relação
das tendências do ES com os desafios da IES
227
Figura 48. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão - Desafios da UÉ – Fontes alternativas de financiamento da IES
228
Figura 49. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Desafios da UÉ – Impacto das políticas da tutela no contexto das IES do interior.
229
Figura 50. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Desafios da UÉ –
Reconhecer nas práticas de RS formas de minimizar os desafios da IES
230
Resumo da análise das respostas Dimensão – Desafios da IES
Os diversos grupos de entrevistados, de forma indiferenciada, conforme se pode
verificar nas Figuras 47 a 50, apontam como principal problema da UÉ a falta de
estudantes como principal tendência no ES implicando a operacionalização de
estratégias de captação de estudantes nos vários ciclos de estudos, ao longo da vida e
diversificando a sua origem. Os entrevistados apontam ainda a necessidade de
internacionalização das IES com vista a criar sinergias com IES homologas estrangeiras,
a reorganização da rede de ES em Portugal com a desejável oferta formativa conjunta,
a dinamização da prestação de serviços e outras formas de aumentar a autonomia
financeira das IES e o contributo para o desenvolvimento das comunidades locais. São
apontados como problemas estratégicos e operacionais constrangimentos financeiros
em resultado das políticas da tutela e em termos internos, a proposta para a melhoria
de condições dos funcionários não docentes. Alguns estudantes apontam para
eventuais problemas de qualidade de ensino e falta de condições física de estudo.
Relativamente à questão sobre a diversificação de fontes de financiamento das IES, a
maioria aponta para a dinamização da prestação de serviços tanto à comunidade como
às empresas e foco na captação mais estudantes nos vários ciclos e ao longo da vida, a
dinamização de parcerias estratégicas com ofertas formativas conjuntas e a
possibilidade da existência de politicas de discriminação positiva para com as IES do
interior por parte da tutela.
Em relação à questão sobre a adequabilidade das políticas da tutela aos desafios das
IES do interior continental, é quase unânime a opinião dos entrevistados ao apontarem
a falta de adequação das políticas da tutela face aos desafios do ES do interior
continental, as quais não terão em conta o efectivo desempenho destas IES no
desenvolvimento regional.
Quando se questiona sobre a possibilidade das práticas de RS poderem minimizar
alguns dos desafios e tendências apontadas anteriormente, as respostas dos
entrevistados dos vários grupos, são convergentes em afirmar que as práticas de RS
têm potencial para minimizar alguns dos desafios da universidade de Évora, sobretudo
aqueles não relacionados com os problemas financeiros visto que na sua opinião a RS
produz efeitos a médio longo prazo, não a curto prazo. Assim a maioria afirma que as
práticas de RS podem levar a aumentos da imagem da universidade, com a
consequente melhoria da visibilidade da universidade e de satisfação dos
colaboradores e estudantes, podendo por esta via atrair mais estudantes.
231
6.2.3.3.4. Dimensão – Impactes das práticas de Responsabilidade Social na
Instituição de Ensino Superior
Questão nº 15
A UÉ cria impactes económicos e sociais relevantes na região? Quais?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados, se consideram
que a UÉ cria impactes económicos e sociais relevantes na região.
Os vários grupos de entrevistados unanimemente apontam para o elevadíssimo
contributo económico, social e cultural dinamizado pela universidade na região. Alguns
entrevistados referem que a universidade ainda poderia criar maior impacte:
A: “Sim muito grande, somos uma universidade com milhares de alunos e centenas de docentes. Cria
um impacto económico muito grande. Também social pela entreajuda que temos com a
comunidade”.
B: “É muito elevado o nosso impacte, o papel na actividade económica, negócios à volta da
universidade, investimento de algum tecido empresarial. Em termos sociais também é elevado”.
C: “Sim elevadíssimo tanto económico como social. Somos um dos maiores empregadores da zona”.
E: “Sim muito grande o nosso contributo, mas poderia ser maior”.
F: “Somos com o hospital os maiores empregadores”.
I:”Sim é muito grande mas os alunos poderiam fazer muito mais com ajuda da universidade. Os alunos
têm um potencial enorme que não é explorado por falta de ajuda da universidade e também por
alguma falta de iniciativa dos alunos”.
J: “É enorme o impacto. Vai ser cada vez maior penso eu, quando estivermos mais organizados para
melhor servir a cidade e os seus habitantes”.
L: “Sim muito grande somos muito alunos que dormem, comem e vivem na cidade”.
M: “Em termos económicos e sociais é fundamental mas também em termos culturais. Temos uma
adesão enorme. Já moldamos os hábitos culturais da região”.
Questão nº 16
Quais são os principais focos das práticas de RS na UÉ?
Pretende-se com esta pergunta, aferir junto dos entrevistados, quais são os
principais focos das práticas de RS na UÉ.
A quase totalidade dos entrevistados refere os estudantes como o principal
foco das práticas de RS na IES sendo a sociedade o seguinte foco na universidade. De
se notar que poucos entrevistados referem os colaboradores como foco das práticas
de RS pela universidade o que reforça as respostas à sexta questão, onde houve várias
referências sobre a necessidade de se incrementar a atenção nos colaboradores em
geral e os não docentes em particular:
232
A: “São os estudantes e a sociedade”.
B: “Estudantes”.
C: “Estudantes, região e funcionários”.
D: “Estudantes e a região”.
E: “Estudantes”.
F: “Estudantes e sociedade”.
G: “Estudantes”.
H: “Estudantes e comunidade”.
I: “Comunidade”.
J: “Cidade”.
K: “Não sabe”.
L: “Estudantes e comunidade”.
M: “Estudantes e região”.
Questão nº 17
Que vantagens para esta IES na adopção de práticas de RS? Estas práticas aumentam a
reputação e a confiança dos estudantes e colaboradores na UÉ?
Pretende-se com esta última questão, identificar junto dos entrevistados, quais
as vantagens para a IES na adopção de práticas de RS e se estas criaram maior
reputação, confiança e competitividade na Universidade.
As respostas do primeiro grupo de entrevistados apontam para uma melhor
imagem externa da universidade em resultado de varias iniciativas, entre as quais, as
práticas de RS na UÉ, referindo neste âmbito que na sua percepção, a confiança e a
reputação da UÉ melhoraram, apesar de alguns entrevistados referirem que existe a
necessidade de se melhorar a comunicação interna, de forma a se proceder a uma
maior divulgação dos programas de RS. Vários entrevistados referem que, na sua
percepção, os estudantes melhoraram consideravelmente a sua confiança e reputação
em resultado das iniciativas de RS da universidade e por outro lado, as opiniões
dividem-se sobre se houve ou não uma melhoria da competitividade da IES:
A: “Na parte que nós podemos influenciar julgo que vamos no bom caminho…A confiança nos docentes
é maior, existe hoje maior interacção entre reitoria e as escolas, maior colaboração, os planos de
actividade discutidos com docentes e não docentes…podemos influenciar a opinião pública pela
melhoria da nossa imagem…Nos últimos anos, a universidade melhorou muito a sua imagem
externa, melhoramos a nossa reputação especialmente externa e também de confiança, passámos
a ser vistos como parceiros, com muito maior ligação às diferentes partes. É um efeito que leva
tempo para se construir e que se destrói muito rapidamente. Não sabe se esta mais competitiva”.
B: “A nossa RS esta na nossa missão, na nossa génese, nem sempre formalizada em programas
específicos. Nos últimos quatro anos, tem-se melhorado muitíssimo a nossa imagem externa e
233
também a nossa reputação. Os alunos hoje sentem mais este envolvimento...Temos que continuar
este caminho, aumentando a captação de fundos, melhorando o nº de alunos, aumentando a
retenção dos alunos da zona e atraindo outros de fora…Penso que estamos mais competitivos”.
C: ” A RS não esta formalizada mas ela sempre existiu na nossa universidade pelo elevado contributo
que damos para a sociedade. O maior avanço nos últimos 2 anos tem sido a maior visibilidade e a
ligação com a sociedade, parceiros e com os alunos, tanto a nível nacional como internacional,
temos hoje muito mais respeito e consideração pela comunidade local e nacional…Os alunos tem
uma maior confiança na nossa instituição mas eu gostava que tivessem ainda mais, necessitamos
de ter mais nome, marca. Em termos de competitividade, estamos mais organizados internamente
e melhor preparados para dar melhores resposta aos actuais desafios”.
D: “A RS não produz efeitos a curto prazo, mas a nossa imagem externa e também a confiança com os
agentes externos está muito melhor…A nossa reputação melhorou sem qualquer tipo de dúvida
mas o número de alunos… Não sei se esta mais competitiva porque a falta de alunos persiste…”.
E: “A nossa imagem melhorou bastante nos últimos anos e a universidade está melhor enquadrada na
região e melhor respeitada. A universidade tem-se preocupado mais com os alunos e com a
sociedade e menos com os não docentes, esta casa esta virada para os docentes…Os alunos têm
uma percepção melhor da universidade com uma confiança e reputação adicional. A associação
académica tem ainda muito que fazer. Julgo que estamos mais competitivos”.
F: “As práticas de RS desta universidade permitem ganhos transversais, tanto internos com externos.
Ganhos de imagem externa e de reputação e confiança interna e externa…Penso que estes
programas são da obrigação da universidade, não é uma solidariedadesinha…algumas práticas
nossas de RS, não são comunicadas intencionalmente. Temos muito que fazer ainda
nomeadamente ao nível dos não docentes e com a comunidade local”.
L: “Sem dúvida que a reputação melhorou muitíssimo nos últimos anos, a escola das artes tem
contribuído para essa visibilidade. As práticas de RS têm ajudado neste processo de ligação à
cidade e região...A RS não interessa se não houver qualidade…A universidade esta mais competitiva
sem dúvida”.
M: “A universidade nos últimos anos tem melhorado muito a sua imagem externa e também interna.
Ainda existe muito que fazer ao nível da cidade…A relação aluno professor é muito próxima, a
cidade é pacata, muito segura. Existem programas de RS que impedem situações de fome ao nível
do aluno. As salas de aulas e espaços para estudar não são os melhores. Há imensos programas de
RS que ninguém sabe que existem, a comunicação tem que ser melhora. Reconheço aumentos de
reputação sem dúvidas e maior reputação externa do que interna e também maior confiança…Esta
mais competitiva sem nenhuma dúvida…”.
N: “…Na produção científica mudámos em termos de ranking nacional…o valor da transparência
melhorou muito, melhorando a visibilidade da universidade, não temos segredos. Os alunos têm
mais confiança com estas iniciativas, nós aqui temos muto mais proximidade do que em outras
universidades, conhecemos os alunos e falamos com eles individualmente, os funcionários docentes
e não docentes tem hoje mais confiança, o problema vem de fora, por parte das politicas da tutela
que não são ajustadas à nossa realidade…Ficou mais competitiva nos últimos tempos sem dúvida”.
O: “Estou a par de algumas das acções de RS mas na minha opinião a RS universitária não se esgota
nesses programas, a comunicação nem sempre é a melhor, temos um gabinete de comunicação
mas não é muito eficaz…Quando um aluno quer continuar a estudar e está em risco por falta de
condições económicas, tem que se dar uma solução, criar um ambiente de ninguém ficar para
traz…Temos melhorado em termos de reputação e de imagem interna e externa. Acho que estamos
mais competitivos, mas temos muito que fazer, temos que virar a universidade para as
necessidades dos alunos e para a sociedade”.
234
P: “Tenho conhecimento de algumas acções de RS mas não são divulgadas devidamente…A RS tem
muito a ver com a ética…A universidade tem ficado mais competitiva pela via da melhoria da
imagem, reputação e confiança de todos com as suas PI, a universidade deixa de ser minha para ser
nossa. Esta mais competitiva mas poderia estar mais”.
Em relação ao segundo, terceiro e quinto grupo de entrevistados, as respostas
apontam em convergência com o grupo da governação:
G: “…A RS vai permitir aumentos na reputação, interna como externamente, os alunos aumentaram a
sua satisfação em termos das suas necessidades…Não sei se esta mais competitiva com todos os
problemas que persistem e sobre os quais a RS pouco pode fazer”.
H: “A universidade existe para os alunos, estes devem ser o centro do processo, se não houver alunos
não há universidade, os centros de investigação é que não necessitam de ter alunos para
funcionarem. A RS pode ajudar na imagem corporativa…Não sei se com a RS a reputação
aumentou, a imagem sem dúvida que melhorou mas a reputação e a confiança não sei. Não me
parece que esteja mais competitiva. Há muito que fazer e a RS leva tempo a produzir efeitos”.
Q: “No curto prazo não vejo como a RS poderá criar muitas vantagens, mas a longo prazo sim, a
reputação constrói-se a partir daí, sem resultados instantâneos, com solidez de imagem, de
responsabilidade da governação, leva tempo mas já se começou…Sinto que tem aumentado o nível
de confiança e o aumento de reputação, sinto isso não tanto através da audição dos estudantes
mas mais através dos representantes do estudantes, mas temos outra coisa que fundamenta esta
minha percepção, os estudantes participam na avaliação das unidades curriculares, dos docentes,
cursos e serviços e tem havido uma melhoria da percepção da qualidade dos cursos, dos docentes e
serviços, o único ponto em que não se verifica é ao nível dos espaços. Salas de aula e locais para
estudo”.
Alguns entrevistados afirmam que as práticas de RS da UÉ produzem efeitos
insuficientes de forma a minimizar determinadas políticas estatais penalizadoras para
a IES, nomeadamente pela redução de vencimentos aos colaboradores da UÉ, pela
redução da contribuição no orçamento da instituição e pelas políticas de vagas que
afirmam prejudicar as IES do interior como a UÉ:
A: “houve uma degradação de condições de remunerações devido à crise que afecta muito a
motivação dos colaboradores. Nós a este nível nada podemos fazer, o nosso próprio ordenado foi
muito afectado. Hoje exige-se mais e paga-se menos. Há famílias com níveis de stress muito
grande, a universidade pouco pode fazer porque não tem orçamento suficiente…é ao nível da tutela
que se tem que se promover politicas para aumentar a natalidade”.
G: “Tem havido um desinvestimento da universidade na acção social, isto devido aos cortes
orçamentais. As práticas de RS nada podem fazer face a esta situação, pelo menos de uma forma
directa.
N: “…o problema vem de fora, por parte das políticas da tutela que não são ajustadas à nossa
realidade: Esta universidade tem uma responsabilidade para com a região enquanto que as outras
do litoral não têm…”.
Em relação aos estudantes entrevistados, referem que as práticas de RS são
pouco ou nada conhecidas por parte dos estudantes, levando a afirmar que de uma
235
forma geral, apesar da existência de alguns programas de RS, estes não foram os
únicos responsáveis pela melhoria da imagem, confiança e reputação da universidade.
Defendem que a comunicação da UÉ é manifestamente insuficiente e que existe a
necessidade da governação alinhar a estratégia no foco nos estudantes e sociedade:
I: “As acções de RS tem criado resultados ainda insuficientes, a comunicação destas iniciativas é
claramente insuficiente, só alguns alunos é que as conhecem e também muitos docentes não
conhecem esta área. Acredito que algumas acções possam aumentar a reputação e a confiança
mas até aqui não de uma forma estruturada e por isso o impacto dessas práticas é menor. A
reputação melhorou assim como a confiança mas não em resultado exclusivo da RS. A universidade
está mais competitiva mas existe muito ainda que fazer. A universidade deveria aumentar a sua
qualidade, a instituição deve definir as áreas em que queremos ser lideres, para isso é preciso haver
estratégia e não tem havido”.
J: “A confiança em relação à instituição é mediana…a reitoria não ouve as necessidades dos
estudantes…As acções de RS surgem por vezes por pressão nossa…a reputação e a confiança no
meu entender não foi melhorada pelas acções de RS. Julgo que não esta mais competitiva com a RS
que a meu ver é diminuta, pelo menos de uma forma percebível por parte dos alunos”.
K: “Com uma maior ligação entre universidade e a sociedade a confiança e reputação devem melhorar,
mas ainda não de uma forma muto expressa pelo menos por enquanto. Existem muitas áreas de
necessidades dos alunos que não estão bem trabalhadas pela universidade…Não está mais
competitiva”.
236
Figura 51. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão – Impactes das práticas de
RS na IES - Impacte económico e social da UÉ para a região
237
Figura 52. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à dimensão–Impactes das práticas de RS na IES – Foco das práticas de RS na UÉ
238
Figura 53. Mapa conceptual gerado pelo software Atlas Ti, a partir da análise das respostas às entrevistas respeitantes à Dimensão– Impactes das práticas de RS na IES –Vantagens das práticas de RS na UÉ na sua reputação e confiança organizacionais
239
Resumo da Análise das respostas
Dimensão – Impactes da RS na IES
Quando interrogados sobre o eventual contributo da UÉ na criação de impactes
económicos e sociais na região, conforme se pode verificar nas Figuras 51 a 53, os
vários grupos de entrevistados apontam para o elevadíssimo contributo económico,
social e cultural dinamizado pela universidade na região. Alguns entrevistados referem
que a universidade ainda poderia criar maior impacte, apesar da cumplicidade
existente entre a IES e a comunidade desde da criação da universidade nos anos 70 do
século passado.
Relativamente à questão sobre o foco das práticas de RS da universidade, os
entrevistados de uma forma unânime reconhecem os estudantes como o principal
foco das práticas de RS na IES sendo a sociedade o alvo seguinte das práticas de RS. De
se notar que poucos entrevistados referem os colaboradores como foco das práticas
de RS o que reforça as respostas à sexta questão, onde houve varias referências sobre
a necessidade de se incrementar a atenção nos colaboradores em geral e os não
docentes em particular.
Em relação à questão final sobre o impacte das práticas de RS para a UÉ e
nomeadamente para a sua reputação e confiança, as respostas dos vários grupos de
entrevistados apontam para o reconhecimento de uma melhor imagem externa da
universidade em resultado de varias iniciativas, entre as quais, das práticas de RS na
UÉ, referindo neste âmbito que nas suas percepções, a confiança e a reputação da UÉ
melhoraram, apesar de alguns entrevistados referirem que ainda existem varias áreas
de melhoria tais como a necessidade de se incrementar a comunicação interna, de
forma a uma maior divulgação dos programas de RS. Por outro lado, vários
entrevistados referem que, na sua percepção, os estudantes melhoraram
consideravelmente a sua confiança e reputação em resultado das iniciativas de RS da
universidade, havendo ainda muitas dúvidas sobre se houve ou não uma melhoria da
competitividade da IES. Em oposição desta visão positiva do impacte das práticas de RS
na UÉ, observa-se que alguns entrevistados, afirmam que as práticas de RS da UÉ
produzem efeitos insuficientes para minimizar determinadas políticas estatais
penalizadoras para a IES, nomeadamente pela redução de vencimentos aos
colaboradores do IPP, pela redução da contribuição no orçamento da instituição e
pelas politicas de vagas que, de acordo com alguns entrevistados, prejudicam as IES do
interior como a UÉ. Em relação aos estudantes, observa-se que as práticas de RS são
pouco ou nada conhecidas por parte dos estudantes, levando estes a afirmar que de
uma forma geral, apesar da existência de alguns programas de RS, estes não foram os
únicos responsáveis pela melhoria da imagem, confiança e reputação da universidade.
Defendem que a comunicação da UÉ é manifestamente insuficiente e que existe a
240
necessidade da governação alinhar a estratégia na satisfação dos estudantes e
colaboradores.
6.3. Análise comparativa dos estudos de caso
Após a apresentação dos resultados das dezassete questões aos entrevistados
do IPP e da UÉ, importa proceder à sua análise, comparando as respostas para cada
uma das quatro dimensões consideradas no estudo.
6.3.1. Dimensão – Conceito de Responsabilidade Social
No processo de desenho da presente investigação, as questões formuladas no
âmbito da dimensão de investigação sobre o conceito da RS pareceram-nos da maior
importância, pelo facto de se tornar muito difícil o direcionamento dos esforços
organizacionais sobre um determinado tema quando não existe um alinhamento
conceptual sobre o mesmo, nos diferentes agentes organizacionais.
Desta forma, apesar dos diferentes entrevistados associarem a RS com um
conjunto de termos mais ou menos amplo, todos convergem para uma realidade: a RS
é percepcionada de uma forma positiva, é promovida pela IES e pelos seus agentes, as
respectivas práticas têm um conjunto de destinatários e um conjunto de objectivos.
Os entrevistados do IPP, definem o conceito de RS associando a acções de
âmbito de adesão voluntária, afirmando que “estão para além da lei”. Por outro lado,
o processo de certificação pelo SGRS no IPP é visto de uma forma positiva “os
processos chave ficaram mais transparente e controláveis” mas vários entrevistados
defendem que a RS no IPP é anterior, mais ampla e mais relevante do que o processo
de certificação em si e que a RS na IES vai para além do SAS “…a RS é mais ampla do
que o SAS, não são sinónimos, mas tocam-se em muitos aspectos”.
Na Tabela 17, apresenta-se a análise comparativa da dimensão – conceito de RS
no IPP e na UÉ.
241
Tabela 17. Análise comparativa da dimensão – Conceito de RS, no IPP e na UÉ
Conceito de RS Instituto Politécnico de Portalegre Universidade de Évora
O que é?
Acções da IES voluntárias Associadas à cultura organizacional Faz parte da identidade da IES Uma forma de estar na vida Postura de parceria com as PI Altitude de gestão, compromisso, comprometimento, preocupação, acção estratégica, política.
Acções da IES voluntárias Associadas à génese da universidade Conjunto de responsabilidades, do tipo profissional ou societal, adequando função à responsabilidade jurídica e ética. Acções da IES obrigatórias pela lei Compromisso, Atitudes organizacionais, Filosofia de vida, resposta à sociedade, satisfação das necessidades dos estudantes, dos colaboradores e da sociedade
Dirigidas a quem? Estudantes, sociedade, colaboradores e outros Sociedade, estudantes, colaboradores e outros
Objectivo?
Visão estratégica e integradora da RS Devolver à sociedade aquilo que ela deu à IES Mobilização das PI Criar bem-estar às PI Envolvimento com as PI Comprometimento da IES com as PI Responsabilidade pelas decisões da IES para com as PI Minimizar impactes negativos da IES Acções decorrentes das funções da IES Aumentar impactes positivos
Visão instrumentalista da RS Solidariedade Aumentar a visibilidade e o contacto com as PI Compromisso da IES para com a sociedade Desempenhar as funções da IES dentro da lei. Boas práticas de RH Comportamento ético e cidadania responsável Respeito pelo cliente Desenvolvimento regional Aumentar impactes positivos
Natureza jurídica da IES
condiciona a adesão à
RS?
A maior parte dos entrevistados têm uma visão estratégica da RS e por isso ser indiferente tratar-se de uma IES pública ou privada, em relação à adesão da RS. Contudo existem alguns entrevistados que propõem maior RS nas IES públicas em relação às privadas.
Divisão no grupo da governação entre os que defendem ser indiferente tratar-se de uma IES pública ou privada, em relação à adesão à RS e os que referem que as IES públicas devem apresentar mais RS para com as PI. Os restantes grupos de entrevistados, defendem que é indiferente tratar-se de uma IES pública ou privada, em relação à adesão à RS.
Localização geográfica
da IES condiciona a
adesão à RS?
A maior parte das respostas vão no sentido de olhar para a RS como algo estratégico para o IPP e em consequência não depender da sua localização geográfica, apesar de haver respostas de vários grupos no sentido de valorizar mais a discriminação positiva das IES do interior no sentido de minimizar os problemas estruturais do interior continental.
A maior parte dos entrevistados referem ser indiferente a sua localização para a existência de práticas de RS, propondo a existência de práticas de RS em todas as IES excepto no grupo de entrevistados estudantes que defendem o contrário, ou seja, nas IES do interior deve haver maior investimento com a RS. Proposta de discriminação positiva das IES do interior no sentido de minimizar os problemas estruturais do interior continental.
Dimensões de RS no
âmbito da IES
Económica, social e meio ambiental. Propostas da cultural e a educacional. Em termos da sua importância relativa, nota-se maior ênfase para a social e económica.
Económica, social e meio ambiental. Propostas da cultural e a da ética. Em termos da sua importância relativa, nota-se maior ênfase para a social, cultural, em detrimento da económica.
Fonte: Elaboração própria
242
No caso da UÉ, a quase totalidade dos entrevistados defendem o conceito de
forma alinhada com o caso do IPP, havendo contudo um entrevistado que associa o
conceito a práticas da IES que são obrigatórias por lei.
Em relação aos destinatários das práticas de RS em ambas as IES, os entrevistados
fazem referência aos estudantes, sociedade, colaboradores e outros, tais como parceiros,
empresas, pais dos estudantes, meio ambiente. De se notar que no IPP em primeiro lugar
os entrevistados apontam os estudantes enquanto que na UÉ apontam a sociedade. A
este nível, será interessante analisar as respostas da quinta e sexta questão, sobre a
identificação das PI e sobre a importância relativa de cada uma.
Em relação aos objectivos das práticas de RS, os entrevistados do IPP fazem
referência a uma ampla adequação, desde de “devolver à sociedade aquilo que ela nos
deu”, mobilizar e envolver as PI, comprometimento e responsabilidade pelas decisões da
IES junto das PI, minimizar impactes negativos e aumentar impactes positivos. Na UÉ os
entrevistados sugerem a solidariedade, desempenhar as funções da IES dentro da lei,
aumentar a visibilidade e o contacto com as PI, várias sugestões no âmbito da promoção
de boas práticas de RH, comportamento ético e promoção da cidadania responsável e do
desenvolvimento regional.
Em relação às questões dois e três, o objectivo era reconhecer nos entrevistados a
existência de uma visão individualista da RS ou pelo contrário uma visão estratégica e por
isso independente da natureza jurídica e da localização geográfica das IES.
No IPP a maior parte dos entrevistados têm uma visão estratégica da RS e por isso
consideram indiferente tratar-se de uma IES pública ou privada, ou a localização
geograficamente da IES no litoral ou no interior, em relação à adesão da RS. Contudo,
constata-se que existem alguns entrevistados que propõem maior RS nas IES públicas em
relação às privadas ou a sugestão dirigida à tutela para a existência de uma política de
discriminação positiva das IES do interior, no sentido de minimizar os problemas
estruturais do interior continental.
Na UE, observa-se que o grupo de entrevistados pertencentes à governação está
dividido, havendo os que defendem ser indiferente tratar-se de uma IES pública ou
privada, em relação à adesão à RS e os que referem que as IES públicas devem apresentar
mais RS para com as PI. Os restantes grupos de entrevistados, defendem que é
indiferente tratar-se de uma IES pública ou privada, em relação à adesão à RS.
Em relação à localização geograficamente da IES, a maior parte dos entrevistados
referem ser indiferente a sua localização para a existência de práticas de RS, propondo a
existência de práticas de RS em todas as IES excepto no grupo de entrevistados
estudantes que defendem o contrário, ou seja, nas IES do interior deve haver maior
investimento com a RS, havendo na UÉ igualmente a sugestão dirigida à tutela para a
existência de uma política de discriminação positiva das IES do interior, no sentido de
minimizar os problemas estruturais do interior continental.
243
Relativamente às dimensões da RS no âmbito das IES, os entrevistados das duas
IES propõem a económica, social e meio ambiental, notando-se a proposta adicional das
dimensões cultural e educacional no IPP e a cultural e ética na UÉ. Em termos de
importância relativa, nota-se maior ênfase para a social e económica no IPP e da social,
cultural, em detrimento da económica na UÉ.
6.3.2. Dimensão – Governação da Instituição de Ensino Superior
Como se verificou no Capítulo 2, a importância da governação é determinante na
efectiva integração dos princípios de RSO em toda organização, sendo muito relevantes
algumas características do líder, nomeadamente o seu carisma, capacidade de criar
confiança nas equipas, a sua atitude, compromisso e competência para atingir em equipa
a missão corporativa, envolvendo e comprometendo as PI com a sua estratégia (Carroll et
al., 2009; Rego et al., 2010; ISO 26000:2011).
A formulação da estratégia da IES no âmbito da RS é da responsabilidade da sua
governação, assim como todas as respectivas fases, nomeadamente a identificação das PI
e PISIG, a identificação dos aspectos de RS e dos ASPSIG, a identificação dos objectivos de
RS e dos consequentes programas de RS que levam à formulação da política de RS da IES,
constituindo o instrumento operacional da estratégia socialmente responsável da IES.
O IPP, sendo uma IES certificada pelo SGRS e pelo SGQ possui um sistema de
gestão integrado, no âmbito da qualidade e da RS, pelo que o seu instrumento
operacional é a política conjunta de qualidade e de RS. A UÉ possui uma política geral
para a instituição onde se verifica que, entre os vários pilares estratégicos, a RS é
contemplada apesar de não formalizada numa política específica de RS. Desta forma, a
estratégia “informal” da UÉ contempla um conjunto de práticas no âmbito da RS à
semelhança dos programas de RS do IPP. Nas Tabelas 18 e 18a, apresenta-se a análise
comparativa da dimensão – Governação da IES, no IPP e na UÉ.
Ao nível da governação de cada um das IES, importa aferir como se processa a
identificação das PI, o reconhecimento das suas funções institucionais, a integração do
sistema de valores corporativo, o compromisso da governação na promoção das práticas
de RS e por fim reconhecer na estratégia de cada IES a integração da RS, através das
várias questões colocadas na investigação.
A identificação das PI é um processo fundamental para se direccionar a
determinados público-alvo, a estratégia socialmente responsável da sua governação (NP
4469.1:2008). A norma NP 4469.1:2008 prevê por um lado que na identificação das
partes interessadas, internas e externas, se deva ter em conta “a escala, a natureza e a
localização geográfica das actividades e produtos da organização” e por outro, que se
deva ter em conta determinados critérios, como por exemplo “o vínculo, influência,
proximidade, dependência e representação”.
244
Tabela 18. Análise comparativa da dimensão – Governação da IES, no IPP e na UÉ
Governação
da IES Instituto Politécnico de Portalegre Universidade de Évora
Identificação das PI da IES
Os vários grupos de uma forma convergente apontam os estudantes e colaboradores como o principal foco do IPP surgindo a sociedade como a terceira PI. O foco na sociedade esta de acordo com a grande proximidade e disponibilidade do IPP para com a comunidade local. Outras PI são identificadas pelos vários grupos, tais como clientes no âmbito da prestação de serviços, famílias dos estudantes, meio ambiente e futuros estudantes.
A maioria dos entrevistados aponta em primeiro lugar os estudantes, a sociedade e os colaboradores, como PI da IES, surgindo num segundo nível, em termos de frequência de respostas, as famílias dos estudantes, os parceiros, as empresas e o meio ambiente. Igualmente se nota a grande proximidade e disponibilidade da UÉ para com a comunidade local.
Identificar a relevância relativa das PI na IES
Quando se questiona os vários grupos de entrevistados sobre a importância relativa das PI, as respostas são convergentes em apontar os estudantes e colaboradores mas a este nível surge por parte de vários entrevistados a referência de eventual situação de discriminação dos funcionários não docentes em relação aos docentes, havendo quem o justifique por se tratar de uma aspecto cultual antigo. É sugerido por vários entrevistados a necessidade de se ajustar o actual SGRS no sentido de se incrementar programas dirigidos aos funcionários, tendo em conta que os actuais programas são essencialmente dirigidos aos estudantes.
Quando se questiona os vários grupos de entrevistados sobre a importância relativa das PI, as respostas sendo indiferenciadas, convergem em apontar os estudantes e os colaboradores como as PI mais relevantes, seguindo-se a sociedade, o meio ambiente, os parceiros e as famílias dos estudantes. Ainda no âmbito desta questão, vários entrevistados referem um alegado tratamento privilegiado dos docentes da IES em relação aos não docentes e alunos, apontando para a possibilidade da universidade não estar orientada para os estudantes mas sim para os docentes.
Identificar funções da IES
A generalidade dos entrevistados apontam a docência como função da IES, havendo a referência para que este ensino seja mais prático e com uma maior ligação ao tecido empresarial do que nas universidades. Em relação à função de extensão do conhecimento, vários entrevistados referem que esta função é intrínseca ao IPP devido ao seu elevadíssimo contributo e relação de interdependência com a comunidade local. Os entrevistados que referem a função de investigação no IPP apontam para um tipo de investigação aplicada em contraste com a fundamental das universidades.
Em relação à questão sobre as funções de uma IES, a totalidade dos entrevistados apontam a docência como principal função de uma IES, surgindo depois as funções de investigação e de extensão do conhecimento.
Fonte: Elaboração própria
245
Tabela 18a. Análise comparativa da dimensão - Governação da IES, no IPP e na UÉ (cont.)
Governação
da IES Instituto Politécnico de Portalegre Universidade de Évora
Identificar valores e
código de ética
Em termos da identidade do IPP, pelas respostas da maioria dos entrevistados, o sistema de valores do IPP e o seu código de ética ainda não estavam suficientemente implementados, tendo em conta que dos 28 entrevistados somente 5 reconhecem a eficácia do código de ética. É reconhecido por vários colaboradores, a necessidade do IPP proceder a melhor comunicação do código de ética e até à sua actualização. Em relação aos estudantes, o seu conhecimento sobre o sistema de valores, princípios e código de ética é praticamente nula.
Em termos da identidade da UÉ, nota-se pelas respostas que uma parte muito significativa dos elementos da governação e dos restantes grupos de entrevistados ou desconhecem o sistema de valores ou entendem que constituí uma área de grande necessidade e melhoria na UÉ, visto que os mesmos estão pouco disseminados e comunicados sendo considerados muito importantes, não havendo um código de ética. Quanto aos estudantes, o seu conhecimento sobre o sistema de valores é nulo.
Compromisso da
governação na
promoção da RS
nas IES
Quando auscultados sobre o papel da governação na promoção de práticas de RS no IPP, uma maioria de entrevistados refere a elevada determinação e cumplicidade da governação nomeadamente do seu presidente na implementação do SGRS, apontando aspectos muito positivos da actual presidência, tais como a grande disponibilidade e proximidade, transparência da governação, identificação com os princípios de RS e o envolvimento com as unidades orgânicas. Outros entrevistados não estão de acordo com esta opinião referindo que a governação poderia ser mais transparente e com melhor nível de comunicação corporativa, conciliando melhor os interesses dos funcionários não docentes.
Quando auscultados sobre o papel da governação na promoção de práticas de RS na UÉ, a maioria dos entrevistados aceita que a governação é um factor fundamental para essa tarefa, havendo o reconhecimento da existência de programas de RS que minimizem alguns aspectos dos estudantes nomeadamente eventuais situações de emergência. Por outro lado, alguns entrevistados reconhecem que existe a necessidade de se proceder a uma melhoria em termos de iniciativas focadas nos funcionários não docentes assim como uma clarificação da estratégia formalizada que preveja a RS. O grupo de entrevistados estudantes, referem da possibilidade de alguma falta de práticas de RS por parte da governação, afirmando que há muito para fazer no âmbito do foco da universidade nos alunos e em alguns funcionários, sugerindo que se deveria melhorar muito a comunicação interna e externa de forma a projectar a imagem da universidade.
Relacionar a
estratégia da IES
com a RS
Quanto aos aspectos relacionados com a estratégia do IPP, a maioria dos entrevistados conhecem a estratégia e sem hesitação referem que a RS esta integrada tanto na estratégia como na cultura do instituto. Alguns destes entrevistados afirmam que o SGRS ainda esta numa fase inicial pelo que não se atingiu ainda os resultados expectáveis. No caso dos estudantes, observa-se a falta de conhecimento da existência de uma estratégia.
Quanto à questão relacionada com a estratégia da UÉ, a maioria dos entrevistados reconhece que não existe um plano estratégico na universidade formalmente aprovado pelo conselho geral. Apesar disso alguns entrevistados referem que existe uma estratégia da equipa do reitor, onde a RS faz parte, enquanto que outros entrevistados afirmam que a estratégia informal não pode ser considerada, pelo facto de esta não ser comunicada nem operacionalizada. No caso dos estudantes, observa-se a falta de conhecimento da existência de uma estratégia.
246
No IPP, quando se questionou aos diferentes grupos de entrevistados sobre quais
as PI da IES, os vários grupos de uma forma convergente, apontam os estudantes e os
colaboradores como o principal foco do IPP surgindo a sociedade como a terceira PI, o
que poderá indiciar a existência no IPP, de uma cultura organizacional centrada nos
estudantes e funcionários, docentes e não docentes. Estas respostas diferem em termos
da ordem de prioridade das PI, aquando da primeira questão, onde a sociedade estava à
frente dos colaboradores.
O foco na PI sociedade está de acordo com o grande comprometimento, parceria
e interdependência entre o IPP e a comunidade local. Outras PI são identificadas pelos
vários grupos, tais como os clientes no âmbito da prestação de serviços, a famílias dos
estudantes, o meio ambiente e ainda os futuros estudantes, havendo a este nível,
referências sobre a importância da comunicação com as escolas secundárias da região.
Na UÉ à resposta da mesma questão, a maioria dos entrevistados apontam em
primeiro lugar os estudantes, a sociedade e os colaboradores, como PI da IES, surgindo
num segundo nível, em termos de frequência de respostas, as famílias dos estudantes, os
parceiros, as empresas e o meio ambiente. Tal como no IPP nota-se na UÉ a grande
proximidade e disponibilidade para com a comunidade local.
Quando se questiona os vários grupos de entrevistados do IPP sobre a importância
relativa das PI, as respostas são convergentes em apontar os estudantes e os
colaboradores, mas a este nível, surge por parte de vários entrevistados, a referência da
alegada existência de situações de alguma discriminação dos funcionários não docentes
em relação aos docentes, havendo inclusive a justificação de se tratar de um aspecto
cultural antigo da IES “O sistema está muito desequilibrado, o foco no aluno é muito
grande depois nos parceiros das instituições locais e na sociedade em geral…o foco nos
colaboradores é a grande área de melhoria”. Em consequência, vários entrevistados
sugerem a necessidade de se ajustar o actual SGRS no sentido de se incrementar
programas dirigidos aos funcionários, tendo em conta que os actuais programas são
essencialmente dirigidos aos estudantes.
No caso da UÉ, as respostas à mesma questão são muito análogas, notando-se que
os diferentes grupos, de uma forma indiferenciada, convergem em apontar os estudantes
e os colaboradores como as PI mais relevantes, seguindo-se a sociedade, o meio
ambiente, os parceiros e as famílias dos estudantes. Observa-se curiosamente uma
semelhança entre as duas IES em relação à chamada de atenção para o alegado
tratamento privilegiado dos docentes da UÉ em relação aos não docentes, havendo quem
aponte para a possibilidade da universidade não estar orientada para os estudantes mas
sim para os docentes “Penso que a universidade está mais focada para os docentes do
que para os não docentes e alunos”.
Quanto à questão sobre as funções das IES, observa-se nas duas IES, o
reconhecimento das três funções institucionais das IES pela maioria dos entrevistados,
apontando para a docência, extensão do conhecimento e investigação, na linha com a
247
revisão da literatura. Nota-se no caso do IPP, o comentário por alguns entrevistados, para
que o ensino no politécnico deva ser mais prático do que nas universidades assim como o
carácter aplicado da investigação em contraste com o fundamental das universidades,
salientando ainda que existe uma maior ligação ao tecido empresarial nos politécnicos.
Em relação à questão sobre a identidade de cada uma das IES, no caso do IPP,
observa-se pelas respostas da maioria dos entrevistados que existem sinais de um certo
desconhecimento do código de ética, estando os valores corporativos melhor
interiorizados. Dos 23 entrevistados somente 5 reconhecem a eficácia do código de ética,
referindo vários entrevistados colaboradores, que existe a necessidade de se continuar o
processo de implementação, tanto do sistema de valores como do código de ética.
Neste âmbito, propõem mesmo a existência de um melhor sistema de
comunicação interna e externa, que promova de uma forma mais eficaz o código de ética
“O código de ética não é eficaz pelo facto da maior parte das pessoas o desconhecerem, o
que se desconhece não se aplica”, referindo alguns entrevistados que a equipa dos
colegas pertencentes ao “círculo do progresso” (grupo de colaboradores que fizeram
parte da implementação do sistema), foram melhor envolvidos no SGRS e daí possuírem
mais informação do que os restantes colaboradores.
Em relação aos estudantes, o seu conhecimento sobre o sistema de valores,
princípios e código de ética é praticamente nulo, demonstrado aquando da entrevista o
desconhecimento da sua existência. “Não conheço o código de ética. Nunca houve
iniciativa do IPP na sua divulgação. Também não conhece os valores e os princípios do
IPP“. Alguns entrevistados chamam à atenção para a possível necessidade de se proceder
à actualização do código de ética.
No caso da UÉ, não existindo um código de ética, nota-se pelas respostas de uma
parte muito significativa de entrevistados pertencentes à governação e dos restantes
grupos de entrevistados que ou desconhecem o sistema de valores ou referem que
constituí uma área de grande melhoria na UÉ, tendo em conta que os mesmos estão
pouco disseminados e comunicados, apesar de alguns entrevistados considerarem de
máxima importância a implementação do sistema de valores na universidade.
Comparando as duas IES, apesar do IPP apresentar áreas de melhoria no âmbito
do seu código de ética, o sistema de valores é conhecido por muitos mais entrevistados
do que no caso da UÉ, indiciando assim para a eventual necessidade de aposta nesta área
na universidade.
Quando auscultados sobre a relevância da governação do IPP em termos do seu
compromisso na promoção de práticas de RS, as respostas são de uma forma geral muito
positivas. Uma maioria de entrevistados refere a elevada determinação e cumplicidade da
governação nomeadamente do seu presidente na implementação do SGRS e em
consequência dos programas de RS previstos.
Por outro lado vários entrevistados apontam aspectos muito positivos da actual
presidência, tais como a grande disponibilidade e proximidade, transparência da
248
governação, identificação e promoção dos princípios da RS e o envolvimento com as
unidades orgânicas. Outros entrevistados não estão de acordo com esta opinião,
referindo que a governação poderia ser mais transparente e com melhor nível de
comunicação corporativa, conciliando melhor os interesses dos funcionários não
docentes.
No caso da UÉ, para a mesma questão, a maioria dos entrevistados reconhece a
importância da governação para se atingir o objectivo da RS numa IES. Contudo, pelas
respostas de vários entrevistados, não se observa o mesmo tipo de reconhecimento da
governação, nomeadamente do seu reitor, um claro comprometimento na promoção dos
princípios da RS como se verifica no caso do IPP, notando-se por parte de alguns, a
sugestão para uma clarificação e comunicação de um plano estratégico que preveja a tão
necessária RS.
Apesar disso, os entrevistados reconhecem a existência e a importância de
determinadas práticas de RS, as quais de acordo com os mesmos, minimizam alguns
constrangimentos dos estudantes nomeadamente de eventuais situações de emergência
financeira no âmbito da actual crise. Por outro lado, alguns entrevistados reconhecem
que existe a necessidade de se proceder a uma melhoria em termos de iniciativas focadas
nos funcionários não docentes.
O grupo de entrevistados estudantes, referem que existe um défice em termos de
práticas de RS por parte da governação da universidade, “Não acho que esta governação
seja transparente nem sensível a estas coisas da RS”, afirmando que há muito para fazer
neste âmbito e que a universidade deveria se focar mais nos alunos e nos funcionários
não docentes, sugerindo que se deveria melhorar muito a comunicação interna e externa
de forma a projectar a imagem da universidade para o exterior.
Em relação à questão relacionada com a estratégia do IPP, a totalidade dos
entrevistados colaboradores pertencentes aos vários grupos, conhecem a estratégia e
sem hesitação referem que a RS está integrada tanto na estratégia como na cultura do
instituto, realçando que antes mesmo da implementação do SGRS já a RS fazia parte da
sua identidade.
Alguns destes entrevistados afirmam que o SGRS ainda está numa fase inicial pelo
que não se atingiu ainda os resultados expectáveis associando o actual SGRS a um estado
pouco “maduro”. No caso dos estudantes, existe um total desconhecimento sobre a
existência de uma estratégia no IPP.
Em relação ao caso da UÉ, a maioria dos entrevistados reconhece que não existe
um plano estratégico na universidade, formalmente aprovado pelo conselho geral.
Apesar disso alguns entrevistados referem que existe uma estratégia da equipa do reitor,
onde a RS faz parte, enquanto que outros entrevistados afirmam que a estratégia
informal não pode ser considerada, pelo facto de esta não ser comunicada nem
operacionalizada.
249
As práticas de RS disponibilizadas pela UÉ são reconhecidas por alguns
entrevistados como uma importante mais-valia, sobretudo dirigidas aos estudantes. Os
entrevistados estudantes, tal como no caso do IPP, não conhecem a existência da
estratégia.
6.3.3.Dimensão – Desafios da Instituição de Ensino Superior
Na sequência dos constrangimentos e tendências no ES em Portugal, anotados no
quarto capítulo da revisão da literatura, as IES do interior de Portugal atravessam um
conjunto de dificuldades acrescidas pelo facto de lhes faltar estudantes para o normal
desenvolvimento das actividades lectivas. Tendo em conta o elevado contributo que estas
IES geram no desenvolvimento da comunidade local, torna-se relevante a sua governação
encontrar formas alternativas mas complementes, para a sustentabilidade económico
financeira destas instituições.
A RS associada à diversificação das fontes de receita das IES é assim vista como
uma alternativa que cria valor de forma transversal nas PI internas e externas.
Quando questionados sobre os actuais desafios das IES, os entrevistados do IPP
apontam como principal aspecto em relação aos desafios das IES, a falta de estudantes, o
que tem implicado estratégias de captação de estudantes nos vários ciclos de estudos e
ao longo da vida.
Os entrevistados do IPP referem ainda outras tendências do ES, como a
internacionalização das IES com vista a criar sinergias com IES homologas estrangeiras, a
reorganização da rede de ES com a desejável oferta conjunta de formação, a dinamização
da prestação de serviços e outras formas de aumentar a autonomia financeira das IES e
ainda o contributo para o desenvolvimento das comunidades locais.
Para além destas aspectos, os entrevistados fazem referência à difícil situação da
sustentabilidade financeira do IPP em resultado de uma deficiente regulação do ES em
Portugal, a qual tem permitido a existência de uma oferta formativa duplicada entre
politécnicos e universidades, criando alguns casos de concorrência entre si.
Em termos internos, sugerem a melhoria do envolvimento dos funcionários não
docentes e fazem referência para as consequências da alteração da carreira dos docentes
nos politécnicos. Outros constrangimentos são levantados mais ao nível das
características endógenas da região, com um baixo nível de natalidade e em
consequência o menor número de estudantes potenciais, grande falta de investimento
privado e público na região e a existência de uma população envelhecida.
Por parte dos estudantes do IPP, nota-se um certo afastamento em relação a estas
temáticas, demonstrando a falta de conhecimento sobre as tendências do ES. Referem
alguns casos da alegada falta de qualidade de ensino.
No caso da UÉ, de igual forma os entrevistados apontam como principal desafio da
universidade a falta de estudantes, implicando a operacionalização de estratégias de
250
captação de estudantes nos vários ciclos de estudos, ao longo da vida e diversificando a
sua origem.
Os entrevistados apontam ainda a necessidade de internacionalização das IES com
vista a criar sinergias com IES homologas estrangeiras, a reorganização da rede de ES em
Portugal com a desejável oferta formativa conjunta, a dinamização da prestação de
serviços e outras formas de aumentar a autonomia financeira das IES e o contributo para
o desenvolvimento das comunidades locais.
São apontados como desafios ainda os constrangimentos financeiros em resultado
das políticas da tutela e ao nível interno, surge a proposta para a melhoria das condições
dos funcionários não docentes. Alguns estudantes apontam para eventuais problemas de
qualidade de ensino nomeadamente a falta de salas para estudo.
Relativamente à questão sobre a diversificação de fontes de financiamento das
IES, os diferentes grupos de entrevistados do IPP apontam para a possibilidade de se
aumentar a prestação de serviços com as empresas e a comunidade, potenciar as
parecerias com a rede de ES de forma a aumentar as ofertas formativas em consorcio,
continuar o trabalho no âmbito do desenvolvimento regional, potenciar a RS de forma a
melhorar a visibilidade do IPP e propor à tutela que implemente politicas de ensino
prevendo a discriminação positiva para as IES do interior. Por parte dos estudantes não
apresentaram nenhuma sugestão sobre esta temática.
Os entrevistados da UE na sua maioria apontam medidas muito semelhantes aos
do IPP tais como a dinamização da prestação de serviços tanto à comunidade como às
empresas e foco na captação mais estudantes nos vários ciclos e ao longo da vida, a
dinamização de parcerias estratégicas com ofertas formativas conjuntas e a possibilidade
da existência de politicas de discriminação positiva para com as IES do interior por parte
da tutela.
Em relação à adequabilidade das políticas da tutela aos desafios das IES do interior
continental, as respostas dos entrevistados do IPP são coerentes com outras questões
anteriores, demonstrando uma quase unanimidade em afirmar que a tutela não tem em
conta o contributo das IES do interior no desenvolvimento regional, sugerindo de novo
que a tutela deveria promover politicas de discriminação positiva, minimizando os actuais
constrangimentos estruturais. Os entrevistados estudantes não apresentaram qualquer
tipo de opinião sobre a matéria.
No caso da UÉ, é quase unânime a opinião dos entrevistados ao apontarem, na
sua óptica, a falta de adequação das políticas da tutela face aos desafios do ES do interior
continental, as quais não terão em conta o efectivo desempenho destas IES no
desenvolvimento regional.
Em relação à questão sobre a possibilidade das práticas de RS poderem minimizar
alguns dos desafios e tendências apontadas, o grupo de entrevistados do IPP
pertencentes à governação defende favoravelmente para aqueles desafios que sejam do
âmbito da gestão interna do IPP. Em relação aos problemas apontados de âmbito
251
estrutural, como por exemplo, o diminuto investimento privado na região ou as
condições desfavoráveis da natalidade, os mesmos entrevistados entendem que as
práticas de RS não têm como dar respostas directas eficazes a este tipo de desafios.
Por outro lado existe a percepção generalizada que as práticas de RS são uma
estratégia de médio longo prazo, não de curto prazo e por isso para produzir efeitos no
âmbito da gestão interna do IPP é necessário tempo útil para surtir o desejável efeito.
Quanto aos estudantes, um dos entrevistados referiu que a RS aumentando a
visibilidade do IPP poderá levar a captar mais estudantes. Em relação aos restantes 3 não
se obteve nenhum contributo.
Observando-se as respostas dos vários grupos de entrevistados da UÉ, conclui-se
que são absolutamente convergentes com as dos entrevistados do IPP. Afirmam que as
práticas de RS podem levar a aumentos da imagem da universidade, com a consequente
melhoria da sua visibilidade e da satisfação dos colaboradores e estudantes, podendo por
esta via, atrair mais estudantes. Mas ao nível dos desafios financeiros, segundo alguns
entrevistados, as práticas de RS não têm potencial para os minimizar. Nas Tabelas 19 e
19a, apresenta-se a análise comparativa da dimensão – Desafios da IES, no IPP e na UÉ.
252
Tabela 19. Análise comparativa da dimensão – Desafios da IES, no IPP e na UÉ
Desafios da
IES Instituto Politécnico de Portalegre Universidade de Évora
Relacionar as tendências do ES com os desafios da IES
Os diversos grupos de entrevistados, apontam como principal problema do IPP a falta de estudantes, implicando a captação de estudantes nos vários ciclos de estudos e ao longo da vida. Referem outras tendências do ES como a necessidade de internacionalização das IES com vista a criar sinergias com IES homologas estrangeiras, a reorganização da rede de ES com a desejável oferta conjunta de formação, a dinamização da prestação de serviços e outras formas de aumentar a autonomia financeira das IES e o contributo para o desenvolvimento das comunidades locais. Alguns entrevistados apontam o problema da sustentabilidade financeiro em resultado de uma deficiente regulação do ES em Portugal. Apontam igualmente a existência de oferta formativa duplicada entre politécnicos e universidades criando alguns casos de concorrência. Em termos da gestão interna da IES alguns entrevistados sugerem a necessidade de se melhorar o envolvimento dos funcionários não docentes e referem as consequências da alteração da carreira dos docentes nos politécnicos. Outros constrangimentos são levantados mais aio nível das características endógenas da região, com um baixo nível de natalidade e em consequência menor número de estudantes potenciais, grande falta de investimento privado e público na região e existência de uma população envelhecida. Por parte dos estudantes, não têm conhecimento das tendências do ES e apontando como problemas, alguns casos da alegada falta de qualidade de ensino.
Os diversos grupos de entrevistados, apontam como principal problema da UÉ a falta de estudantes como principal tendência no ES implicando a operacionalização de estratégias de captação de estudantes nos vários ciclos de estudos, ao longo da vida e diversificando a sua origem. Os entrevistados apontam ainda a necessidade de internacionalização das IES com vista a criar sinergias com IES homologas estrangeiras, a reorganização da rede de ES em Portugal com a desejável oferta formativa conjunta, a dinamização da prestação de serviços e outras formas de aumentar a autonomia financeira das IES e o contributo para o desenvolvimento das comunidades locais. São apontados como problemas estratégicos e operacionais constrangimentos financeiros em resultado das políticas da tutela e em termos internos, a proposta para a melhoria de condições dos funcionários não docentes. Alguns estudantes apontam para eventuais problemas de qualidade de ensino e falta de condições física de estudo
Identificar fontes alternativas de financiamento da IES
Relativamente à questão sobre a diversificação de fontes de financiamento das IES, os diferentes grupos de entrevistados apontam para a possibilidade de se aumentar a prestação de serviços com as empresas e comunidade, potenciar as parecerias com a rede de ES de forma a aumentar as ofertas formativas em consorcio, continuar o trabalho no âmbito do desenvolvimento regional, potenciar as RS de forma a melhorar a visibilidade do IPP e propor á tutela que execute politicas de ensino com discriminação positiva para as IES do interior. Por parte dos estudantes não apresentaram nenhuma sugestão sobre esta temática.
Relativamente à questão sobre a diversificação de fontes de financiamento das IES, a maioria aponta para a dinamização da prestação de serviços tanto à comunidade como às empresas e foco na captação mais estudantes nos vários ciclos e ao longo da vida, a dinamização de parcerias estratégicas com ofertas formativas conjuntas e a possibilidade da existência de politicas de discriminação positiva para com as IES do interior por parte da tutela.
253
Tabela 19a. Análise comparativa da dimensão - Desafios da IES, no IPP e na UÉ (cont.)
Desafios da
IES Instituto Politécnico de Portalegre Universidade de Évora
Relacionar as políticas da tutela com o contexto das IES do interior continental
Quando se interrogou sobre a adequabilidade das políticas da tutela aos desafios das IES do interior continental, as respostas são coerentes com outras questões anteriores, demonstrando uma quase unanimidade em afirmar que a tutela não tem em conta o contributo das IES do interior no desenvolvimento regional, podendo esta promover políticas de discriminação positiva, minimizando os actuais constrangimentos estruturais. Os entrevistados estudantes não apresentaram qualquer tipo de opinião sobre a matéria.
Em relação à questão sobre a adequabilidade das políticas da tutela aos desafios das IES do interior continental, é quase unânime a opinião dos entrevistados ao apontarem, na sua óptica, a falta de adequação das políticas da tutela face aos desafios do ES do interior continental, as quais não terão em conta o efectivo desempenho destas IES no desenvolvimento regional
Reconhecer nas
práticas de RS
formas de
minimizar os
desafios da IES
Quando se questiona sobre a possibilidade das práticas de RS poderem minimizar alguns dos desafios e tendências apontadas anteriormente, a maioria dos entrevistados defendem que sim mas em relação aos constrangimentos relacionados com a gestão interna do IPP não podendo a RS fazer face a problemas estruturais apontados. Por outro lado existe a percepção generalizada que as práticas de RS são uma estratégia de médio longo prazo, não de curo prazo. Quanto aos estudantes, um dos entrevistados referiu que a RS aumentando a visibilidade do IPP poderá levar a captar mais estudantes. Em relação aos restantes 3 não se obteve nenhum contributo.
Quando se questiona sobre a possibilidade das práticas de RS poderem minimizar alguns dos desafios e tendências apontadas anteriormente, as respostas dos entrevistados dos vários grupos, são convergentes em afirmar que as práticas de RS têm potencial para minimizar alguns dos desafios da universidade de Évora, sobretudo aqueles não relacionados com os problemas financeiros visto que na sua opinião a RS produz efeitos a médio longo prazo, não a curto prazo. Assim, a maioria dos entrevistados afirma que as práticas de RS podem levar a aumentos da imagem da universidade, com a consequente melhoria da visibilidade da universidade e de satisfação dos colaboradores e estudantes, podendo por esta via, atrair mais estudantes
Fonte: Elaboração própria
254
6.3.4. Dimensão – Impactes das práticas de Responsabilidade Social na Instituição de
Ensino Superior
Quando interrogados sobre o eventual contributo do IPP na criação de impactes
económicos e sociais na região, os grupos de entrevistados referem de uma forma
unânime, o elevado contributo em termos económicos, sociais e culturais que a
instituição exerce sobre a comunidade local e a estante região. Vários entrevistados
fazem referência que existe uma relação única e de total interdependência entre o IPP e a
comunidade local, relação essa que remonta à génese da criação da instituição e por isso
muito anterior à certificação do instituto pelo SGRS. Apesar disso, alguns entrevistados
reconhecem a possibilidade de ainda se criar maior impacte positivo para a região através
de se criar maior envolvimento entre ambos.
Em relação ao caso da UÉ os vários grupos de entrevistados apontam para o
elevadíssimo contributo económico, social e cultural dinamizado pela universidade na
região. Alguns entrevistados referem que a universidade ainda poderia criar maior
impacte, apesar da cumplicidade existente entre a IES e a comunidade desde da criação
da universidade nos anos 70 do século passado. Nas Tabelas 20 e 20a, apresenta-se a
análise comparativa da dimensão – Impactes das práticas de RS na IES, no IPP e na UÉ.
Quanto à questão sobre o foco das práticas de RS no IPP, os entrevistados de uma
forma unânime, reconhecem o estudante como principal foco das práticas de RS
seguindo-se a sociedade. Analisando a listagem dos programas de RS poder-se-á
confirmar esta realidade já que a maioria dos programas estão orientados para o
estudante e em menor número para a sociedade e funcionários. Alguns entrevistados
apontam para a necessidade de se efectuar uma actualização ao SGRS no sentido de
promover programas adicionais dirigidos aos colaboradores do IPP nomeadamente os
não docentes. Esta perspectiva está em convergência com varias respostas à questão nº
11 sobre os desafios do IPP onde se verificou a referência de vários entrevistados sobre a
alegada menor atenção da governação para com os funcionários não docentes.
Em relação ao caso da UÉ, os entrevistados de uma forma unânime reconhecem
os estudantes como o principal foco das práticas de RS na IES sendo a sociedade o alvo
seguinte das práticas de RS. De se notar que poucos entrevistados referem os
colaboradores como foco das práticas de RS o que reforça as respostas à sexta questão,
onde houve varias referências sobre a necessidade de se incrementar a atenção nos
colaboradores em geral e os não docentes em particular.
Quanto à ultima questão relacionada com o eventual impacte das práticas de RS
para o IPP e nomeadamente para a sua reputação e confiança, o primeiro grupo de
entrevistados é unânime em afirmar que houve uma evidente melhoria da visibilidade
externa e interna do IPP, reconhecendo igualmente a melhoria da sua reputação e
confiança em resultado do SGRS.
255
Tabela 20. Análise comparativa da dimensão - Impactes das práticas de RS na IES, no IPP e na UÉ
Impactes das
práticas de RS
na IES
Instituto Politécnico de Portalegre Universidade de Évora
Contributo económico e social da IES para a região
Quando interrogados sobre o eventual contributo do IPP na criação de impactes económicos e sociais na região, os grupos de entrevistados referem de uma forma unânime, o elevado contributo em termos económicos, sociais e culturais que a instituição produz para a comunidade local e restante região. Vários entrevistados apontam para a relação única e de total interdependência que esta estabelecida entre o IPP e a comunidade, relação essa que remonta a génese da criação da instituição e por isso muito anterior a certificação pelo SGRS. Apesar disso alguns entrevistados reconhecem a possibilidade de ainda se criar maior impacte positivo para a região
Quando interrogados sobre o eventual contributo da UÉ na criação de impactes económicos e sociais na região, os vários grupos de entrevistados apontam para o elevadíssimo contributo económico, social e cultural dinamizado pela universidade na região. Alguns entrevistados referem que a universidade ainda poderia criar maior impacte, apesar da cumplicidade existente entre a IES e a comunidade desde da criação da universidade nos anos 70 do século passado.
Foco das práticas de RS da IES
Relativamente a questão sobre o foco das práticas de RS do IPP, os entrevistados de uma forma unânime reconhecem o estudante como principal foco das práticas de RS seguindo-se de seguida a sociedade. Alguns entrevistados apontam para a necessidade de se efectuar uma actualização ao SGRS no sentido de promover programas adicionais dirigidos aos colaboradores do IPP nomeadamente os não docentes. Esta perspectiva esta em convergência com varias respostas à questão nº 11 sobre os desafios do IPP onde se verificou a referência de vários entrevistados sobre a alegada menor atenção da governação para com os funcionários não docentes.
Relativamente à questão sobre o foco das práticas de RS da universidade, os entrevistados de uma forma unânime reconhecem os estudantes como o principal foco das práticas de RS na IES sendo a sociedade o alvo seguinte das práticas de RS. De se notar que poucos entrevistados referem os colaboradores como foco das práticas de RS o que reforça as respostas à sexta questão, onde houve varias referências sobre a necessidade de se incrementar a atenção nos colaboradores em geral e os não docentes em particular.
Vantagens das práticas de RS da IES e o seu impacte na
reputação e confiança
organizacionais
À questão final sobre o impacte das práticas de RS para o IPP e nomeadamente para a sua reputação e confiança, o 1º grupo de entrevistados, é unânime em afirmar que houve uma evidente melhoria da visibilidade externa e interna do IPP, reconhecendo igualmente a melhoria da sua reputação e confiança, em resultado do SGRS. Referem ainda para a melhoria na união e envolvimento entre os colaboradores das várias unidades orgânicas, surgindo na sequência da certificação, processos internos mais transparentes e claros. Ainda este grupo denota que como importante ameaça surge as politicas da tutela.
Em relação à questão final sobre o impacte das práticas de RS para a UÉ e nomeadamente para a sua reputação e confiança, as respostas dos vários grupos de entrevistados apontam para o reconhecimento de uma melhor imagem externa da universidade em resultado de varias iniciativas, entre as quais, das práticas de RS na UÉ, referindo neste âmbito que nas suas percepções, a confiança e a reputação da UÉ melhoraram, apesar de alguns entrevistados referirem que ainda existem varias áreas de melhoria tais como a necessidade de se incrementar a comunicação interna, de forma a uma maior divulgação dos programas de RS.
256
Tabela 20a. Análise comparativa da dimensão - Impactes das práticas de RS na IES, no IPP e na UÉ (cont.)
Impactes das
práticas de RS
na IES
Instituto Politécnico de Portalegre Universidade de Évora
( cont.) Vantagens das práticas de RS da IES e o seu impacte na reputação e confiança organizacionais
( cont.) Os restantes grupos, não respondem de uma forma uniformizada como no 1º grupo referem que o SGRS do IPP ainda esta numa fase inicial da sua implementação pelo que ainda não produz os efeitos esperados tanto ao nível dos estudantes como colaboradores. Dentro do conjunto de programas de RS existem dois sobre os quais recaem melhor opinião, o “mais alimenta” e o “fundo solidário”. Alguns entrevistados referem que as vantagens da RS são essencialmente externas, pelo aumento da visibilidade que o SGRS trouxe ao IPP, levando a um maior reconhecimento dos parceiros institucionais e académicos, acompanhado por um aumento de reputação e confiança externa. Apesar destas mais-valias, alguns entrevistados referem em convergência com o 1º grupo, de que as práticas de RS dificilmente compensam determinadas políticas estatais altamente penalizadoras para o IPP. Mais uma vez surge a referência por parte de alguns entrevistados na necessidade de se incrementar programas dirigidos aos funcionários. Em relação aos estudantes, a sua grande maioria desconhece o SGRS o que reforçado por alguns testemunhos, docentes, não docentes e governação, esta PI essencial não identifica mais valias em termos de reputação e confiança em resultado das práticas de RS no IPP. Esta visão torna-se ainda mais interessante quando se verifica que os programas de RS existentes no IPP estão essencialmente dirigidos aos estudantes e estes não só não o valorizam como o desconhecem. Em termos de aumentos de competitividade do IPP pela existência de práticas de RS, as opiniões dividem-se. Alguns referem que o IPP não melhorou a sua competitividade pela via do aumento de estudantes, mas outros afirmam o contrário pela sua percepção de que a visibilidade externa do IPP melhorou muito, assim como sua a reputação e confiança para com sociedade em geral.
( cont.) Por outro lado, vários entrevistados referem que, na sua percepção, os estudantes melhoraram consideravelmente a sua confiança e reputação em resultado das iniciativas de RS da universidade, havendo ainda muitas dúvidas sobre se houve ou não uma melhoria da competitividade da IES. Em oposição desta visão positiva do impacte das práticas de RS na UÉ, observa-se que alguns entrevistados, afirmam que as práticas de RS da UÉ produzem efeitos insuficientes para minimizar determinadas políticas estatais penalizadoras para a IES, nomeadamente pela redução de vencimentos aos colaboradores da UÉ, pela redução da contribuição no orçamento da instituição e pelas politicas de vagas que, de acordo com alguns entrevistados, prejudicam as IES do interior como a UÉ. Em relação aos estudantes, observa-se que as práticas de RS são pouco ou nada conhecidas por parte dos estudantes, levando estes a afirmar que de uma forma geral, apesar da existência de alguns programas de RS, estes não foram os únicos responsáveis pela melhoria da imagem, confiança e reputação da universidade. Defendem que a comunicação da UÉ é manifestamente insuficiente e que existe a necessidade da governação alinhar a estratégia no foco.
Fonte: Elaboração própria.
257
Referem ainda para a melhoria na união e envolvimento entre os
colaboradores das várias unidades orgânicas, surgindo na sequência da certificação,
processos internos mais transparentes e claros. Ainda este grupo de entrevistados
reconhecem as políticas da tutela como incontornável ameaça para o IPP e onde a RS
nada pode fazer.
Os restantes grupos, não respondem de uma forma uniformizada como no
primeiro, referindo que o SGRS do IPP ainda esta numa fase inicial da sua
implementação pelo que ainda não produz os efeitos esperados tanto ao nível dos
estudantes como colaboradores. Dentro do conjunto de programas de RS existem dois
sobre os quais recaem melhor opinião, o “mais alimenta” e o “fundo solidário”.
Alguns entrevistados referem que as vantagens da RS são essencialmente
externas, pelo aumento da visibilidade que o SGRS trouxe ao IPP, levando a um maior
reconhecimento dos parceiros institucionais e académicos, acompanhado por um
aumento de reputação e confiança externa.
Mais uma vez surge a referência por parte de alguns entrevistados na
necessidade de se incrementar programas dirigidos aos funcionários não docentes.
Em relação aos estudantes, a sua grande maioria desconhece o SGRS o que
reforçado por alguns testemunhos, docentes, não docentes e governação, esta PI
essencial não identifica mais-valias em termos de reputação e confiança em resultado
das práticas de RS no IPP.
Esta visão torna-se ainda mais interessante quando se verifica que os
programas de RS existentes no IPP estão essencialmente dirigidos aos estudantes e
estes não só não o valorizam como o desconhecem.
Em termos de aumentos de competitividade do IPP pela existência de práticas
de RS, as opiniões dividem-se. Alguns referem que o IPP não melhorou a sua
competitividade pela via do aumento de estudantes, mas outros afirmam o contrário
pela sua percepção de que a visibilidade externa do IPP melhorou muito, assim como
sua a reputação e confiança para com sociedade em geral.
Em relação ao caso da UÉ, as respostas dos vários grupos de entrevistados
apontam para o reconhecimento de uma melhor imagem externa da universidade em
resultado de varias iniciativas, entre as quais, das práticas de RS na UÉ, referindo neste
âmbito que nas suas percepções, a confiança e a reputação da UÉ melhoraram, apesar
de alguns entrevistados referirem que ainda existem varias áreas de melhoria tais
como a necessidade de se incrementar a comunicação interna, de forma a uma maior
divulgação dos programas de RS.
Por outro lado, vários entrevistados referem que, na sua percepção, os
estudantes melhoraram consideravelmente a sua confiança e reputação em resultado
das iniciativas de RS da universidade, havendo ainda muitas dúvidas sobre se houve ou
não uma melhoria da competitividade da IES.
258
Em oposição desta visão positiva do impacte das práticas de RS na UÉ, observa-
se que alguns entrevistados, afirmam que as práticas de RS da UÉ produzem efeitos
insuficientes para minimizar determinadas políticas estatais penalizadoras para a IES,
nomeadamente pela redução de vencimentos aos colaboradores da UÉ, pela redução
da contribuição no orçamento da instituição e pelas políticas de vagas que, de acordo
com alguns entrevistados, prejudicam as IES do interior como a UÉ.
Em relação aos estudantes, observa-se que as práticas de RS são pouco ou nada
conhecidas por parte dos estudantes, levando estes a afirmar que de uma forma geral,
apesar da existência de alguns programas de RS, estes não foram os únicos
responsáveis pela melhoria da imagem, confiança e reputação da universidade.
Defendem que a comunicação da UÉ é manifestamente insuficiente e que existe a
necessidade da governação alinhar a estratégia no foco no aluno e colaboradores.
6.4 Discussão dos Resultados
Pretendeu-se com a presente investigação, com base nos resultados obtidos, o
foco nas respostas às questões inicialmente colocadas, estudando e reflectindo sobre
o modelo de governação socialmente responsável, em duas IES localizadas no interior
de Portugal continental e em particular, analisando e percebendo as razões que
suportam a governação em utilizar as práticas de RS como factor estratégico e
instrumental para gerar, ao nível dos funcionários, docentes e não docentes e dos
estudantes, confiança e reputação organizacional.
Como se verificou no quinto capitulo, a opção em incidir o foco da investigação
na governação das IES, passa pelo facto de a governação ser o responsável pelo
desenho da estratégia da IES e da integração dos princípios de RS na mesma,
assegurando o nível das condições necessárias para a sua eficaz implementação,
avaliação e revisão das políticas decorrentes (ISO 26000:2008; NP 4469.1:2008; Sebes
et al., 2014).
As IES apresentam uma missão para com a sociedade que sendo milenar,
enquadra-se plenamente nos princípios base da RS, nomeadamente uma forte ligação
à comunidade local com vista a simplificar e encontrar soluções para os problemas das
populações, criando e disseminando conhecimento (De La Cuesta et al., 2010; Vallaeys,
2014).
Mas as IES portuguesas confrontam-se actualmente com grandes desafios, em
resultado de um sistema de ES ainda insuficientemente regulado pelo estado, com
alguma falta de diferenciação e clarificação entre as missões das universidades e dos
institutos politécnicos, alguma excessiva capacidade instalada, dificuldades na
eliminação de situações de baixa qualidade na rede de ES e a existência de sérios
259
problemas de financiamento do sector (Fonseca & Encarnação, 2012; Diogo &
Brückmann, 2015).
Este quadro do sistema de ES português contribui em muito para uma série de
constrangimentos muito evidentes nas IES do interior continental, nomeadamente
pela diminuição da procura de estudantes pelas IES do interior, especialmente no que
diz respeito ao ensino politécnico (Fonseca & Encarnação, 2012), o que não estará
dissociado da falta de investimentos estruturais públicos e da importante diminuição
do investimento privado nestas regiões do interior, potenciando ainda mais os efeitos
do envelhecimento da população, associado a uma importante diminuição da
natalidade (INE, 2013).
Neste âmbito e em resultado das respostas às entrevistas nas duas IES, quando
abordadas as questões relacionados com o conceito da RS, notou-se que os
entrevistados no caso do IPP, de uma forma geral, estavam muito bem enquadrados
sobre o tema da RS, provavelmente devido ao processo de implementação do SGRS ter
sido desenvolvido de uma forma transversal, em todas as unidades orgânicas e
serviços centrais, enquanto que os entrevistados da UÉ não evidenciaram o mesmo
nível de conhecimento sobre a temática, notando-se uma relativa amplitude
conceptual.
Na altura do processo de certificação do IPP, como referido anteriormente, foi
constituído um grupo de trabalho denominado de “círculo do progresso” composto
por funcionários docentes e não docentes representantes das unidades orgânicas e
dos serviços centrais. Esta opção estratégia de implementar um sistema de gestão,
utilizando equipas internas, apresenta muitas vantagens para a organização visto que
mais facilmente se envolvem as equipas internas nas alterações profundas aos sistema
de gestão da IES, melhorando a eficiência na interiorização dos princípios da RS ao
nível da sua cultura organizacional.
Em alinhamento com a revisão da literatura, uma maioria dos entrevistados do
IPP e da UÉ definem a RS, como um conjunto de práticas voluntárias da IES cujo
âmbito é para além do que a lei obriga. Associam estas práticas a determinados
objectivos estratégicos da instituição, de forma a “devolver à sociedade o que se
recebeu dela” e assumindo as responsabilidades pelas suas decisões junto das PI.
Outros entrevistados olham para o conceito não tão de uma forma estratégica
mas de um forma mais instrumental ou seja, “de que forma é que a RS nos poderá
ajudar neste momento de crise, onde se está a perder alunos?”. Assim neste caso, as
acções de RS são implementadas com o objectivo por exemplo de incrementar a
visibilidade da instituição ou outra.
Curiosamente existe um entrevistado que define a RS como um conjunto de
práticas da IES que são obrigatórias por lei. Esta perspectiva do conceito é muito
interessante, verificando-se que a RS por vezes é associada a práticas que no fundo
não são mais do que as obrigações decorrentes da actividade económica de
260
determinada organização, como por exemplo, o devido e atempado pagamento de
impostos e das taxas com a segurança social, dos vencimentos dos colaboradores, do
pagamento atempado a fornecedores, do principio de não poluição, etc.
Como se verificou na revisão da literatura, a norma NP 4469: 2008, aponta para
um conjunto de princípios da RS que “orientam a organização no processo de definição
e revisão das suas estratégias, políticas, práticas e processos de implementação”. Os
dois primeiros princípios o “cumprimento da lei, dos instrumentos de regulamentação
colectiva e dos regulamentos aplicáveis e o respeito pelas convenções e declarações
reconhecidas internacionalmente” estão relacionados com esta questão da
obrigatoriedade do cumprimento da lei e as práticas de RS, ou seja, na verdade a
organização que cumpra com estes dois princípios, por si, não garante a adesão à RS,
quanto muito estará num bom caminho para o concretizar.
Verifica-se que no caso do IPP, as práticas de RS são anteriores ao processo de
certificação, estando associadas à própria identidade e à cultura organizacional da
instituição. Existem nesse sentido muitas citações dos entrevistados a afirmar que a
“RS no IPP é anterior ao processo de certificação” e que “o IPP poderia passar sem a
certificação mas não sem a sua estratégia de RS”.
No caso da UÉ os entrevistados não associam as práticas de RS à sua identidade
corporativa nem à cultura organizacional, pelo que se poderá inferir para uma
diferença importante entre os dois casos: o IPP apresenta uma visão estratégica e
integradora da RS enquanto que a UÉ apresenta uma visão instrumentalista da RS.
Esta realidade é referenciada por Maria João Santos quando propõe três fases
na integração da RS no sistema de gestão nas organizações, onde numa primeira fase a
organização não integra a RS como elemento estratégico, sendo o objectivo aumentar
a visibilidade externa e a promoção da confiança e reputação, à semelhança da UÉ e
numa segunda fase, já existe a integração da RS na estratégia organizacional, havendo
assim uma preocupação estruturada pelo desenvolvimento sustentado, à semelhança
do IPP (Santos et al., 2006).
Em relação às questões relacionadas com a maior ou menor adesão da RS
consoante se trate de uma IES de diferentes naturezas jurídicas ou de diferentes
localizações geográficas, nota-se que para a maioria dos entrevistados existe uma
visão estratégica da RS e por isso a necessidade da existência de práticas de RS em
ambos os casos.
Independentemente das duas dimensões consideradas, o mais relevante será o
correcto levantamento dos aspectos de RS significativos em cada IES de forma a se
ajustar objectivos e programas a cada contexto, de forma a maximizar impactes
positivos e minimizar impactes negativos, por parte das IES em relação às PI.
Relativamente às dimensões da RS que se consideram no âmbito da IES, as
respostas estão em alinhamento com a revisão da literatura, havendo referências às 3
261
dimensões base do conceito, económica, social e ambiental e a outras tais como a
cultural, politica, ética e societal.
Em relação a uma maior valorização de determinada dimensão em relação a
outra, uma maioria dos entrevistados entende que as dimensões são todas relevantes,
pelo que o que poderá motivar em se valorizar uma em relação a outra será a
especificidade de cada IES, ou seja dos seus aspectos de RS significativos e das
condições exógenas existentes no momento de análise. Por exemplo, no momento
actual de crise económico financeira, a dimensão social tem sido vista como de
prioridade surgindo programas de RS específicos para dar respostas efectivas aos
ASPRS SIG neste âmbito.
Como se verificou na revisão da literatura, a importância da governação é
determinante na efectiva integração dos princípios de RSO em toda organização,
sendo muito relevantes algumas características do líder, nomeadamente o seu
carisma, capacidade de criar confiança nas equipas, a sua atitude, compromisso e
competência para atingir em equipa a missão corporativa, envolvendo e
comprometendo as PI com a sua estratégia (Carroll & Buchholtz, 2009; Rego et al.,
2010; ISO 26000:2011).
Ao nível da identificação das PI e do reconhecimento das funções das
instituições, a governação de cada IES está alinhada, observando-se uma conforme
perspectiva em ambas áreas, com o ajustado reconhecimento da importância dos
estudantes, funcionários e sociedade no âmbito das três funções assumidas para as
IES.
Quando analisadas as duas IES no âmbito da sua identidade corporativa,
verifica-se que, apesar do IPP apresentar áreas de melhoria no âmbito do seu código
de ética, tendo em conta que uma maioria dos entrevistados afirmam possuir pouco
conhecimento sobre o mesmo, em relação ao sistema de valores, este aparenta ser
adequadamente conhecido pelos entrevistados o que pode significar eficácia nas
politicas de comunicação interna da sua governação.
O código de ética, de acordo com a NP 4460:2008, deve ser implementado com
a total envolvimento das PI das IES. Como se verificou no segundo capitulo é muito
diferente afixar-se um código da sua efectiva implementação. Para isso, as PI internas
e externas devem ser auscultadas e envolvidas, de forma a serem comprometidas com
a sua missão e objectivos, maximizando-se o comportamento organizacional e a
eficácia do código, aumentando a competitividade organizacional.
Já no caso da UÉ, pelas respostas dos entrevistados surge a indicação para a
eventual necessidade de se reforçar de forma significativa a comunicação interna no
âmbito dos valores e princípios corporativos.
Constata-se assim que o IPP evidencia um nível de implementação do sistema
de valores superior à UÉ constituindo assim uma vantagem significativa em termos de
envolvimento e alinhamento das PI internas o que poderá implicar um
262
comportamento organizacional que projecte uma imagem corporativa mais robusta e
coerente com a estratégia corporativa.
Em termos do nível de compromisso das governações de cada IES na promoção
de práticas de RS, de igual forma nota-se um superior desempenho da governação do
IPP em relação à governação da UÉ, o que ainda é mais potenciado pela não existência
de um plano estratégico aprovado na universidade ao contrário do IPP, o qual esta
adequadamente aprovado, divulgado e interiorizado pelos colaboradores
entrevistados. Estes reconhecem na sua maioria, que a RS é um dos pilares
estratégicos. Em termos de excepção, observa-se os estudantes entrevistados de cada
uma das IES que ambos desconhecem a respectiva estratégia.
Apesar deste resultado na UÉ, poder-se-á observar pela analise documental
que já na posposta do Plano de Ação do Reitor para o quadriénio 2010-14, que se
previa “…reforçar a nosso compromisso e envolvimento com o desenvolvimento da
comunidade em que se insere a universidade”.
Por outro lado, no relatório de actividades de 2013, o reitor assume por um
lado a não existência do plano estratégico aprovado mas reconhece ter cumprido com
a visão e a estratégia que tinha proposto à academia: “Embora não tenha sido possível
a aprovação do Plano Estratégico, foi concretizada a visão e a estratégia que propus à
Academia e que nos guiou rumo a uma Universidade de investigação, com um ensino
nela alicerçado e pautado pela qualidade e exigência, que quer ser pilar e cúmplice do
desenvolvimento económico, social e cultural da região e do país num quadro de
universalidade e abertura ao mundo e que pretende ocupar um lugar de destaque
nacional e internacional em áreas de excelência” (UÉ, 2013b).
No caso do IPP, o seu presidente é percepcionado pelos entrevistados
associado a aspectos muito positivos, tais como a grande disponibilidade e
proximidade, transparência da governação, reconhecimento e promoção dos
princípios da RS e o envolvimento com as unidades orgânicas. Outros entrevistados
não estão de acordo com esta opinião, referindo que a governação poderia ser mais
transparente e com melhor nível de comunicação corporativa, conciliando melhor os
interesses dos funcionários não docentes.
O reitor da UÉ é percepcionado pelos entrevistados associado a um menor
reconhecimento no seu comprometimento na promoção dos princípios da RS, como se
verificou no caso do IPP, notando-se por parte de alguns entrevistados, sugestões
várias no sentido de uma melhor clarificação e comunicação do plano estratégico que
tenha em conta a RS. Os mesmos entrevistados reconhecem a importância
determinante da governação da IES para se atingir os objectivos da RS.
Ao nível dos estudantes, observa-se a necessidade em ambas IES de um reforço
ao nível da sua comunicação interna e da sensibilização, ao nível da estratégia
corporativa havendo adicionalmente no caso da UÉ, a necessidade de um esforço
263
complementar em adequar a estratégia da universidade às expectativas dos
estudantes, nomeadamente no âmbito da RS.
No âmbito dos desafios das IES, os entrevistados quando questionados sobre os
actuais desafios das IES, apresentam de uma forma geral, um conhecimento sobre as
tendência do ES, relacionando-as com os principais desafios com que o IPP e a UÉ se
deparam. A excepção constitui os entrevistados estudantes, das duas IES, que
evidenciaram desconhecer a realidade do sector do ES.
Assim no IPP e na UÉ, os entrevistados colaboradores, apontam como principal
aspecto em relação aos desafios das IES, a falta de estudantes, o que tem implicado
em ambas IES estratégias várias de captação de estudantes nos vários ciclos de
estudos e ao longo da vida. Os entrevistados referem ainda outras tendências do ES,
como a internacionalização das IES com vista a criar sinergias com IES homologas
estrangeiras, a reorganização da rede de ES com a desejável oferta conjunta de
formação.
Ambos entrevistados das duas IES, propõem a dinamização da prestação de
serviços e das práticas de RS de forma a aumentar a autonomia financeira das IES e do
contributo para o desenvolvimento das comunidades locais.
Em alinhamento com a revisão da literatura, no IPP, os entrevistados fazem
referência à difícil situação da sustentabilidade financeira em resultado de uma
deficiente regulação do ES em Portugal, a qual tem permitido a existência de uma
oferta formativa duplicada entre politécnicos e universidades, criando alguns casos de
concorrência entre si e da falta de adequabilidade das políticas da tutela aos desafios
das IES.
Por outro lado, ao nível da gestão interna, sugerem a melhoria do
envolvimento dos funcionários não docentes e fazem referência para as consequências
da alteração da carreira dos docentes nos politécnicos.
Outros constrangimentos são levantados mais ao nível das características
endógenas da região, com um baixo nível de natalidade e em consequência o menor
número de estudantes potenciais, grande falta de investimento privado e público na
região e a existência de uma população envelhecida.
No caso da UÉ, de igual forma os entrevistados apontam os constrangimentos
financeiros em resultado das políticas da tutela e ao nível interno, surge a proposta
para a melhoria das condições dos funcionários não docentes. Alguns estudantes
apontam para eventuais problemas de qualidade de ensino nomeadamente a falta de
salas para estudo.
Quando auscultados sobre a possibilidade das práticas de RS poderem
minimizar alguns dos desafios e tendências apontadas, o grupo de entrevistados das
duas IES afirma que de uma forma geral estas práticas podem solucionar questões de
âmbito da gestão interna, pelo que será necessário tempo para que as medidas
produzam efeito. Em relação aos desafios estruturais da região de cada IES, os
264
entrevistados entendem que a RS será pouco ou mesmo ineficaz a este tipo de
desafios.
No âmbito dos impactes das práticas de RS nas IES, os entrevistados das duas
IES referem de uma forma segura, o elevado contributo em termos económicos,
sociais e culturais que as instituições exercem na comunidade local e nas restantes
regiões. Referem os entrevistados da relação singular que o IPP e a UÉ têm com as
respectivas comunidades locais, de grande interdependência e comprometimento.
As práticas de RS no IPP, segundo os entrevistados, estão dirigidas sobretudo
aos estudantes, seguindo-se a sociedade e notando-se que os funcionários não são
objecto de nenhuma iniciativa a este nível. Pela análise documental do IPP e da UÉ,
confirma-se esta realidade nas duas IES.
As várias referências ao longo da entrevista, por parte de vários entrevistados
das duas IES, solicitando maior foco da RS nos funcionários, nomeadamente nos não
docentes, torna-se assim numa linha de averiguação mais real, tendo em conta as
respostas à questão nº 11 no IPP e à sexta questão na UÉ. Ao se confirmar esta
realidade, constitui uma muito relevante área de melhoria nas duas IES,
nomeadamente no caso do IPP, visto que ao possuir um sistema de gestão integrado,
seria de prever que este tipo de situação, no âmbito da gestão interna, fosse mais
facilmente detectável pelos indicadores de RS e pelos procedimentos de revisão do
sistema integrado de gestão.
Quanto aos impactes das práticas de RS para o IPP observam-se respostas com
alguma amplitude de conteúdo. Uma parte de entrevistados assume uma “evidente”
melhoria da visibilidade externa e interna do IPP, reconhecendo igualmente a melhoria
da sua reputação e confiança, em resultado do SGRS. Referem ainda que houve uma
“melhoria na união e envolvimento entre os colaboradores das várias unidades
orgânicas”, surgindo na sequência da certificação, com processos internos mais
transparentes e claros. Outros entrevistados assumem que as vantagens da RS são
essencialmente externas, pelo aumento da visibilidade que o SGRS trouxe ao IPP,
levando a um maior reconhecimento dos parceiros institucionais e académicos,
acompanhado por um aumento de reputação e confiança externa. Em termos da
gestão interna é referido que “o SGRS do IPP ainda está numa fase inicial da sua
implementação pelo que ainda não produz os efeitos esperados tanto ao nível dos
estudantes como colaboradores” havendo a referência positiva para dois programas de
RS o “mais alimenta” e o “fundo solidário”.
Em relação aos estudantes do IPP, a sua grande maioria desconhece o SGRS o
que reforçado por alguns testemunhos de funcionários entrevistados, esta PI essencial
não identifica mais valias em termos de reputação e confiança em resultado das
práticas de RS no IPP. Esta situação torna-se muito interessante tendo em conta que, a
esmagadora maioria dos programas de RS existentes no IPP estão dirigidos aos
estudantes e estes não só não o valorizam como o desconhecem.
265
Em termos de aumentos de competitividade do IPP pela existência de práticas
de RS, as opiniões dividem-se. Alguns referem que o IPP não melhorou a sua
competitividade pela via do aumento de estudantes, mas outros afirmam o contrário
pela sua percepção de que a visibilidade externa do IPP melhorou muito, assim como
sua a reputação e confiança para com sociedade em geral.
Em relação ao caso da UÉ, as respostas dos vários grupos de entrevistados
apontam para o reconhecimento de uma melhor imagem externa da universidade em
resultado de varias iniciativas, entre as quais, das práticas de RS na UÉ, referindo neste
âmbito que nas suas percepções, a confiança e a reputação da UÉ melhoraram, apesar
de alguns entrevistados referirem que ainda existem varias áreas de melhoria tais
como a necessidade de se incrementar a comunicação interna, de forma a uma maior
divulgação das práticas de RS.
Por outro lado, vários entrevistados referem que, na sua percepção, os
estudantes melhoraram consideravelmente a sua confiança e reputação em resultado
das iniciativas de RS da universidade, havendo ainda muitas dúvidas sobre se houve ou
não uma melhoria da competitividade da IES.
Em oposição desta visão positiva do impacte das práticas de RS na UÉ, observa-
se que alguns entrevistados, afirmam que as práticas de RS da UÉ produzem efeitos
insuficientes para minimizar determinadas políticas estatais penalizadoras para a IES,
nomeadamente pela redução de vencimentos aos colaboradores da UÉ, pela redução
da contribuição no orçamento da universidade e pelas políticas de vagas que, de
acordo com alguns entrevistados, prejudicam as IES do interior como a UÉ.
Em relação aos estudantes, observa-se que as práticas de RS são pouco ou nada
conhecidas por parte dos estudantes, levando estes a afirmar que de uma forma geral,
apesar da existência de algumas práticas de RS, estas não foram os únicos
responsáveis pela melhoria da imagem, confiança e reputação da universidade.
Defendem que a comunicação da UÉ é manifestamente insuficiente e que existe a
necessidade da governação alinhar a estratégia no foco no aluno.
266
267
CCCaaapppííítttuuulllooo 777
CCCooonnncccllluuusssõõõeeesss,,, IIImmmpppllliiicccaaaçççõõõeeesss TTTeeeóóórrriiicccaaasss eee PPPrrrááátttiiicccaaasss,,,
LLLiiimmmiiitttaaaçççõõõeeesss eee LLLiiinnnhhhaaasss FFFuuutttuuurrraaasss dddeee IIInnnvvveeessstttiiigggaaaçççãããooo 7. Conclusões
As IES portuguesas confrontam-se actualmente com grandes desafios, em
resultado de um sistema de ES ainda insuficientemente regulado pelo estado, com
alguma falta de diferenciação e clarificação entre as missões das universidades e dos
institutos politécnicos, alguma excessiva capacidade instalada, dificuldades na
eliminação de situações de baixa qualidade na rede de ES e a existência de sérios
problemas de financiamento do sector (Fonseca & Encarnação, 2012; Diogo &
Brückmann, 2015).
Este quadro do sistema de ES português contribui em muito, para uma série de
constrangimentos muito evidentes nas IES do interior continental, nomeadamente,
pela diminuição da procura de estudantes pelas IES do interior, especialmente no que
diz respeito ao ensino politécnico (Fonseca & Encarnação, 2012).
Esta realidade não estará dissociada da falta de investimentos estruturais
públicos e da importante diminuição do investimento privado nestas regiões do
interior, potenciando ainda mais os efeitos do envelhecimento da população,
associado a uma importante diminuição da natalidade (INE, 2013).
Neste âmbito, as práticas de RS nas IES são vistas como uma possível via para
contrabalançar estes constrangimentos das IES do interior de Portugal. A governação
das IES ao assumir os princípios da RS (ISO 26000:2008), deve promover e integrar a
RSU em toda a IES, incentivando a transparência organizacional, promovendo práticas
de comunicação, diálogo e envolvimento com as PI, foco nas suas necessidades e
expectativas, procurando aumentos de eficiências organizacionais e adequada
prestação de contas (Vallaeys, 2014).
Esta governação socialmente responsável vai dinamizar a criação de
conhecimento e de inovação conducentes à inversão de algumas das tendências do
actual ES em Portugal, promovendo políticas de RS nas IES que permitam uma gestão
268
do relacionamento mais eficaz e eficiente com as PI significativas, nomeadamente,
com estudantes, docentes e não docentes.
A identificação e promoção destas práticas de RSU conducentes a aumentos de
confiança e reputação corporativas, por parte de estudantes e colaboradores são
assim uma linha muito importante de investigação.
A presente investigação, permitiu estudar duas IES, aferindo os impactes das
práticas de RSU nos estudantes e colaboradores, com vista à proposta de um modelo
de governação socialmente responsável que permita melhorias na sua gestão interna,
através do adequado desenho de políticas de RS que permitam aumentar a sua
confiança e reputação em relação à instituição.
Tendo em conta o contexto do fenómeno social que se pretendeu estudar
neste trabalho e tendo em conta os seus objectivos e dimensões, a investigação
enquadrou-se num estudo exploratório abrangido numa pesquisa qualitativa,
adoptando-se como estratégia particular de investigação, o Estudo de Caso.
Foram assim seleccionadas duas IES, a Universidade de Évora (UÉ) e o Instituto
Politécnico de Portalegre (IPP). Os estudos de caso seleccionados, com o objectivo de
representarem casos de confirmação, casos onde se verifica repetições presumidas do
mesmo fenómeno (Yin, 2004), tiveram como critério de selecção o facto de ambas as
IES se localizarem no interior continental, nomeadamente no Alentejo, locais
reconhecidamente desfavorecidos em termos de desenvolvimento económico, taxas
de natalidade, investimento público e privado e diminuta procura por estudantes
(Fonseca & Encarnação, 2012).
Tendo em conta as respostas dos entrevistados e das demais fontes de
informação da investigação, na sequência da identificação dos objectivos específicos,
confirma-se de que a metodologia de investigação adoptada no estudo permitiu o
atingir dos objectivos propostos, pelo que se apresenta de seguida as conclusões
apuradas.
Em relação ao conceito da RS os entrevistados do IPP estavam muito bem
enquadrados sobre o tema da RS, provavelmente devido ao processo de
implementação do SGRS, enquanto que os entrevistados da UÉ não evidenciaram o
mesmo nível de conhecimento sobre a temática, notando-se uma relativa amplitude
conceptual.
Em alinhamento com a revisão da literatura, uma maioria dos entrevistados do
IPP e da UÉ definem a RS, como um conjunto de práticas voluntárias da IES cujo
âmbito é para além do que a lei obriga. Associam estas práticas a determinados
objectivos estratégicos da instituição, de forma a “devolver à sociedade o que se
recebeu dela” e assumindo as responsabilidades pelas suas decisões junto das PI.
Outros entrevistados olham para o conceito não tão de uma forma estratégica
mas de um forma mais instrumental ou seja, “de que forma é que a RS nos poderá
ajudar neste momento de crise, onde se está a perder alunos?”. Assim neste caso, as
269
acções de RS são implementadas com o objectivo de maximizar um beneficio para a
instituição como por exemplo o incremento da visibilidade externa ou outra.
Surge uma definição para a RS associando o conceito ao conjunto de práticas
da IES que são obrigatórias por lei, pelo que se pode inferir que:
O facto de uma organização cumprir a lei e dessa forma cumprir as suas
obrigações legais e regulamentares para com as suas PI, per si, não constitui garante
da adesão à RS.
Como se verificou na revisão da literatura, a norma NP 4469: 2008, aponta para
um conjunto de princípios da RS que “orientam a organização no processo de definição
e revisão das suas estratégias, políticas, práticas e processos de implementação”. Os
dois primeiros princípios o “cumprimento da lei, dos instrumentos de regulamentação
colectiva e dos regulamentos aplicáveis e o respeito pelas convenções e declarações
reconhecidas internacionalmente” estão relacionados com esta questão da
obrigatoriedade do cumprimento da lei e as práticas de RS, ou seja, na verdade a
organização que cumpra com estes dois princípios, por si, não garante a adesão à RS,
quanto muito estará num bom caminho para o concretizar.
As práticas de RS no caso do IPP são anteriores ao processo de certificação,
estando associadas à própria identidade e à cultura organizacional da instituição. No
caso da UÉ os entrevistados não associam as práticas de RS à sua identidade
corporativa nem à cultura organizacional, pelo que se poderá inferir para uma
diferença importante entre os dois casos: o IPP apresenta uma visão estratégica e
integradora da RS enquanto que a UÉ apresenta uma visão instrumentalista da RS.
Os entrevistados na sua maioria, apontam para a necessidade da identificação
dos aspectos de RS significativos em cada IES, de forma a se ajustar objectivos e
programas a cada contexto, independentemente da natureza jurídica ou da localização
geográfica de cada IES, propondo desse sentido que a formulação das práticas de RS
devam se adequar à especificidade de cada IES.
Em termos de dimensões relativa ao conceito de RS, são apontadas pelos
entrevistados das duas IES as três dimensões base do conceito, económica, social e
ambiental, havendo adicionalmente a proposta das dimensões cultural, politica, ética e
societal, observando-se o reconhecimento de que as dimensões são todas relevantes,
pelo que o que poderá motivar em se valorizar uma em relação a outra será a
especificidade de cada IES, ou seja dos seus ASPRS SIG e das condições exógenas
existentes no momento de análise.
Neste âmbito, foi referenciado por alguns entrevistados que no momento
actual de crise económico financeira, a dimensão social é vista como uma prioridade
270
em relação a outras dimensões, havendo nesse sentido programas de RS específicos
nas IES para dar respostas efectivas aos ASPRS SIG neste âmbito.
No âmbito da identificação das PI e do reconhecimento das funções das IES
pela governação das IES, a governação de cada IES está alinhada, observando-se o
reconhecimento da importância dos estudantes, funcionários e sociedade no âmbito
das três funções assumidas para as IES, docência, investigação e extensão do
conhecimento.
Da analise da identidade corporativa nas duas IES, permite a inferência para
que, apesar do IPP apresentar áreas de melhoria no âmbito do seu código de ética,
tendo em conta que uma maioria dos entrevistados afirmam possuir pouco
conhecimento sobre o mesmo, em relação ao sistema de valores, este aparenta ser
adequadamente conhecido pelos entrevistados o que pode significar eficácia nas
politicas de comunicação interna da sua governação.
Já no caso da UÉ, pelas respostas dos entrevistados, surge a indicação para a
eventual necessidade de se reforçar de forma significativa a comunicação interna no
âmbito dos valores e princípios corporativos.
Constata-se assim que o IPP evidencia um nível de implementação do sistema
de valores superior à UÉ constituindo assim uma vantagem significativa em termos de
envolvimento e alinhamento das PI internas o que poderá implicar um
comportamento organizacional que projecte uma imagem corporativa mais robusta e
coerente com a estratégia corporativa.
A RSU pode ser vista de quatro formas:
1- Não se acredita no seu efeito, sendo vista como um custo desnecessário e
redundante da organização, que unicamente ira retirar margem operacional.
2- Acredita-se no seu efeito na óptica de mais facilmente se alcançar os objectivos
corporativos, como por exemplo aumentar a visibilidade das IES, melhorando a
sua imagem junto de potenciais novos estudantes e assim levando a um aumento
de captação de estudantes.
3- Acredita-se de uma forma estratégica, ou seja, integrando os princípios da RS na
estratégia da IES vai implicar melhorias transversais ao nível da gestão interna e
externa da organização. Desta forma os resultados que se alcançam, normalmente
de médio longo prazo, são o resultado da mudança da cultura organizacional e do
comportamento organizacional indo ao encontro da satisfação das necessidades e
expectativas das PI.
4- O conceito está interiorizado na cultura da organização. As organizações
socialmente responsáveis, integram os princípios de RSO na sua estratégia,
desempenhando as suas funções, actividades e decisões, maximizando impactes
271
positivos e minimizando impactes negativos nas PI significativas, assumindo e
praticando princípios de boa governação e liderança, de forma a contribuírem
para o desenvolvimento sustentável. As ORGANIZAÇÕES SOCIALMENTE
RESPONSÁVEIS são actores privilegiados no desenvolvimento de processos de
relacionamento e envolvimento com a comunidade envolvente, promovendo a
criação de territórios socialmente responsáveis e da cidadania responsável.
Em relação à promoção de práticas de RSU em resultado do compromisso das
governações de cada IES, nota-se um superior desempenho da governação do IPP em
relação à governação da UÉ, o que ainda é mais potenciado pela não existência de um
plano estratégico aprovado na universidade ao contrário do IPP, o qual está
adequadamente aprovado, divulgado e interiorizado pelos colaboradores
entrevistados. Estes reconhecem na sua maioria, que a RS é um dos pilares
estratégicos. Em termos de excepção, observa-se que ao nível dos estudantes
entrevistados de cada uma das IES, que ambos desconhecem a respectiva estratégia
corporativa.
Apesar da não existência de um plano estratégico aprovado na universidade,
poder-se-á observar pela analise documental que já na posposta do Plano de Ação do
Reitor para o quadriénio 2010-14, que se previa “…reforçar a nosso compromisso e
envolvimento com o desenvolvimento da comunidade em que se insere a universidade”
(UÉ, 2013c). Por outro lado, igualmente pelo relatório de actividades de 2013 da UÉ,
verifica-se o compromisso do reitor no assumir da área da sustentabilidade,
reconhecendo ter “cumprido com a visão e a estratégia que tinha proposto à academia
(UÉ, 2013b).
A percepção dos entrevistados em relação ao gestor de topo de cada IES é
diferente, observando-se no caso do IPP que o seu presidente é percepcionado
associado a aspectos muito positivos, tais como a grande disponibilidade e
proximidade, transparência da governação, reconhecimento e promoção dos
princípios da RS e o envolvimento com as unidades orgânicas, enquanto que o reitor
da UÉ é percepcionado associado a um menor reconhecimento no seu
comprometimento na promoção dos princípios da RS, surgindo sugestões várias no
sentido de uma melhor clarificação e comunicação do plano estratégico que tenha em
conta a RS.
Ao nível dos estudantes, observa-se a necessidade em ambas IES de um reforço
ao nível da sua comunicação interna e da sensibilização, ao nível da estratégia
corporativa havendo adicionalmente no caso da UÉ, a necessidade de um esforço
complementar em adequar a estratégia da universidade às expectativas dos
estudantes, nomeadamente no âmbito da RS.
272
No âmbito dos desafios das IES, os entrevistados das duas IES apontam como
principal aspecto a falta de estudantes, o que tem implicado em ambas IES estratégias
várias de captação de estudantes nos vários ciclos de estudos e ao longo da vida. Os
entrevistados referem ainda outras tendências do ES, como a internacionalização das
IES com vista a criar sinergias com IES homologas estrangeiras, a reorganização da rede
de ES com a desejável oferta conjunta de formação, a dinamização da prestação de
serviços e das práticas de RS de forma a aumentar a autonomia financeira das IES e do
contributo para o desenvolvimento das comunidades locais.
Referem a existência de uma difícil situação de sustentabilidade financeira das
IES em resultado de uma deficiente regulação do ES em Portugal, a qual tem permitido
a oferta formativa duplicada entre politécnicos e universidades, criando alguns casos
de concorrência entre si e da falta de adequabilidade das políticas da tutela aos
desafios das IES.
Por outro lado, ao nível da gestão interna, sugerem a melhoria do
envolvimento dos funcionários não docentes e fazem referência para as consequências
da alteração da carreira dos docentes nos politécnicos. Alguns estudantes da UÉ
apontam para eventuais problemas de qualidade de ensino nomeadamente a falta de
salas para estudo.
No caso do IPP, o actual SGRS ainda está numa fase, onde os resultados não
coincidem com as expectativas de alguns entrevistados. Isto porque um processo de
certificação, sobretudo numa instituição com milhares de alunos, centenas de
colaboradores e dezenas de parceiros e outras PI é extremamente complexo, tendo
em atenção ainda que, por se tratar de uma instituição pública, alguns instrumentos
de incentivo da performance dos colaboradores estão à partida vedados.
Outros constrangimentos são levantados mais ao nível das características
endógenas da região, com um baixo nível de natalidade e em consequência o menor
número de estudantes potenciais, grande falta de investimento privado e público na
região e a existência de uma população envelhecida.
As práticas de RS são vistas com potencial para minimizar questões no âmbito
da gestão interna, apesar do tempo necessário para que as medidas produzam efeito.
Em relação aos desafios estruturais da região de cada IES, os entrevistados entendem
que a RS será pouco ou mesmo ineficaz a este tipo de desafios.
No âmbito dos impactes das práticas de RS nas IES, os entrevistados das duas
IES referem de uma forma clara, o elevado contributo em termos económicos, sociais
e culturais que as instituições exercem na comunidade local e nas restantes regiões.
Valorizam de forma significativa a relação singular que o IPP e a UÉ têm com as
respectivas comunidades locais, de grande interdependência e comprometimento.
Os programas de RS no IPP, tendo em conta as respostas dos entrevistados e da
análise documental, estão dirigidas sobretudo aos estudantes, seguindo-se a
273
sociedade e notando-se que os funcionários não são objecto de nenhuma iniciativa a
este nível.
Surgem várias referências solicitando maior foco da RS nos funcionários,
nomeadamente nos não docentes. Ao se confirmar esta realidade, constitui uma
importante área de melhoria nas duas IES, nomeadamente no caso do IPP, visto que ao
possuir um sistema de gestão integrado, seria de prever que este tipo de situação, no
âmbito da gestão interna, fosse mais facilmente detectável pelos indicadores de RS e
pelos procedimentos de revisão do SGRS.
Para alguns entrevistados não estudantes, o resultado dos impactes das
práticas de RS no IPP, vão no sentido de uma “evidente” melhoria da visibilidade
externa e interna das duas IES, havendo igualmente o reconhecimento para a melhoria
da sua reputação e confiança. Por outro lado no IPP, em resultado da implementação
do SGRS, há a referência para uma melhoria da união e envolvimento ao nível interno,
apontando para a existência de processos internos mais transparentes e claros.
Para outros entrevistados, as vantagens das práticas de RS são essencialmente
externas, pelo aumento da visibilidade, levando a um maior do reconhecimento pelos
parceiros institucionais e académicos, acompanhado por um aumento de reputação e
confiança externa. Afirmam alguns entrevistados de que no caso do IPP, o SGRS está
muito virado para o estudante havendo a necessidade de o actualizar e reposiciona-lo
de forma a dinamizar programas de RS dirigidos aos aspectos de RS dos colaboradores,
nomeadamente não docentes.
Ainda no caso do IPP, é referido que o “SGRS ainda está numa fase inicial da
sua implementação pelo que ainda não produz os efeitos esperados tanto ao nível dos
estudantes como colaboradores”.
Na UÉ não se observa um SGRS que estratégicamente e de forma integrada
promova programas de RS dirigidos às várias PI. Apesar disso, de igual forma a maioria
dos entrevistados colaboradores reconhecem resultados muito idênticos com o IPP,
com as práticas de RS, a visibilidade e a notoriedade da UÉ melhorou de forma
significativa, havendo vários entrevistados que associam aumentos de confiança e de
reputação em consequência das referidas práticas de RS e de outros actos de gestão.
Alguns entrevistados colaboradores, de igual forma, referem que as práticas de RS
estão quase todas viradas para os estudantes havendo a necessidade de se
incrementar iniciativas de RS dirigidas para os colaboradores não docentes.
Apesar destes impactes positivos, os resultados apontam para a necessidade de
varias áreas de melhoria no âmbito do reforço da comunicação interna, de forma a
uma maior divulgação das práticas de RS.
Em termos de aumentos de competitividade das IES em resultado da existência
de práticas de RS, as opiniões dividem-se. Alguns referem que as IES não melhoraram a
sua competitividade pela via do aumento de estudantes, mas outros afirmam o
contrário pela sua percepção de que a visibilidade externa das duas IES melhorou de
274
forma evidente, assim como sua a reputação e confiança para com sociedade em
geral.
Em oposição desta visão positiva do impacte das práticas de RS nas IES
estudadas, observa-se que alguns entrevistados afirmam que as práticas de RS
produzem efeitos insuficientes para minimizar determinadas políticas estatais
penalizadoras para a IES, nomeadamente pela redução de vencimentos aos seus
colaboradores, pela redução da contribuição no orçamento da universidade e pelas
políticas de vagas que, de acordo com alguns entrevistados, prejudicam as IES do
interior.
Tendo em conta as respostas dos estudantes e funcionários entrevistados, os
estudantes das duas IES, na sua maioria, desconhece a área da RS. Ao se confirmar
esta realidade, este resultado apresenta um significado de máxima importância, já que
esta PI essencial das duas IES, não reconhece mais valias significativas em termos de
reputação e confiança em resultado das práticas de RS nas respectivas IES. Esta
inferência torna-se muito interessante tendo em conta que, a esmagadora maioria dos
programas de RS existentes no IPP e na UÉ estão dirigidos aos estudantes e estes não
só não o valorizam como o desconhecem.
Como referido na revisão da literatura, a RS apresenta várias limitações em
termos da sua eficácia. Não possui instrumentos na sua política para dar respostas a
constrangimentos estruturais. Por outro lado, em resultado das consequências da crise
económico financeira, os cortes muito significativos dos orçamentos das IES e dos
ordenados dos funcionários públicos, retiram alguma margem de capacidade de acção
da RS.
Finalmente, não actuam de forma isolada no âmbito organizacional e produzem
efeitos de médio longo prazo, nem sempre compatíveis com a urgência de alguns
constrangimentos, cuja resolução é de âmbito de curto prazo.
Assim como o efeito das políticas de RS, a criação de confiança organizacional
não é um processo rápido mas é essencial para a sustentabilidade e responsabilização
dos seus actores.
Tendo em conta as proposições da investigação os resultados permitem chegar
às seguintes conclusões:
Proposição 1. Os colaboradores e os estudantes da IES conhecem o conceito da RS.
Efectivamente, pelas respostas dos entrevistados do IPP e da UÉ, apesar de
ambos conhecerem a temática da RS, com as suas dimensões, existe uma
diferenciação do seu enquadramento pois os entrevistados do IPP possuem uma visão
estratégica do conceito enquanto que os entrevistados da UÉ possuem uma visão mais
instrumental. Em relação aos entrevistados estudantes das duas IES o seu
275
conhecimento e interesse é significativamente diminuto, demonstrando um
importante afastamento e desinteresse pelas actividades da governação das IES.
Proposição 2. A governação incorpora objectivos e práticas de RS na estratégia da IES.
Pela análise das entrevistas e da análise documental, no caso do IPP obtêm-se a
inferência no sentido de a governação incorporar a RS na sua estratégia, estando esta
bem divulgada na comunidade académica.
Os entrevistados do IPP, na sua maioria, reconhecem no seu líder, confiança
comprometimento, iniciativa em integrar os princípios da RS no instituto, sabendo eles
que foi ele próprio que iniciou o processo de certificação havendo inclusive referencias
que ele continua a ser um dos seus principiais impulsionadores.
Quanto ao caso da UÉ a situação é diferente, pelo facto de não existir um plano
estratégico aprovado e em consequência não ter sido devidamente divulgado. Por
outro lado, existem várias inferências no sentido da RS poder constar de uma forma
limitada da estratégia informal adoptada pela governação.
Proposição 3. As práticas de RSU podem minimizar os actuais desafios das IES.
Os entrevistados das duas IES referem o elevado contributo em termos
económicos, sociais e culturais que as duas IES exercem na comunidade local e nas
restantes regiões, criando uma relação com as respectivas comunidades locais de
grande interdependência e comprometimento.
As práticas de RSU, apesar de surtir efeito a médio e longo prazo, são vistas
com potencial para minimizar questões no âmbito da gestão interna, aproximando as
equipas internas e podendo aumentar a visibilidade externa o que indirectamente
poderá atrair mais estudantes, mas em relação aos desafios estruturais relacionados
com a região de cada IES, os entrevistados entendem que a RSU será pouco ou mesmo
ineficaz a este tipo de desafios.
Proposição 4. As práticas de RS na IES impulsionam a confiança e a reputação
organizacional nos seus colaboradores e estudantes.
Para alguns entrevistados não estudantes o resultado dos impactes das práticas
de RS nas duas IES, vão no sentido de uma melhoria da visibilidade externa e interna
das IES, reconhecendo igualmente a melhoria da sua reputação e confiança.
Por outro lado no IPP, em resultado da implementação do SGRS, há a
referência para uma melhoria da união e envolvimento ao nível interno, apontando
para a existência de processos internos mais transparentes e claros o que ajudam a
melhorar o clima de confiança interno.
276
Para outros entrevistados, as vantagens das práticas de RS são essencialmente
externas, pelo aumento da visibilidade, levando a um maior do reconhecimento pelos
parceiros institucionais e académicos, acompanhado por um aumento de reputação e
confiança externa.
Em relação ao caso da UÉ, os resultados apontam para a necessidade de varias
áreas de melhoria no âmbito do reforço da comunicação interna, de forma a uma
maior divulgação das práticas de RS.
Em oposição desta visão positiva do impacte das práticas de RS nas IES
estudadas, observa-se que alguns entrevistados afirmam que as práticas de RS
produzem efeitos insuficientes para minimizar determinadas políticas estatais
penalizadoras para a IES, nomeadamente pela redução de vencimentos aos seus
colaboradores, pela redução da contribuição no orçamento da universidade e pelas
políticas de vagas que, de acordo com alguns entrevistados, prejudicam as IES do
interior.
Em relação aos estudantes entrevistados das duas IES, na sua maioria,
desconhece as práticas de RS, assim como a identidade e estratégia corporativas. Esta
conclusão é reforçada por alguns outros entrevistados, que apontam para um
significativo desinteresse dos estudantes por algumas actividades das duas IES. Assim
sendo, os estudantes que são uma das PI mais importantes das IES não reconhecem
mais valias significativas em termos de reputação e confiança em resultado das
práticas de RS nas IES.
Tal como previsto no quadro metodológico da investigação, com o objectivo de
se comparar a estratégia socialmente responsável das duas IES estudadas, procedeu-se
a uma entrevista com a responsável pelo gabinete de RSU da Universidade da
Estremadura.
Assim a Universidade da Estremadura possui um gabinete de RSU, criada em
2011, sendo por isso uma área recente. O gabinete de RSI tem definido uma visão,
princípios e valores de RS, não havendo na universidade de um código de ética. Não
têm havido acções de formação nem de sensibilização sobre a temática sendo a RS
pouco conhecida no universo académico.
Analisando a definição de RS pela responsável nesta área da universidade
espanhola, conclui-se que está em total convergência com as IES analisadas:
“La RS es la realización en toda organización, a título voluntario, de acciones en las que se busque
una mejora a diversos niveles, en el ámbito económico, en el social y en el medioambiental. A la vez,
se ha de buscar la satisfacción de todos los grupos de interés con los que la organización se relaciona,
con el fin de que éstos alcancen sus metas y objetivos y éstos confluyan con los de la organización,
buscando la satisfacción mutua”.
277
Por outro lado, apresenta uma visão estratégica da RS entendendo que as
práticas de RSU não devem depender da sua natureza pública ou privada ou da
localização da IES.
Considera que a governação da IES espanhola promove as práticas de RSU,
contudo gostaria que fossem reforçadas. A governação possui um plano estratégico
aprovado do seu conhecimento e onde a RS faz parte integrante pelo que apresenta
em conjunto de práticas de RSU dirigidas a estudantes e sociedade não estruturados
nem integrados num sistema de gestão.
7.1. Implicações Teóricas e Práticas
Os resultados da investigação contribuem para aumentar o conhecimento na
área da RS nomeadamente no âmbito das IES. Caracterizou-se a governação
socialmente responsável nas mesmas, tendo-se proposto um Modelo de Liderança
Éticamente Responsável (LER) (Figura 6), reconhecendo-se no líder um elemento chave
para a integração dos princípios da RS em toda a instituição, assim como a visão, a
estratégia, o comportamento éticamente responsável e as práticas operacionais
conducentes ao elevar do contributo organizacional para o DS.
Verificou-se também que a adesão à RS deve ser algo de estratégico e não
somente instrumental, tendo em conta os impactes nas PI internas e externas, pelo
que se propôs dois modelos na área da gestão de pessoas, o Ciclo de Gestão de
pessoas pela LER (Figura 13), o Modelo do Sistema de Gestão de Pessoas (Figura 14) e
o modelo conceptual da investigação que ao integrar as componentes endógenas e
exógenas da RS, propõe conceptualmente a relação de interdependência da confiança
e reputação organizacionais (Figura 17).
O raio de acção da RS não é indissociável das restantes variáveis da organização,
ou seja, tendo em conta as componentes endógena e exógena do modelo conceptual
da investigação, a política de RS vai se apresentar com menor eficácia tendo em conta
o actual momento de crise no sector das IES. A política de RS produz efeitos de médio
e longo prazo, o que por vezes não é compatível com a urgência de alguns
constrangimentos nas várias dimensões da RS.
Em consequência, as expectativas criadas por parte dos entrevistados neste
âmbito não vão ter correspondência a curto prazo nos programas e nas práticas de RS
que se observaram nas duas IES. A RS enquanto sistema de gestão, necessita de um
período prolongado de forma a produzir os efeitos desejáveis.
Com o objectivo de se criar no âmbito do presente trabalho, um modelo que
apresente o conjunto de programas de RS prioritários é apresentada na Figura 54 a
pirâmide dos programas prioritários de RS, constituído por programas Primary, Core,
Work, Family and Personal Life e Society and Environment.
278
Os programas denominados de Primary são considerados essenciais para
qualquer instituição e por isso conterem iniciativas dirigidas em simultâneo a clientes e
colaboradores, ligadas à sua segurança, saúde e higiene, alimentação e alojamento.
Os programas considerados de Core são aqueles que são propostos no âmbito
especifico do core business da organização, neste caso ligados ao desenvolvimento de
competências, disponibilização de informação e formação, incluindo a área das hard e
soft skills.
Os programas identificados por Work, Family and Personal Life são propostos em
vista a potenciar estes 3 pilares da vida dos colaboradores e alunos da instituição e
finalmente os programas intitulados de Society and Environment que vão ao encontro
desta dimensão da RS.
7.2. Limitações da Investigação e linha de orientação para Investigações Futuras
Nesta investigação seguiu-se uma abordagem qualitativa, que incidiu sobre
duas IES tendo-se realizado um estudo detalhado sobre os aspectos metodológicos
considerados relevantes. Podia-se se ter alargado o estudo a outras IES igualmente
localizadas no interior de Portugal continental. Neste caso, seriam necessários outros
meios e mais tempo, tendo em conta o carácter geográfico da sua dispersão territorial,
Figura 54. Grupos prioritários de programas de Responsabilidade Social Fonte: Elaboração própria
279
prevendo-se ainda que a significativa carga burocrática típica da realização de um
estudo qualificativo, não constituiria um bom aliado.
Considera-se uma outra limitação da investigação o facto de somente se ter
recorrido à metodologia qualitativa, apesar de se entender que para os objectivos
exploratórios da investigação, o estudo de caso exaustivo, com cerca de um total de
quarenta horas de entrevistas, análise documental e visitas aos locais alvo, constituiu
um significativo desafio. Contudo, esta investigação aliada a uma investigação
quantitativa, iria permitir uma maior riqueza de recolha e análise de informação,
seguramente com resultados fortalecidos em termos de validade e consistência. É por
isso uma linha de orientação para futuras investigações.
O foco dado na investigação aos elementos da governação de cada IES de
forma a dar respostas as questões relevantes, poder-se-ia ampliar para as restantes PI,
privilegiando a auscultação dos estudantes, colaboradores e analisando sobre as
percepções que as PI externas possuem sobre cada IES, nomeadamente sobre o
âmbito dos impactes das praticas de RS.
Como referido anteriormente o presente estudo não é generalizável face ao
âmbito “estudo de caso” (Yin, 2005) considerando as restrições inerentes à presente
investigação qualitativa. Seria interessante o alargamento do estudo sobre o impacte
das práticas da RSU e ao modelo de governação socialmente responsável às IES
localizadas em Faro, Beja, Castelo Branco, Covilhã, Braga e Bragança, comparando o
contributo para o desenvolvimento regional de cada IES retirando as possíveis
inferências sobre os resultados ao nível da confiança e reputação organizacionais.
Julgamos que os objectivos âncora da investigação foram atingidos, tendo-se
analisado os impactes das práticas da RSU nos colaboradores e estudantes e analisado
o modelo de governação socialmente responsável que permita o efectivo
comprometimento com os princípios da RS.
Como linhas para futuras investigações, pretende-se validar os modelos LER,
Sistema de Gestão de Pessoas e um futuro modelo de Gestão Éticamente Responsável
que resultará do modelo conceptual da investigação.
As IES podem e devem ter um papel decisivo no encontrar de soluções para
muitos dos actuais problemas civilizacionais. A sua governação socialmente
responsável, ao integrar e operacionalizar os princípios da RSO, vai dinamizar a criação
de conhecimento e de inovação conducentes à cidadania responsável e dos territórios
socialmente responsáveis.
280
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Decreto-Lei nº 46/1986, de 14 de Outubro
Decreto-Lei nº 49/2005, de 30 de Agosto
Decreto-Lei nº 5/1973 de 25 de Julho
Decreto-Lei nº 513-T/1979 de 26 de Dezembro
Decreto-Lei nº 54/1990, de 5 de Setembro
Decreto-Lei nº 62/2007, de 10 de Setembro.
Decreto-lei nº 64/2006, de 21 de Março
Decreto-lei nº 74/2006, de 24 de Março
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NP ISO 26000:2011 Linhas de orientação da Responsabilidade Social. IPQ
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SA 8000:2001, Social Accountability 8000.
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297
AAAnnneeexxxooosss
298
Anexo I E-mail de pedido de agendamento de entrevista dirigido aos entrevistados seleccionados
Exmº Senhor Professor/a,
No âmbito do projecto de Doutoramento na Universidade de Évora, sob orientação cientifica das professoras Doutoras Fátima Jorge e Raquel Ventura Lucas, intitulado “Alinhamento das práticas de responsabilidade social com a estratégia das instituições de ensino superior - Um referencial de governação socialmente responsável gerador de confiança e reputação organizacional”, solicito o agendamento de uma entrevista.
O trabalho visa aprofundar o conhecimento na área da responsabilidade social universitária, utilizando como estudos de caso, o Instituto Universitário de Portalegre, a Universidade de Évora e a Universidade da Estremadura em Badajoz, de modo a propor um modelo de governação socialmente responsável para o sector das IES.
Tendo em conta a sua vasta experiência na problemática das IES, é de elevada importância para a nossa investigação a sua colaboração. Solicitamos a sua disponibilidade no agendamento de uma entrevista, com a duração de cerca de uma hora, em data e hora ajustada à sua disponibilidade.
Desde já agradeço a atenção prestada ficando à sua disposição para qualquer esclarecimento. Subscrevo-me com cordiais sudações Paulo sebes de Sá Pereira
299
Anexo II
Organograma do Instituto Politécnico de Portalegre
Fonte: Manual do Sistema Integrado de Gestão (2010)
Organograma da Universidade de Évora
Fonte: Site da UÉ (2015)
300
Anexo III
Guia de orientação sobre os aspectos de RS
Área Aspectos de RS
Governo das organizações Adaptação da estrutura da organização
Transparência e carácter ético das actividades
Informação, consulta e participação das partes interessadas
Corrupção e suborno/extorsão
Relações com os fornecedores
Relações com os clientes/consumidores
Relações com os investidores/accionistas, incluindo o empoderamento dos
pequenos accionistas
Direitos Humanos
Direitos civis e políticos Direito à vida
Direito a casa própria, privacidade e família
Direito à liberdade de expressão
Direito a não ser sujeito a abuso físico, tratamento degradante, desumano e
cruel
Direito à liberdade de movimentos
Direito a não ser privado da liberdade através de qualquer forma de
escravatura ou servidão
Direitos económicos, sociais e
culturais
Direito ao trabalho e condições dignas de trabalho
Direito aos alimentos e a uma vida digna
Direito à saúde
Direito à educação
Direito a constituir família
Direito à liberdade religiosa, pensamento, orientação sexual e cultura
Direito à propriedade
Igualdade de oportunidades Diversidade
Não discriminação
Igualdade de género
Direitos de maternidade e paternidade
Conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal
Direitos de personalidade
Integração de pessoas com deficiência e com capacidades reduzidas
Direitos das crianças: vida, sobrevivência e desenvolvimento
Direitos indígenas, autóctones e de minorias étnicas
Direitos dos trabalhadores migrantes
Fonte: Baseado no Anexo C da NP 4469-1/2008
301
Área Aspectos de RS
Práticas Laborais
Trabalho e Emprego Trabalho infantil
Trabalho forçado
Segurança do emprego
Cessação da relação de trabalho
Tempo de trabalho
Férias
Protecção social
Liberdade de associação e negociação colectiva
Liberdade sindical e protecção do direito sindical
Práticas disciplinares
Reconhecimento e recompensa do trabalho
Remuneração e benefícios pecuniários
Mobilidade profissional (funcional e geográfica)
Envelhecimento activo
Assédio sexual
Assédio moral
Saúde, Higiene e Segurança do
Trabalho
Saúde no trabalho
Higiene no trabalho
Segurança no trabalho
Doenças profissionais
Acidentes de trabalho
Formação profissional e valorização
de recursos humanos
Formação profissional
Desenvolvimento de carreiras
Desenvolvimento de competências
Empregabilidade
Estágios profissionais e curriculares
Meio Ambiente Consumo de materiais
Consumo de substâncias perigosas
Consumo de energia, incluindo energias renováveis
Uso do solo
Consumo de água
Efeitos sobre a biodiversidade e património natural, incluindo a paisagem
Emissões para a atmosfera, incluindo gases de efeito de estufa, resultantes das actividades da organização, incluindo transporte de pessoas e bens
Descarga de águas residuais
Produção de resíduos, incluindo resíduos perigosos
Ruído, vibrações, odores, poeiras, efeito visual e outros com efeito a nível local
Protecção de animais
Bem-estar animal
OGM
Práticas Operacionais
Cadeia de valor Parcerias para o desenvolvimento de novos produtos
Práticas de comércio justo
Abuso de influências
Segregação de mercados, fornecedores, clientes e territórios
Subcontratação (outsourcing)
Concorrente Comportamentos “anti-cartel” e monopólios
Propriedade intelectual
Espionagem industrial
Concorrência leal
Fonte: Baseado no Anexo C da NP 4469-1/2008
302
Área Aspectos de RS
Práticas Operacionais (cont)
Fornecedores Inovação tecnológica em prol do desenvolvimento sustentável
Atracção e retenção de talentos
Respeito pelas patentes, direitos de autor e propriedade intelectual
Consumidores Saúde e segurança do consumidor
Informação sobre conteúdo, segurança de utilização, manutenção, armazenagem e eliminação de bens e/ou serviços
Resolução de conflitos e litígios
Práticas enganadoras, falaciosas, fraudulentas ou desleais
Privacidade e protecção de dados pessoais
Satisfação de necessidades e expectativas
Relações de venda e pós-venda
Qualidade de bens e serviços
Informação, formação e educação para o consumo sustentável
Garantias
Rastreabilidade de bens e serviços
Publicidade responsável
Desenvolvimento da sociedade Educação/formação para a vida/formação da sociedade e das comunidades locais
Património cultural
Mecenato/filantropia
Voluntariado
Actividades sociais, culturais e de lazer
Saúde pública/bem-estar
Acesso à informação/participação dos cidadãos e organizações/participação pública
Apoio ao comércio local
Apoio ao desenvolvimento da comunidade local
Envolvimento com a comunidade
Condições e factores que afectem/melhorem o bem-estar e as condições de vida da
vizinhança
Contratação local
Fonte: Baseado no Anexo C da NP 4469-1/2008
303
Anexo IV
Guião da entrevista
Caracterização do entrevistado
Data / Hora / local Identificação:
Idade
Sexo Função / Unidade Orgânica :
Habilitações
Instituição de Ensino Superior: ……………………………………………………………………………………………………………………………………………….…………………………………………………………………………………………………………………………………………….……………….
Dimensões de Investigação
Objectivos específicos Questões
Conceito de RS Caracterizar o conceito de RS.
Questão 1: O que é a RS para si?
Conceito de RS Relacionar o conceito de RS com a natureza jurídica da IES
Questão 2: Acha que a natureza jurídica da instituição (pública/privada) condiciona a adesão a práticas de RS?
Conceito de RS Relacionar o conceito com a localização geográfica da IES
Questão 3: Acha que a localização geográfica da instituição (interior / Litoral) condiciona a adesão à RS na IES?
304
Dimensões de Investigação
Sub Dimensões de Investigação
Questões
Conceito de RS Relacionar o conceito com as suas dimensões, por ordem de importância
Questão 4: Assumindo as dimensões da RS económica, social e meio ambiental, no âmbito das IES, valoriza alguma em particular ou são todas igualmente relevantes? Identifica mais alguma dimensão relevante?
Governação da IES Identificar as PI da IES Questão 5: Quais são as partes interessadas na IES?
Governação da IES Identificar as PI mais relevantes da IES
Questão 6: Qual ou quais as PI mais relevantes na IES? Porquê?
Governação da IES Apontar as funções da IES
Questão 7: Quais as funções de uma IES?
Governação da IES Reconhecer a identidade corporativa e sua implementação.
Questão 8: Conhece os valores e princípios na IES? Existe um código de ética? É eficaz? Tem havido acções de promoção do código e sistema de valores?
Governação da IES Reconhecer na governação da IES o seu compromisso na promoção de práticas de RS.
Questão 9: O papel da governação da IES é relevante na promoção de praticas de RS? Como?
Governação da IES Relacionar a estratégia do IPP com a RS
Questão 10: Conhece a estratégia da IES? A RS faz parte da actual estratégia? De que forma?
Desafios estratégicos e operacionais da IES
Relacionar as tendências do ES com os problemas estratégicos e operacionais da IES
Questão 11: Quais as tendências no ensino superior? Os actuais problemas estratégicos e operacionais da IES estão relacionados com as tendências? De que forma?
305
Dimensões de Investigação
Sub Dimensões de Investigação
Questões
Desafios estratégicos e
operacionais da IES
Identificar fontes alternativas de financiamento da IES
Questão 12: Para além do contributo do orçamento do estado, identifica outras fontes de financiamento da IES? Quais?
Desafios estratégicos e
operacionais da IES
Relacionar as políticas da tutela no contexto das IES do interior
Questão 13: Na sua opinião as políticas da tutela estão ajustadas aos desafios das IES do interior? Como?
Desafios estratégicos e
operacionais da IES
Reconhecer nas práticas de RS da IES formas para minimizar problemas estratégicos e operacionais da IES
Questão 14: Na sua opinião, os actuais problemas e desafios podem ser minimizados através de práticas de RS? Como?
Práticas de RS na IES
Reconhecer impactes económicos e sociais pela IES na região
Questão 15: A IES cria impactes económicos e sociais relevantes na região? Quais?
Práticas de RS na IES
Identificar o foco das práticas de RS na IES
Questão 16 - Quais são os principais focos das práticas de RS na IES?
Práticas de RS na IES
Identificar vantagens internas e externas na adopção de práticas de RS pela IES. Reconhecer aumentos de confiança e reputação nos colaboradores e estudantes.
Questão 17: Que vantagens para esta IES na adopção de práticas de RS? Estas práticas aumentam a reputação e a confiança dos estudantes e colaboradores na IES?
306
Anexo V
Entrevista – Pré-teste
IES Caracterização do entrevistado
Data / Hora / local Identificação
Idade
Sexo Função / Unidade Orgânica
Habilitações
Dimensões de Investigação
Objectivos específicos Questões
Conceito de RS Caracterizar o conceito de RS. Questão 1: O que é a RS para si?
Conceito de RS Relacionar o conceito de RS com a natureza jurídica da IES
Questão 2: Acha que a natureza jurídica da instituição (pública/privada) condiciona a adesão a práticas de RS?
Conceito de RS Relacionar o conceito com a localização geográfica da IES
Questão 3: Acha que a localização geográfica da instituição (interior / Litoral) condiciona a adesão à RS na IES?
Governação da IES Identificar as PI da IES Questão 4: Quais são as partes interessadas na IES?
307
Dimensões de Investigação
Objectivos específicos Questões
Governação da IES Apontar as funções da IES Questão 5: Quais as funções de uma IES?
Governação da IES Reconhecer a identidade corporativa e sua implementação.
Questão 6: Conhece os valores e princípios da IES? Existe um código de ética? É eficaz?
Governação da IES Reconhecer na governação da IES o seu compromisso na promoção de práticas de RS.
Questão 7: O papel da governação da IES é relevante na promoção de praticas de RS? Como?
Governação da IES Relacionar a estratégia do IPP com a RS
Questão 8: Conhece a estratégia da IES? A RS faz parte da actual estratégia? De que forma?
Desafios estratégicos e
operacionais da IES
Relacionar as tendências do ES com os problemas estratégicos e operacionais da IES
Questão 9: Quais as tendências no ensino superior? Os actuais problemas estratégicos e operacionais do IPP estão relacionados com as tendências?
Desafios estratégicos e
operacionais da IES
Reconhecer nas práticas de RS da IES formas para minimizar problemas estratégicos e operacionais da IES
Questão 10: Na sua opinião, os actuais problemas e desafios podem ser minimizados através de práticas de RS? Como?
Práticas de RS na IES
Reconhecer impactes económicos e sociais pela IES na região
Questão 11: A IES cria impactes económicos e sociais relevantes na região? Quais?
Práticas de RS na IES
Identificar vantagens internas e externas na adopção de práticas de RS pela IES. Reconhecer aumentos de confiança e reputação nos colaboradores e estudantes.
Questão 12: Que vantagens para esta IES na adopção de práticas de RS? Estas práticas aumentam a reputação e a confiança dos estudantes e colaboradores na IES?
308
Contactos:
Universidade de Évora
Instituto de Investigação e Formação Avançada - IIFA
Palácio do Vimioso | Largo Marquês de Marialva, Apart. 94
7002-554 Évora | Portugal
Tel: (+351) 266 706 581
Fax: (+351) 266 744 677
email: [email protected]