algumas idéias sobre integraçao dos grupos de trabalho

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Integração de grupos - algumas idéias

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Page 1: Algumas idéias sobre integraçao dos grupos de trabalho

ALGUMAS IDÉIAS SOBRE INTEGRAÇAO DOS GRUPOS DE TRABALHO

Por José Gilson Farias Cavalcanti As pessoas se reúnem espontaneamente ou não para formar grupos em função de necessidades pessoais que pretendem atender na atividade grupal. Esse é o primeiro movimento que as impulsiona a fazer parte de um grupo. São os objetivos do grupo que atraem as pessoas para nele se integrarem como forma de alcançar os seus objetivos individuais. As organizações produtivas são formadas por diversos componentes e o ser humano assoma como aquele que dá vida, movimento e faz funcionar todos os recursos ali reunidos. A organização constitui um grupo formado por outros grupos de pessoas que dela decidiram participar. O ingresso de uma pessoa numa empresa representa a sua inclusão num grupo que já tem definidos os seus objetivos que, por natureza, são institucionais. A razão de ser, portanto, de um grupo numa empresa é a produção de resultados requeridos por ela e sintonizados com a clientela. O contrato formal da empresa com o empregado ultrapassa os dispositivos legais dessa relação. Querendo ou não a empresa está admitindo uma pessoa inteira, uma unidade bio-psico-social-espiritual. A anuência das partes com relação às cláusulas desse contrato não significa, necessariamente, convivência harmônica. Existem, de ambas as partes, desejos que vão aparecendo no relacionamento ora claros, definidos, conscientes, ora sub-reptícios, ora inconscientes. O equilíbrio desejado, traduzido pela satisfação das partes, passa pelo atendimento de seus desejos. Somente existem objetivos de grupo quando os seus componentes o interiorizam, assumindo-os como seus. E isso só acontece quando há integração do indivíduo ao grupo. O ato de integrar ou de integrar-se significa tornar inteiro, completar, incorporar-se, juntar-se, tornando-se parte integrante. A falta de integração nas equipes de trabalho dificulta e muito o alcance dos resultados pretendidos (em quantidade, em qualidade, em efetividade), porque, na falta do atendimento dos desejos das partes, vigora o cumprimento do contrato formal resumido pelo binômio mão-de-obra X remuneração.

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Essa falta oportuniza o surgimento de fenômenos que, raras vezes, são compreendidos e trabalhados. Exemplos desses fenômenos são a competição interpessoal, a dependência, a contradependência, a sabotagem, a negação de informações, a fofoca, o escamoteamento dos conflitos, relações pouco francas, apego excessivo às normas, a procura do “bode expiatório”, entre outros. É claro que a intensidade desses fenômenos e de suas conseqüências nos resultados é proporcional ao nível de integração das pessoas. A integração constitui fenômeno energético. A energia vital de cada componente interage com a energia dos demais, determinando a energia de grupo. Um corpo, uma pessoa ou um grupo com carga excessiva resulta em ansiedade; pouca energia resvala para a depressão. O funcionamento pessoal ou grupal integrado vai requerer um equilíbrio dinâmico dessa pulsação energética entre carga e descarga. Há uma sabedoria intrínseca ao indivíduo e ao grupo que os impulsiona ao funcionamento integrado através de uma auto-regulação. A leitura energética de um grupo permite inferir o grau de integração de suas ações para alcance dos objetivos, diagnosticar resistências, quem se sente incluído ou excluído, as disputas pelo poder, a clareza ou não das posições, a estrutura e organização internas, bem como a expressão, representação dos afetos, além, é claro, de suas possibilidades de obter resultados coletivos. Em resumo, a energia de um grupo reflete a síntese de seu funcionamento em todos os seus aspectos. Cabe ressaltar que as equipes são formadas da interação de individualidades. Quer dizer, a célula da equipe é a pessoa. Cada pessoa é uma unidade que vive um constante movimento dialético no grupo: afirmar e preservar sua identidade e sua autonomia individual e integrar-se como parte de um todo, submetendo-se às exigências para tornar o grupo viável. Essas são tendências opostas mas complementares. É esse movimento que impulsiona energicamente um grupo a desenvolver-se na perspectiva de um sistema vivo, aberto e flexível. Resultados, produtos ou serviços representam a finalidade das equipes de trabalho. As chefias, coordenadores e/ou gerentes, lideranças formalmente determinadas, administram tais equipes. Pelo papel que exercem no que respeita à função de gerenciar pessoas, é importante: � Estar num processo contínuo de trabalho pessoal (quem sou, como me comporto,

por que me comporto assim, o que sinto, o que penso, qual a repercussão da minha ação para os outros, há coerência da ação com o que penso e com o que sinto, etc.)

� Ter conhecimento da natureza dos trabalhos da equipe � Ter conhecimentos de teorias comportamentais � Conhecer e reconhecer as necessidades dos componentes da equipe e dela própria,

investindo na realização das pessoas

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� Adotar a disciplina como um valor onde cada um tem a consciência de cumprir o papel que lhe cabe

� Ter habilidade para facilitar a ação da equipes � Saber fazer a leitura energética do grupo, identificando os fenômenos que estão

impulsionando ou obstaculando o conjunto e trabalhando esses fenômenos com a própria equipe

� Favorecer o autodesenvolvimento das pessoas � Implantar estratégias de acompanhamento e de avaliação dos processos, dos

resultados obtidos de forma a que as pessoas e a equipe desenvolvam mecanismos de auto-regulação

� Favorecer o tratamento dos conflitos A integração passa por um momento pessoal (da pessoa com ela mesma e com os objetivos da equipe e da empresa); um momento interpessoal com os demais componentes da equipe e um outro com as demais equipes de trabalho. Se a base de atuação das empresas são as equipes, não basta que apenas uma apresente-se integrada. A empresa é um todo e, nessa visão, as partes estão interligadas. O funcionamento do todo está relacionado com o funcionamento das partes. As características da sociedade moderna têm exigido muito da pessoa para adaptar-se ao tempo presente. A globalização da economia, a delimitação de centros internacionais de poder, o fanatismo religioso, a segregação étnica, o culto exacerbado de valores como a competição, o narcisismo, a produção acelerada do conhecimento, entre outros, têm deixado marcas profundas no estilo de vida das pessoas e afetado a sua integração consigo mesmas e com o mundo. As diferenças individuais parecem ser pouco consideradas, oportunizando o aparecimento/desenvolvimento do sentimento de exclusão, de não-pertencimento. A compreensão do ser humano e dos grupos (incluindo as equipes de trabalho) requer, portanto, o entendimento dessas e de outras questões que fazem parte de um contexto onde as pessoas e as empresas estão incluídas. Integrar pessoas e equipes torna-se um processo contínuo para a obtenção de resultados desejados, levando em consideração a pessoa inteira, suas circunstâncias e as da organização produtiva da qual faz parte. Não são os papéis que não se entendem, nem os demais recursos do trabalho. São as pessoas o objeto da integração. Não uma integração superficial restrita aos ditames da boa educação e da civilidade mas a integração das pessoas com os objetivos da equipe que devem estar sintonizados com os objetivos da organização. Deve ser perseguida a integração entre as pessoas para quebrar as barreiras funcionais que a divisão rígida do trabalho provocou. Falamos de integração que reflita um ambiente de aprendizagem mútua entre as pessoas, onde seja vivo o interesse pela ação do outro como complemento do seu trabalho. Integração que proporcione um clima de prazer, de ser bom vir trabalhar todos os dias; de saber que se pode contar com o outro. Referimo-nos a uma integração que permita o surgimento dos naturais conflitos e que as pessoas, ao invés de sufocá-los ou de negá-los possam tratá-los e, por fim, uma integração que transpire uma energia viva e positiva da equipe, traduzida nos resultados de sua ação.

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A organização necessita contar com profissionais que atendam a um novo perfil requerido pelos cenários interno e externo e que precisa ser esclarecido a todos, trabalhado e digerido, ou seja, integrado no interior de cada um e de cada equipe. A vivência da educação permanente é uma resposta para acompanhar o mundo da forma mais consciente possível. O profissional que trabalha com educação deve buscar o seu aperfeiçoamento constantemente, imergindo na sua realidade, refletindo sobre ela e transformando-a. O foco do processo educativo são as pessoas que trazem, por natureza, uma tendência a se desenvolverem em todos os níveis que não apenas o físico. Essa potência é transformada em ato quando as condições são favoráveis a essa passagem. Quando são impeditivas tem-se o represamento da energia, um estado latente cujas conseqüências para a pessoa e para o social são traduzidas por perdas. Embora possamos ser impulsionados, auxiliados por condições externas, a maior responsabilidade pelo nosso desenvolvimento somos nós próprios. Somente nós podemos decidir desenvolvermo-nos, ligando o nosso motor motivacional que nos lança à procura da transformação da latência numa realidade. Para desenvolver-se é preciso saber o que existe para ser desenvolvido. Esse diagnóstico é um processo contínuo de autoconhecimento que se dá quando se tira o invólucro e se depara com um material a ser trabalhado. Para a pessoa e para os grupos representam os momentos em que se toma consciência dos interesses, das habilidades, das aptidões, dos desejos, do código de crenças, da própria história da energia pulsátil, do contexto da existência, da relação com o mundo e suas tendências. O momento seguinte requer um confronto desse material com a realidade que é um enquadramento em que limites são vislumbrados, prioridades estabelecidas, ações planejadas e decisões tomadas. Uma pessoa ou grupo sensibilizado para o autodesenvolvimento constrói uma atitude de receptividade, abrindo os canais para a aprendizagem, para a evolução do seu percurso na vida. A qualificação profissional de uma pessoa é o que lhe permite realizar um trabalho. E o trabalho bem realizado representa a síntese de um aprendizado aplicado, a satisfação de uma necessidade, a descarga de energia e ao mesmo tempo a carga para novas produções. O estar capaz é situacional e guarda relação com o desenvolvimento e com a apropriação de conhecimentos , de habilidades e de atitudes; é uma construção interior em permanente sintonia com o mundo. Assim, estar capaz é diferente de ser capaz. Enquanto este diz respeito a um estado mais permanente, aquele exige movimento de busca. Por isso se fala que a educação é contínua e só a pessoa, e somente ela, pode gerenciar o seu processo. Estamos pois nos referindo ao autodesenvolvimento: processo consciente do que se precisa, do que se quer e do que se pode. O ritmo, a velocidade, o quando e o onde são propriedades da pessoa que se conhece, que se des-envolve e faz medrar, crescer.