algarve informativo #66

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ALGARVE INFORMATIVO #66 1 16 de julho, 2016 ALGARVE INFORMATIVO #66 A música eletrónica dos Epiphany|Algarve Nature Week ruma a Tavira Jovens algarvios rendidos à Guitarra Portuguesa | Uma manhã com os golfinhos Eliseu Correia Mais do que um empresário de sucesso, um grande homem com um coração de ouro

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Revista semanal de http://algarveinformativo.blogspot.pt/

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16 de julho, 2016ALGARVE INFORMATIVO

#66

A música eletrónica dos Epiphany|Algarve Nature Week ruma a TaviraJovens algarvios rendidos à Guitarra Portuguesa | Uma manhã com os golfinhos

Eliseu CorreiaMais do que um empresário de sucesso,um grande homem com um coração de ouro

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Nos emigrantes vi o vigésimo quarto jogador da SeleçãoPortuguesa de Futebol!Paulo Cunha - 42

O renascimento da AMAL (3)José Graça - 44

Divagações sobre os dias quentesMirian Tavares - 50

Restauração, Restauradores e outros amores Augusto Lima - 54

OPINIÃOChegaram os 30 dias infernaisDaniel Pina - 8

Da Carta de Siena à Resolução n.º 1 do Conselho Internacionalde MuseusDália Paulo - 48

O dinheiro para a cultura, o exemplo do Moto Clube de Faro, umautarca que combate incêndios e o filme de sempre: as portagensBruno Inácio - 52

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CONTEÚDOS

EC TRAVEL DISTINGUIU MELHORESDO TRADE NUMA NOITE MÁGICA - 10

JOVENS ALGARVIOS RENDIDOSÀ GUITARRA PORTUGUESA - 64

A MÚSICA ELETRÓNICADOS EPIPHANY - 56

UMA MANHÃCOM OS GOLFINHOS - 32

ALGARVE NATURE WEEKRUMA A TAVIRA - 26

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Começou a roda-viva para os jornalistasalgarvios, sem mãos a medir para acudir atantas solicitações, umas com interesse

jornalístico, outras apenas para piscar o olho aosmilhares de turistas que já vão enchendo o Algarvedo barlavento ao sotavento e que, bem espremidas,pouco ou nenhum interesse jornalístico têm. Não queisso impeça os promotores ou organizadores dosditos eventos de nos massacrarem o juízo, porque lávai estar atriz de novela, ou aquele modelo, ouaquela figura pública que apareceu, há não seiquantos anos, num reality-show qualquer.

Nós bem explicamos que há coisas que sóinteressam às revistas cor-de-rosa, e essas não temoscá no Algarve, mas eles insistem, dizem que vai seruma noite divertida, que podemos beber uns copos ecurtir a música, ainda por cima à borla. Tudo porreiroquando temos 20 e poucos anos e nenhumaspreocupações na cabeça, bem diferente quandosomos quarentões, com mulher e filhas em casa ànossa espera e com prazos para cumprir. Mas elescontinuam a insistir, chegam mesmo a perguntarquanto custa para fazermos a reportagem, commedo que não saia nada na imprensa sobre oseventos e depois ficam mal vistos junto dospatrocinadores e parceiros.

É o tal mês da confusão total, que arranca emmeados de julho e termina em meados de agosto. Jánem sequer temos dois meses para alegrar osempresários, os proprietários de bares, restaurantese discotecas. As aulas dos miúdos acabam tarde eeste ano começam logo no início de setembro,portanto, pouco tempo há para as famílias sedesligarem das obrigações do quotidiano edesfrutarem das merecidas férias no Algarve.

Não há tempo e, claro, não há dinheiro, porquecontinuamos todos na corda-bamba, sem saber bemo que isto vai dar. Segurança no emprego não é totale nunca temos a certeza se, quando chegarmos deférias, a empresa ainda lá está à nossa espera. Asameaças de sanções da União Europeia são outrador-de-cabeça, com os portugueses a temerem maisausteridade a caminho, depois do governo deAntónio Costa ter dado – será que deu mesmo? –alguma folga à corda com que andamos no pescoçohá uns anos. Ainda por cima, grande parte das

famílias ainda não recebeu o reembolso do IRS que,provavelmente, ajudaria a pagar as férias no Algarve.

Apesar disso, ninguém tem dúvidas de que oAlgarve está mais movimentado nestes dias, com aprimeira fornada de turistas nacionais a juntarem-seaos já muitos milhares de estrangeiros que enchemas nossas praias e as esplanadas dos restaurantes ebares. E que entopem a EN 125. Uma rua que, apesardas promessas das entidades responsáveis, continuaem obras, como se já não bastassem as habituaismanobras estranhas com que os nossos visitantesnos brindam no dia-a-dia.

Está uma barraca a vender fruta na berma daestrada, vai de travar e estacionar. Chegam a umarotunda nova, toca a abrandar de repente paradescobrir para onde têm que ir. Mudam de ideiasassim do nada, é fazer inversão de marcha em plenaEN 125. Têm medo que as praias fechem, siga deultrapassar carros à maluca, sem qualquer respeitopelas regras de segurança. Enfim, é o sufoco a que osalgarvios estão habituados, com a agravante de nóspróprios nos depararmos com constantes surpresasna estrada à medida que as obras vão avançando.

Mas continua a ser o «nosso» Algarve e, apesar deser lisboeta de nascença e ter vivido na capital atéterminar o curso universitário, hoje sou mais umalgarvio marafado que não hesita em chamar unsvalentes nomes aos lisboetas apressados e aosestrangeiros distraídos. Com a vantagem que,atualmente, não tenho que andar a correr atrás dostais eventos mediáticos de interesse jornalísticodúbio para aturar com pseudo personalidades egente com tiques de vedeta.

Aliás, tive uma semana em cheio, com o que demelhor o Algarve tem para oferecer, e sem nada destresses. Um workshop de guitarra portuguesa comjovens de sorriso nos lábios a mostrar os seus dotes;uma gala com os profissionais do turismo algarvioorganizada pela EC Travel; uma visita à concentraçãode motos de Faro; e um passeio inesquecível ao largoda costa com golfinhos por companhia. Assim seesfumaça o stress das viagens pela EN 125 e seacalmam os nervos que alguns turistas nos causam ecom a certeza de que este Algarve acontece todo oano e não apenas durante os 30 dias do pico doVerão .

Chegaram os 30 dias infernaisDaniel Pina

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O Grande Real Santa Eulália, em Albufeira, vestiu-se de glamour para assistir àgala dos «V Algarve Travel Awards», um momento de convívio, uma reunião defamília, em que a EC Travel de Eliseu Correia distinguiu os melhores do turismoalgarvio ao longo do ano transato. Uma festa com toda a pompa e circunstância,mas num clima de grande informalidade, que contou com os concertos de JorgePalma e Frankie Chavez e as atuações dos Bubba Brothers e de Viviane e que seprolongou até ao nascer do sol.

Texto: Fotografia:

EC Traveldistinguiu melhores do tradenuma noite mágica

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EC Travel

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Foto: Click Time Photo

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Antes de começar, peçodesculpa se esta peça nãosegue a tipologia maiscorreta do jornalismoprofissional e se não

cumpre com todos os passos eprotocolos tradicionais, mas escrevi otexto ainda no rescaldo da gala dos «VAlgarve Travel Awards», que teve lugar,no dia 8 de julho, em Albufeira.Influenciado pelo tom informal e festivodaquela noite, será quase umareportagem em jeito de crónica,portanto, perdoem-me os colegas maispuristas.

Posto este aparte, confesso que, atéfinais de 2015, não conhecia o EliseuCorreia. Muito menos tinha ouvido falarda EC Travel. Não sendo propriamenteum especialista em turismo, nem sendoa «Algarve Informativo» uma revista

vocacionada para esse setor deatividade em particular, estava assimjustificado o meu desconhecimento.Com o tempo vim a constatar queeste empresário – e numa alogia aofutebol que nos concentra todas asatenções por estes dias – quase brilhamais fora do campo de jogo do quedentro das quatro linhas.

O primeiro contato deu-se viaFacebook, por ocasião de umareportagem que fiz sobre a história daSandra e da Miriam, de São Brás deAlportel. Num breve comentário, oEliseu escreveu algo do género «É dehomem». Realmente, não é todos osdias que a imprensa dá tamanhodestaque a histórias de vida comoaquela, mas esta tem sido a filosofiadeste projeto jornalístico, portanto,

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agradeci as palavras e continuei naazáfama do costume.

De repente, o Eliseu Correia e a ECTravel começaram a ser referidos emvários trabalhos que ia realizando, nãopelas vozes de agências de comunicaçãoou assessores de imprensa, mas pelasvozes de cidadãos comuns. Assimaconteceu numa reportagem que fiz comos maratonistas Paulo Soares, JorgeVarela e Flávio Fernandes, com Paulo avestir uma t-shirt da EC Travel para afotografia e todos a referirem oimportante apoio daquela empresa parao Clube Desportivo Areias de São João.Depois, notícias sobre Hélder Farroba eRicardo Monteiro, dois tetraplégicos queconseguiram ter novas cadeiras de rodasgraças aos apoios de alguns cidadãos,com particular destaque para Eliseu

Correia. Mais apoios para associaçõesde solidariedade social e clubes deramlugar a notícias nas semanas que seseguiram.

Por essa altura, já começava a ficarcom uma imagem de quem era oEliseu Correia, um grande profissionalde turismo que não virava as costas aomeio que o rodeava, mas que nãobuscava a fama por ser solidário paracom os mais necessitados. Aliás,rapidamente me apercebi que o seumural do Facebook tinha maisfotografias alusivas ao Benfica e aosBubba Brothers, do que propriamenteà EC Travel. Mas com 2015 prestes aterminar e a empresa a registar umvalor recorde de faturação, justificou-se então uma entrevista para o«Algarve Informativo».

Um dos momentos altos da noite, com os convidados a cantarem o hino nacional

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Cheguei aos escritórios de Olhão comuma grande sessão fotográfica imaginadana cabeça, mas o Eliseu Correia depressame trocou as voltas, ao aparecer de calçasde ganga e t-shirt preta, a tal t-shirt da ECTravel, aliás, a t-shirt que todos osfuncionários trajavam. Na sede, tambémnada de pisos de mármore ou quadroschiques nas paredes, tudo mobiliáriofuncional e confortável para quemtrabalha. Enfim, nada de mariquices,apesar da empresa faturar milhões deeuros ao ano. E, ao fim de alguns minutosde conversa informal já com o gravadorligado, percebi finalmente por que razão onome de Eliseu Correia demorou tantotempo a chegar ao meu conhecimento.

O Eliseu não é politicamente correto,falinhas mansas ou paninhos quentes.Não diz aquilo que mais agrada ouvir aos

governantes ou aos dirigentesassociativos. Diz o que tem a dizer,coloca o dedo na ferida, chama os boispelos nomes, fala do que é bem-feito,mas também do que está errado. Achaengraçado quando alguns dirigentes ougovernantes nacionais descobrem apólvora e avançam com programaspara promover isto ou dinamizaraquilo, quando os nossos vizinhosespanhóis já fazem o mesmo há 10 ou20 anos. E quando um empresário temesta postura e este modo de estar navida e adota um discurso que, emboraseja realista, nem sempre éconveniente para os poderesinstalados, é normal que não ocupecargos de destaque nesta ou naquelaassociação ou entidade, ou que nãoseja muitas vezes entrevistado paraeste ou aquele órgão de comunicaçãosocial.

Eliseu Correia recebeu o Prémio Melhor Amigo,uma surpresa de José Casimiro, João Soares e Daniel Queirós

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Muitas estrelas brilharam numa noite inesquecível

Felizmente, o trade não dá grande importância ao que é politicamentecorreto, mas sim ao que funciona, ao que dá bons resultados, ao que geraprodutos e serviços de qualidade superior para oferecer aos seus clientes e,nisso, ninguém pode apontar o dedo à EC Travel e à rede de parceiros e

Jorge Palma e Viviane abrilhantaram a gala dos «Algarve Travel Awards»

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colaboradores que tem espalhado pelopaís inteiro. E foi para prestar omerecido reconhecimento aos homense mulheres que contribuem para oprincipal setor de atividade da regiãoalgarvia que nasceram os «AlgarveTravel Awards», cuja quinta ediçãolevou quase 500 pessoas aos jardins doGrande Real Santa Eulália, no dia 8 dejulho.

Uma noite mágica, verdadeiramenteinesquecível, com os convidados aapresentarem-se vestidos a rigor e aserem recebidos pela equipa da ECTravel, de sorrisos nos lábios e também

trajados a preceito, eles como HanSolo, elas como Princesa Leia, daépica saga Guerra das Estrelas deGeorge Lucas. Muitas fotografiascom o anfitrião da noite, EliseuCorreia, depois um cocktail com umavista soberba para o OceanoAtlântico, antes da conhecida voz daRFM Carla Rocha dar início à gala deatribuição dos Óscares do TurismoAlgarvio.

O pontapé de saída foi dado porJosé Casimiro, que chamou ao palcoJoão Soares e Daniel Queirós parabaralharem o protocolo e

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praticamente colocarem Eliseu Correiaa chorar em cima do palco, aoatribuírem-lhe o Prémio Melhor Amigo.De regresso ao alinhamento oficial, ecom o jantar pelo meio, começaram aser entregues os galardões nasdiferentes categorias, a saber-se: DriveOn Holidays (Melhor Empresa deAluguer de Veículos), Auramar BeachResort (Melhor Hotel 3 Estrelas), LunaHotels & Resorts (MelhorDepartamento de Reservas), Brisasol(Melhor Aparthotel), Alfagar I Village(Melhor Aldeamento), Adriana BeachClub (Melhor All Inclusive), Cerro MarAtlântico (Melhor Apartamentos

Turísticos), enquanto Patrícia Correiarecebeu o Prémio Revelação.

Com uma temperatura bastanteagradável e as estrelas a brilharemforte no céu, foi altura de outraestrela brilhar intensamente, destavez no palco, Jorge Palma, um dosgrandes ícones do rock português detodos os tempos. E que espetáculo,não há palavras, com a plateia emdelírio e muitos hóspedes destaunidade hoteleira de cinco estrelas aaproveitarem o brinde inesperadodas varandas dos seus quartos. Equem vibrou bastante foi o próprio

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Jorge Palma, que ultrapassou em muitoa duração prevista do concerto. Aliás,chegou mesmo a dizer que, enquantonão desligassem o som, continuava atocar pela noite dentro.

Tal não foi, infelizmente, possível,pois ainda havia mais prémios paraatribuir, ficando-se a conhecer osvencedores das derradeirascategorias: Nau Hotels & Resorts(Melhor Departamento Comercial),Alfamar Beach & Sport Resort(Melhor Hotel 4 Estrelas), RealMarina Hotel & SPA (Melhor Hotel5 Estrelas), Nau Hotels & Resorts(Melhor Cadeia de Hotéis). Afinalizar, como de costume, trêsprémios individuais: JoaquimCanastro foi distinguido como«Personalidade do Ano», CésarRaposo recebeu o Prémio Carreirae Viviane levou para casa o PrémioAlgarve. Viviane que, como osrestantes homenageados, foicompletamente apanhada desurpresa, já que pensava que iasimplesmente atuar na gala. Eforam bem audíveis as palavrasque lançou a Tó Viegas mal EliseuCorreia anunciou o prémio: “Tusabias disto Tó?”, ao que EliseuCorreia respondeu, ao microfone:“Sim Viviane, ele sabia”, pararisada geral.

Uma festa de Karmapositivo

Foi precisamente depois daatuação de Viviane, altura em quea festa se mudou dos jardins doGrande Real Santa Eulália para o LeClub, que consegui finalmente

apanhar Eliseu Correia para doisdedos de conversa, para saber comoestava a correr a noite. Umapequena pausa onde o empresário

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não escondeu a emoção porse ver rodeado de tantosamigos, já para não falar dopai e do irmão. “São coisasque mexem com uma pessoae este deve ser o único dia doano em que misturo a minhavida pessoal com aprofissional. A família éextremamente importantepara mim e, nestas ocasiões,ainda me lembro mais dequem já cá não está, daminha mãe, é muitaemoção”, admite. “E ahistória do Prémio MelhorAmigo foi uma tremendamaldade que me fizeram,mas acabei por provar umbocadinho do meu próprioveneno e foi um momentoespetacular”.

Ora, analisando friamente oevento, poder-se-ia dizer queestávamos simplesmenteperante uma agência deviagens de incoming ecentenas de fornecedores,mas era palpável o sentimento deirmandade, de amizade, que percorriaas várias mesas, sendo difícil distinguirquem era funcionário da EC Travel,diretor hoteleiro, elemento dedepartamento comercial ou de umarent-a-car. “É um todo que se junta euma prova que, quando nos unimos,as coisas acontecem. A gala conseguejuntar no mesmo espaço pessoas quese veem muito poucas vezes ou quasenunca e ninguém está preocupadocom formalidades, com o que cada umtem vestido, se pegou no talher ou no

copo certo. Estamos em casa”,resume Eliseu Correia.

E, de facto, nesta noite, ninguémpensa que, se calhar, na mesmamesa estavam sentados algunsconcorrentes, unidades ouempresas que, por ventura, atétiveram um melhor ano económicodo que eles próprios, nem sequer sequestiona quem merece ou nãoganhar os vários prémios atribuídos.“Às vezes vamos a jantares de galae sentimo-nos completamente

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deslocados, devido à formalidade doevento ou à distância com que aspessoas falam umas com as outras.Aqui, respira-se um Karma positivo”,garante, não conseguindo contabilizaro tempo que demorou a preparar estagala. “A parte da criatividadenormalmente é só minha. Depois,debito aquilo que sonhei e a minhaequipa fica a olhar para mim, com umar bastante preocupado, a pensar; ‘doque é que este maluco se lembrouagora?’. Executar aquilo que penso émuito difícil e é preciso ter umapaciência enorme para me aturar”,reconhece, enaltecendo todo oempenho dos seus funcionários no dia-a-dia.

Com o Le Club a ficar com umamoldura humana impressionante,Eliseu Correia revela que uma galadesta dimensão tem centenas depequenos pormenores que passamdespercebidos da maioria dosconvidados. “Nada acontece porcoincidência, é tudo mastigado vezessem conta para tudo correr bem”,indica, aproveitando para explicar queos premiados foram aqueles que maiscontribuíram para um bomdesempenho do turismo algarvio aolongo de 2015, de acordo com índicese ratings oficiais, tenham ou nãoqualquer relação comercial com a ECTravel, porque isto não são «OsPrémios do Eliseu». Situação distintasão os prémios individuais,nomeadamente a «Personalidade doAno», «Carreira», «Revelação» e«Algarve», onde os distinguidos sãoescolhidos pela equipa de Eliseu

Correia. “Na minha maneira de veras coisas, sempre pelo copo meiocheio, quem não vence num ano,vai esmerar-se para tentar ganharno ano seguinte”, aponta.

Sem limites à vista

E por falar em categorias, háalgumas nos «Algarve TravelAwards» que chamam especialatenção a quem está habituado aver só as unidades hoteleiras e osseus diretores a serem galardoados.“Ao fim e ao cabo, quem trabalhamais diretamente connosco são osdepartamentos comerciais e dereservas e achei por bem que essaspessoas, que estão escondidas nos«buracos» dos seus escritórios,também tivessem a hipótese deserem reconhecidas”, justifica.

Entretanto, o pensamento deEliseu Correia já está virado para o6.º Aniversário da EC Travel, no dia 3de dezembro, e adianta que asbases para a gala do próximo anotambém já estão delineadas. “Otema vai ser 00EC, ou seja,dedicado ao James Bond, mas aindapensei em fazer uma brincadeiraem torno dos «7 Magníficos» oudos 7 Pecados Mortais. Este ano,auscultando as pessoas queestiveram presentes, só posso estarsatisfeito”, diz-nos o empresário,sem conseguir expressar porpalavras o que lhe ia na alma. Umagala que foi transmitida, recorde-se,em direto para o canal MEO da ECTravel, mas que poderia ter passado

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em qualquer dos principais canais nacionais, tal a qualidade da emissão e doespetáculo. “Uma coisa é fazer uma asneira, que já é grave, para 450 pessoasverem. Mais grave é todo o país assistir a isso. Confesso que isto mexeucomigo, mas estou consciente da pressão que coloco sobre a minha equipa esobre mim próprio”, comenta.

A festa prolongou-se pela noite dentro no Le Club com as atuações de Frankie Chaveze dos Bubba Brothers

Foto: Click Time Photo

Foto: Click Time Photo

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E apesar dos cinco dedos de conversajá se terem esgotado há muito tempo,ainda houve tempo para pensar queesta empresa, afinal de contas, nemsequer tem tanto tempo de vida comose possa imaginar, se olharmos para osresultados que apresenta ano após anoe para a dimensão da gala a queestávamos a assistir. “Eu não sou umfenómeno, mas levanto-me antes detoda a gente e normalmente deito-mequando já estão todos a dormir. Semqualquer tipo de vaidade, e com umimenso orgulho, acho que já ninguémnos tira da História. Estou farto dedizer que estou mais preocupado coma qualidade do que com a quantidade,e que esta faturação já é fantástica,mas as pessoas continuam a empurrar-nos para a frente e não conseguimos

parar”, refere, sem deixar deresponder ao facto da empresa terapenas cinco anos de existência.“São cinco anos, mas feitos àvelocidade de 20 anos dos outros. Aempresa tem que fazer dinheiropara ter 19, 20 pessoas a trabalhar,mas mantemos, em simultâneo,uma vertente social bastante forte eestamos preparados para organizareste género de eventos. Como é queisto tudo é possível? Porque aminha equipa é muito boa e tem umgrau de loucura e uma capacidadede resistência sem iguais para meaturar”, finaliza, a correr, porque erahora de Frankie Chavez atuar no LeClube e, para terminar a noite, deEliseu Correia e Justino Santos, vulgoBubba Brothers, ocuparem a cabinede DJ .

No final, Eliseu Correia chamou a equipa da EC Travel ao palco para agradecer publicamente todo o seuempenho e dedicação

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Sensivelmente mês e meio após o término da segunda edição do «AlgarveNature Week», a Região de Turismo do Algarve deu a conhecer, no dia 12 dejulho, os resultados desta importante mostra de turismo de natureza, queconfirmaram um crescendo em relação ao primeiro ano. Conhecido foi também olocal eleito para a terceira edição, que vai decorrer de 5 a 14 de maio de 2017.Assim, depois do Parque Ribeirinho de Faro e do Passeio das Dunas, emQuarteira, será a vez da zona das Quatro Águas, em Tavira, receber os amantesdo turismo de natureza e turismo ativo.

Depois do Passeio das Dunas,ALGARVE NATURE WEEK rumaàs Quatro Águas, em Tavira

Texto: Fotografia:

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Depois do Passeio das Dunas,

A apresentação dobalanço da «AlgarveNature Week 2016» tevelugar, no dia 12 de julho,no auditório da sede da

Região de Turismo do Algarve, emFaro, com muitas das empresasparticipantes nesta mostra de turismode natureza a fazerem-se representare a darem igualmente a sua opiniãosobre o que correu bem e menosbem. O evento, recorde-se, foiorganizado pela RTA, entre os dias 13e 22 de maio, no Passeio das Dunas,em Quarteira, contemplando cerca de150 atividades. “Foi uma criança quenasceu e que está a crescer a passoslargos, confirmando que foi umaaposta certa. Agora, naturalmente,terá que seguir desígnios maisexigentes e segmentados, como é ocaso do «Cycling & Walking». Ainiciativa visa diferentes públicos e

não é apenas uma mostra, emboraessa seja, de facto, a faceta maisvisível do que acontece duranteessa semana”, referiu JoãoFernandes, vice-presidente doTurismo do Algarve.

Turismo de natureza que seafirma cada vez mais como umproduto sustentável e com enormepotencial, como demonstram asrecentes políticas públicas deintervenção no território. “Aomesmo tempo, as entidadespúblicas estão a constituir-se comofacilitadores da atividade dosprofissionais do setor e queremosdar-lhes a oportunidade, não só dese darem a conhecer, mas tambémde terem pontos de contato comos compradores destes serviços,nomeadamente com operadoresinternacionais especializados dos

Filipe Silva, vogal do Turismo de Portugal,e João Fernandes, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve

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nossos principais mercadosemissores de turistas”, sublinhouJoão Fernandes, salientando que oobjetivo é contribuir para adiminuição da sazonalidade epromover uma maior coesãoterritorial.

Durante a sessão, o vice-presidenteda RTA revelou que a ambição é levara cabo 16 edições do «Algarve NatureWeek», de modo a percorrer todos osconcelhos da região. E para isso éfundamental o contributo dosinúmeros parceiros, bem como dosfuncionários da própria casa, poistrata-se de um evento organizadointegralmente pela Região de Turismodo Algarve. “São longos meses depreparação e estes homens emulheres contrariam aquela imagem,que muitas vezes é divulgadaerradamente, de que os funcionáriospúblicos apenas procuram cumprir o

seu horário e ir para casa”, afirmouJoão Fernandes, lembrando queoutra grande mais-valia destamostra é a participação deprodutores e artesãos locais eregionais, que têm enriquecido avivência daqueles espaços.

No uso da palavra, Filipe Silva,vogal do Turismo de Portugal,começou por enaltecer o papel dosparticipantes no «Algarve NatureWeek», na sua maioriamicroempresas com recursoslimitados e que se empenhamarduamente neste evento, mas quetambém estarão envolvidas noprojeto «Cycling & Walking».“Vamos ter cerca de 12 reuniõescom as associações que estão afazer a gestão dos vários recursose infraestruturas, com osmunicípios para tratar de questõesespecíficas que tinham sido

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sinalizadas desde o início do projeto,e com as empresas, porque não ésentados numa secretária em Lisboaque conseguimos resolver osproblemas que existem no terreno”,indicou o responsável. “Em relação ao«Algarve Nature Week», sentimosque há margem para progredir emelhorar e, da parte do Turismo dePortugal, há um grande compromissoem matéria de articulação com anossa rede externa e para potenciaras ações mais direcionadas para osnegócios propriamente ditos. Apromoção deste evento em termosinternacionais passa por sinalizar queo Algarve tem uma semanaexclusivamente dedicada ao turismode natureza, mas que serve paradivulgar também todos os outrosprodutos e serviços, desde o «Cycling& Walking» ao «Birdwatching»,«Mergulho» e outras valências”.

O balanço da segunda edição da«Algarve Nature Week» foi depoisrealizado por Duarte Padinha, Diretordo Departamento Operacional daRTA, por Susana Miguel, Diretora doNúcleo de Planeamento,Comunicação, Imagem e Qualidade daRTA e por Dora Coelho, Diretora daAssociação de Turismo do Algarve,constatando-se que houve umcrescimento generalizado, de 2015para 2016, tanto ao nível do públicoque passou pela Mostra de Naturezainstalada no Passeio das Dunas, comoda interação com as empresaspresentes e da participação nasiniciativas disponibilizadas.“Estiveram 68 empresas envolvidas

na «Algarve Nature Week», entreagentes de animação turística,alojamentos e agências de viagens,mais 16 do que em 2015, e maisnão participaram simplesmentepor questões logísticas”, explicouDuarte Padinha.

Mais oferta traduziu-se em maiorvolume de negócio em grandeparte das empresas presentes epara isso contribuiu decisivamentea Bolsa de Contactos Business toBusiness, promovida pela RTA epela Associação Turismo doAlgarve, em parceria com oEnterprise Europe Network, daCCDR do Algarve. “A iniciativacontou com 28 empresas e 10operadores turísticosinternacionais e foi deixada agarantia de que há interesse emvender a oferta de Turismo deNatureza e Ativo do Algarve aosseus clientes”, adiantou DoraCoelho. Os visitantes da Mostra deTurismo de Natureza subiramigualmente, dos seis mil em 2015,para oito mil em 2016 e, de ummodo geral, todos os indicadorestiveram uma evolução francamentepositiva.

A finalizar a sessão, foi jádivulgado o próximo destino da«Algarve Nature Week», cujaterceira edição decorrerá na recémrequalificada zona das QuatroÁguas, em Tavira, de 5 a 14 de maiode 2017. Quanto à Mostra deTurismo de Natureza, aconteceráde 5 a 7 de maio .

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Em semana de apresentação de resultados do AlgarveNature Week e com milhares de turistas já de férias naregião, fomos passar uma manhã diferente ao largo da

costa algarvia. A bordo de uma embarcação daFormosamar, passamos pelas ilhas-barreiras da Ria

Formosa e pelo Cabo de Santa Maria, entramosalgumas milhas adentro no Oceano Atlântico e

desfrutamos da companhia de um grupo de golfinhos noseu ambiente selvagem, uma experiência inesquecível

em perfeita comunhão com a natureza e os seus filhos.Texto: Fotografia:

UMA MANHÃENTRE OS

GOLFINHOS

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Ainda o relógio não marcavaas oito horas da manhã e jáalguns clientes seconcentravam na sede daFormosamar, na Doca de

Recreio de Faro. Na agenda estavamarcado um passeio pelas águas dacosta algarvia, na companhia docomandante Carlos Pimenta, que nosdaria conhecer a vida marinha no seuhabitat natural. A experiência prometiaser intensa, o mar estava calmo, poucoou nenhum vento, enfim, condiçõesperfeitas para subirmos a bordo doAlbacora III, um barco semirrígidobastante seguro e confortável.

Após um pequeno briefing parasabermos o que nos esperava e já decolete salva-vidas vestido, foi altura deligar os motores, sair da Doca de Recreiode Faro e partir rumo a Olhão, onde nosaguardavam mais clientes. Uma

oportunidade para observar a zonaribeirinha da Cidade da Restauração eo seu famoso Mercado Municipal deuma perspetiva diferente. Depois, comportugueses, espanhóis e alemães abordo, avançamos para o nossodestino, cerca de três, quatro milhasda costa, em busca de golfinhos e nãodemorou muito para nos depararmoscom um alegre grupo.

As crianças vibraram, os alemãessacaram das máquinas fotográficas, osespanhóis, um jovem casalapaixonado, tirava selfies com ostelemóveis, momentos para aposteridade, bem melhor do quecomprar postais ilustrados ou ir a umparque aquático. Tudo ainda àdistância, pois o experientecomandante sabe do seu ofício eparou o barco a alguns metros dogrupo. “Eles vêm ter connosco, não se

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preocupem”, disse. E, de facto, osgolfinhos, mesmo no seu habitatnatural, que é como quem diz, no seuambiente selvagem, não se fizeram derogados. Saltaram, mergulharam,passaram debaixo do barco, «falaram»com os turistas.

À nossa volta nada para além do azul, oazul do céu completamente limpo denuvens, o azul do mar de águastranslucidas, simplesmente fantástico.São aqueles momentos em que ficamosarrepiados, assistir aos golfinhos, empequenos grupos de dois ou três, afazerem das suas, a brincarem para asobjetivas, enquanto Carlos Pimenta iafalando das suas rotinas diárias, doporquê de se encontrarem com bastantefacilidade junto da costa algarvia, doscuidados a ter para não perturbar as

suas rotinas, para não interferir com oseu modo de vida.

Num instante se passaram 25minutos, era tempo de ir à procura deoutras emoções. De assistir aospescadores na sua faina, os barcos naapanha do polvo, as redes de atum lálonge no horizonte, os constantespássaros em voos rasantes sobre aágua a tentar apanhar algum peixemais distraído. O barco saltava sobreas ondas, a espuma da ondulaçãoquase a tocar-nos nos dedos. Maisperto iam ficando as ilhas da Culatra,da Armona e do Farol, com as suascasas de pescadores, as gentes típicasdo Algarve de outros tempos. Algunsresidentes a aproveitar banhos de solem praias quase privadas, apenasalcançáveis por barco. O cheirinho a

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mar a inundar-nos, o vento no rosto, osol na cabeça.

É o Algarve no seu expoente máximo,aquele que produz memórias eternasnos nossos turistas, e eles saíram dobarco, primeiro em Olhão, depois emFaro, de sorrisos nos lábios. «ThankYou», expressavam-se os alemães, osespanhóis com o seu «Gracias», osportugueses com o nosso «Obrigado». Enós também deixamos o nosso«Obrigado» ao comandante/guia CarlosPimenta, antes de conversarmos comPaulo Nugas Lopes, que nos confirmouser este um dos serviços maisrequisitados pelos clientes daFormosamar. “É um passeio que vaimuito para além do avistamento degolfinhos. Saímos pelas oito da manhãe as pessoas contatam logo com aparte histórica de Faro vista do mar.Depois, navegamos cerca de duasmilhas por canais principais esecundários em pleno Parque Naturalda Ria Formosa e vemos os homens nasua faina matinal e as aves aalimentarem-se quando a maré estávazia ou com meia-maré”, relata oempresário.

Após as ilhas da Barreta, Farol eCulatra, saímos pela Barra e avista-seuma rica vida marinha que não se limitaaos golfinhos, incluindo também ospeixes-lua, tartarugas e atuns, mas hácuidados a ter, esclarece Paulo NugasLopes. “Nós temos sempre em menteas grandes preocupações ambientais ea ética do avistamento dos animais,seja golfinhos ou qualquer outraespécie, de maneira a criar o menorimpacto possível no seu quotidiano. O

comandante Carlos Pimenta temimensas horas de mar, é umindivíduo muito experiente e,quando encontramos um grupo degolfinhos, mantemos a distânciarecomendada, entre 100 a 150metros”, indica o entrevistado, o quenão constitui um problema porque,conforme constatamos na primeirapessoa, os golfinhos, assim quepercebem que não há perigo,aproximam-se da embarcação.

Paulo Nugas Lopes revela que, entreFaro e Tavira, o número deembarcações desta atividade no maré menor do que noutras zonas doAlgarve, aliás, em Faro, aFormosamar é a única empresacredenciada para desenvolverpasseios de avistamentos degolfinhos e, em Olhão, existe apenasuma outra. “Por vezes, os clientesquerem mergulhar com os golfinhos,mas isso é impossível, nãopermitimos nada que possaprejudicar o habitat natural dasespécies. Também não vamos para ládas cinco milhas por questões desegurança e porque não hánecessidade disso, já que osgolfinhos, quando aparecem, é logoentre a milha e pouco e as trêsmilhas”, esclarece. “Logo à saída dabarra existe um canhão, uma grandeprofundidade nas placas tectónicasque provoca um afunilamento ondea comida se vai acumulando. Ondehá comida, há peixes pequenos eatrás deles vão os golfinhos”.

Um cenário que é semelhante aolongo de todo o ano, mas a

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Formosamar apenas dinamiza estespasseios entre abril/maio asetembro/outubro, mais uma vez porcausa da segurança dos clientes. “Nomar, um passeio que pode serlindíssimo em teoria, pode tornar-senum pesadelo, por causa do vento, daondulação ou do frio. Não queremosque os nossos clientes tenham essaexperiência”, salienta Paulo NugasLopes. “Quando as condições ideiasestão reunidas, é um momento único,por estamos a trabalhar em ambientesselvagens. Nunca damos garantia totalde avistamentos de golfinhos, mas onosso índice de sucesso anda nos 90 etal por cento, porque só fazemossaídas quase pela certa, o que dependedas marés, dos ventos e do romper dodia”.

Prova disso é que a Formosamar tinhasaídas marcadas para sexta-feira esábado e optou por anulá-las porque selevantou um levante e sabem que, para

além do mar ficar mais violento paraos clientes, o peixe afasta-se da costae leva os golfinhos atrás. “Volto aenfatizar que isto é um ambienteselvagem, nada disto é animal decativeiro, portanto, não se podemfazer promessas. Só saímos comtodas as condições reunidas paraque o avistamento seja bem-sucedido e, quando vemos que aexperiência pode ser menos positivapara o cliente, sugerimos a troca dedata. Quando ele prefere ir namesma, se calhar porque regressa aoseu país no dia seguinte, vai para omar com a plena consciência de quepode ou não ver os golfinhos eoutros animais marinhos”, sublinhaPaulo Nugas Lopes. Mas esse não foi,felizmente, o caso desta viagem, 100por cento bem-sucedida na suamissão e com a certeza de queaquelas horas dificilmente vãodesaparecer das nossas memórias .

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Já na ressaca da “bendita” conquista do«Campeonato Europeu de Futebol – 2016» porparte de Portugal, e com quase tudo dito,

escrito, esmiuçado e dissecado sobre os méritosdestes bravos guerreiros que, através das suasartes e manhas futebolísticas, nos levaram ao coloaté ao supremo êxtase, ainda me atrevo aconvosco partilhar - já a frio - um pouco dasatisfação e orgulho que tenho em ser português.

Sendo um povo herdeiro de uma história semprecedentes nem igual, onde a bravura, aestoicidade, a tenacidade e o aventureirismo deum tempo se misturaram com a incúria, afalsidade e a passividade de outro tempo, somoshoje - para o melhor e para o pior - o fruto daquiloque os nossos antepassados plantaram em nós.Somos, sem qualquer sombra de dúvida, genteboa! Gente que quando acorda da letargia e dadormência a que se vota é capaz de “virar a mesa”e mostrar ao mundo “com quantos paus se fazuma canoa”.

Por motivos e vicissitudes várias, Portugaltransformou-se num país que, ciclicamente, temvisto muitos dos seu filhos deixarem Portugal para,lá fora, garantirem o que certos “escolhidos” cálhes negaram. Sendo um país com tudo para darcerto - nascido entre a terra e o mar, bafejado porum clima invejável e “lindo por natureza” - estepequeno país torna-se grande quando osportugueses assim o desejam! Não bastandoafirmá-lo e parecê-lo, muitos lutam todos os diaspara sê-lo: grandes. Sendo esses mesmos que, emvárias áreas, se tornam num exemplo deperseverança, dedicação e tenacidade. É algo quenos está nos genes, mas que, por má liderança oupor falta dela, continua adormecido à espera queimpulsos exteriores despoletem a almejadaafirmação lusitana.

Quem, para além e independentemente dofenómeno e do fervor futebolístico, esteve atentoa este apoio crescente, maciço e incondicional a

uma seleção nacional, percebeu que, tanto os dezmilhões de portugueses de cá como o milhão delá, foram de semana a semana aumentando osseus níveis de autoestima e orgulho nacional,culminado num arrebatamento nunca antes vistoneste novo século. Sendo um desporto que,inegavelmente, move grandes massas e muitas“massas”, sentir que através de uma bolaconseguimos driblar todos os países que nossubjugam nos domínios que realmenteinteressam, mesmo sendo apenas uma vitóriadesportiva, não deixa de ter um sabor a vitóriatransversal e global!

Sendo apreciador desportivo, segui com especialinteresse e atenção a caminhada em crescendo daseleção do desporto que muitos, por cá, apelidamde “desporto-rei”, não deixando de reparar que,ao contrário de algumas outras seleçõeseuropeias, foi esta seleção que, de jogo para jogo,arregimentou e angariou apoiantes para o objetivofinal. Agora, já campeões europeus, todosfestejam como se tal vitória tivesse sido umdesígnio nacional, esquecendo-se que poucosacreditaram que tal fosse possível e concretizável.

Entre aqueles que nunca negaram qualquer tipode apoio estão todos os que, fora de Portugal,sabem bem o que é lutar contra o preconceito,contra a sobranceria e contra a xenofobia.Emigrantes que em todo o mundo foramliteralmente o vigésimo quarto jogador da seleçãoportuguesa de futebol. Aqueles que, lá fora, sãoconsiderados tão bons como os melhores e todosos dias fazem por conquistar o respeito e osdireitos devidos a qualquer cidadão europeu.

É gratificante e moralizador ver o galardão davitória final entregue a um grupo de homensprovenientes de todas as regiões onde a línguaportuguesa é também a sua pátria, sob a liderançade um visionário que sabe o que quer e para ondevai. Fossemos assim em tudo o resto e ninguémnos “apanhava”! .

Nos emigrantes vi o vigésimoquarto jogador da SeleçãoPortuguesa de Futebol!Paulo Cunha

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Nas edições anteriores, abordámos o processohistórico da Comunidade Intermunicipal doAlgarve (AMAL), o seu enquadramento jurídico

e a composição e forma eleição dos órgãos políticos,deixando para este artigo os pormenores essenciais daatividade do secretariado executivo intermunicipal, queadiante trataremos apenas como Secretariado.

Sendo esta uma das novidades introduzidas pela lein.º 75/2013 de 12 de setembro, entendemos que a suaatividade será um instrumento fundamental naconsolidação do papel da AMAL num Algarve quedesejamos unido e forte perante os desafios e asadversidades. Senão, vejamos…

O Secretariado é constituído por um primeiro-secretário e, mediante deliberação unânime doConselho Intermunicipal, até dois secretáriosintermunicipais.

Segundo a lei, na sua primeira reunião, o Conselhoaprova, à pluralidade de votos, a lista ordenada doscandidatos a membros do Secretariado a submeter avotação e comunica-a ao presidente da assembleiaintermunicipal, que deverá desencadear todos osprocedimentos necessários para assegurar a reuniãoregular da assembleia intermunicipal, tendo em vista aeleição da lista dos candidatos a membros doSecretariado por sufrágio secreto, sob pena denulidade.

Tal como os demais órgãos, o Secretariado sujeita-seàs regras do Código de Procedimento Administrativotendo uma reunião ordinária quinzenal e reuniõesextraordinárias sempre que necessário, as quais nãosão públicas. Independentemente disso, deveráassegurar-se a consulta e a participação das populaçõessobre matérias de interesse intermunicipal,designadamente através da marcação de datas paraesse efeito. As suas atas são obrigatoriamentepublicitadas no sítio da Internet da comunidadeintermunicipal (www.amal.pt).

No capítulo das competências mais relevantes, entreas quais algumas desenvolvidas por delegação doConselho, o Secretariado deve elaborar e submeter àsua aprovação os planos necessários à realização dasatribuições intermunicipais; participar, com outrasentidades, no planeamento que diretamente serelacione com as atribuições da comunidadeintermunicipal, emitindo parecer a submeter aapreciação e deliberação do Conselho; assegurar aarticulação entre os municípios e os serviços da

administração central; colaborar com os serviços daadministração central com competência no domínio daproteção civil e com os serviços municipais de proteçãocivil, tendo em vista o cumprimento dos planos deemergência e programas estabelecidos, bem como nasoperações de proteção, socorro e assistência naiminência ou ocorrência de acidente grave oucatástrofe; participar na gestão de programas dedesenvolvimento regional e apresentar candidaturas afinanciamentos através de programas, projetos edemais iniciativas; preparar para o Conselho a propostado plano de ação e a proposta do orçamento, assimcomo as respetivas propostas de alteração e revisão; e,executar as opções do plano e o orçamento.

Somam-se um conjunto de competências de carátermais burocrático e de enquadramento jurídico-administrativo, essenciais para o bom desempenho damissão da AMAL. Refira-se que o Secretariado podedelegar as suas competências no primeiro-secretário,com faculdade de subdelegação nos secretáriosintermunicipais. Todavia, registe-se que, no casoparticular da AMAL, as listas propostas para àAssembleia Intermunicipal têm sido compostas apenaspelo titular daquele cargo, não tendo havido consensorelativamente aos dois secretários intermunicipais.

No início do presente mandato autárquico, aAssembleia elegeu António Eusébio, então presidenteda Assembleia Municipal de São Brás de Alportel, tendoeste cessado aquelas funções, visto que aos membrosdo Secretariado está vedado o exercício de quaisquercargos nos órgãos de soberania ou das autarquiaslocais. Na sequência da eleição deste para a Assembleiada República, na sessão extraordinária de 30 de junho,a Assembleia Intermunicipal elegeu o professoruniversitário Miguel Freitas, personalidade com largaexperiência na Administração Pública desconcentrada evasto currículo político no Partido Socialista, forçamaioritária nos órgãos da AMAL .

NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobreestas e outras matérias no meu blogue(www.terradosol.blogspot.com) ou na páginawww.facebook.com/josegraca1966

(Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve eda Assembleia Intermunicipal do Algarve)

O renascimento da AMAL (3)José Graça

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A Carta de Siena (2014) foi discutida eanalisada na passada semana em Milãodurante a 24.º conferência geral do ICOM

(Conselho Internacional de Museus), tendoresultado uma recomendação aprovada na 31.ªAssembleia Geral do ICOM – “A responsabilidadedos museus perante as Paisagens”.

A Carta de Siena desafiava os museus (italianos) atrabalhar as paisagens culturais e colocava-os comoinstituições-chave na proteção e valorização,envolvendo nele todos os restantes stakeholders –população, empresários, instituições; agindo osmuseus como mediadores, facilitadores epromotores de ações que protejam, conservem,interpretem e valorizem a paisagem, quer do pontode vista material quer do ponto de vista imaterial.Estarão os museus preparados para isso? Será quelhes compete este trabalho central na gestão doterritório? A recomendação vai nesse sentido econsidera que os “museus contribuem com oconhecimento e especialização dos seusprofissionais, para chamar a atenção dascomunidades – ajudando no desenvolvimento enas decisões que envolvam a transformação dapaisagem”; a participação como elementoessencial para a gestão da paisagem, uma notasignificativa para o sucesso dos processos.

A Carta de Siena propõe repensar e redefinir amissão de museu, bem como reforçar a implicaçãoe a responsabilidade dos museus na sua relaçãocom o território, para que possam “trazer umcontributo significativo à administração doterritório” e reunir as condições – financeiras e derecursos humanos – para se tornarem “centrosterritoriais de proteção” e, simultaneamente,“centros de interpretação do território”. Arecomendação vai um pouco mais longe e sugereque a questão da paisagem cultural esteja incluída(não só) na futura definição de Museu (a aprovar

em Quioto em 2019), mas também nos Estatutos eno Código de Ética do ICOM.

A 31.ª Assembleia Geral do ICOM aprovou, porlarga maioria, a resolução “A responsabilidade dosmuseus perante as Paisagens”, com as seguintesrecomendações: - alargamento da missão domuseu do ponto de vista legal e operacional e dagestão de edifícios e sítios incluídos nas paisagensculturais como “extended museums”, oferecendovalorização, proteção e acessibilidade aopatrimónio em estreita relação com a comunidade;contribuição dos museus não só com oconhecimento dos valores da paisagem cultural,mas também para desenvolver quadros simbólicosque as determinam; assim a noção de paisagemcultural torna-se um instrumento para avaliação doque necessita de proteção, para as legar às futurasgerações, bem como para questionar, criticar emodificar.

Uma recomendação que alargasignificativamente o papel do museu, a suaimplicação, a sua ligação ao mundo de hoje, àtransformação, à atualidade. Temos de estarpreparados! Quero enfatizar, antes de terminar,dois significativos pontos: a cidadania e a forterelação com a comunidade na atuação do museu,patente nos dois documentos, bem como ainserção da questão da acessibilidade, um aspetoessencial e que (felizmente) está a tornar-se umapreocupação das equipas dos museus.

Estaremos preparados para este desafio? Vamoster que estar, a sociedade assim o exige! .

Da Carta de Siena à Resoluçãon.º 1 do Conselho Internacionalde MuseusDália Paulo

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Confesso que o Verão não é a minha estaçãopreferida. Gosto das meias estações (deveser a única coisa mais ou menos de que

gosto, pois de resto, prefiro quente ou frio, simou não). Mas reconheço que o Verão tem umpoder qualquer sobre os corpos: torna-os maissensuais. A languidez do calor se espalha e o suor,que humedece a pele, funciona como umaespécie de atrativo extra. Tenho tensão baixa oque faz com que sinta uma atração irresistívelpela cama. Ou pelo sofá. Ou pela poltrona.Deixar-se ficar ali, o corpo a escorregar aosbocadinhos, deixar que a preguiça invada-melentamente e como os gatos, esticar todo o corpoe deitar-me, tomada por uma irresistívellanguidez e lassidão.

O Verão é o tempo das frutas sumarentas, dosmelões e das melancias que ajudam a matar umpouco a sede e a hidratar o corpo, que pedesempre mais líquidos. Nos dias mais quentes,toda a terra cheira bem. Faro cheira a marisma. Eapetece tanto a água azul e ficar estendida ao sol.Mas quando temos de trabalhar, o Verão é umsuplício, pois o calor, que torna os corposlânguidos e lassos, derrete o cérebro e amolece anossa capacidade de tomar decisões. De pensarsequer. Tudo demanda um grande esforço equalquer esforço demanda imensa coragem.

Lembro-me de um filme dos anos 80, realizadopor Lawrence Kasdan: Body Heat. William Hurt eKathleen Turner, ambos no auge das suas belezas,

protagonizam uma das cenas mais quentes docinema, movidos pela folie do verão, que podeser confundida com uma folie à deux:

Matty: My temperature runs a couple ofdegrees high, around a hundred. I don't mind. It'sthe engine or something.Ned: Maybe you need a tune up.Matty: Don't tell me. You have just the right tool.

Irresistível atração, que, como em todo noir quese preze, inevitavelmente conduz ao abismo:

Ned: Maybe you shouldn't dress like that.Matty: This is a blouse and a skirt. I don't knowwhat you're talking about.Ned: You shouldn't wear that body.

Passado o diálogo, William Hurt (Ned), parte ovidro com uma cadeira e avança em direção aKathleen Turner (Matty) que não resiste a esteavanço impetuoso. Na verdade, quando revemoso filme ficamos a nos perguntar por que é que elenão abriu a porta? Mas o impacto do vidro apartir é metafórico - ambos estavam desejantes eela queria resguardar-se sem, no entanto, resistir.E pode-se dizer que a culpa de tudo é do calor .

Divagações sobre os dias quentesMirian Tavares

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1,500.000€de euros. Um milhão e quinhentos mil euros.É este o valor que o novo Programa de Apoio

as Artes no Algarve vai ter para atenuar asazonalidade no turismo. Faz lembrar o ALLGARVE?Sim, faz. Diz-se que não é a mesma coisa pois abase da criação será regional. A questão porém éoutra. Seja este ou não outro ALLGARVE (e eusempre fui um defensor desse programa) o factoestá na falta de regularidade de forte investimentona área cultural da região. Fazemos um programaaqui, outro programa ali, mas não existeprevisibilidade, não existe regularidade noinvestimento. E se queremos que efetivamenteeste programa tenha efeitos na sazonalidade entãoa regularidade com apostas a longo prazo éfundamental. Tudo resto é retórica.

Vale das Almasonde o Moto Clube de Faro organiza a 35.ªConcentração Anual. São 20 mil as almas esperadaspara este momento que se transformou numa dasiniciativas de grande dimensão mais sólidas queexiste na região. E isso merece uma reflexão.Porque funciona tão bem este evento durantetantos anos? Julgo que a resposta está nacapacidade dos seus organizadores manterem ofoco no seu nicho de público e conseguirem utilizaros argumentos que o Algarve tem para atrair anosapós ano tantos visitantes. E naturalmente umgrande empenho e trabalho coletivo para bemreceber e acolher gente de todo o mundo. Que nossirva o exemplo para tantas outras iniciativas quequerem ser tudo e depois não são nada.

Rui Andréo presidente da Câmara Municipal de Monchiquereforçou o contingente de vigilância da floresta naépoca crítica do fogos florestais. Monchique, a par

de outros municípios do Algarve tem sidofundamental no trabalho conjunto realizado entrediversas entidades, visando diminuir a possibilidadede fogos de e em larga escala. Está muito presentena nossa memória os incêndios que destruíramuma parte substancial da serra algarvia. Nosúltimos anos, felizmente, temos sido poupados,mas não foi só a sorte que nos ajudou. O trabalhode prevenção onde os municípios sãofundamentais tem-se revelado eficaz.

As Portagense o filme do costume. Durante a campanhaeleitoral o Partido Socialista disse tudo e o seucontrário. Ouvimos o PS a afirmar que acabariacom as portagens, que iria financiar a SegurançaSocial com o dinheiro das portagens, que ia baixaro valor da portagem em 50%, em 30% ou numapercentagem qualquer. Tudo isto antes daseleições e ao mesmo tempo que os partidos quehoje suportam a geringonça, exigiam o fimimediato e atacavam o PS por este não ser claro.

E o que temos hoje? Nada. Uma mão cheia denada. O PS primeiro anuncia que já não vaiterminar com as portagens. Depois anuncia que vaibaixar o valor da portagem. Depois anuncia que jánão vi baixar o valor da portagem. E o Bloco deEsquerda com o seu deputado que lidera omovimento anti portagem? E o PCP com o seudeputado que sempre defendeu o seu fim. Bemprega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o queele faz .

O dinheiro para a cultura, o exemplodo Moto Clube de Faro, um autarcaque combate incêndios e o filme desempre: as portagensBruno Inácio

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É do saber comum, creio, que a palavraRestauração engloba todos os serviçosinerentes à nobre arte de cozinhar e de servir

os cozinhados, de servir os comensais.

Restaurador é a pessoa que dirige um serviço derestauração e deveria ser antes de mais, umapessoa informada e preocupada; alguém quegostasse de receber pessoas, por que é disso quetrata a restauração e os restaurantes, primeiroreceber, depois oferecer um serviço e depois, sódepois, cobrar por esse serviço.

Em língua inglesa, Industria da restauração ehotelaria se diz de Hospitality industry, ou sejauma das atividades económicas que se dedica àprestação de serviços ligados ao alojamento ealimentação. Hospitality, de Hospitalidade, dehospedar, de receber.

Os restaurantes devem ser sítios onde seapetece estar, onde os seus diversos atoresgostem da arte de receber pessoas e de sepreocuparem com o seu bem-estar, com a suasaúde, os seus gostos, de lhes proporcionaremprazer, experiencias gastronómicas, lazer dequalidade, contacto com os produtos regionais ea cultura da região.

Mas para que tudo isto seja praticado comlógica, saber, assertividade, é necessário termosRestauradores, os primeiros atores desta arte dereceber, muito mais que ser-se Diretor Hoteleiroou Diretor de F&B. Quem pode ser Restaurador?Bom, eu gostaria que o fossem todos os donos epatrões que pululam neste universo decadente esuperlotado a que damos o nome de Industria deHotelaria e de Restauração.

Vemos muitos gerentes que dificilmente sabemo que estão a fazer/representar. Hoje, mais doque nunca, importa saber do que se está a falar, é

importante explicar este ou aquele conceito, oporquê desta ou daquela apresentação ou técnicaculinária. Sou dos que acredita que mais vale umsorriso sincero que demonstre alegria no trabalhoe conhecimento de cousas do que pretensosprofissionais cinzentos com técnicas ortodoxas esaberes bolorentos.

E atenção, apesar de uma campanha de hámuito tempo afirmar que o cliente tem semprerazão, não é verdade mesmo, nem sempre temrazão. Dar razão a alguém que não a tem, épassar um certificado de estúpido a nós própriose um louvor e licença para ser estúpido àquelesque sem pudor, saber, assertividade, maldade,impõem a sua verdade.

A arte de servir alojamento e alimento implicauma série de conhecimentos e sistemas. É precisoescolher, comprar, guardar, ter espaçoapropriado para desenvolver atividade, cursos,técnicos, saber, marketing, e muitos mais. Masembora seja necessário que todos eles estejam afuncionar, eles não atuam de forma solitária e sópor si não geram sabedoria, não geram saberservir alojamento ou alimento.

O cliente pode apenas ter comido, sem contudoter sido inflamado, sem ter tido uma experiencianova, um verdadeiro prazer na descoberta; Serácomo um relacionamento sem compromisso. Oato de receber é como conversar, de um diálogoentre quem presta o serviço e quem o recebe.Deve haver neste tipo de diálogo um restauradore um cliente. E não nos esqueçamos que todosnós somos clientes de algo, que todos nósavaliamos mas também somos avaliados.

Bons cozinhados, boas refeições e falem e riam,que essa coisa de que à mesa não se fala, é purodisparate. Saudações gastronómicas .

Restauração, Restauradorese outros amoresAugusto Lima

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Músicaeletrónica

made inAlgarve by

EpiphanyA música eletrónica não émuito frequente num país

dominado pelo pop/rock, pelofado e pela música de cariz

mais popular, mas Rui Daniel eCatalina Borozan não se

preocupam com as modas, nemcom as dificuldades docaminho, e criaram os

Epiphany. A preparar temaspara o disco de estreia, esta

jovem dupla de Faro vai dandonas vistas nos diversos

espetáculos que tem realizadonos últimos meses com uma

sonoridade e uma vozrealmente cativantes.

Texto:Fotografia:

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Os Epiphany são umabanda de originaisconstituída por RuiDaniel e CatalinaBorozan, ele de 17 anos

e com uma tremenda habilidade paratocar vários instrumentos, desde obaixo e guitarra ao piano e bateria, ela,de 19 anos, a voz e letrista desteprojeto de música eletrónica. Umadupla que decidiu fazer algo diferentedo que se ouve por Portugal,inspirando-se em artistas como Flume,Chet Faker, The XX, Dream Koala,Portishead, Crystal Castels, m83, eBring Me The Horizon, nomes que, defacto, provavelmente serãodesconhecidos do público em geral.

Começando pelo início da história, abanda não nasceu do nada, poisambos participavam em outrosprojetos musicais e ensaiavam nomesmo espaço, a Associação deMúsicos de Faro. Por essa altura, RuiDaniel já ia dando passos na músicaeletrónica, mas sentia que faltavaqualquer coisa, a tal voz feminina quereconheceu em Catalina. “Mostrei-lhealguns temas que tinha feito, emagosto do ano passado, ela gostou deimediato e assim se formaram osEpiphany”, recorda Rui, com Catalina areconhecer que sempre foi adeptadeste estilo musical. “Também queriaescrever letras originais e isso, numabanda com mais elementos, às vezestorna-se complicado. Escolhi umamúsica do Rui onde achava que seenquadrava uma das minhas letras,

cantei por cima, gravei e mandei-lhe”, conta.

A música eletrónica não era, defacto, desconhecida de Rui Daniel,um ouvido versátil influenciado pelamãe, Helena Isabel, conhecidaradialista e dinamizadora das«Raveolutions», mas nunca teve aambição de ser DJ. “Quero produzirnum ambiente de banda. Estouconstantemente a ter ideias e sintonecessidade de as exportar do meuser e partilhá-las com alguém paradepois fazer algo diferente econsistente”, esclarece, sentimentopartilhado por Catalina. “É sempremais interessante criar algo queainda não foi feito e, no Algarve,não há projetos de músicaeletrónica. Ou são DJ ou bandas derock ou heavy metal”, observa.

E se Catalina Borozan tinha práticaem escrever letras para otradicional pop/rock, depressaconstatou que, na músicaeletrónica, a conversa écompletamente diferente. “Não éuma música tão regular, semprecom uma batida certa, o que meobriga a estudar a métrica commais cuidado para saber ondeinserir as frases. Acaba por ser umprocesso divertido”, indica avocalista, com Rui Daniel aacrescentar que o seu próprioprocesso criativo sofreu algumasmodificações a partir do momentoem que os Epiphany foram

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constituídos. “Primeiro faço só umaamostra da minha ideia e depoisconstruímos a estrutura em conjunto,para se encaixar bem a letra com amúsica”, diz. “Deste modo torna-semais fácil perceber onde colocar osversos e refrões, do que fazermossozinhos cada um a nossa parte. Só aprimeira música é que foi realizada àdistância”, lembra Catalina.

Para trás ficou então o projeto depop/punk de Rui Daniel, enquantoCatalina Borozan se divide ainda poroutra banda, de blues, mas a músicaeletrónica é, sem dúvida, a que enchemais as medidas dos dois jovensalgarvios, mesmo sabendo que não éum estilo com grande expressão emPortugal. “O principal é fazermosaquilo que mais gostamos, mas não

nos podemos alhear do que asoutras pessoas vão pensar do nossotrabalho. Claro que entrar nomercado com este estilo éarriscado, daí que o nosso objetivopassa, igualmente, pelainternacionalização”, sublinha RuiDaniel.

Por seu lado, Catalina acredita quea eletrónica será a música do futuro,mas garante que a dupla não colocaos instrumentos tradicionais departe, até porque, conforme já sedisse, Rui domina vários. “Fuiaprendendo ao longo do tempo.Comecei com a bateria, passei paraa guitarra, depois fui-meinteressando pelo baixo e piano”,diz-nos, perante o olhar atento deCatalina. “É uma faceta que ajuda

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imenso na composição. Conhecer bemos vários instrumentos e os seusritmos dá depois uma maior liberdadee rigor quando se está a produzir nocomputador. Se ele não soubesse tocaresses instrumentos, provavelmentetinha-se ficado pela mesa de DJ”,aponta a vocalista.

Álbum de estreiapara breve

Música eletrónica não é, de facto, tercomputadores potentes e programasde software ultra sofisticados paratocar numas teclas e produzir sons, ébem mais do que isso. Aliás, quando RuiDaniel começou a semear, na suamente, a ideia dos Epiphany, ainda nãotinha quaisquer conhecimentos deinformática avançada ou de tecladoseletrónicos. “Quando fiz essatransição, o facto de tocar outrosinstrumentos foi vantajoso para criarsons de raiz. E, para se fazer umamúsica de quatro ou cinco minutos,são várias horas e dias que andamosde volta do tema. Depende do estadode espírito, da criatividade domomento. Há dias que me surgembastantes ideias e faço logo o início devários temas, noutros, não consigoexportar para o computador o que mevai na cabeça”, relata o farense.

Como se está a falar do processocriativo, Catalina Borozan lembra queos Epiphany não se limitam a pegar emsamplers ou batidas feitos por outros,criam tudo do zero. “A harmonia éfeita de raiz pelo Rui, do princípio ao

fim, e isso dá mais trabalho do quese possa imaginar”, assegura, umtrabalho árduo que se estende àprópria escrita das letras, porquenão basta colocar meia dúzia defrases soltas no tema. “As minhasletras baseiam-se no amor, algoque é normal no nosso dia-a-dia eque torna mais fácil chegarmos aosentimento das pessoas”, descreve.

Com cinco músicas já disponíveispara serem ouvidas através daplataforma soundclound, outrastantas estão praticamenteconcluídas, ou seja, já há materialsuficiente para avançar para umálbum. “Estamos agora na fase deencontrar uma editora e umestúdio para melhorar a qualidadedas nossas músicas. Uma coisa éproduzir, outra diferente é amasterização e pós-produção,precisamos de alguma ajuda nessecampo”, admitem os jovens Rui eCatalina. “O álbum é um objetivopara o curto prazo, resta escolher omelhor caminho a seguir para sairtudo perfeito. Para já podem serouvidas no you tube e soundclounde acaba por ser um teste, umestudo de mercado, para sabermosse podemos dar o próximo passo ounão. Mas a música é o nosso sonho,caso contrário, não estávamos ainvestir tanto tempo nosEpiphany”, concluem .

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JOVENS ALGARVIOS RENDIDOSÀ GUITARRA PORTUGUESA

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Depois de, no número anterior, ter estado em destaque a guitarra clássica, estasemana é a guitarra portuguesa que merece uma especial atenção do AlgarveInformativo. Para tal, fomos assistir a um workshop com o conceituado músico ecompositor Custódio Castelo, que teve lugar nas instalações do INUAF, em Loulé, eque reuniu mais de três dezenas de alunos do professor José Alegre, provenientesde diversos polos da Academia de Música de Lagos.

Texto: Fotografia:

Os alunos que participaram noworkshop na vertente de guitarra

portuguesa, com Custódio Castelo,José Alegre e Tó Viegas à frente

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O INUAF, em Loulé, foi olocal escolhido peloprofessor José Alegrepara organizar umworkshop de guitarra

portuguesa com o famosoinstrumentista e compositor CustódioCastelo e que contou com aparticipação de mais de 30 jovens, comidades compreendidas entre os 10 e os16 anos, alunos de vários polos daAcademia de Música de Lagos,nomeadamente os conservatórios deLoulé, Portimão e Lagoa. A guitarraclássica não foi, porém, esquecidaneste workshop, com a presença doprofessor de ensino superior einstrumentista Miguel Carvalhinho.

Custódio Castelo é o maisinternacional, premiado e consagradoguitarrista da atualidade e professor daúnica licenciatura de guitarra queexiste em todo o planeta, na EscolaSuperior de Artes Aplicadas de CasteloBranco, da qual José Alegre foi oprimeiro aluno, tendo-se formadorecentemente. Miguel Carvalhinho éoutro executante de classe superior,na guitarra clássica, e os dois juntosforam responsáveis por um concertofantástico que terminou, com chave deouro, um dia inteiro de partilha demúsica, afetos e experiências.

Com a manhã dedicada aoconhecimento mútuo entreformadores e formandos e àtransmissão de alguns conhecimentosbásicos sobre a guitarra portuguesa,depressa se constatou que os alunos

vinham com a lição bem estudada,sobre o instrumento em si, massobre o próprio Custódio Castelo.Aliás, muitos foram os que nãoconseguiram esconder a emoção aoconversarem com o seu ídolo, umhomem que estavam habituados aescutar em discos de música, ou aver na televisão ou em vídeos noyou tube, e que foi, em alguns casos,determinante para se dedicarem àguitarra portuguesa.

E Custódio Castelo assumiu essepapel sempre de sorriso nos lábios eum completo à vontade. “Eu jáestou aqui na qualidade de avô. OJosé Alegre é o primeiro licenciadosuperior em guitarra no país e nomundo e o facto de estar atransmitir essa sua energia e paixãopara uma nova geração é para mimum motivo de grande orgulho, e deagradecimento. Estes jovens nãotêm vergonha de agarrar umaguitarra portuguesa como quemagarra um coração e tratam comimenso amor e carinho uminstrumento que é tão nosso”,observou o mestre.

Guitarra portuguesa que sempreesteve associada ao fado e a umaclasse de intérpretes e executantesde idade mais avançada, já que oauge da carreira acontecianormalmente após os 50 anos.“Obviamente que isso não atraia osjovens, preferem música feita pormalta nova ou que, pelo menos, édedicada a eles. O fado estava mais

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ligado ao sofrimento, mas existe, dehá uns tempos para cá, um cuidadoem trazer gente jovem para a nossamúsica nacional. E há abertura paraque os jovens possam começar maiscedo a aprender a tocar guitarraportuguesa. Na altura também nãohavia escolas de música e quemestivesse fora dos grandes centrosurbanos, nomeadamente Lisboa, nemsequer tinha acesso ao fado”, recorda.

Mas tudo evolui na vida, o fado não éexceção e, mercê dessa mudança, aguitarra portuguesa está a alcançar oseu merecido lugar, inclusive além-fronteiras, graças ao surgimento daworld music. Independentementedisso, Custódio Castelo entende que ofado tradicional tem que continuar aser preservado e que as típicas casas

de fado não devem desaparecer. “Éali que o fado aconteceespontaneamente e devemostentar transportar essa essênciapara o mundo, dá-lo a conhecer láfora, para que, depois, as pessoassintam vontade de conhecer essarealidade por si mesmas. Ou seja,levar o fado para fora, para atrair opúblico externo”, aponta oentrevistado.

E se qualquer jovem com jeito paraa música consegue começar a tocarsozinho a viola clássica, crescendoaté como autodidata, mais complexaé, todavia, a guitarra portuguesa. “É,de facto, mais exigente paraaqueles que pretendem ir paraalém das noções básicas. Logo paracomeçar, tem 12 cordas, são seis

Custódio Castelo, Miguel Carvalhinho e José Alegre

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duplas, e tem uma capacidadebastante elevada no que podeoferecer, tanto ao fado, como aoutros estilos musicais”, frisa,acrescentando que esta diversificaçãoda guitarra portuguesa foi pacífica, nãocausou grandes polémicas junto dosmais puristas. “O instrumento é omesmo, simplesmente evoluiu poroutros caminhos e está aberto a novasexperiências. E os jovens vêm para aguitarra portuguesa porque ela deixoude tocar só aquela música que eracantada pelos «velhos» e que falavadesse sentimento tão profundo que éa saudade”, afirma.

Um caminho que Custódio Castelodecidiu seguir na sua carreira e que lhetrouxe alguns dissabores no início,precisamente por não tocar a guitarra

portuguesa da mesma forma que sefazia há 50 anos. “Temos aresponsabilidade de inovar mais umbocadinho, de lhe dar novas cores esonoridades mas, sobretudo, deapresentá-la de forma diferente e oresultado disso é que temos aquium workshop com dezenas dejovens de guitarra portuguesa namão”, salientou, de sorriso noslábios.

Um instrumentoque move paixões

À conversa com o primeirolicenciado do mundo num cursosuperior de guitarra, José Alegreconfirma que se deu uma mudançade atitude em relação à guitarra

Grupo de alunos que participaram na vertente de guitarra clássica do workshop

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portuguesa e recorda que, nos anos70, 80, um jovem gostar de fado eraconsiderado «piroso». “Hoje, umacriança de 10 anos não tem vergonhade dizer que aprecia o fado, um estiloque arrastou a guitarra portuguesapara os grandes palcos. O fado saiudas tascas e adquiriu o estatuto deestrela em espetáculos de grandedimensão, em festivaisinternacionais”, indica, satisfeito, oprofessor.

Como que a demonstrar esta novarealidade, José Alegre tinha estado, hádois dias, a fazer provas de seleção denovos alunos para os conservatórios daAcademia de Música de Lagos epraticamente todas as criançasconheciam a guitarra portuguesa. Aomesmo tempo, garante que a

dificuldade deste instrumento é ummito forjado pelo desconhecimentoque ainda existe em relação a ele.“Saber fazer três acordes numaviola ou numa guitarra portuguesaé razoavelmente fácil. Já tocar bem,seja em que instrumento for, exigeanos e anos de dedicação, paixão eesforço, seja uma flauta de bisel,um violoncelo ou uma guitarra”,considera.

A grande diferença, na sua opinião,é que a guitarra portuguesa tem umsom bastante distintivo e quenormalmente associamos esseinstrumento a grandes mestres, aotopo do topo. “Portanto, quandoouvimos um miúdo a tocar guitarraportuguesa, percebemos que aindanão está lá. Com todo o respeito,

O mestre Custódio Castelo

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mas os «Xutos & Pontapés», no inícioda sua carreira, sabiam três ou quatroacordes de guitarra e conseguiramcrescer a partir dai. Na guitarraportuguesa isso não seria possível,porque o povo português exige queela seja bem tocada”, analisa odocente, lembrando-se de umasituação em que estava a comersardinha assada num restaurante emTavira e, como terminou antes dosamigos, pegou na sua guitarra ecomeçou a tocar. “Estava lá umvelhote de barbas brancas a ouvir erefilou logo comigo, porque, segundoele, eu não estava a fazer a guitarragemer e chorar. Dizia-me que umhomem que toca guitarra portuguesanão podia beber água, e meteu-meum copo de vinho na mão”, conta.

José Alegre assegura, entretanto, queum músico semi-maduro e emcrescimento consegue entrar comrelativa facilidade no meio musical aacompanhar fadistas e fazer disso oseu sustento. “Temos aqui noworkshop um jovem de 16 anos quetoca guitarra há quatro anos e queestá a receber, mensalmente, bemmais que um ordenado mínimodurante o Verão. Toca quatro, cinco,seis dias por semana e começouagora”, destaca, embora entenda queo dinheiro nunca deva ser a motivaçãoprincipal de quem é músico. “Devetocar por paixão, mas é um empregoapetecível”.

Uma paixão que, depois, leva algunsmúsicos a inovarem, a misturarem as

suas influências e experiências numcocktail delicioso, cenário que, paraJosé Alegre, depende dapersonalidade de cada um. “Hájovens que desde os 10 anos quecompõem e fazem trabalhosbastante agradáveis porque aindanão estão formatados. Vão buscarsonoridades que não lembram aodiabo, colocam os dedos nas cordase vão experimentando. Nãoestudaram harmonia ou a históriada música, querem apenas tocar, nabrincadeira, e depois seguemcaminhos interessantes”.

A guitarra portuguesa respira,pelos vistos, saúde e o entrevistadoenaltece a própria mudança deatitude dos mestres, dosprofissionais deste instrumento.“Antigamente, quando um jovemguitarrista entrava numa casa defados, os conceituados viravam-separa a parede para esconderem oque estavam a fazer. Hoje, observa-se exatamente o contrário, há umatremenda partilha de informação eaprendemos todos uns com osoutros”, garante, defendendo,contudo, que este processo sejafeito de forma contínua e que nãohaja uma rutura abrupta com opassado. “As raízes são muitoimportantes, são o que dãoautenticidade à nossa música. Hoje,é possível fazer tudo. Primeiro, háque aprender as regras. Depois, équebrá-las e ir mais além”, finaliza,com uma risada, antes de se juntaraos formandos para o almoço .

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