alex mesquita fernandes mattheus henrique martins … - mattheus pires e alex... · alex mesquita...

62
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO ALEX MESQUITA FERNANDES MATTHEUS HENRIQUE MARTINS PIRES INVESTIGAÇÃO DA PERFORMANCE DE CATALISADORES BIMETÁLICOS BASEADOS EM IRÍDIO E NÍQUEL NA HIDROGENÓLISE SELETIVA DO GLICEROL Niterói 1/2018

Upload: others

Post on 11-Sep-2019

13 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

ALEX MESQUITA FERNANDES

MATTHEUS HENRIQUE MARTINS PIRES

INVESTIGAÇÃO DA PERFORMANCE DE CATALISADORES

BIMETÁLICOS BASEADOS EM IRÍDIO E NÍQUEL NA

HIDROGENÓLISE SELETIVA DO GLICEROL

Niterói

1/2018

ALEX MESQUITA FERNANDES

MATTHEUS HENRIQUE MARTINS PIRES

INVESTIGAÇÃO DA PERFORMANCE DE CATALISADORES

BIMETÁLICOS BASEADOS EM IRÍDIO E NÍQUEL NA

HIDROGENÓLISE SELETIVA DO GLICEROL

ORIENTADORES

Prof. Dr. Fabio Barboza Passos

Dra. Aracelis Jose Pamphile-Adrian

Niterói

1/2018

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em

Engenharia Química oferecido pelo Departamento de

Engenharia Química e de Petróleo da Escola de

Engenharia da Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em

Engenharia Química.

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

F363 Fernandes, Alex Mesquita

Investigação da performance de catalisadores bimetálicos baseados

em irídio e níquel na hidrogenólise seletiva do glicerol / Alex

Mesquita Fernandes, Mattheus Henrique Martins Pires. – Niterói,

RJ : [s.n.], 2018.

60 f.

Projeto Final (Bacharelado em Engenharia Química) –

Universidade Federal Fluminense, 2018.

Orientadores: Fabio Barboza Passos, Aracelis Jose Pamphile-

Adrian.

1. Catálise. 2. Hidrogenólise. 3. Glicerol. 4. Irídio. 5. Níquel. I.

Pires, Matheus Henrique Martins. II. Título.

CDD 660.2995

Dedicamos este trabalho a Deus,

nossas famílias e amigos.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, por sua infinita graça em nos abençoar com força e determinação

para superar os desafios da faculdade.

Agradecemos a nossas famílias pelo apoio total nesta trajetória e por sempre

acreditarem em nós; aos nossos amigos por oferecerem momentos muito bem vindos de

diversão e descanso entre as obrigações e responsabilidades.

Agradecemos aos nossos orientadores Prof. Dr. Fabio Barboza Passos e Dra. Aracelis

Jose Pamphile-Adrian pela oportunidade de fazer parte desse projeto, pelas inúmeras

lições e aprendizados e por nos auxiliarem na redação deste trabalho. Também

agradecemos a todos da equipe do RECAT por oferecerem ajuda sempre que foi

necessária e por proporcionar um ambiente tão agradável de se trabalhar.

Agradecemos a UFF pela formação educacional proporcionada e ao CNPq por fornecer

auxílio financeiro sob formato de bolsa de iniciação científica (PIBIC) durante este

projeto.

Sic Parvis Magna: Grandeza a

partir de pequenos começos.

- Sir Francis Drake

RESUMO

O presente trabalho dedica-se a estudar os efeitos da adição de um segundo metal, mais

especificamente o níquel, ao catalisador Ir/γ-Al2O3 e avaliar seus efeitos na atividade

catalítica durante a reação de hidrogenólise do glicerol com o objetivo de se obter

produtos de maior valor agregado como 1,2 – propanodiol e 1,3 – propanodiol.

Diversos catalisadores bimetálicos com diferentes razões Ir-Ni foram preparados e

caracterizados. Duas séries de catalisadores foram avaliadas sendo uma calcinada a 500

ºC durante 4 h a 10 ºC/min no final e uma que não passou por esse processo. Análises

de DRX, quimissorção de CO e microscopia eletrônica de transmissão mostraram que a

série calcinada sofreu maior sinterização dos metais sobre o suporte formando partículas

de tamanhos até cerca de 5,9 nm e reduzindo as áreas expostas dos sítios ativos. Os

resultados do TPR e XPS mostraram sinais de uma interação sinérgica entre os metais Ir

e Ni que gera efeitos não verificados em catalisadores monometálicos de Ir ou Ni

suportados em alumina, essa interação pode ter uma natureza eletrônica e morfológica.

Os dados reacionais de conversão, seletividade, taxa de reação e frequência de reação

(turnover frequency – TOF) indicaram que a adição de níquel como segundo metal

aumentou consideravelmente a conversão e por consequência o rendimento do produto

1,2 – propanodiol, pertencendo a ele a maior seletividade. A obtenção de 1,3 –

propanodiol foi baixa e não houve grande diferença entre a série calcinada e não

calcinada em termos de conversão e seletividade, porém em termos de atividade

catalítica verificou-se que a série calcinada superou a não calcinada sugerindo que a

sinterização dos metais contribuiu para intensificar sua interação.

Palavras-chave: catálise; hidrogenólise; glicerol; irídio; níquel; 1,2 – PDO.

ABSTRACT

The present work is dedicated to the study of adding a second metal, more specifically

the nickel, to the catalyst Ir/γ-Al2O3 and evaluate its effects on catalyst activity during

the glycerol hydrogenolysis reaction with the purpose of obtaining more valuable

products such as 1,2 – propanediol and 1,3 – propanediol.

Various bimetallic catalysts with different Ir-Ni ratios were prepared and characterized,

two series of catalysts were evaluated, one was calcined until 500 ºC during 4 h at 10

ºC/min and the other one was not. XRD, CO chemissorption and TEM showed that the

calcined series of catalysts underwent through a greater sintering process forming

particles with sizes up to 5,9 nm and reducing the exposed active site’s area. The TPR

and XPS showed signs of a sinergic interaction between the metals Ir and Ni that

generates effects non verified on Ir or Ni monometallic catalysts supported on alumina,

such interaction may have a morphological and eletronic nature.

The reaction’s data on conversion, selectivity, reaction rate and turnover frequency

(TOF) indicates that the addiction of Ni as second metal greatly increased the

conversion and as such the yield of 1,2 – propanediol, belonging to it the greatest

selectivity. The yield for 1,3 – propanediol was low and there was not great difference

between the catalysts’ series regarding conversion and selectivity, although in terms of

catlytic activity the calcined series presented greater results, suggesting that the

sintering process has contributed to the metal’s interaction.

Keywords: catalysis; hydrogenolysis; glycerol; iridium; nickel; 1,2 – PDO.

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 2.1: Demanda de Energia Mundial ........................................................................ 15

Figura 2.2: Contribuições percentuais de cada fonte de energia ao Longo de 50 anos ..... 16

Figura 2.3: Consumo de Energia Renovável no Mundo ................................................... 16

Figura 2.4: Procedência da Biomassa ................................................................................ 17

Figura 2.5: Produção Mundial de Biocombustíveis entre 2006 e 2016 ............................ 18

Figura 2.6: Reação de Transesterificação de Triglicerídeos ............................................. 18

Figura 2.7: Produção de Glicerol pela Via Petroquímica .................................................. 20

Figura 2.8: Utilização do Glicerol no Mundo ................................................................... 22

Figura 2.9: Hidrogenólise de Glicerol a 1,2 – PDO via Gliceraldeído.............................. 24

Figura 2.10: Hidrogenólise de Glicerol para Produção de 1,2 e 1.3- PDO ....................... 24

Figura 2.11: Representação Esquemática do Mecanismo de Hidrogenólise Direta

sobre o Catalisador ............................................................................................................ 25

Capítulo 3 –METODOLOGIA

Figura 3.1: Fluxograma da Preparação dos Catalisadores ................................................. 32

Capítulo 4 –RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 4.1: Resultados da Difração de Raios–X para Catalisadores Não –

Calcinados ......................................................................................................................... 36

Figura 4.2: Resultados da Difração de Raios–X para Catalisadores Calcinados .............. 37

Figura 4.3: Perfil de TPR para os Catalisadores Calcinados ............................................. 38

Figura 4.4: Espectogramas Referentes a Ir4f para as séries IrNix_C e IrNix_C_P ............ 43

Figura 4.5: Espectogramas Referentes a Ni2p para as séries IrNix_C e IrNix_C_P .......... 44

Figura 4.6: Imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão ...................................... 45

Figura 4.7: Valores de Seletividade para os Catalisadores Calcinados ............................. 47

Figura 4.8: Valores de Seletividade para os Catalisadores Não Calcinados ..................... 49

LISTA DE TABELAS

Capítulo 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Tabela 2.1: Características Físico-Químicas do Glicerol .................................................. 19

Tabela 2.2: Pureza do Glicerol .......................................................................................... 21

Tabela 2.3: Usos do Glicerol nos Principais Mercados Mundiais ..................................... 21

Tabela 2.4: Valores de Produtos da Hidrogenólise do Glicerol ........................................ 23

Capítulo 4 –RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 4.1: Resultados das Análises de Quimissorção de CO .......................................... 40

Tabela 4.2: Resultados do XPS para Catalisadores Calcinados e Passivados ................... 42

Tabela 4.3: Resultados para o Teste Catalíco dos Catalisadores Calcinados .................... 46

Tabela 4.4: Resultados para o Teste Catalíco dos Catalisadores Não Calcinados ............ 48

LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

°C Graus Celsius

µmol/gcat Micromol adsorvido por Grama de catalisador

Ac Acetol

ANP Agência Nacional de Petróleo

B100 Biodiesel 100%

bar Bar

BET Brunauer-Emmett-Teller

CO/M Monóxido de Carbono adsorvido por Sítio ativo do Metal

DRX Difração de Raios X

EG Etilenoglicol

eV Elétron-Volt

FWHM Full Width at Half Maximum

g Grama

h Hora

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry

K Kelvin

M Molar

m/m Fração Mássica

m/v Concentração

m²/g Metro Quadrado por Grama

m³ Metro Cúbico

Mb/d Milhões de Barris por Dia

MET Microscopia Eletrônica de Transmissão

mg Miligrama

min Minuto

mL Mililitro

Mpa Mega Pascal

Mtoe Milhão de Tonelada de Óleo Equivalente

nm Nanometro

PDO Propanodiol

PPT Polipropileno Tereftalato

PrOH Propanol

Psi Libra-força por polegada quadrada

rA Taxa de Reação

rpm Rotação por Minuto

STD Standard Deviation (Desvio Padrão)

TOF Turnover Frequency (Frequência de Reação)

TPR Temperature Programmed Reduction (Redução a Temperatura

Programada)

XPS Espectroscopia de Fotoelétrons Excitados por Raios-X

SUMÁRIO

Capitulo 1 - Introdução .......................................................................................................... 11

1.1 INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................. 11

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... \14

1.2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 14

1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 14

Capitulo 2 – Revisão Bibliográfica ........................................................................................ 15

2.1 SISTEMA ENERGÉTICO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS .............................. 15

2.2 BIOMASSA ...................................................................................................................... 17

2.3 BIOCOMBUSTÍVEIS ...................................................................................................... 18

2.4 GLICEROL ...................................................................................................................... 19

2.5 HIDROGENÓLISE DO GLICEROL ............................................................................... 21

2.6 CATALISADORES UTILIZADOS NA HIDROGENÍLISE DO GLICEROL .................... 25

Capitulo 3 - Metodologia ........................................................................................................ 31

3.1 PREPARAÇÃO DO CATALISADOR ............................................................................... 31

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO CATALISADOR ...................................................................... 32

3.3 HIDROGENÓLISE DO GLICEROL .............................................................................. \34

Capitulo 4 – Resultados e Discussão ..................................................................................... 36

4.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO ................................................................................ 36

4.2 TESTE CATALÍTICO PARA HIDROGENÓLISE DO GLICEROL ................................. 45

Capitulo 5 – Conclusões e Sugestões ..................................................................................... 51

5.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 51

5.2 SUGESTÕES ................................................................................................................... 51

Referências bibliográficas ...................................................................................................... 52

11

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1. Introdução Geral

O mercado de energia está mudando. O acelerado crescimento econômico de países em

desenvolvimento tais como China e Índia determinam o cenário da demanda energética

mundial; o que se pode notar nos últimos anos é o investimento na eficiência da matriz

energética de modo a controlar o aumento do consumo de combustíveis. As grandes

indústrias responsáveis pelo fornecimento de energia estão atentas a isso, e através de

análises e relatórios estratégicos buscam adequar sua abordagem. Há uma perceptível

mudança no modo de produção e consumo, com uma nova preferência por combustíveis

limpos, renováveis de modo a diminuir a emissão de carbono fóssil graças aos

problemas ambientais que o mundo enfrenta e ao desenvolvimento de tecnologia que

torna essa mudança possível (BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY,

2017).

O relatório estatístico anual da British Petroleum tem servido como uma confiável fonte

de percepção sobre o mercado de combustíveis com sua compilação de dados obtidos de

governos e empresas ao redor do globo. De acordo com o mais recente relatório (2017),

o aumento do consumo de energia mundial tem apresentado valores baixos quando

comparados à média de 1,8% dos últimos 10 anos. Desde 2014 o aumento no consumo

segue em valores inferiores a 1%, consequência do aumento da eficiência na geração de

energia. Em mais um importante enfoque no mercado, o consumo médio de petróleo

mundial aumentou para 1,6 Mb/d o que equivale a um aumento de 1,6% em relação ao

ano anterior superando a média de 1,2% dos últimos 10 anos, no entanto, a fonte

energética de maior crescimento foi a renovável (na qual estão incluídos os

biocombustíveis) apresentando crescimento de 12% respondendo por aproximadamente

um terço do aumento total da fonte energética destinada ao consumo em 2016 apesar de

corresponder a apenas 4% da matriz energética mundial (BP STATISTICAL REVIEW

OF WORLD ENERGY, 2017).

Os dados compilados pelo relatório deixam claro o aumento da importância que a

energia renovável tem apresentado na história recente indicando o possível início de

uma nova revolução energética no futuro próximo. No centro desta revolução estão os

biocombustíveis, tais como bioetanol e biodiesel. Um biocombustível não possui

origem fóssil, mas é obtido através de matéria biológica renovável. O processo

12

brasileiro para obtenção do etanol a partir da cana-de-açúcar emprega a fermentação

biológica da glicose e frutose por leveduras (FELIX et al, 2014), já a produção do

biodiesel se dá a partir de óleos e gorduras naturais através da reação de

transesterificação com um álcool, em geral, metanol (VISSER et al, 2011).

O Brasil ocupou lugar de destaque no investimento e produção de biocombustíveis na

última década. De acordo com o Anuário Estatístico de 2017 publicado pela ANP, a

produção de etanol anidro e hidratado no Brasil fechou o ano de 2016 no valor de cerca

de 28.692.670 m3 ao passo que a produção de biodiesel no mesmo período atingiu o

valor de 3.801.339 m3 (ANP, 2017).

Na reação de transesterificação gera-se uma mistura de ésteres (biodiesel) e um co-

produto de 10% m/m de glicerina loira a qual contém glicerol com uma pureza superior

a 70% m/m (LEIVA-CANDIA et al, 2015). Portanto, o aumento na produção de

biodiesel ocasiona necessariamente o aumento da produção de glicerol. A atual

capacidade brasileira de produção do biodiesel (B100) gira em torno de

20.480,8 m3/dia, isso ocasionou na produção de 341.911 m

3 de glicerol em 2016 (ANP,

2017).

O glicerol é um triol cuja nomenclatura IUPAC é 1,2,3-propanotriol, é um líquido

viscoso a temperatura ambiente e possui gosto adocicado. As principais utilizações

industriais do glicerol são na indústria farmacêutica, de tabaco, alimentícia, cosmética e

de tintas (WANG et al, 2001), nelas o glicerol é usado predominantemente na forma

bruta como agente umectante, no entanto, os usos tradicionais do glicerol não geram

demanda suficiente para sua produção crescente (BEATRIZ et al, 2011). A fim de se

valorizar o processo produtivo do biodiesel, assim como impedir que o glicerol torne-se

um poluente iniciou-se uma busca por rotas de conversão para transformar o glicerol em

produtos de maior valor agregado.

Dentre as principais rotas de conversão catalítica do glicerol em estudo pode-se citar:

oxidação formando ácido glicérico, ácido tartrônico e gliceraldeído (CARRETIN et al,

2003) (CAI et al, 2014) (XU et al, 2015); eterificação formando éteres de glicerol e

poligliceróis (KLEPÁČOVÁ et al, 2003) (ADMIRAL et al, 2014); estereficação

formando acetatos de glicerol (BANCQUART et al, 2001); desidratação formando

acetol e acroleína (KATRYNIOK et al, 2010); hidrogenólise formando álcoois,

principalmente 1,2 – propanodiol (1,2 – PDO), 1,3 – propanodiol (1,3 – PDO), 2 –

13

propanol (2 – PrOH) e etilenoglicol (EG) (NAKAGAWA et al, 2011) (KUROSAKA et

al, 2007). Na hidrogenólise, há uma dissociação de ligações químicas seguida pela

hidrogenação das partes resultantes, o que é favorecido pela saturação da molécula de

glicerol e pela presença de ligações C-O já que o oxigênio atrai a densidade eletrônica

dessas ligações.

Os produtos obtidos a partir da hidrogenólise do glicerol são de grande valor industrial,

o 1,2 – PDO, por exemplo, é utilizado na produção de resinas de poliésteres, produtos

alimentares, detergentes, anticongelantes e produtos farmacêuticos (HUANG et al,

2008), já o 1,3 – PDO tem grande importância na fabricação de polímeros, fibras e

revestimentos sendo sua principal aplicação na produção do polipropileno tereftalato

(PPT) que se popularizou após a Royal Dutch Shell apresentar sua versão comercial

conhecida como polímero Corterra® em 1995 (SILVA et al, 2014).

Diversos sistemas catalíticos têm sido empregados na hidrogenólise do glicerol, o grupo

hidroxila das extremidades é mais facilmente quebrado em uma grande variedade de

situações, gerando 1,2-PDO, assim, catalisadores suportados de Cu, Ru e Rh geraram

alta seletividade para este produto por favorecer as condições em que a hidroxila das

extremidades seja quebrada (GUAN et al, 2013). Por sua vez, estudos envolvendo a

atividade catalítica de metais nobres obtiveram rendimento de 1,3 – PDO de 24% com

catalisadores de Pt/WO3/ZrO2 (KUROSAKA et al, 2007). Nakagawa et al. (2011)

investigaram o uso de Ir/SiO2 e encontraram baixos valores de conversão,

posteriormente, a adição de ReOx como promotor elevou a conversão até valores em

torno de 90% e aumentou a seletividade para geração de 1,3 – PDO (46,3%). Outro

estudo indicou maior atividade e seletividade para 1,3 – PDO utilizando-se catalisadores

Ir-Re suportados em Alumina-Silica Amorfa (ASA) tratada com HNO3, tais resultados

mostraram-se melhores do que os para catalisadores monometálicos de Ir e de Re

(DENG et al, 2015).

Este trabalho tem por objetivo estudar a interação sinérgica produzida pela adição de Ni

ao catalisador Ir/γ-Al2O3 visando elevar a conversão de glicerol e aumentar a

seletividade para os produtos principais 1,2 – PDO e 1,3 – PDO.

14

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo Geral

Elevar a conversão de glicerol e a atividade catalítica do catalisador Ir/γ-Al2O3 através

da adição de Ni como segundo metal, bem como aumentar a seletividade para os

produtos principais 1,2 – PDO e 1,3 – PDO.

1.2.2. Objetivos Específicos

Preparar catalisadores monometálicos e bimetálicos suportados pelo método de

impregnação ao ponto úmido.

Caracterizar os catalisadores para estudar suas propriedades estruturais e

elucidar a interação Ir-Ni.

Estudar o efeito da adição de Ni ao catalisador Ir/γ-Al2O3 na conversão e na

seletividade da reação de hidrogenólise do glicerol.

15

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo é realizada a revisão bibliográfica do processo de hidrogenólise do

glicerol utilizando catalisadores bimetálicos de Ir-Ni. Ele contém uma contextualização

histórica para a abordagem do tema, o porquê avalia-lo, os principais mecanismos

reacionais e uma revisão de trabalhos em catálise para esta reação.

2.1. Sistema Energético Global e Mudanças Climáticas

Antes da revolução industrial e energética, a qual ocorreu no final do século XVIII, o

crescimento econômico e o volume de produção de bens e serviços eram moderados, em

relação aos períodos anteriores. Todavia, ao gerar uma divisão de trabalho mais

complexa, junto a aplicação de tecnologias de produção em massa associada à utilização

de combustíveis fósseis, o capitalismo trouxe consigo impactos negativos ao meio

ambiente que, caso não sejam examinados com a cautela necessária, podem se tornar

catastróficos (ALVES, 2017).

O aumento da demanda de energia é impulsionada pelo crescimento econômico e

populacional. Portanto, os países em desenvolvimento é que irão ditar o crescimento da

demanda energética, bem como a sua fonte. Delgado e colaboradores (2017) fizeram

uma predição em relação aos países emergentes e não emergentes a utilização de

energia primária. A Figura 2.1 demonstra a demanda de energia em relação ao tempo

até o ano de 2040.

Fonte: Adaptado de Medlock, 2017

Figura 2.1- Demanda de Energia Primária Mundial

16

Segundo Guardabassi (2006), devido às instabilidades político-sociais entre os

principais países produtores de petróleo e os problemas ambientais que podem gerar

problemas catastróficos ao planeta e as fontes de energia renováveis são a opção mais

indicada para substituição dos combustíveis fósseis.

A Figura 2.2 apresenta as contribuições percentuais de cada fonte de energia no mundo

ao longo dos últimos cinquenta anos. É claro o aumento da importância que a energia

renovável tem apresentado na história recente indicando o possível início de uma nova

revolução energética no futuro próximo. Por outro lado, a figura 2.3 demonstra o

crescimento da utilização de energia renovável nos últimos anos.

Fonte: BP Statistical Review of World, 2017

Figura 2.2 - Contribuições Percentuais de Cada Fonte Energética no Mundo ao Longo

de 50 anos

Fonte: Adaptado de BP Statistical Review of World, 2017

Figura 2.3 - Consumo de Energia Renovável no Mundo

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Milh

õe

s d

e t

on

ela

da

eq

uiv

ale

nte

s d

e p

etr

óle

o (

mto

e)

Ano

17

Nas últimas décadas, uma das principais alternativas de energia renovável no mundo foi

a biomassa. A biomassa é definida como qualquer matéria orgânica que possa ser

transformada em energia térmica, mecânica ou elétrica. A biomassa tem origem em

resíduos sólidos urbanos – animais, vegetais, industriais e florestais- e é utilizada para

fontes alternativas de energia (CORTEZ et al, 2008).

2.2. Biomassa

A biomassa é considerada umas das fontes renováveis de energia com maior potencial

de crescimento. Ainda hoje, várias regiões do mundo utilizam a biomassa como fonte de

energia térmica e elétrica. Utiliza-se, principalmente, a madeira, carvão e resíduos

agrícolas para este fim. A China, por exemplo, possui muitas regiões que não possuem

acesso a energia elétrica e, por isso, utilizam a energia fornecida pela biomassa

(SANTOS et al, 2018).

Segundo Cortez et al. (2008), a biomassa pode ser obtida através de vários resíduos

orgânicos. Vegetais não-lenhosos, vegetais lenhosos, resíduos agrícolas, urbanos e

industriais são algumas das fontes que propiciam a obtenção da biomassa. A figura 2.4

demonstra as classificações da biomassa.

Figura 2.4 – Procedência de Biomassa

Bio

mas

sa

Vegetais não-lenhosos

Sacarídeos

Celulósicos

Amiláceos

Aquáticos

Vegetais lenhosos Madeiras

Resíduos orgânicos

Agrícolas

Urbanos

Industriais

Biofluidos Óleos vegetais

Fonte: Adaptado de Cortez et al, 2008

18

2.3. Biocombustíveis

Segundo Urquiaga et al (2005), há um crescente interesse para a utilização de

biocombustíveis como bio-etanol, biodiesel produzido pela esterificação de óleos

vegetais com metanol e etanol, lenha, entre outros. Este interesse está relacionado ao

interesse global de controlar a emissão de CO2 no planeta.

Na figura 2.5, elaborada pela BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY

(2017) é apresentado a produção mundial dos principais biocombustíveis, em “Million

Tonnes of Oil Equivalent”, onde se faz uma comparação entre as produções em 2006 e

2016. O aumento é claro e não deixa dúvidas da crescente importância destes

combustíveis no mercado global.

Fonte: BP Statistical Review of World., 2017

Figura 2.5 - Produção Mundial de Biocombustíveis entre 2006 e 2016

Conforme Geris et al (2007), o biodiesel pode ser obtido mediante a reação mostrada na

Figura 2.6.

Fonte: Geris et al, 2007

Figura 2.6 – Reação de transesterificação de triglicerídeos para a obtenção de biodiesel

Segundo Mota et al (2009), o óleo vegetal utilizado para a produção de biodíesel é um

triglicerídeo e, sob a ação de um catalisador básico e na presença de metanol ou etanol,

19

o óleo sofre uma transesterificação formando três moléculas de estéres metílicos ou

etílicos dos ácidos graxos que formam o biodiesel. Também, para cada 90 m³ de

biodiesel produzidos por transesterificação, são gerados em torno de 10 m³ de glicerol.

Portanto, é possível concluir que o crescimento da utilização de energia proveniente dos

biocombustíveis é proporcional à produção de glicerol.

Conforme Beatriz et al. (2011), a utilização de energia provenientes de fontes

renováveis, como na reação de transesterificação que gera biodiesel, gera o incoveniente

de produzir o glicerol. Contudo, o esforço da comunidade acadêmica, das politicas

sociais e da industria, vem trazendo consigo soluções para a utilização do glicerol e,

assim, viabilizando economicamente a produção de biodiesel.

2.4. Glicerol

Glicerol é um 1,2,3-propano triol que já é conhecido por mais de 2

séculos (BEHR et al, 2008).

Segundo Behr et al (2008), ele foi descoberto em 1783 pelo químico Carl Wilhelm

Scheele, enquanto o mesmo estava tratando de óleos naturais com metais alcalinos.

Segundo Leite et al (2011), conforme citado por Morrison et al. (1994), as

características físico-quimicas do glicerol puro estão na tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Características Físico-químicas do glicerol

Propriedades Valor

Massa molar (g.mol-1

) 92,09

Densidade a 20°C 1,26

Viscosidade a 20°C (mPa) 1410

Ponto de fusão (°C) 18

Ponto de ebulição a 101,3 kPa (°C) 290

Calor específico a 25 C (J.g-1

) 2,435

Entalpia de vaporização a 55 °C(J.mol-1

) 88,12

Condutividade térmica (W.m-1

.k-1

) 0,28

Calor de formação (kJ.mol-1

) 667,8

Tensão superficial a 20 °C (mN.m-1

) 63,4

pH (solução) 7

20

Segundo Behr et al. (2008), a produção de glicerol advém principalmente de gorduras e

óleos através da saponificação gerando glicerol e sabão, da hidrólise gerando glicerol e

ácidos graxos ou da transesterificação utilizando metanol gerando glicerol e ésteres

metílicos de ácidos graxos. No passado, a produção de glicerol provinha da rota

petroquímica apresentada na Figura 2.7 em que o propileno é convertido a epicloridrina

e esta a glicerol, porém atualmente o foco em plantas de produção de glicerol vem

diminuindo e o foco em plantas de consumo de glicerol vem aumentando (BEATRIZ et

al, 2011).

Fonte: Beatriz et al, 2011

Figura 2.7 – Produção de Glicerol pela Via Petroquímica

O glicerol é amplamente utilizado na indústria, todavia, sua demanda não consegue

suprir sua produção atual devido a alta produção do biodiesel (BEATRIZ et al, 2011).

Conforme Ciriminna et al. (2014), o glicerol refinado é classificado em três classes:

Technical Grade: Usado como produto em sínteses de elementos químicos.

USP Glycerol: Advindo de gordura animal ou plantas e é utilizado para produção

alimentícia ou farmacêutica.

Kosher Glycerol: Proveniente exclusivamente de plantas. Utilizados para produção de

alimentos.

Um dos maiores problemas para o escoamento do glicerol produzido está na presença

de impurezas advindas do processo de síntese do biodiesel. Ciriminna et al. (2014)

indica que, devido a presença de metanol no glicerol, o processo é encarecido por

consequência das purificações posteriores do glicerol. Além do metanol, a presença de

21

alta concentração de sais e ácidos graxos impede a utilização direta do glicerol para

determinados mercados.

A tabela 2.2 indica os graus de pureza de acordo com a utilização do glicerol enquanto a

figura 2.8 e a Tabela 2.3 demonstram as principais utilizações do glicerol.

Tabela 2.2. Pureza do Glicerol

Glicerol Refinado Pureza

Technical grade 95,50%

USP (Proveniente de Vegetais) 96%

USP (Proveniente de Gorduras) 99,50%

Fonte: Ciriminna et al, 2014

Tabela 2.3. Usos do Glicerol nos Principais Mercados Mundiais

Uso

Porcentagem da Produção Anual

USA

(160000 t/ano)

Europa

(190000 t/ano)

Japão

(50000 t/ano)

China

(80000 t/ano)

Fármacos 39,5 23,1 34 5,2

Tabaco 15,8 2,5 5,3 7,3

Triacetato de

Glicerina - 14,4 - -

Alimentação 14,5 5,6 - -

Poliéter Álcool 10,5 13,1 11,6 5,2

Tintas 9,2 13,1 19,5 49

Celofane 2 4,4 3,8 1,5

Dinamite 0,6 3,1 1,9 3,1

Pasta de Dentes - - - 16

Cosméticos - - - 6,3

Miscelâneas 7,9 20,6 23,9 7,2

Fonte: Wang et al, 2001

22

Fonte: Adaptado de Ciriminna et al, 2014.

Figura 2.8 – Utilização do glicerol no mundo

Observa-se na figura 2.8 a clara diminuição da utilização do glicerol no seu uso

tradicional, que inclui farmacêuticos, higiene pessoal e tabaco como apresentado na

Tabela 2.3. A tendência crescente é o uso do glicerol como um insumo químico,

enquadrando-se cada vez mais na categoria technical grade.

2.5. Hidrogenólise do Glicerol

Durante a hidrogenólise, uma ou mais ligações C-O são rompidas e as partes resultantes

são hidrogenadas; ligações C-C também podem ser rompidas durante a hidrogenólise e

os produtos finais obtidos assim como a seletividade dependerá das condições

reacionais e do sistema catalítico.

Os principais produtos obtidos na hidrogenólise do glicerol são glicóis, tais como 1,2 –

propanodiol (1,2 – PDO); 1,3 – propanodiol (1,3 – PDO); etilenoglicol (EG); acroleína;

acetol e moléculas maiores como 2 – etil – 4 – hidroximetil – 1,2 – dioxolano. Também

há a formação de álcoois como 1 – propanol e 2 – propanol (PrOHs). Alguns desses

produtos possuem maior valor comercial que o glicerol, tal como apresentado na Tabela

2.4 (RAKSAPHORT et al, 2014).

2%

13%

1%

16%

2%

66%

Mercado Global da Glicerina Refinada de 2009 (0,9 Milhões

de Tonelada)

Biometanol

Energia

Epicloridrina

Nutrição Animal

Substituição doGlicol

Uso Tradicional

1% 6%

8%

11%

15%

3% 6%

50%

Mercado Global da Glicerina Refinada de 2016 (2 Milhões

de Tonelada)

Ácido Acrílico

Biometanol

Energia

Epicloridrina

NutriçãoAnimal

PropilenoGlicol

Substituiçãodo Glicol

UsoTradicional

23

O maior interesse das rotas de conversão elaboradas é a obtenção de 1,2 – PDO e 1,3 –

PDO graças a sua aplicabilidade industrial e em parte devido à baixa eficiência atômica

resultante da conversão do glicerol em PrOHs e EG, no caso da formação de PrOHs são

necessárias duas moléculas de hidrogênio por molécula de produto ao passo que na

produção de EG apenas dois átomos de carbono do glicerol são aproveitados. O 1,3 –

PDO encontra aplicação na indústria polimérica, sendo usado como monômero em

policondensações para formar poliésteres, poliéteres e poliuretanos. Um dos grandes

exemplos da utilização do 1,3 – PDO é o polipropileno tereftalato (PPT) que consiste

em um poliéster biodegradável produzido comercialmente pela Shell e DuPont. Já o 1,2

– PDO é empregado como monômero em resinas de poliéster e como agente

anticongelante, além disso encontra uso nas indústrias de tintas, detergentes, cosméticos

e alimentícia (NAKAGAWA et al, 2011).

Tabela 2.4 – Valores de Produtos da Hidrogenólise do Glicerol

Nome IUPAC

Outros Nomes

USD/lb

(fórmula molecular) (Pureza em %)

Propanotriol Glicerol 0,05 (80%)

(C3H8O3)

Propano – 1,2 – diol 1,2 – Propanodiol; Propilenoglicol

4,77 (>99,5%)

(C3H8O2) 0,52 (99,5%)

Propano – 1,3 – diol 1,3 – Propanodiol; Trimetilenoglicol 102,34 (>98%)

(C3H8O2)

2 – Propenal Acroleína 68,18 (97%)

(C3H4O)

Etano – 1,2 – diol Etilenoglicol

2,96 (99,9%)

(C2H6O2) 0,84 (99%)

Fonte: Adaptado de RAKSAPHORT et al. 2014

Não existe um mecanismo único proposto para a hidrogenólise do glicerol, sendo um

sistema complexo que depende do catalisador e dos parâmetros reacionais, assim o

24

mecanismo proposto e os produtos finais também serão dependentes destes fatores. O

tempo de residência por exemplo influenciará na formação de PrOHs já que são obtidos

a partir da hidrogenólise dos dióis formados durante a reação (ZHU, 2012).

Estudos realizados em catalisadores de Ru sulfatado suportados em carbono sugerem

um mecanismo para formação do 1,2 – PDO no qual é estabelecido um equilíbrio de

hidrogenação/desidrogenação entre glicerol e gliceraldeído, seguido pela quebra da

ligação C-O no carbono 3 do gliceraldeído em um processo de desidroxilação formando

2 – hidroxiacroleína, por fim a hidrogenação desta última produz o 1,2 – PDO. Este

mecanismo é similar ao observado em catalisadores de cobre Raney e possibilitado por

hidroxilas que se adsorvem nas partículas de Ru sulfatado segundo os autores

(MONTASSIER, 1991). A figura 2.9 demonstra esse mecanismo.

Fonte: JORRÍN (2014)

Figura 2.9 – Hidrogenólise de Glicerol a 1,2 – PDO via gliceraldeído

Em contrapartida, estudos mais recentes utilizando catalisadores de metais nobres como

Ru e Pt assim como Cu e cromito de Cu detectaram a presença de acetol como

intermediário reacional, este fato associado a um prévio tratamento de redução com uma

corrente de hidrogênio aplicado aos catalisadores que inibe a existência de hidroxilas

adsorvidas na superfície catalítica levaram à proposição de outro mecanismo para

formação do 1,2 – PDO. Neste, o glicerol é desidratado a acetol que em seguida reage

com H2 formando 1,2 – PDO, a desidratação pode gerar 3 – hidroxipropionaldeído e

neste caso a hidrogenação produzirá 1,3 – PDO (DASARI et al, 2005).

Fonte: MOTA (2016)

Figura 2.10 – Hidrogenólise de Glicerol para produção de 1,2 e 1,3- PDO

25

Nos casos anteriores o principal produto obtido é o 1,2 – PDO, há estudos que

obtiveram maior seletividade para o 1,3 – PDO utilizando catalisadores de metais

nobres (Ir, Rh e Pt) promovidos por óxidos de Mo, Re e W (NAKAGAWA et al, 2011)

(KUROSAKA et al, 2007). Um mecanismo proposto para este caso é a adsorção do

glicerol no óxido formando um alcóxido através de um dos grupos OH nas

extremidades formando uma ligação C – O – M (M= Mo, Re ou W). Em seguida, o H2 é

ativado na superfície do metal nobre e reage com o grupo OH adjacente à ligação

alcóxida, o produto final é então dessorvido. Um esquema representando o mecanismo é

encontrado na Figura 2.8. A formação do 1,2 – PDO apenas é possível quando o

grupamento OH central do glicerol forma o alcóxido, o que não é tão favorecido

(NAKAGAWA et al, 2011).

Fonte: AMADA et al. (2011)

Figura 2.11 – Representação Esquemática do Mecanismo de Hidrogenólise Direta sobre

o Catalisador

2.6. Catalisadores Utilizados na Hidrogenólise do Glicerol

Ao longo dos anos, variados sistemas catalíticos foram testados na investigação da

hidrogenólise do glicerol. Catalisadores baseados em metais nobres e não nobres,

monometálicos e bimetálicos, com co-catalisadores ácidos e básicos, promovidos por

óxidos metálicos e utilizando diferentes solventes para o glicerol.

Catalisadores baseados em cobre são amplamente explorados na hidrogenólise a fim de

produzir 1,2 – PDO. O cromito de cobre fornecido pela Sud-Chemie foi o catalisador

comercial que proporcionou maior conversão (54,8%) e rendimento para 1,2 – PDO

(46,6%) dentre os catalisadores testados por Dasari et al. (2005) sob as mesmas

condições. Diversos outros estudos exploram diferentes condições e modificações em

26

catalisadores envolvendo Cu, como etapas de calcinação e redução em Cu/γ-Al2O3

(VILA et al, 2012), o comportamento de catalisadores bimetálicos Cu-Ru em γ-Al2O3 e

ZrO2 (SOARES et al, 2016) e adição de modificadores como P2O5 em catalisadores

Cu/SiO2 (SEPÚLVEDA et al, 2017).

Catalisadores baseados em metais nobres são conhecidos por ativar as moléculas de gás

hidrogênio. Isso levou à exploração destes catalisadores na hidrogenólise do glicerol.

Uma série de estudos procurou aperfeiçoar os catalisadores baseados em metais nobres

empregando o uso de ácidos, Kusunoki et al. (2005) estudaram os efeitos da adição de

grupos funcionais ácidos a catalisadores de Pt, Ru, Rh e Pd suportados em carvão

ativado em condições brandas de reação (453 K, pressão inicial de H2 de 8,0 MPa,

solução de 20% (m/m) de glicerol em água e 10 h de reação). A adição de H2WO4 aos

catalisadores Ru/C e Rh/C significativamente aumentaram as seletividades para 1,2 –

PDO e 1,3 – PDO porém as conversões permaneceram baixas. Foi com a resina de troca

catiônica Amberlyst 15 juntamente com Ru/C que melhores resultados foram obtidos,

sem a resina os valores de conversão e seletividade para 1,2 – PDO eram 6,3% e 17,9%,

respectivamente. Com a resina estes valores chegaram a 40,7% e 43,1% na temperatura

inferior de 413 K, o valor de pH para a mistura reacional contendo a resina foi medido

como 3,2. O aumento na conversão e seletividade pode ser explicado pelo mecanismo

de desidratação do glicerol a acetol e posterior hidrogenação, no qual o ácido catalisa a

desidratação e o metal catalisa a hidrogenação.

Em 1991, Montassier et al. estudaram a hidrogenólise do glicerol utilizando

catalisadores de Ru suportados em carvão ativado, os autores realizaram a reação a

temperaturas de 463 K, 483 K e 503 K e calcularam a energia de ativação aparente entre

70 e 80 kJ/mol Os resultados apontaram para maior atividade catalítica na hidrogenólise

com aumento no tamanho das partículas de Ru, o que foi explicado pela maior

oxidabilidade de partículas de Ru menores desativando sítios ativos. O tamanho das

partículas, no entanto, não afetou a seletividade, definida como sendo a razão entre a

taxa de produto formado e a taxa de consumo do reagente, os autores encontraram 50%

para EG, 25% para etano, 12% para 1,2 – PDO, 7% para propano e 6% para metano a

483 K, empregando 6 Mpa de H2 e concentração de 0,44 M para a solução de glicerol

em água. Ao modificar um dos catalisadores com enxofre percebeu-se que a atividade

catalítica na hidrogenólise tornou-se 50 vezes menor comparada ao mesmo catalisador

27

não modificado, porém, a seletividade para 1,2 – PDO aumentou para 80% indicando o

desfavorecimento de múltiplas quebras de ligações C-O e C-C.

Diversos estudos continuaram a linha de catalisadores baseados em Ru, Feng et al.

(2008) estudaram os efeitos de vários suportes em catalisadores baseados em Ru para a

hidrogenólise do glicerol, assim como o efeito da temperatura de redução. O que foi

encontrado em relação aos suportes foi que a atividade catalítica cresce na seguinte

ordem: Ru/SiO2 < Ru/NaY < Ru/γ-Al2O3 < Ru/C < Ru/TiO2. O catalisador suportado

em TiO2 apresentou conversão de glicerol de 90,1% a 180°C e 5 MPa de H2 para uma

solução de 5 mL de glicerol em água 20%(m/m). Nas mesmas condições, o catalisador

Ru/SiO2 apresentou apenas 3,1% de conversão. Observou-se que o inverso ocorreu em

relação à seletividade para o 1,2 – PDO, Ru/TiO2 apresentou 20,6% de seletividade para

1,2 – PDO (a mais baixa dentre os catalisadores) e 41,3% para EG, ao passo que

Ru/SiO2 apresentou 55,2% para 1,2 – PDO (a mais alta dentre os catalisadores) e 12,5%

para EG.

Os autores verificaram que nenhum dos suportes eram capazes de catalisar a

hidrogenólise por si só e atribuíram as diferenças na atividade ao tamanho das partículas

de Ru, segundo eles, menores partículas aumentam a atividade catalítica como

verificado nos catalisadores testados onde a diminuição das partículas, verificada por

DRX e MET, acompanha o aumento na atividade. A natureza do suporte influencia no

tamanho das partículas, assim como na rota da reação, sendo que os suportes SiO2 e γ-

Al2O3 favorecem a rota de formação de 1,2 – PDO pelo mecanismo proposto por

Montassier et al. e TiO2 favorece a formação de EG através de um mecanismo que

substitui a etapa de desidroxilação por uma retroaldolização. O suporte de carvão

ativado favorece tanto as quebras de ligações C-O quanto C-C evidenciado por

seletividades muito próximas para 1,2 – PDO e EG.

Quanto à temperatura de redução, os autores testaram os efeitos em catalisadores

Ru/TiO2, ao que concluíram que o aumento da temperatura provocava diminuição da

atividade catalítica e seletividade para 1,2 – PDO. Efeito atribuído à sinterização das

partículas de Ru, que aumentava seus tamanhos e à fortes interações entre o metal e o

suporte que geravam a espécie Ti2O3 que recobria parte do Ru. A temperatura ótima

para redução encontrada foi 200°C, os autores também otimizaram as condições de

reação para Ru/TiO2 a fim de gerar a máxima conversão com máxima seletividade para

28

1,2 – PDO, essas condições são 170°C e 3 Mpa de H2 para 5 mL de glicerol em água

20%(m/m) utilizando 102 mg de catalisador e empregando 12 h de reação, esses valores

geram 66,3% de conversão e uma seletividade de 47,7% para 1,2 – PDO.

Testando diversos catalisadores comerciais, Dasari et al. (2005) verificaram a conversão

obtida e seletividade para o 1,2 – PDO empregando condições reacionais brandas, a

saber temperatura de 200°C e 200 psi de H2. Catalisadores de Pt, Pd e Ru suportados em

carvão ativado foram testados e apresentaram conversões abaixo de 50%, os

catalisadores utilizando Ru e Pd favoreceram tanto quebra de ligações C-C quanto C-O

o que diminuiu a seletividade para 1,2 – PDO, resultado similar é reportado por Feng et

al. (2008)

Ainda analisando catalisadores baseados em metais nobres, Checa et al. (2012)

estudaram o comportamento de diversos catalisadores de platina. Os suportes

empregados nos catalisadores monometálicos de Pt foram Al2O3, ZnO, CeO2 e La2O3 e

as condições reacionais foram temperatura de 180°C, concentração de glicerol de 1,36

M em água e pressão inicial de H2 de 6 bar ou 10 bar. Os principais produtos obtidos

foram 1,2 – PDO, acetol e etilenoglicol, de acordo com os resultados dos autores

maiores pressões iniciais de H2 (10 bar) levaram a menores conversões de glicerol (2 –

12%) e maiores seletividades para 1,2 – PDO (35 – 98%) ao passo que pressões

menores (6 bar) levaram a maiores conversões (11 – 37%) e menores seletividades para

1,2 – PDO (17 – 44%). A 6 bar, a performance dos catalisadores em termos de

rendimento de 1,2 – PDO pode ser resumida em: Pt/La2O3 > Pt/CeO2 > Pt/ZnO2 >

Pt/Al2O3.

Os autores afirmam que a hidrogenólise é catalisada tanto pelo sítio metálico quanto

pela acidez proporcionada pelo suporte, a acidez favorece a desidratação do glicerol

gerando acetol ao passo que as partículas metálicas favorecem a hidrogenação do acetol

gerando 1,2 – PDO. Além disso os autores realizaram estudos de desativação, os

resultados do estudo indicam que a acidez do suporte pode causar a oligomerização do

1,2 – PDO em estruturas poliméricas o que diminui o rendimento da reação. Portanto é

necessária uma eficiente combinação de fase metálica ativa e acidez superficial

apropriada por parte do suporte, no caso do estudo o catalisador que melhor atendeu a

essas condições foi o Pt/ZnO2.

29

Catalisadores baseados em irídio têm sido testados na hidrogenólise do glicerol, muitos

estudos associados a este tipo de catalisador envolvem modificações com óxidos

metálicos (KUROSAKA et al, 2007; AMADA et al, 2011; NAKAGAWA et al, 2010).

A adição de ReOx ao catalisador Ir/SiO2 aumentou a baixa atividade catalítica em 2

ordens de grandeza além de favorecer a seletividade para o 1,3 – PDO, o produto mais

valioso obtido da hidrogenólise do glicerol. A seletividade inicial para este catalisador

foi de cerca de 67% para 1,3 – PDO e a reação obteve um rendimento máximo para este

produto de 38% a 36 h de reação. De acordo com os autores, a interação sinérgica entre

o Ir e o Re foi o que de fato gerou os resultados observados e catalisadores

monometálicos de Ir ou ReOx não são capazes de fornecer as condições para o

mecanismo de hidrogenólise direta sobre a superfície do catalisador. Testes envolvendo

a hidrogenólise do 1,2 – PDO indicaram a formação de 1 – propanol como produto

principal, o que sugere que o grupamento OH adjacente a um grupamento OH em

carbono primário é muito mais reativo que os demais, entre outras razões devido a um

fator estérico (NAKAGAWA et al, 2010).

Deng et al. (2015) estudaram as características de um catalisador bimetálico composto

por Ir e Re suportados em silica alumina amorfa (ASA) e ASA após tratamento de

desaluminação (D-ASA). Os autores determinaram que os catalisadores Ir-Re/D-ASA

apresentam valores de conversão e rendimento para 1,3 – PDO muito superiores ao do

Ir-Re/ASA que é quase inativo com apenas 4,1% de conversão. Além disso, dois

diferentes tratamentos para a desaluminação foram feitos, sendo um mais brando

resultando no que foi nomeado no estudo como o suporte D-ASA-0.5 e um mais intenso

gerando o suporte D-ASA-2.0, este último possui a menor razão Si/Al e maior área

superficial possivelmente devido a desocupação de poros gerada pela desaluminação. Ir-

Re/D-ASA-2.0 apresentou a maior conversão e seletividade para 1,3 – PDO chegando a

um rendimento de 21,2% para o 1,3 – PDO em contraste com 12% atribuído ao Ir-

Re/D-ASA-0.5, a maior atividade dos catalisadores em suportes desaluminados sugere

que a espécie Al superficial é desfavorável para a hidrogenólise. A explicação dos

autores, através da caracterização do catalisador, afirma que um alto teor de Al

superficial causa uma forte interação entre Re e o suporte, isso causa uma alta disperção

das partículas de Re e impede a formação efetiva de uma liga de Ir-Re que efetivamente

atua como sítio ativo para o catalisador. A sinergia entre Ir e Re é fundamental para o

processo e é impedida pelas interações de Re com o Al superficial.

30

Buscando explorar as características de possíveis ligas formadas com o Ir na

hidrogenólise do glicerol, este trabalho busca estudar as propriedades químicas e físicas

de catalisadores bimetálicos de Ir-Ni suportados em γ – Al2O3. Diferentes razões Ir/Ni

serão avaliadas em reação assim como seu efeito na atividade catalítica e na seletividade

para os produtos de interesse.

31

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA

Neste capítulo será apresentada a metodologia para os procedimentos experimentais

empregados no estudo da hidrogenólise seletiva de glicerol utilizando catalisadores

heterogêneos baseados em Ir-Ni.

3.1. Preparação do Catalisador

O suporte empregado foi γ - Al2O3 comercial (Puralox HP-14) que foi calcinada a

600 °C a uma taxa de 5 °C/min durante 4 h. Os catalisadores de irídio e níquel foram

preparados pelo método da impregnação seca (ou ao ponto úmido), utilizando soluções

de H2IrCl6.xH2O (Sigma-Aldrich) e Ni(NO3)2.9H2O como precursores garantindo um

teor de 2% (m/m) de Ir em todos os catalisadores e de 3% (m/m) de Ni no catalisador

monometálico Ni/ γ - Al2O3. O catalisador calcinado monometálico de Ni (Ni_C) foi

obtido após a secagem do sólido a 100 °C durante 16 h, seguido de calcinação a 500 °C

durante 4 h a uma taxa de aquecimento de 10°C/min. O catalisador monometálico de

irídio foi seco a 70 °C por 16 h, devido ao baixo ponto de fusão do H2IrCl6.xH2O

(65°C). Por fim, o catalisador calcinado monometálico de irídio (Ir_C) foi preparado

por calcinação a 400°C durante 4 h a 10°C/min.

Para a preparação dos catalisadores bimetálicos de Ir-Ni, o teor de Ir foi mantida a

2% (m/m) e a de Ni foi ajustada para prover uma razão molar de Ni/Ir = 0,5; 1,0 e 2,0,

resultando em teores de Ni de 5,208 x 10-3

% (m/m), 0,0104% (m/m) e 0,0208% (m/m)

respectivamente. Para a preparação desses catalisadores, primeiramente, o suporte foi

impregnado com Ni(NO3)2.6H2O (Sigma-Aldrich) em solução aquosa. Os precursores

foram secos a 100 °C durante 16 h e calcinados a 500 °C a uma taxa de aquecimento de

10 °C/min durante 4 h. Finalmente, as amostras foram impregnadas com uma solução

aquosa de H2IrCl6.xH2O (Sigma-Aldrich) e secados a 70 °C durante 16 h. Por fim, parte

dos catalisadores passaram por uma calcinação feita a 500 °C a 10 °C/min durante 4 h,

esses catalisadores foram rotulados como catalisadores bimetálicos calcinados (IrNix_C)

os catalisadores não calcinados são designados somente por IrNix. Um esquema dessa

preparação é mostrado na Figura 3.1.

Os catalisadores calcinados e não calcinados (IrNix_C e IrNix, respectivamente) foram

reduzidos e passivados em um reator de leito fixo antes dos testes catalíticos. Os sólidos

foram secos a 150 °C por 30 min em uma vazão de 30 mL/min de He e resfriados a

32

temperatura ambiente. A redução ocorreu a 500 °C em uma vazão de H2 de 30mL/min

durante 2 h, após o que os catalisadores foram passivados com uma vazão de 5% O2/He

e resfriados em N2 líquido por cerca de 5 minutos.

Figura 3.1 - Fluxograma da Preparação dos Catalisadores

3.2. Caracterização do Catalisador

Diversas técnicas de caracterização foram empregadas para se estudar as propriedades

catlíticas. Isotermas de adsorção de nitrogênio foram medidas utilizando o equipamento

ASAP 2020 Micromeritics, as áreas específicas foram calculadas utilizando a equação

de Brunauer-Emmett-Teller (BET). Para se determinar as fases cristalinas, difração de

raios X (DRX) foi feita utilizando um espectrômetro Miniflex RIGAKU (radiação

Suporte -Al2O3 calcinado a 600°C

durante 4h com uma taxa de 5°C/min

Impregnação com o precursor:

Ni(NO3)2.9H2O Teor de Ni: 3% (m/m)

Ni_C: Secagem do sólido a 100°C durante 16h,

seguido de calcinação a 500 ºC durante 4h a uma taxa de aquecimento de

10°C/min

Impregnação com o precursor:

H2IrCl6.xH2O Teor de Ir: 2% (m/m)

Ir_C:

Secagem do sólido a 70 °C por 16h, seguido de

calcinação a 400 °C durante 4h com taxa de

aquecimento de 10°C/min

Impregnação com o precursor:

Ni(NO3)2.6H2O Teor de Ni: Ajustada para

razões Ni/Ir de 0,5; 1,0 e 2,0. Secagem a 100 ºC por 16 h e calcinação a 500 ºC por 4 h a

10 ºC/min

Impregnação com o precursor:

H2IrCl6.xH2O Teor de Ir: 2% (m/m)

Secagem a 70 ºC por 16 h

Preparação dos catalisadores calcinados:

Os precursores foram calcinados a 500 °C a

uma taxa de aquecimento de 10 °C/min durante 4h

IrNi2/-Al

2O

3_C

Ir Ni/-Al2O

3_C

Ir Ni0,5

/Al2O

3-C

Catalisadores não calcinados

Ir Ni2/-Al

2O

3

Ir Ni/-Al2O

3

Ir Ni0,5

/Al2O

3

33

CuKα). Os difratogramas foram obtidos entre 2θ=10° e 80° usando um passe de 0,02°

(1 ciclo/s).

Os experimentos de redução à temperatura programada (TPR) foram feitos com uma

unidade multipropósito acoplada a um espectrômetro de massa quadrupolar

(Prisma/Pfeiffer). As amostras foram secas a temperatura de 150 °C por 30 min sob

vazão de He de 30mL/min e resfriadas a temperatura ambiente. Em seguida, as amostras

foram submetidas a vazão de 30 mL/min de 5% H2/Ar e a temperatura foi aumentada

até 1000 °C com uma taxa de 10 °C/min.

A análise de quimissorção de CO foi realizada no equipamento ASAP 2010

Micromeritics empregando o método volumétrico. Amostras com cerca de 600 mg

foram secas com He em uma vazão de 30 mL/min a 100 °C durante 30 min e reduzidas

empregando uma vazão de 30 mL/min de H2 a 500 ºC por 2 h. A amostra foi

desgaseificada a 500 °C durante 60 minutos, e uma outra vez a 35 °C durante 30

minutos. As isotermas de adsorção total e reversível do CO foram medidas a 35 °C e a

razão CO/Metal foi calculada pela adsorção irreversível de CO.

As análises de espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios X (XPS) foi feita

utilizando o espectrômetro ESCALAB 250Xi (Thermo Fisher Scientific) com raio-X

monocromático Al Kα com tamanho de ponto de 900 μm.

A carga superficial dos materiais isolantes foi compensada usando uma "flood gun"

integrada no equipamento, com uma abertura aproximada de 900 um. Os

espectros Survey foram obtidos com um pass energy de 100 eV e os espectros

específicos (Ir4f, Al2p, Ni2p) usando um pass energy de 25 eV.

Os espectros forma adquiridos, analisados e ajustados usando o software Advantage,

usando uma função Lorentziana/Gaussiana e um background tipo Shirley. Os espectros

do Ir4f foram ajustados com uma restrição de energia de 3 eV de separação entre os

picos Ir4f5/2 e Ir4f7/2, uma razão de área de 0,75:1, respectivamente, e um intervalo de

lagura à meia altura, FWHM, de 0,5-2,5 eV. Os espectros do Ni2p foram ajustados com

uma restrição de energia de 17,5 eV de separação entre os picos Ni2p3/2 e Ni2p1/2, uma

razão de área de 1:0,52, respectivamente, e um intervalo de lagura à meia altura,

FWHM, de 1,0-2,7 eV. O desvio padrão, STD dos espectros ajustados foi de

34

aproximadamente 0,9 para todos os catalisadores. A calibração da energia de ligação

(binding energy, BE) foi realizada a partir do sinal do carbono (C1s = 284,8 eV).

A caracterização da estrutura morfológica e nanoestrutural do catalisador passivado foi

feita utilizando o equipamento FE Tecnai G2 Spirit Twin TEM com filamento Lab6

operando a 120 kV.

3.3. Hidrogenólise do Glicerol

A hidrogenólise do glicerol foi feita em um reator autoclave (Parr Instruments Co.) com

volume de 300 mL. Foram colocados inicialmente 10,6 g de Glicerol (Vetec Brasil),

40,6 g de água deionizada e 1,6 g de catalisador com razão molar entre Glicerol e Irídio

de 714. O reator foi purgado com uma vazão de H2 de 100 mL/min para remover o ar

que se encontrava no sistema. Após 10 minutos, a pressão de H2 foi aumentada para 360

psi, a velocidade de agitação foi ajustada para 500 rpm e a temperatura foi ajustada para

200°C. Após o tempo de reação, que foi de 12 h, o reator foi resfriado até a temperatura

ambiente e a fase gasosa foi coletada e analisada em um cromatógrafo Micro-GC 490

(Agilent) equipado com 3 colunas, as quais são: M5A para análise dos gases

permanentes (H2, O2,N2, CH4, e CO), 5CB para hidrocarbonetos entre C3 e C6 e PPU

para CO2 e etano.

A fase líquida foi quantificada em um cromatógrafo GC-MS QP2010Plus (Shimadzu)

equipado com uma coluna capilar (Rtx-Wax). Os produtos foram identificados usando o

software GC-MS Solutions, utilizando as informações dos bancos de dados NIST05 e

NIST05 s. Os produtos identificados foram o 1,2 – propanodiol e 1,3 – propanodiol,

propanol, etilenoglicol, isopropanol, etanol, metanol e acetona. Os valores iniciais de

TOF foram estimados para cada catalisador a partir das taxas de reação iniciais,

supondo uma reação de primeira ordem e utilizando a quimissorção em CO para estimar

o número de sítios ativos do metal. A seletividade do produto foi calculada empregando

um balanço de massa com base no carbono para a fase líquida, utilizando-se da seguinte

equação:

𝑆𝑒𝑙𝑒𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒(%) = (𝑗 . 𝑦𝑖

∑ (𝑗𝑖 . 𝑦𝑖)𝑖) . 100

35

Na qual Ji é o número de carbonos no produto i e yi é a fração molar do produto i. Para

todas as reações, os produtos obtidos em fase gasosa (CO, CO2 e CH4 ) não foram

considerados para os cálculos, já que suas seletividades foram desprezíveis (< 0,5%).

36

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo destina-se à apresentação dos resultados da caracterização do catalisador

assim como os dos testes catalíticos acompanhados pela interpretação e discussão dos

seus aspectos e relevância. Os dados obtidos são apresentados em gráficos e tabelas.

4.1. Ensaios de Caracterização

Os catalisadores foram submetidos a uma análise de difração de raios X a fim de se

estudar as estruturas cristalinas formadas durante a sua preparação. A Figura 4.1

apresenta os difratogramas dos catalisadores bimetálicos não-calcinados antes e após o

processo de redução.

20 30 40 50 60 70 80

Al2O

3

IrNi/Al2O

3_Red

IrNi/Al2O

3

IrNi0,5

/Al2O

3

IrNi0,5

/Al2O

3_Red

IrNi2/Al

2O

3_Red

IrNi2/Al

2O

3

Inte

nsid

ade R

ela

tiva (

u. a.)

2

Figura 4.1 – Resultados da Difração de Raios–X para Catalisadores Não Calcinados

Os picos identificados em todas as curvas estão associados à estrutura cristalina do

suporte γ – Al2O3, a saber 2θ = 32,7º; 36,9º; 39,5º; 45,6º e 67,0º (PDF Nº 066558) e

percebe-se que não houve indicação de alteração estrutural após os processos de

redução e passivação. Nenhum indício de espécies contendo Ir e Ni foi identificado,

Tian et al. (2001) analisaram o catalisador Ir/γ – Al2O3 na decomposição do peróxido de

hidrogênio e afirmaram que partículas pequenas e dispersas de Ir metálico produzem

37

picos difusos e amplos, sendo assim acredita-se que as espécies contendo Ir e Ni nos

catalisadores não-calcinados estão presentes na forma de partículas pequenas e bem

dispersas ao longo do suporte de modo que somente a estrutura cristalina da γ – Al2O3 é

identificada.

A Figura 4.2 contém os difratogramas para os catalisadores mono e bimetálicos que

foram calcinados a 500 ºC por 4 h a uma taxa de 10 ºC/min, no caso dos catalisadores

monometálicos Ir/γ – Al2O3 e Ni/γ – Al2O3 somente picos para o suporte foram

identificados. A razão para isso pode ser a mesma exposta anteriormente, na qual as

partículas das espécies contendo Ir e Ni são de pequeno tamanho e bem dispersas ao

longo do suporte.

20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsid

ad

e r

ela

tiva

(u

. a

.)

2

Al2O

3

IrO2

IrNi/Al2O

3

Ir/Al2O

3

IrNi0.5

/Al2O

3

Ni/Al2O

3

IrNi2/Al

2O

3

Figura 4.2 - Resultados da Difração de Raios–X para Catalisadores Calcinados

No que se refere aos catalisadores bimetálicos calcinados além dos picos característicos

ao suporte foram identificados picos da espécie IrO2 em 27,6º; 34,5º e 53,7º (PDF Nº

431019), nenhum outro pico pertinente a outras espécies de Ir ou Ni foi identificado. A

explicação para este fenômeno nos catalisadores bimetálicos pode ser a sinterização do

irídio resultado da calcinação a 400 ºC. Fiedorow et al. (1978) estudaram a sinterização

de catalisadores de Ir suportados e verificou que a 400 ºC na presença de oxigênio as

38

partículas de Ir começam a sinterizar e a reduzir a dispersão chegando a uma redução de

7% na dispersão após 4 h de tratamento térmico e 49% após 16 h. Visto que tanto o

catalisador Ir/γ – Al2O3 quanto os bimetálicos foram preparados de modo a se obter um

teor de 2% (m/m) para o irídio e no entanto a sinterização só foi verificada nos

catalisadores bimetálicos, assume-se que uma interação sinérgica entre o Ir e o Ni

favoreceram este processo.

Os resultados para a redução a temperatura programada (TPR) realizada nos

catalisadores calcinados são apresentados na Figura 4.3. Foram identificados 3 picos de

consumo de H2 para o catalisador monometálico Ni_C, a 170 ºC, 580 ºC e 850 ºC

indicando redução de espécies contendo Ni nessas três temperaturas.

200 400 600 800 1000 1200

255 °C

263 °C

254 °C

230 °C

850 °C580 °C

Con

sum

o de

H2 (u

. a.)

Temperatura (°C)

Ir_C

IrNi0.5

_C

IrNi1.0

_C

IrNi2 _C

Ni_C170 °C

Constante

Figura 4.3 – Perfil de TPR para os Catalisadores Calcinados

Li et al. (1995) estudaram os efeitos do método de preparação de catalisadores NiO/ γ –

Al2O3 na redução a temperatura programada, de acordo com os autores quando há teor

de Ni suficientemente alto em um catalisador preparado a partir do método de

impregnação há o aparecimento de um pico de consumo de H2 em aproximadamente

250 ºC que pode se deslocar para temperaturas menores com o aumento do teor de Ni.

Os autores atribuíram este pico a espécies de NiO bem dispersas ao longo da superfície

da alumina, porém com baixa interação com o suporte, desta forma infere-se que o

primeiro pico identificado no catalisador Ni_C localizado a 170 ºC seja atribuído a estas

39

espécies. O pico localizado a 580 ºC é atribuído à redução de partículas de NiO que de

fato interagem com o suporte, de acordo com observações feitas por Scheffer et al os

íons de alumínio inibem a etapa de nucleação característica da redução de Ni, ainda

segundo os autores o último pico é atribuído à redução da espécie aluminato de níquel

NiAl2O4 formada pela difusão de íons níquel dentro do suporte.

Um pico a 255 ºC foi identificado para o catalisador monometálico de irídio e atribuído

à redução de óxidos e cloretos de irídio como interpretado por Pamphile-Adrian et al.

(2016) em um estudo analisando diversos catalisadores de Ir suportados na cisão

seletiva de ligações C – C e C – O durante a reação de hidrogenólise. Os resultados

foram apoiados pela identificação dessas espécies utilizando espectroscopia de

fotoelétrons excitados por raios X.

Quanto aos catalisadores bimetálicos, um pico foi identificado em todos eles a

diferentes temperaturas: 230 ºC para o IrNi2_C, 254 ºC para IrNi_C e 263 ºC para

IrNi0,5_C. Xue et al. (2007) estudaram catalisadores bimetálicos baseados em Ir e Ni na

decomposição de amônia e verificaram que existe uma interação entre os metais que

diminui a interação verificada entre o NiO e o suporte. Assim, tal como sugerido pelos

autores, o pico de redução verificado nos catalisadores bimetálicos é atribuído a uma

redução simultânea de óxidos de Ir e Ni, evidência da interação sinérgica entre os dois

metais.

A Tabela 4.1 contém os dados da análise de fisissorção e quimissorção obtidos com

auxílio do equipamento ASAP 2020 Micromeritics, a segunda coluna contém as áreas

específicas dos catalisadores calcinados e do suporte calculados a partir da equação de

Brunauer, Emmett e Teller (BET) utilizando isotermas de adsorção de N2. Há pequena

variação na área específica obtida, portanto pode-se afirmar que não há grande perda de

área específica nos catalisadores calcinados dados os valores encontrados, área

superficial proveniente do suporte.

40

Tabela 4.1 – Resultados das Análises de Quimissorção de CO

Catalisador

SBET

(m2/g)

Ads. Irrev.

CO

(µmol/gcat)

CO/M

γ-Al2O3 123 - -

Ir_C 119 50.0 0.48

Ni_C 113 17.5 0.03

IrNi0,5_C 108 10.0 0.06

IrNi1,0_C 108 10.0 0.05

IrNi2_C 108 11.0 0.04

IrNi0,5 - 41.0 0.26

IrNi1,0 - 58.4 0.28

IrNi2 - 41.5 0.13

Ir - 19.3 0.19

A terceira e quarta colunas apresentam os resultados para quimissorção utilizando CO

para os catalisadores, foi admitida uma adsorção linear em todos os casos, isto é, uma

molécula de CO adsorve em um sítio ativo. McVicker et al. fizeram um amplo estudo

de quimissorção sobre catalisadores de Ir suportados em alumina, os autores

determinaram que diferentemente de catalisadores baseados em platina, o Ir era capaz

de adsorver mais de uma molécula de gás por átomo exposto baseados nas razões

H(irrev)/Ir e CO(irrev)/Ir de 2,10 e 1,78 identificados pelos autores comparados com

H(irrev)/Pt e CO(irrev)/Pt de 0,69 e 0,75 para catalisadores de Pt suportados em

alumina preparados em condições comparáveis. No entanto, ao submeter as amostras a

temperaturas de calcinação acima de 450 ºC os autores verificaram que as amostras

perdem a capacidade de adsorver mais de uma molécula de gás por átomo exposto. As

41

condições moderadas de calcinação provocaram uma diminuição de cerca de 20 a 25%

na adsorção de hidrogênio e monóxido de carbono, no entanto não foi detectada

modificação estrutural com um microscópio eletrônico de transmissão (TEM). Portanto,

segundo os autores, mesmo a formação de agrupamentos de metal não detectáveis pelo

microscópio eletrônico de transmissão causa alteração nas propriedades de adsorção de

catalisadores baseados em irídio. Os agrupamentos que causaram os efeitos observados

são estimados como sendo menores que 0,6 nm contendo até 6 átomos de Ir, o que

levou os autores a considerarem que apenas átomos isolados de Ir são capazes de

adsorver mais de uma molécula e o menor dos agrupamentos causa uma diminuição na

quimissorção.

Dentre os resultados obtidos e apresentados na Tabela 4.1, o Ir_C apresentou a maior

razão CO/M ao passo que Ni_C possui a menor, o que é explicado pela baixa

capacidade de quimissorção de CO exibida por catalisadores monometálicos de Ni

suportados em alumina (BARTHOLOMEW, 1980). Analisando-se os catalisadores

bimetálicos, percebe-se que a quantidade de CO adsorvida decresceu bastante em

relação ao catalisador monometálico de Ir provavelmente devido à baixa capacidade de

qumissorção do Ni, além disso, a série calcinada ainda apresentou valores muito

menores que a não calcinada, isso devido a sinterização de Ir causada pela calcinação a

500 ºC como discutido por McVicker et al.

As diferenças entre a série calcinada e não calcinada juntamente com os resultados da

análise de difração de raios X implica um processo de sinterização formando

agrupamentos cristalinos de IrO e NiO, além disso, há indício de uma interação

sinérgica que enfraquece a interação dos metais com o suporte em favor de uma

interação entre metais que altera as propriedades de adsorção assim como de redução

nos catalisadores analisados.

A Tabela 4.2 contém os resultados para a espectroscopia de fotoelétrons excitados por

raios X (XPS) para a série de catalisadores calcinados antes e após a passivação. A

deconvolução dos espectogramas Ir4f para o catalisador Ir_C indicou a presença de duas

espécies que podem ser identificadas como IrO2 superficial e cloretos de irídio (IrCl3 e

IrCl4) superficias. Os picos relacionados à energia de ligação mais baixa com Ir4f7/2 a

61,3 eV são associados ao IrO2 (PEUCKERT, 1984) e os picos de maior energia de

ligação (Ir4f7/2 a 63,7 eV) estão associados aos cloretos de Ir mencionados (KIM, 1991).

42

Para a série de catalisadores bimetálicos calcinados (IrNix_C) a deconvolução dos picos

pertinentes ao orbinal Ir4f apresentados na Figura 4.4 identificou 3 espécies na

superfície dos catalisadores. Tanto o óxido de irídio quanto os cloretos identificados no

catalisador Ir_C reaparecem nos catalisadores bimetálicos, além desses um terceiro pico

representativo foi detectado para Ir4f7/2 em 60,4 eV para o catalisador IrNi1,0_C e em

60,5 eV para os catalisadores IrNi0,5_C e IrNi2_C. Em todos os casos, este pico pode ser

atribuído a uma espécie Ir+δ (0 < δ < +4) formada por uma doação eletrônica por parte

do níquel que eleva o irídio a um estado de alta concentração eletrônica próximo ao de

Ir metálico. Catalisadores de níquel estão associados a excesso de densidade eletrônica

por possuírem elétrons não-ligantes, esta pode ser a raiz da interação sinérgica entre os

metais que provoca as alterações identificadas nas análises anteriores (ROCHA, 2016).

O processo de calcinação gera agrupamentos atômicos que aglutinam os átomos de Ir e

Ni intensificando essa interação eletrônica, por isso infere-se que a etapa final de

calcinação pela qual a série IrNix_C passou tem grande influência na interação sinérgica

entre os metais.

Tabela 4.2 – Resultados do XPS para Catalisadores Calcinados e Passivados

Catalisador Ir4f7/2 Ni2p3/2

Ni/Ira Ir

0 Ir

δ+ IrO2 IrClx Ni

0 NiO

B.E. (eV) /At%

Ir_C - - 61,3 / 60 63,7 / 40 - -

Ni_C - - - - - 856,0 / 100

IrNi0,5_C - 60,5 / 45 61,9 / 47 63,4 / 8 - 856,2 / 100 1,1

IrNi1,0_C - 60,4 / 27 61,2 / 49 62,6 / 24 - 855,5 / 100 0,7

IrNi2_C - 60,5 / 28 61,7 / 65 63,3 / 7 - 856,1 / 100 3,6

Ni_C_P - - - - 851,8 / 12 856,0 / 88 -

IrNi0,5_C_P 59,7 / 54 60,6 / 39 62,7 / 7 - - - -

IrNi1,0_C_P 59,6 / 48 60,8 / 31 62,0 / 21 - 853,1 / 36 855,8 / 64 1,1

IrNi2_C_P 59,7 / 68 60,8 / 30 62,6 / 2 - 852,9 / 19 855,4 / 81 5,1

43

Quanto aos catalisadores após a redução e passivação foi identificado irídio metálico

(Ir4f7/2 em 59,6 eV para IrNi_C_P e 59,7 eV para IrNi2_C_P e IrNi0,5_C_P), além disso

a espécie Ir+δ

também foi identificada com uma energia de ligação aproximadamente 0,8

eV superior ao Ir metálico. Essa diferença indica o estado eletrônico da espécie Ir+δ

como estando entre 0 e +4. Finalmente a espécie IrO2 também foi identificada devido a

etapa de passivação que forma uma camada de óxido protetora na superfície do

catalisador para evitar a oxidação da espécie metálica.

Figura 4.4 – Espectros referentes a Ir4f para as séries IrNix_C e IrNix_C_P

44

Figura 4.5 - Espectros Referentes a Ni2p para as séries IrNix_C e IrNix_C_P

A Figura 4.5 apresenta a deconvolução dos picos pertinentes ao orbinal Ni2p para a

série de catalisadores bimetálicos calcinados (IrNix_C) assim como para o catalisador

Ni_C antes e após os processos de redução e passivação. As baixas quantidades

relativas de Ni presente nos catalisadores resultaram em picos não tão bem definidos, os

espectogramas para os reduzidos e passivados mostraram escassa presença de Ni0. Essa

espécie foi identificada para Ni2p em 853,1 eV para IrNi_C_P e 852,9 eV para

IrNi2_C_P, tais valores são tipicamente maiores para os valores de energia de ligação

comumente associados ao Ni0 (FLOREZ-RODRIGUEZ, 2014), uma possível

explicação para este fenômeno é a doação eletrônica do Ni ao Ir mencionada

anteriormente.

Os catalisadores IrNi1,0_C_P e IrNi1,0_P foram analisados utilizando um microscópio

eletrônico de transmissão (MET) e os resultados podem ser encontrados na Figura 4.6.

A sinterização do catalisador calcinado é mais evidente com a detecção de partículas de

até 5,9 nm, estes resultados estão de acordo com o que foi encontrado no DRX no qual

45

picos relativos ao IrO2 foram identificados para os catalisadores calcinados e não pra os

não calcinados. A sinterização dos catalisadores causa um aglomeramento de átomos de

Ir e Ni, o que irá favorecer a interação eletrônica sinérgica entre tais metais detectada

nas análises de TPR e XPS.

Figura 4.6 – Imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão

4.2. Teste Catalítico para Hidrogenólise do Glicerol

A Tabela 4.3 apresenta os resultados reacionais para a série calcinada de catalisadores

em termos de conversão do glicerol, taxa de reação, frequência de reação (turnover

frequency – TOF) e seletividade. Utilizando o critério de Weisz-Prater foi verificado

que a atividade catalítica não é limitada por transferência de massa, portanto os dados

coletados são dependentes puramente da cinética da reação. Os catalisadores

monometálicos, usados como parâmetros, demonstraram conversão extremamente baixa

e consequentemente valores de TOF baixos, deste modo mesmo a seletividade sendo

elevada para o 1,2 – PDO o rendimento é desprezível.

46

Tabela 4.3 – Resultados para o Teste Catalítico dos Catalisadores Calcinados

Seletividade (%)

Catalisador Ciclo Conversão do

Glicerol (%)

(-rA)0 x 10-7

(mol/s.gcat)

TOF x 10-2

(s-1

)

1,2-PDO 1,3-PDO PrOH EG Ac Outros

IrNi2_C 1 24,3 4,7 4,3 83,1 2,2 7,0 5,8 0,1 1,8

IrNi2_C 2 20,6 3,4 3,1 85,0 1,1 6,3 5,5 0,4 1,6

IrNi_C 1 21,2 4,2 4,2 87,2 1,8 4,3 4,7 0,2 1,8

IrNi_C 2 16,7 3,4 3,4 90,5 0,5 2,9 4,5 0,5 1,2

IrNi0,5_C 1 19,5 3,9 3,9 88,9 2,1 3,2 4,5 0,2 1,2

IrNi0,5_C 2 13,8 3,2 3,2 90,2 0,5 3,4 4,3 0,3 1,2

Ir_C 1 5,9 2,2 0,4 89,9 1,3 5,4 2,6 0,4 0,5

Ni_C 1 2,4 2,0 1,1 70,9 0,4 10,5 4,7 8,5 3,8

Condições: pressão H2: 360 psi; velocidade de agitação: 500 rpm; temperatura: 200°C; tempo de reação:

12 h. Massa Glicerol: 10,6 g; massa água deionizada: 40,6 g; massa catalisador: 1,6.

Quanto aos catalisadores bimetálicos, nota-se um significativo aumento da conversão e

um aumento no TOF de aproximadamente 10 vezes em relação ao catalisador de Ir

monometálico. Essa mudança pode ser atribuída à interação sinérgica entre os metais Ir

e Ni verificada pelos resultados do XPS, na qual existe uma aparente doação eletrônica

por parte do Ni modificando a configuração do Ir a um estado entre 0 e +4. Jiang et al.

estudaram a atividade de catalisadores bimetálicos baseados em Pd na hidrogenólise do

glicerol a 200 ºC, 290 psi de H2, 1 g de catalisador e 100 mL de uma solução de glicerol

20% (m/v) durante um tempo reacional de 12 h. Os autores reportaram maior atividade

para o catalisador bimetálico Pd-Ni em comparação com o catalisador monometálico de

Ni, semelhantemente ao observado neste trabalho com a conversão aumentando de

3,6% utilizando o monometálico para 24,4% em relação ao Pd-Ni. Os maiores valores

de conversão e TOF foram atingidos pelo IrNi2_C, porém todos os catalisadores

atingiram valores próximos.

47

A Figura 4.7 ilustra os resultados da Tabela 4.3 quanto aos valores de seletividade

demonstrados pela série calcinada de catalisadores, apenas os valores pertinentes ao

primeiro ciclo reacional foram representados, isto é, os valores para os catalisadores

utilizados pela primeira vez, sem a reciclagem. Percebe-se que a maior seletividade para

o 1,2 – PDO pertence ao Ir monometálico ao passo que a menor pertence ao Ni

monometálico, que por sua vez apresentou a maior seletividade para o propanol e para o

acetol. Esta influência do Ni é refletida com menos intensidade nos catalisadores

bimetálicos, a seletividade para o 1,2 – PDO reduz levemente com o aumento do teor de

Ni ao passo que é o inverso com a seletividade para o PrOH, sugerindo que o Ni

favorece a hidrogenólise do 1,2 – PDO a PrOH. A seletividade para o 1,2 – PDO no

entanto ainda pode ser considerada alta para todos os catalisadores bimetálicos, a

seletividade para o 1,3 – PDO em contrapartida é extremamente baixa para todos os

catalisadores. Após serem reciclados uma vez, as conversões dos catalisadores

bimetálicos decrescem em 3,7% para IrNi2_C, 5,5% para IrNi_C e 5,7% para IrNi0,5_C,

o que não representa grande queda.

Figura 4.7 – Valores de Seletividade para os Catalisadores Calcinados

Os dados pertinentes aos catalisadores não calcinados encontram-se na Tabela 4.4, com

as seletividades ilustradas na Figura 4.8. Os valores de conversão do glicerol são

comparáveis aos valores obtidos para a série calcinada assim como as taxas reacionais.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1,2-PDO(%)

1,3-PDO(%)

PrOH (%) EG (%) Ac (%) Outros (%)

Seletividade do Catalisador por Produto

IrNi2_C

IrNi_C

IrNi0,5_C

Ir_C

Ni_C

48

O que realmente difere as séries de catalisadores são os valores para o TOF,

aproximadamente 5 vezes menores do que os valores para os catalisadores calcinados

indicando uma maior atividade catalítica dos sítios ativos dos catalisadores calcinados

por unidade de tempo. Isso sugere que a intensa sinterização verificada nos

catalisadores calcinados favoreceu as interações eletrônicas entre o Ir e o Ni que atuam

como os sítios ativos para a reação aumentando a atividade catalítica.

No que se refere às seletividades, a série não calcinada apresenta valores menores para o

1,2 – PDO, a maior seletividade para este produto é atribuída ao IrNi2 porém é menor

que a encontrada para o IrNi2_C. Outra observação para a série não calcinada é a

elevada seletividade para propanol, pode-se especular que este resultado esteja

relacionado a sítios ativos compostos por Ni não interagindo com Ir, sugerindo

novamente que a calcinação atue favorecendo a interação sinérgica ao agrupar os

átomos metálicos em partículas de maior tamanho sobre a superfície do catalisador.

Tabela 4.4 - Resultados para o Teste Catalítico dos Catalisadores Não Calcinados

Seletividade (%)

Catalisador Ciclo Conversão do

Glicerol (%)

(-rA)0 x 10-7

(mol/s.gcat)

TOF x 10-2

(s-1

)

1,2-

PDO

1,3-

PDO

PrOH EG Ac Outros

IrNi2 1 22,3 5,4 1,3 80,8 1,7 10,9 5,0 0,0 1,6

IrNi 1 23,0 4,8 0,8 72,0 3,0 20,1 3,5 0,0 1,5

IrNi0,5 1 15,7 3,1 0,8 77,8 2,8 16,4 2,3 0,1 0,8

Ir 1 6,6 1,2 0,6 39,9 6,5 48,5 1,8 2,0 1,3

Condições: pressão H2: 360 psi; velocidade de agitação: 500 rpm; temperatura: 200°C; tempo de reação:

12 h. Massa Glicerol: 10,6 g; massa água deionizada: 40,6 g; massa catalisador: 1,6.

Um dos resultados mais interessantes deste trabalho é o efeito da calcinação na

atividade catalítica, evidenciado em todas as caracterizações e no teste catalítico. As

partículas identificadas no microscópio de transmissão (MET) pareceram indicar uma

intensificação do processo de sinterização com partículas de Ir-Ni com até 5,9 nm

identificadas, hipótese confirmada pelo DRX. Essa diminuição de sítios ativos

49

disponíveis associadas às alterações que as interações metálicas causam nas interações

com o suporte provocaram maior qumissorção de CO na série calcinada. A sinterização

também foi percebida no DRX com a identificação de picos característicos do IrO2

apenas para a série calcinada. A mudança na temperatura de redução identificada no

TPR, a espécie Ir+δ

detectada no XPS e as mudanças de seletividade e TOF estão

associadas à interação Ir-Ni que parace ser intensificada pela sinterização.

Figura 4.8 – Valores de Seletividade para os Catalisadores Não Calcinados

Kwak et al. estudaram a preparação e caracterização de catalisadores nanocristalinos

CuAl2O4 na hidrogenólise do glicerol, efeitos como a temperatura de calcinação e seu

impacto no tamanho das partículas foram avaliados. De acordo com os autores o

aumento da temperatura de calcinação provocou aumento das partículas cristalinas

CuAl2O4 e isto foi acompanhado por um aumento no rendimento do 1,2 – PDO,

atribuído a esta fase favorecida pelo tratamento térmico. Esse resultado é interessante,

pois outros estudos atribuem maior rendimento a partículas menores e mais dispersas ao

longo do suporte (MONTES et al., 2014), o que não foi o caso deste trabalho. Assim, tal

como no caso de Kwak et al. alterações provocadas pelo tratamento térmico favoreceu a

atividade catalítica da série calcinada de catalisadores bimetálicos.

Analisando os demais produtos obtidos na reação, nota-se a presença de acetol

principalmente na série calcinada incluindo-se os catalisadores monometálicos. Como

discutido no capítulo da revisão bibliográfica, um dos mecanismos possíveis para a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1,2-PDO (%) 1,3-PDO (%) PrOH (%) EG (%) Ac (%) Outros (%)

Seletividade do Catalisador por Produto

IrNi2

IrNi

IrNi0,5

Ir

50

hidrogenólise é a desidratação do glicerol gerando acetol e posterior hidrogenação deste

intermediário formando o 1,2 – PDO, mecanismo esse associado a catalisadores

baseados em metais nobres devido a sua acidez. A obtenção de acetol como co-produto,

especialmente em maior quantidade na série calcinada, levanta a hipótese de que a

adsorção do glicerol nos sítios ativos seja determinante para a reação, após o que acetol

e 1,2 – PDO são dessorvidos. Os sítios ativos dos catalisadores bimetálicos, portanto,

atuam favoravelmente nesse sentido movidos pela interação Ir-Ni que é fortalecida por

grupamentos de maior tamanho dos átomos dos metais.

A natureza desta reação parece possuir caráter de interação eletrônica pelo o que foi

evidenciado pelo XPS, mas também morfológico talvez devido a influência do tamanho

das partículas na atividade característica. A interação Ir-Ni foi favorável para a reação

em relação aos resultados dos catalisadores monometálicos e o processo de calcinação

ao qual parte dos bimetálicos foi submetido contribuiu para o aumento da atividade

catalítica.

51

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1. Conclusões

O efeito da adição de Ni ao catalisador Ir/γ – Al2O3 foi analisado em termos de

atividade e seletividade para 1,2-PDO na reação de hidrogenólise do glicerol em reator

batelada.

A série calcinada de catalisadores bimetálicos apresentou maior conversão e atividade

catalítica do que os catalisadores monometálicos de Ir e Ni com alta seletividade para o

1,2 – PDO. Em comparação com a série não calcinada a atividade catalítica foi maior

assim como a seletividade para o 1,2 – PDO indicando que o processo de calcinação

pelo qual os catalisadores bimetálicos Ir-Ni passam é favorável para a reação de

hidrogenólise para a produção do 1,2 – PDO devido possivelmente a fatores

morfológicos em que as partículas maiores de Ir-Ni são mais ativas.

A caracterização dos catalisadores evidenciou partículas de tamanho elevado para a

série calcinada vistas nas imagens adquiridas por microscopia eletrônica de transmissão

(MET), tais partículas são resultado da sinterização dos metais na superfície do suporte

provocada pelo tratamento térmico. A sinterização é percebida também pelos resultados

do DRX e quimissorção de CO, os resultados do XPS indicam uma interação eletrônica

entre o Ir e o Ni que é intensificada pelo processo de sinterização dos catalisadores

calcinados. Essa interação sinérgica entre os metais pode ter um caráter morfológico e

eletrônico e provavelmente é a causa do aumento na atividade dos catalisadores

bimetálicos na reação de hidrogenólise do glicerol.

5.2. Sugestões

Catalisadores bimetálicos têm se mostrado proeminentes na hidrogenólise do glicerol,

porém a obtenção do produto 1,3 – PDO ainda é difícil e dependente de sistemas

catalíticos mais complexos. A adição de co-catalisadores ácidos e básicos deve ser

explorada juntamente com os catalisadores bimetálicos, um exemplo que foi empregado

em outros sistemas catalíticos é a adição de Amberlyst 15 e compostos de lítio. Quanto

aos catalisadores bimetálicos de Ir-Ni, testes catalíticos devem ser realizados após

diferentes condições de preparação como outros métodos de impregnação e diferentes

condições de calcinação.

52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADMIRAL, A.; ABDULLAH, A. Z. Shape selectivity effects in etherification of

glycerol to diglycerol isomers in a solvent-free reaction system by Li–Mg/SBA-15

catalyst. Catalysis letters, v. 144, n. 2, p. 211-215, 2014.

ALVES, J. E. D. Sustentabilidade, Aquecimento Global e o Decrescimento Demo-

econômico. Revista Espinhaço, UFVJM, p. 4-16, 2017.

AMADA, Y.; SHINMI, Y.; KOSO, S.; KUBOTA, T.; NAKAGAWA, Y.;

TOMISHIGE, K. Reaction mechanism of the glycerol hydrogenolysis to 1, 3-

propanediol over Ir–ReOx/SiO2 catalyst. Applied Catalysis B: Environmental, v.

105, n. 1-2, p. 117-127, 2011.

ANP. Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Disponível em:

<http://www.anp.gov.br>. Acesso em: 09 jan. 2018.

CORTEZ, L. A. B.; LORA, E. E. S.; GÓMEZ, E. O. Biomassa para energia. Editora

Unicamp, Campinas, 2008.

BANCQUART, S.; VANHOVE, C.; POUILLOUX, Y.; BARRAULT, J. Glycerol

transesterification with methyl stearate over solid basic catalysts: I. Relationship

between activity and basicity. Applied Catalysis A: General, v. 218, n. 1-2, p. 1-11,

2001.

BARTHOLOMEW, C. H.; PANNELL, R. B. The stoichiometry of hydrogen and

carbon monoxide chemisorption on alumina-and silica-supported nickel. Journal of

catalysis, v. 65, n. 2, p. 390-401, 1980.

BEATRIZ, A.; ARAÚJO, Y. J. K.; LIMA, D. P. Glicerol: um breve histórico e

aplicação em sínteses estereosseletivas. Química Nova, v.3, n. 2, p. 306-319, 2011.

BEHR, A.; EILTING, J.; IRAWADI, K.; LESCHINSKI, J.; LINDNER, F. Improved

utilisation of renewable resources: new important derivatives of glycerol. Green

Chemistry, v. 10, n. 1, p. 13-30, 2008.

BRITISH PETROLEUM, B. P. Statistical Review of World Energy, 2017.

53

CAI, J.; MA, H.; ZHANG, J.; DU, Z.; HUANG, Y.; GAO, J.; XU, J. Catalytic

oxidation of glycerol to tartronic acid over Au/HY catalyst under mild

conditions. Chinese Journal of Catalysis, v. 35, n. 10, p. 1653-1660, 2014.

CARRETTIN, S.; MCMORN, P.; JOHNSTON, P.; GRIFFIN, K.; KIELY, C. J.;

HUTCHINGS, G. J. Oxidation of glycerol using supported Pt, Pd and Au

catalysts. Physical Chemistry Chemical Physics, v. 5, n. 6, p. 1329-1336, 2003.

CHECA, M.; AUNEAU, F.; HIDALGO-CARRILLO, J.; MARINAS, A.; MARINAS,

J. M.; PINEL, C.; URBANO, F. J. Catalytic transformation of glycerol on several

metal systems supported on ZnO. Catalysis today, v. 196, n. 1, p. 91-100, 2012.

CIRIMINNA, ROSARIA; PINA, CRISTINA DELLA; ROSSI, MICHELE;

PAGLIARO, MARIO. Understanding the glycerol market, European Journal of Lipid

Science and Technology, v. 116, p. 1432-1439, 2014.

DASARI, M. A.; KIATSIMKUL, P. P.; SUTTERLIN, W. R.; SUPPES, G. J. Low-

pressure hydrogenolysis of glycerol to propylene glycol. Applied Catalysis A:

General, v. 281, n. 1-2, p. 225-231, 2005.

DELGADO, F.; ANDRADE, B.; FEBRARO, J.; RESENDE, L.; SILVA, T. B. D. A

constante evolução do mercado global de gás natural e os desafios para o Brasil: all

of the issues are above ground. FGV Energia, 2017.

DENG, C.; DUAN, X.; ZHOU, J.; ZHOU, X.; YUAN, W.; SCOTT, S. L. Ir–Re alloy

as a highly active catalyst for the hydrogenolysis of glycerol to 1, 3-

propanediol. Catalysis Science & Technology, v. 5, n. 3, p. 1540-1547, 2015.

FELIX, F. B. V.; NOGUEIRA, V. B.; LUCENA, S.; CAMELO, M. C. SIMULAÇÃO

NO HYSYS DE UMA PLANTA DE BIOETANOL. Revista GEINTEC-Gestão,

Inovação e Tecnologias, v. 4, n. 2, p. 796-807, 2014.

FENG, J.; FU, H.; WANG, J.; LI, R.; CHEN, H.; LI, X. Hydrogenolysis of glycerol to

glycols over ruthenium catalysts: Effect of support and catalyst reduction

temperature. Catalysis Communications, v. 9, n. 6, p. 1458-1464, 2008.

54

FIEDOROW, R. M.; CHAHAR, B. S.; WANKE, S. E. The sintering of supported

metal catalysts: II. Comparison of sintering rates of supported Pt, Ir, and Rh

catalysts in hydrogen and oxygen. Journal of Catalysis, v. 51, n. 2, p. 193-202, 1978.

FIGUEIREDO, J. L.; RIBEIRO, F. R. Catálise Heterogênea. Fundação Calouste

Gulbenkian, Lisboa, 1989.

FLOREZ-RODRIGUEZ, P. P.; PAMPHILE-ADRIÁN, A. J.; PASSOS, F. B. Glycerol

conversion in the presence of carbon dioxide on alumina supported nickel

catalyst. Catalysis Today, v. 237, p. 38-46, 2014.

GERIS, R.; SANTOS, N. A. C. D.; AMARAL, B. A.; MAIA, I. D. S.; CASTRO, V. D.;

CARVALHO, J. R. M. Biodiesel de soja-reação de transesterificação para aulas

práticas de química orgânica. Química Nova, v.3, n. 5, p. 1369-1373, 2007.

GUAN, J.; WANG, X.; MU, X. Thermodynamics of glycerol hydrogenolysis to

propanediols over supported copper clusters: Insights from first-principles

study. Science China Chemistry, v. 56, n. 6, p. 763-772, 2013.

GUARDABASSI, P. M. Sustentabilidade da biomassa como fonte de energia:

perspectivas para países em desenvolvimento. Dissertação (Mestrado em Energia) –

Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.

HUANG, Z.; CUI, F.; KANG, H.; CHEN, J.; ZHANG, X.; XIA, C. Highly dispersed

silica-supported copper nanoparticles prepared by precipitation− gel method: a

simple but efficient and stable catalyst for glycerol hydrogenolysis. Chemistry of

Materials, v. 20, n. 15, p. 5090-5099, 2008.

JIANG, T.; HUAI, Q.; GENG, T.; YING, W.; XIAO, T.; CAO, F. Catalytic

performance of Pd–Ni bimetallic catalyst for glycerol hydrogenolysis. Biomass and

Bioenergy, v. 78, p. 71-79, 2015

JORRÍN, M. M. Hidrogenólise seletiva do glicerol em catalisadores de rutênio

suportado em nióbio, sílica e alumina. 2010. Dissertação (Mestrado em Engenharia

Química) – Faculdade de Engenharia Química, Engenharia Química, Unicamp. São

Paulo, 2010.

55

KATRYNIOK, B.; PAUL, S.; BELLIÈRE-BACA, V.; REY, P.; DUMEIGNIL, F.

Glycerol dehydration to acrolein in the context of new uses of glycerol. Green

Chemistry, v. 12, n. 12, p. 2079-2098, 2010.

KIM, Y. Y.; HATFIELD, W. E. Electrical, magnetic and spectroscopic properties of

tetrathiafulvalene charge transfer compounds with iron, ruthenium, rhodium and

iridium halides. Inorganica chimica acta, v. 188, n. 1, p. 15-24, 1991.

KLEPÁČOVÁ, K.; MRAVEC, D.; HÁJEKOVÁ, E.; BAJUS, M. Etherification of

Glycerol. Petroleum and Coal, v. 45, n. 1-2, p. 54-57, 2003.

KUROSAKA, T.; MARUYAMA, H.; NARIBAYASHI, I.; SASAKI, Y. Production of

1, 3-propanediol by hydrogenolysis of glycerol catalyzed by

Pt/WO3/ZrO2. Catalysis Communications, v. 9, n. 6, p. 1360-1363, 2007.

KUSUNOKI, Y.; MIYAZAWA, T.; KUNIMORI, K.; TOMISHIGE, K. Highly active

metal–acid bifunctional catalyst system for hydrogenolysis of glycerol under mild

reaction conditions. Catalysis Communications, v. 6, n. 10, p. 645-649, 2005.

KWAK, B. K.; PARK, D. S.; YUN, Y. S.; YI, J. Preparation and characterization of

nanocrystalline CuAl2O4 spinel catalysts by sol–gel method for the hydrogenolysis

of glycerol. Catalysis Communications, v. 24, p. 90-95, 2012.

LEITE, P. F. S. Melhoria do processo de produção de biodiesel: avaliação de vias de

valorização do glicerol. Dissertação (Mestrado em Engenharia do Meio Ambiente) –

Faculdade de Engenharia, Engenharia do Meio Ambiente, Universidade do Porto.

Portugal, 2011.

LEIVA-CANDIA, D. E.; TSAKONA, S.; KOPSAHELIS, N.; GARCIA, I. L.;

PAPANIKOLAOU, S.; DORADO, M. P.; KOUTINAS, A. A. Biorefining of by-

product streams from sunflower-based biodiesel production plants for integrated

synthesis of microbial oil and value-added co-products. Bioresource technology, v.

190, p. 57-65, 2015.

LI, C.; CHEN, Y. W. Temperature-programmed-reduction studies of nickel

oxide/alumina catalysts: effects of the preparation method. Thermochimica Acta, v.

256, n. 2, p. 457-465, 1995.

56

MCVICKER, G. B.; BAKER, R. T. K.; GARTEN, R. L.; KUGLER, E. L.

Chemisorption properties of iridium on alumina catalysts. Journal of Catalysis, v.

65, n. 1, p. 207-220, 1980.

MEDLOCK III, K. B. The Next 100 Years of Global Energy: Part VI The Grand

Energy Challenge: Energy Diversity and Economic Realities. Disponível em:

<http://www.searchanddiscovery.com/documents/2017/70273medlock/ndx_medlock.pd

f>. Acesso em: fev/2018.

MONTASSIER, C.; MENEZO, J. C.; HOANG, L. C.; RENAUD, C.; BARBIER, J.

Aqueous polyol conversions on ruthenium and on sulfur-modified

ruthenium. Journal of Molecular Catalysis, v. 70, n. 1, p. 99-110, 1991.

MORRISON, L.R. Glycerol. Encyclopedia of Chemical Technology. Wiley, p. 921-

932, 1994

MOTA, C. J.; SILVA, C. X. D.; GONÇALVES, V. L. Gliceroquímica: novos

produtos e processos a partir da glicerina de produção de biodiesel. Química Nova,

v. 32, n° 3, p. 639-648, 2009.

MOTA, C. J. Transformações Catalíticas do Glicerol para Inovação na Indústria

Química. Revista Virtual de Química, v. 9, n. 1, p. 135-149, 2016.

NAKAGAWA, Y.; TOMISHIGE, K. Heterogeneous catalysis of the glycerol

hydrogenolysis. Catalysis Science & Technology, v. 1, n. 2, p. 179-190, 2011.

NAKAGAWA, Y.; SHINMI, S.; KOSO, S.; TOMISHIGE, K. Direct hydrogenolysis

of glycerol into 1,3-propanediol over rhenium-modified iridium catalyst. Journal of

Catalysis, v. 272, p. 191–194, 2010.

PAGLIARO, M.; CIRIMINNA, R.; KIMURA, H.; ROSSI, M.; PINA, C. D. From

glycerol to value-added products. Angew. Chem., Int. Ed., v. 46, 2007.

PEUCKERT, M. XPS study on thermally and electrochemically prepared oxidic

adlayers on iridium. Surface science, v. 144, n. 2-3, p. 451-464, 1984.

PAMPHILE-ADRIÁN, A. J.; FLOREZ-RODRIGUEZ, P. P.; PASSOS, F. B. Iridium

catalysts for CC and CO hydrogenolysis: Catalytic consequences of iridium

sites. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 27, n. 5, p. 958-966, 2016.

57

RAKSAPHORT, S.; PENGPANICH, S.; HUNSOM, M. Products distribution of

glycerol hydrogenolysis over supported co catalysts in a liquid phase. Kinetics and

Catalysis, v. 55, n. 4, p. 434-445, 2014.

ROCHA, R. Síntese de complexos β-diimina-níquel ancorados em sólidos

mesoporosos do tipo AI-SBA-15 como catalisadores na oligomerização do eteno.

Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Química) – Centro de Tecnologia,

Bacharel em Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Rio Grande do

Norte, 2016.

SANTOS, G. H. F.; DO NASCIMENTO, R. S.; ALVES, G. M. Biomassa como

energia renovável no brasil. Revista Uningá Review, v. 29, n. 2, p. 06-13, 2018.

SCHEFFER, B.; MOLHOEK, P.; MOULIJN, J. A. Temperature-programmed

reduction of NiOWO3/Al2O3 Hydrodesulphurization catalysts. Applied catalysis, v.

46, n. 1, p. 11-30, 1989.

SEPÚLVEDA, C.; DELGADO, L.; GARCIA, R.; MELENDREZ, M.; FIERRO, J. L.

G.; GHAMPSON, I. T.; ESCALONA, N. Effect of phosphorus on the activity of

Cu/SiO2 catalysts in the hydrogenolysis of glycerol. Catalysis today, v. 279, p. 217-

223, 2017.

SILVA, G. P. D.; CONTIERO, J.; NETO, P. M. À.; LIMA, C. J. B. D. 1, 3-

Propanediol: production, applications and biotechnological potential. Química

Nova, v. 37, n. 3, p. 527-534, 2014.

SOARES, A. V.; SALAZAR, J. B.; FALCONE, D. D.; VASCONCELLOS, F. A.;

DAVIS, R. J.; PASSOS, F. B. A study of glycerol hydrogenolysis over Ru–Cu/Al2O3

and Ru–Cu/ZrO2 catalysts. Journal of Molecular Catalysis A: Chemical, v. 415, p. 27-

36, 2016.

TIAN, H.; ZHANG, T.; SUN, X.; LIANG, D.; LIN, L. Performance and deactivation

of Ir/γ-Al2O3 catalyst in the hydrogen peroxide monopropellant thruster. Applied

Catalysis A: General, v. 210, n. 1-2, p. 55-62, 2001.

URQUIAGA, S.; ALVES, B. J. R.; BOODEY, R. M. Produção de biocombustíveis A

questão do balanço energético. Revista de política agrícola, v. 14, n. 1, p. 42-46, 2005.

58

VILA, F.; GRANADOS, M. L.; OJEDA, M.; FIERRO, J. L. G.; MARISCAL, R.

Glycerol hydrogenolysis to 1, 2-propanediol with Cu/γ-Al2O3: Effect of the

activation process. Catalysis today, v. 187, n. 1, p. 122-128, 2012.

VISSER, E. M.; FILHO, D. O.; MARTINS, M. A.; STEWARD, B. L. Bioethanol

production potential from Brazilian biodiesel co-products. Biomass and bioenergy,

v. 35, n. 1, p. 489-494, 2011.

WANG, Z.; ZHUGE, J.; FANG, H.; PRIOR, B. A. Glycerol production by microbial

fermentation: a review. Biotechnology advances, v. 19, n. 3, p. 201-223, 2001.

XU, C.; DU, Y.; LI, C.; YAMG, J.; YANG, G. Insight into effect of acid/base nature

of supports on selectivity of glycerol oxidation over supported Au-Pt bimetallic

catalysts. Applied Catalysis B: Environmental, v. 164, p. 334-343, 2015.

XUE, H. A. N.; WEI, C. H. U.; PING, N. I.; LUO, S. Z.; ZHANG, T. Promoting

effects of iridium on nickel based catalyst in ammonia decomposition. Journal of

Fuel Chemistry and Technology, v. 35, n. 6, p. 691-695, 2007.

ZHU, S.; ZHU, Y.; HAO, S.; ZHENG, H.; MO, T.; LI, Y. One-step hydrogenolysis of

glycerol to biopropanols over Pt–H 4 SiW 12 O 40/ZrO 2 catalysts. Green

Chemistry, v. 14, n. 9, p. 2607-2616, 2012.