alessandra caroline domingos de figueiredo …

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ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CONSUMO E GASTOS COM PSICOTRÓPICOS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO ESTADO DE MINAS GERAIS: ANÁLISE DE 2011 A 2013 Brasília, Brasil 2015

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ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CONSUMO E GASTOS COM PSICOTRÓPICOS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

NO ESTADO DE MINAS GERAIS: ANÁLISE DE 2011 A 2013

Brasília, Brasil

2015

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UNIVERSIDADE DE BRASILIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CONSUMO E GASTOS COM PSICOTRÓPICOS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

NO ESTADO DE MINAS GERAIS: ANÁLISE DE 2011 A 2013

ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Saúde Coletiva

pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Brasília.

Orientador: Prof. Dr. Noemia Urruth Leão Tavares

Brasília, Brasil.

2015

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UNIVERSIDADE DE BRASILIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CONSUMO E GASTOS COM PSICOTRÓPICOS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

NO ESTADO DE MINAS GERAIS: ANÁLISE DE 2011 A 2013

ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Saúde Coletiva

pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Brasília.

Orientador: Prof. Dr. Noemia Urruth Leão Tavares

Brasília, Brasil.

2015

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ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO

CONSUMO E GASTOS COM PSICOTRÓPICOS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

NO ESTADO DE MINAS GERAIS: ANÁLISE DE 2011 A 2013

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Saúde Coletiva

pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Brasília.

Aprovado em 14 de abril de 2015

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Noemia Urruth Leão Tavares, Presidente

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Brasília, UNB.

Prof. Dr. Everton Nunes da Silva,

Faculdade de Ceilândia, Universidade de Brasília, UNB.

Prof. Dr. Janeth de Oliveira Silva Naves,

Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade de Brasília, UNB.

Page 6: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

RESUMO

Este estudo teve como objetivo principal descrever a demanda, consumo e os gastos com

medicamentos psicotrópicos no Componente Básico da Assistência Farmacêutica no SUS no Estado

de Minas Gerais no período que corresponde de 2011 a 2013. Trata-se de um estudo descritivo

retrospectivo com análise de dados secundários de banco de registro de solicitação e distribuição de

medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF) da Secretaria de Estado

do Estado de Minas Gerais (SES-MG) no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2013. Os

resultados encontrados nesse estudo mostraram que os psicotrópicos são responsáveis por um gasto

total R$ 12 milhões ao longo do período de 3 anos do estudo, o que corresponde a cerca de 3% do

total gasto pela SES-MG com medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica

(CBAF), considerando os gastos com antidepressivos, ansiolíticos, anticonvulsivantes e

antipsicóticos. O maior consumo entre todos os psicotrópicos é do haloperidol, medicamento

utilizado no tratamento de esquizofrenia. Entre os antidepressivos, a fluoxetina tem a maior demanda

e consumo nas farmácias públicas e o clonazepam é o fármaco de maior demanda entre os

psicotrópicos e maior consumo entre os benzodiazepínicos.O haloperidol foi o responsável pelo

maior peso nos gastos (38%) com o grupo de medicamentos psicotrópicos. Os resultados desse

estudo demonstraram que há uma grande demanda, consumo e gastos expressivos com

medicamentos para os tratamentos de psicoses, transtornos de ansiedade e depressão na Assistência

Farmacêutica Básica e pode auxiliar gestores no planejamento e tomada de decisões no tocante as

políticas públicas de saúde e alocação de recursos.

Page 7: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

ABSTRACT

This study aimed to describe the demand, consumption and spending on psychotropic medications in

Basic pharmaceutical assistance component in SUS in the state of Minas Gerais in the period 2011 to

2013. This is a retrospective descriptive study with analysis of secondary data request record database

and distribution Basic Component medicines pharmaceutical assistance (CBAF) the Secretary of State of

Minas Gerais (SES-MG) from January 2011 to December 2013. The results in this study showed that

psychotropics are responsible for an average cost per year of US $ 4 million, which corresponds to about

3% of total expenditure per year for SES-MG with Basic Component medicines pharmaceutical

assistance (CBAF). Fluoxetine is an antidepressant with higher demand and consumption in public

pharmacies and clonazepam is the greatest demand among psychotropic drug and higher consumption of

benzodiazepines. The higher consumption among all psychotropic is haloperidol, a drug used to treat

schizophrenia. He was also responsible for the largest weight in spending (38%) with the group of

psychotropic medications. The results of this study showed that there is still a great demand,

consumption and significant spending on drugs for the treatment of psychosis, anxiety disorders and

depression in Basic Pharmaceutical Assistance and can assist managers in planning and decision-making

regarding public health policies and resource allocation.

Page 8: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição da demanda total de aquisição de medicamentos do Componente Básico da

Assistência Farmacêutica em unidades* por grupos mais frequentes no período de 2011-2013 no Estado

de Minas Gerais.

Tabela 2: Percentual de demanda anual reprimida de psicotrópicos.

Tabela 3: Percentual de gastos médios anuais de psicotrópicos.

Page 9: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

LISTA DE ILUSTRAÇÕES OU FIGURAS

Figura 1: Demanda média anual de psicotrópicos.

Figura 2: Consumo médio de psicotrópicos por DDD a cada 10.000 habitantes.

Page 10: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADT Antidepressivos tricíclicos

AFB Assistência Farmacêutica Básica

BZD Benzodiazepínicos

CBAF Componente Básico da Assistência Farmacêutica

CGD Carga Geral da Doença

CIB Comissão Intergestores Bipartite

CIT Comissão Intergestores Tripartite

DCB Denominação Comum Brasileira

DDD Dose Diária Definida

EUM Estudo de Utilização de Medicamentos

FDA Food Drud Adminsitration

IMAO Inibidores Monoamina Oxidase

ISRS Inibidores Seletivos de receptação de Serotonina

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Panamericana de Saúde

SES Secretaria de Estado de Saúde

SIGAF Sistema de Gerenciamento da Assistência Farmacêutica de Migas Gerais

SNC Sistema Nervoso Central

SUS Sistema Único de Saúde

TAG Transtorno de Ansiedade Generalizado

Page 11: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

SUMÁRIO

Contents APRESENTAÇÃO .................................................................................................................... 13

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 16

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 16

2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................... 16

3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 17

3.1Transtornos mentais: conceito, prevalência e principais morbidades ........................ 17

3.2 Utilização de medicamentos para tratamento de transtornos psiquiátricos: ............ 17

3.2.1 Breve contextualização ............................................................................................ 18

3.2.2 Utilização e uso inadequado .................................................................................... 20

3.3 Estudos de Utilização de medicamentos e importância do profissional de saúde ............. 20

3.4 Medicamentos psicotrópicos ............................................................................................. 21

3.5 Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde ..................................................... 24

3.5.1 Componente Básico da Assistência Farmacêutica: Financiamento e execução ......... 25

4 MÉTODOS .............................................................................................................................. 27

4.1 Delineamento e população do estudo ................................................................................ 27

4.2 Procedimento de Coleta de Dados .................................................................................... 27

4.2.1 Variáveis analisadas ................................................................................................... 29

4.3 Procedimentos de Análise de Dados ................................................................................. 29

4.3.1 Análise da demanda ................................................................................................... 29

4.3.2 Análise do Consumo .................................................................................................. 30

4.3.3Análise dos gastos com a aquisição .......................................................................... 32

4.4 Aspectos Éticos ................................................................................................................ 32

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 33

5.1 ARTIGO 1 ....................................................................................................................... 33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 58

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 59

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho consiste na dissertação de mestrado intitulada “Consumo e gastos com

psicotrópicos no Sistema Único de Saúde no Estado de Minas Gerais: análise de 2011 a

2013”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de

Brasília, em 14 de abril de 2015. O trabalho é apresentado em três partes, na ordem que

segue:

1.Introdução, Referencial Teórico e Objetivos

2.Artigo

3.Conclusões e/ou Considerações Finais.

Documentos de apoio estão apresentados nos anexos.

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1 INTRODUÇÃO

O tema do financiamento público de programas e ações em saúde mental é um tema

relevante para o campo da saúde no mundo. Sendo um relatório da Organização

Mundial de Saúde (OMS), os transtornos mentais respondem por no mínimo 12% da

carga global da doença, devendo chegar a 15% em 2020 (Murray; 1996). De acordo

com esse relatório, fazem parte do grupo de transtornos que afetam a saude mental; as

manifestações depressivas, a esquizofrenia, as resultantes do abuso de substâncias, a

epilepsia, o atraso mental, as perturbações da infância e da adolescência e a doença de

Alzheimer. A epilepsia, embora seja uma perturbação claramente neurológica, é

também incluída por ter sido historicamente encarada como doença mental e ser ainda

considerada como tal em muitas sociedades (Murray; 1996). Apesar disso, mais de 1

bilhão de pessoas vivem em países que gastam menos de 1% do orçamento da saúde em

saúde mental (WHO; 2001).

Os medicamentos psicotrópicos são fármacos utilizados no tratamento de transtornos

mentais, como a ansiedade e depressão. São definidas como drogas que agem no

sistema nervoso central (SNC) alterando comportamento, humor, cognição e que podem

causar dependência química e psicológica. Esses medicamentos incluem fármacos

contra a ansiedade, antidepressivos, sedativos, hipnóticos, antipsicóticos e

anticonvulsivantes. A importãncia de tema se torna mais evidente ao constarmos que a

depressão grave é atualmente a principal causa de incapacitação em todo o mundo e

ocupa o quarto lugar entre as dez principais causas de patologia (Murray; 1996). A nível

mundial o histórico de depressão entre a população aumenta consideravelmente, sendo

um dado preocupante para a saúde pública. A Organização Mundial de Saúde (OMS)

indica que, nas próximas décadas, haverá uma mudança nas necessidades de saúde da

população mundial devido ao fato de as doenças como a depressão estar substituindo os

tradicionais problemas das doenças infecciosas e de má nutrição. Em 2020, a depressão

só perderá para doenças cardíacas isquêmicas (Bahls; 2003)

Outro problema de saúde pública é o elevado consumo de ansiolíticos principalmente os

benzodiazepínicos. Esses estão entre os medicamentos mais usados no mundo todo,

havendo estimativas de que entre 1 e 3% de toda a população ocidental já os tenha

consumido regularmente por mais de um ano (Baldessarini; 1995). Nesse contexto, a

Page 15: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

análise sob perspectiva do Sistema Único de Saúde, sobre a demanda, o consumo e os

gastos com medicamentos psicotrópicos, utilizados no tratamento de doenças com

elevado impacto na saúde pública e no campo social; como depressão e os transtornos

de ansiedade, poderá contribuir para traçar um perfil de utilização desses medicamentos

no sistema público de saúde. Além disso, esse estudo poderá subsidiar o planejamento e

as decisões de gestores públicos em relação a política de assistência farmacêutica e as

políticas no âmbito da Atenção Básica e da Saúde Mental, tendo em vista um outro

tema importante que se refere aos gastos em saúde, buscando a melhor alocação dos

recursos finaceiros da saúde pública em um contexto de recursos finitos e demandas

crescentes.

Page 16: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Descrever o consumo e gastos com psicotrópicos no Sistema único de Saúde no Estado

de Minas Gerais no período de 2011 a 2013.

2.2 Objetivos Específicos

Verificar a demanda e a quantidade distribuída de medicamentos do Componente

Básico da Assistência Farmacêutica pelo Sistema Único de Saúde no Estado de Minas

Gerais no período de 2011 a 2013;

Descrever o consumo e as principais classes de psicotrópicos distribuídos pelo Estado

no período analisado;

Analisar os gastos de aquisição com medicamentos psicotrópicos no Componente

Básico da Assistência Farmacêutica pelo Sistema Único de Saúde no Estado de Minas

Gerais no período de 2011 a 2013.

Page 17: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1Transtornos mentais: conceito, prevalência e principais morbidades

As perturbações mentais e comportamentais são uma série de perturbações definidas

pela Classificação Internacional das Doenças (ICD-10). Embora os sintomas variem

consideravelmente, tais comportamentos caracterizam-se, geralmente, por uma

combinação de ideias, emoções, comportamentos e relacionamentos anormais com

outras pessoas. São exemplos a esquizofrenia, a depressão, o atraso mental e as

perturbações pelo uso de substâncias psicoactivas (Murray; 1996) A 5ª edição do

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 12 (DSM-V-TR) é a

referência em diagnósticos, utilizada mundialmente por profissionais da área de saúde

mental. Esse manual apresenta diferentes categorias de transtornos mentais e os critérios

para diagnosticá-los, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (American

Psychiatric Association). O DSM- V-TR organiza os tipos de transtornos em 23

capítulos, entre eles: transtornos depressivos, transtornos de ansiedade, espectro de

esquizofrenia e outros transtornos psicóticos e outros tais como, disfunçõe sexuais,

transtornos de neurodesenvolvimento e etc.

Estudos epidemiológicos mostram que milhões de pessoas sofrem algum tipo de

doença mental no mundo e que este número vem sofrendo um aumento progressivo,

principalmente nos países em desenvolvimento (Menezes; 1996). Os transtornos

mentais são responsáveis por aproximadamente 13% da carga global das doenças

(CGD) em todo mundo. Nos países de baixa e média renda os transtornos mentais

correspondem a 80% da carga global de doenças (Murray; 1996). No Brasil, ainda é

muito pequeno o número de investigações epidemiológicas de base populacional,

especialmente na área de saúde mental. Entretanto, nas últimas décadas, isto vem se

modificando (Prince et al.; 2007). Em Porto Alegre e São Paulo, cerca de 50% dos

pacientes que procuram os serviços primários de saúde são considerados portadores de

algum tipo de distúrbio mental (Coutinho et al.; 2002).

3.2 Utilização de medicamentos para tratamento de transtornos psiquiátricos:

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3.2.1 Breve contextualização

Page 19: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

O atendimento ao portador de transtorno mental no Brasil, desde o século XIX e

prolongando-se por décadas, estava ligado principalmente ao modelo hospitalocêntrico

e asilar, cujo tratamento oferecido era limitado a internações duradouras, mantendo o

doente afastado do seu ambiente familiar e social.. A Lei Federal 10.216 sancionada em

2001, após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional, redirecionou a assistência em

saúde mental privilegiando o tratamento em serviços de base comunitária. O Ministério

da Saúde criou linhas específicas de financiamento de serviços substitutivos aos

hospitais psiquiátricos. Tal processo se deve às ações na esfera governamental e pelos

movimentos sociais em luta pela transição do modelo centralizado na assistência

hospitalar psiquiátrica para outro focado em dispositivos de base comunitária (Tribunal

de Contas da União; 2005). A atenção primária tem um importante papel na assistência

a certas demandas em Saúde Mental (Figueiredo & Campos; 2009). As ações de saúde

mental desenvolvidas nas unidades básicas caracterizam-se pela integração da profilaxia

e tratamento dentro do limite pertinente de atuação e complexidade . Através do

aproveitamento máximo de cada componente da equipe, visa-se superar o uso tão

frequente de fármacos, enquanto único recurso, e instituía a psicoterapia breve como

modalidade de tratamento (caixeta & Moreno; 2008). Segundo o relatório sobre saúde

mental da OMS, é fundamental o controle e tratamento de perturbações mentais, no

contexto dos cuidados primários, sendo esse um passo fundamental para o acesso de um

maior número possível de pessoas,de forma rápida, aos serviços. Além disso, devem ser

fornecidos, e estar constantemente disponíveis, medicamentos psicotrópicos essenciais

em todos os níveis de cuidados de saúde. Estes medicamentos devem ser incluídos nas

listas de medicamentos essenciais de todos os países, eles proporcionam o tratamento de

primeira linha, especialmente em situações em que não estão disponíveis intervenções

psicossociais nem profissionais altamente qualificados (Murray; 1996)

Page 20: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

3.2.2 Utilização e uso inadequado

Nesse contexto de políticas de saúde e da Assistência Farmacêutica, deve-se chamar a

atenção para o problema do uso inadequado dos medicamentos. De acordo com a

Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), 15% da população consomem mais de

90% da produção farmacêutica; 25-70% do gasto em saúde nos países em

desenvolvimento correspondem a medicamentos, comparativamente nos países

desenvolvidos esse percentual chega a 15%. Outro dado relevante é que 50 a 70% das

consultas médicas geram uma prescrição medicamentosa; 50% de todos os

medicamentos são prescritos, dispensados ou usados inadequadamente (Brasil; 2007). É

evidente a necessidade da disponibilização do tratamento e do uso de medicamentos no

tratamento da saúde mental, mas é importante que o uso ocorra de forma racional e que

exista o acompanhamento dos pacientes por um profissional de saúde.

O uso inadequado de medicamentos, principal consequência do consumo exacerbado,

contribui para o surgimento de eventos adversos, aumentando o risco de morbidade e

mortalidade, além da elevação dos custos com a saúde (Vieira; 2007) Os episódios de

reações adversas ocorridas no século XX, como o do dietilenoglicol e da talidomida,

despertou o interesse para o risco do uso indevido de medicamentos (Vieira; 2007).

Sendo assim, os países começaram a se preocupar com o acesso e a promoção do uso

racional de medicamentos incentivados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a

partir da década de 1970. Neste sentido, desde a Declaração de Tóquio em 1993, a OMS

tenta reforçar a importância da incorporação do farmacêutico à equipe de saúde, visto

que esse seria um profissional capacitado para a condução destas ações (Marin; 2003).

3.3 Estudos de Utilização de medicamentos e importância do profissional de saúde

Ainda sobre o problema do uso inadequado de medicamentos, no que tange as políticas

públicas de saúde e da Assistência Farmacêutica, a farmacoepidemiologia,

principalmente os estudos de utilização dos medicamentos (EUM), que são

levantamentos epidemiológicos de medicamentos utilizados por uma população

específica, podendo utilizar ferramentas como a farmacovigilância e farmacoeconomia

.Esses estudos apresentam-se como alternativa para a redução dos custos nos serviços

de saúde, pois por meio destes estudos populacionais torna-se possível detectar eventos

adversos, auxiliando no desenvolvimento de políticas governamentais e na realização de

intervenções educativas – ambas tendo como objetivo o uso racional dos medicamentos

Page 21: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

(Melo; 2006). Porém, vale enfatizar que as investigações epidemiológicas no Brasil são

ainda limitadas, com número restrito de publicações científicas, especialmente na área

de saúde mental. A crescente utilização de medicamentos, inclusive psicotrópicos,

devido à medicalização da sociedade, às pressões mercadológicas da indústria

farmacêutica e ao envelhecimento da população, promove a utilização inadequada de

medicamentos (lima et al,; 1999). No entanto, o uso inadequado de psicotrópicos, uma

realidade no país, provoca tolerância, dependência e outras reações adversas

extremamente danosas aos indivíduos, deixando clara a necessidade de intervenção

(Noto et al.; 2002).

3.4 Medicamentos psicotrópicos

Os psicotrópicos são aqueles que interferem primeiramente em função do sistema

nervoso central (SNC) . Os psicotrópicos podem ser divididos em quatro categorias

principais. Os ansiolíticos-sedativos, particularmente os benzodiazepínicos, são

utilizadospara a farmacoterapia de distúrbios de ansiedade. Os antidepressivos, agentes

que elevam o humor. Os antimaníacos ou estabilizadores do humor, notavelmente os

sais de lítio e determinados anticonvulsivantes são utilizados no tratamento dos

distúrbios afetivos do humor e condições relacionadas. Os antipisicóticos ou

neurolépticos são utilizados no tratamento de doenças psiquiátricas, como as psicoses e

a mania, exercendo efeitos benéficos sobre o humor e o raciocínio (Forte; 2007).

Antidepressivos

Os antidepressivos são uma classe de fármacos indicada para o tratamento e remissão de

sintomas característicos da síndrome depressiva, em pelo menos um grupo de pacientes

com transtorno depressivo. Algumas substâncias com atividade antidepressiva podem

ser indicadas também no tratamento de transtornos psicóticos. O primeiro grupo de

fármacos para o tratamento da depressão surgiu na década de 1960, designado como

tricíclicos (ADT), tendo a imipramina e a amitriptilina como os protótipos desta

geração. O segundo grupo é representado pelos inibidores da monoaminoxidase

(IMAO), com aparecimento também nos anos 1960, sendo a iproniazida o primeiro

fármaco. Em 1987, a agência reguladora de medicamentos e alimentos, Food and Drug

Administration (FDA), dos Estados Unidos, aprovou o primeiro fármaco (fluoxetina) do

grupo dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) (Coulter, 1995).

Page 22: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Os tricíclicos atuam sobre receptores noradrenérgicos e serotonérgicos (que, acredita-se,

mediam sua ação terapêutica), bem como histaminérgicos, alfa-adrenérgicos,

muscarínicos e dopaminérgicos, e são responsáveis por vários efeitos colaterais. Os

mais descritos são: hipotensão ortostática, boca seca, tremores, constipação, taquicardia,

diminuição da pressão arterial sistólica ao levantar. Tremor fino, de alta frequência, em

geral das extremidades superiores, ocorre em até 10% dos pacientes e parece ser devido

à excessiva estimulação adrenérgica (Moreno, 1999). Por sua ação anticolinérgica,

ADTs podem causar efeitos cognitivos. Efeitos anticolinérgicos também podem causar

complicações em pacientes com glaucoma de ângulo estreito ou desencadear retenção

urinária em pacientes com prostatismo. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina

(ISRS) por não apresentar efeitos sobre a estabilidade de membranas e ter pequena

afinidade por receptores adrenérgicos, colinérgicos e histaminérgicos, os ISRS são

geralmente bem tolerados e isentos de risco em cardiopatas. Seus efeitos adversos mais

comuns resultam do próprio bloqueio da recaptação de serotonina: náuseas, vômitos,

diarreia, insônia, ansiedade, agitação, acatisia, tremor, cefaleia e disfunção sexual. As

superdosagens são menos perigosas que as dos ADT, e seus sintomas incluem agitação,

nervosismo, náuseas, vômitos, convulsões e hipomania (Coulter; 1995).

Muitas revisões consideram os Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) a

primeira linha de tratamento para depressão nos idosos devido a seu perfil mais

vantajoso de efeitos colaterais (Coulter; 1995). Porém, com mais experiência em sua

administração e mais tempo de observação, tem-se descoberto que não são isentos de

risco. O tratamento da depressão baseia-se em um grupo variado de agentes terapêuticos

antidepressivos, em parte porque a depressão clínica é uma síndrome complexa de

gravidade amplamente variada (Goodman & Gilman; 2006).

Ansiolíticos

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) está entre os transtornos da ansiedade e,

consequentemente, transtornos mentais, mais freqüentemente encontrados na clínica.

Embora visto inicialmente como um transtorno leve, atualmente se avalia que o TAG é

uma doença crônica, associado a uma morbidade relativamente alta e a altos custos

individuais e sociais. Por exemplo, cerca de 24% dos pacientes classificados como

Page 23: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

grandes usuários de serviços médicos ambulatoriais apresentam diagnóstico de TAG

(Schweizer; 1995). Os benzodiazepínicos são a classe de medicamentos mais comuns

no tratamento de transtornos de ansiedade .

Antipsicóticos

Os medicamentos antipsicóticos, utilizados no tratamento da esquizofrenia, foram

introduzidos na clínica na década de 1950. Inicialmente batizados de “Neurolépticos”,

ou “Tranqüilizantes Maiores” (em oposição aos benzodiazepínicos, os “Tranqüilizantes

Menores”), eles são atualmente agrupados em duas categorias: “Antipsicóticos Típicos”

ou “Antipsicóticos Atípicos” (King et al.; 2002). Os antipisicóticos típicos são

antagonistas do receptor D2 da Dopamina e são representados pelos seguintes fármacos,

em ordem decrescente de potência: clorpromazina, haloperidol, flupentixol, fluspirileno,

sulpirida, levomepromazina, clorprotixeno.

Anticonvulsivantes (Antiepiléticos e antiparkisonianos)

O valproato de sódio é um fármaco utilizado como coadjuvante no tratamento de

transtornos de humor. É um ácido carboxílico de estrutura molecular relativamente

simples, cujas características antiepilépticas foram descobertas por acaso na Europa, em

1963. Era utilizado como veículo para outras drogas que eram pesquisadas para avaliar

o potencial antiepiléptico (Mcelroy et al.; 2000). A combinação do divalproato de sódio

e lítio apresentou eficácia superior ao uso isolado do lítio (associado com placebo) para

prevenir episódios afetivos (Solomon et al.; 1997). Os antiparkinsonianos, em especial o

biperideno, têm seu lugar, como medicação coadjuvantes da terapia das psicoses.

Os medicamentos psicotrópicos são de grande validade no tratamento de diversos

distúrbios psiquiátricos, mas não devem ser prescritos de uma forma crônica, a não se

que façam ajustes para uma reavaliação regular e cuidadosa do estado da paciente. A

posologia e a duração do tratamento devem ser adequadas para as necessidades de cada

paciente. De forma geral, a indicação para o uso de psicotrópicos irá depender do

diagnóstico, considerando fatores como o tipo de droga, a dosagem, a farmacocinética e

a sensibilidade individual (Santos; 1997).

Page 24: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

3.5 Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde

Desde a década de 1970, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os

governos adotem listas de medicamentos essenciais como política fundamental para a

garantia de acesso das populações a medicamentos seguros, eficazes e custo-efetivos,

voltados ao atendimento de suas doenças mais prevalentes e que estejam disponíveis em

quantidades adequadas (OMS; 2002).

A assistência terapêutica integral, incluindo a assistência farmacêutica, também é área

de atuação do SUS (Brasil; 2008). A Portaria GM/MS n. 204, de 29 de janeiro de 2007,

regulamenta o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os

serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com o respectivo

monitoramento e controle.

O Bloco de Financiamento da Assistência Farmacêutica, destinado à aquisição de

medicamentos e insumos para à população é dividido em três componentes:

Componente Básico, Componente Estratégico e Componente Especializado.

O Componente Básico destina-se à aquisição de medicamentos e insumos da assistência

farmacêutica no âmbito da atenção básica em saúde e daqueles relacionados a agravos e

programas de saúde específicos, por meio do repasse de recursos financeiros às

secretarias municipais e/ou estaduais de saúde. O Componente Estratégico, destina-se a

compra de medicamentos e insumos para programas de saúde estratégicos: controle de

endemias, tais como a tuberculose, a hanseníase, a malária, a leishmaniose, a doença de

Chagas e outras doenças endêmicas de abrangência nacional ou regional; antirretrovirais

do programa DST/ Aids; sangue e hemoderivados e imunobiológicos, sendo os

medicamentos adquiridos e distribuídos pelo Ministério da Saúde. O Componente

Especializado da Assistência Farmacêutica, é uma estratégia de acesso a medicamentos

no âmbito do SUS que busca garantir de integralidade do tratamento medicamentoso em

nível ambulatorial, com linhas de cuidado definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes

Terapêuticas publicados pelo Ministério da Saúde. O acesso aos medicamentos para as

doenças contempladas é garantido mediante a pactuação do financiamento entre a

União, estados, Distrito Federal e municípios.

Page 25: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

3.5.1 Componente Básico da Assistência Farmacêutica: Financiamento e execução

A Assistência Farmacêutica Básica (AFB) apresenta financiamento das três instâncias

gestoras do SUS; União, Estado e Município, sendo os valores das contrapartidas de

cada ente federado pactuados entre os gestores nas Comissões Intergestores, Tripartite

(CIT) e Bipartite (CIB). A Portaria no 1.555, de 30 de julho de 2013 atualizou os

valores, os elencos de medicamentos e as transferências de recursos para AFB.

A referida Portaria regulamenta sobre a responsabilidade pelo financiamento do

Componente Básico da Assistência Farmacêutica de forma tripartite, com aplicação, no

mínimo, dos seguintes valores:

- União: R$ 5,10 por habitante/ano para financiar a aquisição dos medicamentos e

insumos constantes dos Anexos I e IV da RENAME vigente no SUS;

- Estados: R$ 2,36 por habitante/ano para financiar a aquisição dos medicamentos e

insumos constantes dos Anexos I e IV da RENAME vigente no SUS;

- Municípios: R$ 2,36 por habitante/ano para financiar a aquisição dos medicamentos e

insumos constantes dos Anexos I e IV da RENAME vigente no SUS.

Os recursos financeiros federais são transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos entes

federativos em parcelas mensais correspondentes a 1/12 (um doze avos) do valor total

anual, conforme o destino pactuado no âmbito da Comissão Intergestores Bipartite

(CIB), para o Fundo Estadual de Saúde (FES) ou para o Fundo Municipal de Saúde

(FMS).

Em relação a execução do componente, o Ministério da Saúde adquire de forma

centralizada os métodos contraceptivos para atender ao Programa da Saúde da Mulher e

as Insulinas Humanas NPH e Regular para tratamento da Diabetes Melitus. Os

contraceptivos são distribuídos para as Secretaria Estaduais de Saúde, as quais são

responsáveis pela distribuição aos municípios e, diretamente, para as Secretarias

Municipais de Saúde das capitais estaduais e municípios com população superior a 500

mil habitantes. Já as insulinas, são entregues nas Secretarias Estaduais de Saúde, que

são responsáveis pelas distribuições aos municípios.

Page 26: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

A assistência farmacêutica não está restrita à produção e distribuição de medicamentos,

mas abrange um conjunto de procedimentos necessários à promoção, prevenção e

recuperação da saúde, individual e coletiva, centrado no medicamento. Com esta

concepção, a assistência farmacêutica engloba as atividades de pesquisa, produção,

distribuição, armazenamento, prescrição e dispensação, esta última entendida como o

ato essencialmente de orientação quanto ao uso adequado e farmacovigilância (Araújo,

Freitas; 2005).

Page 27: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

4 MÉTODOS

4.1 Delineamento e população do estudo

Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo com análise de dados secundários de

banco de registro de solicitação e distribuição de medicamentos do Componente Básico

da Assistência Farmacêutica (CBAF) da Secretaria de Estado do Estado de Minas

Gerais (SES-MG) no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2013.

4.2 Procedimento de Coleta de Dados

O banco de dados foi solicitado à SES-MG através do Portal da Transparência do

Governo de Minas Gerais (Anexo). Foram incluídos na análise os dados de

programação (solicitação de medicamentos) e distribuição do CBAF dos municípios

registrados via sistema SIGAF, que possuem pactuação de gestão centralizada

(totalizando 782 municípios, do total de 853 municípios do Estado de Minas Gerais),

conforme deliberação em CIB (Deliberação CIB SUS 610/2010). De forma

complementar, foram utilizados dados financeiros públicos de aquisição oriundos dos

processos de aquisição com medicamentos no período obtidos através do Portal de

Compras do Estado de Minas Gerais (www.compras.mg.gov.br), consultando as atas de

registro de preços de compra de medicamentos em cada ano analisado.

A distribuição do número apresentações dos fármacos por grupo farmacológico está

apresentada no Quadro 1.

Page 28: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Quadro 1 – Número de apresentações dos fármacos por grupos farmacológicos do Componente

Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF) distribuídos pela SES-MG no período analisado.

Fonte: REME-MG disponível em: www.saude.mg.gov.br

Grupo farmacológicos* distribuídos pelo

CBAF -SES-MG

Anti-inflamatórios não esferoidais -AINEs 2

Analgésicos e Antipiréticos 5

Antiácidos 2

Antialérgicos 4

Antianêmicos 3

Antiasmáticos e drogas para o tratamento de

obstruções das vias aéreas

5

Antibióticos 21

Anticoagulantes 2

Psicotrópicos (Antidepressivos/ Ansiolíticos /

Antipsicóticos)

21

Antidiabéticos orais 4

Antieméticos 2

Antiepiléticos 6

Antifúngicos 9

Antigotosos 2

Antiinflamatório esteróide 3

Antiparasitários 7

Antiparkinsonianos 4

Dermatológicos 1

Hipoglicemiantes 2

Imunossupressores 2

Oftalmológicos 4

Reidratação oral 1

Repositores da estrutura óssea e mineralização 2

Repositores hormonais tireoidianos 3

Soluções de irrigação 2

Suplementos minerais 1

Toxoplasmose 2

TOTAL DE APRESENTAÇÕES 147

Page 29: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Foram excluídos da análise medicamentos e insumos do CBAF destinados ao

tratamento de diabetes e do programa saúde da mulher que são de compra centralizada

pelo Ministério da Saúde.

Posteriormente realizado um recorte para análise dos medicamentos psicotrópicos, foco

do estudo. Os medicamentos psicotrópicos analisados foram classificados conforme o

grupo farmacológico, a saber:

a) antidepressivos: fluoxetina, amitriptilina, clomipramina, imipramina e nortriptilina

b) antipsicóticos: haloperidol, carbonato de lítio e clorpromazina

c) ansiolíticos benzodiapínicos: (diazepam e clonazepam)

d) anticonvulsivante: valproato de sódio

e) antiparkisoniano: biperideno

4.2.1 Variáveis analisadas

Foram analisadas variáveis relativas a demanda de solicitação e distribuição de

medicamentos expressa como menor unidade solicitada, as apresentações de 30

comprimidos ou cápsulas ou unidade de 01 frasco ou um frasco-ampola. O custo médio

de aquisição foi expresso em moeda monetária corrente.

4.3 Procedimentos de Análise de Dados

4.3.1 Análise da demanda

A análise da demanda e distribuição média no período foi realizada considerando a

quantidade total solicitada por apresentação dos fármacos por ano dividido pelos três

anos analisados.

Para análise da demanda reprimida total no período foi considerada a fórmula abaixo:

DR=QStotal (-) QDist.total/3

Page 30: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Foi calculada o percentual de representação do grupo dos psicotrópicos em relação ao

total de medicamentos dos demais grupos farmacológicos demandados e distribuídos no

período.

4.3.2 Análise do Consumo

Os dados de consumo dos medicamentos foram realizados somente para os

medicamentos psicotrópicos e foram expressos, para cada medicamento, em

Dose/Habitante/Dia, que corresponde à Dose Diária Definida (DDD) por 10.000

habitantes/dia. A DDD é uma unidade técnica de medida e comparação, que é definida

como a dose média diária de manutenção de um medicamento, quando usada em sua

indicação terapêutica principal, estabelecida pelo Centro Colaborador da OMS em

Metodologia e Estatísticas de Medicamentos 45.

A fórmula utilizada para cálculo foi:

DDD/10000hab/dia = {(QDist ano/(DDDteórica X 365 x população assistida)} x

10.000

A população total dos municípios analisados corresponde à 9.261.120 milhões de

pessoas (IBGE; 2010), 48% da população total do Estado. Para cálculo da DDD, foi

assumido como população assistida (usuária do Sistema único de Saúde), 75% da

população dos municípios analisados, ou seja, 6.945.840 milhões de pessoas.

O Quadro 2 apresenta os demais parâmetros utilizados para cálculo da DDD

Page 31: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Fármaco (DCB) Forma

Farmacêutica Dosagem

Grupo

terapêutico DDD

amitriptilina comprimido 25 mg Antidepressivos 75 mg

biperideno comprimido 2 mg Antiparksinoniano

s

10 mg

carbonato de lítio comprimido 300 mg Antipsicóticos 888 mg

clomipramina comprimido 25 mg Antidepressivos 100 mg

clonazepam comprimido 2 mg Benzodiazepínico

s

8 mg

solução oral 2,5 mg/mL 8 mg

clorpromazina comprimido 100 mg Antipsicóticos 300 mg

comprimido 25 mg 300 mg

solução 40 mg/mL 300 mg

diazepam comprimido 10 mg

Benzodiazepínico

s

30 mg

comprimido 5 mg 30 mg

fluoxetina cápsula 20 mg Antidepressivos 20 mg

haloperidol comprimido 5 mg Antipsicóticos 8 mg

solução injetável 5 mg/mL 8 mg

solução oral 2 mg/mL 8 mg

solução injetável 50 mg/mL 8 mg

imipramina comprimido

revestido

25 mg Antidepressivos 100 mg

cloridrato de

nortriptilina

cápsula 25 mg Antidepressivos 75 mg

cápsula 50 mg 75mg

valproatro de

sódio

cápsula ou

comprimido

equivalente a 250

mg de ácido

valpróico

Antiepiléticos 1500 mg

solução oral ou

xarope

equivalente 50

mg/mL de ácido

valpróico

1500 mg

Page 32: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

4.3.3Análise dos gastos com a aquisição

A análise dos gastos médios de aquisição dos medicamentos foi realizada através da

consulta das atas de registro de preço dos medicamentos adquiridos pelo Estado de

Minas Gerais no período analisado. Os valores unitários dos medicamentos adquiridos

foram multiplicados pela quantidade distribuída. A fórmula do cálculo realizado está

apresentada abaixo:

GM=C.aq Med. x QDist.total

4.4 Aspectos Éticos

Por se tratar de estudo de análise de banco de dados referente a aquisição de

medicamentos do Sistema Único de Saúde do Estado de Minas Gerais, não envolvendo

seres humanos, que é considerada pela Resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012

como “pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser

humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta,

incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos”, o presente

trabalho não necessita de submissão ou aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa com

Seres Humanos

Page 33: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 ARTIGO 1

[Consumo e gastos com psicotrópicos no Sistema Único de Saúde no Estado de Minas

Gerais: análise de 2011 a 2013]

[Consumption and spending on psychotropic drugs in the Unified Health System in the

State of Minas Gerais: Analysis 2011-2013]

[Alessandra Caroline Domingos de Figueiredo], Mestranda em Saúde Coletiva

Universidade de Brasília, UNB;

[Noemia Urruth Leão Tavares], Professora da Faculdade de Ciências da Saúde ,

Universidade de Brasília, UNB

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB)

Page 34: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Consumo e gastos com psicotrópicos no Sistema Único de Saúde no Estado de

Minas Gerais: análise de 2011 a 2013.

RESUMO:

Este estudo teve como objetivo principal descrever a demanda, consumo e os gastos

com medicamentos psicotrópicos no Componente Básico da Assistência Farmacêutica

no SUS no Estado de Minas Gerais no período de 2011 a 2013. Trata-se de um estudo

descritivo retrospectivo com análise de dados secundários de banco de registro de

solicitação e distribuição de medicamentos do Componente Básico da Assistência

Farmacêutica (CBAF) da Secretaria de Estado do Estado de Minas Gerais (SES-MG) no

período de janeiro de 2011 a dezembro de 2013. Os resultados encontrados nesse estudo

mostraram que os psicotrópicos são responsáveis por um gasto médio por ano de R$4

milhões, o que corresponde a cerca de 3% do total gasto por ano pela SES-MG com

medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF). A

fluoxetina é o antidepressivo com maior demanda e consumo nas farmácias públicas e o

clonazepam é o fármaco de maior demanda entre os psicotrópicos e maior consumo

entre os benzodiazepínicos. O maior consumo entre todos os psicotrópicos é do

haloperidol, medicamento utilizado no tratamento de esquizofrenia. Ele também foi o

responsável pelo maior peso nos gastos (38%) com o grupo de medicamentos

psicotrópicos. Os resultados desse estudo demonstraram que ainda há uma grande

demanda, consumo e gastos expressivos com medicamentos para os tratamentos de

psicoses, transtornos de ansiedade e depressão na Assistência Farmacêutica Básica e

pode auxiliar gestores no planejamento e tomada de decisões no tocante as políticas

públicas de saúde e alocação de recursos.

Palavras chave: Gastos em Saúde; Gestão em Saúde; Assistência Farmacêutica

Page 35: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

ABSTRACT:

This study aimed to describe the demand, consumption and spending on psychotropic

medications in Basic pharmaceutical assistance component in SUS in the state of Minas

Gerais in the period 2011 to 2013. This is a retrospective descriptive study with analysis

of secondary data request record database and distribution Basic Component medicines

pharmaceutical assistance (CBAF) the Secretary of State of Minas Gerais (SES-MG)

from January 2011 to December 2013. The results in this study showed that

psychotropics are responsible for an average cost per year of US $ 4 million, which

corresponds to about 3% of total expenditure per year for SES-MG with Basic

Component medicines pharmaceutical assistance (CBAF). Fluoxetine is an

antidepressant with higher demand and consumption in public pharmacies and

clonazepam is the greatest demand among psychotropic drug and higher consumption of

benzodiazepines. The higher consumption among all psychotropic is haloperidol, a drug

used to treat schizophrenia. He was also responsible for the largest weight in spending

(38%) with the group of psychotropic medications. The results of this study showed that

there is still a great demand, consumption and significant spending on drugs for the

treatment of psychosis, anxiety disorders and depression in Basic Pharmaceutical

Assistance and can assist managers in planning and decision-making regarding public

health policies and resource allocation.

Key words: Health Expenditures; Health Management; Pharmaceutical Services;

medicines

Page 36: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

INTRODUÇÃO

Segundo a Classificação Internacional de Transtornos Mentais e de Comportamento

(CID-10)1, os transtornos mentais (TM) se classificam como doença com manifestação

psicológica associada a algum comprometimento funcional resultante de disfunção

biológica, social, psicológica, genética, física ou química. Podem ser classificados,

ainda, como alterações do modo de pensar e/ou do humor associadas a uma angústia

expressiva, produzindo prejuízos no desempenho global da pessoa no âmbito pessoal,

social, ocupacional e familiar. Os medicamentos psicotrópicos (psique=mente,

topos=alteração), são modificadores seletivos do Sistema Nervoso Central e podem ser

classificados, segundo a Organização Mundial de Saúde em: ansiolíticos e sedativos;

antipsicóticos (neurolépticos); antidepressivos; estimulantes psicomotores;

psicomiméticos e potencializadores da cognição (Rang et al,2001).

Os medicamentos psicotrópicos são utilizados no tratamento de transtornos

psiquiátricos como psicoses, ansiedade e depressão. Esses fármacos possuem ação no

Sistema Nervoso Central (SNC), podendo produzir alterações de humor,

comportamento e cognição, são fáceis de autoadministração e podem levar a

dependência (Silva; 2000). O uso inadequado de psicotrópicos, uma realidade no país,

provoca tolerância, dependência e outras reações adversas extremamente danosas aos

indivíduos, deixando clara a necessidade de intervenção (Noto et al., 2002).

No contexto de doenças que afetam o SNC, segundo a Organização Mundial de Saúde

(OMS) a depressão, é uma das doenças que mais incapacitam pessoas ao redor do

mundo e estima-se que até 2020 será a doença mais prevalente no mundo, afetando mais

pessoas que o câncer e doenças cardíacas (WHO, 2008). Também segundo a OMS, a

depressão será a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos,

devido aos gastos com tratamento para a população e às perdas de produção. Ainda

sobre doenças que afetam o SNC, os transtornos relativos a ansiedade levam a um

consumo muito alto de benzodiazepínicos. Essa classe de medicamentos está entre os

mais consumidos no mundo (Veras, 1999; Chaimowicz, 2000 )

A evolução dos gastos com saúde e, especificamente medicamentos, tem preocupado os

governos. Em muitos casos esse aumento foi superior à inflação e ao crescimento do

Page 37: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Produto Interno Bruto – PIB nos paises mebros da Organização para a Cooperação

Econômica e Desenvolvimento (OECD). A média dos gastos em saúde enquanto

percentual do PIB foi de 7,0% em 1990 e 8,9% em 2004 (Sulpino, 2007). Conclui-se

que se essa tendência continuar e o nível do cuidado de saúde for mantido, os governos

terão que adotar algumas medidas para sustentar o financiamento: aumentar impostos,

cortar os gastos em outras áreas ou fazer com que as pessoas paguem mais do próprio

bolso (Brussels, 2006).

No Brasil, o Sistema Único de Saúde, SUS, fornece gratuitamente à população

medicamentos para alguns dos transtornos mentais, tais como o tratamento de

transtornos psiquiátricos, transtornos de ansiedade, depressão e neurológicos, como

Parkson e Alzhmeir. No âmbito da atenção básica, os medicamentos são

disponibilizados por meio do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF),

e em linhas de tratamento de maior complexidade, por meio do Componente

Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), onde são disponibilizados

medicamentos como rivastigmina, clozapina, lamotrigina, olanzapina, quetiapina e

risperidona, ambos para esquizofrenia, com exceção de rivastigmina para para

tratamento de Doença de alzhmeir e lamotrigina para epilepsia. Nesse estudo, o

objetivo é avaliar a demanda e os gastos no âmbito da Atenção Básica no SUS.

Nesse sentido, o CBAF é regulamentado pela Portaria GM/MS n°1555/2013 que define

a execução e financiamento deste componente. Outros medicamentos para tratamento

de transtornos mentais, são disponibilizados por meio do Componenten Especializado,

tais como

O financiamento do CBAF é de responsabilidade dos 3 entes federados; União, Estado e

Município O financiamento e execução do CBAF no Estado de Minas Gerais é

regulamentado pela Deliberação 1610 de 16 de outubro de 2013, na qual estabelece os

valores das contrapartidas de cada ente federado. O Estado de Minas Gerais pactou com

a maioria dos municípios em Comissão Intergestores Bipartite (CIB) a execução CBAF

de forma plena, ou seja, o Estado fica responsável pela execução do recurso destinado

ao Componente Básico da Assistência Farmacêutica, referente às contrapartidas federal,

estadual e municipal, para aquisição e distribuição dos medicamentos CBAF. Os

demais, realizam a aquisição dos medicamentos do CBAF da mesma forma em relação

Page 38: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

ao financiamento, ou seja, com as contrapartidas federal, estadual e municipal, porém

executam-nas de forma autônoma.

Este estudo teve como objetivo principal descrever a demanda, consumo e os gastos

com medicamentos psicotrópicos no Componente Básico da Assistência Farmacêutica

no SUS no Estado de Minas Gerais no período de 2011 a 2013. Como objetivo

secundário, esse estudo visou descrever as principais classes de psicotrópicos

distribuídos pelo Estado nesse período.

MÉTODO:

Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo com análise de dados secundários de

banco de registro de solicitação e distribuição de medicamentos do Componente Básico

da Assistência Farmacêutica (CBAF) da Secretaria de Estado do Estado de Minas

Gerais (SES-MG) no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2013.

O banco de dados foi solicitado à SES-MG através do Portal da Transparência do

Governo de Minas Gerais (Anexo). Foram incluídos na análise os dados de

programação (solicitação de medicamentos) e distribuição do CBAF dos municípios

registrados via sistema SIGAF, que possuem pactuação de gestão centralizada

(totalizando 782 municípios, do total de 853 municípios do Estado de Minas Gerais),

conforme deliberação em CIB (Deliberação CIB SUS 610/2010). De forma

complementar, foram utilizados dados financeiros públicos de aquisição oriundos dos

processos de aquisição com medicamentos no período obtidos através

do Portal de Compras do Estado de Minas Gerais (www.compras.mg.gov), consultando

as atas de registro de preços de compra de medicamentos em cada ano analisado.

Foram excluídos da análise medicamentos e insumos do CBAF destinados ao

tratamento de diabetes e do programa saúde da mulher que são de compra centralizada

pelo Ministério da Saúde.

Posteriormente realizado um recorte para análise dos medicamentos psicotrópicos, foco

do estudo. Os medicamentos psicotrópicos analisados foram classificados conforme o

grupo farmacológico, a saber a) antidepressivos: fluoxetina, amitriptilina, clomipramina,

imipramina e nortriptilina; b) antipsicóticos: haloperidol, carbonato de lítio e

Page 39: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

clorpromazina; c) ansiolíticos benzodiapínicos: (diazepam e clonazepam); d)

anticonvulsivante: valproato de sódio; e) antiparkisoniano: biperideno.

Foram analisadas variáveis relativas a demanda de solicitação e distribuição de

medicamentos expressa como menor unidade solicitada, as apresentações de 30

comprimidos ou cápsulas ou unidade de 01 frasco ou um frasco-ampola. O custo médio

de aquisição foi expresso em moeda monetária corrente.

A análise da demanda e distribuição média no período foi realizada considerando a

quantidade total solicitada por apresentação dos fármacos por ano dividido pelos três

anos analisados.

Para análise da demanda reprimida total no período foi considerada a fórmula abaixo:

DR=QStotal (-) QDist.total/3

Foi calculada o percentual de representação do grupo dos psicotrópicos no total de

medicamentos dos demais grupos farmacológicos demandados e distribuídos no

período.

Os dados de consumo dos medicamentos foram realizados somente para os

medicamentos psicotrópicos e foram expressos, para cada medicamento, em

Dose/Habitante/Dia, que corresponde à Dose Diária Definida (DDD) por 10.000

habitantes/dia. A DDD é uma unidade técnica de medida e comparação, que é definida

como a dose média diária de manutenção de um medicamento, quando usada em sua

indicação terapêutica principal, estabelecida pelo Centro Colaborador da OMS em

Metodologia e Estatísticas de Medicamentos.

A fórmula utilizada para cálculo foi:

DDD/10000hab/dia = {(QDist ano/(DDDteórica X 365 x população assistida)} x

10.000

A população total dos municípios analisados corresponde à 9.261.120 milhões de

pessoas (IBGE; 2010), 48% da população total do Estado. Para cálculo da DDD, foi

Page 40: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

assumido como população assistida (usuária do Sistema único de Saúde), 75% da

população dos municípios analisados, ou seja, 6.945.840 milhões de pessoas.

RESULTADOS:

A demanda total de medicamentos do CBAF durante o período analisado (2011 a 2013)

foi de 445.587.496 medicamentos (em unidades), a maior demanda de medicamentos

foi para o grupo de medicamentos cardiovasculares (1º), seguido de analgésicos (2º) e

antiepiléticos (3º). As solicitações de medicamentos para o grupo de medicamentos

cardiovasculares representaram 25,24% do total da demanda nos 3 anos de análise do

presente estudo respectivamente. A tabela 1 apresenta os 10 grupos de maior demanda

no período analisado, incluindo o grupo de psicotrópicos, e a respectiva quantidade

solicitada.

O grupo de medicamentos psicotrópicos ficou em quinto lugar em solicitações,

representado 8,4% do total da demanda de medicamentos do CBAF no período de 2011

a 2013. Analisando os medicamentos desde grupo, o clonazepam, medicamento

ansiolítico, teve a maior demanda, seguido da fluoxetina, medicamento antidepressivo

inibidor seletivo de receptação de serotonina (ISRS), e diazepam, ansiolítico

benzodiazepínico. A figura 1 apresenta a demanda média anual dos medicamentos

psicotrópicos no período do estudo, ordenados pela classe terapêutica.

Em relação as classes terapêuticas, a maior demanda anual foi de antidepressivos,

representados pelos medicamentos fluoxetina, amitriptilina, imipramina, nortriptilina e

clomipramina. A demanda desses medicamentos teve uma média de 4.329.423,87 de

unidades/ ano. Os ansiolíticos, representados pelos benzodiazepínicos; clonazepam e

diazepam, ficaram em segundo lugar com 4.302.367,33 milhões de unidades. Em

seguida, ficaram os antipsicóticos, anticonvulsivante e antiparkisoniano. No gráfico

abaixo estão representadas as demandas médias anuais por classe.

Os medicamentos da classe de antidepressivos; amitriptilina, clomipramina,

imipramina, nortriptilina (antidepressivos da classe tricíclicos), e a fluoxetina (único

medicamento antidepressivo da classe de inibidores seletivos de receptação de

serotonina) foram responsáveis por uma demanda total de 12.988.271 milhões de

medicamentos no período analisado, 2,9% do total da demanda de medicamentos

Page 41: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

básicos (CBAF). Os medicamentos ansiolíticos, representados pelos medicamentos

benzodiazepínicos; clonazepam e diazepam, foram responsáveis por uma demanda total

de 12.907.109 medicamentos, o que representam também cerca de 2,9% da demanda

total dos medicamentos básicos distribuídos pelo SES-MG.

A distribuição dos medicamentos do CBAF durante 2011 a 2013 foi bastante irregular.

Ao todo foram distribuídos 414.041.550 medicamentos durante período analisado, isso

corresponde a 93% da quantidade solicitada, nesse caso a demanda reprimida, ou seja,

aquela demanda não atendida pela SES-MG foi de 7% considerando todos os

medicamentos do CBAF. A maior taxa média de demanda não atendida foi no grupo de

soluções de irrigação que teve uma média de 28% ao ano de demanda reprimida e a

menor foi no grupo de antivirais, média de 1% por ano.

A demanda reprimida dos medicamentos antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos

teve uma média 13% por ano, a quinta maior demanda reprimida entre os medicamentos

do CBAF. As demandas não atendidas, por classe terapêutica, tiveram uma média de

16% para antidepressivos, 15% para os benzodiazepínicos, 11% para antiparkisoniano,

10% para os antipsicóticos e 5% para anticonvulsivante. A tabela 2 apresenta as médias

de demandas reprimidas dos medicamentos, ou seja, a demanda não atendida por algum

motivo, que podem ser: falta de abastecimento, erros de solicitação por parte dos

municípios, inadimplência da contrapartida do município e etc.

A maior média a demanda reprimida por ano média foi para amitriptilina, 39%, e a

menor para o medicamento diazepam, que teve em média 1% de demanda não atendida.

O consumo de medicamentos do grupo de antidepressivos, ansiolíticos e antidepressivos

foi mensurado em DDD/10.000 habitantes/dia. A figura 1 apresenta a média de

consumo por 10.000 habitantes ano por medicamento dos grupos de antidepressivos,

ansiolíticos e antipsicóticos.

Os gastos totais com todos medicamentos do CBAF foram de R$ 404.814.250 milhões,

média de R$ 134.938.083 por ano. O valor médio de aquisição dos medicamentos,

considerando a apresentações de 30 comprimidos ou cápsulas ou menor unidade

(frasco/ frasco-ampola) foi de R$0,90 por apresentação ou frasco.

Cerca de 90% (R$120.107.096) dos gastos do Componente Básico do SUS de MG, se

concentraram em 6 grupos terapêuticos; antiepiléticos; antibióticos; AINES;

Page 42: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

antipiréticos e analgésicos, antiasmáticos e psicotrópicos, nessa ordem decrescente de

gastos. O grupo de medicamentos que representou maior percentual de valor na

distribuição do CBAF foi o grupo de antiepiléticos, que representou 35% dos gastos

totais com medicamentos do CBAF, aproximadamente 48 milhões reais/ano. Em

seguida ficou o grupo de antibióticos (2º) com 21% dos gastos do CBAF (cerca de 29

milhões reais/ano, seguido dos AINES (3º) com 20% (27 milhões de reais/ ano

aproximadamente), antipiréticos e analgésicos (4º) com 7% (cerca de 9 milhões de

reais/ano e antiasmáticos (5º) com 4 milhões de reais/ano, cerca de 3% do CBAF. O

grupo de medicamentos psicotrópicos (antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos),

ficou em 6º lugar em gastos médios anuais do CBAF. Em relação as médias de gastos

anuais de todo o Componente Básico, os medicamentos psicotrópicos representaram um

percentual de 3% do valor total distribuído durante o período do estudo,

aproximadamente 4 milhões de reais/ ano ou 12 milhões durante os 3 anos do estudo

realizado. No período analisado, de 2011 a 2013, os gastos totais com esses

medicamentos psicotrópicos foram de R$ 11.534.526 milhões de reais. Os

medicamentos cardiovasculares, grupo que representou a maior demanda total, foi

responsável por cerca de 1% do valor total distribuído, totalizando R$ 3.376.337,97 e

ficou em 12º lugar na representatividade dos gastos.

Dentre os medicamentos psicotrópicos, o maior percentual de gastos anuais foi com os

antipsicóticos (43%), representados pelo haloperidol, clorpromazina e carbonato de

lítio. Em seguida, o anticonvulsivante valproato de sódio que representou 28% dos

gastos de psicotrópicos e os ansiolíticos; diazepam e clonazepam, que representaram

22% dos gastos. Os gastos com antidepressivos representaram 7% do grupo.

A fluoxetina, único representante da classe de inibidores seletivos de receptação de

serotonina (ISRS) foi o medicamento antidepressivo que apresentou maior gasto dentre

os medicamentos antidepressivos (31%), seguida dos tricíclicos; nortiprilina,

clomipramina, amitriptilina e imipramina. A tabela 3 apresenta os gastos médios e

percentuais por medicamentos no grupo de psicotrópicos.

Page 43: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

DISCUSSÃO

Saúde mental no âmbito da atenção básica

Dentre as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a organização

de redes de atenção à saúde mental, destaca-se a oferta de tratamento na atenção

primária e a organização de ações em saúde mental na comunidade (WHO; 2001).

Nesse contexto, destaca-se a importância da distribuição de medicamentos psicotrópicos

na atenção primária, utilizados no tratamento de transtornos da saúde mental,

distribuídos através do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF). Os

medicamentos psicotrópicos (ansiolíticos, antidepressivos e antipsicóticos) são o

terceiro grupo em número de apresentações (21) distribuídas pelo SUS em Minas Gerais

e representaram uma demanda 12,5 milhões de medicamentos ao ano, quinta maior

demanda entre os medicamentos básicos distribuídos no Estado. Segundo um estudo

realizado em Presidente Juscelino –MG, cerca de 81% dos usuários desses

medicamentos adquirem os medicamentos através dos Sistema único de Saúde (Santos;

2009). Esses dados também foram observados por Rodrigues et. al, que relatou que a

maioria dos usuários de psicotrópicos adquirem esses medicamentos pelo SUS.

Demanda

No presente estudo a maior demanda psicotrópicos foram da classe de antidepressivos e

benzodiazepínicos, ambos na ordem de 4,33 e 4,30 milhões de medicamentos ao ano

respectivamente. Os antipsicóticos ficaram em 3º lugar e tiveram uma demanda na

ordem de 2,4 milhões de medicações solicitadas ao ano. As cinco maiores demandas de

medicamentos foram: clonazepam, fluoxetina, diazepam, haloperidol e amitriptilina.

Esses 5 medicamentos foram responsáveis por mais de 70% da demanda, sendo o

clonazepam, o medicamento mais solicitado, com uma demanda de cerca de 2,7 milhões

de medicamentos. Esse é um medicamento da classe dos benzodiazepínicos (BZD),

fármacos utilizados no tratamento de transtorno de ansiedade e indução do sono e que

tem sido observado uma tendência de aumento no número de prescrições e elevado

consumo em todo mundo (Forte; 2007). O outro representante da classe dos BZD,

distribuído pelo Componente Básico da Assistência Farmacêutica(CBAF), é o

diazepam, fármaco que ficou em 3º lugar na demanda (1,6 milhões de medicamentos),

cerca 60% da demanda de clonazepam. A fluoxetina, o único antidepressivo

representante da classe de inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS)

Page 44: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

distribuído pelo SUS, teve a segunda maior demanda, com cerca de 2,0 milhões de

medicações solicitadas, os demais antidepressivos do CBAF são representantes da

classe de inibidores de monoaminas (IMAO) ou tricíclicos. A amitriptilina, foi o

segundo antidepressivo mais solicitado, 4º medicamento em demanda com cerca de 1,0

milhões de solicitações ao ano, 50% da demanda da fluoxetina. Os dois foram

responsáveis por 71% da demanda de antidepressivos do CBAF.

A demanda não atendida, teve uma média de 13% no grupo de psicotrópicos. Embora

esse resultado seja somente referente ao medicamentos psicotrópicos, utilizados no

tratamento de doenças da saúde mental, esse resultado é semelhante ao de um estudo

recente financiado pelo PROESF, no qual avaliou a prevalência no acesso a

medicamentos de uso contínuo na farmácia básica para tratar hipertensão arterial

sistêmica, diabetes mellitus e problemas de

saúde mental nas regiões Sul e Nordeste do Brasil em 2005. Os dados demonstraram

que entre os adultos portadores dessas doenças somente 84% (no Sul) e 79% (no

Nordeste) tiveram acesso total aos medicamentos de uso contínuo para o tratamento das

mesmas, sendo que 10% e 14% não tiveram nenhum acesso aos medicamentos para

hipertensão, diabetes e para problemas de saúde mental, nas respectivas regiões (Panizi,

2008).

Consumo

Em relação a taxa de consumo, a mesma não foi exatamente correspondente ao perfil

encontrado em relação a demanda. O consumo, calculado pela Dose Diária Definida

(DDD) por 10.000 habitantes, demonstrou a maior taxa de consumo anual para os

medicamentos antipsicóticos, 3º lugar em demanda. O haloperidol, clorpromazina e

carbonato de lítio tiveram juntos uma média anual de consumo de 642,9, o quer dizer

cerca de 6,5% da população usuária do SUS no Estado. O haloperidol (4º lugar em

demanda), medicamento utilizado principalmente para tratamento de esquizofrenias, foi

o principal responsável por essa alta taxa de consumo dos antipsicóticos, sendo

responsável por 90% da taxa de consumo dessa classe terapêutica. Em segundo e

terceiro lugar, ficaram os benzodiazepínicos e antidepressivos, com uma taxa de

consumo de 352 e 267 a cada 10.000 usuários do SUS, respectivamente. Em relação aos

fármacos, 90% do consumo de psicotrópicos correspondem aos medicamentos:

haloperidol, clonazepam, fluoxetina, diazepam e clorpromazina. Com exceção da

Page 45: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

posição ocupada pelo haloperidol (1º em consumo e 4º em demanda) e a entrada da

clorpromazina entre os 5 primeiros, a média da taxa de consumo por ano foi bastante

coincidente com o resultado da demanda. A maior taxa de consumo entre os BZD foi

para o medicamento mais demandado da classe e de todo o grupo alvo desse estudo, o

clonazepam, que teve uma taxa média de consumo por ano de 292 a cada 10.000

usuários do SUS, cerca de 5 vezes superior ao consumo médio de diazepam. A

fluoxetina, antidepressivo mais consumido, teve uma taxa de consumo média por ano de

203 a cada 10.000 usuários do SUS, cerca de 8 vezes superior à amitriptilina, segundo

antidepressivo mais consumido.

Considerando todos os psicotrópicos analisados nesse estudo, a taxa média de

consumo/ano foi de 107 usuários a cada 10.000 usuários do SUS, o que significa uma

prevalência de consumo de 1,07% da população atendida pelo SUS no Estado de Minas

Gerais. Outros estudos sobre uso de psicotrópicos demonstram prevalência maiores no

consumo desses medicamentos, como 5,7% (Netto e Pereira; 2012;), e 5,4% (Almeida

et al, 1994). Um estudo em Pelotas (RS) foi observado um consumo de psicotrópicos de

11,9% dos indivíduos, sendo os BDZ responsáveis por 8% (Ohayon e Lader, 2002).

Considerando apenas os benzodiazepínicos e antidepressivos a taxa de consumo anual

foi de 3,1% da população, esse resultado é inferior à prevalência mundial de consumo

de benzodiazepínicos e antidepressivos, situada em 6,4% (Ohayon e Lauder, 2002).

Alguns fatores, tais como subdosagem, ou seja, algumas medicações sendo usadas em

doses menores que as definidas (DDD) pela Organização Mundial de Saúde e a

superestimativa da população atendida pelo SUS no Estado de Minas Gerais, 75%,

podem ter interferido nos valores de consumo encontrados.

Em relação ao consumo de antidepressivos, os resultados do presente estudo

corroboram com estudos mais recentes, mostrando que a fluoxetina é o antidepressivo

mais prescrito e consumido no SUS seguido da amitriptilina (Padilha, 2014; Netto,

2012; kantosvki, 2011). Segundo Netto e Pereira, fluoxetina e amitriptilina alcançam

quase 55% destas indicações de antidepressivos. É importante destacar ainda que a

fluoxetina e amitriptilina tiveram altas taxas de demanda reprimida, 15% e 39%

respectivamente, mas as taxas estimadas de consumo reprimido foram baixas,

calculadas pela DDD (a partir da demanda reprimida) a cada 10.000 usuários,

correspondentes à 0,18 e 1,62 respectivamente. No Chile, o consumo de

Page 46: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

antidepressivos em doses diárias definidas (DDD)por mil habitantes aumentou

linearmente em 470% de 1992 a 2004, sendo também os ISRS (79%) os mais

comumente prescritos (Jiron et al, 2008)

A taxa de consumo de fluoxetina foi cerca de 8 vezes superior à amitriptilina, segundo

antidepressivo mais consumido. Esse fator que pode ser atribuído ao fato da fluoxetina

ser o único representante da classe de inibidores seletivos de receptação de serotonina

(ISRS), que são considerados fármacos mais bem tolerados que as demais classes, visto

que possuem melhor perfil de segurança (mesmo em casos de sobredose) possuem

baixa toxicidade, além de mínimos efeitos anticolinérgicos) (Brasil, 2012).

Em relação aos BZD, vários estudos demonstram que a prevalência de consumo de

diazepam (Forte, 2007; Furlone, 2011; Casali, 2011) em relação ao clonazepam nas

farmácias do SUS, diferentemente do presente estudo, no qual demonstrou

superioridade no consumo de clonazepam. Um estudo realizado em 2011, na cidade

mineira de Coronel Fabriciano, buscou avaliar fatores que associavam o

benzodiazepínico usado (Diazepam ou Clonazepam) e as covariáveis (Firmino et al;

2011). Os dois benzodiazepínicos têm um perfil farmacológico ligeiramente

diferenciado, sendo o clonazepam um BDZ de efeito intermediário (6-24 horas) e o

diazepam um BZD de longa duração (superior a 24 h) (Brunton, 2006; Klasco, 2011).

Os resultados indicam que indivíduos com idade de 60 anos ou mais apresentam uma

prevalência de consumo de Diazepam 1,40 (IC95%: 1,19-1,65) vez maior do que os

mais jovens e homens apresentaram 1,23 vez (IC95%: 1,07-1,41) maior prevalência de

consumo de Diazepam do que as mulheres. Verificou-se ainda que o cadastro em

programas aumenta em 1,35 (IC95%: 1,05-1,13) vez a prevalência de consumo de

Diazepam comparado a pacientes não cadastrados (Firmino et al, 2011).

O clonazepam, é o princípio ativo do Rivotril® fabricado pela Roche medicamento

considerado mais vendidos em farmácias privadas do Brasil, Em levantamento

divulgado pela IMS Health, empresa que audita o mercado farmacêutico ao redor do

mundo, o Rivotril® apareceu como o segundo medicamento mais vendido no Brasil.

O resultado desse estudo pode indicar uma mudança de perfil de escolha do BZD, de

diazepam para clonazepam, nas redes de farmácia públicas.

Page 47: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Outro fator importante a ser considerado é que o clonazepam é considerado um BDZ

elevada potência, assim como o alprazolam, lorazepam, e esses são frequentemente

usados na prática clínica concomitantemente com antidepressivos ISRS (Fulone;2011),

como por exemplo a fluoxetina.

A prescrição e a utilização de benzodiazepínicos elevaram-se consideravelmente nos

últimos anos e passaram a ser um dos grupos de fármacos mais prescritos no mundo.

Como se trata de fármacos que causam dependência é necessário o empenho para o uso

racional destes (Forte; 2007) Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de

São Paulo (CREMESP;2010) , um em cada dez adultos recebe prescrição de BZD,

quase sempre feita por clínico geral.

O consumo crescente de benzodiazepínicos pode ser resultado de um período

particularmente turbulento que caracteriza as últimas décadas da humanidade. A

diminuição progressiva da resistência da humanidade para tolerar tanto estresse, a

introdução profusa de novas drogas e a pressão propagandística crescente por parte da

indústria farmacêutica ou, ainda, hábitos de prescrição inadequada por parte dos

médicos podem ter contribuído para o aumento da procura pelos benzodiazepínicos

(Paprocki J. 1990).

A maior prevalência de consumo neste estudo para o antipsicótico haloperidol também

foi observado em um estudo realizado na região sul do país em 2006 (kantorski, 2011),

no qual constatou cerca de 11% dos usuários dos Centro de Atenção Psicossomal

(CAPs) da região sul do país utilizando esse medicamento. Essa alta taxa de consumo

foi atribuída à alta prevalência de diagnóstico de esquizofrenia no estudo de Kantorski.

Embora não se tenham dados diagnóstico da doença associados ao uso dos

medicamentos no presente estudo, pode –se inferir a associação da alta taxa de

consumo de haloperidol a complexidade e prevalência de esquizofrenia , doença que

acomete cerca de 1% da população brasileira (Almeida et al., 1992; Vicente et al., 1994;

Mari et al., 2000) e cuja principal característica é a perda da capacidade de julgar

apropriadamente a realidade em decorrência de alterações na esfera do pensamento, o

que gera grande prejuízo social aos acometidos pela doença, principalmente jovens.

Page 48: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Gastos

Os gastos com medicamentos psicotrópicos foram na ordem de 3,8 milhões de reais ao

ano e representou cerca de 3% do total gasto dos medicamentos do Componente Básico

da Assistência Farmacêutica (CBAF) de Minas Gerais entre 2011 e 2013. Nesse estudo

observou-se que o gasto com esse grupo foi 3,4 vezes superior ao gasto com grupo de

medicamentos de maior demanda do componente básico, os fármacos utilizados no

tratamento de doenças cardiovasculares, doenças considerais as principais causas de

morte por doenças crônicas no Brasil (Mansur & Favarato; 2011). Seis grupos

terapêuticos foram responsáveis por 90% dos gastos do CBAF; antiepiléticos,

antibióticos, analgésicos e antipiréticos, antiasmáticos e em sexto lugar o grupo de

medicamentos psicotrópicos (antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos). A

carbamazepina, considerado um dos principais fármacos utilizados no tratamento de

epilepsia, foi o medicamento com maior média anual de gastos do CBAF, com cerca de

47 milhões de reais gastos ao ano.

O gasto total do CBAF no SUS de MG foi de aproximadamente 135 milhões de reais ao

ano. Um estudo realizado no período entre 2002 a 2007 constatou que houve um

aumento de 75% nos gastos com medicamentos do Componente Básico do SUS,

contudo sabe-se que o maior percentual de gastos com medicamentos na assistência

farmacêutica é com medicamentos

antirretrovirais e medicamentos de dispensação excepcional, os quais muitos são

constituídos por número expressivo de fármacos protegidos por patentes (Sulpino,

2009) No Reino Unido, país que tem modelo de atenção à saúde focado na atenção

primária, o gasto com medicamentos neste nível de complexidade cresceu 10% entre

2001 e 2002 e provocou uma crise de financiamento. Para se ter uma idéia, 4 classes

terapêuticas foram 5 responsáveis por 25% do incremento: antidislipidêmicos (33%);

anti-hipertensivos (18%); antipsicóticos (32%) e hipoglicemiantes (23%). As principais

razões para tanto estavam associadas à expansão da recomendação de uso e à inclusão

de novos medicamentos (Macdonald, 2003)

Em relação aos gastos com psicotrópicos, foi observado que a maior parte dos gastos

nesse grupo (42%) foi para medicamentos antipsicóticos (haloperidol, clorpromizapina,

Page 49: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

carbonato de lítio). Em segundo lugar, com 28% dos gastos aparece o medicamento

anticonvulsivante, valproato de sódio, seguido dos benzodiazepínicos com 22% dos

gastos (diazepam e clonazepam), 7% com antidepressivos e 1% com antiparkisoniano

(biperideno). Embora a maior da demanda tenha sido com benzodiazepínicos e

antidepressivos, eles representaram 30% dos gastos com psicotrópicos. O alto

percentual dos gastos com medicamentos antipsicóticos, se deve principalmente ao

haloperidol, que representou sozinho 38% dos custos do grupo de medicamentos

psicotrópicos. O haloperidol, é utilizado no tratamento de esquizofrenia, que é uma das

mais graves doenças neuropsiquiátricas com grande impacto nos gastos em saúde

(Salvador et al., 1999; MAUSKOPF et al., 1999), que compromete pacientes e

familiares e representa um grande custo para toda a sociedade. O custo total de gasto

com a esquizofrenia é superior a todas as outras doenças mentais (Rice, 1999). No

Brasil, essa doença ocupa 30% dos leitos psiquiátricos, ou cerca de 100 mil leitos/dia.

Ocupa ainda o segundo lugar das primeiras consultas psiquiátricas ambulatoriais (14%)

e o 5º lugar na manutenção de auxílio doença. Nos Estado Unidos, representa um custo

anual de 33-40 bilhões de dólares (Cordioli; 2005) .

Segundo Onocko-Campos, no Brasil a prevalência de transtornos mentais severos e

persistentes é de cerca de 6%, enquanto a de problemas relacionados ao abuso de

substâncias psicoativas é de 3%. (Campos; 2006). Nesse contexto, observa-se que os

países em desenvolvimento que possuem orçamento específico destinado a políticas de

saúde mental, cerca de 37% gastam menos de 1% do orçamento do setor saúde com

programas voltados à reabilitação psicossocial. Entretanto, muitos destes países,

inclusive o Brasil, testemunharam mudanças importantes no modelo de atenção em

saúde mental, com a migração de modelos basicamente hospitalocêntricos para redes de

serviços comunitários (WHO; 2003). Nos últimos anos, tem sido observada uma

inversão do padrão de gastos do orçamento do SUS em saúde mental, privilegiando-se

os gastos com a rede substitutiva de atenção psicossocial em detrimento da rede de

hospitais psiquiátricos (Campos;2006).

Page 50: ALESSANDRA CAROLINE DOMINGOS DE FIGUEIREDO …

Evidentemente, por se tratar de um estudo cujos dados foram obtidos através de um

banco de dados e também por não ter avaliado o estado de saúde atual dos usuários, não

podemos afirmar a eficácia do tratamento e a adesão dos psicotrópicos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As características de demanda e consumo dos medicamentos psicotrópicos na atenção

primária de Minas Gerais encontradas neste estudo são semelhantes a diversos estudos

realizados na rede pública sobre uso de psicotrópicos, que corroboram com resultados

da alta demanda e consumo de fármacos antidepressivos e benzodiazepínicos no grupo

de psicotrópicos. Além disso, a fluoxetina é confirmada nesse estudo como

antidepressivo com maior demanda e consumo nas farmácias públicas de acordo com

estudos recentes, principalmente pelo fato de ser o único representante da classe de

ISRS. O maior consumo do benzodiazepínico clonazepam em relação ao diazepam,

observada nesse estudo, difere da maioria dos estudos que mostram o contrário, e sugere

uma mudança do perfil de escolha do ansiolítico, mostrando uma tendência acompanhar

nesse caso o perfil do mercado privado, que tem esse medicamento como uns dos

fármacos mais vendidos.

A análise de gastos de psicotrópicos em relação ao Componente Básico se mostra

inovador por não se encontrarem estudos semelhantes fazendo essa relação e uma

ferramenta importante para subsidiar decisões dos gestores de saúde. Pode se observar

pelos resultados desse estudo que ainda há uma grande demanda, consumo e gastos

expressivos com medicamentos para os tratamentos de psicoses, transtornos de

ansiedade e depressão na Assistência Farmacêutica Básica.

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