aforismo - s3.amazonaws.com · uma cruz foi erguida numa terra denominada vera cruz, ... nasceu a...

21
AFORISMO VERSÃO ILUSTRADA, POESIAS E PROSAS LUIS ALEXANDRE RIBEIRO BRANCO

Upload: ngothuy

Post on 26-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

AFORISMOVERSÃO ILUSTRADA, POESIAS E PROSAS

LUIS ALEXANDRE RIBEIRO BRANCO

Dedico este livro ao Deus, Único e Criador de todas as coisas.

Dedico este livro a minha família e amigos. Muito especialmente a minha esposa, fonte de inspiração em muito dos meus poemas.

Dedico este livro a todos que de uma forma ou de outra passaram pela minha vida, e conscientes ou inconscientes contribuíram para eu ser o que sou.

DEDICATÓRIA

i

© 2013 Luis A R Branco

Todos os direitos reservados. Este livro não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, por qualquer processo mecânico, fotográfico, eletrónico, ou por meio de gravações, nem ser introduzido numa base de dados, difundido ou de qualquer forma copiado para uso público ou privado – além do uso legal como breve citação em artigos e críticas – sem prévia autorização dos titulares do copyright.

COPYRIGHT

ii

Esta pequena coletânea de textos nada mais é do que aforismos que me vieram a mente e ao coração de tempo em tempo, não têm nada a ver com a minha capacidade de escrever, nem pretendo opulentar estes textos como se neles houvesse alguma característica poética. São textos simples que surgiram e procurei escrevê-los e hoje chegam às suas mãos neste formato.

Meu agradecimento a todos os que leram estes textos isoladamente, e emitiram suas opiniões, algumas de encorajamento, outras de desencorajamento e outras sugeriram mudanças.

Meu desejo é que assim como eu, possam deixar com que as palavras da poesia possa levá-los à terras jamais visitadas e a sentimentos jamais sentidos.

Luis A R Branco

INTRODUÇÃO

iii

Vários grãos de incenso, destinados a serem queimados, espalharam-se sobre o mesmo altar. Um caiu mais cedo, outro mais tarde, que lhes importa?

Marco Aurélio

iv

Há dias em que me encontro ausente de mim mesmo, então saio em minha procura e me encontro na música dos artistas das esquinas das ruas e no som de seus violinos, me encontro numas frases de grafite nos muros da estação, no bouganville que de tão grande se sobre põe ao muro da casa que o prende, me encontro no sorriso da criança que passou. O vento que sopra parece me recompor. Então sento-me na esplanada e peço um café, na gentileza do empregado de mesa encontro a parte que faltava. Depois de saborear o café, volto para casa, presente.

1

ME ENCONTREI

Se há algo que o poeta sabe fazer e dizer é: "Adeus, até nunca mais!" A dor depois vamos levando de poesia em poesia até já não sermos mais.

2

ADEUS

Hoje depois do desjejum, passei a mão no saco com livros, bloco de anotações e canetas e corri ao meu local predileto, um jardim. Mas não é um jardim qualquer, é daqueles feitos há um século.

Cercado por um muro branquinho, cujo o único acesso é um estreito portão de ferro preto. O jardim não está cuidado, o relvado ralo e em desnível deixa visível a falta de um jardineiro. Mas mesmo assim ainda é lindo. As plantas misturam-se com o mato, flores mesmo só vi duas ou três corajosas, azuis e amarelas.

Há uma figueira mal cuidada num canto do jardim, com figos em abundância, dos quais provei vários, doces e deliciosos, e disputados pelos pássaros. Insetos há aos montes, mas não nos incomodam, seguem suas vidas neste mundo isolado e abandonado.

3

O MEU LUGAR FAVORITO

7

Há pelo menos quatro bancos de madeira espalhado pelo lugar, cada um com capacidade para cinco pessoas, um deles, bem a porta uso para dormir quando canso-me de ler ou escrever... Ô sono bom sô! Os bancos denunciam que num passado qualquer este jardim hoje solitário, outrora já foi mais visitado.

Há uma capela, branca, portas e meia parede azul, está trancada. Pelos vidros vi algumas imagens de escultura empoeiradas e adiante delas dois genuflexório, o que mostra que ali já foi feita oração. Que jardim é este que me convida à entrar sempre que passo por ele? É um jardim de Deus....

Não do Deus Católico ou do Deus Protestante, é um jardim do SENHOR, SENHOR de todos que queiram ou não, que acreditem ou não, do céu, da terra, do mar e de todo o universo. Como é possível, um Deus tão perfeito, tão maravilhoso, tão magnifico estar aqui neste jardim de caos estrutural, e enche-lo de tamanha paz?

Mas não é assim connosco? Ou por algum acaso achamos que nosso jardim interior de encontro com Deus é perfeito? Não, somos todos um caos diante deste Deus perfeito. O Éden foi ele quem construiu e cuidou, por isto foi perfeito, Os nossos têm buracos, pedras, pragas, insectos, bancos sujos e vazios das pessoas e amigos que deixamos do lado de fora da nossa vida. Nossa capela segue trancada e empoeirada. Mas Deus está nele, e nos convida a juntos, fazermos dele um lugar melhor.

Bem, vou terminar aqui e dormir um pouquinho... é tão bom...

8

Teu desprezo é certamente cruel e nem uma gota de ternura derramaste em meu cálice. Mas fiz um pacto com a minha alma, onde nem o ódio, nem a indiferença e nem o desprezo terá oportunidade em mim. Minha resposta é simples, continuar em frente. Quem disse que só se ama uma vez? A estrada é longa, e os amantes são muitos. A tua paga, é não me ver voltar atrás, sem poder me alcançar.

4

TEU DESPREZO

Brasil, meu Brasil brasileiro,

Assim como muitos do teu povo,

Entraste para a história por um acidente.

Tua história tinha tudo para a mais bonita,

Um encontro de povos às margens do Atlântico,

Viria a formar um novo povo, uma nova raça,

Um encontro de varias matrizes étnicas que fazia surgir o brasileiro.

5

BRASIL, MEU BRASIL BRASILEIRO

10

Brasil, meu Brasil brasileiro,

Uma cruz foi erguida numa terra denominada Vera Cruz,

Ali invocou-se ao Cristo, na terra onde tantos outros deuses, guias, espíritos caboclos e orixás também viriam a ser invocado e já o eram.

Apesar da religiosidade, não havia piedade,

Tantos outros madeiros foram erguidos por esta terra, não para a invocação santa,

Mas para subjugar pela força do braço do homem branco, todos que não eram brancos.

Brasil, meu Brasil brasileiro,

Teu chão foi regado de sangue de índios e negros,

Neste solo regado de sangue nasceu a pobreza, nasceu o ódio, nasceu a miséria visível em cada canto desta terra.

Um encontro que tinha tudo para ser de amor, foi de ódio.

Nasceu a nova raça desta mistura de matrizes étnicas,

Mas não nasceu do amor, nasceu do abuso, da violência, do estupro.

Esse somos nós filhos desta história que muitos não querem contar.

Brasil, meu Brasil brasileiro,

Temos festas, e até o maior espetáculo público do mundo,

Temos rítmicos, temos tambores, temos canções,

Mas no fundo somos infelizes.

Nestas mesmas favelas onde se cria o maior espetáculo da terra,

Anualmente cinquenta mil pessoas morrem vítimas da violência, drogas, e descaso público, Cantamos e dançamos num desejo eufórico de sufocar nossa tristeza.

11

Brasil, meu Brasil brasileiro,

Conheceste todo tipo de governo, foste colónia, foste império,

Viveste debaixo da ditadura, e hoje és república,

Mas em todos estes governos foste falho, foste corrupto, foste cruel,

Que te resta meu Brasil, a anarquia? Não, seriamos apenas ainda mais infeliz.

A maldade faz parte da essência do nosso povo, somos mais cruéis que acreditamos ser. Matamos por tudo e por nada, roubamos o que tem valor e o que não vale nada.

Somos os novos bárbaros do século XXI.

Brasil, meu Brasil brasileiro,

O que o destino te reserva? Teus governantes são corruptos, seus magistrados silenciados por um preço e teus filhos clamam desesperados nas ruas sem que ninguém os ouça

É preciso recomeçar, recomeçar da consciência de quem somos e do que precisamos mudar.

É preciso importar a dignidade, a ética, os valores humanos que nunca foram naturais para o nosso povo.

Será que ainda há tempo? Será que posso sonhar com um Brasil que nem meus bisavós, avós e meus pais conheceram? Será que posso sonhar com uma terra de amor para meus filhos, como aquela que deveria ter surgido às margens do Atlântico?

Brasil, meu Brasil brasileiro, É hora de chacoalhar o jugo que nos aprisiona há cinco séculos, Numa indignação coletiva que mudará tua história para sempre!

12

O apóstolo escreveu que "o amor jamais acaba". Mas de que amor falava ele? Há tantos tipos de amores, contudo, na relação acredito que são quatro os amores: o amor que nasce, o amor que vive, o amor que adoece e o amor que morre.

O amor que nasce é uma flor de uma orquídea na janela da nossa casa, tão encantadora, mas tão frágil.

O amor que vive é uma flor selvagem que cresceu no campo e tem forças para enfrentar as intempéries da vida.

O amor que adoece é uma flor que foi esquecida no vaso num canto da casa, e vai morrendo aos poucos pela falta água, de carinho e atenção.

6

OS QUATRO AMORES

13

O amor que morre é uma flor cortada, que deixou de ser flor para ser objecto de decoração, estetizada, com a ajuda da água consegue manter a aparência viçosa, mas logo a morte assume cada centímetro do seu ser e é finalmente deitada fora.

A filosofia do amor que jamais acaba, acrescentado ao descaso dos amantes é a causa da frustração da vida amorosa....

14

Flores só as aprecio nos jardins, nas beiradas das estradas e nos campos. Flores foram feitas para estarem no caminho, enegizando os olhos dos transeunte.

Flores nos vasos, são flores mortas, para enfeitar uma mesa de madeira também morta. Não, não gosto de vasos, gosto de terra, gosto dos jasdins, dos campos.

Gosto da flor exposta ao perigos das intempéries, do sol, da chuva, do vento, do outro que pode passar e levá-la.

Mas cada vez que passo por ela e ainda está ali radiante, sinto-me renovado.

Assim é o amor, amor para mim tem que ser livre, fazer parte da caminhada, sujeito as intempéries da vida, sem medo da sedução dos outros, assim, a cada manhã, quando acordo e te encontro ao meu lado, meu amor por ti se renova.

7

FLORES

15

Sinto-me como papel picado lançado ao vento, cada poeta pegou um pedacinho de mim e escreveu uma palavra ou frase, e à medida que os leio, vou me encontrando e me juntando aos poucos.

8

PAPEL PICADO

Num dia de inverno, de vento frio e chuvoso, apanhei uma solidão que nada curava, e durou o todo o inverno.

Mas veio a primavera, quando vi uma linda menina que com pena de mim, correu pelos campos floridos, a visão dela entre as flores era linda. Trouxe-me três flores, com as quais fez-me um chá que me curava aos poucos da solidão. À medida em que a menina me visitava e eu tomava mais do seu chá de paixão, este era o nome daquele chá estranho, ficava cada vez melhor e impressionado com a sua atitude carinhosa.

No verão já estava completamente curado, graças ao chá de paixão da menina das flores. Então resolvi ir a praia, e lá havia tantas meninas, uma mais linda que a outra, e logo me vi envolvido em desejo por duas ou três, com as quais me encontrei o durante o verão e experimentei toda sorte de prazer. Esquecendo-me completamente da menina das flores.

9

A MENINA DAS FLORES

17

Mas o verão acabou, veio o outono, as meninas da praia se foram. Fiquei só e observava frustrado o desfolhar das árvores.

Logo retornou o inverno, o pior dos últimos anos, peguei solidão novamente. Meu Deus que dor terrível! Quando a solidão chega, é sempre pior que a última. Quase morri, era uma tristeza sem fim. Implorava logo pela primavera, quando esperava ir atrás da menina das flores e do seu chá de paixão.

A primavera chegou, trôpego de solidão, fui atrás da menina, mas não a encontrei. Os campos estavam floridos, mas vazios, e flores sozinhas não curam solidão. Pensei comigo: “Por que deixei-me atrair por aquelas moças no verão? Era só pele e beleza física, e nem sequer uma flor havia.” Na praia há desejo, beleza e pedras, mas não há flores e paixão.

E assim sem cura morri de solidão e saudade da menina que me deu sua paixão....

18

Sou só sentimento, coberto de pele por todos os lados.

10

SENTIMENTO

Luis A R Branco é esposo, pai, escritor, poeta, professor, teólogo, pastor, filósofo, apologéta, alegre, e de bem com a vida. Seu trabalho já o levou a viver no Brasil, Índia, Nova Zelândia, Noruega e Portugal, devido ao seu trabalho já atuou em aproximadamente em vinte e seis países.

Licenciado em Estudos Bíblicos e Teologia Sistemática, Mestre em Administração Eclesiástica e Liderança, Doutorado (h.c) em Ministério e Doutorando em Filosofia. Luis A R Branco vive nos arredores da Grande Lisboa, Portugal.

11

AUTOR

20