· pdf filerevisão: adriana santos capa e diagramação: luciano buchacra....
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Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha
Gerência de Comunicação: Ana Paula Costa.
Edição Abril/2008.
Transcrição: Marilene Rocha
Copidesque: Jussara Fonseca
Revisão: Adriana Santos
Capa e Diagramação: Luciano Buchacra.
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Introdução
Jesus nos ensina a não termos preconceitos porque aquele
que os tem, ou que alimenta preconceitos em seu cora-
ção, nunca irá desfrutar toda a vontade de Deus, o Pai, aqui
na Terra.
A pessoa preconceituosa levanta muralhas, obstáculos
muitas vezes intransponíveis que impedem o bom relacio-
namento com as pessoas e a abertura para a pregação do
Evangelho. Algo interessante no ministério do Senhor Jesus
é o fato de Ele não ter tido uma agenda de compromisso.
Ele nunca programava as coisas. Elas iam acontecendo e, na
medida que aconteciam, Ele trazia seus ensinamentos.
Temos aprendido que a nossa fé não é simplesmente
um conjunto de doutrinas. Nossa fé é a realidade da vida de
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Jesus em nossa própria vida.
Jesus não tinha pré-compreensões, preconceitos ou
prejulgamentos a respeito das pessoas, muito pelo contrá-
rio, Ele sempre estava de braços abertos e disposto a acolher
as pessoas.
Quero compartilhar com você, alguns momentos pre-
ciosos da vida do Senhor Jesus. Momentos em que Ele foi
desfazendo prejulgamentos e quebrando preconceitos.
Quando tivermos a graça de viver com intensidade este mo-
delo de receptividade e amor deixado por Jesus, estaremos
abertos para receber as pessoas e respeitá-las. E é exata-
mente esse amor ágape que nos leva a pregar o Evangelho
a toda a criatura. Acredito que é isso o que a própria Palavra
de Deus se refere ao dizer que a natureza aguarda a mani-
festação dos filhos de Deus. Essa manifestação dos filhos do
Senhor é exatamente como o modelo de Jesus, sem precon-
ceitos.
Boa leitura!
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Capítulo 1 ElE ComIa Com os
pECadorEs
lucas 5.29-30 diz assim: “Então, lhe ofereceu Levi um gran-
de banquete em sua casa; e numerosos publicanos e outros
estavam com eles à mesa. Os fariseus e seus escribas murmu-
ravam contra os discípulos de Jesus, perguntando: Por que
comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?” (Lucas 5.29-
30). Quem era este homem chamado Levi? “Passadas estas
coisas, saindo, viu um publicano, chamado Levi, assentado na
coletoria, e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e, deixando
tudo, o seguiu.” (Lc 5.27).
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O publicano era um funcionário público e, entre os fun-
cionários públicos, o mais temido era o cobrador de impos-
tos. Ele era como um agente da Receita Federal.
Naquela época, a cobrança de impostos era mais terrível
do que nos dias de hoje. As pessoas não faziam declaração
para saber se tinham ou não de pagar imposto. Tendo pou-
co ou muito, os cobradores de impostos levavam, na maioria
das vezes, além do que as pessoas podiam e deviam pagar.
Na realidade, o povo não pagava imposto, mas o dinheiro
lhes era aviltosamente roubado. Grande parte desse valor
era levada para Roma. Os impostos não ficavam em Israel.
Naquela época, Israel vivia debaixo do domínio romano e os
impostos eram altíssimos, e eles não viam obras nem ben-
feitorias sendo realizadas em Israel. E, quem não pagasse os
impostos poderia até mesmo ser levado para a prisão. Levi
era um desses homens temidos pelo povo.
Normalmente, um fiscal tem semblante fechado e quan-
do chega em algum lugar ou em alguma empresa, as pesso-
as olham para ele e logo querem ficar o mais longe possível
dele. Mas é exatamente este homem que Jesus vê: o cobra-
dor de impostos.
É interessante notar que Jesus não vê simplesmente o
que a pessoa está fazendo, Ele enxerga o coração. Jesus co-
nhece a alma do homem. O seu amor tão imenso e terno, olha
para ele e diz: “Segue-me”. Apenas esta ordem: “Segue-me”.
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E o texto a seguir diz que “Ele se levantou e, deixando
tudo, o seguiu.”
Levi ficou tão agradecido, com o coração tão feliz que
“lhe ofereceu um grande banquete em sua casa”. Quando
uma pessoa dá uma festa em sua casa, ela convida pessoas
do seu relacionamento. Com Levi não foi diferente. Naquele
grande banquete, havia numerosos publicanos, ou seja, os
outros fiscais ou os outros coletores de impostos, seus com-
panheiros de trabalho. A Bíblia não diz quantos tinham, só
afirma que eram muitos. 10, 20, 30, 50 ou quem sabe se to-
dos não estavam ali, afinal além dos numerosos publicanos,
também tinham outros que estavam com ele à mesa.
Para os religiosos daquela época, essa atitude de Jesus e
seus discípulos era algo afrontoso. Jesus estava infringindo
a Lei. Mostrava-se totalmente fora do contexto daquele que
se dizia ser o Filho de Deus. Os fariseus eram esses religiosos.
Eram zelosos em cumprir toda a Lei, letra por letra por me-
nor que ela fosse. Muitas vezes, achamos até que o fariseu
era apenas uma pessoa falsa. Esse pensamento é errado. O
fariseu era sim, uma pessoa teimosa. Era o “top” na religião.
Ele sempre estava lá, cumprindo o seu papel. Ele orava,
jejuava e entregava seus dízimos. Não é correto pensar que
o fariseu tinha apenas a característica de hipócrita. Hoje,
mesmo longe das tradições hebraicas e judias, encontramos
muitos fariseus em nosso meio. Cumprem com contumácia
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o seu papel de “zelosos”, de guardas da sua religião. Se existe
alguém que “vigia” cada detalhe dentro de uma igreja, esse
alguém é um fariseu.
Para o desespero daqueles homens religiosos, lá estava
Jesus e seus discípulos assentados à mesa com homens su-
jos, pecadores e mundanos.
“Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?”
(Lucas 5.30). “Será que não tem gente melhor para vocês se
relacionarem? Precisa ser com essa escória da sociedade?
Não podemos nos misturar com essas pessoas, muito me-
nos nos contaminar comendo e bebendo com elas.” Esse era
o argumento deles. Eles estavam verdadeiramente choca-
dos com a atitude de Jesus em se misturar com os pecado-
res. Para os religiosos daquela época, essa turma já estava
condenada ao fogo do inferno.
Essa era a lei que eles tinham. Mas, o que Jesus fez? Ele
quebrou exatamente esse preconceito. Jesus foi até a casa
de Levi. E o que fez Levi? Um banquete! Um banquete não,
um grande banquete. Fez uma festa para Jesus. Jesus não
tinha preconceitos de ir a festas. Não só foi como comeu e
bebeu com eles.
Jesus não tinha preconceitos com qualquer pessoa que
fosse. Levi teve a oportunidade de ver sua vida mudada. De
poder sentir a presença do Mestre, de estar do lado dele. E
Jesus está de braços abertos para você nesta hora. Ele está
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esperando você para poder abraçá-lo e derramar a sua graça
sobre a sua vida. Muitas vezes, estamos ao lado de religiosos
que ficam vigiando se estamos calçando sapatos ou se esta-
mos com uma sandália de dedos. O Senhor não está olhando
para isso. Ele está olhando para você e está lhe chamando:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados,
e eu vos aliviarei.” (Mateus 11.28).
Os religiosos ficam ali, vigiando, apavorados, decidindo
se deixam ou não você entrar na igreja de sandálias de de-
dos. Isso não era diferente para com os fariseus. Eles esta-
vam apavorados com o que Jesus estava fazendo e diziam
uns aos outros, murmurando: “Por que comeis e bebeis com
os publicanos e os pecadores?”
Jesus sabe o que se passa no coração de um precon-
ceituoso. Ele responde de imediato para eles: “Os sãos não
precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos,
e sim pecadores, ao arrependimento.” (Lucas 5.31-32). Jesus
não deixa os discípulos responderem por que eles o esta-
vam seguindo. Nós precisamos ter esse entendimento.
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Capítulo 2 pEnsamos quE o
lugar do sal é no salEIro
aquelas pessoas, os coletores de impostos, não diferem
em nada de nós. Os sentimentos, as emoções, as ansie-
dades, as dúvidas, as inquietações que eles sentiam eram as
mesmas pelas quais nós enfrentamos. Eles tinham esposa e
filhos, a única diferença eram os valores. Os religiosos olham
para as pessoas com olhares preconceituosos julgando cada
um pelo que eles enxergam. Mas, quando Jesus Cristo che-
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ga, o preconceito é quebrado. A dor é tirada. A tristeza da
rejeição vai embora, porque Ele está de braços abertos te
esperando. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim,
porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso
para a vossa alma.” (Mateus 11.29).
Os fariseus proclamavam: “Este povo não é puro e o
lugar mais perto que eles irão é para o inferno.” Mas Jesus
responde de braços abertos: “De maneira alguma te deixarei,
nunca jamais te abandonarei.” (Hebreus 13.5). Atualmente, há
uma necessidade muito grande, e é exatamente a compre-
ensão da nossa necessidade como igreja, de nos envolver
com aqueles que ainda não fazem parte do reino de Deus.
Lembre-se de que Ele os ama como nos ama também.
Muitas vezes, seu colega de serviço lhe convida para ir a
um churrasco na casa dele, só que lá o churrasco será rega-
do a cervejas. Aí você diz: “não, eu não vou! Só irei se servi-
rem somente refrigerantes, porque bebidas alcoólicas não
fazem parte da minha religião.” Não, não foi essa a atitude
de Jesus. Ele foi.
Ao chegar lá, seja o sal que tempera, não o sal que salga.
Mas não vá ficar na festa com aquela cara de “santarrão”. E
quando chegarem até você com uma cerveja, apenas diga
que você não bebe. “Não. Muito obrigado, eu não bebo”.
Certamente eles lhe oferecerão refrigerantes. Só o fato de
você estar lá, eles já olharão para os crentes de maneira dife-
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rente. O ambiente se torna diferente. Onde está Jesus, tudo
muda. E como muda!
É como Jesus falou em sua oração: “Não peço que os ti-
res do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do
mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a
tua palavra é a verdade.” (João 17.15-17). Nós estamos aqui
no mundo, Ele não orou para que nós saíssemos do mundo
como se fossemos virar extraterrestres aqui. Não, nós somos
do mundo, mas, o mundo não está em nós. Não havia pre-
conceitos em Jesus.
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Capítulo 3 ElE toCa nos IntoCávEIs
os leprosos eram chamados de intocáveis, de imundos.
Ninguém podia tocar em um leproso, caso o fizesse
era considerado como um deles e, imediatamente, também
era separado do convívio com a sociedade. Ao leproso cabia
curtir a angústia da sua doença. O estigma de um leproso era
tão terrível que, quando andava pela estrada, ele tinha de
andar com um sininho para quando alguém se aproximas-
se fosse alertado. E quando elas ouviam o sininho, corriam
como se ele fosse um cachorro perebento. Mas o coração
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dele era igual ao seu. A dor da solidão, a dor de não poder
abraçar um ente querido. A dor de não poder conversar com
ninguém. A solidão pode ser a pior de todas as dores.
“Aconteceu que, estando ele numa das cidades, veio à sua
presença um homem coberto de lepra; ao ver a Jesus, prostran-
do-se com o rosto em terra, suplicou-lhe: Senhor, se quiseres,
podes purificar-me. E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizen-
do: Quero, fica limpo! E, no mesmo instante, lhe desapareceu a
lepra.” (Lucas 5.12-13). Antes de Jesus falar qualquer coisa,
Ele estende a mão e toca.
Jesus está de braços abertos esperando que você vá ao
encontro dele! E quando você se achegar a Ele, Ele vai tocá-
lo, abraça-lo e dizer com a voz carregada de amor e sensibi-
lidade: “Eu quero. Sê limpo.” Quantas vezes nós já não nos
sentimos como um leproso? Antes de Jesus falar alguma
coisa, ou de proferir uma palavrinha sequer, Ele toca. Jesus
estende a mão e toca.
Penso que Jesus quando tocou naquele homem, Ele
conhecia o seu coração. E como conhecedor que é das ne-
cessidades humanas, Ele sabia o que se passava no interior
daquele homem. Talvez ele já tivesse ouvido muitas pala-
vras ditas de longe. Ele já tinha ouvido, mas ninguém toca-
va nele. As pessoas tinham medo, receio. O corpo daquele
homem estava coberto pela lepra, ninguém o tocava. Mas
o que fez o Senhor?
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A primeira coisa que Jesus fez foi tocar naquele homem.
Jesus estende a mão e toca. E, depois que Ele toca diz: “Que-
ro sê limpo!”. E no mesmo instante lhe desapareceu a lepra.
Muitas vezes, oramos pelas pessoas de longe. Não as
tocamos, não as queremos perto. Olhamos para elas e não
estendemos sequer a mão para cumprimentá-las. Jesus está
nos ensinando a tocar naqueles que ninguém toca. Muitos,
hoje, vivem à margem da sociedade, porque nem mesmo
seus pais tocaram neles. Nós somos iguais, temos a mesma
essência. A dor da solidão que um sente é a mesma que
machuca o outro. A dor do preconceito é a mesma para o
negro que mora na África para o mesmo que mora nos Es-
tados Unidos ou que mora aqui, bem pertinho – aquele seu
vizinho.
Alguns têm medo de tocar porque acreditam que os
demônios que estão na outra pessoa passe para ela. Preci-
samos ter a compreensão de que o maior é o que está em
nós do que aquele que está no mundo. “Filhinhos, vós sois
de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é
aquele que está em vós do que aquele que está no mundo.” (1
João 4.4). Pode acontecer de alguém tocar em você estan-
do cheio de demônios e cheio de confusão. Isso não quer
dizer que aquela pessoa vai passar alguma coisa para você,
muito pelo contrário é você quem vai passar para ela a luz
de Cristo!
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Ele toca nos intocáveis! Como o Senhor é maravilhoso!
Aquele homem estava cansado de ouvir, mas Jesus não fi-
cou de longe não. Ele foi. E tocou.
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Capítulo 4 tErra dos Imundos
Existia lá em Israel uma região chamada Terra dos Imun-
dos. Sabe por quê? Porque aquela terra era o lugar onde
eles criavam porcos. O porco, para o judeu era um animal
imundo, então, o lugar onde se criavam porcos era exata-
mente lá, chamado de a província dos gadarenos.
A expressão gadareno, que significa “recompensa do
fim”, é dada ao morador da cidade de Gadara. Alguns dos
moradores de Gadara moravam em vilas próximas da cidade
e uma delas era essa a Terra dos Imundos. Esse nome dado
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a eles era gergesenos que significa “estranho que se aproxi-
ma”. Era uma terra que, como diríamos hoje, “não tinha no
mapa”, só mesmo quem freqüentava esse local sabia de sua
existência. Naquela terra era assim, as pessoas afrontavam a
Deus e viviam de modo estranho. Cuidavam de porcos, ou
seja, viviam afronta declarada a Deus.
“Entrementes, chegaram à outra margem do mar, à terra
dos gerasenos. Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao
seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, o qual
vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia
prendê-lo; porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões
e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões,
despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo. Andava sempre,
de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos mon-
tes, ferindo-se com pedras.” (Marcos 5.1-5).
Há quanto tempo este homem vivia assim?
Há quanto tempo nenhum profeta de Deus havia che-
gado até ali?
Por quê? Por causa do preconceito. Lá era a terra dos
imundos e as pessoas afrontavam a Deus declaradamente
criando porcos. Eram milhares de porcos. Havia porcos por
todos os lados. Isso era como uma afronta ao Senhor.
Diz a Palavra que Jesus foi para esse lugar estranho. As
pessoas não sabiam quem Ele era. É interessante que mes-
mo que não saibamos quem Jesus é, a sua presença já deixa
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claro quem Ele é. E não foi diferente. Assim que Jesus colo-
cou os pés naquela terra, saiu-lhe ao encontro um homem
extremamente endemoninhado. Jesus foi até ali para que-
brar o preconceito do povo em relação àquela gente.
Quantas vezes deixamos de ir a determinado lugar
porque ali tem uma gente muito “estranha”? Se estivermos
andando por uma rua e avistamos um grupo de pessoas
com roupas esquisitas, cabelos estranhos, atravessamos a
rua para não termos de nos deparar com eles. Você já parou
para pensar que eles podem pensar o mesmo de você? “Lá
vem aquele “estranho”, anda com um livro grosso debaixo
do braço, calça um sapato esquisito e veste uma roupa mais
estranha ainda, usa até gravata o cara.”
Será que Jesus faria assim? Nós sabemos que não. Jesus
ama cada “estranho” que habita neste Planeta. Ele está de
braços abertos, lembra? Não é só para mim ou para você,
é para cada pessoa que está na face desta Terra. Para todas
elas Ele diz: “Vinde a mim”. Por isso Ele foi ao encontro daque-
le homem, por saber que ele já não agüentava mais aquela
opressão demoníaca. Quando nós já não agüentamos mais,
lá está Jesus olhando para nós com os braços abertos a nos
esperar. Jesus mudou a sorte daquele homem, diz a Palavra
que ele já não era mais um imundo, mas estava vestido e
consciente.
“Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cidade e pelos
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campos. Então, saiu o povo para ver o que sucedera. Indo ter
com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, as-
sentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram.” (Marcos 5.14-
15).
Aquele era um lugar de pessoas inquietas. Elas não pa-
ravam, estavam sempre indo de um ponto a outro. Quando
eles encontram aquele homem “assentado”, vestido e em
perfeito juízo, ficaram pasmados, espantados e temerosos.
Afinal, eles passaram a vida vendo aquele homem nu, gri-
tando e quebrando tudo que achava pelo caminho, sem
haver quem o dominasse. Era tão terrível que ele morava no
cemitério, pois lá era um lugar mais afastado e assim inco-
modava um pouco menos as pessoas.
“Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que
acontecera ao endemoninhado e acerca dos porcos. E entraram
a rogar-lhe que se retirasse da terra deles.” (Marcos 5.16-17).
Um acontecimento tão inusitado como esse, mexe com
a mente das pessoas. Elas estavam acostumadas a enfrentar
aquele homem nu correndo pelas ruas da cidade a gritar e
a quebrar as coisas. Sujo, fedendo a excremento e carne po-
dre. Uma pessoa insociável, que não se dava aos costumes
de roupas limpas nem de tomar banho. Penso que o fato de
eles terem mandado Jesus embora dali não foi unicamente
porque Jesus se preocupara com aquele homem, mas pelo
prejuízo de eles terem perdido a manada de porcos.
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Mas aquele a quem Jesus libertara das garras do mal lhe
suplicava que o permitisse segui-lo. “Ao entrar Jesus no barco,
suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar
com ele. Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai
para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor
te fez e como teve compaixão de ti. Então, ele foi e começou a
proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se
admiravam.” (Marcos 5.18-20).
Ele queria seguir Jesus. Ele disse: “Jesus, eu quero ficar
com o Senhor. O Senhor é tão limpo! Eu não quero voltar para
aquele lugar sujo”. Mas Jesus lhe disse: “não! Você deve voltar
para lá e testemunhar de mim. Por isso, volte para sua casa;
para os seus e proclame o que eu lhe fiz.”
Uma das coisas mais corriqueiras que acontece é exata-
mente isto. Quando a pessoa se converte, ou seja, vem para
Jesus, ela deixa os seus de lado. Abandona os seus amigos,
abandona os seus familiares, abandona os seus colegas de
colégio ou de trabalho. Por que os abandona? A maioria
responde: “É porque eles são muito idólatras”; “é porque são
macumbeiros”; “é porque são muito mulherengos”; e tantas
outras justificativas.
Jesus Cristo mandou aquele rapaz voltar para os seus
para que ele não deixasse sua família, seus amigos e seus
colegas sem o testemunho da verdade. Você também deve
falar da misericórdia do Senhor para com sua vida. Muitas
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vezes nos acomodamos e deixamos o sal inutilmente no
saleiro.
Quando vamos a um chiqueiro, por mais limpo que seja,
ele cheira mal. Na maioria deles, a comida cheira mal porque
está azeda. O cocho não é nada agradável de se ver. As fezes
estão esparramadas por todo o chiqueiro. Eles urinam onde
estão e, quando se deitam, deitam por cima das fezes e da
urina. E ali, na terra dos imundos, todo mundo cheirava a
porco.
Porco não cheira bem. Porco é porco. Agora, imagine
milhares de porcos! O interessante é que geralmente se
acostuma com o cheiro das coisas. Se chegarmos a um lugar
fétido, nossa primeira reação é a de tapar o nariz, o odor in-
comoda. Mas, se ali ficarmos por alguns dias, o cheiro já não
incomodará tanto, passamos a achar que tudo é normal. O
nosso cérebro passa a dizer que não tem nada fedendo ali.
Com o pecado é assim também. Hoje a coisa está chei-
rando mal. Amanhã, quem está vendo? Não há nada de
anormal. Nada está cheirando ruim aqui. Na realidade, o
problema está na mente, quando o cérebro se condiciona
ao ambiente podre. Naquela terra tudo era muito fétido. Na
realidade, o povo não era um povo limpo, mas muito sujo.
Suas roupas eram sujas, os caminhos por onde andavam
eram os mesmos que os porcos passavam. O problema não
era o tráfego dos porcos, mas o que eles deixavam para trás,
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fezes e urina. O povo passava e pisava nelas como se isso
fosse normal. Quantas vezes andamos por caminhos sujos e
fétidos do pecado, mas não nos damos conta disso porque
achamos que é normal. Mas o Senhor Jesus disse: “Eu vou
para lá”. Ele foi e resgatou o pior de todos que ali se encon-
travam e, através dele, transformou todo aquele lugar.
Logo adiante, vemos aquele homem agora vestido, com
as vestes do amor de Deus, proclamando o que Jesus lhe fi-
zera. “Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo
o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam.” (Marcos 5.20).
Quando você passar a contar para os outros o que Jesus
fez por você, pela sua família, pelo seu casamento que já es-
tava acabado, pelo seu filho que estava nas drogas, pela sua
filha que estava indo para o caminho da prostituição, as pes-
soas ficarão admiradas e procurarão para si o mesmo. Elas
vão querer o milagre na própria vida também. Não pense
que as pessoas estão acostumadas com a miséria do peca-
do, elas estão sofrendo lá. Por isso o Senhor Jesus estende
sua mão para você. Ele quer que você deixe o preconceito
de lado e resgate essas pessoas de onde elas estão. Jesus
Cristo foi exatamente para aquele lugar.
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Capítulo 5 ZaquEu
“Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade. Eis que
um homem, chamado Zaqueu, maioral dos publicanos
e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa
da multidão, por ser ele de pequena estatura. Então, correndo
adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque por ali
havia de passar. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando
para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, pois me convém
ficar hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e o recebeu
com alegria. Todos os que viram isto murmuravam, dizendo
que ele se hospedara com homem pecador. Entrementes, Za-
queu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos
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pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho de-
fraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então, Jesus lhe
disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é
filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar
o perdido.” (Lucas 19.1-10).
Havia um homem que morava em uma cidade bastante
pequena e que também era um cobrador de impostos. En-
tretanto, declaradamente, este homem dizia: “Eu estou pre-
cisando acertar a minha vida e devolver tudo o que roubei.”
Em uma cidade pequena, todos se conhecem. E Jericó era
uma cidade pequena. Zaqueu era o chefe dos publicanos. E
era um homem muito rico. Não há problema algum em ser
rico, porém, a riqueza de Zaqueu estava comprometida com
algumas coisas.
Zaqueu procurava ver quem era Jesus, mas não conse-
guia por causa da multidão e por ser ele de pequena esta-
tura. Mas a sua vontade em acertar e não mais ser um ho-
mem injusto fez com que ele tomasse uma decisão. Ele se
encontraria com Jesus de um jeito ou de outro, precisava ao
menos vê-lo.
Correu na frente e subiu em um pé de amora. Seu intui-
to? Ver o Senhor passar, já que Ele nem mesmo o conhecia.
Mas no fundo do seu coração, a expectativa daquele homem
era que o Senhor lhe dirigisse ainda que só um olhar. Mas
não aconteceu isso. De repente, a multidão que acompa-
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nhava Jesus parou. Zaqueu olhou para um lado e para outro
sem entender o que estava acontecendo ali. Quando virou
para frente, encontrou aquele olhar. Olhando fixamente em
Zaqueu o Senhor diz calmamente: “Desce daí Zaqueu, hoje
eu vou ficar em sua casa.”
Penso que naquele momento, aquele homem deu um
pulo da amoreira com o coração retumbando pelas batidas
da alegria que tomava conta do seu coração.
Todos os que viram e ouviram isso começaram a mur-
murar, perguntavam-se como o Senhor poderia se hospedar
na casa de homem pecador? Entrementes, Zaqueu se levan-
tou e disse ao Senhor: “Senhor, resolvo dar aos pobres meta-
de dos meus bens e se em alguma coisa tenho defraudado
alguém (defraudar: tomar alguma coisa de alguém median-
te fraude), restituo quatro vezes mais.” Então Jesus lhe disse:
“Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é
filho de Abraão porque o filho do homem vem buscar e sal-
var o perdido”.
O tamanho do homem não é o tamanho da sua estatu-
ra. É o tamanho do seu coração. E ali estava aquele homem
abrindo o coração para Jesus. As pessoas daquela cidade
não gostavam de Zaqueu, sabiam o que ele fazia. Afinal, to-
das as vezes que iam até ele pagar seus impostos, tinham de
deixar mais do que deviam. Zaqueu manipulava as contas
para que o resultado sempre fosse maior. Essa fraude era
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roubo. E isso era motivo suficiente para que ele fosse rejei-
tado pela sociedade.
Mas o que fez Jesus? Havia muitas pessoas seguindo Je-
sus e elas tinham a vida limpa, impecável. Mas Jesus olhou
para a árvore e disse: “Zaqueu, desce! Hoje eu vou querer
ficar na sua casa.” Jesus não pediu para o irmão “líder de cé-
lula” de Jericó, dizendo: “Eu quero ir para a sua casa.” Não foi
isso que aconteceu. Ele se dirigiu a Zaqueu, um publicano
pecador. Um homem perverso que espoliava das pesso-
as até o último centavo. Ele era a pessoa menos digna aos
olhos de todos ali. Aquele homem que todo mundo conhe-
cia e temia. Sua estatura era pequena, mas as suas atrocida-
des eram muito grandes!
Jesus foi para a casa de Zaqueu. O quê? Jesus na casa de
Zaqueu? Ele poderia ter vindo na minha casa. Aqui nós so-
mos íntegros. Somos cumpridores da Lei. Então Ele vai para
a casa de um pecador e deixa de nos prestigiar, a nós que
somos tão santos? Afinal, estamos lutando, trabalhando,
ganhando o nosso dinheiro honestamente, e Ele vai para a
casa daquele homem, daquele ladrão?
Zaqueu é exatamente o estereótipo do pecador que re-
conhece que é pecador e que precisa consertar a sua vida.
Muitas vezes, essas pessoas estão do nosso lado clamando
por misericórdia, clamando por alguém que lhes mostre o
caminho para que possam consertar a própria vida. Mas nós
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não as ouvimos porque não queremos nos envolver com
“este tipo” de pessoas.
O coração de Zaqueu estava tão alegre que, imediata-
mente, abriu o seu coração. O amor de Jesus nos constran-
ge! O texto não diz que Ele pregou para Zaqueu como fez
com Nicodemos. O impacto desse amor foi tão grande que
Zaqueu dirigiu-se para Jesus relatando todo o intento do
seu coração: “Senhor, resolvo dar para os pobres metade
dos meus bens, e se em alguma coisa tenho defraudado
alguém, restituo quatro vezes mais.” Então, Jesus voltou-se
e disse: “Hoje houve salvação nesta casa pois que também
este é filho de Abraão, porque o filho do homem veio buscar
e salvar o perdido.”
Quando nós agimos, quando não temos preconceitos,
há um impacto muito grande! Zaqueu se rendeu ao Senhor
e a sua vida foi mudada. Fico pensando se fosse hoje. Za-
queu iria até um jornal e colocaria um anúncio dizendo:
“Todas as pessoas que eu defraudei podem vir. Eu vou de-
volver tudo o que roubei de vocês acrescido de multa, juros
e correção monetária, a um montante de quatro vezes mais.
E àqueles que são os miseráveis e pobres, eu vou distribuir
metade dos meus bens.” Imagine uma coisa assim! É o que o
Senhor faz. É Ele de braços abertos para você.
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Capítulo 6 ZElotE
“simão, a quem acrescentou o nome de Pedro, e André,
seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e
Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas,
filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou traidor.” (Lucas
6.14-16).
Quando Jesus foi escolher os seus discípulos, aqueles
que se tornariam seus doze apóstolos, Ele passou uma noi-
te inteira orando. Entre eles, o Senhor escolheu um homem
chamado Zelote. Simão Zelote, como o Senhor o chamou,
era alguém bem engajado politicamente. Ele aceitou no seu
grupo de discipulado um revolucionário bem engajado. Ze-
lote era aquela pessoa que lutava, que pegava em armas. Ou
seja, ele era um revolucionário convicto.
Na lista tinha um outro Simão, do qual Jesus mudou o
nome para Pedro. Mas o outro continuou sendo chamado
de Simão Zelote. Será que você traria um revolucionário
para fazer parte do seu grupo de 12?
Sabe o que Jesus está fazendo? Quebrando precon-
ceitos. Muitas vezes, temos preconceitos e dizemos assim:
“Esta pessoa nunca vai dar em nada.” Mas nós vemos com os
nossos olhos carnais, o Senhor nos enxerga com os olhos es-
pirituais e conhece nossa necessidade. Por isso Ele chamou
aquele homem. E Simão Zelote se transformou em um már-
tir da fé, em uma testemunha do Senhor. Lembre-se, Jesus
está de braços abertos para você!
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Capítulo 7 a mulhEr
samarItana
quando passamos a ler as escrituras com os olhos do
Senhor, vamos percebendo exatamente o seu modo
de agir. E, mais uma vez, Jesus quebra um preconceito que
perdurava há séculos: Uma inimizade secular com os sama-
ritanos. Os samaritanos eram também judeus e, logo após o
exílio, foram inseridos muitos outros dogmas espirituais que
se tornaram ao longo do tempo uma barreira intransponível
entre os dois povos.
“Então, lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu ju-
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deu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (por-
que os judeus não se dão com os samaritanos)?” (João 4.9).
O judeu não se dava com o samaritano, mas Jesus en-
trou para quebrar esse preconceito. Ele disse: “Olha, eu sou
judeu, mas eu não trago pedra nas minhas mãos. Eu sou
judeu, mas eu amo você, samaritana. Eu sou judeu, mas eu
estou aqui para fazer esta ponte com você. Eu estou exata-
mente aqui.” O preconceito faz com que a pessoa, muitas
vezes, passe a ser orgulhosa. Orgulhoso é aquele que mani-
festa orgulho ostensivo e vaidade exagerada. O orgulhoso,
geralmente, pensa que o outro é um caso perdido.
Eu já recebi muitos cartões de aniversário. E como rece-
bi cartões! Mas um, em especial, achei muito interessante.
Eu admiro uma letra bonita, mesmo porque, a minha letra
é terrível.
Nesse cartão, com uma caligrafia muito bonita, a irmã
escreveu uma linda história: Havia dois irmãos muito ami-
gos, mas um dia eles brigaram. Foi uma briga terrível! Eles se
ofenderam tanto que, por causa disso, o tempo foi passando
e eles nunca mais conversaram um com o outro. Criou-se
uma situação complicadíssima. Eles moravam cada um de
um lado do rio. A cada dia que passava, o ódio no coração
dos dois ia crescendo mais e mais. A situação era insupor-
tável!
Certo dia, um carpinteiro chegou na fazenda de um de-
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les pedindo serviço, mas não tinha serviço nenhum. Então
ele disse ao carpinteiro: “Eu vou viajar e quero que você faça
aqui um muro, o muro mais alto que você conseguir porque
eu não posso mais ver aquela casa lá do outro lado, de jei-
to nenhum. Tem muita madeira ali. Quando eu voltar quero
que o muro esteja pronto.”
O homem viajou. Quando ele voltou, teve uma surpresa!
É que o carpinteiro não tinha feito o muro, pelo contrário,
ele havia feito uma ponte. Quando ele ia procurar o carpin-
teiro para lhe dar “aquela bronca”, do outro lado da ponte, o
irmão dele vinha de braços abertos: “Mas você fez a ponte!
Desculpe-me! Perdoe-me por aquelas palavras que eu falei!
Perdoe-me por todas as ofensas que lhe fiz. Perdoe-me!”
Na vida, ou nós fazemos muros ou nós construímos
pontes. O irmão dele, do outro lado, achou que era ele quem
havia feito a ponte. O carpinteiro está de braços abertos te
esperando!
Diz o texto que os samaritanos não se dão com os ju-
deus. Mas o que fez Jesus? Ele foi até lá. Jesus construiu uma
ponte para que todos pudessem ter acesso a Ele.
Até os discípulos de Jesus eram preconceituosos! João,
aquele apóstolo que todos o chamavam de: “João o apósto-
lo do amor”, foi quem pediu para descer fogo do céu para
destruir a aldeia dos samaritanos. Tal a concepção que fora
arraigada no interior de cada judeu. Hoje, a humanidade é
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preconceituosa ao extremo. Vê-se o preconceito exalando
nos poros de cada homem. Mas Jesus veio quebrar isso.
“Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para
lhe preparar pousada. Mas não o receberam, porque o aspec-
to dele era de quem, decisivamente, ia para Jerusalém. Vendo
isto, os discípulos Tiago e João perguntaram: Senhor, queres
que mandemos descer fogo do céu para os consumir? Jesus,
porém, voltando-se os repreendeu e disse: Vós não sabeis de
que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir
as almas dos homens, mas para salvá-las. E seguiram para ou-
tra aldeia.” (Lucas 9.52-56).
Quando João pediu para que caísse fogo dos céus e
consumisse toda aquela aldeia, realmente ele não sabia o
que estava falando. Uma pessoa preconceituosa realmente
não sabe o que está falando. Naquela aldeia, havia homens,
mulheres, bebês, criancinhas, noivos que iam se casar na-
quele sábado, ou seja, havia muitas pessoas que sonhavam
pelo dia de amanhã, mas o preconceito era tão forte que
João não titubeou, abriu sua boca e logo disse: “Jesus, va-
mos pedir para descer fogo do céu para queimar tudo aqui.”
Mas o que foi que Jesus respondeu? “Vocês não sabem de
que espírito vocês são.” O preconceito faz isso. Faz com que
se peça para cair fogo do céu para acabar com tudo!
Mesmo João, aquela doçura de pessoa, amoroso, cari-
nhoso. Mas quando se trata de preconceitos, nós mudamos
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de um simples gatinho manso para um leão feroz e sangui-
nário. João encostava a cabeça no peito de Jesus numa ati-
tude de carinho, de amor. Mas quando se trata de precon-
ceitos: “Desce fogo do céu Jesus! Vamos acabar com tudo!
Vamos destruir tudo, ninguém pode sobreviver!” Até hoje,
o preconceito é algo tão arraigado nos homens daquela re-
gião que eles brigam só pelo fato de “respirarem o mesmo
ar”. Mas Jesus está de braços abertos, esperando que você
vá até Ele!
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Capítulo 8 o FarIsEu
“Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com
ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à
mesa.” (Lucas 7.36).
Jesus era incansável, agora estava visitando os reacioná-
rios da direita e comendo com eles, os fariseus. Nós já vimos
Jesus indo lá para a esquerda com o revolucionário Simão
Zelote. Agora, Jesus vai exatamente para o pessoal da direi-
ta, os fariseus.
O fariseu era aquele homem bem vestido com todas
aquelas roupas e panos na cabeça, cheio de costumes e de
preconceitos. Para entrar em casa tinha de lavar os pés, lavar
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as mãos... muitos rituais para poder começar a comer.
Mas não importava, Jesus estaria de braços abertos
mesmo que fosse um fariseu, mesmo que fosse um revolu-
cionário como Simão Zelote. Jesus estaria de braços abertos
mesmo que fosse uma samaritana, mesmo que tivesse de
tocar em um leproso. Ainda que tivesse de entrar em uma
aldeia onde o chão era repleto de fezes de porcos e as pes-
soas cheirassem a porcos. Lá estava Jesus, sereno, tranqüilo
riscando o chão, mas quebrando o preconceito da lei que
dizia ter de matar a pedradas aquela mulher adúltera. Lá es-
tava Ele lhe perdoando os pecados. Onde estivesse alguém
que precisasse de sua presença, lá estava Jesus de braços
abertos! Jesus ia, porque amava as pessoas, porque Ele não
tinha preconceitos.
E Jesus foi à casa do fariseu e tomou lugar à mesa. Jesus
está fazendo o quê? Rompendo, quebrando os preconcei-
tos.
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Capítulo 9 o CEnturIão
“E o servo de um centurião, a quem este muito estimava,
estava doente, quase à morte. Tendo ouvido falar a res-
peito de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus, pedindo-
lhe que viesse curar o seu servo. Estes, chegando-se a Jesus, com
instância lhe suplicaram, dizendo: Ele é digno de que lhe faças
isto; porque é amigo do nosso povo, e ele mesmo nos edificou a
sinagoga. Então, Jesus foi com eles. E, já perto da casa, o centu-
rião enviou-lhe amigos para lhe dizer: Senhor, não te incomo-
des, porque não sou digno de que entres em minha casa. Por
isso, eu mesmo não me julguei digno de ir ter contigo; porém
manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Porque
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também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados
às minhas ordens, e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem,
e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvidas estas
palavras, admirou-se Jesus dele e, voltando-se para o povo que
o acompanhava, disse: Afirmo-vos que nem mesmo em Israel
achei fé como esta. E, voltando para casa os que foram envia-
dos, encontraram curado o servo.” (Lucas 7.2-10).
Naquela época, o centurião romano era o representante
do poder opressor de um imperador terrível. Falar o nome
daquele imperador era quase que a morte para os judeus.
Mas eles estavam lá gostassem ou não. Se uma pessoa da
casa de qualquer um deles morresse, era um a menos. Mas
Jesus não pensava assim, Ele não agia da maneira que o ho-
mem age até hoje. Ele está sempre de braços abertos para
quem quiser, por isso aceita visitar a casa do centurião, o re-
presentante do poder político opressor daqueles dias.
Na história atual seria como se, durante a Segunda
Guerra Mundial, um judeu se dirigisse até a casa do coman-
dante da Gestapo. Imagine isto: um judeu ir visitar a casa do
comandante da Gestapo. A Gestapo era o grupo de alemães
dirigidos por Hittler que, de forma declarada, perseguia e
procurava matar todos os judeus. Quer coisa mais terrível
que essa? Ir à casa do seu inimigo declarado?
Mas Jesus foi com eles. Ele não dispensa um pedido de
socorro. Ele não deixa para trás um pedido sequer. Penso
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que aquele centurião começou a se lembrar de todas as
malvadezas que cometera contra os judeus. Como ele os
havia perseguido, torturado e até matado. Ele obedecia a
ordens, por isso fazia tudo aquilo.
“Eu não sou digno! A minha casa não é digna!” Aque-
le homem se dirige a Jesus porque a vergonha era muito
grande. Afinal, seus pecados gritavam dentro dele. Mas Je-
sus Cristo estava indo para a casa dele. “Não Senhor, não sou
digno que venhas até minha casa. Diga uma só palavra e as
coisas acontecerão.” Quantas vezes a vergonha do pecado
nos tem distanciado de Jesus? Mas Ele está de braços aber-
tos lhe esperando. Jesus não tem preconceitos contra nin-
guém. Ele recebe a todos, basta você clamar o seu nome!
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Capítulo 10 a mulhEr CananéIa
“partindo Jesus dali, retirou-se para os lados de Tiro e Si-
dom. E eis que uma mulher cananéia, que viera daque-
las regiões, clamava: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão
de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada. Ele,
porém, não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, aproxi-
mando-se, rogaram-lhe: Despede-a, pois vem clamando atrás
de nós. Mas Jesus respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel. Ela, porém, veio e o adorou, dizen-
do: Senhor, socorre-me! Então, ele, respondendo, disse: Não é
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bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela,
contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem
das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Então, lhe
disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como
queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã.” (Mateus
15.21-28).
Houve um momento em que Jesus olhou para os seus
discípulos e os confrontou dizendo: “Homens de pequena
fé.” Entretanto, Ele se deparou com uma mulher pagã, uma
mulher cananéia que se jogou aos seus pés e clamou por
misericórdia para sua filha. Ela foi tão incisiva e decidida que
o Senhor decidiu ajudá-la. Essa fé foi destacada por Jesus
como uma grande fé: “Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se
contigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou
sã.” (Mateus 15.28).
Na época do Senhor Jesus, as mulheres viviam debaixo
de terrível opressão! Hoje, a mulher conquistou sua liberda-
de, é verdade que, mesmo hoje, em muitas regiões daqueles
países ainda existe uma opressão muito grande, mas bem
menor que a daquela época. O Senhor Jesus não aceitava
esse preconceito contra elas. Penso que por isso muitas
mulheres fizeram parte da sua equipe de evangelização. E
o fato mais importante, Ele se deixou ungir por uma mulher,
numa época em que elas nem mesmo podiam aparecer em
público. Normalmente quem lavava os pés do homem era
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um servo. Era um outro homem, mas Jesus deixou que uma
mulher lavasse os seus pés com as suas lágrimas. Lave os
pés de Jesus com suas lágrimas, Ele está de braços abertos
esperando por você!
Jesus conversava com elas, dava-lhes a atenção que elas
mereciam e precisavam. A mulher samaritana tinha uma
vida questionável, mas Ele a confrontou: “Mulher, você já
teve cinco maridos e o que você tem agora não é seu marido.”
(João 4.18). Ela estava vivendo uma vida dupla, vivia amasia-
da com um homem.
O maior diálogo registrado nos evangelhos e em deta-
lhes foi o de Jesus com essa mulher samaritana. Jesus tinha
amigas. Marta e Maria eram amigas de Jesus, e Ele gostava
de estar com elas. Jesus conversava claramente com elas.
Jesus colocou a mulher exatamente na posição que é da
vontade de Deus para elas.
A mulher não é inferior ao homem. Ela pode ser mais
frágil fisicamente. Entretanto, não é menor que o homem.
Penso que o fato de elas terem sido criadas pela costela de
Adão pode nos demonstrar que elas não são menores nem
superiores, mas iguais. Ainda existem mulheres que apa-
nham dos seus maridos. Isso é covardia, é preconceito.
Nós amamos Jesus porque conhecê-lo é exatamente co-
nhecer a Deus. E, quanto mais conhecemos as Escrituras, mais
vamos enxergando o propósito que Ele tem para a nossa vida.
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Nós comemoramos o dia da Consciência Negra, um mo-
vimento contra o preconceito racial. Mas, quantas pessoas
dizem: “Eu não tenho preconceito!”, mas falam com sutileza:
“Ele é negro, mas tem a alma de branco”. Isso é preconceito.
Uma das coisas mais bonitas que se lê nas Escrituras é
quando ela nos diz que somos a Igreja do Senhor. Mas, nós
só podemos dizer que somos a Igreja do Senhor se estiver-
mos completamente sem preconceitos.
Jesus Cristo não tinha preconceito algum. Ele aceitava
as pessoas. E ainda hoje as aceita de braços abertos. Jesus
se indignava apenas com o pecado e com os religiosos, car-
regados de preconceitos, que achavam que pelos seus atos,
cheios de preconceitos, estavam agradando a Deus.
O que agrada ao Senhor é tão simples! Simplesmente
ame a Deus acima de todas as coisas e o seu próximo como
a você mesmo. Jesus trouxe essa revelação dizendo que nós
temos de amar ao nosso próximo assim como Ele nos amou.
E Ele nos amou de que maneira? A ponto de dar a sua vida
em nosso lugar. Ele abriu seus braços na cruz por você (João
3.16).
Vale a pena viver com Ele e por Ele!
O nosso modelo é o Senhor. Ele é nossa vida. Se nós es-
tamos hoje salvos é porque Ele escolheu não ter preconcei-
tos. É porque Ele escolheu nos chamar de amigos.
“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que
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faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque
tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.”
(João 15.15).
Deus abençoe,
Pr. Márcio Valadão