adequação ambiental de uma industria de olaria no oeste do pr

5/13/2018 adequa o ambiental de uma industria de olaria no oeste do PR - slidepdf.com

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PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL A UMA INDÚSTRIA OLEIRADO OESTE DO PARANÁ.

Aline Kotz1, Mônica Schmitz2, Sabrina Matiello3, Ângela Laufer Rech4;

RESUMO: Atividades industriais têm chamado bastante atenção no que se refere a impactosambientais. Entre elas a produção de telhas e tijolos se destaca pelas inúmeras agressões quecausam no meio ambiente. Neste contexto este estudo teve como objetivo fazer umlevantamento dos aspectos ambientais e dos impactos associados a uma indústria oleira

localizada no oeste do Estado do Paraná e com base neste levantamento propor medidas paraa adequação ambiental. Através de entrevistas e visitas constatou-se que os principaisproblemas são a extração de argila, a queima da lenha e geração de resíduos sólidos. Ajustaros padrões do empreendimento proporciona além da redução dos custos, vantagemcompetitiva no ramo da atividade.

PALAVRAS-CHAVE: Produção de cerâmica, Impactos ambientais, Resíduos sólidos,Emissões atmosféricas.

1. INTRODUÇÃO

As necessidades humanas são indicadas atualmente como um fator de desequilíbrio

dos ecossistemas, pois, para desenvolver-se utilizamos de forma indiscriminada os recursos

naturais, o que tem causado a exilação do meio ambiente.

A crescente problemática ambiental proveniente de ações antrópicas vem causando

grande preocupação no que diz respeito a desastres ecológicos.

Andrade et al (2000) aponta que o crescimento da atividade industrial, com a

conseqüente geração de resíduos e poluentes e o crescimento da demanda por produtos e

serviços, necessita novas técnicas administrativas voltadas ao gerenciamento dessas

atividades. Além de afetar o meio ambiente, os riscos ambientais podem causar danos aos

funcionários e a população vizinha.

Para tanto, é necessário que esses impactos sejam mitigados, buscando nas novas

tecnologias, maneiras sustentáveis de produção, sendo que “O desenvolvimento sustentável

1 Universidade Tecnológica federal do Paraná, campus Medianeira. [email protected]. 2

Universidade Tecnológica federal do Paraná, campus Medianeira. [email protected]. 3

Universidade Tecnológica federal do Paraná, campus Medianeira. [email protected].

4Universidade Tecnológica federal do Paraná, campus Medianeira. [email protected]

Universidade Tecnológica Federal do ParanáGerência de Pesquisa e Pós-Graduação

Campus MedianeiraVII ENDITEC- Encontro Nacional de Difusão Tecnológica

mailto:[email protected]








satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras

poderem também satisfazer as suas” (CMMAD, 1988).

O desenvolvimento é fundamental para a economia de um país, porém precisamos

encontrar formas de produção mais limpa para não acabar “falindo” com nossos recursos

naturais.

O presente trabalho visa detectar através de um levantamento os aspectos ambientais e

os impactos associados a uma indústria oleira localizada no oeste do Estado do Paraná e com

base neste levantamento propor medidas para a adequação ambiental da mesma.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Durante muito tempo as atividades industriais foram consideradas como as mais

poluidoras pela sociedade. Com a implantação da gestão ambiental nos processos produtivos,

é possível diminuir os impactos ambientais por elas gerados através da otimização do uso de

recursos naturais e da energia, reutilização e tratamento de resíduos. (SCHNEIDER et al,

2003).

Segundo Fappi et al( 2009) a preocupação com a qualidade do ambiente e com a

utilização consciente dos recursos naturais “tem refletido na elaboração de leis ambientais

cada vez mais restritivas à emissão de poluentes, à disposição de resíduos sólidos e líquidos, à

emissão de ruídos e à exploração de recursos naturais”.

De acordo com Brasil (1998), na chamada Lei de Crimes Ambientais (Lei nº. 9.605,

artigo 54) é caracterizado crime ambiental, “causar poluição de qualquer natureza em níveis

tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a

mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”.

Dentre os principais problemas encontrados em uma olaria, podemos citar a extraçãode argila, a emissão de gases de efeito estufa e a geração de resíduos sólidos. Os resíduos

sólidos são definidos, segundo a NBR 10.004, como:

Todo resíduo nos estados sólido e semi-sólido que resultam de atividades de origemindustrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento deágua, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bemcomo determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seulançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam, para isso,

soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologiadisponível (ABNT, 2004).



Os resíduos sólidos desse tipo de indústria se enquadram de acordo com ABNT

(2004), como Resíduos Classe II B – Não Perigosos e Inertes.

A transformação da matéria e a produção de resíduos fazem parte da vida e da

atividade humana. Atualmente o aumento acelerado da densidade demográfica e a forte

industrialização facilitam o crescimento descontrolado de resíduos de diversas naturezas

(BIDONE; POVINELLI, 1999).

A emissão de gases de efeito estufa pode acontecer através de maquinários na retirada

da matéria-prima, no transporte para comercialização. Conforme a resolução SEMA nº

054/2006 (PARANÁ, 2006) entende-se por emissão o “lançamento na atmosfera de qualquer

forma de matéria sólida, líquida ou gasosa, ou de energia, efetuado por uma fonte

potencialmente poluidora do ar”.

Junior, (2006) afirma que “as emissões geradas no processo de produção da indústria

de cerâmica vermelha são devidas principalmente a queima”. O combustível para queima dos

tijolos provêm da biomassa.

Para Bueno, et al (2009), durante a combustão da madeira o carbono se combina com

o oxigênio do ar, produzindo CO2 o qual será lançado novamente na atmosfera.

Pode-se por meio do plantio de árvores, ajudar na retirada de CO2 da atmosfera, pois

elas acumulam carbono em sua estrutura enquanto estão crescendo, quando param de crescer,a quantidade permanece fixa na madeira (BUENO, et al 2009).

A retirada ilegal de árvores é uma das principais causas da erosão, pois elas funcionam

como uma proteção para o solo. “As copas das árvores amortecem o impacto das gotas da

chuva. A matéria orgânica do solo, juntamente com a vegetação rasteira, facilita a entrada da

água no solo, diminuindo o volume da enxurrada” (CARNIERI et al 2002).

Stachera Jr, (2005 citado por STACHERA JR, 2006), ressalta que a maioria das olarias do

Paraná não possuem reflorestamento para posterior queima da madeira.Ainda se tratando dos problemas ambientais, nesse tipo de produção ocorre a extração em

grande escala das matérias-primas. Os principais recursos utilizados para fabricação de telhas

e tijolos são argila e terra vermelha.

Segundo Carnieri et al (2002) o solo compõe-se por quatro partes: ar; água; matéria

orgânica; porção mineral (areia, silte, argila). “Os solos com muita argila apresentam maior

capacidade de reter água e nutrientes, pois apresentam mais espaços pequenos onde estes

podem ficar armazenados”. Ainda conforme o autor, o uso e manejo incorreto do solo podem

diminuir a fertilidade, tornando-o menos produtivo. Por isso, a necessidade de se utilizar

formas mais sustentáveis de extração desses recursos naturais.



De acordo com o CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA, 2008, pode haver

também riscos físicos, ao quais podem provocar danos à saúde e integridade do trabalhador e

problemas visuais, tais como ruídos e odores, disposição inadequada dos resíduos sólidos.

Deve-se ter um grande cuidado para que estas adversidades não ultrapassem os limites do

estabelecimento, de modo que venha a causar transtornos aos vizinhos.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Para atingir o objetivo do presente estudo, realizou-se um levantamento onde

constatou-se os aspectos ambientais da empresa estudada, a partir dos quais elaborou-se

propostas de adequação ambiental.

Para identificar aspectos e respectivos impactos causados desde a retirada da matéria-

prima até o produto acabado pela atividade de olaria, efetuou-se entrevistas com proprietários

e funcionários e também visitas ao empreendimento, utilizando dessa forma observação

direta. Para ter um embasamento teórico utilizou-se também análises bibliográficas

(documentos, livros, artigos, teses).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO

Nas visitas realizadas no empreendimento foi possível identificar como funciona o

processo produtivo. De acordo com o gerente a produção média mensal de telhas é de 250 mil

unidades, sendo fabricadas telhas do tipo: francesa natural, marselhesa, goivo natural e do tipo

germânica. A produção média mensal de tijolos é de aproximadamente 100 mil unidades, ostijolos produzidos são do tipo: tijolo maciço, tijolo 21 furos, tijolo de canto arredondado,

tijolos para coluna, tijolos 2 furos, tijolos 4 furos, tijolos 6 furos, tijolo para murros, tijolo

diagonal vazado. A principal matéria prima utilizada é a argila, sendo sua característica

essencial a sua plasticidade no estado úmido, rigidez ao secar e dureza ao ser queimada. A

extração é feita a céu aberto com auxilio de uma retro escavadeira, pá carregadeira e caçamba.

O deposito natural de argila é chamado de barreira, onde é feito um desmatamento no

local, posteriormente a primeira camada de solo é retirada, sendo aproveitadas as camadas

mais puras para produção de cerâmica.



Na indústria a matéria prima segue para os misturadores, que tem a função de

homogeneizar o material. Em seguida vão para os laminadores, estes equipamentos tem a

função de diminuir e homogeneizar a espessura do pedaço do material argiloso que entra na

maromba (extrusora), equipamento que faz a conformação definitiva do produto. Na saída da

maromba as peças são cortadas em equipamentos chamados cortadores. A etapa seguinte é a

secagem que é feita em prateleiras. Em algumas olarias mais desenvolvidas existem estufas e

as peças são transportadas por vagonetes.

O passo seguinte é a queima dos produtos. A indústria utiliza madeira de eucalipto

para alimentar o forno, equipamento central de uma olaria. O material cerâmico é queimado a

temperaturas de 750°C a 1.000 °C, posteriormente vem à etapa de resfriamento.

O processo produtivo de telhas e tijolos é compreendido de acordo com o esquema a

seguir:

Quadro1: Processo produtivo do empreendimento.

4.2 IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E PROPOSTAS DE ADEQUAÇÃO

Um grande problema observado na extração de argila é que o volume retirado é muito

grande e não há recomposição da área, sendo deixadas grandes valas tornando mais

suscetíveis à erosões e desmoronamentos. Ocorre também a compactação do solo ocasionado

pelas maquinas, alterações na drenagem natural e na topografia. Uma possível solução seria

utilizar esse espaço para a prática de piscicultura, tornado-se assim uma alternativa de renda.



Figura 1: Local de extração de argila.

A madeira, segundo o gerente é comprada de agricultores (a origem pode ser

duvidosa), esta quando queimada é responsável pela liberação de grandes quantidades de

gases poluentes que contribuem para o aumento do efeito estufa do globo terrestre. Os gases

liberados geralmente são o dióxido de carbono, vapor d’ água, óxidos de enxofre e nitrogênio

e monóxido de carbono (ALMEIDA et al, 2007).

Sendo a madeira um recurso natural renovável, seria interessante a produção local,

evitando devastação de matas nativas e colaborando na assimilação dos gases emitidos pela

própria indústria. Outra alternativa é destinar os restos de podas de árvores feitas pela

prefeitura. Essas medidas além de beneficiar o meio ambiente e tornar a produção mais

sustentável, podem favorecer a economia do município através da geração de empregos.

A indústria de cerâmica gera perdas de produtos acabados (trincas, quebras e peças

requeimadas) que geralmente são encaminhadas para aterros. Estes resíduos podem ser

reutilizados como lastro para pavimentação, insumo para argamassa de assentamento e

revestimento depois de moído e ainda ser agregado ao concreto de baixa resistência

(GRIGOLETTI, 2001).

Figura 02: Pilha de trincas.



Pode-se identificar uma poluição sonora, sendo os principais causadores da emissão de

ruídos os veículos pesados e os equipamentos do processo produtivo. Fazer manutenção

freqüente dos equipamentos e a adoção de reflorestamento próximo ao empreendimento seria

uma forma de reduzir o barulho, pois além dos benefícios citados anteriormente as arvores

podem servir como faixa de domínio.

Há um grande volume de cinzas gerado, a mesma é disposta inadequadamente em uma

pilha no pátio, podendo prejudicar o solo e os recursos hídricos. Pode-se utilizá-las após

tratamento adequado na correção da acidez do solo.

5. CONCLUSÕES

Percebe-se que o processo produtivo de telhas e tijolos confere muitos impactos ao

meio ambiente, tornando-se imprescindível a necessidade de adequação da empresa. Uma

produção mais sustentável traz inúmeros benefícios, visto que além de evitar multas e sanções

dos órgãos ambientais, pode-se reduzir os custos da mesma, gerar mais empregos no

município, além de favorecer para o seu desenvolvimento econômico.

Espera-se que as idéias e informações contidas neste estudo, possam contribuir para

melhoria das perspectivas visando à redução da geração de resíduos sólidos, agregando valora um resíduo que geralmente é desperdiçado; das emissões dos gases causadores do efeito

estufa e do aquecimento global, incentivando as alternativas que se mostraram mais

promissoras como o reflorestamento e a preservação de recursos naturais, proporcionando

dessa forma uma redução dos impactos ambientais da atividade.

O gerente afirma ter espaço para fazer reflorestamento próximo a indústria e não se

demonstrou resistente as propostas apresentadas.

6. REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, E. P; ARAUJO, E. M. N. M; BRANDÃO, T.C; COSTA, A. C. F. M; PORTO, L.R. QUEIROGA, A. F. F. Avaliação dos gases de combustão produzidos com a queima delenha produzidos em olarias no estado da Paraíba. In: congresso brasileiro de cerâmica, 51.2007, Salvador, Bahia.

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 10.004 – Resíduos Sólidos:Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.



ANDRADE, R. O. B.; TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A. B. Gestão ambiental: enfoqueestratégico aplicado. São Paulo: Makron Books, 2000.

BUENO, M. A.F; GUIMARAES, M. R. F.; HELENE, M. E. M.; NUNES, E.; PACHECO,

M. R. Poluentes atmosféricos. 1ª Ed. São Paulo: Scipione. 1999.CARNIERI, I.M.; FANTIN, E. R.; GARCIAS, C. E.; LIMA, M. R.; PINTO, L. S.; SERRAT,B. M. Conhecendo o solo. 1ª Ed. Curitiba. 2002. 32p.

CMMAD COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO.Nosso Futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas. 1988.

CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA - IV REGIÃO E COMISSÃO TÉCNICA DEMEIO AMBIENTE. Cartilha de meio ambiente. São Paulo- SP. 2008. 66 p.

FAPPI, D. A.; LAMBRECHT, R. W.; SANTOS, M. A. S. Estudos para o desenvolvimentode um plano de controle ambiental para uma indústria moveleira. 2009. 70 p. Monografia(Tecnologia em Gerenciamento Ambiental) Universidade Tecnológica Federal do Paraná.Medianeira, 2009.

PARANÁ. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMA.Resoluçãonº 54, 22 de dezembro de 2006. Define critérios para o controle da qualidade do ar.Disponível em: <http://www.meioambiente.pr.gov.br> Acesso em 29/03/2010.

SCHNEIDER, V.E.; HILLIG, E.; RIZZON, M.R.; BERTOTTO FILHO, L.A. Diagnósticodos resíduos de madeira e derivados gerados no pólo moveleiro da serra gaúcha. In:

Congresso Regional De Iniciação Científica E Tecnológica Em Engenharia, 18; 2003, Itajaí,2003.

GRIGOLETTI, Giane de Campos. Caracterização de impactos ambientais de industria decerâmica vermelha do Estado do Rio Grande do Sul. Dissertação (mestrado em engenhariacivil) – universidade federal do rio grande do sul. 2001. 168p.

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