acÚstica na construÇÃo civil - unitoledo€¦ · 1 acÚstica na construÇÃo civil marcos renan...
TRANSCRIPT
1
ACÚSTICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Marcos Renan Moreira1 - UNITOLEDO
Carlos Adriano Rufino da Silva2 - UNITOLEDO
RESUMO
Com o avanço da tecnologia para materiais de construção, é possível hoje projetar
edificações que garantam conforto ao usuário. De acordo com a NBR 15575 (ABNT, 2013),
as edificações devem apresentar um bom desempenho acústico, a fim de promover
habitabilidade e reduzir os ruídos gerados nas mesmas. Esse artigo tem por finalidade
apresentar materiais acústicos específicos seguindo a norma de desempenho, a fim de trazer
soluções que atendam aos requisitos da NBR 15575 (ABNT, 2013).
Palavras-Chave: Acústica; Construção Civil; Materiais Acústicos; Tecnologia ; NBR 15575
(ABNT 2013).
1 - INTRODUÇÃO
Os primeiros conceitos de desempenho acústico, desenvolveram-se ligado a música e a
arte exercida desde 4.000 a.C. As primeiras construções com esta finalidade, foram
registradas pelos gregos aproximadamente entre o século 5 a 7 a.C. Eram os teatros a céu
aberto, onde procuravam-se lugares calmos e de ventos favoráveis, com uma plateia
posicionada de forma estratégica para favorecer a propagação do som ao público
(MICHALSK, 2015).
Se no passado o conceito acústico era direcionado para potencializar os sons, a modo
de serem ouvidos com clareza, hoje o conceito para construções, é direcionado em sua
maioria para amenizar ou eliminar sons e ruídos indesejáveis.
Segundo Pierrard e Akkerman (2013), em 1960 surgia na Europa o conceito de
desempenho das edificações, mais tarde na década de 1980, com a publicação da (ISO 6241,
1987) houve uma metodologia para projetar materiais, sistemas e componentes, a fim de
estabelecer na edificação, segurança, habitabilidade e sustentabilidade, onde em vários países
1 Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo (2017).
2 Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Estadual Paulista (2009).
2
o desempenho acústico se tornou exigência.
Neste período, o Brasil vivia uma crise econômica, tonando-se difícil trabalhar neste
sentido, pois houve redução de custos para financiar edificações, que tiveram uma
racionalização adotada com redução de espessuras de paredes, pisos e lajes para tornar a
edificação mais econômica possível, resultando numa perda de desempenho acústico
(PIERRARD; AKKERMAN, 2013).
Em 1987 para tentar corrigir esse curso da construção civil no Brasil, surgia a NBR
10152 (ABNT, 1987), que estabelecia os níveis de ruídos máximos admissíveis nos ambientes
segundo o tipo de uso, mas houve pouco progresso, visto que o mercado brasileiro, nunca
buscou atendê-la (PIERRARD; AKKERMAN, 2013).
Diversas edificações passaram a apresentar problemas sonoros, apartamentos, casas de
shows e igrejas, por exemplo, onde deveriam ser projetados de forma a oferecer conforto aos
usuários e à vizinhança.
De certa forma, os usuários muitas vezes se privam de atividades, de horários,
costumes, lazer e outras coisas, afim de não incomodar os seus vizinhos, ou gerar algum
desconforto.
Na última década, o conceito sobre acústica no Brasil tem tomado conta de debates a
fim de solucionar problemas desenvolvidos pelas edificações, ou seja de um tema que era
visto com pouca importância, para necessidade imediata, principalmente em grandes centros
urbanos, visto que o excesso de ruídos podem causar doenças.
Em 2013, foi elaborada a NBR 15575 (ABNT, 2013), visando definir os níveis de
desempenho que os sistemas construtivos oferecem, criando parâmetros para sistemas e
materiais inovadores prezando pela segurança, habitabilidade e sustentabilidade das
edificações, e o desempenho acústico tornou-se parte disso, onde as edificações devem
atenuar a transmissão de ruídos gerados externa e internamente (PIERRARD; AKKERMAN,
2013).
Os empreendedores hoje dispõem de uma gama de materiais e métodos construtivos,
que lhes permitem de acordo com as características de seu empreendimento e tecnologias
disponíveis, atender a norma em níveis diferentes, entre mínimo, intermediário e superior,
sendo o mínimo obrigatório.
Esses materiais são diversos, e atenuam ruídos com funções distintas, desde materiais
3
para paredes, lajes, esquadrias, forros, tubulações e outros.
2 - OBJETIVO
Este trabalho tem por finalidade apresentar alguns materiais disponíveis no mercado,
capazes de atender o mínimo da norma NBR 15575 (ABNT, 2013), de acordo com seus
respectivos testes e boletins técnicos.
3 – METODOGIA
Este artigo trata-se de uma revisão bibliográfica realizada por meio de pesquisa em
normas, livros, artigos, boletins técnicos e manuais.
4 - RESULTADOS
4.1 -RUÍDOS
Os ruídos são sons indesejáveis, desprovidos de harmonia (CATAI, PENTEADO,
DALBELLO, 2006). De acordo com Braga (2017), os ruídos são como sons irritantes, que
vibram irregularmente, onde não possuem uma frequência fixa, classificados como contínuos,
intermitentes e de impacto, e segundo a organização mundial de saúde (OMS), podem
prejudicar a saúde quando o indivíduo é exposto ao mesmo por tempo prolongado, gerando
stress, sono conturbado, depressão, dificuldade de aprendizado, perda de produtividade e
perda auditiva.
A tabela 01 apresenta alguns sons e ruídos, com suas respectivas intensidades em
decibéis e efeitos à saúde.
Fonte: https://pt.wikihow.com/Medir-Decibéis (2017)
Tabela 01- Níveis de Decibéis dos Sons Comuns
4
Para combater esses malefícios que os ruídos podem gerar na sociedade, é necessário
planejar ambientes, que ofereçam um bom conforto acústico.
Os primeiros tratamentos acústicos com finalidade de atenuar ruídos e reverberações
aconteceram nos teatros renascentistas em meados do século XVII na Europa, foram
utilizadas cortinas densas e pesadas, e percebia-se que era possível absorver ruídos e sons
externos com estes materiais. Hoje a tecnologia evoluiu muito, tornando-se possível projetar
ambientes para isolar ou absorver ondas sonoras com diversos tipos de produtos (BERSAN,
2008).
4.2– CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS
Segundo Passeri-Junior (2017), há uma diferença entre isolamento acústico e absorção
acústica. No isolamento acústico, os matérias impedem a passagem da onda sonora de um
ambiente a outro, formando uma barreira; já a absorção acústica se dá pela eliminação de
reverberações no ambiente, e as reflexões no mesmo são minimizadas.
A tabela 02 contém a classificação de alguns materiais de acordo com sua capacidade
de absorver ou isolar ruídos.
Tabela 02 - Absorção e Isolamento Acústico.
Os materiais acústicos possuem um coeficiente adquirido em laboratório, denominado
“coeficiente de absorção acústica”.
Este coeficiente é obtido em uma “câmara reverberante”, usado para incidências
aleatórias, ou em um tubo denominado “Tubo de Impedância” para incidências normais, e
depois calculado pela expressão:
Fonte: http://doutordaconstrucao.blogspot.com.br/2014/07/desempenho-acustico-dos-materiais.html
(2014)
5
𝛼 = 𝐸𝑎
𝐸𝑖
Onde:
𝛼 - coeficiente de absorção sonora do material.
𝐸𝑎 - energia sonora absorvida pelo material.
𝐸𝑖 - energia sonora incidente no material.
O coeficiente depende de alguns fatores como, tipo de material (densidade e estrutura
interna), frequência da onda sonora incidente, ângulo de incidência da onda sonora, e as
condições de montagem do material (espessura e modo de fixação). O coeficiente varia entre
0 a 1, sendo representado também em porcentagem (MISHALSK, 2015).
O que geralmente é fornecido pelos fabricantes em seus produtos, é o NRC
(coeficiente de redução sonora), que utiliza a média aritmética dos coeficientes de absorção
sonora, nas bandas de frequência de 250 Hz, 500 Hz, 1000 Hz e 2000 Hz (PASSERI-
JUNIOR, 2017). A tabela 03 apresenta o desempenho e os coeficientes dos materiais
acústicos.
Tabela 03- Desempenho e coeficientes dos materias acústicos
MATERIAL NRC RW
PISOS E LAJES
RW PAREDES
RW FACHADAS
RW COBERTURAS
RW TUBULAÇÕES
Lã de Rocha 0,9 - 55 dB 55 dB - -
Lã de Vidro 0,9 - 52,8 dB 52,8 dB - -
Lã de PET 0,8 40 dB 42,25 dB 42,25 dB 40 dB -
Vermiculita 0,5 - 50 dB 50 dB - -
Forro Mineral 0,9 25 dB - - - -
Fonte: VERMIFLOC (2017), ISOMER (2017), TRISOFT (2017), OWA (2017), KNAUF INSULATION (2009)
Os produtos são indicados para os seus usos específicos, de acordo com os seus
coeficientes. A seguir listou-se alguns deles seguindo parâmetros da NBR 15575 (ABNT,
2013) para atendê-la em sistemas diferentes como, instalações e equipamentos
hidrossanitários, sistemas de pisos e lajes, sistemas de vedações externas e internas e sistemas
de coberturas.
6
4.3 – INSTALAÇÕES PREDIAIS E SISTEMAS HIDROSSANITÁRIOS
O anexo da NBR 15575 (ABNT, 2013) abrange sistemas e equipamentos acionados
por terceiros e uso coletivo como, elevadores, descargas hidráulicas, tubulações, esgotos,
bombas, exaustores e ventiladores, e não equipamentos e sistemas acionados por usuários da
própria unidade como triturador de alimentos em cozinha, caixa d’agua individual e etc.
São estabelecidos pela NBR 15575 (ABNT, 2013) os requisitos a certa dos limites de
ruído em dormitórios para instalações prediais e equipamentos hidrossanitário.
Os parâmetros adotados, foram:
(LAeq,nT) - para “ciclo de operação do equipamento durante um período de tempo”
(LASmax,nT) - para “níveis sonoros máximos instantâneos”
Para tais parâmetros, classificou-se em níveis de desempenho sendo representado pela
tabela a seguir:
Tabela 04 – Nível de Desempenho sistemas prediais e equipamento hidrossanitários
Para atender o mínimo da norma, o ruído equivalente não deve ultrapassar 37 dB, e o
nível de pressão sonora máximo 42 dB.
4.3.1– MATERIAIS ESPECÍFICOS
Há no mercado alguns materiais utilizados para reduzir os níveis de ruídos para
equipamentos hidrossanitários, sistemas e instalações prediais.
Um exemplo de material é a manta acústica para tubulações, fabricada com resíduos
Fonte: NBR 15575 (ABNT, 2013)
7
industriais e pneus reciclados, com espessuras de 2,6 mm e 3,6 mm, possuem densidade de até
1.150kg/m³. Atenuam as vibrações e os ruídos aéreos e podem ser utilizados em toda rede de
tubulação para água fria e esgoto (AUBICON, 2017).
Para (LAeq,nt ), pode apresentar um ruído de até 28 dB no ambiente, atingindo o nível
superior da NBR 15575 (ABNT, 2013), que é de 30 dB .
Para (LASmax,nT ), pode apresentar um ruído de até 34 dB, também atingindo o nível
superior da NBR 15575 (ABNT, 2013), de 36 dB no ambiente boletim técnico (AUBICON,
2017).
Nas figuras 01 e 02, há uma demonstração do uso da manta:
4.4– SISTEMAS DE PISOS E LAJES
Os sistemas de pisos basicamente são constituídos de laje, contrapiso e revestimento.
Devem garantir um desempenho acústico adequado em dois parâmetros:
Isolamento acústico aéreo (DnT,w): conversações, televisão, música e etc.
Isolamento acústico ao ruído de impactos (L’nT,w): passos, queda de objetos, arrastar
de móveis e etc.
Os ruídos para ambos os parâmetros, são transmitidos de forma direta (próprio piso)
ou indireta (pelas paredes). O desempenho sonoro das lajes, dependem muito da sua
densidade, espessura, dimensões e características estruturais, como geometria do ambiente e
sistema construtivo adotado (PIERRARD; AKKERMAN, 2013).
A tabela 05 apresenta os parâmetros, critérios e desempenhos para isolamento ao ruído
Figura 01
Figura 02
Fonte: AUBICON (2017) Fonte: AUBICON (2017)
8
de impacto em sistemas de pisos:
Conforme a NBR 15575 (ABNT, 2013), o ruído máximo permitido pela norma
transmitido entre uma edificação a outra, é de 80 dB, recebendo o desempenho mínimo da
NBR 15575 (ABNT, 2013), caso o ruído transmitido seja igual ou menor a 55 dB, ela recebe
o desempenho superior.
Se o ruído entre as edificações for menor ou igual a 55 dB em áreas de uso coletivo, a
edificação recebe o nível de desempenho mínimo, ou seja, quanto mais baixo o valor para
ruídos de impacto (L’nT,w), melhor o desempenho.
Para isolamento ao ruído aéreo de sistemas de pisos, adotou-se alguns critérios, como
pode-se ver na tabela 06, com seus respectivos desempenhos.
Fonte: NBR 15575 (ABNT, 2013)
Fonte: NBR 15575 (ABNT, 2013)
Tabela 05 – Nível de Desempenho sistemas de lajes e pisos 1
Tabela 06 – Nível de Desempenho sistemas de lajes e pisos 2
9
Se o ambiente tiver uma redução maior ou igual a 45 dB, 40 dB e 45 dB
respectivamente de acordo com a tabela acima, ele recebe o desempenho mínimo.
A medição de ruído aéreo nos ambientes, segue um processo especificado na norma
(ISO 16283-1, 2014) e (ISO 10052, 2004). Devido a uma fonte sonora no ambiente emissor, é
medido o nível de pressão sonora em bandas de frequências no mesmo e no ambiente
receptor. A diferença entre os níveis de pressão sonora nos dois ambientes com correções no
ambiente receptor de acordo com suas condições acústicas, gera a Diferença de nível
Padronizada (DnT). Depois convertida em número através da (ISO 717-1, 2013), obtendo a
Diferença padronizada ponderada ( DnT,w ), que é utilizado na NBR 15575-3 (ABNT, 2013)
(PIERRARD; AKKERMAN, 2013).
Para a medição de ruídos de impacto, há um processo muito semelhante, onde através
de uma maquina de impacto padronizada no recinto superior (emissor), é obtido os níveis de
pressão sonora em bandas de frequência no recinto subjacente (receptor). Segundo as
condições acústicas no recinto receptor, o nível registrado passa por uma correção segundo a
(ISO 717-2, 2013), devido ao tempo de reverberação. Então é obtido o Nível de Pressão
Sonora de impacto ponderado ( L’nT,w). Estes valores são utilizados na NBR 15575-3
(ABNT, 2013), (PIERRARD; AKKERMAN, 2013).
Os sistemas utilizados pra isolamento acústico aéreo e de impacto, são denominados
de pisos flutuantes.
Consistem no seguinte esquema: laje + manta acústica + contrapiso, conhecido como
sistema mola massa mola. Quanto maior a espessura do elemento (parede ou laje), maior é a
eficácia do isolamento (ABD, 2015).
Existem algumas composições para as mantas, como borracha reciclada de
poliuretano, polietileno expandido e poliéster.
4.4.1 BORRACHA RECICLADA POLIURETANO
A manta é produzida a partir de pneus recicláveis, apresenta alta resistência a
compressão, e alta densidade que variam de 600 a 750 kg/m³, além de espessuras que variam
de 2 a 10 mm. Os testes realizados com a manta em laje protendida, tiveram uma redução de
pressão sonora de 14 dB e um (L’nT,w) reduzido de 58 dB atendendo o nível intermediário
da norma. Em laje de concreto armado teve-se uma redução de 49 dB , atendendo ao nível
10
superior da norma, pode-se ver o esquema de montagem do material na figura 03,
(AUBICON, 2017).
4.4.2 POLIETILENO EXPANDIDO
Geralmente possuem espessuras de até 5mm, e densidade de 20kg/m³, diversas
empresas optaram pela fabricação deste produto, por oferecer uma boa durabilidade um bom
desempenho acústico e um custo baixo, comparado com as borrachas.
Nos ensaios realizados com esta manta, utilizou-se a seguinte combinação:
Laje maciça de 12 cm, e um contrapiso de 4,5 cm, obtendo um desempenho de
isolamento (L’nT,w) de 62 dB. A mesma laje para apresentar este desempenho, necessitaria
de uma espessura de 32 cm.
Este desempenho atinge o nível intermediário na norma, no quesito ruído de impacto.
É possível observar o uso da manta na figura 04 (ACITAL, 2017).
4.4.3 MANTA DE POLIÉSTER
Conhecida também como lã de PET, é fabricada a partir de garrafas PETs recicladas, e
depois transformadas em lã. Possui uma vida útil elevada, e sua instalação é semelhante ao
das outras mantas como pode-se obervar na figura 05. Com uma combinação de laje com 12
cm de espessura, mais a manta de lã e um contrapiso de 4 cm, garante um L’nT,w de 40 dB,
obtendo o nível superior da norma ( TRISOFT, 2017).
Figura 03 Figura 04 Fonte: AUBICON (2017)
Fonte: ACITAL (2017)
11
Há também no mercado, forros minerais, capazes de absorver e isolar ruídos. São
muito utilizados em salões de festas, igrejas, teatros, cinemas, casas de shows e ambientes
semelhantes.
Dependendo do modelo e linha especifica do forro, possuem um DnT,w de até 49 dB
atingindo o nível mínimo da NBR 15575 (OWA, 2017).
4.5 - SISTEMAS DE VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA (PAREDES)
As paredes internas de uma edificação, devem garantir um bom desempenho ao ruído
aéreo (conversações, música, televisão e etc). Geralmente são construídas de forma maciça
(blocos e tijolos de cerâmica ou concreto), podendo ser “in loco” ou pré-moldado, e também
podem ser construídas com vedações mais leves como o dry-wall.
A transmissão de ruído aéreo se da por forma direta (própria parede separando
ambientes ou unidades habitacionais distintas), ou forma indireta (pisos, fachadas, e outras
paredes). É estabelecido pela NBR 15575-4 anexo (F.6.1.2) (ABNT, 2013), os limites
mínimos em relação ao ruído aéreo nas edificações, como pode-se ver na tabela 07.
Se o ambiente tiver uma redução de 40 dB, 45 dB, 40 dB, 30 dB, 45 dB e 40 dB
respectivamente de acordo com a tabela 07, ele recebe o desempenho mínimo.
A medição é obtida pela metodologia estabelecida na (ISO 16283, 2014) e (ISO
10052, 2004).
O parâmetro DnT,w representa o isolamento aéreo obtido no campo (obra), e o índice
Rw em laboratório, geralmente apresentam valores diferentes devido as condições estruturais
Figura 05
Fonte: TRISOFT (2017)
12
e executivas (PIERRARD; AKKERMAN, 2013).
4.5.1– MATERIAIS ESPECÍFICOS
O uso de lãs, é um dos métodos mais utilizados para isolamento acústico em vedações
verticais internas, que são instaladas entre a parede. Quando se tem parede de bloco ou tijolo
comum, é utilizado o sistema onde são erguidas duas paredes, e entre elas coloca-se a lã, ou
ergue-se uma parede comum, aplica-se a lã, e reveste-se com gesso como pode-se ver na
figura 06. Em paredes de dry-wall, a instalação é mais prática, visto que a lã é embutida
dentro da vedação, na figura 07 é possível observar a instalação. O desempenho acústico
desse processo, depende da espessura do material e da parede.
As lãs mais conhecidas e utilizadas no mercado são: lã de rocha, lã de vidro e lã de
poliéster, ambas são eficientes para isolamento acústico.
Tabela 07- Desempenho de sistemas de vedações internas
Fonte: NBR 15575 (ABNT, 2013)
13
As lãs mais conhecidas e utilizadas no mercado são: lã de rocha, lã de vidro e lã de poliéster,
ambas são eficientes para isolamento acústico.
4.5.2 LÃ DE ROCHA
É um produto obtido através de fibras de rochas vulcânicas como basalto e calcário,
aglomerados com resina sintética (CATAI, PENTEADO, DALBELLO, 2006). De
acordo com testes em laboratórios, obteve-se os seguintes desempenhos apresentados
na figura 08 e tabela 08.
Figura 06: Paredes duplas com lã
Figura 07: Dry-wall com lã
Figura 08: Esquema de parede com lã de rocha
Fonte: KNAUF INSULATION (2009)
Fonte: http://www.acusterm.com.br/produto/la-de-vidro Fonte: https://gessoavalos.com.br/servicos/isolante-
termico-la-de-vidro/
14
É possível atingir o desempenho mínimo até o superior da NBR 15575 dependendo da
espessura do sistema montado quanto as placas de gesso e de lã de rocha, de acordo com os
ensaios feitos em laboratório (KNAUF INSULATION, 2009).
4.5.3 LÃ DE VIDRO
O material é formado a partir de sílica e sódio aglomerados com resina sintética
(CATAI, PENTEADO, DALBELLO, 2006). Abaixo na tabela (ISOMER, 2017) é possível
observar o desempenho do material, dependendo da espessura do sistema e tipo do material de
vedação, atingindo tranquilamente o nível de desempenho mínimo da NBR 15575 (ABNT,
2013).
Fonte: KNAUF INSULATION (2009)
Fonte: ISOMER (2017)
Tabela 08 – Desempenho de paredes com lã de rocha
Tabela 09 – Desempenho de paredes com lã de vidro
15
4.5.4 – LÃ DE POLIÉSTER
Como citado no item 4.4.3 de sistemas de pisos e lajes, a lã é produzida a partir da
reciclagem de garrafas PETs.
A figura 09 mostra como é a instalação do material, e a tabela 10 fornece o
desempenho de uma lã de poliéster em laboratório (Rw), (TRISOFT, 2017).
1CH : uma placa de gesso para cada lado do sistema dry-wall
ESP : Espessura da lã.
Rw : índice de redução sonora obtido em laboratório.
De acordo com o boletim técnico da (TRISOFT, 2017), a lã de poliéster mostra-se
eficaz para atender ao desempenho mínimo da NBR 15575 (ABNT, 2013).
4.5.5 - VERMICULITA
É um mineral a base de aluminosilicato hidratado de ferro e de magnésio , que
submetido a temperaturas de até 1000 ºC, se expande, aumentando o seu volume em até 20
vezes (OLIVEIRA; UGARTE, 2004). É uma boa opção para o construtor que não queira
utilizar dry-wall ou paredes duplas na sua construção. O sistema consiste no preenchimento
dos vazios dos blocos com o mineral como pode-se ver na figura 10, ou pode-se utilizar a
vermiculita na produção de argamassas cimentíceas (BRASIL MINÉRIOS S.A., 2017).
O produto analisado em laboratório obteve uma redução sonora (Rw) de 50 dB, em
preenchimento de blocos de concreto, e 47 dB em blocos cerâmicos podendo receber o nível
Fonte: TRISOFT (2017) Figura 09: Dry-wall com lã de poliéster
Tabela 10 – Desempenho de paredes com lã de
Poliéster
Fonte: http://www.espacosmart.com.br/la-de-pet/
16
de desempenho intermediário até o superior dependendo da análise do elemento da NBR
15575 (ABNT,2013) (BRASIL MINÉRIOS S.A., 2017). Na tabela 11 é possível observar o
processo:
Na tabela acima, é apresentado a tipologia do bloco e ao lado a redução sonora em
laboratório (Rw) em decibeis.
4.6- SISTEMA DE VEDAÇÃO EXTERNA (FACHADAS)
As fachadas são compostas por paredes e esquadrias, onde as mesmas devem oferecer
conforto ao usuário principalmente em dormitórios, garantindo um isolamento adequado ao
ruído aéreo, muitas vezes provocados por tráfego, aviões, trens e etc (NBR 15575, 2013).
Na tabela 12 da NBR 15575 (ABNT, 2013) anexo E, são propostos os limites mínimos
de ruídos para fachadas em relação ao ruído aéreo, cujo processo de medição é realizado de
acordo com a (ISO 16283-3, 2014) e (ISO 10052, 2004). A diferença padronizada de níveis
(D2m,nt,w) é obtida pela metodologia da (ISO 717-1, 2013).
Figura 10 Aplicação de vermiculica em blocos
Fonte: VERMIFLOC (2017)
Tabela 11- Desempenho da vermiculita em vedações
Fonte: VERMIFLOC (2017)
17
Se o ambiente tiver uma redução de 20 dB, 25dB e 30 dB respectivamente, de acordo
com a tabela acima, ele recebe o nível de desempenho mínimo.
A classe de ruído foi estabelecida pela seguinte maneira de acordo coma tabela 13:
A tabela acima sobre classes de ruídos é apenas informativa e não consta na NBR
15575.
Para ruídos acima de 70 dB, é necessário realizar estudos específicos, assim como para
edificações localizadas em regiões de aeroportos, estádios, rodovias e ferrovias (PIERRARD;
AKKERMAN, 2013).
Todos os materiais descritos no item anterior para vedações verticais internas,
satisfazem o mínimo da NBR 15575 para vedações verticais externas (fachadas). É importante
ressaltar as esquadrias utilizadas na edificação, visto que são os pontos mais vulneráveis no
isolamento acústico em fachadas, onde através de frestas é possível a transmissão de ruídos.
Há no mercado janelas e portas antirruído, que são classificadas em A, B, C e D
Fonte: NBR 15575 (ABNT, 2013)
Fonte: NBR 15575 (ABNT, 2013)
Tabela 12 - Desempenho vedações externas
Tabela 13 – Classes de Ruídos
18
atendendo desde o nível de desempenho mínimo, até o superior (SILVA, 2017).
A - Rw de 30 dB
B - Rw de 24-30 dB
C - Rw de 18-24 dB
D - Rw inferior a 18 dB
4.7– SISTEMAS DE COBERTURAS
Para os sistemas de coberturas, serão avaliados os desempenhos ao ruído aéreo e ao
ruído de impacto. A tabela de isolamento ao ruído aéreo, é a mesma apresentada no item
acima de fachadas (tabela 11), assim como a tabela 12 de classes de ruídos.
As recomendações também são as mesmas para edificações localizadas em regiões
perto de aeroportos, estádios, rodovias e ferrovias e ruídos acima de 70 dB, sendo necessário
estudos específicos. Para isolamento ao ruído de impacto em coberturas, é analisado o ruído
em dormitórios e sala de estar localizados abaixo de coberturas de uso coletivo (NBR 15575,
2013).
A pressão sonora máxima permitida pela NBR 15575-5 (ABNT, 2013), transmitida da
cobertura até a residência subjacente, é de 55 dB. Caso a edificação apresente este
desempenho, ela recebe o nível de desempenho mínimo da norma.
Recomenda-se o uso do mesmo sistema adotado para lajes, onde usa-se contrapisos
flutuantes. Todos os materiais já citados no item sistemas de pisos e lajes, atendem o mínimo
da NBR 15575 (ABNT, 2013) tanto para ruído aéreo, quanto ruído de impacto.
Fonte: NBR 15575 (ABNT, 2013)
Tabela 14 – Desempenho sistemas de cobertura
19
5 – CONCLUSÃO
Para um bom resultado acústico na edificação a fim de se obter sucesso no isolamento
e economia na utilização de materiais isolantes, é necessário analisar o projeto como um todo
desde a sua concepção, como arquitetura, região de implantação e características
estruturais.Para que se tenha um bom desempenho da edificação, é importante atender todos
os sistemas descritos na NBR 15575 (ABNT, 2013).Todos os materiais apresentados,
satisfazem o mínimo da NBR 15575 (ABNT, 2013), e a escolha de cada um deles, varia de
acordo com o orçamento da obra, e o desempenho almejado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABD. Desempenho acústico em sistemas drywall. 2. ed. São Paulo, SP, 2015. 9 p.
ACITAL. Laudo Técnico Manta Acústica FlexSilenzio. Disponível em: <
http://www.acital.com.br/produto/flexsilenzio>. Acesso em: 04 de dezembro de 2017.
ACITAL. Laudo Técnico Manta Acústica FlexSilenzio. Disponível em: <
http://www.acital.com.br/produto/flexsilenzio>. Acesso em: 04 de dezembro de 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10152: 1987: Níveis de ruídos
para conforto acústico. Rio de Janeiro, (1987).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575: 2013: Edificações
habitacionais – desempenho. Rio de Janeiro, (2013).
AUBICON. Laudo Técnico Manta Acústica Sound Soft Contrapiso. Disponível em: <
http://www.aubicon.com.br/produtos/mantas-acusticas/sound-soft-contrapiso/>. Acesso em: 04 de dezembro
de 2017.
AUBICON. Laudo Técnico Manta Acústica Sound Soft Tubulação. Disponível em:
<http://www.aubicon.com.br/produtos/mantas-acusticas/sound-soft-tubulacao/>. Acesso em: 04 de
dezembro de 2017.
BERSAN, F.: Acústica – um passeio pelo tempo. Disponível em: <
https://www.somaovivo.org/artigos/acustica-um-passeio-pelo-tempo/>. Acesso em: 31 de julho de 2017.
BRAGA, N. C.: Medidas do Ruído Ambiente (INS 149). Disponível em:
<http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/usando-os-instrumentos/3556-ins149>. Acesso em: 2 de
novembros de 2017.
CATAI, R. E.; PENTEADO, A. P.; DALBELLO, P. F. Materiais, técnicas e processos para isolamento
acústico. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 17., 2006,
Paraná. Anais. Paraná: UTFPR, 2006. p. 4205-16.
DOUTOR DA CONSTRUÇÃO: desempenho acústico dos materiais. Birigui, dez. 2017. Disponível em: < http://doutordaconstrucao.blogspot.com.br/2014/07/desempenho-acustico-dos-materiais.html >. Acesso em:
14 dez. 2017.
ISO 10052, Acoustics - Field measurements of airborne and impact sound insulation and of service
equipment sound - Survey method, 2004.
20
ISO 6241, Performance standards in building - Principles for their preparation and factors to be considered,
1987.
ISO 16283-1, Acoustics - Field measurement of sound insulation in buildings and of building elements -
Part 1: Airborne sound insulation, 2014.
ISO 717-2, Acoustics - Rating of sound insulation in buildings and of building elements - Part 2: Impact
sound insulation, 2013.
ISOMER.: Optma Parede – lã de vidro para paredes. Disponível em: <
http://www.isover.com.br/construcao-civil/la-de-vidro-para-drywall/painel-optima-parede>. Acesso em: 04
de dezembro de 2017.
KNAUF INSULATION. Nova lã Mineral Natural Gama Ultracoustic. Barcelona, ES, 2009. 20 p.
MISHALSK, R.L.X.N. História da acústica arquitetônica. 2015.NOTAS DE AULA -Arquitetura e
Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2015.
MISHALSK, R.L.X.N. Absorção sonora. 2015.NOTAS DE AULA -Arquitetura e Urbanismo, Universidade
de São Paulo, 2015.
OLIVEIRA, L. S. M.; UGARTE, J. F. O. Utilização da vermiculita como adsorvente de óleo da indústria
petrolífera. Publicação do Centro de Tecnologia Mineral – CETEM. Ministério da Ciência e Tecnologia,
2004. Disponível em: <http://www.cetem.gov.br/publicacao/serie_anais_XII_jic_2004>. Acesso em:
02/12/2017.
OWA.: Forros minerais. Disponível em: < http://www.owa.com.br/produtos/forros-minerais-owa/>. Acesso
em: 04 de dezembro de 2017.
PASSERI-JÚNIOR, L.: Absorção Sonora x Isolamento Acústico: entenda as diferenças. Disponível em: <
https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/absorcao-sonora-x-isolamento-acustico-entenda-as-
diferencas_15424_10_0 >. Acesso em: 31 de julho de 2017.
PIERRARD, J.F; AKKERMAN, D. Manual ProAcústica sobre a norma de desempenho: Guia prático sobre
cada uma das partes relacionadas à área de acústica nas edificações da Norma ABNT NBR 15575:2013
Edificações habitacionais – Desempenho. São Paulo: RUSH Gráfica e Editora Ltda, 2013.
SILVA, G.: Esquadrias antirruído são indicadas para casos críticos de isolamento de fachada. Disponível
em: < https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/esquadrias-antirruido-sao-indicadas-para-casos-criticos-de-
isolamento-de-fachada_7478_0_1>. Acesso em: 04 de dezembro de 2017.
TRISOFT. Laudo Técnico Manta Acústica Isosoft. Disponível em:
<https://www.trisoft.com.br/portfolio/piso/>. Acesso em: 23 de novembro de 2017.
TRISOFT. Laudo Técnico Manta Acústica Isosoft. Disponível em: <
https://www.trisoft.com.br/portfolio/wall/>. Acesso em: 23 de novembro de 2017).
VERMIFLOC. Laudo Técnico Vermiculita Vermifloc. Brasil Minérios S.A. Disponível em: <
http://www.vermiflocacustico.com.br/solucoes/parede/>. Acesso em: 04 de dezembro de 2017.
WIKI HOW: como medir decibéis. Birigui, dez. 2017. Disponível em: < https://pt.wikihow.com/Medir-
Decib%C3%A9is>. Acesso em: 14 dez. 2017.
21