abril de 2011 - 200.17.70.174200.17.70.174/econs/files/2011/04/boletim-2011_04.pdf · substancial...
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Sumário
Texto de Abertura – (Wilson Luiz Rotatori Corrêa) ...................................................................
2
Economia Internacional – (Ciro Alves Pinto)
Investimentos e poupança externa brasileira ....................................................................
Reservas e dívida externa .................................................................................................
Brasil: Novo porto seguro para investimentos ou apenas uma boa oportunidade de
arbitragem? ..........................................................................................................
Conjuntura internacional e câmbio ...................................................................................
Mercado de commodities ..................................................................................................
Perspectivas de crescimento internacionais ......................................................................
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Nível de Atividade – (Daniel Lourenço Silva)
Setor Externo ....................................................................................................................
Atividade Nacional ...........................................................................................................
Atividade Regional ...........................................................................................................
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Políticas Públicas – (Lélio de Lima Prado)
Política Monetária .............................................................................................................
Política Fiscal ....................................................................................................................
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2
Prof. Wilson Luiz Rotatori Corrêa
Coordenador GCE
No início de março deste ano, em vista da deterioração das expectativas do mercado com relação
à trajetória de inflação, o governo federal anunciou um corte orçamentário linear de R$50 bilhões, ou
aproximadamente 1,3% do PIB em dados de fevereiro de 2011, como forma de demonstrar um
compromisso de austeridade fiscal e de combate à crescente elevação das expectativas de inflação. O
corte no orçamento, no entanto, parece muito mais uma medida política paliativa para tentar acalmar os
ânimos do mercado do que efetivamente um compromisso de mudança estrutural. Uma análise das
necessidades de financiamento do setor público de mais longo prazo bem como das contas do governo
demonstram na realidade uma deterioração fiscal que se mostra bastante clara e que dificilmente estaria
controlada pelo corte linear no orçamento de 2011.
No gráfico 1 abaixo mostramos as necessidades de financiamento (NFSP) do governo central e
Banco Central em termos nominais considerando o acumulado nos últimos 12 meses nos últimos 20 anos.
O foco sobre o governo central e o Banco Central justifica-se por estes serem o principal alvo do corte
orçamentário em termos de proporção do PIB. A partir do gráfico é possível visualizar que a estabilidade
monetária alcançada com o plano real somente foi possível a partir do momento em que o déficit foi
reduzido substancialmente e ainda que o período de maior estabilidade nas taxas de inflação coincidiu
justamente com o período em que o esforço fiscal do governo se materializou em um déficit nominal em
torno de 1 a 2 por cento do PIB quando não de um superávit de 1% ( uma NFSP negativa indica um
superávit). Já a partir de meados de 2003, com a mudança de governo e o processo de consolidação da
política econômica do governo Lula, as elevações dos gastos impostos pelas diretrizes de uma política
fiscal de ampliação destes gastos impõem pressões sobre as contas públicas de tal maneira que o déficit
nominal eleva-se para um patamar de 5% do PIB mantendo-se neste nível em todo o segundo governo
Lula. Neste mesmo período passamos a observar períodos em que a inflação efetiva apresenta uma
tendência de aceleração entre 2006 e 2008 quando salta de 3,14 para 5,9% ao ano. Notem que justamente
observamos uma sensível deterioração do déficit nominal o qual atinge 10% do PIB em julho de 2007,
período que precede a elevação da taxa de inflação de 2008. Esta tendência de alta na inflação é
interrompida em 2009 pela ocorrência da crise das hipotecas americanas que ao provocar uma restrição de
crédito contribui para uma desaceleração da demanda agregada e, por conseguinte, da inflação sendo, no
entanto, retomada novamente em 2010 com o fechamento da inflação novamente em 5,95 ao ano;
momento em que o déficit nominal retorna a níveis próximos a 5% do PIB.
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NFSP Fluxo acumulado em 12 meses -Resultado nominal Governo Federal e Banco
Central - % PIB
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As pressões observadas nos gastos públicos têm origem em uma política de reestruturação do
papel do setor público atravésda abertura de novas vagas para concursos e recuperação da massa salarial
fazendo com que as despesas com pessoal no conceito liquidada, ou seja, efetivamente realizada
apresentem uma trajetória de forte crescimento em todo período. As despesas com pessoal passam de uma
média de R$5 bilhões mensais entre 1996 e 2001 para algo em torno de R$15 bilhões em 2010
representando 0.4% do PIB considerando este último como aproximadamente R$3,7 trilhões em valores
de fevereiro de 2011. Da mesma maneira, a política de concessão de aumentos reais no salário mínimo e
nas pensões e aposentadorias com valores superiores ao do salário mínimo representou uma pressão extra
sobre o caixa da previdência em todo o segundo governo Lula resultado dos constantes saldos
operacionais (total recebimentos-pagamentos) negativos observados no período. O resultado é um
substancial aumento no déficit do INSS como porcentagem do PIB entre 2003 e 2007 como mostra o
gráfico 2 onde são apresentadas as NFSP primário sem a previdência e para o INSS somente. Essa
política em conjunto com uma política monetária de taxa de juros reais elevadas deteriora a capacidade de
poupança do governo o que se reflete numa piora do déficit nominal ainda que tenha havido um superávit
primário como nos mostra o gráfico 2.Aliás este último em consequência das medidas fiscais de combate
a crise de 2009 apresenta uma sensível deterioração novamente no período que precede a mudança nas
expectativas de inflação.
Como as políticas estruturais implementadas pelo Governo Lula não parecem ter suas diretrizes
gerais modificadas pelo governo Dilma os cortes anunciados representam apenas uma medida paliativa.
As medidas necessárias para a retomada de um crescimento sustentável passam na realidade por uma
restruturação da política econômica do Governo Dilma na direção de um déficit nominal inferior ao
observado no momento o que exigiria a retomada da capacidade de poupança do governo. Na manutenção
do cenário atual o que podemos esperar é certamente uma taxa de inflação mais alta do que a meta
proposta. Neste caso a inflação tem o papel de corroer os valores nominais orçados bem como os custos
com a folha de pagamentos caso não haja uma política de indexação dos gastos com pessoal e permitir
que o governo continue com a sua política de gastos atual. O resultado deste processo todos nós já
conhecemos e os custos impostos à sociedade por décadas foram altos demais para justificar a
manutenção de taxas de crescimento do PIB mais altas.
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NFSP Fluxo Acumulado em 12 meses % PIB
NFSP Primário Governo Federal sem INSS (%PIB) NFSP Primário INSS (%PIB)
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ECONOMIA INTERNACIONAL
Ciro Alves Pinto
INVESTIMENTOS E POUPANÇA EXTERNA BRASILEIRA
A questão da poupança é de
vital importância, quando discutimos
quais setores da sociedade são de
fato responsáveis pelo financiamento
dos investimentos. No caso
brasileiro, com o consumo das
famílias aquecido pelos ganhos reais
de renda, um governo com déficit
nominal1, e um saldo em transações
correntes negativo2, há a necessidade
de financiamento pela entrada de
capitais autônomos.
Estes são formados pelo investimento de estrangeiros em nosso país, tanto de maneira direta quanto em
carteira. Os investimentos diretos totalizaram US$ 36,96 bilhões em 2010, um crescimento de 3% quando
comparado com 2009. Da mesma forma, os investimentos em carteira também apresentaram alta, porém
mais sensível, totalizando US$ 64,46 bilhões, um crescimento de 28%. Porém, a possibilidade de crises
de confiança internacional torna essa forma de financiamento um tanto quanto instável, como observado
pela queda brusca observada na crise de 2008, uma fuga de capitais. (Ver gráfico 1.1)
RESERVAS E DÍVIDA EXTERNA
Apesar da posição de déficit em
transações correntes brasileira, a entrada
de capitais autônomos no país, nos
últimos anos, vem superando a
necessidade de financiamento. Em 2010,
o saldo positivo de capitais foi de US$
100 bilhões. Esses “excessos”, que se
traduzem, depois de descontadas as
transações correntes e os erros e omissões,
em um balanço de pagamentos com saldo
positivo e diferente de zero, são
contabilizados como variação positiva das reservas. Segundo dados do Banco Central, o Brasil tem
reservas no valor de US$ 317,15 bi3, a maior parte disso em títulos. (Para composição detalhada dessas
reservas, ver gráfico 1.2) No entanto, possuir reservas internacionais não é equivalente à ausência de
dívida externa. A dívida externa bruta é de US$ 256,82 bi4, sendo que a dívida do setor público representa
40,5% desse valor, US$ 104,01 bi. (Ver gráfico 1.3) Porém, isso não constitui um perigo imediato porque
a gravidade do problema não reside na magnitude absoluta da dívida, e sim na confiança de que os
compromissos assumidos serão honrados. A discussão que se coloca é que as transações correntes
negativas alimentam esse estoque de dívida.
1 Ver “Política Fiscal”, outro tópico da carta. 2 Transações correntes, ou conta corrente, é a primeira conta do balanço de pagamentos, registro das relações de um país com o mundo. Essa conta inclui o saldo comercial, um saldo de serviços e rendas e transferências unilaterais, como remessas de brasileiros no exterior para o Brasil. Para mais detalhes, ver “Nível de Atividade”, próximo tópico da carta. 3 Fonte: Sistema Gerenciador de Séries Temporais (SGS – BCB). Pesquisado em 07/04/2011. 4 Fonte: (SGS – BCB). Pesquisado em 07/04/2011. Dados de 2010.
5
Um exemplo recente de crise de confiança foi o caso dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia
e Espanha). Um déficit em transações correntes crescente, após a adoção do Euro5, chegou a patamares
tão espetaculares quanto 14,5 % do PIB na Grécia. Isso fez com que o financiamento externo cessasse,
pela desconfiança por parte dos investidores quanto à capacidade dos endividados países de honrarem as
próprias dívidas. O remédio veio pela intervenção do Banco Central Europeu (com liderança da
Alemanha), mas com efeitos colaterais amargos, como cortes fiscais. O ajuste teve de ser feito, e isso
levou a consequências políticas, como
no caso português (após rejeição das
contenções fiscais propostas pelo
Executivo no Parlamento). Mas, pelos
dados disponibilizados pelo FMI6 no
seu relatório World Economic
Outlook, a normalização dos déficits
europeus está em curso. (Ver gráfico
1.4)
O Brasil possui
um histórico de problemas
quanto à questão da dívida
externa, os quais atingiram
o período mais crítico no
final dos anos 80 e início
dos 90. O déficit tinha de
ser pago com capitais
compensatórios, porque o
país não atraía capitais
autônomos em quantidade
suficiente para cobrir o
próprio déficit.
Como exemplos
5 Ver última carta do Grupo de Conjuntura Econômica – UFJF, novembro de 2010. (http://www.ufjf.br/econs/files/2010/05/Boletim-2010_09.pdf) 6 Fundo Monetário Internacional
6
históricos, temos a moratória brasileira em 1987, seguida de renegociação. A recuperação só foi efetiva a
partir do início dos anos 90, com a abertura do sistema financeiro para investimento em carteira. Outro
período crítico foi o final dos anos 90, com diversas crises internacionais e dificuldade do Brasil em
manter o regime de bandas cambiais. (Ver gráfico 1.5, anos 1987 a 1991, e 1997 a 1999). Hoje, os
capitais são predominantemente autônomos, não submetidos a um controle específico, sendo pulverizados
em diversos agentes de investimento.
BRASIL: NOVO PORTO SEGURO PARA INVESTIMENTOS OU APENAS UMA BOA
OPORTUNIDADE DE ARBITRAGEM?
Os capitais autônomos,
segundo as teorias de atração de
capitais, buscam condições favoráveis
de investimento. No caso brasileiro, a
atração se dá principalmente pela
diferença entre as taxas de juros aqui
praticadas, 5,9%, e a média
internacional, 0,9% negativos.7 (Ver
gráfico 1.6)
Existem outros fatores de
atração, como boa administração
econômica, segurança institucional e
possibilidade de mobilidade.
O futuro dessa entrada de capitais gera
apreensão. O capital aqui investido em algum
momento deverá render ao seu investidor algum
tipo de renda, juros ou royalties. Assim, a
entrada maciça de capitais autônomos, como
forma de cobrir o déficit em transações
correntes, pode alimentar um fluxo de rendas
negativo (rendas saindo do país). No ano de
2010, o saldo de rendas negativo de US$ 39,56
bi ficou assim dividido: US$ 25,50 bi em
remuneração de investimento direto, US$ 10,07 bi em remuneração de investimento em carteira, e US$
4,48 bi em remuneração para outros
investimentos.(Para demonstração
dessa tendência, ver gráficos 1.7a e
1.7b) Assim, a dita “solução” do
déficit é na verdade uma forma de se
aumentá-lo no futuro, o que pode
levar as taxas de juros a patamares
ainda mais elevados na tentativa
constante de financiar déficits ainda
maiores. Esse desequilíbrio
macroeconômico não se sustenta no
longo prazo, como vimos pela crise
7 Além disso, o investidor pode levar uma vantagem dupla, arbitrando entre juros e câmbio. Ver carry trade, no boletim do GCE de novembro de 2010. (http://www.ufjf.br/econs/files/2010/05/Boletim-2010_09.pdf)
7
dos PIIGS.
CONJUNTURA INTERNACIONAL E CÂMBIO
A presença persistente do déficit e a consequente entrada de capitais faz com que o real
brasileiro se valorize8. Isso, aliado à valorização das moedas emergentes frente ao dólar após a crise de
2008 (ver gráfico 1.8), fez com que o câmbio ficasse em torno de R$ 1,76/US$ em 2010. (ver gráfico 1.9)
A questão do câmbio esbarra nos efeitos duplos da desvalorização: ao mesmo tempo em que esta
promove o aumento das exportações, devido ao ganho de competitividade dos produtos brasileiros no
exterior, ela promove um aumento da carga da dívida. Como maneira de evitar uma “supervalorização”, o
Banco Central promove medidas de contenção à entrada de novos capitais, como aumento do IOF9 sobre
operações de estrangeiros na bolsa, e de restrição a fluxos de renda negativos e a importações, como
sobretaxação.
A valorização persistente das moedas emergentes com a crise de 2008 vem do aumento da
liquidez internacional,
provocada pelos pacotes de
expansão monetária pós-crise,
principalmente os norte-
americanos. A abundância de
dólares no mercado cambial
mundial fez com que o valor
deste caísse, provocando a alta
relativa das outras moedas frente
a ele.
Um exemplo extremo
de controle do câmbio é dado pela China. A desvalorização forçada do Yuan chinês visa à manutenção de
8 O mecanismo econômico de oferta e demanda está aqui presente. Para efetuarem a compra de títulos brasileiros, os investidores estrangeiros demandam reais. A escassez relativa de reais faz com que o “preço” do real aumente, apreciando o câmbio. 9 IOF : Imposto sobre Operações Financeiras
8
um saldo comercial favorável, pela promoção de competitividade aos já baratos produtos chineses. A
flexibilização desse controle é inclusive tema de discussão na pauta de relações internacionais Estados
Unidos – China. Pelos dados disponíveis, vemos que recentemente foi permitida uma leve valorização do
Yuan, mas de maneira lenta e possivelmente controlada. (Ver gráfico 1.8)
MERCADO DE COMMODITIES
Segundo os dados disponíveis, se tomarmos como base o mês de julho de 2005, e formos
desenvolvendo uma série encadeada de índices, os preços das commodities mostram expressiva
valorização acumulada. Os metais acumularam alta de 156,2%, as bebidas (como o café e o cacau),
121,1%, itens alimentares (cereais, carnes e óleos vegetais), 89,4%, e as matérias-primas agrícolas (lenha,
algodão, borracha) 59,8%. (Ver gráfico 1.10) Dado que as commodities constituem parte muito
expressiva da pauta de exportações brasileira, isso permitiu que, mesmo com o câmbio valorizado e maior
quantidade de importações, mantivéssemos um saldo comercial favorável no ano de 2010.
PERSPECTIVAS DE CRESCIMENTO INTERNACIONAIS
O FMI disponibiliza duas vezes por ano (em abril e em outubro) expectativas anuais de
crescimento, e as perspectivas para 2011 estão expressas no gráfico 1.11. Como as previsões são de
Outubro de 2010, é prudente revisar algumas delas para baixo, como por exemplo, a previsão de
crescimento do Japão. No entanto, a previsão para o Brasil é correspondente à feita pelo Banco Central no
último boletim, 4%. Países que vêm mostrando elevados índices de crescimento sustentado temem
inflação elevada, sendo que no Brasil a previsão já foi revisada para cima, de 5 para 5,6%.
9
2 - Nível de Atividade
Daniel Lourenço Silva
Setor Externo
No setor externo, analisamos que o saldo em transações corrente, historicamente deficitário,
vinha se agravando rapidamente como mostrado no último boletim de novembro, onde discutimos
também seus perigos. Nesse
início de ano, vemos o
déficit reduzir em valor
bruto, de R$ 5,4 bilhões em
janeiro para R$ 3,39 bilhões
em fevereiro, segundo
dados do Boletim do Banco
Central (BCB Boletim/BP).
Apesar de fevereiro sempre
apresentar menor déficit que
janeiro, nesse ano a redução
foi mais acentuada, como
vemos no Gráfico 2.1.
Importante analisar que, essa queda verificada no mês também se verifica quando analisada em
percentual do PIB. Essa análise elimina interferências das variações de saldo decorrentes das mudanças
de crescimento do nível de atividade nacional. A taxa passou de 2,33% em janeiro deste para 2,31% em
fevereiro. Apesar de ser
uma variação pequena,
mostra, como visto no
Gráfico 2.2, uma
importante mudança na
trajetória de longo prazo
do déficit, fato tão
discutido e alertado no
final do último ano. O
déficit ainda é grande e o
quadro de desequilíbrio
da economia permanece,
mas essa mudança de
trajetória interrompendo o
crescimento desse déficit
relativo, ou seja,
igualando o crescimento
do déficit ao crescimento da economia, pode ser interpretada como uma perspectiva de melhora no futuro.
Mantendo sob controle o a aceleração do déficit.
10
O volume de comércio acumulado no ano de 2010 foi recorde, com crescimento de 36,6% em
relação a 2009, atingindo R$ 383,6 bilhões no ano. O resultado se deu graças ao resultado recorde das
exportações e importações, que
apresentaram crescimento de
32% e 42,2%, respectivamente.
Esse resultado mostra a
recuperação da economia
externa, que conseguiu reduzir a
defasagem de ritmo frente à
interna mostrada nos últimos
boletins, mas ainda assim em
ritmo menor. Essa diferença de
crescimento reduziu o saldo da
balança comercial em 19,8%
em relação a 2009, já que as
importações cresceram em ritmo
maior e se aproximaram das
exportações, registrando um
saldo comercial de US$ 20,3 bilhões em 2010, como apresentado no Gráfico 2.3.
Quanto aos nossos parceiros comerciais fornecedores de produtos, ainda se destacam Estados
Unidos, China, Argentina,
Alemanha e Coréia do Sul,
com participação nas nossas
importações, mostrada no
Gráfico 2.4, de 15%, 14,1%,
7,9%, 6,9% e 4,6%,
respectivamente, percentuais
que se mantiveram estáveis
durante o ano, segundo dados
do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior e da
Secretaria de Comércio
Exterior (MDIC/ SECEX).
Destaque para a Coréia do Sul
que conseguiu colocar seus
produtos no mercado brasileiro crescendo muito como um mercado fornecedor do país, se colocando este
ano entre os cinco maiores.
Quanto aos principais destinos de nossas exportações destacam-se China, Estados Unidos,
Argentina, Países baixos e Alemanha, com participações de 15,8%, 9,8%, 8,9%, 5,1% e 4,1%,
respectivamente, de acordo com o
Gráfico 2.5. A principal ressalva é a
forte aproximação do percentual da
Argentina do percentual dos Estados
Unidos, mostrando a força do comércio
bilateral com o nosso vizinho, mas que
ainda não foi suficiente para colocá-la
em segundo lugar, segundo
expectativas do ministro Celso Amorim
para o final do ano. Vale destacar uma
característica importante da pauta de
exportação, também presente na de
importações, que é a diversificação. Os
cinco maiores países parceiros
comerciais representam menos de 43%
dos destinos das exportações (49% no caso das importações) o que faz com que o Brasil seja menos
vulneráveis a crises pontuais em determinado país.
11
Na pauta nacional de importações de 2010, exibida no Gráfico 2.6, destacam-se combustíveis
(16,5%), equipamentos mecânicos (15,7%), equipamentos elétrico-eletrônicos (12,2%), automóveis
(9,5%) e químicos (5,6%), enquanto na pauta de exportações no Gráfico 2.7, destacam-se minérios
(15,3%), petróleo e combustível (11,3%), material de transporte (10,8%), complexo de soja (8,5%),
açúcar e etanol (6,8%), químicos (6,7%) e Carnes (6,6%), com pequenas alternâncias de posicionamento
de cada item durante o ano.
Atividade Nacional
Após a recuperação da economia no início do ano, a atividade nacional seguiu crescendo mas em
desaceleração para reduzir os efeitos de pressão de demanda sobre a inflação, registrando variações de
2,2%, 1,6% e 0,4% nos
primeiros três trimestres de
2010. No último trimestre,
como visto no Gráfico2.8,
essa trajetória da taxa se
alterou, se acelerando
novamente para 0,7% de
aumento da Produção. A
produção no último trimestre
de 2010, em valores
correntes, foi de R$ 994,3
bilhões, totalizando no ano
R$ 3.675 bilhões,
crescimento de 7,5% em
relação ao ano de 2009, maior
taxa desde 1986. Esse
desempenho foi beneficiado
pela fraca base de
comparação do ano anterior em que a economia se recuperava. Na década 2001-2010 o crescimento anual
médio foi de 3,6%, superior ao da década anterior (1991-2000), quando a média anual foi de 2,6%.
O principal setor responsável pelo crescimento no último trimestre foi o de Serviços (1%), já que
os demais setores, agropecuário e industrial, apresentaram queda de 0,8% e 0,3%, respectivamente. O
desempenho individual dos setores pode ser visto no Gráfico 2.9 em conjunto com o resultado geral da
economia.
12
O resultado negativo da indústria é explicado pelo desempenho da Indústria de transformação,
único setor industrial que apresentou queda no trimestre, de 0,4%.
O setor
agropecuário pode ter seu
resultado trimestral
influenciado por fatores
sazonais. Quando
comparado com o último
trimestre do ano anterior,
este apresenta elevação de
1,1%. Esse crescimento
pode ser explicado pelo
aumento da produtividade
e pelo destaque da
produção dos produtos
mais relevantes para o
último trimestre, como
cana (5,7%), trigo (20,1%)
e laranja (4,1%).
O setor de serviços apresentou elevação em todos subsetores, com destaque para a Intermediação
financeira e seguros (2,5%), transporte, armazenagem e correio (1,4%) e comércio (1,2%).
Pela ótica da demanda, o resquecimento da despesa de consumo das famílias também pode ser
citado como um fator responsável pela reaceleração da economia no último trimestre, dado que o
consumo voltou a acelerar registrando expansão de 2,5%.
O mercado de trabalho acompanha o desaquecimento da atividade nacional. O rendimento
médio real habitual do
trabalhador brasileiro em
fevereiro foi de R$ 1540,30,
segundo dados da Pesquisa
Mensal de Emprego do Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE/PME),
apresentando queda de 0,5% em
relação a janeiro. A média
nacional foi resultado dos fracos
resultados regionais, onde apenas
o Rio de Janeiro apresentou
expansão. Apesar da queda, que
pode ser influência de um fator
sazonal de início de ano, a
trajetória de longo prazo é de elevação, mesmo que com desaceleração. Na comparação a fevereiro de
2010, o resultado foi positivo com elevação do poder de compra em 37%.
A taxa de desocupação, por sua vez, permaneceu estável no mês comparado ao mês anterior,
ainda segundo dados do IBGE (PME), estando em 6,4%, menor taxa da série em um mês de fevereiro.
Frente a fevereiro do ano anterior,
apresentou queda de 1 ponto
percentual. Quando comparado
ao final do ano anterior, verifica-
se certo aumento sazonal de
inicio de ano, porém um pouco
mais forte que nos anos
anteriores. Isso pode explicado
como uma retomada da taxa a um
patamar mais natural da
economia, dado que esta se
encontrava muito baixa
13
Atividade Regional
O nível de atividade regional de Minas Gerais, acompanhando a trajetória nacional porém com
oscilações mais fortes,
também reduziu o ritmo
de crescimento
principalmente no final
do ano, segundo dados da
Fundação João Pinheiro
(CEI) e do IBGE
(Conac), onde passou de
uma taxa de 12,1% no
terceiro trimestre para
6,7% no último trimestre,
numa comparação com o
mesmo trimestre do ano
de 2009. No acumulado
do ano, o PIB mineiro em
2010 cresceu 10,9% em
relação a 2009, ficando 3,4 pontos percentuais acima da média nacional.
Numa análise mais detalhada dos setores, vemos que a redução do crescimento foi provocada
pela forte desaceleração do
setor industrial e pela retração
do setor agrícola no último
trimestre, este que teve um
resultado 4,7% menor que o
último trimestre de 2009. O
setor de serviços
caracteristicamente estável
apresentou pequena variação no
seu ritmo, mas ainda assim
também desacelerou em 2
pontos percentuais frente ao
crescimento do terceiro
trimestre.
No mercado de trabalho, a taxa de desocupação do estado (utilizando-se como proxy dados
sobre a taxa de desocupação
da PME para a Região
Metropolitana de Belo
Horizonte), após a forte
queda no final do ano de
2010, apresenta, segundo
dados do IBGE (PME), uma
nova elevação no início do
ano, acompanhando o
cenário nacional, mas que
diferentemente da média
nacional, com uma taxa de
6,3%, não conseguiu superar
com expressão a taxa de
6,1% fevereiro de 2011, e
ainda se aproximou da média nacional de 6,4%, dado o Gráfico 2.14.
14
Ainda segundo dados da mesma pesquisa, o rendimento médio real do trabalhador mineiro,
apresentou uma retração no final do ano de 2010, visto no Gráfico 2.15, após o pico em setembro, seguiu
com oscilações sem tendência definida, fechando fevereiro de 2011 em R$ 1407,00, muito próximo dos
R$ 1410,73 de novembro
de 2010. O ritmo de
crescimento do
rendimento médio foi
então freado, dada a
desaceleração da
economia e o crescimento
da taxa de desocupação.
Na variação anual, o
rendimento médio do
trabalhador mineiro
apresentou elevação de
3,64% em relação a
fevereiro de 2010 (R$
1.357,64).
O nível de confiança do empresário mineiro, medido pelo Índice de Confiança do Empresário
Industrial de Minas Gerais divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
(FIEMG), permanece estável
em 61,2 pontos neste ano,
após a trajetória decrescente
de 2010, mantendo-se acima
da média histórica mostrado
no Gráfico 2.16, porém mais
importante, acima dos 50
pontos, representando o
otimismo do setor
empresarial que tem
consciência da desaceleração,
mas ainda confia no
crescimento.
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Política Monetária
Lélio de Lima Prado
O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) atingiu R$254,5 bilhões em
fevereiro, elevando-se 18,8% em doze meses, enquanto a base monetária totalizou R$176,9 bilhões,
apresentando crescimentos de 21,6% nas mesmas bases de comparação.
Consideradas posições de final de período, a base monetária totalizou R$178,2 bilhões em
fevereiro, ressaltando-se que a expansão de R$14,9 bilhões refletiu em grande parte, as compras líquidas
de R$ 38,8 bilhões em divisas realizadas pelo Banco Central no mercado interbancário de câmbio,
neutralizado, em parte, pelo impacto contracionista das operações do Tesouro Nacional, R$7,3 bilhões e
dos recolhimentos compulsórios R$ 6,8bilhões.
Os meios de pagamento, no conceito M2 (corresponde ao M1 e às demais emissões de alta
liquidez realizadas primariamente no mercado interno por instituições depositárias - as que realizam
multiplicação de crédito), aumentaram 13,3% em doze meses, totalizando R$1,3 trilhão; o M3 (composto
pelo M2 e captações internas por intermédio dos fundos de renda fixa e das carteiras de títulos registrados
no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).) atingiu R$2,5 trilhões, elevando-se 15,6%, nas
mesmas bases de comparação, enquanto o agregado M4 (engloba o M3 e os títulos públicos de alta
liquidez.) somou R$3 trilhões, com expansão de 17,5% em doze meses.
Nos remetendo para um outro ângulo da economia brasileira iremos destacar a conjuntura
referente a taxa de juros e inflação, dois indicadores intimamente ligados.
Os riscos para um cenário benigno de inflação diminuiram e a manutenção da taxa basica de
juros no patamar de nossa ultima carta supostamente era o adequado para que o indice oficial
pemanessesse dentro da trajetória de metas, porém no ultimo trimestre foi possivel analisar que a taxa de
juros vigente referente a 10,75% a.a não foi capaz de conter as pressões nos mostrando assim neste início
de ano em um novo patamar agora com índices que alertam um aumento da inflação. Deixando clara a
falha a qual incorre uma inflação acima da meta exigindo assim uma nova resposta da taxa de juros após
esta ter se mostrado eficiente na ultima reunião do COPOM do ano passado.
Veja ao lado no grafico 3.1ª evolução da taxa selic overnight.
A taxa de juros não mais se
mantem, o que significa que ter se
mantido constante por decisão do
COPOM não foi o bastante para conter as
novas pressões gerando assim um cenário
de inflação de demanda. A inflação
efetivada como veremos na tabela 3.1 foi
maior que a meta de 4,5% a.a.,
mostrando-se assim necessário uma
resposta sobre a taxa de juros para conter
novas possiveis pressões inflacionárias no
ano de 2011.
Podemos notar a significativa diminuição da surpresa inflacionária no Brasil a partir de 2005,
ajudando a consolidar a queda dos juros nos ultimos anos, ou seja, o poder da política monetária no
controle da inflação evidencia
o estágio avançado de
amadurecimento do regime de
metas de inflação. Pode-se
notar isto na tabela abaixo ao
analisarmos que cada vez mais
a inflação projetada se
aproxima da oficialmente
registrada. Pode-se notal
tambem acompanhando o
gráfico 3.2.
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TABELA 3.1 - Histórico para metas de inflação do Brasil.
Ano Meta (%) Limite Inferior e Superior (%) Inflação Efetiva IPCa % a.a.
1999 8 6..10 8,94
2000 6 4..8 5,97
2001 4 2..6 7,67
2002 3,5 1,5..5,5 12,53
2003 4 1,5..6,5 9,3
2004 5,5 3..8 7,6
2005 4,5 2..7 5,69
2006 4,5 2,5..6,5 3,14
2007 4,5 2,5..6,5 4,46
2008 4,5 2,5..6,5 5,9
2009 4,5 2,5..6,5 4,31
2010 4,5 2,5..6,5 5,91
2011 4,5 2,5..6,5 **
2012 4,5 2,5..6,5 **
Fonte: Banco Central de Brasil
Política Fiscal
Lélio de Lima Prado
O Poder Executivo adotou medidas para viabilizar a redução de R$50,1 bilhões nos gastos
aprovados pelo Congresso Nacional para 2011, decisão estimulada, em parte, pela redução de R$19,1
bilhões na estimativa para a receita primária total, em relação à previsão contida na Lei Orçamentária
Anual (LOA) 2011. Ressalte-se que a projeção relativa às receitas administradas pela receita federal,
exceto as contribuições previdenciárias, recuou R$22,3 bilhões e referente às receitas não administradas,
aumentou R$3,2 bilhões.
A redução das despesas prevista no âmbito dos gastos de natureza obrigatória alcança R$15,8
bilhões e dos discricionários, R$32,7 bilhões, registrando-se, ainda, elevação de R$3,5 bilhões nos
créditos extraordinários e redução de R$1,6 bilhão em outros gastos. Em relação às despesas obrigatórias,
ressaltem-se as contenções nas rubricas subsídios e subvenções econômicas, R$8,9 bilhões; pessoal e
encargos sociais, R$3,5 bilhões; e abono e seguro desemprego, R$3 bilhões. Quanto às despesas
discricionárias, os ajustes mais acentuados ocorreram no Ministério das Cidades, R$8,6 bilhões;
Ministério da Defesa, R$4,4 bilhões; Ministério do Turismo, R$3,1 bilhões; Ministério da Educação,
R$3,1 bilhões; Ministério dos Transportes, R$2,4 bilhões; e no Ministério da Integração Nacional, R$1,8
bilhão.
É importante mencionar que as novas estimativas consideram a consecução da meta integral de
R$81,8 bilhões estipulada para o superávit primário do governo central em 2011, desconsiderados os
investimentos do PAC passíveis de abatimento.
Também para estudarmos os balanços das contas publicas é interessante e relevante lembrarmos
que Congresso Nacional aprovou, em fevereiro, as regras para correção do salário mínimo até 2015. O
impacto, nas contas da União em 2011, do aumento anual de 6,9% no salário mínimo, deve totalizar
R$9,95 bilhões, incluída a correção vigente em janeiro e fevereiro.
O estoque da dívida pública federal interna chegou a R$ 1,559 trilhão em janeiro de 2011, depois
de ficar em R$ 1,524 trilhão em outubro de 2010.
O superávit primário do setor publico totalizou R$86,7 bilhões, 2,99% do PIB, elevando-se
0,95p.p. em relação ao mesmo período passado.
As despesas do Tesouro Nacional totalizaram R$368,1 bilhões, aumentando 34,5% em ralação a
2009. Tal crescimento reflete a capitalização da Petrobras em setembro. Excluindo essa faixa os gastos
com pessoal e encargos aumentaram 9,4%, e os relativos a custeio e capital, excluindo a capitalização,
26,5% com ênfase no aumento de 51% dos investimentos.
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As operações primarias do
Tesouro Nacional com títulos
públicos federais resultaram em um
impacto contracionista de R$7,2
bilhões, refletindo a colocação de
R$129,4bilhões e o resgate de
R$122,2 bilhões.
A Dívida Liquida do setor
publico (DLSP) totalizou
R$1.014.687 bilhões, 27,11 % do
PIB em fevereiro, esse recuo refletiu
as contribuições do superávit
primário, 2,5 p.p. do PIB; do
crescimento do PIB corrente, 4,2
p.p.; e das privatizações e do
reconhecimento de dívidas. Note no
gráfico 3.3 a evolução:
A composição da
DLSP registrou, em
especial,crescimento nas
parcelas credoras vinculadas à
Taxa de Juros de Longo Prazo
(TJLP), decorrente do
aumento dos ativos da União
junto ao BNDES, mediante
emissão de títulos federais, e à
taxa Selic. Analisando o
gráfico 3.4 poderemos ver a
composição da dívida:
O setor público
brasileiro apresentou superávit
primário de R$ 101,7 bilhões no ano consolidado de 2010, referente a 2,03% do PIB. Em igual período de
2009 o saldo correspondia a R$ 5, 042 bilhões. Tal número refere-se ao desempenho das contas da União,
estados, municípios e estatais. O conceito primário leva em conta o movimento de caixa do setor público,
desconsiderando despesas com juros. Esse desempenho refletiu o aumento dos superávits do Governo
Central e das empresas estatais. A meta de superávit de 2,5% do PIB, descontados os inventimentos do
PAc, foi cumprida e a nova meta para 2011 já foi definida e é de R$117,9 bilhões.
A conta juros somou R$ 19,10 bilhões que, subtraído deste superávit, gerou um resultado
nominal deficitário em R$ 11,200 bilhões.
Do lado dos juros, o BC informa que o aumento da inflação no ano impactou, negativamente, à
dívida atrelada a índices de preços. Do lado do Governo Federal foi registrado um aumento nas receitas
de 15,3% referente ao mesmo período de 2009.
Analisando o déficit nominal do setor público, em fevereiro era de R$ 11,200 bilhões. Vemos
que em outubro do ano passado tal déficit foi menor no montante de R$ 10,476 bilhões. No acumulado do
ano, o déficit nominal nas contas publicas esteve equivalente a 3,29% do PIB.
A dívida líquida total, referente á soma das dívidas externa e interna, correspondeu em fevereiro
a R$ 1,491 bilhão, referente a 39,9% do PIB.
Em contra partida a este cenário deficitario esta o Governo Central o qual continua a bater
recordes de superávit. O Governo Central compreende resultados de caixa do Tesouro Nacional,
Previdência Social e Banco Central. Tal superávit pode ser em parte explicado pelo aumento da divida
bruta já que o Tesouro Nacional Ampliou sua participação no controle da estatal.
É relevante mencionar que o atual cenário de consolidação de um novo ciclo de crescimento
econômico vem favorecendo a arrecadação do governo, com ênfase no desempenho dos tributos
associados mais diretamente ao comportamento do setor produtivo, ao tempo em que se observa
desaceleração das despesas, de modo que se mantem relativamente estável a relação DLSP/PIB.
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Para discutirmos a posição do
Brasil no que se refere ao mercado
financeiro internacional primeiro
devemos lembrar que reservas
internacionais ou cambiais é o volume
de dólares que o pais tem em caixa. O
governo acumula dólar de duas
maneiras. Ou comprando dólar no
mercado ou emitindo títulos da divida
publica, que são comprados por
investidores e cujo pagamento é
depositado nas reservas. Há um porém
importante a ser lembrado neste ponto,
cada vez que o governo compra
divisas, ele paga com real, aumentando a divida interna, tal relação ficara ainda mais clara no gráfico 3.5
a seguir, lembrando que sobre estas transações temos de pagar mais juros, criando um déficit uma vez que
as taxas oferecidas no mercado interno são maiores que no exterior. Isto é chamado “custo de
carregamento” das reservas.
É interessante ressaltar um
olhar um pouco mais detalhado sobre o
aumento das reservas em dólar pelo
setor público analisando com mais
cuidado o custo do carregamento
destas reservas. O grande aumento das
reservas de dólar pelo Brasil seria mais
interessante se pudéssemos nos manter
em um nivel de taxa de juro inferior,
pois a acumulação destes dólares
graças a uma das maiores taxas de
juros do mundo traz consigo pesado
ônus com os detentores de titulos e
maiores ainda são os ônus para a
esterilização dos dólares os quais não foram monetizados e introduzidos na economia interna o que traz
consigo mais um problema, a possivel pressão inflacionária no caso de uma alta monetização.
Referindo-se agora a
nossa divida externa, a qual
subiu desde nossa ultima
carta para US$ 271,39
bilhões em fevereiro,
conforme estimativas
lançadas pelo BC. Em
outubro o BC estimava o
déficit brasileiro com o
exterior em US$ 255,39
bilhões. Em conta partida as
reservas internacionais
cresceram e chegaram a US$
316,64 bilhões, o que nos
coloca em um patamar de
crédito no mercado
financeiro internacional
mesmo após a liquidação
completa da dívida, veja no gráfico 3.6 tal comparação. Nos dando liberdade cambial e maior segurança
com tal reserva, porém como já vimos tal segurança traz um alto custo de carregamento com a
monetização.
Note também no gráfico 3.7 a dívida externa após considerarmos nossas reservas cambiais.
EXPEDIENTE
COORDENADOR: Prof. Wilson Luiz Rotatori Corrêa ([email protected])
COLABORADORES: Prof. Diego da Silva Rodrigues ([email protected])
Prof. Paulo José Saraiva ([email protected])
BOLSISTAS: Ciro Alves Pinto
Daniel Lourenço Silva ([email protected])
Lélio de Lima Prado ([email protected])