abreu_teoria_geomorfologica

Upload: mauriciomeurer

Post on 06-Apr-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    1/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(112):5-23, jan./,dez. 1983

    A TEORIA GEOMORFOLGICA E SUA EDIFICAO:ANLISE CRITICAAdilson Avansi de ABREU *

    RESUMOo presente trabalho refere-se a uma expOSlaosucinta da interpretao sobre odesenvolvimento global de cincia geomorfolgica. A inteno definir um sistemareferencial em funo do qual possa-se obter parmetros para a interpretao crticadas diferentes posturas assumidas pelos geomorflogos no correr do tempo.Fornece ainda, uma sinopse interpretativa que identifica linhas mestras da evo,luo da geomorfologia, atravs da filognese da teoria geomorfolgica.

    ABSTRACTThe present work deals with the interpretation about the development of geomorphology as a science.The aim is to give a referencial system to get a parameter concerning a criticaIinterpretation about the different purposes assumed by geomorphologists throughthe years.The work also presents interpretative synopsis which identify the basic points ofthe geomorphological evolution through the geomorphology theory phyiogenesis.O PROBLEMA E SEUENQUADRAMENTO

    Uma anlise crtica da bibliografia geomorfolgica, tendo por objetivo a busca deum sistema conceitual ou um paradigma(aqui utilizado na acepo de KUHN, 1970),coerente, que nos permita manter um eixoreferencial em funo do qual a anlise geomorfolgica possa ser executada, revela umpanorama primeira vista confuso e pessimista.H uma grande variedade de conceitosemitidos, oriundos de posturas frequentemente ao sabor do momento. Poucos autores revelam claramente sua posio face sdiversas propostas tericas e metodolgicas,sendo que via de regra, alis, teoria e mtodo se confundem. A existncia de uma referncia voltada para a epistemologia dageomorfologia (REYNAUD, 1971) no invalida as observaes que faremos, dada aslimitaes de seu contedo (ABREU,1978),

    embora tenha ela o mrito de alcanar umaoutra dimenso, quando a tomamos como

    representat'iva da geomorfologia francesa,que, at a 11 Guerra Mundial, esteve estreitamente associada ao paradigma davisiano.Devemos destacar, tratando desta temtica, uma obra de flego abrangendo o estudo da evoluo das idias relativas aorelevo terrestre. Corresponde ac>trabaho deCHORLEY et alii (1964), voltado para ageomorfologia anterior a Davis 'e que, embora valorizando sobremaneira os autoresde lngua inglesa, no deixa de mencionarfatos significativos relativos ao papel de pesquisadores de outras origens. Todavia o limite temporal da obra impede uma avaliao das fases posteriores, que, a rigor, soas mais expressivas. importante ainda registrar, em nossomeio, o excelente trabalho Controvrsias. geomorfolgicas, de LEUZINGER (1948),que fornece um pano de fundo muito bompara a anlise que pretendemos fazer.- Todavia ele no a substitui, pois, j apresentaclaramehte uma limitao temporal, por umlado, e uma forma diferente de encarar aorigem e a evoluo do que ele denomina de

    * Instituto de Geografia da USP - C. Postal 20.715 - So Paulo, SP, Brasil.5

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    2/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(112):5-23, jan./dez. 1983"escola alem de geomorfologia" de outro,na medida que julgamos haver uma superestimao da obra de Walther Penck, em detrimento de outros autores. Vale a pena frisar, porm, que o objetivo de Leuzinger eraoutro, em funo do que, a divergncia certamente deixaria de existir.Desta forma pretendemos expor, aindaque de maneira sucinta, nossa interpretaosobre o desenvolvimento global da cinciageomorfolgica, mesmo correndo o risco desermos acusados de simplificao excessiva. um risco calculado, todavia, pois a inteno aqui definir um sistema referencial,em funo do qual possamos obter um parmetro para a interpretao crtica das dife

    tentes posturas assumidas pelos geomorflogos no decorrer do tempo.Queremos sublinhar que o nosso objetivo , antes de mais-nada, fornecer uma sinopse interpretativa que identifique linhasmestras de evoluo, embora seja talvez maisadequado falar em filognese das propostasconceituais do que em epistemologia.Devemos lembrar ainda que, para algunspelo menos, pouco seguro falar-se em umateoria para a geomorfologia como um todo,na medida que s certos segmentos de seuobjeto so passveis de uma conceituaoterica menos problemtica. Neste caso encontram-se por exemplo, os enunciados ligados ao perfil de equilbrio fluvial, que justamente, so uma das pedras de toque paraas proposies vinculadas a uma das correntes concentuais aqui mencionadas. Nestecaso teramos enunciados que poderiam seenquadrar realmente no nvel de formaoda teoria, segundo a aplicao dos critriosde Hempel, como registra KITTS (1970). Ogrosso das proposies que no interessamespecificamente a esta postura acabariamcaindo ento no nvel de generalizao emprica, segundo o mesmo autor.A apreciao do conjunto das obras aquirelacionadas, (que embora longe de representar toda a produo cientfica voltada demaneira direta ou indireta para a geomorfologia, parece ser pelo menos, uma amostragem significativa do conhecimento nestecampo),.permite-nos constatar que a nvel deliteratura ocidental (entendendo-se-como tala produo cientfica dirigida para a geomorfologia e produzida por europeus, seusdescendentes e povos europeizados) a teoria geomorfolgica, em um sentido moderno originou-se a partir de duas fontes prin-6

    cipais, que embora apresentando interferncias uma sobre a outra, evoluem freqentemente demaneira paralela, convergindo apenas nos ltimos trinta anos para a busca deum quadro de referncias mais global. Ono reconhecimento deste fato cria sriasdificuldades ao estabelecimento de uma epistemologia da geormofologia atual.Reconhecemos, inclusive, que poderamosfazer uma anlise considerando uma s seqncia, que se iniciasse com a sistematizao dos conhecimentos nos sculos XVIIIe XIX, a partir do trabalho de gelogos eengenheiros europeus e norte americanos ese projetasse, de maneira subseqente, emconceitos emitidos a partir da publicao do"The geographical cycle" (DAVIS, 1899) oumesmo de outras obras do mesmo autor,anteriores a esta data. De maneira sumriaj acenamos para a existncia desta linhagemepistemolgica a partir do trabalho publicado por Surell em 1841, apud ABREU(1980).Todavia parece-nos mais legtimo e frutfero reconhecer a presena de certos caractersticos diferenciando, desde sua gnese,os dois principais centros de origem dos sistemas conceituais que caracterizaram a geo

    morfologia na primeira metade do sculoXX. bem verdade que nos ltimos trintaanos h uma tendncia a se apagar os contrastes e diminuir as arestas destas duas linhagens de posturas, fruto inclusive da internacionalizao do conhecimento, resultante, em boa parte, da expanso do inglsque se firma nesta fase como principal lngua de uso internacional. As diferenas, contudo, so ainda vivas e significativas, (HAGEDORN & THOMAS, 1980).Parece-nos, inclusive, que especialmente

    nos primeiros anos do segundo ps-guerrao avano se fez, de um lado pela insatisfaointerna dentro de um desses sistemas conceituais, conduzindo proposio de paradigmas substitutivos e de outro, por umacrtica mtua mais sistemtica entre essasduas linhas de evoluo epistemolgica, queparece conduzir, nos ltimos anos, umareformulao mais geral, a qual tende a valorizar cada vez mais o aspecto de geocincias, voltada para uma interface complexa eque em termos de aplicao tende a ampliarseus fundamentos ecolgicos. Neste sentido,alis, o sistema terico referencial deslocase para uma das fontes de origem da teoriageomorfolgica.

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    3/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan.jdez. 1983Mesmo correndo o risco da simplificaoexcessiva, parece-nos legtimo, entretanto,sistematizar a evoluo do conhecimentogeomorfolgico da forma que se segue, no

    concernente aos conceitos bsicos de explan~o, no que de resto , at certo pontoconcorde, com as observaes j registradaspor MIKESELL (1969), que v a prpriageografia nascendo nos USA a partir dageologia, via fisiografia, ao passo que naAlemanha ela nasce no bojo de uma concepo abrangente de cincias da terra, emergindo de uma perspectiva naturalista maisglobalizante.Seguimos alis uma tradio de contrapor uma escola de geomorfologia outra,como inmeros autores j o fizeram. Todavia nossa inteno, se por um lado deslocar a interpretao em relao a importncia relativa de alguns autores, por outro insistir na necessidade de se fazer esta anlise subordinada a um quadro de referncias que incorpore as relaes internacionaise os centros de poder interferindo de diversas formas na evoluo da postura geomorfolgica.Assim sendo ,embora nos parea desnecessrio traar as linhas mestras da histria do Ocidente nos sculos XVIII, XIX eXX, devemos ter em mente a evoluo destes acontecimentos para explicar certas caractersticas e originalidades de cada faceda moeda.O incio do pensamento geomorfolgico,como de resto a prpria geologia, vai serprofundamente marcado de um lado pelaconquista do oeste americano e de outropelos fatos que vieram no bojo da Revoluo Industrial, entre os quais, alm daqueles vinculados definio dos imprios coloniais, emerge uma profunda mudana nopensamento cientfico europeu, decorrentesdas pesquisas vinculadas prospeco mineral.Desta forma se na Amrica do Norte desde cedo valorizaram-se as observaes quevinculam o trabalho dos rios ao modeladodo relevo, o que muito destacado nas pesquisas dos gelogos do sculo XIX que percorrem as reas alm-Apalaches, na Europaa evoluo tem como ponto de partida outro sistema de referncias, embora nem por _i~so se deve negar a participao de engenheiros que tambm se dedicaram ao estudodos rios e seu comportamento. Todavia apreponderou, particularmente na Alema-

    nha, de um lado, a postura que grandes naturalistas j haviam esboado desde os finsdo sculo XVIII e de outro, as observaesoriundas de uma anlise sistemtica da crosta, a partir da engenharia de minas. A busca dos combustveis fsseis para alimentarem fontes de energia a industrializao doImprio Alemo, que rapidamente suplantaa Inglaterra, acaba dando o acento em umapostura que encara a tectnica de outra forma. Neste sentido achamos que no apenas o contexto fisiogrfico diferenciado daAmrica do Norte e da Europa que justifica as ticas divergentes que presidem oincio da geomorfologia e d um acento nosprocessos climticos ou na dinmica interna,segundo o autor considerado, no segundocaso ou nos processos fluviais, no primeirocaso.A diferenciao das posturas fruto deum caldo de cultura que se desenvolve emum contexto poltico de definio de quadros nacionais contrastantes e que presidem uma orientao diferente em cada caso.Basta lembrar que se Humboldt e Goetheso universais, a solidez da presena dessesnomes muito maior em um caso do que emoutro.No parece necessrio insistir, por outrolado, que a Inglaterra e a Frana aproximam-se, desde os alvores do sculo, em relao aos Estados Unidos e logo emerge emsistema de confrontao que coloca freqentemente Berlim em oposio s 3 capitaisocidentais. Porm importante frisar queisto se reflete tambm na produo cientfica e a Segunda Guerra no apaga esta tendncia, na medida que a confrontao continua em outro contexto: o poder desloca-se

    mais para leste, porm Berlim ainda se fazpresente.De maneira esquemtica temos, como jfrisamos, duas linhagens epistemolgicas balizando a definio do campo de interesse .da teoria e do mtodo de investigao emgeomorfologia: uma de razes norte-americanas e incorporando o grosso da produoem lngua inglesa e francesa at a 11 GuerraMundial e outra de razes germnicas, exprimindo-se basicamente de incio em alemo (espcie de lngua franca da EuropaCentro-Oriental), mas que incorpora tambm, posteriormente, grande parte da produo publicada em russo e polons.TRICART (1965) p.56 a 75 identifica essasduas tendncias, porm articula estes fatos

    7

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    4/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan./dez. 1983em outro contexto de anlise, o que resultaem um empobrecimento da interpretao.A evoluo dessas duas linhas conceituais bastante diferenciada e apresenta' inclusive interferncia mtuas: enquanto a primeira, de razes norte-americanas, sofreu muito claramente nos ltimos anos os impctos das "revolues cientficas", com tentativas de ruptura e definio de novos pararadigmas, a segunda, de razes germnicas,parece evoluir de maneira mais contnua, oque se reflete em um enriquecimento progressivo do paradigma, que ganha complexidade metodolgica e operacional, conservando sempre um ncleo comum desde suaorigem.

    Quando se considera, como o faz TRICART (1965) p. 62 "Davis doit tre consider comme le fondeteur de Ia gomorphologie en tant que discipline spcialise.Il lui donna, en effet un corps de doctrinecoherent et affirma son originalit", queDavis o fundador da geomorfologia, o mnimo a se constatar que h pelo menos umdesvio de tica, o qual faz com que se atribua ao primeiro paradgma de uma linhade evoluo epistemolgica o papel de certido de nascimento da geomorfologia. Emsua grande maioria esses autores pertencemao quadro daqueles que por uma ou outraforma integram esta corrente de conceitos,aceitando-a ou contestando-a e buscando novos paradigmas. Por comodidade chamemosesta corrente de anglo-americana, emboraseja injusto no chamar a ateno para ofato de interessar tambm a autores de expresso francesa, que do ponto de vistaepistemolgico vo claramente reboque dalngua inglesa. Pelo mesmo motivo chamaremos a outra corrente de alem, embora incorpore tambm autores de lnguas eslavase escandinavas, interessando ainda, emborade forma menos expressiva a autores de outras lnguas.Antes de nos determos em cada um destes "troncos" de evoluo conceitual da geomorfologia, queremos ainda chamar a ateno para o fato de que a compreenso dadinmica temporal das posturas sucessivas,deve incorporar as interferncias permanentes que elas exerceram concomitantementeentre s. Quase que se pode parafrasearPASSARGE (1931) p. 178, dizendo quecada conceito emitido traz consigo mesmoas resistncias para sua aceitao pelo outrointer-locutor.8

    2 A LINHAGEM EPISTEMOLOGICAANGLO-AMERICANACaracteriza-se esta corrente por ter-seapoiado at praticamente a II Guerra Mundial, principalmente no paradgma proposto por Davis, em trabalhos publicados nasltimas duas dcadas do sculo XIX e sistematizado de maneira magistral em 1899no Geographycal Cycle, no qual o relevosurgia como funo da estrutura geolgica,dos processos operantes e do tempo, dandoeste ltimo a tnica em um modlo que valorizava particularmente o aspecto histrico.O sucesso da postura davisiana foi grande e rpido no mundo de lngua inglesa e

    francesa. Sua permanncia no tempo podeinclusive ser avaliada atravs do signficadoque ele ainda tem na nona edio da obramonumental de MARTONNE (1950), quetanto influenciou nosso meio cientfico.Todavia desde a divulgao de suas idiasencontrou Davis seus crticos, particularmente no meio intelectual germnico contemporneo, que com ele conviveu durantesua permanncia em territrio alemo, empoca de grande brilho da Gesellschaft fuerErdkunde zu Berlin. Para um maior detalha

    mento das controvrsias que emergiram nesta fase entre Davis e seus opositores e queposteriormente se acirraram, remetemos diretamente para LEUZINGER (1948), quefaz um bom apanhado do problema.Essas controvrsias, alis, j tinham chegado at ns, mesmo a nvel dos manuais degeografia fsica - que normalmente estoem grande descompasso com a aquisio dosconhecimentos mais recentes da cincia atravs da traduo que Lyon Davidovichpublicou em 1934 da obra de S. Gnther, qual voltaremos a nos referir oportunamente.

    As crticas feitas esse paradgma foramincorporadas de maneira parcial e discutvel pelo prprio Davis, mas muito mais,provavelmente, pelos seus seguidores e nose refletiram na reformulao de suas premissas, mas sim na variao dos processosintervenientes, desenvolvendo-se ento ostrabalhos que desembocaram em dois clssicos: um da lavra de COTTON (1942) eoutro de BIROT (1960). Este ltimo, alis,registra nesta data e em nosso meio o descompasso francs em relao geomorfologia, embora colocando o problema em umcontexto indiscutivelmente mais atual, evi-

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    5/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan./dez. 1983denciando a dificuldade e a problemtica daperiodizao, que muito mais vlida paraas "reas centrais" do que para as "reasperifricas" origem e evoluo dos conceitos.Evidentemente poderamos lembrar aquiuma lista enorme de trabalhos feitos por geomorflogos de grande gabarito, especialmente ingleses e franceses, apoiados nesteparadigma. Todavia preferimos omit-los, namedida que em pouco alteram o dado central da proposta davisiana. Neste sentido,os dois nomes lembrados so, antes de maisnada, exemplos em uma lista de clssicos.Sem entrar no mrito deste paradigma,por o julgarmos por demais conhecido, seuaspecto finalista e a pouca ateno que dedicou aos processos em operao, iriam conduzir a geomorfologia norte americana aum isolamento crescente nos prximos anosem relao s cincias da natureza em gerale da geologia em particular. Dentro da prpria geografia fsica a geomorfologia poucoou nada iria se articular com a climatologia e a biogeografia. medida porm que novos esforos parase assimilar as crticas eram desenvolvidos,passava-se tambm a uma posio de reviso progressiva das premissas davisianas eemergia aos poucos uma atitude de interesse,pelo menos, em relao as alternativas sugeridas pelos crticos.Nesse sentido, um evento do fim da dcada de 30 confirma o interesse norte-americano pela crtica sua postura, que faces caractersticas da proposta davisiana,aparecem mais claramente na obra de Walther Penk. Em 1939 realiza-se em Chicagoum simpsio sobre a contribuio deste autor geomorfologia. As teses e discussesque marcaram esse evento foram publicadasem um nmero especial dos Anais da Associao dos Gegrafos Americanos, tendoENGELN (1940) como seu coordenador.A anlise dos resultados posteriores aesta reunio, no tanto dos contidos nosAnais do Simpsio, mas expressos na produo cientfica, parece demonstrar que as seguintes consideraes feitas por PENCK,(1953) p. 9 no incio da dcada de 20 tiveram seus frutos: "To begin with, it is obvious that the ideal forms, which are supposed to develop on a stationary block, canbe deduced successfuIly only if there areno gaps in our knowledge of the essentialcharacteristics of the denudational processes.

    Should this pre-requisite not be fullfilled,the deduction is nothing but an attempt tofind out from the land forms alone both theendogenetic and the exogenetic condition towhich their owe their origino It is like tryingto solve an equation having three quantities,two of which are unknown; we can expectonly doubtfuIl results. The American schoolmay be justifiably .reproached with no considering it their next task to eliminate oneof the unknown quantities by systematicallyinvestigating the processes of denudation allover the world. Un the whole, their part inthrowing light upon the exogenetic processes has been a very modest one".J nos anais do referido simpsio merecedestaque o registro de LEIGHLY (1940),p. 225 sobre o erro de Davis ao assumir queos processos envolvidos na evoluo do relevo seriam conhecidos. Este evento acabatambm sendo claramente incorporado porENGELN (1942), que dedica um captuloespecial de sua obra ao que ele denomina"sistema geomorfolgico de Walther Penck",onde chama a ateno para a tnica que sedeveria dar no futuro ao estudo das vertentes e aos processos a elas associados.Vale a pena portanto registrar a interpretao que PENCK (1924) deu ao ciclo geogrfico e a forma como ela foi incorporadapelos seguidores de Davis. o limiar dacontestao do paradigma anterior e a preparao do terreno para o advento de novosparadigmas, dentro de um contexto norteamericano. No se pode inclusive esquecero papel que a traduo da "Die Morphologische Analyse" para o ingls, publicada em1953, desempenhou, na medida que se tornou mais acessvel grande maioria dosgeomorflogos envolvidos nesta linha deevoluo epistemolgica da geomorfologia.Todavia no se pode olvidar que nestemomento eclode a 11 Guerra Mundial e, seguir, uma boa parte do pensamento cientfico alemo ser incorporado pelos norteamericanos; particularmente tcnicas seroimplementadas com posturas filosficas bemdefinidas. Este provavelmente um impactoe uma interferncia maior ainda que o Simpsio de Chicago, dado os desdobramentosque registrar. Neste sentido j podemosadiantar que se Lester King pode ser explicado com o Simpsio de Chicago, os outrosdevem ser vistos no contexto da ciberntica.Provavelmente o autor e a obra que maisrefletem uma tentativa de se incorporar o

    9

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    6/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan.jdez. 1983modelo penckiano a essa corrente de pensamento KING (1953, 1956, 1967), quej nos anos cincoenta percorre o Brasil, coletando dados para implementar sua teoriada pediplanao, KING (1967), p. 159-169,que posteriormente com modificaes temsido uma das pedras de toque de grande nmero de pesquisadores na interpretao dorelevo do Brasil.O advento desta alternativa, porm, nosuperou a insatisfao que se tornava crescente, particularmente nos USA e algunsautores passam a assumir, progressivamente,uma atitude mais crtica, esforando-se concomitantemente na elaborao de outros paradigmas em um contexto que pode ser per

    feitamente enquadrado em uma fase revolucionria, segundo a concepo de KUHN(1970).Assim que se Davis havia valorizado otempo, a tnica passar a ser dada ao espao; se Davis era encarado como responsvel por uma postura subjetiva e verbalista,fruto de uma concepo bergsoniana dedutivista, passar-se- a valorizar fatos encarados como objetivos, estudados atravs daquantificao; se se julgava que Davis havia desconsiderado os processos, valorizarse-o agora as relaes que exprimam essesprocessos, e assim por diante.Pode-se, desta forma, de maneira bastantesegura identificar-se uma fase de desconten.tamento, crtica e procura de um novo paradigma que caracterizou a geomorfologia delngua inglesa, de u'a maneira permanente,desde os anos quarenta, tendo !>e~eladomuito mais frtil na dcada de cincoenta eincio dos anos sessenta, coincidindo com afase de divulgao e aplicao generalizada

    da teoria das redes, da teoria dos grficos,da teoria dos conjuntos, da teoria da informaco atravs da ciberntica BERTALANFFY (1973) e com o uso generalizadode quantificao, atravs de computadores.Durante esta poca valoriza-se especialmente a anlise espacial e o estudo de ba.cias de drenagem, estando os resultadosmais significativos deste perodo divulgadosentre ns atravs de duas tradues publicadas em meados da dcada passada: Modelos Integrados em Geografia CHORLEY& HAGGETT (1974) e Modelos Fsicos ede Informao em Geografia CHORLEY& HAGGETT (1975). Por achar desnecessrio maiores detalhes, lembramos apenas tratar-se da fase de maior impcto entre ns10

    da chamada "revoluo quantitativa" queaqui chegou, como era de se esperar, comcerto grau de retardamento e que j foi bemexplorada por outros autores, particularmente MONTEIRO (1980).Pode-se dizer que as posturas novas comeam a emergir principalmente comHORTON (1945), STRAHLER (1950,1952, 1954), CRICKMAY, (1959), HACK(1960) e CHORLEY (1962). O conhecimento que se desenvolveu a partir de entoest, com exceo das postulaes de Crickmay, bem representado na obra editada porCHORLEY (1972) e na publicao deGREGORY & WALLING (1973), sob ottulo de "Dainage Basin: Form and Processes, a geomorphological approach".Extremamente interessante registrar quea teoria do equilbrio dinmico revivida porHACK (1960) e muito divulgada em nossomeio, retomou cena no ano seguinte publicao do trabalho de CRICKMAY(1959), que desafiou atravs de outro paradigma, o princpio global de atividade igualsobre o qual ela se apoia, por meio de suateoria do princpio de atividade desigual.Esta perspectiva foi por ele aplicada em suapesquisa sobre a atividade lateral do rioPenbina, afluente da margem direita do rioAtabasca, CRICKMAY (1960) e os resultados parecem ter reforado seu ponto devista em relao aos mecanismos globais deevoluo do relevo, resultantes de processossuperficiais de intensidade muito diferenciadas. a relatividade dessa diferena que olevou a valorizar os termos processos ativose processos estagnados, aplicando os primeiros para aqueles comandados pela ao dosrios no caso estudado.Com exceo de SCHEIDEGGER (1961),este paradigma pouca ateno recebeu, mesmo por parte dos geormoflogos norte-americanos, raras vezes sendo lembrado em

    nosso meio. Parece-nos todavia que ele temcerta coerncia com os fatos observados eque seu teste deveria ser tentado com maisfreqncia, ainda que, primeira vista suapostura possa ser tida como discutvel.Depois da efervescncia dos anos 40 e50, a maior parte dos anos 60 e comeos dadcada de 70 registraram, de certa forma,uma atitude de aplicao dos postulados anteriormente obtidos, atravs de tcnicasquantitativas de sofisticao crescente servio de uma anlise sistemtica do relvo.Aos poucos emerge tambm uma teoria pro-

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    7/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan.jdez. 1983babilstica para explicar a gnese global dasformas, cuja fundamentao mais recentetalvez seja aquela feita por SHEREVE(1975.)Uma anlise crtica da produo geomorfolgica dos ltimos trinta anos, todavia,no muito animadora, como j registraramMOSLEY & ZIMPFER (1976). A rigor aoparadigma de Davis acrescentou-se o deKing, que incorpora parcialmente o anteriore a postura penckana (mal compreendida,segundo THORNES & BRUNSDEN(1977). A teoria do equilbrio dinmico e ateoria probabilstica parecem ter tido o mrito de tentar, atravs da quantificao, umrigor maior para a explanao geomorfol

    gica, porm acabaram caindo, em certos casos extremos, em formulaes em grandeparte estreis e de aplicao, na melhor dashipteses, pelo menos duvidosa. A teoria doprincpio de atividade desigual pouca ateno foi dada, embora ela talvez contenhaidias extremamente teis e contestadorasem relao postura cclica.MOSLEY & ZIMPFER (1976), p. 382,retratam esta situao de maneira bastanteclara: ... "the present situation is un comfortably like that during the "Davisian era",methods such as those of statistical analysisare being used without being undefstood,and ideas have been widely adopted withoutthe exhaustive testing necessary for their validation. There are disturbing signs in thecurrent literature that geomorphology is notmaking the advances that seemed inevitable in the 1960's."Segundo os mesmos autores esta situao reflexo 1. de uma metodologia pouco sofisticada, 2. da rejeio do paradigma davisiano sem sua substituio por outro universalmente aceito e 3. da tendncia em seconsiderar um mtodo como o melhor, doque decorre uma rejeio dos demais, p.382-383. Ns insistiramos no segundo aspecto lembrado, na medida que os mtodosfreqentemente emanam ou se ajustam steorias de suporte. O terceiro aspecto parece ser inerente da condio humana, masque na cincia deve ser combatido.Por outro lado fundamental registrarque esta situao foi atingida pela emergncia de posturas que valorizaram excessivamente o espao e as supostas relaes entreos processos em operao no presente, deixando de lado as consideraes temporais,na medida em que estas eram julgadas com-

    prometidas com o paradigma davisiano. Odescabido dessa atitude foi bem demonstrado por SCHUMM & LIGHTY (1965) e retomado por THORNES & BRUNSDEN(1977).As posturas de MOSLEY & ZIMPFER(1976) e THORNES & BRUNSDEN (1977),parecem marcar uma forma de rever, na segunda metade da ltima dcada, as propostas precedentes. Perseguem o mesmo intento, porm por vias diferentes .Enquanto osprimeiros sugerem o conceito de "areal differentiation of landforms" como base paraum paradigma geomorfolgico que incorpore todas as formas possveis de explanao, atravs de uma analogia com a anlisede varincia, os segundos procuram classificar os tipos de modelos passveis de uso,a partir de uma estrutura tmporo-espacialdisposta em ordens que vo de O a 4., de certa forma, uma atitude de reflexo conciliadora, que rigor no introduznovos paradigmas, mas que, todavia, procura reiriterpretar os anteriores segundo umaposio crtica mais liberta de preconceitos,tendo os problemas de escala como balizade referncia e voltando a revalorizar asobservaes de campo, em boa parte eclipsadas no bojo das posturas que privilegiavam a quantificao partir de dados obtidos, geralmente, de cartas topogrficas, fotos areas e anurios estatsticos.Os anos oitenta parecem se iniciar comuma viso pluralista da geomorfologia, segundo palavras textuais de GRAF et alii(1980) p. 280, que consideram englobar seucampo agora "nt only those with a geological or geographic background, but aisobenefits from contributions of hydrologists,pedologists, foresters, and enginees - andeven some who consider themselves to beprimarily cultural geographers. Other developments are an increased dependence onfield research (an old' tradition revisited)more realistic expectations from searchtools, a ressurgence of interest in manlandrelationships with a concomitant dependence on the historical approach, an expandedappreciation of the hydrologic cycle, a reinvestigation of morphogenetic regions, newinterest in planetary surfaces other thanearth's, more detailed 1vestigations of eventmagnitude and frequency, and an involvement with applied problems".Provavelmente estamos tambm entrandoem uma fase de incorporao mais refletida

    11

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    8/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(112):5-23, jan./dez. 1983de conceitos originados da outra fonte epistemolgica aqui considerada e em uma progressiva universalizao dos pontos de referncias fundamentais para a definio do"construto" geomorfolgico, ao mesmo tempo que se faz um esforo sob o patrocnioda NASA, para se ampliar os limites docampo de estudo, com o objetivo de incorporar tambm a investigao do relevo deoutros corpos celestes (ENZMANN, 1968).3 A LINHAGEM EPISTEMOLOGICA'ALEMDeixando de lado as consideraes sobreos predecessores, pode-se dizer que a moderna geomorfologia centro-europia de expresso alem tem em von Richthofen umabaliza que serve de referncia inicial. ,alis, significativo que julgando as classificaes das formas de relvo propostas porDavis e von Richthfen, segundo transcrio de CHORLEY et alii (1964) p. 619,Mcgee tenha julgado em 1888 ambas ..."more acceptable, since they are based inpart on conditions of genesis".Todavia indispensvel lembrar que seDavis tinha em sua retaguarda principal

    mente grandes nomes que eram antes de tudo gelogos, von Richthofen tinha comopredecessores um conjunto de autores queeram antes de mais nada naturalistas e quetinham em Goethe um ponto de refernciapermanente. significativo e merece destaque o fatode at hoje ser utilizado com freqncia aexpresso morfoIogia, introduzida nas cincias naturais por Goethe, como sinnimo degeomorfologia. Neste verbete que vamosencontrar, por exemplo, no "Kosmos Tas

    chenlexikon" ,de VOGT (1971) a conceituao de geomorfologia e embora o"Geologisches Worterbuch" de MURAWSKI (1977) registre o substantivo geomorfologia, tambm acena para uma vinculacocom a expresso oriunda da obra de Goethe~Se admitirmos ser von Richthofen o primeiro a formalizar atravs de seu "Fhrerfr Forschungsreisende" (1886) o adventode uma linha epistemolgica para a geomorfologia centro e leste europia, vale a penaacenar para a diferena entre esta obra e o"The geographicaI cycIe" (1899). Enquantoeste uma proposio teorizante, aquele um guia para observaes. Valoriza-se, portanto, desde o incio uma perspectiva emp-12

    rico-naturalista, dentro de um sistema conceitual que at recentemente tem insistidomuito neste aspecto, no quadro das geocincias em lngua alem (BUBNOFF, 1954).Todavia a geomorfologia de lngua alemtem igualmente uma origem menos marca dapor um s nome e antes que se escoasse umadcada aps a publicao do "Fhrer frForschungsreisende" aparece, em dois volumes, o "MorphoIogie der Erdoberflaeche"(PENCK, 1894). Os autores destes trabalhosso, alis, freqentemente citados como os"pais" da geomorfologia de lngua alem.Um fato importante a destacar que vonRichthofen e A. Penck tiveram um antecessor, O. Peschel, que todavia vincula-se mui

    to mais s posteriores proposies devisianas que subseqente geomorfologia datradio (RICHTHOFEN, 1886; PENCK(1894) fato, alis,. j levantado por TATHAM (1951), merecendo' registro tambmpor CHORLEY et alii (1964).Esta orientao, todavia, no foi a que seimps no espao cultural alemo. As posturas naturalistas valorizadas pela herana deGoethe e Humboldt, imprimiram um direcionamento mais para a observao e anlisedos fenmenos em um contexto onde a geomorfologia se relacionava de maneira maisintensa principalmente com a petrografia,qumica do solo, hidrologia e climatologia.Logo no incio a cartografia mobilizadacomo um dos instrumentos fundamentaispara o pesquisador, o qual tem na observao o centro de seu interesse .O grande papel do "Fhrer fr Forschungsreisende" foi exatamente o de definir umconjunto de informaes, oriundas dos trabalhos executados pelo seu autor na Amrica do Norte, sia e Europa, de naturezametodolgica no referente observao dosfatos. considerado, por quase todos, comoo primeiro manual de geomorfologia moderna, sendo. estranhvel que CHORLEY etalii (1964) tenham lhe dispensado to poucaateno, preferindo ressaltar a obra sobrea China.J o papel do "Morphologie der ErdoberfHiche" PENCK (1894) foi mais o de sistematizar teorias e formas de relvo, tornando-se um clssico da geografia, nas palavras

    de LEUZINGER (1948). Por outro ladono se pode deixar de mencionar que sua influncia foi to grande ao ponto de levar auma verdadeira dominncia dos estudos geo-

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    9/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan.jdez. 1983morfolgicos no contexto da geografia alem nas primeiras dcadas do sculo XX.I! tambm de se registrar que tanto F. F.von Richthofen como A. Penck tiveram umpapel fundamental na orientao da geografia alem, na medida em que exerceramforte influncia durante mais de meio seculo na conduo da Gesellschaft fuer Erkunde zu Berlin, fundada em 1828. A.Penck foi, alis, seu presidente at 1930,tendo porm grande ascendncia nesta associao cientfica at bem prximo de suamorte, que se deu a 7 de maro de 1945,aos 87 anos de idade. Este perodo coincide,praticamente, com o da asceno prussianae a afirmao alem.Provavelmente a presena destes doiscientistas frente da Gesellschaft fuer Erkunde zu Berlin, explique, em parte, a pouca influncia que a postura davisiana alcanou no espao cultural-alemo. I! possvel,inclusive, que para isto tenha contribudo,em parte, uma certa dose de nacionalismode razes prussianas, uma vez que a anlisedas publicaes patrocinadas por esta sociedade permite perceber claramente a vinculao com certas temticas desta natureza(QUELLE, 1953).Assim embora Davis estivesse presentena Alemanha entre 1908 e 1909 e publicasseem 1924 sua clebre "Die erklaerende Besschreibung der Landformen", suas proposies produziram, quase imediatamente, acerbadas crticas por parte de um conjunto depesquisadores afeitos investigao de espaos com natureza climtica muito diversficada. O prprio A. Penck, j em 1912,estabelecera relaes entre as formas de relvo e os cintures climticos do planeta, noque fora precedido por J. Walther, no mesmo ano e seguido por W. Voltz, em 1913 eK. Sapper eF. Thorbecke, em 1914 (STRATIL-SAUER, 1968).Fato tambm muito importante para justificar essa postura predominante na Europa Centro-Oriental, em relao s proposies de Davis que desde o fim do sculopassado j se havia traado um panoramaglobal, que sugeria, com bastante clareza,um zoneamento dos fenmenos da naturezana face da Terra em estreita dependnciacom os climas. Assim que V. Dokuchayeuj havia publicado em 1883 sua obra sobreos solos chernozens da Rssia e, em 1900,W. Koppen lanava sua primeira verso dos

    climas da Terra (CHORLEY et alii, 1964).Nesta atmosfera intelectual o solo era poucopropcio semeadura davisiana.Dentro desta corrente trs autores marcaram sua presena no incio do sculo e merecem, por motivos diferentes, especial destaque: A. Hettner, S. Passarge e S. Gnther.HETTNER (1921, 1927) , sem dvidaalguma, o grande crtico do ponto de vistado mtodo da proposio davisiana. LEUZINGER (1948) e STRATIL-SAUER(1968) resumem suas observaes de maneira bastante clara, o que nos dispensa demaiores comentrios.S. Passarge teve porm um papel maispositivo, na medida que se caracterizou nemtanto pela crtica, mas pela proposio denovos conceitos, trabalhando em uma linhade anlise mais global das formas de relevo,integrando-as em uma viso geogrfica dapaisagem e de um novo mtodo de trabalho,baseado na cartografia geomorfolgica (KLIMASZEWSKI, 1963). De sua obra destacam-se trs fundamentais: em 1912 surge a"Morfologia Fisiolgica" ("PhysiologischeMorphologie"), entre 1919 e 1920 os "Fundamentos da Cincia da Paisagem" ("DieGrundlagen der Landschaftskunde") sopublicados em trs volumes e, finalmente,em 1922 vem luz "As Zonas paisagsticas da Terra" ("Die Landschaftsgrtel derErde"). S a titulao dos trabalhos j nosacena para a importncia dos conceitosenunciados, entre os quais o de fisiologiada paisagem desponta como cotolrio.S. Gnther no tem a envergadura de nenhum dos dois autores acima arrolados, todavia, em certo momento, mereceu umagrande ateno, que se refletiu na traduode seu "Lehrbuch der Physikalischen Geographie" para o espanhol (onde recebeu sucessivas edies entre 1925 e 1940) e parao portugus em 1934. Achamos porm justochamar a ateno para este livro, uma vezque em seu XI captulo, intitulado "Geomorfologia", desenvolve uma abordagemprocessual at certo ponto moderna e trazpara nosso meio, s p. 167, 168 e 169, umacrtica bastante pertinente ao paradigma davisiano, que entretanto parece ter tido poucoeco em nosso meio cientfico e acadmico.Este contexto evidencia que qualquer quetenha sido a alavanca propulsora da oposio ao paradigma davisiano, o resultado foia emergncia de novos conceitos e mtodosde trabalho ,os quais desembocaram em dois

    13

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    10/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(112):5-23, jan./dez. 1983acontecimentos que marcaram a dcada devinte. Em 1924 publicado, postumamente,"Die Morphologische Analyse. Ein Kapitelder physikalischen Geologie" e, em 1926,realiza-se o "Dsseldorfer - Naturforschertag", do qual emerge em um ambiente deconsenso geral o conjunto de proposiesque valorizam o clima como elemento responsvel por uma morfognese diferencialem funo do balano das foras em ao(ECKERT et alii, 1927).Walther Penck, que desapareceu aos 35anos de idade, depois de percorrer vastostrechos da Amrica e Eursia, vai emergir,em funo da natureza de sua obra, comoo principal opositor de Davis e assumir, para

    alguns, na corrente de pensamento geomorfolgico alem um papel equivalente defundador, como lhe atribui LEUZINGER(1948).A rigor sua obra deve ser encarada comoelo importante no pensamento cientfico moderno em lngua alem e alternativa paradigmtica significativa, em funo da postura davisiana. No sentido da formalizaoterica talvez seja at sensivelmente superior a Davis, embora tenha sido muito prejudicada face s circunstncias em que foiescrita, motivo pelo qual sua compreenso difcil mesmo para os alemes, dado o estilo em que est vazada. (W. Penck j estava profundamente debilitado em funodo cncer, do qual veio a falecer, quandoredigiu este trabalho). Todavia a traduopara o ingls em 1953 diminuiu, em parte,essas deficincias, dado o resumo, o glossrio e as notas que enriqueceram e facilitarama leitura deste texto.O mago de sua proposta parece-nos contida, em sua essncia, na passagem do item1 para o 2 e no decorrer deste, no captuloprimeiro de sua obra: "Which physical methods are concerned, and at what stage inthe morphological investigation they not only may, but must, be applied follows fromthe nature of the three elements which to

    gether form the substance of morphology.2. Basis, Nature and Aim of Morphological AnalysisThese three elements are:1. the exogenetic processes2. the endogenetic processes3. the products due to both, which mayhere be called the actual morphological features", conforme pode se lers p. 3 e 4 da verso inglesa de 1953. Igual-

    14

    mente digna de transcrio parece-nos a caracterizao que ele faz do terceiro conjuntode elementos acima mencionado:"All the actual morphological features

    can, like the exogenetic processes, be directly observed, and are thus an object of inductive research. However, their limits mustbe extended farmore widely than is customary. It is by no means enough to determine and to characterise the forms of denudation as they actually appear in their various combinations; the stratigraphical relations of the correlated _strata formed simultaneously, are af just as great importance.Their thicknesse and the way in which theyare deposited on the top of one another,how they are connected with their surroundings in the vertical and in the horizontaldirection, their stratification and speciallytheir facies, reflect both the type of development in the associated area of denudation,and its duration, and they supplement inessential points the history recorded there.The position af this record in the geologicaltime sequence depends entirely upon investigation of the correlated strata and theirfossil contento As a rule far too little weight1S given to working on this stratigraphicalmaterial. Because of this, our knowledgeabout the actual morphological features iscorrespondingly scanty. True, we must takeinto. account that these are not, like denudation, for instance, subject to one uniformset of laws; but that they are peculiar toeach individual part of the crust which willhave undergone a special development of itsown. They are individual in their character"(1953, p. 5). --Concebida pelo seu autor com o objetivode, utilizando-se da geomorfologia, atingira geologia e contribuir para a elucidao dosmovimentos crustais, a obra acabou poroferecer um paradigma alternativo e contribuir grandemente para o avano da geomorfologia, principalmente atravs da formalizao do conceito de depsito correlativo.W. Penck foi extremamente criticado, no

    s pelo prprio Davis mas, principalmente,pelos seguidores deste e uma boa exposiodessas objees est claramente formuladapor LEUZINGER (1948). Todavia a publicao em 1953 da verso inglesa de seutrabalho iniciou um processo de revisoconceitual e teve o mrito de levar algunsautores norte-americanos interessados no es-

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    11/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan.jdez. 1983tudo de vertentes e processos a reverem suasopinies em relao proposta penckiana.Vale a pena a esse propsito remeter-se o leitor para CARSON & KIRBY (1972) p. 16.Na U.R.S.S a proposta penckiana foi retomada por GERASSIMOV (1946, 1968) eutilizada como base conceitual para a anlise morfoestrutural e sua correspondentecartografia geomorfolgica. A divulgaodesta abordagem fora da Unio Soviticatem sido relativamente pequena, dada asbarreiras lingsticas, todavia seus conceitosfundamentais encontram-se expostos atravsdo artigo de MESCERJAKOV (1968), sendoas melhores exposies do mtodo aquelasfeitas por BASENINA & TRESCOV (1972)

    e BASENINA et alli (1976).Quanto ao Dsseldorfer Naturforschertag,realizado no contexto do 869 Simpsio daGesellschaft deutscher Naturforscher undAerzte, marca o advento dos estudos ditosde geomorfologia climtica e climatogentica, de cujos resultados WILHELMY (1974,1975) apresentou um balano bastante completo. Entre os resultados desta reunio deve-se destacar principalmente o esforo dePassarge para incorporar as condicionantesclimticas no estudo das formas de relevo.Uma interessante reviso dos debates entotravados e dos avanos subseqentes foi feita recentemente por BUSCHE & HAGEDORN (1980), no decorrer do Primeiro Simpsio Teuto-britnico sobre Geomorfologia,desenvolvido em Wrzburg, de 24 a 29 desetembro de 1979 e que originou o Supplementband 36 do Zetschrift fr Geomorphologie.A linha de abordagem que emerge deDsseldorf consolidou-se atravs das pesquisas de BDEL (1948, 1957, 1963, 1969e 1971), cujos estudos levaram a uma ordenao dos conjuntos morflgicos de origemclimtica em zonas e andares, produzidospela interao das variveis epeirognicas,climticas, petrogrficas e fitogeogrficas.Aos nomes de Bdel e Whilelmy, devemosajuntar, pelo menos, os de LOUIS (1957,1968), MORTENSEN (1943/1944) e MACHATSCHECK (1955) na consolidao daabordagem climtica e climatogentica, que,de maneira muito apropriada incorporou asnoes de depsitos correlativos na anlisedas formas.As propostas conceituais voltadas para apaisagem (ULandschaft"), provavelmente deinteresse maior para a geografia como um

    todo, do que para a prpria geomorfologiae que j haviam recebido a ateno de Passarge, evoluem e se consolidam nos estudosde geoecologia e ordenao ambiental do espao ("naturraumliche Gliederung"). Neste setor devemos ressaltar o papel deTROLL (1932, 1939, 1959, 1966), o qualcontinua nesta linha de pesquisa, que vem ase aprofundar e enriquecer nos ltimos anosprincipalmente atravs das contribuies deBARTHEL (1968), HAASE (1964, 1967,1973), KLINK (1966, 1972), MARTENS(1968), LESER (1971, 1973), NEUMEISTER (1977), NEEF (1967, 1970) e RICHTER (1968). Devemos, alis, registrar queesta abordagem est em grande parte apoiada na teoria sistmica, na base da qual encontramos os conceitos de BERTALANFFY(1942, 1965).A cartografia geomorfolgica recebe nfase especial, principalmente no segundops-guerra, adquirindo caractersticas prprias em cada pas do leste europeu e emergindo como mtodo fundamental para aanlise do relevo. Devemos destacar nestesentido a contribuio que se originou dosesforos desenvolvidos na Polnia, Tchecoslovquia e U.R.S.S. (KLIMASZEWSKI,1963; DEMEK, 1976; BASENINA & TRESCOV, 1972).A Repblica Federal Alem iniciou em1976 seu projeto de mapeamento geomorfolgico detalhado (BARSCH, 1976, 1980)sob o patrocnio da Deutsche Forschungsgemeinschaft, enquanto na Repblica Democrtica Alem esta tarefa j foi iniciada hmais tempo (KUGLER, 1976b). Devemosalis salientar o papel deste geomorflogonos aspectos tericos conceituais desta problemtica (KUGLER, 1975 e 1976a). ainda importante registrar que, de certaforma a 11 Guerra Mundial no rompeu atradio da geomorfologia centro e leste europia nos seus aspectos bsicos. Pelo contrrio, o apoio que os regimes socialistas deram pesquisa beneficiou-a sobremaneira eo avano do mapeamento geomorfolgico um fato que salta s vistas. Por outro ladoela vai assumindo um papel cada vez maissignificativo no planejamento regional, oque acaba se refletindo na prpria classificao formal da disciplina que torna-se nitidamente geogrfica e voltada para a sociedade como um todo, superando as artificiaisdicotomias ainda bastante arraigadas na linhagem conceitual de lngua inglesa.

    15

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    12/19

    S1MPOSlODErCAGO(1939' - - T -t A. C DT TO N ( 19 42 )RUPTURA EPISTEMOLOGCA1

    --1_-v ;!:l'";o"Cl>e9'~......~U1~,'"

    '0;'::l..:....p.~

    C.TROlL(1932)(19391(l966)

    J80DEL{19481(1969)

    DOSSELDOAFER NA1UAFORSCHERTAG (1926)

    S.PASSARGEI1912J

    S. PASSARGE (1IU4) 5, P ASSAAGE (1922)I I.

    M K LI MA SZ EW SK I ( 19 63 )

    A,PENCK(1894)

    F.V. R ICHlHOFEN (18861

    WPENCK{924)

    J.P.GERASSI 10Vl!M6j

    J.P. MESCERJAKOV (1968)

    --

    -- -M D AV IS t 8 9~1.....C1'I

    R.E. NORTON (1945)

    A.N.STRANLER (1950)

    C.A.CRICKMAVI19591

    LC.KING(9S31 E.FELS(19S6)

    I.-\l:le':l

    J.T.HACK(l960)

    N J. CHORlEY 1962

    N.$.SHAEVE(197S1

    ~

    BASENINA & TRESCOV(1972 (1965)H. KUGLER (1975){1976)

    BARSCH & L1EOTKE 119801

    H . W l HE LM Y ( 19 58 )(1915)

    E N EE F ( 9 67 )8AATHEL(1968)

    KLINK[1972]

    ANALISE TEORIA TEORIA 00 TEOAIA DO TEORIA DAMORFOM TRtCA PROBAUILlST CA EQU1LlDRlO PRINCIPIO DE PEDIPLANAO NAM CO AT VIDADE CAOi i i_r iC HU M & l IG HT ( 19 65 )MOSLEV & ZMPER{1976j

    I?CARTOGRAF A ClEOMORFOLOG A GEOMORFOLO GEOMORFO () GEOECo.GEOMORFOLOG CA ClIMATOGENl: T1CA G A CLIMA G A ANTROPO LOG A ET CA GEN~T CA ORDENA

    1 _i-=-~_iTI MP OS IO D E w R ZB UR G ( 19 79 )T HO RN ES & B RU NS DE N ( 19 77 ) FILOGeNESE DA TEORIA GEOMORFOLOGICA

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    13/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan.jdez. 19834 SINTESE COMPARATIVA

    Uma reviso crtica da evoluo dos principais conceitos, sistemas de conceitos e paradigmas geomorfolgicos pode ser feita apartir do esquema em anexo. Em primeirolugar, todavia, devemos chamar a atenopara o elevado grau de simplificao q~eeste quadro traz consigo. Ele tem a int~no de mostrar, de maneira esquemtica,como, a partir de duas concepes diferentes,evoluiu o sistema conceitual angloamericano e o alemo.De incio queremos ressaltar que a ordenao dos autores foi encarada no por elesem si, mas no que eles traziam consigo e

    que poderia ser tomado como fato representativo em um contexto global de cada corrente. Desta forma, e isto vlido principalmente para o conjunto alemo, aparentemente cometeram-se algumas injustias,na medida que no quadro aparecem algunsnomes que poderiam ser vistos como "menores", quando comparados com outros queindiscutivelmente seriam "maiores".A justificao para essa situao emerge,em parte, de uma caracterstica bsica da

    corrente alem. Ela marcada por um aspecto mais coletivo, englobando um nmeromuito maior de nomes, de envergadura maisou menos equivalente, porm em um contexto de interesses e prop-osies diferenciadas.J a corrente anglo-americana mais marcada por nomes de grande destaque, particularmente nas primeiras dcadas do sculoatual, apresentando um aspecto mais individualista. O exemplo mais tpico o prprioDavis, que detm uma primazia quase sem

    contestao por longo lapso de tempo.Em segundo lugar fundamental insistirque este quadro resultou de uma interpretao, face ao material que dispnhamos,o qual, inclusive, rico em opinies quenos contraditam. Neste sentido ele umaopo. Poderamos at lembrar pelo menosdois autores de renome que, evidentemente,fariam reparos a esta postura: um deles ENGELN (1942) p. 6 e outro BULLA(1956) p. 167. Ambos, provavelmente, discordariam da posio que atribumos a S.Passarge. O primeiro lembraria que S. Passarge, assim como J. Walther teriam aceitado, em um certo momento, a postura davisiana. Ao que responderamos, que o mais

    significativo do ponto de vista conceitual,especialmente no caso de Passarge, emergede uma postura diferente, eventualmenteresultante de uma reviso, pois sua produo est longe de poder ser rotulada de davisiana. J Bulla discordaria em funo deuma interpretao diferente no processo deedificao dialtica da geosfera. B uma objeo, sem dvida alguma de maior peso,que deve porm ser julgada em funo doconceito de harmonia, o qual permeabilizouboa parte da geografia alem em certo perodo e que parece-nos hoje claramente superado. Somos de op"inio que S. Passarge,pelo que introduziu ou formalizou em termos conceituais e propostas metodolgicas,deve merecer uma posio de destaque nacadeia evolutiva de posturas assumidas nocontexto da geografia alem.Um terceiro aspecto a lembrar que asentradas no sistema de anlise proposto correspondem, por assim dizer, a fluxos quese dispersam em direo origem. Isto ,~e a anlise considerasse um lapso de tempomaior, remontando aos precursores, haveriauma abertura em leque para o passado, commuitos outros pontos de superposio e interferncia. Nesse sentido, Davis, v. Richt

    hofen e A. Penck so, de maneira figurada,catalizadores do passado que, atravs de formalizaes mais adequadas lanaram as bases dos conceitos, os quais progressivamentese aprimoraram e chegaram at ns, constituindo o contedo e as formas de abordagem presentes da geomorfologia. Esta figura de linguagem, alis, mais pertinentepara a corrente alem.

    Outro fato a registrar que, embora graficamente o encadeamento dos conceitos sugira evoluo paralela, sem pontos de contato, isto no corresponde realidade. Procuramos superar este aspecto atravs de traos interrompidos, registrando as interferncias mtuas, cujos resultados, alis, podemser facilmente identificveis na produocientfica das duas correntes. No quadroapresentado, a interferncia mais ntida expressa atravs da proposta de L. C. King,embora parea-nos legtimo uma expectativade renovao muito importante, cujos resultados so de difcil previso, a partir da fasede reviso do lado anglo-americano, que seinicia de maneira mais clara com Schumm& Lichty e da realizao do Simpsio deWrtzburg. Neste sentido, alis, o quadrosugere, inclusive, uma possvel tendncia

    17

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    14/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan.jdez. 1983aproximao e produo de resultados quese baseiam nos dois conjuntos conceituaisaqui explorados.Em nosso meio, inclusive, provavelmente

    fruto do Congresso de Geografia do Rio deJaneiro (1956) - um dos inmeros momentos de interferncias entre as duas correntes - j se esboou uma tendncia conceitual neste sentido, coma incorporaodas diferentes posturas em u'a proposioque, salvo melhor juzo, parece dar a tnicanos postulados de razes germnicas. Tratase da proposio feita por AB'SABER(1969) e que, de maneira consciente ou inconsciente se reflete no grosso da produogeomorfolgica que emana do Departamento de Geografia da F.F.L.C.H. da U.S.P. eque a nosso ver a mais sria contribuiobrasileira ao nvel da teoria geomorfolgica,suprando em parte os esforos feitos poroutros autores tambm vinculados contextos estranhos ou pelo menos perifricos emrelao s reas centrais de produo doconstruto geomorfolgico.Voltando ao quadro de referncia emquesto, igualmente digno de registro quese houve ruptura epistemolgica significativa nos sistemas conceituais em anlise, isto

    teria ocorrido do lado anglo-americano. Todavia devemos lembrar que as tendnciasrecentes na reflexo cientfica (MOSLEY &ZIMPER, 1976; THORNES & BRUNSDEN, 1977), parecem procurar harmonizareste quadro, assumindo uma postura crticabaseada em uma valorizao das variveissignificativas do processo geomorfolgicosegundo um sistema referencial tmporoespacial (SCHUMM & LICHTY, 1965).A figura em apreo evidencia-nos, tam

    bm, que a geomorfologia alem ainda estvinculada a certas propostas kantianas, viaHettner, embora seja irrecusvel a vinculao naturalista originria particularmente deHumboldt. Isto se expressa claramente nosresultados finais de cada. fluxo de idias,que no se resume por uma teoria, mas simpor um sistema de conceitos ao nvel da generalizao emprica, segundo as propostasde Hempel, como j registramos ao citarKITTS (1970), tratmdo da teoria da geo~logia. Ao lado disto a principal contribuioao nvel do mtodo, provavelmente, a dacartografia geomorfolgica. O aspecto positivo desta postura , sem dvida alguma,sua integrao bastante estreita em um qua-18

    dro de referncias claramente geogrficas,atravs da geoecologia e da ordenao ambiental (naturraumliche Gliederung). provvel mesmo que esta direo tenha sido estimulada atravs da anlise espacial dos processos geoecolgicos, segundo uma ticamarxista, mais facilmente identificvel naspropostas oriundas dos pases socialistas. Dequalquer forma, todavia, suas bases j estavam lanadas na prpria Alemanha, anteriormente 11 Guerra Mundial e a incorporao da anlise sistmica contribuiu paraaprofundar, ainda mais, suas concepes.J no caso anglo-americano a postura diferente, na medida que j em sua origemassume, atravs de Davis, uma posiobergsoniana em um quadro de refernciasteorizantes. O resultado ser um isolamentoda geomorfologia em relao ao resto dageografia, particularmente ntido no perodomais aceso da disputa entre possibilistas edeterministas. Nesta fase o grosso dos gegrafos norte-americanos refugia-se nas cincias sociais e os que militam na geomorfologia acabam se orientando muito mais emfuno de perspectivas geolgicas e hidrolgicas, como bem lembrou BURTON(1963). Por outro lado a geomorfologia davisiana, embora em certos aspectos no seja contestada hoje em dia por alguns grupos,tambm acabou privilegiando o nico e nomomento que o excepcionalismo foi maciamente atacado nos USA, atravs da chamada revoluo quantitativa, seu paradigma deapoio foi, da mesma forma, violentamentecontestado, emergindo ento as teorias aIternativas. Uma particularidade da geomorfologia de lngua inglesa que desde o incio, mesmo segundo Hempel, ela trabalhacom conjuntos de conceitos prximos ou jao nvel da teoria.Essa diversidade de carter da geomorfologia anglo-americana e alem pode ser facilmente explorada a partir de autores queinteressam tanto ao campo da geografia como da geologia (SCHAEFER, 1953; ACKERMAN, 1963; BURTON, 1963; DAVIES, 1966; PATTINSON, 1964; MIKESELL, 1969; KITTS, 1970; BUBNOFF,1954).O resultado dessa evoluo diferenciada

    que principalmente do lado anglofnicolocalizam-se as teorias e os mtodos de anlise quantitativas como instrumentos de pesquisa, ao passo que do lado germanofnicoencontramos basicamente um sistema de

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    15/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan.jdez. 1983classificao conceitual do objeto da geomorfologia expresso em suas divises formais, um mtodo de pesquisa que valorizaprincipalmente a cartografia geomorfolgicae uma disciplina que incorpora parte docontedo formal de seu campo em um sistema de anlise ambiental voltado para o homem e que surge como instrumento de articulao terica com a geografia.Essa constatao , obviamente, uma simplificao. uma busca de aspectos quepermitam caracterizar uma corrente face outra. evidente, por exemplo, que tambm na Alemanha se busca quantificar; ali, alis, que veio luz a "Theoretical Geomorphology", SCHEIDEGGER (1961). Todavia isto no o mais significativo da produo alem, assim como a cartografia geomorfolgica tambm no d a tnica nacorren te anglo-americana.Uma anlise mais abrangente das duastendncias acima registradas permite-nos retomar alguns pontos j assinalados, que julgamos, porm, importante ressaltar. Umfato fundamental que ambas evoluram apartir de pontos de vistas bastante diferentes e embora se fale hoje em convergnciaa nvel internacional do conhecimento, asduas tendncias ainda se apresentam razoavelmente diferenciadas.Dado importante que ambas evoluramfreqentemente procurando responder ousuperar objees que emergiram do outromodo de pensar ,independente do motivoque justificava a busca de uma identidadeem relao outra proposta. Neste sentidopode-se falar, de maneira figurada, que ageomorfologia alem das primeiras dcadasdo sculo XX constituiu-se em um dos as

    pectos da resistncia prussiana ao desafioamericano.Fica muito claro tambm que a reformulao do pensamento geomorfolgico angloamericano, no decorrer deste sculo, foimuito mais profunda do que se registrou nageomorfologia alem. Neste sentido maiscfcil argumentar-se em favor de uma ruptu-ra epistemolgica, pelo menos para certafase, no caso do pensamento em lngua inglesa. No caso alemo parece que fica me

    lhor caracterizada uma refinao progressiva de conceitos, atravs de uma continuidadesubjacente que d a tnica ao conjunto daspropostas. Isto provavelmente se vincula aofato, j mencionado, de que a geomorfologia

    anglo-americana praticamente emerge parao sculo XX atravs de uma postura teorizante, que posteriormente , inclusive, internamente contestada, ao passo que a geomorfologia alem, desde o incio, valorizasobremaneira a observao e o emprico, oque vlido igualmente para a prpriageologia alem (BUBNOFF, 1954). Parecenos significativo que enquanto uma tenhacomo ponto de partida um trabalho intitulado "The geographicaI cycIe", a outra possua como referncia de apoio inicial umtrabalho cujo ttulo "Fhrer fr For-schungsreisende" (Guia para pesquisadoresde campo"), trazendo como subttulo "An-Ieitung zur Beobachtungen ber Gegens-tiinde der physischen Geographie und Geo-Iogie" (Introduo s observaes sobre osfatos da geografia fsica e geologia).Outro fato a ser frisado que o impactodo estruturalismo e da teoria de sistemasnas duas correntes teve resultados bastantediferentes. Se verdade que em ambos oscasos valorizaram-se contextos espaciais, dolado alemo emerge reforada a viso integradora de cincias naturais com tnicasubstancial nas anlises geoecolgicas processuais, ao passo que a perspectiva angloamericana incorpora a mudana mais como sentido de ruptura com as abordagens historicistas. At certo ponto representa umesforo dos pesquisadores de lngua inglesapara absorver a crtica de SCHAEFFER(1953) e superar o que havia ainda de excepcionalismo na geomorfologia por elesproduzida.O esquema grfico evidencia, ainda, a diversidade da posio de W. Penck e de W.M. Davis no contexto das duas correntesde pensamento; enquanto o segundo oprincipal ponto de referncia da geomorfologia de lngua inglesa, o primeiro um dosgrandes entre muitos geomorflogos de lngua alem. esse propsito vale a penalembrar que, em grande parte, as objeesque Penck reptou a Davis no podem sertomadas como representativas de todo oconjunto alemo, na medida que o prprioPenck compartilhava, embora atravs deoutra fonte, algumas ni>es bsicas com ateoria davisiana; uma ,leIas, inclusive, ado aplainamento do relevo, que A. Pencktambm conceituara, trabalhando isoladamente, sem conhecer ainda a proposta norte-americana e publicando os resultados um

    19

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    16/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(112):523, jan./dez. 1983ano aps Davis ter divulgado o princpiode peneplanao (PENCK, 1953) p. 302,18, nota dos tradutores.Encerrando estas observaes queremosregistrar que, embora passvel de reparos,essa viso bipolarizada da evoluo da teoria geomorfolgica permite uma explicaobastante satisfatria para certas posies assumidas por diferentes autores no decorrerdo tempo, mesmo quando estes no se integram claramente em cada uma das duascorrentes identificadas. Atravs desse sistema de referncias fica-nos mais segura acrtica geomorfolgica.Este esquema, por outro lado, origina-sede um esforo no sentido de superar-se umasituao incmoda, oriunda de uma histriaque, no caso brasileiro, valorizou em boaparte uma perspectiva tomada a partir daperiferia em relao aos ncleos de geraoprincipal da teoria geomorfolgica. Isto sereflete inclusive na possibilidade de eliminao da viso antinmica representada pela presena da geomorfologia dita estrutural, que corresponde principalmente a umrtulo de reao, cunhado em rea perifrica ao centro gerador da geomorfologia delngua inglesa, como j registrou REYNAUD

    (1971) p. 11, embora se referindo a um contexto diferente do aqui proposto. Nesse sentido o arcabouo conceitual apresentado, seno complefo, pode ser encarado, pelomenos como mais satisfatrio. .Finalmente importante frisar que a partir de uma perspectiva tmporo-espacial emrelao ao objeto de estudo da geomorfologia, os conceitos encadeados no grfico demaneira aparentemente paralela, podem serarticulados de forma harmoniosa, integrando-se a viso cclica de Davis a King, coma postura de Bdel face Geomorfologiaclimatogentica, enquanto as anlises emlapsos de tempos mais curtos permitem associar, por exemplo, a teoria do equilbriodinmico com as posturas da geomorfologiaclimtica e da fisiologia da paisagem, emergindo as tcnicas quantitativas e a cartografia geomorfolgica, como os instrumentosvalorizados pelos diferentes autores paraexpressar suas posies face realidadeabordada. Em outras palavras, da diversidade das posturas no decorrer do tempo,surge uma unidade conceitual que permitedefinir claramente o campo, os nveis detratamento e os mtodos de investigao dageomorfologia.

    5 REFERNCIAS BIBLIOGRFICASABREU, A. A. de - 1978 - Consideraes arespeito de uma epistemologia da geomorfologia.Boletim Paulista de Geografia, So Paulo,

    (55):125-135, novo---- ..l. 1980 - SurelI e as leis da morfoIogia fluvial. So Jos do Rio Preto, UNESP,IBILCE. 13p. (Craton & Intracraton: escritose documentos, 7)AB'SABER, A. N. - Um conceito de geomorfoIogia a servio das pesquisas sobre o Quaternrio. So Paulo, Universidade, Instituto deGeografia. 23p. (GeomorfoIogia, 18).AKERMANN, E. A. - 1963 - Where is a research frontier? Annals of the Association ofAmerican Geographers, Washington, D.C.,53(4) :429440, Dec.BARSCH, D. - 1976 - Das GMK-Schwerpunktprogramm der DFG: Geomorphologische Detailkartierung in der Bundesrepublik. Zeitschrift fr GeomorphoIogie N.F., Berlin, 20(4):488-498, Dez.20

    BARSCH, D. & LIEDTKE, H. - 1980 - PrincipIes, scientific value and practical applicabi.lity of the geomorphoIogical map of the Federal Republic of Germany at the scale of1:25 000 (GMK25) and 1:100 000 (GMK100).Zeitschrift fur Geomorphologie N.F., Berlin.p. 296-313. SuppIementband, 36.

    BARTHEL, H. - 1968 - Landschaftsforschung:Beitrage zur Theorie und Anwendung. Leipzig.BASENINA, N. V. & TRESCOV, A. A. - 1972- GeomorphoIogische Kartierung .des Gebirgsreliefs im Masstab 1 :200000 auf Grundeiner Morphostrukturanalyse. Zeitschrift frGeomorphologie N.F., Berlin, 16(2):125-138,Jun.---- et alii - 1976 - Methoden zur AnaIyse der Morphostrukturen auf Grund vorliegender Karten und Luftbildaufnahmen. In:DEMEK, J. Handbuch der geomorphogischenDetailkartierung. Viena, Ferdinand Hirt. p.131-151.

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    17/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan./dez. 1983BERTALANFFY, L. von - 1942 - TreoretischeBiologie. Berlin.---- - 1965 - Die Biophysik offenerSysteme. Naturwissenschaftliche Rundschau,

    Stuttgart, 18:467-469.---- - 1973 - Teoria geral dos sistemas;traduo de Francisco M. Guimares. Petrpolis, Vozes.BIROT, P. - 1960 - Le cycle d'rosion sous lesdiffrents climats. Rio de Janeiro. 137p. (Brasil. Universidade. Faculdade Nacional de Filosofia. Centro de Pesquisas de Geografia doBrasil. Curso de altos estudos geogrficos, 1).BUBNOFF, S. von - 1954 - Grundproblemeder Geologie. Berlin, Akademie Verlag.BUDEL, J. - 1948 - Das System der klimatischen Morphologie. Deutscher Geographentag, Mnchen, 27(4):65-100.---- - 1957 - Die Doppelten Einebnungsflaechen in den feuchten Troppen. Zeitschrift fr Geomorphologie N.F., Berlin, 1(2):201228.---- - 1963 - Klima-genetische Geomollphologie. Geographische Rundschau, Braunschweig, 15(7):269-285.---- - 1969 - Das System der klima-geenetischen Geomorphologie. Erdkunde,Bonn, 23(3):165-183.BUDEL, J. - 1971 - Das naturliche system derGeomorphologie. .. Wurzburg, 1m Selbstverlag des Geographis'chen Instituts der Univer

    sitat Wurzburg in Verbindung mit der Geographischen Gesellschaft Wurzburg. 152p.(Wurzburg geographische Arbeiten, 34)BULLA, B. - 1956 - Gedanken ueberdie Na

    tur, die Grundeigenschaften und die Gesetzeder Reliefentwinklung In: CONGRf:S INTERNATIONAL DE G~OGRAPHIE, 18.,Rio de Janeiro. Comptes Rendus... Rio deJaneiro, Conselho Nacional de Geografia, p.166-174.

    BURTON, I. - 1963 - The quantitative rev~lution and theoretical geography. The CanadlanGeographer, Ottawa, 7:151-162.BUSCHE, D. & HAGEDORN, H. - 1980 Landform development in warm deserts thecentral Sahara Exemple. Zeitschrift fr Geomorphologie N. F., Berlin. p. 123-139. Supplementband, 36.CARSON, M. A. & KIRBY, M. J. - 1972 HilIslope: form and processo London, Cambridge University Press.CHORLEY, R. J. - 1962 - Geomorphology andgeneral systems theory. Washington, D.C. 10p. (Geological Survey professional paper,500-B).---- et alii - 1964 - The history of thestudy of landforms. .. or the development ofgeomorphology. London, Methuen. v. 1.CHORLEY, R.J. - 1972 - Spatial analysis in

    geomorphology. London, Methuen.____ & HAGGETT, P. - 1974 - Modelosintegrados em geografia; trad. Amaldo Vi-

    riato de Medeiros. Rio de Janeiro, LivrosTcnicos e Cientficos Editora, So Paulo,EDUSP. 221p. (Modelos em geografia).---- - 1975 - Modelos fsicos e de in

    formao em geografia; trad. Amaldo Viriatode Medeiros. So Paulo, EDUSP, Rio de Janeiro, Livros Tcnicos e Cientficos Editora.260p. (Modelos em geografia).COTTON, C.A. - 1942 - Climatic accidents inlandscape-making; a sequeI to "Landscape asdeveloped by the processes of normal ero.sion", London, Whitcombe & Tombs. 354p.CRICKMA Y; C.H. - 1959 - A preliminary inquiry into the formulation and applicabilityof the geological principIe of uniformity.Calgary, Evelyn de MilIe Books. 53p.---- - 1960 - Lateral activity in a riverof northwestern Canada. Journal of Geology,Chicago, 111., 68(4):377-391.DA VIS, W.M. - 1899 - The Geographical Cyele Joumal, London, 14(5):481-504.DAVIES, W.K.D. - 1966 - Theory, science and,geography. Tijdschrift voor Economische enSociale Geographie, Rotterdam, 57(4): 125-130,Jul./ Aug.DEMEK, J. - 1976 - Handbuch der geomorphologischen Detailkartierung. Viena, Ferdinand Hirt.ECKERT, M. et alii - 1927 - Dsseldorfer geo

    graphischer Vortraege und Eroerterungen.Breslau, Ferdinand Hirt.ENGELN, O.D. von - 1940 - Symposium:Walther Penck's contribution of American

    logy. Annals of the Association of AmericanGeographers, Washington, D.C., 30(4):219-284.---- - 1942 - Geomorphology: systematic and regional. New York, The Macmillan.655p.ENZMANN, R.D. - 1968 - Geomorphology:expanded theory. In: FAIRBRIDGE, R.W.The Encyelopedia of geomorphology. New

    York, Reinhold. pA04-41O. (Encyelopedia ofearth sciences series, vol. 3).GERASSIMOV, I.P. - 1946 - Essai d'interprtation geomorphologique du schme gnralde Ia structure geologique de l'URSS. Moscou. (Problemes de Geographie Physique,v.12).---- & MESCHERIKOV, J.A. - 1968Morphostructure. In: FAIRBRlDGE, R.W.The Encyelopedia of geomorphology. NewYork, Reinhold. p.731-732. (Encyelopedia 01earth sciences, vol. 3).GRAF, W. et alii - 1980 - Geographic Geomor

    phology in the eighties. The Professional Geographer, Washington, D.C., 32(3): 279-284.GREGORY, K.J. & WALLING, D.E. - 1973Drainage basin: form and processes. .. London, Edward Arnold.

    21

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    18/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(1/2):5-23, jan./dez. 1983GNTHER, S. - 1934 - Geografia fsica; trad.Lyon Davidovich. Rio de Janeiro, Atlntica.HAASE, G. - 1964 - LandschaftsokologischeDetailuntersuchung und naturraumliche Gliederung. Petermanns Geographische Mitteilun

    gen, Gotha, 108(1-2):8-30.----- - 1967 - Zur Methodik grossmasstabiger landschaftsoekologischer und naturraeumilicher Erdkundung. Wiss. Abj. derGeogr. Gesellschaft der DDR, 5:35-128.- 1973 - Zur Ausgliederung vonRaumheiten der chorischen und regionischenDimension. Petermanns Geographische Mitteilungen, Gotha, 117:81-90.

    HACK, J.T. - 1960 - Interpretation of erosional topography in humid/temperate regions.American Journal of Science, New Haven,Conn., 258-A:80-97. (Bradley volume).HAGEDORN, H. & THOMAS, M. - 1980 Perspectives in geomorphologi. Zeitschriftfur Geomorphologie N.F., Berlin: Supplementband, 36.HETTNER, A. - 1921 ...,...Die Oberflaechenformen des Festlandes. Leipzig, B.G. Teubner.---- - 1927 - Die Geographie. Ihre Geschichte, ihr Wesen und ihre Methoden.Breslau, Ferdnand Hirt.HORTON, R.E. - 1945 - Erosional development of streams and their drainage basins:hydrophysical approach to quantitative morphology. Bulletin of the Geological Society of

    America, Washington, D.C., 56(1):275-370.KING, L.C. - 1953 - Canons of landscapeevolution. Bulletin of the Geological Societyof America. Washington, D.C., 64(7):721-732.----- 1956 - A geomorfologia do Brasilorienta!. Revista Brasileira de Geografia, Riode Janeiro, 18(2):147-265.---- - 1967 - Morphology of the earth.Edinburgh, Oliver.KITTS, D. - 1970 - Teoria de Ia geologia. In:ALBRITTON, C.C. Filosofia de Ia geologia.Mxico, Continental.KLINK, H.I. - 1966 - Naturraumliche Glied

    erung des Ith-Hils-Berglandes: Art und Anordnung der Physiotope un Okotope. BadGodesberg, Bundesanstalt fr Landeskunde~und Raumforschung. 257p. (Forschungen zurdeutschen Landeskunde, v. 159).---- - 1972 - Geooekologie und naturraumliche Gliederung. Grundlagen der Umweltforschung. Geographische Rundschau,Braunschweig,24(1):7-19.KLIMASZEWSKI, M. - 1963 - Problems ofgeomorphological mapping. Varsvia, Academia Polonesa de Cincias. (Estudo geogrfico, 46).KUGLER, H. - 1975 - Grundlagen und Regelnder kartographischen Formulierung geographischer Aussagen in ihrer Anwendung aufgeomorphologische Karten. Petermanns Gographische Mitteilungen, Gotha, 119(2): 145159.22

    KUGLER, H. - 1976a - Kartographish.semiotische Prinzipien und ihre Anwendung auggeomorphologische Karten. Petermanns Geographische Mitteilungen, Gotha, 120(1):65-78.---- - 1976b - Zur Aufgabe der geo

    morphologischen Forschung und Kartierungin der DDR. Petermanns Geographische Mitteilungen, Gotha, 120(2):154-160.KUHN, T.S. - 1970 - The structure of scientific revolutions. In: lNTERNATIONALENCYCLOPEDIA OF UNITED STATES.2.ed. Chicago, III., The University of ChicagoPress. v. 2 n. 2.LEIGHLY, J. - 1940 - Comments in: WaltherPenck's contribution to geomorphology symposium (1939). Annals of the Association ofAmerican Geographers, Washington, D.C.30(4):223-227.LEUZlNGER, V.R. - 1948 - Controvrsiasgeomorfolgicas. Rio de Janeiro, Jornal doComrcio.LESER, H. - 1971 - LandschafsoekologischeGrundlagenforchung in Trockengebieten.Dargestellt an Beispielen aus der Kalahariund ihren Randlandschaften. Erdkunde,Bonn., 25(3):209223.

    - 1973 - Zum Konzept einer Angewandten Physischen. Geographie. Geographische Zeitschrift, Leipzig, 61(1):3646.LOUIS, H. - 1957 - Rumpflaechenproblem,Erosionszyklus und Klimamorphologie. In:Geomorphologische Studien, MachatschekEestschrift, p.9-26.

    - 1961 - Ueber Weiterentwiklungenin den Grundvorstellungen der Geomorphologie. Zeitschrift fr Geomorphologie, N.F.,Berlin, 5(3): 194210.- 1968 - Allgemeine Geomorphologie. 2nd. ed. Berlin, Walter de Gruyter. 355p.

    MACHATSCHEK, F. - 1955 - Das Relief derErde; Versuch einer regionalen Morphologieder Erdoberflache. Berlin, Gebrder Bomtraeger. 2v.MARTENS, R. - 1968 - Quantitative Untersuchungen zur Gestalt, zum Gefge undHaushalt der Naturlandschaft (lmoleser Su,bapennin). Hamburg, 1m Selbstverlag desInstituts fur Geographie und Wirtschaftsgeographie der Universitat Hamburg. 251p.(Hamburger geographische Studien, n.O 21)MARTONNE, L.E.E. de - 1950 - Trait degeographie physique. 9.ed. Paris, Armand Colin. 2v.MESCERJAKOV, J.P. - 1968 - Les conceptsde morphostructure et de morphosculture: unnouvel instrument de l'analyse geomorphologique. Annales de Geographie, Paris, 77(423):538-552.MIKESELL, M.W. - 1969 - The borderlandsof geography as a social science. In: SHERIF,M. & SHERIF, C.W. Interdisciplinary relationships in the social sciences. Chicago, AIdine.

  • 8/3/2019 ABREU_Teoria_Geomorfologica

    19/19

    Rev. IG, So Paulo, 4(112):5-23, jan./dez. 1983MONTEIRO, C.A.F. - 1980 - A geografia noBrasil (1934-1977): avaliao e tendncias.So Paulo, Universidade, Instituto de Geografia. 155p.MORTENSEN, H. - 1943/1944 - Sechzig Jahremoderne geographische Morphologie. Goettingen, Abhandlungen der Akademie derWissenschaften.MOSLEY, M.P. & ZIMPFER, G.L. - 1976 Explanation in geomorphology. Zetschrft furGeomorphologie, N.F., Berlin, 20(4):381-390.MURAWSKI, H. - 1977 - Geologisches Wrterbuch, Stuttgart, Ferdinand Enke Verlag.NEEF, E. - 1967 - Die theoretschen Grundlagen der Landschaftslehre. Leipzig, Gotha.---- - 1970 - Zu einigen Fragen dervergleichenden Landschaftsoekologie. Geographische Zetschrift, Leipzg, 58(3): 161175.NEUMEISTER, H. - 1977 - Theoretische Fragen zur Landschaftsgenese. GeographischeBerchte, Berlin, 22(1,82) :2032.PASSARGE, S. - 1912 - Physiologische Morphologie. Hamburg, Friedercksen. 205p.---- - 1919/1921 - Die Grundlagen derLandschaftskunde. Hamburg, L. Friederchsen. 2v.----- -- 1922 - Die Landschaftsguertel derErde. Breslau, Ferdnand Hirt.---- - 1931 Geomorfologia; trad. espanhol J. Gmez de Llarena. Barcelona, Labor.PATTINSON, W.D. - 1964 - The four traditions of Geography. The Journal of Geography, Chicago, m., 63(5):211-216.PENCK, A. - 1894 - Morphologie der Erdoberflache. Stuttgart, Engelhorn. 2v ..PENCK, W. - 1924 - Die Morphologische Analyse ... Stuttgart, J. Engelhorn's Nachf. 283p.---- - 1953 - Morphological analysis ofland forms: a contribution to physical geology; trad. de Hella Czech. e Catherine C.Boswell. London, Macmillan. 429p.QUELLE, O. - 1953 - 125 Jahre der Gesellschaft fur Erdkunde zu Berlin. Berln, Selbst

    verlag der Gesellschaft fur Erdkunde zu Berlin. 35p.REYNAUD, A. - 1971 - pistemologie de Iagomorphologie. Pars, Masson. 125p.RICHTER, H. - 1968 - Betrag zum Modelldes Geokomplexes. In: BARTHEL, H. Landschaftsforchung: Beitrage zur Theore undAnwendung. Leipzig.RICHTHOFEN, F.F. von - 1886 - Fhrer frForschungsreisende ... Berlin, Robert Oppenheim. p.294-315.SCHAEFFER, F.K. - 1953 - Excepconalismin Geography: a methodological examination.Annals of the Associaton of Amercan Geographers, Washington, D.C., 4.3(3):226-249.

    SCHEIDEGGER, A.E. - 1961 - Theoreticalgeomorphology. Berlin, Sprnger Verlag.327p.SCHUMM, S.A. & LICHTY, R'w. - 1965 Time, space and causality in geomorphology.Amercan Journal of Scence, New Haven,Conn., 263(2): 110119.SHREVE, R.L. - 1975 - The probalistc-topologic approach to drainage-basin geomorphology. Geology, Boulder, Co., 3(9):527-529.STRAHLER, A.N. - 1950 - Equlbrium theoryof erosional slopes approached by frequencydistributon analysis. American Journal ofScence, New Haven, Conn., 248(8-9):673-696,800-814.---- - 1952 - Dynamic basis of geomorphology. Bulletin Geological Socety of Ame

    rica, Washington, D.C. 63(9):923-938.---- - 1954 -'- Statistical analysis in geomorphic research. Journal of Geology, Chicago, Ill., 62(1):1-21.STRATI-SAUER, G. - 1968 - Geomorphologie:Das Fischer Lexikon-Geographie. Frankfurtam Main, Fischer Buechere.TATHAM, G. - 1951 - Geography in the nineteenth century. In: TAYLOR, Griffth Geography in the twen.tieth century. London,Methuen. p.28-69.THORNES, J.B. & BRUNDSDEN, D. - 1977 Geomorphology & time. New York, Wiley.

    208p.TRICART, J. - 1965 - Prncipes et mthodesde Ia geomorphologie. Paris, Masson. 49tip.TROLL, C. - 1932 - Die Landschaftsguertelder tropischen Anden. In: Inhandl. 24Dt.Geographentag zu Danzig. p.263-270.---- - 1939 - Luftbldplan und oekologische Bodenforschung. Zeitschrift der Gesellschaft fr Erdkunde zu Berlin. p.241-298.---- - 1959 - Die tropischen Gebirge:Ihre dreidimensionale klimatische und pflanzengeographische Zonierung. Bonn, Ferdinand Duemmlers Verlag.

    - 1966 - Landschaftsoekologie aIsgeographisch-synotische Naturbetrachtung. In:Oekologische Landschaftsforschung und vergleichende Hochgebirgsforschung; Erdkundliches, Wissen lI, Wiesbaden. p.l13.VOGT, H.H. - 1971 - Kosmos Taschenlexikon;Wissenschaft von A bis Z: Nat~wissenschaften und Medizin. Stuttgart, Franck'sche Ver.lags handlung.WILHELMY, H. - 1974 - Klimageomorphologie in Stichworten. Kiel.---- - 1975 - Die klimageomorphologischen Zonen und Hoehenstufen der Erde.Zeitschrift fr Geomorphologie, N.F., Berlin,19(4):353-376.