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A A P P O O S S T T I I L L A A I I n n t t r r o o d d u u ç ç ã ã o o B B í í b b l l i i c c a a P P a a s s t t o o r r G G i i l l b b e e r r t t o o S S u u z z a a n n o o d d e e M M a a t t t t o o s s 2 2 0 0 1 1 1 1

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“Preparando líderes para um ministério saudável”

IGREJA BATISTA CEHAB

Lugar de pessoas vivendo a vida em família

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Pastor Gilberto Suzano de Mattos

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“Preparando líderes para um ministério saudável”

IGREJA BATISTA CEHAB

Lugar de pessoas vivendo a vida em família

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Pastor Gilberto Suzano de Mattos

Índice

INTRODUÇÃO 1. BÍBLIA – As Sagradas Escrituras.......................................................................................04 2. Origem e significado da palavra CÂNON...........................................................................11 3. Os Evangelhos......................................................................................................................19 4. BÍBLIA – A Palavra de Deus para hoje...............................................................................24 CONCLUSÃO

“Preparando líderes para um ministério saudável”

IGREJA BATISTA CEHAB

Lugar de pessoas vivendo a vida em família

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Pastor Gilberto Suzano de Mattos

INTRODUÇÃO “Seca-se a erva e caem as flores,

mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.”.

(Isaías 40:8)

conhecimento leigo da Bíblia Sagrada pressupõe uma leitura devocional e puramente espiritual da

Palavra de Deus. Essa leitura é importante na medida em que serve como ajuda e suporte para o cristão em momentos difíceis, bem como para aprofundamento de sua comunhão com o Senhor.

Entretanto o estudante da Palavra de Deus deve prosseguir em outros níveis de leitura e estudo da Bíblia, conhecendo e compreendendo os ambientes físico, cultural, histórico e religioso nos quais o texto sagrado foi produzido.

A matéria Introdução Bíblica é a porta de acesso a esse nível de leitura bíblica. Como matéria introdutória, prepara o estudante para o aprofundamento dos temas que aborda em matérias especificas tais como Antigo Testamento, e Novo Testamento, Hermenêutica Bíblica, entre outras. Como porta de entrada para o início dos estudos bíblicos mais profundos, a disciplina requer do estudante um espírito aberto aos novos conhecimentos e novas possibilidades talvez nunca dantes imaginadas.

Cada capítulo estudado suscita no estudante o desejo de conhecer tudo num curto espaço de tempo, o que é difícil e improdutivo, tornando-se muitas vezes uma barreira ao próprio desenvolvimento do estudo. É bom ficar bem entendido aqui que a disciplina tem por objetivo fornecer uma visão panorâmica da Bíblia.

O caminho para o cumprimento da disciplina é, sem dúvida, uma postura de quem busca conhecimento e a compreensão, que não se conforma à intolerância do fundamentalismo ou, por outro lado, ao desprezo da ortodoxia.

É como se fosse requerido um esvaziamento das idéias pré-concebidas, principalmente para os que alimentam um falso pensamento de que tudo sabe. Agora o aluno se defrontará com questões relativas aos processos que culminaram na formação da Bíblia, chegando ao limiar das ações de Deus e dos homens, principalmente nos capítulos destinados a Canonização, Autoria e Inspiração da Bíblia.

Resumindo, estudar Introdução Bíblica é estudar sobre a Bíblia, ou melhor, sobre o texto da Bíblia, ficando o texto propriamente dito para o estudo aprofundado das matérias bíblicas específicas isso não significa, entretanto que o texto bíblico não será abordado, mas a ênfase principal está nos processos que resultaram no texto.

Bom estudo a todos e caminhemos juntos por mais uma etapa em nossa escola de líderes, sempre crescendo na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Pastor Gilberto Suzano de Mattos

O

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Pastor Gilberto Suzano de Mattos

1. BÍBLIA – AS SAGRADAS ESCRITURAS. A bíblia é o livro mais antigo de que se tem conhecimento. Sua história e sua natureza tem intrigado a

muitos. Principalmente pelo seu reflexo na história do mundo em si.

A bíblia é o único livro que tem um relato histórico da origem do mundo, um desenrolar histórico de um povo

que acompanha o desenrolar da história em geral, e sua mensagem profética aponta para um futuro onde toda a

história terá um desfecho moral e acima de tudo espiritual.

Diante disso, nos dedicaremos a conhecermos um pouco mais sobre como esse livro foi formado, sua

origem, significado, entre outras considerações que surgirão no decorrer do estudo.

1.1 – DEFININDO O TERMO “BÍBLIA”, ORIGEM E SIGNIFICADO.

O termo Bíblia vem do grego ”biblos”, que significa “livros” ou “coleção de livros”. Vertida para o latim, a

palavra “biblos” tornou-se substantivo feminino singular: bíblia. Assim também usamos em português.

Foi João Crisóstomo, o quarto século de nossa era, o primeiro a aplicar o termo bíblia às escrituras

sagradas. A partir daí toda a cristandade, gradativamente, passou a designar os livros sagrados como Bíblia.

É um livro, dada a sua harmonia entre todos os livros que fazem parte da coleção, tal é a unidade, dando a

idéia de todos os livros serem um só Autor.

Os nomes mais comuns do livro “sagrado”:

Escritura ou Escritura Sagrada – Mateus 21:42, Romanos 1:2

Livro do Senhor – Isaías 34:16

A Palavra de Deus – Marcos 7:13 e Hebreus 4:12

Oráculos de Deus – Romanos 3:2

A Bíblia é a revelação de Deus para o homem através do testemunho de fé de um povo que se relacionou

com Ele.

CONSTITUIÇÃO - A Bíblia tem duas grandes divisões, Antigo e Novo Testamento. A palavra testamento é a

mesma que pacto, acordo, contrato.

A Bíblia é um Livro constituído de uma coleção de 66 livros, sendo 39 no Antigo Testamento (VT) e 27 no

Novo Testamento (NT), escritos por cerca de 40 homens inspirados pelo Espírito Santo, durante um período

aproximado de 1600 anos. É o livro mais lido no mundo. Foi publicado em mais de 160 idiomas. É o Livro dos

livros.

Interessante é notar que esses homens exerceram as mais diferentes funções em suas vidas: Amós foi

_________ de gado; Davi era rei; Lucas era _________; Paulo além de intelectual, tinha o ofício de fabricante de

tendas; Pedro e João eram pescadores.

Nota:

- O Antigo Testamento foi escrito pela comunidade judaica, e por ela preservado um milênio ou mais antes

da era de Jesus.

- O Novo foi composto pelos discípulos de Cristo.

1.2 - MATERIAL EM QUE A BÍBLIA FOI ORIGINALMENTE ESCRITA E SEUS FORMATOS.

Os principais foram dois: papiro e pergaminho:

PAPIRO – era extraído de uma planta aquática desse mesmo nome. Seu uso na escritura vem de

3000 A.C., no Egito. Menções dele na Bíblia: Jó 8:11, Ex. 2:3; Isaías 18:2.

PERGAMINHO – é a pele de animais curtida e preparada para a escrita. É material superior ao

papiro. É mencionado na Bíblia em II Timóteo 4:13.

Foram dois também os formatos primitivos da Bíblia:

ROLO – O rolo era um rolo de fato, preso a dois pedaços de madeira para facilitar o manuseio.

Cada livro da Bíblia era um rolo em separado

CÓDICE – É uma obra no formato de livro de grandes proporções, suas folhas tinham em média

65 cm de comprimento por 55 cm de largura, feito de pergaminho.

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1.3 - LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA.

Os livros do Antigo Testamento foram escritos, originalmente, em __________________. Alguns textos

foram escritos na língua aramaica no período de exílio do povo judeu na Babilônia. (Ester 4:7-6:18; Dan. 2:4 -7:28)

A língua hebraica antiga não possuía vogais. Foi somente após o século VII d.C que sábios judeus

chamados de “massoretas” fixaram o sentido do texto, acrescentando as vogais em forma de pequenos pontos em

cima e embaixo das consoantes.

A segunda parte da Bíblia, o Novo Testamento, foi escrito em ____________. No tempo de Jesus e dos

apóstolos essa era a língua mais falada no Império Romano. Na palestina falava-se ainda o aramaico.

1.4 - OS AUTÓGRAFOS DA BÍBLIA.

Não possuímos manuscritos originas da Bíblia, chamados também de autógrafos. A razão disso é que os

materiais de escrita antigos eram muito frágeis. Foi daí que surgiram os escribas e os copistas, que eram

responsáveis por copiar os manuscritos quando estes se encontravam em estado de degradação. Depois de

copiar o manuscrito o anterior era queimado para evitar que, com a deterioração, fosse posteriormente lido de

forma equivocada. O copista acreditava que seria punido severamente por Deus caso adulterasse um ponto

sequer na Sua Palavra Sagrada.

1.5 - OS PRINCIPAIS MANUSCRITOS CONSERVADOS.

Muitos manuscritos da Bíblia são conservados em bibliotecas ou museus importantes até hoje. Os principais

manuscritos conservados são os que se seguem:

CÓDICE ALEXANDRINO – Este manuscrito data do século quarto e pertence ao Museu Britânico,

em Londres. É possível que ele possuísse todos os livros tanto do Antigo quanto do Novo Testamento,

mas parte dele se estragou.

CÓDICE SINAÍTICO – Este manuscrito foi encontrado por um professor alemão de nome L.F.C

Von Tischendorf, quando viajava pelo Oriente Médio. Num cesto de papéis usados, cujo destino seria o

fogo, ele encontrou várias folhas de pergaminho escritas em grego. Retornando ao mesmo local, isto é, o

Mosteiro de Santa Catarina no Monte Sinai, em 1859, um dos serventes mostrou-lhe outros materiais, a

saber, uma cópia da tradução grega do Antigo Testamento ( A Septuaginta). Com diplomacia, Tischendorf

convenceu os monges a enviarem o manuscrito ao Alexandre II, protetor da Igreja Ortodoxa grega. O

Códice Sinaítico, desde 1859, se encontra na Biblioteca Imperial de Leningrado (São Petersburgo).

CÓDICE VATICANO – Este manuscrito pode ser o mais antigo dos três. Contém quase toda a

Bíblia e se encontra na biblioteca do Vaticano. Pode ter sido escrito em Alexandria, no Egito, por volta de

350d.C.

1.6 - AS LÍNGUAS DA BÍBLIA.

1) Originariamente a Bíblia fora escrita em três línguas, a saber: hebraica, aramaica e grega.

A língua do Antigo Testamento

Com poucas exceções, o Antigo Testamento foi escrito na língua hebraica. Esta era a língua do povo de

Israel e é chamada “a língua judaica” (II R. 18.26). Esta língua continuou a ser falada escrita pelos hebreus até o

cativeiro, quando adotaram a aramaica ou siríaca, a qual é um dialeto da hebraica.

As passagens do Antigo Testamento que não são escritas em hebraico são as seguintes: Esdras 4.8 a 6.18

e 7.12-26, Jeremias 10.11 e Daniel 2.4 a 7.28.

A língua do Novo Testamento

Os livros do Novo Testamento foram escritos originalmente na língua grega conhecida como helênica,

porque os gregos eram chamados helenos ou povo de Helas.

2) A importância das línguas escritas:

Quando Deus resolveu escolher um meio de transmitir sua verdade aos homens, vários meios podiam ser

usados (Hb. 1.1). Deus usou:

• Anjos: Gn. 18,19; Ap. 22.8-21

• O lançar sorte, também foi usado, a fim de procurar saber a vontade de Deus: Ex.28.30; Pv. 16.33;

• Voz da consciência Rm. 2.15;

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• Voz da criação: Sl. 19.1-6;

• Vozes audíveis: I Sm. 3;

• Milagres diretos: Jz. 6.36-40;

3) A língua escrita em geral.

Apesar de serem meios bons, no entanto, havia um “caminho mais excelente, mediante o qual o Senhor se

comunicaria com os seres humanos de todas as eras por meio dos profetas. Deus decidiu fazer que sua

mensagem se tornasse algo permanente e se imortalizasse por meio de um registro escrito entregue aos

homens”.

Nota-se as varias formas e instrumentos de escrita empregados no registro da revelação de Deus ao longo

da história.

Alguns exemplos: Ex. 17.14 “Depois o SENHOR disse a Moisés: "Escreva isto num rolo, como memorial, e

declare a Josué que farei que os amalequitas sejam esquecidos para sempre debaixo do céu". O texto não

especifica que tipo de livro era esse.

Já Êxodo 24.12 menciona outro tipo de instrução divina a Moisés: “Disse o SENHOR a Moisés: "Suba o

monte, venha até mim, e fique aqui; e lhe darei as tábuas de pedra com a lei e os mandamentos que escrevi para

a instrução do povo". Nesta passagem, as tábuas de pedra aparecem como os primeiros recursos didáticos no

ensino da lei ao povo. Outro texto bíblico: Dt. 27,1-10 “1 Moisés, acompanhado das autoridades de Israel, ordenou

ao povo: "Obedeçam a toda esta lei que hoje lhes dou. 2 Quando vocês atravessarem o Jordão, e entrarem na

terra que o SENHOR, o seu Deus, lhes dá, levantem algumas pedras grandes e pintem-nas com cal. 3 Escrevam

nelas todas as palavras desta lei...”. Qual o recurso que foi usado conforme informação do texto?

R. Pedras grandes, especialmente preparadas e caiadas para receber a escrita.

4) Os registros escritos possuem:

a) Precisão: uma das vantagens é a precisão. A fim de usar de um meio melhor, pode-se

compreender por que Deus escolheu esse processo a fim de comunicar-nos sua verdade.

b) Permanência: constitui meio pelo qual se pode preservar o pensamento ou a expressão, sem que

os percamos por lapso da memória, por vacilação mental.

c) Objetividade: o escrito também tende a torná-la mais objetivo. E mais: a palavra escrita combate a

má interpretação e a má transmissão da mensagem.

d) Disseminação: na disseminação de sua revelação à humanidade, de modo especial às gerações

futuras, Deus escolheu um modo exato de transmitir sua Palavra.

5) Um pouco da história da escrita.

A escrita é o divisor de águas entre o mundo pré-histórico e o mundo histórico. Há cerca de 6000 anos tem

início a História (do ponto de vista disciplinar) com a produção da escrita que, no princípio, se constituía de

desenhos e formas estilizadas. No Egito, por volta de 3000 anos antes de Cristo surgiram os hieróglifos, pequenos

desenhos que transmitiam idéias. Pouco depois surgiu a escrita cuneiforme na Mesopotâmia.

Cuneiforme porque os sinais eram feitos com cunhas marcadas em tabuinhas de argila. Por volta de 1500

anos antes de Cristo surge o alfabeto, herança dos antigos fenícios: um símbolo para cada consoante (não

existiam vogais). Surge o alfabeto hebraico com 22 letras consoantes e, mais tarde, o alfabeto grego, com 24

consoantes e vogais.

Que materiais os antigos utilizavam para a produção da escrita? Como já foi sinalizado, na Mesopotâmia

eram utilizadas tabuinhas de argila, também conhecidas como “pedras” e no Egito era utilizado o papiro, o

resultado da sobreposição de tiras resinosas extraídas da medula da planta do mesmo nome, muito comum nas

margens do rio Nilo.

O pergaminho, cujo nome vem da cidade de Pérgamo (centro produtor de peles de animais), era mais

resistente por ser couro e vinha sendo utilizado desde o quinto século antes de Cristo. A maior parte dos

manuscritos do Mar Morto foi feita em pergaminhos.

Papiros e pergaminhos eram enrolados de tal forma a produzir o livro antigo, chamado de “rolo” (Zc.5:1 e

Ap.5:1”). Por isso, “abrir um livro” significava “desenrolar o rolo” (Lc.4:17). Alguns rolos eram escritos por dentro e

por fora e, quando a escrita ficava fraca por causa do tempo do manuscrito, os escribas tinham por costume,

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Esses livros não estão organizados por ordem cronológica dos acontecimentos, mas por estilo literário.

escrever por cima das letras, ou para reacendê-las, ou para escrever um outro manuscrito. Geralmente os rolos

eram guardados em vasos ou potes.

Já o papel era desconhecido dos escritores bíblicos, mas bastante utilizado pelos chineses desde 600 a.C.

O papel só chegou ao Ocidente (Europa) por volta de 750 d.C. Nesse tempo surge o predecessor do livro

moderno propriamente dito, ou seja, páginas formando o códex ou códice. Percebe-se assim que tudo era escrito

à mão; as primeiras palavras impressas surgiram no início do Séc.XVI. Eis aqui a complexidade do estudo da

transmissão do texto da Bíblia, produzido de mão em mão, suscetível a erros de copistas humanos e a acréscimos

pessoais. Como garantir a integridade do texto bíblico? A seguinte nota nos ajuda a compreender isso.

NOTA: a preservação da literatura bíblica antiga face às demais literaturas – Até o que se conhece e

até o que se tem descoberto, não possuímos os originais legítimos que saíram das mãos dos primeiros escritores

do Antigo e do Novo Testamento. Temos cópias das cópias das cópias... Entretanto, isso não deve causar

desânimo. A Crítica Textual tem mostrado que os copistas antigos tiveram enorme zelo na transmissão do texto da

Palavra de Deus. De acordo com Rudolf Thiel “nenhum livro da antigüidade foi transmitido com tanta limpidez,

com tanta certeza e precisão quanto a Bíblia”.

1.7 - AS DIVISÕES DA BÍBLIA: ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

A Bíblia é composta por dois testamentos: Antigo e Novo.

- O Antigo Testamento foi escrito pela comunidade judaica, e por ela preservado um milênio ou mais antes

da era de Jesus.

- O Novo foi composto pelos discípulos de Cristo.

A palavra Testamento significa: _________, ____________, _____________. Portanto, a Bíblia é um

contrato antigo, celebrado entre Deus e seu povo, os judeus, e o pacto novo, celebrado entre Deus e os cristãos.

“O Novo Testamento está no Antigo Testamento ocultado, e o Antigo, no Novo revelado”. Assim, Cristo se

esconde no Antigo Testamento e é desvendado no Novo.

Portanto, podemos concluir que ________________ é o assunto principal de toda a Bíblia.

Assim, a Bíblia é o conjunto de livros que nos falam da aliança que Deus fez com Israel, por intermédio de

Moisés, e que levou à plenitude em Jesus, o Cristo.

O Antigo Testamento é comum a judeus e cristãos. Há, no entanto, uma pequena diferença: enquanto

judeus e protestantes reconhecem como inspirados apenas os livros escritos na língua hebraica (que representam

um total de 39), católico e ortodoxos aceitam no seu cânon alguns livros a mais (escritos em grego), chamados

apócrifos (ou deuterocanônicos, a terminologia católica). Acerca disso enfocaremos com detalhe na unidade sobre

cânon e apócrifos bíblicos.

O Novo Testamento é reconhecido igualmente por todos os seguimentos do cristianismo: Católicos,

protestantes e ortodoxos. Assim sendo, a Bíblia hebraica contém apenas o Antigo Testamento, enquanto

protestantes e católicos aceitam toda a Bíblia, divergindo no tocante aos livros apócrifos.

Veremos abaixo a classificação clássica da Bíblia.

ANTIGO TESTAMENTO

..................................: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio

..................................: Josué, Juizes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester

................................: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos

.................................: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel

.................................: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu,

Zacarias, Malaquias

NOVO TESTAMENTO

...............................: Mateus, Marcos, Lucas, João

...............................: Atos

................................: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios,

Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II

Timóteo, Tito, Filemom

...............................: Hebreus, Tiago, I e II Pedro, I, II e III João, Judas.

...............................: Apocalipse de João

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1.8 – A MENSAGEM DA BÍBLIA A mensagem central da Bíblia é a mesma de Jesus quando disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida,

ninguém vem ao Pai, senão por mim” ( Jo. 14.6). Galileu Galilei disse: “A Bíblia não nos foi dada para sabermos como é o céu, mas como irmos para o céu”.

ORIGEM DA BÍBLIA

a) Hoje temos a Palavra Inspirada de Deus escrita, mas houve um tempo que não era assim. Em Êxodo 17.14 lemos que Deus disse a Moisés: “Escreve isto para memorial num Livro”. Daquele tempo

em diante os homens de Deus “falaram inspirados pelo Espírito Santo”: Davi era o “suave em salmos de Israel: “São estas as últimas palavras de Davi: Diz Davi, filho de Jessé, diz

o homem que foi exaltado, o ungido do Deus de Jacó, o suave salmista de Israel”. (II Sm. 23.1). Lucas escreveu o Evangelho que tem o seu nome. O Apocalipse foi escrito pelo apóstolo João servo de

Jesus Cristo. Quem foi Noé, Abraão e José? Homens santos de Deus, mas não lemos que foram homens inspirados para

escrever a Palavra de Deus. Deus falou a Adão, Caim, Noé, Abraão, Abimeleque, Isaque, Jacó e a muitos outros, mas Deus se revelou a estes oralmente.

b) O povo escolhido por Deus. Deus escolheu um povo para através deste se Revelar ao mundo. Começou com a família de Abraão, este

conhecido como o pai dos fiéis. Deus escolheu o povo judaico, separando-o para dele fazer repositório da sua Verdade e por ele entregar a

Bíblia ao mundo. O povo agora por permissão divina está escravo no Egito e no meio de grande sofrimento. Moisés é

preparado por Deus e recebe as palavras da Vida (At. 7.36-38 – “Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto por quarenta anos. Este é o Moisés que disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta como eu. Este é o que esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu palavras de vida para vo-las dar”).

“Deus fez dos homens Livros” antes de dar a palavra escrita. Adão através de 930 anos trouxe a história e, sem dúvida contou-a, assim como a sua queda, a Lameque, pai de Noé, de quem foi contemporâneo por 56 anos. Lameque por sua vez foi contemporâneo de Sem, filho de Noé, por mais de 90 anos. Noé sendo varão justo e reto em suas gerações (Gn. 6.9) foi usado por Deus para garantir a transmissão verbal da sua revelação.

Noé foi contemporâneo de sete gerações antediluvianas e de onze pós-diluvianas, assim vivendo 58 anos da vida curta do patriarca Abraão, e morreu 17 anos antes da saída dele para a terra prometida.

Jacó naturalmente recebeu muitas informações e experiências de Abraão (avô) como as próprias experiências de Abraão, a criação do mundo, trasladação de Enoque, Dilúvio, confusão das línguas, e agora com a mente cheia das verdades, narra tudo a Coate (neto), como: as próprias experiências de Jacó no vau de Jaboque e em Betel... Coate relatava as histórias a Anrão, este a Moisés, que agora tinha todas as informações humanas, necessárias para escrever o Livro de Gênesis, quando Deus lhe ordenou que as escrevesse.

A transmissão verbal da palavra de Deus começou desde o dia em que Deus falou a Adão (Gn.1.28 “Então

Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra” até o dia em que Ele ordenou a Moisés para escrevê-las. “Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memorial num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu”).

Adão transmitiu a Lameque, Lameque a Noé, Noé a Abraão, Abraão a Jacó, Jacó a Coate. Coate a Anrão e Anrão a Moisés. Sete homens trouxeram a revelação desde a criação até que a Bíblia começou a ser escrita.

DEUS DEU A SUA PALAVRA.

II Pd. 20-21 “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”.

1.9 - A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA O que há de especial na Bíblia é sua inspiração. Inspiração não poética, mas de autoridade divina. A Bíblia

é o único livro literalmente “Soprado por Deus”. O que a própria bíblia diz sobre sua inspiração? “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para

instruir em justiça”(II Tm. 3.16);. Já a descrição do Antigo Testamento nos diz: ”Há, porém, um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz entendido” (Jó 32.8);

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Então, a Bíblia é dotada de autoridade divina para o pensamento e para a vida do crente. Paulo, de forma semelhante escreveu: I Co. 2.13 “As quais também falamos, não com palavras ensinadas

pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais”.

Observemos a segunda grande passagem do Novo Testamento: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a

profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo” (II Pd. 1.20-21).

Ou seja, os profetas eram homens cujas mensagens não se originaram de seus próprios impulsos, mas

foram “sopradas pelo Espírito”. O que está escrito em Hebreus 1.1 nos ajuda a entendermos isso: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas”. Notemos: Deus falou pelos (por meio dos) profetas! Deus se revelou a estes por meio de anjos, visões, sonhos, vozes e milagres.

Qual a revelação que prevalece hoje? Qual a revelação final aos homens? Qual a revelação máxima de

Deus? Hebreus 1.2 responde-nos: “nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo”.

Em resumo podemos dizer: A Bíblia é suficiente como revelação de Deus a nós. Se a Bíblia não nos basta,

nada mais nos bastará.

DISTINÇÕES IMPORTANTES: INSPIRAÇÃO EM CONTRASTE COM REVELAÇÃO E ILUMINAÇÃO

Revelação Deus dá a conhecer ao escritor coisas desconhecidas e que, por si só, o homem não poderia conhecer.

Verdade que nos veio de Deus. É a atividade de Deus em que Ele e seus propósito se tornam conhecidos ao homem. Relacionam-se com a

verdade recebida. Palavras que representam a Revelação de Deus na Bíblia: “Deus disse, o Senhor falou, Deus ordenou, a

palavra de Deus veio, Deus tornou-se conhecido, o Senhor apareceu”. Inspiração O Espírito Santo age como um sopro sobre os escritores, capacitando-os a receber e transmitir a

mensagem divina sem mistura ou erro; É a atividade divina em que o Espírito Santo guia as mentes de homens selecionados e os tornam

instrumentos de Deus a fim de comunicarem a revelação. Podemos então dizer que a inspiração contém pelo menos três aspectos importantes:

1) Foi um MILAGRE. A inspiração foi a intervenção de Deus na História e nos escritores, capacitando-

os para uma tarefa específica, milagre esse que não se repetirá jamais, visto que a Revelação já

está pronta;

2) A inspiração não anulou também as CARACTERÍSTICAS PESSOAIS dos autores. Os

escritores não eram robôs. Deus permitiu que suas características aparecessem, sem contudo

comprometerem o conteúdo daquilo que estavam escrevendo.

3) A inspiração garante a INERRÂNCIA em toda a Escritura. “Toda a Escritura é divinamente

inspirada”, disse o apóstolo Paulo. Não somente uma ou outra parte. Deus teve o cuidado de que

em seu livro entrasse somente aquilo que Ele havia realmente revelado ao homem e que queria que

ficasse registrado.

A INSPIRAÇÃO ASSEGURA SUA INERRÂNCIA.

Nada do que a Bíblia ensina contém erro, visto que a inerrância é conseqüência lógica da inspiração divina: - “Deus não pode mentir” (Hb. 6.18); - “Sua Palavra é a verdade” (Jo. 17.17). Por isso, seja qual for o assunto sobre o qual a Bíblia diga alguma coisa, ela só dirá a verdade. - Mesmo não sendo um compêndio de Ciências, mas quando trata de assuntos científicos em seu ensino, o

faz sem cometer erro. - Mesmo não sendo um compêndio de História, mas, sempre que a história secular se cruza com a história

sagrada em suas páginas, a Bíblias faz referencia a ela sem cometer erro.

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Muitas tentativas já foram feitas para ridicularizar a Bíblia, mas os seus oponentes é que ficaram envergonhados. Uma das acusações mais usadas para tentar invalidar a Bíblia é que ela foi escrita por homens. Ora, mas é claro que foi! E se dissessem que ela foi escrita por um anjo, porventura alguém acreditaria? Acho que não. Mas a própria Bíblia diz realmente o que aconteceu. Ela foi escrita por homens que foram inspirados por Deus para que de maneira inequívoca transmitissem o que por Deus fora revelado aos homens.

DECLARAÇÃO BATISTA A RESPEITO DA INSPIRAÇÃO E DA AUTORIDADE DA BÍBLIA

1 A Bíblia é a palavra de Deus em linguagem humana. 2 É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens. 3 Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo. 4 Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes, e promover a gloria de Deus. 5 Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por

isso é um perfeito tesouro de instrução divina. 6 Revela o destino final do mundo e os critérios pelo qual Deus julgará todos os homens. 7 A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas as doutrinas e a conduta dos homens. 8 Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo.

1- Sl. 119.89; Hb. 1.1; Is. 40.8; Mt. 24.35; Lc. 24.44-45; Jo. 10.35; Rm. 3.2; I Pd. 1.25; II Pd. 1.21 2- Is. 40.8; Mt. 22.29; Hb. 1.1-2; Mt. 24.35; Lc. 24.44-45; 16.29; Rm. 16.25-26; I Pd. 1.25 3- Ex. 24.4; II Sm. 23.2; At. 3.21; II Pd. 1.21 4- Lc. 16.29; Rm. 1.16; II Tm. 3.16-17; I Pd. 2.2; Hb. 4.12; Ef. 6.17; Rm. 15.4 5- Sl. 19.7-9; 119.105; Pv. 30.5; Jo. 10.35; 17.17; Rm. 15.4; Tm. 3.15-17 6- Jo. 12.47-48; Rm. 2.12-13 7- II Cr. 24.19; Sl. 19.7-9; Is. 34.16; Mt. 5.17-18; Is. 8.20; At. 17.11; Gl. 6.16; Fp. 3.16; II Tm. 1.13 8- Lc. 24.44-45; Mt. 5.22, 28, 32, 34, 39; 17.5; 11.29-30; Jo. 5.39-40; Hb. 1.1-2; Jo. 1.1-2, 14

Iluminação Se dá no momento em que o servo de Deus de posse da revelação e da inspiração recebe a capacitação

do Espírito Santo para compreender as verdades bíblicas e então transmiti-las a humanidade; Somos iluminados com aquilo que já foi revelado e inspirado. No sentido original, não criamos mais nada,

apenas transmitimos de forma bem interpretada as verdades bíblicas. Poderíamos dizer que somos facilitadores, ou fazedores de pontes (sacerdotes) das verdades bíblicas.

1.10 - A DIVISÃO DA BÍBLIA EM CAPÍTULOS E VERSÍCULOS

Foi Estevão Langton, chanceler da Universidade de Paris, que teve a idéia de dividir a Bíblia em capítulos

numerados, em 1926.

A divisão em versículos foi feita muito tempo depois pelo editor parisiense Robert Stephanus. A Divisão

em versículos, feita em 1551, mesmo arbitrária, já se tornou comum e é muito prática para a leitura da Bíblia.

ANOTAÇÕES:

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2. ORIGEM E SIGNIFICADO DA PALAVRA CÂNON. O termo cânon vem da língua grega (Kanon) e seu uso mais antigo indicava “vara” ou “régua de medir”.

Com o tempo a palavra tomou o sentido de “norma”, “padrão”.

2.1 - CANONICIDADE - O que é?

- Canonicidade é o estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros que nos foram dados por inspiração de Deus;

- A palavra cânon deriva do grego kanon(cana, régua), que, por sua vez, se origina do hebraico kaneh, palavra do Antigo Testamento que significa “vara ou cana de medir”. ( Ez. 40.3). Em outras palavras poderíamos definir canonicidade como padrão ou norma.

CÂNON no sentido ativo: a Biblia é o cânon pelo qual tudo o mais deve ser julgado. CÂNON no sentido passivo: regra ou padrão pelo qual um escrito deveria ser julgado inspirado ou dotado

de autoridade.

TERMOS QUE NÃO DETERMINAM CANONICIDADE: A idade não determina a canonicidade Não podemos aceitar por duas razões: 1-livros velhíssimos, como o livro dos justos e o livros das guerras do Senhor(Js. 10.13 e Nm. 21.14)nunca

foram aceitos no cânon. 2-os livros canônicos foram introduzidos no cânon imediatamente, e não depois de haverem envelhecido.

A língua hebraica não determina a canonicidade. Verdade é, que nem todos os livros redigidos em hebraico foram aceitos como é o caso dos livros apócrifos

e de outros documentos antigos não-bíblicos (v. Js. 10.13). Há também seções de alguns livros aceitos no cânon sagrado que não foram escritas em

hebraico(Dn. 2.4b-7.28 e Ed. 4.8-6.18; 7.12-26 foram escritos em aramaico).

O valor religioso não determina a canonicidade. Essa teoria faz confusão. Não é o valor religioso que determina a canonicidade de um texto; é sua

canonicidade que determina seu valor religioso. De forma mais precisa, não é o valor de um livro que determina sua autoridade divina, mas a autoridade divina é que determina seu valor.

A CANONICIDADE É DETERMINADA PELA INSPIRAÇÃO.

Sua canonicidade está no fato da sua origem: a Bíblia veio de Deus – fonte de todo bem. Esta revelação de Deus a nós recebe o nome de inspiração.

A canonicidade é determinada por Deus e descoberta pelos homens de Deus. A própria Bíblia é o cânon que deve ser usado para determinar canonicidade ou não dos livros.

DETERMINANDO CANONICIDADE

São discerníveis cinco critérios básicos, presentes no processo como um todo ao denominamos de regras determinadoras da canonicidade;

1) O livro é autorizado-afirma vir da parte de Deus? 2) É profético – foi escrito por um servo de Deus? 3) É digno de confiança – fala a verdade acerca de Deus, do homem etc? 4) É dinâmico – possui o poder de Deus que transforma vidas? 5) É aceito pelo povo de Deus para o qual foi originariamente escrito – é reconhecido como proveniente de

Deus?

A autoridade de um livro: “assim diz o Senhor”. “O Senhor me disse”. “A palavra do Senhor veio a mim”, são marcas de autoridade presentes nos livros canônicos.

2.2 - A CANONICIDADE DO ANTIGO TESTAMENTO.

a) Livros aceitos por todos: HOMOLOGOUMENA: falar comum (livros aceitos por todos); De início foram

aceitos todos os 39 livros que temos hoje; b) Livros questionados por alguns: ANTILEGOMENA: falar contra (livros questionados por alguns); Quais os livros foram questionados?

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- Cântico dos Cânticos: A escola de Shamai considera esse cântico sensual O livro apresenta a pureza e a nobreza do casamento.

- Eclesiastes: alguns o chamaram de “O cântico do ceticismo”. Algumas expressões podem parecer ceticismo, como: “Vaidade das vaidades... tudo é vaidade!...nada há novo debaixo do sol... na muita sabedoria há muito enfado; o que aumenta conhecimento aumenta a tristeza(Ec. 1.2,9,18). Nesta acusação de ceticismo, está negligenciado o contexto das expressões e a conclusão geral do livro. O problema está na interpretação do texto e não na inspiração.

-Ester: O problema que viram neste livro para questioná-lo foi a ausência do nome de Deus no livro. Mas ao lermos o livro veremos a presença de Deus na preservação de seu povo. Vemos também o jejum religioso que Éster e as pessoas que acercavam fizeram, quando Éster mostrou grande fé. Outro fato foi o grande livramento que Deus trouxe ao povo, preservando o povo santo. (Et. 4.16; 9.26-28).

- Ezequiel: alguns estudiosos pensavam que este livro era antimosaico em seu ensino. Mas não se achou no livro contradições reais em relação à lei . Certamente o problema era questão de interpretação e não de inspiração.

- Provérbios: este livro foi visto como contraditório por causa do capítulo 26, onde há supostas contradições, quando o leitor é exortado a responder e ao mesmo tempo não responder ao tolo segundo sua tolice. (Pv. 26.4,5).

Mas a interpretação é que há momentos que devemos responder ao tolo. E há outros momentos em que não devemos respondê-lo. E assim não se achou nenhuma controvérsia em todo o livro.

c) Os livros rejeitados por todos: PSEUDEPÍGRAFOS: falsos escritos (os livros rejeitados por todos). Estes livros não são inspirados, no entanto, há verdades dentro desses livros, como podemos ver na

citação de Judas 14,15 e II Tm. 3.8. Alguns desses livros Pseudepígrafos são inofensivos, teologicamente, como por exemplo o Salmo 151, mas

outros contém erros históricos e claras heresias. Quais são os livros PSEUDEPÍGRAFOS?

Lendários Didáticos Poéticos Históricos

O livro do Jubileu Epístola de Aristéias

O livro de Adão e Eva O martírio

III Macabeus IV Macabeus Pirque Abote

A história de Aicar

Salmos de Salomão Salmo 151

Fragmentos de uma obra de Sadoque

d) Livros aceitos por alguns: APÓCRIFOS: espúrios, ocultos, difícil de entender. Estes livros são aceitos

como canônicos por católicos romanos e rejeitados por protestantes e judeus.

Resumo sobre alguns apócrifos/pseudepígrafos. Tobias – O livro de Tobias conta a estranha história do piedoso Tobit, pai de Tobias. O livro se ocupa,

praticamente, contando a história da viagem de Tobias á procura de um homem que precisa lhe dar um dinheiro. Nessa viagem, Tobias é acompanhado por um anjo que o livra de ser engolido por um enorme peixe, á margem do rio Tigre. Tobias arranca o fígado desse peixe, com o qual expulsa um demônio do quarto de sua esposa, na noite do casamento deles. Esse demônio havia matado sete outros esposos dessa jovem, na primeira noite de casamento. Tobias também retira do peixe um fel com o qual cura o seu pai de cegueira. Esse livro, além dessa fantasiosa e esquisita história, incorre em erros doutrinários graves, com os quais concordam a religião romana. O livro ensina, por exemplo que o esmolar trás perdão dos pecados e vida eterna (12.9).

Judite – Este livro relata a história da guerra da Assíria contra Israel. Depois que os judeus estavam

totalmente encurralados e indefesos, Judite, uma viúva, se disfarça de fugitiva e entrega-se ao marechal Assírio. A beleza de Judite impressiona aos Assírios e ela se aproveita da embriaguez daquele marechal para matá-lo e fugir, entrando vitoriosa em Jerusalém, carregando a cabeça do Assírio. Esse livro termina seu relato falando de uma festa em comemoração a essa vitória. No entanto, os judeus nunca a celebraram e nem sabem em que data esse fato se sucedeu.

I Macabeus – Particularmente, essa é a grande obra do período Interbíblico. I Macabeus centraliza-se na

da família do fiel Matatias, que começou a revolta contra os Gregos, matando alguns de seus oficiais. Depois da morte de Matatias, destaca-se o seu filho Judas Macabeu (o martelador). Esse livro dá informações preciosas sobre a história do período interbíblico, do ponto de vista judaico. Explica também a origem e sucessão dos hasmoneanos, dos quais Herodes, o Grande, é um descendente e que governaria toda a Judéia na época do nascimento de Jesus Cristo. Vale realmente ler esse livro para se descobrir um pouco sobre a história e sofrimento dos judeus, num período tão conturbado. Não se esqueça, no entanto, que esse livro não reivindica ser inspirado por Deus, e em momento algum foi reconhecido pelos judeus como tal.

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II Macabeus – Esse livro é menos interessante do que o anterior. Apresenta problemas sérios de unidade, história, doutrina e autoridade. Ele trata mais da religiosidade do que da história do período Interbíblico. O livro começa de forma estranha em seus dois primeiros capítulos, que não cooperam em nada com o restante do relato. Em relação à doutrina, esse livro se moda bem aos dogmas romanistas, pois 12.38-46 defende a oração pelos mortos. É portanto nesse texto que nasce a idéia do purgatório. De igual horror é o final desse livro. Em 15.38, o autor termina dizendo sobre sua narrativa: “se ela está felizmente concebida e ordenada, era este o meu desejo: se ela está imperfeita e medíocre, é que não pude fazer melhor”. Logo esse livro também não pode ser inspirado, pois não resiste a um pequeno exame de autoridade.

Sabedoria – Para alguns, como já dissemos, esse é o melhor livro entre os apócrifos. É considerado por

muitos como um dos melhores escritos do período interbíblico. Atribui-se a data de 180 a.C. para a escrita desse livro que é composto de 51 capítulos. É um livro que preocupa-se com a prática, mas mesmo com todas as suas qualidades, não alcançou lugar no cânon.

Baruc – É uma tentativa fraca de imitar o profeta Jeremias. Disputa-se ainda se este livro foi escrito antes

de Cristo ou pelo tempo da destruição de Jerusalém pelas tropas de Tito. Aumento no livro de Éster – O fato do livro de Éster não mencionar a palavra “Deus” nem uma só vez,

tem sido causa de questionamentos, curiosidades e discussões. Essa adição, que tentou resolver essa questão, não gozou de aceitação entre os judeus, e, portanto, foi corretamente desprezada.

Aumento no livro de Daniel – As histórias acrescidas ao livro de Daniel são fantasiosas. Diferem das

visões dadas por Deus aos seus servos. Os judeus perceberam essa interpolação no livro sacro e rejeitaram imediatamente essa tentativa. Entre essas histórias, encontramos a oração de Azarias e Ação de graças dos três rapazes na fornalha.

Quando a igreja católica romana declarou os livros apócrifos como canônicos? Em 1546 no Concílio de Trento, declarando o seguinte: “O sínodo... recebe e venera... todos os livros, tanto

do Antigo Testamento como do Novo [incluindo-se os apócrifos] – entendendo que um único Deus é o Autor de ambos os testamentos[...] como se houvessem sido ditados pela boca do próprio Cristo, ou pelo Espírito Santo[...] se alguém não receber tais livros como sagrados e canônicos, em todas as suas partes, da forma em que têm sido usados e lidos na Igreja Católica[...] seja anátema”.(Introdução Bíblica –Ed.Vida –pág. 93).

A canonicidade dos apócrifos pela igreja romana foi em resposta aos protestos de Lutero; Os livros apócrifos não são canônicos pelos seguintes motivos:

a) A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos; b) Não foram aceitos por nem por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento; c) A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canocidade; d) Nenhum concílio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV; e) Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos; f) Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros apócrifos;

Ao examinarmos os critérios elevados de canonicidade, observamos o seguinte:

a) Os apócrifos não reivindicam ser proféticos; b) Não detêm a marca de Deus; c) Contém erros históricos (v.Tobias 1.3-5 e 4.11) e graves heresias teológicas, como a oração pelos

mortos (II Macabeus 12.45[46];4); d) Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais, na maior

parte se trata de textos repetitivos; são textos que já se encontram nos livros canônicos; e) Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas; f) O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originariamente apresentados, recusou-os

terminantemente. 2.3 – A CANONICIDADE DO NOVO TESTAMENTO.

DIFERENÇA DA HISTÓRIA DO CÂNON DO ANTIGO EM VÁRIOS ASPECTOS:

Não havia comunidade profética fechada que recebesse os livros inspirados e os reunisse em determinado lugar. Faziam-se coleções aqui e ali, que se iam completando, logo no início da igreja. Não vemos também uma entidade que controlasse os escritos inspirados.

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Outra diferença: é que a partir do momento em que as discussões resultaram no reconhecimento dos 27 livros canônicos do Novo Testamento, não mais houve movimentos dentro do cristianismo no sentido de acrescentar ou eliminar livros.

ESFORÇOS PARA REUNIR EM COLEÇÃO OFICIALMENTE OS LIVROS:

a) Estímulo eclesiástico á lista dos canônicos: havia necessidades internas e externas que exigiam o reconhecimento dos livros canônicos. Havia necessidade que livros deveriam ser lidos nas igrejas. Do lado de fora da igreja estava a necessidade de saber que livros deveriam ser traduzidos para as línguas estrangeiras das pessoas convertidas.

b) Estímulo teológico Uma vez que toda a Escritura era proveitosa para a doutrina (II Tm. 3.16/17), tornou-se cada vez mais necessário definir os limites do legado doutrinário apostólico. Que livros deveriam ser usados? A pressão era grande, uma vez que se multiplicavam os livros heréticos que reivindicavam autoridade divina. A igreja se viu presa, de um lado por aqueles que queriam acrescentar livros à lista dos canônicos e por outro lado haviam aqueles que queriam eliminar outros livros.

c) Estímulo político As pressões sofridas pela igreja culminaram na pressão política que passou a influir na igreja primitiva. As perseguições de Diocleciano)\(c.302-305) que ordenou: “As Escrituras devem ser destruídas pelo fogo”, representaram um forte motivo para a igreja definir de vez a lista dos livros canônicos.

A COMPILAÇÃO E O RECONHECIMENTO PROGRESSIVOS DOS LIVROS CANÔNICOS:

Em vista de não existir uma lista oficial divulgada, o reconhecimento universal levou vários séculos para ocorrer.

Evidências neotestamentárias do cânon. A maior parte dos livros havia sido escrita para as igrejas locais. Havendo tão grande diversidade

geográfica de origens e destinatários, é compreensível que nem todas as igrejas haveriam de possuir, de imediato, cópias de todos os livros inspirados do Novo Testamento. Haviam outros fatores, como os problemas de comunicação e de transportes.

A seleção dos livros fidedignos. Haviam os escritos fantasiosos em circulação. Ao perceber relatos fantasiosos sobre a vida de Cristo,

Lucas, assumiu o compromisso de escrever seu evangelho: Lucas 1.1-4 registra as palavras de Lucas, por volta do ano 60 d.C.

Paulo adverte os tessalonicenses quanto às cartas falsas: II Ts. 2.1/2 O ap. João nos diz que Jesus fez muitos outros sinais “que não estão escritos neste livro” ( Jo. 20.30 e 21.

25). Quando os falsários perceberam a ausência de atos de Jesus que não foram registrados, surgiram muitas fantasias a respeito da vida de Cristo.

Em seu evangelho, João destruiu uma crendice que circulava na igreja do século I, que dizia que ele jamais morreria João 21:23,24. João também escreveu outra advertência: I João 4.1.

Palavras a respeito de Cristo oral ou escrita eram submetidas ao ensino apóstolico, dotado de autoridade, se tais obras não pudessem ser comprovadas pelas testemunhas oculares,(Lc.1.2; ª 1.21/22), eram rejeitadas.

A LEITURA DE LIVROS AUTORIZADOS.

Vejamos em o que Paulo havia ordenado aos tessalonicenses: I Ts. 5.27. vejamos também I Tm. 4.13 Paulo também escreveu algo aos Colossenses: Col. 4.16 Não há dúvidas de que as primeiras cópias das Escrituras surgiram dessa prática de fazer que circulassem.

Um exemplo final: Ap. 1.11. Pelo final do século I, todos os 27 livros do Novo Testamento haviam sido recebidos e reconhecidos pelas

igrejas cristas. O cânon estava completo, e todos os livros haviam sido reconhecidos pelos crentes de outros lugares.

O CÂNON NO NOVO TESTAMENTO DIANTE DAS MESMAS DIFICULDADES.

O Cânon do NT enfrentou as mesmas dificuldades que o Antigo Testamento. Vejamos: a) Os livros aceitos por todos: HOMOLOGOUMENA “falar como um”.

Tais livros foram chamados homologoumena, porque todos os pais da igreja se pronunciaram favoravelmente pela sua canonicidade. A partir do ano 95 d.C., os líderes ou bispos, começaram a ser chamados de “Pais da Igreja”, como uma forma carinhosa, por sua lealdade.

Clemente: Escritor de Alexandria, 155-220.

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Inácio: Bispo de Antioquia na Síria, I e II século. Policarpo: Bispo de Esmirna, 70-155. Justino, o Mártir: Apologista de Samaria, 100-165. Irineu: Polemista anti-gnóstico de Esmirna, 130-200. Tertuliano: Escritor e Apologista de Cartago, 160-230. Orígenes: Escritor e Teólogo de Alexandria, 185-254. Eusébio: Historiador da Igreja, 265-339. Jerônimo: Tradutor da Bíblia para o Latim, a Vulgata, 325-378. Crisóstomo: Expositor e Orador de Antioquia, 347-407. Agostinho: Filósofo e Teólogo de Hipona, Norte da África, 354-430.

b) Livros questionados por alguns: ANTILEGOMENA: falar contra (livros questionados por alguns); Em

geral, 20 dos 27 livros do NT são homologoumena (todos são a favor), mas Hebreus, Tiago, II Pedro, II e III João, Judas e Apocalipse foram questionados por alguns inicialmente, e por isso, ainda não haviam obtido reconhecimento universal por volta do século IV.

O problema básico a respeito da aceitação da maioria desses livros não era sua inspiração, ou falta de inspiração, mas a falta de comunicação entre o Oriente e o Ocidente a respeito de sua autoridade divina. Ou por causa de más interpretações que se fizeram desses livros. Vejamos alguns argumentos:

1) Hebreus: Visto que o autor não se identifica e não afirma ter sido um dos apóstolos (Hb. 2.3),

o livro permaneceu sob suspeita durante algum tempo, não por haver ensinos heréticos, mas por falta de comprovação de autoria.

2) Tiago: sua veracidade foi desafiada porque o autor da carta atribuída a Tiago não afirma ser apóstolo. O aparente conflito entre seu ensino e o de Paulo, sobre a justificação pela fé, representou um peso contra a carta de Tiago.

3) Segunda carta de Pedro: a hesitação em aceita-la como obra autentica do apóstolo Pedro deveu-se à dessemelhança de estilo literário com a primeira carta do apóstolo. As diferenças de estilo podem ser explicadas facilmente, por causa do emprego de um escriba em I Pedro, o que não ocorreu em II Pedro(v. I Pd. 5.12).

4) Primeira e segunda cartas de João: O escritor se identifica apenas como “o presbítero”; por causa dessa anonimidade e de sua circulação limitada, as cartas não gozaram de ampla aceitação ainda que fossem mais amplamente aceitas do que II Pedro.

5) Judas: a maioria da contestação centrava-se nas referencias ao livro pseudepigráfico de Enoque (Jd. 14,15) e numa possível referencia ao livro Assunção de Moisés (Jd.9). No entanto, Judas foi suficientemente reconhecido pelos primeiros pais da igreja. As citações pseudepigráficas têm uma explicação, a qual se valoriza muito pelo fato de tais citações não serem essencialmente diferentes das citações feitas por Paulo de poetas não-cristãos (v.At. 17.28: I Co.15.33; Tt. 1.12).

c) Os livros rejeitados por todos: PSEUDEPÍGRAFOS/APÓCRIFOS “falsos escritos”.

Nos séculos II e III livros espúrios e heréticos surgiram recebendo o nome de pseudepígrafos, sendo chamados por Eusébio de “totalmente absurdos e ímpios”.

Os livros pseudepígrafos revelavam muita fantasia religiosa. Evidenciavam fatos curiosos, como por exemplo, acerca da infância de Jesus. Por volta do século XIX, havia sido relacionadas cerca de 280 obras.

O número dos apócrifos/pseudepígrafos do Novo Testamento: - Epístola de Barnabé (c.70-79). Seu estilo é semelhante ao de Hebreus, mas seu conteúdo é mais

alegórico. O autor da carta é um leigo que não reivindica autoridade divina, e obviamente não é o Barnabé que se nomeia entre os apóstolos do Novo Testamento(At. 14.14).

- Epístola aos coríntios (c.96). a carta não reivindica inspiração divina. Nota-se o emprego um tanto fantasioso de declarações do AT, e o apócrifo Livro da sabedoria é citado como Escritura. O tom da carta é evangélico, mas seu espírito é indubitavelmente abaixo do espírito apostólico.

- O pastor, de Hermas (c.15-140). O pastor tem valor ético e devocional, mas nunca foi reconhecido pela igreja como canônico. A nota no Fragmento muratório sintetiza a classificação do pastor na igreja primitiva: “deve ser lido; todavia, não pode ser lido na igreja para o povo, nem como se estivesse entre os profetas, visto que o número destes já está completo, tampouco entre os apóstolos, até o fim dos tempos”.

- O didaquê, ou ensino dos doze apóstolos(c.100-120). O livro tem grande importância histórica, como elo entre os apóstolos e os pais primitivos, com suas muitas referencias aos evangelhos, às cartas de Paulo e até ao Apocalipse.

- Carta aos laudicenses (século IV?). “Essa carta é um punhado de frases paulinas costuradas entre si sem nenhum elemento conector definido, e sem objetivo claro”. Não apresenta peculiaridades doutrinárias, sendo

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tão inócua quanto pode ser uma obra falsificada. Ainda que o Concílio de Nicéia II (787) tenha advertido a igreja contra esse livro, chamando-o “carta forjada”, ele reaparece na época da Reforma, em língua alemã e também nas Bíblias inglesas. Apesar disso, jamais obteve reconhecimento canônico.

- Evangelho segundo os hebreus (65-100). Os primitivos pais da igreja provavelmente o usavam mais como fonte homilética, não tendo jamais obtido categoria de livro bíblico canônico.

- Epístola de Policarpo aos filipenses (c.l08). Policarpo não advogou inspiração divina para sua obra; disse que apenas ensinava as coisas que havia aprendido com os apóstolos. Embora a carta de Policarpo não seja canônica, é fonte valiosa de informações a respeito de outros livros do Novo Testamento que ele próprio cita como canônicos.

O conteúdo deles resume-se em ensinos heréticos, baseados em erros gnósticos, docéticos e ascéticos. Compreendendo estes nomes:

a) Gnósticos: se diziam conhecedores especiais dos mistérios divinos. Ensinavam que a matéria é má e negam a encarnação de Cristo;

b) Docetas: ensinavam a divindade de Cristo, mas negavam a sua humanidade Diziam que ele só tinha aparência de ser humano.

c) Monofisistas ascéticos: ensinavam que Cristo tinha uma única natureza, uma fusão do divino com o humano.

TODOS os livros originariamente reconhecidos como inspirados por Deus, que mais tarde sofreriam algum

questionamento, chegaram a gozar plena e definitiva aceitação por parte da igreja no mundo inteiro. Só os 27 livros do Novo Testamento são tidos e aceitos como genuinamente apostólicos.

Só estes 27 encontraram lugar permanente no cânon do Novo Testamento.

BASES PARA SELECIONAR OS LIVROS CANÔNICOS. O primeiro livro do Novo Testamento foi escrito no ano 50, e o último ficou completo no ano 95 d.C. pelo

tempo que a segunda carta de Pedro foi escrita, as cartas paulinas já eram consideradas como Escrituras (v.II Pd. 3.15, 16).

Vejamos os principais critérios na seleção dos livros canônicos:

Aceitação e uso em congregações ortodoxas: Os livros que foram eventualmente canonizados levavam autoridade inerente, o que causava certo impacto sobre as igrejas. Os livros eram usados há muito tempo em várias partes do Império Romano. Até mesmo os sete livros que não tinham confirmação universal eram usados amplamente.

Consistência doutrinária: quaisquer livros que tivessem a influencia do ebionismo (consideravam Cristo como um homem inspirado, que foi adotado em seu batismo como o Filho de Deus, por causa de sua vida digna – queriam continuar com os ritos mosaicos mesmo após a salvação pela fé) ou gnosticismo (negavam a encarnação de Cristo, porque a carne, isto é, a natureza humana é pecaminosa. Sendo assim entregavam-se a uma vida de imoralidades) foram questionados pela direção da Igreja.

Origem dos apóstolos: visto que as palavras dos apóstolos que tinham estado com Jesus eram muito prestigiadas, espera-se também que os escritos associados com os apóstolos seriam igualmente apreciados.

Inspiração: a última prova para canonizar era a inspiração. Os livros escolhidos davam evidencias de serem divinamente inspirados e autorizados. O Espírito Santo guiou a Igreja para que ela discernisse entre a literatura religiosa genuína e a espúria.

DEFININDO TERMOS:

a) Manuscrito: pensemos na palavra mano escrito: escrito a mão. b) Massorético: transmissão exata; c) Talmude: É a fonte de onde se deriva a lei judaica. Lei oral ou instrução. d) Papiro: casca de madeira ou folha de erva. e) Códice: obra antiga ou manuscritos

MANUSCRITOS ORIGINAIS - EXISTEM REALMENTE? O QUE SIGNIFICA ORIGINAL?

A palavra original significa aquilo que provém da origem inicial; algo inédito; feito pela primeira vez... Pensando nos originais bíblicos é bom que aceitemos o fato de que eles não mais existem, nem do Antigo

Testamento e nem do Novo Testamento. Quando uns se tornaram velhos, foram destruídos, e os originais enterrados ou queimados. Outros foram

destruídos pelos inimigos durante as guerras e perseguições que o povo de Deus sofria de tempos em tempos.

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EM TUDO, vemos a mão de Deus, porque, pensemos: se existissem hoje em dia documentos escritos pelas próprias mãos de Moisés, Davi, Isaias, Daniel, Paulo ou João, o coração humano é tão suscetível à superstição, que seriam estes escritos adorados, como foi a serpente de metal nos dias de Ezequias (II R. 18.4).

A falta de originais não nos deve assustar, porque a Bíblia tem um controle exclusivo de Deus, e aprouve a Ele permitir que assim, ou seja, através de cópias pudéssemos receber a palavra de Deus. Vejamos as palavras de Jesus em Mt. 5.18.

2.4 - AS VERSÕES CATÓLICAS DA BÍBLIA.

Textos principais: II Tm. 3.16; II Pd. 1.21; Ap. 22.18-19 Na segunda Carta de Paulo a Timóteo, lemos que toda a Escritura Divinamente inspirada é proveitosa.

O apóstolo Pedro, no texto indicado, fala que a Escritura foi produzida por homens inspirados por Deus, e nunca por vontade de homem algum. O texto de Apocalipse adverte que não sejam tiradas nem acrescentadas partes deste livro.

O que vamos apurar neste estudo é que, nas versões católicas, lamentavelmente foram acrescentados livros que, comprovadamente não foram inspirados por Deus, o que se pode averiguar das evidencias externas e internas de cada um deles. Vamos ver também que nem mesmo os autores dos livros apócrifos tinham a pretensão que fossem inspirados.

O que diferencia a “Bíblia evangélica” da “Bíblia católica”? Bem da verdade, há uma só Bíblia, a diferença está na versão católica e na versão evangélica.

Há diversas versões católicas da Bíblia toda, e algumas outras só do Novo Testamento. A mais usada, no entanto, é a do Pe. Matos Soares, editada pelas Edições Paulinas. É uma versão feita a partir da Vulgata Latina. Portanto, uma versão que já sofre modificações ao passar por mais de um idioma antes de chegar ao nosso. Mas há também traduções católicas feitas diretamente dos originais hebraico e grego. Daí, vamos encontrar diferença de linguagem entre uma e outra versão católica, dependendo do seu tradutor ou tradutores.

O 4º Catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana, p. 12, diz: “A igreja recomenda a leitura da Bíblia, proibindo só as Bíblias protestantes, porque são falsificadas”. Com esta gritante falácia, a Igreja católica começa a infundir medo nos seus fieis sobre a leitura da Bíblia. O que sempre houve foi restrição à leitura da Bíblia chamada “protestante” e ausência da Bíblia chamada “católica” ao alcance do povo.

Diferenças gerais

Diferença de nomenclatura. Algumas versões católicas conservam a mesma nomenclatura protestante. Exemplo: a versão dos

Condes Beneditinos. As demais versões apresentam as seguintes variações:

I e II Samuel, corresponde a I e II Reis da versão católica;

I e II Reis, corresponde a III e IV Reis da versão católica;

Esdras corresponde a I Esdras;

Neemias corresponde a II Esdras; Diferença de numeração nos Salmos. Salmos repetidos: 10 e 113, no caso da versão de Matos Soares. Na versão dos Condes Beneditinos, só repete o 113. a Bíblia de Jerusalém repete os dois, mas os põe

entre parêntese na forma tradicional. Em conseqüência, o numero dos salmos, nessas Bíblias, muda. Assim, o nosso Salmo 23, é o 22 na versão católica.

Diferença de numero de versículos nos Salmos. O titulo do capitulo já entra como versículo. Exemplo: Salmo 20, que em nossa Bíblia é o 21. Tudo isso

vai mudar a numeração dos versículos. Diferença de Tradução. Algumas palavras fundamentais da doutrina católica são traduzidas de maneira a acomodar a sua

doutrina errada. Também, nas versões provenientes da Vulgata Latina, há a natural influencia de uma tradução que passa por três línguas. É o caso da versão do Pe. Antonio Pereira de Figueiredo e a do Pe. Matos Soares.

Um exemplo apenas: Mc. 1.14-15. Aqui a palavra grega para “arrependei-vos” é metanoîte, que significa: “mudai a vossa mente”, e não pode ser traduzida por “penitenciai-vos” como está na versão de Matos Soares. “penitencia” pode ser, de alguma maneira, sinônimo de “arrependimento”, mas é um sinônimo imperfeito e não corresponde à idéia original. A pena para este erro está fixada em Mt. 5.19.

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Diferença principal. A diferença principal está nos livros excedentes no Velho Testamento das versões católicas, os

chamados apócrifos, declarados oficiais e pertencentes ao Cânon, no dia 08 de abril de 1546 no, Concílio de Trento, 4ª Sessão, Concílio de Trento (1545-1563).

A VERSAO CATÓLICA E OS DEZ MANDAMENTOS.

Um dos problemas sérios entre católicos e protestantes é a adoração de imagens. Quando o leitor manuseia um catecismo católico, vai notar que a lista dos Dez mandamentos da Lei de Deus omite o primeiro mandamento que está em Êxodo 20, tanto nas versões católicas como nas versões protestantes. Apesar de a lista da versão católica trazer o mandamento sobre as imagens, o catecismo mudou este mandamento. O que aconteceu?

A igreja católica, usando da autoridade papal, omitiu este mandamento e tomou o ultimo que fala sobre não cobiçar a mulher do próximo, o jumento, etc., e o desdobrou em dois: 9º não pecar contra a castidade (que seria não cobiçar a mulher do próximo), e 10º não cobiçar as coisas alheias. A montagem é inteligente, mas é pecaminosa (Ap. 22.18-19). Em razão disso, quando um católico sério lê na sua Bíblia Êxodo 20, ele fica confuso e decepcionado.

ANOTAÇÕES:

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3. OS EVANGELHOS.

3.1 - PORQUE QUATRO EVANGELHOS? A pergunta que naturalmente surge é a seguinte: porque quatro? A resposta é simples. Uma ou duas

pessoas não nos teriam dado um retrato completo da vida de Cristo. Há quatro ofícios distintos de Cristo apresentados nos evangelhos. Ele é apresentado:

Em Mateus Jesus Cristo é apresentado como Rei; Em Marcos é apresentado como Servo; Em Lucas é apresentado como Filho do homem; Em João é apresentado como Filho de Deus.

ORIGEM DOS ESCRITOS. Dois eventos enfatizaram a necessidade de narrativas escritas sobre a vida e os ensinos de Jesus:

1) A morte dos apóstolos ameaçava destruir a fonte dos ensinos autênticos; 2) A difusão do Evangelho aos gentios que não tinham um conhecimento profundo do AT exigiu um

ensino permanente e autorizado.

MOTIVOS DE RELUTÂNCIA DA IGREJA PRIMITIVA EM NÃO ESCREVER OS ENSINOS DE JESUS Os cristãos esperavam um retorno de Cristo, portanto, usavam todo tempo na proclamação do

Evangelho; Preferiam falar pessoalmente a escrever ( II Jo.12 “Embora tenha eu muitas coisas para vos

escrever, não o quis fazer com papel e tinta; mas espero visitar-vos e falar face a face, para que o nosso gozo seja completo”;

Os discípulos de Jesus foram escolhidos entre um grupo não literário da sociedade; Jesus nada escreveu; Os apóstolos que tinham sido testemunhas oculares de Jesus não estavam disponíveis enquanto o

Evangelho não se espalhasse além da Judéia.

A ÊNFASE DA IGREJA PRIMITIVA Com base em Atos 1.11 “Os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu?

Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”, os discípulos não esperavam um período prolongado antes da volta de Jesus, depois de receberem a plenitude do Espírito Santo no dia de Pentecostes, eles se compenetraram da urgência da tarefa delegada por Jesus para que se pregasse o Evangelho em todo o mundo.

A ênfase primitiva dos apóstolos era pregar o Evangelho e não registrá-lo (At. 2.14ss “Então Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Pois estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto que é apenas a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos; e sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. E mostrarei prodígios em cima no céu; e sinais embaixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.

At. 6.4 “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”. Utilizaram duas fontes para provar aos judeus que Jesus era o Messias:

1. Seu testemunho de experiências pessoais, inclusive o que eles tinham visto Jesus fazer; 2. As escrituras do AT em primeiro lugar Isaias que predizia o sofrimento e a morte do servo

escolhido de Deus.

CHAVES DOS EVANGELHOS Deus pendurou a chave do Evangelho de Mateus bem em cima da entrada. O livro começa assim: “Livro da

genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão”(Mt.1.1). Isto nos mostra sua posição na aliança como Filho de Abraão (veja Gn. 12.1-3) e sua posição real como filho de Davi.

Mateus - Apresenta Cristo como Rei; ele dá a genealogia real nos primeiros dezessete versículos. Um rei não é escolhido por votação, e sim por nascimento;

Marcos - Observe o começo. Não há genealogia. A razão é que Jesus é apresentado como Servo, e

ninguém está interessado na linhagem de um servo;

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Lucas - Aparece uma genealogia? Veja Lc. 3.23-38. Mateus busca a linhagem de Cristo em Abraão e Davi, para mostrar que ele era judeu e da linhagem real.

Lucas busca sua linhagem em Adão. Cristo é apresentado como Homem ideal. Ele era da linhagem de Adão. João – Começa sem genealogia, mas... “No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo

era Deus”. Em João, Cristo é apresentado como Deus.

3.2 - A FORMAÇÃO DOS QUATRO EVANGELHOS.

Os evangelhos inauguram um novo tipo de literatura, na Bíblia. Eles não são livros históricos, como Samuel,

Reis e Crônicas, no Antigo Testamento. Nem poesia como Salmos. Nem a literatura de sabedoria, como

Eclesiastes e Provérbios. Tampouco são livros como os proféticos. Nem literatura apocalíptica, como Daniel e

trechos de Ezequiel, embora alguns ditos de Jesus sejam apocalípticos.

Inauguram um estilo novo. Mesclam, na sua composição, história, narrativas, discursos e teologia. Seu

sentido literal é “boas novas”, mas acima do sentido literal, vejamos o fenômeno literário. É uma contribuição do

cristianismo à historiografia religiosa mundial. Já havia algo semelhante na historiografia filosófica, como

comentamos a seguir.

Os evangelhos inauguram um novo estilo literário na Bíblia, mas não na história. O uso do diálogo, como os

evangelhos nos mostram, aparece muito nos escritos dos grandes pensadores gregos, principalmente em

Sócrates, cerca de 450 anos antes de Cristo. A diferença entre os evangelhos e os escritos filosóficos, óbvio, é a

pretensão dos evangelhos. Eles se propõem a apresentar a vida de um personagem único, singular, Jesus de

Nazaré, mostrando-o como filho de Deus e como o próprio Deus. Eles se propõem a dar resposta não a questões

filosóficas, mas à questão maior do homem, a eternidade. Os filósofos apontavam para algum aspecto da verdade

fora deles. Os evangelhos apontam a Verdade encarnada em um homem. Só isto é suficiente para mostrar sua

imensa superioridade sobre qualquer escrito antes deles. E depois, também. Por isso, vamos dar uma mirada nos

quatro evangelhos. Vamos ver o que se propõem a ser, e uma síntese do seu conteúdo.

DOCUMENTOS DE FÉ.

Salta aos olhos que os evangelhos não pretendem ser história, no sentido de objetividade fria e imparcial.

Não são crônicas históricas nem atas de reuniões, sem vida. São documentos de fé. Isto não quer dizer que não

são históricos. Eles são. Não narram ficção. Narram os atos de um homem histórico, que viveu num momento

histórico, num lugar histórico, e fundou um movimento histórico chamado Igreja. São históricos.

Vejamos esta palavra de Lucas: “Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos

fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas

oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo,

pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem” (Lc 1.1-3). Os evangelhos não

narram alguma invencionice literária, mas falam de coisas que aconteceram. São documentos de fé, não de uma

fé conceitual, mas de uma fé enraizada na história, confirmada por fatos.

Vejamos também esta palavra de Paulo: “Porque o rei, diante de quem falo com liberdade, sabe destas

coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto” (At 26.26). O relato

do Novo Testamento, em geral, e dos evangelhos, mais restritamente, não são insignificantes. Aconteceram e não

foi em qualquer canto. Tornaram-se notórios, os eventos, na época. O mundo que vivenciou os eventos narrados

nos evangelhos e em Atos não pode negá-los. Hoje se tenta negá-los, mas o mundo da época teve que silenciar,

espantado.

São históricos, mas são documentos de fé porque procuram levar a pessoa a ter fé. É o que João diz, no

encerramento do seu evangelho, em 20.30-31 (veremos, depois, que o capítulo 21 é um apêndice que João

acrescentou ao que tinha escrito): “Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros

sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o

Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.

Definamos, então, isto: os evangelhos são livros que narram eventos que aconteceram, e procuram

despertar a fé na pessoa de Cristo. Perderá muito do seu valor quem os ler buscando curiosidades ou pensando

estar analisando uma obra comum. Partimos deste pressuposto: são Palavra de Deus, inspirada (soprada por

Deus) e têm um propósito para nossa vida. Podemos entender as palavras, mas se não partirmos deste ponto de

vista, que eles vêem do Espírito Santo de Deus, perderemos a bênção que eles trazem para nós, a vida em Cristo.

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POR QUE QUATRO?

Há um profundo simbolismo no número quatro, na cultura hebraica. Quatro são os pontos cardeais, quatro

são as direções do vento, quatro são as estações do ano.

Por isso, o número quatro designava a totalidade da terra e do universo. Quatro evangelhos foram

escolhidos de maneira a mostrar-se que a totalidade das informações sobre Jesus estão contidas neles. Uma

outra maneira, mais simples, de ver isto é apenas dizer que o fato de serem quatro é apenas acidental.

Dirá alguém que já ouviu falar do evangelho de Tomé, do evangelho de Pedro, etc. De vez em quando, na

falta de assunto, algum desocupado e ignorante da Bíblia declara que a Igreja adulterou os escritos bíblicos ou

que escolheu apenas alguns que servissem ao seu propósito.

Só para não ficarem dúvidas, digo que o chamado Evangelho de Tomé foi composto no ano 150, quando

Tomé já havia morrido há muito tempo. E o de Pedro, em 160. Um chamado Evangelho de Nicodemos foi escrito

entre os anos 200 e 500. São obras de ficção, chamadas de pseudepigrafia. Os evangelhos de Mateus, Marcos,

Lucas e João foram aceitos pela Igreja primitiva, pela comunidade cristã que vivenciou a formação histórica do

cristianismo, e são documentos que puderam ser analisados por testemunhas. Isso basta.

Ditas estas coisas, vejamos um pouco da mensagem de cada um deles. É uma abordagem de visão

teológica, mas continuando uma perspectiva devocional. Em outras palavras, o que isto tem para nós de conteúdo

prático.

3.3 - COMPREENDENDO A MENSAGEM DOS QUATRO EVANGELISTAS.

Já vimos acima que cada um dos autores dos evangelhos teve como característica sua forma de escrever

sobre a vida de Deus dentro de sua ótica, sempre, é claro inspirados. Agora veremos mais detalhadamente o que

cada um deles observou na narração dos fatos:

A mensagem de Mateus.

Mateus escreveu para judeus. Sua tese é que as profecias do Antigo Testamento se cumpriram na pessoa

de Jesus. Sua primeira declaração, em 1.1, esclarece isto muito bem: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho

de Davi.” Jesus é o descendente de Davi esperado. Desde o cativeiro que os judeus, arrasados, esperavam uma

reconstrução nacional. Esperavam um homem como Davi, porque no reinado de Davi Israel se tornou a maior

potência do Oriente. Eis o que lemos em Ezequiel 34.23-24: “E suscitarei sobre elas um só pastor para as

apascentar, o meu servo Davi. Ele as apascentará, e lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o

meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse”. Davi se tornou o nome símbolo para o

Messias. Esta é a linha de Mateus. Ele fará várias comparações entre Jesus e Israel e, por fim, mostrará que o

tempo de Israel passou, e a Igreja o substitui: “Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será

dado a um povo que dê os seus frutos” (21.43).

Mateus parece ter mais conteúdo, em termos de massa de informação. É um evangelho que dá uma visão

completa da obra de Jesus. É bem estruturado e seu autor sabia comunicar e o fez seguindo um plano de ação. É

um evangelho bem preparado. Sua anotação do Sermão do Monte legou ao mundo a transcrição do mais

fantástico e famoso sermão já pregado. É ele quem traz um discurso apocalíptico de Jesus, no final. São dois

limites bem definidos. No início, o sermão do monte, as bases éticas do reino. No final, o sermão escatológico, a

consumação do reino. Ao longo do escrito, o evangelho do reino. Início, meio e fim, numa obra bem elaborada.

A mensagem de Marcos.

Marcos mostra o ministério ativo de Jesus. No seu escrito, o evangelista sempre o mostra em atividade.

Jesus é um homem cheio de energia, indo de um lugar para o outro, sempre pregando, ensinando e curando. Ele

organizou o material de maneira a mostrar como os eventos vão se sucedendo até a tragédia final. Marcos quis

concluir sua obra com esta mensagem: a sepultura está vazia e os discípulos devem ir para a Galiléia, onde tudo

começou. Eles continuarão o que Jesus começou. A Igreja continua a tarefa de Jesus, é o que ele mostra. Uma

estrutura muito bem construída, como se vê.

Mesmo sendo o mais sintético dos quatro, Marcos é respeitado como um documento sério. Pedro

freqüentava a casa de Marcos, quando este, provavelmente, era um rapazinho: “Depois de assim refletir foi à casa

de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas e oravam” (At

12.12). Tomou-o como discípulo. Ele viajou com os discípulos e foi, inclusive, o pivô de uma dissensão entre

Paulo e Barnabé, tendo sido companheiro de Barnabé, depois que Paulo o recusou: “Decorridos alguns dias,

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disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do

Senhor, para ver como vão. Ora, Barnabé queria que levassem também a João, chamado Marcos. Mas a Paulo

não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os tinha

acompanhado no trabalho. E houve entre eles tal desavença que se separaram um do outro, e Barnabé, levando

consigo a Marcos, navegou para Chipre” (At 15.36-39). Deve ter se recuperado, pois no fim da vida Paulo

reconheceu como útil: “Só Lucas está comigo. Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o

ministério” (2Tm 4.11). Estas atividades com Paulo e Barnabé e o bom testemunho de Paulo sobre ele o

credenciaram como uma pessoa digna de confiança no seio da comunidade cristã.

A mensagem de Lucas.

Lucas escreveu para orientar um tal de Teófilo, que, sem dúvida, é uma pessoa. O “excelentíssimo”, forma

de tratamento, significa, segundo alguns, que era um oficial do exército romano. Mas é um emblema, também.

Significa “amigo de Deus’. Os que querem ser amigos de Deus devem prestar atenção no que ele diz. Sua tese

central está em 19.10: “O Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Jesus é o homem

perfeito, o restaurador da humanidade, o primogênito da nova raça de Deus. Talvez Lucas, companheiro de

Paulo, tivesse em mente o texto de 2Coríntios 5.17: “Se alguém está em Cristo, nova criação é”. Em Jesus Cristo,

Deus cria um homem e um mundo novos. A influência de Paulo é muito grande em Lucas. Como vemos nos

capítulos finais de Atos, em que o pronome usado na narrativa é “nós”, ele viveu algumas experiências com Paulo.

Permaneceu com ele até o fim, como lemos em 2Timóteo 4.11. Paulo o amava em Cristo: “Saúda-vos Lucas, o

médico amado, e Demas” (Cl 4.14). Era respeitado na Igreja, como irmão de Silas. É muito provável que “o irmão

cujo louvor no evangelho está espalhado por todas as igrejas” (2 Co 8.18) seja ele. Lucas dispunha de muita

credibilidade na Igreja.

Mas Lucas não fica apenas na apresentação de Jesus como o homem perfeito. Ele, Jesus, é mostrado

como sendo Deus, também. As palavras de Gabriel mostram isso: “Este será grande e será chamado filho do

Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu

reino não terá fim. Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?

Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso

o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”(1.32-35).

O evangelho de Lucas mostra a perfeita humanidade e a perfeita humanidade de Jesus. É dele o

documento em que se vê mais de perto a face humana, pessoal, de Jesus. Ele não perde a vista sua divindade,

mas retrata-o mais humanamente que os demais. É, também, o mais literário dos quatro evangelhos.

A mensagem de João.

Este é o mais fascinante dos evangelistas. Seu evangelho difere dos demais porque ele construiu a vida de

Jesus ao redor de discursos, e não de eventos. Sua tese é simples: “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus”. Jesus é o

Messias das profecias do Antigo Testamento. O tempo do Antigo Testamento, de Moisés e do judaísmo passou.

“A lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (1.17).

Moisés foi um instrumento e Jesus é o ponto final. O trecho de 6.31-35 é bem expressivo disto: “Nossos

pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Do céu deu-lhes pão a comer. Respondeu-lhes Jesus: Em

verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão

do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-

nos sempre desse pão. Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá

fome, e quem crê em mim jamais terá sede”.

João é um artista das palavras. Em toda a Bíblia, poucos souberam utilizá-las tão bem como ele. O retrato

de Jesus por ele pintado tem prendido os corações e as mentes das pessoas através de séculos. Não é tão

erudito como Lucas, mas é um poeta e construtor de imagens. O texto de João 3.16, por exemplo, é a passagem

mais conhecida de todo o Novo Testamento. Seu relato final, mostrando Jesus e os discípulos na praia, é uma

obra-prima da narrativa. A beleza do escrito impressiona. Ali se vê como Jesus reconstrói sua comunidade, já

dispersa, e recupera a autoconfiança de homens abalados pelo fracasso. É um evangelho de carinho, cheio da

ternura do Salvador.

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CONCLUSÃO

Mateus, Marcos, Lucas e João, os quatro evangelistas, legaram ao mundo a história mais fantástica que os

ouvidos humanos já ouviram. Um dia, Deus veio a este mundo como homem. Aqui viveu, sofreu, ensinou, morreu

e ressuscitou. E deixou uma comunidade, a Igreja, que deve dizer ao mundo o que ele ensinou. Estudar os

evangelhos é beber na fonte mais cristalina. Por isto, aprofundemo-nos no estudo sobre a vida e os ensinos de

Jesus de Nazaré, o Deus feito homem. Sem dúvida, seremos grandemente beneficiados.

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4. BÍBLIA - A PALAVRA DE DEUS PARA HOJE. Desde nosso primeiro estudo, não temos como pretensão fazer crescer nossa crença na bíblia como sendo

a Palavra de Deus. Este curso está sendo ministrado a pessoas que já crêem com firmeza que a bíblia é a

inerrante e infalível Palavra de Deus. Por isso este estudo não pretende provar as verdades bíblicas, mas sim

convidar a cada cristão a confiar no Deus que servimos, que se revelou de forma progressiva, sendo soberano e

eterno, cuja revelação se dá a maior e perfeita expressão de amor.

Há dois textos que nos deixam muito certo de que a Palavra de Deus não se limita ao tempo, nem ao

espaço.

Isaías 40:8 – “Seca-se a erva e caem as flores, mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.”

Lucas 21:33 – “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar.”

Neste estudo veremos a necessidade de fazermos em nossos dias uma correta interpretação da bíblia nos

dias de hoje; sua importância na vida do ser humano; e conheceremos algumas versões disponíveis para aqueles

que desejam conhecer mais e mais desse livro sagrado.

4.1 - INTERPRETANDO A BÍBLIA HOJE.

Há uma terrível mistura doutrinária no cenário evangélico contemporâneo. Isto é tão óbvio que dizê-lo soa

banal. Mas tenho que começar por aqui. A multiplicidade de igrejas neopentecostais autônomas, isto é,

desvinculadas de qualquer denominação, sem quaisquer outras como parâmetro, e cultivando uma postura

monárquica e arrogante ("Deus nos levantou como único porta-voz da sua Palavra") tem liquidado a possibilidade

de uma interpretação bíblica no cenário evangélico que se possa chamar de uniforme.

Usa-se muito a Bíblia, mas isso não é garantia alguma de que o usuário está certo. Isto traz certa confusão,

pois estão acontecendo muitos equívocos na interpretação bíblica que desnorteiam nossas igrejas, tanto na

doutrina como na prática. Neste trabalho quero abordar alguns aspectos que nos ajudarão a entender um pouco

mais esta questão.

a) O mau uso da bíblia.

Só pra gente entender o que significa e ERRO DE INTERPRETAÇÃO, certo pregador pregou contra o

parto cesariana sem dor, com base em Gênesis 3.16 - "com dor darás à luz filhos".

Uma senhora que ouviu a pregação contra-argumentou após a pregação, lembrando que ele tinha ar

condicionado no gabinete e a Bíblia diz "No suor do teu rosto comerás o teu pão". Outro pregou contra a prática de

esportes, baseando-se em 1 Timóteo 4.8: "o exercício corporal para pouco aproveita".

Um outro pregou em 2 Samuel 11.2 - "E viu do terraço a uma mulher que se estava lavando". Falou contra

a televisão. Nela, vemos o que não devemos ver. Veio um outro e pregou sobre "e todo olho o verá" Ap 1.7 e

mostrou o valor da televisão via satélite. E aí, compro televisão ou não?

Essas questões mesquinhas ridicularizam a Bíblia. Seu uso deve ser coerente e obedecer a certos

parâmetros. A Bíblia deve ser respeitada e nunca usada para autorizar esquisitices.

As questões do parágrafo acima podem até ser vistas com certa dose de humor, mas esse tem sido o

pensamento “evangélico” desses tempos, principalmente do povo brasileiro, criativo do jeito que é.

Em outras ocasiões, vemos com abundância o uso de versículos fora do contexto, de passagens sem

conexão com o todo da Bíblia, no que chamamos de "leitura fragmentária", e a ignorância do contexto cultural.

Pode-se usar a Bíblia e ainda assim estar errado. Citar a Bíblia não é garantia de se estar certo.

Quando o assunto é interpretar a bíblia, não podemos ser ignorantes ao ponto de não considerarmos o

contexto histórico, gênero literário, e outros parâmetros que determinam a exegese. Isso não é distorcer a bíblia,

mas procurar entender as principais questões que deve surgir diante de qualquer texto:

1. Quem escreveu?

2. Para quem escreveu?

3. Em que momento foi escrito?

4. Com que finalidade foi escrito?

5. Que tipo de literatura foi usado?

Temos que saber que a bíblia não pode ser interpretada em sentido literal. Certa vez uma irmã ficou de pé

no meio de um estudo e disse “não quero saber de grego, de hebraico, muito menos de pano de fundo histórico

dos textos bíblicos, pois a bíblia deve ser interpretada literalmente como está escrito.”

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Então eu lhe disse com muito carinho que se sentasse, ficasse calada, nada dissesse, e deixasse para

perguntar em casa (não na igreja) e ao marido (não a mim). Porque está escrito na Bíblia: "As vossas mulheres

estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei.

E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as

mulheres falem na igreja" (1Co 14.34-35).

A interpretação bíblica sem análise do contexto cultural e histórico, leva-nos a interpretar erroneamente as

coisas “ao pé da letra”, o que pode passar muito longe da verdade.

É como alguém já disse: TODO TEXTO FORA DO SEU CONTEXTO, GERA UM PRETEXTO.

b) O abandono da bíblia como normativa.

O mais gritante mau uso da Bíblia está na forma de exposição que lhe tira o caráter de normativa e a deixa

como indicativa, apenas. Esta utilização da Bíblia vem se tornando cada vez mais comum no cenário evangélico,

principalmente entre os neopentecostais.

Isto é sério. É um péssimo uso da Bíblia. As pessoas não querem se subordinar a ela, mas querem que ela

se subordine às suas idéias. Ora, na perspectiva fragmentária podemos usar a Bíblia para suporte do que

quisermos...

Quando dizemos que ela é normativa, estamos apenas explicitando o que diz a Declaração Doutrinária da

Convenção Batista Brasileira: "A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem

ser aferidas a doutrina e a conduta dos homens". Isto é ser normativa. Ela é a nossa norma de fé e prática. Ela é o

padrão aferidor e seu caráter é autoritativo. Ela deve reger e analisar nossas posições, devendo ser entendida

globalmente. Ela é um todo e assim deve ser entendida. Uma parte só pode ser entendida à luz do todo, e é o

todo que interpreta a parte, e não o contrário.

As denominações neopentecostais afirmam-na como regra de fé e prática, mas usam-na como indicativa.

Ela apenas indica, em algumas passagens, algumas práticas do grupo. Ela não é autoritativa. A autoridade final,

em termos de decisão, é a palavra do líder ou do dono do grupo. Geralmente sua autoridade é legitimada por ser

"apóstolo", "bispo" e coisa parecida. Em termos de doutrina e prática, a autoridade são sonhos e revelações.

Na perspectiva indicativa, a Bíblia serve apenas de suporte e apoio para práticas que o grupo venha a

assumir, na orientação de sua liderança. Ela não rege as idéias, mas apenas dá suporte às idéias. Esta questão

deve nos alertar. Que uso fazemos da Bíblia? Ela é autoritativa para nós, que assim crendo procuramos entendê-

la globalmente, ou é indicativa, sendo usada em frases e versículos soltos, legitimando posições?

Usamo-la para analisar nossas práticas ou pegamos trechos seus para validar o que queremos?

c) O critério hermenêutico para uso da bíblia.

Definindo hermenêutica: é um ramo da filosofia de interpretação de textos escritos.

E na interpretação da bíblia temos um princípio hermenêutico chamado "revelação progressiva". Isto

significa que Deus se revelou progressivamente aos homens. Se a revelação é progressiva, isto é, caminha para

frente, deve haver um ponto final. E há. É o clímax. Lemos em Hebreus 1.1-2: "Havendo Deus antigamente falado

muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a

quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo". A palavra final de Deus foi dada por Jesus

Cristo. Ele é o ponto final, a chave hermenêutica para se entender toda a Bíblia.

Isto nos faz entender claramente que o Novo Testamento, o ensino sobre Jesus, é a palavra final. O Novo

interpreta o Antigo. Lemos em Lucas 16.16: "A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o

reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele". O tempo antigo passou. Quando Pedro, na

transfiguração, equiparou Moisés e Elias a Jesus, colocando-os como dignos de atenção, Deus interveio. Retirou

Moisés e Elias de cena, e declarou: "Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o" (Mt 17.5). A

Igreja não ouve a Moisés e a Elias, e sim a Jesus. Quando pregamos no Antigo Testamento devemos ter isto em

mente: que aspecto de Jesus este texto mostrará? Pois a pregação da Igreja deve ter Jesus como tônica. Neste

sentido, a interpretação bíblica que faça Jesus desaparecer ou ficar em segundo plano é equivocada.

O uso correto da Bíblia é este: o Novo Testamento é a revelação final de Deus, sendo Jesus "o cânon

dentro do cânon", como Lutero gostava de dizer. Isto é aceito pela nossa Declaração Doutrinária: "Ela (a Bíblia)

deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus".

Segundo o movimento neopentecostal, vivemos na "era do Espírito". Um exemplo bem claro disto vemos na

logomarca de certas igrejas expressivas em nosso país. Não é mais uma cruz, tipificando o ministério de Jesus.

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Nem uma Bíblia, tipificando a revelação total de Deus. É uma pomba, tipificando o Espírito. Neste sentido, a

revelação, obra do Espírito, continua.

Percebe-se um grande equívoco na forma de atuação do Espírito Santo, que no Antigo Testamento atuou

inspirando homens para registrarem a revelação, no Novo Testamento também realizou essa mesma obra, mas

nos dias de hoje atua iluminando os homens no entendimento da Escritura revelada.

Uma questão mais: o movimento neopentecostal tem confundido a psiquê, a interioridade humana, com o

ruah, o Espírito do Senhor. Assim, o que a pessoa sente passa a ser verdade. Como se ouve a frase: "Eu senti em

meu coração!". Isto não quer dizer nada. Não podemos confundir nosso íntimo com a voz de Deus. Devemos nos

lembrar de Jeremias 17.9: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?".

Essa atitude é perigosa. Neopentecostais se valem deste recurso, e assim confundem sua voz interna com

a voz do Espírito. Não estou divagando. Estou chamando a atenção para um perigo: tirar a fonte de autoridade

das Escrituras e colocar na pessoa.

d) Uma volta à bíblia.

Com a Igreja Católica, a fonte de autoridade era a Igreja, subsidiada pela Tradição. Lutero tirou a fonte de

autoridade da Igreja e a colocou na Bíblia. O movimento pentecostal a tirou da Bíblia e colocou na experiência. O

movimento neopentecostal está construindo outro eixo hermenêutico: a de gurus, de pessoas com mais

experiência com Deus. É o início de um retorno ao eixo católico. Isto vai trazer conseqüências danosas para o

evangelho, mais à frente, embora já esteja trazendo agora. É que nesta postura, a Bíblia fica subordinada às

declarações humanas.

Esta nova hermenêutica é muito perigosa porque além de mudança de eixo mudou também o critério de

interpretação. No protestantismo histórico e entre os evangélicos históricos, o critério de interpretação da Bíblia

sempre foi a pessoa de Cristo, com base no conceito de na revelação progressiva, que depreendemos bem de

Hebreus 1.1-2. É o Novo Testamento que interpreta o Antigo e este não pode se sobrepor ao Novo.

Hoje o critério de interpretação é o Espírito Santo. Um pastor neopentecostal dizia pela televisão que "Jesus

é o canal para nos trazer o Espírito Santo". Antes era o Espírito Santo quem nos levava a Cristo, convencendo o

pecador do pecado, da justiça e do juízo. Agora Cristo nos traz o Espírito.

Assim, a Bíblia deixa de ser normativa e passa a ser indicativa. A normativa é a palavra do líder. Na nova

hermenêutica, o sentir vale mais que o que é, o que está escrito. Tanto que muitos desses grupos não ligam a

mínima para educação religiosa, EBD, etc. Basta-lhes um salão para realizar seus cultos, carregados de emoção

e muitos deles manipuladores das pessoas.

Esta nova hermenêutica tem privilegiado o domínio de revelações, visões e sonhos sobre a Bíblia.

Nossa identidade batista parte daqui: zelo pelas Escrituras. Nada de mais nada de menos. Quando ela

fala, nós falamos. Quando ela cala, nós calamos.

Os batistas não surgiram ontem e tem uma herança teológica coerente, uma teologia fechada (no sentido

de ser completa, de abarcar todas as áreas da vida). Cuidado com visões fragmentárias, em que toda a Bíblia é

analisada à luz de uma parte.

Cuidado com o experiencialismo, aquela atitude em que as experiências humanas são válidas e julgam a

Bíblia. É a Bíblia que deve julgar nossas experiências, e não o oposto. A ordem é FATO > FÉ > EMOÇÃO. Existe

um FATO: Deus e sua Palavra. Eu tenho FÉ neste fato. Como conseqüência de minha FÉ neste FATO

experimento a EMOÇÃO de ser salvo, de ter direção na minha vida, etc. Quando a ordem é invertida, em vez da

Bíblia reger minha vida, minha vida rege a Bíblia.

A boa hermenêutica (interpretação da bíblia) é aquela em que Jesus brilha, a cruz resplandece, Deus é

glorificado. Nenhum outro fundamento pode ser posto: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que

já está posto, o qual é Jesus Cristo" (1Co 3.11). É bom firmar as raízes no que conhecemos.

4.2 A IMPORTÂNCIA DA BÍBLIA NA VIDA DO SER HUMANO.

O cristão aumenta o seu conhecimento de Deus e de seu plano redentor mediante um conhecimento da

Bíblia. Ainda que Deus se faça conhecido pelo homem por outras fontes além da Bíblia, Deus e sua vontade

podem ser entendidos adequadamente somente à luz do registro bíblico.

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Porque a Bíblia é Importante?

- A Bíblia é importante porque explica a origem do homem e o propósito de sua existência.

Como ser racional, o homem indaga a razão de sua existência. A questão é tão persistente que tem

fornecido uma contínua fonte de cogitação para a filosofia. A Bíblia apresenta a única resposta satisfatória ao

propósito da existência do homem e a natureza do seu destino. O homem foi criado por Deus para viver em

serviço fiel e amoroso a Deus e ao seu próximo e a passar a eternidade em companhia do seu criador.

- A Bíblia é importante porque fornece orientação para a vida diária dos cristãos.

A Bíblia nos apresenta um plano completo e eficiente para o devido relacionamento com outras pessoas.

Não somente explica como se relacionar com a própria família, amigos e vizinhos, mas nos ensina como devemos

tratar os inimigos.

Talvez os três maiores problemas do homem contemporâneo sejam:

1) Sua consciência de culpa e rejeição causando um sentimento de alienação e solidão;

2) Sua incapacidade de relacionamento com seu próximo;

3) Suas frustrações, causadas pelas derrotas, que o levam a concluir que a vida não tem sentido.

A Bíblia tem a única resposta adequada a cada um desses problemas.

- A Bíblia é importante porque conduz o homem condenado ao Redentor e sofredor, ao único

Confortador que pode resolver suas necessidades.

Somente a Bíblia apresenta soluções aos dois grandes obstáculos do homem:

1) Seus erros ou más ações;

2) E a sempre presente possibilidade da morte que o destruirá.

- A Bíblia é importante como livro de conhecimento.

1) Como livro de filosofia, a Bíblia dá a única explicação satisfatória do ser humano e seu destino;

2) Como livro de psicologia, a Bíblia proporciona uma explanação verdadeira da personalidade

humana e a única solução adequada para seus problemas;

3) Como livro de história, a Bíblia antecipa qualquer outro trabalho história e contêm a única profecia

plausível do final da história;

4) Como livro de ciências, a Bíblia fornece a verdadeira explicação da origem do mundo e uma

declaração precisa e clara da fonte de operação da natureza.

A Bíblia não tem por finalidade, todavia, ser usada como livro de história, nem disputar ou estabelecer

teorias modernas de ciência. A Bíblia é o livro da redenção que esclarece ao homem como reconciliar-se com

Deus através de Jesus Cristo. Verdadeiramente é o “Livro dos livros”, o maior livro do mundo!

- A importância da Bíblia encontra-se revelada na descrição de sua natureza:

1) Tem Deus por seu autor;

2) A salvação como finalidade;

3) E a verdade, sem qualquer mistura de erro, como seu assunto.

Jesus Cristo é o critério pelo qual a Bíblia deve ser interpretada.

4.3 - BÍBLIA: UM LIVRO SEM IGUAL.

Revendo o que já estudamos no início.

Embora tenhamos a Bíblia na conta de um só livro, na realidade ela é constituída de uma coleção de livros

menores. Ao todo são 66 livros: 39 compõem o Antigo Testamento e 27, o Novo Testamento. A Bíblia foi escrita

por cerca de 40 autores inspirados por Deus, num período aproximado de 1.500 anos. Esses homens foram

ajudados pelo Espírito Santo a escrever a palavra de Deus. Esta é a razão pela qual apesar de ter sido escrita

por homens, ela é chamada “ palavra de Deus ”. Por esse fato a bíblia é inerrante, ou seja, não contem erros.

Os livros da Bíblia formam uma unidade, apesar de ter sido escrita por homens diferentes de costumes

diversos e que também viveram em épocas diferentes. Por exemplo: Amós foi pastor de gado; Davi era rei;

Paulo, além de intelectual, tinha o ofício de fabricante de tendas; Lucas era médico; Pedro e João eram

pescadores. Estes livros se harmonizam entre si justamente porque o Espirito Santo inspirou todos os escritores

de cada um deles.

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A Bíblia contém verdades que os homens não poderiam ter descobertos por si mesmo. Ninguém poderia

ter escrito sobre a criação do universo, sem que Deus lhe houvesse revelado. Jesus deu testemunho a respeito

da inspiração da Bíblia. Leia Lucas 24 : 27.

VOCÊ CONHECE A BÍBLIA?

- A Bíblia contém 31.000 versículos e 1.189 capítulos.

- O maior livro da bíblia é Salmos, com 150 capítulos.

- O menor livro da bíblia é 2º João.

- O maior capítulo é Salmos 119.

- O menor capítulo é Salmos 117.

- Foram usados três idiomas para escrever a bíblia: Hebraico, grego e aramaico.

- O versículo central é Salmos 118:8.

- O texto áureo da Bíblia é João 3:16.

Sem dúvida a Bíblia é uma biblioteca extraordinária! Mais que isso, é a “lâmpada para os nossos pés...”

4.4 - TRADUÇÕES E VERSÕES PARA A LÍNGUA PORTUGUESA.

As primeiras tentativas de apresentação da Bíblia em português são traduções parciais de pequenas

porções textuais e de alguns livros do Novo Testamento. Em 1320 durante o reinado de D. Diniz, os monges de

Alcobaça publicaram os Atos dos Apóstolos. No Séc. XV durante o reinado de D. João I (1385-1433), foram

traduzidos os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as Cartas Paulinas. Veremos a seguir as principais obras

completas para a língua portuguesa.

TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA – A primeira tradução completa da Bíblia para a língua

portuguesa é resultado do trabalho de um pastor português protestante, chamado João Ferreira de Almeida.

Nascido em Portugal em 1628, tornou-se pastor em 1645. Foi enviado como missionário entre os povos de fala

portuguesa na Indonésia. Em 1681 concluiu a primeira edição do Novo Testamento. Morreu em 1691, tendo

traduzido o Antigo Testamento até o Capítulo 48 de Ezequiel. A partir daí, discípulos seus, missionários da Liga

Holandesa de Missões, se encarregaram de completar a obra, a qual foi concluída entre 1748 e 1753 na Batávia,

atual Ilha de Java (Indonésia). Essa tradução não continha os livros Apócrifos. A partir daí muitas revisões têm

sido feitas ao texto original de Almeida em virtude do dinamismo que permeia o desenvolvimento da língua.

1898 - Foi feita uma tradução revista e corrigida (R.C.) na qual foi incluída em Ap.22:14 a expressão “no

sangue do cordeiro” para harmonizar com Ap.7:14.

1948 – Com as dificuldades e transtornos provocados pela segunda guerra mundial, os cristãos brasileiros

que até então importavam bíblias de outros países, surgiu a iniciativa de se produzir a bíblia aqui em nosso país.

Assim nascia a Sociedade Bíblica do Brasil, a primeira editora a publicar a bíblia produzida em solo brasileiro.

1959 - Revisões de Almeida: a R.A (Revista e Atualizada).

1988 - A BÍBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE (B.L.H.) – Tradução empreendida pela Sociedade Bíblica do

Brasil, a qual publicou o Novo Testamento em 1973 e a Bíblia completa em 1988. A proposta deste texto é a

comunicação ao leitor da Bíblia em linguagem popular. Nesse texto as medidas e calendários já são dados nos

seus equivalentes modernos.

2000 - Foi lançada uma revisão sob o título NOVA TRADUÇÃO NA LINGUAGEM DE HOJE (N.T.L.H.).

2001 – Nova Versão Internacional (NVI) - Publicada pela Editora Vida e pela Sociedade Bíblica

Internacional. Tem sido elogiada pela clareza do texto.

2007 – Bíblia Almeida Século XXI - As principais críticas a esta versão são excessivo conservadorismo

teológico presente nas introduções dos livros e no uso não inclusivo da palavra “homem” para se referir à

totalidade da espécie humana (homem e mulher).

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Pastor Gilberto Suzano de Mattos

CCOONNCCLLUUSSÃÃOO

A Bíblia é o registro fiel da revelação Divina ao homem. Vemos através dela, “o Deus revelado revelando-se

na Palavra revelada.” Seu tema é Cristo e Sua glória é como podemos conhecê-Lo (2Co 4.6; Jo 17.8). A Bíblia serve como o meio mais inclusivo de todos os tipos de revelação especial, pois engloba o registro

de muitos aspectos desta revelação. Embora Deus, indiscutivelmente, tenha dado outra visões, sonhos e mensagens proféticas não reveladas na Bíblia, não possuímos detalhes a respeito delas. Além disso, tudo o que sabemos a respeito da vida de Cristo aparece na Bíblia, mesmo que, obviamente, nem tudo o que ele fez e disse tenha sido registrado nas Escrituras (Jo 21.25).

Cremos na suficiência das Escrituras Sagradas. Significa que as Escrituras contem todas as palavras que Deus pretendeu que seu povo tivesse em cada estágio da história redentora, e que agora contemplam tudo o que precisamos que Deus nos diga para nossa salvação, para confiarmos nele plenamente e para que lhe obedeçamos plenamente.

Em cada estágio da história da redenção, as coisas que Deus revelou foram para o seu povo para aquela época, e eles deviam estudá-las, crer nelas e obedecê-las. Conf. Dt 29.29

Em sendo assim, devemos: ● Nos encorajar para buscar respostas na Bíblia e nos satisfazer com as Escrituras. ●Prestar atenção para não acrescentar nada às Escrituras. ● Tomar muito cuidado para não equiparar outras orientações de Deus com a Bíblia. Deus tem falado claramente a todos os homens em todas as épocas, utilizando os mais diversificados

métodos possíveis. Assim, Ele não deixou o homem sem testemunho divino (At 14.15-17). Deus foi imparcial, revelando-se a indivíduos, famílias, tribos, nações e ao mundo inteiro, para que todos fiquem “sem desculpa” – Rm 1.18-20; 3.19.

A revelação de Deus, em particular aquela encontrada na Bíblia, se deu de maneira progressiva e continuada. Dessa forma, a revelação foi um processo e não um acontecimento, e faz parte do Seu plano para redimir a raça humana.

Grande abraço de seu amigo e pastor; Pastor Gilberto Suzano de Mattos

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BIBLIOGRAFIA

BATISTA, Impacto Realidade (Convenção Batista Fluminense)

MATTOS, Pr. Gilberto Suzano de - Anotações Gerais.

FERREIRA, Damy A Bíblia: origem e formação –/ Horizonal Editora – 1ª edição 2002.

GEISLER , Normam e Nix-William Introdução Bíblia - - Editora Vida (1997)

KENNEY, D. James Porque Creio - - Juerp (1995)

MEIN, John. A Bíblia e como chegou até nós.

TIPPIT, Sammy Preparado para a batalha - - Juerp – 5ª edição (1990)

CARVALHO. Antonio Vieira de - Teologia da Educação Cristã – pág. 40-43 - São Paulo: Hagnos, 2006

GUIMARÃES, Davi - Apostila de Introdução Bíblica do STBNB.